SAZONALIDADE, TARIFA MAIS CONVENIENTE E FATOR DE CARGA EM INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE CANA 1 LUIZ GONZAGA DE SOUZA2 RESUMO - O presente trabalho teve por objetivo avaliar as condições de sazonalidade, a racionaliza- ção no uso da energia elétrica e a tarifa mais conveniente para uma indústria de processamento de cana localizada no Vale do Paranapanema, 5?. Para tanto, foram coletados, na indústria, dados de consumo e de demanda registrada de 4 safras: 1990/91, 1991192, 1992/93 e 1993194. A análise dos dados mostra que a usina não conseguiu manter, no período, a condição de consumidor sazonal. Os baixos valores do fator de carga observados indicam o uso não-racional da energia elétrica adquirida. Os resultados obtidos revelam que apenas na situação de carga retirada na ponta igual a 90% a tarifa mais conveniente é a horo-sazonal azul; nas demais situações, a tarifa mais conveniente, isto é, a de menor importe para a usina, é a convencional. Termos para indexação: usina de açúcar, consumidor sazonal, parâmetros elétricos. SEASONALITY, MORE CONVENIENT TARIFF AND LOAD FACTOR ON A SUGAR CANE FACTORY ABSTRACT - This paper represents the results of the work carried out in order to study the condition ofseasonal consumer, the load factor and the more convenient tariff for a sugar mill located in the Vale do Paranapanema, SP, Brazil. Therefore, data of consume and registered demand were collected during the quadriennium 1990 to 1994. The studies showed that the factory did not maintain the condition of seasonal consumer of electric energy during the analysed period. Low values of the load factor observed in the period showed a non rational use of electric energy supplied by the concessionary. The results showed that only in one situation (load retired in top equal to 90%) the most convenient tarifl' is the "horo-sazonal azul". In the other situations the most convenient tariff is the conventional one. Index terms: sugar mili, seasonal consumer, electric parameters. INTRODUÇÃO As indústrias de processamento de cana são con- sideradas como consumidores sazonais de energia elétrica, isto é, são indústrias cuja matéria-prima provem da agricultura e tem seu processo de indus- trialização por tempo determinado, ou seja, são em- presas cujo processo industrial se divide em dois períodos distintos: safra e entressafra. Aceito para publicação em 20 de setembro de 1996. Eng. Agr., Prof. Titular, Dep. de Tecnot. dos Produtos Agrope- cuários, FCA-UNE5P, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botu- catu, SP. Os consumidores sazonais são regidos por porta- rias do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE) que estabelecem as característi- cas desses consumidores. Com vistas à manutenção, ou não, da sazonalidade, do consumo de energia elé- trica, da demanda de potência e da tensão de forne- cimento apresentada pela indústria, é estabelecida a tarifa de energia elétrica para esses consumidores. O Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, pela Portaria n 222, de 22 de dezembro de 1987 (Brasil, 1992), estabelece que a demanda fatu- rada para os consumidores sazonais será o maior dentre os valores a seguir definidos: a maior potên- cia de demanda, verificada por medição, integralisada no intervalo de quinze minutos duran- te o período de faturamento, e dez por cento da Pesq. agropec. bras., Brasilia, v.32, n.l, p109-1 16,jan. 1997 110 L.G. DE SOUZA maior demanda verificada em qualquer dos onze meses anteriores. A Portaria estabelece, ainda, que a sazonalidade é caracterizada pela ocorrência de dois requisitos, quais sejam: utilização de matérias-primas advindas diretamente da agricultura, da pecuária, ou da pes- ca, ou ainda, de atividade ligada à extração de sal; e registro de valor igual ou inferior a 20%, para a re- lação entre a soma dos quatro menores e a soma dos quatro maiores consumas mensais, verificados por medição, nos doze meses anteriores ao da análise, excluídas as parcelas de consumo decorrentes do uso da demanda suplementar de reserva, se houver. Caso o consumidor não tenha cumprido a exi- gência, deverá ser reclassificado imediatamente, a fim deque no primeiro mês após a análise (13 mês de faturamento) seja faturada a maior demanda en- tre: registrada; oitenta e cinco por cento da maior verificada por medição em um dos II meses anteri- ores, inclusive as do período da sazonalidade provi- sória, ou a de contrato, se houver. Segundo Bellini & Neves (1986), o custo real da energia elétrica consumida pelas indústrias (quilo- watt-hora) não é fixo, e depende do grau de racio- nalização com que esta foi utilizada. Este grau de racionalização do consumo é medido pelo fator de carga, que, portanto, é um índice de grande impor- tância para as indústrias consumidoras. O fator de carga é o responsável principal, dentre os índices elétricos, pela diminuição dos custos operacionais ou investimentos necessários para ex- pansão das instalações. O fator de carga é, pois, um índice capaz de indicar se uma indústria está consu- mindo de forma racional a energia elétrica colocada à sua disposição. Segundo a Companhia Paulista de Força e Luz (1989), o fator de carga (FC) típico das usinas e re- finarias de açúcar associado ou não à fabricação de álcool e melaço é de 0,39. Padovani Neto & Macedo (1982), fazendo a ava- liação dos fatores de carga de 42 usinas de açúcar localizadas na área de concessão da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), na safra 1980181, e agrupando os consumos em cinco categorias em fim- ção do fator de carga médio, verificaram que ape- nas 26% da energia comprada é consumida çom fa- tor de carga acima de 75%, e há uma fração muito Pesq. agropec. bras., Brasilia, v.32, n,l, p.109-1 16,jan. 1997 grande (3 1%) com fator de carga abaixo de 50%. Segundo os autores, os motivos de se encontrarem fatores de carga baixos conduzindo a custos eleva- dos de energia elétrica são diversos e consideram a possibilidade de se incluírem controladores de de- manda no sistema elétrico da usina para operação na entressafra. O objetivo do presente trabalho foi estudar as condiçes de sazonalidade, a tarifa mais convenien- te e o fator de carga, em uma indústria de pro- cessamento de cana localizada no Estado de São Paulo, durante quatro safras. MATERIAL E MÉTODOS Para a realização do presente trabalho foram utiliza- dos dados de uma indústria de processamento de cana lo- calizada no Vale do Paranapanema, Estado de São Paulo. A pesquisa foi desenvolvida no Departamento de Tecnologia dos Produtos Agropecuários da Faculdade de Ciências Agronômicas do Campus da UNESP de Botucatu e na concessionária de energia elétrica Companhia Paulista de Força e Luz. Foram utilizados dados mensais de energia elétrica adquirida (consumo) e de demanda registrada fornecidos pela indústria em estudo, correspondentes ao quadriênio 1990193 (safras 1990191, 1991/92, 1992193 e 1993/94). Os métodos utilizados basearam-se em cálculos a par- tir dos dados de energia elétrica adquirida (consumo) e demanda registrada. Os dados mensais de demanda registrada juntamente com os dados de energia elétrica adquirida foram utiliza- dos para cálculo dos valores do fator de carga (FC). Os dados de energia elétrica adquirida (consumo) e demanda registrada foram ainda submetidas a um progra- ma de simulação pela equipe técnica da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), onde se procurou estabe- lecer o menor importe tarifário, para a indústria, em dife- rentes situações de carga retirada na ponta. As informa- ções produzidas por esse programa são sigilosas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Sazonalidade e tarifa Conforme preceitua a Portaria n 2 222, de 22 de dezembro de 1987 do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (Brasil, 1992), um dos re- quisitos que caracterizam a sazonalidade é o regis- SAZONALIDADE, TARIFA MAIS CONVENIENTE tro de valor igual ou inferior a 20% para a relação entre a soma dos quatro menores e a soma dos qua- tro maiores consumos mensais, verificados por me- dição nos 12 meses anteriores ao da análise, exclui- das as parcelas de consumo decorrentes do uso da demanda suplementar de reserva, se houver. • Porém, se essa exigência não for cumprida, isto é, se o consumidor, por descuido qualquer, perder o beneficio da sazonalidade, a demanda faturada será igual a 85% da maior demanda registrada. • Os dados de demanda registrada, observados no quadriênio e relacionados na Tabela 1, revelam que os menores valores ocorreram na entressafra com um comportamento atípico sem explicação aparen- te: verifica-se um aumento significativo desses va- lores nas entressafras (nos quatro primeiros meses) do primeiro para o segundo biênio, passando os va- lores médios das entressafras 1990191 e 1991192 de 779 kW e 964kW para 2.080 kW, e 3.038kW nas entressafras 1992193 e 1993194, respectivamente, com uma variação percentual de 193,46%. A Fig. 1 revela o comportamento da demanda registrada no quadriênio 1990193. Verifica-se que as elevações e quedas significativas de demanda não são acompanhadas por elevações e quedas corres- pondentes da energia adquirida da concessionária. Assim, para a elevação de demanda oàorrida em maio de 1990 (de 989 kW para 2.920 kW), correspondeu uma queda de energia adquirida (de 133.927 kWh para 107.030 kWh) ocasionada pelo início da moagem e da geração própria, que produ- ziu 2.761.600 kWh. Este comportamento aparente- mente paradoxal está, pois, relacionado a problemas operacionais da indústria. Os valores de consumo relacionados na Tabela 2 e utilizados no cálculo para análise da sazonalidade revelam o seu não-reconhecimento em virtude do 4000 3300 3000 1 2$00 2000 '300 1000 $0, fl II FIG. 1. Comportamento da demanda registrada du- rante o quadriênio analisado (1990-93), na agroindústria de processamento de cana. TABELA 1. Valores de demanda registrada, expres- TABELA 2. Valores da energia elétrica adquirida pela aos em quilowatt, observados na agroin- concessionária (consumo), expressos em dústria de processamento de cana duran- quilowatt-bora, observados na agroin. te os anos de 1990, 1991, 1992 e 1993. > dústria de processamento de cana duran- te os anos de 1990, 1991, 1992 e 1993. Mês Demanda registrada (kW) Mês Consumo (kWh) 1990 1991 1992 1993 1990 '. 1991 1992 1993 Janeiro 780 844 2.124 2.838 Janeiro 107.495 120.525 165.906 408.790 Fevereiro 651 964 1.424 2.923 Fevereiro 105.579 104.548 174.639 239.618 Março 695 978 2.060 2.888 Março 112.274 100.092 180,579 325.182 Abril 989 1.072 2.714 3.504 Abril 133.927 129.774 168.464 460.489 Maio 2.920 2.614 3.184 3.708 Maio 107.030 190.099 184.324 266.723 Junho 2.785 3.048 3.037 3.577 Junho 47.148 263.529 ' 310.620 143.360 Julho 2.591 2.929 3.652 3.378 Julho 58.936 64.512 310.595 ' 238.123 Agosto 1.856 2.086 3.319 • 3.598 Agosto 108.694 32.275 351.970 221.165 Setembro 2.906 3.197 3.753 3.555 Setembro 95.447, 80.627 284.214 359.264 Outubro 3.215 3.586 3.475 3.577 Outubro 138.339 117.762 283.467 192.465 Novembro 1.614 3.767 3.795 3.688 Novembro 135.101 76.338 489.833 312.449 Dezembro 1.751 1.817 1.487 1.716 Dezembro 96.864 159.322 399.944 312.449' Mêdia 1.896,08 2.241,83 2.835,16 3.245,83 Total 1.246.834 1.439.403 3.304.555 3.480.077 Pesq. agropec. bras., Brasilia, v.32, nt, p,109-1 16,jan. 1997 112 L.G. DE SOUZA não-cumprimento de um dos dois requisitos que ca- racterizam a sazonalidade conforme estipula a Por- taria n2 222 do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (Brasil, 1992), de 22 de dezembro de 1987, tendo em vista que o menor valor registra- do foi de 34%, ocorrido no ano de 1991, distante, portanto, do valor igual ou inferior a 20% preceitu- ado pela legislação. Um consumidor faturado pela Tarifa Convenci- onal, nessas condições, deverá ser reclassificado imediatamente, a fim de que no primeiro mês após a análise (13 52 mês de faturamento), seja faturada 85% da maior demanda verificada por medição em um dos 11 meses anteriores. A usina em análise é um consumidor 1-loro-Sa- zonal Verde por opção,já que essa tarifa, segundo o Comitê de Distribuição de Energia Elétrica (1988), é aplicada sempre em caráter opcional aos consu- midores atendidos em tensão inferior a 69 kV com demanda de potência igual ou superior a 50 kW. Segundo o Comitê de Distribuição de Energia Elétrica (1988), as Tarifas Horo-Sazonais são tari- fas de energia elétrica, com preços diferenciados, de acordo com sua utilização durante as horas do dia e durante os períodos do ano. As Tarifas Horo- -Sazonais permitem ao consumidor reduzir suas des- pesas com energia elétrica, desde que ele consiga programar o seu uso. Essa redução poderá ser obti- da evitando-se o horário de ponta e/ou deslocando- -se o consumo para determinados meses do ano. Os valores de demanda registrada revelam que a usina operou durante todos os meses do quadriênio, com uma demanda de potência superior a 500 kW, tendo que ser compulsoriamente faturada pela tari- fa Horo-Sazonal, que tem aplicação obrigatória aos consumidores atendidos em tensão igual ou superi- or a 69kV e aos consumidores atendidos em tensão inferior a 69 kV com demanda de potência igual ou superior a 500 kW. Assim, a fim de verificar qual a tarifa mais ade- quada para a usina, os dados de energia elétrica ad- quirida (consumo) e de demanda registrada foram submetidos a um programa de simulação pela Equi- pe Técnica da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) onde se procurou estabelecer o menor im- porte tarifário em diferentes situações de carga reti- rada na ponta. Pesq. agropec. bras,, Brasilia, v32, n. 1, p.I 09-116, jan. 1997 Os resultados obtidos do custo comparativo en- tre as tarifas Convencional, Horo-Sazonal Azul e Horo-Sazonal Verde nas situações de carga retirada na ponta variando de lOa 90%, para os quatro anos estudados revelaram que apenas na situação de car- ga retirada na ponta igual a 90% a tarifa mais con- veniente é a Horo-Sazonal Azul; em todas as de- mais situações, a tarifa mais conveniente, isto é, a de menor importe para a usina é a Convencional (Tabela 3). A Tabela 4 apresenta um exemplo do custo com- parativo entre as três tarifas para uma situação de carga retirada na ponta igual a 40%, no ano de 1993. Fator de carga O fator de carga (FC) é o índice que mostra se a energia elétrica está sendo utilizada de forma racio- nal por detenninado consumidor. O fator de carga é dado pela expressão: FC= Consumo(kWh) (1 Demanda (kW) x 730h O preço médio do kWh pago pelo consumidor é calculado em função do fator de carga, sendo dado por: Td Pm= +TC (2) PC x 730 onde: Pm = preço médio do kWh consumido; Td = tarifa vigente de demanda (RSikW); TC = tarifa vigente de consumo (R$/kWh); PC = fator de carga. Pela expressão (2) verifica-se que o preço médio do kWh consumido varia com o fator de carga, isto é, quanto mais elevado for o índice do fator de car- ga, menor será o preço médio do kWh consumido, e vice-versa. Os dados relacionados na Tabela 5 revelam que a usina apresentou, no quadriênio, baixos valores do fator de carga, o que demonstra um baixo grau de racionalização no consumo da energia elétrica. Em apenas um mês (dezembro de 1992), a usina apresentou um valor do fator de carga (0,36) próxi- SAZONALIDADE, TARIFA MAIS CONVENIENTE 113 TABELA 3. Tarifa mais conveniente e valores da reduçAo no importe dos anos de 1990, 1991, 1992 e 1993, nas situações de carga retirada na ponta, variando de 10 a 90W. Carga Tarifa mais conveniente Redução no importe (%) retirada na ponta 1990 1991 1992 1993 1990 1991 1992 1993 10% Conv. Cori. Conv. conv: 57,881-1SA 57,55HSA 48,92HSA 50,46USA 63,96115V 63,67115V 35,96115V 57,35115V 20% Conv. Conv. Conv. Conv. 54,4411SA 54,091-ISA 45,09115A 46,69115A 60,86115V 60,541-15V 52,45115V 53,90115V 300/. .Coriv. Conv. Conv. Conv. 5039HSA 50,02H5A 40,64HSA 42,301-ISA 57,16115V 56,831-15V 48,33115V 49,84115V 40% Coas'. Conv. Coriv. Conv. 45,5411SA 45,151-I5A 35,4111SA 37,I21-ISA 52,70HSV 52,35115V 43,43HSV 45,00115V 50% Coriv. Conv. Conv. Conv. 39,6411SA 39,24115A 29,1611SA 30,9111SA 47,20HSV 46,82115V 37,50HSV 39,I3HSV 60% Conv. Conv. Conv. Conv. 32,311-ISA 31,89HSA 21,57HSA 23,351-1SA 40,24115V 39,85115V 30,17115V 31,85115V 70% Conv. Conv. Conv. Conv. 22,9614SA 22,5311SA 12,1611SA 13,921-ISA • 31,18115V 30,78H5V 20,91HSV 22,60115V 80% Cmiv. Conv. Çonv. Conv. I0,61115A I0,1811SA O,ISHSA I,86115A 18,89115V 18,48115V 8,82115V 10,44115V 90% USA USA USA USA 6,07Conv. 6,4ICons. 13,47Conv. 12,39Conv. 7,24H5V 7,22H5V 6,85115V 6,91HSV 'Conv. - Convencional; 11SA - Horo-Sazonal Azul; 115V - Horo-Sazonal Verde TABELA 4. Exemplo de custo comparativo entre as tarifas Convencional, Horo-Sazonal Azul e Horo-Sazonal Verde para carga retirada na ponta igual a 40°!., no ano de 1993 1 . Custo da energia na tarifa convencional Mês/ano Demanda Valor2 Consumo (kWh) Valor Mensal Importe Acumulado 1193 2838 10699 403790 19164 29863,34 29863,34 2193 2923 11020 239618 11233 22253,00 52116,34 3193 2888 10388 325182 15245 26132,29 78248,63 4193 3504 13210 460489 21588 34797,80 113046,43 5193 3708 13979 266723 12504 26483,13 139529,56 6/93 3577 13485 143360 6721 20206,01 159735,57 7/93 3378 12735 238123 11163 23898,27 183633,84 8/93 3598 13564 221165 10368 23932,68 207566,52 9193 3555 13402 359264 16842 30244,65 237811,17 10/93 3577 13485 192465 9023 22508,05 260319,22 11193 3688 13904 312449 14648 28551,37 288870,59 12/93 1716 6469 312449 14648 21116,93 309987,52 Continua... Pesq. agropec. bras., Brasilia, v.32, n.I, p.1O9-1 16,jan. 1997 114 L.G. DE SOUZA TABELA 4. (ContinuaçAo). Custo da energia na tarifa azul Mês/ano Demanda (kW) Valor da Demanda Consumo (kWh) Importe F. Ponta Ponta F. Ponta Ponta F. Ponta Valor Ponta Valor Mensal Acumulado 1193 2838 1703 9082 16347 318882 9407 89908 5661 40497,00 40497,00 2/93 2923 1754 9354 16836 147017 7337 92601 5831 36358,15 76855.15 3193 2888 1733 9242 16635 233690 6894 91492 5761 38531,58 115386,73 4193 3504 2102 11213 20183 349482 10310 111007 6990 48695,66 164082,39 5193 3708 2225 11866 21358 149254 4403 117469 7397 45023,71 209106,10 6193 3577 2146 11446 20604 30041 886 113319 7136 40071,84 249177,94 7193 3378 2027 10310 19457 131108 3868 107015 6739 40873,30 290051,24 8193 3598 2159 11514 20724 107180 3162 113985 7178 42577,51 332628,75 9193 3555 2133 11376 20477 246642 7276 112622 7092 46220,56 378849,31 10193 3577 2146 11446 20604 79146 2335 113319 7136 41520,44 420369,75 11193 3688 2213 11802 21243 195613 5771 116836 7357 46172,22 466541,97 12/93 1716 1030 5491 9884 258086 7614 54363 3423 26412,13 492954,10 Custo da energia na tarifa verde Mês/ano Demanda Valor Consumo (kWh) Importe F. Ponta Valor Ponta Valor Mensal Acumulado 1193 2838 9422 318882 9901 89908 26565 45888,52 45888,52 2193 2923 9704 147017 4565 92601 27361 41629,96 87518,48 3193 2888 9588 233690 7256 91492 27033 43877,33 131395,81 4193 3504 11633 349482 10851 111007 32799 55283,86 186679,67 5193 3708 12311 149254 4634 117469 34709 51653,58 238333,25 6193 3577 11876 30041 933 113319 33482 46290,87 284624,12 7193 3378 11215 131108 4071 107015 31620 46905,60 331529,72 8193 3598 11945 107180 3328 113985 33679 48952,35 380482,07 9193 3555 11803 246642 7658 112622 33277 52737,36 433219,43 10/93 3577 11876 79146 2457 113319 33482 47815,58 481035,01 11/93 3688 12244 195613 6074 116836 34521 52839,43 533874,44 12/93 1716 5697 258086 8014 54363 16063 29773,29 563647,73 No caso comparado acima a Tarifa Convencional é maia conveniente lendo em vista que a redução no impede foi: com relação a tarifa azul - 37,12% com relação a tarifa verde - 45,00%. 2 Custo da tarifa da demanda, vigente na época, multiplicado pela demanda referente ao mës de consumo, mo do valor típico da atividade, que é de 0,39, se- gundo a Companhia Paulista de Força e Luz (1989). O fator de carga médio da atividade foi calcula- do tendo um valor de 0,11. A Fig. 2 apresenta o comportamento do fator de carga nos quatro anos estudados e o fator de carga típico da atividade, na usina estudada. Para facilitar a análise da variação do fator de carga no quadriênio, os consumos foram agrupados Pesq. agropec. bras., Brasilia, vi?, n. 1, pIO9-1 16,jan. 1997 em quatro categorias, em função do fator de carga, segundo Padovani Neto & Macedo (1982). Aos ti- pos de consumo A, 8, C e D correspondem os fato- res de carga entre 0,00 e 0,10, entre 0,10 e 0,20, entre 0,20 e 0,30 e entre 0,30 e 0,40, respectivamente; o consumo por categoria foi de 3.078.815,5.461.808, 530.302 e 399.944 kWh, respectivamente. O consumo total de energia comprada pela usi- na, nos quatro anos, foi de 9.470.869 kWh. A distri- o a0 '2 c 00 o o t o 0.1 0,2 0.3 04 0,5 SAZONALIDADE, TARIFA MAIS CONVENIENTE liS TABELA S. Valores do fator de carga observados na agroindústria de processamento de cana durante os anos de 1990, 1991, 1992 e 1993. Mes 1990 Fator de carga 1991 1992 1993 Janeiro 0,180 0,190 0,100 0,190 Fevereiro 0,220 0,140 0,160 0,110 Março 0,220 0,140 0,120 0,150 Abril 0,180 0.160 0,085 0,180 Maio 0,049 0,099 0,079 0,098 Junho 0,023 0,110 0,140 0,054 Julho 0,031 0,030 0,110 0,096 Agosto 0,080 0,021 0,140 0,084 Setembro 0,044 0,034 0,100 0,130 Outubro 0,058 0,044 0,110 0,073 Novembro 0,110 0,027 0,170 0,110 Dezembro 0,075 0,120 0,360 0,240 Média 0,100 0,092 0,130 0,120 0.4 0,39 0. G ol , o,15 0.2 o 0.0 1990 1991 1992 1993 FIG. 2. Comportamento do fator de carga durante o quadriênio analisado (1990-93), aa agroin- dústria de processamento de cana, buição dessa energia por categoria de fator de carga é ilustrada na Fig. 3. Nota-se que apenas 4,22% da energia comprada é consumida com fator de carga entre 0,30 e 0,40 (categoria tipo D), havendo uma parcela muito grande (57,67%) com fator de carga entre 0,10 e 0,20 (categoria tipo B). Na categoria tipo A se enquadra cerca de 32,50% da energia com- prada e apenas 5,60% da energia comprada perten- ce à categoria tipo C. Os motivos de se encontrarem fatores de carga tão baixos conduzindo a custos elevados da energia Fator de carga (FC) FIG. 3. Distribuição da energia elétrica adquirida (con- sumo) em função do fator de carga durante o quadriênio analisado (1990-93), na agroin- dústria de processamento de cana. elétrica são diversos, e estão relacionados as condi- ções de operacionalidade da usina. Bellini & Neves (1986) relacionam alguns pre- ceitos básicos que devem ser seguidos para melho- rar o fator de carga: 1) evitar a partida simultânea dos motores de grande potência; 2) nas eventuais interrupções do fornecimento de energia elétrica, fazer a realização das cargas de modo organizado e espaçado; 3) evitar, sistematicamente, a ocorrência de curto-circuito e de fugas de corrente nas instala- ções; 4) verificar a possibilidade de instalação de um controlador-indicador de demanda. No caso da indústria de processamento de cana, o ideal seria promover a redução da demanda na safra e entressafra com instalação do controlador-indica- dor no sistema elétrico, isto é, agindo diretamente sobre o disjuntor geral da usina. CONCLUSÕES 1.A indústria não consegue manter a condição de consumidor sazonal em virtude do não-cumpri- mento de um dos dois requisitos que a caracterizam. 2. A usina opera durante todos os meses do quadriênio com uma demanda de potência superior a500kW. 3. Apenas na situação de carga retirada na ponta igual a 90% a tarifa mais conveniente é a Horo-Sa- zonal Azul; em todas as demais situações, a tarifa mais conveniente, isto é, a de menor importe para a usina, é a Convencional. Pesq. agropec. bras., Brasilia, v.32, nt, p109-1 16,jan. 1997 116 L.G. DE SOUZA 4. Os baixos valores do fator de carga apresenta- dos pela indústria demonstram um baixo grau de ra- cionalização no consumo da energia elétrica. S. A distribuição da energia comprada por cate- goria de fator de carga revela que apenas 4,22% dessa energia é consumida com fator de carga entre 0,30 e 0,40 (categoria tipo D); há uma parcela muito gran- de (57,67%) com fator de carga entre 0,10 e 0,20 (categoria tipo B). AGRADECIMENTOS À Companhia Paulista de Força e Luz na pessoa do Sr. Joaquim Barreiros Neto, responsável pelo pro- grama de simulação para a tarifa mais conveniente, pela colaboração. REFERÊNCIAS BELLINI, A.; NEVES, B.S. Técnicas de racionalizaçAo do uso da energia elétrica na indústria taticinista. Belo Horizonte: EPÂMIO, 1986. 20p. BRASIL. Portaria n2 222, de 22 de dezembro de 1987, COMITÊ DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRI- CA. Tarifas Horo-Sazonais Azul e Verde: manu- al de orientação do consumidor. Rio de Janeiro, 1988. 28p. COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ. Forne- cimento de energia tlétrica em tendo primária. Campinas, 1989. 98p. PADOVANI NETO, A.; MACEDO, I.C. Caractcristicas de geração, compra e utilização da energia elétrica nas usinas de açúcar e álcool. Boletim Técnico Copersucar, São Paulo, v.19, p.l3-I8, 1982. Pesq. agropec. bras., Brasilia, v.32, n.l, p.109-1 l6,jan. 1997