LICENCIATURA EMMATEMÁTICA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA UNESP - Bauru GABRIELLE FERNANDA ROSSETTO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA PÓS-MODERNOS: UM ARCABOUÇO DE REFLEXÕES E INSTABILIDADES Bauru 2024 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU Gabrielle Fernanda Rossetto A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA PÓS-MODERNOS: UM ARCABOUÇO DE REFLEXÕES E INSTABILIDADES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Bauru, como um dos requisitos para obtenção do grau de Licenciado em Matemática. Orientador: Guilherme Francisco Ferreira Bauru 2024 2 Rossetto, Gabrielle Fernanda. A formação de professores de matemática pós- modernos: um arcabouço de reflexões e instabilidades / Gabrielle Fernanda Rossetto. – Bauru, 2024 44 f. : il. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Matemática)–Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências, Bauru Orientador: Guilherme Francisco Ferreira 1. Matemática. 2. Pós-modernidade. 3. Educação Matemática. I. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências. II. Título. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU Dedico este trabalho aos meus pais, amigos, professores, colegas de profissão e acima disso, à mim mesma, já que realizá-lo foi uma vitória. 3 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU AGRADECIMENTOS Ao Pai…Deus foi o maior contribuinte neste efeito e àquele que devo meu maior agradecimento. Em seguida, venho enaltecer seus intermediários: Aos guias e mentores espirituais que me acompanham seja aonde eu for. Obrigada por me tornarem um quarto do que a Gabrielle ainda pode vir a ser. Obrigada pelos desafios. Obrigada pela resiliência. Obrigada pelas pessoas que me cercam e que certamente me colocam à prova para o meu melhor. Família… Meu alicerce. Digo que minha estrutura familiar pode ser representada ‘matematicamente’ com o passar dos anos. Na infância, minha base era um quadrado (meus avós, minha mãe e meu tio). Na juventude, minha base era um triângulo (meu avô, minha mãe e meu tio). Hoje, posso dizer que uma reta. Alguns aqui podem dizer que seria mais formal que eu diga: um segmento de reta, mas é que ainda acho que não há finitude para as pessoas que pertencem a esse meio. Hoje são: minha mãe, meu tio, meu padrasto, minha irmã e meus amigos. Engraçado como sempre achei que me faltava companhia. Hoje vejo que é o que mais tenho. Amigos. Não serei aquela que citará nomes, já que vários fizeram parte da minha jornada em busca das minhas inquietações. Afirmo que todos que fazem parte deste meio se sentirão representados e deixo registrado os meus sinceros agradecimentos. Vocês estão na reta da minha vida e tem a minha lealdade por toda ela. Professores. Eu poderia fazer uma lista com todos os professores que passaram pela minha vida acadêmica, já que recordo-me desde o jardim de infância até o ensino superior, e mesmo assim não seria suficiente a minha tamanha gratidão. Nunca me vi com tamanha honra para seguir esta nobre profissão, mas graças a vocês, vejo que não poderia me encontrar em outro lugar. Obrigada por tanto. Em especial, gostaria de deixar registrada minha gratidão à minha querida e finada professora Ivete Baraldi, a qual desfruto de seu saber neste trabalho. Ivete, mesmo que você não possa ler minhas singelas palavras, eu gostaria de te agradecer por todo o carinho que você se dispôs comigo em meu primeiro ano na universidade. Tão carinhosa, atenciosa e inspiradora. Obrigada por sempre acreditar e depositar confiança na minha capacidade. São pessoas como você que fazem a gente não desistir e acreditar em sempre ser melhor. Espero que possamos nos reencontrar para que eu te dê um último abraço de despedida. Guilherme, meu querido orientador. Antes de mais nada, que alívio não? Obrigada por absolutamente tudo que você fez por mim até aqui e por muito mais que ainda virá. Antes, achei que eu faria um trabalho com a Ivete, mas vejo que nada seria tão meu quanto foi com a sua contribuição. Você é um professor maravilhoso, absurdamente inteligente e perspicaz. Espero poder adquirir tamanha experiência e genialidade como você. Você é inspiração e admiração, tanto profissional quanto pessoalmente. Você foi muito acolhedor e empático em 4 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU momentos difíceis nesta jornada, se isso foi possível é graças a você também. Obrigada mais uma vez, por tornar isto possível. “Gabi isso é só um trabalho, não define quem você é” e é exatamente por isso que você é meu orientador. Salve, Mestre! Os meus maiores agradecimentos a todos que contribuíram até aqui e para àqueles que possam vir a ser representados neste trabalho. 5 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU RESUMO Este trabalho contempla uma revisão bibliográfica de artigos científicos que corroboram com a discussão sobre a formação de professores de matemática sob a perspectiva da sociedade pós-moderna. Em sua introdução são trazidas as primeiras inquietações da autora diante do assunto, escrita no formato de carta ao leitor. Em seguida, um breve histórico sobre a pós-modernidade. Ao final, a relação entre a pós-modernidade e a educação matemática, onde são citados artigos científicos que justificam algumas de suas incertezas diante do assunto. No decorrer do trabalho, a maioria das perguntas ficam em aberto, tendo em vista que não é um caráter obrigatório respondê-las, diante do contexto da pós-modernidade. Palavras-chave:Matemática, pós-modernidade, educação-matemática ABSTRACT This work includes a bibliographical review of scientific articles that corroborate the discussion on the training of mathematics teachers from the perspective of postmodern society. The introduction presents the author's first concerns about the subject, written in the format of a letter to the reader. Next, a brief history of postmodernity. In the end, the relationship between postmodernity and mathematics education, where scientific articles are cited that justify some of their uncertainties regarding the subject. During the work, most questions remain open, considering that it is not mandatory to answer them, given the context of postmodernity. Keywords:Math, postmodernity, mathematics education 6 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO A origem de meu frenesi 2. JUSTIFICATIVAS 2.1 A Matemática é uma abstração da realidade? 2.2 O ChatGPT: herói ou anti-herói? 2.3 Escola Sem Partido: Uma lacuna para o “professar” 3. DESENVOLVIMENTO 3.1 A pós-modernidade 3.2 A pós-modernidade e a educação matemática 4. CONCLUSÃO 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU 1. INTRODUÇÃO A origem de meu frenesi Uma transparência iluminada. A luz emana o calor e a claridade deste cenário. O verde oliva coberto por uma fina camada branca. Os gizes, em diferentes tamanhos e cores, colocados à beira da lousa. As paredes em tons pastéis, neste o salmão. As carteiras de madeira, com marcas do passado. Gerações que ali passaram. Uma única voz. Daquele que persuade. O intermediador do conhecimento para com o aluno. O professor. Do latim, professus, a pessoa que declara em público. Ou ainda, como “um indivíduo que professa sua crença em algum princípio filosófico ou religioso” ou pela educação, “aquele que leciona em algum estabelecimento de ensino, docente, mestre” (Michaelis, 2023). Um contribuinte social. Veja que neste cenário temos o estereótipo de sala de aula e em seguida possíveis significados sobre ser professor, mas o que é ser professor? Será simplesmente lecionar? Existe o chamado “amor ao ensino”? Do ponto de vista do professor, existe uma crença naquilo que se ensina? Ou será apenas uma habilidade do assunto de modo que o faça crer que seja capaz de lecionar e transmitir tal conhecimento? A claridade atinge o locutor. Projeta sua sombra numa superfície. Gélida e transparente. As paredes em diferentes tons de branco. Canetas-pincéis substituem os gizes. Fórmulas escritas no quadro. Resolvê-las é uma consequência, não uma habilidade. Os aplicativos do celular as consideram banais, em troca, oferecem a rapidez de solucioná-las para a conquista do sucesso dos estudantes. A projeção ortogonal emitida pelo professor, revela por debaixo da máscara diária sua insatisfação, frustração e inquietação perante o conhecimento que não pode oferecer. Ainda que seja ele o precursor da formação individual e civil. Vida Líquida, escrita por Bauman, eis a leitura proposta na disciplina de redação do meu Ensino Médio em meados de 2017. A primeira vez que ouvi o termo “pós-modernidade”. Termo que compreendi como “aquilo após o período moderno”. O 8 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU que o caracterizava? Poderia eu defini-lo? Certamente não. Mas, sabendo das oportunidades como vestibulanda, esse era um assunto de destaque. Nada menos que a caracterização do período atual. A famosa realidade líquida, mesmo que de difícil compreensão, todavia simbólica para nos assegurar do mínimo significado de assuntos como: felicidade, existência e, ainda o comportamento social. Conteúdos suficientes para uma redação nota dez. Ainda assim, os mesmos estão situados numa espécie de progressão geométrica semântica sob o olhar de minha individualidade. Dezessete, dezoito anos, como ter concepções sobre comportamento, existência ou ainda felicidade, sendo que a minha bolha social os definia de forma fiel? Neste momento, tive um dos exemplos práticos da pós-modernidade. Será que aquela bolha em que estive era a realidade como um todo? Aquela mínima concepção de mundo, poderia ser suficiente para compreendê-lo? Obviamente não. E claro, eis aquele que professava, intermediou-me com uma possível compreensão daquela realidade a partir da filosofia de Bauman. Embora o propósito da conquista do vestibular pela vaga gratuita em uma universidade pública fosse o objetivo, a formação individual foi gratificante. A definição de pós-modernidade, naquele momento, se deu pela realidade em que vivemos a partir do século XXI. A entrada da tecnologia em nossa rotina, de modo a dependermos dela. A submissão de grandes massas, no sentido da alienação. A instabilidade de relações interpessoais, tendo em vista a participação das redes sociais. Ainda que qualificadas como tal, notamos o propósito das “redes sociais”: um coletivismo dispensável em detrimento de um individualismo priorizado. Por exemplo: aplicativos de relacionamentos como Facebook e Tinder, são amostras de mercado de pretendentes, ou ainda a concepção do belo, a exposição de corpos seminus com necessidade de aprovação alheia. Na figura 1, podemos observar um exemplo físico da instabilidade e inconstância deste ser descrito acima como pós-moderno. 9 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU Figura 1: Obra — “Come Foglie Morte” Fonte: Roberto Ferri (2012) Tendo em vista este cenário, meu antigo professor contribuiu também com suas possíveis consequências, dentre elas as que dei mais relevância: o vazio existencial e a falta de pertencimento, os quais consequentemente poderiam ser considerados motivos para o vício e a tendência suicida de determinado meio. Tal concepção me trouxe tamanha lucidez, já que o conceito de suicídio parecia-me incerto e incompreensível. Dada a importância desta discussão sobre a sociedade líquida, permitiu-me uma compressão, próximo a uma justificativa, ao ato suicida. Ansiava para que os temas dos vestibulares em que me inscrevi tivessem a oportunidade de utilizar tais argumentos. Era um prazer ter uma concepção mesmo que rasa da realidade líquida. Embora, mesmo que até o momento não afirmo ter plena compreensão da mesma. Não seria esse o caminho para seu próprio entendimento? Neste cenário, posso afirmar que ao descobrir o mínimo da pós-modernidade, tive a sensação de que era uma sociedade condenável. Indivíduos egoístas, imprudentes e vazios. Lembro-me de um colega perguntar ao meu professor algo que também me questionava: Professor, sabendo de tudo isso, como você consegue dormir à noite? E 10 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU ele respondeu com um sorriso: Dormindo. Todos riram, mas ele ainda disse que bastava termos um entendimento, embora que mínimo do meio, para que nos tornássemos seres críticos e questionadores, saber não significava deixar de fazer o que já estávamos acostumados. Fazia parte da realidade. Figura 2 – Happiness Fonte: Animação desenvolvida por Steve Cutts (2017) Como dito por Zygmunt Bauman, “Como E. O. Wilson, o grande biólogo, expressou de forma muito sucinta e correta: ‘Estamos nos afogando em informações e famintos por sabedoriaʼ”, para o programa Milênio, da GloboNews, 2016. Note que o questionamento do meu colega ao professor e sua resposta, traduz a falta de filtro diante das informações que recebemos. A resposta do professor, embora sutil, foi precisa. Segundo a fala de Wilson, independente das informações que recebemos, queremos recebê-las, não necessariamente compreendê-las. Pois estar antenado na sociedade líquida já é suficiente para o indivíduo pós-moderno. Inclusive, adaptar-se a este meio é uma habilidade, ser substituível é uma consequência, a estabilidade já é ultrapassada. Curioso eu não ter expressado esta lucidez em nenhum dos vestibulares que prestei. Se o fiz, foi mínimo. Somente introdutório como este relato. Apesar disso, vejo que esta realidade não passa de um exemplo de diferentes sociedades que existiram, 11 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU com suas características e peculiaridades, entretanto o conformismo ainda é possível. Como dito anteriormente pelo professor, talvez baste continuar com o que já fazemos. Note que estávamos numa disciplina de redação do Ensino Médio de uma escola particular localizada no interior do estado de São Paulo. Considerando que este professor acredita na filosofia líquida e a vive, concorda com o próprio Bauman de maneira imparcial. Ainda disposto a fazer jus a um dos significados de ser professor, sobre professar sua crença. Observe, citei acima que tive uma concepção rasa sobre a realidade pós-moderna pois tal interpretação é superficial neste contexto. Falávamos da situação do vestibular, agora sobre como isto implica sobre o professor. Aquele professor pôde contribuir com a minha formação individual e educacional, todavia isso será suficiente para as próximas gerações? Qual será o motivo de identificação do aluno para com o professor? O que o professor precisa para a conquista de sua plena função, hoje? Serão eles substituíveis? Caro leitor, perceba que até aqui, uma das minhas maiores características é ser questionadora. Gostaria que você pudesse me compreender, tendo em vista que a minha formação como professora de Matemática não se basta com os cálculos descritos numa lousa de giz ou digitalizadora. Além desses cálculos, ter a possibilidade de ajudar o próximo em sua construção como sujeito, posso dizer que me traz um pequeno conforto ao repousar. Mas como compreender sem saber aquilo que originou? Retorno ao ano de 2020. Início de Março. Algumas notícias especulativas sobre um tal vírus desconhecido, encontrado no interior da China. Nada que coubesse minha preocupação naquele momento. Início do meu ano letivo no curso de Licenciatura em Matemática na Unesp em Bauru. Ansiosa com as matérias, possíveis notas, se faria amizades, ou melhor, como me encontraria com um determinado grupo de alunos. Lembro-me que tive disciplinas como: Funções Elementares (uma preparação para Cálculo I), Matrizes e Cálculo Vetorial, Geometria Plana, Fundamentos da Educação e por último, Educação Matemática Inclusiva e Libras (de sexta-feira, a disciplina mais 12 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU esperada da semana). A disciplina que mais me chamou atenção foi de Educação Matemática Inclusiva e Libras, não porque era propriamente numa típica sexta-feira, mas como a Matemática poderia ser inclusiva? Soava-me estranha essa expressão. Minha professora com nome de celebridade, Ivete, trazia-me uma sensação nostálgica do fundamental, com características físicas que me recordavam as professoras do fundamental. Diferente do que você possa ter interpretado, não se trata do estereótipo de “professora”, mas o caráter carinhoso e ao mesmo tempo a inteligência, a qual não imaginava conseguir. Uma genialidade que me inspira. Retomo à inclusão matemática, já que nunca a havia imaginado como excludente. Prova da bolha de uma aluna convencional. Numa sexta-feira qualquer, minha professora faz a seguinte pergunta: A Educação é algo para todos, qual o sentido dela precisar ser inclusiva? O todo já não se aplica? Posso afirmar que a partir daí surge uma espécie de “triplex” na minha cabeça. Minha primeira inquietação da graduação. Por quê existe uma educação inclusiva, sendo que a mesma é algo para todos? A partir desta pergunta começaram a surgir diferentes questões sobre a educação, em específico a educação matemática, a qual eu exerceria. Como eu poderia ensinar algo, de modo a não me colocar numa posição superior ao aluno? Eu busco por uma equidade entre o professor e aluno, em concordância à fala de minha professora. Como também, dar protagonismo ao mesmo, seja que mínimo, o qual sinto que tive em minha formação até aqui. Veja que, neste momento, já havia me encontrado com a figura icônica de Paulo Freire. Encerro o presencial com a entrada da pandemia do COVID-19, e rumo aos dois anos de meu cativeiro. Ao retornar para o presencial, é notória a mudança comportamental diante de mim e meus colegas para com o ambiente sala de aula, professores, aulas e avaliações. Neste processo, me vi em situações ansiosas e desconfortáveis. Fazer prova já era um problema, transformou-se num gatilho emocional. Maiores detalhes deixo para o analista. Entretanto, neste contexto inquieto que vislumbro o ambiente líquido, devido à 13 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU angústia e instabilidade alheia. Alguns relatos de professores e colegas professores me atormentaram. O excesso de trabalho, a passagem de informações e o desinteresse demonstrado pela maioria dos alunos tornou-se um desgaste físico emocional para eles. Eu, futura professora, estaria pronta para este fenômeno? Além da minha própria condição, vi-me em questionamento para tentar entender essa instabilidade traiçoeira que os acometia. Daí as perguntas: seria possível o ambiente determinar as condições socioemocionais dos professores para com os alunos? Esta máscara que os protege, como já dito, é uma ferramenta ou passou a ser para tornar-se possível exercer a pedagogia? Como a pós-modernidade implica sobre o ato de professar? Dada as inquietações acima, questiono: o que a Educação Matemática tem a dizer sobre esta pós-modernidade? Sabendo que a realidade pós-moderna é fluida e o tédio da permanência não é justificativa para obter resultados, o que será o professor pós-moderno? Ainda, o que é ser professor na pós-modernidade? 2. JUSTIFICATIVAS Para que seja possível a compreensão daquilo que me há incompreendido, cito as razões pelas quais decidi realizar este trabalho. Além de compreendermos sobre o que se trata a pós-modernidade, precisamos nos nortear neste meio. Considerando a Educação, o que a Educação na pós-modernidade tem a nos revelar? Qual o propósito do ensino-aprendizagem? Este cenário apocalíptico da inconstância concebe alunos incapazes de ter certeza daquilo que os cerca? E os professores, até que ponto são aptos para suportar tamanha instabilidade em relação ao próprio profissionalismo, valor vocacional ou ainda, ter consideração pela própria crença? Sobretudo, esta insatisfação e falta de estabilidade são características primordiais aos indivíduos pós-modernos. Diante disso, o conhecimento como um todo seria moldado perante este meio? Dada a Matemática como um exemplo de interpretação da realidade, todo conceito cristalizado sofrerá um processo de 14 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU sublimação social ao ponto que a verdade se tornará leviana? Como dito acima, o professor poderá professar sua crença na matemática, sabendo que, como toda crença, estará sujeito às reações adversas a ela. Entretanto, diferente de crenças folclóricas, esta crença educacional é pautada pela formação do sujeito em sociedade. É notório que as relações professor-aluno pós-modernos exigirão um cuidado, dada a sede de sabedoria por parte dos alunos. Ainda que o ato de rebeldia contra o professor seja a impotência expressa do crescimento juvenil, a realidade líquida retrata a competição entre “as verdades”. 2.1 A Matemática é uma abstração da realidade? “Quanto mais se referem à realidade, mais incertas as leis matemáticas se tornam, e quanto mais precisas elas são, menos se referem à realidade” (Albert Einstein) Seria a Matemática uma representação da realidade ou um método para compreendê-la? O que é a Matemática? Por definição não temos o significado concreto da Matemática, mas podemos afirmar que é uma ciência exata e abstrata, cuja a qual pode ser utilizada para compreender a realidade em que está inserida (BARALDI, 1999). Segundo o matemático e filósofo Pitágoras, sua arché eram os números, os quais eram responsáveis pela constituição e existência do cosmos. Assim, “A Matemática explicava a ordenação do Universo, tirava do caos e trazia à ordem, fazendo a natureza render-se aos seus princípios: os números” (BARALDI, 1999, p. 8). Neste contexto, é notório que a Matemática, além de método, trazia significado para aquela realidade. Por exemplo, a partir de diferentes situações-problema foi possível a realização de várias construções arquitetônicas e artísticas, as quais promoveram o desenvolvimento de diferentes civilizações. Além da visão prática, também podemos ponderar quais eram os questionamentos feitos na época. A Matemática pode ser considerada uma forma de solucionar problemas de naturezas distintas, tendo em vista um de seus âmbitos por exemplo: a lógica. 15 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU Como dito por Einstein, embora exista uma relação entre a Matemática e a realidade, não significa que seja direta. Dada a sociedade pós-moderna, na perspectiva de Zygmunt Bauman, em tese a Matemática se mostraria ainda mais incerta já que nada seria tomado como verdade absoluta. Um exemplo é a Geometria Não Euclidiana. Ela utiliza da modificação de um dos axiomas de Euclides, o axioma das paralelas, cujo qual a partir de um ponto exterior a uma reta é passada uma única reta paralela. Ao desprezá-lo nesta Geometria abre possibilidades para outras: a elíptica e hiperbólica. Um exemplo de transmutação da verdade. Note que este desenvolvimento de ideias nada mais é do que possibilidades para solucionar problemas que interessam aos indivíduos. O que interessa aos indivíduos pós-modernos? O saber não basta. Repetição é sinônimo de aprendizagem? Se sim, quais problemas os aplicativos de reprodução e repetição de conteúdos, cada vez mais comuns, trazem a esta situação? A Matemática será ditada pela inconstância, rapidez e aflição do olhar futuro. O que é hoje, não será amanhã. Esta será a pergunta primordial dos interlocutores: por que aprender algo que não usarei? Não se trata de utilidade, se refere a um comportamento de massa, o qual constitui uma falsa concepção de utilidade que sobrepõe a ausência de identificação com a informação dada. Fonte: Girassol - Publicação intitulada por “Fotos de plantas geometricas para los amantes de la 16 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU simetria” (Outubro de 2016). Pela manifestação musical da artista Pitty em “Admirável Chip Novo” (2003), inspirada no romance de Aldous Huxley, em “Admirável Mundo Novo” (1932), observemos o verniz do que temos na sociedade pós-moderna, e consequentemente o que possivelmente ela procura solucionar. “ [...] Pane no sistema, alguém me desconfigurou Aonde estão meus olhos de robô? Eu não sabia, eu não tinha percebido Eu sempre achei que era vivo [...] Pense, fale, compre, beba Leia, vote, não se esqueça Use, seja, ouça, diga Não senhor, sim senhor [...]” 2.2 O ChatGPT: herói ou anti-herói? “É importante lembrar que a IA é uma ferramenta e como tal, pode ser usada para melhorar ou simplificar o trabalho humano, mas também para substituí-lo” (Resposta do ChatGPT) O ChatGPT (Chat Generative Pre-Trained Transformers) é um sistema de busca, o qual a partir de uma inteligência artificial, uma espécie de robô virtual, é capaz de responder a quaisquer perguntas que lhe forem propostas. Criado pela empresa norte-americana OpenIA em 2015, a partir da associação de palavras e um conjunto significativo de conteúdos armazenados, torna-se possível respostas programadas ao sujeito que as solicitou. No contexto educacional, o ChatGPT é capaz de escrever códigos de programação, solucionar equações matemáticas, auxiliar em projetos pessoais e ainda, solucionar diferentes problemas tão bem quanto um humano. Será ele 17 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU o herói dos sujeitos pós-modernos? Ele é a ferramenta primordial para os sedentos por sabedoria? Embora se apresente com uma roupagem tecnológica e com um discurso que pode sanar inquietações do indivíduo pós-moderno, podemos considerá-lo o anti-herói deste enredo. Como dito por ele, a IA está além de uma ferramenta, substituirá o ser humano. Na condição de professor, se existe essa possibilidade, é notória sua inviabilidade profissional sob o olhar social. Qual será o sujeito formado a partir da IA? O que se espera dessa sociedade? Sob o viés educacional, é perceptível o terror que o ChatGPT pode causar, tendo em vista a formação dos alunos, em relação ao plágio e a sua submissão criativa diante das informações obtidas pelo aplicativo. Como também, para os professores, além da possibilidade de substituição, o que será necessário para a avaliação deste aluno? "O ChatGPT põe em xeque questões de autoria e produção de conhecimento, e esses são os principais resultados que o professor espera obter com uma boa aula. Assim, a utilização de uma ferramenta que “pensa” pelo aluno assusta com a ideia de que não será mais possível observar no dia a dia a evolução da aprendizagem dos nossos estudantes", explica a professora do Câmpus Criciúma Michele Alda Rosso Guizzo, doutora em Informática na Educação pela UFRGS para um post da IFSC (Fevereiro de 2023). Dada a colocação acima, o que será garantido ao professor pós-moderno? Embora este cenário remete à instabilidade, adaptar-se ao meio pode ser uma necessidade social. Como tornar o anti-herói seu aliado? Abdicar de suas crenças torna-se uma consequência ou escolha? 18 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU 2.3 Escola Sem Partido: Um hiato para o “professar” Justificativa para o Projeto de Lei do Senado n°193, de 2016 pelo senador Magno Malta, a favor do projeto Escola Sem Partido: “É fato notório que professores e autores de materiais didáticos vêm se utilizando de suas aulas e de suas obras para tentar obter a adesão dos estudantes à determinadas correntes políticas e ideológicas (...)” A notícia publicada pela revista Exame, “Para críticos, objetivo do Escola Sem Partido é reescrever a ditadura” em Dezembro de 2018, caracteriza o ambiente escolar sujeito às implicações que um Estado pode fazer, tendo em vista às mudanças políticas. Note que, na justificativa acima afirma que autores dos materiais didáticos utilizam de suas obras para direcionar políticas ou ideologias, entretanto, dada a referência da BNCC e o Currículo Paulista, já que suas competências, em sua maioria, são legitimadas em sala de aula conforme a aprovação do Ministério da Educação, ainda haveria tamanha possibilidade? Visualize o cenário a seguir. Uma sala de aula estruturada. Lousa, carteiras, mochilas, lápis, borrachas, papéis e alunos. Hoje, um detalhe especial, com smartphones sobre as carteiras. O professor de Matemática ministra sua aula conforme o material utilizado pela escola. Contexto: números irracionais, dentre os exemplos temos a finitude de pi. O professor afirma que pi é um número irracional, conforme o suporte acadêmico. Um aluno discorda, faz uma filmagem e afirma que o professor está sendo contraditório, já que o mesmo não acreditava que pi é infinito, ao contrário, afirma que é finito, de acordo com o apoio de pesquisas intermediárias vistas na internet, as quais simplesmente sustentam o seu argumento. Apesar da situação utópica acima e o fato de certamente não ocorrer na aula de Matemática, esse é um dos cenários da realidade líquida. A relativização das verdades. Todavia, até que ponto a relativização é viável? Como dito na notícia, a tentativa da Escola Sem Partido ao reescrever a Ditadura é justificar aquilo conforme os próprios interesses. Ou seja, mesmo que as Ciências Humanas afirmem o Golpe Militar em 19 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU 1964, há grupos que se negam e justificam como uma Intervenção Militar. Até que ponto é justificada a influência ideológica por parte dos autores, Sr. Malta? Ademais, como o professor pode se colocar na condição de equidade entre professor-aluno, tendo em vista as obrigatoriedades lhe atribuídas fora do campo educacional? Professores são formados para educar ou instruir? Ou ainda, sujeitos a uma gravação qualquer, qual o preço da própria privacidade profissional? São diferentes situações que permeiam o professor em contextos como este. Embora a Escola Sem Partido não seja validada no contexto escolar atual, ela se apresenta como um fantasma que assombra seus corredores. Em consequência disso, o ato de professar pode se tornar condenável àqueles que não buscam cidadãos, mas mão de obra imediata. Dada a profissão de professor pós-moderno, adaptar-se ao meio pode ser abdicar-se de suas crenças para não ser afogado pela sociedade líquida. Segundo as questões apresentadas, procuro a partir daqui tentar entender aquilo dito como “indefinido”: a pós-modernidade. Em seguida, apresentarei um breve-histórico sobre a pós-modernidade, tendo em vista todas as incertezas e instabilidades que ela apresenta, de tal forma que vocês possam entender minhas inquietações diante dela. Para este trabalho, optamos por uma estrutura distinta àquela esperada por qualquer modelo tradicional. A estrutura abaixo corresponde a uma expectativa de leitura de categoria menos usual, com um leve caráter artístico, de modo que não descredibiliza o propósito deste trabalho. Caracterizando-o como um ensaio teórico. "Quando brinco com minha gata, quem sabe se ela não está se divertindo mais comigo do que eu com ela?" (Montaigne, 2002, p. 3). Este é o espírito do ensaio-teórico, a relação permanente entre o sujeito e objeto, um vir-a-ser constituído pela interação da subjetividade com a objetividade dos envolvidos. Neste contexto, o ensaio, desde a época de Montaigne, "se tornou uma forma respeitável; sua novidade estava na louvação do eu. Sua razão de ser era a noção de que os pensamentos, sentimentos, incertezas, certezas e contradições de uma pessoa merecem divulgação e 20 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU em seguida atenção de outras" (Boorstin, 1995, p. 697). Da época de Montaigne até a atualidade, os ensaios adquiriram diversas formas e formatos, assim como são utilizados para diversos fins: literários, filosóficos, científicos etc. Essas variações nas formas e formatos, assim como a multiplicidade nas suas utilizações, levam a concepções e usos equivocados desse estilo e forma de refletir a realidade. Diferente do método tradicional da ciência, “a utilização do ensaio como forma não significa a total rendição ao fim dos limites formais ou a crítica irracional que se possa fazer em relação à ciência, mas uma forma específica de compreensão da realidade, por meios diferentes daqueles utilizados pela ciência, na sua forma tradicional de produzir conhecimento. Assim, o ensaio caracteriza-se pela sua natureza reflexiva e interpretativa, diferente da forma classificatória da ciência” (Meneghetti (2011, p. 322). Figura 3 - Notícia sobre Escolas Sem Partido na Revista Exame. Fonte: Coluna publicada na Revista Exame por Vasconcelos Quadros (Dezembro de 2018). 21 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU 3. A PÓS-MODERNIDADE Segundo a atribuição dada pelos filósofos Jean-François Lyotard (A condição pós-moderna, 1979) e Jean Baudrillard (Simulacros e Simulação, 1981), a pós-modernidade é o estado ou a condição do indivíduo após ou em reação àquilo que é moderno, por exemplo na arte pós-moderna. Em Filosofia, a pós-modernidade está associada à sociedade existente após o período moderno, de modo que caracterize o fim da era moderna. Como considerar a pós-modernidade? Arte? História? Sociedade? Como caracterizar o instável? O termo e a ideia do pós-modernismo faz alusão “àquilo que veio depois da modernidade”. Ao contrário do esperado, seu surgimento se deu na América Hispânica, por um escritor chamado Federico de Onís, em 1930 (Anderson, 1999). Em forma de crítica ao conservadorismo existente no próprio modernismo, em conceitos aplicados à escrita e poesia da época. Notório no aspecto artístico, o pós-modernismo se consolidou no vocabulário da crítica hispanófona, embora seu uso não ficou confinado ao mundo da fala espanhola e se estendeu também ao mundo luso-brasileiro (Semana da Arte Moderna no Brasil, exemplificado por artes futuristas ou que faziam alusão à tecnologia, em 1922). Após vinte anos, o termo pós-modernidade surge no mundo anglófono e se torna exemplo de categoria de época, não apenas estética (Anderson, 1999). Ainda segundo Anderson (1999), em 1954 o historiador britânico Arnold Joseph Toynbee publicou o oitavo volume de sua obra Estudo da História, em que chamou de idade pós-moderna a época a partir da guerra franco-prussiana, um conflito ocorrido entre o Império Francês e o Reino da Prússia no final do século XIX o qual significou a unificação da Alemanha e a queda do segundo império francês. Onde na mesma época, em 1951, nos Estados Unidos, o poeta Charles Olson usou pela primeira vez o termo pós-moderno para se referir ao mundo posterior à era dos descobrimentos e da Revolução Industrial. De acordo com Santos (1986), o pós-modernismo é o nome aplicado às 22 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades avançadas. Surgiu em 1950, com a arquitetura minimalista e a primeira geração de computadores. Em seguida, na década de 60, é delineado pela estética do pop arte. A noção de pós-moderno ganhou ampla propagação a partir 1970, momento em que se passou a questionar se o pós-modernismo era apenas uma tendência artística ou também um fenômeno social, sujeito a questionamentos sobre como se lidar com seus aspectos filosóficos, políticos e econômicos. Era nítido que o pós-modernismo trazia questionamentos a respeito de uma diferente relação entre arte e sociedade. Segue um trecho de Santos (1986), o qual traduz uma visão comportamental pós-moderna: Imaginemos uma fabulazinha onde o herói seja um certo urbanóide pós-moderno: você. Ao acordá-lo, o rádio-relógio digital dispara informações sobre o tempo e o trânsito. Ligando a FM, lá está o U-2. O vibromassageador amacia-lhe a nuca, enquanto o forno microondas descongela um sanduíche natural. No seu micro Apple II, sua agenda indica: REUNIÃO AGENCIA 10H! TENIS CLUBE 12H/ ALMOÇO! TROCAR CARTÃO MAGNETICO BANCO! TRABALHAR 15H/ PSICOTERAPIA 18H/ SHOPPING/ OPÇÕES: INDIANA JONES-BLADE RUNNER VIDEOCASSETE ROSE, SE LIGAR/ SE NÃO LIGAR, OPÇÕES: LER O NOME DA ROSA (ECO) — DALLAS NA TV —DORMIR COM SONIFEROS VITAMINADOS/.(...) Ao trazê-lo de carro para casa, Rose, que esticaria até uma festa, veio tipo impacto: maquiagem teatral, brincos enormes e uma gravata prateada sobre o camisão lilás. Na cama, um sentimento de vazio e irrealidade se instala em você. Sua vida se fragmenta desordenadamente em imagens, dígitos, signos — tudo leve e sem substância como um fantasma. Nenhuma revolta. Entre a apatia e a satisfação, você dorme (Santos, 1986, p. 8). A arte que projetou o termo pós-modernismo para o domínio público em geral. Em 1972, o livro Learning from Las Vegas (Aprendendo com Las Vegas), de Robert Venturi, Denise Scott Brown e Steven Izenour, surgiu como manifesto arquitetônico de ataque ao modernismo, ao apresentar uma renovação da ligação entre arquitetura e pintura, artes gráficas e escultura, rebatendo aquilo que era praticado na arquitetura durante o modernismo. Tal obra, ao questionar coisas como construção para o Homem versus construção para homens (mercados) estabelece uma nova relação entre arte e sociedade, de modo que também revele o estado individual nesta sociedade (Anderson, 1999). 23 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU Fonte: Arquitetura pós-moderna: Obras famosas. Vanna Venturi House (1962-64), de Robert Venturi (Foto por Maria Buszek) Em 1979, a primeira noção de pós-modernismo no contexto filosófico foi em “A condição pós-moderna” publicada pelo filósofo francês Jean-François Lyotard, cuja qual caracteriza a pós-modernidade como uma transformação geral da condição humana. “Seu análogo social, onde termina ‘A condição pós-moderna’, é a tendência para o contrato temporário em todas as áreas da existência humana: a ocupacional, a emocional, a sexual, a política - laços mais econômicos, flexíveis e criativos que os da modernidade” (Anderson, 1999, p. 33). Note que, todos os aspectos apresentam a condição humana como instável. Em consequência disso, esta sociedade nada mais é do que um aglomerado de indivíduos, os quais são reafirmados como seu produto, não como exemplo de coletivo (Bauman, 2001). Considerando o estado individual do homem, como que esta sociedade o influencia? Qual será o momento em que o indivíduo se torna pós-moderno? Seria o darwinismo social o responsável por este efeito? Necessidade de sobreviver ao meio instaurado? Independentemente das possíveis respostas para essas questões, o indivíduo teve seu cotidiano invadido por uma tecnologia eletrônica de massa e singular, de modo que as informações e entretenimento fossem conquistados com apenas um clique, em frações de segundos. Como dito por Santos (1986, p. 9), “na Era da Informática, que é o tratamento computadorizado do conhecimento e da informação, lidamos mais com 24 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU signos do que com coisas”. Hoje, a imagem traduz um texto completo. O “meme” e a manchete que marcam o ritmo acelerado do tempo da imagem digital compartilhada, de modo que não há tempo hábil para aprofundamentos ou reflexões demoradas. “O mundo hiper-real tem, como característica, a busca pelo aperfeiçoamento da realidade, o que, por sua vez, caracteriza uma expansão da cultura pós-moderna. Esse hiper-real nos fascina, pois são intensificadas as formas, as cores, os tamanhos, tornando tudo mais atraente” (Kalinke; Mocrosky, 2015, p. 60). É neste mundo contemporâneo que o uso das tecnologias tornou-se algo ainda mais frequente e comum, se comunicar com alguém que está a quilômetros de distância é extremamente benéfico, mas isso também favorece a construção de relações não duradouras, pois tudo pode ser feito e desfeito rapidamente, esta geração digital facilita muitos aspectos da sociedade, mas torna tudo descartável, inclusive as próprias pessoas e as relações pessoais. Dada tamanha instabilidade e inconstância, nota-se que existe um processo de fragmentação em diferentes âmbitos sociais, de modo que a concepção de liberdade neste momento, ocasione incertezas, solidão e ansiedade. Em consequência disso, a fragmentação pode vir a promover o fracasso, angústia e vazio existencial, mas simultaneamente carrega um sentimento de total liberdade e responsabilidade sobre seus atos. Segundo Sartre (1973, p. 15-16), “O homem está condenado a ser livre, condenado porque ele não criou a si, e ainda assim é livre. Pois tão logo é atirado ao mundo, torna-se responsável por tudo que faz,o que justifica a ideia anterior. Será que o indivíduo pós-moderno, devido às suas condições e a sua falta de pertencimento, tomaria algo como verdade? Seria aqui o extermínio das metanarrativas? O termo pós-modernidade tem como primeira interpretação o momento histórico após a era Moderna, de modo que possa parecer algo completamente distinto de sua era anterior, mas ainda sim com algumas características que remetem a mesma. Como dito, a pós-modernidade apresentou-se inicialmente como um movimento 25 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU artístico-cultural, a qual traz consigo: a ausência de valores e princípios, a individualidade, a pluralidade (embora pareça antagônico ao anterior, aqui refere-se à diversidade como um todo), a mistura entre o real e o imaginário (hiper-real) e a liberdade de expressão. Sendo assim, um movimento sujeito à efemeridade, ainda que com uma estrutura consolidada. Conforme o que foi dito, a pós-modernidade soa contraditória, na verdade, para justificar sua inconstância e capacidade de adaptação a cada instante. Ou seja, o indivíduo pós-moderno não é, ele está sendo. Consequentemente, este sujeito acredita em “verdades”, as quais são vulneráveis o suficiente a ponto de tornarem-se mentiras. “Entretanto, na modernidade líquida, o que é bom passa a não ser bom, ordem cede lugar ao caos, o injusto passa a ser justo, enfim, os entes dicotômicos mudam de lugar de forma muito volátil, caracterizando uma adaptação muito relativa, muito singular, nem sempre capaz de garantir sentido à ação humana. Conviver numa conjuntura líquida é o desafio. Conviver e agir numa sociedade ambivalente é fluir na incerteza e, nessa incerteza, se circunscreve também a ação de educar.” (Berticelli; Smaniotto, 2018, p. 11). Sabendo da transitoriedade que ocorre no meio líquido, a Educação que o permeia também estará sujeita a esse efeito. Considerada a sociedade líquida segundo Zygmunt Bauman (2007), como seria pensar a educação à luz dele? Numa cultura de ambivalências, ele acredita que a educação é um produto a ser consumido. O conhecimento é uma mercadoria. Ou seja, hoje, além de produto, ele é tão descartável quanto. Não foi feito para durar e ser para a vida toda. “A educação, em tempos líquidos, possui durabilidade instantânea e é consumida qual fora um fast-food. E, ironicamente, nos dá a dica de guardarmos o conhecimento no dispositivo removível, deixando o espaço do cérebro para emoções e aventuras descartáveis” (Berticelli; Smaniotto, 2018). Segundo Santos (1986, p. 19), “para a dor dos dogmáticos, o pós-modernismo por enquanto flutua no indecidível”. Ou seja, aqueles que acreditam em verdades 26 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU absolutas sofrem, enquanto o pós-moderno hesita com aquilo que não foi decidido. Considere a ideia das metanarrativas na pós-modernidade (Bauman, 2001), como obedecer às ideias universais, sendo que, nesta condição, estarão sujeitas à inconstância? Sendo elas relativizadas por qualquer sujeito pós-moderno. Na condição da educação, tendo em vista a não efemeridade do conhecimento, o argumento de formar cidadãos por meio dela não se torna inviável? Por exemplo, os professores de Matemática, conhecidos pela sociedade como os intermediadores para a realização de cálculos numéricos, tornam-se medíocres na condição profissional. Segundo o que foi dito, primeira justificativa: na condição de professor, sendo aquele que professa sua crença filosófica, tendo em vista a sociedade líquida a qual ele está inserido, o mesmo encontra-se sujeito a não professar sua crença, já que o conhecimento produzido é para o instante e sujeito às relativizações. Certeza? Não. Certeza na incerteza. “Se, por um lado, vivemos cotidianamente nossos valores culturais e desejamos preservá-los como modo de sobrevivência da nossa identidade, por outro, estamos em constante tensão entre esses valores e significados e sua potencial dissolução” (Clareto, 2002, p.8). Como dito por Clareto (2002), os professores podem viver essa tensão já presente na sociedade pós-moderna, de modo que minimizem as próprias crenças em troca de estabilidade no emprego, pertencimento ao meio escolar ou ainda, a própria autonomia ou “autoridade” em sala de aula. Segunda justificativa: a valorização da pluralidade no meio líquido. Na situação de metanarrativas, temos que um único direcionamento teórico não é cabível aqui e os professores devem estar preparados para as condições diversas presentes em sala de aula: desde a identidade de seus alunos por meio de determinada vestimenta até os valores trazidos consigo de casa até a escola. “As metanarrativas são narrativas que têm a pretensão de organizar, subordinar e explicar outras narrativas. São, portanto, pretensamente totalizantes e universais” (Clareto, 2002, p.11). Por exemplo, a Etnomatemática pode ser um exemplo de abordagem educacional na pós-modernidade 27 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU (Clareto, 2002). A morte das metanarrativas pode ser uma consequência da sociedade líquida, todavia temos que considerar que a Matemática escolar e acadêmica advém de contribuições da Europa Ocidental com considerações árabes que serviram de base para a Etnomatemática hoje. Quando a pós-modernidade nega as metanarrativas, ela nega os absolutismos dos psicologismos, pedagogismos ou metodologicismos (e demais “ismos”) que tendem a reduzir as complexidades das questões educacionais a um único olhar teórico. Também, nega a Matemática no singular, que domina os currículos escolares, apelando para uma pluralidade de constituição de saberes matemáticos por diferentes grupos sociais, culturais, étnicos e de gênero. Uma Matemática no plural (Clareto, 2002, p.12). Sendo assim, temos ambas condições no meio pós-moderno: a constância e a inconstância, logo a própria etnomatemática não pode ser considerada homogênea, seria ela um produto da pós-modernidade? Na verdade, o que podemos concluir é que os estudos etnomatemáticos objetivam a valorização de culturas que são consideradas “excluídas” pelo meio. Tendo em vista que aqueles que possuem alguma carência no meio escolar (seja estrutural, por parte do viés do aluno, ou professor, ou ainda a ausência do poder público), sua adaptação talvez seja possível. Consequentemente, evitando a sua exclusão e falta de pertencimento no meio líquido. Como dito por Bauman (2007, p. 76), “Você não é de uma classe inferior, você está simplesmente excluído (está do lado de fora). As pessoas costumam subestimar a humilhação e o sofrimento que é estar excluído do mundo e preso nos guetos”. Sendo assim, o que esperar da Educação Matemática daqui em diante? Estaremos sujeitos a tal instabilidade, aprenderemos a conviver com ela ou seremos engolidos a cada segundo? Como um professor de Matemática estará apto pessoal e profissionalmente no contexto escolar pós-moderno? Toda a mudança de uma forma de comportamento carrega consigo prós e contras, tanto a solidez quanto a liquidez apresentam elementos que aproximam e que afastam as pessoas. Vivemos um momento 28 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU ímpar, a comunicação é ágil e facilita a vida das pessoas que estão nessa geração digital, mas essa facilidade torna tudo descartável: pessoas, instituições, relações. Não temos respostas prontas para o futuro da educação, mas refletimos sobre o assunto pensando em nossas ações como professores e como podemos auxiliar alunos no processo de construção de conhecimento (Mohr, 2021, p. 51). Diante dos questionamentos levantados até aqui, na próxima seção apresentamos uma leitura da pós-modernidade no contexto da Educação Matemática, a partir de trabalhos da área que a tenham como temática central ou marginal. Esperamos que este exercício nos ajude a compreender de que forma a temática tem sido trabalhada na área. 29 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU 4. A PÓS MODERNIDADE E A EDUCAÇÃOMATEMÁTICA Para realizar o intuito de compreender a relação entre a Educação Matemática e a pós-modernidade, optamos por realizar uma pesquisa bibliográfica selecionando artigos de revistas bem qualificadas segundo o extrato qualis (apenas classificação A na área de Ensino) e os bancos de dados específicos da Plataforma Oásis, Plataforma Sucupira e Periódicos da CAPES. Segue uma tabela que evidencia cada artigo, os quais justificam as inquietações sustentadas até aqui. Tabela 1 - Artigos escolhidos para justificar este trabalho 30 Artigos Referências Vista do século XXI - Da educação das certezas à educação na incerteza: um estudo introdutório. Escrito por Vanderlei Smaniotto e Ireno Antônio Berticelli em 2018, publicado na revista Horizontes. O pensamento matemático e a formação da identidade cultural: Ressonâncias e Consonâncias. Escrito por Maria do Carmo Santos Domite e Júlio César Augusto do Valle em 2015, publicado na revista Educação e Linguagens. A formação de professores de Matemática em tempos de crise paradigmática. Escrito por Josep Gascón em 2023, publicado na revista Educação Matemática e Pesquisa (EMP). Wittgenstein como pós-moderno: O caso da filosofia da Educação Matemática. Escrito por Guilherme Wagner e Everaldo Silveira em 2020, publicado na revista Germinal: Marxismo e Educação em Debate. Contribuições contemporâneas para as discussões Curriculares em Educação Matemática: a teoria crítica pós-moderna. Escrito por Marcio Antonio da Silva em 2013, publicado na revista Alexandria, revista de Educação em Ciência e Tecnologia. Educação Matemática e Contemporaneidade: Enfrentando discursos pós-modernos. Escrito por Sônia Maria Clareto em 2002, publicado na revista Boletim de Educação UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU A tentativa inicial nessas plataformas foi buscar artigos a partir dos quatro termos: “educação”, “matemática” e “pós-modernidade”. O Periódico da CAPES foi a plataforma mais acessível devido a sua funcionalidade de busca ser mais facilitada que as demais. Na plataforma da CAPES foram encontrados sete resultados, a partir do termo: “educação matemática pós-moderna”. Sete resultados diferentes, de modo que fossem escolhidas apenas três, pois os artigos escolhidos remetem à temática central deste trabalho: a formação de professores em meio às incertezas da pós-modernidade. Sendo eles: Vista do século XXI - Da educação das certezas à educação na incerteza: um estudo introdutório; O pensamento matemático e a formação da identidade cultural: Ressonâncias e Consonâncias; e, por último, A formação de professores de Matemática em tempos de crise paradigmática. Na plataforma Oásis foram encontrados 26 resultados, a partir dos termos separados: “educação” “matemática” e “pós-modernidade”. Vinte seis resultados que contemplavam alguns artigos repetidos na plataforma CAPES, onde foi selecionado o item “artigo”, acrescentado os termos acima e selecionada a opção em qualquer idioma. A escolha desses artigos fora direcionada conforme a relação da pós-modernidade como influência direta na formação de professores de Matemática, não como marco temporal. Dentre os quatro escolhidos, obtivemos: Wittgenstein como pós-moderno: O 31 Matemática (Bolema). Forma/ação do professor de Matemática e suas concepções de mundo e de conhecimento. Escrito por Roger Miarka e Maria Aparecida Viggiani Bicudo em 2010, publicado na revista Ciência e Educação. Práticas lúdicas na educação matemática escolar: A escola nos fluídos da modernidade líquida. Escrito por Alice Stephanie Tapia Sartori e Claudia Glavam Duarte em 2015, publicado na revista Educação Matemática e Pesquisa (EMP). UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU caso da filosofia da Educação Matemática; Contribuições contemporâneas para as discussões Curriculares em Educação Matemática: a teoria crítica pós-moderna; Educação Matemática e Contemporaneidade: Enfrentando discursos pós-modernos; e, por último Forma/ação do professor de Matemática e suas concepções de mundo e de conhecimento. Na plataforma Sucupira foram encontradas 4 buscas. Diferente das outras plataformas, a Sucupira é a mais específica e direcionada para um acervo de inúmeras revistas. Dentre essas quatro buscas, consideramos três revistas para pesquisa de artigos, já que uma delas era internacional e não abordava a temática “pós-modernidade” no aspecto filosófico, mas apenas como marco temporal, sendo elas: Educação Matemática Revista, Educação Matemática Revista (SP) e Bolema: Boletim de Educação Matemática. Em consequência disso, pesquisamos em cada revista pelos termos: “pós-modernidade”, “modernidade” e “moderno”, já que são periódicos que já consideram o contexto da Educação Matemática. A partir das revistas, foram encontrados nove resultados, das quais foram escolhidos apenas um artigo, tendo em vista o propósito deste trabalho: Práticas lúdicas na educação matemática escolar: As escolas nos fluídos da modernidade líquida. Logo, foram escolhidos oito artigos que contemplam e procuram traduzir a proposta deste trabalho. Segue abaixo cada um deles conforme suas justificativas e qualidades para com a Educação Matemática na pós-modernidade. 1. Vista do século XXI - Da educação das certezas à educação na incerteza: um estudo introdutório, escrito por Vanderlei Smaniotto e Ireno Antônio Berticelli no ano de 2018. Este artigo contempla um breve estudo da educação moderna e pós-moderna e como ambas formalizam o conhecimento conforme o meio. Inicialmente, o conhecimento é caracterizado como uma ciência régia, ou seja, um fundamento para o que foi conquistado posteriormente. Entretanto, no momento de transição para a sociedade pós-moderna, tal ciência passa a ser frágil, inconstante e, consequentemente, 32 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU relativa. Segundo, Gallo (2006, p.563), A ciência régia tem sido, evidentemente, hegemônica e isso não se deu apenas na chamada modernidade; mas isso não faz da ciência nômade algo novo, pós-moderno. Penso que uma análise histórica dos processos humanos de produção dos saberes mostra-nos que, nos interstícios dos saberes “oficiais”, são sempre produzidos saberes múltiplos, que escapam ao processo, que não se tornam hegemônicos. Ou seja, mesmo que a chamada “ciência régia” possa ser o alicerce para a academia, como dito acima, ainda estará sujeita às relativizações, as quais não foram questionadas no devido momento. Talvez porque não cabia para o mesmo, por falta de criatividade ou apenas pelo simples fato de tomar algo como verdade ser o mais cômodo para a situação. Considerando a Educação Matemática à luz da sociedade líquida, temos que a mesma estará sujeita à instabilidade e acima de tudo, vista como um produto numa vitrine, cujo qual no final do dia já estará sendo trocado por outro. Isto é, ao não persuadir o cliente, torna-se descartável e substituível. “A massa de conhecimento acumulado chegou a ser a epítome contemporânea da desordem e do caos” (Bauman, 2011, p.79). Hoje os jovens sofrem de “síndrome de impaciência” e não têm mais tempo para desperdiçar com uma educação que exige muito esforço para pouco prazer, tanto mais uma educação para a vida toda. 2. O pensamento matemático e a formação da identidade cultural: Ressonâncias e Consonâncias, escrito por Maria do Carmo Santos Domite e Júlio César Augusto do Valle no ano de 2015. Este artigo procura compreender a influência da pós-modernidade sob à fragmentação da identidade cultural no âmbito escolar, especificamente no pensamento matemático, e como tal pensamento a favorece. Como possibilidade de solução os autores utilizam da Etnomatemática como reflexão para a recuperação da dignidade e identidade cultural desses indivíduos. Aqui, a Etnomatemática se torna ferramenta de 33 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU desconstrução de preconceitos considerados pelo próprio meio. Esse olhar para a identidade, do ponto de vista político, chama a atenção para o fato de que identidades também podem ser construídas de maneira negativa, de modo a descaracterizar – excluir, marginalizar – grupos políticos e sociais (Valle; Domite, 2015, p. 134). Cabe ressaltar a Educação Matemática na condição de Etnomatemática, como abordar a Matemática em diferentes contextos e não considerá-la sob uma única perspectiva a qual contemplará a todos. Considerando a pós-modernidade, é notório que a etnomatemática seja um exemplo de abordagem educacional para este meio, tendo em vista que ela contempla a pluralidade. Deste modo, como já dito, a Educação Matemática no meio líquido se torna menos excludente para com aqueles que o pertencem. Todavia, não é uma sentença a ser seguida pelos professores, mas ainda, uma sugestão que seja facilitadora para a convivência e compreensão dos alunos pós-modernos. 3. A formação de professores de Matemática em tempos de crise paradigmática, escrito por Josep Gascón no ano de 2023. Neste artigo evidencia como a pós-modernidade condiciona a formação de professores de Matemática nas instituições universitárias, de modo que a sua capacidade didática acabe sofrendo tais influências. Aqui, a Educação Matemática e a pós-modernidade são apresentadas como rivais, já que a pós-modernidade se torna responsável pela fragmentação e negligência por parte da educação. Por consequência disso, os professores produzidos neste meio, estão sujeitos a inconsequência, instabilidade e ao “modelo fordista” do conhecimento no ato de professar em sala de aula. Aqui há uma justificativa comportamental dos professores que pertencem a esta realidade líquida, aquela que almeja o instante, seria ela quem os substituirá por inteligências artificiais? 34 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU 4. Wittgenstein como pós-moderno: O caso da filosofia da Educação Matemática, escrito por Guilherme Wagner e Everaldo Silveira no ano de 2020. Neste artigo, os autores buscam a origem das teses pós-modernas e como a filosofia de Wittgenstein promove um encadeamento entre a Educação Matemática e a pós-modernidade por meio de sua filosofia. A contribuição desse artigo para com este trabalho é a evidência prática que ele apresenta. Em suma, a postura pragmática de Wittgenstein no ensino ostensivo como ensino de treinar para uma técnica é só uma outra forma de defesa de um ensino tecnicista que não questiona que conteúdos são estes, ou o porquê deles, mas sim que devem ser acatados, aceitos e apreendidos. Isto é, para Wittgenstein a postura de ampliação do ensino da matemática para fora da disciplina somente se justificaria se auxiliasse no aumento dos usos e das significações desses conceitos no próprio jogo de linguagem (Wagner; Silveira, 2020, p. 300). Aqui notamos a inconsistência presente na pós-modernidade por meio de Wittgenstein, embora a Educação Matemática seja “ampliada” por meio da significação de linguagens matemáticas, ainda assim os conceitos são apresentados de maneira técnica e padronizada, de modo que a postura pedagógica limita-se ao modelo tradicional. Será que a visão tecnicista segundo Wittgenstein, por meio de sua tentativa de correspondência entre a representação de mundo por meio da linguagem e a própria realidade, não seria uma característica própria do pós-moderno? Mesmo que soe contraditório, já que a pós-modernidade não se afirma no ato de se consolidar em um padrão, mas na condição de estar, sendo uma característica de adaptação ao próprio meio? 5. Contribuições contemporâneas para as discussões Curriculares em Educação Matemática: a teoria crítica pós-moderna, escrito por Marcio Antonio da Silva no ano de 2013. Neste artigo contempla reflexões para com o Currículo em Educação Matemática a partir da teoria da pós-modernidade, de modo que seja possível a compreensão da própria inquietação por parte do professor para com o meio. Além 35 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU disso, apresenta possibilidades para trazer ressignificação da própria Matemática, de maneira plural, não singular. Por exemplo: o uso de História da Matemática para serem atribuídos valores e influências que contemplam a sua diversidade. A significação e a incerteza parecem constituir elemento central dessas pesquisas, no entanto, pouco se discute sobre como superar ou como implementar práticas que contemplem essa diversidade. A sensação que temos é que essas pesquisas angustiariam ainda mais o professor que atua na educação básica. Ele perguntaria: “reconheço toda essa complexidade e diversidade, mas, o que eu faço?” (Silva, 2013, p. 229). Neste caso há um conjunto de discussões que direcionam na própria inquietação do professor com o seu convívio na realidade líquida, de modo que, certamente, influencia no seu âmbito profissional. Aqui, além dessas discussões, há algumas sugestões e possibilidades que possam ser utilizadas conforme o currículo, sendo assim mais praticável em sala de aula. 6. Educação Matemática e Contemporaneidade: Enfrentando discursos pós-modernos, escrito por Sônia Maria Clareto no ano de 2002. A ideia central do texto é esboçar um quadro de ideias que caracterizam o momento de crises política, ideológica e epistemológica, sob o ponto de vista da Educação Matemática, com ênfase na Etnomatemática, neste período. Na era Moderna, a Matemática era apresentada como uma ferramenta de legitimação do conhecimento. Ela é a responsável pela disciplina escolar e aquela que decorrem as ditas “verdades eternas da razão”, as quais caracterizam a racionalidade humana. Nas últimas gerações, a Matemática tem sido caracterizada por sua relevância em sociedade, tendo em vista sua aplicabilidade no meio. Consequentemente, há uma transição de uma Matemática singular para uma Matemática plural. A cada minuto uma mutação. A passagem de mitose para meiose traduz a modernidade para a pós-modernidade, sua “variabilidade genética” afirma que existem alelos diversificados e aleatórios (pós-modernidade), todavia que partiram de um mesmo gene, a modernidade. Segundo Clareto (2002, p. 12), 36 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU [...] parece claro que o projeto moderno, baseado na Matemática como sua grande metanarrativa, não mais se sustenta. O apelo à pluralidade e à negação das metanarrativas já implica uma mudança. Somam-se a isso as crises de subjetividade e de agência humanas, da verdade e da autoridade”. A aprendizagem passa a ser pluralizada. Ou seja, há vários exemplos de sujeito, de modo que a Matemática escolar passe a ser complexa, tendo em vista que a pluralidade é pautada em situações em que existe sua aplicabilidade. As verdades científicas passam a ser relativizadas com facilidade, pois o sujeito está descentrado e os conteúdos não se baseiam apenas na racionalidade. A Matemática passa a ser plural. Como consequência disso, temos a Etnomatemática que está em ressonância com vários discursos pós-modernos. 7. Forma/ação do professor de Matemática e suas concepções de mundo e de conhecimento, escrito por Roger Miarka e Maria Aparecida Viggiani Bicudo no ano de 2010. O artigo descreve sobre um curso de extensão para professores de Matemática, o qual irá pautar as concepções dos professores no meio educacional, como também o período transitório da era moderna para a pós-moderna neste âmbito, isto é uma breve avaliação dessas articulações e como elas implicam na prática docente. O nome do curso é “Concepções de mundo e de conhecimento: a virada” de modo que foque no momento transitório de modernidade e pós-modernidade. O curso se utilizou de uma lógica transdisciplinar, ocorreu por meio de leituras, de modo que os docentes ficaram livres para interpretá-los e utilizaram-se da metacompreensão. Miarka e Bicudo (2010) e os demais pesquisadores utilizaram de uma tabela/mapa mental para tentar compreender a ideia dos professores e assim poder ter um aproveitamento do que buscavam diante da prática. A interpretação de Miarka e Bicudo (2010) com a palavra form/ação diante da prática docente, me chama a atenção. Já que me parece que ela faz esse apelativo 37 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU fenomenológico de modo a afirmar que o professor é formado ao decorrer de sua ação como tal, ou seja, está em constante mudança, consequentemente aprendizado. Uma observação à metacompreensão: Admitindo [-se] que algum dia isto acontecerá as pessoas passariam a compreender como não se pode buscar uma única causa para algum problema, como cada ação que temos irá interferir em diversos lugares/fatos, como tudo e todos estão de alguma forma conectados e relacionados. (M14), depoimento de um(a) professor(a) participante do curso (Miarka; Bicudo, 2010, p. 564). Entendemos que a metacompreensão se faz presente na pós-modernidade, tendo em vista que, como dito pelo(a) participante, tudo o que nos permeia causa influência na nossa compreensão e interpretação sobre o meio. Sob o ponto de vista da Educação Matemática na sociedade pós-moderna, temos que existe uma influência do meio sobre a educação. Todavia, diante desse artigo, cabe ao professor buscar compreender as nuances que o permeiam, e assim, “compreender os modos como o compreendido se manifesta nas próprias ações e modos de agir” (Miarka; Bicudo, 2010, p. 564). 8. Práticas lúdicas na educação matemática escolar: A escola nos fluídos da modernidade líquida, escrito por Alice Stephanie Tapia Sartori e Claudia Glavam Duarte no ano de 2015. A proposta deste artigo é apresentar como as atividades lúdicas na educação matemática contribuem para a formação do sujeito na sociedade líquido-moderna. Considerando a pós-modernidade, é dito o sujeito precisa ter interesse, desejo e prazer, produzindo sua satisfação que, no entanto, não pode ser alcançada. Assim, consideramos que a escola encontra-se nos fluídos desta sociedade, que está disposta a modelar, deformar os sujeitos que dela fazem parte (Sartori; Duarte, 2015, p. 228). Desse modo as atividades lúdicas podem ser uma alternativa para que a prática lúdica seja alcançada, sendo assim possível ampliar os caminhos de adaptação para este 38 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU meio. Consequentemente, desnaturalizam verdades arraigadas em nosso pensamento pós-moderno. 5. CONCLUSÃO Instabilidade, do latim instabilitas, condição daquilo que não é estável, tão pouco permanente, qualidade que descreve este trabalho como um todo. Em todos os momentos de elaboração deste trabalho eu não me via confiante sobre qualquer assunto. A partir disso, penso, seria essa uma característica própria do conceito de “pós-modernidade”? É notório que sim, até porque afirmo não ter certezas até aqui, mas um conjunto de incertezas e inquietações que provocaram reflexões sobre a formação de professores no contexto da pós-modernidade. A pergunta mor é: quais são as preocupações da educação matemática com relação à pós-modernidade? De todas as leituras realizadas, existem preocupações, tais como: comportamento dos alunos diante de situações problema, o uso de recursos tecnológicos em sala de aula, a influência da instabilidade presente na pós-modernidade a qual provoca um possível desinteresse por parte dos alunos ou ainda do próprio professor diante de uma situação desagradável em sala, a falta de pertencimento pessoal e profissional na condição de professor, já que, em meio à relativização das verdades e a necessidade do prazer imediato, o conhecimento torna-se também instável, entre outras apresentadas. O fato é que, as preocupações são apresentadas, até possíveis problemas, mas soluções ainda estão em aberto. Todos os artigos finalizam com uma postura semelhante neste artigo, não temos propósito ou certeza sobre como solucionar tal situação, mas a reflexão é algo a se considerar no meio acadêmico. De fato, as reflexões são necessárias e abrangentes ao ponto de dar possibilidades ao professor inserido no meio líquido, de modo que o faça refletir sobre a própria realidade. Entretanto, ainda me questiono: até quando isso será válido? Quando cito sobre as inteligências artificiais, é um receio que tenho, ao ter ciência da minha possível substituição profissional. É claro que soa radical, mas ainda não é impossível. 39 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU Como futura professora pós-moderna, observo que, a maioria dos alunos pós-modernos têm a consciência de que o ensino é apenas para o instante e caberá a nós, professores, adaptar o conteúdo para possível resultado? Na tentativa de oferecer prazer em sala de aula, por meio de alguma abordagem educacional, ainda é suficiente? O que é o bastante para o indivíduo pós-moderno? É como se eu me submetesse à ideia de que nada é o bastante para a sociedade líquida, consequentemente, esperar algo dela soa inalcançável. Consequentemente, parece-me tentador aceitar o que é imposto pelo Estado com o uso de slides em sala de aula. Tendo em vista todas as condições líquidas que nos cerceiam, a formação de professores de matemática traz uma metodologia de ensino a qual pode ser uma alternativa para, ao menos, compreender e conviver com o indivíduo pós-moderno: a etnomatemática. Note que, a convivência com o indivíduo pós-moderno não significa interpretá-lo como um “selvagem”, mas como alguém sujeito às fragilidades dessa realidade: ansiedade e vazio existencial, por exemplo. Sendo assim, por meio da etnomatemática, a pluralidade neste meio torna-se possível e mais acessível. Nos artigos, a etnomatemática se mostra como uma metodologia de ensino, mas ao meu ver, foi além disso. Sob o olhar da pós-modernidade, penso que a etnomatemática foi uma consequência necessária pelo próprio meio. Como já dito, a pluralidade é uma característica dessa realidade, embora a ideia do diverso soe como contemplar todas as diferenças e abraçar o todo, a realidade líquida é fragmentária. Ou seja, os próprios grupos fragmentam-se entre si para adaptarem-se a este meio. Logo, a etnomatemática se apresenta como uma sugestão para reconhecer a matemática em diferentes contextos sócio-culturais, dentre eles, na própria pós-modernidade. De modo que uma matemática que era singular, a base do conhecimento, torna-se plural. Aquela que agrega diferentes contextos em que a matemática é presente. E como todos os artigos, sugiro também que sejam possíveis outras discussões e reflexões acerca desse assunto, e que além delas, possam ter soluções para isso. Ou 40 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS CAMPUS BAURU melhor, se não há solução é porque ainda não há problema, que possamos trazer problemas suficientes ao ponto de conquistar soluções para tal. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, Perry. As Origens da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. BARALDI, I. M. Refletindo sobre as concepções matemáticas e suas implicações para o ensino diante do ponto de vista dos alunos. Mimesis, Bauru, v. 20, n. 1, p. 07-18, 1999. BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação, 1981. BAUMAN, Zygmunt. 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. CERIONI, Carla. Para críticos, objetivo do Escola sem Partido é reescrever ditadura. Exame, ©2024. 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