CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, MORFOMÉTRICA E MOLECULAR DE Hepatozoon spp. (APICOMPLEXA, HEPATOZOIDAE) DE SERPENTES BRASILEIRAS NATURALMENTE INFECTADAS Tatiana Cristina Moço Tese apresentada ao Instituto de Biociências, Câmpus de Botucatu, UNESP, para obtenção do título de Doutora no Programa de Pós- Graduação em Biologia Geral e Aplicada, Área de concentração Biologia de Parasitas. Orientadora: Prof. Dra. Lucia Helena O’Dwyer BOTUCATU - SP 2012 Campus de Botucatu UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DE BOTUCATU DOUTORANDA: TATIANA CRISTINA MOÇO ORIENTADORA: PROF. DRA. LUCIA HELENA O’DWYER CO-ORIENTADORA: DRA. KARINA DOS SANTOS PADUAN BOTUCATU - SP 2012 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, MORFOMÉTRICA E MOLECULAR DE Hepatozoon spp. (APICOMPLEXA, HEPATOZOIDAE) DE SERPENTES BRASILEIRAS NATURALMENTE INFECTADAS Tese apresentada ao Instituto de Biociências, Câmpus de Botucatu, UNESP, para obtenção do título de Doutora no Programa de Pós- Graduação em Biologia Geral e Aplicada, Área de concentração Biologia de Parasitas. Orientadora: Prof. Dra. Lucia Helena O’Dwyer Campus de Botucatu FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO DE AQUIS. E TRAT. DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE Moço, Tatiana Cristina. Caracterização morfológica, morfométrica e molecular de Hepatozoon spp. (Apicomplexa, Hepatozoidae) de serpentes brasileiras naturalmente infectadas / Tatiana Cristina Moço. – Botucatu : [s.n.], 2012 Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Biológicas de Botucatu Orientador: Lucia Helena O' Dwyer Coorientador: Karina dos Santos Paduan Capes: 21301026 1. Cobra. 2. Reação em cadeia de polimerase. 3. Morfologia. 4. Doenças transmissíveis – Diagnóstico. Palavras-chave: Caracterização molecular; Hepatozoon; Morfologia; Morfometria; Serpentes brasileiras. AAos meus pais e à minha avó Jandira (in memoriam), pela confiança, apoio incondicional e carinho, dedico. “Se você deseja, como eu , construir uma sociedade na qual os indivíduos cooperem generosa e desinteressadamente para o bem comum, espere pouca ajuda da natureza biológica. Tentemos ensinar generosidade e altruísmo, porque nascemos egoístas. Compreendamos o que nossos próprios genes egoístas tramam, porque assim, ao menos, poderemos ter a chance de frustrar seus intentos, uma coisa que nenhuma outra espécie jamais aspirou conseguir” (Richard Dawkins) AAgradecimentos À minha orientadora Lucia, pela ajuda, amizade, paciência e por confiar que seria possível... À CAPES, pelo apoio financeiro... Ao professor Reinaldo, pela parceria e amizade ... Aos professores Newton e Paulo, por , generosamente, cederem seus respectivos laboratórios para que esse estudo pudesse ser realizado... À minha amiga e co-orientadora Karis e seu esposo, e meu amigo, Barna, pelos risos, cervejas, pela paciência e atenção com que me “aturaram” por anos e pela imprescindível ajuda com a genética molecular... Aos amigos do Departamento de Parasitologia, em especial, Didica, Lóris, Betina, Naty, Brusa, Berne, Fabi, Samir, Ziquinha, Carine, Leticinha’s, Tereza,Valdir, Márcia, Bicho, Salete e Roseli, pela ajuda, amizade e pelos “ouvidos” que deram às minhas reclamações diárias de que “ainda não deu certo” (rs)... Ao meu “anjo de guarda” e amiga, Nilza, pela ajuda burocrática na Pós, presentes, palavras de incentivo e por toda a força que me deu nesses anos difíceis. Ao CEVAP, onde tudo começou, e à sua equipe técnica, em especial, Tidei, Pé Redondo, Nathy, Mixa, Pri, Gú, Vinícius, Uruta, Bruna e Rui, pela parceria, amizade, churrascos, “padocas “ e muitas risadas... Ao Diretor do CEVAP Prof. Dr. Benedito Barraviera, pela parceria e confiança... Aos amigos próximos, em especial, Jú, Animal, Bucha, Rita, Giseles, Kika, Celia (Caminhão Pipa..rs), Godoy, Jé, Dan, Portuga, Pexe, Nathy e Jéssica, pelas cervejas, risadas, amizade e paciência nas eventuais crises de estresse e identidade...rs Aos amigos distantes, mas não menos queridos, Luciana, Aninha, Marco, Ana Rita, Pinguas, Chris, Xixão, Burts, Carçudo, Éder, Polato, Mê, Neto, Everaldo , Nice, Claudinha, Jussara, Pé de Boi, Vivi, Aruaque, Paulinho, Coruja, Fer, Prima e Régis, por continuarem fazendo a diferença na minha vida... À minha família, Thusa, Gorda , Cabeça e Juninho, pelo apoio e paciência... Aos meus “amores patudos de focinho de bolinha”(e aos que eu tratei como meus) em especial ao Bicão, pelo amor incondicional... E, por fim, mas não menos especial, ao “meu querido Kizi”, por todo amor, companheirismo, apoio, paciência, cumplicidade e carinho, mesmo nos momentos em que eu fui “grossa”... SSumário Introdução Geral .....................................................................................................09 Considerações Finais .................................................................................................20 Referências.................................................................................................................21 Capítulo 1: Caracterização morfológica, morfométrica e molecular de Hepatozoon spp. (Apicomplexa, Hepatozoidae) de serpentes brasileiras naturalmente infectadas .........................................................................................30 Resumo.......................................................................................................................31 Abstract......................................................................................................................32 Introdução..................................................................................................................33 Material e Métodos................................................................................................... 34 Resultados .................................................................................................................41 Discussão...................................................................................................................78 Referências............................................................................................................... 84 Conclusões Gerais....................................................................................................91 IIntrodução Geral 9 Introdução Geral O termo hemogregarina tem sido utilizado, através de décadas, para descrever coletivamente parasitas sanguíneos pertencentes às subordens Eimeriina e Adeleina do Filo Apicomplexa (Levine et al., 1980), que constituem os mais comuns protozoários hemoparasitas de répteis (Wosniak et al., 1994a). A subordem Eimeriina inclui os gêneros Sckellackia (parasitas de répteis e anfíbios), Lainsonia (parasitas de répteis) e Lankesterella (parasitas de anfíbios). Em Eimeriina, tanto a merogonia como a gametogonia e esporogonia ocorrem no hospedeiro vertebrado e o hospedeiro invertebrado atua apenas como vetor mecânico para a transmissão dos parasitas. Por outro lado, na subordem Adeleina, da qual fazem parte os gêneros Hepatozoon, Haemogregarina, Karyolysus e Hemolivia, a gametogonia e a esporogonia ocorrem no vetor e a merogonia no hospedeiro vertebrado (Lane e Mader, 1996). A classificação taxonômica do gênero Hepatozoon se manteve incerta por muitos anos, em grande parte por falta de informações acerca do desenvolvimento esporogônico dos protozoários desse gênero. Até recentemente, devido a similaridade dos gamontes intraeritrocitários de Haemogregarina spp., Karyolysus spp. e Hepatozoon spp., estes parasitas, junto com os demais, estavam agrupados numa única família; Haemogregarinidae. No entanto, a considerável diversidade biológica exibida pelos parasitas nos seus hospedeiros definitivos (vetores) justificou a separação em famílias distintas, dentro do filo Apicomplexa (Barta, 2000). Desta maneira, o gênero Hepatozoon compreende protozoários pertencentes ao filo Apicomplexa; classe Sporozoea; subclasse Coccidia; ordem Eucoccidiida; subordem Adeleina e família Hepatozoidae (Levine et al., 1980). Haemogregarina spp. não podem ser distinguidas de Hepatozoon spp. tendo como base somente a aparência de seus gamontes intraeritrocíticos e merontes tissulares. A identificação genérica é também dependente da natureza do desenvolvimento esporogônico no vetor (Desser et al., 1995). Em Hepatozoon spp., a merogonia ocorre somente nos tecidos do hospedeiro vertebrado, enquanto que em Haemogregarina spp., além de ocorrer nos tecidos, a merogonia ocorre também no sangue periférico. Hepatozoon spp. têm sua esporogonia ocorrendo na hemocele do vetor e contêm oocistos com vários esporocistos, transmitidos aos vertebrados pela ingestão do invertebrado infectado. Para Haemogregarina spp., a esporogonia ocorre no estômago do vetor, 10 seus oocistos não possuem esporocistos e sua transmissão é feita pela inoculação de esporozoítas via saliva (Desser, 1993). Hepatozoon spp. podem ser encontrados parasitando anfíbios, répteis, aves e mamíferos, dentre os répteis; lagartos, crocodilianos, tartarugas e serpentes (Smith, 1996). Em serpentes terrestres ocorrem, principalmente, espécies do gênero Hepatozoon, enquanto que em répteis aquáticos predominam as do gênero Haemogregarina e em lagartos do velho mundo e serpentes arborícolas, as do gênero Karyolysus (Campbell, 1996). Os principais vetores invertebrados de Hepatozoon spp. são mosquitos, mosquito-palha, moscas tse-tse, triatomíneos, piolhos, pulgas e ácaros (Smith, 1996). Há, também, relatos de sanguessugas atuando como vetores destes parasitas (Pessoa e Cavalheiro, 1969b,c; Smith, 1996). Hepatozoon spp. são protozoários heteroxenos (Wosniak et al., 1994a) que apresentam ciclo evolutivo típico dos coccídios. Micro e macrogamontes são ingeridos pelo vetor hematófago, juntamente com o sangue do hospedeiro vertebrado, e migram para a sua parede intestinal, onde ocorre a gametogênese. Um microgamonte dará origem a quatro microgametas uniflagelados que, por singamia, fecundarão os macrogametas, originados de macrogamontes, formando um zigoto, que tem rápido crescimento (Bashtar et al., 1991). Este atravessa a parede intestinal, indo localizar- se na hemocele do vetor hematófago onde ocorre a formação do oocisto, contendo muitos esporocistos com esporozoítas. O hospedeiro vertebrado adquire a infecção por Hepatozoon spp. pela ingestão direta do vetor portador do oocisto, ou indiretamente, através da ingestão de outros hospedeiros paratênicos vertebrados, como peixes, anfíbios e répteis, que tenham ingerido vetores hematófagos infectados. Os esporozoítas contidos nos esporocistos são liberados no intestino desse hospedeiro intermediário, podendo seguir para os hepatócitos, formando um cistozoíto, ou iniciar o primeiro ciclo merogônico que ocorre na parede intestinal da serpente. Dois tipos de merontes são formados: um contendo macromerozoítos que, transportados via sangue ou linfa, invadem novos tecidos, dando origem a novas formas merogônicas, e outro, contendo micromerozoítos, que irão penetrar nos eritrócitos, sofrer gamontogonia e dar origem aos gamontes circulantes, infectivos para os vetores hematófagos (Smith, 1996; Baneth et al., 2007). Hepatozoon spp. são, aparentemente, bem adaptados, causando pouca ou nenhuma patologia a seus hospedeiros naturais (Telford, 1984). Entretanto, a manutenção desses répteis em cativeiro pode proporcionar ótimas condições para a transmissão desses parasitas (Hull e Camin, 1960). Nos sistemas de cativeiro semi-extensivo, um grande número de serpentes mantido junto pode proporcionar uma proliferação de artrópodes vetores em potencial. Outro fator importante a se 11 considerar é a existência de transmissão vertical em Hepatozoon spp. (De Biasi et al., 1971, 1972). Por outro lado, em muitas serpentes mantidas em cativeiro, a parasitemia tende a se estabilizar e até mesmo diminuir sensivelmente (Santos et al., 2005). Apesar destes parasitas serem considerados bem adaptados, Mader (1996) relatou que, em infecções com altas parasitemias, pode-se observar quadros de anemia hemolítica e que não há informações sobre quimioterápicos efetivos contra Hepatozoon spp. Merontes também foram encontrados no cérebro de um exemplar de Crotalus sp., que apresentou problemas neurológicos em cativeiro (Wosniak et al., 1994a). Em hospedeiros não naturais, essa infecção tem potencial de causar doenças inflamatórias clinicamente significativas, dentre elas: hepatite necrotizante, pancreatite e esplenite (Pessoa et al., 1974c; Wosniak e Telford, 1991, Wosniak et al., 1996). Wozniak et al. (1994a) descreveram os estágios evolutivos, nos hospedeiros vertebrados, de uma espécie de hemogregarina que infecta Crotalus cerastes cerastes, do deserto do Mojave e também encontraram duas formas merogônicas nos seus tecidos. Os gamontes encontrados provocavam hipertrofia eritrocítica e dehemoglobinação, mas não observaram evidências de processos inflamatórios associados com a presença dos merontes. O’Dwyer et al. (2004a) observaram um alto parasitismo por Hepatozoon sp. em um exemplar de C. durissus terríficus, que veio a óbito em poucos dias. Madsen et al. (2005) observaram que o parasitismo por Hepatozoon sp. provocou uma significativa redução no crescimento de Liasis fuscus na natureza. Além disso, os parasitas diminuíram o rendimento reprodutivo das fêmeas infectadas. Estes estudos demonstram que o impacto do parasitismo por Hepatozoon spp. em serpentes pode não ser observado por meio de doença aparente, mas pode ser muito importante na ecologia das espécies. Miyamoto e Mello (2007) estudaram a relação entre a infecção por Hepatozoon spp., a incidência da fragmentação do DNA e consequente morte de eritrócitos em C. durissus terrificus. Os resultados apontaram um aumento da fragmentação do DNA e condensação da cromatina típica de eritrócitos mortos na circulação, sugerindo que tal infecção acelere a destruição de eritrócitos nessa espécie de serpente, afetando não somente as células parasitadas como também células normais. O fato de seu potencial patogênico quando em hospedeiros não naturais e as proporções significativas que essa parasitose pode ganhar em condições de cativeiro, quando não há um rígido controle parasitológico, justifica a necessidade de um bom diagnóstico para evitar a disseminação 12 da doença dentro do criadouro. Geralmente, o diagnóstico é feito pela análise do sangue periférico corado por Leishman ou May-Gruenwald-Giemsa (Campbell, 1996; Moço et al., 2002, 2011; O’Dwyer et al., 2003, 2004). Métodos diagnósticos mais modernos incluem a avaliação do sangue pela técnica de Reação de Polimerização em Cadeia - PCR (Wozniak et al., 1994b; Rubini et al., 2005; Moço et al., 2011). Estudos sobre a frequência de Hepatozoon spp. em serpentes brasileiras indicam que estes parasitas são bastante comuns no nosso país (Pessoa et al., 1974a; O’Dwyer et al., 2003; Moço, 2008). Até 1996, 121 espécies de Hepatozoon de serpentes eram mundialmente reconhecidas (Smith, 1996). Entretanto, muitas dessas espécies foram caracterizadas, especialmente no Brasil, utilizando somente a morfologia dos gamontes e a presença em determinada espécie de serpente (Tabela 1). Após 1996, várias outras espécies de Hepatozoon foram descritas infectando serpentes (Telford et al., 2001; 2002; 2005a,b; Sloboda et al., 2007). Por outro lado, gamontes de Hepatozoon spp. com morfologias diferentes dos já relatados têm sido observados, mas não nomeados, por falta de dados morfológicos e biológicos mais completos ou por falta de caracterização molecular (Moço et al., 2002, 2011; O’Dwyer et al., 2004a,b, 2011). O critério taxonômico para identificação de Hepatozoon spp. tem se baseado, principalmente, na caracterização morfológica dos gamontes, no sangue do hospedeiro vertebrado, e dos estágios esporogônicos, no hospedeiro invertebrado. Contudo, a semelhança entre os oocistos e entre os gamontes de diversas espécies de Hepatozoon torna difícil a identificação baseada somente nessas características (Pessoa e De Biasi, 1973a,b; Moço et al. 2002, 2011). Assim, como várias descrições tiveram como base somente a espécie do hospedeiro, uma mesma espécie de Hepatozoon pode ter recebido vários nomes, de acordo com a espécie de serpente em que foi encontrado. Como a grande maioria dos trabalhos descritivos sobre Hepatozoon spp. de serpentes brasileiras trazia somente informações sobre morfologia dos gamontes (formato, coloração, presença de cápsula) e dados morfométricos (que, geralmente, limitavam-se à descrição do comprimento e largura dos gamontes e cistos), outras variáveis como medidas de área do parasita e do seu núcleo têm sido utilizadas, assim como, metodologias empregando técnicas moleculares (Telford et al., 2004; Rubini et al., 2005; Moço et al., 2011) e sistemas computacionais de análise de imagens para a biometria dos parasitas (Moço et al., 2002, 2011; O’Dwyer et al., 2011). 13 Tabela 1. Hepatozoon spp.descritas/relatadas em serpentes brasileiras. Hepatozoon sp. Hospedeiro vertebrado Referência H. juxtanuclearis Boa constrictor Carini (1947) / Pessoa (1967b) H. fusifex Boa constrictor Ball et al. (1969) H. terzii Boa constrictor Sambon e Seligmann (1907) / Moço et al. (2002) H. luhei Corallus spp. Sambon (1907) apud Sambon (1909) / Pessoa et al. (1970a) H. cenchridis Epicrates cenchria Phisalix (1931a) / Pessoa e Cavalheiro (1969a) H. shattocki Morelia spilotes Sambon e Seligmann (1907) H. laevicolis Chironius laevicolis Pessoa (1967c) H. bicarinatus Chironius bicarinatus Pessoa e Cavalheiro (1969b) H. chironiusi Chironius spp. Pessoa (1967a) H. rarefaciens Drymarchon corais Sambon e Seligmann (1907) H. colubri Erythrolamprus aesculapii Börner (1901) apud Sambon(1909) / Pessoa (1967c) H. carinicauda Helicops carinicauda Pessoa e Cavalheiro (1969c) H. modesta Helicops modestus Pessoa e Cavalheiro (1969c) /Brumpt (1914) H. migonei Hydrodynastes gigas Schouten (1934) / Pessoa et al. (1970c) / Moço et al. (2002) H. cyclagrasi Hydrodynastes gigas Arantes (1934) / Pessoa et al. (1970c) / Moço et al. (2002) H. miliaris Liophis miliaris Pessoa (1968) H. leimadophisi Liophis poecilogyrus Pessoa (1967a) H. poecilogyrus Liophis poecilogyrus Pessoa (1967a) H. drymobii Mastigodryas bifossatus Marullaz (1912) / Lutz (1901)/ Pessoa (1967d) H. philodryasi Philodryas patagoniensis Carini (1910) / Pessoa (1967b) / Pessoa e Cavalheiro (1969b) / Moço et al. (2002) H. pseudoboae Pseudoboa nigra Pessoa (1967b) H. pullatus Spilotes pullatus Pessoa (1968) H. strigatus Thamnodynastes strigatus Pessoa (1967b) /Pessoa et al. (1970b) H. butantanensis Waglerophis merremi Arantes (1931) H. arantesi Waglerophis merremi Pessoa (1967a) H. raulei Rhinocerophis alternatus Phisalix e Laveran (1913) H. plimmeri Bothrops jararaca Sambon (1907) apud Sambon (1909) / De Biasi et al. (1989) / Pessoa (1967c) H. plimmeri Bothrops moojeni Pessoa et al. (1971a) H. jararacussu Bothrops jararacussu Pessoa (1968) H. crotali Crotalus durissus cascavella Pessoa (1967e) H. romani Crotalus durissus terrificus Phisalix (1931b) /Pessoa (1967e) H. capsulata Crotalus durissus terrificus Phisalix (1931b) /Pessoa (1967e) 14 As serpentes brasileiras são parasitadas por, aparentemente, uma grande variedade de gamontes de Hepatozoon spp., principalmente ao se tratar de parasitas de C. durissus terrificus, pois além das espécies já descritas; Hepatozoon romani e Hepatozoon capsulata (Phisalix, 1931b), foram diagnosticados vários gamontes que diferiam destes, sugerindo a possibilidade de, futuramente, serem caracterizados como novas espécies, bem como uma subestimação de dados, já que o número de espécies desse gênero infectando esta espécie de serpente pode ser maior do que o descrito (Moço et al., 2002, 2011; O’Dwyer et al., 2004a,b, 2011). Moço et al. (2002) observaram um exemplar de C. durissus terrificus infectado com Hepatozoon sp. cujos gamontes apresentavam corpo afilado e alongado, citoplasma claro, sem granulações e núcleo denso e homogêneo, localizado centralmente ou ligeiramente deslocado para uma das extremidades, distintos dos descritos em literatura para essa espécie de serpente. Uma pequena espécie de Hepatozoon, encontrada em outro espécime de C. durissus terrificus, foi descrita por O’Dwyer et al. (2004a). Seus gamontes eram menores dos que os usuais, com citoplasma claro, sem granulações e núcleo grande ocupando boa parte do citoplasma, alterando acentuadamente as hemácias infectadas. Foi comum encontrar hemácias parasitadas com mais de dois gamontes (no máximo seis gamontes por eritrócito). Além destas formas, várias outras têm sido encontradas em exemplares de C. durissus terrificus (O’Dwyer et al., 2011). É comum, também, serem observados vários gamontes com morfologia e morfometria diferentes em um mesmo espécime de serpente. O’Dwyer et al. (2004b) encontraram até cinco tipos distintos de gamontes em um espécime de C. durissus terrificus. Especula-se se seriam diferentes espécies ou a mesma espécie em diferentes estágios de desenvolvimento. Outro fator a ser considerado é a baixa especificidade aos hospedeiros vertebrados e invertebrados, assim, uma mesma espécie de Hepatozoon pode parasitar mais de uma espécie de serpente, e uma única serpente pode ser parasitada por mais de uma espécie de Hepatozoon (Smith, 1996). Pessoa et al. (1974b) obtiveram sucesso na transferência de Hepatozoon tupinambis, parasita de Tupinambis teguixin, para um exemplar de C. durissus terrificus, por intermédio do mosquito Culex fatigans e observaram que o parasita manteve seus caracteres morfológicos no animal receptor. Poucos trabalhos da literatura descreveram detalhadamente a morfologia e morfometria dos parasitas. Na maioria desses trabalhos foram medidos apenas o comprimento e a largura dos gametócitos e o diâmetro dos oocistos. Moço et al. (2002) realizaram análises morfológicas e 15 morfométricas detalhadas de cinco espécies de Hepatozoon de serpentes e conseguiram observar três grupos distintos baseados unicamente nestas características. Vários estudos sobre a evolução esporogônica e merogônica em Hepatozoon spp. vêm sendo conduzidos ao longo dos anos. Ball et al. (1967) estudaram o desenvolvimento esporogônico de Hepatozoon rarefasciens, de Drymarchon corais, em mosquitos Culex tarsalis, Anopheles albimanus e Aedes sierrensis. Bashtar et al. (1991) conduziram estudos sobre esporogonia de Hepatozoon mehlhorni, de Echis carinatus, em Culex pipiens. Lowichik et al. (1993) estudaram a esporogonia de Hepatozoon mocassini, de Crotalus horridus atricaudata, em Aedes aegypti. Telford et al. (2005a) descreveram Hepatozoon priapus e Hepatozoon confusus, parasitas de Coluber constrictor priapus, baseando-se na morfologia e morfometria das fases esporogônicas e esquizogônicas do parasita. Hussein (2006) encontrou duas formas distintas de gamontes no sangue do lagarto Ptyodactylus hasselquistii, bem como duas formas merogônicas em seus tecidos: uma de dimensões menores, contendo quatro macromerozoítos, em média; e outra, de dimensões maiores, contendo uma média de 11,5 micromerozoítos. Sloboda et al. (2007) descreveram Hepatozoon ayorgbor, parasita de Python regius, e obtiveram sucesso na infecção experimental de mosquitos Culex quinquefasciatus. Os autores também conseguiram completar o ciclo de vida desse parasita, infectando um exemplar juvenil de P. regius através da ingestão dos mosquitos infectados e testar a especificidade de hospedeiro transferindo a nova espécie para Boa constrictor, Lamprophis fuliginosus e para o lagarto Lepidodactylus lugubris. Experimentalmente, mosquitos (Culicidae) têm sido considerados bons vetores na transmissão de Hepatozoon spp. para serpentes (Pessoa et al., 1970a,b,c, 1971a,b, 1974b,c; Pessoa e De Biasi, 1972, 1973a,b, 1974; Bashtar et al.,1991; Wozniak e Telford, 1991; Lowichik et al., 1993; Smith, 1996; Lainson et al., 2003; Sloboda et al., 2007). Entretanto, naturalmente, serpentes não se alimentam de mosquitos e para a maioria das espécies que não se alimenta de anfíbios e répteis, é pouco provável que estes sejam os principais vetores envolvidos na epidemiologia da infecção. Tal fato nos remete aos ácaros (mesostigmatas e ixodídeos), importantes ectoparasitas de serpentes, dada a particularidade de seus hábitos alimentares; parasitando mamíferos, anuros e outros répteis, que representam presas da maioria das espécies de serpentes. Apesar da grande importância dessas espécies no parasitismo de répteis e anuros, são raros os estudos que utilizaram esses vetores para analisar aspectos biológicos e transmissão de patógenos em serpentes. O’Dwyer et al. (2002a) 16 tentaram a infecção experimental de Amblyomma rotundatum por Hepatozoon sp. de C. durissus terrificus, mas não obtiveram sucesso. No Brasil, a esquizogonia e a esporogonia de Hepatozoon spp. de serpentes vem sendo pesquisadas desde meados da década de setenta, desde então, várias espécies de serpentes foram utilizadas para tal propósito. As infecções experimentais de parasitas de serpentes terrestres foram feitas, geralmente, em mosquitos C. fatigans e Culex dolosus, e as de serpentes semi-aquáticas, nas sanguessugas Haementeria lutzi e Haementeria gracilis (Pessoa e Cavalheiro, 1969b,c; Pessoa et al., 1970a,b,c, 1971a,b, 1974b,c; Pessoa e De Biasi, 1972, 1973a,b, 1974). Infectando experimentalmente Hepatozoon terzii, parasita de B. constrictor amarali, em mosquitos A. aegypt e C. quinquefasciatus, O’Dwyer et al. (2002b) também conduziram análises dos gamontes e estágios esporogônicos destes parasitas, embora a tentativa de infecção experimental, utilizando a primeira espécie de mosquito, tenha falhado. Paperna e Lainson (2003) estudaram a ultraestrutura de cistos esporogônicos de Hepatozoon caimani, de Caiman crocodilus, e de H. terzii, de B. constrictor, em mosquitos C. quinquefasciatus. O’Dwyer et al. (2011) também descreveram os estágios gamontogônico e esporogônico de três exemplares de C. durissus terrificus, infectando experimentalmente C. quinquefasciatus e visualizando a evolução do parasita no mosquito. Contudo, a semelhança entre os oocistos e entre os gamontes de diversas espécies de Hepatozoon torna os dados insuficientes para identificação dessas espécies (Pessoa e De Biasi, 1973a,b; Moço et al., 2002, 2011). Vale ressaltar ainda a possibilidade de uma mesma espécie apresentar características morfológicas e morfométricas diferentes em hospedeiros diversos (Ball, 1970). É fato que as análises morfológicas e morfométricas dos estágios de vida do parasita podem auxiliar na caracterização das espécies de Hepatozoon de serpentes, porém, não são suficientes para se diferenciar, com certeza, as espécies existentes (Moço et al., 2002, 2011). Dessa forma, os pesquisadores foram obrigados a lançar mão de métodos moleculares (PCR) para caracterizar geneticamente tais parasitas (Wozniak et al., 1994b; Rubini et al., 2005; Moço et al., 2011). Assim, a pequena subunidade nuclear do DNA ribossomal (rDNA) tem sido extensamente utilizada para inferir as relações filogenéticas de uma diversidade de protozoários (Schlegel, 1991). Os primeiros estudos sobre caracterização molecular de Hepatozoon spp. de serpentes foram conduzidos por Wozniak et al. (1994b). Os autores conseguiram amplificar uma região do rDNA de cinco diferentes isolados de Hepatozoon. A PCR demonstrou padrões específicos de bandas, obtidas 17 de diferentes hospedeiros, demonstrando que estas espécies podem ser molecularmente diferenciadas pelo sequenciamento do locus rDNA. Os oligonucleotídeos utilizados, 18AP853.F e 18AP1488.R, foram desenvolvidos a partir da sequência de rDNA dos genes estruturais 18S de Plasmodium e Babesia. Navajas et al. (1999) consideram as regiões 18S, 5.8S e 28S do rDNA como muito conservadas, evoluindo muito lentamente na sequência e quase nada em comprimento, sendo, assim, inapropriadas para o estudo de polimorfismos em nível intraespecíficos e apontando as regiões com conservadorismo intermediário (ITS 1 e ITS 2) como particularmente úteis para estudos em nível genérico e/ou interespecíficos (Figura 1). Figura 1. Subunidades do DNA ribossomal: 18S – 18S rDNA; 5.8S – 5.8S rDNA; 28S – 28S rDNA; ETS – Espaçador Externo Transcrito; ITS – Espaçador Interno Transcrito Smith et al. (1999) conduziram estudos a fim de inferir as relações filogenéticas de espécies de Hepatozoon de serpentes e rãs de Ontário, Canadá, considerando sequências da região do espaçador interno transcrito 1 (ITS-1), que amplificaram a região ITS-1 utilizando um oligonucleotídeo com o sítio de ligação do final 3’ do gene 18S rDNA e um oligonucleotídeo reverso com sítio de ligação do final 5’ do gene 5.8S rDNA e associaram os resultados a estudos morfológicos e morfométricos. Apesar das considerações feitas por Navajas et al. (1999), muitos autores utilizaram o fragmento 18S rDNA para caracterizar espécies do gênero Hepatozoon e fazer inferências filogenéticas (Baneth et al., 2000; Perkins e Keller, 2001; Inokuma et al., 2002; Rubini et al., 2005). Perkins e Martin (1999) avaliaram que os oligonucleotídeos desenvolvidos por Wozniak et al. (1994b) não são específicos para hemogregarinas e amplificam também os genes SSU rDNA dos hospedeiros vertebrados, quando o DNA é extraído do sangue. Assim, Perkins e Keller (2001) desenvolveram novos oligonucleotídeos para caracterização de Hepatozoon spp. de serpentes: HEMO 1 e outro específico para parasitas do filo Apicomplexa, HEMO 2. 18 Mathew et al. (2000) estudaram a relação filogenética entre algumas espécies de Hepatozoon levando em consideração características moleculares, morfológicas e biológicas. Os autores sequenciaram regiões do gene 18S rDNA de Hepatozoon americanum e Hepatozoon canis, que infectam cães, e Hepatozoon catesbianae, de anfíbios, utilizando os mesmos oligonucleotídeos de Medlin et al. (1988), Wozniak et al. (1994b), e novos outros, dentre eles, 4558 /2733, 4374/ 2733 e 4558/ 4559, desenhados. Entretanto, extraíram o DNA dos oocistos encontrados nos vetores, portanto, com pequena ou nenhuma contaminação de células do hospedeiro. De acordo com os autores, H. americanum, H. canis e H. catesbianae formam um grupo monofilético, sendo que as duas espécies que infectam cães foram consideradas espécies irmãs, com identidade de 96,4%. No Japão, Inokuma et al. (2002) caracterizaram a espécie de Hepatozoon de cães que ocorre naquele país utilizando os oligonucleotídeos HepF e HepR, desenhados para amplificar uma sequência parcial do gene 18S rDNA de Hepatozoon spp., baseados nos dados de alinhamento para H. canis (AF176835), H. americanum (AF176836) e H. catesbianae de anfíbios (AF176837). Os autores relataram que as duas amostras estudadas possuíam sequências idênticas e foram intimamente relacionadas com H. canis de Israel, com 99% de identidade e foram depositados no Genbank sob o número AF418558. Tanto H. americanum quanto H. catesbianae estavam relacionados distantemente com a amostra japonesa, com 94% e 91% de identidade, respectivamente. Os autores concluíram que a amostra de Hepatozoon encontrada no Japão deve ser uma variação da cepa de H. canis. Ujvari et al. (2004) também utilizaram técnicas moleculares para diagnosticar a infecção por Hepatozoon sp. em L. fuscus, lançando mão dos oligonucleotídeos HepF300 e Hep900, encontrando uma alta taxa de infecção. Contudo, os autores não nomearam a espécie de Hepatozoon, pois observaram a mesma sequência de nucleotídeos em outras quatro espécies de répteis e por não possuírem outros dados biológicos do protozoário. Os autores sugeriram que uma mesma espécie de Hepatozoon tem capacidade de infectar hospedeiros de diferentes famílias. Telford et al. (2004) compararam isolados de DNA de hemogregarinas, morfologicamente semelhantes, de quatro espécies de serpentes do nordeste da Flórida, isolados de Hepatozoon sauritus, parasita de Thamnophis sauritus sackenii, da região sudeste da Flórida e isolados de Hepatozoon sirtalis, estes morfologicamente distintos, também do Nordeste da Flórida. Para tal, utilizaram os oligonucleotídeos HEMO1 e HEMO2, desenhados por Perkins e Keller (2001). O alinhamento da sequência de nucleotídeos de 530 pares de bases (pb) do gene 18S rDNA revelou dois haplótipos de hemogregarinas. Estes dados indicam a existência de dois grupos, um deles, 19 incluindo H. sauritus e as quatro amostras do nordeste da Flórida e outro, composto das amostras de H. sirtalis. Uma nova espécie, Hepatozoon polytopis, encontrada parasitando C. constrictor priapus e T. sauritus sackenii, foi descrita por Telford et. al. (2005b), que utilizaram os oligonucleotídeos HEMO1 e HEMO2 (Perkins e Keller, 2001), associados a dados morfológicos e morfométricos das fases esporogônicas e esquizogônicas do parasita. Rubini et al. (2005) realizaram a primeira caracterização molecular de Hepatozoon sp. de serpentes, no caso, Hydrodynastes gigas, na América Latina, utilizando os oligonucleotídeos HepF e HepR (Inokuma et al., 2002). A PCR foi eficiente em detectar Hepatozoon sp. do sangue de H. gigas com amplificação de produto de 625 pb. O sequenciamento indicou a possibilidade de se tratar de uma única espécie de Hepatozoon com 98,9% de identidade com o isolado 1 (AY252110) de Stegonotus cuculattus (Colubridae) da Austrália e 96,0% de identidade com H. catesbianae (AF176837) de anfíbios. Boulianne et al. (2007) inferiram as relações filogenéticas de H. catesbianae e Hepatozoon clamatae parasitas de rãs na Nova Scotia, Canadá, utilizando oligonucleotídeos que sequenciam a região ITS-1, desenhados à partir de sequências já conhecidas (Smith et al., 1999). Moço et al. (2011) conduziram estudos com Hepatozoon spp. de C. durissus terrificus utilizando os oligonucleotídeos HepF/HepR (Inokuma et al., 2002) e PiroA1/PiroB (Jefferies et al., 2003) que amplificaram, respectivamente, 650 e 500 pb da região 18S rDNA e, apesar do sucesso dos mesmos em detectar tais parasitas, a caracterização molecular utilizando o fragmento amplificado mostrou-se incapaz de diferenciar espécies de Hepatozoon de serpentes. Harris et al. (2011) caracterizaram molecularmente espécies de Hepatozoon em répteis da Ilhas Seychelles, sequenciando regiões do gene 18S rDNA, utilizando os oligonucleotídeos HEMO1 e HEMO2 (Perkins e Keller, 2001), bem como HepF300 e Hep900 (Ujvari et al., 2004). A análise filogenética indicou que as espécies de Hepatozoon de Seychelles formam uma linhagem monofilética. Maia et al. (2011) realizaram um inquérito molecular sobre espécies de Hepatozoon de lagartos do Norte da África, sequenciando regiões do 18S rDNA, utilizando os mesmos pares de oligonucleotídeos utilizados por Harris et al. (2011) e encontraram múltiplas linhagens geneticamente distintas. 20 Considerações Finais Tendo em vista toda a problemática com relação à taxonomia desses parasitas e a sua relação biológica com os vetores, são imprescindíveis estudos morfológicos e morfométricos das diferentes fases do seu ciclo de vida, tanto no vetor invertebrado como no hospedeiro intermediário, estudos sobre capacidade vetorial de diferentes espécies e utilização de técnicas moleculares para a caracterização de Hepatozoon spp. Esses resultados, associados, podem contribuir sobremaneira para uma caracterização mais apurada das diferentes espécies, inferir sobre a relação parasita- hospedeiro e sobre a epidemiologia da infecção por Hepatozoon spp. de serpentes, procurando suprir a falta considerável de informações nessa área. A variedade de tipos de gamontes de Hepatozoon spp. que pode parasitar uma mesma espécie de serpente, a escassez de estudos sobre descrições completas destas espécies, sobre o papel dos vetores na sua epidemiologia, bem como a importância da infecção na ecologia e na manutenção de serpentes em cativeiro (Wosniak e Telford, 1991; Mader, 1996; Madsen et al, 2005), justificam estudos e caracterização destes protozoários. 21 Referências1 ARANTES, J.B. Estudos parasitológicos. II. Haemogregarina butantanensis, sp.n., parasita da boipeva, Ophis merremii Wagler, 1824. Mem. Inst. Butantan, v. 6, p. 239-241, 1931. ARANTES, J.B. Haemogregarina cyclagrasi n.sp. parasita da serpente Cyclagras gigas (Duméril e Bribon, 1854). Rev. Biol. Hyg., S. Paulo, v.5, p. 9, 1934. BALL, H.G. Hemogregarine life cycles. J. Parasitol., v. 56, p. 17, 1970. BALL, H.G.; CHAO, J.; TELFORD, S.R. 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CCapítulo 1: Caracterização morfológica, morfométrica e molecular de Hepatozoon spp. (Apicomplexa , Hepatozoidae) de serpentes bbrasileiras naturalmente infectadas 30 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, MORFOMÉTRICA E MOLECULAR DE Hepatozoon spp. (APICOMPLEXA, HEPATOZOIDAE) DE SERPENTES BRASILEIRAS NATURALMENTE INFECTADAS Tatiana Cristina Moço1, Karina dos Santos Paduan2 , Reinaldo José da Silva3, Paulo Eduardo Martins Ribolla3, Lucia Helena O’Dwyer 3. 1Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Biologia Geral e Aplicada, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Distrito de Rubião Jr.,CEP: 18.618-970, Botucatu, São Paulo, Brasil. Email: tati13moco@hotmail.com 2 Pós-doc do Programa de Pós Graduação em Genética, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Distrito de Rubião Jr., CEP: 18.618-970, Botucatu, São Paulo, Brasil. 3Departamento de Parasitologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Distrito de Rubião Jr., CEP: 18.618-970, Botucatu, São Paulo, Brasil. 31 Resumo Hepatozoon spp. são os protozoários intracelulares mais frequentemente encontrados em serpentes. Tendo em vista a variedade de formas parasitando tais animais e as divergências dos dados encontrados em literatura, o objetivo deste estudo foi tentar separar espécies de Hepatozoon de serpentes, testando oligonucleotídeos que amplifiquem regiões genômicas menos conservadas, detectando diferenças entre as espécies, bem como realizar as caracterizações morfológicas, morfométricas e moleculares de Hepatozoon spp. de serpentes naturalmente infectadas. Para tal, foram utilizadas serpentes doadas ao Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (CEVAP) da Universidade Estadual Paulista de Botucatu que, em exames de rotina, mostraram-se positivos para tais parasitas. O sangue foi coletado por punção da veia caudal, foram confeccionados esfregaços sanguíneos e uma alíquota foi congelada a -20°C, para posterior extração do DNA. As caracterizações morfológicas e morfométricas foram realizadas utilizando um software especializado para análise de imagens. Dos 215 espécimes investigados, foram eleitos cinco exemplares de Crotalus durissus terrificus, nos quais foi visualizado um tipo de gamonte em cada espécime. Pela análise morfológica e morfométrica, estes gamontes foram agrupados em três populações. As alterações provocadas por tais parasitas, nas hemácias, também foram analisadas. Para a caracterização molecular das espécies de Hepatozoon através de sequenciamento genético, foram testados sete pares de oligonucleotídeos que amplificam regiões distintas do gene rDNA utilizando-se a técnica da PCR. Os testes realizados apontaram os pares de oligonucleotídeos HepF300/Hep900 e HEMO1/HEMO2 como eficientes em amplificar e caracterizar regiões genômicas Hepatozoon spp. de serpentes. O melhor resultado foi obtido quando as sequências geradas por ambos pares de oligonucleotídeos foram agrupadas e associadas às análises morfológicas e morfométricas, permitindo separar possíveis três espécies de Hepatozoon parasitas nas serpentes estudadas. Palavras-chave: Caracterização molecular; Hepatozoon, Morfologia; Morfometria; Serpentes brasileiras 32 Abstract Hepatozoon spp. are the most frequent intracellular protozoa found in snakes. Given the variety of forms parasitizing these animals and differences of the data found in literature, the aim of this study was to attempt to separate Hepatozoon species of snakes, testing oligonucleotides that amplify less reliable genomic regions, detecting differences among species, as well as perform the morphological, morphometric and molecular characterization of Hepatozoon spp. of naturally infected snakes. For this purpose, were used snakes donated to Center for the Study of Venoms and Venomous Animals of the São Paulo State University/Botucatu (CEVAP) that, in routine were detected positive for such parasites. Blood was collected by the tail vein puncturing, blood smears were prepared and an aliquot was frozen at -20° C for subsequent DNA extraction. The morphological and morphometric characterization were performed by using a specialized image analysis software. Of the 215 investigated animals, five specimens of Crotalus durissus terrificus were elected, in which were found five parasitic forms that, by morphometric analysis, were grouped into three populations. The changes caused by these parasites in red blood cells were also analyzed. For the molecular characterization of Hepatozoon species through genetic sequencing, were tested seven pairs of primers that amplify different regions of the rDNA gene using the PCR technique. Only the primers HepF300/Hep900 and HEMO1/HEMO2 were efficient in amplifying and characterizing genomic regions of snakes Hepatozoon spp.. The best results were achieved when the sequences amplified from the both primers were analyzed together and the results were associated with the morphology and morphometry of the gamonts, allowing the separation of possible three Hepatozoon species. Keywords: Molecular Characterization; Hepatozoon; Morphological; Morphometric; Brazilian snakes 33 Introdução Hepatozoon spp. são os mais frequentes protozoários hemoparasitas de serpentes (Smith, 1996). Possuem ciclo heteroxeno (Wosniak et al., 1994a), típico dos coccídeos, com a esquizogonia tissular e gametogonia ocorrendo no hospedeiro vertebrado e o ciclo sexual e a esporogonia, no hospedeiro invertebrado. As serpentes brasileiras são parasitadas por, aparentemente, uma grande variedade de gamontes de Hepatozoon spp., principalmente ao se tratar de parasitas de Crotalus durissus terrificus, pois além das espécies já descritas; Hepatozoon romani e Hepatozoon capsulata (Phisalix, 1931), foram diagnosticados vários gamontes que diferiam destes, sugerindo que o número de espécies desse gênero infectando esta espécie de serpente deve ser maior do que o descrito (Moço et al., 2002, 2011; O’Dwyer et al., 2004a,b, 2011). O critério taxonômico para identificação de Hepatozoon spp. tem se baseado, principalmente, na caracterização morfológica e morfométrica dos gamontes, no sangue periférico dos hospedeiros vertebrados, e dos estágios esporogônicos, nos hospedeiros invertebrados. Contudo, a semelhança entre os oocistos e entre os gamontes de diversas espécies de Hepatozoon torna difícil a identificação baseada somente nessas características (Pessoa e De Biasi, 1973ab; Moço et al., 2002; O’Dwyer et al., 2004a, 2011). Daí a necessidade de lançarmos mão de caracterização molecular dos parasitas pelo sequenciamento genético através da técnica de Reação de Polimerização em Cadeia - PCR (Wozniak et al., 1994b; Telford et al., 2004; Moço et al., 2011). Tendo em vista toda a problemática com relação à taxonomia desses parasitas, o objetivo principal deste estudo foi tentar separar espécies de Hepatozoon de serpentes testando oligonucleotídeos que amplifiquem regiões genômicas menos conservadas e/ou mais polimórficas, que sejam capazes de apontar diferenças entre espécies, caracterizando morfológica, morfométrica e geneticamente algumas dessas espécies, tentando, se possível, nomeá-las a partir da associação de tais análises, na tentativa de elucidar as questões taxonômicas e epidemiológicas desse subestimado grupo. 34 Material e Métodos 1 - Serpentes O estudo foi realizado com serpentes provenientes da região de Botucatu, São Paulo, Brasil, que foram doadas ao CEVAP- Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos – UNESP/Campus de Botucatu/SP/Brasil e que, em exames de rotina, mostraram-se infectadas com Hepatozoon spp. De 215 exemplares, foram escolhidos cinco espécimes de C. durissus terrificus que, aparentemente, apresentavam maior parasitemia dentre as analisadas. Todos os animais foram alojados em caixas individuais de polipropileno de dimensões 0,60 m X 0,55 m X 0,50 m, devidamente ventiladas, com água ad libitum em potes de alumínio e alimentação quinzenal com camundongos (Mus musculus) provenientes do Biotério do Departamento de Parasitologia - UNESP, Botucatu. 2 - Coleta de sangue O sangue das serpentes foi obtido através de punção da veia caudal, após contenção mecânica do animal (Moço et al., 2011). Foram coletados, aproximadamente, 0,4 ml de sangue com seringa de insulina e, imediatamente após a coleta, confeccionados esfregaços sanguíneos em lâminas previamente limpas. As lâminas foram secas à temperatura ambiente, fixadas com metanol durante 3 minutos e coradas com solução de May-Gruenwald-Giemsa (10 %) por 30 minutos. O diagnóstico foi feito através do exame das lâminas em microscópio óptico com aumento de 400 x (Moço et al., 2011). O sangue restante foi congelado a -20 ºC para realização dos estudos de caracterização molecular pela técnica da PCR. 3 - Morfologia e morfometria dos gamontes Os gamontes, encontrados no sangue periférico das serpentes, foram analisados morfologicamente, tendo por base o formato do corpo, presença de cápsula e de pigmentos citoplasmáticos, formato e posição de seu núcleo. A morfometria foi realizada utilizando-se um sistema computadorizado de análise de imagens, capturadas através de um sistema de vídeo acoplado a um computador e medidas pelo software Qwin Lite 2.5 (Leica). 35 As variáveis estipuladas para análise dos parasitas foram área, comprimento e largura, tanto dos gamontes como de seus núcleos. Foram fotografadas e analisadas 100 imagens das formas parasitárias encontradas em cada espécime de C. durissus terrificus (Moço et al., 2011). 4 - Análise das alterações nas hemácias Para avaliar possíveis alterações morfológicas nas hemácias, induzidas pela presença do parasita, foram fotografadas e medidas, de modo semelhante ao estudo dos gamontes, 100 hemácias normais e 100 hemácias parasitadas de cada exemplar de serpente escolhida, cujas variáveis estipuladas para sua análise também foram área, comprimento e largura da hemácia, bem como área, comprimento e largura do núcleo da hemácia (Moço et al., 2011). 5 - Caracterização Molecular 5.1 - Extração do DNA O DNA total foi extraído empregando-se o “Kit IlustraTM blood genomicPrep Mini Spin” (GE Healthcare®), misturando-se 10 µl do sangue total à 2 µl de Proteinase K e 500 µl de solução de lise, deixando a mistura à 56 ºC, por 4 horas, seguidos de 15 min à 70 ºC. O conteúdo foi passado para a coluna de centrifugação e centrifugado a 8000 rotações por minuto (rpm) por um minuto, adicionados 500 µl de solução de lise, centrifugado a 8000 rpm por mais um minuto, adicionados 500 µl de álcool, centrifugado a 13000 rpm por três minutos, adicionados 50 µl de tampão de eluição (aquecidos à 70 ºC) e, finalmente, centifugado a 8000 rpm por um minuto. A quantidade de sangue total utilizada foi reduzida para 10 µl, devido ao entupimento dos filtros (Moço et al., 2011). Após extração, as amostras foram acondicionadas em freezer -20°C até o momento do uso. 5.2 - Oligonucleotídeos testados nas reações da PCR Devido às dificuldades na padronização das reações da PCR, foram testados sete pares de oligonucleotídeos, sendo que, um amplifica a região ITS-1 rDNA, outro, as regiões ITS-1, 5.8S e ITS-2 rDNA e cinco, que amplificam regiões do gene 18S rDNA (Tabela 1). 36 Tabela 1. Sequências de oligonucleotídeos testados pela técnica da PCR. Oligonucleotídeos Sequências Referência 18S/5.8S 5’-CGTAGGTGAACCTGCAGAAGG-3’/ 5’-GCTGCGTTCTTCATCGATGC-3’ Smith et al., 1999 ITS5/ITS4 5’-GGAAGTAAAAGTCGTAACAAGG-3’/ 5’-TCCTCCGCTTATTGATATGC-3’ White et al., 1990 HepF300/Hep900 5’-GTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACG-3’/ 5’-CAAATCTAAGAATTTCACCTCTGAC-3’ Ujvari et al., 2004 HEMO1/HEMO2 5'-TATTGGTTTTAAGAACTAATTTTATGATTG-3'/ 5'-CTTCTCCTTCCTTTAAGTGATAAGGTTCAC-3' Perkins e Keller, 2001 4558/2733 (G) 5’-GCTAATACATGAGCAAAATCTCAA-3’/ 5’-CGGAATTAACCAGACAAAT-3’ Mathew et al., 2000 4374/2733 (M) 5’-ATCTAAGGAAGGCAGC-3’/ 5’-CGGAATTAACCAGACAAAT-3’ Mathew et al., 2000 4558/4559 (P) 5’-GCTAATACATGAGCAAAATCTCAA-3’/ 5’-TCACTACCTCTCTTATGCTG-3’ Mathew et al., 2000 5.3 - Condições de Amplificação As reações de amplificação foram testadas, primeiramente, de acordo com as metodologias propostas em literatura, para todos os conjuntos de oligonucleotídeos, em termociclador “My CyclerTM thermal cycler” (BioRad®), posteriormente, foram testadas outras concentrações e perfis de ciclos, na tentativa de padronização das reações da PCR. Foram realizados testes em volume final de 25 μl com 1 x Tampão (500 mM KCl, 100 mM Tris- HCL pH 9.0), 1,5 mM MgCl2, 10 mM dNTPs, 10 ρmol de cada oligonucleotídeo (forward e reverse), 1 U de “Platinum� Taq DNA Polymerase” (Invitrogen�), 1 μl do DNA total e H2O q.s.p.. Cada reação foi checada para contaminação pelo uso de controles negativos utilizando todos os reagentes exceto o DNA. Os ciclos de amplificação utilizados, para cada par de oligonucleotídeos, constam da Tabela 2 e 37 a Temperatura de melting (Tm) ótima para o anelamento de cada um deles foi determinada por gradiente de temperatura em termociclador “My CyclerTM thermal cycler” (BioRad®). Os produtos foram mantidos a 4°C até a realização da eletroforese. Para os pares do oligonucleotídeos que amplificam a região ITS1 rDNA (18S/5.8S e ITS5/ITS4), também foram testadas reações com volume final de 20 µl, utilizando-se “GoTaq® Colorless Master Mix” (Promega®). Tabela 2. Perfil de ciclo para cada par de oligonucleotídeo testado pela técnica da PCR. Oligonucleotídeos Ciclo Inicial (Hot Start) Anelamento e Extensão Extensão Final Nº ciclos 18S/5.8S 94 ºC/ 7 min 35 94 ºC/60 s, 57 ºC/60 s e 72 ºC/60 s 72 ºC/5 min ITS5/ITS4 94 ºC/5 min 34 94 ºC/45 s, 60 ºC/30 s e 72 ºC/60 s 72 ºC/5 min HepF300/Hep900 94 ºC/3 min 35 94 ºC/45 s, 56 ºC/60 s e 72 ºC/60 s 72 ºC/7 min HEMO1/HEMO2 94 ºC/3 min 35 94 ºC/45 s, 60 ºC/60 s e 72 ºC/60 s 72 ºC/7 min 4558/2733 (G) 94 ºC/3 min 40 94 ºC/60 s, 56 ºC/ 60 s e 72ºC/90 s 72 ºC/ 7 min 4374/2733 (M) 94 ºC/3 min 35 94 ºC/60 s, 56 ºC/ 60 s e 72ºC/90 s 72 ºC/ 7 min 4558/4559 (P) 94 ºC/3 min 40 94 ºC/60 s, 56 ºC/ 60 s e 72ºC/90 s 72 ºC/ 7 min 38 As amostras foram testadas para a presença de produtos amplificados utilizando-se 8 μl de cada produto misturados a 2 μl de tampão de amostra em gel de agarose 1% (Pronadisa�). Para a eletroforese foi utilizado tampão TAE (Tris – Ácido acético – EDTA) em cuba horizontal “Hoefer HE 33” (GE Healthcare�). Fragmentos foram visualizados por coloração com “GelRed™” (Biotium�) e separados por 1 hora a 85 volts sendo visualizados em Fotodocumentador “Major Science UVDI�” e fotografados com câmara digital “Canon Power Shot G9TM” (Canon�). Os fragmentos amplificados foram comparados com um marcador de tamanho molecular de 1000 pares de base (“GeneRulerTM 1kb DNA Ladder”, Fermentas®). Foram consideradas positivas as amostras que apresentaram produtos de amplificação aproximados dos descritos na literatura (Tabela 3). O restante dos produtos de PCR foi utilizado para o sequenciamento genético. Tabela 3. Tamanhos dos fragmentos a serem amplificados por cada par de oligonucleotídeo Oligonucleotídeos Tamanho do fragmento 18S/5.8S 300 pb ITS5/ITS4 Desconhecido HepF300/Hep900 600 pb HEMO1/HEMO2 1000 pb 4558/2733 (G) 1200 pb 4374/2733 (M) 900 pb 4558/4559 (P) 300 pb 39 5.4 - Purificação dos Produtos de PCR Os fragmentos de PCR das amostras foram purificados por reação enzimática adicionando-se 2 �l da enzima “ExoSAP IT” (GE Healthcare®) a 5 �l do produto de PCR de acordo com as recomendações do fabricante, passando por um ciclo de 60 minutos à 37ºC seguido de outro de 20 minutos à 80ºC e, a seguir, submetidos ao sequenciamento. 5.5 - Sequenciamento As sequências de DNA foram determinadas em sequenciador capilar “3500 Genetic Analyzer” (Applied Biosystems) utilizando-se 1,9 µl de 5 x “Save Money” (400 mM Tris-HCl pH 9,0, 10 mM MgCl2), 0,5 µl “BigDye Terminator Cycle Sequencing Ready Reaction Kit v.3.1” (Applied Biosystems, Foster City, CA), 0,5 ρmol do oligonucleotídeo forward, 4 ng/μl do produto de PCR purificado e H2O q.s.p. para completar o volume final de 10 μl. As reações foram realizadas em termociclador “Eppendorf MasterCycler Gradient” (Eppendorf, Hamburgo, Alemanha) com os ciclos de temperatura programados para: 25 ciclos de 95°C por 10 s, 50°C por 5 s, 60°C por 4 min, com rampa de 1°C/s, como recomendado pelo fabricante. Após a amplificação as amostras foram mantidas a 4°C até a precipitação. Para cada amostra foi realizada uma única reação com o oligonucleotídeo forward. 5.6 - Precipitação das reações de Sequenciamento Para cada reação de sequenciamento foram adicionados 80 �l de isopropanol 65%, incubando à temperatura ambiente por 20 minutos. Em seguida, as amostras foram centrifugadas à velocidade de 10.000 rpm por 25 minutos, à temperatura ambiente. O isopropanol foi removido invertendo os tubos e, a seguir, 200 �l de etanol 70% foram adicionados e centrifugados à velocidade de 10.000 rpm por cinco minutos à temperatura ambiente. Todo o etanol foi removido com auxílio de micropipeta, pois qualquer etanol residual resultaria em manchas fluorescentes. As amostras foram secas à temperatura ambiente e o DNA eluído em 2 �l de tampão de amostra contendo “Formamida Hi-Di�” (Applied Biosystems) + Loading Buffer (25 mM EDTA pH 8,0 contendo 50 mg/ml Blue Dextran) (5:1). No momento da aplicação em sequenciador automático as amostras foram aquecidas a 95°C por cinco minutos e rapidamente transferidas para o gelo. 40 5.7 - Análise dos Dados - Alinhamento das Sequências Os eletroferogramas das sequências forward e reverse, gerados automaticamente, foram submetidas ao alinhamento consenso com auxílio do programa MERGER (http://bioweb.pasteur.fr/seqanal/alignment/intro-uk.html). Após esta etapa foram construídos blocos de nota e estes, analisados com o programa CLUSTAL X versão 1.8 (Thompson et al., 1994). As sequências foram comparadas com outras disponíveis no GenBank e identificadas utilizando-se o BLASTn (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST). Posteriormente, as sequências foram utilizadas para construção das árvores filogenéticas utilizando-se o programa MEGA versão 2.1 (Kumar et al., 2001). Taxas de divergência foram conduzidas, utilizando-se os métodos de máxima parsimônia (MP) e distância (NJ) na reconstrução filogenética do fragmento estudado. Para se estimar o índice de consistência das análises de distância foram utilizadas árvores com teste de bootstrap sobre 1000 réplicas (Felseinstein, 1985). As espécies utilizadas para análise filogenética e seus respectivos números de acesso do GenBank estão descritos na Tabela 7, dos resultados. 6 - Análise Estatística Todos os dados registrados foram analisados utilizando-se o software “SigmaStat 3.1” (Jandel Scientific Corporation). As variáveis registradas para os gamontes, em cada espécime de serpente, foram analisadas separadamente empregando-se teste de Análise de Variância ou Kruskal-Wallis, de acordo com a distribuição dos dados. Os testes de Dunn ou Tukey foram utilizados para detectar as diferenças entre os grupos. Estas mesmas variáveis também foram analisadas conjuntamente, empregando-se o teste de Análise de Componentes Principais (PCA), realizado pelo software “MVSP 3.1” (MultiVariate Statistical Package). A comparação entre hemácias normais e parasitadas foi realizada empregando-se Teste t ou Mann Whitney, de acordo com a distribuição dos dados. Estas mesmas variáveis também foram estudadas conjuntamente, empregando-se o mesmo teste de análise multivariada (PCA), realizado pelo software “MVSP 3.1”. O nível de significância adotado foi de 5 %. 41 Resultados 1 - Caracterização morfológica dos gamontes Das 215 espécimes investigadas, apenas 14 (6,5%) se mostraram positivas para Hepatozoon spp. nos exames de rotina, destes, foram escolhidos cinco exemplares de C. durissus terrificus (nomeados: Cdt136, Cdt137, Cdt157, Cdt176 e Cdt177), por, aparentemente, apresentarem, maior parasitemia dentre os pesquisados. Em tais eleitos, foram visualizadas uma forma parasitária em cada um deles; nomeadas Gamontes 1 (Cdt136), Gamontes 2 (Cdt137), Gamontes 3 (Cdt157), Gamontes 4 (Cdt176) e Gamontes 5 (Cdt177). Destes, três eram bastante semelhantes entre si (1, 4 e 5), com exceção de seus núcleos (Tabela 4 e Figura 1). 42 Figura 1. Gamontes de Hepatozoon sp., parasitando eritrócitos de cinco exemplares Crotalus durissus terrificus. A: Gamonte 1; B: Gamonte 2; C: Gamonte 3; D: Gamonte 4; E: Gamonte 5. Esfregaço sanguíneo corado por May-Gruenwald-Giemsa. 43 Tabela 4. Morfologia dos gamontes de Hepatozoon spp. de Crotalus durissus terrificus (Cdt) naturalmente infectadas e alterações induzidas nas hemácias parasitadas. 2 – Análise morfométrica das alterações provocadas pelo parasita no eritrócito Gamonte 1: Esse parasita alterou todos os parâmetros das hemácias infectadas, com exceção de sua largura (Tabela 5). Tais alterações separaram discretamente grupo normal de parasitado, quando submetidos à análise multivariada dos principais componentes de comparação entre tais grupos, apesar das muitas sobreposições entre seus elementos (Figura 2). 1 (Cdt136) 2 (Cdt137) 3 (Cdt157) 4 (Cdt176) 5 (Cdt177) Localização Junto ao núcleo da hemácia Junto ao núcleo da hemácia Junto ao núcleo da hemácia Junto ao núcleo da hemácia Junto ao núcleo da hemácia Formato Grande, alongado e largo, com extremidades abauladas Grande, alongado com uma das extremidades mais afilada Alongado, com uma das extremidades mais afilada Grande, alongado e largo, com extremidades abauladas Grande, alongado e largo, com extremidades abauladas Citoplasma Uniforme Uniforme Basofílico e granuloso Uniforme Uniforme Núcleo Compacto, mais circular, ligeiramente deslocado para uma das extremidades Alongado e ligeiramente deslocado para uma das extremidades Alongado, central ou deslocado para uma das extremidades Grande, compacto, alongado e ligeiramente deslocado para uma das extremidades Compacto, ovalado e ligeiramente deslocado para uma das extremidades Alteração no eritrócito Sim Sim Sim Sim Sim 44 Figura 2. Análise Multivariada dos principais componentes de comparação (PCA) entre as hemácias normais e parasitadas pelo Gamonte 1, do exemplar de Crotalus durissus terrificus Cdt136. Gamonte 2: Tal parasita alterou todos os parâmetros das hemácias em que se albergou (Tabela 5) e essas alterações foram responsáveis por separar discretamente o grupo normal do parasitado, de acordo com a análise multivariada dos componentes de comparação entre tais grupos (Figura 3). 45 Figura 3. Análise Multivariada dos principais componentes de comparação (PCA) entre as hemácias normais e parasitadas pelo Gamonte 2, do exemplar de Crotalus durissus terrificus Cdt137. Gamonte 3: Esse gamonte também alterou todos os parâmetros das hemácias parasitadas (Tabela 5), tais alterações também permitiram separar o grupo normal do parasitado quando submetidos à análise multivariada dos principais componentes de comparação entre tais grupos (Figura 4). 46 Figura 4. Análise Multivariada dos principais componentes de comparação (PCA) entre as hemácias normais e parasitadas pelo Gamonte 3, do exemplar de Crotalus durissus terrificus Cdt157. Gamonte 4: Tal parasita também alterou todos os parâmetros das hemácias parasitadas com exceção do comprimento do seu núcleo (Tabela 5) e tais alterações, tal como o ocorrido para os demais gamontes, também permitiram a separação entre o grupo normal e o parasitado, quando submetidos à análise multivariada dos componentes de comparação entre eles (Figura 5). 47 Figura 5. Análise Multivariada dos principais componentes de comparação (PCA) entre as hemácias normais e parasitadas pelo Gamonte 4, do exemplar de Crotalus durissus terrificus Cdt176. Gamonte 5: Esse parasita alterou todos os parâmetros das hemácias infectadas, com exceção da área do núcleo das mesmas (Tabela 5). Tais alterações também foram suficientes para separar, mais discretamente do que os gamontes 2, 3 e 4, o grupo normal de parasitado, quando submetidos à análise multivariada dos principais componentes de comparação entre tais grupos, apesar das sobreposições entre seus elementos (Figura 6). 48 Figura 6. Análise Multivariada dos principais componentes de comparação (PCA) entre as hemácias normais e parasitadas pelo Gamonte 5, do exemplar de Crotalus durissus terrificus Cdt177. Assim, todos os gamontes encontrados alteraram as hemácias parasitadas em pelo menos cinco das seis variáveis analisadas. Sendo que duas (Gamontes 2 e 3), das cinco formas, alteraram todas as variáveis (Tabela 5). Fato corroborado pela análise multivariada dos componentes de comparação entre hemácias parasitadas e não parasitadas, que apontou, embora em diferentes níveis, a separação entre esses grupos em todos os casos (Tabela 4). 49 Tabela 5. Análise comparativa entre eritrócitos normais e parasitados dos exemplares de Crotalus durissus terrificus. Letras iguais = p > 0,05; letras distintas= p < 0,05. AP = área do parasita, CP = comprimento do parasita, LP = largura do parasita, ANP = área do núcleo do parasita, CNP = comprimento do núcleo do parasita, LNP = largura do núcleo do parasita, N = hemácias normais, PA = hemácias parasitadas, Cdt = Crotalus durissus terrificus.Teste não paramétrico, dados correspondem às medianas e suas respectivas amplitudes semi –interquartílicas. Hemácias CNH (µm) LNH (µm) ANH (µm2) CH (µm) LH (µm) AH (µm2) 1 (C dt 1 36 ) N 7,0 (0,5)ª 4.0 (0,3) a 22.0 (2,2) a 22,2 (1,2) a 11,0 (0,7)a 181,6 (14,4)a PA 8,6 (0,5)b 3,7 (0,3) b 23,6 (2,1) b 24,1 (1,1) b 10,7 (1,0)a 195,2 (16,8)b 2 (C dt 1 37 ) N 6,9 (0,5)a 4,0 (0,3)a 22,2 (1,6)a 21,6 (0,9)a 10,6 (2,0)a 172,2 (10,2)a PA 7,2 (0,40)b 3,7 (0,3)b 21,0 (1,6)b 25,0 (1,0)b 9,7 (0,8)b 185,4 (11,2)b 3 (C dt 1 57 ) N 6,4 (0,5)a 4,2 (0,2)a 23,1 (2,3)a 19,8 (1.0)a 10,7 (0,5)a 159,1 (9,9)a PA 7,5 (0,4)b 3,5 (0,3)b 20,5 (1,6)b 22,0 (1,2)b 9,4 (0,6)b 169,4 (13,2)b 4 (C dt 1 76 ) N 6,8 (0,5)a 4,3 (0,3)a 24,4 (2,7)a 21,0 (1,0)a 11,1 (0,5)a 176,5 (12,9)a PA 6,8 (0,5)a 3,7 (0,3)b 20,7 (1,8)b 21,9 (0,8)b 11,6 (0,5)b 195,2 (15,0)b 5 (C dt 1 77 ) N 6,5 (0,5)a 4,0 (0,4)a 23,0 (2,4)a 20,6 (0.9)a 10,2 (0,6)a 162,0 (11,1)a PA 8,3 (0,4)b 3,5 (0,3)b 23,3 (2,2)a 24,2 (1,5)b 9,9 (0,8)b 184,1 (14,6)b 50 3 - Caracterização morfométrica dos gamontes Analisando-se separadamente cada uma das variáveis estudadas para os parasitas, notamos que os Gamontes 1, 4 e 5, embora sejam morfologicamente semelhantes, possuem algumas variáveis distintas entre si, tanto relacionadas ao parasita, como ao seu núcleo. Assim, tais gamontes têm comprimentos distintos, sendo o Gamonte 1 maior que o Gamonte 4, e este, maior que o Gamonte 5. Já em relação às suas áreas, o Gamonte 5 é ligeiramente menor do que os demais (1 e 4). O Gamonte 1 ainda possui maior largura do núcleo, quando comparado aos gamontes morfologicamente semelhantes. O Gamonte 4 possui maior comprimento do núcleo e área do núcleo se comparado aos demais (1 e 4). Por outro lado, nos Gamontes 2 e 3, morfologicamente distintos, quatro das seis variáveis analisadas não apresentaram diferença estatística entre si (Tabela 6), ou seja, diferiram apenas em relação à área do núcleo e largura do núcleo. Tabela 6. Análise comparativa entre os gamontes de Hepatozoon spp. observados em cinco espécimes de Crotalus durissus terrificus naturalmente infectados. Letras iguais = p > 0,05; letras distintas= p < 0,05. AP = área do parasita, CP = comprimento do parasita, LP = largura do parasita, ANP = área do núcleo do parasita, CNP = comprimento do núcleo do parasita, LNP = largura do núcleo do parasita, Cdt = Crotalus durissus terrificus. Teste não paramétrico, dados correspondentes às medianas e suas respectivas amplitudes semi-interquartílicas. Parasitas CNP (µm) LNP (µm) ANP (µm2) CP (µm) LP (µm) AP (µm2) 1(Cdt136) 4,6 (0,3)a 3,1 (0,3)a 10,7 (1,2)a 18,1 (0,8)a 3,6 (0,4)a 55,8 (3,4)a 2(Cdt137) 4,7 (0,4)a 2,7 (0,3)b 10,0 (0,9)a 17,1 (0,7)b 3,1 (0,3)b 40,1 (3,5)b 3(Cdt157) 4,7 (0,3)a 2,3 (0,2)c 9,1 (0,8)b 17,4 (0,7)b 3,0 (0,3)b 38,9 (3,7)b 4(Cdt176) 5,8 (0,5)b 2,9 (0,3)b 13,5 (1,3)c 17,3 (0,7)b 3,6 (0,3)a 52,7 (4,6)a 5(Cdt177) 4,8 (0,5)a 2,7 (0,3)b 10,8 (1,1)a 15,7 (0,5)c 3,5 (0,4)a 46,2 (4,2)c 51 O resultado da análise multivariada dos componentes de comparação entre os gamontes sugeriu a existência de três populações de parasitas, apesar das muitas sobreposições entre seus elementos (Figura 7). Figura 7. Análise Multivariada dos principais componentes (PCA) dos gamontes de Hepatozoon spp. dos cinco exemplares de Crotalus durissus terrificus (Cdt). 52 2 – Testes dos oligonucleotídeos e caracterização molecular - Oligonucleotídeos 18S/ 5.8S Inúmeros testes de concentrações de reagentes e gradientes de temperatura de anelamento foram realizados na tentativa de padronizar a reação de PCR, utilizando-se os oligonucleotídeos 18S e 5.8S, a fim de conseguir produtos de amplificação com o tamanho esperado (Tabela 3), mas as tentativas foram falhas. Todas as 15 amostras em que obtivemos regiões amplificadas e sequenciáveis (Figura 8), utilizando-se o perfil de ciclo descrito na Tabela 3, com reagentes nas concentrações de: 10 µl “Go Taq® Colorless Master Mix”, 0,75 µl de oligonucleotídeos (R/F) e 2µl-3µl de DNA diluído (1 DNA: 9 H20), quando submetidas ao sequenciamento, não obtiveram homologia a Hepatozoon spp. e sim, amplificaram fragmentos inespecíficos homólogos a organismos como algumas espécies de fungos. Figura 8. Visualização em gel de agarose (1%) dos produtos de PCR do gene ITS1 rRNA de Hepatozoon spp. amplificados utilizando-se oligonucleotídeos 18S e 5.8S Poços 1, 2, 3 e 4: Gamontes 1, 2, 3 e 4 (respectivamente); NO: controle negativo; PM: Marcador de Peso Molecular (1kb). Seta indica fragmento amplificado de aproximadamente 300 pb. - 250 pb 53 - Oligonucleotídeos ITS5/ ITS4 Vários testes de concentrações de reagentes também foram realizados para os oligonucleotídeos ITS5 e ITS4, baseados no perfil de ciclo e condições de amplificação propostos em literatura (10 µl “Go Taq® Colorless Master Mix”, 1 µl de oligonucleotídeos (R/F) e 5ul de DNA) (Tabela 2), na tentativa de padronizar essa reação de PCR e conseguir produtos de amplificação do fragmento esperado. Entretanto, essas tentativas também foram falhas. - Oligonucleotídeos 4558/ 2733 (G) Na tentativa de padronização da reação da PCR para os oligonucleotídeos 4558 e 2733, também foram realizados vários testes de concentração de reagentes, baseando-se no perfil de ciclo proposto em literatura (Tabela 2), mas as únicas amostras em que foram amplificados os fragmentos desejados foram as correspondentes aos Gamontes 2 e 3 (Figura 9) nas condições: 2,5 ul de Tampão, 0,75 ul de MgCl2, 0,5 ul de dNTPs, 0,5 ul de oligonucleotídeos (F/R), 0,3 ul de Taq DNA Polymerase e 1 ul de DNA diluído (1DNA: 69 H20). 54 Figura 9. Visualização em gel de agarose (1%) dos produtos de PCR do gene 18S rRNA de Hepatozoon spp. amplificados utilizando-se o par de oligonucleotídeos G. Poços 1- 5: Gamontes 1 – 5; NO: controle negativo; PM: Marcador de Peso Molecular (1kb). Seta indica fragmento amplificado de 1200 pb. - Oligonucleotídeos 4374/ 2733 (M) Na tentativa de padronização da reação da PCR para os oligonucleotídeos 4374 e 2733 (internos aos 4558/ 2733), também foram realizados testes de concentração de reagentes, baseando-se no perfil de ciclo proposto em literatura (Tabela 2), obtendo-se amostras sequenciáveis para os cinco gamontes (Figura 10) nas condições: 2,5 ul de Tampão, 0,75 ul de MgCl2, 0,5 ul de dNTPs, 0,5 ul de oligonucleotídeos (F/R), 0,3 ul de Taq DNA Polymerase e 1 ul de DNA puro. Entretanto, após sequenciadas, as amostras referentes aos Gamontes 1, 4 e 5 amplificaram fragmentos inespecíficos e apenas as amostras 2 e 3 apontaram homologia a Hepatozoon spp. - 1000 pb 55 Figura 10. Visualização em gel de agarose (1%) dos produtos de PCR do gene 18S rRNA de Hepatozoon spp. amplificados utilizando-se o par de oligonucleotídeos M. Poços 1- 5: Gamontes 1 – 5; NO: controle negativo; PM: Marcador de Peso Molecular (1kb). Seta indica fragmento amplificado de 900 pb. As sequências correspondentes às amostras 2 e 3 (Hep 2 e Hep 3), obtidas utilizando-se os pares de oligonucleotídeos 4558/ 2733(G) e 4374/ 2733 (M), respectivamente, foram analisadas em sobreposição (G + M) pois seu sequenciamento apresentou diversos pontos falhos. Dessa forma, obteve-se uma sequência de 1140 pb cujo alinhamento, obtido utilizando-se o programa CLUSTAL X, apresentou 158 posições informativas, sendo que, em toda a extensão do fragmento analisado, a diferença entre o Hep 2 (Cdt137) e Hep 3 (Cdt157) é de apenas um nucleotídeo, ou seja, existe apenas um ponto de mutação dos sítios polimórficos, especificamente uma transversão (Figura 11). - 1000 pb 56 Hepatozoon_sp_DG1 GAGAAGCATTTATTAGATAAAAAACCAATGCATGCTTTTAAAGCATGAAT Hepatozoon_sp_European_pine_ma GAGATGCATTTATTAGATAAAAAACCAATACATACTTTTAAAGTATGAAT Hep02 GAGAAGCATTTATTAGATAAAAAACCAATGCATGTTTTTAAAGCATGAAA Hep03 GAGAAGCATTTATTAGATAAAAAACCAATGCATGTTTTTAAAGCATGAAA Hepatozoon_sp_BV1 GAGAAGCATTTATTAGATAAAAAACCAATGTATGTTTTTAAAGCATAAAA Hepatozoon_sp_Squirrel GAGAAGCATTTATTAGATAAAAAACCAATATATGTTCTTAAAGCATAAAA Hepatozoon_ayorgbor GAGAAGCATTTATTAGATAAAAAACCAATATATGTTTTTAAAGCATAAAA Hepatozoon_sp_Boiga GAGAAGCATTTATTAGATAAAAAATCAATATATGTTTTTAAAGCATAAAA Hepatozoon_catesbianae GAGAAGCATTTATTAGATAAAAAACCAGTGCATGTTTTTAAAACATGAAG **** ******************* ** * ** * ***** ** ** Hepatozoon_sp_DG1 GTTGGTGATTTACAATAACTAAGCAAATCGCATAGTGAAAACTGGCGATA Hepatozoon_sp_European_pine_ma GTTGGTGATTTACAATAACTTAGCAAATCGCATAGTGTAAACAGGCGATA Hep02 ATTGGCGATTTACAATAACTAAGCAAATCGCATAGTGCAAACTGGCGATA Hep03 ATTGGCGATTTACAATAACTAAGCAAATCGCATAGTGCAAACTGGCGATA Hepatozoon_sp_BV1 ATTGGTGATATACAATAACTAAGCAAATCGCACAGTGCAAACTGGCGATA Hepatozoon_sp_Squirrel GTTGGTGATTTACAATAACTAAGCAAATCGCACGGTGCAAACTGGCGATA Hepatozoon_ayorgbor GTTGGTGATTTACAATAACTAAGCAAATCGCACAGTGCAAACTGGCGATA Hepatozoon_sp_Boiga GTTGGTGATTTACAATAACTAAGCAAATTGCACAGTGCAAACTGGCAATA Hepatozoon_catesbianae TGTAATGATATAAAATAACTAAGCAAATCGCACAGTGTAAACTAGCGATA * *** ** ******* ******* *** *** **** ** *** Hepatozoon_sp_DG1 AATCATTCAAGTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACGGTATGGTATTGGCTT Hepatozoon_sp_European_pine_ma AATCATTCAAGTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACGGTATGGTATTGGCTT Hep02 AATCATTCAAGTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACGGTATGGTATTGGCTT Hep03 AATCATTCAAGTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACGGTATGGTATTGGCTT Hepatozoon_sp_BV1 AATCATTCAAGTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACGGTAAGGTATTGGCTT Hepatozoon_sp_Squirrel AATCATTTAAGTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACGGTAAGGTATTGGCTT Hepatozoon_ayorgbor AATCATTCAAGTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACGGTAAGGTATTGGCTT Hepatozoon_sp_Boiga AATCATTCAAGTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACGGTATGGTATTGGCTT Hepatozoon_catesbianae AATCATTTAAGTTTCTGACCTATCAGCTTTCGACGGTATAGTATTGGCTT ******* ****************************** ********** Hepatozoon_sp_DG1 ACCGTGGCAGTGACGGTTAACGGGGGATTAGGGTTCGATTCCGGAGAGGG Hepatozoon_sp_European_pine_ma ACCGTGGCAGTGACGGTTAACGGGGGATTAGGGTTCGATTCCGGAGAGGG Hep02 ACCGTGGCAGTGACGGTTAACGGGGGATTAGGGTTCGATTCCGGAGAGGG Hep03 ACCGTGGCAGTGACGGTTAACGGGGGATTAGGGTTCGATTCCGGAGAGGG Hepatozoon_sp_BV1 ACCGTGGCAGTGACGGTTAACGGGGAATTAGGGTTCAATTCCGGAGAGGG Hepatozoon_sp_Squirrel ACCGTGGCAGTGACGGTTAACGGGGAATTAGGGTTCAATTCCGGAGAGGG Hepatozoon_ayorgbor ACCGTGGCAGTGACGGTTAACGGGGGATTAGGGTTCAATTCCGGAGAGGG Hepatozoon_sp_Boiga ACCGTGGCAGTGACGGTTAACGGGGGATTAGGGTTCGATTCCGGAGAGGG Hepatozoon_catesbianae ACCGTGGCAGTGACGGTTAACGGGGAATTAGGGTTCGATTCCGGAGAGGG ************************* ********** ************* Hepatozoon_sp_DG1 AGCCTGAGAAACGGCTACCACATCTAAGGAAGGCAGCAGGCGCGCAAATT Hepatozoon_sp_European_pine_ma AGCCTGAGAAACGGCTACCACATCTAAGGAAGGCAGCAGGCGCGCAAATT Hep02. AGCCTGAGAAACGGCTACCACATCTAAGGAAGGCAGCAGGCGCGCAAATT Hep03 AGCCTGAGAAACGGCTACCACATCTAAGGAAGGCAGCAGGCGCGCAAATT Hepatozoon_sp_BV1 AGCCTGAGAAACGGCTACCACATCTAAGGAAGGCAGCAGGCGCGCAAATT Hepatozoon_sp_Squirrel AGCCTGAGAAACGGCTACCACATCTAAGGAAGGCAGCAGGCGCGCAAATT Hepatozoon_ayorgbor AGCCTGAGAAACGGCTACCACATCTAAGGAAGGCAGCAGGCGCGCAAATT Hepatozoon_sp_Boiga AGCCTGAGAAACGGCTACCACATCTAAGGAAGGCAGCAGGCGCGCAAATT Hepatozoon_catesbianae AGCCTGAGAAACGGCTACCACATCTAAGGAAGGCAGCAGGCGCGCAAATT ************************************************** 57 Hepatozoon_sp_DG1 ACCCAATTCTAACAGCATAAGAGAGGTAGTGACAAGAAATAACAATACAA Hepatozoon_sp_European_pine_ma ACCCAATTCTAACAGCATAAGAGAGGTAGTGACAAGAAATAACAATACAA Hep02 ACCCAATTCTAACAGTATAAGAGAGGTAGTGACAAGAAATAACAGTACAA Hep03 ACCCAATTCTAACAGTATAAGAGAGGTAGTGACAAGAAATAACAGTACAA Hepatozoon_sp_BV1 ACCCAATTCTAACAGCATAAGAGAGGTAGTGACAAGAAATAACAGTACAA Hepatozoon_sp_Squirrel ACCCAATTCTAACAGCATAAGAGAGGTAGTGACAAGAAATAACAGTACAA Hepatozoon_ayorgbor ACCCAATTCTAACAGCATAAGAGAGGTAGTGACAAGAAATAACAGTACAA Hepatozoon_sp_Boiga ACCCAATTCTAACAGCATAAGAGAGGTAGTGACAAGAAATAACAGTACAA Hepatozoon_catesbianae ACCCAATTTTAACAGCATAAAAGAGGTAGTGACAAGAAATAACAGTACAA ******** ****** **** *********************** ***** Hepatozoon_sp_DG1 GGCAGTTAAAATGCTTTGTAATTGGAATGATAGAAATATAAACACTTTTT Hepatozoon_sp_European_pine_ma GGCAGTTAAAATGCTTTGTAATTGGAATGATAGAAATTTAAACACTTTTT Hep02 GGCAGTTAAAATGCTTTGTAATTGGAATGATAGAAATTTAAACACTTTTT Hep03 GGCAGTTAAAATGCTTTGTAATTGGAATGATAGAAATTTAAACACTTTTT Hepatozoon_sp_BV1 GGCAGTTAAAATGCTTTGTAATTGGAATGATAGAAATTTAAATACTTTTT Hepatozoon_sp_Squirrel GGCAATTAAAATGCTTTGTAATTGGAATGATAGAAATTTAAATACTTTTT Hepatozoon_ayorgbor GGCAGTTAAAATGCTTTGTAATTGGAATGATAGAAATTTAAATACTTTTT Hepatozoon_sp_Boiga GGCAGTTAAAATGCTTTGTAATTGGAATGATAGAAATTTAAATACTTTTT Hepatozoon_catesbianae GGCAGTTTAAATGCTTTGTAATTGGAATGATAGAAATTTAAACAATTTTT **** ** ***************************** **** * ***** Hepatozoon_sp_DG1 AAAGTATCAATTGGAGGGCAAGTCTGGTGCCAGCAGCCGCGGTAATTCCA Hepatozoon_sp_European_pine_ma AAAGTATCAATTGGAGGGCAAGTCTGGTGCCAGCAGCCGCGGTAATTCCA Hep02 AAAGTATCAATTGGAGGGCAAGTCTGGTGCCAGCAGCCGCGGTAATTCCA Hep03 AAAGTATCAATTGGAGGGCAAGTCTGGTGCCAGCAGCCGCGGTAATTCCA Hepatozoon_sp_BV1 AAAGTATCAATTGGAGGGCAAGTCTGGTGCCAGCAGCCGCGGTAATTCCA Hepatozoon_sp_Squirrel AAAGTATCAATTGGAGGGCAAGTCTGGTGCCAGCAGCCGCGGTAATTCCA Hepatozoon_ayorgbor AAAGTATCAATTGGAGGGCAAGTCTGGTGCCAGCAGCCGCGGTAATTCCA Hepatozoon_sp_Boiga AAAGTATCAATTGGAGGGCAAGTCTGGTGCCA-CAGCCGCGGTAATTCCA Hepatozoon_catesbianae AAAGTATCAATTGGAGGGCAAGTCTGGTGCCAGCAGCCGCGGTAATTCCA ******************************** ***************** Hepatozoon_sp_DG1 GCTCCAATAGCGTATATTAAAATTGTTGCAGTTAAAAAGCTCGTAGTT-G Hepatozoon_sp_European_pine_ma GCTCCAATAGCGTATATTAAAATTGTTGCAGTTAAAAAGCTCGTAGTT-G Hep02 GCTCCAATAGCGTATATTAAAATTGTTGCAGTTAAAAAGCTCGTAGTT-G Hep03 GCTCCAATAGCGTATATTAAAATTGTTGCAGTTAAAAAGCTCGTAGTT-G Hepatozoon_sp_BV1 GCTCCAATAGCGTATATTAAAATTGTTGCAGTTAAAAAGCTCGTAGTT-G Hepatozoon_sp_Squirrel GCTCCAATAGCGTATATTAAAATTGTTGCAGTTAAAAAGCTCGTAGTT-G Hepatozoon_ayorgbor GCTCCAATAGCGTATATTAAAATTGTTGCAGTTAAAAAGCTCGTAGTT-G Hepatozoon_sp_Boiga -CTCCA-TAGCGTATATTAAAATTGTTGCAGTTAAAAAGCTCGTAGTTTG Hepatozoon_catesbianae GCTCCAATAGCGTATATTAAAATTGTTGCAGTTAAAAAGCTCGTAGTT-G ***** ***************************************** * Hepatozoon_sp_DG1 AATTTCTGCTAAAAAAAACCGGTCTGCTTTT-TTAATAAAAGTAGTATCT Hepatozoon_sp_European_pine_ma AATTTCTGCTATAAATAACCAGTCTGCTTT---TAATAGAAGTAGTACCT Hep02 AATTTCTGCTAAAAATAACCGGTGTGCTTTTATTAATAAAAGTGGTATCT Hep03 AATTTCTGCTAAAAATAACCGGTGTGCTTTTATTAATAAAAGTGGTATCT Hepatozoon_sp_BV1 AATTTTTGCTAGAAATAACCGGTCTGCTTTTATTTATAAGAGTGGTATCT Hepatozoon_sp_Squirrel AATTTTTGCTAAAAATAACCGGTTTGCTTTTAATTATAAAAGTGGTATCA Hepatozoon_ayorgbor AATTTTTGCTAAAAATAACCGGTCTGCTTTTATTAATAAAAGTGGTATCT Hepatozoon_sp_Boiga AGTTTTTGCTAAAAATAATCAAGCTGCTTTTAT