RESSALVA Atendendo solicitação do(a) autor(a), o texto completo desta dissertação será disponibilizado somente a partir de 13/07/2018. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA CÁRMINO SÉRGIO GASPARINI A incidência da epilepsia em uma cidade de porte médio: Estudo em arquivos médicos informatizados e prontuários Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, no Curso de Mestrado em Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Corrente Botucatu 2016 016 Cármino Sérgio Gasparini A incidência da epilepsia em uma cidade de porte médio: Estudo em arquivos médicos informatizados e prontuários Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, no Curso de Mestrado em Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Corrente Botucatu 2016 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM. DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CÂMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE-CRB 8/5651 Gasparini, Cármino Sérgio. A incidência da epilepsia em uma cidade de porte médio: estudo em arquivos médicos informatizados e prontuários / Cármino Sérgio Gasparini. - Botucatu, 2016 Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Medicina de Botucatu Orientador: José Eduardo Corrente Coorientador: Moacir Alves Borges Capes: 40600009 1.Epilepsia –Fatores de risco.2.Epidemiologia.3.Saúde pública. 4. Arquivos médicos -Controle de acesso. 5. São Jose Palavras-chave: Epidemiologia; Epilepsia; Fatores de risco; Incidência. do Rio Preto (SP). DEDICATÓRIA A Deus, aos meus pais, por sempre me incentivarem a estudar, a minha esposa Cássia Priscila Banhato Gasparini, por sempre me apoiar nas decisões que tomo e a toda minha família. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo privilégio da vida. Aos meus pais, Airton José Ferreira Gasparini e Elenice Botta, pela educação e disciplina, em especial a minha mãe, que em todos os momentos sempre esteve ao meu lado, dando força e carinho. A minha esposa, Cássia Priscila Banhato Gasparini, por sempre me incentivar, compreender e apoiar as minhas decisões com muito carinho. Ao meu grande amigo Thiago Lopes Barbosa de Morais, por ter me ajudado nessa importante etapa da minha vida. A minha amiga Letícia da Costa Lopes, pela imensa contribuição que deu neste trabalho. Ao Professor José Roberto Valêncio e toda equipe da computação da Unesp de São José do Rio Preto, pela imensa contribuição nesse trabalho. Ao Professor José Antônio Cordeiro, pela imensa colaboração na elaboração estatística do estudo. À Secretaria de Saúde de São José do Rio Preto, por disponibilizar planilhas de fármacos, e aos hospitais HB, AME e ARE, de São José do Rio Preto, por facilitarem o acesso seguro aos prontuários e arquivos médicos informatizados. Em especial ao meu orientador, o Professor José Eduardo Corrente, que aceitou me orientar e que contribuiu imensamente para a finalização desse trabalho. Termino agradecendo a pessoa que mais me incentivou na realização dessa dissertação, o professor Moacir Alves Borges, um ser iluminado que ama o que faz, fazendo muito bem feito, com muita humildade e dedicação, pessoa que me recebeu em sua casa e em sua família com muito carinho, sempre disposto a ajudar. Fazer, todos os dias, as mesmas coisas e esperar resultados diferentes é a maior prova de insanidade. (ALBERT EINSTEIN) RESUMO GASPARINI, Cármino Sérgio. A incidência da epilepsia em uma cidade de porte médio: Estudo em arquivos médicos informatizados e prontuários. Botucatu: UNESP, 2016. A epilepsia é um problema de saúde pública, sendo o mais comum dos distúrbios neurológicos. Neste contexto, o estudo tem por objetivo estimar a incidência da epilepsia na cidade de São José do Rio Preto, Brasil. Realizou-se um estudo epidemiológico retrospectivo da epilepsia, baseado em arquivos de atendimento primário e de registros computadorizados de ambulatório de hospital terceário a partir de 1/1/2003 até 31/12/2012. Foram rastreados um total de 136.512 receitas de fármacos antiepiléticos com os dados dos pacientes e da patologia, das quais foram confirmados 2333 casos de pessoas com epilepsia. A incidência média bruta pessoa/anos da epilepsia nos dez anos foi 77/100.000 hab./ano, sendo nos homens de 86,2 e 67 para as mulheres (p=0,0001), semelhante à incidência relatada em países subdesenvolvidos. Conclui-se que este estudo foi pioneiro no Brasil e apontar a real situação da incidência da epilepsia brasileira que ainda é distante do encontrado em países desenvolvidos, igualando o Brasil a países emergentes que ainda não dispõem de recursos de saúde sanitária distribuídos universalmente. O mesmo ocorre com os fatores de risco que também foram estudados, tais como acidente vascular cerebral, as causas perinatais, esclerose mesial temporal, traumatismo craniano, meningite, alcoolismo e cisticercose que ainda são muito prevalentes. Este estudo serve ainda para evidenciar a importância da feitura criteriosa dos arquivos médicos informatizados e manuais para o melhor conhecimento epidemiológico das doenças brasileiras e alertar os órgãos públicos governamentais sobre os principais fatores de risco da epilepsia. Novos estudos são necessários para a confirmação desses dados. Palavras-Chave: epilepsia, epidemiologia, incidência, fatores de risco. ABSTRACT GASPARINI, Cármino Sérgio. The incidence of epilepsy in a medium-sized city: A study on computerized medical files and records. Botucatu: UNESP, 2016. Epilepsy is still a major public health problem. This study aims to estimate the incidence of epilepsy in São José do Rio Preto, São Paulo, Brazil. A retrospective epidemiological study on epilepsy was performed based on primary care and computerized records of a medical outpatient clinic of a tertiary referral hospital, from January 1, 2003 to December 31, 2012. A total of 136.512 prescriptions of antiepileptic drugs were screened, in which 2333 people had epilepsy bringing the start date of the epileptic seizure and address. The gross average person/years of epilepsy incidence in these ten years was 77/100.000 inhabitants/year, 86.2 for men and 67 for women (p= 0.0001), similar to the reported incidence in developing countries. It was concluded that this study was a pioneer in Brazil and relevant to pointing out the real situation of the incidence of Brazilian epilepsy, which is still far from that found among developed countries, equating our condition to the emerging countries that do not yet have health resources distributed universally. The same applies to the risk factors that have been studied such as cerebrovascular accident, perinatal causes, mesial temporal sclerosis, head injury, meningitis, alcoholism and cysticercosis that are still very prevalent. This study was also conducted to highlight the importance of careful workmanship of computerized medical records and manuals for the best epidemiological knowledge of Brazilian diseases and important to alert government public bodies on the main epilepsy risk factors. Further studies are necessary in order to confirm these data. KeyWords: epilepsy, epidemiology, incidence, risk factors. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 A transfiguração, quadro de Rafael de Sanzio 15 Figura 2 Localização da cidade de São José do Rio Preto no Estado de São Paulo/Brasil/América do Sul 29 Figura 3 Distritos de saúde de São José do Rio Preto conforme as disposições demográficas de abrangência das Unidades Básicas de Saúde 31 Figura 4 Fluxograma dos casos suspeitos de Epilepsia 34 Figura 5 Fluxograma referente à análise de todos os casos suspeitos de epilepsia de São José do Rio Preto 39 Figura 6 Incidência bruta pessoas/anos em São José do Rio Preto (2003-2012) considerando o sexo/100.000 Hab 39 Figura 7 Perfil da incidência média ajustada por idade e sexo /100.000 hab. pessoas/ano, segundo as faixas etárias de São José do Rio Preto (2003- 2012) 41 Figura 8 Relação entre os principais fatores de riscos de epilepsia, considerando o sexo, encontrada em São José do Rio Preto (2003-2012) 44 LISTA DE TABELAS Tabela 1 População da cidade de São José do Rio Preto, segundo a faixa etária na década de 2001-2011 30 Tabela 2 Incidência por 100.000 pessoa/ano, considerando o sexo entre as faixas de idade de casos novos de epilepsia em São José do Rio Preto (2003-2012) 40 Tabela 3 Principais fatores de riscos da epilepsia em São José do Rio Preto (2003- 2012) 42 Tabela 4 Distribuição dos principais tipos de crises focais encontradas em São José do Rio Preto (2003-2012) 42 Tabela 5 Distribuição dos principais tipos de crises generalizadas encontradas em São José do Rio Preto (2003-2012) 43 Tabela 6 Distribuição das síndromes epilépticas em São José do Rio Preto (2003- 2012) 43 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS a.C Antes de Cristo AME Ambulatório Médico de Especialidades AMI Arquivo Médico Informatizado ANADEP Análise de Dependência ARE Ambulatório Regional de Especialidades AVC Acidente Vascular Cerebral CE Crise Epiléptica CTC Crise Tônico-clônica EEG Eletroencefalograma EMT Esclerose Mesial Temporal FAE Fármaco Anti-Epiléptico Gen Generalizada Hab Habitantes IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IC Intervalo de Confiança ILAE International League Against Epilepsy PC Parada Comportamental PCE Pessoas com Epilepsia RM Ressonância Magnética SNC Sistema Nervoso Central SUS Sistema Único de Saúde TC Tomografia Computadorizada TCE Traumatismo Crânio Encefálico UBS Unidade Básica de Saúde SUMÁRIO RESUMO 7 ABSTRACT 8 1. INTRODUÇÃO 14 1.1 Epilepsia: História 14 1.2 Epilepsia e considerações gerais 16 1.3 Impactos nos diversos segmentos da população 17 1.3.1 Na infância 17 1.3.2 Na mulher 18 1.3.3 No trabalho 19 1.3.4 Na direção 20 1.4 Epilepsia: Definição 20 1.5 A pesquisa epidemiológica 22 1.6 Métodos para estimativa da epilepsia em uma localidade 22 1.7 A incidência da epilepsia na literatura 25 1.7.1 Países desenvolvidos 25 1.7.2 Países em desenvolvimento 25 1.7.3 Variações da incidência dentro de um mesmo país 26 1.8 Justificativa 27 2. OBJETIVOS 28 2.1 2.2 Objetivo geral Objetivos específicos 28 28 3. MÉTODO 29 3.1 3.2 Tipo de estudo Local do estudo 29 29 3.3 Dados demográficos 30 3.4 Aspectos éticos 32 3.5 Momentos da pesquisa 32 3.5.1 Primeiro momento: Levantamento dos casos suspeitos de epilepsia 32 3.5.2 Segundo momento: Confirmação diagnóstica 33 3.6 3.6.1 3.6.2 Critérios de inclusão e exclusão Inclusão Exclusão 34 34 34 3.7 Definições 35 3.8 Área estudada 35 3.9 Computação dos dados e cálculo da incidência 35 3.9.1 Incidência 35 3.9.2 Fatores de risco 37 3.9.3 Tipos de crise 37 3.10 Análise estatística 37 4. RESULTADOS 39 5. DISCUSSÃO 45 6. CONCLUSÃO 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49 ANEXOS 56 14 1. INTRODUÇÃO 1.1 EPILEPSIA: HISTÓRIA A história da epilepsia remonta à existência do próprio homem, além de já ter sido observada em animais filogeneticamente mais antigos do que a nossa espécie. As mais remotas descrições da epilepsia, porém, são dos egípcios que datam de 3.500 a.C., e dos sumérios que habitavam as regiões da Mesopotâmia. A propósito, Yacubian1 cita duas pedras escritas por volta do ano de 2.000 a.C., na Babilônia, cujas escritas abordavam assuntos sobre a medicina (Sakkiku - Sobre doenças) e registravam a ocorrência de vários tipos de crises, atualmente, reconhecidas como ausências súbitas, crises versivas, estado de mal epiléptico, aura epigástrica e auditiva. Ainda em relação aos mesopotâmios, a autora refere-se ao artigo 278 do primeiro código de regulamentação moral e de condutas: o de Hamurabi (2.080 a.C.), que trata da regulamentação quanto ao direito da anulação da venda de escravo acometido por bennu (doença epiléptica) um mês após a transação. Voltando aos povos do Delta do rio Nilo, o principal documento sobre neurologia do Egito Antigo (1.770 a.C.) é o papiro de Smith, que cita possíveis crises convulsivas nos trechos que descrevem ferimentos cranianos. A epilepsia tem sido associada, ao longo da história da humanidade, às causas místicas, que oscilam desde as sagradas até as demoníacas. Praticamente, todos os códigos morais das diversas civilizações têm se referido, de alguma forma, a ela. Assim, a Bíblia também a cita em Mateus 17:14-18, Marcos 9:17-27 e Lucas 9:38-42. Em Lucas, que era médico, relata-se o caso de um jovem com epilepsia, levado a Jesus em busca de cura. Em algumas traduções, este paciente é referido como um lunático e, em outras, como epiléptico, o que fortalece a confusão e o preconceito2. Certamente, a representação iconográfica mais conhecida de uma crise epilética seja aquela pintada em um detalhe do quadro A Transfiguração, de Rafael de Sanzio. O quadro, último trabalho de Rafael, foi pintado por encomenda do cardeal Giulio di Medicis, o futuro papa Clemente VII, que pretendia levá-lo para sua sede episcopal, em Narbonne. No entanto, 15 ao se tornar papa, Giulio Medicis o doa para o altar mor da igreja de San Pietro in Montorio, em Roma. Atualmente, o quadro se encontra na Pinacoteca Vaticana. O gênio Rafael retrata, em sua obra, a crise de um jovem com veste azul e uma crise focal motora tônica axial (posição dos braços em posição de esgrima), de acordo com a descrição do pai: “Mestre, eu te trouxe meu filho que tem um espírito mudo. Quando ele o toma, atira-o pelo chão. E ele espuma, range os dentes e se contorce. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas não o conseguiram”, crise do jovem em tela evolui para uma crise tônico- clônica. Nota-se ainda que, naquela época, as crises estavam invariavelmente associadas a entidades sobrenaturais. Figura 1 - A Transfiguração, quadro de Rafael de Sanzio 16 O advento da Renascença na civilização ocidental possibilitou a René Descartes, criador do pensamento racional – Racionalismo - segundo Padovani, Castagnola3, abrir as portas para a pesquisa neurofisiológica experimental. Além disso, foi ele o primeiro a afirmar que a epilepsia originava-se no cérebro. A epilepsia acomete as pessoas independentemente da raça, do sexo e das condições socioeconômicas. Algumas personalidades são citadas como epilépticas de reconhecido destaque no cenário mundial por aquilo que produziram, entre os quais citam: Van Gogh, Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski, Gustave Flaubert, Joaquim Maria Machado de Assis, Napoleão Bonaparte e Dom Pedro I4. No caso do escritor maior, Machado de Assis, não bastasse sua afro-descendência, deparou-se ainda com a influência de conceitos do influente antropólogo italiano Cezare Lombroso, o qual formalizou teoria na qual afirmava que pessoas com epilepsia tinham, de forma natural, impulsividade e comportamento degenerado. A partir desse errôneo conceito, as leis criminais foram estabelecidas na Europa e nas Américas, em particular no Brasil. De certa forma, a epilepsia causa dificuldades às pessoas, as quais necessitam de esforço redobrado para se inserirem no tecido social e manterem uma funcionalidade mínima como ser humano, sendo a arte um dos instrumentos por ele utilizados, conforme as ilustres pessoas com epilepsia acima referidos5. 1.2 EPILEPSIA E CONSIDERAÇÕES GERAIS A epilepsia é o mais comum dos distúrbios neurológicos crônicos graves. O tipo de crise, sua frequência e imprevisibilidade quanto à hora de ocorrência são os determinantes da intensidade das adversidades que ela causa às pessoas epilépticas, a seus familiares e à sociedade como um todo 6-8. A frequência, a distribuição e os fatores de risco da epilepsia são objetos de investigação epidemiológica de fundamental importância para se conhecer sua magnitude global na população, visando ações de saúde pública efetiva. 17 A população de um país distribui-se de forma desigual por suas regiões geográficas (estados, municípios), em comunidades urbanas e zonas rurais, além de algumas minorias especiais, como a indígena e cigana. As pessoas das comunidades estão expostas às diferentes condições genéticas, ambientais, sociais, econômicas e culturais. Todas estas condições, na verdade, são os principais fatores de riscos da epilepsia. Os estudos epidemiológicos da epilepsia têm a função de avaliar os fatores de riscos e suas condicionantes diretamente nos indivíduos de cada comunidade, com a finalidade de se conhecer as realidades globais da doença. Para a melhor prática clínica, o neurologista, assim como os administradores governamentais, devem conhecer seus aspectos básicos de distribuição populacional, sua frequência e seus fatores determinantes, além dos aspectos neurofisiopatológicos inerentes à doença. 1.3 IMPACTOS NOS DIVERSOS SEGMENTOS DA POLPULAÇÃO A epilepsia é uma doença com baixa incidência, mas de prevalência elevada, devido ao fato de ter longa duração. Uma vez que uma pessoa se enquadra nos critérios da ILAE 1981/1989, terá a doença ao longo de toda a sua vida. Por ser uma doença que apresenta uma fenomenologia sintomática muito variada, frequentemente assustando as pessoas ao redor, não raro causando verdadeiro estado de pânico nos familiares, é identificada de forma sobrenatural como revelação divina, mas, principalmente, demoníaca. Neste contexto, as pessoas acometidas pela doença são fortemente estigmatizadas e são tratadas preconceituosamente. 1.3.1 Na infância: Na infância, as crises causam transtornos no seio familiar, deixando os pais desorientados, infelizes e superprotegendo ou, às vezes, desenvolvendo sentimento de exclusão, este menos frequente. Trata-se de uma situação difícil para ser administrada no seio familiar. 18 Na escola, os professores não estão devidamente preparados para lidarem com uma possível crise convulsiva, criando dificuldades para a permanência da criança na sala de aula, dificuldade esta corroborada até mesmo pelos inspetores de alunos e diretoria. Os colegas, assustados, afastam-se e, posteriormente, desenvolvem o famoso bullying, criando apelidos tais como: o João gardenal. As pessoas do ambiente escolar ainda acreditam que a saliva espumosa que ocorre durante a convulsão pode ser contagiosa. Estudos têm mostrados que as consequências psicossociais, assim como os aspectos da doença e do tratamento são influenciados sobremaneira nos aspectos do estigma, preconceitos e na interação social e familiar9-11. 1.3.2 Na mulher: Há indiscutível impacto da epilepsia na mulher, a começar pelo aspecto de fertilidade. No mundo contemporâneo, a emancipação do sexo feminino foi intensa e a liberação das atividades sexuais foi importante, principalmente, devido aos fármacos contraceptivos, que lhes deram liberdade plena, semelhantes à de seus companheiros. Acontece que os fármacos contraceptivos são inibidos pela maioria dos antiepilépticos, pois ambos têm metabolismo envolvendo a cadeia P 54 do ciclo de Krebs podendo levar à gravidez indesejável12. Durante a gravidez, por sua vez, altera-se de maneira imprevisível o controle das crises. Assim, uma mulher com epilepsia, cujas crises estejam bem controladas, ao engravidar, passa a ter crises frequentes. Neste contexto, faz-se necessário promover a adequação da medicação para a nova situação, uma vez que a ocorrência de crises pode levar a quedas com traumatismo e desencadeamento de aborto12, 13. A utilização de fármacos antiepiléticos durante a gravidez tem sido associado a complicações, incluindo pré-eclâmpsia, sangramento, prematuridade, retardo do crescimento intrauterino e malformação. Referente ao manuseio dos fármacos, deve- se levar em conta o efeito teratogênico do fármaco antiepiléptico. O mesmo deve ser discutido amplamente com a paciente. O ideal é fazer o acerto do fármaco antes da concepção, considerando que a teratogênese ocorre, principalmente, nos primeiros três meses14,15. 19 1.3.3 No trabalho: As dificuldades no emprego constituem a terceira maior queixa entre os PCEs, sendo precedidas apenas por limitação de locomoção e pelo efeito das drogas, conforme pesquisas realizadas na Inglaterra16,17. A epilepsia interfere de várias formas na atividade laboral, conforme segue: 1. Admissão: há restrições sociais e/ou legais a algumas atividades laborais, devido ao potencial de risco a sua própria integridade física ou a de outras pessoas no entorno ou sob sua responsabilidade, tais como aviador, controlador de radar, chofer profissional, em particular de ônibus, trabalhadores que atuam em alturas ou profundidade; 2. Estigma: é o caso de o paciente ser vítima da ignorância e do preconceito de encarregados, chefes ou patrões, desde a admissão ao longo do exercício da atividade exercida18,19; 3. Crise no trabalho: a crise epiléptica no ambiente de trabalho, principalmente, no meio de vários outros trabalhadores, provoca certa repugnância aos pares de atividade, medo dos chefes e empregadores de sanções trabalhistas20; 4. Altos níveis de desemprego: as PCEs são as primeiras a serem demitidas e as últimas a serem recontratadas, em caso de desemprego em massa, o que, aliás, vem acontecendo comumente no Brasil21; 5. Medicação: esta, por si só, pode limitar o desempenho laboral, por diminuir a habilidade, rebaixar o nível cognitivo e causar evidente diminuição da atenção devido à sonolência; 6. Auto barreira laboral: esse é um obstáculo praticamente insuperável e que causa mais impacto que o estigma imposto pela sociedade. Neste contexto há duas vertentes: a primeira é o medo da PCE de ter crise publicamente, o que, evidentemente, causa-lhe enorme constrangimento, e o segundo é o desejo de se conseguir benefício da Previdência Social, nem sempre justificável. 20 1.3.4 Na direção: Dirigir veículos é uma necessidade contemporânea, difícil de ser contornada, entretanto, PCEs cujas crises estejam sem controle, evidentemente, ao dirigirem, põem em risco sua própria integridade, bem como a de outras pessoas. Apesar do risco de acidentes automobilísticos ocorridos com pessoas com epilepsia ser semelhante ao da população em geral, há risco 40% maior quanto à gravidade das lesões. No Brasil, existe a Diretriz Nacional para a Direção de pessoas com epilepsia de 1999, regulamentada à resolução 267 do CONTRAN, de 15/02/2008, nos termos: 1. O candidato deverá responder a um questionário, sob pena de responsabilidade, contendo dados e informações pessoais de relevância para o exame de aptidões físicas e mental, incluindo fármacos antiepilépticos, epilepsia e crises epilépticas; 2. Os candidatos serão considerados aptos apenas para a categoria "B", com direito de praticar atividade laboral nesta categoria; 3. Deverão estar sem crise há, no mínimo, um ano; 4. Terão que apresentar adesão plena ao tratamento; 5. Aqueles em retirada de medicações antiepilépticas não podem apresentar epilepsia mioclônica juvenil e precisam estar sem crise há dois anos. A retirada deverá ter terminado há seis meses, período de maior chance de recorrência de crise; 6. Deverá ainda haver parecer favorável do médico assistente. 1.4 EPILEPSIA: DEFINIÇÃO Uma doença neurológica comum que afeta, aproximadamente, 50 milhões de pessoas mundialmente, das quais quase 40 nos países em desenvolvimento22. Pessoas de todas as raças, 21 sexos, condições socioeconômicas e regiões são acometidas23. Sendo, portanto, considerado um problema significativo de saúde pública24,25. Definida como uma doença caracterizada por “crise não provocada de origem cerebral que afeta as pessoas, causando um estado patológico crônico” conforme Gastaut26. Tais crises constituem-se em fenômenos anormais, súbitos e transitórios, resultantes de descarga excessiva de um grupo de neurônios ou mesmo de todo o córtex cerebral.27,28 Assim, a crise epiléptica (CE) constitui uma das manifestações da epilepsia, algumas vezes, a principal.29 A Commission on Epidemiology and Prognosis of Epilepsy (1993)30-32, adotou a definição acima e acrescentou a necessidade da ocorrência de, pelo menos duas crises não provocadas com espaço de tempo entre elas de, no mínimo, 24h6. As pesquisas sobre epidemiologia em epilepsia, a partir desta data, têm sido realizadas segundo essa definição24. Entre os pesquisadores nacionais, a epilepsia foi definida como uma condição crônica ou um grupo de doenças que têm em comum CEs que recorrem na ausência de doenças tóxico- metabólicas ou febris33. Acomete, indistintamente, todo e qualquer ser humano, não respeitando quaisquer tipos de barreiras34, 35. Uma vez que a sua principal manifestação clínica consiste em crises das mais variadas formas fenomenológicas e podem levar a danos físicos, situações sociais constrangedoras, exclusão e dependência sócio/familial, a epilepsia torna-se um problema de saúde pública25. Entretanto, apesar de todo conhecimento científico adquirido, do empenho de grandes personagens humanistas, de organizações governamentais ou não, ainda há muito a se fazer no sentido de tirar os epilépticos das sombras do preconceito para integrá-los, na forma das suas respectivas capacidades, no seio da comunidade em que vivem. Isso ocorre devido à epilepsia estar ainda associada a preconceitos, principalmente, em países em desenvolvimento. 48 6. CONCLUSÃO Esse delineamento epidemiológico é pioneiro no Brasil e raro em países emergentes e tropicais, precisando ser replicado para comparação dos achados. Serve ainda de base a estudos com a mesma metodologia em outras regiões do Brasil que apresentam características de desenvolvimento contemporâneo semelhantes. A cidade de São José do Rio Preto aporta por volta de 400 casos novos/ano de epilepsia com todos seus custos e os impactos inerentes à população. Os números aqui apresentados certamente são representativos do que ocorre com a epilepsia nas demais regiões brasileiras, entretanto, por ser apenas uma amostra de uma patologia de incidência muito baixa, não possibilita comparações com os resultados epidemiológicos de outros países, principalmente, desenvolvidos. Este estudo evidencia a importância da feitura criteriosa dos arquivos médicos informatizados e manuais para o melhor conhecimento epidemiológico das doenças brasileiras, além de alertar os órgãos públicos governamentais sobre os principais fatores de risco da epilepsia. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Yacubian EMT. 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