UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL, SP DESEMPENHO HORTICULTURAL, INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE HUANGLONGBING EM TANGERINEIRA PONKAN ENXERTADA EM DIFERENTES PORTA- ENXERTOS Giovanni Santiago da Silva Engenheiro agrônomo 2024 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL, SP DESEMPENHO HORTICULTURAL, INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE HUANGLONGBING EM TANGERINEIRA PONKAN ENXERTADA EM DIFERENTES PORTA- ENXERTOS Discente: Giovanni Santiago da Silva Orientador: Prof. Dr. Eduardo Sanches Stuchi Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Augusto Girardi Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas) 2024 S586d Silva, Giovanni Santiago da Desempenho horticultural, incidência e severidade de Huanglongbing em tangerineira Ponkan enxertadas em diferentes porta-enxertos / Giovanni Santiago da Silva. -- Jaboticabal, 2024 93 p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal Orientador: Eduardo Sanches Stuchi Coorientador: Eduardo Augusto Girardi 1. Plantas melhoramento genético. 2. Enxertia. 3. Tangerinas. 4. Agricultura doenças e pragas. 5. Perfil de impacto da doença. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA DESEMPENHO HORTICULTURAL, INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE HUANGLONGBING EM TANGERINEIRA PONKAN ENXERTADA EM DIFERENTES PORTAENXERTOS TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: CERTIFICADO DE APROVAÇÃO AUTOR: GIOVANNI SANTIAGO DA SILVA ORIENTADOR: EDUARDO SANCHES STUCHI COORIENTADOR: EDUARDO AUGUSTO GIRARDI Aprovado como parte das exigências para obtenção do Título de Mestre em null, pela Comissão Examinadora: Prof. Dr. EDUARDO AUGUSTO GIRARDI (Participaçao Virtual) EMBRAPA - Mandioca e Fruticultura Tropical / Cruz das Almas/BA Pesquisadora Dra. MARIÂNGELA CRISTOFANI-YALY (Participaçao Virtual) Centro de Citricultura Sylvio Moreira / IAC - Cordeirópólis/SP Pesquisador Dr. JUAN CAMILO CIFUENTES ARENAS (Participaçao Virtual) Fundo de Defesa da Citricultura / FUNDECITRUS - Araraquara/SP Jaboticabal, 17 de julho de 2024 Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Câmpus de Jaboticabal - Via de Acesso Professor Paulo Donato Castellane, s/n, 14884900, Jaboticabal - São Paulo https://www.fcav.unesp.br/#!/pos-graduacao/programas-pg/agronomia-genetica-e-melhoramento-de-plantasCNPJ: 48.031.918/0012-87. DADOS CURRICULARES DO AUTOR GIOVANNI SANTIAGO DA SILVA– nascido em 16 de novembro de 1997, na cidade de Pitangueiras – SP, durante a graduação se formou em técnico em Meio Ambiente, concluiu o curso em julho de 2015, pela ETEC- Coronel Raphael Brandão (Centro Paula Souza), é Engenheiro Agrônomo, formado em janeiro de 2021, pelo Centro Universitário UNIAFIBE, Bebedouro-SP. Durante a graduação, no ano de 2020 foi bolsista de iniciação científica pelo CNPq e Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas – BA, em citricultura. Em 2021, foi bolsista de Desenvolvimento Técnico e Industrial (DTI) - nível C, pelo CNPq e Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas – BA, integrando o grupo de pesquisas da Fundação Coopercitrus Credicitrus. Em março de 2022, ingressou na pós graduação em Agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas) na Unesp – Universidade Estadual de São Paulo “Júlio de Mesquita Filho’, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal, sob orientação do Prof. Dr. Eduardo Sanches Stuchi e coorientação do Prof. Dr. Eduardo Augusto Girardi. Durante o período do mestrado, foi bolsista DTI-C pelo CNPq durante 10 meses e posteriormente bolsista CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) durante um ano e nove meses (novembro de 2022- agosto de 2024). O que me tranquiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição. -Clarice Lispector A todos aqueles que se interessarem, aos que precisarem, e aos que ousarem, mas também a aqueles indiferentes, e aqueles que nunca verão, EU OFEREÇO! A minha família, mãe, pai e irmã, Aos meus amigos, companheiros e colegas, Em especial, ao meu falecido orientador Eduardo Sanches Stuchi, E a todos que de uma forma ou de outra fazem parte desse trabalho e de mim, EU DEDICO! AGRADECIMENTOS A Deus, ou a qualquer que seja a força mística e misteriosa que rege o universo, por ter organizado as coisas de forma tão especial, ao ponto de minha vida acontecer (por coincidência ou não) no mesmo espaço e tempo de todos a minha volta. Agradeço a minha família, em especial minha mãe, Romice Santiago Lopes, que semeou em mim, traços de perseverança pra sempre continuar seguindo em frente (ou pela direção que der), força, pra nunca desistir e poder, pra fazer acontecer. Ao meu pai, Juliano Monteiro da Silva, por ter me ensinado, mesmo sem saber, o significado e o valor de abnegação, renunciar minhas próprias vontades em benefício a uma causa. Ao observá-lo também aprendi sobre valorização da família, do cuidado, e a importância de liderar em prol ao bem comum. Agradeço a minha irmã, Thais Fernanda Santiago da Silva, que mesmo sendo mais nova, me ensinou sobre bravura, aceitação e companheirismo, o dia mais feliz da minha vida foi quando nos conhecemos de verdade. Eu amo vocês. Agradeço a minha madrinha, Vandete dos Santos (Finha), que ainda hoje me olha com os olhos brilhando como se eu fosse uma criança feliz e com potencial pra qualquer coisa. Ao meu falecido padrinho, Amelsino dos Santos (Índio), que foi a primeira pessoa a me reconhecer de fato como uma pessoa, e não só a extensão de alguém. A sua alegria, e seus sonhos ainda arde em todos, e em mim pra sempre viverá. Agradeço a todas as pessoas do ensino técnico, ao meu professor Tarcísio, que me incentivou a cursar agronomia e me revelou um mundo de oportunidades. Em especial, também agradeço ao meu amigo Tales Ribeiro, o que começou como uma competição nada saudável se transformou em uma amizade que superou os anos e a distância. Obrigado por acolher um estranho com a cara toda pintada de vermelho no primeiro dia de aula, você é um exemplo pra mim, um alguém especial que está presente no meu coração, mente e alma. A todos os meus amigos, meus sinceros agradecimentos. Isabela Paro, além de todos os anos juntos, além de toda amizade, companheirismo, amor e respeito entre a gente, você me ensinou que genialidade é algo que nasce em cada um de nós. Apesar do seu péssimo habito de se subestimar, quero que saiba que todos os dias eu me apaixono por uma mulher forte, poderosa e genial, que consegue extrair beleza dos menores detalhes, obrigado. Agradeço ao meu Clube das Winx e aos Amigos do Litoral, pessoas completas, cheias e transbordando de quem elas realmente são. Vocês me ensinaram que autenticidade e companheirismo e amizade é pra sempre a última moda. Obrigado por acreditarem em mim e sempre me olharem com olhos brilhando mesmo depois de eu dar uma explicação longa e chata sobre algo que ninguém nunca quis saber. Amo vocês e as vezes isso chega até a doer. A minha companheira de vida acadêmica e grande amiga, Mariana Ribeiro, me ensinou as vantagens da organização, da dedicação e do companheirismo. Sinto que nada seria possível sem você, de fato posso afirmar que você foi uma peça fundamental. Eu admiro sua empatia, o que por muitas vezes faz você se colocar e até se sentir no lugar das pessoas, sei o fardo que isso é pra você e reconheço sua força como algo descomunal. Obrigado por compartilhar tudo isso comigo. Te amo. Agradeço a minha grande amiga Marina da Vitória, por ser uma pessoa genial que além de me ensinar tudo o que sei sobre a vida acadêmica, me ensinou a observar as coisas com alegria, entusiasmo, e por fim me ensinou a humildade de escutar as menores coisas até das menores pessoas. Agradeço a minha antiga companheira de trabalho, Larissa Nunes da Silva, por me ensinar a respeitar as diferenças e por aprender comigo que são elas que constroem grandes amizades. Amo vocês. Ao meu falecido orientador, Eduardo Sanches Stuchi, me sinto muito orgulhoso por ter sido seu orientando, seu aluno, seu pupilo e seu amigo. Eu nunca vou me esquecer de você, nem de nada que um dia me foi ensinado. Nada seria possível sem você e sua genialidade. Espero que um dia eu consiga fazer algo pra recompensa-lo e agradece-lo, sinto que palavras não são suficientes. Agradeço ao meu coorientador, Eduardo Augusto Girardi, que sempre foi uma pessoa muito articulada, que usa de tato pra lidar com todos, um exemplo de equilíbrio, inteligência e um profissional modelo para mim. Ambos contribuíram para o presente trabalho de forma imensurável, obrigado. Meus agradecimentos a todas as instituições e pessoas que seja de forma direta ou indireta, contribuíram para esse trabalho. À Fundação Coopercitrus Credicitrus, por possibilitar a execução da pesquisa e pelo suporte técnico. A toda a sua equipe, diretor Oscar Franco Filho, Ana Lúcia, Leandro, Gustavo (Guru), Élio, estagiários, bolsistas, e funcionários por todo apoio na pesquisa e na vida. À Embrapa Mandioca e Fruticultura, por todo apoio técnico e oferta de materiais. Ao Fundecitrus e a todos os funcionários do laboratório de diagnóstico e campo, por todo apoio nos experimentos de campo e no processamento dos dados. À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp de Jaboticabal, pela oportunidade do doutorado, e a todos os colegas do programa. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), visto que o presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. i SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 3 2.1 Importância Socioeconômica ...................................................................... 3 2.2 Características da tangerineira ‘Ponkan’ .................................................... 5 2.3 Porta-enxertos para tangerineiras .............................................................. 7 2.4 Huanglongbing: histórico, caracterização e sintomas ................................. 9 3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 14 3.1 Localização, delineamento experimental e manutenção do experimento. 14 3.2 Crescimento vegetativo ............................................................................ 16 3.3 Produção de frutos, eficiência produtiva e índice de alternância .............. 16 3.4 Envergamento de ramos ........................................................................... 17 3.5 Qualidade dos frutos ................................................................................. 17 3.6 Tolerância ao déficit hídrico ...................................................................... 18 3.7 Compatibilidade de enxertia e mortalidade de plantas ............................. 18 3.8 Incidência e severidade de huanglongbing (HLB) .................................... 19 3.9 Impacto de huanglongbing (HLB) na produção e qualidade dos frutos .... 20 3.10 Análises estatísticas ................................................................................ 21 4. RESULTADOS ....................................................................................... 22 4.1 Dados meteorológicos .............................................................................. 22 4.2 Crescimento vegetativo ............................................................................ 23 4.3 Produção e eficiência produtiva ................................................................ 24 4.4 Envergamento de ramos ........................................................................... 28 4.5 Qualidade de frutos................................................................................... 32 4.6 Tolerância ao déficit hídrico ...................................................................... 33 4.7 Compatibilidade e mortalidade de plantas ................................................ 35 ii 4.8 Incidência e severidade de HLB ............................................................... 37 4.9 Impacto de huanglongbing (HLB) na produção e qualidade dos frutos .... 38 Agrupamento dos porta-enxertos através de análise multivariada ................. 54 5. DISCUSSÃO.......................................................................................... 57 6. CONCLUSÕES ...................................................................................... 67 7. REFERÊNCIAS ..................................................................................... 67 iii DESEMPENHO HORTICULTURAL, INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE HUANGLONGBING EM TANGERINEIRA PONKAN ENXERTADA EM DIFERENTES PORTA-ENXERTOS RESUMO- A tangerineira ‘Ponkan’ (Citrus reticulata Blanco) é uma das principais cultivares no estado de São Paulo e em todo o país, devido ao seu sabor e aroma agradáveis. No entanto, em função de desafios relacionados a fatores bióticos e abióticos, faz-se necessária maior diversificação de porta-enxertos para essa copa. Um dos desafios é a ocorrência do huanglongbing (HLB ou greening), que está presente em todas as regiões citrícolas do estado, causando graves prejuízos sendo a ‘Ponkan’ uma cultivar muito susceptível. Dessa forma, neste trabalho avaliou-se o desempenho horticultural de tangerineira ‘Ponkan’ enxertada em 25 porta-enxertos em uma área com elevada ocorrência de HLB, situada no Norte do Estado de São Paulo. O experimento foi implantado em fevereiro de 2016 na Fundação Coopercitrus Credicitrus em Bebedouro – SP no espaçamento de 5,0 m x 2,0 m em regime de sequeiro. O delineamento adotado foi o inteiramente casualizado com 25 tratamentos (porta-enxertos), 30 repetições e uma planta por parcela. As variáveis avaliadas foram o crescimento vegetativo, a produção e a qualidade de frutos, o envergamento dos ramos, a tolerância ao déficit hídrico, a incidência acumulada e a severidade de HLB em plantas e frutos até a safra de julho de 2023. Os dados foram analisados pelo teste de Fisher, sendo as médias agrupadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,05). Os porta- enxertos mais produtivos foram LRFM, TST, H-NFG-005, INDIO, TC, LVLG, BRAVO, LCL, TSC e CS-4475, com valores que variaram de 39,88 kg/planta a 45,86 kg/planta. De modo geral, esses porta-enxertos induziram maiores volumes de copa e foram aqueles que proporcionaram maiores eficiências produtivas. Esses mesmos porta- enxertos induziram à copa frutos maiores, com massas variando de 174,94 g a 202,19 g, com valores intermediários de sólidos solúveis que variaram de 10,86 º brix a 12,35 º brix, e altos valores de índice de maturação (Ratio) sendo a média entre eles de 18,04. Além disso esses porta-enxertos estão associados com maior tolerância ao déficit hídrico. Apesar da alta incidência média de HLB (75%) no experimento após 7 anos de plantio, o porta-enxerto de trifoliata Flying Dragon foi o único que apresentou menos de 50% de plantas sintomáticas. As notas de severidade variaram de 2,00 a 3,77, indicando que todos os porta-enxertos apresentaram-se como suscetíveis e com impactos significativos na produção, comprometendo 41,35% da produtividade da safra do ano de 2023. Esse impacto também se estende a qualidade de frutos, com diminuição de 47,48% nos índices de massa de frutos e de 24,75% nos índices de sólidos solúveis (ºBrix), além disso, nota-se o aumento na acidez dos frutos de 41,51%, em relação com os frutos de plantas saudáveis. Palavras-chaves: Plantas melhoramento genético; Enxertia; Tangerinas; Agricultura doenças e pragas; Perfil de impacto da doença. iv HORTICULTURAL PERFORMANCE, INCIDENCE AND SEVERITY OF HUANGLONGBING IN PONKAN MANDARIN TREE GRAFTED ON DIFFERENT ROOTSTOCKS ABSTRACT- The ‘Ponkan’ mandarin tree (Citrus reticulata Blanco) is one of the main cultivars in the state of São Paulo and throughout the country, due to its characteristic flavor and aroma. However, because of challenges related to biotic and abiotic stresses, greater diversification of rootstocks for this scion is necessary. One of them is the occurrence of huanglongbing (HLB or greening), which is present in all citrus-growing regions of the state, causing serious damages, with 'Ponkan' being a very susceptible cultivar. Therefore, in this work we evaluated the horticultural performance of 'Ponkan' mandarin grafted onto 25 rootstocks in an area with a high occurrence of HLB, located in the north of the State of São Paulo. The experiment was implemented in February 2016 at the Coopercitrus Credicitrus Foundation in Bebedouro – SP at a spacing of 5.0 m x 2.0 m in a rainfed regime. The experimental design was completely randomized with 25 treatments (rootstocks), 30 replications and one tree per plot. The evaluations included tree size, fruit production and quality, branch bending due to crop load, drought tolerance, accumulated incidence and severity of HLB in plants and fruits until the July 2023 harvest. Data were analyzed using the Fisher test, with the means grouped using the Scott-Knott test (p<0.05). The most productive rootstocks were LRFM, TST, H-NFG-005, INDIO, TC, LVLG, BRAVO, LCL, TSC and CS-4475, with mean yield ranging from 39.88 kg/plant to 45.86 kg/ to plant. In general, rootstocks that induced larger trees were those that provided greater production efficiencies. These same rootstocks induced larger fruits of ‘Ponkan’, with masses varying from 174.94 g to 202.19 g, and intermediate means of soluble solids (10.86 ºBrix to 12.35 ºBrix), and higher maturation index (Ratio) with an average of 18.04. Furthermore, these rootstocks were associated with greater tolerance to water deficit. Despite the high mean incidence of HLB (75%) in the experiment after seven years of planting, the Flying Dragon trifoliate rootstock was the only one that presented less than 50% of symptomatic trees. The severity scores ranged from 2.00 to 3.77, indicating that all rootstocks were susceptible and had significant impacts on production, because 41.35% of the fruit was symptomatic in the 2023 harvest. HLB decreased fruit quality significantly, with a mean reduction of 47.48 % in fruit mass and 24.75% in soluble solids indexes (ºBrix), while there was an increase in fruit acidity of 41.51 %, in relation to the fruits of assymptomatic trees. Keywords: Plant genetic improvement; Grafting; Mandarines; Agriculture diseases and pests; Disease impact profile. 1 1. INTRODUÇÃO Em 2022, o Brasil ocupou a quarta posição no ranking mundial de produção de tangerinas, estimada em 1,08 milhões de toneladas colhidas em aproximadamente 56,3 mil hectares, contribuindo com cerca de 3% da produção global (Faostat, 2024). O estado de São Paulo foi o maior produtor, com 369,03 mil toneladas em 11.071 hectares colhidos (IBGE, 2024), sendo a tangerineira ‘Ponkan’ (Citrus reticulata Blanco) uma das principais cultivares no estado e em todo o país (FUNDECITRUS, 2022; Bastianel et al., 2014). As maiores áreas de cultivo de ‘Ponkan’ no estado estão nas regiões de Votuporanga (1280 hectares), Bebedouro (890 hectares) e Itapetininga (837 hectares) (FUNDECITRUS, 2024) e sua época de colheita pode se estender de março a outubro (Pio et al., 2006). A ‘Ponkan’ é considerada um cultivar de frutos grandes, de forma globulosa, moderadamente achatada, com casca e polpa de coloração alaranjada (Detoni et al., 2009). É uma das cultivares de citros com maior aceitação para o consumo in natura no Brasil, principalmente devido a características como sabor e aroma agradáveis e facilidade de descascar (easy-peeler) (Amorim et al., 2016). O limoeiro ‘Cravo’ (C. ×limonia Osbeck) ainda é um importante porta-enxerto para tangerineiras, sendo essa combinação presente em 217 mil mudas certificadas em 2021 (CDA SP, 2021), por possuir alta tolerância ao estresse hídrico e ao vírus da tristeza (CTV), induzir elevado vigor, além de rápida entrada em produção e resultar em alto rendimento de frutos (Pompeu Júnior, 2005). No entanto, devido à sua susceptibilidade à morte súbita dos citros (Bassanezzi et al., 2003, Pompeu Junior; Blumer 2008b), faz-se necessário o uso de porta-enxertos tolerantes, como é o caso das tangerineiras ‘Sunki’ [C. sunki (Hayata) hort. ex Tanaka] e ‘Cleópatra’ (C. reshni hort. ex Tanaka) e o citrumelo ‘Swingle’ [C. ×paradisi Macfad. × Poncirus trifoliata (L.) Raf.)] (Pompeu Junior; Blumer, 2014), que têm a vantagem adicional de induzirem melhor qualidade aos frutos de tangerineiras (Espinoza-Núñez et al., 2007), mesmo sendo mais intolerantes à seca do que o limoeiro ‘Cravo’ (Pompeu Júnior, 2005). Por outro lado, o uso de porta-enxertos ananicantes como o trifoliata ‘Flying Dragon’ (P. trifoliata var monstrosa), em conjunto com copas de boa produtividade de tangerina, 2 permite plantios mais adensados (Mademba-Sy et al. 2012; Silva et al., 2013), o que pode facilitar tratos culturais como a colheita. A doença com maior impacto para a citricultura nos dias atuais é o huanglongbing (HLB) ou greening, devido à sua dificuldade de controle e à elevada capacidade de causar danos (Morelli et al., 2020). Está associada a bactérias de crescimento limitado ao floema, Candidatus Liberibacter spp. (Coletta Filho, 2007). No Brasil, duas espécies ocorrem no Estado de São Paulo, a Ca. L. americanus e Ca. L. asiaticus, sendo que esta última apresenta maior disseminação por atingir maiores concentrações dentro das plantas infectadas e por ser menos sensível ao calor do que Ca. L. americanus (Lopes et al., 2009). As formas de disseminação da bactéria são através de material propagativo contaminado, como mudas e borbulhas, ou principalmente através do inseto vetor sugador de seiva, o psilídeo-asiático-dos-citros (Diaphorina citri Kuwayama) (Capoor et al. 1967; Bassanezi et al., 2020). O psilídeo está presente em praticamente todas as principais regiões produtoras de citros do país enquanto a incidência média do HLB no cinturão de SP e MG foi de 38,06% em 2023, sendo as regiões de Votuporanga, Bebedouro e Itapetininga responsáveis por 1,77%, 20,37% e 11,47% desse valor respectivamente (FUNDECITRUS, 2024). Isso indica o elevado risco do cultivo especialmente para produtores familiares com baixa adoção de tecnologias. Levando em consideração que não existem medidas curativas nem resistência genética em citros comerciais para o controle do HLB, seu manejo se baseia em ações preventivas como a utilização de mudas sadias, a eliminação de plantas sintomáticas e o controle do inseto vetor, sendo mais eficientes se adotadas em escala regional (Bassanezi et al., 2020). Inicialmente, a doença se desenvolve na planta de forma localizada, tendo como principal sintoma manchas irregulares no limbo foliar, sem simetria entre as metades da folha, caracterizando o mosqueado. Desfolha e morte do ponteiro ocorrem com o progresso da doença. Os frutos, em geral, apresentam maturação irregular, menor massa, deformação e assimetria em relação à columela central, menor teor de sólidos solúveis e maior acidez (Bové, 2006). As tangerineiras e a maioria de seus híbridos são, geralmente, os citros mais severamente afetados pelo HLB (Manjunath et al., 2008; Ramadugu et al., 2016) e apresentam maior taxa de multiplicação da bactéria (Boscariol-Camargo et al., 2010). Por isso, cultivares de 3 tangerineiras incluindo a própria ‘Ponkan’ são consideradas como plantas indicadoras da doença (Roistacher, 1991; Della Coletta Filho; Fermino, 2017). Apesar disso, há poucos estudos sobre sintomas mais específicos e danos à produção nesse grupo de citros, especialmente considerando-se a interação com diferentes porta-enxertos. Apesar da variação de resultados, alguns estudos nos EUA e Brasil indicaram diferenças na incidência e severidade de danos pelo HLB em função do porta-enxerto utilizado para várias copas, sugerindo diferentes níveis de susceptibilidade à doença em campo (Albrecht; Bowman, 2012; Boava et al., 2014; Bowman; Mccollum, 2015; Boava; Cristofani-yaly; Machado, 2017; Widyaningsih et al., 2017). Vale salientar a susceptibilidade moderada ao HLB do trifoliata (P. trifoliata), incluindo alguns de seus híbridos, com expressão menos severa de sintomas morfológicos e anatômicos (Garnier; Daniel; Bové, 1984; Boscariol-Camargo et al., 2010; Ramadugu et al., 2016). Na Flórida, alguns citrandarins como o US-942 (C. sunki × P. trifoliata ‘Flying Dragon’), usados como porta-enxerto, proporcionaram maior desenvolvimento vegetativo, produção e qualidade de frutos de laranjeira-doce na presença do HLB em comparação a porta-enxertos mais tradicionais (Bowman et al., 2016). Nesse sentido, faz-se necessário estudar o desempenho de uma copa extremamente suscetível ao HLB, como a tangerineira ‘Ponkan’, enxertada em 25 porta-enxertos, além de estudar influência dos mesmos sobre a incidência e severidade da doença. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Importância Socioeconômica A produção mundial de tangerinas em 2022 foi de 44,2 milhões de toneladas colhidas em 3,3 milhões de hectares, ou seja, com produtividade média de 13,4 toneladas por hectares (Faostat, 2024), sendo essa a 8º fruta mais produzida no mundo (Deral, 2023). A China é o principal produtor dessa cultura, com 27 milhões de toneladas, seguida de Turquia (1,86 milhões de toneladas), Espanha (1,80 milhões de toneladas), Marrocos (1,36 milhões de toneladas) e em quinto lugar Brasil (1,08 milhões de toneladas) (Faostat, 2024). 4 Em 2022, o Brasil teve 56.357 hectares de tangerinas colhidos com produtividade de 19,28 toneladas por hectare, gerando assim um valor de produção de 1,6 bilhões de Reais (IBGE, 2024). Minas Gerais foi o estado com maior área colhida, cerca de 13.546 hectares, seguido do Rio Grande do Sul (13.225 hectares), São Paulo (11.071 hectares) e Paraná (8.853 hectares), no entanto o estado de São Paulo é o que detém a maior produtividade, com 369 mil toneladas totais (IBGE, 2023). O valor anual de produção gerado no estado de São Paulo através do cultivo de tangerinas é de 0,71 bilhões de Reais (Iea, 2023). De modo geral, a citricultura enfrenta reduções de suas áreas de cultivo, no entanto para tangerineiras o cenário parece estável desde 2018, cerca de 3% da área total destinada a cultura de citros, e mesmo que tenha existido um incremento de 379 hectares, esse não foi considerado expressivo (FUNDECITRUS, 2024). O setor do cinturão citrícola com maiores áreas de cultivo de tangerineiras é o Sul, que compreende as regiões de Porto Ferreira com 11 municípios e Limeira com 23 municípios, esse setor possui uma área de plantio de 3.428 hectares. Apesar disso, os principais municípios produtores são Limeira (16%), Votuporanga (12%), Bebedouro (12%), Itapetininga (12%), Porto Ferreira (11%), Duartina (10%) e Matão (8%) (FUNDECITRUS, 2024). As duas variedades de tangerineiras mais plantadas são ‘Murcott’ e ‘Ponkan’, com áreas de 5.810 hectares e 5.065 hectares respectivamente, e mesmo que de modo geral ‘Murcott’ seja a com maior área de plantada, para a região de Bebedouro, a ‘Ponkan’ é a principal variedade, correspondendo a uma área de 890 hectares com 485 mil covas, enquanto que a ‘Murcott’ possui 386 hectares e 216 mil covas (FUNDECITRUS, 2024). Também é importante salientar que o Fundecitrus realizou um mapeamento de novas áreas, em municípios próximos ao cinturão com potencial para citricultura, no total foram 11 novos municípios nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, com uma área de aproximadamente 6.339 hectares, a maioria das frutas provenientes dessas regiões são destinadas para mercado de fruta fresca. Dessa forma, 47% da área ocupada dessas regiões são destinadas ao plantio de tangerineiras, sendo a ‘Ponkan’ a cultivar mais plantada (FUNDECITRUS, 2024). 5 2.2 Características da tangerineira ‘Ponkan’ As tangerineiras são plantas pertencentes à família Rutaceae, subfamília Aurantioideae, tribo Citreae, subtribo Citrineae e ao gênero Citrus (Swingle, 1943; Swingle, Reece, 1967). Recentes estudos moleculares indicam a existência de apenas quatro espécies ancestrais primarias: as cidreiras (Citrus medica L.), toranjeiras [Citrus maxima (Burm.) Merr.], tangerineiras (C. reticulata Blanco) (Mabberley, 1997) e Citrus micranta Wester, do subgênero Papeda (Wu et al., 2018; Curk et al., 2016; Curk et al., 2014). No entanto, a diversidade fenotípica dos citros é alta, isso devido ao fato de que as espécies cítricas manifestam alta taxa de compatibilidade sexual, tanto intergenérica como interespecífica (Swingle, Reece, 1967), e é em função dessa diversidade que os citros compreendem alguns dos grupos de frutas mais cultivados no mundo. Acredita-se que a diversificação do gênero ocorreu durante o final do período Miocênico, há cerca de 5 a 7 milhões de anos (Wu et al., 2018a). Estudos genômicos permitiram identificar com mais precisão os centros de origem e indicaram a região que compreende o sudeste da Cordilheira do Himalaia e o sudoeste da China, especificamente a província de Yunnan, como o local de seu surgimento (Wu et al., 2018b). Também foi proposta por Tanaka (1954), uma teoria que consiste em uma linha divisória, que vai da fronteira noroeste da Índia, passando pela província de Yunan e vai até ao sul da ilha de Hainan, essa teoria relata que espécies como cidra, o limão, a lima, a toranja e as laranjas doce e azeda originaram-se ao sul desta linha, enquanto mandarinas e outras espécies originaram-se ao norte da linha. As tangerineiras assim como outros citros foram introduzidos no Brasil por volta do ano de 1530 pelos portugueses, e encontraram condições de clima e solos favoráveis ao seu desenvolvimento. Ocupam a maior faixa de adaptação climática entre os cítricos comerciais, uma vez que são cultivadas do Equador até latitudes próximas a 40° Norte ou Sul, em ampla faixa de temperatura (Siqueira; Salomão, 2017). As tangerineiras estão entre os citros mais tolerantes a baixas temperaturas, tendo também boa adaptação a temperaturas mais elevadas, no entanto temperaturas abaixo de 0 ºC podem ser limitantes, e preferem temperaturas entre 23 e 32 ºC (Koller, 1994). 6 A alta variabilidade dos citros está presente até mesmo dentro de uma única espécie, como por exemplo as tangerineiras que apresentam diferentes características nas plantas e frutos. Devido a essas diferenças, elas foram inicialmente classificadas em cinco subgrupos: Satsumas, King, Mediterrâneo, Tangerineiras de frutos pequenos e Tangerineiras comuns, sendo que a ‘Ponkan’ faz parte desse último grupo e é uma das cultivares preferidas pelos consumidores (Siqueira; Salomão, 2017). Seu destino no Brasil é majoritariamente para consumo in natura, no entanto podem ser destinadas a industrialização, de onde são obtidos diferentes produtos processados, como sucos, óleos essenciais, pectina e rações (Vilela, 2013). Também vale ressaltar seu potencial nutritivo, uma boa fonte de vitaminas B1 e B2, além de compostos antioxidantes, que atuam na inativação dos radicais livres que por sua vez estão ligados com a redução dos riscos de câncer, também de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas como, por exemplo, o Alzheimer (Pelissari, 2013). A planta de tangerineira ‘Ponkan’ possui um tronco cilíndrico e hábito de crescimento ereto, ramos apresentando espinhos pequenos, pouco numerosos ou ausentes, folhas pequenas e lanceoladas, com nervura central proeminente; o pecíolo é típico, não alado. As flores são comumente brancas, pequenas e podem ser isoladas ou em inflorescência de pedúnculos curtos. Apresentam frutos do tipo hesperídio, oblatos (achatados), casca fina e pouco aderente podendo ser rugosa, e que se solta em estádio de maturação completa (easy-peeler). A casca pode desenvolver colorações alaranjadas ou avermelhadas em função de baixas temperaturas, o mesmo ocorre para polpa. Os frutos são médios ou grandes, com poucas sementes poliembriônicas, sendo considerada cultivar de colheita precoce (maio-agosto), e em ponto de colheita pode apresentar 40% do seu peso em suco, sendo as características mais marcantes o sabor agradável e aroma atrativo (Coelho et al., 1996; Hodgson, 1967; Anderson, 1996; Pio et al., 2006; Amorim et al., 2016). Outro fator intimamente ligado as tangerineiras é sua alternância de produção, sendo essa o resultado da supressão da floração devido à alta carga de produção e colheita e tardia, o que resulta em redução de flores na safra seguinte (Moss, 1971). Além disso, alguns trabalhos indicam que alguns fatores fisiológicos, metabólicos ou moleculares induzidos pela presença de frutos provocam essa inibição (Garcia-Luis et 7 al., 1986). Não só os fatores endógenos, mas também os fatores externos, como a ocorrência de pragas e doenças e condições climáticas podem contribuir para alteração metabólica e redução nutricional das plantas, interferindo no seu rendimento (Sant’anna et al., 2021). 2.3 Porta-enxertos para tangerineiras As espécies cítricas são preferencialmente alógamas, ainda que haja certo grau de autopolinização, além de serem altamente heterozigotas; no entanto, muitas espécies e cultivares do gênero Citrus e afins são capazes de se reproduzir por poliembrionia, gerando vários embriões, entre eles alguns embriões nucelares, graças à apomixia (Cameron e Frost, 1968). O tipo de apomixia mais comumente encontrada nos citros é a denominada esporofítica, onde o embrião é formado diretamente na célula somática do óvulo, não ocorrendo a formação de saco embrionário e célula- ovo. Também pode ser chamada de embrionia adventícia ou nucelar, de modo geral ocorre em óvulos maduros e não exclui a formação de um embrião sexual (Asker, 1979; Koltunow, 1993). Esses são fatores de grande importância comercial na produção de porta-enxertos, pois permite que haja a propagação de material vegetal geneticamente idêntico à planta matriz via semente. Essa prática vem sendo executada na propagação de porta-enxertos selecionados por apresentarem características adaptativas de interesse há várias décadas nos Estados Unidos (Frost, 1938) e no Brasil (Moreira; Gurgel, 1941), entre outros países produtores. O cultivo dos citros até a metade do século XIX utilizava pés-francos, no entanto adversidades como Phytophthora spp., e o longo período juvenil demandaram o uso de porta-enxertos (Carlos et al., 1997). Atualmente, os plantios comerciais de tangerineiras, assim como outros citros, resultam da combinação de dois materiais genéticos diferentes, um deles recebe o nome de copa, onde será produzido o produto de interesse (frutos) e o outro, se chama porta-enxerto e é responsável pela formação do sistema radicular das plantas (Dantas, 2022). O sucesso no uso dessa combinação está ligado ao fato de que o uso de porta-enxertos pode reduzir o período juvenil das plantas, além da maior adaptação a condições limitantes provenientes por fatores bióticos ou abióticos (Sampaio, 2014). Além disso, graças a propagação dos porta- 8 enxertos por sementes, permite que estes sejam livres de vírus, o que geralmente confere maior longevidade às plantas (Spiegel-Roy; Kochba, 1980). Outras características que podem ser influenciadas pelos porta-enxertos são a absorção, síntese e utilização de nutrientes; transpiração; porte, precocidade de produção e longevidade das plantas; maturação, peso e permanência de frutos na planta; coloração da casca e do suco; teores de açúcares, ácidos e de outros componentes do suco; tolerância a pragas, doenças e fatores abióticos, como frio, salinidade e seca; conservação pós-colheita; produtividade e qualidade (Pompeu Junior, 2005; Espinoza-Núñez et al., 2008; Cristofani-yaly et al., 2020; Vitória, et al., 2021; Costa, et al., 2019; Stuchi, et al., 2008; Girardi, et al., 2010; Albrecht; Bowman, 2012). Atualmente no estado de São Paulo, 94% das mudas de tangerineira Ponkan estão enxertadas em apenas dois porta-enxertos, sendo eles o limoeiro ‘Cravo’, com 55% das mudas e o citrumelo ‘Swingle’ com 39% das mudas, os outros 6% restantes estão distribuídos para demais porta-enxertos incluindo tangerinas e citrandarins (CDA/SSP, 2022). Essa expressividade do limoeiro ‘Cravo’ se dá ao fato de que ele pode conferir maior vigor, produtividade, tolerância ao déficit hídrico, precocidade de produção, além de tolerância ao vírus da tristeza dos citros (Citrus tristeza vírus, CTV) (Cunha Sobrinho et al., 2013; Pompeu Júnior, 2005; Castle, 2010). No entanto, é suscetível à gomose de Phytophthora spp., ao declínio, exocorte, morte súbita e nematoides, o que pode causar grandes danos aos pomares, além de induzir qualidade mediana aos frutos (Pompeu Júnior, 2005; Bassanezzi et al., 2003, Pompeu Júnior; Blumer 2008b). O citrumelo Swingle, por sua vez, é tolerante à morte súbita dos citros, declínio, exocorte, gomose de Phytophthora spp. e nematoides, (Pompeu Júnior, 2005), com melhor qualidade de frutos assim como as tangerineiras ‘Cleópatra’ e ‘Sunki’ (Espinoza-Núñez et al., 2007), porem suas limitações estão ligadas à menor tolerância à seca em comparação ao ‘Cravo’ (Pompeu Júnior, 2005). A utilização de porta- enxertos ananicantes como trifoliateiro ‘Flying Dragon’ ou alguns citrandarins podem induzir maiores eficiências produtivas além de permitir plantios mais adensados (Stuchi et al., 2003; Stuchi et al., 2012; Girardi et al., 2021), no entanto esses porta- enxertos necessitam de regimes de irrigação em seu cultivo para que possam 9 expressar todo seu potencial agronômico (Stuchi et al., 2012), isso porque o nanismo observado nesses porta-enxertos está relacionado com seu menor potencial hídrico e condutância hidráulica (Martínez-Alcántara et al., 2013). A obtenção de novas variedades para porta-enxertos enfrenta uma série de desafios, levando em consideração algumas etapas como a realização de testes em diferentes regiões e condições ambientais, assim também como a comparação com cultivares comercialmente já estabelecidas (Khan, 2007). Do ponto de vista do melhoramento genético, existem ainda outros fatores, esses ligados às características da cultura, como por exemplo a incompatibilidade sexual, relacionado com o não pegamento de frutos; esterilidade e ploidia, relacionadas com a não formação de sementes; apomixia, relacionado com a competição entre os embriões zigótico e nucelar; e poliembrionia, relacionado com a dificuldade de obtenção de embriões zigóticos (Machado; Cristofani-yali; Bastianel, 2011). Além disso, os programas convencionais usam estratégias de melhoramento voltadas à hibridação e seleção recorrente, que por sua vez apresentam complicações quanto à alta heterozigosidade, relacionada à alta segregação de genes de características de interesse, e o longo período juvenil, que pode variar de 2 a 13 anos, dependendo das condições ambientais e do genótipo (Machado et al., 2005). Em razão dessas características, mas também da competitividade do setor citrícola, que impõe parâmetros de qualidade e características que devem ser seguidas, além do fator econômico, o número de variedades comerciais de porta- enxertos é reduzido (Bastos et al., 2014). Por outro lado, esse pequeno número de variedades está associado à baixa variabilidade genética que, por consequência, aumenta a vulnerabilidade dos pomares a pragas e doenças, assim também como para estresses relacionados a fatores climatológicos (França et al., 2016), que por sua vez podem comprometer ou inviabilizar o cultivo. 2.4 Huanglongbing: histórico, caracterização e sintomas Pragas e doenças sempre estiveram presentes na citricultura no mundo todo, no entanto, atualmente uma doença se destaca, o HLB (huanglongbing) ou greening, isso porque é uma doença de difícil controle e de elevada capacidade de causar danos 10 aos frutos e plantas, o que impacta na produção e qualidade dos pomares (Belasque Jr, et al., 2017). Foi observada primeiramente na China em 1919, pelo professor e fitopatologista A. O. Reinking (Reinking, 1919), no entanto há relatos que indicam que a doença está presente na região de Chaoshan desde 1870 (Lin, 1956a). Posteriormente, foi relatada em outros países da Ásia, da África e das Américas (Capoor, 1963; Tirtawidjaja et al., 1965; Bové, 2006). No Brasil, a doença foi identificada pela primeira vez em junho de 2004, na região de Araraquara no estado de São Paulo, e atualmente já foi relatada nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina (Coletta-Filho et al., 2004; Teixeira et al., 2005; Bassanezi et al., 2020). O nome huanglongbing significa “doença do dragão amarelo”, porém a língua chinesa é multidialética e no dialeto de Chaoshan, onde se observou HLB pela primeira vez, os caracteres para “dragão” e “rebentos jovens” são homofônicos, isso significa que o nome huanglongbing deveria significar “doença do rebento amarelo” (Lin, 1956a). Embora os postulados de Koch não tenham sido cumpridos, pois não é possível cultivo ‘in vitro’ do patógeno (Chen et al., 2011), a comunidade cientifica concorda, com bases em evidências moleculares, que o HLB está associado a três proteobactérias não cultiváveis: Candidatus Liberibacter asiaticus; Candidatus Liberibacter africanus (Jagoueix et al., 1994); e Candidatus Liberibacter americanus (Teixeira et al., 2005). No Brasil já foi detectado a presença de C. Liberibacter americanus e C. Liberibacter asiaticus, que é a de maior importância e disseminação, pois é mais tolerante às altas temperaturas características do país, e por atingir maiores concentrações dentro das células do floema das plantas contaminadas (Lopes et al., 2009). Incialmente acreditava-se que a doença poderia ser causada por um vírus, visto que na época esse era o único patógeno que acreditavam poder ser transmitido por meio de insetos vetores (Bové, 2006). Em seguida, através de estudos usando microscopia eletrônica, foi possível observar organismos presentes nos tubos das células do floema de plantas contaminadas por HLB, mas esses organismos não foram observados em plantas sadias (Làfleche; Bové, 1970). Com o avanço da tecnologia e imagens mais precisas, foi possível identificar que havia uma camada celular externa mais espessa nesses microorganismos, o que poderia indicar que 11 esses eram bactérias (Garnier; Daniel; Bové, 1984). Outro fator que corrobora essa hipótese é que o uso de antibióticos para tratamento de plantas contaminadas, causava uma espécie de intervalo temporário dos sintomas de HLB nas plantas (Capoor; Thirumalachar, 1973; Buitentag; Von Broembsen, 1993). Através de metodologias moleculares foi possível reconhecer os patógenos como novos ‘Candidatus’ ao gênero Liberibacter, pertencente à subdivisão alpha de protobactérias gram-negativas (Jagoueix; Bové; Garnier, 1994). Os métodos de contaminação pela bactéria são basicamente via a propagação de mudas ou borbulhas contaminadas (Lopes; Frare, 2008; Coletta-Filho et al., 2010), pela planta parasita Cuscuta spp. (Garnier; Bové, 1983) e principalmente pelo inseto vetor sugador de seiva, denominado psilídeo-asiático-dos-citros, Diaphorina citri Kuwayama (Hemíptera; Liviidae) (Capoor et al. 1967; Yamamoto et al., 2006; Bassanezi et al., 2020). No Brasil, o inseto foi identificado pela primeira vez em 1942 (Costa Lima, 1942), no entanto sua presença só gerou preocupação após as ocorrências de HLB nos pomares paulistas (Coletta-Filho et al., 2004). Esse inseto teve origem no sul da Ásia (Hollis, 1987; Halbert; Manjunath, 2004; Beattie; Barkley, 2009) e foi constatado que sua distribuição geográfica é mais ampla do que a das bactérias associadas ao HLB (Eppo, 2014). O ciclo de vida desses insetos é composto por três estágios: ovo, cinco instares de ninfa e adulto (Aubert, 1987). Das diversas características do inseto, é importante destacar sua capacidade de oviposição, sendo que cada fêmea pode colocar de 500 a 800 ovos em toda a sua vida (Tsai; Liu, 2000; Nava et al., 2007). As ninfas alimentam-se sugando seiva elaborada de brotos em estádios iniciais de desenvolvimento, também podendo se alimentar em folhas maduras (Tsai e Liu, 2000). Também deve-se salientar o tempo de desenvolvimento do inseto que varia em função da temperatura: a 15 ºC, o ciclo se completa com aproximadamente 49 dias, no entanto, a 28 ºC, o ciclo é reduzido para aproximadamente 14 dias (Tsai e Liu, 2000). Ao atingir a fase adulta, o inseto pode viver por até 90 dias em condições de altas temperaturas, no entanto, sob temperaturas baixas o tempo de vida pode chegar até a nove meses (Aubert, 1987; Yang, et. al., 2006). As bactérias mantêm uma relação de persistência com o vetor, ou seja, uma vez adquirida, ela será capaz de se multiplicar no inseto e ser 12 disseminada, através da alimentação do mesmo, durante toda sua vida (Xu et al., 1988; Hung et al., 2004). A identificação de plantas contaminadas no campo é feita através da dos sintomas visuais, que consistem no surgimento de manchas foliares amareladas, denominadas de mosqueado, essas apresentam assimetria em relação ao limbo foliar, além de contrastar com a cor normalmente verde das folhas (Bové, 2006). Sintomas secundários também podem surgir, se assemelhando com clorose proveniente de deficiência de manganês, ferro e zinco, além de redução do tamanho das folhas (Lopes; Frare, 2008). Incialmente, a doença se apresenta de forma localizada, ou seja, em apenas um ramo de uma árvore contaminada, visto que a distribuição da bactéria é de forma sistêmica, ainda que desigual (Bové, 2006). Esses sintomas podem evoluir a ponto de as nervuras de folhas sintomáticas tornarem-se mais grossas e escurecidas, além de induzir floradas fora de época, com intensa desfolha, e, por fim, morte de ponteiros (Halbert; Manjunath, 2004). Alguns estudos indicam que os sintomas foliares podem estar ligados ao excesso no acúmulo de grânulos de amido nas células (Etxeberria et al., 2009). Esse acúmulo excessivo é consequência do pequeno tamanho das bactérias, que fluem através das placas crivadas presentes nos elementos de tubo do floema (Tanaka et al., 2007; Laflèche; Bové, 1970; Tatineni et al., 2008), permitindo a colonização de toda a planta. Essa colonização tem como consequência o aumento da expressão de genes ligados à síntese de amido, produção e deposição de caloses nos vasos do floema, que, por terem alto peso molecular, impedem o transporte de foto-assimilados para frutos, flores, folhas e raízes (Koh et al., 2012). Em função dessas alterações fisiológicas, ocorre o acúmulo demasiado de amido nos plastídios, no parênquima e nos elementos de vaso do pecíolo (Kim et al., 2009), o que possivelmente induz os sintomas observados. Os sintomas nos frutos são severos, pois tem seu tamanho reduzido, com maturação irregular, onde a região estilar permanece verde, ao contrário do que acontece em frutos de ramos sadios. A assimetria em relação à columela central é um sintoma bem característico, sendo possível determinar isso por meio de cortes perpendiculares no eixo dos frutos, o que também permite a observação de sementes escuras ou abortadas em razão da contaminação pelo patógeno. O sabor dos frutos 13 é de um amargor característico, intensificado pela alta acidez e baixos teores de açúcares, inviabilizando o consumo in natura e industrial (Da Graça, 1991; Bové, 2006; Mcclean; Schwarz, 1970; Capoor, 1974). As tangerineiras e a maioria de seus híbridos são, geralmente, os citros mais severamente afetados pelo HLB (Manjunath et al., 2008; Ramadugu et al., 2016) e apresentam maior taxa de multiplicação da bactéria (Boscariol-Camargo et al., 2010). Por isso, são consideradas como plantas indicadoras da doença (Roistacher, 1991; Della Coletta Filho; Fermino, 2017). Características como o prolongado período de incubação da doença, de seis a dois anos, a depender da forma de infecção (Hung et al., 2001; Lopes; Frare, 2008); distribuição irregular da bactéria na planta; efeitos ambientais na expressão dos sintomas; natureza fastiosa da bactéria; e alta capacidade de disseminação do vetor (Bové, 2006; Manjunath et al., 2008; Tatineni et al., 2008; Li et al., 2009), em associação com as altas taxas de incidência da doença nos cinturão citrícola (FUNDECITRUS, 2022), fazem com que o manejo dessa doença seja um verdadeiro desafio. Levando em consideração que não existem medidas curativas nem resistência genética em citros comerciais para o controle do HLB, seu manejo se baseia em ações preventivas como a utilização de mudas sadias, a eliminação de plantas sintomáticas e o controle do inseto vetor, sendo mais eficientes se adotadas em escala regional (Bassanezi et al., 2020). A falta de informações sobre herança de caracteres de interesse, como os de resistência a doenças em citros, é um aspecto de suma importância, além disso, muitas dessas características parecem ter regulação genética complexa, o que faz delas loci’s de características quantitativas (QTLs) regulados por diversos genes com efeito acentuado do ambiente (Machado; Cristofani-yaly; Bastianel, 2011). Ainda assim, alguns estudos indicam, mesmo que com resultados variados, diferenças na incidência e severidade do HLB em razão de diferentes porta-enxertos e copas. Albrecht e Bowman (2012), avaliando o desempenho de alguns híbridos, relatam alto nível de tolerância do hibrido US-897 (C. reshni ‘Cleópatra’ x P. trifoliata ‘Flying Dragon’) e US-942 (C. sunki’ × P. trifoliata ‘Flying Dragon’), visto que esses não apresentavam sintomas mesmo com o aumento do número de bactérias. Neste mesmo trabalho, também é citada a importância de analisar repetidamente as plantas contaminadas, durante um longo período de tempo ao realizar triagem de resistência 14 ao HLB, afim de assegurar maior confiabilidade. Em um estudo de 2011, Albrecht e Bowman identificaram que o porta-enxerto US-897 apresentava maior tolerância, pois o aumento da concentração das bactérias nas células do floema foi mais lento em comparação com outros matérias. McCollum et al. (2016) indicaram que o tangor Fllaglo, um híbrido de Bower × Temple (C. reticulata × C. sinensis) sendo Bower outro híbrido complexo (C. reticulata × tangelo Orlando (C. paradisi Macf. × C. reticulata), apresentaram ser menos afetadas pelo HLB do que cultivares como laranjeira-doce Valência (Citrus sinensis) e Cidra (Citrus medica). Ramadugu et al. (2016) relataram que o trifoliata ‘Simmon’s’ foi considerado como tolerante ao HLB, assim como acessos de Microcitrus spp. Vale ressaltar que os autores presumem que esses genótipos sejam possivelmente monoembriônicos, visto que houve diferentes níveis de tolerância nos acessos, em função da variação entre plantas. Além disso, os autores classificaram como imunes dois acessos: Clausena excavata e Glycosmis pentaphylla; e como resistentes: Bergera koenigii, Eremocitrus glauca (lima do deserto australiano) e Murraya paniculata, que foi recentemente classificado como Murraya exotica [A. Beattie]. Esses resultados também estão de acordo com os obtidos por Alves et al. (2021) em estudos utilizando plantas clonadas por enxertia e infecção controlada. 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Localização, delineamento experimental e manutenção do experimento. O experimento foi instalado na Estação Experimental do Agronegócio de Bebedouro (EEAB) - Fundação Coopercitrus Credicitrus em Bebedouro (FCC) – SP (20º 53' 16'' S; 48º 28' 11'' W; 601 m de altitude). O clima predominante da região é do tipo Cwa, segundo Köppen-Geiger (Setzer, 1966), caracterizado como subtropical com inverno moderado e seco e verão quente e chuvoso. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho Distrófico típico de textura média A moderado hipoférrico. O plantio foi em fevereiro de 2016 usando tangerineira ‘Ponkan’ seleção IAC enxertada em 25 porta-enxertos comerciais ou selecionados pela Embrapa Mandioca e 15 Fruticultura (Tabela 1). As mudas foram de palito, produzidas em viveiro telado antiafídeos em sacolas de 4,5 L, com cerca de 1 ano de idade no plantio. Tabela 1. Grupo, nome comum, parentais e acrônimos dos 25 porta-enxertos utilizados no experimento de tangerineira ‘Ponkan’. Adotou-se espaçamento de 5,0 m x 2,0 m (1000 árvores/ha) em regime de sequeiro. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 25 tratamentos (porta-enxertos) e 30 repetições. Cada unidade experimental foi composta por uma planta. Esse delineamento foi utilizado para permitir que a dispersão do inseto vetor e disseminação natural da doença se dessem sem efeitos locais sobre os tratamentos. A adubação média anual foi de 160,50 kg/ha de N, 48 kg/ha de P2O5 e 160,50 kg/ha K2O de 2016 a 2023, e um total de 3 t/ha de calcário no mesmo período. O controle do psilídeo asiático dos citros baseou-se na aplicação bimestral de thiamethoxam em rotação com imidacloprid via drench no período chuvoso de 2016 a 2018, além da pulverização de inseticidas de contato em rotação (thiamethoxam, dimetoate, imidacloprid, acetamiprid, thiamethoxam + lambda- cialotrina, lambda- Grupo Nome comum Parentais Acrônimos Híbrido de Trifoliata Swingle 4475 C. × paradisi Macfad. x Poncirus trifoliata (L.) Raf. CS-4475 BRS H Montenegro-001 C. × limonia x P. trifoliata H-HM-001 BRS N Gimenes Fernandes-005 C. × jambhiri x (C. × limonia x P. trifoliata) H-NGF-005 BRS Matta-006 C. sunki x P. trifoliata var. montrosa ‘Flying Dragon’ MATTA TSKC x CTSW-025 C. sunki x (C. × paradisi x P. trifoliata) H-025 TSKC x CTSW-033 C. sunki x (C. × paradisi x P. trifoliata) H-033 BRS Cunha Sobrinho-041 C. sunki x (C. paradisi × P. trifoliata) H-CS-041 BRS Bravo-059 C. sunki x (C. × limonia x P. trifoliata) BRAVO BRS Santana -069 Híbrido de P. trifoliata H-S-069 TSK x (LCR x TR)-073 C. sunki x (C. × limonia x P. trifoliata) H-073 BRS San Francisco C. reshni x P. trifoliata cv. ‘Swingle’ H-SC Ríos Castaño C. reshni x P. trifoliata cv. 'Rubidoux' H-RC BRS Lindcove-245 C. reticulata ‘Reshni’ x P. trifoliata cv ‘Barnes’ H-L Indio C. sunki x P. trifoliata cv. English INDIO Limoeiro Cravo CNPMF-03 Citrus × limonia Osbeck LC-03 Cravo BRS Santa Cruz C. × limonia LC-STC Rugoso da Flórida C. × jambhiri Lush. LRF Rugoso FM C. × jambhiri LRFM Volkameriano Lagoa Grande C. × volkameriana (Risso) V. Ten. & Pasq. LVLG BRS Ary-038 C. × volkameriana x C. ×limonia ARY Cravo Limeira C. × limonia LCL Tangerineira Cleópatra C. reshni hort. ex Tanaka TC Sunki Comum C. sunki (Hayata) hort. ex Tanaka TSC Sunki BRS Tropical C. sunki (Hayata) hort. ex Tanaka TST Trifoliata Flying Dragon P. trifoliata var. monstrosa TFD 16 cialotrina + clorantraniliprole, etofenprox, cipermetrina, carbamazepina, deltametrina, azadiractina, cloridrato de formetanato e bifentrina) em intervalos médios de 15 dias desde o plantio. Plantas sintomáticas de HLB não foram eliminadas a partir de 2021. Outras práticas culturais seguiram as recomendações de Mattos Junior et al. (2014). 3.2 Crescimento vegetativo O crescimento vegetativo foi avaliado anualmente através da medição de altura (m) e diâmetro (m) e posterior cálculo do volume da copa (m³), realizada logo após a colheita. A altura foi definida pela medida a partir do nível do solo até a extremidade da copa, no plano onde se localiza a maioria dos ápices dos ramos, por meio de uma régua graduada em centímetros. O diâmetro da copa foi obtido através da média de duas medidas, uma paralela e outra perpendicular à linha de plantio na altura mediana da copa, com auxílio de uma trena. O volume da copa foi calculado pela seguinte equação, apresentada por Mendel (1956) e citada por Pompeu Júnior (1972): V = 2/3 x π x (D/2)2 x H, Onde, “V” é o volume (m³), “D” é o diâmetro médio da copa (m) e “H” é a altura da planta (m). Seguindo a proposta de Phillips e Castle (1977), os porta-enxertos foram classificados de acordo com o volume médio de copa que apresentaram no último ano de avaliação, em 2023. O porta-enxerto definido como padrão foi o limoeiro ‘Cravo’ Limeira, usado como referência para cálculo de todos os outros, sendo o seu volume considerado 100%. Dessa forma, em relação ao dossel de referência, os porta- enxertos foram divididos em ananicantes (com menos de 40% do dossel), semiananicantes (entre 41% a 60% do dossel), semipadrões (entre 61% a 80% do dossel), padrões (entre 81% e 110% do dossel) e superpadrões (com volume superior a 110% do dossel de referência). 3.3 Produção de frutos, eficiência produtiva e índice de alternância A avaliação de produção dos frutos de tangerineira ‘Ponkan’ correspondeu à produção anual de 2019 a 2023. Todos os frutos de uma mesma florada foram 17 colhidos manualmente por planta quando atingiram condições visuais para a comercialização, sendo a produção pesada em balança digital. Calculou-se a produção média por planta no período de estudo. A eficiência produtiva foi estabelecida pela razão entre a produção de frutos e o volume de copa (kg.m-3 de copa) em cada safra, calculando-se a eficiência média do período. O índice de alternância de produção dos frutos (IAP) foi calculado de 2019 a 2023, no entanto os dados de produção do ano de 2020 não foram usados para o cálculo. O IAP foi obtido utilizando a expressão IAP= 1/ (n - 1) * [|(a2 - a1 )|/(a2 + a1 ) + |(a3 - a2 )|/(a3 + a2 ) + ... + |(an - an-1)|/(na + an-1)], onde ‘n’ representa o número de anos e ‘a1 , a2 , …, an-1, an’ a produção de frutos, nos anos correspondentes. Salienta-se o uso de modulo na equação para evitar resultados negativos. O IAP pode variar de zero a um, e quanto mais próximo da unidade, maior é a alternância da produção (Stenzel et al., 2005; Pearce; Dobersek-Urbanc, 1967). 3.4 Envergamento de ramos A variável envergamento de ramos foi avaliada imediatamente antes das colheitas de cada safra anual, devido ao dano que pode causar rachando as pernadas das plantas de tangerineira ‘Ponkan’. O grau do envergamento foi avaliado por notas visuais variando de 0 a 4, sendo 0 = 0%, 1 = 1% a 25 %, 2 = 26% a 50%, 3 = 51% a 75% e 4 = 76% a 100% de ramos com envergamento na copa (Vitória et al., 2019). Os dados médios das safras 2021 a 2023 estão apresentados. 3.5 Qualidade dos frutos A qualidade dos frutos foi realizada por meio de uma amostra de seis frutos de uma mesma florada por planta, colhidos quando atingiram condições visuais para a comercialização, geralmente de maio a julho de cada ano, coletados na altura mediana e na parte externa dos quatro quadrantes da copa, em 10 plantas ao acaso por tratamento. Os dados médios das safras de 2021 a 2023 estão apresentados. Para medir a massa dos frutos, foi utilizada uma balança digital, enquanto a altura e o diâmetro foram medidos na região transversal e equatorial, respectivamente, com 18 auxílio de uma régua tipo calha. Logo em seguida, o suco dos frutos foi extraído por uma extratora de ponto de venda Otto 1800 (OIC, Limeira, São Paulo, Brasil) e sua massa foi determinada em uma balança digital para o cálculo do rendimento de suco (RS), obtido pela razão entre a massa do suco e a massa do fruto, expresso em porcentagem (%). O teor de sólidos solúveis totais (SST) foi determinado por leitura direta em refratômetro digital MA871 (Milwaukee Instruments, Rocky Mount, EUA). A acidez total foi obtida por titulação com hidróxido de sódio 0,3125 N e os valores foram expressos em porcentagem de ácido cítrico. O índice de maturação (ratio) foi determinado pela relação entre (SST) e acidez. 3.6 Tolerância ao déficit hídrico Durante a execução do experimento nos anos de 2017-2021, foi avaliada a tolerância dos porta-enxertos quanto à deficiência hídrica nos meses mais secos do ano para a região de Bebedouro, SP (agosto a outubro de cada ano). As avaliações seguiram a metodologia de Cantuarias-Avilés et al. (2012), na qual a tolerância ao déficit hídrico foi caracterizada por notas visuais em cada planta, que variam de 1 (menor tolerância à deficiência hídrica) a 3 (maior tolerância à deficiência hídrica). Este critério de avaliação é baseado na turgescência das folhas, enrolamento do limbo foliar e no grau de desfolha sobre a copa da planta. Dois inspetores treinados realizaram as avaliações com notas consensuadas. 3.7 Compatibilidade de enxertia e mortalidade de plantas A avaliação de compatibilidade de enxertia entre copa e porta-enxertos foi realizado no último ano de avaliação do experimento (2023), sete anos após a data de plantio. Foram selecionadas, ao acaso, cinco plantas por tratamento e, com auxílio de um canivete devidamente esterilizado, foi removido um segmento da casca com 2,5 cm de largura e 10 cm de altura, de forma que a linha de enxertia ficasse no centro do segmento, ou seja, 5 cm acima da linha de enxertia e 5 cm abaixo da linha de enxertia. A avaliação consistiu na atribuição de notas visuais, que foram adaptadas 19 de Müller et al. (1996): 1 – alto grau de compatibilidade, ausência de linha necrótica ou outros sintomas entre copa e porta-enxerto; 2 – médio grau de compatibilidade, presença de linha tênue entre copa e porta-enxerto; 3 – baixo grau de compatibilidade, presença de linha necrótica acentuada, com ou sem presença de resina entre copa e porta-enxerto. A nota de compatibilidade foi atribuída individualmente a cada planta e apresentada por meio de distribuição percentual de notas entre as plantas avaliadas por tratamento. A percentagem de mortalidade das plantas foi calculada em 2023, pela razão entre o número final de árvores mortas e o número inicial total de árvores por porta-enxerto. 3.8 Incidência e severidade de huanglongbing (HLB) A presença de plantas com sintomas de HLB foi determinada através de inspeções trimestrais para diagnóstico dos sintomas visuais da doença nas plantas e amostragem de folhas sintomáticas para determinação da presença de Ca. Liberibacter spp. por q-PCR -quantitative polymerase chain reaction (Li et al., 2006) sempre que necessário, com apoio do laboratório de diagnose do Fundecitrus. A incidência acumulada de plantas doentes em relação ao total de plantas avaliadas por tratamento foi contabilizada até o final do experimento (89 meses após o plantio). A severidade da doença foi avaliada de 2021 a 2023, sendo realizada a cada 3 meses, começando sempre no mês de março de cada ano. As avaliações nos meses de junho foram consideradas as principais, pois neste momento seus sintomas são mais evidentes. A avaliação ocorreu em todas as plantas com sintomas de HLB. Para tal, as copas das plantas foram divididas em quatro quadrantes nas duas faces paralelas à linha de plantio e, em seguida, foram atribuídas notas visuais de severidade, através de uma escala que variou de 0 a 5, sendo nota 0 = 0%, nota 1 = 1% a 20%, nota 2 = 21% a 40%, nota 3 = 41% a 60%, nota 4 = 61% a 80% e nota 5 = 81% a 100% da área sintomática de cada quadrante da planta. O índice de severidade foi obtido através da média das notas dos oito quadrantes por planta, conforme Bassanezi et al. (2011). A partir das avaliações de severidade trimestrais foi possível calcular a AACPD (área abaixo da curva do progresso da doença) através da formula: AACPD= Σ [((y1 + y2)/2) *(t2 -t1)], 20 onde y1 e y2 são duas avaliações consecutivas realizadas nos tempos t1 e t2, respectivamente, seguindo a metodologia de Madden et al. (2007). 3.9 Impacto de huanglongbing (HLB) na produção e qualidade dos frutos Em plantas sintomáticas para HLB, que apresentaram confirmação da bactéria através de qPCR, coletaram-se os frutos sintomáticos (pequenos, disformes, com inversão de maturação conforme Bové, 2006) que foram pesados separadamente dos frutos assintomáticos coletados na mesma planta. A soma da produção de frutos sintomáticos e assintomáticos de plantas sintomáticas foi denominada de produção de frutos HLB total. Para aferir os danos à produção em comparação com às plantas consideradas assintomáticas, foi calculada a ‘perda relativa do potencial produtivo’ para cada combinação de copa e porta-enxerto, obtido por meio da formula: Perda relativa do potencial produtivo = ((x/y*100) -100), onde x é a produção de frutos HLB total e y a produção de frutos assintomáticos de plantas assintomáticas. Em plantas assintomáticas e sintomáticas, foram contabilizados também os frutos fora de padrão de comercialização de tangerinas ‘Ponkan’ (CEAGESP, 2011), esses frutos foram classificados como não comerciais e pesados separadamente dos demais. Os parâmetros de classificação dos frutos se baseiam nas características físicas, como diâmetro e cor dos frutos e aqueles que não atingem os valores mínimos são considerados não aptos ao consumo in natura, portanto não comerciais para o mercado de fruta fresca. Dessa forma, foi feita a comparação entre a produção de frutos comercializáveis e não comercializáveis de plantas consideradas assintomáticas para cada combinação de copa e porta-enxerto, e posteriormente foi calculada a proporção de frutos não comercializáveis de plantas assintomáticas. A produção de frutos com sintomas de HLB foi chamada de frutos sintomáticos e foi comparada à produção de frutos assintomáticos de plantas com HLB. Essa por sua vez também foi separada em função da sua aptidão para comercialização ou não. Em seguida, foi feita a comparação entre a produção de frutos assintomáticos comercializáveis e a produção de frutos assintomáticos não comercializáveis de plantas com HLB, para cada combinação de copa e porta-enxerto. Por fim, foi 21 calculada a proporção de frutos assintomáticos não comerciais e a proporção de frutos sintomáticos, e a partir da soma dos dois tipos obteve-se a proporção de frutos HLB total não comercializáveis. A qualidade dos frutos em plantas sintomáticas foi analisada conforme descrito anteriormente, mas com a separação das amostras de frutos sintomáticos e assintomáticos da mesma planta, onde cada planta sintomática disponível foi uma repetição de cada tratamento. Neste caso, avaliou-se a qualidade de frutos de 11 tratamentos, pois esses apresentaram pelo menos três plantas sintomáticas em cada ano avaliado. 3.10 Análises estatísticas As variáveis de crescimento vegetativo, produção das plantas, qualidade dos frutos e percentagem de incidência acumulada de HLB foram analisadas pelo teste de Fisher, sendo as médias agrupadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) utilizando-se o programa estatístico Sisvar (Ferreira, 2000). Por apresentarem natureza ordinal, as notas de tolerância ao déficit hídrico, severidade de HLB e envergamento de ramos e notas de compatibilidade de enxertia foram analisadas pelo teste não paramétrico de Kruskal-Wallis no programa R (R Development Core Team, 2015) e, posteriormente, agrupadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,05). Com intuito de identificar o agrupamento hierárquico dos porta-enxertos foi realizada uma análise multivariada através da análise de componentes principais (PCA), para isso os dados foram padronizados da seguinte forma: =((Mx-Mg) /desvp), Onde, Mx é a média do genótipo/porta-enxerto para a variável escolhida, Mg é a média geral de todos os genótipos/porta-enxertos para a variável escolhida, e desvp é o desvio padrão de todos os genótipos para variável escolhida. A análise de cluster foi calculada com o pacote “NbClust” do R 3.6.1 (Charrad et al. 2014). Para análise foram utilizados os pacotes “dendextend” e “factoextra” (Kassambara 2015), através da análise de coordenadas de componentes principais na plataforma R (R Development Core Team 2015). O PCA foi executado utilizando o pacote FactoMineR no R 3.6.1 (Lê et al. 2008). Posteriormente a distância euclidiana 22 foi usada para medir a similaridade, e o método de média foi empregado para avaliar a ligação (Hair et al. 2006). A produção de frutos sintomáticos e assintomáticos em plantas sintomáticas foi comparada entre si e a produção de frutos HLB total foi comparada em relação às de plantas sadias dentro de cada tratamento pelo teste t (p<0,05). Para a qualidade de frutos, as variáveis de frutos sintomáticos de plantas sintomáticas, de frutos assintomáticos de plantas sintomáticas e de frutos sadios de plantas sadias foram comparadas pelo teste de t (p<0,05). 4. RESULTADOS 4.1 Dados meteorológicos No período de março de 2016 a julho de 2023, a precipitação anual média foi de 1161,28 mm, no entanto em todos os anos, nos meses de junho, julho e agosto, a precipitação média mensal não atingiu os valores mínimos necessários para boa rentabilidade de cultivo de frutos cítricos, que é de 60 mm no inverno (Embrapa, 2005). As médias para temperatura máxima, mínima e média no período de implementação do experimento foram de 30,01˚C, 16,86˚C e 23,00˚C, respectivamente (Figura 1). Figura 1. Médias mensais de temperatura do ar (máxima, mínima e média) e de precipitação pluviométrica na área experimental obtidas entre março de 2016 e julho 0 50 100 150 200 250 300 350 400 0 5 10 15 20 25 30 35 40 M A R M A I JU L SE T N O V JA N M A R M A I JU L SE T N O V JA N M A R M A I JU L SE T N O V JA N M A R M A I JU L SE T N O V JA N M A R M A I JU L SE T N O V JA N M A R M A I JU L SE T N O V JA N M A R M A I JU L SE T N O V JA N M A R M A I JU L 1616161616161616161617171717171717171717171718181818181818181818181819191919191919191919191920202020202020202020202021212121212121212121212122222222222222222222222223232323232323 Dados Meteorológicos (2016-2023) Precipitação (mm) Temperatura Máxima (ºC) Temperatura Mínima (ºC) Temperatura Média (ºC) 23 de 2023 em Bebedouro, SP, Brasil. Estação meteorológica automatizada Campbell CR-10. 4.2 Crescimento vegetativo A altura de plantas variou de 2,03 m até a 3,26 m, sendo que os porta-enxertos que induziram plantas mais altas foram LVLG (3,20 m), TSC (3,26 m) e TST (3,19 m) enquanto que os porta-enxertos MATTA (2,17 m) e TFD (2,06 m) induziram plantas mais baixas. Vale destacar os porta-enxertos H-RC (2,53 m), H-SF (2,38 m) e ARY (2,47 m) que, apesar de estar em um agrupamento diferente, também induziram plantas baixas. os demais porta-enxertos apresentaram desempenho intermediário. O diâmetro médio de copas foi organizado em quatro agrupamentos, sendo que os porta-enxertos H-NGF-005 (2,18 m), LVLG (2,06 m), BRAVO (2,15 m), TSC (2,02 m), TST (2,01 m), INDIO (2,06 m), CS-4475 (2,04 m), LCL (1,99 m), TC (1,98 m), H-HM- 001 (2,00 m), H-RC (2,10 m) e H-SF (2,07 m) induziram maiores médias, enquanto que o porta-enxerto TFD resultou em menor diâmetro de copa, 1,18 m. Os demais porta-enxertos apresentaram diâmetro de copa superior a 1,50 m e foram considerados como intermediários (Tabela 2). Tabela 2. Altura, diâmetro médio e volume de copa de tangerineira ‘Ponkan’ enxertada em 25 porta-enxertos após sete anos de plantio em sequeiro. Bebedouro-SP, 2024. Porta- enxertos Crescimento Vegetativo 2023 Altura (m) Diâmetro Médio (m) Volume (m3) Classificação H-NGF-005 2,95 c 2,18 a 7,42 a Superpadrão LVLG 3,20 a 2,06 a 7,35 a Superpadrão BRAVO 2,92 c 2,15 a 7,15 a Padrão TSC 3,26 a 2,02 a 7,04 a Padrão TST 3,19 a 2,01 a 6,97 a Padrão INDIO 3,05 b 2,06 a 6,91 a Padrão CS-4475 3,06 b 2,04 a 6,72 a Padrão LCL 3,03 b 1,99 a 6,61 a Padrão TC 3,01 b 1,98 a 6,46 a Padrão LRFM 3,05 b 1,87 b 6,01 b Padrão H-HM-001 2,83 c 2,00 a 5,94 b Padrão LC-03 3,01 b 1,91 b 5,92 b Padrão 24 H-RC 2,53 d 2,10 a 5,91 b Padrão LC-STC 2,87 c 1,91 b 5,67 b Padrão H-073 2,91 c 1,89 b 5,50 b Padrão H-033 3,02 b 1,83 b 5,42 b Padrão H-SF 2,38 d 2,07 a 5,40 b Padrão H-CS-041 2,85 c 1,86 b 5,38 b Padrão LRF 2,85 c 1,81 b 5,17 b Semipadrão H-025 2,75 c 1,82 b 5,01 b Semipadrão H-S-069 2,72 c 1,79 b 4,66 c Semipadrão MATTA 2,17 e 1,84 b 3,91 c Semiananicante H-L 2,70 c 1,57 c 3,69 c Semiananicante ARY 2,47 d 1,61 c 3,62 c Semiananicante TFD 2,03 e 1,18 d 1,50 d Ananicante CV(%) 13,61 14,01 34,35 Médias seguidas de mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott-Knott (p ≤ 0,05). O volume de copa variou de 1,50 m3 a 7,42 m3, sendo que os porta-enxertos que proporcionaram maiores volumes de copa foram H-NGF-005 (7,42 m3), LVLG (7,35 m3), BRAVO (7,15 m3), TSC (7,04 m3), TST (6,97 m3), INDIO (6,91 m3), CS-4475 (6,72 m3), LCL (6,61 m3) e TC (6,46 m3), sendo os dois primeiros considerados do tipo superpadrão enquanto que os outros sete porta-enxertos foram considerados do tipo padrão. O porta-enxerto que induziu menor volume de copa foi o TFD, com um volume de copa de 1,50 m3 sendo o único classificado como ananicante. Também destacar destacaram-se os porta-enxertos MATTA (3,91 m3), H-L (3,96 m3) e ARY (3,62 m3) que foram classificados como semiananicantes, enquanto os demais porta-enxertos tiveram desempenho intermediário e foram classificados de padrão a semipadrão. 4.3 Produção e eficiência produtiva Em 2019, os porta-enxertos que proporcionaram maiores produtividades foram o LRFM, TST, H-NFG-005, INDIO, TC, LVLG, BRAVO, LCL, TSC, CS-4475, LC-03, LRF, LC-STC, H-073 e H-CS-041, seus valores variaram de 49,76 kg/planta a 65,55 kg/planta. Em contrapartida os porta-enxertos H-L e TFD proporcionaram menores produtividades, 29,32 kg/planta e 20,80 kg/planta, respectivamente. Os demais porta- 25 enxertos tiveram desempenho intermediário. Em 2020, as médias foram calculadas sem teste estatístico devido à baixa produtividade, sendo o LRF o porta-enxerto que induziu maior produtividade, 2,94 kg/planta, enquanto que o MATTA proporcionou menor produtividade, 0,66 kg/planta. Em 2021, os porta-enxertos TST, H-NFG-005, INDIO, TC, LVLG, BRAVO, TSC, CS-4475, H- HM-001 e H-073 resultaram em maiores produtividades, com valores variando de 28,78 kg/planta a 38,52 kg/planta e, assim como em 2019, os porta-enxertos menos produtivos foram H-L (6,83 kg/planta) e TFD (5,30 kg/planta). Os demais porta-enxertos resultaram em desempenhos intermediários. Os porta-enxertos LRFM, TC, LCL, LC-03 e LC-STC, foram os mais produtivos em 2022, com média geral entre eles de 57,98 kg/planta. O porta-enxerto com menor produtividade foi o TFD (4,03 kg/planta), e, mesmo que em um agrupamento diferente do TFD, também se observou baixa produtividade nos porta- enxertos BRAVO (16,80 kg/planta), H-HM-001 (21,85 kg/planta), MATTA (15,37 kg/planta) e H-L (17,16 kg/planta). Os demais porta-enxertos podem ser considerados com produtividade intermediária, com uma média entre eles de 37,19 kg/planta. Em 2023, os porta-enxertos H-NFG-005 (44,26 kg/planta), INDIO (52,45 kg/planta), TC (42,87 kg/planta) e BRAVO (47,89 kg/planta) proporcionaram maiores produtividades, já os porta-enxertos LRFM (34,31 kg/planta), TST (39,33 kg/planta), TSC (32,67 kg/planta), CS-4475 (39,99 kg/planta) e H-HM-001 (38,90 kg/planta) induziram desempenho intermediário, enquanto os demais porta-enxertos proporcionaram uma produtividade estatisticamente inferior que variou de 4,41 kg/planta a 27,51 kg/planta (Tabela 3). Tabela 3. Produção e índice de alternância de produção de tangerineira ‘Ponkan’ enxertada em 25 porta-enxertos, em regime de sequeiro, no período de 2019 a 2023, em Bebedouro-SP. Porta- enxertos Produção (kg/planta) Índice de alternância 2019 2020 2021 2022 2023 média LRFM 65,55 a 2,35 26,10 b 57,12 a 34,31 b 45,86 a 0,52 c TST 61,01 a 0,95 37,23 a 45,30 b 39,33 b 45,78 a 0,39 d H-NGF-005 57,61 a 0,81 38,52 a 37,48 b 44,26 a 44,55 a 0,37 d INDIO 56,12 a 2,63 36,70 a 32,02 c 52,45 a 44,25 a 0,38 d TC 50,37 a 1,70 30,25 a 52,12 a 42,87 a 43,91 a 0,36 d 26 LVLG 61,41 a 1,74 33,94 a 47,32 b 24,50 c 41,92 a 0,45 d BRAVO 64,09 a 0,55 38,32 a 16,80 d 47,89 a 41,41 a 0,46 d LCL 55,07 a 1,06 24,18 b 64,39 a 20,15 c 41,06 a 0,52 c TSC 50,65 a 0,47 33,48 a 43,45 b 32,67 b 40,14 a 0,45 d CS-4475 52,91 a 0,42 34,60 a 32,17 c 39,99 b 39,88 a 0,42 d LC-03 59,61 a 1,13 21,08 b 50,69 a 22,08 c 38,45 b 0,55 c LRF 61,56 a 2,94 19,52 b 39,84 b 27,51 c 37,73 b 0,56 c LC-STC 57,54 a 1,43 23,32 b 50,56 a 17,65 c 37,26 b 0,50 c H-HM-001 47,00 b 2,73 33,98 a 21,85 d 38,90 b 35,47 b 0,56 c H-073 53,21 a 1,62 28,78 a 33,15 c 23,37 c 34,70 b 0,41 d H-CS-041 49,76 a 0,14 21,68 b 45,08 b 20,63 c 34,21 b 0,53 c H-RC 47,35 b 0,39 24,63 b 38,64 b 23,10 c 33,66 b 0,51 c H-025 47,35 b 0,42 23,08 b 42,99 b 18,51 c 33,31 b 0,48 d H-SF 44,75 b 0,70 26,52 b 32,89 c 25,18 c 32,48 b 0,44 d H-S-069 44,62 b 0,20 26,02 b 29,40 c 20,42 c 30,24 c 0,40 d H-033 48,03 b 0,25 21,29 b 33,76 c 15,40 c 29,55 c 0,50 c MATTA 43,65 b 0,13 22,97 b 15,37 d 24,83 c 27,09 c 0,58 c ARY 41,64 b 0,66 19,76 b 24,29 c 17,24 c 25,73 c 0,52 c H-L 29,32 c 1,10 6,83 c 17,16 d 25,84 c 19,77 d 0,64 b TFD 20,80 c 2,11 5,30 c 4,03 e 4,41 c 9,02 e 0,79 a média 50,84 1,14 26,32 36,31 28,14 35,50 0,49 CV(%) 37,47 57,37 70,2 49,94 65,98 44,94 Médias seguidas de mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott-Knott (p ≤ 0,05). A produtividade média ao longo dos anos avaliados foi calculada sem a participação dos dados do ano 2020, devido à sua baixa produtividade. Os porta- enxertos com as maiores produtividades ao longo dos anos foram LRFM, TST, H- NFG-005, INDIO, TC, LVLG, BRAVO, LCL, TSC e CS-4475, seus valores variaram de 39,88 kg/planta a 45,86 kg/planta, enquanto que os porta-enxertos que apresentaram menores produtividades foram o H-L (19,77 kg/planta), sendo esse superior ao TFD (9,02 kg/planta), com a menor produtividade entre todos os porta-enxertos. Os demais porta-enxertos tiveram desempenho intermediário com média variando de 25,73 kg/planta a 38,45 kg/planta (Tabela 3). O porta-enxerto com maior índice de alternância foi o TFD, seguindo do H-L, com valores de 0,79 e 0,64, respectivamente. Os demais portas-enxertos apresentaram menores índices de variação, com médias variando 0,36 a 0,58. 27 Em 2021, os porta-enxertos que proporcionaram maiores eficiências produtivas foram INDIO, TC, H-HM-001, TST, TSC, H-NGF-005, CS-4475 e BRAVO, com média geral entre eles de 13,99 kg/m3. Em contrapartida, os porta-enxertos H-L (5,37 kg/m3), TFD (6,98 kg/m3) e LRF (6,40 kg/m3) foram os que tiveram menores eficiências, os demais porta-enxertos tiveram desempenho intermediário, com média variando de 8,08 kg/m3 a 10,72 kg/m3. Em 2022, os porta-enxertos TC, LRFM, H-025, LCL, H-CS- 041, LC-STC, LRF, LC-03 e ARY proporcionaram maiores eficiências, seus valores variaram de 9,27 kg/m3 a 12,06 kg/m3. Os porta-enxertos com menores desempenho foram H-HM-001 (3,98kg/m3), BRAVO (3,30 kg/m3) e MATTA (5,54 kg/m3). Os demais porta-enxertos apresentaram desempenho intermediário com média variando de 5,87 kg/m3 a 9,46 kg/m3. Em 2023, os porta-enxertos foram agrupados em dois grupos, sendo os porta-enxertos INDIO, TC, H-HM-001, TST, H-NGF-005, LRFM, CS-4475, BRAVO, MATTA, LRF e H-L aqueles com maiores desempenhos com média geral entre eles de 7,08 kg/m3, enquanto que os demais porta-enxertos apresentaram menor desempenho, com médias variando de 2,47 kg/m3 a 5,89 kg/m3. A eficiência produtiva média dos três anos avaliados foi agrupada em três grupos sendo que o porta-enxerto TFD induziu a menor eficiência com média de 6,25 kg/m3, e o porta- enxerto H-033 apresentou um desempenho intermediário com média de 6,53 kg/m3. Os demais porta-enxertos foram agrupados como tendo desempenho superior com médias variando de 7,19 kg/m3 a 10,18 kg/m3 (Tabela 4). Tabela 4. Eficiência produtiva (EP) de tangerineira ‘Ponkan’ enxertada em 25 porta- enxertos, em regime de sequeiro, no período de 2021 a 2023. Bebedouro-SP. Porta-enxertos Eficiência produtiva (kg/m3 de planta) 2021 2022 2023 média INDIO 14,72 a 6,33 b 8,85 a 10,18 a TC 11,19 a 12,06 a 7,06 a 10,08 a H-HM-001 16,30 a 3,98 c 7,80 a 9,44 a TST 13,23 a 6,85 b 6,67 a 8,91 a TSC 13,88 a 7,85 b 4,82 b 8,85 a H-NGF-005 13,81 a 6,60 b 5,59 a 8,81 a LRFM 8,56 b 9,48 a 7,66 a 8,57 a ARY 9,71 b 9,46 b 5,89 b 8,37 a 28 H-025 10,30 b 9,95 a 4,97 b 8,35 a CS-4475 12,55 a 5,87 b 5,41 a 8,02 a BRAVO 13,43 a 3,30 c 6,99 a 7,97 a MATTA 9,77 b 5,54 c 8,34 a 7,95 a H-S-069 11,57 b 7,67 b 4,33 b 7,90 a H-SF 10,72 b 8,12 b 4,63 b 7,89 a LCL 8,67 b 11,19 a 3,68 b 7,85 a H-CS-041 9,42 b 9,82 a 4,17 b 7,76 a LC-STC 8,47 b 10,86 a 3,96 b 7,68 a LVLG 10,98 b 6,90 b 5,12 b 7,67 a LRF 6,40 c 9,27 a 7,12 a 7,60 a H-073 11,29 b 6,89 b 4,58 b 7,58 a H-RC 10,13 b 7,99 b 4,35 b 7,52 a H-L 5,37 d 8,78 b 7,63 a 7,26 a LC-03 8,08 b 10,03 a 3,55 b 7,19 a H-033 10,58 b 6,70 b 2,47 b 6,53 b TFD 6,98 d 6,96 c 4,44 b 6,25 c média 10,64 7,94 5,60 8,09 CV(%) 66,76 39,8 37,91 51,68 Médias seguidas de mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott-Knott (p ≤ 0,05). 4.4 Envergamento de ramos Em 2021, os porta-enxertos que induziram maiores envergamento dos ramos foram H-RC, H-NGF-005, MATTA, H-HM-001 e BRAVO com notas médias que variaram de 2,41 a 2,90. Os porta-enxertos CS-4475, INDIO, H-S-069, H-025, H-073, TST e TC apresentaram um desempenho intermediário com médias que foram de 1,87 a 2,30. Os demais porta-enxertos apresentaram menores notas de envergamento, com uma média variando de 0,87 a 1,68. Em 2022, os porta-enxertos com maiores notas de envergamento foram H-RC, H-SF, H-CS-041 e H-025, que apresentaram nota média entre eles de 2,46. Por outro lado, os porta-enxertos H-HM- 001, BRAVO, INDIO, TST, TFD e H-L apresentaram as menores notas que variaram de 0,76 a 1,40, os demais tratamentos apresentaram desempenho intermediário com notas variando de 1,53 a 2,03. Em 2023 os porta-enxertos H-NGF-005, MATTA, H- SF, H-HM-001, BRAVO e INDIO induziram maiores notas de envergamento, variando 29 de 2,32 a 2,57. Os porta-enxertos com desempenho intermediário foram H-RC (1,90), CS-4475 (1,93), TSC (1,83), TST (1,87) e TC (1,77). Os demais porta-enxertos apresentaram menores de notas de envergamento, que variaram de 0,93 a 1,67 Ao longo dos três anos de avaliação, houve a formação de quatro grupos sendo dois deles considerados de desempenho intermediário, com notas variando de 2,06 a 1,33. O grupo com as maiores notas é composto pelos porta-enxertos H-RC, H-NGF-005, MATTA e H-SF com nota média entre eles de 2,34, enquanto que o grupo com as menores notas de envergamento é composto por TFD (1,10) e H-L (0,67) (Tabela 5). Tabela 5. Nota de envergamento de ramos de tangerineira ‘Ponkan’ enxertada em 25 porta-enxertos, em regime de sequeiro, no período de 2021 a 2023. Bebedouro-SP. Porta-enxertos Envergamento de ramos* 2021 2022 2023 média H-RC 2,41 a 2,83 a 1,90 b 2,38 a H-NGF-005 2,47 a 2,00 b 2,57 a 2,35 a MATTA 2,75 a 1,93 b 2,32 a 2,34 a H-SF 2,17 b 2,30 a 2,34 a 2,27 a H-HM-001 2,53 a 1,24 c 2,38 a 2,06 b BRAVO 2,90 a 0,76 c 2,48 a 2,06 b CS-4475 2,30 b 1,66 b 1,93 b 1,97 b H-CS-041 1,07 b 2,28 a 1,53 c 1,95 b INDIO 2,14 b 1,12 c 2,50 a 1,93 b H-S-069 2,21 b 1,86 b 1,48 c 1,85 b H-025 1,93 b 2,43 a 1,67 c 1,84 b TSC 1,68 c 1,76 b 1,83 b 1,76 b H-073 2,07 b 1,83 b 1,37 c 1,76 b TST 1,97 b 1,40 c 1,87 b 1,74 b TC 1,87 b 1,53 b 1,77 b 1,72 b LVLG 1,33 c 1,69 b 1,63 c 1,55 c ARY 1,62 c 1,65 b 1,40 c 1,55 c LRF 1,40 c 1,63 b 1,60 c 1,54 c LRFM 1,37 c 1,60 b 1,57 c 1,51 c LCL 1,23 c 2,03 b 1,27 c 1,51 c LC-STC 1,27 c 1,80 b 1,16 c 1,41 c H-033 1,52 c 1,66 b 0,93 c 1,36 c LC-03 1,17 c 1,87 b 0,97 c 1,33 c 30 TFD 1,15 c 1,05 c 1,10 c 1,10 d H-L 0,87 c 0,87 c 1,17 c 0,97 d Média 1,82 1,71 1,71 1,75 CV(%) 43,55 53,81 47,16 60,68 Médias seguidas de mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott-Knott (p ≤ 0,05). *Nota 0: não há envergamento de ramos nas plantas, nota 1: de 1% a 25% dos ramos envergados, nota 2: de 26% a 50% dos ramos envergados, nota 3: de 51% a 75% dos ramos envergados, nota 4: de 76% a 100% dos ramos envergados. As análises de correlações indicam que as variáveis produção de frutos e eficiência produtiva se relacionaram positivamente com as notas de envergamento de ramos, porém não houve relação deste com o volume da copa (Figura 2). 31 Figura 2. Relação entre nota de envergamento de ramos e produção de frutos, envergamento de ramos e volume de copa, e envergamento de ramos e eficiência produtiva de tangerineira ‘Ponkan sobre’ 25 porta-enxertos em regime de sequeiro, no período de 2021 a 2023. Bebedouro-SP. R² = 0,2334 0 10 20 30 40 50 60 70 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 P ro d u çã o ( kg /p la n ta ) R² = 0,0049 0 2 4 6 8 10 12 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 V o lu m e d e co p a (m 3 ) R² = 0,2175 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 Ef ic iê n ci a p ro d u ti va ( kg /m 3 ) Notas de Envergamento 32 4.5 Qualidade de frutos Não houve diferença significativa para as variáveis rendimento de suco e índice de maturação, sendo que os valores para essas variáveis foram de 29,86% a 38,45% e de 14,44 a 19,69, respectivamente. Para a variável massa dos frutos, observou-se a formação de dois grupos, sendo o grupo com as menores médias composto pelos porta-enxertos TC, INDIO, H-NGF-005, H-L, TFD e MATTA, com massa média entre eles de 160,23 g. Enquanto que os demais induziram frutos mais pesados, variando de 174,94 g a 202,19 g. Os porta-enxertos que induziram frutos com menores diâmetro foram TC, INDIO, H-NGF-005, H-033, H-L, TFD e MATTA com valores que variaram de 6,60 cm a 7,10 cm. Os demais porta-enxertos proporcionaram frutos maiores que variaram de 7,22 cm a 7,63 cm. Para a variável sólidos solúveis totais, os porta-enxertos que induziram maiores médias foram H-033 (13,49 ºBrix), H-L (13,94 ºBrix) e TFD (13,96 ºBrix). Os porta-enxertos LC-STC, LRF, LRFM, ARY, LVLG, LC-03, TST, TSC, H-HM-001, TC e MATTA proporcionaram frutos com menores teores de sólidos solúveis, seus valores variaram de 10,86 ºBrix a 11,56 ºBrix. Os demais porta-enxertos tiveram desempenho intermediário com média variando de 11,88 ºBrix a 12,94 ºBrix. Os porta-enxertos com maiores índices de acidez total titulável foram H-033 (0,98), H-L (0,89) e TFD (0,91). Os porta-enxertos que induziram menores concentrações de acidez foram LC-STC, LRF, LRFM, H-RC, ARY, LCL, LC- 03, TST e TC, com média entre eles de 0,62. Os demais porta-enxertos apresentaram valores intermediários, com medias variando de 0,68 a 0,79 (Tabela 6). Tabela 6. Massa, diâmetro equatorial, rendimento de suco, sólidos solúveis totais (Brixº), acidez total titulável e índice de maturação (ratio) de tangerineira ‘Ponkan’ enxertada em 25 porta-enxertos, em regime de sequeiro, no período de 2021 a 2023. Bebedouro-SP. Porta-enxertos Massa de frutos (g) Diâmetro de frutos (cm) Rendimento de Suco (%) Sólidos Soluveis (ºBrix) Acidez (%) Índice de Maturação LC-STC 202,19 a 7,56 a 34,62 a 11,01 d 0,64 c 17,62 a H-073 194,52 a 7,59 a 34,43 a 12,22 c 0,73 b 17,47 a H-S-069 194,17 a 7,50 a 33,42 a 12,13 c 0,71 b 17,67 a LRF 194,06 a 7,38 a 35,21 a 10,96 d 0,57 c 19,57 a CS-4475 190,72 a 7,57 a 35,75 a 12,35 c 0,74 b 17,44 a 33 H-025 190,59 a 7,56 a 33,72 a 12,55 c 0,79 b 16,78 a H-CS-041 185,84 a 7,42 a 34,45 a 11,88 c 0,71 b 17,68 a LRFM 185,55 a 7,58 a 35,80 a 10,86 d 0,60 c 18,71 a H-RC 185,19 a 7,46 a 34,12 a 12,14 c 0,65 c 19,22 a ARY 184,37 a 7,47 a 33,60 a 11,32 d 0,62 c 18,86 a H-SF 183,14 a 7,31 a 34,36 a 12,94 b 0,75 b 18,53 a LVLG 182,66 a 7,22 a 36,17 a 11,48 d 0,72 b 17,30 a LCL 182,57 a 7,59 a 29,86 a 11,99 c 0,65 c 18,81 a LC-03 181,94 a 7,26 a 34,11 a 11,49 d 0,60 c 19,36 a TST 180,88 a 7,63 a 34,22 a 11,48 d 0,64 c 18,43 a TSC 179,50 a 7,62 a 35,65 a 11,50 d 0,74 b 15,96 a BRAVO 177,02 a 7,25 a 33,93 a 12,26 c 0,70 b 18,42 a H-033 176,84 a 6,98 b 34,94 a 13,49 a 0,98 a 14,44 a H-HM-001 174,94 a 7,31 a 38,45 a 11,33 d 0,68 b 17,22 a TC 171,64 b 7,08 b 36,63 a 11,54 d 0,60 c 19,69 a INDIO 169,64 b 7,10 b 34,03 a 11,90 c 0,71 b 17,87 a H-NGF-005 167,76 b 7,09 b 37,26 a 12,23 c 0,69 b 18,84 a H-L 153,18 b 6,95 b 29,60 a 13,94 a 0,89 a 19,36 a TFD 151,21 b 6,84 b 35,00 a 13,96 a 0,91 a 17,26 a MATTA 147,94 b 6,60 b 34,52 a 11,56 d 0,70 b 14,76 a CV (%) 18,66 8,39 20,56 8,18 24,62 24,15 Médias seguidas de mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott-Knott (p ≤ 0,05). 4.6 Tolerância ao déficit hídrico Em 2017, os porta-enxertos que proporcionaram maiores notas de tolerância ao déficit hídrico foram LC-STC, LCL, LRFM, H-NGF-005, H-HM-001, LVLG, TST, H- CS-041, H-073, TC e INDIO, sendo que elas variaram de 2,13 a 2,37. O H-L foi o porta-enxerto com a menor nota de tolerância a seca (1,13). Os demais porta-enxertos tiveram desempenho intermediário, com notas variando de 1,73 a 2,10. Em 2018, os porta-enxertos H-NGF-005, TST, H-CS-041, H-073, TC, BRAVO, MATTA, H-S-069, H-033, TFD e H-L proporcionaram maiores notas de tolerância a seca, com média entre eles de 1,65. Os demais porta-enxertos apresentaram notas inferiores, com notas variando de 1,20 a 1,40. Em 2019, os porta-enxertos que induziram maiores notas de tolerâncias ao déficit hídrico foram LC-STC, LCL, LC-03, LRFM, LRF, H-HM- 001, LVLG e INDIO, com média entre eles de 2,72. O porta-enxerto H-L apresentou o 34 menor desempenho (1,30), os demais porta-enxertos proporcionaram desempenho intermediário, com notas variando de 1,93 a 2,59. Em 2020, os porta-enxertos com menores notas foram TFD (1,30) e H-L (1,06), em contrapartida os porta-enxertos que apresentaram maiores notas foram LC-STC (2,73), LCL (2,70), LC-03 (2,63), LRFM (2,50), LRF (2,73), H-HM-001 (2,50), LVLG (2,53) e ARY (2,53). Os demais porta- enxertos apresentaram desempenho intermediário, com notas que variaram de 1,80 a 2,33. Em 2021 os porta-enxertos foram agrupados em 2 grupos, o com maiores médias composto por LC-STC, LCL, LC-03, LRFM, LRF, H-HM-001, LVLG, TST, H- CS-041, H-073, TSC, H-RC e H-025, com média entre eles de 2,35. O outro grupo com os demais porta-enxertos são os que tiveram desempenho inferior com notas variando de 1,60 a 2,10. Através da média ao longo dos anos de avaliação, pode se observar que o porta-enxerto H-L foi o que induziu a menor nota de tolerância a seca (1,36), também se salienta o TFD, tendo como nota 1,68 o que comprova a sua baixa tolerância a seca. Dentre os porta-enxertos com maiores notas médias de tolerância ao déficit hídrico encontraram-se os limoeiros LC-STC (2,26), LCL (2,25), LC-03 (2,23), LRFM (2,22), LRF (2,20) e LVLG (2,17), além dos porta-enxertos H-NGF-005 (2,21), H-HM-001 (2,19), TST (2,16), H-CS-041 (2,14) e H-073 (2,13). Os demais porta-enxertos apresentaram um desempenho intermediário, com notas que variaram de 1,81 a 2,08 (Tabela 7). Tabela 7. Notas visuais de tolerância ao déficit hídrico de tangerineira ‘Ponkan’ enxertada em 25 porta-enxertos, em regime de sequeiro, no período de 2017 a 2021. Bebedouro-SP Porta- enxertos Tolerância ao déficit hídrico* 2017 2018 2019 2020 2021 média LC-STC 2,20 a 1,27 b 2,80 a 2,73 a 2,40 a 2,26 a LCL 2,13 a 1,33 b 2,80 a 2,70 a 2,30 a 2,25 a LC-03 2,00 b 1,30 b 2,83 a 2,63 a 2,70 a 2,23 a LRFM 2,33 a 1,23 b 2,73 a 2,50 a 2,50 a 2,22 a H-NGF-005 2,30 a 1,73 a 2,57 b 2,33 b 1,90 b 2,21 a LRF 2,10 b 1,27 b 2,63 a 2,73 a 2,40 a 2,20 a H-HM-001 2,17 a 1,33 b 2,70 a 2,50 a 2,40 a 2,19 a LVLG 2,27 a 1,20 b 2,67 a 2,53 a 2,20 a 2,17 a 35 TST 2,37 a 1,53 a 2,57 b 2,13 b 2,30 a 2,16 a H-CS-041 2,23 a 1,60 a 2,59 b 2,10 c 2,30 a 2,14 a H-073 2,17 a 1,50 a 2,50 b 2,33 b 2,20 a 2,13 a ARY 2,03 b 1,30 b 2,50 b 2,53 a 2,00 b 2,08 b TC 2,30 a 1,60 a 2,30 b 2,07 c 2,10 b 2,07 b TSC 2,10 b 1,38 b 2,47 b 2,24 b 2,30 a 2,07 b INDIO 2,20 a 1,27 b 2,61 a 2,23 b 2,00 b 2,06 b BRAVO 2,07 b 1,60 a 2,37 b 2,20 b 1,90 b 2,05 b MATTA 2,07 b 1,67 a 2,21 c 2,21 b 2,00 b 2,03 b H-RC 2,07 b 1,40 b 2,50 b 2,07 c 2,30 a 2,03 b CS-4475 2,03 b 1,40 b 2,52 b 2,07 c 2,10 b 2,01 b H-S-069 1,97 b 1,57 a 2,34 b 2,14 b 2,10 b 2,01 b H-025 2,07 b 1,40 b 2,43 b 1,90 c 2,20 a 1,97 b H-033 1,97 b 1,73 a 2,10 c 1,97 c 2,10 b 1,95 b H-SF 1,90 b 1,40 b 2,17 c 1,80 c 1,70 b 1,81 c TFD 1,73 b 1,70 a 1,93 c 1,30 d 1,80 b 1,68 d H-L 1,13 c 1,87 a 1,30 d 1,06 d 1,60 b 1,36 e médias 2,08 1,46 2,45 2,20 2,15 2,05 CV(%) 25,02 34,59 20,48 20,89 24,90 24,35 PPT (mm) 70,78 30,00 37,00 8,90 12,30 - ETP (mm) 118,74 114,31 122,34 150,70 111,24 - DEF (mm) 43,19 73,42 61,22 110,24 73,51 - NDT ≥ 32 ºC 5,00 0,00 6,00 28,00 10,00 - Médias seguidas de mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott-Knott (p ≤ 0,05). *Nota 1: menor tolerância ao déficit hídrico, nota 2: tolerância intermediária ao déficit hídrico, nota 3: maior tolerância ao déficit hídrico com base na intensidade visual de enrolamento foliar da planta. PPT: Precipitação acumulada em milímetros, calculada a partir de 90 dias antes da avaliação. ETP: Evapotranspiração acumulada em milímetros, calculada a partir de 90 dias antes da avaliação. DEF: Deficiência hídrica acumulada em milímetros, calculada a partir de 90 dias antes da avaliação. NDT ≥ 32 ºC: Número de dias com temperatura igual ou superior a 32 ºC, a partir de 90 dias antes da avaliação. 4.7 Compatibilidade e mortalidade de plantas Os porta-enxertos TFD, CS-4475, TSC, H-RC, LRF, TST, H-025, H-073 e H-L apresentaram 100% de compatibilidade com a copa de tangerineiras Ponkan após sete anos de plantio. Os porta-enxertos H-NGF-005, TC, H-SF e ARY apresentaram menos de 50% de completa compatibilidade com a copa de tangerineira Ponkan, salientando-se que H-NGF-005 e MATA apresentaram 20% de incompatibilidade 36 (Nota 3). Os demais porta-enxertos apresentaram compatibilidades que variam de 60 a 80% para nota 1. O porta-enxerto com maior porcentagem de mortalidade foi o TFD (33,33%), seguido do INDIO (13,33%). Esses resultados sugerem que a mortalidade das plantas não esteve relacionada com a incompatibilidade de enxertia entre copa e porta-enxertos durante o período de avaliação (Tabela 8). Tabela 8. Grau de compatibilidade de enxertia e porcentagem de mortalidade de plantas de tangerineira ‘Ponkan’ enxertada em 25 porta-enxertos, em regime de sequeiro. Bebedouro-SP. 2023. Porta- enxertos Compatibilidade Médias Nota 1 (%) Nota 2 (%) Nota 3 (%) TFD 1,00 b 100 0 0 INDIO 1,40 a 60 40 0 CS-4475 1,00 b 100 0 0 H-NGF-005 1,80 a 40 40 20 MATTA 1,00 b 80 0 20 TSC 1,00 b 100 0 0 H-HM-001 1,20 b 80 20 0 BRAVO 1,40 a 60 40 0 H-S-069 1,20 b 80 20 0 H-RC 1,17 b 100 0 0 LC-03 1,33 a 60 40 0 LC-STC 1,40 a 60 40 0 LRF 1,00 b 100 0 0 LRFM 1,33 a 80 20 0 LVLG 1,20 b 80 20 0 TC 1,60 a 40 60 0 TST 1,00 b 100 0 0 H-025 1,00 b 100 0 0 H-033 1,20 b 80 20 0 ARY 1,80 a 20 80 0 H-CS-041 1,40 a 60 40 0 H-SF 1,00 b 40 60 0 H-073 1,60 a 100 0 0 H-L 1,00 b 100 0 0 LCL 1,40 a 60 40 0 CV(%) 33,88 37 *nota 1 – alto grau de compatibilidade, ausência de linha necrótica ou outros sintomas entre copa e porta-enxerto; nota 2 – médio grau de compatibilidade, presença de linha tênue entre copa e porta- enxerto; nota 3 – baixo grau de compatibilidade, presença de linha necrótica acentuada, com ou sem presença de resina entre copa e porta-enxerto. O porta-enxerto TFD foi o que apresentou o maior percentual mortalidade de plantas, 33,33%. Neste sentido, também se destaca o porta-enxerto INDIO, 13,33%. Os porta-enxertos CS-4475, H-NGF-005, MATTA, TSC, H-HM-001, BRAVO, H-S-069 e H-RC apresentaram percentuais de mortalidade que variaram 3,33% a 6,67%. Não ocorreu morte de plantas nos demais porta-enxertos. 4.8 Incidência e severidade de HLB Os porta-enxertos apresentaram maiores incidências acumuladas de HLB do plantio a 89 meses foram TST, LC-03, LC-STC, LCL, H-HM-001, H-NGF-005, H-S- 069, LRFM e H-073 com percentual médio de 86,30%. O único porta-enxerto que apresentou percentual inferior a 50% foi o TFD 33,33%. Para a severidade de HLB, os porta-enxertos foram agrupados em dois grupos, o grupo com menores notas é composto por BRAVO (2,67), TFD (2,39), H-033 (2,14), H-SF (2,00) e H-L (2,00).