Araçatuba 2015 Desordens Osteomusculares em alunos de Odontologia Renata Reis dos Santos Renata Reis dos Santos Desordens Osteomusculares em alunos de Odontologia Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor. Orientador: Artênio José Isper Garbin Araçatuba 2015 Renata Reis dos Santos A Deus, que colocou sua luz em meu caminho, e me deu a mão nos momentos de dificuldade. “Embora eu caminhe por um vale tenebroso nenhum mal temerei, pois junto de mim estas.” Salmo 23 A minha amada família: Diferente das convencionais, mas com o amor, carinho e respeito que muitas famílias “convencionais” não tem. Minha razão de viver. Minha mãe Marcia, que nunca mediu esforços para que trilhasse minha carreira. Que Acreditou em todos os meus sonhos, faz parte deles, e é por ela que não desisto. TE AMO. Minha Tia Alaíde e Minha Avó Maria, minhas mães também, que cuidam de mim, me educaram e me deram todo carinho. Obrigada por compreender todos os momentos de ausência. Ao meu primo–irmão Edgar e as minhas “sobrinhas” Katarina e Karol, distantes pelos caminhos que seguimos, mas sempre dentro do meu coração. Ao meu Pai Jurandir (in memorian), o qual tenho certeza que está sempre presente. Dedicatória Renata Reis dos Santos Ao meu orientador Prof. Artênio José Isper Garbin, por todo apoio dado durante a execução deste trabalho e durante todo o período que trabalhamos juntos, pela tranquilidade que transmitiu nos momentos em que me senti desnorteada. A Prof. Cléa Adas Saliba Garbin que me abriu as portas da vida acadêmica, sempre presente e exigente, como todo orientador deve ser, porém com um cuidado e carinho de mãe. Com uma sensibilidade tamanha percebe como ninguém o que estamos sentindo, vibra com nossas conquistas, nos consola nos momentos difíceis. Obrigada pelo carinho e dedicação. Ao Prof. Carlos Eduardo Siqueira, pela chance de conhecer novos horizontes, e vivenciar grandes experiências na curta, porém proveitosa, estadia na Umass - Boston. A Prof. Suzely Adas Saliba Moimaz pelo entusiasmo e dedicação em tudo que faz. Por todas os momentos que pudemos trabalhar juntos, em que aprendi muito, não apenas sobre Saúde Coletiva, mas como trabalhar e conviver em equipe. Muito obrigada pelas oportunidades de trabalhar nas pesquisas e nos projetos de extensão desenvolvidos no Programa de Pós-Graduação. A Prof. Nemre Adas Saliba pelo exemplo de dedicação à Saúde Coletiva, pela coragem e pioneirismo. Um exemplo de mulher e pesquisadora. Agradeço pelas palavras, pelo o apoio, e decisões certas nos momentos em que mais precisávamos de orientação. Fico eternamente grata e poder fazer parte do seu “time”. Ao Prof. Orlando Saliba pela paciência e atenção, nas inúmeras vezes que solicitei orientação e apoio nas análise estatísticas. A Prof. Tânia Adas Saliba Rovida pelo carinho, atenção, serenidade e palavras amiga em todos os momentos. Agradecimentos Especiais Renata Reis dos Santos Ao Prof. Renato Moreira Arcieri pelos ensinamentos transmitidos, pela tranqüilidade e paciência. A Prof. Dóris Hissako Sumida pela dedicação ao Programa de Pós- graduação, pela disponibilidade em ajudar os alunos e pelo exemplo de pesquisadora. Ao Prof. Ronald Jefferson Martins meu primeiro co-orientador, ainda como aluno de pós-graduação, me auxiliou nos primeiros passos da vida acadêmica. A Valderez que me mostrou que no meio da loucura do dia-a-dia, devemos parar um minuto e respirar bem fundo, para poder trabalhar com um pouco mais de tranquilidade. Ao Nilton pelas inúmeras risadas, sempre provocando risos, pelo alegre convívio, e pela ajuda sempre que precisei. Aos funcionários da Seção de Pós-Graduação, em nome da Valéria Queiroz Marcondes Zagatto, que nunca deixaram de nós ajudar. Obrigada pela dedicação ao trabalho. Aos funcionários da Seção Técnica Acadêmica, obrigada pela dedicação e atenção. Aos funcionários da Biblioteca, sempre disponíveis em nos atender e orientar. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela concessão de bolsa para a realização do curso de Doutorado e bolsa de Doutorado Sanduíche. A FAPESP (Proc. N. 2012/10.187-8) que concedeu os recursos necessários para a realização de parte do projeto. Aos alunos de Graduação da FOA-UNESP que consentiram em participar deste projeto. Renata Reis dos Santos A Ana Carolina (Carol), minha amiga, que continua ao meu lado, mesmo depois de tantos anos. Que continuemos o nosso caminho com muito sucesso e juntas! Que Deus continue iluminar seu caminho e da sua linda família (Zé e Davi). Ao Daniel, meu padrinho querido, o meu anjo da guarda, que mais do que nunca cuidou de mim. Obrigada pela paciência e pela impaciência comigo. A Carol Santinoni, confirmamos definitivamente nosso parentesco, irmãs de coração, nosso convívio demostrou que além das semelhanças físicas, nossa sintonia foi muito boa!! Agradeço também a sua família que sempre me acolheu tão bem. A Gabriella Soares, minha maluca preferida, minha sanitarista radical, que nem distante me deixou em paz. Aguardo seu retorno ao Brasil, para colocar nossas conversas filosóficas em dia. Aos meus amigos da turma do Doutorado, Carol, Milene, Rosana e Carlos, pelos momentos que compartilhamos, pela boa convivência e pelo companheirismo em todos os momentos. Aos meus colegas da Pós-Graduação, pela convivência e troca de experiências, as quais me ensinaram muito. Aos alunos de graduação Bruno Wakayama e Gabriela Teruel que são estagiários do departamento, dedicados e companheiros. Obrigada pelo carinho e amizade. Aos amigos que a vida me deu Natalia Arcieri, Kristiane Shimizu, Carol Verri, Fellippo e a Turma da Prótese (Carol Cantieri, Victor, Cleidiel e Aljomar) companheiros de comilanças e viagens. Agradecimentos Renata Reis dos Santos “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. Marthin Luther King Epígrafe Renata Reis dos Santos SANTOS, R.R. Desordens osteomuscular em alunos de alunos de odontologia. 2015 68f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Araçatuba, 2015 A sintomatologia dolorosa no sistema músculo-esquelético é uma grande preocupação entre os cirurgiões-dentistas. Os estudantes de Odontologia realizam as mesmas tarefas clínicas que um cirurgião-dentista que já atua na clínica, mas apenas recentemente se tem evidências científicas que sugerem uma relação entre as tarefas e os sintomas músculo-esqueléticos. Os objetivos desta pesquisa foram; avaliar a prevalência de sintomatologia dolorosa e fatores associados; além da percepção dos acadêmicos de Odontologia em relação aos fatores de riscos que podem contribuir no aparecimento de sintomas osteomusculares, bem como verificar se a existência de sintomatologia dolorosa influencia na percepção dos fatores. Foi realizado um estudo transversal, com 241 alunos matriculados em disciplinas clínicas do curso de Odontologia, em que cada um respondeu a três questionários autoaplicáveis. O primeiro foi composto por variáveis sociodemográficas; sobre sua vida acadêmica, hábitos nocivos, atividades físicas e saúde geral. Ainda foram coletadas informações sobre o peso e altura, para que fosse realizado posteriormente o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). O segundo instrumento utilizado foi o “Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares”, que avaliou as desordens osteomusculares. Para verificar a associação entre a sintomatologia dolorosa e as outras variáveis estudadas, considerou-se como sintomatologia dolorosa positiva quando se relatou pelo menos uma resposta afirmativa em alguma área do corpo. O terceiro Resumo Geral Renata Reis dos Santos questionário utilizado foi o “Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares”. Para a análise da percepção dos fatores de riscos, os alunos foram divididos em dois grupos (com e sem dor). Realizou- se o teste de associação dos grupos com as categorias do Instrumento de percepção de risco, e comparação entre as médias por meio do Teste de Mann-Whitney e t. A presença de dor nos últimos 12 meses foi observada em 199 dos participantes (82.6%). Houve associação da sintomatologia dolorosa nos últimos 12 meses em pelo menos uma área do corpo (GA) com as variáveis sexo, número de disciplinas cursadas, atividade física, saúde geral; e sintomatologia dolorosa nos últimos 7 dias em alguma área do corpo (GD) com variável a saúde geral. Quando realizado o teste de associação entre a percepção dos fatores de risco e a presença de sintomatologia dolorosa foi encontrada uma associação estatisticamente significante (p=0.005). Pode –se notar que as médias mais altas foram encontradas nas questões relacionadas à repetição de movimento, seguidas dos fatores relacionados ao trabalho e, por último, os riscos envolvidos a fatores externos. Há diferenças estatisticamente significantes na média de percepção dos fatores de risco tanto quando comparados o grupo com dor e sem dor em relação a cada questão do instrumento, tanto quando comparados por áreas do corpo. Conclui-se que há uma alta prevalência de sintomatologia osteomuscular nos alunos de graduação, em especial nos membros superiores e foi observada associação com alguns fatores. Os alunos possuem consciência dos fatores que contribuem para o agravo e desenvolvimento de desordens osteomusculares, em especial, há uma percepção maior entre aqueles que já apresentaram alguma sintomatologia. Palavras-chave: Odontologia. Dor músculo-esquelética. Saúde do trabalhador. Estudantes de odontologia Renata Reis dos Santos SANTOS, R.R. Muskuloskeletal disorders in dental students. 2015 68f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Araçatuba, 2015 Painful symptoms in musculoskeletal system is a major concern among Dentists. However, only recently there is a scientific evidence to suggest a relationship between the tasks and musculoskeletal symptoms. In addition, dental students perform the same clinical tasks that a Dentist who works in the clinic. The objective of this research was to evaluate the prevalence of painful symptoms and associated factors; and the perception of dental students in relation to the risk factors that may contribute to the occurrence of musculoskeletal symptoms and also to determine the existence of painful symptoms influence the perception of factors. A cross-sectional study, each student responded to three self-administered questionnaires was conducted. The first consists of sociodemographic variables; about his academic life; harmful habits; physical activity and the General Health. Although we collected information on weight and height, to be subsequently performed calculating the Body Mass Index (BMI). The second instrument used was the "Nordic Musculoskeletal Questionnaire", which evaluated the musculoskeletal disorders. The relationship between pain symptoms and the other variables studied, it was considered as positive painful symptomatology was reported at least one "yes" response in any area of the body. The third questionnaire used was the "Instrument on work factors that can contribute to musculoskeletal symptoms." To analyze the perception of risk factors the students were divided into two groups (with and without pain). It was done association test General Abstract Renata Reis dos Santos groups with the categories of risk perception instrument and comparison between means using the Mann-Whitney and t test. The presence of pain in the last 12 months was observed in 199 participants (82.6%). There was association between pain symptoms in the last 12 months in at least one area of the body (GA) with gender, number of courses taken, physical activity, general health; and pain symptoms in the last 7 days in any area of the body (GD) with general health variable. When the test of association was performed, between the perception of risk factors and the presence of painful symptoms was found a statistically significant association (p = 0.005). Moreover, it was observed that the highest averages were found in issues related to movement of repetition, followed by work-related factors and finally the risks to external factors. There are statistically significant differences in mean perception of risk factors. Therefore, comparing the group without pain and the group with pain for each question of the instrument, both are compared by body areas. As a result, it was concluded that there is a high prevalence of musculoskeletal symptoms in undergraduate students, especially in the upper limbs and it was observed association with other factors. These have awareness of the factors that contribute to health issues and development of musculoskeletal disorders, in special, there is a greater perception among those who have had any symptoms. Keywords: Dentistry. Musculoskeletal pain. Occupational health. Dental students. Renata Reis dos Santos Capítulo 1 Tabela 1 Variáveis sociodemográficas dos alunos de graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Unesp. Araçatuba, 2013. 26 Tabela 2 Variáveis relacionadas as atividades físicas, saúde geral e o uso de medicamentos pelos alunos de graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Unesp. Araçatuba, 2013. 28 Tabela 3 Distribuição por regiões anatômicas do corpo humano de sintomas osteomusculares, incapacidade funcional, procura por profissional da área de saúde entres os alunos de graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Unesp. Araçatuba, 2013. 29 Tabela 4 Associações entre as variáveis sociodemográficas e as variáveis dos Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Araçatuba, 2013. 30 Capítulo 2 Tabela 1 Associação entre a sintomatologia dolorosa e a percepção dos fatores de risco que podem contribuir com o aparecimento de sintomatologia osteomuscular em alunos de Odontologia. Araçatuba, 2013 49 Tabela 2 Comparação dos escores médios do Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares entre alunos de Odontologia. Araçatuba, 2013. 51 Tabela 3 Comparação dos escores médios do Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares, por área do corpo, entre alunos de Odontologia. Araçatuba, 2013. 51 Capítulo 3 Tabela 1 Distribuição das frequências das categorias do PDQ e da Escala de dor nos alunos de Odontologia, 2013. Tabela 2 Tabela 2- Correlação entre as questões do PDQ e Escala de Dor nos alunos de Odontologia, 2013 Tabela 3 Tabela 3 - Correlação entre as questões os componentes PDQ, PDQ total e Escala de Dor nos alunos de Odontologia, 2013 Lista de Tabelas Renata Reis dos Santos 1 Introdução Geral 14 2 Capítulo 1 2.1. Resumo 19 2.2. Abstract 20 2.3. Introdução 21 2.4. Material e Método 23 2.5. Resultado 26 2.6. Discussão 31 2.7. Conclusão 35 2.8. Referências 36 3 Capítulo 2 3.1. Resumo 40 3.2. Abstract 42 3.3. Introdução 44 3.4. Material e Método 46 3.5. Resultado 49 3.6. Discussão 53 3.7. Conclusão 55 3.8. Referências 56 4 Anexos 58 Sumário Renata Reis dos Santos As desordens osteomusculares são identificadas como problemas no sistema de sustentação humano, podendo se apresentarem como condições inflamatórias ou degenerativas (AMINIAN et al., 2012; HAYES et al., 2009b; PRESOTO et al., 2012; REGIS FILHO et al., 2006; RISING et al., 2005). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional (NIOSH), as causas da Desordens Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) são multifatoriais, incluindo não só as condições e exposições no local de trabalho; mas também condições organizacionais, relações psicossociais e socioculturais, entre outros (Carvalho et al., 2009; Garbin. et al., 2011b; Hayes et al., 2009a; Khan;Chew, 2013; Peros et al., 2011). Tais desordens podem ocorrer de forma isolada ou por um trauma cumulativo, e causam dores no pescoço, ombro, braço, punho, mãos, costas, quadris, joelhos e pés ( Aminian et al., 2012; Hayes et al., 2009b). Além de dor, podem incluir queixas como, formigamento, dormência, peso e fadiga precoce; sendo que essas moléstias contribuem para a incapacidade e o afastamento do trabalho (Ribeiro et al., 2012). As desordens osteomusculares são consideradas as maiores causas de morbidade e incapacidade em adultos, e representam a principal causa de invalidez em países diversos (Biswas et al., 2012; Coluci et al., 2012). 1Referências listadas no anexo A 1 Introdução Geral1 *Normalização segundo a ABNT NBR 6023/2002 15 Renata Reis dos Santos Essas morbidades têm um alto custo de tratamento, reduzem as atividades laborais, causam afastamento do trabalho por longos períodos, aumentam a ansiedade e o estresse; ocasionando impactos na qualidade de vida da pessoa (Anagnostis et al., 2004; Biswas et al., 2012; Yoon et al., 2013). Das doenças ocupacionais em trabalhadores da saúde, as desordens osteomusculares estão entre as mais importantes e o aparecimento precoce é um problema de saúde ocupacional muito comum nos profissionais de Odontologia (Hayes et al. 2009; Fischer; Martinez, 2013; Thornton et al., 2008). A carreira exige que o atendimento clínico seja feito em uma área restrita (a boca). Ademais, o profissional permanece muito tempo na mesma posição, sendo necessária extrema precisão e força dos movimentos das mãos e pulsos, e às vezes, de forma repetitiva (Garbin et al., 2011b; Hayes et al., 2009b). A necessidade desse posicionamento durante a atividade laboral pode acarretar nos profissionais e acadêmicos o risco de desenvolvimento de DORT (Alexopoulos et al. 2004; Garbin, et al., 2011b; Khan; Chew, 2013). A prevalência de problemas músculo-esqueléticos entre os cirurgião-dentista é alta, porém há poucos estudos focados nessa profissão (Peros et al., 2011). Em estudo realizado com acadêmicos no Brasil, foi encontrado que esses não assumiram as posturas corretas durante a execução do trabalho (Garbin et al., 2011a). Em outra pesquisa, foi encontrado um risco aumentado de desenvolvimento de desordens osteomusculares, condições dolorosas ou crônicas devido às atitudes profissionais durante a execução do trabalho (Carvalho et al., 2009). 16 Renata Reis dos Santos Assim, há um crescente interesse em identificar as variáveis demográficas, psicológicas e socioeconômicas que afetam a cronicidade e tratamento daqueles profissionais que sofrem de distúrbios osteomusculares (Yoon et al., 2013). Cerca de 75% dos profissionais da Odontologia estão expostos ao risco para o desenvolvimento de DORT (Thornton et al., 2008). A sintomatologia dolorosa comumente relatada pelo cirurgião-dentista pode ter seu aparecimento ainda no período de formação acadêmica e seguir durante sua vida profissional, caso medidas preventivas ou corretivas não sejam implementadas (Presoto et al., 2012) Os estudantes de Odontologia realizam seu treinamento em um ambiente de trabalho semelhante ao da pratica clínica dos cirurgiões-dentistas, sendo assim reproduzindo os mesmos comportamentos. Porém, para o aluno, as habilidades no enfrentamento de problemas ou dificuldades oriundas do ambiente de trabalho ainda não foram desenvolvidas. Ainda se tem a presença de estressores psicossociais provenientes do ambiente escolar como: sobrecarga de informação, ansiedade de trabalho, desempenho escolar e acesso aos professores e funcionários. O efeito cumulativo resultante desses fatores pode predispor os alunos às desordens osteomusculares (Thornton et al., 2008). É necessário que medidas de redução e prevenção de desordens osteomusculares sejam iniciadas precocemente, enquanto os alunos estão sendo modelados para a profissão, pois nesse momento de aprendizado é mais fácil corrigir os erros posturais (Biswas et al., 2012; Corrocher et al., 2014). 17 Renata Reis dos Santos Desse modo é fundamental que o currículo da graduação em Odontologia concentre-se nos fatores do ambiente de trabalho que podem comprometer o cirurgião- dentista, minimizando problemas futuros (Garcia et al., 2013; Rosecrance et al., 2002;). Assim este trabalhou foi estruturado em dois capítulos. Sendo o primeiro uma análise da presença de sintomatologia dolorosa e dos possíveis fatores que podem estar associados, e contribuem para o seu aparecimento. O segundo capítulo apresenta a percepção dos alunos em relação aos fatores de riscos e compara esta percepção nos alunos com e sem sintomatologia. *Normalização Segundo a Annals of Epidemiology 2 Capítulo 1 -Prevalência de dor osteomuscular em acadêmicos de odontologia e fatores associados 19 Renata Reis dos Santos 2.1 RESUMO Objetivo: O objetivo desta pesquisa foi avaliar a prevalência de sintomatologia dolorosa em acadêmicos de Odontologia e os fatores associados. Métodos: Foi realizado um estudo transversal, em que cada aluno respondeu a dois questionários autoaplicáveis. O primeiro foi composto por variáveis sociodemográficas e o segundo foi o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Resultados: A presença de dor, nos últimos 12 meses, foi observada em 199 dos participantes (82.6%). Houve associação entre a sintomatologia dolorosa, nos últimos 12 meses, em pelo menos uma área do corpo (GA) com as variáveis: sexo, número de disciplinas cursadas, atividade física, saúde geral e sintomatologia dolorosa, nos últimos 7 dias, em alguma área do corpo (GD) e com variável a saúde geral. Conclusão: Encontrou-se uma alta prevalência de sintomatologia osteomuscular, em especial, nos membros superiores e foi observada associação da dor com saúde geral e o número de disciplinas. Palavras chaves: Odontologia, Dor Osteomucular, Saúde Ocupacional, Estudantes, Dor. 20 Renata Reis dos Santos 2.2 ABSTRACT Purpose: The objective of this research was to evaluate the prevalence of painful symptoms in dental students and the associated factors. Methods: A cross-sectional study, where each student responded to two self-administered questionnaires was conducted. The first consists of socio-demographic variables and the second, the Nordic Musculoskeletal Questionnaire. Results: The presence of pain in the last 12 months was observed in 199 of the participants (82.6%). There was an association with painful symptoms in the last 12 months in at least one area of the body (GA) with the gender variables, number of courses taken, physical activity, general health; and pain symptoms in the last seven days in any area of the body (GD) with the general health variable. Conclusion A high prevalence of musculoskeletal symptoms were found, especially in the upper limbs, as well as an association with some factors. Keywords: Dentistry, Musculoskeletal Pain, occupational health, students, pain 21 Renata Reis dos Santos 2.3 INTRODUÇÃO As desordens osteomusculares são identificadas como problemas no sistema de sustentação humano, podendo ocorrer haver alterações nos músculos tendões, ligamentos, vasos sanguíneos, nervos, articulações e ossos. Apresentam- se como condições inflamatórias ou degenerativas [1-5]. Elas podem ocorrer de forma isolada ou por um trauma cumulativo, e causam dores no pescoço, ombro, braço, punho, mãos, costas, quadris, joelhos e pés [1, 2]. Além de dor, incluem-se queixas como formigamento, dormência, peso e fadiga precoce. Logo, essas moléstias contribuem para a incapacidade e o afastamento do profissional do seu posto trabalho [6]. Das doenças ocupacionais em trabalhadores da saúde, as desordens osteomusculares estão entre as mais importantes e o aparecimento precoce é um problema de saúde ocupacional muito comum nos profissionais de Odontologia [1]. A carreira exige que o atendimento clinico seja feito em uma área restrita (a boca). Durante o trabalho, o profissional permanece muito tempo na mesma posição, sendo necessária extrema precisão e força dos movimentos das mãos e pulsos e, às vezes, de forma repetitiva [1, 7]. A necessidade deste posicionamento durante a atividade laboral pode acarretar nos profissionais e acadêmicos o risco de desenvolvimento de Desordens Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) [7]. Essas desordens surgem a partir de uma interação de inúmeros fatores, incluindo a falta de conhecimento da necessidade de uma postura ergonômica correta ou postura de trabalho, associada aos movimentos repetitivos, longas jornadas de trabalho, ausência de atividade de física e de fortalecimento muscular [7, 8]. 22 Renata Reis dos Santos A prevalência de problemas músculo-esquelético entre os cirurgião-dentista é alta, porém há poucos trabalhos focados nessa profissão [9]. Em estudo realizado em acadêmicos no Brasil, foi encontrado que os mesmos não assumiram as posturas corretas durante a execução do trabalho [7]. Em outra pesquisa, observou-se um risco aumentado de desenvolvimento de desordens osteomusculares, condições dolorosas ou crônicas devido às atitudes profissionais durante a execução do trabalho [8]. É necessário que as medidas de redução e prevenção de desordens osteomusculares sejam iniciadas precocemente, enquanto os alunos estão sendo modelados para a profissão, pois nesse momento de aprendizado é mais fácil corrigir os erros posturais [10, 11]. Sendo assim esse trabalho tem como objetivo avaliar a prevalência de sintomatologia dolorosa entre os acadêmicos de Odontologia, e a associação com outros fatores. 23 Renata Reis dos Santos 2.4 METODOLOGIA Realizou-se um estudo transversal com alunos do curso de Odontologia regularmente matriculados em uma Universidade (n=580). Esses os quais deveriam ter cursado, no mínimo, uma disciplina que contemplasse em seu plano de ensino atividades clínicas. No período da coleta, entre os meses de setembro a novembro de 2013, havia 303 alunos matriculados que atendiam a esse critério. Foram excluídos os alunos portadores de alguma deficiência física congênita ou adquirida que envolvesse membros superiores ou inferiores, articulares ou de coluna; gestantes, lactantes e pessoas que não consentiram em participar da pesquisa. No questionário foi anexado o termo de consentimento livre e esclarecido para que qualquer dúvida fosse esclarecida sobre a participação voluntária na pesquisa. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP, seguindo as todas normativas nacionais e internacionais. Cada participante respondeu a dois questionários autoaplicáveis, que foram entregues ao final das aulas teóricas, afim de não atrapalhar as atividades de ensino. Os questionários foram distribuídos aos participantes por alunos de pós-graduação, previamente treinados, que explicaram e esclareceram dúvidas; evitando erros de preenchimento e de compreensão. O primeiro questionário era composto por uma série de perguntas sobre variáveis sociodemográficas (sexo, idade, estado civil), sobre sua vida acadêmica (número de disciplinas cursadas até aquele momento), hábitos nocivos (uso de fumo, álcool e outras 24 Renata Reis dos Santos drogas), atividades físicas (Se realiza atividades físicas, qual, há quanto tempo, periodicidade e acompanhamento por um profissional especializado) e sobre a saúde geral. Foram coletadas informações sobre o peso e altura, para que fosse realizado posteriormente o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Considerou-se obesidade quando o IMC estava maior ou igual 30 kg/m2, sobrepeso quando o IMC estava entre 25 e 29,9 kg/m2, peso normal quando IMC estava entre 20 a 24,9 kg/m2 e baixo peso menor ou igual 20 kg/m2. No segundo questionário foram avaliadas as desordens osteomusculares por meio do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares, utilizando-se sua versão adaptada para o Português [12]. Esse instrumento de coleta de dados é validado e apresenta uma confiabilidade que varia de 0,88 a 1, segundo o Coeficiente de Kappa [13]. Este instrumento é utilizado internacionalmente e aceito para a avaliação das desordens osteomusculares. É composto por questões sobre nove áreas do corpo divididas em três áreas das extremidades superiores, três das extremidades inferiores e três da coluna. O instrumento avalia sintomas de dor no pescoço, ombro, cotovelo, antebraço, punho/ mão/dedo, região dorsal, região lombar, quadril/coxa, joelho, tornozelo/pé. O participante relata se ele já teve alguma experiência de dor ou desconforto em alguma das nove áreas do corpo durante os 12 últimos meses, durante os sete últimos dias e se procurou ajuda profissional nos últimos doze meses devido a essas dores. Considerou-se sintomatologia dolorosa positiva quando foi relatado, no mínimo, uma das áreas do corpo com dor ou desconforto. 25 Renata Reis dos Santos Os alunos que afirmaram sentir dor ou desconforto, também foram questionados se faziam o uso de remédios para o aliviar as dores e/ou desconfortos e, no caso de resposta afirmativa, solicitou-se para indicar qual medicamento usado. A análise dos resultados foi realizada através do programa SPSS – “Statistical Package for the Social Sciences” – versão 21.0. Foi utilizada a estatística descritiva, para caracterização da amostra (gênero, faixa etária, estado civil, IMC, disciplinas cursadas, hábitos nocivos, prática de atividade física, problemas de saúde geral, uso de medicamentos, sintomatologia de dor). Para verificar a associação entre sintomatologia dolorosa e as variáveis estudadas, considerou-se como afirmativa quando foi relatada, no mínimo, pelo menos uma resposta positiva a dor , em alguma área do corpo, para cada pergunta do questionário Nórdico. Destarte, obtiveram-se novas variáveis: GA (sintomas nos últimos 12 meses em alguma área do corpo), GB (impedimento de realizar atividades normais por causa deste problema em alguma área do corpo nos últimos 12 meses o), GC (consulta a algum profissional da área da saúde por causa desta condição nos últimos 12 meses) e GD (Sintomas nos últimos 7 dias em alguma área do corpo). Para verificar a associação, foram utilizados os testes: Qui-quadrado, Teste Exato de Fischer e razão de verossimilhança. 26 Renata Reis dos Santos 2.5 RESULTADOS Ao final da aplicação dos questionários obteve-se a participação de 241 alunos nesse estudo. A média de idade da amostra foi de 22.31 anos (dp ± 1.97). As mulheres foram a maioria nesse estudo, sendo 62,7% dos entrevistados. Quanto ao estado civil, 97,9% dos entrevistados eram solteiros. Em relação ao número de disciplinas clínicas cursadas, a média foi de 12 (dp ± 4.25). A análise do IMC dos estudantes mostrou que 62,7% estava na faixa considerada normal, 14,5 % foi considerado com sobrepeso, 5,4% foi classificado com obesidade, e não menos preocupante 17.4 foram considerados com baixo peso. Em relação aos hábitos prejudiciais à saúde, a maioria dos estudantes não utilizava álcool, fumo ou outras drogas. (Tabela 1). Tabela 1- Variáveis sociodemográficas dos alunos de graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Unesp. Araçatuba, 2013. Variáveis N % Sexo Feminino 151 62,7 Masculino 90 37,3 Faixa etária 19 anos 4 1,7 20 a 24 anos 209 86,7 25 a 29 anos 27 11,1 32 anos 1 0,4 Estado civil Casado/ vive maritalmente 4 1,7 Solteiro 236 97,9 Sem informação 1 0,4 IMC Abaixo do peso 42 17,4 Normal 151 62,7 Sobrepeso 35 14,5 Obesidade 13 5,4 Disciplinas Menos que 12 124 51,5 12 ou mais 117 48,5 Hábitos Nocivos Álcool 81 33,6 Tabaco 2 0,8 Sem hábitos 158 65,6 TOTAL 241 100,0 27 Renata Reis dos Santos A atividade física faz parte da rotina de 59,8 % dos alunos de graduação, a maioria pratica atividades classificadas como resistidas (musculação ou algum tipo de esporte de contato). Essas atividades são, em média, praticadas 4 vezes por semana ou mais, supervisionada por profissionais especializados, em sua maioria. Poucos alunos relataram terem sido diagnosticados com algum problema de saúde geral nos últimos 12 meses (n=24), porém, desses 33,3% tiveram o diagnóstico de problemas relacionados às desordens osteomusculares. Em relação ao uso de medicamento para o controle de dor, 44, 4% afirmaram utilizar para eliminar os sintomas (analgésicos, anti-inflamatórios e combinação desses medicamentos) (Tabela 2). A presença de dor nos últimos 12 meses foi observada em 199 dos participantes (82.6%). Mais da metade dos entrevistados indicaram presença de dores no pescoço (51.5%), enquanto 48.1% relataram dorna parte superior das costas, 38.6% no pulso / mão e 49.8% região lombar. Dores músculo-esqueléticas nas extremidades inferiores (quadris / coxas, joelhos, panturrilha / perna, tornozelos / pés), foram relatadas por menos de 30% dos entrevistados (Tabela 3). Sobre os impedimentos de realização de atividades, 25% dos alunos relataram que a dor interferiu no desempenho de tarefas nos últimos 12 meses. Na tabela 3, pode-se observar com detalhe a frequência e a porcentagem dos alunos que tiveram algum impedimento por causa de dor e as respectivas áreas. Poucos foram os estudantes que procuraram por aconselhamento médico ou tratamento para as dores ou sintomatologia referida nos últimos 12 meses (28.2%). Em relação à sintomatologia dolorosa nos últimos sete dias, quase metade dos alunos (48,5%) relataram ter sentindo dor em pelo menos uma das áreas do corpo (Tabela 3). Foi realizada a análise de associação entre as variáveis sociodemográficas e variáveis gerais de cada questão do Questionário Nórdico. Houve associação entre a sintomatologia dolorosa nos últimos 12 meses em pelo menos uma área do corpo (GA) e Sexo; GA e o úmero de disciplinas cursadas, GA e a prática de atividade física e GA e saúde geral, e entre 28 Renata Reis dos Santos sintomatologia dolorosa nos últimos 7 dias em alguma área do corpo (GD) e a saúde geral (Tabela 4). 29 Renata Reis dos Santos Tabela 2- Variáveis relacionadas as atividades físicas, saúde geral e o uso de medicamentos pelos alunos de graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Unesp. Araçatuba, 2013. Variáveis N % Você faz algum tipo de atividade física? Sim 144 59,8 Não 97 40,2 Total 241 100,0 Qual atividade? Resistido 78 54,2 Aeróbico 33 22,9 Ambos Sem informação 32 1 22,2 0,7 Há quanto tempo? Menos de 6 meses 38 26,4 De 6 a 12 meses 42 29,2 Mais de 12 a 24 meses 13 9,0 Mais de 24 meses 48 33,3 Sem informação 3 2,1 Quantas vezes por semana? Uma vez 7 4,9 Duas vezes 19 13,2 Três vezes 47 32,6 Quatro vezes ou mais 70 48,6 Sem informação 1 0,7 Tem orientação de um profissional quando faz a atividade física? Sim 91 63,2 Não 53 36,8 Total 144 100,0 Tem algum problema de saúde geral diagnosticado nos últimos 12 meses Sim 24 10,0 Não 217 90,0 Qual problema de saúde geral DORT 8 33,3 Outras 16 66,7 Total 24 10,0 Usa medicamento? Sim 107 44,4 Não 134 55,6 Qual medicamento? Analgésico 36 33,6 Antinflamatórios 11 10,3 Combinação 15 14,0 Outros 43 40,2 Sem informação 2 1,9 Total 107 100,0 TOTAL 241 100,0 30 Renata Reis dos Santos Tabela 3 - Distribuição por regiões anatômicas do corpo humano de sintomas osteomusculares, incapacidade funcional, procura por profissional da área de saúde entres os alunos de graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Unesp. Araçatuba, 2013. Sintomas nos últimos 12 meses Impedimento de realizar atividades normais por causa deste problema nos últimos 12 meses Consulta a algum profissional da área da saúde por causa desta condição nos últimos 12 meses Sintomas os últimos 7 dias Área do corpo Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não n % n % n % n % n % n % n % n % Pescoço 124 51.5 117 48.5 18 7.5 223 92.5 15 6.2 226 93.8 51 21.2 190 78.8 Ombros 102 42.3 139 57.7 14 5.8 227 94.2 14 5.8 227 94.2 42 17.4 199 82.6 Parte superior das costas 116 48.1 125 51.9 11 4.6 230 95.4 23 9.5 218 90.5 48 19.9 193 80.1 Cotovelos 18 7.5 223 92.5 1 0,4 240 99.6 3 1,2 238 98.8 4 1.7 237 98,3 Punhos/Mãos 93 38.6 148 61.4 17 7.1 224 92.1 12 5.0 238 95.0 24 10.0 217 90.0 Parte inferior das costas 120 49.8 121 50.3 20 8.3 221 91.7 28 11.6 213 88.4 52 21.6 189 78.4 Quadril/Coxas 41 17.0 200 83.6 5 2.1 236 97.9 5 2.1 236 97.9 13 5.4 228 94.6 Joelho 66 27.4 175 72.6 17 7.1 224 92.9 17 7.1 224 92.9 26 10.8 215 89.2 Tornozelo/Pés 55 22.8 186 77.2 8 3.3 238 96.7 6 2.5 235 97.5 8 3.3 233 96.7 31 Renata Reis dos Santos Tabela 4- Associações entre as variáveis sociodemográficas e as variáveis dos Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Araçatuba, 2013. Teste x2 *Teste de Fischer **Razão de verossimilhança Variáveis GA p GB p GC p GD p Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não N % n % n % n % n % n % n % n % Sexo Feminino 131 66 20 48 0,027 37 63 114 63 0,992 43 63 108 62 0,907 79 68 72 58 0,129 Masculino 68 34 22 52 22 37 68 37 25 37 65 38 38 33 52 42 Estado civil Casado 3 1,5 1 2,4 0,539* - - 4 2,2 0,575* 2 2,9 2 1,2 0,318* 2 1,7 2 1,6 1,000* Solteiro 195 99 41 98 59 100 177 98 66 97 170 99 115 98 121 98 IMC Normal 126 63 25 60 0,308** 39 66 112 62 0,934** 47 69 104 60 0,292** 73 62 78 63 0,252*** Sobrepeso 29 15 6 14 8 14 27 15 10 15 25 15 19 16 16 13 Obesidade 8 4 5 12 3 5,1 10 5,5 4 5,9 9 5,2 3 2,6 10 8,1 Abaixo do peso 36 18 6 14 9 15 33 18 7 10 35 20 22 19 20 16 Disciplinas Menos que 12 109 55 15 36 0,025 30 51 94 52 0,915 37 54 87 50 0,564 67 57 57 46 0,079 12 ou mais 90 45 27 64 29 49 88 48 31 46 86 50 50 43 67 54 Atividade física? Sim 126 63 18 43 0,014 38 64 106 58 0,401 39 57 105 61 0,634 68 58 76 61 0,616 Não 73 37 24 57 21 36 76 42 29 43 68 39 49 42 48 39 Hábito nocivo Álcool 71 36 10 24 0,158 21 36 60 33 0,75 20 29 61 36 0,356 39 34 42 34 0,932 Sem hábitos 127 64 31 76 38 64 120 67 48 71 110 64 77 66 81 66 Saúde geral Sim 23 12 1 2,4 0,089* 9 15 15 8,2 0,118 16 24 8 4,6 0 19 16 5 4 0,002 Não 176 88 41 98 50 85 167 92 52 77 165 95 98 84 119 96 Medicamento Sim 86 43 21 50 0,421 30 51 77 42 0,251 34 50 73 42 0,273 56 48 51 41 0,293 Não 113 57 21 50 29 49 105 58 34 50 100 58 61 52 73 59 32 Renata Reis dos Santos 2.6 DISCUSSÃO Nas últimas décadas, relaciona-se a atuação dos profissionais da Odontologia com o aparecimento de lesões osteomusculares. Porém, existem poucos estudos que discutem o tema em estudantes de Odontologia. Diante dos problemas que muitos profissionais vêm desenvolvendo, torna-se necessária uma orientação adequada, tanto para mudança das atitudes na execução do trabalho; como nos hábitos de vida. Ainda na vida acadêmica, podem ser prevenidos os problemas de saúde dos futuros profissionais da Odontologia. Nos Estados Unidos, desde 1995, atividades de treinamento de postura durante o trabalho estão presente nos currículos dos cursos de Odontologia [10]. Visto que os problemas ocupacionais podem afetar os estudantes de Odontologia, é necessário adequar o processo de ensino da graduação para a inclusão de tais atividades no currículo. Verificou-se em nesse estudo uma alta prevalência de sintomatologia dolorosa na população estudada. Essas altas taxas de dor vêm sendo relatadas por alunos de Odontologia, de ambos os sexos, com aparecimento precoce [5]. Esses índices também são altos quando analisados somente os alunos que já realizam atividades práticas clínicas [14, 15]. Em estudo utilizando a metodologia RULA, encontrou-se um alto risco para o desenvolvimento desordens osteomusculares e, em especial, nos membros superiores, dos alunos que estavam ainda realizando atividade pré-clínica.[10] No presente estudo, quando foram analisadas as áreas do corpo individualmente, verificou-se que a região superior do corpo (pescoço, ombro e parte superior das costas) foi a mais afetada pela dor. Essas são comumente as áreas mais afetadas nos profissionais e estudantes de Odontologia [16]. Dentre as 33 Renata Reis dos Santos possíveis patologias estão as degenerações dos discos intervertebrais da região cervical, como periarterite escápulo-umeral ou bursite e a contratura muscular fisiológica [3]. Essas lesões em membros superiores muitas vezes resultam em incapacidade temporária ou permanente de trabalho [1]. Outra região com alta prevalência de dor entre os alunos, neste estudo, foi a área lombar da coluna, porém essa prevalência foi mais baixa que outros estudos. As lombalgias estão entre as principais queixas crônicas de saúde, e que levam à necessidade de cuidados médicos e também ao absenteísmo [17]. Em estudo realizado com aluno do primeiro ao último ano de graduação em Odontologia (n=154) encontrou-se uma prevalência de dor lombar em 95 (62,5%) dos estudantes [9]. Nesse estudo pôde-se observar que a parte inferior do corpo foi afetada em uma menor proporção. Os desconfortos ou dores nessa áreas se devem principalmente ao fato que os alunos, não trabalham com os pés apoiados no chão [10]. Um bom posicionamento quando sentado , com uma base de apoio do corpo ampliada, evita possíveis alterações no sistema circulatório, como varizes, edema, dor e inflamação. Isso ocorre devido à compressão muscular nas extremidades inferiores que impedem o retorno venoso [7]. Apesar da alta prevalência de dor entre os alunos, poucos foram os relatos de impedimentos de realizar atividades normais por causa das dores e/ou desconforto. Devido a esse fato, a busca por um profissional da saúde para tratar ou minimizar os problemas também foi baixa. Encontrou-se associação entre a sintomatologia dolorosa (GA) e o número de disciplinas cursadas. Um menor número de disciplinas esteve associado a maior queixa de dor. Possivelmente, isso deve-se ao fato da disciplina de Orientação 34 Renata Reis dos Santos profissional ser ministrada concomitantemente com as disciplinas clínicas. Esse fato dificulta a aplicação dos conhecimentos ergonômicos, nas práticas das atividades pré- clínicas, o que reflete desempenho do aluno na prática clínica [10, 16, 18]. É importante ressaltar o fato de que os alunos que estão iniciando suas atividades clínicas e pré-clinicas concentram-se em desenvolver as atividades propostas e não tem consciência de sua postura durante a execução do trabalho. Isso reforça a necessidade de orientação ergonômica sempre presente durante o treinamento pré-clínico e clínico, para que o aluno receba informação constante sobre os erros cometidos e que esses sejam prontamentes corrigidos[10]. Pouco mais da metade dos alunos entrevistados afirmaram realizar atividades físicas. Devido à sua capacidade de melhorar a função cardiovascular e musculoesquelética, o exercício físico pode ser útil para melhorar a função circulatória e prevenir o desenvolvimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho [9]. Assim, sugere-se então o incentivo à pratica de atividade física dirigida e que essa seja incluída nos currículos dos cursos de graduação, para a prevenção de desordens musculares, em especial, as dores lombares[9]. Foi encontrada associação da sintomatologia dolorosa no último ano (GA) e nos últimos sete dias (GD) com a variável saúde geral. Em alguns estudos, os cirurgiões- dentistas apresentam uma saúde geral ruim [15, 19, 20]. É importante ressaltar que a dor osteomuscular pode afetar outras áreas da vida, e não apenas o desempenho e limitações nas atividades laborais. Em um estudo realizado no Brasil, com profissionais de ensino que apresentam sintomas osteomusculares, demonstrou- se que essas dores têm correlação com a qualidade de vida dos profissionais [21]. 35 Renata Reis dos Santos A maioria dos estudos epidemiológicos existentes com alunos de Odontologia é seccional e utilizam métodos diversos de identificação e classificação da sintomatologia dolorosa, o que dificulta a comparação dos estudos existentes. Além disso, apresentam as limitações características dos estudos transversais, aumentando a possibilidade de viés [19, 21]. 36 Renata Reis dos Santos 2.7 CONCLUSÃO Houve uma alta prevalência de sintomatologia osteomuscular, em especial nos membros superiores. Foi encontrada associação entre as dores musculares e o número de disciplinas cursadas e entre as dores musculares e a saúde geral dos alunos. 37 Renata Reis dos Santos 2.8 REFERÊNCIAS 1. Hayes M, Cockrell D, Smith DR. A systematic review of musculoskeletal disorders among dental professionals. Int J Dent Hyg. 2009;7(3):159-65. 2. Aminian O, Banafsheh Alemohammad Z, Sadeghniiat-Haghighi K. Musculoskeletal disorders in female dentists and pharmacists: a cross-sectional study. Acta Med Iran. 2012;50(9):635-40. 3. Regis Filho GI, Michels G, Sell I. Lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em cirurgiões-dentistas Revista Brasileira de Epidemiologia. 2006;9(3):346-59. 4. Presoto CD, Corrocher PA, Campos JADB, Garcia PPNS. Risk factors for musculoskeletal disorders at the workplaces of undergraduate dental students. Pesq Bras Odontoped Clin Integr. 2012;12(4):549-54. 5. Rising DW, Bennett BC, Hursh K, Plesh O. Reports of body pain in a dental student population. J Am Dent Assoc 2005;136(1):81-6. 6. Ribeiro NF, Fernandes RdCP, Solla DJF, Santos Junior AC, Sena Junior ASd. PREVALÊNCIA de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em profissionais de enfermagem. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(2):429-38. 7. Garbin AJ, Garbin CA, Diniz DG, Yarid SD. Dental students' knowledge of ergonomic postural requirements and their application during clinical care. Eur J Dent Educ. 2011;15(1):31-5. 38 Renata Reis dos Santos 8. Carvalho MVD, Soriano EP, de França Caldas A, Campello RIC, de Miranda HF, Cavalcanti FID. Work-related musculoskeletal disorders among brazilian dental students. J Dent Educ. 2009;73(5):624-30. 9. Peros K, Vodanovic M, Mestrovic S, Rosin-Grget K, Valic M. Physical fitness course in the dental curriculum and prevention of low back pain. J Dent Educ. 2011;75(6):761-7. 10. Corrocher PA, Presoto CD, Campos JA, Garcia PP. The association between restorative pre-clinical activities and musculoskeletal disorders. Eur J Dent Educ. 2014; 18(3):142-6. 11. Biswas R, Sachdev V, Jindal V, Ralhan S. Musculoskeletal disorders and ergonomic risk factors in dental practice. Ind J Dent Scienc. 2012;4(1):70-4. 12. Barros EN, Alexandre NM. Cross-cultural adaptation of the Nordic musculoskeletal questionnaire. Int Nurs Rev. 2003;50(2):101-8. 13. Pinheiro FA, Troccoli BT, Carvalho CV. Validity of the Nordic Musculoskeletal Questionnaire as morbidity measurement tool. Rev Saude Publica. 2002;36(3):307-12. 14. Fals Martínez J, González Martínez F, Orozco Páez J, Correal Castillo SP, Pernett Gómez CV. Musculoskeletal alterations associated factors physical and environmental in dental students. Rev Bras Epidemiol 2012;15(4):884-95. 15. Thornton LJ, Barr AE, Stuart-Buttle C, Gaughan JP, Wilson ER, Jackson AD, et al. Perceived musculoskeletal symptoms among dental students in the clinic work environment. Ergonomics 2008;51(4):573-86. 39 Renata Reis dos Santos 16. Khan SA, Chew KY. Effect of working characteristics and taught ergonomics on the prevalence of musculoskeletal disorders amongst dental students. BMC Musculoskeletal Disorders. 2013;14:118. 17. Myers HL, Myers LB. 'It's difficult being a dentist': stress and health in the general dental practitioner. Br Dent J 2004;197(2):89-93. 18. Garcia PPNS, Pinelli C, Derceli JdR, Campos JÁDB. Musculoskeletal disorders in upper limbs in dental students: exposure level to risk factors. Braz J Oral Sci 2012; 11(2):148-53 19. Garbin AJI, Garbin CAS, Moimaz SAS, Baldan RCF, Zina LG. Dental practice and musculoskeletal disorders association: a look at the evidence. Arch Environ Occup Health 2011;66(1):26-33. 20. Lindfors P, von Thiele U, Lundberg U. Work characteristics and upper extremity disorders in female dental health workers. J Occup Health 2006;48(3):192-7. 21. Fernandes MH, da Rocha VM, Fagundes AA. Impact of osteomuscular symptoms on the quality of life of teachers. Rev Bras Epidemiol 2011;14(2):276-84. R 40 Renata Reis dos Santos *Normalização Segundo a BMC Musculoskeletal 3 Capítulo 2 - Análise comparativa da percepção dos alunos com e sem sintomas de dor osteomuscular sobre os fatores de risco 41 Renata Reis dos Santos 3.1 RESUMO Introdução: A sintomatologia dolorosa no sistema músculo-esquelético é uma grande preocupação entre os Cirurgiões-dentistas. Os estudantes de Odontologia realizam as mesmas tarefas clínicas que um Cirurgião-Dentista que já atua na clínica, mas apenas recentemente se tem evidências científicas que sugerem uma relação entre as tarefas e os sintomas músculo-esquelético. O objetivo desse estudo foi avaliar a percepção dos acadêmicos de Odontologia em relação aos fatores de riscos que podem contribuir no aparecimento de sintomas osteomusculares, e verificar se a existência de sintomatologia dolorosa influencia na percepção dos fatores. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com alunos do curso de Odontologia (n=241). Cada participante respondeu a dois questionários validados e autoaplicáveis. Analisou-se a presença de desordens osteomusculares por meio do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Para a percepção dos alunos foi utilizado o Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares. Os alunos foram divididos em dois grupos (com e sem dor), para a realização do teste de associação dos grupos e com as categorias do Instrumento de percepção. Para análise de comparação das médias forma utilizados os testes Mann- Whitney e t. Resultados: Foi observada sintomatologia dolorosa em 199 dos participantes (82.6%). A maioria dos alunos teve sua percepção classificada como mínima a moderada (86.3%). Quando realizado o teste de associação entre a percepção dos fatores de risco e a presença de sintomatologia dolorosa foi encontrada uma associação estatisticamente significante (p=0,005). Pôde –se notar que as médias mais altas foram encontradas nas questões relacionadas à repetição de movimento, seguidas dos fatores relacionados ao trabalho e, por último, aos riscos 42 Renata Reis dos Santos envolvidos com fatores externos. Há diferenças estatisticamente significantes na média de percepção tanto quando comparados os grupo com dor e sem dor em relação a cada questão do instrumento, tanto quando comparados por áreas do corpo. Conclusão: Conclui-se que os alunos de graduação possuem consciência dos fatores que contribuem para o agravo e desenvolvimento de desordens osteomusculares, em especial, há uma percepção maior entre aqueles que já apresentaram alguma sintomatologia. Palavras-Chave: Sintomas músculo-esquelético; Estudantes de Odontologia; Percepção. 43 Renata Reis dos Santos 3.2 ABSTRACT Background: Painful symptoms in the musculoskeletal system are a major concern among dentists. Dental students perform the same clinical tasks as a dental surgeons already working in the clinic, but only recently has scientific evidence suggested a relationship between the tasks and musculoskeletal symptoms. The objective was to evaluate the perception of dental students in relation to the risk factors that may contribute to the onset of musculoskeletal symptoms, and verify how the existence of painful symptoms influences the perception of risk factors. Method: A cross-sectional study was conducted with students in the dental program (n = 241). Each participant answered two validated and self-administered questionnaires. The presence of musculoskeletal disorders was analyzed through the Nordic Musculoskeletal Questionnaire and the instrument on work factors that can contribute to musculoskeletal symptoms (WRAPI) was used to analyze the perception of the students. The students were divided into two groups (with and without pain) to perform the group association with the WRAPI categories, and for the comparison of means analysis (Mann-Whitney test and t) between them. Results: Painful symptoms were observed in 199 participants (82.6%). Most students had their perception classified as minimal to moderate (86.3%). A statistically significant association (p = 0.005) was found when the test of association between the perception of risk factors and the presence of painful symptoms was performed. One may note that the highest averages were found in the issues related to repetition of movement, followed by work- related factors and finally the risks to external factors. There are statistically significant differences in the average perception of both when comparing the group with and without pain for each question of the instrument when comparing the body areas. 44 Renata Reis dos Santos Conclusion: It was concluded that undergraduate students are aware of the factors that contribute to health issues and development of musculoskeletal disorders, and in particular there is a greater perception among those who may have had any symptoms. Keywords: musculoskeletal symptoms; dental students; perceptions 45 Renata Reis dos Santos 3.3 INTRODUÇÃO A sintomatologia dolorosa no sistema músculo-esquelético é uma grande preocupação entre os cirurgiões-dentistas [1, 2]. Os profissionais de odontologia fazem parte do grupo de risco para o desenvolvimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), devido à alta prevalência de dor (64% e 93%) [4] encontrada entre eles [3]. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e oInstituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional (NIOSH), as causas da DORT são multifatoriais; incluindo não só as condições e exposições no local de trabalho, mas também condições organizacionais, relações psicossociais e socioculturais, entre outros [5, 6]. Na Odontologia as posturas inadequadas e as rotações podem levar a dores nas costas. Os movimentos repetitivos e o tempo excessivo na mesma postura têm contribuído para com as dores no pescoço e ombros, além dos estressores psicossociais, que causam as tensões em todo o corpo. As mãos também estão expostas às neuropatias devido ao uso de ferramentas de alta frequência de vibrações. De qualquer forma, o cirurgião-dentista está suscetível a maiores problemas no sistema musculoesquelético e na saúde geral [3, 5]. Os estudantes de Odontologia realizam as mesmas tarefas que um cirurgião- dentista que já atua na clínica, mas apenas recentemente se tem evidências científicas que sugerem uma relação entre as tarefas laborais e os sintomas músculo- esquelético [1]. Deste modo é fundamental que o currículo da graduação em Odontologia concentre-se nos fatores do ambiente de trabalho que podem comprometera saúde do cirurgião-dentista, minimizando problemas futuros [7]. Além 46 Renata Reis dos Santos disso, é necessário verificar se os alunos de Odontologia têm a percepção dos fatores de riscos [7, 8]. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo avaliar a percepção dos acadêmicos de Odontologia em relação aos fatores de riscos que podem contribuir no aparecimento de sintomas osteomusculares, e verificar se a existência de sintomatologia dolorosa influencia na percepção dos fatores. 47 Renata Reis dos Santos 3.4. MATERIAL E MÉTODO Foi realizado um estudo transversal com alunos do curso de Odontologia regularmente matriculados na Faculdade de Odontologia de Araçatuba - Unesp, os quais deveriam ter cursado, no mínimo, uma disciplina que contemplasse em seu plano de ensino atividades clinicas. No período da coleta, entre os meses de setembro a novembro de 2013, havia 303 alunos matriculados que atendiam esse critério. Foram excluídos os alunos portadores de alguma deficiência física congênita ou adquirida que envolvesse os membros superiores ou inferiores, articulares ou de coluna, gestantes, lactantes e pessoas que não consentiram em participar da pesquisa. No questionário foi anexado o termo de consentimento livre e esclarecido para que qualquer dúvida fosse esclarecida sobre a participação voluntária na pesquisa. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP, seguindo as todas normativas nacionais e internacionais. Cada participante respondeu a dois questionários validados e autoaplicáveis, que foram entregues ao final das aulas teóricas, a fim de não atrapalhar as atividades de ensino. Os questionários foram distribuídos aos participantes por alunos de pós- graduação, previamente treinados, que explicaram e esclareceram dúvidas, evitando erros de preenchimento e de compreensão. A presença desordens osteomusculares foi analisada por meio do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares, utilizando-se a versão adaptada para o Português [9]. Esse instrumento foi validado e apresentou uma confiabilidade que varia de 0,88 a 1, segundo o coeficiente Kappa [10]. Este instrumento é utilizado internacionalmente e aceito para a avaliação das desordens osteomusculares e é 48 Renata Reis dos Santos composto por questões sobre nove áreas do corpo (três áreas das extremidades superiores, três áreas das extremidades inferiores e três áreas da coluna). O instrumento avalia sintomas de dor em pescoço, ombro, cotovelo, antebraço, punho/ mão/dedo, região dorsal, região lombar, quadril/coxa, joelho, tornozelo/pé. O participante relata se ele já teve alguma experiência de dor ou desconforto em alguma das nove áreas do corpo durante os 12 últimos meses. Essas respostas foram utilizadas para dividir a amostra em dois grupos (com sintoma e sem sintomas). Para a análise da percepção do risco foi utilizado o Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares, desenvolvido por Rosecrance et al.[8] e foi adaptado culturalmente por Coluci et al [11], para o Português do Brasil. Os alunos receberam uma lista descritiva sobre fatores de risco e foram solicitados a indicar, em uma escala de zero a dez (sendo que zero significa sem problema e dez, com maior problema possível), o quanto cada fator contribuiu para ocorrência de sintomas osteomusculares relacionados ao trabalho. As análises das respostas foram realizadas para cada um dos itens utilizando uma pontuação que se baseia em uma escala de 0 a 10, e pode–se dividi-la em três categorias. Essa pode er dividida em trê categorias : 0-1 que representa ausência de percepção, a segunda de 2-7 que significa percepção mínima a moderada e a última de 8-10 que indica uma alta percepção. A análise dos resultados foi realizada por meio do programa SPSS – “Statistical Package for the Social Sciences” – versão 21.0. Foi utilizada a estatística descritiva, e verificada a distribuição dos dados por meio do teste de Kolmogorov - Smirnov, o qual apontou que os mesmos não seguem os princípios da normalidade. Realizou-se o teste de associação dos grupos e as categorias do WRAPI e comparação das médias (teste de Mann-Whitney e t) entre os grupos com e sem 49 Renata Reis dos Santos presença de dor, a fim de avaliar se houve diferenças na percepção de fatores de risco entre os grupos. Foi realizado teste de associação (razão de verossimilhança) entre os grupos com e sem dor e as categorias do Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares. As comparações das médias entre os grupos foram realizadas da seguinte forma: Para cada questão do Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares e para cada área do corpo, segundo os seguimentos avaliados no Questionário Nórdico. 50 Renata Reis dos Santos 3.5 RESULTADOS Dentre os estudantes pesquisados, a média de idade foi de 22 anos. A maioria praticava alguma atividade física (60.32%). Grande parte dos alunos (68.62%) não apresentavam hábitos nocivos e praticavam atividades físicas (60,57%). A presença de dor nos últimos 12 meses foi observada em 199 dos participantes (82.6%). Mais da metade dos entrevistados indicaram presença de dores no pescoço (51.5%) nos últimos 12 meses, enquanto 49.4% relataram dor na parte superior das costas, 38.4% no pulso / mão e 49.8% na região lombar. Dores músculo-esqueléticas nas extremidades inferiores (quadris / coxas, joelhos, panturrilha / perna, tornozelos / pés), foram relatadas por menos de 30% dos entrevistados. A maioria dos alunos teve a sua percepção classificada como mínima a moderada (86.3%), com percepção alta 6.2% e como mínima 7,5%. Quando realizado o teste de associação entre a percepção dos fatores de risco e a sintomatologia dolorosa, essa foi estatisticamente significante (p=0,005) (Tabela 1). Tabela 1 – Associação entre a sintomatologia dolorosa e a percepção dos fatores de risco que podem contribuir com o aparecimento de sintomatologia osteomuscular em alunos de Odontologia. Araçatuba, 2013. Sintomatologia dolorosa p-valor Sim Não n % n % Mínima 11 5,5 7 16,7 0,005* Mínima a moderado 173 86,9 35 83,3 Alta 15 7,5 0 0,0 Total 199 100,0 42 100,0 - *Razão de Verossimilhaça Significância � = 0.05 51 Renata Reis dos Santos No Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares, as médias do grupo com dor foram maiores que as dos grupos sem dor, mostrando-se estas diferenças estatisticamente significantes para as questões 1 5,6,7,9, 11 e 13. Pôde –se notar que as médias mais altas foram encontradas nas questões relacionas à repetição de movimento (questões 5-9), seguidas dos fatores relacionados ao trabalho (questões de 9-15) e, por último, os riscos envolvidos a fatores externos (questões de 1-4) (Tabela 2). Quando comparados os grupos com dor e sem dor a partir das áreas do corpo, os escores médios também foram maiores no grupo sem dor. Todas as áreas do corpo mostraram diferenças estatisticamente significantes entre os grupos com e sem dor, com exceção dos cotovelos e joelhos (Tabela 3). 52 Renata Reis dos Santos Tabela 2 – Comparação dos escores médios do Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares entre alunos de Odontologia. Araçatuba, 2013. Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares entre alunos de Odontologia Sintomatologia dolorosa Sim dp(±) Não dp(±) p 1. Realizar a mesma tarefa repetidamente 3.80 2.65 2.76 2.68 0.044 2. Trabalhar rápido durante curtos períodos (levantar, segurar, etc) 3.24 2.58 2.71 2.74 0.260 3. Ter que manusear ou segurar objetos pequenos 2.37 2.78 2.19 2.69 0.779 4. Intervalos ou pausa insuficientes durante a jornada de trabalho 3.88 2.96 3.12 2.90 0.153 5. Trabalhar em posições desconfortáveis/Inadequadas ou em espaços muito apertados 6.70 2.60 5.74 2.73 0.035 6. Trabalhar na mesma posição por longos períodos (em pé, inclinado, sentado, ajoelhado, etc) 6.53 2.47 5.05 3.00 0.003 7. Curvar ou torcer as costas de maneira desconfortável 6.43 2.64 5.17 3.07 0.019 8. Trabalhar próximo ou no seu limite físico 5.81 3.11 4.90 3.45 0.123 9. Alcançar ou trabalhar em um nível acima de sua cabeça ou afastado de seu copo 5.41 2.97 4.33 3.09 0.039 10. Trabalhar em ambiente quente, Frio, úmido ou molhado 4.80 3.34 4.40 3.19 0.472 11. Continuar trabalhando quando está com alguma dor ou com alguma lesão 6.79 2.88 5.31 3.13 0.003 12. Carregar, levantar ou mover materiais ou equipamentos pesados 5.17 3.15 4.24 3.46 0.111 13. Jornada de trabalho (duração do trabalho, hora extra) 4.28 2.91 3.00 2.95 0.012 14. Usar ferramnetas (peso, vibração, etc) 3.64 2.94 2.90 2.90 0.147 15. Trabalhar sem receber treinamento 5.25 3.40 4.52 3.68 0.247 Teste de Mann-Whitney Significância � = 0.05 53 Renata Reis dos Santos Tabela 3- Comparação dos escores médios do Instrumento sobre fatores do trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares, por área do corpo, entre alunos de Odontologia. Araçatuba, 2013. Sintomatologia dolorosa Sim dp(±) Não dp(±) p Pescoço 5.35 1.76 4.18 2.11 0.000* Ombros 5.47 1.80 4.28 2.03 0.000* Parte superior das costas 5.16 2.00 4.43 1.98 0.005* Cotovelo 5.24 1.88 4.74 2.03 0.428* Mãos e Punhos 5.43 1.74 4.37 2.07 0.000* Parte inferior das costas 5.22 1.96 4.35 1.99 0.001* Coxas 5.44 1.51 4.65 2.08 0.022* Joelhos 4.79 2.13 4.78 1.98 0.965* Tornozelo e pés 5.42 1.76 4.59 2.05 0.013* Médias de todas áreas 4.94 1.95 4.02 2.16 0.007** *Teste de Mann-Whitney **Teste t Significância � = 0.05 54 Renata Reis dos Santos 3.6 DISCUSSÃO Pôde-se observar na amostra estudada que os alunos de Odontologia conseguem perceber os dos fatores de risco para o desenvolvimento de problemas osteomusculares, com destaque para os fatores relacionados à repetição de movimento. Entretanto, os alunos que já sofrem com dores têm mais consciência dos riscos do que os outros Houve diferenças estatisticamente significantes na média de percepção entre os grupos, tanto na comparação de cada questão do instrumento, quanto quando comparados pelas áreas do corpo. Em outro estudo, essa diferença só esteve presente entre os grupos na área de pescoço e tornozelos / pés. Essa diferença pode ter ocorrido talvez pelo fato desse estudo ter analisado o instrumento dividido em três dimensões. A diferença foi analisada entre os grupos por cada uma destas dimensões e não o escore total [7]. Em estudo realizado com os auxiliares odontológicos, observaram-se médias semelhantes as desse estudo. Os fatores considerados mais problemáticos foram o trabalho na mesma posição por longos períodos, flexão ou torção nas costas e realizar a mesma tarefa várias vezes [12]. As atividades clínicas realizadas pelos alunos de Odontologia são muito repetitivas e exigem posturas estáticas por períodos longos, sendo fatores de risco para presença precoce de desordens osteomusculares O instrumento utilizado nessa pesquisa apesar de já ter sido validado e testado por diversos autores [8, 11, 13], tem sido pouco utilizado como ferramenta de avaliação da percepção de risco em profissionais de Odontologia. A maior parte dos estudos são realizados com trabalhadores da indústria [8, 11, 14], agricultura [15] e garçons [16] , e com os profissionais da área de enfermagem [13]. Este fato limita a comparação dos achados desse trabalho com os da literatura científica. 55 Renata Reis dos Santos Embora haja limitações características dos estudos transversais, este trabalho mostra uma nova perspectiva em relação ao planejamento de ações de prevenção nos acadêmicos. Há poucos relatos na literatura sobre a percepção dos fatores de risco nos profissionais e estudantes de Odontologia. As pesquisas se limitam a verificar a presença ou ausência de sintomatologia dolorosa, sem se preocupar se o cirurgião-dentista ou alunos de graduação percebem ou conhecem as atitudes que causam os distúrbios osteomusculares. É muito importante saber o quanto os alunos aprenderam durante sua formação. A obtenção de conhecimento durante o curso de graduação pode ter sido inadequada. Desta forma sugere-se uma readequação do processo de ensino- aprendizagem, para mostrar aos alunos como identificar corretamente os riscos a que estão expostos [17]. 56 Renata Reis dos Santos 3.7. CONCLUSÃO Conclui-se que os alunos de graduação em Odontologia têm consciência dos fatores de risco que contribuem para o surgimento e agravo das desordens músculo- esqueléticas, em especial aos ligados à repetição de movimento. Há uma percepção maior entre aqueles que já apresentaram alguma sintomatologia. 57 Renata Reis dos Santos 3.8 REFERÊNCIAS 1. Thornton LJ, Barr AE, Stuart-Buttle C, Gaughan JP, Wilson ER, Jackson AD, Wyszynski TC, Smarkola C: Perceived musculoskeletal symptoms among dental students in the clinic work environment. Ergonomics 2008, 51:573- 586. 2. Fischer FM, Martinez MC: Individual features, working conditions and work injuries are associated with work ability among nursing professionals. Work 2013, 45:509-517. 3. Alexopoulos EC, Stathi IC, Charizani F: Prevalence of musculoskeletal disorders in dentists. BMC Musculoskelet Disord 2004, 5:16. 4. Hayes M, Cockrell D, Smith DR: A systematic review of musculoskeletal disorders among dental professionals. Int J Dent Hyg 2009, 7:159-165. 5. Khan SA, Chew KY: Effect of working characteristics and taught ergonomics on the prevalence of musculoskeletal disorders amongst dental students. Bmc Musculoskeletal Disorders 2013, 14:8. 6. Hayes M, Melanie J, Hayes DC. Prevalence and correlates of musculoskeletal disorders among Australian dental hygiene students. International Journal of Dental Hygiene s: Accepted 12 January 2009, 7:176-181. 7. Garcia PP, Presoto CD, Campos JA: Perception of risk of musculoskeletal disorders among Brazilian dental students. J Dent Educ 2013, 77:1543-1548. 8. Rosecrance JC, Ketchen KJ, Merlino LA, Anton DC, Cook TM: Test-retest reliability of a self-administered musculoskeletal symptoms and job factors questionnaire used in ergonomics research. Appl Occup Environ Hyg 2002, 17:613-621. 58 Renata Reis dos Santos 9. Barros EN, Alexandre NM: Cross-cultural adaptation of the Nordic musculoskeletal questionnaire. Int Nurs Rev 2003, 50:101-108. 10. Pinheiro FA, Troccoli BT, Carvalho CV: [Validity of the Nordic Musculoskeletal Questionnaire as morbidity measurement tool]. Rev Saude Publica 2002, 36:307-312. 11. Coluci MZO, Alexandre NMC: Cross-cultural adaptation of an instrument to measure work-related activities that may contribute to osteomuscular symptoms. Acta Paul Enferm 2009, 22:149-154. 12. Anton D, Rosecrance J, Merlino L, Cook T: Prevalence of musculoskeletal symptoms and carpal tunnel syndrome among dental hygienists. Am J Ind Med 2002, 42:248-257. 13. Coluci MZ, Alexandre NM: Psychometric properties evaluation of a new ergonomics-related job factors questionnaire developed for nursing workers. Appl Ergon 2014, 45:1588-1596. 14. Coluci MZ, Alexandre NM, Freitas Pedrini T: Musculoskeletal symptoms and workers' perception about job factors in a pulp and paper industry. Work 2012, 41:5728-5730. 15. Rosecrance J, Rodgers G, Merlino L: Low back pain and musculoskeletal symptoms among Kansas farmers. Am J Ind Med 2006, 49:547-556. 16. Goldsheyder D, Nordin M, Weiner SS, Hiebert R: Musculoskeletal symptom survey among mason tenders. Am J Ind Med 2002, 42:384-396. 17. Puriene A, Janulyte V, Musteikyte M, Bendinskaite R: General health of dentists. Literature review. Stomatologija 2007, 9:10-20. R 59 Anexo A - Referências da Introdução Geral ALEXOPOULOS, E. C.; STATHI, I. C.; CHARIZANI, F. Prevalence of musculoskeletal disorders in dentists. BMC Musculoskelet Disord; v. 5, p. 16, Jun. 2004. AMINIAN, O.; BANAFSHEH ALEMOHAMMAD, Z.; SADEGHNIIAT-HAGHIGHI, K. Musculoskeletal disorders in female dentists and pharmacists: a cross-sectional study. Acta Med Iran, v. 50, n. 9, p. 635-40, 2012. ANAGNOSTIS, C.; GATCHEL, R. J.; MAYER, T. G. The pain disability questionnaire: a new psychometrically sound measure for chronic musculoskeletal disorders. Spine (Phila Pa 1976), v. 29, n. 20, p. 2302-302, Oct. 2004. BISWAS, R. et al. Musculoskeletal disorders and ergonomic risk factors in dental practice Ind Dent Scienc, v. 4, n. 1, p. 70-74, 2012. CARVALHO, M. V. D. et al. Work-related musculoskeletal disorders among brazilian dental students. Journal of Dental Education, v. 73, n. 5, p. 624-630, 2009. Anexos 60 Renata Reis dos Santos COLUCI, M. Z.; ALEXANDRE, N. M.; DE FREITAS PEDRINI, T. Musculoskeletal symptoms and workers' perception about job factors in a pulp and paper industry. Work, v. 41 Suppl 1, p. 5728-5730, 2012. CORROCHER, P. A. et al. The association between restorative pre-clinical activities and musculoskeletal disorders. Eur. J. Dent. Educ.,v.18, n. 3, p.142-146, Aug. 2014. FISCHER, F. M.; MARTINEZ, M. C. Individual features, working conditions and work injuries are associated with work ability among nursing professionals. Work, v. 45, n. 4, p. 509-517, 2013. GARBIN, A. J. I. et al. Dental students' knowledge of ergonomic postural requirements and their application during clinical care. Eur. J. Dent. Educ., v. 15, n. 1, p. 31-5, Feb 2011a. GARBIN, A. J. I. et al. Dental Practice and Musculoskeletal Disorders Association: A Look at the Evidence. Arch. Enviro Occup Health, v. 66, n. 1, p. 26-33, 2011b. GARCIA, P. P.; PRESOTO, C. D.; CAMPOS, J. A. Perception of risk of musculoskeletal disorders among Brazilian dental students. J. Dent. Educ., v. 77, n. 11, p. 1543-1548, Nov 2013. 61 Renata Reis dos Santos HAYES, M. et al. Prevalence and correlates of musculoskeletal disorders among Australian dental hygiene students. Int. J. Dent. Hyg., v. 7, n. 3, p. 176-181, 2009a. HAYES, M.; COCKRELL, D.; SMITH, D. R. A systematic review of musculoskeletal disorders among dental professionals. Int. J. Dent. Hyg., v. 7, n. 3, p. 159-165, 2009b. KHAN, S. A.; CHEW, K. Y. Effect of working characteristics and taught ergonomics on the prevalence of musculoskeletal disorders amongst dental students. BMC Musculoskelet. Disord., v. 14, p. 118, 2013. PEROS, K. et al. Physical fitness course in the dental curriculum and prevention of low back pain. J Dent Educ, v. 75, n. 6, p. 761-767, Jun. 2011. PRESOTO, C. D. et al. Risk factors for musculoskeletal disorders at the workplaces of undergraduate dental students. Pesq. Bras. Odontoped. Clin. Integr., v. 12, n. 4, p. 549- 554, 2012. REGIS FILHO, G. I.; MICHELS, G.; SELL, I. Lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em cirurgiões-dentistas Rev. Bras. Epidemiol., v. 9, n. 3, p. 346- 359, 2006. 62 Renata Reis dos Santos RIBEIRO, N. F. et al. Prevalência de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em profissionais de enfermagem. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 15, n. 2, p. 429-438, 2012. RISING, D. W. et al. Reports of body pain in a dental student population. J. Am. Dent. Assoc., v. 136, n. 1, p. 81-86, Jan, 2005. ROSECRANCE, J. C. et al. Test-retest reliability of a self-administered musculoskeletal symptoms and job factors questionnaire used in ergonomics research. Appl. Occup. Environ. Hyg., v. 17, n. 9, p. 613-621, Sep. 2002. THORNTON, L. J. et al. Perceived musculoskeletal symptoms among dental students in the clinic work environment. Ergonomics, v. 51, n. 4, p. 573-586, Apr. 2008. YOON, J. et al. Reliability and validity of the korean version of the pain disability questionnaire. Ann Rehabil Med, v. 37, n. 6, p. 814-823, Dec. 2013. 63 Renata Reis dos Santos Anexo B – Aprovação no Comite de Etica em Pesquisa 64 Renata Reis dos Santos 65 Renata Reis dos Santos Anexo C– Instrumento para coleta de dado pessoais 66 Renata Reis dos Santos Anexo D– Questionário Nórdico para sintomas osteomusculares 67 Renata Reis dos Santos Anexo E– Intrumento sobre os fatores de trabalho que podem contribuir para sintomas osteomusculares