UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA O EFEITO DA ORIENTAÇÃO DO PARAFUSO BLOQUEADO NAS PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DA PLACA S.P.S FREEBLOCK EM CORPOS DE PROVA NÃO OSTEOPORÓTICOS MARISOL KARIN AGURTO MERINO Botucatu – SP 2011 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINARIA E ZOOTECNIA O EFEITO DA ORIENTAÇÃO DO PARAFUSO BLOQUEADO NAS PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DA PLACA S.P.S FREE-BLOCK EM CORPOS DE PROVA NÃO OSTEOPORÓTICOS MARISOL KARIN AGURTO MERINO Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profª. Titular Sheila Canevese Rahal ii Nome do Autor: Marisol Karin Agurto Merino Título: O EFEITO DA ORIENTAÇÃO DO PARAFUSO BLOQUEADO NAS PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DA PLACA S.P.S FREE-BLOCK EM CORPOS DE PROVA NÃO OSTEOPORÓTICOS COMISSÃO EXAMINADORA Professora Titular Sheila Canevese Rahal Presidente e Orientadora Departamento de Cirurgia e Anestesiologia de Pequenos Animais FMVZ – UNESP – BOTUCATU Professor Dr. Alfredo Feio da Maia Lima Membro Departamento de Cirurgia e Anestesiologia de Pequenos Animais FMVZ – UNESP – BOTUCATU Dr. Celso Ribeiro Membro Laboratório de Ensaios Mecânicos e Metalográficos Instituto de Pesquisa e Acompanhamento Clínico Ltda. Jaú – São Paulo Data da Defesa: 8 de Dezembro de 2011. iii DEDICATORIA A mi mejor amigo de siempre, y a mis padres y hermanos que tanto amo. iv AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, pela concessão da Bolsa PEC-PG. À Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, Botucatu e à professora Sheila Canevese Rahal, por ter me aceito como aluna da pós-graduação. À Indústria Biomecânica, localizada em Jaú, São Paulo, pelo fornecimento das placas para os ensaios mecânicos. Ao Tecnólogo Naval Celso Ribeiro, do laboratório de ensaios da Biomecânica, quem ajudou com muita boa vontade na realização dos testes do projeto. Às pessoas que me ajudaram no desenvolvimento do meu projeto, mas especialmente à quienes me acompanharam neste caminho de formação. Marta Heckler, muito obrigada por sua amizade, companhia, conselhos e paciência em “aqueles dias”. Margarita Pardo, gracias por tu amistad, por nuestras charlas y por hacerme entender que algunas cosas no sólo me pasaban a mí, espero haber podido ayudarte también. Mirela Verdugo, obrigada pela amizade, as caminhadas, os ensinos sob a sua linda cultura Brasileira e por me ajudar na parte prática do meu experimento. Y muchas gracias a los que siempre me apoyaron incondicionalmente a la distancia, dándome fuerza, especialmente en esos días mas difíciles, gracias a mi familia y a mi otra familia de amigos tan queridos. v Lista de Tabelas Tabela 1 – Média e Desvio Padrão (DP) para os Grupos 1 e 2 sob cargas de compressão axial estática..................................................... 33 Tabela 2 – Média e Desvio Padrão (DP) para os Grupos 1 e 2 sob cargas estáticas de flexão em quatro pontos........................................... 36 Tabela 3 – Média e Desvio Padrão (DP) para os Grupos 1 e 2 sob cargas de compressão axial em fadiga................................................... 39 Tabela 4 – Média e Desvio Padrão (DP) para os Grupos 1 e 2 sob cargas de flexão em quatro pontos em fadiga........................................ 43 vi Lista de Figuras Figura 1 – Placa de aço inoxidável S.P.S. Free-Block composta de 7 furos, sendo 2 DCP e 5 Bloqueados...................................................... 26 Figura 2 – Ilustração das montagens: (A) Grupo 1 com quatro parafusos monocorticais bloqueados sem angulação, (B) Grupo 2 com quatro parafusos monocorticais bloqueados inclinados em 20º. Em ambos os grupos foram inseridos dois parafusos DCP em posição neutra...................................................................................................... 26 Figura 3 – Diagrama ilustrando o método para determinar as propriedades mecânicas da placa óssea (fonte: ASTM F382- 99(2008)). Ponto “C” limite de escoamento elástico da montagem........ 28 Figura 4 – Montagem do ensaio de flexão com apoio em quatro pontos. Observe a disposição dos roletes.............................................. 29 Figura 5 – Montagem do ensaio de compressão.................................... 30 Figura 6 – Curva força-deslocamento obtida no ensaio de compressão axial estático para as amostras do Grupo 1....................... 34 Figura 7 – Curva força-deslocamento obtida no ensaio de compressão axial estático para as amostras do Grupo 2....................... 34 Figura 8 – Aspecto de todas as montagens antes dos testes...................................................................................................... 35 Figura 9 – Aspecto das montagens de ambos os grupos, após o teste de compressão axial estático. Observe o dobramento da placa na área do orifício sem parafuso.......................................................................... 35 Figura 10 – Curva força-deslocamento obtida no ensaio estático de flexão em quatro pontos para as amostras do Grupo 1......................... 37 vii Figura 11 – Curva força-deslocamento obtida no ensaio estático de flexão em quatro pontos para as amostras do Grupo 2........................... 37 Figura 12 – Aspecto das montagens do Grupo 1, após o teste de flexão estática em quatro pontos ........................................................... 38 Figura 13 – Aspecto das montagens do Grupo 2, após o teste de flexão estática em quatro pontos .......................................................... 38 Figura 14 – Aspecto das montagens do Grupo 1, após o teste de compressão axial em fadiga .................................................................. 40 Figura 15 –. Aspecto das montagens do Grupo 2, após o teste de compressão axial em fadiga................................................................... 41 Figura 16 –. Curva obtida no teste de compressão axial em fadiga para o Grupo 1 (setas em preto indicam amostras que resistiram à falha)....................................................................................................... 42 Figura 17 – Curva obtida no teste de compressão axial em fadiga para o grupo 2 (setas em preto indicam amostras que resistiram à falha)....................................................................................................... 42 Figura 18 –. Aspecto das montagens do Grupo 1, após o teste de flexão em quatro pontos em fadiga........................................................ 44 Figura 19 – Aspecto das montagens do Grupo 2, após o teste de flexão em quatro pontos em fadiga ....................................................... 45 Figura 20 - Curva obtida no teste de flexão em quatro pontos em fadiga para o Grupo 1 (setas em preto indicam amostras que resistiram à falha)................................................................................... 46 Figura 21 - Curva obtida no teste de flexão em quatro pontos em fadiga para o Grupo 2 (setas em preto indicam amostras que resistiram à falha)................................................................................... 46 viii SUMÁRIO Página Resumo .................................................................................................... IX Abstract .................................................................................................... X 1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 1 2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................. 4 2.1 Evolução das Placas ............................................................... 5 2.2 Placas Bloqueadas ................................................................. 7 2.3 Estudos in vitro ........................................................................ 11 2.4 Resultados de Aplicações Clínicas .......................................... 18 3 OBJETIVOS ...................................................................................... 21 4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................. 23 4.1 Material Empregado ................................................................ 24 4.2 Montagem das Construções ................................................... 26 4.3 Ensaios Mecânicos ........................................................................ 26 4.3.1 Ensaios Estáticos ........................................................... 27 4.3.1.1 Ensaio de Flexão com Apoio em Quatro Pontos.. 28 4.3.1.2 Ensaio de Compressão Axial ............................... 29 4.3.2 Ensaios de Fadiga ......................................................... 29 4.3.2.1 Ensaio de Flexão com Apoio em Quatro Pontos . 30 4.3.2.1 Ensaio de Compressão Axial ............................... 30 4.4 Análise Estatística ................................................................... 30 5 RESULTADOS .................................................................................. 31 5.1 Ensaios Estáticos .................................................................... 32 5.1.1 Compressão Axial .......................................................... 32 5.1.2 Flexão com Apoio em Quatro Pontos ............................ 35 5.2 Ensaios de Fadiga ................................................................... 38 5.2.1 Compressão Axial .......................................................... 38 5.2.2 Flexão com Apoio em Quatro Pontos ............................ 42 6 DISCUSSÃO ..................................................................................... 46 7 CONCLUSÕES ................................................................................. 53 8 REFERÊNCIAS ................................................................................ 55 ix AGURTO MERINO, M.K. O efeito da orientação do parafuso bloqueado nas propriedades biomecânicas da placa S.P.S. Free-Block em corpos de prova não osteoporóticos. Botucatu, 2011. 92p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária – Cirurgia) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista. RESUMO Entre os modelos de fixadores internos há um sistema denominado S.P.S. Free-Block, cuja placa possui um anel trava que possibilita o bloqueio do parafuso em angulações variadas. Visto os poucos estudos biomecânicos com o sistema, o presente trabalho avaliou a influência da orientação do parafuso bloqueado na resistência da montagem. Foram usados cilíndricos sintéticos, nos quais foram promovidas falhas segmentares de 10 mm. As placas de aço com 7 furos (2 DCP e 5 bloqueados) foram montadas de acordo com a posição dos parafusos nos orifícios bloqueados: Grupo 1 – parafusos monocorticais posicionados em 90º, Grupo 2 – parafusos monocorticais posicionados de forma inclinada em 20º. Os parafusos dos orifícios DCP foram aplicados rotineiramente em posição neutra e de maneira bicortical. Na região da falha segmentar o orifício do parafuso bloqueado situado no centro da placa entre os DCP foi mantido livre. Em cada grupo, seis montagens foram testadas até a falência, três em flexão em quatro pontos e três em compressão axial, para determinar as cargas de teste. Posteriormente, em cada grupo, 14 montagens foram testadas até a falência em fadiga, sete em flexão e sete em compressão. Pela análise estatística não houve diferença na rigidez das construções entre os Grupos 1 e 2, tanto nos testes estáticos como nos de fadiga. Conclui-se assim que, em modelo de falha segmentar, o posicionamento do parafuso monocortical bloqueado não influenciou a resistência mecânica das montagens. Palavras-chave: Placa; Análise mecânica; Fratura; Parafuso bloqueado. x AGURTO MERINO, M.K. The effect of the locked screw orientation on the biomechanical properties of the S.P.S. Free-block plate in non- osteoporotic bone model. Botucatu, 2011. 92p. Dissertation (Master) – School of Veterinary Medicine and Animal Science, Botucatu Campus, Univ Estadual Paulista. ABSTRACT Among the locked internal fixators is one denominated S.P.S. Free-Block that was designed with a locking ring that allows the screw to be locked and positioned obliquely. Due to the paucity of biomechanical studies on this system, the present work aimed to evaluate the influence of locked screw orientation on the resistance of the S.P.S. Free-Block plate. Non-osteoporotic synthetic bone cylinders with 10 mm fracture gap were used. Seven-hole 3.5 mm stainless steel plates (two DCP holes and five locked holes) were assembled according to the orientation of the blocked screws: monocortical screws positioned at 90º to the long axis of the cylinder (G1), and monocortical screws positioned at 20º to its cylinder long axis (G2). In both groups, DCP hole screws were positioned bicortically and neutrally. In the region of the fracture gap, the locked screw hole at the plate’s center was unfilled. For each group, six specimens were tested until failure, three in bending and three in compression, to determine the loads for fatigue testing. Subsequently, for each group, 14 specimens were tested for failure, seven by bending and seven in compression. No significant failure differences were observed between Groups 1 and 2 under static-loading or fatigue test. In a fracture gap model the orientation of the locked monocortical screws did not show any influence on the mechanical performance of the S.P.S. Free-Block Key words: Plate; Mechanical tests; Fracture; Locked screw. INTRODUÇÃO 2 1 INTRODUÇÃO Várias mudanças ocorreram nos princípios da fixação interna das fraturas (PERREN, 2002; UHTHOFF et al., 2006). O uso de métodos de estabilizações mais flexíveis, para estimular a formação de calo ósseo, e o emprego de redução indireta e menos precisa, com o intuito de reduzir o trauma operatório, foi denominado como fixação interna biológica (PERREN, 2002; SZYPRYT e FORWARD, 2009). Com esse novo conceito foram também desenvolvidos novos tipos de implantes, tais como os fixadores internos bloqueados, que se constituem de montagens compostas por placa e parafusos, em que os parafusos são bloqueados na placa (MICLAU e MARTIN, 1997; PERREN, 2002; WAGNER, 2003; UHTHOFF et al., 2006). Bloqueando- se o parafuso dentro da placa para assegurar a estabilidade angular e axial, elimina-se a possibilidade do parafuso deslizar ou desalojar e, desta forma, reduz-se o risco de perda secundária pós-operatória da redução (WAGNER, 2003). Há fluxo direto de forças do osso via construção parafuso-placa- parafuso (SOMMER et al., 2003). Há vários tipos de fixadores internos, tais como as placas bloqueadas de ângulo fixo e placas bloqueadas de ângulo variável, sendo que na última o parafuso pode ser bloqueado dentro de um cone com um ângulo de 1 a 15o (CRONIER et al., 2010). Na placa de compressão bloqueada de orifícios combinados precisa se tomar cuidado para não inserir o parafuso em ângulo acima de 5o, porque pode ocorrer significante enfraquecimento da estabilidade (KAAB et al., 2004). A forma de bloqueio do parafuso na placa também varia, ou seja, a cabeça do parafuso pode ser bloqueada por uma contraporca rosqueada ou a cabeça do parafuso é rosqueada e se fixa dentro da placa ou dentro de um adaptador (CRONIER et al., 2010). Os parafusos podem ser monocorticais, se penetram apenas uma cortical óssea, ou bicorticais, quando penetram ambas as corticais (MILLER e GOSWAMI, 2007). As vantagens da placa de compressão bloqueada são que: a placa não precisa tocar o osso; o contorno anatômico preciso não é necessário, especialmente na diáfise, já que a placa não precisa estar pressionada no osso para alcançar estabilidade; o suprimento sanguíneo periosteal não é 3 comprimido causando menos interferência ao hematoma da fratura e a consolidação da fratura; a extensão da reabsorção óssea sob a placa é reduzida; permite a colocação de parafusos monocorticais; possibilita mais opções e maior versatilidade no manejo de fraturas (WAGNER, 2003; SOMMER 2006; MILLER e GOSWAMI, 2007; CRONIER et al., 2010). O efeito de bloqueio do parafuso à placa permite um aumento de fixação especialmente em ossos osteoporóticos (SZYPRYT e FORWARD, 2009). Vários fatores, no entanto, podem afetar a funcionalidade do sistema, tais como o posicionamento, a colocação (monocortical versus bicortical) e a escolha do parafuso, o comprimento da placa, a distância entre a placa e osso, entre outros (NIEMEYER e SÜDKAMP, 2006; MILLER e GOSWAMI, 2007). Entre os modelos de fixadores internos, há um sistema denominado S.P.S. Free-Block, cuja placa (3,5 ou 4,5) possui um anel trava que possibilita o bloqueio do parafuso em angulações variadas (BIOMECÂNICA, 2011). Visto os poucos estudos biomecânicos com o sistema, o presente trabalho avaliou a influência da orientação do parafuso monocortical bloqueado na resistência da montagem placa S.P.S. Free-Block. A hipótese é que a angulação do parafuso poderia influenciar na resistência mecânica das montagens. REVISÃO DA LITERATURA 5 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Evolução das Placas A importância da compressão entre os fragmentos fraturados foi observada por Danis, no ano de 1949, que para tanto criou uma placa denominada “Coapteur”, a qual suprimia a movimentação interfragmentária e aumentava a estabilidade da fixação (MICLAU e MARTIN, 1997; UHTHOFF et al., 2006). Isto levou ao conceito atual da consolidação primária e influenciou todos os modelos posteriores de placas (UHTHOFF et al., 2006; IGNA e SCHUSZLER, 2010). Em 1958, Bagby e Janes descreveram uma placa com orifícios ovais para proporcionar compressão interfragmentária durante o aperto do parafuso, que foi a origem para a Placa de Compressão Dinâmica (DCP) (IGNA e SCHUSZLER, 2010). A despeito das vantagens da DCP, há também desvantagens, tais como união atrasada e perda óssea cortical, que induziram o desenvolvimento de um novo modelo, ou seja, a Placa de Compressão Dinâmica de Contato Limitado (LC-DCP) (UHTHOFF et al., 2006; IGNA e SCHUSZLER, 2010). Na LC-DCP a superfície inferior da placa não é lisa como a DCP, mas tem cortes que proporcionam um contato mais limitado à superfície óssea, o que reduz a interferência da placa com a perfusão cortical e, consequentemente, com a porosidade cortical (MICLAU e MARTIN, 1997; UHTHOFF et al., 2006; IGNA e SCHUSZLER, 2010). Entretanto, alguns autores afirmam não haver prova que a LC-DCP realmente reduza a porosidade óssea ou que a porosidade seja reversível, visto os resultados de outros experimentos não associados ao grupo AO (UHTHOFF et al., 2006). Os princípios básicos da fixação interna aplicando tanto a DCP como a LC-DCP são redução anatômica e direta e fixação interna estável da fratura, o que requer pré-contorno da placa (IGNA e SCHUSZLER, 2010). Com o conceito de técnicas cirúrgicas de “fixação biológica” ou de preservação do suprimento sanguíneo, novos desenhos de implantes foram desenvolvidos para melhorar as taxas de união óssea, diminuir a necessidade de enxerto ósseo e diminuir a incidência de complicações como infecção e refratura (MICLAU e MARTIN, 1997). 6 A principal característica dessas novas modalidades de implantes é reduzir a interferência com o suprimento sanguíneo e melhorar o ambiente para a consolidação, já que a placa não precisa estar em contato com o osso (WAGNER, 2003; BOUDRIEAU, 2010b). Segundo vários estudos, o uso da Osteossínteses com placa Percutâneas Minimamente Invasivas (MIPO) permite uma consolidação mais rápida que as placas convencionais, com redução da dor pós-operatória devido a uma incisão cutânea limitada e à menor manipulação dos segmentos ósseos (MILLER e GOSWAMI, 2007; IGNA e SCHUSZLER, 2010). Mais recentemente foi desenvolvida a Placa de Compressão Bloqueada (LCP), também denominada de fixador interno bloqueado, que consiste de um sistema de placa e parafusos, no qual os parafusos são bloqueados na placa (IGNA e SCHUSZLER, 2010). O primeiro ancestral da LCP foi o fixador monocortical de Carl Hansman em 1886, depois foi o Sistema Litos em 1974, seguido do Sistema Zespol em 1982 (SCHÜTZ e SÜDKAMP, 2003; BARTONÍČEK, 2010; CRONIER et al., 2010; JOHNSON, 2010). Já a partir do ano 1995, o conceito de “fixadores internos bloqueados” começou a adquirir importância na ortopedia, sendo Patrick Sürer responsável pelo desenvolvimento do Sistema Surfix®, simultaneamente com Slobodan Tepic, que iniciou o conceito e modelo original do PC-Fix®, no Instituto de Pesquisa da AO (Associação para o estudo da fixação interna) (PERREN e BUCHANAN, 1995; BOUDRIEAU, 2010c; CRONIER et al.; 2010). A primeira versão desses fixadores, que visavam estabilidade angular e consolidação secundária, foi o fixador de ponto de contacto (PC-Fix) desenvolvido em 2005, seguido pelo Sistema de estabilização menos invasivo (LISS), o qual foi desenvolvido para reparar fraturas metafisárias (SCHUTZ e SUDKAMP, 2003; SOMMER, 2006; CRONIER et al., 2010). Posteriormente com aperfeiçoamentos do PC-Fix é que se desenvolveu a placas de compressão com todas as suas versões (SCHÜTZ e SÜDKAMP, 2003; KUBIAK et al., 2006; BOUDRIEAU, 2010c; CRONIER et al., 2010). O emprego da LCP com uma técnica MIPO melhora a formação do calo ósseo (MILLER e GOSWAMI, 2007). 7 2.2 Placas Bloqueadas As placas bloqueadas e os parafusos bloqueados são confeccionados em aço inoxidável ou liga de titânio, que são considerados materiais biocompatíveis (MILLER e GOSWAMI, 2007). As placas bloqueadas são menos rígidas que as convencionais, por isso se obtém uma consolidação secundária (CRONIER et al., 2010). Entre as vantagens das placas bloqueadas são citadas: a melhora da estabilidade angular devido ao parafuso de cabeça bloqueada; o contorno preciso da placa não é necessário, considerando-se especialmente na diáfise; menor dano ao periósteo e suprimento sanguíneo desde que nenhum contato entre o implante e o osso é necessário; mais opções e maior versatilidade no manejo de fraturas (WAGNER, 2003; SOMMER 2006; MILLER e GOSWAMI, 2007; CRONIER et al., 2010). As forças são transmitidas do osso ao fixador através da conexão rosqueada placa-parafuso (WAGNER, 2003). Com parafusos de cabeça bloqueada há menos risco de afrouxamento quando comparado aos parafusos convencionais (MILLER e GOSWAMI, 2007; VANNINI, 2010). Por isso os parafusos bloqueados são preferidos em ossos osteoporóticos, visto não haver perda primária da redução se a placa não for adequadamente contornada, além de promover uma melhor estabilidade em ossos de qualidade ruim (WAGNER, 2003; MILLER e GOSWAMI, 2007). As placas bloqueadas têm sido indicadas em fraturas com segmentos metafisários curtos, fraturas tratadas com fixação biológica e na estabilização de fraturas osteoporóticas (KUBIAK et al., 2006; VANNINI, 2010). Além disso, essas placas combinam os benefícios fisiológicos de uma fixação esquelética externa com o benefício do manejo pós-operatório de uma fixação interna (VANNINI, 2010). Embora não existam contra-indicações para o uso de placas bloqueadas, há situações em que esses implantes são desnecessários, como por exemplo, em osso de boa qualidade como em fratura diafisária simples que requer compressão, em fraturas em que o local anatômico não é indicado a aplicação percutânea, e fraturas do coxal e acetábulo (KUBIAK et al., 2006). Por sua vez, Cronier et al. (2010) afirmaram que pelo fato da osteossíntese por placa bloqueada ser mais elástica e promover consolidação 8 com calo ósseo, a utilização poderia ser contra-indicada em casos de ossos necrosados ou desvascularizados. Conforme Cronier et al. (2010), há duas categorias de placas bloqueadas: placas bloqueadas de ângulo fixo e placas bloqueadas de ângulo variável, sendo que na última o parafuso pode ser bloqueado dentro de um cone com um ângulo de 1 a 15o. A forma de bloqueio do parafuso na placa também varia, ou seja, a cabeça do parafuso pode ser bloqueada por uma contraporca rosqueada ou a cabeça do parafuso é rosqueada e se fixa dentro da placa ou dentro de um adaptador. Os parafusos podem ser monocorticais, se penetram apenas uma cortical óssea, ou bicorticais, quando penetram ambas as corticais (MILLER e GOSWAMI, 2007). Na LCP de orifícios combinado precisa se tomar cuidado para não inserir o parafuso em ângulo acima de 5o, porque pode ocorrer significante enfraquecimento da estabilidade (KAAB et al., 2004). Para os pequenos animais há atualmente no comércio diversos tipos de placas bloqueadas, incluindo: No Contact Plate, String of Pearls, ALPS, Fixin e Locking Compression Plate da Synthes (BOUDRIEAU, 2010b; JOHNSON, 2010; VANNINI, 2010). Vários fatores podem influenciar na estabilidade e no rendimento de um sistema bloqueado: modelo e dimensão do parafuso, estabilidade no bloqueio da cabeça do parafuso na placa, assim como o número, colocação (monocortical versus bicortical) e orientação dos parafusos (NIEMEYER e SÜDKAMP, 2006; VANNINI, 2010). Ao se comparar os parafusos bloqueados com os convencionais, segundo Cronier et al. (2010), entre as vantagens do primeiro seriam: a maior resistência às forças de cisalhamento, que é exercida no comprimento inteiro do parafuso; apresenta efeito monobloco em que todos os parafusos são forçados ao mesmo tempo; a colocação bicortical não seria mandatória porque não há força de arrancamento. Por sua vez, Miller e Goswami (2007) afirmaram que os parafusos monocorticais trabalham bem em osso saudável, mas são altamente desvantajosos em ossos osteoporóticos por causa da diminuição do comprimento de trabalho do parafuso, proporcionando menor resistência ao torque. Além disso, o uso de um parafuso monocortical com comprimento que exceda o diâmetro do osso também pode ser destrutivo, porque haverá contato 9 ao córtex oposto antes da cabeça do parafuso engajar-se com o buraco rosqueado. Segundo Szypryt e Forward (2009), como não há compressão da placa no osso, as forças do osso para o sistema ocorrem através do colo dos parafusos, que por essa razão possuem uma geometria diferente do parafuso cortical correspondente, tais como: cabeça cônica mais que hemisférica; um diâmetro do núcleo aumentado dando muito maior força em flexão (200%) do que cisalhamento (100%); eixo levemente maior que o orifício do parafuso e cônico para produzir pré-carga radial e assim prevenir a reabsorção óssea e reduzir o micromovimento. Além disso, diferente da placa tradicional, que falha por afrouxamento sequencial dos parafusos, nos implantes bloqueados há uma falha catastrófica súbita resultando em quebra da placa ou parafuso. Quanto ao posicionamento dos parafusos, aqueles em diferentes direções proporcionam maior resistência ao arrancamento do que os paralelos, sendo isso particularmente importante no ombro onde a qualidade do osso é ruim (CRONIER et al., 2010). Na LCP com orifício combinado há um orifício DCU (unidade de compressão dinâmica) para parafusos convencionais e um orifício rosqueado para os parafusos com cabeça bloqueada (SOMMER 2006; MILLER e GOSWAMI, 2007). Também possuem um “orifício arredondado” em uma ou mais posições, para reduzir o grau de angulação e para impedir que seja aplicada a compressão. O parafuso da cabeça bloqueada (LHS) para essa placa apresenta-se de duas formas: “LHS auto-rosqueante” com sulcos de trefinação, que requer pré-perfuração e medida precisa de comprimento do parafuso, sendo bi ou monocortical; e o “LHS auto-perfurante e auto- rosqueante”, tem o mesmo desenho, mas com a adição de uma ponta afiada de broca, sendo apenas para uso monocortical (SOMMER 2006). A LCP com orifícios combinados pode ser aplicada de três maneiras: como placa de osteossíntese convencional, que proporciona absoluta estabilidade; como fixador interno “puro”, promovendo estabilidade relativa (técnica em ponte); ou de forma combinada, em que ambas as técnicas são aplicadas (princípios biomecânicos de compressão e de ponte) (WAGNER, 2003; NIEMEYER e SÜDKAMP, 2006; SOMMER, 2006; MILLER e GOSWAMI, 10 2007). A combinação de técnica não significa combinação de diferentes tipos de parafusos (SOMMER, 2006). A escolha de como será usada a LCP requer um correto planejamento pré-operatório e conhecimento da biomecânica, além de depender da qualidade óssea, situação da fratura, região anatômica e preferência do cirurgião (NIEMEYER e SÜDKAMP, 2006; SOMMER, 2006). Segundo Wagner (2003), o comportamento mecânico de uma placa em ponte com parafusos bloqueados pode ser comparado ao de um fixador externo. Isto significa que precisa ser selecionada uma placa forte e deve ser deixado um comprimento suficiente de placa livre no local da fratura. Se a LCP com orifícios combinados é aplicada como placa compressiva, a técnica é similar ao método convencional, usando os mesmos instrumentos (WAGNER, 2003). A compressão axial pode ser obtida inserindo o parafuso com o uso de um guia de perfuração excêntrica ou com a aplicação de parafuso interfragmentar (SOMMER, 2006). Como fixador interno, a placa pode ser inserida usando técnicas de osteossíntese percutâneas minimamente invasivas (MIPO) (PERREN, 2002; WAGNER, 2003). No método combinado é indicada uma redução fechada e são utilizados parafusos convencionais interfragmentares tão bem quantos os bloqueados (SOMMER, 2006). A ancoragem do parafuso nos fragmentos proximal e distal ao foco de fratura permanece ainda um fator importante, porém o número de parafusos deve ser determinado conforme o caso, com um mínimo de dois parafusos monocorticais em cada fragmento principal (NIEMEYER e SÜDKAMP, 2006). Cronier et al. (2010) citaram que na região diafisária de pacientes humanos, três ou quatro parafusos bloqueados são suficientes, sendo que o quarto parafuso tem pouco efeito na estabilidade axial, mas melhora a estabilidade em torção. Além disso, alguns orifícios devem ser deixados sem parafusos para reduzir a tensão, porém deve-se escolher um implante longo. Com um aumento do comprimento da placa, uma maior flexibilidade é tolerada (MILLER e GOSWAMI, 2007). Conforme Niemeyer e Südkamp (2006), o comprimento da placa LCP pode ser determinado pela amplitude da placa e a densidade do parafuso, sendo que a amplitude da placa é o quociente do comprimento da placa dividido pelo comprimento da fratura. Esse quociente deve ser mais que 11 2 a 3 para fraturas cominutivas e mais alto que 8 a 10 no caso de fraturas simples. O aumento do comprimento da placa aumenta apenas a rigidez axial e não tem efeito na rigidez de torção, porém o aumento da distância placa-osso diminui a rigidez axial e de torção (KUBIAK et al., 2006). Por sua vez, Wagner (2003) afirmou que, em pacientes humanos, o uso de parafusos monocorticais bloqueados é suficiente para ossos de boa qualidade, porém no mínimo três devem ser inseridos em ambos os lados da fratura, em casos de emprego da placa com função de ponte. Além disso, deve-se evitar concentração de estresse no local da fratura. A distribuição da tensão pode ser obtida mantendo-se 2 ou 3 orifícios da placa sem parafusos na zona de fratura. Em ossos osteoporóticos são recomendados os parafusos de cabeça bloqueada, com no mínimo três parafusos em cada fragmento da fratura, do qual no mínimo um precisa ser inserido bicortical. Segundo Kubiak et al. (2006), quando a LCP é usada no modo de ponte, a pré-dinamização ocorre quando no mínimo dois orifícios são mantidos vazios no foco de fratura. Isto diminui o comprimento de trabalho da placa e diminui o estresse interno da placa. As placas bloqueadas podem falhar quando cargas fisiológicas estão além dos parâmetros do desenho-placa, o parafuso pode falhar quando as roscas do parafuso e as roscas da placa não estão colineares ou quando insuficiente torque é usado para engajar as roscas do parafuso dentro das roscas da placa, e os parafusos podem quebrar ou desengajar da placa quando submetidas à excessiva carga cíclica (KUBIAK et al., 2006). Entre as complicações consideradas no uso da LCP com orifício combinado são referidos: a necessidade do alinhamento correto dos fragmentos ósseos antes de colocar a placa; a placa precisa ser posicionada de forma que os parafusos fiquem centrados no espaço intramedular, se não os parafusos do final da placa não terão adequado agarre ósseo e falharão; especialmente com implantes de titânio pode haver um bloqueio permanente do parafuso, que pode requerer a secção da placa para a sua remoção (JOHNSON, 2010). 12 2.3 Estudos in vitro Por meio de estudos in vitro e por análise de elementos finitos, Stoffel et al. (2003) avaliaram como a LCP de titânio com 8 ou 12 orifícios (4.5 mm), aplicada como fixador interno, com distancia de 2 ou 6 mm do osso, poderia promover estabilidade satisfatória para uso clinico em pacientes humanos. Foram utilizados parafusos monocorticais bloqueados e cilindros de epóxi reforçado com fibra de vidro e preenchido com espuma de poliuretano. A lacuna da fratura foi de 1 a 6 mm. Segundo os resultados, os autores indicaram as seguintes recomendações ao se utilizar a LCP em técnica em ponte e por MIPO: para fraturas das extremidades inferiores aplicar dois ou três parafusos em cada lado da fratura; para fraturas do úmero e antebraço utilizar três ou quatro parafusos por lado, devido às forças rotacionais predominantes nesses ossos; em fraturas simples com pequena lacuna interfragmentária, um ou dois orifícios devem ser omitidos em cada lado da fratura para iniciar a consolidação espontânea; em fraturas com uma grande lacuna, tais como as cominutivas, os parafusos devem ser colocados o mais próximo possível à fratura. Além disso, deve-se manter uma pequena distância entre a placa e o osso e placas longas devem ser usadas para proporcionar suficiente rigidez axial. A estabilidade da fixação de uma placa T modelo LC palmar foi comparada à placa T palmar convencional e placa T dorsal, por Leung et al. (2003), em um modelo de fratura do rádio distal tipo C2 da AO. Foram utilizados oito antebraços de cadáveres humanos para os testes biomecânicos de transmissão de carga axial no pulso. Os resultados mostraram que sob carga axial de 100N, a placa T modelo LC palmar restaurou a estabilidade comparável aquela do rádio intacto e foi superior as placas T convencional palmar ou dorsal. Kaab et al. (2004) avaliaram a estabilidade do implante junto com a angularidade da inserção do parafuso, inserindo parafusos bloqueados em um orifício bloqueado ou combinado, respectivamente, em placa PC-Fix e LCP. O desvio do eixo de inserção dos parafusos foi 0o (condição ótima), 5o e 10o. As amostras foram testadas sob carga de cisalhamento ou axial até a falência, com máquina de ensaio mecânico Instron. O parafuso com cabeça bloqueada exibiu alta estabilidade com um moderado desvio axial no ângulo de inserção 13 de até 5o. No entanto, houve uma diminuição significante em estabilidade com o aumento do desvio axial ( 5o). Os autores sugeriram que na inserção do parafuso deve-se utilizar um guia para promover ótima fixação estável angular, limitando assim o risco de afrouxamento do parafuso. Aguila et al. (2005) compararam em estudos biomecânicos in vitro as placas LCP e LC-DCP, as quais foram aplicadas em 14 pares de fêmures obtidos de cadáveres de cães, usando um modelo de defeito de tamanho crítico (20 mm). Foram realizados estudos não destrutivos de dobramento em quatro pontos e torção, e teste de carga cíclica em torção. As construções foram então avaliadas até a falência em torção. No dobramento médio-lateral e látero-medial não foram observadas diferenças significantes, porém na área do defeito segmentar a construção da LCP foi mais rígida que a da LC-DCP em dobramento látero-medial. Não ocorreram diferenças no comportamento entre as placas durante a carga cíclica. Na falência em rotação interna, a LC-DCP falhou em um ângulo de torção inferior aquele da LCP. Baseado no desempenho similar em carga, os autores concluíram ser a LCP uma boa alternativa para fraturas femorais instáveis em cães. Gardner et al. (2005) compararam o comportamento mecânico da LCP com a placa de compressão dinâmica de contato limitado (LC-DCP), implantadas na superfície anterior de ossos do rádio de cadáveres humanos. A LCP foi aplicada numa falha segmentar de 5 mm, usando três parafusos bloqueados bicorticais perpendiculares em cada fragmento da fratura, deixando dois orifícios centrais vazios. A LC-DCP foi fixada de forma similar no osso contralateral. Sob carga cíclica, seis pares foram testados em dobramento antero-posterior, seis em dobramento médio-lateral e seis em torção. A força para o teste de fadiga cíclica foi 75% da força de ruptura do rádio controle. A LC-DCP falhou significantemente em torção e em dobramento antero-posterior e apresentou maior absorção de energia, sugerindo maior deformação. Movimentos de fratura e medidas de rigidez foram discordantes nos espécimes LC-DCP em torção, mas não com a LCP. De acordo com os autores, como muitos dos outros parâmetros testados não mostraram diferenças, as vantagens clínicas da LCP podem ser sutis e mais experimentos são necessários. 14 Fulkerson et al. (2006) compararam a estabilidade de várias montagens da LCP em modelo de fratura diafiseal cominutiva em ulna sintética, em ensaio cíclico de carga axial e dobramento em três pontos. Foram usados parafusos bloqueados monocortical ou bicortical, além de variar a distância placa-osso. Os parafusos bicorticais bloqueados com mínimo deslocamento da superfície óssea proporcionaram a montagem mais estável. Por outro lado aumentando a distância da placa da superfície e o uso de parafusos monocorticais levou a falha precoce, sendo este último não recomendado, segundo os autores, em osso osteoporótico. Ahmad et al. (2007) investigaram in vitro a estabilidade mecânica da LCP aplicada em fratura diafisária induzida em ossos sintéticos do úmero, aumentando a distância entre a placa e o osso e comparando com o controle, ou seja, fixação DCP. A fratura foi fixada com uma lacuna de osteotomia de 10 mm para simular uma fratura cominutiva. Foram usados testes estáticos e dinâmicos em compressão e torção. Resultados comparáveis foram obtidos em ambas as construções - DCP e LCP - quando a placa foi aplicada em uma distância mínima de 2 mm do osso. Ao ser aplicada a 5 mm do osso, a LCP apresentou deformação plástica aumentada durante a compressão cíclica e requereu cargas mais baixas para induziu a falha da construção. Desta forma, os autores recomendaram que a placa seja posicionada a 2mm ou menos do osso, de forma a manter o suprimento sanguíneo periosteal, mas também permitir uma ambiente estável mecanicamente. Roberts et al. (2007) avaliaram a LCP em osso artificiais do rádio humano (n=16). Realizou-se uma osteotomia do eixo médio e fixação da placa na superfície volar com as seguintes montagens: três parafusos bicorticais não bloqueados em cada segmento fraturado, três parafusos monocorticais bloqueados em cada segmento fraturado, ou dois parafusos bloqueados monocorticais próximo à fratura e um bicortical não bloqueado ou bloqueado distante da fratura em cada extremidade. Os espécimes foram testados em ensaios não destrutivos de dobramento em quatro pontos e torção. Os autores concluíram que ao substituir os parafusos bloqueados monocorticais com parafusos bicorticais bloqueados ou não bloqueados distantes do foco da fratura houve uma melhora da estabilidade em torção em mais de 50%, sendo esta igual a uma placa não bloqueada padrão. No entanto, a fixação híbrida 15 com parafusos bicorticais bloqueados nas extremidades apresentou a melhor estabilidade no dobramento antero-posterior. Snow et al. (2008) empregaram corpos de prova sintéticos (Osso osteoporótico Synbone) que simulam o osso osteoporótico humano, para avaliar as vantagens mecânicas da placa LCP em relação à placa de compressão dinâmica de baixo contato. Os testes de compressão, dobramento em quatro pontos e de torção foram efetuados com uma falha de 1 cm simulando uma fratura cominutiva. Os resultados indicaram que a LCP foi mecanicamente superior no teste de compressão axial. Kanchanomai et al. (2008) estudaram a falha em fadiga de uma LCP fixada em uma fratura transversa, com 8 mm de lacuna, promovida na diáfise média do fêmur de ossos sintéticos. A placa composta de aço 316 tinha 14 orifícios, tendo sido utilizado 4 parafusos bloqueados. Resina foi usada para estabilizar o espécime e o experimento usou máquina de fadiga sob 25ºC de temperatura e 55% de umidade relativa. Para simular a ação da carga máxima do fêmur ao caminhar, o espécime foi submetido à compressão de 0N a 600N sob taxa de carga de 60N/s e seguro a 600N por 15 minutos. Então foi deixado 0N sob 60N/s de taxa de carga. A fratura completa da LCP ocorreu com 42.000 ciclos de carga, o que equivaleria a 8 dias de caminhada em um paciente humano. A rachadura primeiro iniciou no orifício de compressão e após alguns ciclos de carga, uma outra rachadura também iniciou da superfície do orifício bloqueado e então ambas as rachaduras propagaram dentro da LCP. Desta forma, a total carga ao caminhar não deve ser permitida a um paciente com esse tipo de fratura. Amato et al., (2008) compararam a precisão de redução e as características biomecânicas de osteotomias acetabulares estabilizadas com placas bloqueadas (uniLOCK) usando parafusos bloqueados (monocorticais) ou padrões (sem bloqueio e bicorticais). Para tanto, foi usado 10 pares de hemipélvis de cães. As montagens foram testadas em fadiga seguida por testes destrutivos agudos. Nenhuma diferença foi encontrada com relação à congruência articular, deslocamento da lacuna de fratura após a carga cíclica, rigidez da construção ou carga para a falência. Sendo assim, os autores 16 concluíram não haver vantagens no uso da placa bloqueada com parafuso monocortical. A rigidez e a força da fixação de uma placa aplicada em ponte foram analisadas, por Fitzpatrick et al., (2009), ao empregar placa bloqueada com parafusos uni ou bicorticais. Foi usado um modelo sintético de diáfise femoral osteoporótica, em quatro montagens: placa convencional não bloqueada, LCP com parafusos bicorticais, LCP com parafusos unicorticais, e placa bloqueada de forma mista, que combinava parafusos bloqueados uni e bicorticais. Foi induzida uma lacuna de fratura de 10 mm. As configurações foram testadas em carga dinâmica progressiva até a falência em torção, compressão axial e dobramento para determinar a rigidez da construção, força e modo de falência. Cinco espécimes foram testados em cada modo de carga e configuração do implante. Para todas as configurações, uma placa de 11 furos foi aplicada com parafusos de 4,5 mm posicionados no primeiro, terceiro e quinto orifícios da placa. Em torção e dobramento, as construções bloqueadas proporcionaram força e rigidez significativamente mais baixas do que a construção convencional. A construção bloqueada unicortical foi 60% mais fraca em torção que a construção convencional, mas sua força em torção melhorou 73% pelo acréscimo de um parafuso bloqueado bicortical. Em compressão axial, a rigidez da construção variou menos de 10% entre os quatro grupos. No entanto, as construções bloqueadas bicorticais e mistas proporcionaram aumento em força de 12% e 11%, respectivamente, comparado à construção convencional. Os autores concluíram que a placa bloqueada em diáfise de osso osteoporótico pode melhorar a força da fixação sobre carga axial, mas pode reduzir a força da fixação em dobramento e torção, quando comparado à placa convencional. Foi recomendado o acréscimo de um parafuso bloqueado bicortical em uma construção unicortical para melhorar a força de torção. Zehnder et al. (2009) investigaram a orientação do parafuso e o uso de parafuso bloqueado na estabilidade da construção placa-parafuso em um modelo de osso severamente osteoporótico. Nos Grupos 1, 2 e 3 foram usadas placas DCP e no Grupo 4 a LCP. No Grupo 1 os parafusos estavam perpendiculares, no Grupo 2 estavam em 30º de inclinação e convergentes, no 17 Grupo 3 um perpendicular e o outro em 30º de inclinação, no Grupo 4 bloqueados e perpendiculares. As placas constituíam-se de 3,5 mm e seis furos. Os grupos com 10 espécimes cada foram testados em dobramento ao ponto de falência. Foram avaliadas a rigidez, a carga inicial de falha e a carga máxima tolerada. Os espécimes foram inspecionados após a carga e em todos a falência ocorreu pelo arrancar do parafuso, não tendo ocorrido quebra da placa ou parafuso. Todos os grupos demonstraram evidência de falha em cargas similares, mas o grupo bloqueado foi capaz de tolerar mais carga. Todos os grupos não bloqueados demonstraram padrões de falha similares. Nenhuma diferença foi observada com respeito à orientação do parafuso e carga de falha. O Grupo 3 foi significantemente menos rígido que os outros três. Os autores concluíram que o mecanismo de falha é diferente em construções bloqueadas comparado às tradicionais. O benefício da colocação oblíqua do parafuso em ossos saudáveis não é observado em ossos osteoporóticos. Para estudar se a placa bloqueada pode proporcionar uma estabilidade equivalente a de uma placa convencional em fraturas acetabulares transversas, Mehin et al. (2009) utilizaram cinco pares de acetábulo de cadáveres humanos. Os espécimes foram preparados para simular uma fratura acetabular transversa e fixados cada um com um tipo de placa. Na sequência, cada fixação foi submetida a uma força compressiva cíclica de até 500 ciclos, seguida por uma força compressiva até a falha. Foi também monitorado o movimento tridimensional da fratura. A placa bloqueada foi tão forte quanto à placa convencional com parafuso interfragmentário, sugerindo que a primeira pode melhorar o manejo de fraturas acetabulares com a dispensa do parafuso interfragmentar. Isso se torna particularmente útil em revisões de artroplastia do quadril, em pacientes com descontinuidade pélvica. Montagens de placas bloqueadas e montagens bloqueadas longe da cortical foram testadas, por Bottlang et al. (2009), em um modelo de placa em ponte na diáfise femoral não-osteoporótica por meio de ensaios de compressão axial, torção e flexão. A montagem bloqueada longe da cortical reduziu significantemente a rigidez axial da construção, porém esse ganho em flexibilidade causou apenas uma redução modesta na força axial e aumentou a 18 força de torção e flexão. De acordo com os autores, a montagem bloqueada longe da cortical pode ser uma estratégia para aumentar o movimento interfragmentário, de forma a induzir consolidação óssea secundária, mas requer mais testes. Um novo sistema de fixação foi analisado por Yánez et al. (2010) para aumentar a rigidez de ossos osteoporóticos, que consistia de uma contraporca de polímero sintético aplicado no final do parafuso após atravessar as duas corticais. Foram testadas 72 montagens em cilindros simulando alto grau de osteoporose nas seguintes construções: LCP com seis parafusos, placa DCP com seis parafusos corticais, DCP com dois sistemas de contraporca ou DCP com seis sistemas de contraporca. Cada grupo de 18 fraturas foi dividido em três subgrupos de seis. O espaço da lacuna da fratura foi de 10 mm. Um subgrupo foi testado sobre dobramento, outro em compressão e o terceiro em torção, todos em carga cíclica. A perda da rigidez foi determinada em cada teste para 1.000 cargas de ciclos, entre 0 e 30.000 ciclos. A despeito da carga, o sistema DCP teve a maior porcentagem de perda em rigidez. A inclusão da contra porca aumentou a rigidez da DCP. Na compressão em carga cíclica a LCP se comportou melhor, porém em dobramento e torção não houve diferença entre DCP com seis sistemas de contraporca e a LCP. 2.4 Resultados de Aplicações Clínicas Sommer et al. (2003) realizaram um estudo multicêntrico aplicando a LCP em 144 pacientes humanos com fraturas, sendo 57 em tíbia, 45 no úmero, 19 no rádio e 18 em fêmur. Após um ano, foram reavaliados 127 pacientes totalizando 151 fraturas (88%). Em 130 fraturas a consolidação ocorreu dentro do período esperado e sem complicações ou deslocamento secundário. Em 19 pacientes foram detectadas 27 complicações não esperadas: cinco afrouxamentos do implante, quatro falências da placa, uma não-união, cinco fraturas secundárias adjacentes ao implante e duas infecções. Como as complicações se deveram a erros técnicos de aplicação, os autores concluíram que é essencial o bom conhecimento da biomecânica assim como também o planejamento pré-operatório. Sendo assim, a técnica de compressão 19 deve ser aplicada em fraturas articulares e metafisárias ou diafisárias simples; a técnica em ponte para fraturas multifragmentares diafisárias ou metafisárias; e a combinação delas apenas em raras situações. O emprego de parafusos interfragmentários inseridos em uma zona de fratura em ponte, interfere com o micromovimento que promove consolidação e pode levar ao atraso ou não- união. Ao analisarem quatro casos de complicações associadas com a aplicação da placa LCP em pacientes humanos, Sommer et al. (2004) afirmaram que: a placa de reconstrução LCP não deve ser usada como placa em ponte, especialmente em pacientes com pobre estoque ósseo biológico; quando usar a placa em ponte, dois ou três orifícios da placa no local de fratura devem ser mantidos vazios permitindo mais flexibilidade promovendo consolidação óssea secundária, além de evitar o risco de quebra da placa pela redução da concentração de estresse; em fraturas epimetafisárias de ossos osteopênicos deve-se usar um maior número de parafusos e com aplicação bicortical; a fixação monocortical é insuficiente em ossos osteopênicos como o úmero que recebem carga em torque. No estudo feito por Bjorkenheim et al. (2004) se utilizou a placa LCP tipo Philos, em 72 pacientes humanos com fratura de úmero proximal. Após um seguimento de um ano, se observaram as seguintes complicações: duas não consolidações, três casos de necrose avascular da cabeça umeral, e duas falhas do implante devido a erro técnico. Conforme os autores, a placa foi fácil de aplicar, não precisou ser configurada e a fixação angular do parafuso assegurou uma estabilização de ângulo fixo, o que a torna adequada em pacientes idosos com osso osteoporótico. Voss et al. (2004) utilizaram o sistema de placa bloqueada 2.0/2.4 mm de titânio (ComPact Unilock), com função de ponte, em 13 animais (10 gatos e três cães) com instabilidade intertarsal dorsal, dorsomedial e dorsolateral ou instabilidade tarsometatarsial. A cartilagem articular foi mantida intacta. Os implantes foram removidos de três pacientes. O êxito clínico foi considerado de bom a excelente em 12 dos animais e moderado em um gato. Estreitamento do espaço articular ou fusão articular ocorreu em três casos. A quebra do parafuso em um gato e um cão não afetou a estabilidade das articulações envolvidas. Segundo os autores, a técnica descrita é considerada 20 simples e menos invasiva que a artrodese parcial e os resultados sugerem como sendo uma alternativa a artrodese parcial. A remoção precoce do implante pode possivelmente prevenir o dano à cartilagem e à fusão articular devido à imobilização prolongada. Um cão Bernese da montanha de seis meses de idade foi tratado, por Schwandt e Montavon (2005), com a placa LCP de 3,5mm tanto em uma fratura cominutiva do terço distal do rádio-ulna direito como em outra em espiral do terço proximal da tíbia-fíbula direita. A fratura da tíbia direita teve que ser refeita com uma calha intramedular de 4,5 mm e uma nova placa LCP de 3,5 mm, devido à quebra da fixação dois dias após a cirurgia. Segundo os autores, a quebra ocorreu porque a placa não foi forte o suficiente para sustentar a função de ponte e, portanto, sugerem que em animais com fraturas cominutivas esse tipo de placa requer a colocação adicional de uma haste ou o uso de placa-dupla. O sistema de placa bloqueada 2.0/2.4 mm de titânio (ComPact Unilock) foi aplicado em 6 cães e 3 gatos, por Keller et al. (2005). O desenho da placa permitiu a inserção de parafusos bloqueados, parafusos corticais não bloqueados ou combinação de ambos, e todos os parafusos foram auto- rosqueantes. Foram incluídas fraturas em ossos longos, fraturas e instabilidades da espinha cervical, e casos de instabilidade articular e luxações. O sistema permitiu a fixação interna estável de fraturas em ossos longos em cães e gatos pequenos e a fixação de ossos pequenos de cães grandes. Fraturas cervicais e instabilidades foram estabilizadas com sucesso usando duas placas e parafusos monocorticais. Além disso, as placas permaneceram como tala interna permanente ou temporária de articulações permitindo cicatrização de ligamentos injuriados e restauração da estabilidade articular. Voss et al. (2009) realizaram estudo retrospectivo de fraturas dos ossos longos (44 reparo primário e 22 revisões) estabilizadas com o sistema de placa bloqueada de mandíbula (Unilock), em 30 cães e 37 gatos. Duas placas foram aplicadas em 17 fraturas e uma única placa em outras 49 fraturas. A avaliação radiográfica variou de 4 a 109 semanas. Complicações foram detectadas em 12 animais e 13 fraturas (19,7%), sendo sete correspondentes a falha da fixação (quebra de parafuso, falha da placa, inserção inadequada do 21 parafuso, fissura ou fratura iatrogênica do osso) e seis não relacionadas ao implante (osteoartrite, redução inadequada, irritação da pele sobre a placa). A falha da fixação ocorreu em sete fraturas (10,6%). Os casos com uma única placa em que houve falha da fixação se deveram ao uso de parafusos mais finos em relação ao diâmetro do osso e com mais parafusos em um fragmento principal. OBJETIVOS 23 3 OBJETIVOS O trabalho teve por objetivos avaliar: - a placa S.P.S. Free-Block em dois ensaios mecânicos (compressão axial e flexão em quatro pontos), com os parafusos bloqueados de forma monocortical em 90º e monocortical angulado em 20º, utilizando modelo sintético de falha segmentar; - determinar a influência da orientação do parafuso monocortical bloqueado na resistência mecânica da montagem. MATERIAL E MÉTODOS 25 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Material Empregado A metodologia adotada no presente trabalho foi aprovada pela Câmara de Ética em Experimentação Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) – Botucatu (protocolo no. 59/2010-CEUA). Foram utilizados 40 corpos de prova cilíndricos de poliuretano1, [24 mm de diâmetro externo, espessura da cortical de 2,5 mm (dureza - 69 shore D), espessura do esponjoso de 5 mm (dureza - 38 shore D), e 170 mm de comprimento] e 40 placas de aço inoxidável S.P.S. Free-Block2 de 3,5 mm (90 mm de comprimento, 10 mm de largura, 3,2 mm de espessura), compostas de 7 furos, sendo 2 DCP e 5 Bloqueados (Figura 1). Cada corpo de prova foi dividido em duas porções iguais para simular uma falha segmentar de 10 mm. As placas foram montadas em dois grupos de construções: Grupo 1- dois parafusos unicorticais bloqueados em cada lado; Grupo 2- dois parafusos unicorticais bloqueados angulados em 20º em cada lado. Nos dois grupos foi utilizado um parafuso convencional bicortical em cada lado da falha segmentar, aplicado em posição neutra. Além disso, o orifício do parafuso bloqueado situado no centro da placa entre os orifícios DCP foi mantido livre, visto localizar-se na área da falha segmentar (Figura 2). 1 Polyurethane Bone: Nacional Ossos (http://www.ossos.com.br/). Rua Targino Grizz 220, Jardim Dr. Luciano - Jaú, São Paulo, Brasil. 2 S.P.S. Free-Block: Biomecânica Indústria e Comércio de Produtos Ortopédicos Ltda. (http://www.biomecanica.com.br/). Rua Luiz Pengo 145, 1º Distrito Industrial - Jaú, São Paulo, Brasil. 26 Figura 1 - Placa de aço inoxidável S.P.S. Free-Block composta de 7 furos, sendo 2 DCP e 5 Bloqueados. Figura 2 – Ilustração das montagens: (A) Grupo 1 com quatro parafusos monocorticais bloqueados sem angulação, (B) Grupo 2 com quatro parafusos monocorticais bloqueados inclinados em 20º. Em ambos os grupos foram inseridos dois parafusos DCP em posição neutra. 27 4.2 Montagem das Construções As duas porções do corpo de prova foram fixadas em uma morsa de forma equitativa, mantendo o espaço da falha segmentar por meio de um cilindro de madeira de 10 mm de comprimento, no qual a placa foi centralizada. Os parafusos dos orifícios DCP foram aplicados rotineiramente em posição neutra. Após perfuração com broca de 2 mm de diâmetro, os orifícios foram macheados (macho de 3,5 mm) para a colocação dos parafusos de maneira bicortical. Os dois parafusos corticais de 3,5 mm de diâmetro e 30 mm de comprimento foram fixados em cada fragmento. Para aplicação dos parafusos monocorticais bloqueados (3,5 mm de diâmetro e 14 mm de comprimento) foi utilizada uma broca de 2,5 mm de diâmetro e um guia específico para perfuração (2,8 mm) posicionado no anel de bloqueio. No Grupo 1 o guia foi posicionado a 90º ao eixo mecânico do corpo de prova, e no Grupo 2 este foi posicionado com 20º angulação ao eixo mecânico e em direção à falha segmentar, com o emprego do guia e goniômetro universal. Por serem parafusos auto-rosqueantes não foi necessário o emprego de macho. As cabeças desses parafusos ficaram bloqueadas aos anéis de bloqueio. Todos os parafusos foram inseridos e fixados por um único investigador com o uso de um torquímetro tipo relógio com ponteiro de arraste (modelo TRNA 20PA)3, com capacidade de medida de torque de até 20 Nm e precisão 0,2 Nm. O torque de aperto final foi de aproximadamente 1 Nm para os parafusos DCP e 2 Nm para os parafusos bloqueados. 4.3 Ensaios Mecânicos Os ensaios mecânicos foram efetuados no Laboratório de Ensaios Mecânicos e Metalográficos do Instituto de Pesquisa e Acompanhamento Clínico Ltda., obedecendo às normas ASTM F382-99 (ASTM, 2009) e da ABNT ISO 6475 (ABNT, 1997). 3 Torquímetro TRNA 20PA – Tork Ferramentas Ltda. - Av. Feitoria, 801 – São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. 28 4.3.1 Ensaios Estáticos Em cada grupo, seis montagens foram testadas até a falha, três em flexão e três em compressão, para determinar as cargas de teste. Os ensaios mecânicos foram realizados em temperatura ambiente média de 23,6ºC, usando máquina de ensaio universal EMIC4 (DL-10000), com capacidade de carga máxima de 100 kN, velocidade de 5 mm/min, suplementado com o software TESC da EMIC (versão 3,04). Os ensaios foram finalizados quando as construções avaliadas falharam ou quando não suportaram mais o carregamento aplicado, indicado pela queda do gráfico carga x deslocamento (Figura 3). Figura 3 – Diagrama ilustrando o método para determinar as propriedades mecânicas da placa óssea (fonte: ASTM F382-99(2008)). Ponto “C” limite de escoamento elástico da montagem. 4 EMIC Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda. Rua Quirino Zagonel, 257 – Vila Braga – CEP 83020-250 - São José dos Pinhais, Paraná, Brasil. 29 4.3.1.1 Ensaio de Flexão com Apoio em Quatro Pontos Para as provas de flexão foi aplicada uma configuração de quatro pontos de flexão com a placa posicionada no lado de tensão, de forma a gerar um momento de dobramento constante em todo o comprimento da placa. A distância foi de 100 mm entre os roletes aplicadores de carga e de 170 mm de distância para os roletes de apoio (Figura 4). A célula de carga tinha capacidade de 10 kN, com roletes de apoio e de aplicação de carga de 10 mm de diâmetro e velocidade do ensaio de 5 mm/minuto. Uma pré-carga de 1,5N foi utilizada para manter o corpo de prova em posição. A face da placa foi mantida paralela ao suporte de apoio do ensaio. Figura 4 - Montagem do ensaio de flexão com apoio em quatro pontos. Observe a disposição dos roletes. 100 mm 170 mm Base de apoio 30 4.3.1.2 Ensaio de Compressão Axial Para o ensaio de compressão axial foi utilizada célula de carga com capacidade de 2 kN (Figura 5). A velocidade do ensaio foi de 5 mm/minuto, com roletes aplicadores de carga com 10 mm diâmetro, e distância entre rolete e placa de 12 mm . Para manter o corpo de prova em posição aplicou-se uma pré-carga de 1,5 N. 4.3.2 Ensaios de Fadiga Em cada grupo, 14 montagens foram testadas até a falência, sete em flexão e sete em compressão. A falha por fadiga foi definida como a quebra da placa ou soltura dos parafusos nos corpos de prova. As provas foram suspensas depois de 1.000.000 ciclos, no caso das construções ainda não terem falhado. Figura 5 – Montagem do ensaio de compressão. 31 Todos os ensaios foram efetuados em temperatura ambiente, com média de 22,4 ºC. 4.3.2.1 Ensaio de Flexão com Apoio em Quatro Pontos O ensaio foi realizado em equipamento Brasválvulas BME 5 120/AT MNB com capacidade para 5 kN, utilizando célula de carga de 1 kN. Foram aplicadas cargas sob controle com razão entre cargas de 0,1, variando de 31,8 até 318 N, com uma frequência de 5 Hz. 4.3.2.2 Ensaio em Compressão Axial O ensaio foi efetuado em equipamento LEMM MFE 800 com capacidade para 8 kN, usando célula de carga de 5 kN. Foram aplicadas cargas sob controle, com razão entre cargas de 0,1, variando de 34,7 até 347 N com uma freqüência de 5 Hz. Para os ensaios estáticos em flexão e compressão foram analisadas as deflexões (deslocamento em mm) e a rigidez na flexão – K (força em N/m). Calculou-se a rigidez de cada construção por meio de uma curva (força versus deslocamento). E para os ensaios em fadiga se analizaram às forças e momentos máximos, junto com os ciclos de carga em que as amostras falharam. 4.4 Análise Estatística Os valores dos ensaios - estático e fadiga - foram submetidos ao teste t de Student para amostras independentes. A variável número de ciclos foi analisada pelo Teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Diferenças foram consideradas estatisticamente significantes com p<0.05. RESULTADOS 33 5 RESULTADOS 5.1 Ensaios Estáticos 5.1.1 Compressão Axial Para cada teste de compressão axial, os dados de força- deslocamento foram analisados e o momento de escoamento (resistência à compressão) determinado. Foram calculados a média e o desvio padrão de cada grupo (Tabela 1). Pela análise estatística não houve diferença na rigidez das construções (p > 0,05) entre os Grupos 1 (parafuso reto) e 2 (parafuso angulado). Tabela 1 - Média e Desvio Padrão (DP) para os Grupos 1 e 2 sob cargas de compressão axial estática. Variável Grupo 1 (Média ± DP) Grupo 2 (Média ± DP) Valor de P K (N/m) 147,10±13,71 151,83±13,98 0,697 Fmáxima (N) 422,83±16,00 390,40±37,99 0,245 P (N) 346,67±15,28 318,33±20,82 0,130 R (Nm) 4,17±0,15 3,80±0,27 0,106 K=rigidez em flexão, F máxima=força máxima, P=carga de escoamento, R=momento de escoamento (resistência à flexão) Nas Figuras 6 e 7 estão representados os resultados das curvas força-deslocamento para as amostras dos Grupos 1 e 2, respectivamente. A Figura 8 ilustra os aspectos de todas as montagens antes dos testes. A Figura 9 ilustra os aspectos das montagens de ambos os grupos, após o teste de compressão axial estático. Em ambos os grupos as montagens falharam por dobramento da placa no local do orifício sem parafuso. 34 Figura 6 - Curva força-deslocamento obtida no ensaio de compressão axial estático para as amostras do Grupo 1. Figura 7 - Curva força-deslocamento obtida no ensaio de compressão axial estático para as amostras do Grupo 2. Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 35 Figura 8 – Aspecto de todas as montagens antes dos testes. Figura 9 – Aspecto das montagens de ambos os grupos, após o teste de compressão axial estático. Observe o dobramento da placa na área do orifício sem parafuso. 36 5.1.2 Flexão com Apoio em Quatro Pontos Para cada teste de flexão em quatro pontos, os dados de força- deslocamento foram analisados e o momento de escoamento (resistência à flexão) determinado. Foram calculados a média e o desvio padrão de cada grupo (Tabela 2). Pela análise estatística não houve diferença na rigidez das construções (p > 0,05) entre os Grupos 1 e 2 (parafuso angulado). Tabela 2 - Média e Desvio Padrão (DP) para os Grupos 1 e 2 sob cargas estáticas de flexão em quatro pontos. Variável Grupo 1 (Média ± DP) Grupo 2 (Média ± DP) Valor de P K (N/m) 142,67±2,08 149,00±7,21 0,218 Ele (Nm²) 0,0054±0,0001 0,0056±0,0003 0,216 P (N) 585,00±27,84 614,33±76,13 0,565 R (Nm) 10,24±0,49 10,75±1,33 0,565 K= rigidez em flexão, Ele= rigidez estrutural em flexão, P= carga de escoamento, R= momento de escoamento (resistência à flexão) Nas Figuras 10 e 11 estão representados os resultados das curvas força-deslocamento para as amostras dos Grupos 1 e 2, respectivamente. No Grupo 1 duas montagens falharam pela quebra do corpo de prova na região do parafuso de uma extremidade e na outra ocorreu soltura dos dois últimos parafusos de uma extremidade. No Grupo 2 as três montagens falharam por dobramento da placa no local do orifício sem parafuso conjuntamente com a quebra dos corpos de prova na região do parafuso de uma extremidade. As Figuras 12 e 13 ilustram os aspectos das montagens do Grupo 1 e 2 respectivamente, depois dos testes de flexão estática em quatro pontos. 37 Figura 10 - Curva força-deslocamento obtida no ensaio estático de flexão em quatro pontos para as amostras do Grupo 1. Figura 11 - Curva força-deslocamento obtida no ensaio estático de flexão em quatro pontos para as amostras do Grupo 2. Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 38 FIGURA 12. Aspecto das montagens do Grupo 1 após o teste de flexão estática em quatro pontos FIGURA 13. Aspecto das montagens do Grupo 2 após o teste de flexão estática em quatro pontos 39 5.2 Ensaios de Fadiga 5.2.1 Compressão Axial Pela análise estatística não houve diferença na rigidez das construções (p > 0,05) entre os Grupos 1 (parafuso reto) e 2 (parafuso angulado) (Tabela 3). Em 71,42% das amostras do Grupo 1 e 57,14% para o Grupo 2 a falha ocorreu antes de 1.000.000 de ciclos de carga, ou seja, as montagens não resistiram à carga aplicada. No Grupo 1 cinco montagens falharam por quebra da placa no local do orifício sem parafuso e duas montagens resistiram ao teste (Figura 14). No Grupo 2 quatro montagens falharam por quebra da placa no local do orifício sem parafuso e três montagens resistiram ao teste (Figura 15). Nas Figuras 16 e 17 estão representados os resultados dos momentos máximos de carga suportada pelas amostras e os números de ciclos de cargas resistidos, respectivamente para os Grupos 1 e 2. Tabela 3 - Média e Desvio Padrão (DP) para os Grupos 1 e 2 sob cargas de compressão axial em fadiga. Variável Grupo 1 (Média ± DP) Grupo 2 (Média ± DP) Valor de P Carga referência (%) 52,86±11,13 52,86±11,13 0,998 Carga máxima (Kgf) 18,68±3,93 17,15±3,61 0,463 Carga máxima (N) 183,19±38,57 168,21±35,41 0,464 Carga mínima (N) 18,32±3,86 16,82±3,54 0,463 Momento máximo (Nm) 1,10±0,23 1,01±0,22 0,462 Momento mínimo (Nm) 0,11±0,03 0,10±0,02 0,630 Nº ciclos 397791,0 (101141,0; 800835,0) 379186,5 (143128,0; 510700,0) 0,561 40 Figura 14 – Aspecto das montagens do Grupo 1 após o teste de compressão axial em fadiga. 41 Figura 15 - Aspecto das montagens do Grupo 2 após o teste de compressão axial em fadiga. 42 Figura 16 – Curva obtida no teste de compressão axial em fadiga para o Grupo 1 (setas em preto indicam amostras que resistiram à falha). Figura 17 - Curva obtida no teste de compressão axial em fadiga para o grupo 2 (setas em preto indicam amostras que resistiram à falha). 43 5.2.2 Flexão com Apoio em Quatro Pontos Pela análise estatística não houve diferença na rigidez das construções (p > 0,05) entre os Grupos 1 e 2 (parafuso angulado) (Tabela 4). Excetua-se a variável carga de referência, a qual foi estatisticamente significativa com um valor de p<0,05. Tabela 4 - Média e Desvio Padrão (DP) para os Grupos 1 e 2 sob cargas de flexão em quatro pontos em fadiga. Variável Grupo 1 (Média ± DP) Grupo 2 (Média ± DP) Valor de P Carga referência (%) 52,86±11,13 40,00±8,17 0,030 Carga máxima (Kgf) 31,52±6,64 25,05±5,11 0,064 Carga máxima (N) 309,20±65,09 245,72±50,16 0,064 Carga mínima (N) 30,92±6,51 24,57±5,02 0,064 Momento máximo (Nm) 5,41±1,14 4,30±0,88 0,065 Momento mínimo (Nm) 0,54±0,11 0,43±0,09 0,068 Nº ciclos 40775,5 (2,1; 189540,9) 103801,0 (9833,0; 863196,0) 0,486 Em ambos os Grupos, 57,14% das montagens falharam antes de 1.000.000 de ciclos de carga. Em ambos os grupos três montagens falharam pela quebra do corpo de prova na região do parafuso de uma extremidade, uma falhou por quebra da placa no local do orifício sem parafuso e três montagens resistiram ao teste (Figuras 18 e 19). Nas Figuras 20 e 21 estão representados os resultados dos momentos máximos de carga suportada pelas amostras e os números de ciclos de cargas resistidos, respectivamente para os Grupos 1 e 2. 44 Figura 18 - Aspecto das montagens do Grupo 1, após o teste de flexão em quatro pontos em fadiga. 45 Figura 19 - Aspecto das falhas das amostras do Grupo 2, sob teste de flexão em quatro pontos em fadiga. 46 Figura 20 - Curva obtida no teste de flexão em quatro pontos em fadiga para o Grupo 1 (setas em preto indicam amostras que resistiram à falha). Figura 21 - Curva obtida no teste de flexão em quatro pontos em fadiga para o Grupo 2 (setas em preto indicam amostras que resistiram à falha). DISCUSSÃO 48 6 DISCUSSÃO A placa S.P.S. Free-Block foi desenvolvida para permitir a compressão no foco de fratura assim como o princípio do fixador interno. Contudo, diferente da LCP com orifício combinado, que foi projetada para possibilitar a inserção, em um mesmo orifício, tanto do parafuso convencional com o parafuso de cabeça bloqueada (WAGNER, 2003; SOMMER, 2006; MILLER e GOSWAMI, 2007; SZYPRYT e FORWARD, 2009), o uso exclusivo do método tradicional de compressão não é possível, já que os orifícios são únicos. Não existe combinação de orifícios, ou seja, cada orifício tem uma função independente. Por exemplo, na placa usada no presente estudo havia dois parafusos que permitiam compressão e os demais eram bloqueados. Dependendo da fratura, a LCP com orifício combinado pode ser aplicada como placa compressiva, fixador interno bloqueado, ou como sistema de fixação interna combinando ambas as técnicas (WAGNER, 2003; NIEMEYER e SÜDKAMP, 2006; SOMMER, 2006; MILLER e GOSWAMI, 2007). No caso da placa S.P.S. Free-Block sempre será requerido o princípio do fixador interno bloqueado, porém com possibilidade de compressão. A inexistência de orifícios combinados poderia ser considerada uma desvantagem da placa S.P.S. Free-Block. Por outro lado, isso também poderia ser considerado uma vantagem do sistema, visto que orifícios combinados podem favorecer o enfraquecimento da placa. Schwandt e Montavon (2005) ao tratarem as fraturas de um cão Bernese da montanha de seis meses de idade com a LCP com orifício combinado, tiveram que refazer a fratura da tíbia-fíbula direita devido à quebra da placa, visto esta não ter sido forte o suficiente para sustentar a função de ponte. Vale ainda citar, que há vários relatos da aplicação com sucesso do sistema Unilock no tratamento, em cães e gatos, de fraturas dos ossos longos, fraturas e instabilidades da coluna, instabilidade intertarsal ou tarsometatarsial (VOSS et al., 2004; KELLER et al., 2005; VOSS et al., 2009). Esse sistema permite a inserção de parafusos bloqueados ou parafusos corticais não bloqueados ou combinação de ambos, sendo o orifício único o que evita o enfraquecimento do sistema (KELLER et al., 2005). 49 Na LCP ao se combinar parafusos bloqueados e não bloqueados, os parafusos não bloqueados devem ser inseridos primeiro, visto que após esses terem sido inseridos a distância entre a placa e o osso estará fixada e não pode mais ser alterada (SZYPRYT e FORWARD, 2009). Esse mesmo princípio deve ser usado na placa S.P.S. Free-Block, quando se deseja a compressão no foco de fratura. No presente estudo isso não foi necessário, já que os parafusos não bloqueados foram posicionados de forma neutra, de forma a não produzir uma variável a mais nos ensaios. O parafuso bloqueado proporciona estabilidade axial e angular (MILLER e GOSWAMI, 2007), com fluxo direto de forças do osso via construção parafuso-placa-parafuso (WAGNER, 2003; SOMMER et al., 2003). No entanto, o ângulo de inserção do parafuso deve corresponder precisamente ao eixo do orifício do parafuso na LCP com orifício combinado (WAGNER, 2003; JOHNSON, 2010), para se obter uma condição ótima, podendo exceder no máximo 5º e assim limitar o risco de afrouxamento (KAAB et al., 2004). Uma vantagem da placa S.P.S. Free-Block é que o bloqueio dos parafusos é realizado pela presença de um anel de travamento, inserido dentro do orifício da placa. Isso a caracteriza como uma placa bloqueada de ângulo variável (CRONIER et al., 2010). Com isso é possível que o parafuso seja aplicado angulado durante sua inserção, de acordo com o posicionamento do guia de perfuração. Como o anel não é fixado ao orifício é possível realizar vários graus de angulação. O fabricante recomenda que o guia de broca seja rosqueado no anel de trava até 20º (BIOMECÂNICA, 2011). Esse foi o limite máximo utilizado, de forma a estabelecer um padrão de inclinação. A placa S.P.S. Free-Block assim como outros modelos de placas bloqueadas não requer contorno anatômico preciso da placa, favorecendo uma fixação biológica (MICLAU e MARTIN, 1997; UHTHOFF et al., 2006; BOUDRIEAU, 2010b; IGNA e SCHUSZLER, 2010), mas a distância da placa ao osso pode afetar a estabilidade da construção (FULKERSON et al., 2006; AHMAD et al., 2007), devendo a mesma ser menor ou igual a 2 mm (AHMAD et al., 2007). Por outro lado, alguns autores sugerem que a montagem bloqueada distante da cortical pode ser uma estratégia para aumentar o movimento interfragmentário (BOTTLANG et al., 2009). Desde que a placa S.P.S. Free-Block foi posicionada diretamente sobre a superfície do corpo de 50 prova, não ocorreu influência da distância placa-cortical óssea na análise dos resultados. Há várias formas de realização dos ensaios mecânicos, podendo ser empregado desde ossos de cadáveres (LEUNG et al., 2003; AGUILA et al., 2005; GARDNER et al., 2005; AMATO et al., 2008; MEHIN et al., 2009) até os corpos de prova sintéticos (STOFFEL et al., 2003; FULKERSON et al., 2006; AHMAD et al., 2007; ROBERTS et al., 2007; KANCHANOMAI et al., 2008; SNOW et al., 2008; FITZPATRICK et al., 2009; ZEHNDER et al., 2009; YÁNEZ et al., 2010), cada um com suas vantagens e desvantagens. No presente estudo optou-se pela aplicação de corpos de provas sintéticos, de forma a reduzir a variabilidade intrínseca dos ossos de cadáveres, além das dificuldades de se obter ossos naturais pelas novas normas em experimentação animal do Estado de São Paulo. Além disso, foram utilizados corpos de provas não osteoporóticos, embora alguns ensaios os tenham usado (SNOW et al., 2008; FITZPATRICK el al., 2009; ZEHNDER et al., 2009; YÁNEZ et al. 2010), desde que as fraturas osteoporóticas, juntamente com as periarticulares e multifragmentares, são consideradas como uma das indicações específicas para o emprego da LCP (KUBIAK et al., 2006; SZYPRYT e FORWARD, 2009; VANNINI, 2010). Vale ainda citar que embora não existam contra-indicações para o uso de placas bloqueadas, há situações em que esses implantes são considerados desnecessários (KUBIAK et al., 2006). Vários estudos têm demonstrado que as LCP apresentam propriedades mecânicas superiores em relação à placa convencional (LEUNG et al., 2003; BJORKENHEIM et al., 2004; AGUILA et al., 2005; AHMAD et al., 2007; SNOW et al., 2008; MEHIN et al., 2009; ZEHNDER et al., 2009; YÁNEZ et al., 2010), porém outros contestam a real vantagem clínica das mesmas (GARDNER et al., 2005; SCHWANDT e MONTAVON, 2005) ou do uso de sistema com bloqueio dos parafusos (AMATO et al., 2008). No presente estudo isso não foi avaliado, mas sim dois posicionamentos diferentes do parafuso. Optou-se ainda pelo teste de parafusos monocorticais e não bicorticais em modelo não osteoporótico. Como a placa bloqueada apresenta o efeito monobloco em que todos os parafusos são forçados ao mesmo tempo, há autores que citam ser a colocação bicortical não mandatória, visto não haver 51 força de arrancamento (CRONIER et al., 2010). Contudo, os parafusos monocorticais parecem trabalhar bem em osso saudável, mas são desvantajosos em ossos osteoporóticos por causa da diminuição do comprimento de trabalho do parafuso, proporcionando menor resistência ao torque (SOMMER et al., 2004; FULKERSON et al., 2006; MILLER e GOSWAMI, 2007). Além disso, em estudo com a LCP em osso artificiais do rádio humano foi observado que ao substituir os parafusos bloqueados monocorticais com parafusos bicorticais bloqueados ou não bloqueados distantes do foco da fratura houve uma melhora da estabilidade em torção em mais de 50% (ROBERTS et al. 2007). Os testes mecânicos em placas bloqueadas têm sido efetuados por ensaios não destrutivos estáticos (ROBERTS et al., 2007), estáticos até a falência (SNOW et al., 2008; ZEHNDER et al., 2009) e dinâmicos (AGUILA et al., 2005; GARDNER et al., 2005; FULKERSON et al., 2006; AHMAD et al., 2007; KANCHANOMAI et al., 2008; AMATO et al., 2008; FITZPATRICK el al., 2009; MEHIN et al., 2009; YÁNEZ et al., 2010). No presente estudo utilizou-se o teste estático até a falência para determinar a carga a ser aplicada no ensaio de fadiga. A lacuna da falha segmentar foi de 10 mm, visto essa simular uma fratura cominutiva (AHMAD et al., 2007; SNOW et al., 2008). Vale referir que quando a LCP é usada no modo de ponte, a pré-dinamização e a distribuição de estresse ocorre quando no mínimo dois orifícios são mantidos vazios no foco de fratura (WAGNER, 2003; SOMMER et al., 2004; KUBIAK et al. 2006). Alguns autores referem que parafusos posicionados em diferentes direções proporcionam maior resistência ao arrancamento do que os paralelos, sendo isso particularmente importante no ombro onde a qualidade do osso é ruim (CRONIER et al., 2010). Tanto nos ensaios estáticos como nos de fadiga, ambos em compressão axial e flexão com apoio em quatro pontos, não foi possível observar diferenças significativas estatisticamente entre as montagens no atual estudo. Os resultados indicam que a rigidez da construção executada com parafusos monocorticais bloqueados sem angulação foi similar àquela produzida por parafusos monocorticais bloqueados com angulação em 20º. Por outro lado, em construções realizadas em ossos sintéticos osteoporóticos, o grupo com placa de compressão dinâmica com um parafuso oblíquo foi 52 significantemente menos rígido, indicando que o benefício da colocação oblíqua dos parafusos verificada em osso saudável não é observada no osso osteoporótico (ZEHNDER et al., 2009). Em estudo in vitro, em que a rigidez e a força da fixação de uma placa aplicada em ponte foram analisadas, foi recomendado o acréscimo de um parafuso bloqueado bicortical em uma construção unicortical para melhorar a resistência à torção (FITZPATRICK el al., 2009). Como a placa S.P.S. Free- Block possui dois orifícios DCP, há dois parafusos bicorticais em cada extremidade, embora não bloqueados. Esse fato pode ter contribuído para a não diferença entre os tipos de parafusos pelos testes usados. Diferente da placa tradicional, que falha por afrouxamento seqüencial dos parafusos, nos implantes bloqueados há uma falha catastrófica súbita resultando em quebra da placa ou parafuso (SZYPRYT e FORWARD, 2009). Nos ensaios de compressão axial, tanto estático quanto em fadiga, os tipos de falência das montagens foram semelhantes entre os Grupos no presente estudo, sendo a região da falha segmentar o ponto mais frágil, visto que quando ocorreu dobramento da placa essa ocorreu no local do orifício sem parafuso. Por outro lado, no ensaio estático de Flexão com Apoio em Quatro Pontos, no Grupo 2 ocorreu dobramento da placa no local do orifício sem parafuso e falha em uma extremidade, indicando dois pontos de fragilidade nesse tipo de montagem. Em estudo de fadiga com uma placa LCP de aço com orifícios combinados em modelo de falha segmentar de 8 mm com osso sintético e usando 4 parafusos bloqueados, foi observado que a fratura completa da placa ocorreu com 42.000 ciclos de carga, o que equivaleria a 8 dias de caminhada em um paciente humano (KANCHANOMAI et al., 2008). Esse valores se assemelham ao obtido com a placa S.P.S. Free-Block no Grupo 1, com média de valores de ciclos até a falha de 40775,5. Por outro lado, no Grupo 2 os valores foram superiores a 103801,0, sugerindo que a inclinação dos parafusos permitiria um maior suporte do implante até a total falência. Na LCP como não há compressão da placa no osso, as forças do osso para o sistema ocorrem através do colo dos parafusos, que por essa razão possuem uma geometria diferente do parafuso cortical correspondente 53 (SZYPRYT e FORWARD, 2009). A forma de bloqueio do parafuso na placa apresenta variação, ou seja, a cabeça do parafuso pode ser bloqueada por uma contraporca rosqueada ou a cabeça do parafuso é rosqueada e se fixa dentro da placa ou dentro de um adaptador (CRONIER et al., 2010). Como na placa S.P.S. Free-Block há o anel de travamento é possível que este divida forças com o colo do parafuso. CONCLUSÕES 55 7 CONCLUSÕES Baseado nos resultados obtidos foi possível concluir que: a- O posicionamento do parafuso monocortical bloqueado não influencia a resistência mecânica das montagens com falha segmentar, pelos ensaios de compressão axial e flexão em quatro pontos, em corpos de prova não osteoporóticos; b- Na maioria dos testes a região da falha segmentar constitui o ponto mais frágil nesse tipo de montagens. REFERÊNCIAS 57 8 REFERÊNCIAS ABNT. Implantes para cirurgia-parafusos ósseos metálicos com rosca assimétrica e superfície inferiro da cabeça de forma esférica-requisitos mecânicos e métodos de ensaio. NBR ISO 6475, p. 1-5, 1997. AGUILA, A.Z.;MANOS, J.M.;ORLANSKY, A.S.;TODHUNTER, R.J.;TROTTER, E.J.; MEULEN, M.C.H. In vitro biomechanical comparison of limited contact dynamic compression plate and locking compression plate. Vet. Comp. Orthop. Traumatol., v.18, p.220-226, 2005. ASTM International. Standard specification and test method for metallic bone plates. . 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III Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp Botucatu, SP, Brasil. 2 RESUMO Com o conceito de técnicas cirúrgicas de “fixação biológica” foram também desenvolvidos novos tipos de implantes, tais como os fixadores internos bloqueados, com o intuito de minimizar a interferência com o suprimento sanguíneo e melhorar o ambiente para a consolidação óssea das fraturas. Neste sentido, o objetivo da presente revisão é discorrer sobre as placas bloqueadas, com ênfase nas suas características, vantagens, indicações, fatores que interferem na estabilidade do sistema, complicações e resultados de aplicações clínicas. O sucesso na utilização desses fixadores internos bloqueados depende não somente da qualidade do osso, mas do conhecimento dos princípios biomecânicos e técnicas de aplicação. Palavras chaves: fixador interno, placa, fratura, implante. ABSTRACT Due to concept of “biological fixation” techniques new types of devices, such as locked internal fixators, were also developed. The intention of these devices is to minimize the interference with the blood supply and to improve the environment for bone fracture healing. Therefore, the aim of this paper is to describe about the locking plates, with emphasis on their characteristics, advantages, indications, factors that may affect construct stability, complications, and clinical application results. The successful use of these locked internal fixators depends not only on the quality of bone tissue but also on the understanding of the biomechanical principles and techniques for the application. Key words: internal fixator, plate, fracture, implant. 3 INTRODUÇÃO Por muitos anos a estabilidade absoluta e a consolidação óssea direta foram consideradas prioridades na reparação das fraturas (PERREN et al., 1990). Contudo, com a compreensão da biologia óssea, houve uma mudança de enfoque, com a utilização de métodos de estabilização mais flexíveis, que permitem a formação de calo ósseo; a redução do trauma, com técnicas de redução de fraturas de forma indireta e menos precisa (“abrir mas não tocar”, “técnicas minimamente invasivas”); a manutenção da irrigação no foco de fratura e a conservação do suprimento sanguíneo sob a placa (SCHÜTZ & SÜDKAMP, 2003; JOHNSON et al., 2005). Com o conceito de técnicas cirúrgicas de “fixação biológica” foram também desenvolvidas novas modalidades de implantes com o intuito de melhorar as taxas de união óssea, diminuir a necessidade de enxerto ósseo e reduzir a incidência de complicações como infecção e refratura (MICLAU & MARTIN, 1997). A principal característica desses implantes é minimizar a interferência com o suprimento sanguíneo e melhorar o ambiente para a consolidação, já que a placa não precisa estar em contato com o osso (WAGNER, 2003; BOUDRIEAU, 2010b). Dentre esses, os fixadores internos bloqueados, tais como o fixador de contato de ponto (PC-Fix - Point Contact Fixator) e o sistema de estabilização menos invasiva (LISS – Less Invasive Stabilization System), constituem-se de montagens compostas por placa e parafusos, em que os parafusos são bloqueados na placa (PERREN, 2002; WAGNER, 2003; UHTHOFF et al., 2006). A partir dos mesmos surgiu a placa de compressão bloqueada (LCP – Locking Compression Plate), que foi projetada para possibilitar a inserção, em um mesmo orifício, tanto do parafuso convencional com o parafuso de cabeça bloqueada (WAGNER, 2003; SOMMER, 2006; MILLER & GOSWAMI, 2007; SZYPRYT & FORWARD, 2009) . Dependendo da fratura, a LCP 4 pode ser aplicada como placa compressiva, fixador interno bloqueado, ou como sistema de fixação interna combinando ambas as técnicas (WAGNER, 2003). Atualmente há várias versões de sistemas bloqueados com diversas finalidades (SCHÜTZ & SÜDKAMP, 2003; KUBIAK et al., 2006; BOUDRIEAU, 2010a; CRONIER et al., 2010). Neste sentido, o obj