0 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - FCT/UNESP CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE REDE URBANA, CIDADE DE PORTE MÉDIO E CIDADE MÉDIA: ESTUDOS SOBRE GUARAPUAVA NO ESTADO DO PARANÁ Sandra Cristina Ferreira Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, para obtenção do título de Doutora em Geografia. Área de Concentração: Produção do Espaço. Orientador: Prof°. Arthur Magon Whitacker Presidente Prudente, 2010 1 Ferreira, Sandra Cristina. F443 r Rede urbana, cidades de porte médio e cidades médias: estudos sobre Guarapuava no estado do Paraná / Sandra Cristina Ferreira. - Presidente Prudente : [s.n], 2010. xiii, 298 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia Orientador: Arthur Magon Whitacker. Inclui bibliografia 1. Rede urbana. 2. Cidade de Porte Médio. 3. Cidade Média. 4. Interações Espaciais. 5. Paraná. 6. Centro Sul do Paraná. I. Autor. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. III. Título. CDD 910 2 3 AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos À meus pais Jair Ferreira e Maria Casteluci pelos valores que me ensinaram, por serem minha referência e terem me levado à escola no momento certo dando início ao processo sistemático de minha formação profissional; À minha irmã Silvia pelas orações e incentivo; Ao meu filho kaio por tornar minha vida mais divertida; Ao meu esposo Francisco pelo apoio técnico, logístico e toda a atenção e carinho dispensado a mim e ao trabalho durante esse tempo de constantes e intensos debates; À Anita pela paz que transmite e a companhia constante; Aos amigos que compartilharam comigo as tensões de escrever uma tese enquanto um mundo de acontecimentos na velocidade da luz invadem a vida cotidiana, entre eles; Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes pelo apoio técnico na elaboração dos mapas, nas discussões sobre a tese, pela acolhida carinhosa junto à família (Emerson e Guilherme); Necio Turra Neto pelo diálogo inerente às questões sobre a tese, pelo incentivo e atenção presente desde a graduação; Beatriz Fagundes pelas conversas animadoras, carinho e hospitalidade com que sempre me recebe; Cecilia Hauresko pelas palavras sinceras de incentivo e o compartilhar de sua experiência no Doutorado; Ariane Raggio por las charlas, lágrimas y risas compartidas; Damian Budrys por el apoyo y la amistad; Aos colegas de departamento que incentivaram a realização desse trabalho; Aos acadêmicos: da UNICENTRO: III 4 Tiago Coradelli, Patricia dos Santos, Everton Schroeder Ribeiro e Gabriel Moteka, Marcos Frandolozo, Daniel Cirilo e Fernando pelo apoio à realização do trabalho de campo, pelas discussões sobre a pesquisa e o bom humor que tornaram leves os momentos que trabalhamos juntos; Ao João Morimitsu e Eduardo Americano pela elaboração dos mapas; Ao Tiago Machado pelo apoio na impressão; A todas as pessoas em Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis que se dispuseram a nos receber, a responder às questões demandadas pelo questionários e pelas conversar com a equipe de pesquisa; Aos funcionários do IBGE em especial à Yara do IBGE de Curitiba, aos funcionários do IPARDES pelas informações e dados fornecidos; Enfim, formalizo meus agradecimentos à UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro Sul do Paraná pelo período de afastamento concedido para a qualificação; Às instituições estaduais que propiciaram minha formação acadêmica por meio de seus quadros de funcionários e docentes sendo elas: UEL – Universidade Estadual de Londrina (graduação); UEM – Universidade Estadual de Maringá (Pós Graduação/Mestrado); UNESP – Universidade Estadual Paulista/Presidente Prudente (Pós graduação/Doutorado); Em especial, à Alice T. Asari, Jaime de Oliveira e Tania Maria Fresca (UEL); Elpídio Serra, Dalton Áureo Moro e Cesar Miranda Mendes (UEM) e; da UNESP à Carminha (Maria Encarnação Beltrão Sposito) pelo incentivo, ensinamentos e sugestões bibliográficas, aos professores Eliseu Sposito e Nivaldo Hespañol pelas pertinentes observações no exame de qualificação e, a Arthur Magon Whitacker pela dedicada orientação, pelas leituras atentas das versões do trabalho e pelas observações precisas e fundamentais à produção desta tese. IV 5 RESUMO Nesta tese empreendemos uma discussão sobre rede urbana e cidade média como temática central que tem por objeto de estudo a cidade de Guarapuava, no Centro Sul do Paraná. Procuramos verificar, por meio de uma análise específica dessa cidade e das interações espaciais entre Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis, a existência de uma rede urbana e a funcionalidade de Guarapuava como cidade média ou de porte médio no contexto regional. Para o desenvolvimento do trabalho, iniciamos com uma discussão teórica e conceitual sobre rede e rede urbana, em seguida combinamos uma análise espaço temporal visando à compreensão dos principais processos (urbanização e industrialização) e agentes (grupos sociais, Capital e Estado) participantes da produção e consolidação da rede urbana brasileira. Nessa perspectiva analítica, apresentamos os estudos do IBGE/REGIC como importante referência para estudos dessa natureza e a configuração recente da rede urbana segundo IBGE/REGIC (2008). A partir desse enfoque, direcionamos a análise para as cidades na rede urbana paranaense, dentre as quais, priorizamos Guarapuava por constituir o objeto central dessa análise. Para caracterizar essa cidade quanto a sua função no contexto regional, empregamos a metodologia para estudos sobre cidades médias da ReCiMe (Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias), e a metodologia do IBGE/REGIC para a classificação hierárquica das cidades na rede urbana quanto a oferta de bens e serviços. Os dados empíricos obtidos com o trabalho de campo viabilizaram a compreensão das interações materiais em virtude dos deslocamentos para aquisição de bens e serviços e as interações imateriais com a comunicação por telefone e internet. Nortearam a elaboração da pesquisa o conceito de rede urbana e a noção de cidade média, além de conceitos adjacentes como espaço, tempo, escala. Ainda no campo teórico, categorias como a formação socioespacial, estrutura, função, processo e forma, singular, particular e universal permearam a análise interagindo com o empírico na construção do processo investigativo e na produção dos resultados. Palavras chave: Interação espacial, rede urbana, cidade média, cidade de porte médio, Guarapuava-PR. V 6 ABSTRACT In this thesis, a discussion about urban network and average city as central theme is open, which aims to the city of Guarapuava, in central southern Paraná. We try to verify, through a specific analysis of this town and also the spatial interactions between Guarapuava, Laranjeiras do Sul and Prudentópolis, the existence of an urban network and the functionality of Guarapuava as an average city or a midsize city in the regional context. To develop this work, we start with a theoretical and conceptual discussion about network and urban network, then a combined timeline analysis aiming at understanding the main processes (urbanization and industrialization) and agents (social groups, Capital and State) involved in the productions and consolidation of the Brazilian urban network. In this analytical perspective, as an important reference we present studies of IBGE/REGIC and also a recent configuration of the urban network, according to IBGE/REGIC (2008). Through this approach, we orientate an analysis to the cities of Paranaense urban network, among which, Guarapuava is highlighted for being the central object of this analysis. To characterize this city as its role in the regional context, we used the ReCiMe (Network Researchers on average cities) methods for studies of average cities, and also the IBGE/REGIC methods to the hierarchical classification of the urban network cities, regarding the supply of goods and services. The empirical data obtained in the field work allowed the comprehension of the material interactions due to displacement of goods and services, and the immaterial interactions with the communication by telephone and internet. It has guided the development of this research the concept of urban network and the average city notion, further the adjacent concepts of space, time and scale. Still in the theoretical, categories like the sociospatial formation, structure, function, process and form, singular, particular and universal permeate the analysis, interacting with the empirical in the construction of the investigative process and the production of results. Key-words: Urban network, average city, midsize city, spatial interaction, Guarapuava- PR. VI 7 RESUMEN En esta tesis emprendimos una discusión sobre red urbana y ciudad mediana como temática central que tiene por objetivo de estudio la ciudad de Guarapuava, en el Centro Sur de Paraná. Buscamos verificar, por medio de un análisis específico de esa ciudad y de las interacciones espaciales entre Guarapuava, Laranjeiras do Sul y Prudentópolis, la existencia de una red urbana y la funcionalidad de Guarapuava como ciudad mediana o de porte mediano en el contexto regional. Para el desarrollo del trabajo, iniciamos con una discusión teórica y conceptual sobre red y red urbana, enseguida combinamos un análisis espacio temporal buscando la comprensión de los principales procesos (urbanización e industrialización) y agentes (grupos sociales, Capital y Estado) participantes de la producción y consolidación de la red urbana brasileña. En esa perspectiva analítica, presentamos los estudios de IBGE/REGIC como importante referencia para estudios de esa naturaleza y la configuración reciente de la red urbana según IBGE/REGIC (2008). A partir de ese enfoque, direccionamos el análisis para las ciudades en la red urbana paranaense, entre las cuales, priorizamos Guarapuava por constituir el objeto central de ese análisis. Para caracterizar esa ciudad en cuanto a su función en el contexto regional, empleamos la metodología para estudios sobre ciudades medianas de la ReCiMe (Red de Pesquisadores sobre Ciudades Medianas), y la metodología de IBGE/REGIC para la clasificación jerárquica de las ciudades en la red urbana desde el punto de vista de oferta de bienes y servicios. Los datos empíricos obtenidos con el trabajo de campo han viabilizado la comprensión de las interacciones materiales en virtud de los desplazamientos para la adquisición de bienes y servicios y las interacciones inmateriales como la comunicación por teléfono e internet. Orientaron la elaboración de la pesquisa el concepto de red urbana y la noción de ciudad mediana, además de conceptos adyacentes como espacio, tiempo, escala. Aún en el campo teórico, categorías como la formación socio espacial, estructura, función, proceso y forma, singular, particular y universal han permeabilizado el análisis interactuando con lo empírico en la construcción del proceso investigativo y en la producción de los resultados. Palavras clave: Interacción espacial, red urbana, ciudad mediana, ciudad de porte mediano, Guarapuava-PR. VII 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Mesorregiões do Paraná e Mesorregião Centro Sul do Paraná ....................... 32 Figura 2 Localização no Paraná das cidades selecionadas para a pesquisa.................... 43 Figura 3 Setores pesquisados segundo a renda .............................................................. 48 Figura 4 Interface do software Questionare Pesquisador 3.1 ......................................... 54 Figura 5 Rede Urbana do Brasil – 2007 ......................................................................... 103 Figura 6 Cidades no Paraná com população entre 50 e 100 mil e 100 e 500 mil habitantes ......................................................................................................... 114 Figura 7 Evolução da hierarquia urbana no Paraná – 1966, 1978, 1993 e 2007............ 116 Figura 8 Classificação e área de influencia das Cidades no Paraná-2007 ..................... 120 Figura 9 Região de Influência de Guarapuava – 2007 ................................................... 124 Figura 10 Região de Influência de Londrina e Maringá – 2007 ...................................... 127 Figura 11 Região de Influência de Cascavel 2007............................................................ 129 Figura 12 Região de Influência de Ponta Grossa – 2007.................................................. 132 Figura 13 Perímetro atual de Guarapuava e municípios desmembrados ......................... 162 Figura 14 Área Central de Guarapuava (1853 – 1950)..................................................... 164 Figura 15 Distribuição espacial das agências bancárias e rede de lojas de móveis locais, regionais e nacionais.............................................................................. 171 Figura 16 “Shopping” Maria Antonia – Guarapuava-PR.................................................. 193 Figura 17 Mudança de uso: de galeria comercial à loja de 1,99 ...................................... 193 Figura 18 Distribuição dos municípios com déficit habitacional no Paraná ................... 201 Figura 19 Habitações improvisadas em área carente por infraestrutura urbana no Jardim Industrial – Guarapuava/PR.................................................................. 209 Figura 20 Condições ambientais e de infraestrutura na periferia urbana de Guarapuava/PR................................................................................................. 209 Figura 21 A expansão urbana de Guarapuava de 1940 a 2007 ........................................ 214 Figura 22 Local de consumo de bens e serviços entre os pesquisados em Guarapuava-PR ................................................................................................ 233 Figura 23 Local de consumo de serviços de saúde entre os pesquisados em Guarapuava-PR ............................................................................................... 236 VIII 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Nível de centralidade das cidades no Paraná – 2000 ..................................... 38 Quadro 2 Nível de centralidade das cidades no Paraná (2008) ..................................... 39 Quadro 3 Estabelecimentos pesquisados para a obtenção de informações secundárias .................................................................................................... 40 Quadro 4 Classificação das cidades pesquisadas segundo o nível de centralidade - 2000 e 2008.................................................................................................... 42 Quadro 5 Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis: população urbana total, domicílios ocupados e tamanho de amostras ................................................ 46 Figura 24 Destino das comunicações telefônicas originadas em Guarapuava-PR ........... 256 Figura 25 Destino das comunicação por internet originadas em Guarapuava – PR ........ 262 Figura 26 Local de consumo de bens e serviços pelos residentes em Laranjeiras do Sul-PR....................................................................................... 270 Figura 27 Local de consumo de bens e serviços pelos residentes em Prudentópolis-PR.............................................................................................. 271 Figura 28 Destino dos deslocamentos originados em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR .......................................................................................... 289 Figura 29 Destino dos deslocamentos originados em Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR........................................................................................... 294 Figura 30 Destino das ligações telefônicas originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR........................................................................................... 304 Figura 31 Destino das ligações telefônicas originadas em Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR ................................................................................. 305 Figura 32 Destino das comunicações por internet originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR .......................................................................................... 310 Figura 33 Destino das comunicações por internet originadas em Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR ......................................................... 312 IX 10 Quadro 6 Grupos de variáveis para pesquisas sobre cidades médias............................. 56 Quadro 7 Número de cidades no Brasil por quantidade de habitantes (1940-1980) ..... 85 Quadro 8 População urbana e rural no Brasil (1940-2006)............................................ 91 Quadro 9 Evolução dos estudos de hierarquização da rede urbana – IBGE/REGIC (1966, 1978, 1993, 2007) .............................................................................. 95 Quadro 10 Classificação e Hierarquia das Cidades – 2007............................................. 102 Quadro 11 Processos que contribuíram para a formação da rede urbana paranaense (sec. XVI a 1970) .......................................................................................... 107 Quadro 12 Dinâmica populacional do Paraná (1940-2007) ............................................ 111 Quadro 13 Cidades entre 50 e 100 e 100 e 500 mil habitantes por décadas no Paraná .. 113 Quadro 14 Cidades brasileiras contempladas com o Programa Cidades de Porte Médio (1974, 1977 a 1980) ........................................................................... 138 Quadro 15 Períodos, processos e agentes relevantes na formação socioespacial de Guarapuava-PR.............................................................................................. 153 Quadro 16 Desmembramentos territoriais de Guarapuava (1889-1995) ........................ 160 Quadro 17 Maiores economias – Paraná – 2005.............................................................. 168 Quadro 18 Cidades no Paraná segundo nível de diversidade em comércio e serviços em 2007 ........................................................................................... 173 Quadro 19 Valor Adicionado Fiscal da Atividade Comercial e de Serviços de Guarapuava e Cascavel 2007/2008 - (R$ 1,00) ............................................. 174 Quadro 20 Arrecadação de ICMS de Guarapuava e Cascavel em 2007, 2008 e 2009 - (R$1,00) ......................................................................................................... 174 Quadro 21 Valor Adicionado Fiscal por setores de atividade em Guarapuava e Cascavel – 2008 (R$1,00) ............................................................................. 175 Quadro 22 População Total, Econômica Ativa e Ocupada de Guarapuava e Cascavel em 2000 ......................................................................................................... 178 Quadro 23 População total, famílias e pessoas em situação de pobreza em Guarapuava e Cascavel (2000) .......................................................................................... 180 Quadro 24 Número de Estabelecimentos e empregos formais no setor industrial em Guarapuava e Cascavel – 2006 ..................................................................... 181 X 11 Quadro 25 Atividades de serviços, número de estabelecimentos e empregos formais em Guarapuava e Cascavel – 2006 ................................................................ 182 Quadro 26 Comércio varejista, atacadista, número de estabelecimentos e empregos Guarapuava e Cascavel ................................................................................. 183 Quadro 27 Meios de Transportes em Guarapuava – 1928-2010 ..................................... 187 Quadro 28 Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros – 2008.......................... 189 Quadro 29 Principais estabelecimentos de saúde públicos em Guarapuava-PR – 2005.. 195 Quadro 30 Equipamentos para serviços de saúde em Guarapuava.................................. 195 Quadro 31 Total de domicílios e percentual de inadequação de água, esgoto, coleta de lixo e energia elétrica – 2000 ........................................................................ 212 Quadro 32 Relação, variáveis e resultados....................................................................... 215 Quadro 33 Consumo de bens e serviços pelos pesquisados em Guarapuava – PR segundo a renda em salários mínimos – 2008 ............................................... 230 Quadro 34 Consumo de serviços de saúde entre os pesquisados em Guarapuava-PR segundo a renda em salários mínimos – 2008 ............................................... 234 Quadro 35 Consumo de serviços de agência de turismo e advocacia entre os pesquisados em Guarapuava-PR segundo a renda em salários mínimos – 2008................................................................................................................. 235 Quadro 36 Deslocamentos procedentes de Guarapuava internos à região Centro Sul do Paraná e região de influência de Guarapuava-PR – 2008 ........................ 238 Quadro 37 Destino e motivo dos deslocamento na região Centro Sul do Paraná região de influência de Guarapuava-PR – 2008............................................. 239 Quadro 38 Ocupações e principais destinos dos deslocamentos originados em Guarapuava-PR – 2008 ................................................................................. 239 Quadro 39 Destino e renda em salários mínimos dos pesquisados que se deslocam para municípios da região Centro Sul do Paraná e região de influência de Guarapuava – PR – 2008 ............................................................................... 240 Quadro 40 Destino e frequência dos deslocamentos na região Centro Sul do Paraná e região de influência de Guarapuava – PR – 2008 ......................................... 242 XI XII XI 12 Quadro 41 Porcentagem dos pesquisados que se deslocam e dos que não se deslocam para fora da região Centro Sul do Paraná e da região de influência de Guarapuava – PR – 2008 ............................................................................... 243 Quadro 42 Destinos e motivos dos deslocamentos externos à região Centro Sul do Paraná e região de influência Guarapuava – PR – 2008 ............................... 244 Quadro 43 Destino e renda dos respondentes que se deslocam para Municípios externos à região Centro Sul do Paraná e região de influência de Guarapuava – PR – 2008 ............................................................................... 245 Quadro 44 Destino e freqüência dos deslocamentos externos à região Centro Sul e região de influência de Guarapuava – PR – 2008 ......................................... 246 Quadro 45 Motivo e freqüência dos deslocamentos para Curitiba por nível de renda – 2008 .................................................................................................. 247 Quadro 46 Comunicação por telefone com municípios internos e externos à região Centro Sul do Paraná e região de influência de Guarapuava – PR – 2008 ... 251 Quadro 47 Direção e motivo das conexões telefônicas originadas em Guarapuava com municípios internos e externos à região Centro Sul do Paraná e região de influência de Guarapuava – PR – 2008 ......................................... 252 Quadro 48 Comunicação por internet interna e externa à região Centro Sul do Paraná e região de influência de Guarapuava-PR – 2008 ............................. 257 Quadro 49 Destinos e motivos das conexões por internet com municípios internos à região Centro Sul do Paraná e à região de influência de Guarapuava – PR – 2008 ............................................................................... 258 Quadro 50 Consumo de bens e serviços pelos respondentes de Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR – 2008 ............................................................................ 268 Quadro 51 Deslocamentos para Guarapuava originados em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR – 2008 ............................................................................ 272 Quadro 52 Motivo e frequência dos deslocamentos em direção à Guarapuava por nível de renda dos pesquisados em Laranjeiras do Sul – PR – 2008....................... 273 Quadro 53 Ocupação dos pesquisados e motivo dos deslocamentos originados em Laranjeiras do Sul com destino à Guarapuava – PR – 2008 ......................... 274 Quadro 54 Motivo e freqüência dos deslocamento originados em Prudentópolis em direção à Guarapuava segundo a renda dos pesquisados – 2008 .................. 275 XII 13 Quadro 55 Motivo e meio de transporte utilizado para os deslocamentos de Prudentópolis para Guarapuava – PR – 2008 ................................................ 276 Quadro 56 Deslocamentos internos e externos – 2008.................................................... 278 Quadro 57 Destinos e motivos dos deslocamentos internos e externos à região de Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR – 2008 ........................................... 280 Quadro 58 Ocupação dos respondentes de Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR – 2008 ............................................................................ 281 Quadro 59 Destino e frequência dos deslocamentos internos e externos originados em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR – 2008 ........................................... 283 Quadro 60 Destino dos deslocamentos interno e externo à região de Laranjeiras do Sul e Prudentópolis e renda dos pesquisados – 2008 .................................... 285 Quadro 61 Percentual de ligações telefônicas para Guarapuava originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR – 2008 ........................................... 296 Quadro 62 Motivo e frequência das ligações telefônicas originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis em direção a Guarapuava– PR – 2008 .......................... 297 Quadro 63 Percentual de comunicação por telefone com cidades da região de Laranjeiras do Sul e Prudentópolis-PR – 2008 ............................................. 298 Quadro 64 Destino e motivo das ligações telefônicas originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis – PR – 2008............................................................... 299 Quadro 65 Destino e Frequência das ligações telefônicas originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis –PR – 2008................................................................ 301 Quadro 66 Comunicação com Guarapuava via internet-2008......................................... 306 Quadro 67 Motivo e frequência das comunicações por internet com Guarapuava originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis-PR – 2008....................... 307 Quadro 68 Comunicação por internet com outras cidades originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis-PR – 2008................................................................ 307 Quadro 69 Destino e motivo das comunicações por internet originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis-PR – 2008.............................................. 308 Quadro 70 Evolução hierárquica de Cascavel, Guarapuava e Ponta Grossa .................. 322 XIII 14 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Brasil: taxas regionais de urbanização de 1940 a 2000 ................................... 90 Tabela 2 Cidades na área de influância de Guarapuava, classificação e população – 2007 .......................................................................................... 122 Tabela 3 Cidades na área de influência de Londrina classificação e população – 2007 .......................................................................................... 125 Tabela 4 Cidades na área de influência de Maringá, classificação e população – 2007 .......................................................................................... 126 Tabela 5 Cidades na área de influência de Cascavel: classificação e população – 2007 .......................................................................................... 128 Tabela 6 Cidades na área de influência de Ponta Grossa: classificação e população – 2007 .......................................................................................... 130 Tabela 7 Agências Bancárias em Guarapuava e Cascavel (2010) .................................. 170 Tabela 8 Dinâmica demográfica de Guarapuava – (1940-2007) ................................... 176 Tabela 9 Evolução do IDH-M Guarapuava e Cascavel-1991 e 2000 ............................. 178 Tabela 10 Dinâmica populacional de Laranjeiras do Sul-PR - 1950/2007....................... 264 Tabela 11 Dinâmica demográfica de Prudentópolis-PR (1970-2007)............................... 265 Tabela 12 Distância das cidades pesquisadas até Londrina e às urbes no Paraná mais indicadas entre os pesquisados – 2010 ............................................................ 291 XIV 15 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Guarapuava: Renda dos pesquisados - 2008 (%) ............................................ 51 Gráfico 2 Meios de transportes utilizados para deslocamento na região Centro Sul do Paraná e região de influência de Guarapuava-PR – 2008 .................... 242 Gráfico 3 Meio de transporte utilizado para deslocamentos externos à região Centro Sul do Paraná e região de influência de Guarapuava-PR (2008) ..................... 248 Gráfico 4 Frequência das comunicações realizadas em âmbito interno e externo à área de pesquisa - 2008 ................................................................................ 253 Gráfico 5 Média salarial dos pesquisados que realizam comunicações telefônicas internas e externas à área de pesquisa - 2008 ................................................. 255 Gráfico 6 Média salarial dos pesquisados que realizam conexões por internet internas e externas à área de pesquisa – 2008 .................................................. 260 Gráfico 7 Idade dos pesquisados em Guarapuava que realizam comunicação por internet em âmbito interno e externo à área de pesquisa – 2008 .................... 261 Gráfico 8 Meio de transporte utilizado para os deslocamentos internos e externos – 2008 ................................................................................................ 286 LISTA DE SIGLAS ACIC: Associação Comercial e Industrial de Cascavel ACIG: Associação Comercial e Industrial de Guarapuava ACP: Área de Concentração Populacional ANATEL: Agência Nacional de Telecomunicações. BIRD: banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento BM: Banco Mundial. BMW: Bayerische Motoren Werke. BNH: Banco Nacional de habitação. BNDE: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico. XV 16 BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. CACEX: Carteira de Comércio Exterior do Banco. CAIS: Complexos Agroindustriais. CAM: Computer Aided Design. CDI: Conselho de Desenvolvimento Industrial. CFCE: Conselho Federal do Comércio Exterior. CIC: Cidade Industrial de Curitiba. CIS: Consórcio Integrado de Saúde. CIGMS: Computer Integrated Global Manufacturing Systems. COHAPAR: Companhia de Habitação do Paraná. CME: Coordenação de Mobilização Econômica. CNDU: Conselho Nacional do Desenvolvimento Urbano. CNPIC: Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial. CNPU: Comissão Nacional de Política Urbana. COHAPAR: Companhia de habitação do Paraná. CPDs: Centros de Processamento de Dados. CPE: Comissão do Planejamento Econômico. CPM/Bird: Projeto Especial de Cidades de Porte Médio. CPM: Capitais e Cidades de Porte Médio. CRQ: Celular Quality Control. CTA:Centro Técnico Aeroespacial. CTEF: Conselho Técnico de Economia e Finanças. CTI: Centro de Terapia Intensiva. DASP: Departamento Administrativo do Serviço Público. DIT: Divisão Internacional do Trabalho. DTT: Divisão Territorial do Trabalho. ELETROBRÁS: Empresa Brasileira de Energia. EMBRATEL: Empresa Brasileira de Telecomunicações. EUA: Estados Unidos da América FMI: Fundo monetário Internacional. FIBGE: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia FSE: Formação SocioEspacial. XVI 17 GVT: Global Village Telecon IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IDH: Índice de Desenvolvimento Humano. IDH-M: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. INCRA: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IPARDES: Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social INPE: Instituto Nacional de Pesquisas espaciais. IPEA: Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas. IPTU: Imposto Predial Territorial urbano. ITA: Instituto Tecnológico da Aeronáutica. JK: Juscelino Kubitschek LS: Laranjeiras do Sul MG: Minas Gerais. MTE: Ministério do Trabalho e Emprego NESUR/UNICAMP: Núcleo de Economia Social, Urbana e Regional OMC: Organização Mundial do Comércio. PETROBRÁS: Petróleo Brasileiro S/A. PND: Plano Nacional de Desenvolvimento. PDU/PR: Plano de Desenvolvimento Urbano do Paraná. PNCCPM: Programa Nacional de Apoio às Capitais e Cidades de Porte Médio PIB: Produto Interno Bruto. PIB-M: Produto Interno Bruto Municipal. PEA: População Economicamente Ativa. PNDU: Política Nacional de Desenvolvimento Urbano. RAIS: Relação Anual de Informações Sociais. ReCiMe: Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias. REGIC: Região de Influência das Cidades. RMC: Região Metropolitana de Curitiba. SEFA/PR: Secretaria de Estado e Fazenda do Paraná SIS: Sistema Integrado de Saúde. SUS: Sistema Único de Saúde. SUMOC: Superintendência da Moeda e do Crédito. XVII 18 TELEBRÁS: Telecomunicações Brasileiras. TAM: Transportes Aéreos Marília UTI: Unidade de Terapia Intensiva. VAF/T: Valor Adicionado Fiscal Total XVIII 19 SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................ V ABSTRACT ........................................................................................................................ VI RESUMEN .......................................................................................................................... VII LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... VIII LISTA DE QUADROS ....................................................................................................... IX LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ XIV LISTA DE GRÁFICOS ...................................................................................................... XV LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................ XV INTRODUÇÃ O .................................................................................................................. 22 CAPÍTULO 1 - A REDE URBANA BRASILEIRA E AS CIDADES MÉDIAS E DE PORTE MÉDIO ................................................................................................................. 61 1. Rede e rede urbana: uma introdução à temática .................................................. 62 1.1. Sobre a da rede urbana ......................................................................................... 66 1.2. A Urbanização e a industrialização no Brasil: rede urbana e cidades médias em contexto ................................................................................................................ 70 1.2.1. Urbanização e cidades no Brasil no limiar do século XX .................................... 72 1.2.2. O Estado e o Capital na produção do espaço urbano nacional ............................ 77 1.2.3. Expansão e descentralização urbana e industrial: condições para o aumento do número de cidades de porte médio ....................................................................... 82 1.2.4. A globalização e a tecnologia na redefinição do papel das cidades e o enfoque às cidades médias ................................................................................................. 88 1.3. Configuração da rede urbana brasileira segundo estudos do IBGE/REGIC ........ 93 1.3.1. Sobre o IBGE/REGIC: histórico e aspectos teórico-metodológicos ................... 94 1.3.2. A rede de cidades brasileira em 2007 .................................................................. 96 1.3.3. Classificação das cidades brasileiras: hierarquia urbana e área de influência ..... 99 1.4. A população e as cidades na formação da rede urbana do Paraná: uma contextualização ................................................................................................... 105 1.4.1. Dinâmica demográfica e a consolidação do Paraná urbano ................................. 109 1.4.2. Evolução hierárquica das cidades na rede urbana do Paraná de 1966 a 2007...... 115 1.4.3. Região de influência de Guarapuava, Londrina, Maringá Cascavel e Ponta Grossa ................................................................................................................... 121 1.4.3.1. Região de influência de Guarapuava ................................................................... 122 1.4.3.2. Região de influência de Londrina e Maringá ...................................................... 125 20 1.4.3.3. Região de influência de Cascavel ........................................................................ 128 1.4.3.4. Região de influência de Ponta Grossa .................................................................. 130 1.5. Síntese analítica sobre a rede urbana paranaense e Guarapuava .......................... 133 CAPÍTULO 2 - GUARAPUAVA À LUZ DA TEORIA E METODOLOGIA PARA ESTUDOS SOBRE CIDADES MÉDIAS ........................................................................ 135 2. As cidades de porte médio e médias nos planos nacionais de desenvolvimento.. 136 2.1. Problematizações e estudos sobre cidades de porte médio e médias no Brasil ... 141 2.2. Gênese e desenvolvimento da base social e produtiva: eventos e agentes na produção do espaço .............................................................................................. 151 2.2.1. Guarapuava: reorganização do espaço urbano após 1970 .................................... 157 2.2.2. Características intra-urbanas de Guarapuava: da formação à cidade atual .......... 160 2.3. Avaliando a função de cidade média ................................................................... 166 2.3.1. Atividades econômicas predominantes e atuação de novos agentes ................... 166 2.3.2. Comércios e serviços: atividades socioespacialmente seletivas .......................... 169 2.3.3. Dinâmica populacional e mercado de trabalho .................................................... 175 2.3.4. Mercado de trabalho em Guarapuava: breve caracterização ................................ 180 2.3.5. Infraestruaturas de transportes e equipamentos urbanos coletivos ...................... 184 2.3.5.1. Rede de transportes: estabelecendo conexões entre os lugares ............................ 184 2.3.5.2. Equipamentos urbanos coletivos: elementos para a estrutura e dinâmica intra- urbana ................................................................................................................... 192 2.3.6. As condições de moradia como indicadores da estrutura urbana ........................ 197 2.3.6.1. Ocupações irregulares: favelas ............................................................................ 199 2.3.6.2. Políticas habitacionais públicas e privadas em Guarapuava: loteamentos, conjuntos habitacionais e “desfavelamento” ........................................................ 201 2.3.6.3. Loteamentos e a possibilidade de moradia ........................................................... 202 2.3.6.4. Conjuntos habitacionais em Guarapuava: interesses versus necessidades .......... 204 2.3.6.5. Programas de desfavelamento: regularização ou valorização urbana .................. 206 2.3.6.6. Verticalização como alternativa de valorização urbana e difusão do moderno ... 210 2.3.6.7. Habitabilidade ...................................................................................................... 212 2.4. Síntese sobre o apresentado ................................................................................. 215 CAPÍTULO 3 - INTERAÇÕES ESPACIAIS ENTRE GUARAPUAVA, LARANJEIRAS DO SUL E PRUDENTÓPOLIS ........................................................... 219 3. Interações espaciais: deslocamentos e comunicações entre cidades .................... 220 3.1. Interações espaciais e a formação de fluxos originados em Guarapuava-PR....... 228 21 3.1.1. Deslocamentos internos e externos à região Centro Sul do Paraná e à região de influência de Guarapuava-PR............................................................................... 237 3.1.2. Deslocamentos internos à região Centro Sul do Paraná e à região de influência de Guarapuava-PR ............................................................................................... 238 3.1.3. Deslocamentos externos à região Centro Sul e à região de influência de Guarapuava-PR..................................................................................................... 243 3.1.4. Fluxos imateriais: comunicação por telefone e internet ...................................... 250 3.1.5. Comunicação via internet .................................................................................... 257 3.2. Destino, motivos e intensidade das interações espaciais originadas em Laranjeiras do Sul e Prudentópolis....................................................................... 264 3.2.1. Laranjeiras do Sul ................................................................................................ 264 3.2.2. Prudentópolis ....................................................................................................... 265 3.2.3. Laranjeiras do Sul e Prudentópolis: bens e serviços ............................................ 266 3.2.4. Deslocamentos realizados pelos pesquisados para municípios internos e externos à região de Laranjeiras do Sul (Centro Sul) e de Prudentópolis (Sudeste) .................. 278 3.2.5. Dispersão e convergências de fluxos materiais .................................................... 292 3.2.6. Comunicação por telefone .................................................................................... 296 3.2.7. Comunicação por telefone com municípios da região de Laranjeiras do Sul (Centro Sul) e de Prudentópolis (Sudeste) e com municípios externos a esses recortes espaciais .................................................................................................. 298 3.2.8. Comunicação por internet .................................................................................... 306 3.3. Guarapuava no sistema regional e na rede urbana paranaense ............................ 314 3.3.1. Sobre a condição de cidade média ....................................................................... 317 3.3.2. A centralidade na definição de funções na rede urbana ....................................... 321 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A PESQUISA ................................................. 327 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS ................................................................................ 333 ANEXOS .............................................................................................................................. 343 22 INTRODUÇÃO O tema rede urbana e cidades médias tem sido discutido na Geografia brasileira vinculado ao contexto da urbanização e industrialização. Tais processos apresentam-se indissociáveis na realização de pesquisas e na elucidação de hipóteses pertinentes à produção das cidades e da rede urbana como uma construção social. Ao tratarmos especificamente da cidade média, consideramos que sua existência é viabilizada pela criação de um ambiente propício ao seu florescimento, cujo fundamento é o aparecimento de uma rede urbana moderna com algum nível de complexidade que possibilitasse se pensar o conceito (CORRÊA, 2007). Em escala nacional, a valorização das cidades médias torna-se mais evidente a partir da ampliação do setor industrial e do surgimento dos programas de apoio às cidades de porte médio na década de 1970, inseridos nos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs) que deram maior visibilidade a essa categoria de cidades. Naquele momento, a rede urbana brasileira apresentava sinais de expansão e aumento no número de cidades, assim como a incidência de população urbana maior que a rural, a ampliação do consumo e do movimento populacional. Parte dessas transformações de ordem socioespacial foram oriundas dos impulsos da capitalização do campo e da cidade com o processo de industrialização, a modernização econômica e o avanço técnico, científico e informacional. No Brasil, a partir da década de 1970, a rede urbana brasileira passou por transformações, que, conforme Corrêa (2001), foram determinadas por mudanças ocorridas na organização socioespacial. A distribuição das atividades e das funções seguiram com São Paulo e Rio de Janeiro no topo da hierarquia e, em 2007, também com Brasília, que também passou a integrar essa posição hierárquica. No Paraná, na década de 1970, destacavam-se, além de Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa com mais de 100 mil habitantes, concentrando maior contingente populacional e dinâmica econômica. O número de cidades com esse porte aumentou, intensificando as relações em rede no referido estado pelas interações favorecidas pelos fluxos entre cidades de diferentes portes, que foram motivados pela condição de oferta de bens, serviços e empregos, além de outras atividades e características que contribuíram para que as cidades se tornassem atrativas. 23 Dentre as muitas mudanças desencadeadas após 1980 até o início do século XXI, destacam-se: a desconcentração de atividades econômicas, a ampliação e a diversificação de atividades industriais que beneficiaram a economia de outras cidades e oportunizaram o surgimento de centros industriais especializados; a modernização, industrialização e capitalização do campo, com ênfase na constituição de complexos agroindustriais; as inovações na gestão das indústrias, do comércio e de serviços; a terciarização e a constituição de grandes corporações empresariais. A partir de 1990, além do mencionado conjunto de transformações, somaram-se as novas tecnologias e a globalização, que intensificaram a DIT (Divisão Internacional do Trabalho) e acrescentaram funções às cidades. A tecnologia da informação e as inovações tecnológicas nos processos produtivos estimularam a descentralização populacional e econômica, a concorrência, a capacitação profissional e a especialização dos lugares. Desse modo, entendemos que a rede urbana e as cidades médias no Brasil foram impulsionadas por processos comuns, mas, que as particularidades devem ser consideradas conforme a formação socioespacial de cada recorte. A associação entre rede urbana e cidades médias, nesta pesquisa, deve-se à pressuposição de que a rede urbana é fundamental para o desempenho das cidades médias num conjunto de centros urbanos funcionalmente articulados em rede, uma vez que as interações espaciais viabilizam a existência e o funcionamento dessa categoria de cidades. A diversificação das interações espaciais foi favorecida pelas redes de transporte e telecomunicações, assim como pela ampliação da produção e distribuição de energia, que contribuíram para a utilização de equipamentos de base tecnológica e incorporaram novas áreas ao processo produtivo nacional, atribuindo, também, novos papéis às cidades médias no sentido de sua funcionalidade. As cidades médias são caracterizadas pelos processos de especialização funcional e produtiva de alta competitividade, pois o processo de especialização, criado internamente ou induzido de fora, confere às cidades médias uma particularidade funcional, simultaneamente diferenciadora e integradora, podendo estar associado às novas demandas do campo e às novas atividades agrícolas regionais, à implantação de atividades industriais, reflexo do processo de reestruturação e desconcentração industrial e à criação de formas alternativas e diferenciadas de atividades por parte da ação empreendedora das elites locais, geralmente, no segmento terciário e, em alguns casos, também no industrial. (SILVEIRA, 2002, p.14). 24 As especializações reconfiguram a funcionalidade dessas cidades, inserindo-as numa divisão territorial do trabalho mais complexa e possibilitando a inserção diferenciada na rede urbana. Neste sentido, entendemos que pesquisas sobre cidades médias, realizadas tanto pela Geografia quanto por outras áreas de conhecimento, são importantes por estimularem constantes reflexões sobre o papel que essas cidades exercem no país e no entorno regional onde estão inseridas, em virtude da importância socioeconômica, cultural e política que elas têm assumido nos últimos tempos (SOARES, 2001). Assim, frente à complexidade de fatores que envolvem a rede urbana e as cidades médias, estabelecemos algumas diretrizes que possibilitaram definir o recorte espacial, temporal e o arcabouço teórico-conceitual e metodológico que favoreceram a investigação do problema, tendo por objetivo identificar a possibilidade de desempenho de funções de cidade média por Guarapuava na rede urbana do Centro Sul do Paraná. Para atender a tal objetivo, além das questões pertinentes à qualificação funcional de uma cidade média consideramos as interações espaciais entre Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis, avaliando a formação de fluxos e o nível de centralidade de Guarapuava junto às cidades da região e as suas áreas de influência, assim como, a dinâmica da rede. No item “Sobre a pesquisa: do tema à metodologia, que se encontra no decorrer dessa introdução, estão os esclarecimentos sobre a definição temática, a construção do objeto de estudo e os aportes teórico, conceitual e metodológico, que embasaram e serviram de orientação ao desenvolvimento desta pesquisa que se apresenta estruturada em três capítulos. No capítulo 1, denominado A rede urbana brasileira, as cidades de porte médio e as cidades médias, realizamos uma abordagem teórica e conceitual sobre rede urbana, com uma introdução ao conceito matriz de rede. Seguimos com a discussão sobre a formação e desenvolvimento da rede urbana brasileira no contexto da urbanização e industrialização no país, que têm nas principais transformações de ordem político-econômica, que permearam a sociedade e o espaço do final do século XIX ao início do XXI, o viés que sustenta e define a rede urbana e as cidades médias nessa rede. Tais transformações referem-se à participação da produção cafeeira como base de acumulação de capital para o desenvolvimento da indústria e, ao mesmo tempo, como promotora de uma nova ordem social que aconteceu com o esgotamento das relações escravagistas e com a gradativa introdução da mão-de-obra assalariada, resultando um 25 importante advento para a valorização das cidades como local de residência, não somente para passeio e compras. A sucessão de governos, teve, em cada período, sua importância para a consolidação da rede de cidades e para a definição do quadro social brasileiro. Assim, tanto o Estado quanto o Capital, seja público ou privado, nacional ou estrangeiro, interagiram para a concretização do modelo urbano-industrial e para a formação da sociedade de consumo que sustenta esse modelo. O Estado atuou na formação de bases energéticas, de transportes e de comunicação e os investimentos em estatais que favoreceu a consolidação de setores cruciais para o desempenho de atividades econômicas. Os capitais nacional e estrangeiro investiram na implantação de indústrias nacionais e multinacionais que alavancaram a produção, com destaque para o setor alimentício e automotivo. No escopo das questões econômicas, destacamos a centralização das infraestruturas e atividades econômicas no Sudeste, acentuando que sua descentralização figura como um mecanismo de expansão do paradigma econômico nas regiões brasileiras, com o intuito de demonstrarmos que seu fortalecimento, aliado à coesão territorial, se apresenta como meio de expansão dos investimentos. As medidas governamentais atuaram na promoção dessa descentralização econômica e populacional das metrópoles e capitais com a implantação de polos de desenvolvimento (1950-70) e de políticas específicas vinculadas aos PNDs, que seguiram em três versões sequenciais (1972-74), (1974-78), (1979-80). Desses planos, fez parte o Programa Nacional de Apoio às Capitais e Cidades de Porte Médio o (PNCCPM), que incentivou a interiorização das cidades brasileiras, com a extensão, sobretudo, de infraestruturas como energia, transporte e telecomunicações, além da cessão de subsídios para ações internas que aconteceram segundo as intenções e a capacidade empreendedora local. Com a consolidação do local de residência da maioria da população em centros urbanos, as cidades de porte médio participaram da promoção do equilíbrio na rede urbana e na ampliação da DTT (Divisão Territorial do Trabalho), desempenhando algumas funções antes oferecidas somente por grandes centros urbanos e constituindo-se em cidades médias no sentido funcional. Os equipamentos tecnológicos nas cidades médias abriram oportunidade para os novos agentes, os profissionais qualificados, com nível de informação mais ampla. Com esse conteúdo, redefiniu-se o quadro das relações sociais e o papel da própria cidade, mas, também, urbes e pessoas foram excluídas desse processo, 26 ampliando a desigualdade socioespacial de maneira que nem toda cidade de porte intermediário exerce função de cidade média na rede urbana. Os estudos desenvolvidos pelo IBGE/REGIC sobre a rede urbana brasileira, sua configuração, mudanças e tendências, atuaram como bases para a definição de políticas públicas e constituíram-se em fontes de dados para pesquisas na referida área. Neste estudo, inclui-se a rede urbana paranaense com a classificação das cidades segundo a posição hierárquica, propiciando a identificação dos principais sistemas e subsistemas urbanos, as cidades socioeconomicamente mais relevantes e suas evoluções na rede. Em contribuição ao entendimento da caracterização das cidades no Paraná, apresentamos sucintamente a dinâmica demográfica e informações sobre a consolidação do Paraná como urbano, apoiados por um quadro com a periodização do século XVI à década de 1970, que destaca os principais processos e agentes históricos, políticos e econômicos que impulsionaram o surgimento e a evolução das cidades. A discussão segue destacando as principais cidades atuantes na rede urbana do estado, ressaltando aquelas com população entre 50 e 100 mil habitantes, consideradas de pequeno porte, e as com população entre 100 e 500 mil habitantes, que são as de porte médio, segundo a classificação do IBGE que foi considerada na pesquisa. Sobre o papel das cidades paranaenses na rede urbana, empreendemos uma discussão que apresenta a evolução dessa rede segundo os estudos do IBGE/REGIC, em suas edições de 1966 a 2007, com as mudanças entre as cidades quanto à posição na hierarquia urbana. Desses estudos, destacamos o mais recente, com pesquisas realizadas em 2007, que apresenta a classificação e a região de influência das cidades no Paraná. Do mapa geral, com as diversas centralidades do estado, evidenciamos aquelas que compõem a região de influência direta de Guarapuava com o número de habitantes na área urbana de cada uma. Estabelecemos parâmetros para o entendimento sobre o nível de relevância de Guarapuava na referida rede, a partir de considerações sobre a região de influência de outras cidades paranaenses, como Londrina, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa, por estarem classificadas em posição hierárquica superior à Guarapuava e inferior à capital. Apresentamos as regiões de influência direta dessas cidades com as principais centralidades e o respectivo número de habitantes na área urbana. O VAF-T (Valor Adicionado Fiscal Total) de Guarapuava e das demais cidades elencadas foi apresentado 27 com o objetivo de exemplificar e diferenciar cada urbe conforme a importância econômica das mesmas no Paraná. Frente às cidades destacadas na rede urbana paranaense e considerando a discussão teórica sobre rede urbana e sua formação no Brasil, no capítulo 2, intitulado Guarapuava à luz da teoria e metodologia para estudos de cidades médias, objetivamos entender sua função no contexto regional, indicado anteriormente pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES, 2005), como um recorte com características socioespaciais mais críticas em relação a outras regiões no Paraná. Essa discussão pautou-se principalmente em características intraurbanas e em algumas informações referentes à dimensão interurbana. Assim, iniciamos uma discussão teórica sobre a noção de cidade média e os estudos realizados no Brasil sobre essa categoria de cidades por alguns dos principais pesquisadores/as que se dedicam à temática, como Santos (1993, 2003), Amorim Filho (1976), Amorim Filho, Bueno e Abreu (1982, 1984), Amorim Filho, Serra (2001), Soares (2001, 2005), Pontes (2000) Sposito (2001, 2007), Andrade e Lodder (1979), Andrade, Serra (2001), Steinberger e Bruna (1984). A contribuição dos pesquisadores compreende também os aportes teórico e metodológico para a investigação e caracterização da cidade média, dentre os quais elegemos a metodologia da ReCiMe (Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias) que contribuiu para a fundamentação da pesquisa, no que tange à função de Guarapuava como cidade média. Antes de iniciarmos com a apresentação e a análise das variáveis que visam à identificação de uma cidade média, apresentamos aspectos relevantes da formação socioespacial de Guarapuava para melhor conhecimento da formação da cidade, principal objeto desta pesquisa. Para esse exercício, desenvolvemos uma discussão com o apoio de um quadro de periodização no qual se encontram processos e agentes mais relevantes na ocupação, evolução e desenvolvimento socioespacial de Guarapuava, com abordagem subjacente ao contexto regional. Os períodos dispostos vão da ocupação (século XVIII) à década de 1970, a partir de quando a cidade começou a apresentar características mais evidentes de uma sociedade urbana com possibilidades de inserção na rede e perspectivas de ampliação e modernização das atividades econômicas, que foram favorecidas pelas inovações técnicas e expansão das redes de transporte. 28 Na sequência, procuramos caracterizar Guarapuava empregando os dados secundários; mapas e fotos com a finalidade de demonstrar como a cidade encontra-se em relação às variáveis propostas pela ReCiMe, referentes a ramos de atividades econômicas representativas da atuação dos novos agentes econômicos; dinâmica populacional e mercado de trabalho; equipamentos e infraestrutura e condições de moradia. No final do capítulo, apresentamos uma síntese sobre a contemplação das variáveis propostas pela ReCiMe identificadas em Guarapuava. Para aprofundar o conhecimento sobre a realidade pesquisada, adentrar às questões interurbanas e investigar, por meio das interações espaciais, os fluxos gerados entre Guarapuava, Laranjeiras do Sul, Prudentópolis e destas cidades com outras urbes, evidenciando a centralidade que Guarapuava exerce no contexto regional, no capítulo 3, denominado Interações espaciais entre Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis, trabalhamos com os dados empíricos procurando correlacioná-los à base teórica, conceitual e metodológica. Nesse capítulo, analisamos as informações obtidas, construindo por meio dos resultados os argumentos que conduziram às respostas para as indagações centrais da pesquisa, que giraram em torno da formação e dinâmica da rede urbana e de uma cidade média no Centro Sul do Paraná. Fundamentados pela metodologia do IBGE/REGIC para a classificação das cidades na rede urbana, com considerações pertinentes às especificidades desta pesquisa, apresentamos e discutimos as respostas provenientes dos questionários aplicados, que investigaram sobre os deslocamentos para consumo de bens e serviços e sobre a comunicação por telefone (fixo e móvel) e internet. Sobre o consumo de bens e serviços, as variáveis pesquisadas foram relacionadas à compra de eletroeletrônicos, automóveis e motocicletas, compra e manutenção de computadores e periféricos, serviços de saúde, ortodontia, uso de agências de turismo e serviços de advocacia. Os resultados estatísticos são apresentados em tabelas, quadros e gráficos, conforme requer cada questão, e em mapas, que apresentam a distribuição ou concentração espacial dos fluxos. Os fluxos imateriais referentes à comunicação por telefone e internet representados nos cartogramas mostram a direção das comunicações originadas em Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis. Com o conteúdo oferecido pelas informações oriundas da pesquisa empírica, obtivemos subsídios suficientes para empreendermos a discussão 29 sobre a função de Guarapuava na rede urbana regional e paranaense, aprofundando a análise sobre a função de cidade média e tendo a centralidade e a interação com a área de influência consideradas como questões fundamentais para a definição de funções de intermediação. O trabalho empírico, associado às leituras, dados e informações secundárias, ofereceu os argumentos para avançarmos para a finalização desta tese que ora apresentamos. Para melhor compreensão sobre o processo de elaboração desta pesquisa, antes de iniciarmos com o Capítulo 1, apresentamos, a seguir, parte do trajeto acadêmico percorrido até a definição da tese e das escolhas que resultaram na sua elaboração, com informações sobre as abordagens teóricas, conceituais e metodológicas. Desejamos que a soma de todos os elementos que se encontram articulados neste trabalho corrobore para seu entendimento e propicie uma leitura produtiva. Sobre a pesquisa: do tema à metodologia A construção do objeto de pesquisa, necessário para toda e qualquer investigação científica, costuma surgir de preocupações ou, no mínimo, inquietações advindas da observação de processos ou fenômenos recorrentes em uma determinada área. Apesar de a escolha de um determinado objeto ser produto de uma construção teórica, conceitual e metodológica, ela também pressupõe associações empíricas e está condicionada ao olhar, às experiências e aos conhecimentos do/a pesquisador/a. Assim, o trabalho que ora apresentamos não é produto de uma escolha recente, iniciada com o doutorado, outros agentes foram determinantes na consolidação desse processo investigativo e de formação profissional. Além de uma identificação pessoal com a cidade e o urbano, a trajetória acadêmica iniciada pela graduação em Geografia na Universidade Estadual de Londrina (UEL) representa o momento que, entre tantas influências procedentes do meio universitário e da Geografia, a contribuição pedagógica dos docentes, confirmou o delineamento de uma inclinação por temas relacionados à Geografia Urbana. As aulas, trabalhos de campo e discussões empreendidas, sobretudo, com a Profª. Drª. Tania Maria Fresca, certamente provocaram e despertaram esse interesse singular. Esse percurso seguiu sendo construído e aprimorado com o mestrado, cursado na Universidade Estadual de Maringá (UEM), onde pude experimentar o processo de 30 investigação científica sob a orientação do Prof°. Dr. César Miranda Mendes e compartilhar de muitas experiências com o corpo docente da Pós-Graduação, em especial, com os professores Elpídio Serra e Dalton Áureo Moro. Por meio desse caminho acadêmico, cheguamosi à Universidade Estadual do Centro Sul do Paraná/UNICENTRO, agora como docente do quadro efetivo. Como não podia ser diferente, seguimos para o Doutorado, desta vez no Curso de Pós-Graduação em Geografia da UNESP/Presidente Prudente, sob a orientação do Prof°. Dr. Arthur Magon Whitacker. Essa instituição sempre esteve presente em outras fases de nosso processo de formação, pelo contato com amigos, pela participação em eventos, disciplinas e pelas as publicações dos docentes da Geografia de Presidente Prudente Diversas influências, somadas às escolhas pessoais em relação ao método, metodologia e referências teóricas, foram responsáveis pelo estabelecimento das primeiras diretrizes rumo à construção da pesquisa. O tema, a cidade média na rede urbana deriva de observações amplas em relação à rede de cidades paranaenses, a partir da qual, direcionamos o foco para Guarapuava, no Centro Sul do Paraná, estabelecendo assim, o recorte analítico inicial (Figura 1). Tendo experimentado a vivência em diferentes cidades, principalmente no estado do Paraná, deparamo-nos em 2003, com Guarapuava uma cidade originada no século XIX, localizada no centro do referido estado, metaforicamente ilhada entre 28 pequenas cidades e numa região com história vinculada à exploração vegetal, baixa industrialização e condições de desenvolvimento insatisfatórias, sentimos o desejo e a necessidade de compreendê-la para além do que a observação imediata me permitira. O trabalho docente exerceu significativas influências na definição do tema e na construção do objeto, em função das pesquisas científicas envolvendo a rede urbana e as cidades pequenas que desenvolvemos e orientamos. Com o doutorado tivemos a oportunidade de direcionar as investigações para as cidades funcionalmente médias na rede urbana, considerando a distinção entre as cidades que apresentam apenas o porte médio, segundo critérios demográficos. Guarapuava justifica-se como objeto de estudo em virtude de seu porte e pela necessidade de investigações quanto a sua funcionalidade no âmbito regional. Para estudar Guarapuava no contexto das cidades médias, teríamos que entender o processo de sua formação socioespacial e identificar sua função frente às demais cidades. Primeiramente verificamos a inexistência de referências nessa linha de discussão que pudessem fornecer subsídios para uma reflexão mais consistente sobre rede urbana e 31 cidade média na região. Grande parte das referências encontradas apontava o isolamento, o relevo e a vegetação como motivos do menor desenvolvimento; outras indicavam as rivalidades políticas, em diferentes escalas como inibidoras do desenvolvimento local/regional. Outras ainda, detiveram-se a descrições históricas. Reconhecemos o mérito de tais trabalhos, pois os mesmos contribuíram para o rastreamento periódico de processos e agentes responsáveis pela formação da cidade e da região, cabendo-nos trabalhar sob uma nova perspectiva, acrescentar outras referências e buscar no empírico as informações nem sempre disponíveis ou óbvias. Verificamos que pesquisas mais recentes1 trouxeram novas contribuições ao entendimento da cidade apesar de o enfoque de tais pesquisas valorizar outros temas e não tomar como central as questões sobre rede urbana, cidade média e de porte médio como o caso que pretendíamos estudar. Sentimo-nos, então, instigados a compreender a atuação de uma cidade de porte médio, que atravessa mais um século sem apresentar mudanças qualitativas no desempenho socioeconômico e no posicionamento na rede urbana paranaense e regional, apresentando inclusive, pouco acréscimo populacional na área urbana (141.694 em 2000 e 150.157 em 2007), enquanto a região Centro Sul como um todo de 2000 a 2007 perdia população no total de 533.317 a 480.779 (IBGE, 2000 e 2007), o que denota que a cidade não atraiu significativamente a população que deixou a região. Embora tenha sido elevada à categoria de cidade em 1871, foi só a partir da década de 1970 que Guarapuava passou a apresentar uma organização social e produtiva com população, infraestrutura que lhe confere características urbanas mais complexas, devido ao atendimento de novas demandas em comércio e serviços que a modernização agrícola e a expansão da indústria impõem. 1 Silva (1995 e 2002), Turra Neto(2008), Gomes (2009), Loboda (2009), Lacheski (2009), Druciaki (2009), Americano (2007); Marques (2000); Tembil (2007), Silva (2007). 32 Figura 1: Mesorregiões do Paraná e Mesorregião Centro Sul do Paraná 33 A partir daquela década, novos elementos decorrentes de processos políticos e econômicos gerais como a industrialização, ampliação da urbanização e consumo nas cidades foram gradativamente inseridos na sociedade e no espaço, tornado-os cada vez mais urbanos, apesar das fortes características rurais coexistentes. Diante dessa problematização, decidimos averiguar os principais agentes e processos que produziram e produzem a cidade de Guarapuava e sua interação espacial no contexto regional. Para tanto, foram incorporados mais dois municípios à análise (Laranjeiras do Sul e Prudentópolis)2 para verificar as interações e o fluxo entre elas e delas com outras cidades localizadas em outras escalas. Como auxílio a essa busca, além de uma apresentação abrangente da urbanização e formação da rede urbana brasileira, consideramos importante compreender a rede urbana do Paraná e identificar as cidades que interagem na rede, e a partir desse conjunto, verificar a participação de Guarapuava. As hipóteses, a priori, eram de que as interações entre as cidades no recorte estudado não permitiria a formação de uma rede urbana com dinâmica que sustentasse uma cidade funcionalmente média, a partir de parâmetros que associam o porte médio ao amplo mercado consumidor, à ampla e complexa oferta de serviços, ao comércio, às atividades industriais e às interações espaciais. Essa compreensão imediata necessitava confirmação ou refutação e respostas mais contundentes, que somente seriam alcançadas por meio da pesquisa. Para avançar além do campo empírico, encontramos na ciência geográfica o respaldo teórico oferecido pela Geografia Urbana, sobretudo, no que se refere à rede urbana e às cidades de diferentes portes, por constituírem dinâmicas socioespaciais inerentes ao processo de urbanização e industrialização no Brasil com repercussão específica em escala estadual e regional. A maneira como tais processos (urbanização e industrialização) são recebidos e desenvolvidos pelos agentes sociais em cada recorte socioespacial resulta na produção diferenciada do espaço geográfico, das cidades e sua inserção na rede urbana. Assim, procuramos articular reflexões sobre a produção da rede urbana e as cidades de porte médio e cidades médias em escalas nacional, estadual e regional, com ênfase na análise da cidade de Guarapuava. Para fundamentar a discussão, buscamos nos conceitos (rede urbana, espaço, tempo e escala), teorias (Das Localidades Centrais, Dois Circuitos da 2 Esclarecimentos sobre a escolha de tais cidades e não de outras serão apresentados no decorrer desse texto. 34 Economia), categorias clássicas da Geografia (Formação Socioespacial, Singular, Particular, Universal) e, na noção de cidade média os principais pressupostos teóricos para desenvolvimento da pesquisa. Os processos de urbanização e industrialização e os diferentes agentes compreendidos pelos grupos sociais, Capital (público e privado) e o Estado, em suas diferentes esferas (Federal, Estadual e Municipal), constituem mecanismos de movimento e transformação socioespacial e essa compreensão é imprescindível para o desenvolvimento da proposta. Embora haja semelhanças entre as cidades induzidas por um modo de produção geral e pela existência de atividades inerentes à elas, as singularidades revelam conteúdo(s) que resultam em determinado tipo de posição na hierarquia urbana. Partimos do pressuposto de que “a compreensão do processo de urbanização é fundamental para se entender como se estrutura ou por que não se estrutura uma rede urbana, em um dado território e período, e que [...] apenas as articulações espaço-temporais entre urbanização e cidades possibilitam uma análise mais profunda do papel de cada uma delas na divisão regional, nacional e internacional do trabalho” (SPOSITO, 2001, p.626). Desse modo, assim como as abordagens teórica e conceitual, a definição das interações entre as três cidades pesquisadas, Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis foi uma preocupação e uma necessidade para avançar com o estudo proposto. Na discussão sobre a rede urbana e cidades médias encontramos a problemática referente a caracterização das cidades de porte médio e cidades médias, sendo importante a distinção entre ambas e uma definição metodológica específica para o estudo da cidades médias. Além da fundamentação teórica sobre as cidades de porte médio e a qualificação das cidades médias, adotamos a metodologia proposta pela ReCiMe que se encontra detalhada nesse texto para aprofundarmos as análises sobre Guarapuava. Ao caracterizar Guarapuava segundo a metodologia da ReCiMe, empregamos alguns dados comparativos com a cidade de Cascavel a fim de oferecer parâmetros de análise e entendimento sobre a diferença de papéis na rede urbana entre as duas cidades propiciada pela dinâmica socioeconômica evidenciada por dados relativos ao IDH (Indice de Desenvolvimento Humano), arrecadação de ICMS(Imposto sobre Circulação sobre Mercadoria e Serviços), VAF (Valor Adicionado Fiscal), mercado de trabalho e número de estabelecimentos industriais comerciais e de serviços, entre outros. 35 Assim, a pesquisa em questão está inserida na dinâmica socioespacial local/regional e permite a reflexão sobre a manifestação em outras escalas dos fenômenos estudados, quais sejam: a rede urbana, cidade de porte médio e cidade média. Além disso, justifica-se ainda, por oferecer subsídios para a ampliação e aperfeiçoamento operacional e metodológico de estudos posteriores, podendo suscitar novos desdobramentos em processos investigativos. Abordagem teórica e procedimentos metodológicos Tão importante quanto a definição do tema e do objeto, a orientação teórica e metodológica constitui um aspecto primordial na realização da pesquisa. Vale frisar que, com esse tópico, temos a pretensão de apresentar a abordagem e os procedimentos adotados, mas, isso não significa que façamos uma apreensão mental dissociada do processo construtivo. A abordagem teórica e os procedimentos metodológicos são dimensões adjacentes que concatenam o teórico à realidade empírica e vice versa. Os procedimentos (incluem-se aqui as técnicas) devem ser coerentes e estarem relacionados com a teoria (entenda-se o conjunto de conceitos, categorias, noções, referencial bibliográfico etc.), de tal forma que os procedimentos sejam teoria encarnada (KOYRÉ, 1979); teoria materializada (BACHELARD, 1968) e, teoria em ato (BORDIEU, 1968). Pretendemos que as opções teóricas estejam presentes em todo o corpo do trabalho, circundando a discussão teórica e empírica. Assim, não constituímos uma revisão de literatura apresentada separadamente. O conceito de rede urbana e a noção de cidade média como discussão central encontram-se mais detalhados e junto aos respectivos capítulos no intuito de promover a continuidade da leitura sobre o conceito/noção e o objeto em estudo. Demais conceitos como tempo, espaço e escala, categorias, tais como formação socioespacial, interação espacial, singular, particular, universal, forma, função, estrutura e processo, e teorias como a das Localidades Centrais e dos Dois Circuitos da Economia permeiam implicitamente o trabalho. 36 Procedimentos metodológicos Fazemos, preliminarmente, uma advertência ao leitor: na leitura deste item, ele encontrará um grande detalhamento dos procedimentos desenvolvidos para a obtenção de dados diretos, o que pode se tornar enfadonho, caso a preocupação não recaia em se compreender cada fase nesse processo de coleta de informações. Reafirmamos, porém, nossa compreensão de que é importante descrever, apresentar e analisar os procedimentos metodológicos utilizados. Isso valoriza a pesquisa e lhe dá credibilidade, uma vez que permite que se valide a pesquisa feita, tanto quanto permite que se conheçam as limitações e possibilidades dos procedimentos adotados. Denominamos procedimentos qualitativos as amostras pertinentes aos diversos dados secundários e observações de campo incluídos na pesquisa e quantitativos são aqueles dados primários oriundos do trabalho de campo, calculados sob a base de um universo estatístico. Cabe esclarecer que o período entre início e final da pesquisa não foi favorável à utilização de dados mais recentes dos censos do IBGE para a demonstração de alguns elementos, exceto pela estimativa da população realizada em 2007, que também não foi completa. Em virtude disso, muitas informações baseiam-se em dados de 2000. No entanto, em muitos casos, como os referentes à Guarapuava, a pesquisa empírica auxiliou no entendimento de algumas dinâmicas como as referentes ao número de estabelecimentos e ao mercado de trabalho de 2005, entre outras, como a sobre déficit habitacional e a de número de famílias pobres. Assim, a maioria dos dados, os gerados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), entre outros é decorrente de 2000 a 2010. Empreendemos esforços em analisar esses dados de maneira que as diferenças quanto ao seu período de produção fossem minimizadas. Para avaliar sua importância no contexto regional, buscamos conhecer a Região de Influência e o nível de centralidade que Guarapuava representa em relação à região em que 37 está inserida e às cidades de outras regiões. Em virtude do número extenso de cidades3, tivemos a necessidade de selecionar algumas urbes para a pesquisa. Segundo IBGE/REGIC(2008), entre as 28 cidades da Região Centro Sul, 19 constituem a rede urbana dentre as quais há pouca variação nos níveis de centralidade, variando pouco também os papéis. Muitos núcleos urbanos relacionam-se, principalmente, com a sua zona rural e possuem minimamente os equipamentos urbanos básicos, atividades de comércio e serviços, além de desempenharem um nível de centralidade local. Para a definição das cidades, além de Guarapuava, que fariam parte da pesquisa, pautamo-nos nos estudos do IBGE denominados Região de Influência de Cidades (REGIC) dos anos de 2000 e 2008 e, a partir dos mesmos, selecionamos cidades que, juntamente com Guarapuava, apresentam nível de influência mais significativo na Região Centro Sul, partindo do pressuposto de que elas podem desempenhar papéis importantes na rede urbana e estabelecer trocas internas ou externas ao âmbito regional. O IBGE/REGIC (2000) apresentou oito níveis de centralidade urbana, que vão do máximo (nível 8) ao muito fraco (nível 1) (Anexo 1). Essa hierarquia vai do Centro de Zona (situado um nível acima do simples centro local, quase sem centralidade), passando pelo Centro Sub-regional, pela Capital Regional e pelo Centro Sub-metropolitano até chegar à Metrópole Regional e, finalmente, à Metrópole Nacional. O Quadro 1 apresenta o nível de centralidade segundo as interações espaciais no Paraná. Como pode ser observado no quadro, além de Guarapuava, destacam-se as cidades de Laranjeiras do Sul, Palmas e Pitanga localizadas na Região Centro Sul e Prudentópolis, localizada na Região Sudeste, mas que, encontra-se sob influência de Guarapuava. Mesmo apresentando níveis de centralidade distintos, nosso interesse voltou-se para as três primeiras cidades por apresentarem nível de centralidade mais elevado que simples centros locais na hierarquia urbana regional. Contudo, o recorte não se definiu nesse momento. 3 Diferencia-se, conceitualmente, município de cidade. O primeiro é a menor unidade administrativa prevista na Constituição Federal e engloba a sede do município, seus distritos e a sua zona rural. A utilização do termo cidade nesta pesquisa é fortemente influenciado por sua utilização nos estudos denominados Região de Influência das Cidades, ao qual retornaremos no decorrer deste item. Os termos município e cidade serão empregados conforme a necessidade analítica. 38 Quadro 1: Nível de centralidade das cidades no Paraná - 2000 Nível de Centralidade Cidade Máximo Curitiba Muito Forte Londrina, Maringá Forte Cascavel, Ponta Grossa. Forte para Médio Francisco Beltrão, Guarapuava, Pato Branco, União da Vitória, Foz do Iguaçu, Apucarana, Campo Mourão, Paranavaí, Umuarama, Médio Caçador (SC), Canoinhas (SC), Laranjeiras do Sul, Palmas, Porto União, Toledo, Medianeira, Irati, Medianeira, Cornélio Procópio, Ivaiporã, Jacarezinho, Santo Antônio da Platina, Arapongas, Jandaia do Sul, Cianorte, Goioerê, Médio para Fraco Campo Largo, Dois Vizinhos, Pitanga, Curitibanos, Guairá, Assis Chateaubriand, Marechal Cândido Rondon, Palotina, Colorado, Bandeirantes, Ibaiti, Wenceslau Braz, Rolândia, Mandaguari, Nova Esperança, Fraco São Mateus do Sul, Barracão, Realeza, Dionísio Cerqueira, São Lourenço do Oeste, Corbérlia, Castro, Palmeira, Assaí, Faxinal, Loanda, Rondon, Marialva, Ubiratã. Muito Fraco Diversos e numerosos núcleos urbanos, dentre eles Prudentópolis.* Fonte: IBGE/REGIC, 2000. Org.: FERREIRA, S. C. 2008. * Grifo nas cidades com nível de centralidade na hierarquia urbana localizadas na Região Centro Sul do Paraná ou sob a área de influência de Guarapuava. A Microrregião Geográfica de Palmas, em concordância com a lei estadual nº 15.825 de 28/04/2008, passou a integrar a Mesorregião do Sudoeste Paranaense e não mais a do Centro-Sul paranaense e sua localização geográfica não nos favorecia nos deslocamentos para o trabalho de campo. Tínhamos, ainda, outra preocupação que precisávamos considerar: o resultado de uma nova pesquisa do IBGE-REGIC que estava sendo organizado, assim, aplicamos os questionários em Guarapuava, enquanto aguardávamos a nova publicação. Resultados da pesquisa REGIC realizada em 2007 com publicação em 2008 No IBGE/REGIC (2008), a classificação das cidades segundo sua região de influência recebeu outra denominação sem, contudo, modificar o entendimento da posição 39 hierárquica entre as cidades e apresentou nove níveis, a saber: Metrópole C, Capitais Regional A, Capitais Regionais B, Capital Regionais C, Centros Subregionais A, Centros Subregionais B, Centros de Zona A, Centro de Zona B e Centros Locais (Quadro 2). O acréscimo de um nível deve-se a ampliação da divisão entre os centros de menor centralidade que em 2000 recebiam apenas a classificação de Fraco e Muito fraco e em 2007, passam a ser divididos entre Centros de Zona A, Centros de Zona B e Centros Locais (Anexo 2). Quadro 2: Nível de centralidade das cidades no Paraná - 2008 Nível de Centralidade Cidade Metrópole C Curitiba Capitais Regionais A: - Capitais Regionais B: Cascavel, Londrina e Maringá (PR), Capitais Regionais C: Ponta Grossa (PR) Centros Sub-regionais A: Apucarana, Campo Mourão, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Paranaguá, Paranavaí, Pato Branco, Toledo e Umuarama (PR) Centros Sub-regionais B: Cianorte, Ivaiporã, Santo Antônio da Platina e União da Vitória (PR), Centros de Zona A: Arapongas, Assis Chateaubriand, Bandeirantes, Cornélio Procópio, Dois Vizinhos, Ibaiti, Irati, Jacarezinho, Jandaia do Sul, Laranjeiras do Sul, Loanda, Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Palmas e Telêmaco Borba (PR) Centros de Zona B: Andirá, Barracão, Campina da Lagoa, Capanema, Chopinzinho, Coronel Vivida, Faxinal, Goioerê, Guaíra, Jaguariaíva, Matinhos, Nova Londrina, Palmeira, Paranacity, Pitanga, Prudentópolis, Quedas do Iguaçu*, Rio Negro, Roncador, São João do Ivaí, São Mateus do Sul, Siqueira Campos e Wenceslau Braz (PR). Fonte: REGIC, 2007. Org.: FERREIRA, S. C. 2008. *Grifo nas cidades com nível de centralidade na hierarquia urbana localizadas na Região Centro Sul do Paraná ou sob a área de influência de Guarapuava. Nesse novo trabalho, a posição que cada cidade paranaense ocupa na hierarquia urbana e sua região de influência seguiu a classificação de Metrópole C a Centro Local considerado como o menor núcleo na hierarquia, conforme Quadro 1 anteriormente citado. Segundo o REGIC(2008), foram identificados em relação a Curitiba, os centros cuja área de influência é medida segundo a intensidade de relacionamento indicada pelo número de vezes que o município foi citado no questionário aplicado pelo IBGE, que serviu àquela pesquisa (Anexo 3). Para o REGIC(2008), além das variáveis ligadas à 40 procura por bens e serviços presentes no estudo de 2000, as que foram mantidas para a o aprofundamento do nível de relacionamento entre as cidades pesquisadas, foram consideradas também outros temas como: centros de gestão no território; TV aberta, rede de internet; conexões aéreas; redes de atendimento de saúde entre outros. Em nosso trabalho, consideramos as informações sobre a aquisição de bens e serviços e a centralidade dos núcleos urbanos na região conforme o Anexo 4 com o modelo de questionário que aplicamos, além das discussões e critérios metodológicos das duas edições (2000 e 2008), uma vez que elas se completam e se atualizam. Tais informações foram somadas a outras obtidas em institutos, centros de pesquisa, entre outros, dentre as quais, destacamos algumas, no Quadro 3 a seguir: Quadro 3: Estabelecimentos pesquisados para a obtenção de informações secundárias Estabelecimentos Tipos de Dados IBGE Censos demográficos, PEA (População Economicamente Ativa), Renda percapta, estabelecimentos de saúde, equipamentos de saúde, IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) Maiores economias do estado, número de agências bancárias, famílias e pessoas em condições de pobreza; número de estabelecimentos e empregos por setores da economia (comércio, indústria e serviços), Número de emissoras de televisão, déficit habitacional no Paraná, percentual de tratamento de esgoto e coleta de lixo em Guarapuava, DER (Departamento de Estradas e Rodagem) Construção e pavimentação de rodovias no Paraná; principais rodovias do Paraná SANEPAR (Companhia de saneamento Básico do Paraná) Domicílios com abastecimento de água encanada, extensão da rede de esgoto Companhia Força e Luz do Oeste Domicílios com abastecimento de energia elétrica Atlas de desenvolvimento Humano do Brasil IDH- Índice de Desenvolvimento Humano EMBRATUR (Instituto Brasileiro do Turismo) ABIH (Associação Brasileira da Industria de Hotéis) Numero e classificação de hotéis em Guarapuava BNH (Banco Nacional de Habitação) Conjuntos habitacionais em Guarapuava SEFA-PR (Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná) Arrecadação de ICMS, Valor Adicionado Fiscal FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) Quantidade e tipo de indústrias por município Org.: FERREIRA, S. C. 2008. 41 Alguns dados foram apresentados e analisados juntamente a Cascavel. O motivo de termos eleito Cascavel entre as demais cidades paranaenses, deve se ao fato de essa cidade, geralmente, ser indicada pelos guarapuavanos como exemplo de uma cidade mais jovem que Guarapuava e com desenvolvimento socioeconômico superior e que a extensão da BR 277 ligando Curitiba a Cascavel passando por Guarapuava, beneficiou mais a Cascavel que Guarapuava. Decidimos que, além de aplicar os questionários nas cidades selecionadas para avaliar, por meio do deslocamento, da comunicação e do consumo, o nível de interações estabelecidas com Guarapuava, procuraríamos saber do mesmo modo, qual o comportamento da população guarapuavana em relação à aquisição de bens e serviços, deslocamentos e comunicação em relação às cidades selecionadas. Entendemos que esse procedimento além de revelar a intensidade das interações entre as urbes, poderia expor outras cidades evolvidas nesse processo com as quais a população das cidades pesquisadas estabelecesse interações, justificando ou não a formação de uma rede urbana que favoreça e sustente a função de Guarapuava como cidade média4. A definição das cidades Guarapuava, apresentada como Centro Sub Regional A, não sofreu mudança em sua posição hierárquica. Laranjeiras do Sul, de posição média equivalente a Centro sub- regional B, passou para Centro de Zona A em 2007, equivalente a Médio para Fraco, em 1993. Prudentópolis, no REGIC(2000), encontrava-se na área de influência de Guarapuava com nível de interação Muito Fraco, equivalente ao Centro Local. Em 2007, equiparou-se a Pitanga, com nível Fraco ou Centro de Zona B. A perda de área de influência de Pitanga e a elevação de Prudentópolis na hierarquia urbana levou-nos a considerar esse núcleo urbano na pesquisa a fim de avaliar a interação espacial com Guarapuava e com outras cidades mesmo pertencendo a outra divisão administrativa. Uma das hipóteses para a intensificação do relacionamento com Guarapuava deve-se ao fato de que, em 2004, foi implantada uma linha de transporte rodoviário intermunicipal entre as duas cidades (Expresso Princesa dos Campos, 2008). 4 As interações evidenciadas pelas respostas obtidas com a aplicação dos questionários encontram-se no Capítulo 3. 42 Laranjeiras do Sul reduziu seu nível de centralidade de Média para Centro de Zona A, mesmo assim, continua como a cidade de maior centralidade na região Centro Sul, depois de Guarapuava. Optamos por essa cidade, por se destacar na hierarquia urbana regional, como pode ser visto no Quadro 4, e por pretendermos verificar a intensidade de interações com Guarapuava, assim como, os motivos que ocasionam as interações mais intensas com Cascavel já que a distância de Laranjeiras do Sul em direção as duas cidades é semelhante. Quadro 4: Classificação das cidades pesquisadas segundo o nível de centralidade - 1993 e 2007 Cidades (2000) Classificação (2000)5 Cidades (2007) Classificação (2007) Posição Guarapuava Forte para Média Guarapuava Centro Sub Regional A Mantida Laranjeiras do Sul Média Laranjeiras do Sul Centro de Zona A Reduzida Prudentópolis Muito Fraca Prudentópolis Centro de Zona B Elevada Fonte: REGIC, 2000,2008. Org.: FERREIRA, S. C., 2008 Assim, definimos a partir dos dados do IBGE/REGIC(2008) as cidades para realização da pesquisa, sendo elas: Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis (Figura 2). . 5 Em 2000, tais classificação tinham suas equivalências que representava um padrão de cidade sendo: Forte para média era Centro Sub regional; a Média são cidades tendendo a Centro Sub Regional, Média para Fraca são predominantemente Centro de Zona ou Centro Local, Fraco está tendendo a Centro de Zona ou Centro Local e Muito Fraco como municípios subordinados. 43 F ig ur a 2: L oc al iz aç ão n o P ar an á da s ci da de s se le ci on ad as p ar a a pe sq ui sa 44 Definição da amostra quantitativa A preocupação com a validade e qualidade da pesquisa nos conduziu ao diálogo com outros pesquisadores a fim de conhecer suas experiências para a construção de nossa própria metodologia. Tomando por base questões empregadas pelo IBGE-REGIC e fundamentos estatísticos para a definição e distribuição da amostra optamos por algumas orientações sobre como proceder quanto ao campo em relação à amostragem, á aplicação de questionários e às possibilidades de organização dos dados. Com as considerações inerentes a nossa pesquisa, decidimos que os questionários seriam aplicados junto às residências e moradores, mais especificamente, aos chefes de família (homem ou mulher). Pesou sobre tal decisão a preocupação em alcançar pessoas com características de provedor, entretanto, em havendo outras rendas, elas foram somadas para preencher o dado. Não nos preocupamos em definir nossa amostra levando em conta a população total do município. Tomamos como universo o número de domicílios da cidade e a população urbana. Devemos lembrar que, na definição da população urbana, ao levantarmos os dados para a composição de nossa amostra, utilizamos a população urbana total, considerando a população urbana residente nos distritos o que aumentou minimamente o número de amostras. Optamos por aplicar os questionários em Guarapuava e não nos distritos por ser ela o objeto de estudo quanto a interações espaciais, à formação de rede urbana e à função de cidade média, pois a aplicação de questionários nos distritos17 não traria contribuições relevantes ao objetivo da investigação. A partir de dados do censo do IBGE(2000), verificamos o número de 50.073 54.998 domicílios ocupados que englobariam as cidades escolhidas (Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis). Em virtude da quantidade de domicílios ser incompatível com a disponibilidade de tempo e de equipe, definimos com base em estudos estatísticos18 uma amostra calculada para delimitar o universo de aplicação dos questionários. Utilizamos a seguinte fórmula para definir o tamanho da amostra (n): 17 Guarapuava tem cinco distritos administrativos: Entre Rios , Guairacá, Palmeirinha, Guará, Atalaia, juntos somam 9839 habitantes na área urbana (IBGE, 2000). 18 Foi relevante nessa definição a referência bibliográfica de Girardi e Silva (1981) Quantificação em Geografia. 45 n = N . p . q N . D + p . q Onde N, representa o tamanho da população e “p . q” a variança de um elemento que mede a proporção de algum aspecto a ser pesquisado. Este procedimento, segundo Miyazaki (2007, p.73), auxilia na diminuição do tamanho da amostra em universos amplos, como é o caso da presente pesquisa. O valor atribuído a “p e q” é 0,5 e a relação entre precisão (0,5%) e nível de confiança (90%) é representada por D, ao qual foi atribuído o valor de: 0,00092386433, isto porque D= { B (precisão) dividido por Z (nível de confiança) } ao quadrado, sendo “B”= 0,05 e “Z”= 1,654. APLICAÇÃO p e q= 0,5 D= 0,00092386433 N= número de habitantes urbanos n= número da amostra a ser identificada CÁLCULO GUARAPUAVA n = 141694.0,5.0,5 141694.D + 0,5.0,5 n = 35423,5 130,90601+0,25 n = 35423,5 131, 15601 n = 270 46 CÁLCULO DE LARANJEIRAS DO SUL 19 n = 5890,5 21,7681 + 0,25 n = 5890,5 22,0181 n = 267 CÁLCULO DE PRUDENTÓPOLIS n = 4569 16,8845 + 0,25 n = 4569 17,1345 n = 266 Com essas equações, chegamos à amostra, frente ao número de habitantes, nesse caso, na área urbana conforme dados do Quadro 5. Quadro 5: Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Prudentópolis: população urbana total, domicílios ocupados e tamanho de amostras Cidade População urbana total (2000) Domicílios ocupados (2000) Tamanho da Amostra Guarapuava 141.694 38.635 270 Laranjeiras do Sul 23.562 6.453 267 Prudentópolis 18.276 4.985 266 Total 201.871 50.073 803 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2000 Org.: FERREIRA, S. C., 2008. 19 Os cálculos de Laranjeiras do Sul e Prudentópolis estão apresentados com menos detalhes nas equa