RESSALVA Atendendo solicitação do(a) autor(a), o texto completo desta tese será disponibilizado somente a partir de 15/05/2027. SÃO VICENTE - SP 2025 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista Filogeografia e variação morfológica de Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum (Myrtaceae) Erick Willy Weissenberg Batista SÃO VICENTE - SP 2025 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS CÂMPUS DO LITORAL PAULISTA Filogeografia e variação morfológica de Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum (Myrtaceae) Candidato: ERICK WILLY WEISSENBERG BATISTA Orientador: GUSTAVO MARUYAMA MORI Co-orientadora: PATRÍCIA GLEYDES MORGANTE Tese apresentada ao Instituto de Biociências, Câmpus do Litoral Paulista, UNESP, para obtenção do título de Doutor no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade de Ambientes Costeiros. Agradecimentos Primeiramente, gostaria de agradecer ao Prof. Dr. Gustavo Maruyama Mori pela orientação, paciência e apoio dedicados ao longo desses anos. À Profª Dra. Patrícia Gleydes Morgante, cujo trabalho serviu de base e inspiração para este estudo, expresso minha profunda gratidão. Aos amigos do laboratório — Miguel, Gabriel, Henrique e Enzo —, meu muito obrigado por todo o auxílio nas coletas de campo, nas extrações de DNA e nas análises de dados. Devo muito a vocês! Agradeço também ao Prof. Dr. João Vicente Coffani-Nunes, pelo apoio nas atividades de campo em diversas ocasiões. Meu reconhecimento à equipe do Jardim Botânico de Brasília, em especial à Joelma Abadia M. de Paula, pelo suporte fundamental nas coletas realizadas no Planalto Central. À equipe da Universidade de Tohoku, no Japão, expresso minha sincera gratidão, especialmente ao Prof. Yoshihisa Suyama e a Daiki Takahashi, pela colaboração essencial na obtenção dos dados genéticos. Agradeço com muito amor à minha família, em especial aos meus pais, Felomena e Reginaldo, pelo apoio incondicional ao longo desta trajetória. Este trabalho de doutorado foi realizado, em partes, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001, além de um projeto bilateral CAPES – Japan Society for the Promotion of Science (CAPES 88881.461460/2019-01, JSPS JPJSBP120200102). Além disso, contamos com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, 2022/02804-9, 23/07788-4) para partes do desenvolvimento desta pesquisa. Também, ele só foi possível devido às autorizações para o desenvolvimento desta pesquisa, concedidas pelo Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen, ABC8846) e Registro de Coleta de material botânico, fúngico e microbiológico (69398-1). Resumo Pimenta pseudocaryophyllus Gomes Landrum (Myrtaceae) é uma espécie amplamente distribuída no Cerrado e na Mata Atlântica, atualmente reconhecida em três variedades: P. pseudocaryophyllus var. pseudocaryophyllus, P. pseudocaryophyllus var. fulvescens e P. pseudocaryophyllus var. hoehnei. No entanto, a identificação baseada exclusivamente em caracteres morfológicos apresenta limitações, em especial devido à sobreposição de caracteres vegetativos entre as variedades, o que levanta questionamentos quanto à sua circunscrição taxonômica. As dificuldades associadas à diferenciação morfológica, somadas à carência de estudos genéticos abrangentes, reforçam a necessidade de abordagens integrativas para a avaliação da validade das variedades descritas. O presente estudo teve como objetivo avaliar a consistência das variedades infraespecíficas de P. pseudocaryophyllus, utilizando uma abordagem integrativa que combina dados genéticos, obtidos a partir de sequências da região nuclear ITS (Internal Transcribed Spacer) e de marcadores de Polimorfismo de Nucleotídeo Único (SNPs), e dados morfométricos foliares, obtidos por medidas uni- e bidimensionais. As amostragens foram conduzidas em 26 localidades representativas dos biomas Cerrado e Mata Atlântica, abrangendo ampla distribuição ambiental e geográfica da espécie. Os resultados genéticos revelaram a formação de três clados principais, denominados Clado Seco, Clado Cataia e Clado Espera Feliz. Observamos que a P. pseudocaryophyllus var. hoehnei está associada majoritariamente ao Clado Cataia, composto por indivíduos provenientes de ambientes costeiros, como Floresta Ombrófila Densa e Restinga. Análises de SNPs corroboraram a separação genética entre a P. pseudocaryophyllus var. hoehnei e as demais variedades, indicando coesão genética interna consistente. Todavia, a análise morfométrica foliar revelou ampla sobreposição entre as variedades, sem evidências claras de segregação morfológica com base nos caracteres vegetativos avaliados por meio de uma perspectiva morfometria uni e bidimensional. Embora P. pseudocaryophyllus var. hoehnei apresente uma identidade genética relativamente distinta, os caracteres morfológicos tradicionalmente empregados na sua delimitação não são suficientes para assegurar sua consistência taxonômica. Assim, os resultados obtidos reforçam a necessidade de uma revisão taxonômica para P. pseudocaryophyllus, incorporando dados moleculares e fenotípicos em uma perspectiva integrativa. Considerando a vulnerabilidade de P. pseudocaryophyllus var. hoehnei e sua importância para práticas culturais e medicinais tradicionais, a continuidade da investigação taxonômica pode contribuir com tomada decisões que auxiliam na conservação. Palavras-Chave: Taxonomia Integrativa, Cataia, Gênero Pimenta Abstract Pimenta pseudocaryophyllus Gomes Landrum (Myrtaceae) is a species widely distributed across the Cerrado and Atlantic Forest biomes and is recognized in three infra-specific varieties: P. pseudocaryophyllus var. pseudocaryophyllus, P. pseudocaryophyllus var. fulvescens and P. pseudocaryophyllus var. hoehnei. However, identification based solely on morphological characters exhibits limitations particularly due to the overlap of vegetative traits among varieties which casts doubt on their taxonomic circumscription. The challenges associated with morphological differentiation, together with the paucity of comprehensive genetic studies, underscore the need for integrative approaches to evaluate the validity of the described varieties. The present study aimed to assess the consistency of the infra-specific varieties of P. pseudocaryophyllus by combining genetic data (Internal Transcribed Spacer, ITS, sequences and Single Nucleotide Polymorphisms, SNP, markers) with foliar morphometric uni- and two-dimensional measurements. Sampling encompassed 26 localities representative of the Cerrado and Atlantic Forest biomes, thus capturing the species’ environmental and geographic breadth. Genetic results revealed three principal clades termed the Dry Clade, Coastal Clade and Espera Feliz Clade with P. pseudocaryophyllus var. var. hoehnei predominantly associated with the Coastal Clade, whose members occupy coastal habitats such as Dense Ombrophilous Forest and Restinga. SNP analysis corroborated the genetic distinctiveness and internal cohesion of P. pseudocaryophyllus var. hoehnei relative to the other varieties. Nonetheless, foliar morphometrics demonstrated extensive overlap among all varieties, with no clear segregation based on the vegetative characters evaluated under either uni- or two-dimensional perspectives. Although P. pseudocaryophyllus var. hoehnei exhibits a distinct genetic identity, the traditional morphological characters used for its delimitation prove insufficient to guarantee robust taxonomic resolution. These findings thus reinforce the necessity of a comprehensive taxonomic revision of P. pseudocaryophyllus that integrates molecular and phenotypic data. Given the vulnerability of P. pseudocaryophyllus var. hoehnei and its cultural and medicinal importance for traditional communities, continued taxonomic investigation will be essential to inform effective conservation strategies. Keywords: Cataia, Integrative Taxonomy, Pimenta genus Sumário 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1 1.1 O caso de Pimenta pseudocaryophyllus ........................................................................ 5 2. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 9 2.1. Consulta herbários e planejamento de coletas ............................................................. 9 2.2. Análises genéticas ...................................................................................................... 12 2.2.1 Análises baseadas em ITS ........................................................................................ 12 2.2.2 Análise de SNPs ....................................................................................................... 13 2.2.3. Morfometria linear e bidimensional ........................................................................ 15 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 16 3.1 Relações filogenéticas ................................................................................................. 16 3.2 História demográfica ................................................................................................... 20 3.3 Diversidade e estrutura genética de populações ......................................................... 21 3.4 Morfometria foliar ...................................................................................................... 26 3.5 Integração de abordagens ............................................................................................ 29 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 31 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 32 1 1. INTRODUÇÃO Espécies são unidades fundamentais de análise na Biologia, e permitem que pesquisadores, gestores e tomadores de decisão se refiram à mesma entidade biológica, facilitando a comparação entre organismos e possibilitando estudos diversos e aplicações (CARSTENS et al., 2013; JACKSON et al., 2016). O uso dessas unidades, entretanto, se estende muito além da ciência básica, alcançando as práticas do manejo e gestão de invasões biológicas (MCGEOCH et al., 2006) da agricultura e pecuária (BRASIL, 2003, 2020) e da conservação da biodiversidade (GARNETT; CHRISTIDIS, 2017; THOMSON et al., 2018), para uma breve lista. No entanto, esse tema levanta discussões desde uma das primeiras definições de espécie amplamente consolidada. Os trabalhos de Aristóteles tiveram grande influência, especialmente na compreensão da natureza, consolidando a abordagem essencialista das espécies, concepção que foi dominante até o século XIX (NORMAN, 2021; SUTCLIFFE, 2011). No século XVIII, Carl Linnaeus desenvolveu um sistema de classificação que se fundamentava em características fenotípicas e reprodutivas dos organismos (LINNAEUS, 1735), representando um avanço significativo no entendimento taxonômico. Este sistema criou uma organização hierárquica entre os seres vivos e promoveu a nomenclatura binomial como unidade básica nominativa, sendo reconhecida como sistema natural. O nome científico foi padronizado como composto por gênero e epíteto específico e utilizado para identificar de maneira única cada grupo de organismos. No sistema linnaeano, a descrição das características ou conjuntos de características que distinguem uma entidade biológica das demais era fundamental e admitia a existência de características compartilhadas que permitiam o agrupamento dessas entidades em níveis taxonômicos superiores, como gêneros e famílias (LINNAEUS,1753). Contudo, a abordagem de Linnaeus se dava ainda por uma perspectiva metafísica, defendendo que as espécies eram criações imutáveis (WHATLEY, 2019) não reconhecendo uma relação genealógica entre as espécies. Apesar da proposta de um sistema supostamente natural para a delimitação de espécies baseado em características morfológicas, a definição das características que seriam suficientemente distintas para classificar um organismo como uma nova espécie dependiam da percepção individual de cada pesquisador ou grupo de pesquisadores, o que tornava o processo arbitrário. Com a publicação da teoria da evolução por seleção natural de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, no século XIX, espécies são apresentadas não como entidades fixas, 2 mas sim resultados de um processo evolutivo contínuo e dinâmico (DE QUEIROZ, 2007; ENDERSBY, 2009; SCHLICK-STEINER et al., 2010). Entretanto, as publicações de ambos os pesquisadores não forneceram um conceito de espécie. Por exemplo, no Capítulo 2 - Variation Under Nature - de A Origem das Espécies, torna-se evidente a ausência de um consenso sobre o conceito de espécie, uma vez que nenhuma definição clara é apresentada. Essa indefinição fica explícita na afirmação: “No one definition has satisfied all naturalists; yet every naturalist knows vaguely what he means when he speaks of a species” (DARWIN, 1859). De todas as formas, ambos autores enfatizam a natureza fluida e em constante transformação das espécies, tendo abordado prioritariamente mecanismos de especiação e propondo uma origem comum entre todas as entidades biológicas, entretanto, as concepções sobre a descrição e classificação das espécies permaneceram inalteradas (ENDERSBY, 2009). Buscou-se, nesse período, readequar em termos nomenclaturais a organização hierárquica, antes baseada em pressupostos metafísicos, para que refletisse as relações genealógicas entre os organismos (DE QUEIROZ, 1996, DE QUEIROZ 2007). Desde então, diferentes escolas da Sistemática, ao longo de distintos períodos históricos, responderam de maneiras variadas à teoria da evolução. A escola fenética não negava a evolução, mas considerava que ela era inaplicável à taxonomia, defendendo o uso de métodos baseados na similaridade fenotípica para o agrupamento (SOKAL, 1986). Já a escola gradista buscava organizar os grupos levando em conta a evolução (ROSEN, 1974), embora apresentasse limitações metodológicas, como a adoção de critérios subjetivos para classificar mudanças evolutivas como 'significativas' ou 'menores o que pode ser considerado arbitrário, resultando em uma abordagem que tem comprometia a reprodutibilidade e a objetividade dos resultados. Contudo, houve uma consolidação e manutenção na literatura científica da escola Filogenética, que buscava organizar os seres vivos por parentesco evolutivo por meio da Cladística (WILLIAMS; EBACH, 2020). A Cladística obtém uma representação que organiza as entidades biológicas em grupos denominados clados que incluem um ancestral comum e todos os seus descendentes sem exceção, e exclui organismos não descendentes deste ancestral. (RIEPPEL, 2011). Tem-se como pressuposto o reconhecimento de apomorfias, que são características derivadas, adquiridas por um ancestral comum e transmitidas para seus descendentes, para estabelecer as relações evolutivas entre os grupos (WILLIAMS; EBACH, 2020). A análise dessas características compartilhadas e derivadas permite representação em cladogramas, que ilustram a evolução e a ancestralidade dos organismos, e que podem ser utilizados para 3 classificação dos organismos. Contudo, o autor da primeira publicação que trata desse tema, Willi Hennig, esclareceu explicitamente que, na determinação das homologias, o que são características que são derivadas e um ancestral em comum, e, portanto, na construção de cladrogramas ou árvores filogenéticas, hipóteses são postuladas, as quais podem ser testáveis e, porventura, expandidas, por evidências (HENNING, 1966). Com o desenvolvimento da Genética, da proposição da Síntese Evolutiva Moderna (HUXLEY, 1942) e desenvolvimento da Biologia Molecular com posterior disponibilidade de novas estratégias metodológicas, rapidamente dados genéticos tornaram-se instrumentos amplamente utilizados para taxonomia, inclusive para a definição dos limites das espécies, particularmente em casos nos quais as diferenças morfológicas são mínimas ou não perceptíveis por meio de abordagens morfológicas ou, de modo mais geral, fenotípicas (CARSTENS et al., 2013; DEPEW; WEBER, 2011). No entanto, com o avanço da compreensão dos mecanismos de especiação, novos desafios se estabeleceram, como a identificação dos importantes papéis desempenhados por fluxo gênico, hibridização interespecífica e barreiras reprodutivas, processos evolutivos que aumentam a complexidade da compreensão do que é espécie (DE QUEIROZ, 2007). Outra fonte de complexidade na delimitação de espécies são as chamadas espécies crípticas, que são entendidas como grupos biologicamente distintos que apresentam grande semelhança no fenótipo externo, dificultando sua distinção visual. Apesar dessa semelhança morfológica, essas espécies podem ser identificadas por meio de diferenças genéticas, comportamentais, ecológicas ou reprodutivas (FIŠER et al., 2018; HEBERT et al., 2004). Portanto, o uso de somente uma fonte de informação, por exemplo, dados morfológicos ou moleculares, pode não prover a robustez de inferência para a delimitação consistente de espécies de modo que seja possível reconstruir as relações de parentesco evolutivo entre entidades biológicas (DE QUEIROZ, 2007; RIEPPEL, 2011; SCHLICK-STEINER et al., 2010). Idealmente, uma espécie deve representar um conjunto de populações com ancestralidade comum e ser passível de identificação por meio de uma ou mais abordagens de delimitação (ARAÚJO & TOWNSED, 2012; CARSTENS et al., 2013; SCHLICK-STEINER et al., 2010; VISCOSI; CARDINI, 2012). Apesar desta concordância parcial, frequentemente há ampla discordância sobre os melhores critérios para reconhecê-las (CARSTENS et al., 2013; DE QUEIROZ, 2007; FIŠER et al., 2018). 4 Em um esforço epistemológico, De Queiroz (2007) propôs um conceito unificado de espécie com uma abordagem mais flexível, argumentando que características como morfologia, monofilia e isolamento reprodutivo são evidências secundárias que se acumulam ao longo do processo de divergência entre linhagens de metapopulações evolutivamente independentes. Essa proposta permite a distinção entre delimitação de espécies e conceito de espécies. Embora essa proposta não resolva o problema conceitual de espécie entre áreas e pesquisadores, ela reflete a percepção que vem se consolidando dentro de um paradigma evolutivo contemporâneo (ARAÚJO, B. MIGUEL.; TOWNSED, 2012; SCHLICK-STEINER et al., 2010). Uma vez que esse conceito unificado, e outros conceitos, presumem independência evolutiva, dados genéticos são amplamente utilizados para delimitar espécies. Existem distintas abordagens metodológicas utilizadas para delimitar espécies, cada uma refletindo ferramentas analíticas e pressupostos teóricos distintos (CARSTENS et al., 2013). Entretanto, dados genéticos sozinhos, também podem ser insuficientes para delimitação de espécies, de modo que uma abordagem integrativa, que combina dados genéticos e não-genéticos, pode ser utilizada sob um paradigma de Taxonomia Integrativa (FUJITA et al. , 2012; KARBSTEIN et al., 2024; SCHLICK-STEINER et al., 2010; YEATES et al., 2011). Essa abordagem é especialmente relevante quando são realizadas análises independentes, mas complementares, pois se torna possível testar e validar (ou refutar) as hipóteses de espécies por distintos métodos. E, no caso de não ser possível refutar uma espécie, existe o processo de nomear essa unidade biológica a partir de códigos internacionais de nomenclatura, os quais são influenciados pelos princípios da abordagem linneana (CANTINO et al., 1999). O nome atribuído à espécie não deve, idealmente, ser apenas uma convenção, mas também um reflexo da compreensão científica da entidade biológica. Esses princípios também se aplicam a categorias taxonômicas inferiores à espécie, nas quais a definição e aceitação dos nomes seguem critérios semelhantes. De forma similar ao nível de espécie, existem perspectivas conflitantes sobre a validade e necessidade de se utilizar esse nível nomenclatural, como subespécies, raças e variedades. Perspectivas recentes, por exemplo, vão desde a defesa de que o uso de níveis infraespecíficos não é razoável do ponto de vista epistemológico nem empírico (BURBRINK et al., 2022) até a recomendação do seu uso para reconhecer o processo evolutivo em diferentes escalas (DUFRESNES et al., 2023). Independentemente, tanto o Código de Nomenclatura Zoológica (INTERNATIONAL COMMISSION ON ZOOLOGICAL NOMENCLATURE, 1999) quanto o Código 5 Internacional de Nomenclatura de Plantas, Fungos e Algas (TURLAND et al., 2018) aceitam e regulam o uso de nomes em níveis intraespecíficos. Nesse contexto, a adoção de abordagens integrativas permite testar a consistência dos limites tanto entre espécies quanto entre níveis intraespecíficos como subespécies e variedades. 1.1 O caso de Pimenta pseudocaryophyllus Famílias botânicas como Myrtaceae, reconhecidas por sua alta riqueza de espécies (DE SOUZA NETO et al., 2022; THORNHILL et al., 2015) e por enfrentarem diversos desafios taxonômicos internos (VASCONCELOS et al., 2017), podem se beneficiar de abordagens integrativas, levando em consideração aspectos genéticos, morfológicos e ecológicos (DE SOUZA NETO et al., 2022). Na região neotropical, uma das regiões com maior diversidade do planeta (ANTONELLI, 2022; RULL, 2011), a tribo Myrteae é a mais diversa da família, com 51 gêneros e aproximadamente 2500 espécies (DE SOUZA NETO et al., 2022; LUCAS et al., 2019). Embora seja uma linhagem monofilética consistente, há subtribos como Pimentinae, a qual era anteriormente denominada ‘Pimentoideae’, que são particularmente de difícil resolução (VASCONCELOS et al., 2017). Esta subtribo é composta de subarbustos, arbustos e árvores de até 30m que são distribuídas das Grandes Antilhas até o Uruguai e sul do Chile. Nela, estão incluídos os gêneros Acca O. Berg, Campomanesia Ruiz. & Pav., Curitiba Salywon & Landrum, Feijoa O. Berg, Legrandia Kausel, Mosiera Small, Myrrhinium Schott, Psidium L. e Pimenta Lindl. Esses gêneros formam um grupo consistente quando uma diversa gama de metodologias e abordagens são utilizadas, exceto Pimenta. Com base em marcadores nucleares há evidências de que o gênero seja polifilético (VASCONCELOS et al., 2017) mesmo quando um conjunto de 353 marcadores nucleares de poucas cópias no genoma e que codificam proteínas (JOHNSON et al., 2019) a inconsistência do gênero foi observada (MAURIN et al., 2021). Entretanto, quando marcadores cloroplastidiais também são considerados, observa-se que espécies do gênero Pimenta são monofiléticas (STAGGEMEIER et al., 2024). Essa divergência nas filogenias inferidas ocorre devido à monofilia (ou polifilia) de Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum em relação às demais espécies do gênero Pimenta (HOLLINGSWORTH et al., 2009; LUCAS et al., 2007, 2019; STAGGEMEIER et al., 2024; VASCONCELOS et al., 2017). 6 Pimenta pseudocaryophyllus é a única espécie reconhecida do gênero Pimenta, que é predominantemente distribuída na América Central e no Caribe (LANDRUM, 1986), a ser encontrada na América do Sul, mais especificamente no Brasil, onde apresenta ampla distribuição geográfica, sendo encontrada majoritariamente no Cerrado e Mata Atlântica (LANDRUM, 1986; MORGANTE, et al., 2010). Essa espécie é composta por árvores ou arbustos com 1-10 metros de altura, pétalas e sépalas tetrâmeras; ovário biloculares contendo de três a seis óvulos por lóculo, testa da semente rígida, tendo como diagnose o embrião espiralizado e intumescido com testa de semente rígida, sendo este, o único táxon de Myrtaceae com essa combinação (PAULA et al., 2010). A espécie encontra-se subdividida em três variedades: P. pseudocaryophyllus var. pseudocaryophyllus, P. pseudocaryophyllus var. fulvescens e P. pseudocaryophyllus var. hoehnei (LANDRUM, 1986). Os critérios utilizados por Landrum (1986) para a identificação das variedades de P. pseudocaryophyllus envolvem diversas características vegetativas, como o formato e os tricomas das folhas, bem como a estrutura da inflorescência. A variedade P. pseudocaryophyllus var. hoehnei, por exemplo, é distinguida por inflorescências do tipo dicásio, geralmente com até três flores, e folhas de formato ovado ou elíptico-oblanceolado, com a face abaxial glabra e o ápice amplamente redondo ou obtuso. Já a variedade P. pseudocaryophyllus var. fulvescens se destaca por folhas de coloração marrom-avermelhada ou marrom-amarelada, com a face abaxial tomentosa. Suas folhas possuem formato oval a amplamente elíptico, com largura variando entre 3,7 e 7,3 cm, e nervuras laterais de 8 a 14 pares. Além disso, a inflorescência é tipicamente do tipo dicásio ou panícula, com sete ou mais flores. Por outro lado, P. pseudocaryophyllus var. pseudocaryophyllus é caracterizada por folhas seríceas e prateadas na face abaxial, com formato estreitamente elíptico e nervuras laterais mais numerosas, variando de 10 a 20 pares, e largura de 1,4 a 3,6 cm. As inflorescências também são do tipo dicásio ou panícula, geralmente com sete ou mais flores, e as folhas possuem tricomas densos na face abaxial, com o ápice frequentemente agudo ou acuminado (LANDRUM, 1986). Apesar dessas diferenças, nota-se uma sobreposição entre P. pseudocaryophyllus var. pseudocaryophyllus e P. pseudocaryophyllus var. fulvescens. Ambas as variedades compartilham o tipo de inflorescência dicásio ou panícula com sete ou mais flores, o que sugere uma semelhança na estrutura reprodutiva. Além disso, embora as folhas de P. pseudocaryophyllus var. fulvescens sejam mais largas e com nervuras laterais menos numerosas, ambas as variedades exibem folhas com nervuras bem definidas e um formato 7 geral elíptico. A principal diferença se dá pela coloração das folhas e pela textura da face abaxial, que é tomentosa em P. pseudocaryophyllus var. fulvescens e serícea em P. pseudocaryophyllus (LANDRUM, 1986). Adicionalmente, um fator relevante que dificulta a identificação de P. pseudocaryophyllus em nível infraespecífico é a escassez de indivíduos em estágio reprodutivo durante as expedições de campo (observação pessoal), o que torna as características vegetativas essenciais para a identificação. Caracteres morfológicos das folhas, como forma, coloração e presença de tricomas, têm sido propostos como distintivos. No entanto, a morfologia foliar da espécie apresenta variação considerável tanto entre indivíduos (Figura 1) quanto dentro de um mesmo indivíduo (Figura 2), o que levanta questionamentos quanto à sua delimitação taxonômica (MORGANTE, et al. , 2010). Figura 1. Variação morfológica da lâmina foliar entre indivíduos de Pimenta pseudocaryophyllus da localidade de Cananéia – SP. 8 Figura 2. Variação morfológica da lâmina foliar de um único ramo de um indivíduo de Pimenta pseudocaryophyllus oriundo de Cananéia – SP. As variações morfológicas observadas tanto em campo quanto em herbários reforçam a sobreposição nas características vegetativas atribuídas às variedades. Essa diversidade morfológica não se limita a diferenças entre populações, sendo também observada dentro de ramos de uma mesma planta. Dessa forma, a aplicação da Taxonomia Integrativa, especialmente combinando dados genéticos e morfológicos, seria relevante para aprofundar as discussões sobre a delimitação de níveis infraespecíficos e da própria espécie. Pimenta pseudocaryophyllus não é apenas um grupo interessante cientificamente, mas, como outras espécies do gênero, apresenta importância etnocultural. Tratada popularmente por “Cataia”, na região sul do Estado de São Paulo e na região do Vale do Ribeira onde, as folhas da planta são usadas pelas populações locais como saborizantes de aguardente, além de serem relatadas como detentoras de propriedades medicinais, que podem estar relacionadas aos óleos essenciais (CUSTÓDIO et al., 2010; MORGANTE et al., 2010; PAULA et al., 2010). Dentre as propriedades medicinais, os 9 moradores elencam a ação diurética, prevenção de gripes, resfriados e fadiga, ação descongestionante (usadas em inalações) e alívio de dores musculares (usadas em solução alcoólica para massagens). A planta é obtida pelo extrativismo potencialmente predatório e, apesar de seu uso para consumo humano, existe pouco conhecimento científico (MORGANTE, et. al., 2010). Alguns estudos iniciais têm sugerido um potencial farmacológico para a espécie, sendo que seus óleos essenciais podem ser os responsáveis por este potencial (DE PAULA et al. CUSTÓDIO et. al. 2010). Todavia, sua exploração cultural é feita basicamente utilizando P. pseudocaryophyllus var. hoehnei a qual se encontra como vulnerável de acordo com IUCN (IUCN, 2019), o que evidencia a relevância da consistência da classificação taxonômica atual. Entretanto, estudos que tenham como foco a espécie permanecem raros. O objetivo deste estudo é avaliar a consistência das variedades por meio de abordagens morfométricas e genéticas, aplicadas de forma independente, mas complementar. Além disso, buscamos fornecer subsídios para estudos futuros que visem a delimitação taxonômica da espécie de maneira mais precisa e robusta. Espera-se que, ao se alcançar esse objetivo, seja possível dar suporte baseado em evidências sólidas para medidas de conservação e manejo eficientes da espécie. 32 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nosso trabalho compreende, pelo nosso melhor conhecimento, o mais extenso estudo que avaliou a variação não apenas morfológica, mas também genética de Pimenta pseudocaryophyllus, as análises realizadas reforçam a complexidade de classificação tanto no nível de espécie como no nível infraespecífico. Observamos que, embora P. pseudocaryophyllus var. hoehnei seja geneticamente divergente das outras duas, ela é morfometricamente indistinguível das demais variedades. Estas, P. pseudocaryophyllus var. fulvescens e P. pseudocaryophyllus var. pseudocaryophyllus tão pouco parecem se sustentar quando consideramos os dados genéticos e de morfometria das folhas. O desdobramento deste estudo permitirá uma discussão taxonômica mais aprofundada sobre P. pseudocaryophyllus, abrindo caminho para uma melhor compreensão sobre sua delimitação. Embora mais análises sejam necessárias e, idealmente, uma amostragem ainda mais ampla seja desejável, os resultados indicam que P. pseudocaryophyllus var. hoehnei pode representar uma linhagem evolutiva independente, o que justificaria seu reconhecimento como um táxon. Esse reconhecimento seria relevante, especialmente considerando o declínio populacional da variedade, atualmente classificada como vulnerável pela IUCN. Além disso, a robusta identificação do status de espécie possibilitaria tomar medidas de conservação e manejo mais efetivas, bem como uma possível inclusão em programas restritos a espécies. Finalizamos reiterando que espécie possui um valor cultural importante, estando intimamente associada às populações tradicionais caiçaras, o que torna um programa de conservação ainda mais pertinente e adequado para a preservação tanto da biodiversidade quanto do patrimônio cultural local. 33 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXANDER, David H.; NOVEMBRE, John; LANGE, Kenneth. Fast model-based estimation of ancestry in unrelated individuals. Genome Research, v. 19, n. 9, p. 1655–1664, 2009. ALEXANDER, David H; LANGE, Kenneth. Enhancements to the ADMIXTURE algorithm for individual ancestry estimation. BMC Bioinformatics, v. 12, n. 1, p. 246, 18 Dez 2011. Disponível em: . ANTONELLI, Alexandre. INVITED REVIEW The rise and fall of Neotropical biodiversity. Botanical Journal of the Linnean Society. [S.l: s.n.], 2022. Disponível em: . ARAÚJO, B. Miguel.; TOWNSED, Peterson. CONCEPTS & SYNTHESIS. Ecological Society of America Uses, v. 93, n. 7, p. 1527–1539, 2012. 34 BOLGER, Anthony M.; LOHSE, Marc; USADEL, Bjoern. Trimmomatic: a flexible trimmer for Illumina sequence data. Bioinformatics, v. 30, n. 15, p. 2114–2120, 1 Ago 2014. BRASIL. DECRETO No 10.586, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2020. , 2020. Disponível em: . BRASIL. Lei no10.777 de 05 de agosto 2003. , 2003. Disponível em: . BURBRINK, Frank T. e colab. Empirical and philosophical problems with the subspecies rank. Ecology and Evolution, v. 12, n. 7, 10 Jul 2022. Disponível em: . CANTINO, D. Philip e colab. Species Names in Phylogenetic Nomenclature. Systematic Biology, v. 48, n. 4, p. 790–807, 1 Out 1999. Disponível em: . CAROLUS LINNAEUS. SYSTEMA NATURAE. Holmia: [s.n.], 1735. Disponível em: . CARSTENS, Bryan C. e colab. How to fail at species delimitation. Molecular Ecology, v. 22, n. 17, p. 4369–4383, 2013a. CUSTÓDIO, Dayana Lacerda e colab. Antimicrobial activity of essential oils from Pimenta pseudocaryophyllus and Tynanthus micranthus. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 53, n. 6, p. 1363–1369, Dez 2010. DARWIN, Charles. Origin of Species. 1. ed. Downe: [s.n.], 1859. Disponível em: . DE PAULA, J. A.M. e colab. Chemical Differences in the Essential Oil of Pimenta http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/d10586.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.711.htm http://academic.oup.com/sysbio/article/48/4/790/1627561 http://www.kth.se/polopoly_fs/1.199546.1600688273!/Menu/general/column- http://www.vliz.be/docs/Zeecijfers/Origin_of_Species.pdf 35 pseudocaryophyllus (Gomes) L. R. Landrum Leaves from Brazil. Journal of Essential Oil Research, v. 22, n. 6, p. 555–557, Nov 2010. DE QUEIROZ, Kevin. Species Concepts and Species Delimitation. Systematic Biology, v. 56, n. 6, p. 879–886, Dez 2007. DE QUEIROZ, Kevin. The Linnaean Hierarchy and the Evolutionization of Taxonomy, with Emphasis on the Problem of Nomenclature. Aliso, v. 15, n. 2, p. 125–144, 1996. Disponível em: . DE SOUZA NETO, José Dias e colab. Advances and perspectives on the evolutionary history and diversification of Neotropical Myrteae (Myrtaceae). Botanical Journal of the Linnean Society, v. 199, n. 1, p. 173–195, 13 Abr 2022. Disponível em: . DEPEW, David J.; WEBER, Bruce H. The Fate of Darwinism: Evolution After the Modern Synthesis. Biological Theory, v. 6, n. 1, p. 89–102, 8 Dez 2011. Disponível em: . DUFRESNES, Christophe; POYARKOV, Nikolay; JABLONSKI, Daniel. Acknowledging more biodiversity without more species. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 120, n. 40, 3 Out 2023. Disponível em: . ENDERSBY, Jim. Lumpers and Splitters: Darwin, Hooker, and the Search for Order. Science, v. 326, n. 5959, p. 1496–1499, 11 Dez 2009. Disponível em: . FIŠER, Cene; ROBINSON, Christopher T.; MALARD, Florian. Cryptic species as a window into the paradigm shift of the species concept. Molecular Ecology, v. 27, n. 3, p. 613–635, 16 Fev 2018. Disponível em: . http://scholarship.claremont.edu/aliso/vol15/iss2/7/ http://link.springer.com/10.1007/s13752-011-0007-1 http://www.science.org/doi/10.1126/science.1165915 36 FRITZ, Michael André; ROSA, Stefanie; SICARD, Adrien. Mechanisms Underlying the Environmentally Induced Plasticity of Leaf Morphology. Frontiers in Genetics, v. 9, 24 Out 2018. FUJITA, Matthew K. e colab. Coalescent-based species delimitation in an integrative taxonomy. Trends in Ecology & Evolution, v. 27, n. 9, p. 480–488, Set 2012. Disponível em: . GARDNER, Andrew G. e colab. Characterizing Floral Symmetry in the Core Goodeniaceae with Geometric Morphometrics. PLOS ONE, v. 11, n. 5, p. e0154736, 5 Mai 2016. GARNETT, Stephen T.; CHRISTIDIS, Les. Taxonomy anarchy hampers conservation. Nature, v. 546, n. 7656, p. 25–27, 1 Jun 2017. Disponível em: . GRÜNWALD, Niklaus J. e colab. Analysis of Genotypic Diversity Data for Populations of Microorganisms. Phytopathology®, v. 93, n. 6, p. 738–746, Jun 2003. Disponível em: . HEBERT, Paul D. N. e colab. Ten species in one: DNA barcoding reveals cryptic species in the neotropical skipper butterfly Astraptes fulgerator. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 101, n. 41, p. 14812–14817, 12 Out 2004. HELLER, Rasmus; CHIKHI, Lounes; SIEGISMUND, Hans Redlef. The Confounding Effect of Population Structure on Bayesian Skyline Plot Inferences of Demographic History. PLoS ONE, v. 8, n. 5, p. e62992, 7 Mai 2013. HENNING, Emil Hans Willi. Phylogenetic Systematics. [S.l: s.n.], 1966. Disponível em: . HOLLINGSWORTH, Peter M. e colab. A DNA barcode for land plants. Proceedings of the http://www.nature.com/articles/546025a 37 National Academy of Sciences, v. 106, n. 31, p. 12794–12797, 4 Ago 2009. Disponível em: . HUXLEY, Julian. Evolution The Modern Synthesis. [S.l: s.n.], 1942. Disponível em: . INTERNATIONAL COMMISSION ON ZOOLOGICAL NOMENCLATURE. INTERNATIONAL CODE OF ZOOLOGICAL NOMENCLATURE. Disponível em: . Acesso em: 7 mar 2025. IUCN. Red List. Disponível em: . JACKSON, Nathan D. e colab. Species Delimitation with Gene Flow. Systematic Biology, p. syw117, 20 Dez 2016. JARAMILLO, Carlos. The evolution of extant South American tropical biomes. New Phytologist, v. 239, n. 2, p. 477–493, 27 Jul 2023. JOHNSON, Matthew G e colab. A Universal Probe Set for Targeted Sequencing of 353 Nuclear Genes from Any Flowering Plant Designed Using k-Medoids Clustering. Systematic Biology, v. 68, n. 4, p. 594–606, 1 Jul 2019. Disponível em: . JOMBART, Thibaut; AHMED, Ismaïl. adegenet 1.3-1 : new tools for the analysis of genome- wide SNP data. Bioinformatics, v. 27, n. 21, p. 3070–3071, 1 Nov 2011. Disponível em: . KAMVAR, Zhian N.; BROOKS, Jonah C.; GRÜNWALD, Niklaus J. Novel R tools for analysis of genome-wide population genetic data with emphasis on clonality. Frontiers in Genetics, v. 6, n. JUN, p. 1–10, 2015. KARBSTEIN, Kevin e colab. Species delimitation 4.0: integrative taxonomy meets artificial http://www.iczn.org/the-code/the-code-online http://www.iucnredlist.org/species/35753/9956342 38 intelligence. Trends in Ecology & Evolution, v. 39, n. 8, p. 771–784, Ago 2024. Disponível em: . KATSUYUKI EGUCHI, EMIKO OGURI, TAKANORI SASAKI, AYUMI MATSUO, Dai Dac Nguyen; WEEYAWAT JAITRONG, BAKHTIAR EFFENDI YAHYA, ZHILIN CHEN, RIJAL SATRIA, Wendy Yanling Wang; SUYAMA, & Yoshihisa. Revisiting museum collections in the genomic era: potential of MIG-seq for retrieving phylogenetic information from aged minute dry specimens of ants (Hymenoptera: Formicidae) and other small organisms. Myrmecological News, v. 30, p. 151–159, 2020. KLINGENBERG, C. P. e colab. Developmental plasticity, morphological variation and evolvability: a multilevel analysis of morphometric integration in the shape of compound leaves. Journal of Evolutionary Biology, v. 25, n. 1, p. 115–129, 9 Jan 2012. KOPELMAN, Naama M. e colab. Clumpak : a program for identifying clustering modes and packaging population structure inferences across K. Molecular Ecology Resources, v. 15, n. 5, p. 1179–1191, 27 Set 2015. Disponível em: . LANDRUM, Leslie R. Campomanesia, Pimenta, Blepharocalyx, Legrandia, Acca, Myrrhinium, and Luma (Myrtaceae). Organization of Flora Neotropica. New York: New York Botanical Garden Press, 1986. p. 1–178. LEDRU, Marie-Pierre e colab. The last 50,000 years in the Neotropics (Southern Brazil): evolution of vegetation and climate. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v. 123, n. 1–4, p. 239–257, Jul 1996. LEIGH, Jessica W.; BRYANT, David. POPART: Full-feature software for haplotype network construction. Methods in Ecology and Evolution, v. 6, n. 9, p. 1110–1116, 1 Set 2015. 39 LUCAS, Eve J. e colab. A New Subtribal Classification of Tribe Myrteae (Myrtaceae). Systematic Botany, v. 44, n. 3, p. 560–569, 6 Ago 2019. LUCAS, Eve J. e colab. Suprageneric phylogenetics of Myrteae, the generically richest tribe in Myrtaceae (Myrtales). Taxon, v. 56, n. 4, p. 1105–1128, 2007. MAURIN, Olivier e colab. A nuclear phylogenomic study of the angiosperm order Myrtales, exploring the potential and limitations of the universal Angiosperms353 probe set. American Journal of Botany, v. 108, n. 7, p. 1087–1111, 23 Jul 2021. Disponível em: . MCGEOCH, MELODIE A.; CHOWN, STEVEN L.; KALWIJ, JESSE M. A Global Indicator for Biological Invasion. Conservation Biology, v. 20, n. 6, p. 1635–1646, 13 Dez 2006. Disponível em: . MIZUTANI, Miya; KANAOKA, Masahiro M. Environmental sensing and morphological plasticity in plants. Seminars in Cell & Developmental Biology, v. 83, p. 69–77, Nov 2018. MORGANTE, Patricia Gleydes. Establishment of Simple and Efficient Methods for Plant Material Harvesting and Storage to Allow DNA Extraction from a Myrtaceae Species with Medicinal Potential. International Journal of Genomic Medicine, v. 1, n. 1, p. 1–5, 2013. MORGANTE, Patrícia Gleydes e colab. Cataia: Muito consumida, pouco conhecida. In: SILVA, R. B.; MING, L. C. (Org.). Relatos de Pesquisas e Outras Experiências Vividas no Vale do Ribeira. 1. ed. Jaboticabal, Brasil: Polo de Biotecnologia da Mata Atlântica, 2010. p. 313. MORRONE, Juan J. América do Sul e geografia da vida: comparação de algumas propostas de regionalização. Biogeografia da América do Sul, p. 14–40, 2010. 40 MUSSMANN, Steven M e colab. AdmixPipe v3: facilitating population structure delimitation from SNP data. Bioinformatics Advances, v. 3, n. 1, 5 Jan 2023. Disponível em: . NAIMI, Babak e colab. Where is positional uncertainty a problem for species distribution modelling? Ecography, v. 37, n. 2, p. 191–203, 4 Fev 2014. Disponível em: . NAPIER, Joseph D; HECKMAN, Robert W; JUENGER, Thomas E. Gene-by-environment interactions in plants: Molecular mechanisms, environmental drivers, and adaptive plasticity. The Plant Cell, v. 35, n. 1, p. 109–124, 2 Jan 2023. NORMAN, Nurul Ain. Ibn Sina’s Theory of the Soul: A Taxonomy of Islamic Education. ICR Journal, v. 12, n. 2, p. 275–289, 31 Dez 2021. Disponível em: . OLIVOTO, Tiago. Lights, camera, pliman! An R package for plant image analysis. Methods in Ecology and Evolution, v. 13, n. 4, p. 789–798, 1 Abr 2022. PAULA, J.A.M e colab. Gênero Pimenta: aspectos botânicos, composição química e potencial farmacológico. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 3, p. 363–379, Set 2010. PAYO, Dioli Ann e colab. Extensive cryptic species diversity and fine-scale endemism in the marine red alga Portieria in the Philippines. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 280, n. 1753, p. 20122660, 22 Fev 2013. RIEPPEL, Olivier. Willi Hennig’s dichotomization of nature. Cladistics, v. 27, n. 1, p. 103– 112, Fev 2011. Disponível em: . ROSEN, Donn Eric. Cladism or Gradism?: A Reply to Ernst Mayr. Systematic Zoology, v. 23, http://www.jstor.org/stable/23331855 41 p. 446–451, 1974. Disponível em: . ROSSETTI, Dilce F. e colab. Unfolding long‐term Late Pleistocene–Holocene disturbances of forest communities in the southwestern Amazonian lowlands. Ecosphere, v. 9, n. 10, 17 Out 2018. RULL, Valetín. Origin of Biodiversity. Sciense , v. 331, p. 398–399, 28 Jan 2011. Disponível em: . SANTOS, Paulo Sérgio Neves Dos e colab. Functional traits in Myrteae species: the role of habitat heterogeneity and genus in humid and seasonal tropical environments. Australian Journal of Botany, v. 71, n. 1, p. 43–53, 22 Fev 2023. SCHLICK-STEINER, Birgit C. e colab. Integrative Taxonomy: A Multisource Approach to Exploring Biodiversity. Annual Review of Entomology, v. 55, n. 1, p. 421–438, 2010. SHANNON, By C. E. A Mathematical Theory of Communication. The Bell System Technical Journal, v. 27, p. 379–423, 1948. Disponível em: . SIMPSON, E. H. Measurement of Diversity. Nature, v. 163, n. 4148, p. 688–688, 30 Abr 1949. Disponível em: . SOKAL, Robert R. Phenetic Taxonomy: Theory and Methods. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 17, p. 423–442, 1986. Disponível em: . STAGGEMEIER, Vanessa G. e colab. Towards a species‐level phylogeny for Neotropical Myrtaceae: Notes on topology and resources for future studies. American Journal of Botany, v. 111, n. 5, 10 Mai 2024. Disponível em: . http://www.jstor.org/stable/2412550 http://www.sciencemag.org/ http://www.nature.com/articles/163688a0 http://www.jstor.org/stable/2097003 42 SULTAN, S. E. Evolutionary Implications of Phenotypic Plasticity in Plants. Evolutionary Biology. Boston, MA: Springer US, 1987. p. 127–178. SUTCLIFFE, J. P. Concept, class, and category in the tradition of Aristotle. Realism and Psychology. [S.l.]: BRILL, 2011. p. 422–499. Disponível em: . SUYAMA, Yoshihisa e colab. Complementary combination of multiplex high‐throughput DNA sequencing for molecular phylogeny. Ecological Research, v. 37, n. 1, p. 171–181, 7 Jan 2022. SUYAMA, Yoshihisa; MATSUKI, Yu. MIG-seq: an effective PCR-based method for genome-wide single-nucleotide polymorphism genotyping using the next-generation sequencing platform. Scientific Reports, v. 5, n. October, p. 16963, 2015. TANABE, Akifumi S.; TOJU, Hirokazu. Two New Computational Methods for Universal DNA Barcoding: A Benchmark Using Barcode Sequences of Bacteria, Archaea, Animals, Fungi, and Land Plants. PLoS ONE, v. 8, n. 10, p. e76910, 18 Out 2013. THOMSON, Scott A. e colab. Taxonomy based on science is necessary for global conservation. PLOS Biology, v. 16, n. 3, p. e2005075, 14 Mar 2018. Disponível em: . THORNHILL, Andrew H. e colab. Interpreting the modern distribution of Myrtaceae using a dated molecular phylogeny. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 93, p. 29–43, Dez 2015. Disponível em: . TRIFINOPOULOS, Jana e colab. W-IQ-TREE: a fast online phylogenetic tool for maximum likelihood analysis. Nucleic Acids Research, v. 44, n. W1, p. W232–W235, 8 Jul 2016. TURLAND, N. J., WIERSEMA, J. H., BARRIE, F. R., GREUTER, W., HAWKSWORTH, 43 D. L., HERENDEEN, P. S., KNAPP, S., KUSBER, W.-H., LI, D.-Z., MARHOLD, K., MAY, T. W., MCNEILL, J., MONRO, A. M., PRADO, J., PRICE, M. J. & SMITH, G. F. International Code of Nomenclature for algae, fungi, and plants. [S.l.]: Koeltz Botanical Books, 2018. v. 159. Disponível em: . (Regnum Vegetabile). VASCONCELOS, Thais N.C. e colab. Myrteae phylogeny, calibration, biogeography and diversification patterns: Increased understanding in the most species rich tribe of Myrtaceae. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 109, n. October, p. 113–137, 2017a. Disponível em: . VASCONCELOS, Thais N.C. e colab. Myrteae phylogeny, calibration, biogeography and diversification patterns: Increased understanding in the most species rich tribe of Myrtaceae. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 109, p. 113–137, Abr 2017b. VASCONCELOS, Thais N.C.; LUCAS, Eve J.; PEGUERO, Brigido. One new species, two new combinations and taxonomic notes on the All-spice genus Pimenta (Myrtaceae) from Hispaniola. Phytotaxa, v. 348, n. 1, 24 Abr 2018. VAUGHAN, Timothy G. ReMASTER: improved phylodynamic simulation for BEAST 2.7. Bioinformatics, v. 40, n. 1, 2 Jan 2024. VISCOSI, V. e colab. Leaf morphological analyses in four European oak species ( Quercus ) and their hybrids: A comparison of traditional and geometric morphometric methods. Plant Biosystems - An International Journal Dealing with all Aspects of Plant Biology, v. 143, n. 3, p. 564–574, Nov 2009. Disponível em: . VISCOSI, Vincenzo; CARDINI, Andrea. Correction: Leaf Morphology, Taxonomy and http://www.iapt-taxon.org/nomen/main.php http://dx.doi.org/10.1016/j.ympev.2017.01.002 http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/11263500902723129 44 Geometric Morphometrics: A Simplified Protocol for Beginners. PLoS ONE, v. 7, n. 3, 7 Mar 2012. WHATLEY, Benjamin P. Linnaeus was not an evolutionary biologist: The importance of motivations in classification systems. Epilepsia, v. 60, n. 7, p. 1485–1486, 12 Jul 2019. Disponível em: . WILLIAMS, David M.; EBACH, Malte C. Cladistics. [S.l.]: Cambridge University Press, 2020. Disponível em: . YEATES, DAVID K. e colab. Integrative taxonomy, or iterative taxonomy? Systematic Entomology, v. 36, n. 2, p. 209–217, 22 Abr 2011. Disponível em: .