Planta Daninha, Viçosa-MG, v.19, n.1, p.103-110, 2001 103Deposição e distribuição de calda de pulverização em plantas de feijoeiro ... 1 Recebido para publicação em 25/9/2000 e na forma revisada em 13/3/2001. 2 Alunos de Pós-Graduação em Agricultura da FCA/UNESP; 3 Prof. Dr. Dep. Produção Vegetal da FCA/UNESP, Caixa Postal 237, 18603-970 Botucatu-SP. DEPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE CALDA DE PULVERIZAÇÃO EM PLANTAS DE FEIJOEIRO (Phaseolus vulgaris) E CAPIM-BRAQUIÁRIA (Brachiaria decumbens)1 Deposition and Distribution of Spraying Solution on Phaseolus vulgaris and Brachiaria decumbens MACIEL, C.D.G.2, SOUZA, R.T.2, SILVA, R.H.2, VELINI, E.D.3 e LEMOS, L.B.3 RESUMO - Com o objetivo de avaliar a deposição e distribuição de solução traçante em plantas de feijoeiro e capim-braquiária, foi conduzido experimento no NuPAM-FCA/ UNESP, campus de Botucatu-SP, utilizando um simulador de pulverização em ambiente controlado. Os tratamentos utilizados foram: bico jato plano XR Teejet (XR110.02VS) + surfactante Aterbane BR (0,5% v/v); bico jato cônico Conejet (TXVK-4) + surfactante Aterbane BR (0,5% v/v); bico jato plano XR Teejet (XR110.02VS); e bico jato cônico Conejet (TXVK-4). Em todos os tratamentos foi aplicada uma solução de NaCl (0,5% p/v) + corante Poliglow laranja (0,5% p/v) + mancozeb (0,5% p/v). As unidades experimentais constituíram-se de vasos com duas plantas-alvo de capim-braquiária posicionadas sob uma planta-alvo de feijoeiro. A visualização da distribuição das gotas nas folhas de capim-braquiária foi efetuada com auxílio de luz negra, e o depósito da calda na superfície das plantas foi quantificado através da condutividade elétrica da solução aplicada e coletada por meio de lavagem de ambos os alvos. Os bicos de pulverização, jato plano (XR Teejet) e cônico (Conejet), não apresentaram diferença no depósito nos folíolos totais de feijoeiro quando submetidos a mesma condição de calda de pulverização. No entanto, o bico jato plano XR Teejet (XR110.02VS) e o bico jato cônico Conejet (TXVK-4) proporcionaram aumento de 67,1 e 61,5% na deposição da calda em relação a área foliar e 106,4 e 66,9% para matéria seca, respectivamente, em relação ao bico jato plano XR Teejet (XR110.02VS) + surfactante Aterbane BR (0,5% v/v) e ao bico jato cônico Conejet (TXVK-4) + surfactante Aterbane BR (0,5% v/v). Para o capim-braquiária, o bico cônico Conejet proporcionou deposição superior e distribuição mais uniforme em relação ao jato plano XR Teejet. Palavras-chave: alvo, bicos de pulverização, surfactante, condutividade elétrica. ABSTRACT - An experiment was carried out at the NuPAM-FCA/UNESP, Botucatu Campus, São Paulo, Brazil, to estimate the deposition and distribution of a marker solution on the P. vulgaris and B. decumbens plants, using a sprayer simulator under a controlled environment. The treatments were: nozzle fan jet XR Teejet (XR110.02VS) + surfactant (Aterbane BR - 0.5% v/v); nozzle Conejet (TXVK-4) + surfactant (Aterbane BR - 0.5% v/v); nozzle fan jet XR Teejet (XR110.02VS) and nozzle Conejet (TXVK-4). A solution of NaCl (0.5%) + Orange Poliglow colour (0.5%) + mancozeb (0.5%) was applied in all treatments. The experimental units consisted of pots with two B. decumbens target plants underneath one P. vulgaris target plant. Droplet distribution over B. decumbens leaves was evaluated with black light, and deposition by electric conductivity of the sprayer solution collected by washing the targets in deionized water. The spraying nozzles, XR Teejet and Conejet, did not show deposition difference on P. vulgaris leaves, under equal spray solution conditions. However, the nozzle with fan jet XR Teejet (XR110.02VS) and the nozzle Conejet (TXVK-4) provided, respectively, 67.1% and 61.5% increase on the leaf area deposition and 106,4% and 66.9% increase dry weight increase, when compared to the nozzle with fan jet XR Teejet (XR110.02VS) + surfactant (Aterbane BR - 0.5% v/v) and the nozzle Conejet (TXVK-4) + surfactant (Aterbane BR - 0.5% v/v). Nozzle Conejet provided higher uniform distribution, when compared to nozzle XR Teejet. Key words: target, sprayer nozzle, surfactant, electric conductivity. MACIEL, C.D.G. et al. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.19, n.1, p.103-110, 2001 104 INTRODUÇÃO Os processos mecânicos na agricultura vêm sofrendo uma série de inovações e melhora- mentos, de maneira a atender às necessidades cada vez maiores de se conseguir aumento na produtividade das culturas. Entre os vários eventos que constituem o processo de produção agrícola, a aplicação de defensivos agrícolas é um dos mais exigentes, pois atende não somen- te ao tratamento da área cultivada, como tam- bém cuidados com a preservação do meio ambiente (Christoffoleti, 1999). No Brasil, a cultura do feijoeiro é uma das mais importantes, chegando-se a cultivar três safras em diferentes épocas do ano, ocupando a quarta área de plantio. Apesar da sua impor- tância, a produtividade média no País deixa muito a desejar, em razão de diversos fatores fitotécnicos, incluindo a interferência das plan- tas daninhas (Deuber, 1997). Hislop et al. (1987) relatam que os maiores objetivos em pesquisas com aplicação de de- fensivos são a definição do depósito em alvos biológicos e a identificação de métodos precisos de aplicação, os quais são desenvolvidos para permitir redução no volume de pulverização e/ou na dose de ingrediente ativo, sem perder a eficiência biológica. Estudos referentes à deposição e distri- buição das gotas produzidas por pontas de pulverização nas culturas e plantas daninhas são de grande importância na determinação da eficiência da aplicação dos produtos fitos- sanitários. No entanto, a utilização de alvos naturais em estudos de deposição, apesar de eles serem os preferidos, por constituírem fielmente as características do alvo estudado, apresenta complexibilidade e variabilidade na- tural, que afetam a retenção e o espalhamento do produto aplicado (Miller, 1993). Os bicos são considerados os componentes fundamentais de qualquer sistema de pulverização (Velini et al., 1995). A importância do conhecimento de suas características se deve ao fato de que são res- ponsáveis por controlar a saída do líquido na quantidade desejada por unidade de tempo e espalhar as gotas formadas dentro de uma área delimitada (Silva, 1982). Portanto, a escolha incorreta das pontas de pulverização constitui- se numa das principais causas responsáveis pelo fracasso e desperdício de produto na apli- cação de defensivos (Matuo, 1982; Pio, 1997). A reflexão de gotas e a dificuldade de mo- lhamento de muitas superfícies de plantas são consideradas sérios obstáculos na retenção de gotas e conseqüentemente na eficácia das pulverizações. Segundo Brazee et al. (1994), as gotas refletidas das superfícies das plantas normalmente apresentam menor captura e limitam a eficiência da aplicação. Além disso, Revees (1992) relata como exemplos de perdas a deriva, a volatilização, o escorrimento, a eva- poração e a remoção pelo vento, que podem ser perfeitamente minimizadas por meio da modificação das gotas pulverizadas com a adição de adjuvantes às caldas dos produtos agroquímicos. Matuo et al. (1989) reportam o uso dos sur- factantes, ou agentes tensoativos, como subs- tâncias que visam proporcionar uma deposição e retenção mais efetiva da pulverização no alvo tratado. Essas substâncias modificam as forças interfaciais por orientação de suas moléculas entre as interfaces, promovendo, assim, ajus- tamento mais íntimo das moléculas de duas substâncias (Durigan, 1993). Desse modo, a tecnologia de aplicação utili- zada constitui-se em um dos fatores limitantes da eficiência de herbicidas e demais defensivos agrícolas, tornando-se necessário o constante aprimoramento das técnicas e dos equipa- mentos habitualmente utilizados nos sistemas de produção. Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de deposição e distribuição da calda de pulverização em condição de pós- emergência da cultura do feijoeiro e de plantas de capim-braquiária, utilizando-se dois mode- los de pontas de pulverização, associadas ou não ao uso do surfactante Aterbane BR. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na segunda quinzena de junho/1999, nas dependências do NuPAM (Núcleo de Pesquisas Avançadas em Matologia), pertencente ao Departamento de Produção Vegetal da FCA/UNESP, Botucatu- SP. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados, com Planta Daninha, Viçosa-MG, v.19, n.1, p.103-110, 2001 105Deposição e distribuição de calda de pulverização em plantas de feijoeiro ... quatro tratamentos e cinco repetições. Os trata- mentos utilizados no experimento foram consti- tuídos por dois tipos de pontas de pulverização, fazendo-se o uso de uma solução traçante adicionada ou não de surfactante. As pontas utilizadas foram: bico jato plano XR Teejet (XR110.02VS) e bico jato cônico Conejet (TXVK- 4). O surfactante utilizado foi o espalhante adesivo Aterbane BR, na dose de 0,5% v/v. Am- bos os modelos de pontas de pulverização foram submetidos às pressões de trabalho especifi- cadas pelo fabricante, conforme suas respecti- vas recomendações, proporcionando volumes de aplicação de 185 L ha-1 para o bico leque e 120 L ha-1 para o bico cônico. Em todos os tra- tamentos foi aplicada uma solução traçante, constituída por NaCl (0,5% p/v) + corante Poliglow laranja (0,5% p/v) + manzate (0,5% p/v), com o objetivo de utilizar uma única calda de pulverização e obter, nas mesmas plantas- alvo avaliadas, informações sobre a quantidade do traçante depositado, assim como sobre o comportamento da distribuição das gotas colo- ridas sobre as folhas. Na aplicação da solução traçante utilizou- se um simulador de pulverização, constituído por uma estrutura de sustentação metálica, que permite o acoplamento de um carrinho com uma barra de pulverização munida de quatro bicos espaçados de 50 cm e posicionada a 50 cm de altura das plantas-alvo, com desloca- mento no sentido do comprimento da estrutura do equipamento. O tracionamento do sistema de pulverização foi realizado por um motor elétrico, através de correntes, e controlado por um modulador de freqüência, que permitiu trabalhar com velocidade constante e previa- mente determinada de 3,6 km h-1. A pressuri- zação da solução traçante foi feita com ar comprimido, por um compressor localizado externamente à sala de pulverização, a qual promoveu pressão de trabalho constante durante a aplicação de cada tratamento. No momento da pulverização dos tratamentos, as condições climáticas na sala de pulverização apresentavam-se com temperatura e umidade relativa do ar de 24 ºC e 69%, respectivamente, e o ambiente de sala fechada não permitiu a interferência de ventos durante as pulveriza- ções. Anteriormente à aplicação, as unidades experimentais foram conduzidas em casa de vegetação e constituíram-se de vasos com 35 cm de diâmetro e capacidade para 5 kg de solo, nos quais foram cultivadas duas plantas- alvo de capim-braquiária posicionadas sob uma planta-alvo de feijoeiro, cultivar IAPAR-81. No momento da aplicação, as plantas de capim- braquiária e de feijoeiro encontravam-se com seis folhas e cinco folhas com folíolos definidos, respectivamente. Logo após a aplicação, as partes aéreas das plantas-alvo de feijoeiro e capim-braquiária foram cuidadosamente removidas, com suas folhas devidamente enumeradas, para identi- ficação, conforme seu posicionamento iniciado na base em direção ao ápice. Em seguida, as folhas identificadas foram submetidas à luz negra em ambiente escuro, onde se procedeu à avaliação de distribuição das gotas da pulverização na face superior (adaxial) destas, utilizando-se um critério de escala visual de notas de 0 a 5, adaptado de Palladini (1997), em que a nota zero representa ausência total de cobertura e a nota cinco, cobertura pesada da pulverização (Tabela 7). No caso das folhas do feijoeiro, as notas de distribuição foram geradas por meio da média dos três folíolos pertencentes a cada folha. A avaliação do depósito da solução traçante nas plantas-alvo foi realizada logo após a avaliação de distribuição das gotas de pulve- rização, utilizando-se 50 mL de água destilada em saquinho plástico para lavagem de cada folha das plantas de feijoeiro, assim como para a lavagem de seus pecíolos e caules. A lavagem do traçante das partes das plantas foi feita colo- cando-as separadamente nos saquinhos e submetendo-as à agitação constante durante aproximadamente 20 segundos. A condutivi- dade elétrica da solução obtida pela água de lavagem foi mensurada utilizando-se um condutivímetro manual, modelo Corning 311, similarmente à metodologia utilizada por Velini et al. (1995), Nogueira (1996) e Tomazela et al. (1997). O mesmo procedimento de lavagem com 50 mL de água destilada em saquinhos plás- ticos também foi utilizado para cada repetição de capim-braquiária, sendo lavada a parte área total das duas plantas em um único saquinho. Em ambas as situações, os saquinhos plásticos e a água destilada foram previamente testados MACIEL, C.D.G. et al. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.19, n.1, p.103-110, 2001 106 quanto à possibilidade de contaminação e in- terferência da leitura de condutividade da solu- ção, sendo a média de seus valores atribuída como fator de correção da condutividade da solução de todas as repetições dos tratamentos. Uma curva-padrão de calibração foi ajus- tada entre a condutividade elétrica da solução e a sua concentração de NaCl (µL), propor- cionando a geração de um coeficiente angular da reta (A) com valor de 2,062 e um coeficiente de determinação (R2) igual a 0,9999, respec- tivamente. O coeficiente angular da reta foi utilizado no modelo citado a seguir, possibi- litando, juntamente com a condutividade da água de lavagem e dos saquinhos plásticos, corrigir a concentração da solução traçante de NaCl pulverizada nas plantas de feijoeiro e capim-braquiária. Condutividade da = (condutividade H2O destilada+saquinho) Solução + A*Concentração de NaCl Todas as folhas das plantas-alvo, após la- vagem da solução pulverizada, foram subme- tidas à determinação de área foliar utilizando- se um integrador de área foliar e, juntamente com os pecíolos e caules, acondicionadas em estufa de secagem forçada a uma temperatura de 60 ºC, por um período de três dias, para determinação da matéria seca. O objetivo des- ses procedimentos foram determinar a unifor- midade entre os tratamentos, extrapolando os valores de condutividade das soluções amostra- das para µL cm-2 e µL g-1 de matéria seca. Para estimar a distribuição das gotas de pulverização nas folhas de feijoeiro e capim- braquiária, foram determinadas as porcenta- gens de amplitude e os coeficientes de variação para cada tratamento. Os resultados originais da deposição média da pulverização dos bicos jato plano e cônico foram convertidos para 100 L ha-1, de forma que se igualasse a condi- ção de operação de todos os tratamentos. Os dados de deposição média estimada em relação à área foliar (Tabela 1), matéria seca de folhas (Tabela 2) e pecíolos + caules totais (Tabela 3) das plantas de feijoeiro, assim como da área foliar (Tabela 4) e matéria seca (Tabela 5) de duas plantas de capim-braquiá- ria, foram submetidos à análise de variância pelo teste F e suas médias comparadas pelo teste t de Student a 10% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores de deposição média e deposição estimada (100 L ha-1) dos tratamentos em relação à área foliar (µL cm-2) e matéria seca (µL g-1 MS) total das folhas das plantas de fei- joeiro encontram-se dispostos nas Tabelas 1 e 2. Esses resultados indicam que os bicos de pulverização, jato plano e cônico, não apresen- taram diferenças significativas na deposição estimada para a área foliar (µL cm-2) e matéria seca (µL g-1 MS) total das folhas de feijoeiro, quando submetidos à mesma condição de calda de pulverização. Dessa forma, a adição ou não do surfactante Aterbane BR (0,5% v/v) não influenciou significativamente o desempenho dos modelos de bicos de pulverização estudados no experimento. No entanto, quando a solução traçante foi pulverizada na ausência do sur- factante, os bicos jato plano e cônico tiveram aumento de 67,1 e 61,5% na deposição esti- mada em relação a área foliar e 106,4 e 66,9% para matéria seca de folhas totais de feijoeiro, respectivamente, em comparação com os trata- mentos com o uso de surfactante. Para a variável matéria seca de pecíolos e caules totais das plantas de feijoeiro, apresen- tada na Tabela 3, apenas o bico jato plano, quando na presença do surfactante, proporcio- nou redução significativa na quantidade esti- mada de solução traçante depositada, sendo esta inferior à dos demais tratamentos. Esses resultados evidenciam que a associa- ção do surfactante a qualquer um dos bicos estudados, independentemente do modelo, poderia melhorar a seletividade da cultura do feijoeiro aos possíveis efeitos fitotóxicos de herbicidas aplicados em pós-emergência, haja vista a ocorrência de menor deposição encon- trada na cultura em relação a área foliar e matéria seca. Ou seja, o uso de Aterbane BR (0,5% de v/v) na calda de pulverização, apesar de não ter influenciado o desempenho das pon- tas de pulverização, alterou a relação de depósi- tos, com vantagem para a cultura. Esse fato talvez possa ser explicado pela possibilidade de um escorrimento, ou não-aderência, das gotas de pulverização, proporcionado pelo surfactante Aterbane BR utilizado na solução pulverizada. Para fungicidas e inseticidas, esse raciocínio necessariamente deveria ser inver- tido, uma vez que o melhor desempenho destes produtos seria encontrado quando não fosse Planta Daninha, Viçosa-MG, v.19, n.1, p.103-110, 2001 107Deposição e distribuição de calda de pulverização em plantas de feijoeiro ... utilizado o surfactante, devido à melhor cober- tura e proteção das plantas tratadas como alvo e, conseqüentemente, ao menor desperdício de produto aplicado. Nas Tabelas 4 e 5 encontram-se dispostos os valores da deposição média e deposição estimada (100 L ha-1) em relação a área foliar (µL cm-2) e matéria seca (µL g-1 MS) de duas plantas de capim-braquiária. Para esta planta- alvo, a pulverização com o modelo de bico jato cônico Conejet (TXVK-4), independentemente da adição ou não do surfactante Aterbane BR (0,5% v/v) na calda de pulverização, proporcio- nou deposição muito superior àquela com bico jato plano XR Teejet (XR110.02VS). O bico jato Tabela 1 - Valores médios de depósito e deposição estimada para volume de 100 L ha-1, em relação à área das folhas totais de feijoeiro submetidas aos tratamentos. UNESP, Botucatu-SP, 1999 (média de cinco repetições - dados originais) Soluções Ponta de pulverização Volume (L ha-1) Deposição média (µL cm-2) Deposição estimada 100 L ha-1 (µL cm-2) 1. Sal1 + Corante2 + Aterbane3 Jato Plano 185 1,35 0,73 b4 2. Sal + Corante + Aterbane Jato Cônico 120 0,93 0,78 b 3. Sal + Corante Jato Plano 185 2,26 1,22 a 4. Sal + Corante Jato Cônico 120 1,51 1,26 a F - - - 5,99* CV (%) - - - 25,93 DMS (10%) - - - 0,2852 1 Sal = NaCl 0,5% p/v. 2 Corante = Poliglow laranja 0,5% p/v + Manzate 0,5% p/v. 3 Aterbane = surfactante a 0,5% v/v. 4 Médias, na mesma coluna, seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si. * (p < 0,10). Tabela 2 - Valores médios de depósito e deposição estimada para volume de 100 L ha-1, em relação à matéria seca das folhas totais de feijoeiro submetidas aos tratamentos. UNESP, Botucatu-SP, 1999 (média de cinco repetições - dados originais) Soluções Ponta de pulverização Volume (L ha-1) Deposição média (µL g-1 MS) Deposição estimada 100 L ha-1 (µL g-1 MS) 1. Sal1 + Corante2 + Aterbane3 Jato Plano 185 422,37 228,31 b4 2. Sal + Corante + Aterbane Jato Cônico 120 280,61 233,34 b 3. Sal + Corante Jato Plano 185 871,77 471,22 a 4. Sal + Corante Jato Cônico 120 467,45 389,54 a F - - - 5,63* CV (%) - - - 34,13 DMS (10%) - - - 124,67 1 Sal = NaCl 0,5% p/v. 2 Corante = Poliglow laranja 0,5% p/v + Manzate 0,5% p/v. 3 Aterbane = surfactante a 0,5% v/v. 4 Médias, na mesma coluna, seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si. * (p < 0,10). cônico Conejet (TXVK-4) proporcionou depósitos significativamente mais elevados de traçante por área foliar das plantas de capim-braquiária (Tabela 4), apresentando-se 1,7 (169,0%) e 5,5 (548,%) vezes superiores, respectivamente, quando submetidos à pulverização na ausência ou em adição do surfactante. O mesmo efeito foi observado em relação à deposição do traçante por matéria seca de capim-braquiária (Tabela 5), em que o bico de jato cônico Conejet (TXVK- 4) superou significativamente o desempenho do bico jato plano XR Teejet (XR110.02VS), sendo 1,5 e 5,0 vezes superior, respectivamente, quando submetidos à pulverização na ausência ou em adição do surfactante. MACIEL, C.D.G. et al. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.19, n.1, p.103-110, 2001 108 Tabela 3 - Valores médios de depósito e deposição estimada para volume de 100 L ha-1, em relação à matéria seca dos pecíolos e caules totais de feijoeiro submetidos aos tratamentos. UNESP, Botucatu-SP, 1999 (média de cinco repetições - dados originais) Soluções Ponta de pulverização Volume (L ha-1) Deposição média (µL g-1 MS) Deposição estimada (µL g-1 MS) 1. Sal1 + Corante2 + Aterbane3 Jato Plano 185 19,54 10,56 b4 2. Sal + Corante + Aterbane Jato Cônico 120 17,62 14,68 a 3. Sal + Corante Jato Plano 185 30,18 16,31 a 4. Sal + Corante Jato Cônico 120 19,05 15,88 a F - - - 3,31* CV (%) - - - 22,46 DMS (10%) - - - 3,56 1 Sal = NaCl 0,5% p/v. 2 Corante = Poliglow laranja 0,5% p/v + Manzate 0,5% p/v. 3 Aterbane = surfactante a 0,5% v/v. 4 Médias, na mesma coluna, seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si. * (p < 0,10). 1 Sal = NaCl 0,5% p/v. 2 Corante = Poliglow laranja 0,5% p/v + Manzate 0,5% p/v. 3 Aterbane = surfactante a 0,5% v/v. 4 Médias, na mesma coluna, seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si. * (p < 0,10). Tabela 4 - Valores médios de depósito e deposição estimada para volume de 100 L ha-1, em relação à área foliar de duas plantas de capim-braquiária, posicionadas embaixo de plantas de feijoeiro e submetidas aos tratamentos. UNESP, Botucatu-SP, 1999 (média de cinco repetições - dados originais) Soluções Ponta de pulverização Volume (L ha-1) Deposição média (µL cm-2) Deposição estimada 100 L ha-1 (µL cm-2) 1. Sal1 + Corante2 + Aterbane3 Jato Plano 185 0,081 0,044 b4 2. Sal + Corante + Aterbane Jato Cônico 120 0,342 0,285 a 3. Sal + Corante Jato Plano 185 0,158 0,085 b 4. Sal + Corante Jato Cônico 120 0,275 0,229 a F - - - 8,47* CV (%) - - - 54,93 DMS (10%) - - - 0,0974 A distribuição das gotas de pulverização na face superior (adaxial) das folhas de capim- braquiária está representada na Tabela 6. Por meio desses dados pode-se afirmar que os tra- tamentos com bico jato cônico Conejet (TXVK- 4) apresentaram, em média, os maiores valores de distribuição e uniformidade, sendo supe- riores aos com bico de jato plano XR Teejet (XR110.02VS). Esse fato é justificado pela menor amplitude e coeficiente de variação da distribuição das gotas pulverizadas pelo modelo jato cônico nas cinco folhas avaliadas, sendo ainda evidente a melhoria de seu desempenho quando associado ao surfactante Aterbane (0,5% v/v). A associação do surfactante à calda de pulverização, aplicada com bico jato plano XR Teejet (XR110.02VS), proporcionou redução acentuada da amplitude de distribuição das gotas nas folhas de capim-braquiária, assim como de seu coeficiente de variação, quando comparado com o mesmo modelo de bico na ausência do surfactante, o que também justifica a melhoria de seu desempenho. Esse fato, as- sim como os demais eventos observados através da distribuição das gotas nas folhas de capim- braquiária, contribui para esclarecer e validar os resultados obtidos na deposição da calda de pulverização. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.19, n.1, p.103-110, 2001 109Deposição e distribuição de calda de pulverização em plantas de feijoeiro ... Para as plantas de feijoeiro, os dados obti- dos de distribuição das gotas de pulverização não foram conclusivos e compatíveis com a me- todologia utilizada, e esse fato pode estar rela- cionado à distribuição, ao posicionamento e ao tamanho dos folíolos nas plantas, os quais se apresentam irregulares devido à própria arqui- tetura e constituição das plantas de feijoeiro. As informações resultantes da deposição e distribuição da calda de pulverização, para o capim-braquiária, indicam que a opção de as- sociar o modelo de bico cônico ao surfactante Aterbane BR seria a melhor forma de manejo com herbicidas aplicados em pós-emergência desta planta daninha na cultura do feijoeiro (Figura 1). No entanto, essa informação contra- diz a atitude tomada pela maioria dos agricul- tores, de utilizar somente bicos de jato plano para a aplicação de herbicidas. Apesar da necessidade de se conhecer melhor o comportamento do espectro de gotas produzidas pelo modelo de bico cônico, quando associado ao surfactante Aterbane BR em pulverizações no campo, principalmente com relação à formação de deriva, este tratamento teoricamente proporcionaria à cultura maior seletividade aos herbicidas aplicados em pós- emergência, graças à menor deposição encon- trada nas plantas da cultura. Além disso, con- seqüentemente, possibilitaria a redução da Tabela 5 - Valores médios de depósito e deposição estimada para volume de 100 L ha-1, em relação à matéria seca de duas plantas de capim-braquiária, posicionadas embaixo de plantas de feijoeiro e submetidas aos tratamentos. UNESP, Botucatu-SP, 1999 (média de cinco repetições - dados originais) 1 Sal = NaCl 0,5% p/v. 2 Corante = Poliglow laranja 0,5% p/v + Manzate 0,5% p/v. 3 Aterbane = surfactante a 0,5% v/v. 4 Médias, na mesma coluna, seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si. * (p < 0,10). Soluções Ponta de pulverização Volume (L ha-1) Deposição média (µL g-1 MS) Deposição estimada (µL g-1 MS) 1. Sal1 + Corante2 + Aterbane3 Jato Plano 185 31,59 17,07 c4 2. Sal + Corante + Aterbane Jato Cônico 120 122,95 102,46 a 3. Sal + Corante Jato Plano 185 45,06 24,36 c 4. Sal + Corante Jato Cônico 120 71,67 59,73 b F - - - 8,06* CV (%) - - - 60,50 DMS (10%) - - - 34,01 Tabela 6 - Distribuição média das gotas na face superior do limbo foliar de plantas de capim-braquiária através de escala visual de notas (0-5)1, amplitude (%) e coeficiente de variação (%) dos tratamentos. UNESP, Botucatu-SP, 1999 (média de cinco repetições - dados originais) Distribuição média nas folhas 2 Amplitude CV Tratamentos 1a 2a 3a 4a 5a (%) (%) 1.XR Teejet+Traçante3+Aterbane4 1,2 1,9 2,0 2,1 1,7 50,56 20,02 2. Conejet + Traçante + Aterbane 2,6 2,9 2,7 3,1 2,5 21,42 8,73 3. XR Teejet + Traçante 1,7 0,8 1,9 1,2 0,6 108,33 45,12 4. Conejet + Traçante 1,7 1,3 1,9 1,6 1,7 37,50 13,36 1 Nota 0 = ausência total de cobertura; nota 1 = 25% de cobertura; nota 2 = 50% de cobertura; nota 3 = 75% de cobertura; nota 4 = 100% de cobertura leve; nota 5 = 100% de cobertura pesada. 2 Posicionamento das folhas da base para o ápice das plantas. 3 Traçante = sal (NaCl 0,5% p/v) + corante (Poliglow laranja 0,5% p/v) + Manzate 0,5% p/v. 4 Aterbane = surfactante Aterbane BR 0,5% v/v. MACIEL, C.D.G. et al. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.19, n.1, p.103-110, 2001 110 dose de herbicidas para a mesma eficiência de controle, uma vez que as gotas produzidas pelo modelo de bico jato cônico Conejet (TXVK-4) foram eficientemente direcionadas e intercep- tadas pelas plantas-alvo de capim-braquiária, contornando problemas como, por exemplo, o de efeito guarda-chuva. MATUO, T. Tecnologia de aplicação de defensivos. In: GRAZIANO NETO, F. (Ed.). Uso de agrotó- xico e receituário agronômico. São Paulo: Agroedições, 1982. p.103-106. MILLER, P.C.H. 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Figura 1 – Depósito estimado para volume de aplicação de 100 L ha-1 em relação à área foliar de duas plantas de capim- braquiária posicionadas sob uma planta de feijoeiro e submetidas aos tratamentos. UNESP/FCA. Botucatu-SP, 1999. 0 0,15 0,3 0,45 0,6 0,75 0,9 1,05 1,2 1,35 µL c m -2 XR Teejet + Aterbane BR Conejet + Aterbane BR XR Teejet Conejet Feijoeiro Capim-braquiária LITERATURA CITADA BRAZEE, R.D.; BUKOVAC, M.J.; COOPER, J.A.; ZHU, H.; REICHARD, D.L.; FOX, R.D. Surfactant diffusion and dynamic surface tension in spray solutions. Transactions of the ASAE, v.37, n.1, p.51-58, 1994. CHRISTOFFOLETI, J.C. Considerações sobre tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas. São Paulo: jun. 1999. (Boletim Técnico, 5) Disponível em: . Acesso em: 1 dez.2000. DEUBER, R. Cultura do feijoeiro. In: DEUBER, R. Ciência das plantas infestantes. Campinas: Edição do autor, 1997. v.2, p.101-110 DURIGAN, J.C. Efeitos dos adjuvantes na apli- cação e eficácia dos herbicidas. 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