UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE E VIABILIDADE ECONÔMICA DE QUATRO SISTEMAS DE BERÇÁRIOS DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA, Macrobrachium amazonicum. José Mario de Aquino Penteado Zootecnista JABOTICABAL 2012 Agradecimentos À Deus e à minha família, por terem me trazido ao mundo e terem cuidado de mim, tentando me ajudar sempre a ser uma pessoa de boa índole, correto nas atitudes e também fazer coisas boas ao mundo. Ao Prof. Dr. Wagner Cotroni Valenti, por esse tempo de trabalho juntos como orientador e orientado, enorme competência e por ser abençoado no jeito de lidar com as pessoas. Desejo-lhe tudo de melhor professor! À banca examinadora, por participar da avaliação do projeto e pelas sugestões que virão e ajudarão a melhorá-lo. Aos professores de Estatística Euclides e Ferraudo, pela ajuda com os softwares de análise estatística. Ao Danilo (Rabera), por ter participado do experimento comigo. Durante essa convivência, a relação profissional se tornou uma amizade. Você vai longe rapaz! A todo o pessoal do Setor de Carcinicultura (estagiários e companheiros de pós), sendo que uma parte já realizou sua jornada lá e trilha outros caminhos atualmente, tornando injusto da minha parte a citação de nomes, pois não quero esquecer ninguém. Todos vocês me ajudaram profissionalmente e até pessoalmente às vezes, fatos aos quais sou muito grato. Aqui fica um abraço especial a você Roberto, pela grande ajuda que me deu nesse experimento, e também pelos bate papos! Tudo de bom! Ao Caunesp, pelas disciplinas e rede docente que me ajudaram e entender melhor a aquicultura. Espero me tornar um mestre de qualidade e retribuir isso. Ao CNPq, pelo financiamento proporcionado a mim, ajudando a me manter em Jaboticabal. À FCAV, por ter nos proporcionado uma graduação de grande qualidade, dando todo o suporte básico para nos tornarmos profissionais de qualidade. Aos amigos que cursaram Zootecnia na mesma turma que eu. Aproveito para lhes desejar felicidade em seus trajetos pela vida caso algum deles venha a ler este trabalho. Aos amigos que fiz em Araraquara, sendo que quase todos estão em cidades diferentes atualmente, agradeço por toda a convivência e bons momentos trazidos. O contato pode se reduzir ou mesmo se extinguir, mas ficam as lembranças de algo que foi especial e não se apagará. Ao Felipe, companheiro de casa e trabalho, e ao Renato, agregado e companheiro de trabalho. O ano de 2011 foi ótimo, e vocês tem participação destacada nele. SUMÁRIO RESUMO.........................................................................................................................1 ABSTRACT....................................................................................................................3 1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................4 2. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................9 2.1. Avaliação do Desempenho Zootécnico.....................................................................9 2.1.1. Local, delineamento e sistemas avaliados..............................................................9 2.1.2. Preparação dos sistemas pré povoamento.............................................................12 2.1.3. Análise das variáveis da água................................................................................13 2.1.4. Povoamento, alimentação e variáveis avaliadas....................................................13 2.1.5. Análise estatística..................................................................................................16 2.2. Análise Econômica...................................................................................................16 2.2.1. Planejamento das fazendas-berçários....................................................................17 2.2.1.1. Berçários em tanques internos com recirculação de água (BTI)........................17 2.2.1.2. Berçários em tanques cobertos com plástico (BTCP)........................................19 2.2.1.3. Berçários em viveiros de fundo natural (BVFN)...............................................20 2.2.1.3. Berçários em tanques rede (BTR)......................................................................21 2.2.2. Estratégia de produção..........................................................................................22 2.2.3. Parâmetros econômicos.........................................................................................23 2.2.3.1- Análises de viabilidade econômica....................................................................25 2.2.3.1.2. Análise do investimento inicial.......................................................................25 2.2.3.1.3. Análise de custos e retornos............................................................................26 2.2.3.1.4. Análise do fluxo de caixa e dos indicadores econômicos...............................28 2.2.3.1.5. Análise de sensibilidade..................................................................................30 3. RESULTADOS.........................................................................................................31 3.1 – Desempenho Zootécnico........................................................................................31 3.2 – Análise econômica..................................................................................................36 4. DISCUSSÃO..............................................................................................................55 4.1 – Desempenho Zootécnico........................................................................................55 4.2 – Análise econômica..................................................................................................60 5. CONCLUSÃO............................................................................................................63 6. REFERÊNCIAS.........................................................................................................63 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................72 1 RESUMO O objetivo desse trabalho foi avaliar quatro sistemas de berçários, em termos técnicos e econômicos, para a produção de juvenis de Macrobrachium amazonicum, e discutir suas possíveis vantagens, limitações e aplicações para a realização de monocultivos e sistemas integrados de produção do camarão-da-amazônia, que objetivam vender sua produção para consumo ou como iscas e para lojas de animais ornamentais. Os sistemas avaliados foram: tanques internos com recirculação de água (BTI), tanques cobertos com estufa plástica - “greenhouse” (BTCP), viveiros de Fundo Natural (BVFN) e tanques-rede (BTR). Os tratamentos BVFN e BTCP condicionaram os maiores valores de massa úmida final (0.80 ± 0.13 e 0.67 ± 0.15 g, respectivamente), massa seca final (0.25 ± 0.05 e 0.21 ± 0.06 g) e ganho de massa individual dos camarões (0.79 ± 0.13 e 0.66 ± 0.15 g). Sobrevivência e produtividade não diferiram estatisticamente entre os tratamentos. Para a análise econômica de cada sistema, foi realizada uma simulação, considerando-se fazendas comerciais produzindo juvenis de M. amazonicum de acordo com as condições e sobrevivências obtidas experimentalmente em cada sistema. Foram realizadas análises de custo-retorno, fluxo de caixa e determinação de indicadores de rentabilidade calculados na forma tradicional, ou seja: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Período de Retorno de Capital (PRC) e Relação Benefício Custo (RBC). Variações de cenários econômicos (preço de venda, custo de ração e sobrevivência) em cada berçário, também foram estudadas. Apenas as fazendas em sistema BVFN e BTR apresentaram viabilidade econômica, após essas análises. Os quatro sistemas de berçário apresentaram bons resultados zootécnicos, no entanto todos eles encarecem muito a produção de animais para a fase de crescimento final, sendo seu uso justificado para o caso de 2 necessidade de manter pós-larvas no período de inverno em sistemas protegidos do frio ou para a venda direta de camarões para fins ornamentais e como iscas. 3 ABSTRACT The aim of this study was to evaluate four nursery systems, in technical and economical aspects, for the production of juveniles of Macrobrachium amazonicum in four nursery systems, and discuss their possible advantages, limitations and possible applications for monoculture and integrated systems for production of Amazon river prawn, who aim to sell their production for food or as live bait and ornamental animals. The systems are: indoor tanks with water recirculation (BTI), greenhouse system (BTCP), earthen ponds (BVFN) and net cages (BTR), during the warm season in places with subtropical climate. BTCP and BVFN had the highest final wet mass (0.80 ± 0.13 e 0.67 ± 0.15 g, respectively), final dry mass (0.25 ± 0.05 e 0.21 ± 0.06 g) and individual mass gain (0.79 ± 0.13 e 0.66 ± 0.15 g). Survival and productivity didn`t differ amongst treatments. For economical analysis of each system, we made a simulation considering commercial farms producing M. amazonicum juveniles according to conditions and productivity experimentally obtained in each system. It was performed analysis of cost- return, cashflow and the determination of indicators of rentability calculated in traditional way, such as: net present value (VPL), internal return rate (TIR), payback period (PB) and benefit cost ratio (RBC). Variations of economic scenarios (selling price, food cost and survival) in each nursery also were studied. Only BVFN and BTR farms reached economical viability after these analisys. The four systems showed good results related to production. However, all of them made the final grow-out phase expensive. The use of these nurseries is only justified in case of maintaining the post- larvae in the winter in those systems which have protection against cold or selling the production to ornamentals or as bait. 4 1 - INTRODUÇÃO A produção mundial de camarões de água doce ultrapassou 470.000 toneladas em 2010 (FAO, 2012), movimentando mais de US$ 2 bilhões. Isto se deve principalmente ao grande desenvolvimento da tecnologia e à estabilidade dos sistemas de produção (Valenti & Tidwell, 2006). Algumas das vantagens da carcinicultura de água doce são: poder ser lucrativa tanto para pequenos produtores quanto para os maiores, existência de demanda para exportação, utilidade em criações com poli-cultivo e sistemas integrados e o fato de poder ser realizada longe das regiões costeiras, ajudando a preservar os mangues (New, 2010). A atividade é reconhecida como uma forma lucrativa de produzir crustáceos com ganhos sociais e baixo impacto ambiental (New et al., 2010; Valenti & Moraes- Riodades, 2004). Assim, a produção de camarões de água doce atende os preceitos da aquicultura sustentável. No Brasil, este cultivo vem se estruturando em bases sólidas, embora ainda seja pequeno em relação a outros setores da aquicultura. A existência de estações de larvicultura e fazendas de engorda de camarões de água doce que operam há 20-25 anos é comum, ao contrário do que normalmente ocorre na aquicultura brasileira, com empreendimentos menos duráveis. A prática vem sendo exercida em 15 estados (Marques & Moraes-Valenti, 2012) por pequenos produtores, que utilizam nichos de mercado para escoar sua produção, obtendo boa rentabilidade (Moraes-Riodades, 2004; Marques & Moraes-Valenti, 2012). Existem fazendas com planta de processamento regulamentada pelo S.I.F. e vários produtores têm autorização para comercializar os camarões em nível municipal e estadual. O uso de espécies nativas na aquicultura é um requisito importante para aumentar a sustentabilidade e obter certificações internacionais que valorizam o produto. Entre os camarões de água doce da América do Sul, o Macrobrachium 5 amazonicum (camarão-da-amazônia) apresenta maior importância econômica. Esta espécie é muito semelhante ao camarão oriental Macrobrachium nipponense, cuja produção mundial ultrapassou 225.000 t na presente década (FAO, 2012). O camarão- da-amazônia apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde a Venezuela até a Argentina (Davant, 1963; Pettovello, 1996; Bialetzki et al., 1997) e vem sendo largamente explorado pela pesca artesanal no Brasil (New et al., 2000; Silva et al., 2002; Simonian, 2006; Maciel & Valenti, 2009). O M. amazonicum apresenta grande potencial para a aquicultura (Kutty et al., 2000; New, 2005), podendo atingir 16 cm e 30 g (Moraes-Valenti & Valenti, 2010). Sua carne apresenta textura mais firme e sabor mais acentuado em relação à carne de M. rosenbergii, sendo melhor aceita nos mercados consumidores (Moraes-Riodades & Valenti, 2001). É amplamente consumido pelas populações de baixa, média e alta renda na região amazônica (Moraes-Riodades & Valenti, 2001) e nordeste do Brasil (New et al., 2000). Ocorre em quase todo o território nacional, não oferecendo riscos de introdução de espécies exóticas na natureza, na maior parte do país, caso escape dos viveiros de cultivo. A criação de camarões de água doce com interesse comercial pode ser realizada em três fases: larvicultura, berçário e crescimento final (engorda). Os berçários correspondem à fase de criação de pós-larvas recém-metamorfoseadas até um estágio mais avançado, o juvenil. Embora esta fase possa ser suprimida, há várias vantagens se realizada. Alguns dos benefícios dos berçários são a obtenção de animais maiores para a fase de crescimento final (D’Abramo et al., 1995), redução do tempo de engorda e aumento no número de ciclos anuais (Persyn & Aungst, 2001; New, 2002) e otimização do uso dos viveiros e estocagem de animais mais resistentes às condições de cultivo (variações ambientais e canibalismo), podendo aumentar a sobrevivência (Willis & Berrigan, 1977; New, 2002). Também são ferramenta para fornecer animais em 6 diferentes fases de desenvolvimento inicial para sistemas integrados de aquicultura, como policultivo (Cohen et al., 1981) e rizicarcinicultura. Além disso, são essenciais para o estabelecimento de estratégias de produção mais eficientes onde há restrições climáticas. Em regiões de clima tropical, geralmente são realizados dois ou três ciclos de produção por ano (Tidwell, 2012). Três estratégias de produção podem ser utilizadas. Na primeira, estocam-se as pós-larvas diretamente nos viveiros de engorda (sem berçário). Na segunda, realizam-se dois berçários: o primeiro em tanques indoor, por 15 dias, e o segundo em viveiros por 60 dias. Na terceira estratégia, é realizado apenas o berçário em viveiros por cerca de 60 dias. O uso de berçários em regiões tropicais maximiza a eficiência de produção em viveiros de crescimento final, uma vez que as pós-larvas podem ser cultivadas em maiores densidades nos primeiros 3 meses (Alston,1989; New, 2002). Em regiões de clima subtropical, como no sul e parte do sudeste do Brasil, duas estratégias de produção de camarões de água doce são utilizadas. A primeira, sem uso de berçário, caracteriza-se pela estocagem de pós-larvas em viveiros escavados ao ar livre no início da primavera. O cultivo é realizado apenas nos meses mais quentes, resultando em um ciclo produtivo por ano (Valenti & Tidwell, 2006). Já a segunda inclui a utilização de berçários para reduzir o período de permanência nos viveiros de crescimento final. Esta possibilita a realização de dois ciclos por ano (Valenti & Tidwell, 2006). Nesse caso, realiza-se uma larvicultura no inverno e outra no início da estação quente. No inverno, as pós-larvas são estocadas em tanques internos ou em viveiros cobertos por plástico (“greenhouse”) por aproximadamente 60 dias. A seguir, os juvenis são estocados em viveiros de crescimento final por um período de quatro meses. Durante esse período, outra larvicultura e berçário são realizados, produzindo 7 juvenis que serão utilizados no segundo ciclo produtivo. Em regiões subtropicais, o uso de berçários pode permitir um aumento na massa média final dos camarões e reduzir a mortalidade. Isso devido ao cultivo ser iniciado com indivíduos maiores e mais resistentes às adversidades do meio do que as pós-larvas recém-metamorfoseadas (Sandifer & Smith, 1985; Valenti & Tidwell 2006). Em regiões temperadas, há apenas uma estratégia de cultivo. O povoamento dos viveiros deve ser feito no início da estação quente e a despesca será realizada antes da chegada do período frio, o que limita o cultivo para cerca de 100 dias. Dessa forma, o uso de berçários é imprescindível, pois o povoamento dos viveiros de engorda deve ser feito com juvenis para que o cultivo seja economicamente atrativo em regiões temperadas. Isto permite um melhor aproveitamento do curto período disponível para a engorda (Tidwell & D’Abramo, 2010). Os berçários podem ser realizados em tanques internos, em viveiros de fundo natural, cobertos ou não por estufa, ou em tanques-rede instalados sobre os próprios viveiros de engorda (Valenti, 2002). Os berçários em tanques internos são conhecidos como berçários primários ou berçários “indoor”. Podem servir como uma extensão da fase de larvicultura (Cohen & Ra’anan, 1989), sendo realizados em tanques de 10 a 50 m 2 (Zimmermann & Sampaio, 1998), dentro de galpões fechados. A densidade de estocagem pode variar em função da duração e do tamanho de juvenis desejado (Zimmermann & Sampaio, 1998). Esse sistema geralmente é provido com substratos artificiais, podendo ser realizado em sistema com recirculação (uso de biofiltros), troca de água ou fluxo contínuo (Valenti & Tidwell 2006, Rodrigues et al., 1991). Também costuma ser suprido com aeração artificial e termostatos para o aquecimento da água, tornando o sistema útil nas épocas frias. Sua duração pode ser de 2 a 8 semanas. Já os berçários em viveiros semelhantes aos de crescimento final, também chamados de 8 berçários outdoor, podem possuir duração de 4 a 10 semanas (Valenti, 1996; Zimmermann & Sampaio, 1998). O povoamento pode ser feito com animais porvenientes do berçário primário (quando se realiza o berçário bifásico) ou então diretamente da larvicultura. A área desses viveiros pode variar de 300 a 2000 m 2 (Valenti, 1990). Esses viveiros também podem ser cobertos por estufa agrícola (greenhouse), promovendo o aquecimento da água, mantendo-a em uma temperatura aceitável para o cultivo de camarões, especialmente durante o inverno (Ra’anan & Cohen, 1982). Já a realização de berçários em tanques rede ainda é experimental, porém parece promissor, economizando área de produção e facilitando o manejo (Valenti, 2002). Alguns experimentos, como o de Penteado et al. 2007 e Marques et al. 2010, respectivamente, testam o uso de tanques rede como berçário primário e bifásico para M. amazonicum. Pode haver ou não a utilização de substratos nos tanques rede. Este deveria ser avaliado para aumentar a densidade de estocagem (Coyle et al., 2010). Apesar da importância dos berçários, ainda há poucas informações sobre a produtividade, o custo de produção e a rentabilidade dos juvenis de M. amazonicum nos diferentes sistemas. Os estudos de Penteado et al. (2007) e Marques et al. (2010) avaliaram o efeito da densidade de estocagem, tempo de cultivo e implicações econômicas do cultivo em tanques-rede internos e externos. Não há estudos realizados com berçários de M. amazonicum em outros sistemas. Portanto, há a necessidade de realização de pesquisas para conhecer melhor as variáveis em diferentes tipos de berçários. Em face do exposto, o objetivo desse trabalho foi estudar quatro sistemas de berçários, em aspectos técnicos e econômicos, para a produção de juvenis de M. amazonicum e discutir suas possíveis vantagens, limitações e aplicações para a realização de monocultivos e sistemas integrados de produção do camarão-da-amazônia. 9 2 - MATERIAL E MÉTODOS 2.1 – Avaliação do Desempenho Zootécnico 2.1.1 – Local, delineamento e sistemas avaliados A fase experimental foi realizada no Setor de Carcinicultura do Centro de Aquicultura da UNESP (CAUNESP), campus de Jaboticabal, entre fevereiro e maio, estação quente no hemisfério sul. O delineamento do trabalho foi o de blocos casualizados devido às diferenças de idade e, portanto, massa dos animais, havendo povoamentos em datas diferentes. Foram quatro blocos com os quatro tratamentos, totalizando 16 parcelas experimentais. Os sistemas avaliados foram: Berçários em Tanques Internos com Recirculação de Água (BTI), Berçários em Tanques Cobertos com Estufa Plástica (BTCP), Berçários em Viveiros de Fundo Natural (BVFN) e Berçários em Tanques-Rede Instalados em Viveiros de Crescimento Final (BTR). Os cultivos em BTI (figura 1) foram realizados em quatro tanques de fibrocimento com 800 L de volume útil cada e dimensões de 1,6 x 1,1 x 0,7 m (área de fundo de 1,2 m 2 ), instalados dentro de galpão. Estes foram providos com aeração constante, biofiltros individuais, capazes de transformar a amônia em compostos menos tóxicos aos camarões, e aquecedores/termostatos para que a temperatura fosse mantida entre 28 e 30°C. Foram instalados substratos verticais confeccionados com tela para proteção de tanques contra pássaros, sendo sua superfície equivalente a 50% da área de fundo do tanque. Este serve para otimizar o uso do espaço interno e possibilitar o desenvolvimento do perifíton, reduzindo a necessidade de alimentação alóctone. Quando necessário, os tanques foram sifonados para retirar os restos de alimento e fezes dos animais. 10 Fig. 1. Foto do sistema Berçários em Tanques Internos com Recirculação de Água (BTI). Os cultivos em BTCP (figura 2) foram realizados em quatro tanques retangulares com taludes e fundo de cimento, com aproximadamente 80 m² na superfície e 40 m 2 de área de fundo, com profundidade média de 0,95 m. Estes foram cobertos com lona plástica (“greenhouse”). Havia também sistema de aeração e aspersão de água constantes nos viveiros, mantidos por meio de soprador e bomba, respectivamente. Fig. 2. Foto do sistema Berçários em Tanques Cobertos com Plástico (BTCP). 11 Os cultivos em BVFN (figura 3) foram realizados em viveiros retangulares de aproximadamente 85 m² de área de superfície e área de fundo média de aproximadamente 50 m², com profundidade média de 0,95 m. O fundo e taludes eram de terra e havia cobertura de grama nas cristas e taludes externos. Não havia aeração ou cobertura sobre os viveiros. Fig. 3. Foto do sistema Berçários em Viveiros com Fundo Natural (BVFN). Os cultivos em BTR (figura 4) ocorreram em quatro tanques-rede (“happas”), com malhas de 1 mm entrenós e volume de 1000 L (dimensões de 0,95 m x 0,95 m x 0,95 m e área de fundo de 0.9 m 2 ), fixados por meio de dois cabos de aço que passavam sobre os viveiros. Garrafas de 2 L cheias de areia foram amarradas em cada um dos cantos do fundo do tanque rede para funcionar como poitas para o happa, mantendo-o esticado. Havia um espaço entre o fundo do viveiro e o fundo do tanque rede de pelo menos 35 cm. Os happas foram instalados cada um em um viveiro de crescimento final do Setor de Carcinicultura, com dimensão de 120 m 2 e profundidade média de 1.2 m, sem aeração ou cobertura plástica. 12 Fig. 4. Foto do sistema Berçários em Tanques Rede (BTR). O experimento foi realizado em sistema estático, ou seja, sem renovação de água. Esta foi reposta apenas para suprir as perdas por evaporação e infiltração. A entrada de água nos tratamentos BTCP, BVFN e BTR foi protegida com telas de malha fina (tela 1-2 mm) para evitar a entrada de predadores aquáticos, bem como de seus ovos, pelo cano de abastecimento. O tratamento BTI foi realizado com água de abastecimento público, ficando alguns dias sob constante aeração para remoção do cloro, tornando-a adequada para os camarões. 2.1.2 – Preparação dos sistemas antes do povoamento. Os viveiros dos sistemas BTCP, BVFN e BTR foram calados (1 t cal /ha) e, após seis dias, foram enchidos. Os tanques dos tratamentos BVFN e BTR levaram uma semana pra ficar cheios, por serem de terra. Já os tanques do BTCP levaram dois dias, pois são viveiros concretados. Logo que todos os sistemas foram completados com água (coincidindo com o fim da larvicultura e período de aclimatação das PL em água doce), 13 foi realizado o povoamento para evitar a proliferação de predadores. Não foi realizada adubação, uma vez que a água de abastecimento proveniente da represa já vem com quantidade elevada de nutrientes e plâncton. O sistema BTI foi enchido uma semana antes do povoamento, para maturar os biofiltros, eliminar o efeito residual de cloro na água e acertar a temperatura da água com os termostatos. 2.1.3 – Análise das variáveis da água A temperatura e o oxigênio dissolvido foram monitorados duas vezes ao dia (8:00 e 17:00 horas) com a sonda YSI modelo 55. O fluxo de água através do biofiltro no sistema BTI foi medido por meio de béquer e cronômetro, diariamente. O pH foi monitorado semanalmente com a sonda YSI modelo 63. A amônia, nitrito e nitrato da água foram monitorados quinzenalmente por análise espectrofotométrica. A análise de amônia seguiu metodologia de Solorzano (1969), enquanto a de nitrito seguiu a metodologia de Benschneider & Robinson (1952). A análise de nitrato foi feita seguindo o método 4500- NO3 - E do APHA (American Public Health Association, 2005). As amostras foram analisadas em espectrofotômetro Hach DR/2500. A transparência da água dos tanques nos tratamentos BTR, BTCP e BVFN foi medida semanalmente com o disco de Secchi. Nos BTI não se media essa variável, pois a água era totalmente transparente. Nos tanques rede, inicialmente, temperatura, oxigênio dissolvido, pH e transparência foram medidos fora do tanque rede, enquanto que amônia, nitrito e nitrato foram medidos no interior. Nas duas últimas semanas, temperatura e oxigênio dissolvido passaram a ser monitoradas também dentro do tanque rede. 2.1.4 – Povoamento, alimentação e variáveis avaliadas 14 Para todos os tratamentos, a densidade de povoamento foi de 200 pós-larvas.m -2 de área disponível para apoio dos animais. Nos BTCP e BVFN, considerou-se a área de espelho d’água para o cálculo, o que, de certa forma, inclui a área do fundo e das paredes laterais, que são inclinadas. Nos BTR, a área de cálculo foi das quatro laterais mais a do fundo, pois se observou que os camarões ocupam as paredes laterais. Já nos BTI o cálculo foi igual ao do BTR, adicionando-se a área de substrato. As pós-larvas usadas no experimento foram obtidas no próprio setor. Fêmeas ovadas próximas do nascimento dos filhotes foram coletadas e mantidas em caixa de eclosão até o nascimento das larvas. Então, realizou-se a larvicultura, utilizando sistema fechado dinâmico. As pós-larvas obtidas foram aclimatadas em água doce, em tanques de 800 L úteis, iguais aos do tratamento BTI, permanecendo cerca de 4 dias. Daí seguiram para o povoamento de todas as unidades experimentais. Foram utilizados no experimento 138.825 animais, sendo 3.474 nos BTI, 64.550 nos BTCP, 67.619 nos BVFN e 3.182 nos BTR. As massas iniciais das pós-larvas foram 6,6 mg no bloco um, 4,3 mg no dois, 8,6 mg no bloco três e 6,0 mg no bloco quatro. O motivo da variação nas massas foi a diferença de idade de uma semana entre o primeiro tanque de larvicultura e o último. No povoamento, pesou-se uma amostra de 200 animais (50 por bloco) em balança da Mettler Toledo (0,1 mg) para a determinação da massa inicial, utilizada no cálculo de ração a ser fornecida. Nos tratamentos BTI e BTR, o povoamento foi realizado contando-se todos os animais. Nos tratamentos BTCP e BVFN, o número de pós-larvas foi estimado de acordo com Valenti et al. (2010). Mil pós-larvas foram contadas e postas em um balde com volume de água conhecido, que foi usado como modelo. Outros baldes, com o mesmo formato e volume de água, foram preenchidos com pós-larvas, de forma a ficar aparentemente com o mesmo número de 15 animais. Após essa comparação visual, considerou-se que havia mil camarões nos outros baldes. Os animais foram alimentados com duas dietas comerciais para camarões marinhos: Aquamarão engorda I (fornecida triturada) e depois Potimar 35 juvenil. Os níveis de garantia da Aquamarão engorda I são 35 % de proteína bruta, 5 % de extrato etéreo, 7 % de matéria fibrosa, 13 % de matéria mineral, 3 % de cálcio e 1 % fósforo. Já os da Potimar 35 juvenil são 35% de proteína bruta, 7,5 % de extrato etéreo, 5 % de matéria fibrosa, 13 % de matéria mineral, 3 % de cálcio e 1,45 % de fósforo. O motivo da substituição da ração foi o encerramento da fabricação da primeira. Nos primeiros 40 dias, a taxa de alimentação foi de 40% da biomassa inicial, dividida em quatro porções diárias (Cutolo & Valenti, 2005). Nos 20 dias finais, a taxa passou para 20% em todos os tratamentos, devido à sobra excessiva de ração observada no tratamento BTI. Foram realizadas duas biometrias, uma a cada 20 dias, com 20 indivíduos de cada tanque ou viveiro para a determinação da massa média dos camarões, visando corrigir a alimentação. Nos dias em que oxigênio dissolvido foi menor que 2,5 mg/L pela manhã, não se alimentou os camarões. Quando o valor esteve entre 2,5 e 3,5 mg/L, alimentou-se com metade da biomassa diária. Os tanques e viveiros de todos os sistemas foram despescados 62 dias após o povoamento. Após a despesca, todos os animais sobreviventes foram contados e calcularam-se as massas médias finais úmida e seca dos juvenis, o ganho de massa, a sobrevivência e a produtividade para cada sistema de cultivo. Para o cálculo da massa média final úmida, 50 animais de cada parcela foram retirados na despesca, colocados sobre papel toalha para retirar o excesso de água e pesados em uma placa de Petri tarada, numa balança Marte (0,01 g) totalizando 200 animais por tratamento. O procedimento seguinte foi secar esses animais em estufa a 60° C por 48 horas e pesá-los novamente, obtendo-se 16 assim a massa seca final. O ganho de massa foi obtido subtraindo-se o valor da massa úmida final pela massa úmida do povoamento. A sobrevivência foi determinada pela contagem total dos animais retirados de cada tanque ou viveiro, calculando-se a seguir a média para cada tratamento. A produtividade foi calculada como o número de sobreviventes dividido pela área disponível para apoio dos camarões, a mesma utilizada para o povoamento. 2.1.5 – Análise estatística Sobrevivência, massas úmida e seca, ganho de massa e produtividade foram submetidos à análise estatística (software Statistica 7.0). Os valores de sobrevivência foram previamente transformados para arcosen√x, porém são apresentados os valores originais. As médias das variáveis não desviaram significativamente da normalidade (p > 0.05) pelo teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Houve perda de duas parcelas, uma nos BTR e outra nos BTCP. A análise estatística foi realizada com as médias das três parcelas restantes nesses dois tratamentos. Foi feita uma ANOVA paramétrica com duas classificações (two way ANOVA), testando blocos e tratamentos. Os blocos não tiveram efeito nas variáveis (p > 0.05). O teste post-hoc utilizado foi o teste LSD de Fisher. Realizou-se também uma análise exploratória multivariada dos dados (software Statistica 7.0) com as médias de sobrevivência, produtividade, massas úmida e seca, e ganho de massa. Utilizou-se uma análise de agrupamentos hierárquica, com os dados devidamente padronizados. A estratégia de agrupamento foi pelo método de Ward. O coeficiente de semelhança utilizado foi a distância euclidiana. 2.2 – Análise econômica 17 A realização de análises econômicas requer o estudo de fazendas de produção que apresentem as características que se quer avaliar ou então a realização de simulações. O estudo de fazendas reais é bastante complicado e impreciso porque dificilmente se encontram fazendas semelhantes que variem apenas nas características de interesse. Além disso, geralmente é difícil obter dados reais junto aos proprietários. No caso de berçários de M. amazonicum, não existe ainda nenhuma fazenda instalada. Assim, optou-se pelo uso da simulação. 2.2.1 – Planejamento das fazendas-berçários Quatro fazendas berçários de Macrobrachium amazonicum foram hipoteticamente dimensionados na região norte do estado de São Paulo, cada uma operando em um dos sistemas estudados. As propriedades em sistema BTI, BTCP, BVFN e BTR terão tamanho de 1,5 ha, 3 ha, 3,5 ha, e 1 ha, respectivamente. Estes tamanhos estão relacionados às características de cada sistema, de modo que as quatro fazendas produzirão por volta de 10 milhões de juvenis por ano. Isto é suficiente para povoar 10 ha de viveiros de crescimento final por ano em uma densidade de aproximadamente 40 indivíduos/m 2 . O sistema BTR pode ser implantado em uma fazenda já existente de cultivo de camarões ou de peixes, em viveiros ou em águas públicas. Cada uma delas utilizou um dos quatro sistemas avaliados no experimento, com o cultivo realizado da mesma forma que no estudo. Estas terão em comum galpão de material e ração, escritório, laboratório para biometrias e uma casa para moradia de uma família. As quatro fazendas produzirão por volta de 10 milhões de juvenis por ano. 2.2.1.1- Berçários em tanques internos com recirculação de água (BTI) 18 Serão construídos, no interior de um galpão coberto de 8.805 m 2 (136,5 x 64,5 m), 175 tanques berçários e 1 tanque auxiliar para maturação de biofiltros, sendo 10 filas de 18 tanques paralelos, sobrando ainda espaço dentro do galpão para construção de pias e guardar baldes e outros utensílios. Todos os tanques serão de alvenaria, com dimensões: 10,0 x 2,0 x 1,2 m e volume útil de 20 m 3 . O fundo será em forma de “U” para facilitar a limpeza. Estes serão abastecidos por água doce, proveniente de poço artesiano. Serão instalados, por tanque, 10 filtros biológicos de 100 L (baldes verticais e submersos no viveiro), perfazendo 5 % do volume do tanque, com 80 L de substrato cada. A água utilizada no cultivo virá de um poço artesiano. Esta chegará aos viveiros por meio de tubulação de PVC de 2”, com registro individual para cada viveiro. O sistema de escoamento será na lateral oposta, com cotovelo articulado, instalado do lado de fora do tanque, permitindo a saída de água de fundo e um controle do nível da água no interior do viveiro. A tubulação de drenagem dos tanques será de 4”, havendo um CAP interno adaptado com tela de malha 1 mm para impedir a fuga dos camarões. Esta drena para uma caixa coletora de alvenaria, usada na despesca, com 1,5 x 2 m, cujo fundo deve ser 1 m abaixo do nível do fundo dos tanques. Durante a despesca, após o enchimento da caixa de coleta, o excesso de água irá, através de canaletas de concreto, para um tanque de tratamento de efluentes, com dimensão de 4000 m 2 . Os tanques de cultivo serão providos com aeração, vinda de 15 compressores radiais de 7,5 cv cada. A rede de distribuição de ar, formada por tubos de PVC 2”, deve formar um circuito fechado acima do conjunto de tanques, evitando queda de pressão. Destes partem quatro derivações equidistantes para cada tanque, a fim de uniformizar a distribuição de ar. Cada uma delas será com tubos PVC ¾”, contendo 10 saídas de ar, que serão utilizadas para aerar os bifiltros e o tanque de cultivo. O ar será distribuído 19 por pedras porosas, de 25 cm, dispostas no fundo de cada tanque e dentro do biofiltro. O sistema de aeração será acoplado a um gerador de 70 kva, garantindo suprimento de oxigênio quando faltar energia. Uma panagem de tela, malha 5 mm, fixada em canos de PVC de ¾” será estendida na transversal dos tanques a cada metro. A dimensão total da panagem será de 50% da área de fundo do tanque, servindo como substrato para as PL. Haverá também sistema de aquecimento por energia solar nos tanques, semelhante ao de piscinas. Serão instaladas placas de aquecimento solar (20 m 2 / tanque), com uma bomba de 3/4 cv que puxará a água, fazendo com que esta passe pelo sistema de encanamento de 1,5” para água quente e seja aquecida pelas placas, voltando ao viveiro. Haverá também controlador de temperatura, regulado para 28 o C, garantindo temperatura ideal ao cultivo dos camarões. Para a despesca, os animais serão estocados aos poucos na caixa de coleta, sendo coletados em puçás na saída de água conforme o viveiro vai esvaziando, para depois serem colocadas nas embalagens com água e oxigênio. 2.2.1.2- Berçários em tanques cobertos com plástico (BTCP) Serão construídos 20 tanques berçários no interior de estufa, perfazendo um total de 14.430 m 2 (260 x 55,5 m), com cortinas laterais e frontais para controle de temperatura (temperatura alvo: 28º C). Estes serão de alvenaria, com dimensões de 50,0 x 10,0 x 1,2 m, dispostos em uma única fileira. Serão abastecidos por água doce, proveniente de represa da propriedade, chegando por gravidade nos tanques através de canaletas de abastecimento, feitas com concreto. A entrada de água será por meio de tubos de PVC de 4” (um para cada viveiro) que partirão das canaletas de entrada de água, com tela de 1 mm na saída do cano para o 20 tanque, evitando a entrada de predadores. A saída de água será na lateral oposta. O sistema de escoamento será com cotovelo articulado, como na fazenda BTI. A tubulação de drenagem dos tanques será de 6”, havendo um CAP interno adaptado com tela de malha 1 mm para impedir a fuga dos camarões. Esta drena para a caixa coletora, de alvenaria, com mesmo tamanho e design da do sistema BTI. Haverá também sistema de canaletas na saída das caixas coletoras, drenando a água para o tanque de tratamento de efluentes, com dimensão de 1 ha. Os tanques serão providos por aeração, fornecida por 20 compressores radiais de 1 hp cada, estando 1 em cada viveiro. A rede de distribuição de ar, formada por tubos de PVC 2”, será também em circuito fechado, instalada acima do conjunto de tanques, de onde sairão duas derivações para cada tanque. Destas, duas mangueiras de ar 2” surgirão e se ramificarão em mais duas dentro do tanque, no fundo, cada uma contendo um difusor de ar, totalizando quatro por viveiro. Haverá também sistema de aspersão de água nos viveiros, para melhor aproveitamento do calor da estufa e diminuição do efeito tóxico da amônia. Cada viveiro será provido de bomba de 1 hp, que sugará a água do viveiro para a distribuição do aspersor. Da bomba, partirá um tubo de PVC de 2”, que se ramificará em 3 tubos de PVC ¾” com aspersores a uma altura de 1,5 m da superfície do viveiro, garantindo aspersão de água para todo o tanque. A despesca ocorrerá nas caixas coletoras. 2.2.1.3- Berçários em viveiros de fundo natural (BVFN) Serão construídos, numa área de 18.037 m 2 (325 x 55,5 m), 25 viveiros- berçários, com taludes e fundo natural, com dimensões de 50,0 x 10,0 x 1,2 m, dispostos em uma única fileira. Entre os tanques e nos taludes, haverá cobertura de grama para 21 evitar o desbarrancamento. Os viveiros serão abastecidos por água doce, proveniente de represa da propriedade, chegando por gravidade nos viveiros através de canaletas de abastecimento. As entradas e saídas de água, bem como os diâmetros dos tubos de PCV serão da mesma forma e com o mesmo material do sistema BTCP, também havendo tanque de tratamento de efluentes, com dimensão de 1,25 ha. Também haverá caixas de coleta, semelhantes às outras duas fazendas. Não haverá sistema de aeração e aquecimento nesses tanques. A despesca também ocorrerá nas caixas coletoras. 2.2.1.4- Berçários em tanques rede (BTR) Foi considerada a existência de um rio ou represa próximo à propriedade, sendo que próximo da margem, onde houver profundidade de pelo menos 2 m, serão dispostos os 557 tanques rede (3 x 3 x 1,5 m). Eles serão divididos em quatro conjuntos de tanques, com 139 unidades cada. Cada conjunto apresentará duas fileiras de tanques que irão se intercalando, com distância de 50 cm entre eles, para facilitar a circulação de água entre os tanques. Na extremidade de cada conjunto, serão colocadas verticalmente estacas de bambu de 2 m de altura para fixação dos conjuntos no leito do rio. Nestas passarão cordas de nylon de 8 mm. Nestas cordas serão amarrados os tanques-rede, sendo que estes ficarão mergulhados até a profundidade de 1,2m, ficando 30 cm superficiais do tanque rede para fora. Garrafas Pet de 2 L cheias de terra serão utilizadas como poitas para os tanques rede, sendo amarradas nos quatro cantos do fundo. Não haverá sistema de aquecimento e aeração nos tanques rede. Alternativamente, o sistema poderá ser montado dentro de viveiros de engorda de peixes e camarões, com custo semelhante. 22 2.2.2 - Estratégia de produção A estratégia de produção consistirá no fornecimento semanal de juvenis de M. amazonicum ao mercado consumidor durante o ano todo, sendo a quantidade diferenciada conforme a produção de cada berçário (Tabela 1). Semanalmente, parte dos tanques/viveiros de cultivo serão povoados com pós-larvas recém-adquiridas e parte serão despescados para venda dos juvenis. O número de tanques povoados e despescados é o mesmo em uma mesma fazenda, mas varia entre uma fazenda e outra, devido ao tamanho dos tanques e dos ciclos. Os ciclos nas fazendas BTI, BTCP e BTR serão de 65 dias (62 de produção + 3 para limpeza e enchimento). Já na fazenda BVFN, o ciclo será de 69 dias, sendo 62 de produção mais 7 dias devido ao tempo de ação da calagem realizada entre os cultivos e o tempo para encher viveiros de terra serem maiores. Para o povoamento dos sistemas, será considerada a compra de pós-larvas de uma larvicultura hipotética já existente em Jaboticabal. Segundo Vetorelli (2004), uma larvicultura de M. amazonicum já instalada na região possui viabilidade econômica vendendo pós-larvas com preço a partir de R$ 16,00. Esse valor foi corrigido considerando o valor da inflação que houve desde aquela época, utilizando como indexador o IGP-DI. Foi então considerado um preço de compra de PLs de R$ 16,50 no valor da época. Com a correção, o preço passou para R$ 25,58 por milheiro. Atualmente, existe uma larvicultura de M. amazonicum na cidade de Benevides (Pará), que vende suas pós-larvas a R$ 30,00/milheiro, preço 20 % maior que o obtido na literatura, com a atualização. O número de juvenis produzidos por ciclo, bem como o manejo (manejo alimentar, de limpeza, medição de parâmetros e o número de biometrias) serão da 23 mesma forma que foi realizado no experimento. A ração utilizada para os juvenis será a Potimar 35 juvenil, já descrita anteriormente. Para a comercialização, conforme retirados dos tanques, os juvenis serão embalados em sacos plásticos de 60 L (20 L com água e 40 L com oxigênio, havendo cilindro de oxigênio nas fazendas) com os cantos amarrados para evitar esmagamento dos juvenis, na densidade de 65/juvenis/L. Esta densidade na embalagem foi a que apresentou a melhor sobrevivência, segundo Sperandio (2004). Será considerado que os produtores virão buscar os juvenis na porta das fazendas. Tab. 1. Indicadores de produção dos berçários usados para os cálculos da análise econômica nos diferentes sistemas avaliados. Itens Sistema de produção BTI BTCP BVFN BTR N o de tanques de cultivo 175 20 25 557 Densidade de povoamento (PL/m 2* ) 200 200 200 200 N o de animais por tanque 11800 100000 100000 4680 Compra de PLs por ciclo (milheiros**) 2064 1975 2469 2603 Produção por ciclo (milheiros) 1775 1801 1914 1782 N o de tanques povoados por semana 19 2 2.5 60 Produção semanal (milheiros***) 93,6 890 712 29,7 Duração do ciclo (dias) 65 65 69 65 Quantidade de ciclo por ano 5,6 5,6 5,3 5,6 Capacidade de estocagem anual (milheiros****) 11600 11100 13063 14630 Produção por ano (milheiros) 9997 10125 10124 10015 * Considerando áreas laterais e fundo dos tanques nos BTR, estas mais área de substrato em BTI apenas área de espelho d’água em BTCP e BVFN. ** O ciclo em BVFN é maior, por isso precisa-se de mais animais por ciclo. ***O tamanho dos tanques em cada sistema e o número varia, por isso há as diferenças no número de animais. ****Considerou-se a sobrevivência obtida em cada tratamento. 2.2.3- Parâmetros econômicos 24 As análises de investimento, os custos e retornos, a análise do fluxo de caixa e os indicadores de viabilidade econômica foram determinados para os quatro sistemas de berçário estudados. O mercado para venda de M. amazonicum em várias fases de desenvolvimento envolve camarões para consumo humano, iscas-vivas, ornamentais e alimento para peixes carnívoros ornamentais (Marques e Moraes-Valenti, 2012). Analisamos a viabilidade de venda dos juvenis produzidos nas fazendas hipotéticas para os seguintes mercados: 1. Produtores de tilápias que irão estocar os juvenis de M. amazonicum nos viveiros de engorda em policultivo, mantendo o manejo do peixe, sem arraçoar o camarão. Estes poderão vender sua produção como isca viva a R$ 0,20 a unidade (Valenti et al. 2011; Book, 2012) ou para consumo humano, com preço de R$ 12,00/kg (Preto, 2012) ou R$20,00/kg (preço obtio no Estado do Pará). Esses produtores tem como custo básico o preço dos juvenis acrescido de um pequeno manejo e embalagem de despesca. 2. Venda para rizicultores que irão estocar os juvenis em tabuleiros de arroz, sem arraçoar o camarão (Book, 2012). Estes venderão sua produção como isca viva a R$0,20 a unidade (Valenti et al. 2011; Boock, 2012) ou para consumo humano, vendendo a R$ 12,00/kg (Preto, 2012). 3. Venda para engorda de camarões para consumo humano em monocultivo, vendendo camarões com peso médio de 5g e preço de R$ 20,00 (preço obtido no Estado do Pará). Nesse caso, deve-se considerar que são necessários pelo menos 250 juvenis para formar 1 kg de camarões para consumo, considerando sobrevivência de 70-80% durante a engorda (Moraes-Valenti & Valenti, 2007). Assim, o preço do milheiro de juvenis deve ser tal que possibilite ao produtor pagar todos os demais custos e ainda ter lucro. 25 4. Venda direta para lojas de organismos ornamentais. Em pesquisa realizada por Preto (2012) no Espírito Santo, observou-se que os lojistas repassam camarões Macrobrachium a preços que variam de R$ 0,30 a R$1,20. Assim, considerou-se que os juvenis serão vendidos a R$ 0,13 a unidade. Isso possibilita uma larga margem para que o lojista pague seus custos e tenha seu lucro. Para o cenário base, considerou-se arbitrariamente o preço de venda dos juvenis como R$ 70,00/milheiro. Em seguida, avaliou-se as implicações de mudanças nesse valor. 2.2.3.1- Análises de viabilidade econômica 2.2.3.1.2- Análise do investimento inicial O investimento inicial para cada sistema incluiu:  BTI: construção de galpões, sistema de aeração e aquecimento, construção de tanques e compra de biofiltros, construção de tanque para tratamento de efluente, compra de equipamentos (gerador, soprador, sondas multiparâmetros, etc.), e outros utensílios (caixas, baldes, puçás, lâmpadas, etc.), construção de almoxarifado e escritório, gastos com o projeto técnico, levantamento topográfico e legalização da atividade.  BTCP: construção de estufa, sistema de aeração e aspersão, construção de tanques de cultivo e tratamento de efluente, compra de equipamentos (soprador, bomba de aspersão, sondas multiparâmetros, etc.), e outros utensílios (caixas, baldes, puçás, lâmpadas, etc.), construção de almoxarifado e escritório, gastos com o projeto técnico, levantamento topográfico e legalização da atividade.  BVFN: construção de tanques de cultivo e tratamento de efluente, compra de equipamentos (sondas multiparâmetros, cilindro de oxigênio, balança, etc.), e 26 outros utensílios (caixas, baldes, puçás, etc.), construção de almoxarifado e escritório, gastos com o projeto técnico, levantamento topográfico e legalização da atividade.  BTR: compra de tanques rede, cordas de nylon para fixação, caiaques para alimentação e rotinas de limpeza, compra de equipamentos (sondas multiparâmetros, cilindro de oxigênio, balança, etc.), e outros utensílios (caixas, baldes, puçás, etc.), construção de almoxarifado e escritório, gastos com o projeto técnico, e legalização da atividade. 2.2.3.1.3- Análise de custos e retornos Foram consideradas duas estruturas de custo de produção. Na primeira, descrita por Shang (1990), o custo total (CT) foi dividido em custo fixo e custo variável. O custo fixo (CF) é definido como os custos que não variam com a produção, incluindo os gastos com a mão de obra fixa, os custos de oportunidade da terra, do capital e do empresário, a manutenção de equipamentos e benfeitorias, e a depreciação dos itens do investimento. Estes itens foram calculados como:  Mão de obra fixa: um profissional de nível superior, com salário mensal de R$2.000,00 e 43% de encargos sociais sobre o salário (Scorvo Filho et al., 2004) em cada um dos quatro sistemas e funcionários com um salário mínimo (SM) mais 43% de encargos sociais (SM = R$ 690,00; março/2012). Para a fazenda em BTI foram considerados seis funcionários (dois a mais para o sifonamento dos tanques). Para as outras, foram considerados quatro funcionários;  Custos de oportunidade: 27 – Terra: remuneração de R$ 98,05/ha/mês, estimado com base no preço médio do arrendamento em Jaboticabal para a cana-de-açúcar em 2011(IEA/CATI-SAAESP, 2012); – Capital fixo: remuneração de 6,5% ao ano sobre o valor do capital médio investido; – Empresário: remuneração do empresário com um salário mínimo.  Manutenção: manutenção de equipamentos e benfeitorias (2% do valor de compra ao ano);  Depreciação: depreciação dos itens do investimento, calculado pelo método linear, de acordo com a vida útil de cada item. O custo variável (CV) considera todos os custos que são influenciados pela produção. Foi considerado como custo variável:  Fazenda BTI: os insumos (ração para as PL, produtos químicos, óleo diesel e de motor para o gerador (sistema BTI), kit de cloro e reagentes para análise de nitrito, pilhas para sonda multiparâmetros, embalagens, recarga do cilindro de oxigênio, material para escritório, mão de obra eventual, contribuição previdenciária rural (2,85% a.a. da receita bruta), energia elétrica, telefone e os juros (8,75% a.a sobre a metade do capital circulante, que corresponde ao custo variável somado à mão de obra fixa, e manutenção de equipamentos e benfeitorias);  Fazenda BTCP: mesmos que o anterior, exceto óleos diesel e de motor, e kit cloro e analise de água. Acrescentou-se o calcário;  Fazenda BVFN: mesmos custos do sistema BTCP;  Fazenda BTR: mesmos custos que o sistema anterior, exceto calcário. 28 A receita bruta (RB) foi calculada considerando a produção anual e o preço de venda. O lucro foi calculado considerando a RB menos o CT. O custo do nivelamento (“Break-even”) da produção foi calculado dividindo o CT pelo preço de venda do milheiro de juvenis. Na segunda estrutura de análise de custo, descrita por Matsunaga et al. (1976) e Martins & Borba (2006), foi definido o custo operacional efetivo (COE) e o custo operacional total (COT). São considerados COE os gastos com insumos, mão de obra fixa e eventual, manutenção de equipamentos e benfeitorias, despesas com máquinas, impostos, embalagens, energia elétrica e telefone. O COT inclui o COE mais a depreciação. Este tipo de custo considera o que realmente é gasto em dinheiro com a produção, e não remunera todos os fatores de produção, como os custos oportunidade, sendo, portanto, um bom indicador apenas para análises em curto prazo (Scorvo Filho et al., 2004). A receita líquida foi calculada considerando a RB menos o COT. 2.2.3.1.4- Análise do fluxo de caixa e dos indicadores de viabilidade financeira O fluxo líquido foi calculado pela diferença entre as entradas e as saídas. Nas entradas, além da receita bruta e do capital de giro, foi considerado o valor residual dos itens do investimento ao final do horizonte de 10 anos. O valor residual foi calculado para todos os itens dos investimentos que possuem vida útil superior ao horizonte do projeto. A receita bruta no 1º e no 2º ano do fluxo de caixa foi considerada como 70 e 90% do valor projetado, respectivamente, devido à fase de adequação da tecnologia. Nas saídas foram inclusos, no momento zero do fluxo de caixa, o investimento inicial e o capital de giro (despesas para realizar os dois primeiros ciclos de produção), e, ao longo do horizonte do projeto, as despesas operacionais e os reinvestimentos periódicos de equipamentos e materiais com vida útil inferior a 10 anos. Nas despesas 29 operacionais, foram considerados somente os gastos operacionais em dinheiro, excluindo, portanto, os juros sobre o capital investido e circulante, o arrendamento de terra, a depreciação e a remuneração do empresário. Os indicadores de viabilidade financeira foram calculados com base no fluxo líquido de caixa, projetado para 10 anos, e taxa de desconto de 6,5% ao ano. Os itens considerados foram: valor presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR), período de retorno do capital (PRC) e relação benefício/custo (RBC), calculados de acordo com Shang (1990) e Jolly & Clonts (1993), segundo as equações: Valor Presente Líquido (VPL):  Taxa Interna de Retorno (TIR):   Período de Retorno do Capital (PRC):  Relação Benefício-Custo (RBC):   Sendo que: FLC = fluxo líquido de caixa;      n t t t FLCo i FLC VPL 1 )1(      n t t t FLCo TIR FLC 1 0 )1(    n t FLCt 0 0 FLCo i FLC RBC n t t t / )1(1     30 FLCo = fluxo líquido de caixa no momento zero (inclui o investimento inicial + capital de giro); i = taxa de desconto; n = número de anos em operação (0, 1, 2,...n); t = ano. 2.2.3.1.5- Variações nos cenários e análise de sensibilidade Além do cenário base, outros cenários foram investigados como o uso de ração mais barata e aumento no preço de venda quando a produção é voltada para o mercado de iscas vivas e ornamentais. Análises de sensibilidade também foram realizadas para compreender como o empreendimento irá se comportar com mudanças no cenário econômico e/ou nos parâmetros de produção. Os cenários foram definidos com base na variação dos fatores que apresentaram maior impacto nos custos do berçário do M. amazonicum, cruzando-os com o preço de venda e produção anual de milheiros de PL. As análises foram comparadas com o cenário base a partir da receita líquida e do custo total de produção por milheiro. Desta forma, as análises de sensibilidade realizadas foram:  Com utilização de ração para tilápias com 28 % de proteína (níveis de garantia), a R$ 1,08 /kg;  Sobrevivências com 10 e 20 % a mais e a menos que a obtida no cenário padrão. Na fazenda BTI, não foi realizado o cenário sobrevivência mais 20 %. Já na fazenda BTCP, não foram realizados os cenários de sobrevivência mais 10 e mais 20 %. O motivo foi a sobrevivência média obtida de 86 % no BTI e 90% no BTCP, sendo que, com esses cenários, o valor de sobrevivência iria atingir ou superar 100 %, tornando-se irreal; 31  Preço de venda do milheiro de juvenis a 90, 110, 130 reais (0,09, 0,11 e 0,13 reais por unidade) para a utilização como iscas vivas ou ornamentais. 3 – RESULTADOS 3.1 – Desempenho Zootécnico. Os valores das variáveis físicas e químicas da água são apresentados na tabela 2. Tab. 2. Médias (± desvios padrão) das variáveis físicas e químicas da água obtidas em cada tratamento. Números entre parênteses são os valores mínimos e máximos das variáveis que foram obtidos em cada tratamento. As variáveis com asterisco (*) representam as médias obtidas dentro dos tanques rede durante 14 dias. Variáveis Tratamentos Tanques Internos com recirculação Tanques Rede Tanques Cobertos com Plástico Viveiros de Fundo Natural Temperatura manhã (°C) 28.4 ± 0.2 25.5 ± 0.3 27.5 ± 0.9 25.3 ± 0.3 (26.1 - 30.4) (22.5 - 29.6) (23.2 - 30.6) (21.1 - 30.4) Temperatura manhã (°C) * . 24.8 ± 0.7 . . . (22.4 - 26.1) . . Temperatura tarde (°C) 29.6 ± 0.2 27.7 ± 0.5 29.5 ± 1 27.8 ± 0.5 (26.9 - 31.4) (23.7 - 32.7) (24.6 - 34.2) (22.7 - 33.6) Temperatura tarde (°C) * . 27.2 ± 0.9 . . . (24.5 - 28.9) . . OD Manhã (mg L-1) 7.32 ± 0.03 7.2 ± 0.35 7.65 ± 0.18 6.59 ± 0.41 (6.66 - 7.93) (2.85 - 9.29) (6.52 - 9.36) (2.28 - 13.54) OD Manhã (mg L-1)* . 3.81 ± 1.5 . . . (1.28 - 6.72) . . OD tarde (mg L-1 ) 7.08 ± 0.05 9.55 ± 0.34 8.38 ± 0.51 11.23 ± 0.69 (5.55 - 9.52) (3.12 - 21.0) (6.79 - 10.03) (5.75 - 19.96) OD tarde (mg L-1 )* . 8.47 ± 0.6 . . . (7.07 - 11.58) . . pH 7.96 ± 0.04 7.76 ± 0.13 7.77 ± 0.18 7.22 ± 0.27 (7.21 - 8.37) (6.63 - 8.75) (6.78 - 9.04) (5.96 - 9.24) Fluxo (L.dia-1) 1139 ± 315 . . . (300 - 2000) . . . Transparência (cm) . 65 ± 4 45 ± 10 70 ± 5 . (33 - total) (14 - total) (44 - total) N- Amônia (µg L-1) 37.63 ± 4.96 47.87 ± 5.76 32.22 ± 3.32 63.31 ± 36.96 (1.51 - 77.61) (0 - 95.88) (27.2 - 85.22) (1.29 - 183.98) N-Nitrito (µg L-1) 26.08 ± 12.09 15.32 ± 6.65 53.93 ± 51.05 15.35 ± 2.09 (0.68 - 104.19) (7.71 - 29.90) (1.14 - 415.35) (0.79. 27.93) N- Nitrato (µg L-1) 4219.33 ± 1901.20 607.88 ± 303.74 109.75 ± 79.81 290.68 ± 177.08 (864.33 - 11777.76) (116.31 - 2207.35) (14.13 - 605.21) (61.23 - 755.49) 32 A sobrevivência não diferiu estatisticamente em nenhum dos tratamentos (Figura 5). Ainda assim, verificaram-se maiores valores nos tratamentos BTCP e BTI, com médias de 90.08 ± 8.27 % e 86.20 ± 6.76, respectivamente. Nos BVFN, a sobrevivência foi de 76.55 ± 16.41 %. O menor valor, de 68.36 ± 9.36 %, ocorreu nos BTR. A diferença entre a maior e menor média de sobrevivência entre os tratamentos foi de 21,72 %. Nos quatro tratamentos, o valor médio de sobrevivência foi superior a 50 %. Fig. 5. Médias (± desvios padrão) da sobrevivência obtida em cada tratamento. BTI = Berçários em tanques internos com recirculação de água, BTR = Berçários em tanques rede, BTCP = Berçários em tanques cobertos com plástico, BVFN = Berçários em viveiros de fundo natural. (N = 14; F tratamentos = 1.7424; F blocos =0.102; p tratamentos = 0.2452; p blocos = 0.9561). A produtividade (figura 6) também não diferiu estatisticamente entre os tratamentos. As maiores médias foram obtidas nos tratamentos BTCP e BTI (180 ± 17 e 172 ± 13 juvenis/m 2 , respectivamente), seguidos dos tratamentos BVFN e BTR (153 ± 33 e 137 ± 19 juvenis/m 2 , respectivamente). O maior valor superou o menor em 43 animais/ m 2 . 33 Fig. 6. Médias (± desvios padrão) da produtividade obtida em cada tratamento. BTI = Berçários em tanques internos com recirculação de água, BTR = Berçários em tanques rede, BTCP = Berçários em tanques cobertos com plástico, BVFN = Berçários em viveiros de fundo natural. (N = 14; F tratamentos = 1.7717; F blocos = 0.1285; p tratamentos = 0.2398; p blocos = 0.9401). Já nas massas individuais finais úmida, seca e no ganho de massa (figuras 7, 8 e 9) houve diferença estatística entre as médias. Os tratamentos BTCP e BVFN diferem dos tratamentos BTI e BTR, sendo que a diferença entre os dois primeiros e os dois últimos é de pelo menos duas vezes no período de dois meses de cultivo. Fig. 7. Médias (± desvios padrão) da massa úmida individual final obtida em cada tratamento. Letras diferentes indicam que as médias diferem estatisticamente. BTI = Berçários em tanques internos com recirculação de água, BTR = Berçários em tanques rede, BTCP = Berçários em tanques cobertos com plástico, BVFN = Berçários em viveiros de fundo natural. (N = 14; F tratamentos = 24.7527*; F blocos = 2.4107; p tratamentos = 0.0004*; p blocos = 0.1523). a a b b Tratamentos 34 Fig. 8. Médias (± desvios padrão) da massa seca individual final obtida em cada tratamento. Letras diferentes indicam que as médias diferem estatisticamente. BTI = Berçários em tanques internos com recirculação de água, BTR = Berçários em tanques rede, BTCP = Berçários em tanques cobertos com plástico, BVFN = Berçários em viveiros de fundo natural. (N = 14; F tratamentos = 15.9764*; F blocos = 2.4239; p tratamentos = 0.0016*; p blocos = 0.1509). Fig. 9. Médias (± desvios padrão) do ganho de massa obtido em cada tratamento. Letras diferentes indicam que as médias diferem estatisticamente. BTI = Berçários em tanques internos com recirculação de água, BTR = Berçários em tanques rede, BTCP = Berçários em tanques cobertos com plástico, BVFN = Berçários em viveiros de fundo natural. (N = 14; F tratamentos = 24.7527*; F blocos = 2.3083; p tratamentos = 0.0004*; p blocos = 0.1632). a a b b a a b b Tratamentos Tratamentos 35 Os dados da biometria dos juvenis (figura 10) mostram um crescimento contínuo até 40 dias. Nos últimos 20 dias experimentais, observou-se uma estagnação da massa dos camarões criados em BTR. Os animais criados em BVFN e BTCP tiveram os maiores desenvolvimentos desde o início do experimento, mantendo-se assim em todo o cultivo. A partir de 20 dias, notou-se maior diferenciação entre as massas dos indivíduos dos viveiros maiores (BTCP e BVFN) e dos tanques menores (BTI e BTR). Essa diferença fica ainda maior conforme o cultivo avança. 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 Povoamento 20 dias 40 dias Despesca M a s s a m é d ia ( g ) BTR BTCP BVFN BTI Fig. 10. Comportamento gráfico das massas obtidas nas pesagens experimentais, do povoamento à despesca. De acordo com a análise exploratória dos dados (figura 11), observamos que os quatro tratamentos foram separados em dois grupos. Os tratamentos BTCP e BVFN ficaram do lado esquerdo (apenas uma parcela BTCP foi para a esquerda), enquanto os tratamentos BTR e BTI ficaram do lado direito. Os tratamentos BTCP e BVFN (grupo 36 1) possuem maiores massas finais úmida, seca e ganho de massa que as dos tratamentos BTI e BTR (grupo 2). Fig. 11. Análise exploratória dos dados pelo método de agrupamento hierárquico. 3.2 – Análise econômica O investimento inicial para a instalação dos berçários variou de R$ 205.665,00 a R$ 6.155.206,00 (Tabela 3), sendo o menor para a fazenda BTR e o maior para a fazenda BTI. 37 Tab. 3. Investimento total para a instalação dos berçários de Macrobrachium amazonicum e participação dos itens. Valores em reais (R$); os centavos foram excluídos. Itens Sistema de produção BTI BTCP BVFN BTR R$ % R$ % R$ % R$ % Sistema de distribuição de ar 147117 2,4 35197 1,37 - - - - Sistema de distribuição de água 54196 0,9 51296 1,99 67003 26,42 - - Sistema de aquecimento 350592 5,7 - - - - - - Sistema de aspersão - - 23608 0,92 - - - - Equipamentos 242108 3,9 93439 3,63 24279 9,57 27362 13,30 Utensílios 10206 0,2 3657 0,14 3773 1,49 3699 1,80 Tanques de cultivo e efluentes 475992 7,7 1323753 51,47 99111 39,08 - - Material tanques 159657 2,6 1573 0,06 2141 0,84 4644 2,26 Tanques rede - - - - - - 116970 56,87 Construções 4531546 73,6 45398 1,77 45398 17,90 45398 22,07 Estufa - - 914573 35,56 - - - - Análise de água 150 0,00 150 0,01 150 0,06 150 0,07 Projeto 179142 2,91 74775 2,91 7251 2,86 5942 2,89 Legalização 1500 0,02 1500 0,06 1500 0,59 1500 0,73 Topografia e plantas 3000 0,05 3000 0,12 3000 1,18 - - Total 6155206 100 2571919 100 253607 100 205665 100 O investimento médio (investimento inicial/produção anual em milheiros) foi de R$ 617,38, R$ 254,02, R$ 25,05 e R$ 20,53 para as fazendas com sistema BTI, BTCP, BVFN e BTR, respectivamente. A estimativa das despesas operacionais anuais para os quatro sistemas de berçário está apresentada na Tabela 4. O total das despesas operacionais foi de R$ 846.546,00, R$ 558.073,00, R$ 560.442,00 e R$ 575.149,00 para as fazendas que operam em BTI, BTCP, BVFN e BTR, respectivamente. A compra de pós-larvas foi o maior custo operacional em todos os sistemas, variando de 35,05 a 65,06 %. No sistema BTI, o custo de energia elétrica se aproximou bastante do custo de compra de PLs, sendo 27,46% do custo total. 38 Tab. 3. Despesas operacionais anuais para a produção de juvenis de M. amazonicum nos diferentes sistemas e a participação dos itens. Valores em reais; os centavos foram excluídos. CPR = Contribuição Previdenciária Rural. Itens Sistema de produção BTI BTCP BVFN BTR R$ % R$ % R$ % R$ % 1 - Insumos Ração para PL 29784 3,52 75464 13,52 87418 15,60 65611 11,41 Compra de PL 296720 35,05 283925 50,88 334101 59,61 374206 65,06 Embalagem 2226 0,26 2226 0,40 2095 0,37 2226 0,39 Recarga de cilindro de Oxigênio 3372 0,40 3372 0,60 3174 0,57 3372 0,59 Material de Limpeza 141 0,02 28 0,01 26 0,00 28 0,00 Material de Escritório 562 0,07 562 0,10 529 0,09 562 0,10 Cloreto de amônio 307 0,04 - - - - - - Calcário - - 141 0,03 165 0,03 - - Hipoclorito de cálcio 146 0,02 - - - - - - Kit cloro 4760 0,56 - - - - - - Pilhas AA 161 0,02 161 0,03 152 0,03 161 0,03 Reagente para teste nitrito 1236 0,15 - - - - - Óleo gerador 181 0,02 - - - - - - Despesas gerais 32134 3,80 21696 3,89 23879 4,26 24705 4,30 2- Mão-de-obra M. Obra eventual 1124 0,13 1124 0,20 1058 0,19 1124 0,20 M. Obra fixa não especializada 68890 8,14 45927 8,23 48021 8,57 45927 7,99 M. Obra permanente 33270 3,93 33270 5,96 34798 6,21 33270 5,78 3 - CPR 18843 2,23 19136 3,43 19134 3,41 18928 3,29 4 - Energia elétrica 232491 27,46 20399 3,66 281 0,05 298 0,05 5 - Telefone 590 0,07 590 0,11 555 0,10 590 0,10 6 - Taxas (registro aquicultor) 180 0,02 180 0,03 180 0,03 180 0,03 7 - Manutenção 119428 14,11 49873 8,94 4877 0,87 3961 0,69 Total 846546 100 558073 100 560442 100 575149 100 O consumo de energia elétrica foi detalhado nas tabelas 4 a 7. Na fazenda BTI, o consumo de energia é bem maior que nos outros sistemas, seguido pela fazenda BTCP. A maior participação desses custos é em relação ao funcionamento dos compressores radiais nesses dois berçários. A segunda maior participação é a das bombas para os 39 sistemas de aquecimento usados na fazenda BTI e para os aspersores usados na fazenda BTCP. Nos outros dois sistemas, o gasto com energia elétrica é bem baixo. Tab. 4. Consumo de energia elétrica para a produção de juvenis de M. amazonicum no sistema BTI. Valores em reais (R$). Equipamento Quantidade KWh/ciclo R$/KWh/ciclo % Compressor radial 7.5 cv 15 124836 24967 60,35 Bombas 3/4 cv 176 60998 14030 33,91 Balança 1 2 0,4 0,001 Lâmpada 40 W 1022 10138 2332 5,64 Microscópio 1 1 0,1 0,00 Ventilador 1 45 10 0,02 Motobomba P 840 1 62 14 0,03 Computador 1 64 15 0,04 Total 196146 41368 100 * Valor do KWh em junho de 2012 para área rural = R$ 0,23. Tab. 5. Consumo de energia elétrica para a produção de juvenis de M. amazonicum no sistema BTCP. Valores em reais (R$). Equipamento Quantidade KWh/ciclo R$/KWh/ciclo % Compressor radial 1 cv 20 11096 1886 51,97 Aspersores 1 cv 20 7397 1701 46,87 Balança 1 2 0,4 0,01 Lâmpada 40 W 4 40 9 0,25 Microscópio 1 1 0,1 0,00 Ventilador 1 45 10 0,28 Motobomba 1 31 7 0,20 Computador 1 64 15 0,41 Total 18676 3630 100 * Valor do KWh em junho de 2012 para área rural = R$ 0,23. Tab. 6. Consumo de energia elétrica para a produção de juvenis de M. amazonicum no sistema BVFN. Valores em reais (R$). Equipamento Quantidade KWh/ciclo R$/KWh/ciclo % Balança 1 2 0,4 0,81 Lâmpada 40 W 12 119 27 51,61 Microscópio 1 1 0,1 0,27 Ventilador 1 45 10 19,35 Computador 1 64 15 27,96 Total 231 53 100 * Valor do KWh em junho de 2011 para área rural = R$ 0,23. 40 Tab. 7. Consumo de energia elétrica para a produção de juvenis de M. amazonicum no sistema BTR. Valores em reais (R$). Equipamento Quantidade KWh/ciclo R$/KWh/ciclo % Balança 1 2 0,4 0,81 Lâmpada 40W 12 119 27 51,61 Microscópio 1 1 0,1 0,27 Ventilador 1 45 10 19,35 Computador 1 64 15 27,96 Total 231 53 100 * Valor do KWh em junho de 2012 para área rural = R$ 0,23. Na análise dos custos de produção (tabelas 8 e 9), o Custo Total de produção variou de R$ 608.112,53 a R$ 1.367.410,19. Em todos os sistemas, o custo variável foi superior ao fixo. O menor Custo Variável foi obtido na fazenda BTCP (R$ 492.886,95). Já o maior custo foi obtido na fazenda BTI (R$ 721.179,70), sendo que em todas as fazendas a maior porcentagem de participação nesse custo foi a compra de pós-larvas, com o custo da energia elétrica bem próximo no caso da fazenda BTI. 41 Tab. 8. Custos fixos, variáveis e Retornos anuais da produção de juvenis de M. amazonicum nos diferentes sistemas. Valores em reais (R$). PN = Ponto de Nivelamento. Itens Sistema de produção BTI BTCP BVFN BTR A. Custos Total Custo Variável 721179,70 492886,95 538801,35 556430,15 Total Custo Fixo 646230,49 282696,30 69311,18 70321,70 Custo Total de Produção 1367410,19 775583,26 608112,53 626751,86 Custo Variável Médio (R$/milheiro) 72,34 48,68 53,22 55,56 Custo Fixo Médio (R$/milheiro) 64,82 27,92 6,85 7,02 Custo Total Médio (R$/milheiro) 137,15 76,60 60,07 62,58 Produção (milheiros/ano) 9969,86 10125,00 10124,00 10015,00 PN (milheiros/ano) - - 3730,90 4312,80 B. Retornos Receita Bruta (RB) 697890,03 708749,44 708661,63 701031,38 Receita Líquida (RB – COT) -432506,24 44386,09 136462,68 108106,01 Lucro (RB – CT) -669520,16 -66833,82 100549,10 74279,52 * Preço de venda (R$ 70/milheiro). Tab. 9. Custos operacionais e Retornos anuais da produção de juvenis de M. amazonicum nos diferentes sistemas. Valores em reais (R$). Itens Sistema de produção BTI BTCP BVFN BTR A. Custos Custo Operacional Efetivo (COE) 846545,63 558072,68 560441,57 575149,65 Depreciação anual 283850,64 106290,67 11757,38 17775,72 Custo Operacional Total (COT) 1130396,27 664363,35 572198,95 592925,37 COE médio (R$/milheiro) 84,91 55,12 55,36 57,43 COT médio (R$/milheiro) 113,38 65,62 56,52 59,20 B. Retornos Receita Bruta (RB) 697890,03 708749,44 708661,63 701031,38 Receita Líquida (RB – COT) -432506,24 44386,09 136462,68 108106,01 Lucro -669520,16 -66833,82 100549,10 74279,52 * Preço de venda (R$ 70/milheiro). O Custo Total médio (Tabela 8), também conhecido como preço de nivelamento ou “break-even price” representa o preço mínimo necessário, por milheiro, para cobrir 42 todos os custos de produção (Shang, 1990). No presente estudo, esse valor variou de R$ 60,07 para a fazenda BVFN a R$ 137,15 para a fazenda BTI (Tabela 8). O Custo Operacional Total reflete o que é desembolsado pelo produtor ao longo do processo de produção das pós-larvas. Isso inclui todas as despesas com os insumos e o montante que deve ser poupado para a reposição dos itens de investimento quando os mesmos não podem mais ser usados devido ao desgaste ou obsolescência (depreciação anual). O Custo Operacional Efetivo não inclui o montante dos custos de oportunidade e da depreciação anual e, se dividido pela produção anual, representa o Custo Operacional Efetivo médio (COEm) que pode ser utilizado em análises de curto prazo, pois representa o valor realmente desembolsado pelo produtor naquele ano. Segundo Scorvo- Filho et al. (2004), este valor cobre as despesas operacionais, ou seja, o mínimo que o produtor pode vender seu produto para cobrir os desembolsos. O Lucro foi positivo apenas nas fazendas BVFN e BTR (Tabela 8). Já a receita líquida foi negativa apenas na fazenda BTI. O Fluxo de Caixa Acumulado (Tabela 10) na fazenda BTI foi negativo durante os 10 anos de horizonte de projeto. Na fazenda BTCP, se tornou positivo apenas no ano 10. Já nas fazendas BVFN e BTR, a partir do ano 6 o fluxo de caixa acumulado foi positivo. O Fluxo Líquido se tornou positivo na fazenda BTI a partir do ano 10 e, nas outras, a partir do ano 2. 4 3 T a b . 1 0 . F lu x o d e ca ix a d a p ro d u çã o d a p ro d u çã o d e ju v en is d e M . a m a zo n ic u m n o s d if er en te s si st e m as . V al o re s e m r ea is ( R $ ). F L = F lu x o L íq u id o . ¹ In v es ti m e n to I n ic ia l (R $ 6 .1 5 5 .2 0 6 ) + c ap it al d e g ir o p ar a 2 c ic lo s (R $ 3 0 1 .2 6 2 ); ² In v es ti m e n to I n ic ia l (R $ 2 .5 7 3 .0 9 4 ) + c ap it al d e g ir o p ar a 2 c ic lo s (R $ 1 9 8 .6 0 2 ); ³ In v es ti m e n to I n ic ia l (R $ 2 5 3 .6 0 7 ) + c ap it al d e g ir o p ar a 2 c ic lo s (R $ 2 1 1 .8 8 7 ); 4 In v es ti m e n to I n ic ia l (R $ 2 0 5 .6 6 5 ) + c ap it al d e g ir o p ar a 2 c ic lo s (R $ 2 0 4 .6 8 0 ). A n o S is te m a d e p ro d u çã o B T I B T C P B V F N B T R E n tr a d a s S a íd a s F L E n tr a d a s S a íd a s F L E n tr a d a s S a íd a s F L E n tr a d a s S a íd a s F L 0 0 -6 4 5 6 4 6 7 -6 4 5 6 4 6 7 1 0 -2 7 7 1 6 9 6 -2 7 7 1 6 9 6 2 0 -4 6 5 4 9 4 -4 6 5 4 9 4 3 0 -4 1 0 3 4 5 -4 1 0 3 4 5 4 1 4 8 8 5 2 3 -8 4 6 5 4 6 -3 5 8 0 2 3 4 9 6 1 2 5 -5 5 8 0 7 3 -6 1 9 4 8 4 9 6 0 6 3 -5 6 0 4 4 2 -6 4 3 7 8 4 9 0 7 2 2 -5 7 5 1 5 0 -8 4 4 2 8 2 6 2 8 1 0 1 -8 6 1 6 9 7 -2 3 3 5 9 6 6 3 7 8 7 4 -5 5 8 8 4 8 7 9 0 2 6 6 3 7 7 9 5 -5 6 1 2 1 7 7 6 5 7 8 6 3 0 9 2 8 -5 8 0 5 6 9 5 0 3 5 9 3 6 9 7 8 9 0 -8 4 6 5 9 6 -1 4 8 7 0 6 7 0 8 7 4 9 -5 5 8 0 8 9 1 5 0 6 6 0 7 0 8 6 6 2 -5 6 0 4 5 3 1 4 8 2 0 9 7 0 1 0 3 1 -5 7 5 1 5 0 1 2 5 8 8 2 4 6 9 7 8 9 0 -8 6 1 6 9 7 -1 6 3 8 0 7 7 0 8 7 4 9 -5 5 8 8 4 8 1 4 9 9 0 1 7 0 8 6 6 2 -5 6 1 2 1 7 1 4 7 4 4 4 7 0 1 0 3 1 -5 8 0 5 6 9 1 2 0 4 6 2 5 6 9 7 8 9 0 -9 4 3 5 3 7 -2 4 5 6 4 7 7 0 8 7 4 9 -5 6 0 9 0 5 1 4 7 8 4 5 7 0 8 6 6 2 -5 6 0 9 4 8 1 4 7 7 1 3 7 0 1 0 3 1 -5 7 5 8 4 8 1 2 5 1 8 3 6 6 9 7 8 9 0 -8 6 1 7 4 8 -1 6 3 8 5 8 7 0 8 7 4 9 -5 5 8 8 6 5 1 4 9 8 8 4 7 0 8 6 6 2 -5 6 1 2 2 9 1 4 7 4 3 3 7 0 1 0 3 1 -5 8 0 5 6 9 1 2 0 4 6 2 7 6 9 7 8 9 0 -8 4 6 5 4 6 -1 4 8 6 5 6 7 0 8 7 4 9 -5 5 8 0 7 3 1 5 0 6 7 7 7 0 8 6 6 2 -5 6 0 4 4 2 1 4 8 2 2 0 7 0 1 0 3 1 -5 7 5 1 5 0 1 2 5 8 8 2 8 6 9 7 8 9 0 -8 6 1 6 9 7 -1 6 3 8 0 7 7 0 8 7 4 9 -5 5 8 8 4 8 1 4 9 9 0 1 7 0 8 6 6 2 -5 6 1 2 1 7 1 4 7 4 4 4 7 0 1 0 3 1 -5 8 0 5 6 9 1 2 0 4 6 2 9 6 9 7 8 9 0 -8 4 6 5 9 6 -1 4 8 7 0 6 7 0 8 7 4 9 -5 5 8 0 8 9 1 5 0 6 6 0 7 0 8 6 6 2 -5 6 0 4 5 3 1 4 8 2 0 9 7 0 1 0 3 1 -5 7 5 1 5 0 1 2 5 8 8 2 1 0 4 2 8 9 7 7 5 -9 5 8 6 8 8 3 3 3 1 0 8 6 3 1 4 9 4 4 4 -5 6 1 6 8 0 2 5 8 7 7 6 4 1 0 2 1 9 5 3 -5 6 1 7 2 4 4 6 0 2 2 9 9 3 4 5 1 0 -5 8 1 2 6 8 3 5 3 2 4 2 44 Foram gerados indicadores de rentabilidade para compreender o comportamento econômico das fazendas-berçário (Tabela 11). A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) e a taxa de desconto considerada foram de 6,5%. As fazendas que apresentaram valores de TIR acima dessa taxa e Período de Retorno do Capital (PRC) inferior a 6 anos foram consideradas economicamente viáveis. Apenas as fazendas BVFN e BTR apresentaram TIR e PRC nessas condições (Tabela 11). Tab. 11. Indicadores econômicos da produção de juvenis de M. amazonicum nos diferentes sistemas: Taxa Interna de Retorno (TIR), Valor Presente Líquido (VPL), Período de Retorno do Capital (PRC) e Relação Benefício Custo (RBC). Indicadores calculados com base em um fluxo de caixa de 10 anos. Valores em reais (R$). Indicadores Sistema de produção BTI BTCP BVFN BTR TIR (%) * 3 19 16 PRC (anos) ** 9,70 5,10 5,60 RBC (R$) 0,11 0,77 1,95 1,69 VPL (R$) -6045069,78 -656731,45 501466,35 339947,33 *Valor negativo. **Não houve retorno nos 10 anos de horizonte. As tabelas 12 a 15 mostram os diferentes cenários criados para avaliar como cada sistema se comporta dadas variações de certos itens. 4 5 T a b . 1 2 . In d ic ad o re s ec o n ô m ic o s d a p ro d u çã o d e ju v en is d e M . a m a zo n ic u m n o s is te m a B T I em d if er en te s ce n ár io s: T ax a In te rn a d e R et o rn o ( T IR ), V al o r P re se n te L íq u id o (V P L ), P er ío d o d e R et o rn o d o C ap it al ( P R C ) e R el aç ão B en ef íc io C u st o ( R B C ). R ç = r aç ã o . S o b = S o b re v iv ên ci a. M il = M il h ei ro d e ju v en is . In d ic ad o re s ca lc u la d o s co m b as e e m u m f lu x o d e ca ix a d e 1 0 a n o s. V al o re s e m r ea is ( R $ ). O s ce n ta v o s fo ra m r et ir ad o s. In d ic a d o re s C en á ri o s R ç. R $ 1 ,0 8 /k g S o b . - 1 0 % S o b . + 1 0 % S o b . - 2 0 % M il . R $ 9 0 M il . R $ 1 1 0 M il . R $ 1 3 0 T IR ( % ) * * * * * * 1 % P R C ( an o s) * * * * * * * * * * * * 9 ,8 3 R B C ( R $ ) 0 ,1 3 0 ,0 4 0 ,1 8 -0 ,0 3 0 ,2 9 0 ,4 8 0 ,6 8 V P L ( R $ ) -5 9 0 1 9 1 3 -6 5 8 1 0 6 8 -5 5 0 9 0 7 2 -7 1 1 7 0 6 5 -4 7 2 4 9 8 4 -3 4 0 4 8 9 8 -2 0 8 4 8 1 2 R ec ei ta L íq u id a (R $ ) -4 1 3 0 4 3 -5 1 1 2 8 2 -3 5 3 7 3 0 -5 9 0 0 5 8 -2 3 8 4 9 3 -4 4 4 7 9 1 4 9 5 3 4 P o n to d e E q u il íb ri o ( M il h ei ro s) 2 7 2 0 0 3 * 8 6 6 3 1 * 3 2 5 0 1 1 6 4 2 5 1 0 9 9 0 R ec ei ta B ru ta ( R $ ) 6 9 7 8 9 0 6 1 6 9 2 8 7 7 8 8 5 2 5 3 5 9 6 7 8 9 7 2 8 7 1 0 9 6 6 8 4 1 2 9 6 0 8 1 C u st o O p er ac io n al E fe ti v o p o r M il h ei ro ( R $ ) 8 2 ,9 6 9 5 ,8 1 7 6 ,2 8 1 0 9 ,9 9 8 5 ,4 5 8 5 ,9 9 8 6 ,5 3 C u st o O p er ac io n al T o ta l p o r M il h ei ro ( R $ ) 1 1 1 ,4 3 1 2 8 ,0 1 1 0 1 ,7 9 1 4 7 ,0 6 1 1 3 ,9 2 1 1 4 ,4 6 1 1 5 ,0 0 C u st o T o ta l p o r M il h ei ro ( R $ ) 1 3 5 ,1 4 1 5 4 ,9 0 1 2 3 ,1 0 1 7 8 ,0 0 1 3 7 ,7 1 1 3 8 ,2 7 1 3 8 ,8 3 L u cr o ( R $ /a n o ) -6 4 9 4 2 4 -7 4 8 2 2 5 -5 9 0 8 1 5 -8 2 6 9 3 0 -4 7 5 6 8 2 -2 8 1 8 4 3 -8 8 0 0 5 * V al o re s n e g at iv o s * * R et o rn o f o ra d o s 1 0 a n o s d e h o ri zo n te . 4 6 T a b . 1 3 . In d ic ad o re s ec o n ô m ic o s d a p ro d u çã o d e ju v en is d e M . a m a zo n ic u m n o s is te m a B T C P e m d if er e n te s ce n ár io s: T ax a In te rn a d e R et o rn o ( T IR ), V al o r P re se n te L íq u id o (V P L ), P er ío d o d e R et o rn o d o C ap it al ( P R C ) e R el aç ão B en ef íc io C u st o ( R B C ). R ç = r aç ão . S o b = S o b re v iv ên ci a. M il = M il h ei ro d e ju v e n is . In d ic ad o re s ca lc u la d o s co m b as e e m u m f lu x o d e ca ix a d e 1 0 a n o s. V al o re s e m r ea is ( R $ ). O s ce n ta v o s fo ra m r et ir ad o s. In d ic a d o re s C en á ri o s R ç. R $ 1 ,0 8 /k g S o b . - 1 0 % S o b . - 2 0 % M il . R $ 9 0 M il . R $ 1 1 0 M il . R $ 1 3 0 T IR ( % ) 5 % 1 % * 1 0 % 1 6 % 2 2 % P R C ( an o s) 9 ,4 7 9 ,9 4 1 0 ,2 4 9 ,0 1 5 ,9 2 4 ,4 6 R B C ( R $ ) 0 ,8 9 0 ,5 9 0 ,4 2 1 ,2 5 1 ,7 9 2 ,3 7 V P L ( R $ ) -2 9 4 0 1 2 -1 1 7 7 6 2 3 -1 6 9 8 5 1 5 6 8 3 8 9 6 2 0 2 4 5 2 3 3 3 6 5 1 5 0 R ec ei ta L íq u id a (R $ ) 9 3 7 0 1 -3 2 1 7 0 -1 0 8 7 2 5 2 4 1 4 1 8 4 3 8 4 5 1 6 3 5 4 8 3 P o n to d e E q u il íb ri o ( M il h ei ro s) 1 0 1 0 3 1 6 1 6 2 2 7 5 2 9 6 6 4 1 4 5 5 7 3 4 6 9 R ec ei ta B ru ta ( R $ ) 7 0 8 7 4 9 6 3 0 0 6 9 5 5 1 3 8 9 9 1 1 2 4 9 1 1 1 3 7 4 9 1 3 1 6 2 4 9 C u st o O p er ac io n al E fe ti v o p o r M il h ei ro ( R $ ) 5 0 ,2 5 6 1 ,7 7 7 0 ,3 1 5 5 ,6 6 5 6 ,2 0 5 6 ,7 4 C u st o O p er ac io n al T o ta l p o r M il h ei ro ( R $ ) 6 0 ,7 5 7 3 ,5 7 8 3 ,8 0 6 6 ,1 6 6 6 ,7 0 6 7 ,2 4 C u st o T o ta l p o r M il h ei ro ( R $ ) 7 1 ,5 7 8 5 ,9 2 9 7 ,9 0 7 7 ,1 6 7 7 ,7 2 7 8 ,2 7 L u cr o ( R $ /a n o ) -1 5 9 1 6 -1 4 3 3 2 0 -2 1 9 8 0 7 1 3 0 0 2 1 3 2 6 8 7 5 5 2 3 7 3 0 * V al o re s n e g at iv o s 4 7 T a b . 1 4 . In d ic ad o re s ec o n ô m ic o s d a p ro d u çã o d e ju v en is d e M . a m a zo n ic u m n o s is te m a B V F N e m d if er e n te s ce n ár io s: T ax a In te rn a d e R et o rn o ( T IR ), V al o r P re se n te L íq u id o ( V P L ), P er ío d o d e R et o rn o d o C ap it al ( P R C ) e R el a çã o B en ef íc io C u st o ( R B C ). R ç = r aç ão . S o b = S o b re v iv ê n ci a. M il = M il h ei ro d e ju v en is . In d ic ad o re s ca lc u la d o s co m b as e e m u m f lu x o d e ca ix a d e 1 0 a n o s. V al o re s e m r ea is ( R $ ). O s ce n ta v o s fo ra m r et ir ad o s. In d ic a d o re s C en á ri o s R ç. R $ 1 ,0 8 /k g S o b . - 1 0 % S o b . + 1 0 % S o b . - 2 0 % S o b . + 2 0 % M il . R $ 9 0 M il . R $ 1 1 0 M il . R $ 1 3 0 T IR ( % ) 3 0 % 4 % 3 3 % * 4 7 % 4 9 % 7 8 % 1 0 6 % P R C ( an o s) 3 ,5 5 9 ,5 2 3 ,3 1 * * 2 ,5 1 2 ,4 1 1 ,6 1 1 ,3 6 R B C ( R $ ) 3 ,0 5 0 ,8 1 3 ,3 8 -0 ,1 3 5 ,2 0 5 ,6 0 1 2 ,6 1 3 1 ,5 0 V P L ( R $ ) 9 2 2 2 3 6 -1 1 1 3 9 0 1 1 1 4 3 2 3 -7 2 4 2 4 6 1 7 2 7 1 7 9 1 8 4 1 8 7 1 3 1 8 2 2 7 5 4 5 2 2 6 7 9 R ec ei ta L íq u id a (R $ ) 1 9 3 5 9 0 4 6 3 8 7 2 2 6 5 3 8 -4 3 6 8 8 3 1 6 6 1 4 3 3 3 4 7 1 5 3 0 4 7 9 7 2 7 4 8 6 P o n to d e E q u il íb ri o ( M il h ei ro s) 2 8 6 2 6 2 2 5 2 8 5 2 6 5 4 1 9 2 4 0 3 1 8 2 2 1 2 0 5 9 0 1 R ec ei ta B ru ta ( R $ ) 7 0 8 6 6 2 6 1 6 0 8 7 8 0 1 2 3 7 5 2 3 5 1 2 8 9 3 8 1 2 9 1 1 1 3 6 1 1 1 3 6 1 1 1 3 1 6 0 8 6 C u st o O p er ac io n al E fe ti v o p o r M il h ei ro ( R $ ) 4 9 ,7 2 6 3 ,3 9 4 9 ,1 8 7 4 ,2 7 4 4 ,2 8 5 5 ,9 0 5 6 ,4 4 5 6 ,9 8 C u st o O p er ac io n al T o ta l p o r M il h ei ro ( R $ ) 5 0 ,8 8 6 4 ,7 3 5 0 ,2 1 7 5 ,8 4 4 5 ,2 0 5 7 ,0 6 5 7 ,6 0 5 8 ,1 4 C u st o T o ta l p o r M il h ei ro ( R $ ) 5 4 ,2 4 6 8 ,8 0 5 3 ,3 5 8 0 ,6 2 4 8 ,0 3 6 0 ,6 3 6 1 ,1 8 6 1 ,7 4 L u cr o ( R $ /a n o ) 1 5 9 5 3 3 1 0 5 5 5 1 9 0 5 4 3 -7 9 4 3 9 2 8 0 5 3 8 2 9 7 3 7 9 4 9 4 2 1 0 6 9 1 0 4 0 * V al o re s n e g at iv o s * * R et o rn o f o ra d o s 1 0 a n o s d e h o ri zo n te . 4 8 T a b . 1 5 . In d ic ad o re s ec o n ô m ic o s d a p ro d u çã o d e ju v en is d e M . a m a zo n ic u m n o s is te m a B T R e m d if er en te s ce n ár io s: T ax a In te rn a d e R et o rn o ( T IR ), V al o r P re se n te L íq u id o (V P L ), P er ío d o d e R et o rn o d o C ap it al ( P R C ) e R el aç ão B en ef íc io C u st o ( R B C ). R ç = r aç ão . S o b = S o b re v iv ên ci a. M il = M il h ei ro d e ju v e n is . In d ic ad o re s ca lc u la d o s co m b as e e m u m f lu x o d e ca ix a d e 1 0 a n o s. V al o re s e m r ea is ( R $ ). O s ce n ta v o s fo ra m r et ir ad o s. In d ic a d o re s C en á ri o s R ç. R $ 1 ,0 8 /k g S o b . - 1 0 % S o b . + 1 0 % S o b . - 2 0 % S o b . + 2 0 % M il . R $ 9 0 M il . R $ 1 1 0 M il . R $ 1 3 0 T IR ( % ) 2 6 % * 3 4 % * 5 1 % 5 0 % 8 1 % 1 1 3 % P R C ( an o s) 4 ,0 7 * * 3 ,2 8 * * 2 ,4 0 2 ,4 3 1 ,5 7 1 ,1 7 R B C ( R $ ) 2 ,5 1 0 ,3 9 3 ,3 9 -0 ,6 5 5 ,6 9 5 ,5 6 1 3 ,4 5 3 8 ,3 3 V P L ( R $ ) 6 5 5 3 0 9 -3 3 8 9 7 3 1 0 1 8 8 6 7 -1 0 1 7 8 9 3 1 6 9 7 7 8 8 1 6 6 5 9 7 5 2 9 9 2 0 0 3 4 3 1 8 0 3 2 R ec ei ta L íq u id a (R $ ) 1 5 0 9 8 2 8 3 2 5 2 0 7 8 8 7 -9 1 4 5 6 3 0 7 6 6 8 3 0 2 9 9 3 4 9 7 8 7 9 6 9 2 7 6 6 P o n to d e E q u il íb ri o (M il h ei ro s) 3 4 1 6 9 4 6 6 3 0 6 9 * 2 5 0 9 1 9 6 6 1 2 7 3 9 4 2 R ec ei ta B ru ta ( R $ ) 7 0 1 0 3 1 5 9 8 4 8 1 8 0 3 5 8 1 4 9 5 9 3 2 9 0 6 1 3 1 9 0 1 3 2 6 1 1 0 1 6 2 1 1 3 0 1 9 1 5 C u st o O p er ac io n al E fe ti v o p o r M il h ei ro ( R $ ) 5 3 ,1 5 6 6 ,9 5 5 0 ,3 4 8 0 ,4 0 4 4 ,8 6 5 7 ,9 7 5 8 ,5 1 5 9 ,0 5 C u st o O p er ac io n al T o ta l p o r M il h ei ro ( R $ ) 5 4 ,9 2 6 9 ,0 3 5 1 ,8 9 8 2 ,9 1 4 6 ,2 3 5 9 ,7 5 6 0 ,2 9 6 0 ,8 3 C u st o T o ta l p o r M il h ei ro ( R $ ) 5 8 ,1 6 7 2 ,9 7 5 4 ,8 5 8 7 ,6 6 4 8 ,8 6 6 3 ,1 4 6 3 ,7 0 6 4 ,2 6 L u cr o ( R $ /a n o ) 1 1 8 5 4 9 -2 5 4 1 2 1 7 3 9 7 1 -1 2 5 1 0 3 2 7 3 6 6 2 2 6 8 9 9 0 4 6 3 7 0 1 6 5 8 4 1 2 * V al o re s n e g at iv o s * * R et o rn o f o ra d o s 1 0 a n o s d e h o ri zo n te . 49 As tabelas 16 a 21 mostram os diferentes cenários criados para avaliar a sensibilidade dos cultivos através de cruzamentos envolvendo variações na produção, mercado e ração. Tab. 16. Receita líquida, de acordo com a variação nos custos do preço de venda do milheiro de juvenis com o preço da ração (kg). Valores em reais. Valores em negrito representam os valores dos cenários base. Ração (R$/kg) Base Ração Tilápia 2,86 1,08 BTI Base (70) -432506,24 -413042,74 90 -238492,81 -219029,31 110 -44479,39 -25015,88 130 149534,04 168997,54 BTCP Base (70) 44386,09 93701,34 90 241418,43 290733,68 110 438450,78 487766,02 130 635483,12 684798,37 BVFN Base (70) 136462,68 193589,82 90 333470,61 390597,75 110 530478,54 587605,68 130 727486,47 784613,62 BTR Base (70) 108106,01 150982,44 90 302992,73 345869,16 110 497879,46 540755,89 130 692766,18 735642,61 50 Tab. 17. Custo total de produção por milheiro, de acordo com a variação nos custos do preço de venda do milheiro de juvenis com o preço da ração (kg). Valores em reais. Valores em negrito representam os valores dos cenários base. Ração (R$/kg) Base Ração Tilápia 2,86 1,08 BTI Base (70) 137,15 135,14 90 137,71 135,70 110 138,27 136,25 130 138,83 136,81 BTCP Base (70) 76,60 71,57 90 77,16 72,13 110 77,72 72,69 130 78,27 73,24 BVFN Base (70) 60,07 54,24 90 60,63 54,80 110 61,18 55,36 130 61,74 55,91 BTR Base 62,58 58,16 90 63,14 58,72 110 63,70 59,28 130 64,26 59,84 51 Tab. 18. Receita líquida, de acordo com a variação na sobrevivência com o preço da ração (kg). Valores em reais. Valores em negrito representam os valores dos cenários base. Ração (R$/kg) Base Ração Tilápia 2,86 1,08 BTI -20 -590057,75 -570594,24 -10 -511282,00 -491818,49 Base (86) -432506,24 -413042,74 10 -353730,49 -334266,98 20 - - BTCP -20 -108725,19 -59409,94 -10 -32169,55 17145,70 Base (90) 44386,09 93701,34 10 - - 20 - - BVFN -20 -43688,27 13438,87 -10 46387,20 103514,35 Base (76) 136462,68 193589,82 10 226538,15 283665,30 20 316613,63 373740,77 BTR -20 -91456,17 -48579,74 -10 8324,92 51201,35 Base (68) 108106,01 150982,44 10 207887,10 250763,53 20 307668,19 350544,62 52 Tab. 19. Custo total de produção por milheiro, de acordo com a variação na sobrevivência com o preço da ração (kg). Valores em reais. Valores em negrito representam os valores dos cenários base. Ração (R$/kg) Base Ração Tilápia 2,86 1,08 BTI -20 178,00 175,38 -10 154,90 152,62 Base (86) 137,15 135,14 10 123,10 121,29 20 - - BTCP -20 97,90 91,44 -10 85,92 80,27 Base (90) 76,60 71,57 10 - - 20 - - BVFN -20 80,62 72,74 -10 68,80 62,10 Base (76) 60,07 54,24 10 53,35 48,20 20 48,03 43,41 BTR -20 87,66 81,41 -10 72,97 67,79 Base (68) 62,58 58,16 10 54,85 50,99 20 48,86 45,44 53 Tab. 20. Receita líquida, de acordo com a variação na sobrevivência (%) com o preço de venda do milheiro de juvenis (R$) Valores em reais. Valores em negrito representam os valores dos cenários base. Preço de venda do milheiro (R$) Base (70) 90 110 130 BTI -20 -590057,75 -441059,04 -292060,33 -143061,62 -10 -511282,00 -339775,93 -168269,86 3236,21 Base (86) -432506,24 -238492,81 -44479,39 149534,04 10 -353730,49 -137209,70 79311,08 295831,87 20 - - - - BTCP -20 -108725,19 44561,07 197847,34 351133,60 -10 -32169,55 142989,75 318149,06 493308,36 Base (90) 44386,09 241418,43 438450,78 635483,12 10 - - - - 20 - - - - BVFN -20 -43688,27 101847,96 247384,19 392920,42 -10 46387,20 217659,28 388931,37 560203,45 Base (76) 136462,68 333470,61 530478,54 727486,47 10 226538,15 449281,93 672025,72 894769,50 20 316613,63 565093,26 813572,89 1062052,52 BTR -20 -91456,17 46412,79 184281,74 322150,70 -10 8324,92 174702,76 341080,60 507458,44 Base (68) 108106,01 302992,73 497879,46 692766,18 10 207887,10 431282,71 654678,31 878073,92 20 307668,19 559572,68 811477,17 1063381,66 54 Tab. 21. Custo total de produção por milheiro, de acordo com a variação na sobrevivência (%) com o preço de venda do milheiro de juvenis (R$) Valores em reais. Valores em negrito representam os valores dos cenários base. Preço de venda do milheiro (R$) Base (70) 90 110 130 BTI -20 178,00 178,56 179,12 179,67 -10 154,90 155,46 156,01 156,57 Base (86) 137,15 137,71 138,27 138,83 10 123,10 123,66 124,22 124,77 20 - - - - BTCP -20 97,90 98,46 99,02 99,58 -10 85,92 86,48 87,04 87,60 Base (90) 76,60 77,16 77,72 78,27 10 - - - - 20 - - - - BVFN -20 80,62 81,18 81,74 82,29 -10 68,80 69,36 69,92 70,47 Base (76) 60,07 60,63 61,18 61,74 10 53,35 53,91 54,47 55,03 20 48,03 48,59 49,14 49,70 BTR -20 87,66 88,22 88,77 89,33 -10 72,97 73,53 74,09 74,64 Base (68) 62,58 63,14 63,70 64,26 10 54,85 55,40 55,96 56,52 20 48,86 49,42 49,97 50,53 As análises de sensibilidade mostram a fazenda BTI como a que mais sofre com receitas líquidas negativas e pouca alteração no seu alto custo de produção dos juvenis, mesmo em cenários melhores. As outras três fazendas apresentam melhor receita líquida e variações mais favoráveis no custo total de produção. De forma geral, o cenário com menos 20 % de sobrevivência é o único que atinge todos os sistemas, fazendo com que nos cenários base todas as quatro fazendas tenham receita líquida negativa. 55 4 – DISCUSSÃO 4.1 – Desempenho Zootécnico. Não há informações científicas sobre a qualidade de água ideal para a produção de M. amazonicum (Moraes-Valenti & Valenti, 2010). No entanto, os valores médios obtidos estão de acordo com os do ambiente em que M. amazonicum é encontrado, descritos em Maciel & Valenti (2009). Assim, podemos supor que foram adequados para o cultivo. O alto valor do N-nitrato na água do sistema BTI é explicado pela ação das bactérias nitrificantes presentes nos biofiltros, que transformam a amônia, mais tóxica aos animais, em nitrito e posteriormente em nitrato. Como não foi detectada a presença de plâncton e algas nesses tanques, ao contrário dos outros três sistemas, não havia consumo desse N-nitrato, ficando este acumulado na água. Ainda assim, essa concentração é presumivelmente não tóxica ao desenvolvimento das pós-larvas de M. amazonicum. O crescimento dos camarões nos tratamentos BTR e BTI pode ter sido limitado pelo tamanho dos tanques experimentais ou pela relação camarões/ volume de água, que foi mais elevada nesses tratamentos. Os sistemas BTI e BTR são geralmente realizados em tanques menores do que os BTCP e BVFN, estes normalmente feitos em viveiros. É sabido que um dos fatores que pode limitar o crescimento do camarão é o espaço. D’Abramo et al. (2000) verificaram esse fato em experimento realizado com M. rosenbergii. Segundo eles, o aumento de volume de água e superfície de fundo podem aumentar o valor limite de biomassa não prejudicial ao desenvolvimento suportado, sugerindo que há um valor crítico a partir do qual há diminuição na taxa de crescimento. O cálculo da densidade nos BTI e BTR envolveu, além da área do fundo, as áreas 56 laterais nos dois tratamentos e a do substrato nos BTI. Isso provoca um adensamento dos camarões considerando que o volume de água não muda. Dessa forma, os encontros agonísticos aumentam. A energia gasta nesses encontros resulta no menor desenvolvimento dos camarões, já que esta é deslocada do crescimento, indo para o aumento da atividade motora (Moraes-Valenti & Valenti, 2007). No entanto, o baixo crescimento pode ser recuperado na fase de crescimento final. Marques & Lombardi (2011) observaram crescimento compensatório na fase de crescimento final de Macrobrachium rosenbergii. Estes autores realizaram a fase de berçário em tanques rede, com duração de 60 dias. Outro fator que pode ter causado o baixo crescimento dos animais nos BTI foi a ausência de alimento natural. O sistema BTI é realizado em galpões fechados, utilizando tanto água de represas ou rios quanto água de abastecimento de cidades; o tamanho dos tanques e a disponibilidade de água dirigirá essa escolha. Esse sistema pode até ser construído em áreas urbanas. A pouca luz que incidiu nesse tratamento devido aos galpões fechados dificultou o aparecimento de algas. Estas, juntamente com insetos aquáticos e detritos, podem ser utilizadas na dieta do M. amazonicum (Romero, 1982). A água utilizada nesse sistema também desfavorece o crescimento de alimento vivo, por ser água tratada pela rede de abastecimento pública. Esta possui poucos nutrientes, inviabilizando o estabelecimento desse alimento natural, ao contrário de uma água provinda de uma represa, que possui bem mais nutrientes livres. Possivelmente, o alimento natural atenda melhor as exigências da dieta do M. amazonicum, se comparado à dieta artificial. Esta não é específica para a espécie e nem foi elaborada para camarões de água doce. Dietas específicas para Macrobrachium são inexistentes no Brasil. Nos outros três sistemas, foi observado alimento vivo para os juvenis de M. amazonicum, que pode ser um fator para melhorar o crescimento. 57 Nos tratamentos BTCP e BVFN, o crescimento dos animais foi melhor. Isso pode ser explicado pelo maior tamanho dos viveiros geralmente empregado nesses sistemas e um menor número de animais por área, já que a forma de povoamento foi feita pela área do espelho d’água, que pega apenas parte da área lateral dos viveiros. Também favoreceram esses tratamentos a presença de alimento natural. A importância disso já foi discutida acima. A estufa que envolveu os BTCP permitiu aumento e certo controle da temperatura. Quando a água estivesse quente ou fria demais, as laterais da estufa eram levantadas ou abaixadas. É um c