UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” - FCT
ANA PAULA ZIMIANI VICENTE
PPPAAARRRQQQUUUEEE DDDAAA SSSAAANNNBBBRRRAAA:::
REQUALIFICANDO UM VAZIO URBANO EM OURINHOS
PRESIDENTE PRUDENTE
2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” - FCT
ANA PAULA ZIMIANI VICENTE
PARQUE DA SANBRA:
REQUALIFICANDO UM VAZIO URBANO EM OURINHOS
Monografia apresentada à disciplina de
Trabalho Final de Graduação III- TFG III, da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Unesp de Presidente Prudente
Orientadora: Profa. Dra. Arlete Maria Francisco
PRESIDENTE PRUDENTE
2015
Dedico à Maria Cristina Zimiani Vicente
(in memoriam), minha amada mãe.
Agradeço,
a todas pessoas que me apoiaram na minha batalha para entrar na
universidade, quem esteve ao meu lado sabe o quão difícil foi, mas nunca perderam
a esperança em mim.
A minha família; meu pai, minha mãe, meu irmão e irmã por me ouvir e
me apoiar incondicionalmente e se fazerem presentes mesmo estando longe. E a
todos os outros familiares que estavam caminhando comigo todos esses anos.
A meus amigos nesses anos de faculdade que foram minha família e
compartilhamos muitas risadas, bebedeiras, tristezas e desesperos. Um carinho
especial a Ana Paula, Luiza, Renata, Erivelton (meu eterno Doce), Thais, Terumi,
Lara, Nayra, estes fizeram de Prudente um lar.
A todos os docentes que me ensinaram sobre a arquitetura,
principalmente a Profa. Dra. Arlete Maria Francisco que foi minha orientadora e
possibilitou a realização desse projeto, mesmo diante de dificuldades.
E a todos que direta e indiretamente me ajudaram para a realização
desse trabalho, principalmente a minha amiga Halina, que está compartilhando
momentos comigo desde primeira serie e ao Vitor, meu amigo, companheiro e
confidente que me apoia nessa fase da minha vida.
“A arquitetura verdadeira é um processo total,
que cuida dos relacionamentos econômicos e
sociais do ser humano. É claro que a beleza, a
forma bela, pode consolar o homem. A poesia da
forma vital. Mas sem o sentido social da
arquitetura, tudo isso se perde. O homem é o
objetivo final da arquitetura.”
(Lina Bo Bardi)
Resumo
Este trabalho consiste em analisar uma área urbana da cidade de Ourinhos. Nesse
local localizava-se uma antiga indústria, dos anos 40, a Sociedade Algodoeira do
Nordeste Brasileiro (Sanbra). Que foi desativada e os prédios existentes foram
demolidos. Com a demolição, ficou uma área sem uso para cidade, e tornou-se um
vazio urbano na área ferroviária de Ourinhos. O local de estudo é um exemplo do
que aconteceu em muitas das cidades brasileiras, em que antigas fábricas foram
desativadas, tornando-se sem uso à cidade e também sem identidade com o espaço
urbano. Portanto, esse projeto buscou as potencialidades e problemáticas da área e
o seu entorno, com a finalidade de conseguir elementos para criar um espaço de
qualidade para a vida dos ourinhenses e dar um novo uso ao espaço.
Palavras-Chave: Vazio Urbano; Espaço Público; Patrimônio Industrial.
Abstratct
This work consists in analyzing an urban area of the city of Ourinhos. That site was
located an old industry, the 40s, the Brazilian Northeast Algodoeira Society (Sanbra).
Which was shut down and the existing buildings were demolished. With the
demolition, was an area unused to city, and became an urban empty in the railway
area of Ourinhos. The local study is an example of what happened in many Brazilian
cities, where old factories were closed, making it useless to the city and also without
identity with the urban space. Therefore, this project sought the potentialities and
problematics of the area and its surroundings, for the purpose to get elements to
create a quality space for the life of ourinhenses and give a new use to space.
Keywords: Urban empty; Public Space; Industrial Heritage.
Lista de Figuras
Figura 1 - Localização de Ourinhos em relação ao Estado de São Paulo .................. 3
Figura 2 - Imagem Orbital da Área ............................................................................. 5
Figura 3 - Fotos Antigas da Sanbra ............................................................................ 6
Figura 4 - Foto Orbital da área 2006 .......................................................................... 6
Figura 5 - Foto orbital da área 2014 ........................................................................... 7
Figura 6 - Divisão dos Bairros .................................................................................... 8
Figura 7 - Expansão Urbana de Ourinhos .................................................................. 9
Figura 8 - Recorte do Zoneamento de Ourinhos ...................................................... 11
Figura 9 - Recorte dos Instrumentos da Política Urbana de Ourinhos ...................... 12
Figura 10 - Mapa de exclusão/inclusão social de Ourinhos ...................................... 13
Figura 11 - Residências na Vila Boa Esperança na região sul ................................. 14
Figura 12 - Distribuidora de Combustível na Vila Esperança .................................... 14
Figura 13 - Residências na Vila Boa Esperança na região norte .............................. 15
Figura 14 - Residências no Parque Gabriela ............................................................ 15
Figura 15 - Figura Fundo Vias .................................................................................. 17
Figura 16 - Mapa Antigo de Ourinhos ...................................................................... 17
Figura 17 - Recorte da Classificação das Vias do Plano Diretor de Ourinhos .......... 18
Figura 18 - Principais Vias ....................................................................................... 19
Figura 19- Figura Fundo Quadras ............................................................................ 20
Figura 20 - Fundo dos lotes voltados para a área, lado esquerdo ............................ 20
Figura 21 - Fundo dos lotes voltados para a área, lado direito ................................. 21
Figura 22 - Única rua de acesso à área ................................................................... 21
Figura 23 - Cul del sacs voltado para a área ............................................................ 21
Figura 24 - Uso e Ocupação .................................................................................... 22
Figura 25 - Usos principais....................................................................................... 23
Figura 26 - Santa Casa ............................................................................................ 23
Figura 27 – Praça da Santa Casa ............................................................................ 24
Figura 28 - Escola Pública ....................................................................................... 24
Figura 29 - Praça Melo Peixoto ................................................................................ 24
Figura 30 - Vegetação Urbana ................................................................................. 26
Figura 31 - Vegetação da Área ................................................................................ 26
Figura 32 - Visão Serial ............................................................................................ 28
Figura 33 - Parte 1 - Visão Serial ............................................................................. 30
Figura 34 - Parte 1 - Marcos e Pontos Nodais.......................................................... 31
Figura 35 - Parte 2 - Visão Serial ............................................................................. 33
Figura 36 - Parte 2 - Marcos e Pontos Nodais.......................................................... 34
Figura 37 - Fotos do Local ....................................................................................... 35
Figura 38 - Fotos internas do Prédio ........................................................................ 36
Figura 39 - Parque da Juventude ............................................................................. 40
Figura 40 - Projeto do Parque da Juventude ............................................................ 40
Figura 41 - Parque Esportivo ................................................................................... 41
Figura 42 - Parque Contemplativo ............................................................................ 42
Figura 43 - Parque Institucional............................................................................... 42
Figura 44 - Parque Diagonal Mar ............................................................................. 43
Figura 45 - Croqui do Projeto Diagonal Mar ............................................................. 44
Figura 46 - Parque Diagonal Mar ............................................................................. 44
Figura 47 - High Line ................................................................................................ 46
Figura 48 - Piso com a vegetação da High Line ....................................................... 46
Figura 49 - Localização dos Parques de Ourinhos ................................................... 48
Figura 50- Fluxos do Parque .................................................................................... 51
Figura 51- Setorização do Parque............................................................................ 52
Figura 52- Caminhos Projetados .............................................................................. 53
Figura 53- Projeto do Parque ................................................................................... 54
Sumário
Lista de Figuras
1. Introdução .............................................................................................................. 1
2. Da Estrada de Ferro...ao polo cultural... ................................................................. 3
3. A área .................................................................................................................... 5
3.1 Os Bairros ....................................................................................................... 8
3.2 Zoneamento .................................................................................................. 10
3.3 Política Urbana .............................................................................................. 11
3.4 Dinâmicas Sociais ........................................................................................ 13
4. Análise Urbana Morfológica da Área .................................................................... 15
4.1 Rede de Vias ................................................................................................. 16
4.2 Quadras ......................................................................................................... 19
4.3 Uso e Ocupação ............................................................................................ 22
4.4 Vegetação Urbana ......................................................................................... 25
5. Análise Visual ...................................................................................................... 27
6. Discussão Teórica ................................................................................................ 36
6.1 Vazios Urbanos ............................................................................................. 36
6.2 Cidades e a Produção dos Espaços Públicos ............................................ 38
7. Referências Projetuais ......................................................................................... 39
8. Diretrizes .............................................................................................................. 47
9. Projeto 52
Referências .............................................................................................................. 57
1
1. Introdução
As cidades contemporâneas têm expandido para novas periferias e
desconsiderado áreas de remanescentes urbanos dentro da própria cidade, as
quais são sobras do espaço físico. Deste modo, este trabalho visa uma
intervenção em uma área já existente que perdeu suas características
anteriores. Logo pretende-se qualificar o espaço e preencher com um novo
uso.
Nesse caso, a área a ser estudada será o terreno da antiga indústria da
Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro (Sanbra) no município de
Ourinhos, instalada nos anos 40, e que hoje não restou praticamente nada
dessa história, apenas um grande terreno com uma edificação e uma torre
industrial no meio da cidade ao lado da linha férrea, que encontra-se vazio e
sem uso.
Em vista disso, o objetivo é traçar diretrizes para a requalificação do
local para que possa melhorar a vida dos moradores dos bairros ao redor e
também da própria cidade, colocando um novo uso e revalorizando o espaço já
existente.
Portanto, para uma melhor análise do local foram coletados dados em
uma escala maior. Primeiro em uma escala de município, com histórico da
cidade e sua localização em relação a ele. Após, foi utilizada uma escala
menor, todavia ainda macro, apenas com os bairros que circundam a área e
que são mais afetados com a problemática existente.
Assim, foram coletados dados dos bairros, das vias, das quadras, da
política urbana da cidade para área em questão, a vegetação, e zoneamento.
Isso ajudou a compreender como é sua estrutura urbana, e como está
relacionada com a cidade e seu entorno próximo.
Além disso, uma análise visual foi de grande interesse, pois a linha
férrea tangencia a área, e dela podemos tirar diferentes visuais, e entender
como está integrada a região estudada e na própria cidade.
Em seguida, será feito um estudo teórico sobre as maiores
problemáticas da área discutindo sobre vazios urbanos e a cidade
contemporânea e a produção de espaços públicos. Isso foi de relevância para
2
entender os maiores temas em questão para a área e planejar a integração
desse espaço com a cidade.
Para auxiliar nas diretrizes foram feitos estudos de casos que de
alguma forma se assemelham com o objeto de estudo. O Parque da Juventude
por tentar colocar um novo uso a área sem esquecer o que era, deixando
rastros de sua memória, o Parque Diagonal Mar, em que tenta criar um espaço
de qualidade em uma região degrada e de remanescente industrial, a High Line
que tenta propor um novo uso a uma antiga linha férrea desativada dentro de
uma área urbana.
E por fim, com todos os levantamentos realizados foram traçadas
algumas diretrizes para requalificar a área, e principalmente para poder criar
um espaço público de qualidade, no caso criar um grande Parque Urbano na
cidade de Ourinhos, preservando as características da paisagem e histórica do
local.
3
2. Da Estrada de Ferro...ao polo cultural...
Ourinhos, situada na divisa do Estado de São Paulo com o Paraná e na
região administrativa de Marília, com uma população de 103. 930 habitantes e
um IDH de 0,778 (IBGE 2010), nasceu com a presença da estrada de ferro, o
cultivo de café e algodão, que ocasionaram prosperidade à região.
Figura 1 - Localização de Ourinhos em relação ao Estado de São Paulo
Fonte: CAMACHO, Vitor A. L., 2015
Assim, em 1908, é inaugurada a Estação Ferroviária do Distrito de
Ourinho1, pertencente ao município de Salto Grande. A Estrada de Ferro
Sorocabana foi de extrema importância para a expansão de Ourinhos, nos
meados do século XX, pois trouxe ao distrito um fluxo de imigrantes. A vista
disso, em 1918 elevou à categoria de município.
A principal atividade econômica da época era agrícola, contudo havia
atividades de olaria, que se encontram até hoje na cidade, a Indústria de
1 Após sua emancipação em 1918 o nome foi alterado para Ourinhos. Foi elevado à categoria
de município com a denominação de Ourinhos, por Lei 1.618, de 13 de dezembro de 1918,
desmembrado de Salto Grande. Constituído o Distrito Sede. (IBGE)
4
Fundição Migliari, a fábrica de guaraná Ceci, e nos anos 40, a Sociedade
Algodoeira do Nordeste Brasileira (Sanbra). Além do setor de serviços cada
vez mais atuante.
A partir da década de 50, o quadro econômico de Ourinhos se altera e
a produção canavieira passa a ser a principal atividade. A Usina São Luís,
produtora de álcool e açúcar, é instalada no município. Além disso, unidades
de distribuição de derivados de petróleos e combustíveis de empresas como a
Ipiranga, Shell, Esso, Petrobrás (álcool), se instalaram na cidade pela sua
localização, e pela dinâmica de mobilidade. Conjuntamente nesse período
outras indústrias começaram a se instaurar em Ourinhos: Indústria e Comércio
Marvi (1953), Caninha Oncinha (1958), Colchões Castor (1962) e Café Jaguari
(1962), originárias, pelo menos em parte, do capital local (BOSCARIOL, 2008).
Ao mesmo tempo, a Rodovia Raposo Tavares foi construída facilitando
a mobilidade e aumentando o fluxo. Ourinhos segue seu desenvolvimento em
torno da Estrada de Ferro e a sua Rodovia, as quais se situam completamente
dentro da cidade. A primeira hoje é vista como um problema, uma vez que
perdeu-se o símbolo de prosperidade que havia em seu início, pois o centro
urbano da cidade se expandiu em volta da linha férrea, como será discorrido ao
longo do texto. Já a segunda é muito utilizada para rotas rodoviárias, pois liga o
interior a capital do estado de São Paulo.
Nos dias de hoje, Ourinhos é uma cidade com sua base econômica na
agroindústria. Além disso, recebe vários festivais anuais, entre eles o Festival
de Música, Dança e Teatro. Com isso faz da cidade um referencial cultural,
bem como suas escolas municipais de dança, música e teatro com
reconhecimento nacional, algumas vezes internacional, pois a escola de dança
já representou o Brasil em competições no exterior. Há também a feira
agropecuária, FAPI, muito conhecida por ser umas das maiores feiras gratuitas
do Estado de São Paulo, e que recebe uma grande parcela da região e
grandes empresas para a exposição.
Após apresentar um breve histórico da cidade de Ourinhos, será
apresentada a área o objeto de estudo durante todo o texto.
5
3. A área
A área de estudo abrange uma grande dimensão e para uma maior
compreensão da análise serão apresentados um pequeno histórico, os bairros
adjacentes, o zoneamento e alguns dados da cidade relevantes para um
melhor conhecimento do local. Atualmente, no terreno correspondente à
Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro (Sanbra) há apenas uma
edificação, que era o antigo refeitório da indústria, porém esse prédio está bem
depredado.
Figura 2 - Imagem Orbital da Área
Fonte: Google Earth 2014, modificado por VICENTE, Ana P.Z.,2014
Quando a Sanbra chegou a Ourinhos, nos anos 40, ela industrializava
o algodão, mamona e amendoim produzindo óleo. Empregou por volta de 600
a 800 funcionários. E nos anos 70, pela baixa produção das matérias primas,
retirou-se da cidade, sendo mais tarde substituída pela Bunge.
6
Figura 3 - Fotos Antigas da Sanbra
Fonte: Disponível em: Acesso em: 01/04/2014
É visível, que o terreno ocupado pela a indústria da Sanbra atinge uma
significativa área, cerca de 80.000m². Com a sua demolição em 2007, gerou-
se, um grande vazio, não só nas memórias ourinhenses, mas na própria cidade
(Figura 4 e 5), destruindo o que era antes um local de trabalho de grande parte
população, ignorando o significado do lugar e a própria arquitetura.
Figura 4 - Foto Orbital da área 2006
Fonte: Google Earth, modificado por VICENTE, Ana P.Z.,2014
7
Figura 5 - Foto orbital da área 2014
Fonte: Google Earth, modificado por VICENTE, Ana P.Z.,2014
Não houve uma preocupação ou interesse em manter o que pré-existia
nessa área, deixando demolir o passado de Ourinhos. A Sanbra definiu a
configuração da cidade e a sua economia. Gomes (2011, p.130) afirma que
“foi a cidade antiga, que em larga medida, forneceu as formas que configuram
a cidade moderna". No caso de Ourinhos isso não é diferente, esse vazio
urbano formado no meio da cidade traça o perfil de seu entorno.
Os citadinos quando questionados sobre a área expressam um
saudosismo sobre o que foi. Ao conversar com um morador do local, este
expressou um sentimento pelo o que foi aquele espaço e reiterou dizendo que
"Ourinhos era acordada com a sirene da Sanbra”, indicando como a fábrica
afetava a rotina da cidade. Essa área é carregada de história e possui um
patrimônio industrial. Sobre esse assunto Khul (2008, p.220) afirma:
Em suma, negligência, abandono, destruição, transformações
imponderadas de monumentos e sítios históricos (...) afetam sua
integridade material e sua autenticidade, resultam em “decoro de
opereta”, implicam intolerância, que leva ao aniquilamento da
multiplicidade, que resulta num instrumental deficiente para
compreender a realidade atual e a ela se adaptar- e por conseguinte,
impõe limitações à própria liberdade-, gerando perturbações tanto
para o indivíduo quanto para a coletividade.
A partir da fala de Khul (2008), pode-se constatar uma certa negligência
da histórica e das transformações que sofreu o local, pois uma grande indústria
8
tornou-se um local de completo abandono. A realidade atual é muito diferente e
a nova geração não enxerga a importância que já teve para a cidade de
Ourinhos. É um local de potencialidades e precisa ser (re)descoberto pela sua
população novamente.
3.1 Os Bairros
O recorte da área é constituído em por sete bairros: Centro e sua
expansão, Vila Boa Esperança (1944), Vila Moraes (1944- 1953), Vila Emília
(1944-1953), Residencial Parque Gabriela (1984-1993), uma parte do Parque
Minas Gerais (1964- 1973) e Vila Perino (1944- 1953). A maioria dos bairros é
de formação antiga, anos 40, menos o Residencial Parque Gabriela, de
urbanização recente (Figura 7).
Figura 6 - Divisão dos Bairros
Fonte: Google Earth, modificado por VICENTE, Ana P.Z.,2014
9
Figura 7 - Expansão Urbana de Ourinhos
Fonte: SILVEIRA M.R.etal. Ourinhos-SP Formação e Desenvolvimento de uma Economia
Regional e Demais Estudos.1.ed.Bauru Joarte Gráfica e Editora 2011.292p
Podemos apreender na figura 7 como se deu a expansão urbana do
município de Ourinhos, pois a partir das manchas urbanas indica o crescimento
da cidade conforme os anos. Podemos observar no mapa como a linha férrea
faz parte da vida ourinhense por ter a expansão urbana mais antiga nas
adjacências dela e como a Rodovia trouxe um crescimento após os anos 70
para o lado direito da estrada de rodagem. Panerai (2006) destaca como é
importante entender o crescimento de uma cidade, pois nos oferece uma
apreensão global da aglomeração e os períodos de estabilidade, de ruptura,
marcados pelo crescimento urbano, com lógicas inscritas profundamente no
território.
Portanto, a grande marca de crescimento em Ourinhos, é a linha
férrea, na qual a cidade desenvolveu ao seu entorno, de uma forma contínua e
nucleada. Panerai (2006, p.55) ressalta que “cada estágio do processo, as
extensões se fazem pelo prolongamento direto das porções urbanas já
10
construídas” e com a figura 7 depreendemos que esse processo aconteceu no
município, pois o crescimento urbano está nas adjacencias da estação.
Já nos anos 50, quando implantanda a estrada de rodagem2, o
transporte ferrovíario foi perdendo sua importância para a formação da cidade,
desta forma, começou a crescer de uma maneira mais espraida e descontínua
com uma “ocupação mais aberta do território, a qual preserva rupturas naturais
ou agrícolas entre as partes antigas e as novas extensões, permitindo assim a
eclosão da aglomeração” (Panerai, 2006, p.58). Assim como destaca Villaça
(2005, p.70):
Parece haver íntima relação entre as vias regionais de
transporte e de crescimento físico das cidades. As ferrovias provocam
crescimento descontínuo e fortemente nucleado, em que o núcleo ou
o polo se desenvolve junto as estações. As rodovias - especialmente
as expressas - provocam um crescimento mais rarefeito e
descontínuo e menos nucleado que as ferrovias. Isso se deve às
diferenças de acessibilidade oferecidas pelos dois tipos de via. Na
ferrovia, a acessibilidade só se concretiza nas estações; na rodovia,
pode se concretizar em qualquer ponto.
3.2 Zoneamento
Pelo local se encontrar em uma área central da cidade, seu uso
predominante é a Zona de Centralidade e de acordo com o plano diretor, o
objetivo é (Lei 499, Art. 86):
Criar uma centralidade multifuncional através de um
complexo de equipamentos públicos e privados com teatro, cinema,
recinto para eventos e exposições, espaços públicos de lazer e
alimentação e serviços de atendimento ao cidadão.”
O terreno está localizado em uma zona mista que, de acordo com a Lei
Complementar 499 de dezembro de 2006 Art. 89, determina que: “poderá ser
ocupada por usos mistos com predomínio de usos residenciais da população
fixa do Município.”.
2 A partir dos anos 30, no governo de Getúlio Vargas é adotado no Brasil uma política
rodoviária pôr o Brasil estar se industrializando, promovendo o rodoviarismo como matriz dos
transportes, assim uma malha viária foi sendo criada conectando os estados, e foi consolidada
nos anos 50 pelo governo de Juscelino Kubitscheck, com a expansão da indústria
automobilística que acelerou a construção das estradas de rodagem por todo o Brasil.
11
Figura 8 - Recorte do Zoneamento de Ourinhos
Fonte: Lei Complementar nº499, modificado por VICENTE, Ana P.Z.,2014
3.3 Política Urbana
No plano diretor da cidade de Ourinhos delimitam-se áreas nas quais
podem-se aplicar alguns instrumentos das políticas urbanas, e na área de
estudo, se aplica o Direito de Preempção e a Operação Urbana Consorciada
(Figura 9).
Como o terreno é privado, será preciso a sua compra, e esses
instrumentos previstos, na Lei complementar nº 499 Art. 162, ajudará, pois o
Direito de Preempção dispõe que:
Município tem preferência para aquisição de imóvel urbano
objeto de alienação onerosa entre particulares, desde que o imóvel
esteja, incluído em área a ser delimitada em lei específica e o Poder
Público dele necessite para: I. regularização fundiária; II. execução de
programas e projetos habitacionais de interesse social; III.
constituição de reserva fundiária; IV. ordenamento e direcionamento
da expansão urbana; V. implantação de equipamentos urbanos e
comunitários; VI. criação de espaços públicos de lazer e áreas
verdes; VII. proteção de áreas de interesse ambiental; VIII. proteção
de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico.
Já as Operações Urbanas, na Lei 499 Art. 154, dispõem que:
São o conjunto de intervenções e medidas coordenadas
pelo Poder Público Municipal com a participação dos proprietários,
moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o
objetivo de alcançar em determinada área transformações
12
urbanísticas estruturais, realização de novos investimentos, ocupação
de áreas ainda disponíveis, melhorias sociais e a valorização
ambiental, notadamente ampliando os espaços públicos, organizando
o transporte coletivo, implantando programas habitacionais de
interesse social e de melhorias de infra-estrutura e sistema viário num
determinado perímetro.
Figura 9 - Recorte dos Instrumentos da Política Urbana de Ourinhos
Fonte: Lei Complementar nº499, modificado por VICENTE, Ana P.Z.,2014
Para a situação, o melhor instrumento para incidir será o direito de
preempção, já que o poder público terá a preferência para a aquisição do
imóvel, porém o proprietário teria que vender o terreno para utilizar essa
política urbana. Também podem ser utilizados os princípios da função social da
propriedade urbana, já que o local não está em pleno desenvolvimento das
funções sociais e não está garantindo o bem estar dos habitantes, pensando a
propriedade privada em um bem coletivo como diz o Art. 182 da Constituição
Federal. Porém, ao utilizar esse instrumento e promover o adequado
aproveitamento do terreno, o município, a partir das sanções a serem aplicadas
ao proprietário demoraria muito tempo para conseguir a desapropriação. Por
esse motivo, para permitir que esse espaço se torne um espaço público, e
promova a sua função social, será necessária a desapropriação em si, para
conseguir utilizar de imediato o terreno.
13
3.4 Dinâmicas Sociais
Na Figura 10 abaixo podemos destacar que a área de estudo possui
uma média exclusão social. Porém, em seu entorno há regiões com inclusão
social, o Centro e a Vila Moraes e com baixa exclusão social a parte norte da
Vila Boa Esperança. Assim, o Pq. Residencial Gabriela e a parte sul da Vila
Boa Esperança estão com média exclusão social. Como os dois bairros
possuem usos predominantemente residenciais, como será visto ao longo do
texto, as figuras 11, 12, 13 e 14, estão como exemplos das edificações
presentes nessa área e para exemplificar as diferenças expostas.
Figura 10 - Mapa de exclusão/inclusão social de Ourinhos
Fonte: CAMACHO, Vitor A. L., 2014
14
A parte sul da Vila Boa Esperança, é um bairro mais carente e próximo
ao bairro Pq. Minas Gerais que é um bairro mais desfavorecido. Ao caminhar
por essa área é visível essa diferença. Além de possuir distribuidoras de
combustíveis próximas que podem desfavorecer esse bairro, pois há muito
movimento de caminhões de combustíveis nessa área. Assim, as Figuras 11 e
13 comparam a diferença existente no mesmo bairro. Na parte norte há
residências mais tradicionais, já na região sul encontram-se muitas casas sem
reboco e visivelmente mais simples. Já o Pq. Residencial Gabriela, como já
dito, possui urbanização recente, e suas casas são de construções mais novas,
e ainda há muitos terrenos vazios.
Figura 11 - Residências na Vila Boa Esperança na região sul
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 12 - Distribuidora de Combustível na Vila Esperança
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
15
Figura 13 - Residências na Vila Boa Esperança na região norte
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 14 - Residências no Parque Gabriela
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
4. Análise Urbana Morfológica da Área
Compreender a cidade como um organismo, como diz Panerai (2006),
que se desenvolveu ao longo dos anos, construindo uma imagem do seu
conjunto, não apenas de sua paisagem, mas de mapas que permitem uma
análise a partir de uma série de elementos, formando os tecidos urbanos. De
16
acordo com Panerai (2006) é constituído pela superposição ou imbricação de
três conjuntos: a rede de vias, os parcelamentos fundiários e as edificações.
A análise começa pela identificação desses conjuntos e depois o
estudo das relações que se dão para a cidade, para captar a lógica dos tecidos
urbanos. Além de que, a urbe é a construção do espaço, para estudá-lo
precisamos fazer da cidade um objeto de estudo e descobrir suas
singularidades.
4.1 Rede de Vias
O traçado das vias da cidade de Ourinhos é basicamente homogêneo,
retilíneo e regular, porém todas têm como obstáculo a linha férrea, no qual são
interrompidas quando a encontra. A cidade teve seu início ao sul, no qual
houve um planejamento do traçado da cidade e se estendeu aos bairros em
volta do centro. Uma planta antiga da cidade, sem data (Figura 16), mostra o
arruamento dos bairros antigos e percebe-se um primeiro planejamento no
traçado das vias.
A linha férrea dificulta a ligação entre os bairros. Há poucas passagens
entre os dois lados da linha: três vias com cruzamentos em nível e dois por
pontilhão. Além da rodovia próxima a área que faz uma nova quebra no
sistema viário da cidade. E se torna um novo elemento limitador das vias
urbanas.
Recortando para as vias do entorno da área de estudo, depreende-se
que há apenas uma via de acesso e que a área situa-se à margem da ferrovia
em seu lado direito. Ao lado esquerdo, há ruas próximas, porém nenhuma
margeia o lote e há no limite três “cul de sacs”, revelando como a área é
isolada do sistema viário da cidade. Há uma grande quebra no tecido retilíneo
das ruas, com o formato do lote.
17
Figura 15 - Figura Fundo Vias
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Elaborado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 16 - Mapa Antigo de Ourinhos
Fonte: Disponível em:
Acesso em: 01/04/2014
18
A malha viária, a partir do plano diretor, Lei 499 Art. 41, é classificada
em:
Vias Estruturais Nível 1 - VE1– Intermunicipal: garantem a
conexão e os deslocamentos intermunicipal e regional;
Vias Estruturais Nível 2 - VE2 – Inter-Regional: permitem a
articulação e os deslocamentos entre regiões;
Vias Estruturais Nível 3 - VE3 – Inter-Bairros: permitem a
articulação e os deslocamentos entre bairros;
Vias Coletoras: permitem os deslocamentos entre bairros
articulando o Município principalmente no sentido NO-SE,
fazendo, também, a sua ligação com a rede viária de
deslocamentos estritamente locais;
Vias Locais: acesso ao lote.
Por conseguinte, nas figuras abaixo, há a classificação das vias no
entorno do local estudado, as quais, as próximas ao centro são vias de maior
importância. E dos bairros, são em sua maioria vias locais. Na figura 18, são
destacadas as principais vias, logo estas são as mesmas que têm passagem
via solo para os dois lados da cidade.
Figura 17 - Recorte da Classificação das Vias do Plano Diretor de Ourinhos
19
Fonte: Lei Complementar nº 499, modificado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 18 - Principais Vias
Fonte: Google Earth, 2014, modificado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
4.2 Quadras
As quadras no tecido urbano são os limites entre o público e privado,
pois nelas estão as residências, o comércio, dentre outros estabelecimentos.
São as particularidades de cada quadra que dão a “cara” para a via. Nesse
recorte da cidade de Ourinhos percebe-se uma regularidade das quadras,
poucas possuem um desenho diferenciado (isso algumas vezes é explicado
pelo próprio uso da quadra).
Como já concluído, a área de estudo não constitui uma quadra, porém
seus limites são bem definidos e isso leva a algumas dificuldades. Como era
uma indústria, e não há ruas delimitando essa área, os lotes do entorno
consequentemente não se voltam para a área. Portanto, o entorno não tem
uma interação com o local.
20
Figura 19- Figura Fundo Quadras
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Elaborado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 20 - Fundo dos lotes voltados para a área, lado esquerdo
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
21
Figura 21 - Fundo dos lotes voltados para a área, lado direito
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 22 - Única rua de acesso à área
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 23 - Cul del sacs voltado para a área
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
22
4.3 Uso e Ocupação
O mapa de uso e ocupação apresenta como se estrutura a cidade no
recorte da área. Conforme era previsto, o centro é praticamente comércio e
serviços e ocorre um crescimento gradativo para as redondezas.,
principalmente na Av. Expedicionários em que quase não há residências em
toda sua extensão.
O bairro Vila Moraes, onde está instalada a Santa Casa de Ourinhos,
caracterizava-se predominantemente como residencial e com chegada do
hospital o perfil do bairro se alterou, passando a ter muitas clínicas médicas
como oftalmologia, ginecologia, dermatologia, psiquiatria, psicologia, entre
outras.
Os bairros Vila Boa Esperança, Pq. Residencial Gabriela, Parque
Minas Gerais que rodeiam a área de estudo são predominantemente
residenciais. Somente em alguns pontos em que há uma mudança, como a
Rua Cardoso Ribeiro (rua de acesso à área), existem comércios e serviços e a
Av. Jacinto de Sá, onde há um comércio intenso em sua extensão.
Figura 24 - Uso e Ocupação
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Elaborado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
23
Na Figura 25, são destacados os principais usos da área, com duas
escolas públicas e uma particular. Há a presença de cinco praças, a principal
(no centro a Pç. Melo Peixoto), e a dos bairros., e também encontramos a
Santa Casa, o centro de câncer e um posto de saúde, sendo este o principal da
cidade e ao lado dele a secretaria da saúde de Ourinhos.
Figura 25 - Usos principais
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Elaborado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 26 - Santa Casa
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
24
Figura 27 – Praça da Santa Casa
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 28 - Escola Pública
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 29 - Praça Melo Peixoto
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
25
4.4 Vegetação Urbana
De acordo com Mascaró (2001), a vegetação urbana é aquela que
permite que o espaço construído se integre com o jardim ou parque para a
construção da paisagem da cidade. Ela é importante para a melhoria das
condições de vida nas urbes, por isso necessita ser planejada de acordo com o
espaço físico, a presença de fiação elétrica, a tubulação de saneamento básico
e as calçadas. A arborização urbana é definida como o conjunto de árvores que
se desenvolvem em áreas públicas e privadas de uma cidade, visando o bem
estar sócio-ambiental, fisiológico e econômico da sociedade local.
Mascaró(2001) afirma que existem diferentes formas da presença da
vegetação, dependendo do seu porte podem criar planos vegetais que
organizam e dominam o espaço urbano ou simplesmente formam uma
cobertura vegetal sem modificar o perfil das edificações. A presença da
vegetação nos espaços urbanos melhora a ambiência do local, principalmente
em climas tropicais como no Brasil. Assim, o modo como está presente na
cidade molda a paisagem urbana, pois a textura, a cor, a folhagem fazem
mudar o ambiente.
Como se compreende na Figura 30, há vegetação nas vias urbanas, e
o lugar com menor arborização é no centro da cidade. Nas avenidas principais,
onde costuma existir comércio e serviços, há um menor grau de arborização.
No terreno da antiga Sanbra, encontra-se pouco verde, especialmente porque
houve demolição dos prédios existentes em 2007, deixando apenas vegetação
rasteira, e algumas árvores, que já existiam no local.
No local, como já dito, restaram apenas algumas árvores isoladas,
porém são importantes para a área, pois definem o visual, a paisagem que se
encontra ali. Na Figura 31 percebe-se que essas arvores isoladas definem o
espaço que estão, como uma “meta visual para aqueles que dela se aproxima”
(MASCARÓ, 2001,p.25).
26
Figura 30 - Vegetação Urbana
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Elaborado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
Figura 31 - Vegetação da Área
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
27
5. Análise Visual
O impacto visual da cidade sobre seus habitantes tem que ser
considerado, para estabelecer a importância visual, e definir como a paisagem
existente se torna única para a cidade, pois não é uma obra isolada que nos
mostrará a importância, mas seu conjunto, uma vez que a reunião desses
elementos desperta a emoção ou interesse pelo lugar, “uma cidade é antes do
mais uma ocorrência emocionante no meio ambiente” (Cullen, 1983, p.10).
Logo, o autor afirma que paisagem urbana é a arte de tornar coerente e
organizado, visualmente, o emaranhado de edifícios, ruas e espaços que
constituem o ambiente urbano.
Para elaborar esta análise, partimos de fotos feitas ao longo da linha
férrea, mostrando suas paisagens em seu entorno, dado que a área é
circundada pela ferrovia. Assim, foram usadas fotos para expor a visão do lugar
para quem não conhece dominar opticamente a área de estudo, usando a
abordagem de Cullen de uma visão serial: “o percurso de um extremo ao outro
da planta a passo uniforme, uma sintaxe de pontos de vistas” (1983, p.19). À
medida que o observador se desloca, o espaço se revela através de
fragmentos visuais.
As abordagens desenvolvidas por Cullen (1983) se referem apenas a
visões pontuais dos espaços urbanos, a paisagem urbana do lugar. Milton
Santos (1988, p. 21) define que Paisagem é tudo aquilo que a visão alcança:
(...) é o domínio do visível, não apenas volumes, mas
também cores, odores, sons e movimentos. A revelação progressiva
de imagens ocasiona sensações de descoberta em função das
relações entre os diversos elementos existentes e suas
características.
Assim, por ser uma área grande, separamos em duas partes (Figura
32). Uma que irá abranger mais a área central (1). E a outra, na qual, engloba
mais o terreno da antiga Sanbra (2).
28
Figura 32 - Visão Serial
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Modificado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
A primeira parte (Figura 33 e 34) é onde se localiza a antiga estação e
com isso permanecem algumas casas dos antigos trabalhadores da ferrovia,
além de possuir a nova estação da ALL (América Latina Logística) e um
“lanchodromo”, que destoa da paisagem da rua, pois sua arquitetura não
possui elementos históricos, destoando da composição da rua onde também há
as casas dos ingleses, que hoje é o Centro de Convivência Jornalista
Benectido da Silva Eloy, e a antiga estação. Além disso, existe o terminal
urbano de ônibus, o que confere bastante movimento ao lugar.
Caminhando pela linha, encontram-se as passagens para os dois lados
da cidade com duas vias solo, com as ruas principais de Ourinhos, a Av. dos
Expedicionários e a Av. Dr. Altino Arantes, que são a entrada e a saída da
cidade e percorrem a cidade de norte a sul. Outra passagem existente é a via
túnel. Em toda essa extensão, apenas uma passagem é exclusiva para
pedestres. Recentemente ela foi reformada, e se tornou acessível.
29
Portanto, o trajeto desse trecho da linha férrea, acaba tendo bastante
movimento, por haver comunicação entre os dois lados da cidade e ser o
centro, passando a existir um fluxo grande de pessoas entre os dois lados da
linha. Por mais que o entorno da linha férrea seja cercado, estabelecendo um
limite, como diz Linch (1997), é um limite penetrável, porém bastante evidente,
está claro que há uma linha férrea.
Além disso, na Figura 34, utilizamos alguns pontos que não são
exclusivos da ferrovia, são marcos e pontos nodais da região que estão sendo
estudados. Marcos, de acordo com Linch (1997, p.88) são “pontos de
referência considerados externos ao observador, são apenas elementos físicos
cuja escala pode ser bastante variável” como o terminal urbano e o pontilhão.
Os pontos nodais “são os focos estratégicos nos quais o observador tente a
entrar; são, tipicamente, conexões de vias ou concentrações de alguma
característica.” (LINCH,1997, p.80) como as praça da cidade (Pç. Melo Peixoto)
e antiga estação.
30
Figura 33 - Parte 1 - Visão Serial
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Modificado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
31
Figura 34 - Parte 1 - Marcos e Pontos Nodais
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Modificado por VICENTE, Ana P. Z, 2014
Nesta segunda parte (Figuras 35 e 36), encontra-se o terreno da antiga
Sanbra. Há poucas passagens de um lado para o outro, até mesmo, porque há
essa imensa área da antiga Sanbra que impede transpor, e as distribuidoras de
combustíveis que ocupam uma grande área. Ao andar pela linha, encontramos
uma passagem, uma viela, que dava acesso ao pedestre, que está fechada
com muros, e o fechamento aparentemente ocorreu há muito tempo.
Além disso, foi encontrada uma moradia voltada para a ferrovia, que
pareceu ser irregular, o que chamou bastante atenção, pois só existe o acesso
a ela porque há um terreno baldio ao lado, sendo essa a única conexão com a
cidade para essa moradia.
32
Nessa parte, o limite imposto pela linha férrea não possui tanta
permeabilidade, pois de um lado há os muros das residências e do outro há o
terreno da antiga Sanbra onde se consegue ter uma vista da cidade, por estar
em uma parte alta em relação ao restante da cidade.
Mais para o final dessa zona há duas passagens de pedestres que
também foram reformadas, tornando-se mais acessíveis. E em seu final outro
pontilhão, para haver passagens de automóveis, entre os dois lados, bem
como para facilitar o acesso dos veículos pela proximidade da Rodovia que se
encontra nessa parte final.
Foram colocados alguns marcos como o paredão encontrado próximo
ao mercadão e ao pontilhão, como pontos nodais: a Santa Casa, as praças ao
entorno e o mercadão.
33
Figura 35 - Parte 2 - Visão Serial
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Modificado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
34
Figura 36 - Parte 2 - Marcos e Pontos Nodais
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Modificado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
A figura 37 possui as impressões da área escolhida, as vistas e o que
possui de chamativo no local. Pela grande dimensão do terreno, possui vistas
interessantes das paisagens da cidade e os limites do lote nos mostra
diferentes faces: Ao lado da linha férrea paredões de residências; do lado da
rua Cardoso Ribeiro uma antiga fábrica, que está sem uso, mas sua construção
chama a atenção; do outro uma parte é de paredões das residências, mas
35
também se abre para um bairro que possui uma único acesso, o Pq. Res.
Gabriela, que é um bairro fechado, porém sem muros. Há uma cerca, que
divide o terreno do bairro, mas nela há buracos e caminhos demarcados, para
as pessoas transitarem facilmente de um lado a outro, sem precisar ir para a
entrada do bairro.
Esse terreno se tornou um vazio no meio da cidade, transformou a
paisagem urbana e é visível o descaso no meio da cidade. Por mais que exista
grandes curvas de nível, que foram feitas recentemente, é aparente o estado
de abandono : as cercas velhas, o mato, não há cuidado com o local. O único
edifício que sobrou, está totalmente depredado, por mais que suas estruturas
aparentemente estejam boas (Figura 38).
Figura 37 - Fotos do Local
Fonte: Mapa do Município de Ourinhos. Modificado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
36
Figura 38 - Fotos internas do Prédio
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2014
6. Discussão Teórica
6.1 Vazios Urbanos
"Vazio Urbano" é um termo que cada dia se tem mais destaque nas
cidades contemporâneas marcadas pelas mudanças nas estruturas urbanas a
partir do século XX. O tema "vazio urbano" engloba uma série de outras
definições "abarca o remanescente, a área ociosa, e o residual urbano"
(DITTIMAR, 2006, p.69) e cada uma possui questões exclusivas relacionadas a
esses termos.
O "remanescente", de acordo com Dittimar (2006) é um lugar vazio de
uso, pois é um espaço abandonado, com um uso que hoje é inexistente. É uma
área de rupturas e descontinuidades, são remanescentes de reconfiguração
urbana e com isso um espaço em mutação. " São, muitas vezes, o resultado de
uma antiga atividade industrial ou de sítios de velhas infra-estrutura de
transportes sem uso, ferroviários ou portuários, denotando áreas encravadas
37
na cidade consolidada” (Portas, 2000 apud DITTIMAR, 2006, p.70), como o
caso da área da Sanbra.
As áreas ociosas são vazios físicos, no qual são espaços subutilizados.
Segundo Vilaça(1983): “áreas ociosas são um elemento físico, sendo possível
sua medição, associado à elevada quantidade de terras" (apud DITTIMAR,
p.71, 2006). Normalmente são espaços não parcelados frutos de especulação
imobiliária ou loteamentos não ocupados.
O espaço residual, segundo Dittimar (2006), é um vazio físico e de uso,
são os espaços intersticiais, as "sobras”. É um espaço desocupado ou
subutilizado, que está presentes em orla de ferrovias e rodovias, orlas de rios,
áreas junto a viadutos, entre outras, são áreas que o terreno é quase sempre
público, " caracterizado como sobras de crescimento da cidade” (Ferrara, 2000;
Portas 2000 apud DITTIMAR, 2006, 72).
A partir disso, podemos depreender que a discussão de vazios urbanos
é muito ampla, e no Brasil criou maior importância nos anos 70. Em que a
cidades começaram a ter certo planejamento e foi necessário criar políticas
urbanas para diminuir os vazios urbanos e para as propriedades, tanto públicas
quanto privadas, exercerem a função social da propriedade. Com isso a
Constituição de 1988, reconheceu o papel da propriedade e reafirmou no
Estatuto da Cidade em 2001.
O crescimento dos espaços remanescentes no momento em que o
centro tradicional foi perdendo sua importância, pois surgiram novas
centralidades na cidade contemporânea, o centro antigo cada vez mais sendo
conhecidos como espaços degradados. Assim os "espaços residuais são
indefinidos ambíguos porque é consequência de uma perda de identidade de
espaços com usos e significados sedimentados" (LUCRECIA, p.8). "A resposta
do poder público a esse processo, se dá através de um conjunto de
intervenções que passaram a ser denominadas como revitalização,
regeneração, reabilitação ou requalificação urbanas."(CARDOSO, p.7).
A renovação de áreas centrais se dá pela substituição de áreas
industriais, afetadas pela reestruturação econômica, por moradias, através de
uma transformação de uso e de uma conversão espacial que gera uma
requalificação simbólica de toda a área (CARDOSO, p.8). A questão da
ocupação socialmente responsável dos vazios urbanos entrou fortemente na
38
agenda política da administração das cidades brasileiras com a Constituição de
1988. Por isso hoje, é importante a requalificação dos terrenos vazios, por
responsabilidades jurídicas e as possibilidades físicas de ocupação. Porém,
não podemos esquecer a existência de distintos vazios urbanos, por isso a
necessidade de políticas urbanas diferenciadas.
Como diz Lucrecia, (1996) a tarefa de reconstrução não é fácil, pois não
será criador apenas de um espaço, mas de comportamentos e valores para o
local que sofreu esse processo, pois é uma cicatriz na cidade. Um espaço
descontínuo que necessita preencher de imagem e informação.
6.2 Cidades e a Produção dos Espaços Públicos
Uma discussão dos espaços públicos é feita, pois a área tem um
grande potencial a ser explorado, uma vez que há um grande vazio na área
urbana da cidade de Ourinhos, tornando essa discussão é válida.
O espaço público em uma cidade é representado por diversas formas,
desde rua, calçada, quadras, grandes parques, até mesmo a paisagem urbana
pode ser considerada. Quando se diz “espaço público” prevê que esses
lugares são abertos e acessíveis a todas as pessoas, sendo a cidade um local
de encontros, e os espaços públicos apresentam papel determinante.
Porém, atualmente uma melhor definição seria “o espaço público
plurifuncional-praças, cafés, pontos de encontro- constitui uma opção em uma
vasta rede de possibilidades de lugares, tornando-se difícil prever com exatidão
seu uso urbano.” (ALEX, 2008, p. 19). Além de que, é necessária uma relação
com a vida pública, e estabelecer uma copresença de indivíduos, como diz
Gomes (2002, apud ALEX, 2008).
Os espaços dessa natureza desempenham um papel importante na
organização das cidades e no cotidiano dos seus habitantes, já que parcelas
de suas atividades são estabelecidas nestas áreas que podem ser lazer, ou
apenas para passagem. Eles possuem função social (à medida que
proporcionam encontro e lazer e promovem a socialização dos indivíduos);
função organizacional (organizam a infraestrutura da cidade e configuram o
desenho urbano); função ecológica (estruturam áreas de proteção ao
39
ambiente) e função cultural (já que fortalecem a identidade local) (BORTOLO,
2010).
Sobarzo (2005, p.95) considera o espaço público como um produto
vinculado à reprodução das relações sociais de produção e analisa tal espaço
como um “produto e um possibilitador das relações sociais”. Assim, a
existência de um espaço em comum faz os homens deixarem suas marcas
nesse espaço. Lugar onde se manifesta a vida, o espaço é condição, meio e
produto da realização da sociedade humana em toda a sua multiplicidade
(SANTOS, 1996). Ou seja, ao produzir espaços públicos para uma cidade,
produz as práticas sociais.
Além disso, esses espaços têm que ser acessíveis para que todos
tenham acesso (físico, visual e social). As sociedades contemporâneas em
seus novos projetos urbanos têm que pensar nas cidades sustentáveis, para
uma melhor qualidade de vida desses espaços públicos. Pensar na cidade em
seu conjunto, em como inovar os seus espaços, e fazer os citadinos usufruírem
deles, sem esquecer a grande diversidade dos sítios urbanos no qual existem
hoje e reaproveitando o que o urbano provém.
Espaços Urbanos de qualidade ajuda a definirmos nossas cidades e a
qualidade que existem nelas. Os parques, os bairros, as quadras e as ruas são
as definidoras e definem “oportunidades que ultrapassam a esfera privada das
edificações.” (WALL, 2012, p. 52), podendo criar elementos que distinguem do
cotidiano os espaços públicos.
7. Referências Projetuais
Parque da Juventude, São Paulo - (Aflalo & Gasperini +
purarquitetura, 2002 -2007)
O parque da juventude está situado na parte desativada do antigo
Carandiru, na Zona Norte de São Paulo. É um complexo cultural recreativo,
ocupando 240 mil m².
40
Figura 39 - Parque da Juventude
Fonte: Disponível em:< http://arquiteturaurbanismotodos.org.br/parque-da-juventude/> acesso
em: 01/06/2014
O projeto é dividido em 3 partes: a primeira um parque esportivo, com
quadras poliesportivas, pista de skate, pista de corrida; um parque central, para
a contemplação do verde, com trilhas e passarelas; e por fim um parque
institucional, de caráter cultural, onde localizam as escolas técnicas.
Figura 40 - Projeto do Parque da Juventude
Fonte: Disponível em: acesso em: 01/06/2014
41
A primeira parte implantada, o parque esportivo, com 13 mil m², está
situado no extremo leste da gleba, onde antes ficavam o Hospital Penitenciário
e um bota-fora. A área estrutura-se por uma alameda central, que contém
pavimentação com o piso de solo-cimento. Sua parte arborizada contém uma
vegetação com guapuruvus, paus-brasis e jequitibás-rosas. As quadras e as
pistas de skate foram instaladas ao longo dessa alameda.
Figura 41 - Parque Esportivo
Fonte: Disponível em: acesso em: 01/06/2014
A segunda parte do projeto chamada de Área Central é de caráter
recreativo-contemplativo. Contém uma área com trilhas, passarelas, caminhos
ajardinados e elementos que remetem a ideia tradicional de “parque”. Há um
espaço que criou uma passarela sobre os muros do antigo complexo
presidiário do Carandiru, representando assim uma forma de memória do local.
Ainda há nesse parque uma estrutura de obra do presídio que foi abandonada
em 1993, que foi preservada como referencial histórico. A estrutura está
envolvida por trepadeira e um conjunto de tipuanas que surgiu naturalmente no
local, criando uma zona sombreada e com aspecto de ruína.
42
Figura 42 - Parque Contemplativo
Fonte: Disponível em:< http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/aflalo-amp-gasperini-
arquitetos-parque-sao-31-10-2008> acesso em: 01/06/2014
A terceira parte do parque e a última a ser construída foi a área
Institucional composta pelas Etecs (Escolas Técnicas), que oferecem cursos
regulares de enfermagem, informática, música, canto, entre outros. Lá também
se encontra a Biblioteca de São Paulo, de responsabilidade da Secretaria da
Cultura. Os prédios das Etecs são antigos pavilhões que foram preservados do
antigo Carandiru. A área institucional foi pensada para atender o público,
contendo um espaço livre entre os edifícios e a biblioteca para acontecer
shows e outras atividades culturais.
Figura 43 - Parque Institucional
Fonte: Disponível em: acesso em: 01/06/2014
Com esse projeto foi criado um espaço público de qualidade, que quis
manter o significado simbólico do lugar, mantendo dois pavilhões e as ruinas
43
dos muros no parque, além de possuir um paisagismo agradável, que
contempla os grandes espaços do parque e possuir diferentes atrações
culturais e esportivas para o local. Foi um projeto pensado no entorno do
terreno e que poderia melhorar nas condições de vida das pessoas que
moravam ali por perto e nas pessoas que passam todos os dias naquele local.
Parque Diagonal Mar, Barcelona - (Enric Mirailles e Benedetta
Tagliabue,1997-2002)
O parque está situado em uma área completamente reabilitada de
Barcelona. O espaço era ocupado por uma indústria metalúrgica de materiais
para construção em que nasce um parque público com proposta sustentável. A
sustentabilidade é um conceito central no design, com aproveitamento da água
da chuva para criar diversos ambientes. Isto significa que a água da chuva é
armazenada em poços subterrâneos alojados, e depois é passada para a
vegetação e plantadores através de estruturas tubulares (semelhante às
extremidades dos aracnídeos). Estes tubos percorrem por todo o parque, bem
como os canteiros decorados com cerâmica.
Figura 44 - Parque Diagonal Mar
Fonte: Disponível em:< http://www.landezine.com/index.php/2009/09/park-diagonal-mar/>
acesso em: 01/06/2014
O parque abriga sete espaços temáticos distintos, unidos
conceitualmente pela água. Cada uma designada para criar sensações
44
diversas. Há um lago, uma zona de jogos infantis, outra com escorregadores
que aproveitam a topografia do parque, uma passarela sobre o lago, um
caminho que segue pelo parque até o mar, além de uma grande praça central.
Figura 45 - Croqui do Projeto Diagonal Mar
Fonte: Disponível em:<://pt.wikiarquitectura.com/index.php/Parque_Diagonal_Mar> acesso em:
01/06/2014
Ao projetar o Diagonal Mar, os arquitetos tiveram grande cuidado em
imprimir ritmo ao fluxo das pessoas, questão resolvida pela definição de dois
caminhos principais, praticamente dispostos em forma de X. Da esquina que
tangencia a Avenida Diagonal, contornando o grande lago, há uma espécie de
rambla, os típicos calçadões de Barcelona.
Figura 46 - Parque Diagonal Mar
Fonte: Disponível em: acesso
em: 01/06/2014
45
No eixo Este-Oeste se encontra o passeio que percorre áreas dotadas
de equipamentos para as mais diversas atividades recreacionais, como
brinquedos infantis e os gigantescos tobogãs de aço escovado que se assenta
sobre taludes. Esse caminho termina numa ampla área onde foi instalada uma
série de pistas para passeio, caminhada, para andar de skate ou de bicicleta.
Estabelecem-se diferentes cruzamentos acidentais, sempre em ziguezague,
que conduzem o visitante por entre suas distintas atividades separado por
grupos etários. Aqui, infância, adolescência, maturidade e velhice se
relacionam, proporcionando ao visitante a percepção da presença do tempo.
Esse espaço público buscou renovar uma área que era um
remanescente urbano, uma antiga área industrial, para colocar vida ao espaço.
Buscando integrar o entorno do parque com a melhora de vida da população.
Além de uma forma sustentável integrar todos os ambientes do parque.
High Line, Nova York - (James Corner Field Operations e Diller
Scofidio + Renfro)
Este projeto foi elaborado a partir da antiga linha de trem elevada de
Nova York, existente desde de 1930 e desativada em 1980. Era uma via
pertencente a era industrial e estava totalmente abandonada no meio da
cidade. Por isso, criou diversas paisagens interessantes no meio urbano da
cidade, pois a vegetação cresceu em cima dos trilhos. Assim a, High Line foi
transformado num parque público de 2.3 km, construído sobre a ferrovia
suspensa desativada, elevada a oito metros do chão, e se estende por uma
das áreas mais movimentadas da cidade, na região oeste da ilha de
Manhattan.
46
Figura 47 - High Line
Fonte: Disponível em:
acesso em: 01/06/2014
Ao criar um projeto do parque urbano, a principal ideia não era manter
a vegetação que fora criada. Assim, o projeto do piso foi essencial, para dar
movimento e ao mesmo tempo fazer a paisagem e a vegetação permanecer.
Do mesmo jeito que a vegetação foi preservada, o trilho do trem também foi
para a memória dos nova iorquinos, sendo revelados no meio da vegetação
para os transeuntes.
Figura 48 - Piso com a vegetação da High Line
47
Fonte: Disponível em: acesso em: 01/06/2014
O acesso ao parque elevado pode ser realizado por meio de nove
pontos de escadarias, distribuídos pelas suas duas seções da forma mais
uniforme permitida pelas condições existentes. Desses nove pontos, quatro
possuem elevadores, e um deles possui banheiros. Os elevadores asseguram
o acesso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Bancos, decks e
pequenas arquibancadas foram projetados e implantados ao longo de toda a
extensão do parque. Vale ressaltar que o tema sustentabilidade foi uma
temática importante para as escolhas projetuais.
8. Diretrizes
Através de todas as análises realizadas percebe-se que a área
escolhida tem um potencial, pela sua localização na cidade e por todo o seu
passado ao mesmo tempo em que está ao lado da ferrovia, que representa o
início do município de Ourinhos. Mesmo que hoje o local não faça mais parte
da identidade da vida urbana da cidade, isso pode ser resgatado além de se
incluir novamente na vida dos ourinhenses.
Desta forma foi escolhido projetar um parque urbano no antigo terreno
da Sanbra. Um espaço público, um espaço livre que pretende organizar a
forma urbana desse espaço não edificado, criando articulações e não servir
apenas como um canal de permeabilidade, mas definir nesse vazio um lugar3.
Todavia, para ser aplicado um parque neste local avaliaram-se os tipos
de parques existentes em Ourinhos, pois esses espaços precisam estar bem
“delimitados e formalizados e com função reconhecível” (MARTINS, Anamaria
A. C., 2012, p. 112). Há na cidade dois parques: Parque Ecológico Bióloga
Tânia Mara Netto Silva e Recinto de Exposições Parque Olavo Ferreira de Sá.
O primeiro é uma das principais reservas ambientais da cidade onde está
sendo preservado o último trecho de mata atlântica nativa do município. O
segundo é o local onde ocorre a FAPI entre outros eventos, e hoje possui uma
3 De acordo com Milton Santos (2005, p. 158) “É o lugar que oferece ao movimento do mundo a
possibilidade de sua realização mais eficaz. Para se tornar espaço, o Mundo depende das
virtualidades do Lugar”.
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pista de arrancada, assim como lagos e uma pista de caminhada. A localização
desses parques é bem distinta como se verifica na Figura 49.
Figura 49 - Localização dos Parques de Ourinhos
Fonte: Google Earth, 2014. Modificado por VICENTE, Ana P. Z., 2014
Desta forma, o parque a ser construído pretende ser uma opção de
lazer para os ourinhenses, como um local de contemplação e descanso. Um
outro fator é que como a cidade possui grupo de teatro, dança e música e o
primeiro é o único que não possui um local adequado para seus ensaios, o
parque criaria um novo espaço mais adequado ao teatro.
Em vista disso, as diretrizes para esse espaço são para tanto os
ourinhenses como os moradores dos bairros adjacentes usufruírem desse
local, principalmente para o bairro Pq. Res. Gabriela que está voltado para
esse futuro parque.
Entretanto, o maior problema encontrado foi o acesso ao parque, pois
como se percebe na análise ele não é uma quadra, e não há muitas entradas,
apenas uma rua passa pelo terreno e há vários muros fechados que dão para o
local, por isso muitas das diretrizes foram para resolver este problema.
Além disso, como a área é extensa, e sua vizinhança é distinta, a
escala deste parque não é única. Serão utilizadas duas escalas, a escala de
49
vizinhança, e a escala da cidade, com duas abrangências e como dito acima, é
um parque para a população e os moradores do bairro do entorno.
Com isso, um parque de vizinhança ou recreação de vizinhança, de
acordo com Klias(1993) é: pequenas áreas que variam entre 12.000 a
28.000m, de fácil acesso, localizadas o mais próximo possível da população a
que devem servir. São destinadas à recreação diária de crianças até 10 anos e
incluem em sua estrutura área de estar para adultos. Localizam-se geralmente
próximas a escolas de primeiro grau; seu raio de atendimento não deve
ultrapassar os 500 m, sem cruzamento com vias de tráfego intenso. Recreação
ativa (0 a 10 anos) e passiva (adultos).
E um parque na escala da cidade, que Klias(1993) chama de setoriais
e metropolitanos são: grandes áreas equipadas para recreação (ativa e
passiva) de toda a população municipal ou metropolitana. Destinam-se ao uso
em finais de semana e em período de férias. Nestes parques de áreas
superiores a 200.000 m² há predominância de cobertura vegetal. O raio de
atendimento do parque setorial é de 5Km.
Ainda, não deixando de ser importante será um parque de preservação
de acordo com Munhoz(1996) tem como finalidade a manutenção de valores
naturais ou culturais que necessitam ser perpetuados, neste caso, valores
culturais, do patrimônio industrial da Sanbra e da própria ferrovia.
Além disso, foram traçadas outras diretrizes ao parque a partir da
problemática vista. Então, para melhorar o acesso ao parque e a Rua Cardoso
Ribeiro não ser o único meio de chegada de automóveis para o parque, a
criação de uma rua ao final dele é uma solução, para criar visibilidade, ter mais
de um acesso a fim de não ser tão fechado e dependente da Rua Cardoso
Ribeiro e poder ter uma ligação entre os bairros Vila Boa Esperança e a Vila
Moraes, pois a inexistência dessa conexão faz esses dois bairros parecerem
distantes.
Já os prédios remanescentes da antiga Sanbra pretende-se mantê-los,
pois fazem parte da história da área e da própria ferrovia e seria interessante
para lembrar a população o que já foi o local, integrando esse patrimônio ao
parque. Seria importante ressaltar que o prédio restante da demolição está
bem depredado, como já dito, porém dele se tem paisagens interessantes da
50
cidade de Ourinhos. Assim, foi pensando em fazer o uso dele como um mirante
por se localizar em uma parte alta da cidade.
Sobretudo criar um espaço verde ao município, a região é bem
adensada e assim será um respiro verde a cidade, criando inclusive uma área
de permeabilidade para a infiltração da água da chuva, já que o entorno é uma
área impermeável.
9. Projeto
A partir das diretrizes traçadas na escala urbana da área, voltando-se
para o projeto do parque, foi pensado em uma grande área de lazer que
abrange não apenas o divertimento, mas aguça os sentidos das pessoas e a
memória.
Ao criar esse espaço público a intenção é integrar o antigo vazio
urbano com a cidade; a vizinhança e a história de Ourinhos, trabalhando com
esses três elementos para que haja um equilíbrio ao longo de toda a extensão
do parque.
Assim foi proposto: pista de ciclismo, pista de cooper, playgroud, área
de contemplação, o prédio remanescente abrigando o grupo de teatro, além de
uma área esportiva.
No entanto, essa área não possui um fluxo pré-estabelecido, por ser
um vazio urbano e não haver deslocamento de pessoas no local, assim a partir
dos acessos ao parque foi criado fluxos que facilitará o projeto na área e
conseguirá abrigar a proposta.
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Figura 50- Fluxos do Parque
Fonte: VICENTE, Ana P. Z., 2015
Após essa determinação foi feita a setorização do parque,
respeitando as diretrizes traçadas ao local, o fluxo de pessoas e o entorno do
parque. Posteriormente a essa analise é necessário interligar os setores
criados, deste modo, foram traçados os caminhos principais do parque. De tal
forma que ficou subdivido em quatro partes:
Área cultural onde terá a praça central do parque e abrigará o
grupo de teatro no prédio já existente;
A área esportiva, o qual as quadras poliesportivas, a quadra de
areia e a pista de skate estarão presentes;
A área de contemplação, que possuirá a torre de fundição, que é
o marco do parque, além de uma área com arvores frutíferas e
ervas aromáticas;
E a área de recreação, que será á área mais lúdica do parque,
com brinquedos infantis.
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Figura 51- Setorização do Parque
Fonte: VICENTE, Ana P. Z.,2015
Os caminhos principais foram feitos curvilíneos, para não quebrar a
forma da quadra, que possui uma configuração interessante. Além disso,
conectou-se o parque em todos seus acessos e extensão. Os percursos
principais são bem largos, para suportar um fluxo grande, pois não há muitos
secundários em razão que o parque acaba tendo um desenho mais livre, sem
delimitar muito os caminhos, os frequentadores podem fazer o caminho que
desejam, de modo tal que leva os percursos principais serem bem
demarcados.
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Figura 52- Caminhos Projetados
Fonte: VICENTE, Ana P. Z.,2015
Foi criada outra rua no entorno do parque para uma maior visibilidade e
um maior acesso, e para se configurar melhor como uma quadra, essa rua será
a continuação de uma já existente, entretanto o calçamento será de
paralelepípedo, para haver um diferencial entre a via comum e essa projetada.
O motorista e o pedestre ao adentrar irá visualizar a diferença e com isso
despertar o interesse para o local. E mesmo está rua podendo ser conectada
com as ruas do Pq. Res. Gabriela escolheu não fazer, pois uma pesquisada
realizada na cidade, e nas visitas ao local com conversas informais com os
moradores, eles gostam da configuração do bairro, e não querem uma rua
conectando-os. Assim a configuração das vias já existente não se alterou.
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Figura 53- Projeto do Parque
Fonte: VICENTE, Ana P. Z.,2015
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A ciclovia e a pista de cooper foram projetadas no entorno de todo o
parque com um desenho orgânico, há também a existência de bases de apoio
para sanitários e bebedouro, são dois no total. Além disso, academia da
terceira idade, um mirante na caixa d’agua do prédio existente, duas quadras
poliesportiva, uma quadra de vôlei de areia, uma pista de skate, um parque
infantil tradicional e um com um modelo mais contemporâneo.
Na entrada principal do Parque da Sanbra escolheu colocar uma fonte
de chão, pois há em Ourinhos a existência de uma, na Praça Melo Peixoto,
praça principal, a prefeitura permite que as crianças brincam com a fonte, e
quis retomar esse elemento justamente na entrada para retomar algo já
existente na cidade e mostrar que o parque não é algo isolado, mas sim
integrante do contexto da nosso município.
A paginação do piso foi considerada de acordo com a setorização do
parque. Os percursos principais serão de solo cimento4, que terá a coloração
avermelhada, além disso, permite uma melhor infiltração da agua da chuva.
Nas praças existentes será os blocos intertravados, também avermelhado para
ter a lembrança da cor do solo ourinhense. Nas áreas esportivas terá o piso
drenante, que são permeáveis, e por ser a cota mais baixa do parque, a
infiltração é um ponto a importante a ser considerado.
O mobiliário teve inspiração nas indústrias de olaria de Ourinhos,
retomando um elemento histórico da cidade, além de retomar a torre de
fundição que existe já no parque, por isso todos os bancos serão de alvenaria e
alaranjados e possuirão um desenho orgânico. A iluminação por luz de
LED(Light Emitting Diode), que atualmente melhor economiza energia, além de
oferecer uma boa iluminação.
A vegetação foi pensada ao longo do parque com 16 tipos diferentes
de árvores, para atrair as pessoas ao parque que além de sombra vão trazer
sensações olfativas e visuais, pela sua disposição e pela utilização de espécies
especificas, como o Manacá e as ervas aromáticas. A vegetação escolhida
contempla apenas espécies da mata atlântica, pois é o predominante na cidade
de Ourinhos. Os caminhos principais utilizam apenas o Jacarandá-Mimoso,
para demarcação do caminho.
4 Ourinhos está localizada na região geomorfológica brasileira que possui latossolo vermelho,
conhecida como “terra-roxa”.
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Além da utilização de espécies frutíferas, que vão trazer uma vivência
ao local, e estão bem adensadas, sendo um conjunto heterogêneo, em que
simula um bosque natural, a percepção será de contato com a natureza.
Diferente do conjunto homogêneo de ipês amarelos, em que estão espaçadas,
e criam também uma sensação de bosque, porém horizontal, por ser da
mesma espécie, e a haver distanciamento entre elas, tem uma sentimento
diferente com jogo de luz e sombra, além de que quando ocorrer à floração
será no mesmo período, dando ao usuário outro tipo de descoberta.
A forração varia de acordo com o arranjo das árvores e da paginação
do piso. Quando há pouca vegetação, a grama utilizada será a esmeralda, que
aceita pisoteio e sol. Quando há maior concentração utilizou a grama santo
agostinho que são para áreas sombreadas, mas suportam o pisoteiam
também.
Como os muros das casas estão voltados para área, para minimizar
esse efeito, desses “paredões” colocou no contorno arbustos altos, que quando
o visitante voltar o olhar a essa área reduzir o impacto dos edifícios de não
estarem voltados ao parque, e serem uma continuação do próprio parque, para
integrar ao conjunto do projeto. Também no entorno do parque ao lado da linha
férrea há uma vegetação arbustiva, não muito alta, apenas para servir de
barreira, para não ser livre o trânsito para as margens da ferrovia.
Além disso, como a linha férrea tangência a área e existem 4 novas
passagens de nível, que são os acessos ao parque por pedestre e a via criada,
para uma maior segurança na hora da circulação de pedestres e carros essas
áreas terão um piso de borracha no entorno da linha ( Figura 54).
Figura 54- Placa Emborrachada de Passagem de Nível
Fonte: htt/www.revistaferroviaria.com.br/nt2010/trabalhos/amstedmaxion/03.pdf
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