2 Márcio Giampá Ticianeli Análise Rugosimétrica de Duas Cerâmicas Odontológicas Submetidas a Diferentes Tratamentos de Superfície Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do título de Mestre em Reabilitação Oral – área de Prótese. Orientadora: Profª. Drª. Regina Helena Barbosa Tavares da Silva Araraquara 2003 3 Ticianeli, Márcio Giampá Análise rugosimétrica de duas cerâmicas odontológicas submetidas a diferentes tratamentos de superfície. / Márcio Giampá Ticianeli. – Araraquara : [s.n.], 2003. 145 f. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia. Orientadora: Profa. Dra. Regina Helena Barbosa Tavares da Silva 1. Porcelana dentária 2. Polimento dentário 3. Rugosidade superficial I. Título. Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marley Cristina Chiusoli Montagnoli CRB 8/5646 Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Araraquara / UNESP 4 Dados Curriculares Márcio Giampá Ticianeli NASCIMENTO: 07/07/1976 - Bauru – SP FILIAÇÃO: Nilson Ticianeli Maria Emília Giampá Ticianeli 1995 – 1998: Curso de Graduação Faculdade de Odontologia de Bauru Universidade de São Paulo – USP 2001 – 2003: Curso de Pós-Graduação em Reabilitação-Oral (Área de Prótese) – nível de Mestrado Faculdade de Odontologia de Araraquara Universidade Estadual Paulista - UNESP 5 DDeeddiiccaattóórriiaa A Deus, Sonhamos juntos. Batalhamos juntos. E venceremos juntos. Aos meus pais, Nilson e Maria Emília Presença constante. Incentivo sempre. Amor verdadeiro. Aos meus irmãos Marcelo e Daniel Amizade eterna. Carinho diário. Respeito mútuo. Ao meu avô Arlindo Giampá Sabedoria plena. Estímulo constante. Exemplo vivo. À minha tia Clarisse Otimismo contagiante. Confiança plena. Sábia justiça. 6 À minha orientadora, Profª Drª Regina Helena Barbosa Tavares da Silva Pela liberdade e confiança em mim depositadas, Pelo incentivo, convívio e ensinamentos transmitidos, Pela orientação, sugestões e colaborações neste trabalho, MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS 7 Agradecimentos Especiais Ao Prof.Dr. José Cláudio Martins Segalla Por ter me acolhido de maneira tão especial. Pela humildade e pelos conhecimentos transmitidos. Por ter sempre confiado no meu trabalho E por além de Mestre, ter se tornado um grande amigo. Ao Prof. Dr. Paulo Martins Ferreira Com você muito aprendi e pouco ensinei, Muito recebi e pouco dei. Exemplo de humildade e dedicação. Obrigado pelas inúmeras oportunidades, E por me permitir chamá-lo de meu Amigo. Aos amigos André, Eduardo e Jorge Vocês, literalmente, fizeram parte do meu dia-a-dia. Obrigado pelo convívio saudável e pela amizade, Pelo apoio nas horas difíceis, E por termos compartilhado inúmeros momentos de alegria. 8 Ao amigo Fabiano Perez Obrigado por ter dividido comigo o seu conhecimento, A sua alegria, o seu otimismo e os seus pacientes. Por ter me acolhido inúmeras vezes, E por me permitir conviver com a sua família. Tudo seria mais difícil sem a sua ajuda. Valeu! 9 Agradecimentos À Faculdade de Odontologia de Araraquara, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” na pessoa do seu diretor Prof. Dr. Ricardo Samih Georges Abi Rached. Escola que me acolheu, que permitiu meu crescimento e que me proporcionou novas e verdadeiras amizades. À Profª Ana Lúcia Machado, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação Oral, área de Prótese. Pela seriedade e dedicação com que tratou dos interesses do Programa. A todos os Professores do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese. Pelos ensinamentos transmitidos e pelo convívio sempre agradável. Por terem colaborado com minha formação. 10 Ao Prof. Dr. Gelson Luis Adabo Pela seriedade e pela postura frente às adversidades. Por mostrar-se sempre disposto a ouvir opiniões. Por seu conhecimento, simplicidade e humildade. Aos amigos da turma de mestrado: Fabiana, Janaína, José Fernando, Karin, Márcio Mendonça, Max, Nara, Raphael, Renata, Sabrina, Sicknan, Suzana, Roberta, Rosângela, Vanessa e Weber. Pelo convívio e pela troca de experiências durante o curso. Por terem colaborado muito com o meu aprendizado. Ao amigo Pablo Enrique Ortiz Castro Pelos momentos alegres que passamos juntos. Por ter me mostrado o quanto é forte uma verdadeira amizade. Por saber que sempre posso contar com você. Você mora no meu coração, Pablito. 11 Às minhas primas Ângela, Lu e Carol Por toda a atenção e ajuda que me foi dada. Por estarem sempre dispostas a ajudar. Pelo convívio carinhoso e saudável. E por, simplesmente, serem quem são. À amiga Tatiana Hochgreb Por ter sempre acreditado no meu ideal. Pelas palavras de consolo e pelo incentivo nas dificuldades. Por ter compartilhado comigo momentos de alegria. Por ter melhorado muitos dos meus conceitos. Você é especial. Obrigado por tudo! Aos amigos de Pós-Graduação, em especial ao Alessandro, Zé Carlos, Aderval, Marinho, Renan, João Gustavo, Patrícia Jardim, Cláudia, Ana Maria Sarabia e Ana Maria Góis Pelos incontáveis bons momentos juntos. Por acreditarmos no mesmo ideal. Por ter aprendido algo com todos vocês. 12 Aos amigos de sempre, em especial ao Renatão, Molina, Belezinha, Fábio, André, Marina, Ju Hernandes, Mariana Freitas, Eduardo, Mariana Gula, Ziza e Carol. Vocês fazem parte da minha formação. Amigos verdadeiros, “pau pra toda obra!” Mesmo distantes vocês se fizeram presentes. À família Perez (Betinho, Djanira, Daniela, Lúcia, D. Joana, Mirian e Thauana). Pela amizade que fizemos. Pelos inúmeros momentos (leia-se refeições) alegres juntos. Pela cordialidade e disponibilidade com que sempre me receberam. Agradeço vocês de coração. A todos os Funcionários do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese. Por estarem sempre por perto quando precisamos. Pela atenção com que sempre me trataram. 13 Aos Funcionários da Pós-Graduação, especialmente Mara, Rosângela e Vera Pela disponibilidade e atenção na resolução dos problemas. Aos Funcionários da Biblioteca, especialmente Maria José, Maria Helena, e Adriano. Pela atenção e presteza quando de vocês precisamos. Ao Prof. Dr. Rafael Francisco Lia Mondelli, do Departamento de Endodontia, Dentística e Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo Pelos conhecimentos transmitidos. Por ter me orientado na Iniciação Científica. 14 Ao Prof. Dr. José Roberto P. Lauris Pela atenção e disponibilidade de sempre. Pela realização da análise estatística deste trabalho. Ao amigo Paulo Henrique dos Santos (Paulinho) Pela presteza e atenção. Pela importante ajuda na obtenção dos resultados desse estudo. AGRADEÇO A TODOS VOCÊS, DE CORAÇÃO! 15 “UUmmaa mmeennttee qquuee ssee aabbrree aa uummaa nnoovvaa iiddééiiaa JJaammaaiiss rreettoorrnnaarráá aaoo sseeuu ttaammaannhhoo oorriiggiinnaall..”” AAllbbeerrtt EEiinnsstteeiinn 16 SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO................................................................. 16 2- REVISÃO DA LITERATURA.......................................... 22 3- PROPOSIÇÃO................................................................. 72 4- MATERIAL E MÉTODO.................................................. 74 5- RESULTADO................................................................... 98 6- DISCUSSÃO.................................................................... 107 7- CONCLUSÃO.................................................................. 123 8- REFERÊNCIAS................................................................ 126 ANEXOS................................................................................ 137 RESUMO............................................................................... 143 ABSTRACT........................................................................... 145 17 Introdução 18 1- Introdução Nos últimos anos, tem-se observado uma crescente exigência estética por parte dos pacientes que procuram os consultórios odontológicos em busca de soluções restauradoras. Em algumas situações, observa-se que a procura por serviços odontológicos está exclusivamente calcada em aspectos cosméticos, sendo, em muitos casos, substituídas restaurações que ainda apresentam comportamento clínico satisfatório. Atualmente, temos disponíveis inúmeros materiais restauradores que atendem os requisitos estéticos, sem agredir os princípios biológicos e mecânicos requeridos pelas restaurações. Dentre esses materiais estéticos, existem as cerâmicas odontológicas, tradicionalmente conhecidas por porcelanas odontológicas ou simplesmente porcelanas35. O uso dos materiais cerâmicos na odontologia data de 1728, quando Fauchard sugeriu a sua utilização para restauração de dentes1. Porém, foi somente em 1838, com o desenvolvimento da técnica da lâmina de platina por John Murphy, que a primeira incrustação de porcelana foi realizada8. A partir dos anos 60, as restaurações de porcelana ganharam uma maior aceitação mundial em função do desenvolvimento de novas combinações de ligas metálicas, o que viabilizou a difusão das 19 próteses metalo-cerâmicas. Mais recentemente, com a incorporação de alguns compostos químicos na composição das cerâmicas odontológicas e com o desenvolvimento de novas técnicas de processamento, as restaurações de cerâmicas livres de metal tornaram-se uma realidade, apresentando excelentes propriedades ópticas e mecânicas. Porém, ainda existem algumas restrições quanto às suas indicações clínicas, como as reabilitações extensas e as áreas de grandes esforços mastigatórios3,8. Atualmente, as restaurações de cerâmica têm se tornado uma excelente alternativa para a substituição da estrutura dental coronal insatisfatória ou perdida. As excelentes propriedades deste material como resistência à compressão, estabilidade de cor, baixa condutibilidade térmica e elétrica26, radiopacidade, biocompatibilidade com os tecidos periodontais3,26 e o elevado potencial de simular a aparência dos dentes naturais, reproduzindo sua textura, profundidade de cor e translucidez5, têm transformado as cerâmicas odontológicas em um dos possíveis materiais a ser escolhido pelos cirurgiões-dentistas quando função e estética necessitam ser restauradas. Contudo, algumas cerâmicas odontológicas, como as feldspáticas (convencionais) ou as reforçadas com leucita, apresentam-se como um material extremamente duro, o que lhes confere uma maior resistência ao desgaste quando comparadas ao esmalte dental humano10,15,28. Isso significa que os dentes naturais e/ou outros materiais 20 restauradores presentes nos dentes antagonistas a uma restauração de porcelana podem sofrer um elevado grau de desgaste por atrição, e a quantidade de desgaste está diretamente relacionada com a rugosidade superficial da restauração de porcelana30. Hoje, observa-se o uso cada vez mais freqüente das restaurações do tipo “inlays” e “onlays” de cerâmica em dentes posteriores, as quais só devem ser ajustadas em suas relações oclusais após serem cimentadas à estrutura dental remanescente, comprometendo o acabamento superficial oferecido pelo glaze. Outra ocorrência clínica que pode ser observada com certa freqüência é o fato de os pacientes reabilitados proteticamente receberem acompanhamentos periódicos que, muitas vezes, implica na necessidade de ajustes ou correções nas superfícies da peça protética de porcelana já glazeada, e por vezes fixada com o agente cimentante definitivo. Recentemente introduzidas no mercado, as porcelanas com ponto de fusão inferior ao das porcelanas convencionais têm apresentado resistência satisfatória, propiciando menor taxa de desgaste dos dentes antagonistas por atrição, comparativamente às feldspáticas convencionais29, o que tem contribuído para um aumento considerável na sua indicação clínica15. A cerâmica glazeada apresenta um brilho e uma lisura superficial que podem ser parcialmente perdidos na fase de ajustes clínicos 21 que são executados pré e/ou pós-cimentação, resultando em uma superfície rugosa e sem brilho. Umas das alternativas para se restaurar a lisura superficial perdida de coroas e prótese parciais fixas com cobertura cerâmica é a realização de um novo glazeamento, o que acarreta, geralmente, no acréscimo de uma sessão clínica, visto que não é prática comum a presença de um forno para cocção de cerâmica nos consultórios odontológicos. Uma alternativa que tem sido bastante utilizada clinicamente é a execução de um procedimento direto de acabamento e polimento da superfície da restauração. A obtenção de uma superfície extremamente lisa e polida na restauração protética de cerâmica visa, além da preservação das estruturas dos dentes antagonistas, uma melhor aparência estética, uma diminuição no acúmulo de placa e uma interação o mais saudável possível com os tecidos periodontais adjacentes7,49. Procedimentos inadequados de acabamento e polimento, entretanto, podem comprometer estruturalmente a restauração cerâmica, diminuindo seu desempenho clínico e até sua vida útil11,20. Assim, faz-se importante o estabelecimento de métodos ou protocolos de conduta para serem aplicados após a realização dos ajustes nas peças protéticas confeccionadas em material cerâmico que já se apresentam glazeadas, no sentido de garantir uma superfície polida que, além de diminuir os riscos de agressão aos dentes antagonistas e aos 22 tecidos gengivais, perpetue os resultados estéticos alcançados e seu desempenho clínico. Diante disto, achamos valido estudar a efetividade de diferentes métodos de acabamento e polimento aplicados sobre cerâmicas odontológicas, de modo a sugerir uma conduta clínica que resulte em uma superfície cerâmica com alta lisura superficial, resultado estético satisfatório e um ganho na longevidade da restauração. 23 Revisão da literatura 24 2- Revisão da Literatura Os estudos encontrados na literatura a respeito de acabamento e polimento de porcelana apresentam-se com uma grande variação metodológica, resultando numa ausência de consenso quando os seus resultados são comparados. Desta forma, foram selecionados, para esse estudo, trabalhos de pesquisas relacionados ao assunto abordado, ou os que, por algum motivo de maior interesse, devido a sua linha de raciocínio, metodologia empregada ou conclusões formuladas, puderam contribuir mais efetivamente para o desenvolvimento deste trabalho. Morrow et al.31, em 1973, ressaltaram a importância de se ter uma superfície lisa e polida na restauração executada com materiais cerâmicos, conseguindo, desta maneira, diminuir a fricção, prevenir a propagação de fraturas e minimizar o efeito abrasivo sobre as superfícies oclusais opostas a estas restaurações. Nesse estudo, os autores estudaram o comportamento de 50 corpos-de-prova de porcelana frente a 5 diferentes técnicas de polimento. Todos os espécimes foram polidos pelo mesmo dentista e posteriormente avaliados através de uma lente de aumento por quatro outros diferentes dentistas, que desconheciam a técnica de polimento utilizada na amostra avaliada. As análises foram efetuadas em três diferentes períodos do mesmo dia, e os dados obtidos foram catalogados para posterior 25 análise. Os espécimes glazeados foram considerados como padrão (controle) para a análise comparativa, enquanto os corpos-de-prova avaliados receberam valores de 1 a 3, sendo o primeiro correspondente a uma superfície polida igual ou superior à glazeada e o segundo correspondente a uma superfície marcadamente inferior à superfície glazeada. O valor 2 foi atribuído às superfícies polidas levemente inferiores à superfície glazeada. Os resultados apresentados mostraram que três dos cincos métodos estudados foram significantemente melhores que os outros dois. Os melhores resultados foram observados nos tratamentos 1 (alisamento da superfície com roda abrasiva fina e roda para polimento média e polimento com roda para polimento de granulação fina) e tratamento 2 (escovar e lavar a superfície, polir em torno com escova de pano e pasta de pedra pomes e acabamento com disco de feltro limpo e óxido de estanho), ambos sem diferenças estatisticamente significantes entre si. Os autores do estudo ressaltam, também, que fatores adicionais como a redução da espessura do dente, o tempo de polimento e o custo do procedimento devem ser considerados na seleção do melhor método a ser aplicado na clínica odontológica. Com o objetivo de verificar se o polimento realizado sobre a superfície de porcelana, previamente a aplicação do glaze, afeta a textura 26 superficial final pós glaze, Barghi et al.4, em 1976, confeccionaram 60 corpos-de-prova de porcelana, sendo 30 deles queimados sob vácuo (Bioform vaccum porcelain, Ceramco, USA) e 30 queimados na presença de ar (Bioform air-fired porcelain, Ceramco, USA). Os 30 espécimes de cada tipo foram divididos em 4 grupos, conforme o tratamento recebido: grupo I - 3 corpos-de-prova sem nenhum tratamento (controle); grupo II - 9 corpos-de- prova que receberam polimento com “rodas Busch” (Busch; silent Stones, Germany); grupo III - 9 corpos-de-prova tratados como o grupo II, acrescido de um desgaste com discos de lixa (Moore’s discs); grupo IV - 9 corpos-de- prova tratados como o grupo III, acrescidos de um desgaste com roda de borracha (Shofu porcelain Kit, Japan). Os 9 corpos-de-prova dos grupos II, III e IV foram subdivididos após receberem os tratamentos de polimento em 3 subgrupos com 3 representantes em cada um. Assim, 3 tipos de glazeamento puderam ser estudados: controle, glaze natural e glaze de baixa fusão. Analisando os espécimes em microscopia eletrônica de varredura os autores constataram que a utilização das rodas “Busch” deixa riscos profundos na porcelana. Os discos de lixa e as rodas de borracha reduzem a rugosidade superficial da porcelana, sem se aproximar da lisura alcançada com o procedimento de glazeamento. Os autores concluíram que o tratamento da superfície da porcelana previamente à aplicação do glaze não afeta a sua lisura superficial obtida após a aplicação do mesmo. O glaze de baixa fusão apresentou uma superfície mais lisa que o glaze natural. 27 Preocupados com os efeitos deletérios resultantes dos desgastes seletivos sofridos pela superfície oclusal dos dentes das próteses parciais removíveis e próteses totais durante as fases de ajustes e, sabendo- se que em alguns casos os dentes de eleição são aqueles confeccionados em porcelana, Schlissel et al.40, em 1980, avaliaram onze métodos de acabamento e polimento utilizados após a execução de desgastes dos dentes em próteses removíveis. Para isso, utilizaram uma análise qualitativa por meio de microscopia eletrônica de varredura. Os onze métodos de acabamento e polimento estudados foram aplicados e avaliados comparativamente entre si e com o grupo controle, que foi representado pela superfície de um dente de porcelana intacto (sem desgaste). Através de análise visual prévia, executada por mais de um examinador, apenas três dos onze métodos estudados apresentaram polimentos satisfatórios. Dois desses métodos (pedras abrasivas, seguidas de roda de borracha dura, aplicada com peça de mão sob baixa rotação, e de pastas de pedra pomes, aplicadas em torno odontológico com disco de feltro, e o kit de polimento para porcelana Shofu) apresentaram resultados equivalentes ao do grupo controle. O melhor resultado encontrado neste estudo foi apresentado com a utilização do kit de acabamento e polimento para porcelanas Shofu. 28 Sulik & Plekavich44, no ano de 1981, afirmaram que existem numerosas situações clínicas em que o ajuste da peça protética cerâmica é conveniente, seja para proporcionar um contorno mais favorável ou para eliminação de interferências oclusais. Porém, a aplicação de uma nova camada de glaze nessa peça nem sempre se faz possível. Desse modo, os autores descrevem uma seqüência de polimento para porcelana que pode substituir a realização do re-glazeamento, e comparam os resultados das porcelanas glazeadas e polidas por meio de um microscópio eletrônico de varredura. A seqüência de polimento proposta consiste em desgaste inicial com uma pedra montada para desgaste de cor verde, alisando-se em seguida a superfície da porcelana com roda de borracha de cor azul (Dedeco, Dental Development and Mfg., Brooklin, N. Y.), seguida de acabamento com pedra pomes de granulação fina utilizada com disco de feltro úmido, e finalizando com um acabamento realizado com óxido de estanho utilizando disco de feltro seco. Nesse estudo, os autores concluíram que as superfícies da porcelana polida pela técnica descrita e as porcelanas glazeadas apresentaram-se similares, tanto clinicamente quanto pela análise por microscopia eletrônica de varredura. Ressaltam ainda que o grau de sucesso de qualquer técnica de polimento para peças protéticas de porcelana está na dependência de uma boa condensação da mesma durante a sua confecção, visto que a presença de porosidades na sua massa não é completamente eliminada pelo polimento ou pela camada de glaze aplicada. 29 Leitão & Hegdahl27, em 1981, elaboraram importante estudo sobre rugosidade, caracterizando-a como uma importante propriedade do fenômeno de superfície, que tem efeitos notáveis sobre o aumento da área de superfície, sobre a fricção dos materiais e sobre o acúmulo mecânico de materiais externos à superfície, como a placa dental, por exemplo. Ressaltaram que há, atualmente, modernos meios de leitura da rugosidade superficial de um corpo, como a absorção de gases, capacidade de polarização e reflexão de luz. Uma superfície é considerada rugosa quando é caracterizada pela presença de protrusões e recuos de alta amplitude e pequenos comprimentos de ondas. Os resultados obtidos nas leituras de rugosidade são influenciados pelas características do material estudado (maciez, presença de bolhas, etc) e pelo equipamento utilizado (filtros, sistema de medição, pontas analisadoras) principalmente pelo traçado de análise da superfície. Assim, é fundamental em estudos de rugosidade de superfície, a adoção de critérios de análise adequados ao material e ao aparelho utilizado para estudo. Ainda em 1981, Smith & Wilson43 destacaram que, em muitas situações clínicas, o ajuste estético e/ou oclusal de uma restauração 30 cerâmica se faz necessário, sendo recomendado, então, um novo glazeamento ou um polimento da região alterada. Assim, os autores estudaram a efetividade do sistema de acabamento de resina composta Sof- Lex sobre corpos-de-prova de porcelana, por meio de um rugosímetro e M.E.V. Os resultados apontaram uma ineficiência do sistema Sof-Lex na remoção de grandes massas de cerâmica, sendo, entretanto, efetivo na realização de acabamento das mesmas, produzindo uma superfície relativamente lisa e uniforme. Dessa forma, os autores suportam a hipótese de que o uso de discos abrasivos Sof-Lex sobre superfícies cerâmicas que se apresentam rugosas em virtude de algum tipo de desgaste abrasivo diminui consideravelmente sua rugosidade superficial, sendo uma alternativa para o polimento das peças cerâmicas após os ajustes funcionais e estéticos. O ajuste intra-oral de restaurações de porcelana já cimentadas pode apresentar efeitos secundários desfavoráveis, como um aumento no acúmulo de placa bacteriana e desgaste dos dentes antagonistas por abrasão, sendo ambos decorrentes de uma maior rugosidade superficial resultante do ajuste executado. Em 1982, Newitter et al.32 compararam a efetividade de vários métodos de ajuste (desgaste), de acabamento e polimento e da associação desses métodos, sobre corpos-de- prova de porcelana (Vita, Unitek Corp.). No total, onze tipos de acabamento 31 e polimento foram estudados. As análises foram efetuadas por meio de fotografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura após os corpos- de-prova receberem o tratamento designado para cada grupo estudado. Os resultados mostraram que a utilização de métodos de polimentos que utilizam discos com pedra pomes ou pasta para polimento como último passo, propiciou superfície mais lisa que os outros métodos estudados. Entretanto, a seleção de um método de acabamento pode ser guiada pelo tamanho e localização da área a ser polida. Com o propósito de auxiliar o clínico na tomada de decisão após a realização de um desgaste da restauração cerâmica previamente a sua cimentação definitiva, Klausner et al.26, no ano de 1982, compararam quantitativa e qualitativamente o efeito de vários sistemas abrasivos sobre a superfície de porcelana glazeada e polida. Corpos-de-prova de porcelana Vita VMK 68 foram confeccionados e, posteriormente, receberam um desgaste com fresas diamantadas para laboratório (Ceramco Inc, NY). Cinco seqüências de polimento foram efetuadas, incluindo o glazeamento que serviu de grupo controle para este estudo. Os espécimes foram analisados por um rugosímetro e por MEV. Os dados encontrados revelaram que nenhuma diferença estatisticamente significante foi encontrada entre os cinco tipos de polimento estudados. O Kit de polimento Shofu mostrou 32 resultados que o classificam como de fácil manuseio e alta eficiência, sendo considerado pelos autores como o Kit de eleição para o clínico geral executar polimento das restaurações cerâmicas no seu consultório. Bessing & Wiktorsson5, em 1983, realizaram um estudo com dois propósitos: 1- comparar a superfície da porcelana que recebeu polimento com aquela que recebeu o glaze; 2- comparar duas diferentes técnicas de polimento. Para isso, confeccionaram corpos-de-prova de porcelana (Biodent, De Trey), que foram analisados por um rugosímetro e por microscopia eletrônica de varredura. Após as mensurações iniciais, os mesmos corpos-de-prova foram submetidos a dois diferentes métodos de polimento, sob condições controladas. Um grupo recebeu tratamento com o Kit de polimento da Shofu, utilizado em três sessões de 120 segundos cada. Outro foi tratado com uma pasta de pedra pomes (com granulação média de 40 µm) seguida por uma pasta de pó de giz (com granulação média de 1 µm), aplicadas com discos de pano acoplados a uma peça de mão. Os resultados obtidos na leitura da rugosidade média (Ra) pelo rugosímetro mostraram-se diferentes dos obtidos pela visualização das fotomicrografias. Assim, na primeira análise (Ra) as superfícies polidas apresentaram-se mais lisas que as glazeadas, sendo observadas pequenas diferenças entre os dois métodos de polimento estudados. Já na análise com MEV, o grupo polido 33 apresentou-se mais rugoso que o glazeado, não apresentando novamente diferença entre os dois métodos de polimento avaliados. A diferença nos métodos de análise foi atribuída ao “cut-off” de escolha para o estudo rugosimétrico. Segundo os autores, quanto maior for o “cut-off”, maior será a influência das ondulações na leitura dos valores de rugosidade (Ra). A conclusão foi que ambos os métodos de polimento apresentaram-se eficientes quando utilizados sobre superfícies de porcelana, sendo preferencialmente utilizado o Kit de polimento Shofu para uso intra-oral e a seqüência de pastas abrasivas para uso laboratorial. Destacando a possibilidade de se realizar um ajuste oclusal ou estético nas peças protéticas no consultório odontológico e sabendo que as vantagens de uma restauração de porcelana são maximizadas quando se apresenta lisa e polida, Zalkind et al.49, em 1986, investigaram o grau de rugosidade das porcelanas após sofrerem desgaste abrasivo e compararam o resultado com aquele obtido após o glazeamento da peça. Foram confeccionados 35 corpos-de-prova de porcelana (Vita Zahnfabrick, Germany), em que todos receberam o glazeamento por meio de uma queima final na presença de ar. Os espécimes foram, então, divididos em 7 grupos, cada um recebendo um tipo de procedimento de desgaste, exceto o grupo controle, que permaneceu com o glaze original. Os desgastes da superfície 34 avaliada foram realizados com: 1- ponta montada diamantada nova, 2- ponta montada diamantada usada, 3- ponta carbide para peça de mão, 4- ponta montada Shofu Dura – White, 5- disco de lixa e 6- jateamento com pó de óxido de alumínio após desgaste com ponta montada diamantada nova. Após receberam os tratamentos mencionados, todos os espécimes receberam um banho em ultra-som por 5 minutos para limpeza. As análises dos resultados foram realizadas por exame visual (fotografias obtidas em microscopia eletrônica de varredura com um aumento de 100x). A maior rugosidade aparente foi visualizada nos espécimes que sofreram desgaste com pedra diamantada nova. A utilização de um disco de lixa causou a menor rugosidade. Em seguida, os corpos-de-prova que receberam tratamento foram novamente glazeados e fotografados no microscópio com o mesmo aumento previamente utilizado, apresentando a mesma seqüência de resultados em relação a rugosidade superficial dos corpos-de-prova anteriormente ao glazeamento. Os autores destacaram a considerável redução na rugosidade promovida pelo jateamento com pó de óxido de alumínio após o desgaste com ponta diamantada nova. Assim, a indicação do jateamento com pó de óxido de alumínio após a ação de um agente abrasivo na peça cerâmica e previamente ao novo glazeamento, pode resultar em uma superfície tão polida quanto a peça glazeada inicialmente, ou seja, previamente ao desgaste. 35 Preocupados com o tratamento dos excessos de material resultantes da técnica de cimentação adesiva dos laminados cerâmicos, principalmente em relação ao seu relacionamento com o tecido gengival, Haywood et al.16, em 1988, estudaram a capacidade de polimento das restaurações cerâmicas após a utilização de vários sistemas apropriados. Ênfase foi dada aos instrumentos disponíveis para efetuar um polimento nas áreas gengival e interproximal. As análises foram efetuadas por meio de MEV (análise qualitativa), e com um aparelho analisador da reflexão especular da luz que utiliza raios laser He-Ne (análise quantitativa). Esse método parte do pressuposto de que uma superfície perfeitamente lisa deve refletir a luz em um ângulo e em intensidade iguais ao da sua incidência, sendo que qualquer alteração significaria alguma forma de rugosidade. Os resultados deste estudo apontaram que a utilização de um instrumento diamantado de granulação fina seguido da aplicação do Micro Finishing System (Abrasive Technology), da broca carbide de 30 lâminas e da aplicação da pasta diamantada Truluster (Brasseler) com taça de borracha apresentou a melhor seqüência de acabamento e polimento para áreas gengivais e interproximais, resultando numa superfície semelhante ou superior à observada no grupo controle (glaze). O uso de apenas uma ponta diamantada de granulação fina, seguida da aplicação da pasta diamantada Truluster forneceu superfícies consideradas inadequadas, caracterizadas pela presença de sulcos, lascas e depressões. Outras seqüências de 36 materiais de acabamento propiciaram uma superfície com lisura adequada, porém não semelhante ao grupo controle. Campbell7, em 1989, avaliou in vitro a rugosidade da superfície de dois materiais utilizados na confecção de coping para coroas de cerâmica pura (Dicor - Corning Glass Works, Corning, N.Y. e Cerestone - Coors Biomedical, Lakewood, Colo.) e uma cerâmica de cobertura para restaurações metalo-cerâmica (Vita - Vident, Baldwin Park, Calif.), comparando-os macroscopicamente, por meio de análise visual, e microscopicamente, através de MEV, após receberem dois tipos distintos de tratamento na superfície estudada: polimento e glazeamento. Foram confeccionados 20 corpos-de-prova de Dicor e de Cerestore, 4 corpos-de- prova de uma liga de ouro tipo III (controle), que foi polida com rodas de borracha (Dedeco Dental Development, Long Eddy, NY), e 4 corpos-de- prova de uma liga metálica para restaurações metalo-cerâmicas, que receberam uma cerâmica de cobertura (Vita) seguida do glaze. Os espécimes de Dicor e Cerestore foram divididos em 5 grupos com 4 unidades cada um. No grupo 1, nenhuma técnica de acabamento e polimento foi aplicada. No grupo 2, os espécimes receberam um acabamento com um Kit de ajuste de porcelana (Shofu Dental Corp., Menlo Park, Calif.). O terceiro grupo recebeu o mesmo tratamento descrito para o grupo anterior, acrescido 37 de um polimento com pasta diamantada com granulação de 0,2 µm (Vident). O grupo 4 recebeu um desgaste com ponta diamantada de granulação média removendo-se aproximadamente 0,2 mm de estrutura de porcelana do corpo de prova, a fim de simular um ajuste clínico, recebendo, em seguida, o mesmo tratamento do grupo 2. Já o quinto grupo recebeu a aplicação da cerâmica de cobertura distinta para cada sistema, seguida do glaze. Os corpos-de-prova foram, então, analisados e os resultados comparados entre si. O autor observou que o grupo que recebeu a aplicação de uma camada de glaze e o grupo controle (liga de ouro tipo III) apresentaram uma superfície completamente lisa, passível de observação tanto macro quanto macroscopicamente. Os copings de Cerestore apresentaram a maior rugosidade de superfície dentre todos os polimentos estudados. Já os corpos-de-prova de Dicor apresentaram uma superfície um pouco menos rugosa, provavelmente devido à sua dureza inferior a Cerestore, o que facilitou seu polimento. Porém, os copings destes dois materiais foram insatisfatoriamente polidos, o que implica na necessidade da total cobertura dos mesmos com o material cerâmico adequado. Se houver a exposição do coping durante os procedimentos de ajuste, nova camada cerâmica deve ser aplicada, evitando-se, assim, os problemas decorrentes de uma superfície cerâmica rugosa. 38 Baseados em estudos prévios que sugeriram uma maior lisura de superfície em porcelanas odontológicas polidas intra-oralmente quando comparados à mesma porcelana glazeada, Haywood et al.17, em 1989, publicaram um trabalho no qual avaliaram, por meio de microscopia eletrônica de varredura, a textura superficial produzida por diferentes combinações de instrumentos e materiais, utilizados tanto em alta como em baixa velocidade de rotação, a seco ou na presença de irrigação, e compararam os resultados obtidos com os previamente descritos na literatura. Foram confeccionados discos de porcelana Ceramco II (Ceramco, Inc., Johnson & Johnson Co), que sofreram um desgaste inicial com ponta diamantada fina, em baixa velocidade, a fim de se padronizar a sua rugosidade. Em seguida, receberam procedimentos de acabamento e polimento pela utilização de 47 diferentes combinações de instrumentos e técnicas. Os resultados apontaram que a utilização de pontas diamantadas mostrou-se mais eficiente quando aplicadas em baixa velocidade e sob refrigeração (spray ar-água), enquanto as brocas carbides multi-laminadas apresentaram melhores resultados quando utilizadas em alta velocidade e sem refrigeração. Os autores concluíram que nenhuma das combinações estudadas promoveu lisura de superfície equivalente à encontrada com o polimento padrão, ou seja, seqüência de 3 pontas diamantadas, seguida da aplicação de uma broca carbide com 30 lâminas e pasta para polimento diamantada (Truluster Polyshing System, Brasseler USA). Os instrumentos 39 utilizados, a velocidade de rotação e a presença ou ausência de refrigeração foram estatisticamente significantes na alteração da lisura superficial dos corpos-de-prova de porcelana Ceramco II. Sabendo-se que o brilho das restaurações metalo-cerâmicas é tradicionalmente dado pelo seu glazeamento, e tendo conhecimento de que este procedimento vem sendo substituído na prática clínica diária pelo polimento, principalmente após procedimentos de ajustes na peça protética de porcelana, Rosenstiel et al.39, em 1989, compararam as propriedades de resistência à fratura e à susceptibilidade ao manchamento (absorção de corantes) de corpos-de-provas metalo-cerâmicos polidos e glazeados. Foram confeccionadas 22 amostras utilizando-se a liga metálica Ollympia (J. F. Jelenko) e a porcelana VITA VMK 68 (Vident), aplicada sobre a liga. Onze amostras foram glazeadas conforme as recomendações do fabricante, sendo as restantes polidas com pedra pomes. Dez corpos-de-prova (5 polidos e cinco glazeados) foram aleatoriamente selecionados e submetidos ao teste de resistência à fratura. Os 12 corpos-de-prova restantes foram utilizados para o estudo de absorção de corantes, sendo que 10 deles (cinco de cada grupo) foram imersos em uma solução de café, em temperatura ambiente, e os dois remanescentes foram imersos em água, sendo considerados como controle. As mensurações das cores, realizadas por meio de um colorímetro 40 foram realizadas previamente à imersão dos corpos de prova e repetidas semanalmente durante um período de 8 semanas. Os resultados desse estudo apontaram uma diferença estatisticamente significante, em relação à resistência à fratura, entre os dois tipos de tratamentos realizados. Com relação à susceptibilidade ao manchamento, os resultados encontrados não apresentaram diferença estatisticamente significante entre os dois tipos de tratamentos avaliados. Os valores de alteração de cor mostraram-se muito constantes durante as 8 semanas de avaliação, ou seja, próximos do grupo controle. Willey et al.47, em 1989, destacaram que, originalmente, a obtenção de uma superfície lisa sobre peças cerâmicas só era possível por meio do seu glazeamento. Porém, estudos examinando os novos sistemas de acabamento e polimento de porcelana, demonstraram que é possível se alcançar uma superfície similar a das porcelanas glazeadas, em relação à sua lisura superficial, somente com a aplicação de uma seqüência de polimento correta. Esse estudo teve como objetivo medir a alteração na dimensão vertical na superfície oclusal de coroas metalo-cerâmicas proporcionada pelos procedimentos de polimento e glazeamento da peça. Vinte corpos-de-prova foram confeccionados de modo padronizado e divididos em dois grupos. O primeiro grupo - 10 corpos-de-prova - foi 41 submetido a uma seqüência de acabamento e polimento, em quatro passos, utilizando-se o Kit para ajustes de porcelana Shofu (Shofu Dental Corp., Menlo Park, Calif.), enquanto que o segundo grupo recebeu uma nova queima em forno na presença de ar (glaze). Foi realizada, então, uma análise comparativa entre os valores iniciais e aqueles obtidos após os respectivos tratamentos dos corpos-de-prova, em relação à dimensão vertical. Os resultados revelaram que houve diminuição da altura vertical em todos os corpos-de-prova estudados, com uma média de 25 ± 5 µm para o grupo I e 5 ± 3 µm para o grupo II, indicando uma diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. Assim, o alisamento das restaurações cerâmicas com uma técnica de polimento reduz sua altura vertical significantemente mais que a realização de um novo glazeamento. Brewer et al.6, em 1990, conduziram um estudo para investigar, em uma análise macroscópica, se há diferença entre as porcelanas que tiveram sua superfície glazeada e as porcelanas que receberam polimento. Dessa forma, foram confeccionadas 12 coroas metalo- cerâmicas utilizando-se o sistema cerâmico Vita VMK 68 (Vident, Baldwin Park, Calif.), sendo todas inicialmente glazeadas conforme as especificações do fabricante. Em seguida, a superfície vestibular dessas coroas foi abrasionada com jato de pó de óxido de alumínio e posteriormente polidas 42 com uma pasta diamantada (Diamond Dust, Advanced Dental Products Corporation, Los Olivos, Calif.) aplicada com escova de Robinson e rodas de feltro para dar brilho. Os grupos de avaliadores foram compostos da seguinte forma: grupo 1 – professores de prótese dental; grupo 2 – cirurgiões- dentistas clínicos-gerais; e grupo 3 – estudantes de odontologia que completaram recentemente o curso de prótese parcial fixa pré-clínica. Os critérios avaliados pelos examinadores foram forma de contorno, porosidades, lisura, grau de reflexão de luz, textura, opacidade, homogeneidade e aparência estética geral, sendo classificados em uma escala de valores em que a pontuação máxima foi de 5 pontos para cada critério. Após análise dos dados obtidos, os autores puderam observar que as coroas que receberam polimento apresentaram resultado médio significantemente maior que as glazeadas para os critérios forma de contorno, reflexão de luz e aparência estética geral. Para os critérios porosidade e opacidade, esses valores se inverteram. Uma análise de variância mostrou diferenças estatisticamente significantes entre os três grupos de avaliadores presentes nesse estudo para alguns dos critérios analisados. Portanto, a conclusão do estudo foi que por meio do método de análise visual, é mais aconselhável polir as peças cerâmicas após os procedimentos de ajuste, que submetê-la a uma nova queima (re-glaze), o que poderia provocar alterações estruturais no material. 43 De acordo com Raimondo et al.37, em 1990, a superfície de uma restauração de porcelana requer a aplicação de glaze com o propósito de minimizar o desgaste do dente antagonista e o acúmulo de placa bacteriana. Como esta camada de glaze é removida nos rotineiros procedimentos de ajuste da restauração, um novo glazeamento ou um polimento superficial das áreas abrasionadas se faz necessário. Nesse trabalho, os autores compararam a qualidade de acabamento superficial obtidos em corpos-de-prova de porcelana (Vita VMK 68), com a utilização de quatro sistemas de pastas para polimento [Diamond Dust Porcelain Polish (Advanced Dental Products Corp., Los Olivos, Calif.), Glaze ’N Shine (Dental Ventures of América, Anaheim, Calif.), Truluster Polishing Sistem for Porcelain (Brasseler, USA, Savannah, Ga), Dia-Gloss Procelain Finishing Kit (Vic Pollard Dental Products, Inc., Westlake Village, Calif.)] com aquele resultante da aplicação de um novo glaze em forno e com o obtido pelo uso de um sistema de polimento sem pasta [Shofu Porcelain Adjustment Polish (Shofu Dental Corp.)]. Utilizou-se, para isso, uma análise subjetiva (análise visual com lupa manual) e análise de fotografias obtidas pela visualização em microscopia eletrônica de varredura com ampliações de 100 e 300 vezes. As fotografias da MEV revelaram que o glaze em forno permitiu o melhor acabamento, seguidos em ordem decrescente pelos sistemas Truluster, Dia- gloss, Diamond dust, shofu e Glaze ‘n shine. A avaliação visual com lupa indicou que o sistema Truluster promoveu o melhor acabamento, e o sistema 44 Diamond dust e o glaze em forno produziram superfícies semelhantes, porém levemente inferiores. Patterson et al.33, em 1991, estudaram a efetividade de um kit para polimento de porcelana (Chameleon Diamond Paste, Chamaleon Dental Products, Inc., Kansas City, Kan.) por meio de uma análise quantitativa e qualitativa. Quatorze corpos-de-prova em forma de disco com 10 mm X 5 mm foram confeccionados com a porcelana Vita VMK (Vita Zahnfabrik GmbH & Co. KG, Germany) e glazeados conforme recomendação do fabricante. Os espécimes foram divididos em quatro grupos: 1- nenhum tratamento (controle); 2- polimento sobre o glaze original, utilizando-se um kit apropriado para acabamento, seguindo-se as instruções do fabricante; 3- redução da superfície da porcelana com a utilização de uma ponta diamantada de granulação fina (Komet, Brasseler GmbH & Co, Germany) em alta rotação; e 4- tratamento três acrescido de um polimento com o Kit comercial estudado, seguindo-se as instruções do fabricante. As análises foram executadas por meio de um rugosímetro e por microscopia eletrônica de varredura. Os resultados mostraram uma diferença estatisticamente significante entre os tratamentos 3 e 4 e entre esses dois tratamentos e os tratamentos 1 e 2, ambos sem diferença estatística entre si. O grupo que recebeu o tratamento 4 apresentou-se significantemente menos rugoso que 45 o grupo submetido ao tratamento 3, sendo, porém, consideravelmente mais rugoso que o grupo controle. Assim, concluiu-se que o Kit comercial estudado apresenta uma melhora na lisura superficial das porcelanas quando aplicado após a utilização de uma ponta diamantada de granulação fina em alta rotação, porém, não é capaz de restaurar a lisura superficial inicialmente conseguida com o glazeamento da peça protética. Goldstein et al.13, em 1991, na tentativa de esclarecer a eficácia dos sistemas de acabamento e polimento para porcelanas disponíveis no mercado americano, estudaram 5 diferentes procedimentos de acabamento e/ou polimento, executados sobre duas marcas comerciais de porcelana odontológica feldspáticas: Biobond (Dentsply International, New York, Pa) e Ceramco (J and J Dental Product, East Windsor, N. J.). Após a confecção de 45 corpos-de-prova para cada sistema cerâmico, estes foram abrasionados com uma pedra verde de granulação 120 (Dedeco International Inc., Long Eddy, N.Y.) com a finalidade de simular um ajuste clínico. Em seguida, os corpos-de-prova foram polidos com cinco diferentes tipos de materiais, sendo observadas as recomendações dos fabricantes para esses procedimentos. Os cinco materiais para acabamento e polimento utilizados foram: Dedeco Super Polish rubber wheels (Dedeco International Inc. Long Windsor, N. J.), Shofu Porcelain adjustment Kit (Shofu Dental Corp. Menlo 46 Park, Calif), Dent-Mat Diamond/Porcelain polishing paste (Den-Mat Corp. Santa Maria, Calif), Brasseler Truluster polishing system (Brasseler USA, Inc. Savannah, Ga) e Dentsply Porcelain finishing Kit (Dentsply International). Ao término dos procedimentos de acabamento e polimento, os corpos-de-prova foram colocados em um aparelho de ultra-som com uma solução própria para limpeza durante dez minutos, sendo posteriormente realizada a avaliação da eficácia dos sistemas utilizados, de modo quantitativo, por meio de um rugosímetro com um “cut-off” de 0.25 mm e extensão de tracejamento de 1.5 mm, e qualitativo, por meio de exame visual realizado por protesistas e técnicos em prótese dental, e através de microscopia eletrônica de varredura. Com relação à análise rugosimétrica, para a porcelana Biobond a maior lisura de superfície foi encontrada com o sistema Dedeco e a menor lisura correspondeu ao grupo tratado com o sistema Den-Mat. Para o sistema cerâmico Ceramco, a maior lisura foi detectada com o sistema Bresseler, sendo o sistema Den-Mat novamente o de pior resultado. Na análise visual, realizada em estudo do tipo cego, os critérios avaliados foram brilho e lisura de superfície. Para os corpos-de-prova confeccionados com a porcelana Biobond, os sistemas Shofu Porcelain adjustment Kit e Dentsply Porcelain Finishing Kit apresentaram melhores resultados, seguidos do sistema Brasseler. Nos corpos-de-prova confeccionados com o sistema cerâmico Ceramco, o sistema Bresseler foi o de melhor desempenho, seguido do sistema Dedeco. O sistema Den-Mat foi considerado clinicamente 47 insatisfatório pelos avaliadores. Quando o método de estudo foi a microscopia eletrônica de varredura, para a porcelana Biobond o sistema Bresseler foi considerado igual ou melhor que o glaze, sendo seguido pelos sistemas Dedeco, Dentsply, Shofu e Den-Mat. Para a porcelana Ceramco o sistema Bresseler permaneceu como o de melhor resultado, seguido do Dentsply, e Dedeco, sendo estes três sistemas similares ou melhores que o glazeamento. Os autores concluíram que os sistemas de acabamento e polimento Brasseler, Dedeco, Dentsply e Shofu são clinicamente aceitáveis para o acabamento de porcelanas que receberam algum tipo de ajuste com instrumentos abrasivos. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos confeccionados com a porcelana Biobond e Ceramco quando avaliados por meio de microscopia eletrônica de varredura. Ainda no ano de 1991, Grieve et al.14 estudaram a eficácia de três diferentes sistemas de polimento de porcelana com relação à lisura superficial. Foram confeccionados 60 corpos-de-prova compostos de uma base metálica coberta por uma camada de 1.5 mm de espessura de cerâmica. Todos os 60 espécimes foram glazeados. Destes, 45 tiveram sua camada superficial alterada por meio de desgaste com ponta diamantada cilíndrica de granulação ultrafina, montada em peça de mão e em baixa velocidade. Os 15 corpos-de-prova que permaneceram glazeados 48 compunham o grupo controle. Os sistemas de polimento avaliados neste estudo foram: pasta diamantada; pedra pomes + branco de espanha; e o kit de polimento Shofu. Todos os sistemas foram aplicados sobre os corpos-de- prova por um período de 4 minutos. Feito isto, os corpos-de-prova foram lavados em banho de ultra-som por 10 minutos e submetidos à leitura de sua rugosidade superficial (Ra). Os resultados encontrados foram de 0.62 µm, 0.60 µm, 0.71 µm e 0.91 µm para os grupos controle (glaze), pasta diamantada, pedra-pomes + branco de espanha e kit Shofu, respectivamente. Aplicados os testes estatísticos ANOVA e Tukey, não foi detectada diferença significante entre o grupo tratado com pasta diamantada e o grupo controle. O kit Shofu apresentou diferença estatisticamente significante em relação aos outros três grupos estudados. Dessa forma, os autores concluem que a execução de um polimento clínico em peças protéticas cerâmicas que sofreram algum tipo de desgaste é um procedimento viável devendo, porém, ser executado apenas quando pequenas áreas glazeadas foram removidas e utilizando-se, preferencialmente, pastas diamantadas de granulação fina. Patterson et al.34, em 1992, destacaram que várias técnicas de acabamento intra-oral para porcelana têm sido apresentadas, e um dos fatores que pode afetar a lisura superficial das peças cerâmicas é a 49 granulação dos instrumentos abrasivos utilizados para o ajuste. Este estudo comparou a lisura superficial obtida após a utilização de um kit para polimento de cerâmicas (Chameleon Diamond paste, Chameleon Dental Products), aplicado sobre corpos-de-prova confeccionados em cerâmicas (Vitadur N, Vita, Germany) após receberem desgastes com pontas diamantadas (Komet, Germany) de diferentes granulações (30 µm e 15 µm). O grupo controle recebeu apenas tratamento com glaze. As análises da superfície foram obtidas através de medições efetuadas com um rugosímetro e por meio de microscopia eletrônica de varredura. Os resultados mostraram que os espécimes glazeados apresentaram-se com a superfície mais lisa, porém sem diferença estatística quando comparado com o grupo que recebeu o glaze seguido de um polimento com pasta diamantada. Após avaliar a efetividade de 8 sistemas de acabamento e polimento, escolhido por serem de uso fácil e rápido, em corpos-de-prova de cerâmicas Cerec Mark I (Vita, Germany), e destacar os dois melhores, Hulterström & Bergman18, em 1993, utilizou-os sobre corpos-de-prova cerâmicos confeccionados com 8 diferentes marcas comerciais de cerâmicas a fim de estudar seus desempenhos. Todos os espécimes tiveram inicialmente sua rugosidade superficial mensurada com um aparelho rugosímetro. Posteriormente, realizou-se um desgaste controlado com 50 brocas de pequena granulação (40 µm e 15 µm), simulando um ajuste oclusal. Em seguida, os corpos-de-prova receberam um banho de ultra-som por 30 minutos e foram tratados com um dos sistemas de acabamento e polimento selecionados para este estudo. Feito isto, foram tomadas novas mensurações e, por meio de análise comparativa, os sistemas Sof-Lex (3M) e o Kit para polimento Shofu foram considerados os mais eficientes. Com o mesmo protocolo inicial em relação aos corpos-de-prova, mensuração inicial e desgaste abrasivo, os corpos-de-prova de diferentes marcas comerciais de porcelana foram avaliados após receberem esses dois tipos de tratamento. Os resultados catalogados foram avaliados estatisticamente pelo teste t Student. As porcelanas que se apresentaram com melhores características de superfície (lisura) após receberem o polimento foram: Cerec Mark I, Empress e Dicor MGC. Portanto, os autores concluíram que, após um ajuste intra-oral da cerâmica, tanto o sistema Sof-Lex quanto o Kit Shofu apresentaram-se efetivos para o polimento. A aplicação de uma pasta diamantada sobre a superfície polida da porcelana mostrou-se ineficiente quando aplicada após o sistema Sof-Lex, e aumentou consideravelmente o brilho da cerâmica quando aplicada após a utilização do Kit de acabamento da Shofu. 51 Jagger & Harrison21, em 1994, realizaram um estudo in vitro com o propósito de avaliar a quantidade de desgaste proporcionado pela porcelana sobre a estrutura do esmalte dental humano, quando esta recebia diferentes tratamentos de superfície. Para isso, foi utilizada uma máquina de desgaste especificamente desenvolvida para simular o ciclo mastigatório humano. Os corpos-de-prova de porcelana (Vita, Vitadur N, Vita Zahnfabrik, Bad Sackingen, Germany) foram confeccionados de acordo com as especificações do fabricante quanto ao ciclo de queima da cerâmica, sendo que um grupo foi glazeado, ou seja, recebeu uma queima extra de dois minutos a 9700 C, outro foi polido com discos de lixas de granulação decrescente (Soflex, 3M, UK Ltd., Loughborough, Leicestershire), seguido de pontas de borracha (Shofu, Dentomax Ltd., Bradford, England), e um terceiro não recebeu nenhum tratamento após confeccionado. Os discos de esmalte foram obtidos de dentes humanos extraídos e desgastados com lixa d’água de granulação 600, até se conseguir uma superfície plana e adaptável à máquina de ensaio mecânico utilizada neste estudo. A quantidade de desgaste obtida foi medida pela diferença de massa dos corpos-de-prova, e a lisura de superfície foi analisada por meio de um rugosímetro. Os resultados da análise de variância deste estudo mostraram uma diferença estatística significante do desgaste proporcionado à superfície de esmalte pelos corpos-de-prova tratados de diferentes maneiras, sendo o grupo composto de porcelana glazeada diferente do grupo de porcelana polida e o 52 grupo de porcelana sem tratamento diferente do grupo de porcelana polida. Os grupos glazeado e sem tratamento apresentaram-se iguais estatisticamente. Isso pode ser explicado pela perda do glaze proporcionada pelo tipo de ensaio mecânico, sendo que essa perda ocorreu após 2 horas de ensaio, igualando os resultados nesse dois grupos. O grupo de porcelana polida proporcionou a menor quantidade de desgaste na estrutura do esmalte humano, o que permite a indicação de um polimento como substituto do glaze após procedimentos de ajuste da porcelana. Scurria & Powers41, em 1994, comentaram que tanto as cerâmicas convencionais como as usinadas pelo sistema CAD/CAM podem necessitar de ajustes após a cimentação, tornando a utilização de procedimentos redutores da rugosidade superficial uma necessidade para o clínico. Sendo assim, os autores avaliaram a eficácia de 5 seqüências de polimento utilizando vários materiais (pontas diamantadas com 45 µm, 25µm, e 10 µm; pasta diamantada de 4 µm e 1 µm; broca “carbide” com 30 lâminas; pontas montadas de borracha impregnadas com carbeto de silício com diferentes granulações; pontas de óxido de alumínio de 100 µm, pastas de óxido de alumínio a 1 µm e 0,3 µm) em dois tipos de sistemas cerâmicos – Ceramco II e Dicor MGC. Os resultados do trabalho foram obtidos por meio de mensurações do nível de polimento superficial pelo parâmetro da 53 rugosidade média (Ra) e através de fotomicrografias por MEV com ampliação de 100X. Analisado os dados coletados, os autores concluíram que, em função do Ra, as seqüências de polimento permitiram superfícies mais polidas que os controles (Ceramco II glazeada e Dicor MGC com corte por roda de diamante do sistema Cerec); a cerâmica Dicor MGC foi mais sensível ao polimento que a Ceramco II; e o uso de pontas diamantadas para acabamento seguido das pastas diamantadas promoveram as superfícies mais lisas em ambas as cerâmicas estudadas. No ano de 1995, Quirynen & Bollen36 estudaram a influência da rugosidade superficial e da energia livre de superfície sobre a formação da placa. Os autores destacaram que diferentes tipos de tecidos duros estão disponíveis na cavidade oral como, por exemplo, os dentes, materiais restauradores, implantes e próteses, todos apresentando diferentes características de rugosidade superficial. Como a presença de uma superfície rugosa promove a formação, retenção e maturação da placa dental, este estudo revelou que tanto a energia livre de superfície quanto a rugosidade superficial têm um maior impacto na adesão bacteriana inicial sobre os tecidos duros intra-orais, resultando em uma colonização e maturação mais rápidas da placa dental, aumentando o risco de infecções periodontais. Isso justifica, segundo os autores, uma maior atenção clínica 54 para os procedimentos de acabamento e polimento de restaurações e após desgastes abrasivos. WHITEHEAD et al, em 1995, ressaltaram a importância de se obter uma superfície extremamente lisa e polida nas restaurações cerâmicas, prevenindo a descoloração precoce, reduzindo o desgaste do esmalte de dentes antagonistas, minimizando a propagação de fraturas e aumentando o conforto dos pacientes. Atualmente existem vários métodos de se mensurar a rugosidade superficial dos materiais, como o traçado com contato, refletividade a laser, medição a laser sem contato, microscopia eletrônica de varredura e medição por ar comprimido. O objetivo deste estudo foi comparar dois métodos de medição de rugosidade (refletividade a laser e traçado com contato) sobre corpos-de-prova confeccionados em porcelana Dicor MGC. Os corpos-de-prova foram desgastados com uma ponta diamantada por 30 segundos, em alta velocidade e polidos com seis seqüências distintas de acabamento e polimento. Em seguida, foram efetuadas as medições de rugosidade e os dados foram confrontados. Os resultados apontaram pequena correlação de valores de rugosidade das cerâmicas polidas em relação aos dois métodos estudados. Os autores sugerem, então, que uma associação de métodos deve ser utilizada quando 55 se objetiva estudar quantitativamente a rugosidade superficial e as características de forma de uma superfície. Ward et al.45, também em 1995, afirmaram que o polimento das porcelanas é um procedimento importante na prática da Odontologia restauradora estética, proporcionando harmonia (saúde) entre tecido gengival e restauração, diminuindo o potencial de acúmulo de placa bacteriana na restauração, minimizando o desgaste do dente ou restauração antagonista e contribuindo para um ganho estético. Dessa maneira, cada vez mais sistemas de acabamento e polimento estão sendo lançados pelas indústrias de produtos odontológicos. Os autores resolveram, portanto, avaliar o desempenho de oito sistemas de polimento, por meio de análise rugosimétrica, utilizados sobre três tipos diferentes de porcelanas odontológicas: Ceramco II Opal (Ceramco Inc Burlington, NJ), Vintage/Opal 58 (3M Dental Products St Paul) e Duceram LFC (Ducera Dental, Gmbh, Rosbach, Germany), tendo como grupo controle do estudo as porcelanas glazeadas (self-glaze) e re-gazeada (overglaze). Cento e vinte discos de porcelana com 10 mm de diâmetro e 3 mm de espessura foram confeccionados e regularizados com lixa de desgaste com granulação 240. Posteriormente, os corpos-de-prova foram desgastados com uma ponta diamantada de granulação de 60 µm, simulando um ajuste oclusal. Quatro 56 corpos-de-prova de cada marca de porcelana foram selecionados nesse momento para servirem como grupo controle. Eles tiveram rugosidade média (Ra) mensurada por um aparelho rugosímetro, sendo que este mesmo aparelho foi utilizado na avaliação dos corpos-de-prova após receberem o acabamento e o polimento adequados. Portanto, obtiveram dez tipos de tratamento: self-glaze (queima da porcelana a 9170 C), overglaze (queima a 8990 C) e oito sistemas de acabamento e polimento. Executadas as mensurações e efetuadas as análises estatísticas, os autores concluíram que a maioria dos Kits de acabamento e polimento intra-oral produziu superfícies mais lisas que o self-glaze e o overglaze, ratificando-os como uma alternativa viável após os procedimentos de ajuste estético e funcional das peças cerâmicas. Fuzzi et al.12, em 1996, comentaram que, por muitas, vezes faz-se necessário um ajuste na peça protética cerâmica, seja ele para eliminar interferências oclusais, aprimorar a estética, refinar as margens após uma cimentação adesiva ou aumentar a lisura de superfície. Tal procedimento remove o glaze superficial da porcelana, resultando em uma superfície mais rugosa, facilitando o acúmulo de placa e sua maturação, bem como o aumento do desgaste dos dentes antagonistas. Assim, o propósito deste estudo foi comparar a efetividade de nove diferentes métodos ou combinações de métodos de polimento superficial sobre corpos-de-prova de 57 porcelana (VITA VMK 68), sendo um deles o grupo controle (autoglaze), por meio de MEV e de um rugosímetro. Os resultados demonstraram uma superfície mais rugosa apenas no grupo desgastado com pontas diamantadas (30 µm), sendo diferente estatisticamente quando comparado com os outros métodos e ao grupo controle. O grupo controle apresentou-se estatisticamente semelhante aos outros grupos em relação à rugosidade superficial tendo, entretanto, a melhor qualidade de superfície quando analisada em MEV. No estudo associado da MEV e do rugosímetro, os autores observaram que as pontas diamantadas e a broca “carbide” com 30 lâminas alisaram as superfícies dos espécimes, enquanto a utilização de feltro com a pasta DIA-FINISH (Renfert, Hilzinger) e as pontas de borracha CERAMISTÉ (Shofu) promoveram brilho nos mesmos. Após um amplo levantamento histórico e das perspectivas das cerâmicas na Odontologia, Kelly et al.25, em 1996, verificaram que o número de trabalhos publicados abordando esses materiais triplicou de 1981 até 1993, coincidindo com o surgimento no mercado de novos compostos e das novas formas de aplicação das cerâmicas. Com relação à aplicação do glaze e/ou de uma técnica adequada de acabamento e polimento nas peças cerâmicas, foi observado que há uma confirmação literária que um bom procedimento de polimento pode criar uma superfície semelhante à obtida na 58 superfície glazeada. Também constataram que diferentes cerâmicas respondem diferentemente aos sistemas comerciais de polimento, sugerindo que uma avaliação qualitativa e quantitativa deve ser estabelecida na definição do melhor sistema de polimento para uma cerâmica específica. Hacker et al.15, em 1996, compararam a quantidade de desgaste promovido no esmalte dental humano quando colocado em atrito contra uma liga de ouro (Olympia, J. F. Jelenko and Co.), uma porcelana de baixa fusão glazeada (Procera All-Ceramic) e uma porcelana feldspática glazeada (Ceramco). Um equipamento que proporcionava um movimento circular, com 8 mm de diâmetro e carga constante, foi utilizado em um meio com saliva humana fresca, realizando 10.000 ciclos. A quantidade de desgaste foi mensurada por meio de um estereomicroscópio. Os resultados deste estudo mostraram que quando o esmalte humano estava em oposição à liga de ouro, houve uma perda de altura de 9 ± 1.3 µm., quando em oposição à porcelana de baixa fusão e feldspática, os valores foram de 60 ± 28 µm e 230 ± 38 µm, respectivamente. Com relação ao desgaste proporcionado nos materiais que se opuseram ao esmalte dental humano, os valores foram de 0.32 ± 0.1 µm, 4.3 ± 2.3 µm e 3.7 ± 0.6 µm para a liga áurea, porcelana de baixa fusão e porcelana feldspática, respectivamente. Portanto, concluiu-se que em situações clínicas em que a estética é um fator 59 primordial, a indicação de uma porcelana de baixa fusão trará benefícios ao paciente, auxiliando na preservação da superfície antagonista. Percebendo que as restaurações protéticas de porcelana estão sendo cada vez mais utilizadas, Al-Wahadni & Martin1, em 1998, publicaram uma revisão da literatura na qual observaram a aparência microscópica e visual e a rugosidade superficial de amostras de porcelanas que foram polidas e/ou glazeadas, avaliadas por meio de microscopia eletrônica de varredura e por um rugosímetro. Todos os autores citados concordam que a porcelana glazeada apresenta-se com uma superfície lisa e densa. Muitos autores observaram que a porcelana polida pode produzir uma lisura de superfície similar à encontrada na superfície da porcelana glazeada, podendo ser até melhor esteticamente, sendo uma alternativa ao glazeamento. Os autores deste estudo sugerem que qualquer ajuste realizado na restauração de porcelana deve ser submetido a uma nova aplicação de glaze ou a uma seqüência de polimento, finalizados com a aplicação de pasta diamantada de granulação fina. Também recomendam o Kit Shofu para polimento das restaurações de porcelana. 60 Com o propósito de esclarecer algumas dúvidas relacionadas aos sistemas abrasivos utilizados para acabamento e polimento das restaurações cerâmicas e de resina composta, Jefferies22, em 1998, publicou um trabalho no qual classifica e sugere seqüências de aplicação para diferentes tipos de sistemas abrasivos disponíveis no mercado. Os métodos disponíveis de avaliação da efetividade desses sistemas são três, segundo o autor: rugosímetro, microscopia eletrônica de varredura e análise visual. Para a execução de polimento sobre superfície de porcelana podem ser utilizados dois sistemas: intra-oral e extra-oral, sendo que ambos, quando aplicados adequadamente, propiciam uma superfície lisa e livre de irregularidades, maximizando a estética e a longevidade da restauração. A aplicação de pastas polidoras com óxido de alumínio e pastas diamantadas de granulação fina são indicadas pelo autor para a obtenção de uma lisura de superfície semelhante ao esmalte dental humano. Ribeiro38, em 1998, destacou a importância no controle da textura superficial das restaurações cerâmicas. A presença de uma superfície rugosa tem sido relacionada a problemas de abrasão dos dentes antagonistas, retenção de placa bacteriana, manchamento, lesão aos tecidos periodontais e perda das qualidades estéticas. Em seu estudo, o autor comparou a rugosidade superficial de 5 cerâmicas odontológicas segundo 61 alguns parâmetros de rugosidade, como rugosidade máxima (Ry), rugosidade média (Ra), média da altura dos picos máximos (Rp) e contagem de picos por centímetro (Pc), quando submetidos a 10 diferentes condições experimentais de polimento, a saber: 1- glaze (controle); 2- desgaste com pontas diamantadas; 3- desgaste com pontas diamantadas mais polimento com o sistema Shofu (Shofu IN., Japão); 4- desgaste com pontas diamantadas mais polimento com o sistemas Sof-Lex (3M do Brasil Ltda., Brasil); 5- desgaste com pontas diamantadas mais polimento com discos VIKING (KG Sorensen Ind. e Com. Ltda., Brasil); 6- desgaste com pontas diamantadas mais polimento com o sistema EXA-CERAPOL (Edenta AG Dental Produkte, Haupstrasse, Suíça); os grupos 7, 8, 9 e 10 receberam os mesmos tratamentos dos grupos 3, 4, 5 e 6, respectivamente, acrescidos da aplicação de pasta diamantada KG Sorensen (KG Sorensen Ind. e Com. Ltda., Brasil) com disco de feltro. As leituras de rugosidade dos corpos-de- prova foram obtidas com rugosímetro. Os resultados encontrados apontaram a cerâmica Duceram LFC como sendo a de menor rugosidade superficial. Os métodos de polimento que utilizaram pasta diamantada promoveram os melhores resultados para todas as cerâmicas analisadas, enquanto os outros métodos promoveram resultados variáveis. O sistema de pontas de borracha EXA-CERAPOL foi considerado insatisfatório, segundo este estudo. 62 Em 1999, Derand & Vereby10 apresentaram um trabalho no qual avaliaram a resistência ao desgaste de vários tipos de sistemas cerâmicos, abrangendo porcelanas de alta e de baixa-fusão. Foram analisadas 9 marcas comerciais de porcelanas, a saber: Vita Alpha e Vita Ômega (Vita Zahnfabrik, Bad Säckingen, Germany), Procera e Ti-Ceram (Nobelpharma, Gothenborg, Sweden), Empress (Ivoclar, Schaan, Liechtenstein), Creation (Klema Dentalpodukte, Meiningen, Austria), Ceramco II e Finesse (Ceramco Addleston, Weybridge, U.K) e Ducera Gold (Degussa, Hanau, Germany) sendo a Finesse, a Ducera Gold e a Ti-Ceram classificadas como porcelana de baixa-fusão. Cilindros de 1,5 mm de diâmetro e 5,0 mm de altura foram confeccionados para cada um dos sistemas cerâmicos estudados, utilizados conforme as recomendações dos fabricantes. Duas amostras de esmalte humano foram utilizadas como grupo controle. Dois corpos-de-prova confeccionados com o mesmo sistema cerâmico foram colocados na máquina de ensaio mecânico, onde se mantiveram em contato (atrito) por 1 hora. A quantidade de desgaste proporcionado pelo teste foi avaliada pela diferença de peso das amostras. Os resultados mostraram um maior desgaste na porcelana Finesse (baixa- fusão), sendo a Creation (alta-fusão) a que apresentou menor quantidade de desgaste. Os dados foram analisados com um teste de análise de variância, onde não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os outros sistemas cerâmicos estudados quanto à quantidade de desgaste. O 63 esmalte dental apresentou maior desgaste quando comparado com os sistemas cerâmicos estudados. Esse resultado pode ser explicado pela menor quantidade de cristais presentes na porcelana Finesse o que, segundo o fabricante, proporciona uma maior perda de estrutura. O estudo sugere que a utilização de uma porcelana de baixa-fusão para situações em que o antagonista for dente natural, pode minimizar a quantidade de desgaste do esmalte e dentina deste dente decorrente da atrição entre duas estruturas que se apresentam com diferentes composição e resistência ao desgaste. Al-Wahadni & Martin2, no ano de 1999, afirmaram que geralmente se aceita que o glazeamento da porcelana promove um ótimo acabamento de superfície. Porém, existem inúmeras situações clínicas onde alguns ajustes intra-orais, após a cimentação da restauração, são necessários, tornando-se impraticável um novo glazeamento da peça protética. Dessa forma, numerosos métodos e kits de acabamento para superfície de porcelana estão sendo lançados no mercado visando facilitar a vida do cirurgião-dentista que se encontra nessa situação. Nesse estudo, os autores avaliaram o padrão de desgaste e a quantidade de desgaste de um material chamado Perspex - considerado mais fraco e menos resistente à abrasão que o esmalte - quando este se encontrava em contato com porcelanas que receberam diferentes tratamentos: sem glaze, com glaze, e 64 polida por diferentes técnicas. Oitenta discos confeccionados com 4 diferentes marcas comerciais de porcelana tiveram suas superfícies regularizadas com uma lixa abrasiva de granulação 240. Esses discos foram divididos em 8 grupos, sendo que o grupo controle recebeu apenas um desgaste superficial para simular um ajuste oclusal intra-oral, enquanto que os outros foram glazeados ou polidos com uma das técnicas em estudo. Os corpos-de-prova foram, então, colocados em oposição à superfície de Perspex por meio de uma máquina que executou 800.000 contatos. A quantidade de desgaste produzida sobre a superfície de Perspex em oposição aos discos de porcelana foi mensurada usando-se um rugosímetro e por análise das superfícies através de imagens computadorizadas. Os resultados apontaram um menor desgaste e a presença de sulcos mais rasos na superfície do Perspex quando em oposição aos discos de porcelana glazeada. Baixos padrões de desgaste foram encontrados quando a porcelana em oposição encontrava-se polida com pasta diamantada e quando os discos foram confeccionados com o sistema cerâmico IPS Empress (Ivoclar – Vivadent). Os autores concluíram que, independentemente do tipo de porcelana utilizada, todo ajuste realizado sobre superfície de restaurações cerâmicas pode ser tanto glazeado ou polido com pasta diamantada, apresentando resultados satisfatórios e muitos parecidos entre si. 65 Também no ano de 1999, Magne et al.28 fizeram um estudo para comparar o desgaste do esmalte dental humano quando colocado em oposição a 3 tipos de cerâmicas odontológicas, sendo uma feldspática (Creation), uma aluminizada (Vitadur α) e uma de baixa fusão (Duceram LFC). Os corpos-de-prova confeccionados com este material receberam acabamentos laboratoriais (glaze e polimento) e clínico (polimento), sendo posteriormente comparados seus efeitos sobre o desgaste do esmalte humano por meio de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e perda de massa do esmalte abrasionado. Nesse, estudo os autores utilizaram uma boca articulada artificial, dentro da qual eram colocados os espécimes de esmalte e de porcelana que permaneciam sobre um ciclo mastigatório constante com força oclusal de 13.5 N, excursão lateral de 0.62 mm e tempo de contato de 0.23 segundos por ciclo, até o total de 300.000 ciclos. As alterações de profundidade e volume de desgaste foram mensuradas e comparadas entre si. Com a aplicação dos testes estatísticos de análise de variância a dois critérios, diferenças significantes foram observadas. A porcelana de baixa fusão Duceram LFC proporcionou a maior perda de volume na estrutura do esmalte dental quando comparada com as outras duas porcelanas estudadas. A maior diferença entre os materiais foi encontrada em relação à perda de volume e não em profundidade de 66 desgaste. Para os 3 sistemas cerâmicos avaliados, a MEV revelou um mesmo tipo de desgaste por abrasão e as características de desgaste do polimento clínico foram similares às encontradas no acabamento laboratorial (glaze e polimento). Portanto, como conclusão deste trabalho, os autores ressaltaram que: 1- a porcelana de baixa fusão Duceram LFC apresentou-se como a mais abrasiva em relação ao desgaste do dente antagonista; 2- a cerâmica feldspática Creation apresentou-se como a menos abrasiva e a mais resistente ao desgaste. No ano de 2000, Kawai et al.24 destacaram que o acúmulo de placa sobre uma restauração de porcelana pode ser acelerado pela presença de rugosidades em sua superfície e, conseqüentemente, ter influência negativa na saúde dos tecidos periodontais. Assim, segundo esses autores, a quantidade de placa aderida sobre uma restauração de porcelana pode ser um indicador do grau de rugosidade superficial da restauração. Este trabalho visou a mensurar quantitativamente a adesão bacteriana e a síntese de glúcans sobre discos de porcelana (Vita A3M-9, Vita Zahnfabrik, Germany) tratados com vários métodos de polimento. Os meios utilizados para coleta dos dados foram o rugosímetro e a marcação radio-isotópica das bactérias e dos glúcans formados. Depois de confeccionados todos os 60 discos de porcelana receberam o glaze. Destes, 15 espécimes foram separados e 67 classificados como grupo controle. Outros 15 espécimes receberam um desgaste com lixa de granulação 120 com o propósito de se obter uma superfície uniforme e sem ondulações. Um outro grupo (15 espécimes) foi desgastado com lixa de granulação 600 com os mesmos propósitos, e outro (15 espécimes) recebeu um polimento com disco de feltro e pasta diamantada (Dia-Finish Renfert, Germany). Os resultados da rugosimetria apontaram uma maior lisura de superfície no grupo que recebeu o polimento com a pasta diamantada aplicada com discos de feltro, seguido do grupo que recebeu apenas o glaze (grupo controle) e do grupo que foi abrasionado com lixa de granulação 600. A utilização de lixas de granulação 120 para polimento apresentou-se com a superfície mais rugosa. Em relação à adesão celular e de glúcans, o melhor resultado, ou seja, menor adesão foi observada no grupo que recebeu polimento com pasta diamantada. O pior resultado foi encontrado no grupo glazeado (controle), embora este não tenha se apresentado como o grupo de maior rugosidade pelas mensurações do rugosímetro. Para esta análise, esses dois grupos mostraram-se com diferença estatística entre si. Os autores concluem sugerindo que a utilização de uma pasta diamantada para polimento de porcelana apresenta-se como um método clinicamente aceitável no propósito de minimizar a adesão de placa bacteriana. Porém, ressaltam alguns pontos duvidosos na metodologia por eles utilizada. 68 Finger & Noack11, também no ano de 2000, avaliaram a efetividade do gel diamantado para polimento em passo único Luminescence (Abrasive Technology, USA), utilizado principalmente na Europa, e indicado para qualquer material restaurador, incluindo cerâmicas, quando aplicado sobre a cerâmica Vita Mark II (Vita Zahnfabrik, Germany) após desgaste com pontas diamantadas de diferentes granulações. Assim, confeccionaram 35 corpos-de-prova, que receberam sete tipos de ajustes distintos, simulando procedimentos de ajustes clínicos. Todos os espécimes foram polidos com o sistema Luminescente gel, aplicado com um feltro cilíndrico apropriado, acoplado a um contra-ângulo, a seco, durante 60 segundos. Em seguida, os corpos-de-prova foram submetidos à leitura de sua rugosidade superficial por meio de um rugosímetro. Feito isto, foi realizado novamente o procedimento de polimento e a leitura da rugosidade superficial. Os valores encontrados apontaram uma redução na rugosidade superficial dos espécimes após a aplicação do sistema Luminescente gel. Em nenhum dos grupos estudados houve diferença estatisticamente significante em relação à rugosidade superficial obtida após o primeiro e o segundo “ciclo” de aplicação do sistema. 69 Com o objetivo de estudar a influência dos procedimentos de acabamento superficial na resistência flexural biaxial de restaurações cerâmicas, Jager et al.20, em 2000, confeccionaram 60 discos para cada uma das cerâmicas utilizadas no estudo (Flexo Ceram Dentine, Vita VMK 68, Duceram LFC Dentine e Cerinate Body), polindo-os com 12 diferentes procedimentos após sofrerem desgastes abrasivos. Os valores de rugosidade superficial (Ra) e resistência à flexão foram analisados e confrontados. A relação entre esses dois fatores avaliados suportou a hipótese que a rugosidade superficial dos corpos-de-prova cerâmicos resultou em concentração de estresse, o que reduziu a resistência à flexão biaxial dos mesmos. A conclusão do estudo mostrou que a rugosidade superficial determina a resistência dos materiais cerâmicos, exceto quando a própria estrutura interna do material causa uma concentração de estresse maior que a obtida pela combinação de rugosidade e fendas superficiais. Neste mesmo ano, Chu et al.9 estudaram os valores de rugosidade média (Ra) e resistência flexural de restaurações cerâmicas, e se há algum tipo de relação entres esses dois fatores. Foram confeccionados noventa discos de In-Ceram (Vita) que foram cobertos com a cerâmica Vitadur Alpha (Vita). Após receberem diferentes tipos de polimento superficial, os corpos-de-prova tiveram sua rugosidade média avaliada em 70 um rugosímetro, ajustado com um “cut-off” de 0,25 mm e extensão de tracejamento de 1,50 mm, e, em seguida, foram submetidos ao teste mecânico de resistência à flexão biaxial. Os valores de rugosidade apresentaram diferença estatisticamente significante entre os três métodos de polimento avaliados: glaze, polimento e re-glaze. Os melhores valores foram observados no grupo glazeado, e o pior no polido. Em relação à resistência flexural, o melhor resultado foi encontrado no grupo que recebeu uma nova camada de glaze (re-glaze) após o desgaste (172 ± 27 MPa), seguido do grupo glazeado (151 ± 27 MPa) e polido (118 ± 22 MPa). A análise de variância apontou diferenças estatisticamente significantes entre os três grupos estudados (p< 0.0001). Os autores concluíram que o re-glaze diminuiu significantemente a rugosidade da porcelana previamente ajustada; para a cerâmica Vitadur Alpha houve uma correlação negativa entre rugosidade e resistência flexural. Jung23, em 2002, avaliou o efeito de três métodos de acabamento seguidos de seis métodos diferentes de polimento sobre a superfície de corpos-de-prova de resina composta híbrida (Tetric - Vivadent) e de cerâmica injetada (IPS-Empress – Ivoclar). Depois de polidos, os espécimes foram analisados quantitativamente, por meio de um rugosímetro com leitura a laser, em que se observou a rugosidade média (Ra) encontrada. Uma Microscopia Eletrônica de Varredura foi realizada para uma 71 análise qualitativa dos espécimes. Os resultados encontrados mostraram que os métodos de polimento e de acabamento apresentaram efeitos diferentes sobre a superfície dos corpos-de-prova de resina composta e de cerâmica, sendo que a técnica de acabamento utilizada apresenta uma grande influência na textura superficial final se o método de polimento for realizado em apenas um ou dois passos. Os corpos-de-prova cerâmicos apresentaram menores valores de rugosidade em comparação aos resinosos, o que pode ser explicado pela homogeneidade natural das cerâmicas, resultante da forte integração dos cristais de leucita na matriz de vidro, o que propicia um polimento mais fácil. Por meio deste estudo, pode-se concluir que tanto a superfície da resina composta como da cerâmica apresentaram-se efetivamente polidas com a utilização de um gel diamantado (MPS gel, Premier Dental, Germany) após receber acabamento com pontas diamantadas de granulação decrescente (30 µm e 20 µm). 72 Proposição 73 3- Proposição A proposta deste trabalho foi analisar “in vitro”, por meio de análise rugosimétrica, a efetividade de diferentes técnicas de acabamento e polimento superficial para cerâmicas odontológicas, variando-se os fatores Material (duas cerâmicas odontológicas) e Técnicas de acabamento e polimento (8 tratamentos). 74 Material e método 75 4- Material e método 4.1- Material 4.1.1- Cerâmicas odontológicas Para este estudo, foram utilizadas duas cerâmicas odontológicas indicadas para cobertura de restaurações metalo-cerâmicas e restaurações do tipo inlay/onlay. A relação das cerâmicas odontológicas, fabricantes, marcas comerciais e cor está expressa no Quadro 1. Quadro 1- Identificação dos materiais cerâmicos . Cerâmica Marca comercial Fabricante Cor Feldspática convencional Duceram Plus Ducera GmbH & CoKG, Germany A 2 Feldspática de baixa-fusão Duceram LFC Ducera GmbH & CoKG, Germany A 3 76 4.1.2- Agentes polidores A relação dos agentes polidores que foram utilizados neste trabalho, seus fabricantes e marcas comerciais, está expressa no Quadro 2, situado abaixo. Quadro 2- Identificação dos materiais polidores utilizados nesta pesquisa Agente polidor Fabricante Marca Comercial Ponta diamantada fina cilíndrica KG Sorensen Ind. e Com. Ltda., Brasil FG 3098F Ponta diamantada ultrafina cilíndrica KG Sorensen Ind. e Com. Ltda., Brasil FG 3098FF Kit para acabamento e polimento de resina composta SHOFU Inc., Japão Super-Snap Rainbow Technique Sistema de acabamento e polimento dental 3M do Brasil Ltda. Sof-Lex (¾ pol.) Pasta diamantada para polimento de porcelanas e ligas metálicas KG Sorensen Ind. e Com. Ltda., Brasil Pasta diamantada KG Sorensen Roda de feltro para metais e porcelanas KOTA Ind. e Com. Ltda., Brasil Roda de feltro meia dura Borrachas abrasivas para laboratório de prótese KG Sorensen Ind. e Com. Ltda., Brasil Borrachas Viking Glaze para cerâmica convencional Ducera GmbH & CoKG, Germany Duceram LFC Glasur Glaze para cerâmica de baixa-fusão Ducera GmbH & CoKG, Germany Duceram Plus Glasurmasse 77 4.1.3- Equipamentos e Dispositivos • Matriz metálica para confecção dos corpos-de-prova; • Forno para cocção de porcelana Vulcano (EDG Equipamentos e Controles, Ind. Brasileira); • Politriz METASERV 2000 (Buehler Uk Ltda., Conventry, England); • Aparelho de Ultra-som Ultrasonic Cleaner 1440 D, (Odontobrás Ind. e Com. Equip. med e odont. Ltda, Ind. Brasileira); • Turbina de alta-rotação Super Torque Kavo (KAVO do Brasil S. A. Ind. e Com. Ltda.); • Micro motor acoplado a peça reta Kavo (KAVO do Brasil S. A. Ind. e Com. Ltda.); • Aparelho Rugosímetro SURF-CORDER SE 1700 – Surface roughness measuring instrument (Kosakalab, Japan); • Aparelho metalizador de amostras para microscopia eletrônica de varredura MED 010, (Balzers, Liechtestein); • Porta espécime (“stub”) metálico para fixação das amostras metalizadas; • Microscópio eletrônico de varredura DSM 900, (Zeiss, Germany); • Vibrador de gesso (V H Softline, Araraquara-SP). 78 4.1.4- Instrumentos e materiais • Bandeja de porcelana para manipulação da massa cerâmica; • Base de lã de vidro para cocção em forno; • Isolante de porcelana Picosep (Renfert, GmbH, Hilzingen, Germany); • Água bidestilada; • Papel toalha (Kimberly – Melhoramentos Ind. Bras.); • Lenço de papel absorvente (Melhoramentos Ind. Bras.); • Espátula de teflon; • Pinça de 40 cm para manipulação de material na mufla do forno de cocção de porcelana; • Lixas d’água número 120, 360 e 600 Norton (Norton, Indústria Brasileira); • Mandril metálico para peça reta; • Pinça tipo Allis - Duflex (S.S. White do Brasil); • Lâmina de vidro; • Cera utilidade (Epoxiglass Ind. e Com. de Produtos Químicos Ltda.). 79 4.2 – Método 4.2.1- Planejamento experimental Para o estudo da efetividade dos diferentes métodos de acabamento e polimento utilizados sobre restaurações cerâmicas, foi realizada uma experimentação preliminar a fim de se determinar os fatores de variação com seus respectivos níveis (técnicas de acabamento e polimento e tipos de cerâmicas), o critério de avaliação (rugosidade superficial) e a técnica de confecção dos corpos-de-prova. Esses testes preliminares apresentaram resultados que permitiram analisar as várias condições e situações de trabalho, reduzir ao máximo a indução de erros experimentais, fornecer subsídios para a definição das várias etapas do estudo e acertar os detalhes técnicos, práticos e de adestramento utilizados na realização de cada uma das etapas. Os fatores de variação com os diferentes níveis estão agrupados e representados a seguir nos Quadros 3 e 4. Quadro 3 - Materiais (G) Sigla Material G I Cerâmica Duceram Plus G II Cerâmica Duceram LFC 80 Quadro 4 –Tratamentos de superfícies (T) Sigla Tratamento T 1 Glaze T 2 Pontas diamantadas T 3 T 2 + Sof-Lex T 4 T 3 + pasta diamantada T 5 T 2 + Super-Snap T 6 T 5 + pasta diamantada T 7 T 2 + Borrachas Viking T 8 T 7 + pasta diamantada A mensuração da rugosidade superficial de uma estrutura pode ser realizada por meio de estudo rugosimétrico, por microscopia eletrônica de varredura, pela análise visual, pelo estudo da reflexão da luz6,16,27,46, ou pela associação destes métodos. Neste trabalho, para a avaliação quantitativa da rugosidade superficial dos corpos-de-prova de porcelana foi utilizado um rugosímetro, que consiste em um aparelho possuidor de uma agulha analisadora de alta definição, responsável pelas leituras de rugosidade da superfície estudada. De maneira a complementar o estudo quantitativo, foi realizada, em um espécime de cada grupo, uma análise qualitativa por meio de microscopia eletrônica de varredura com um aumento de 200 vezes, o que permitiu uma 81 nítida visualização de algumas características de superfície que os filtros do rugosímetro nem sempre permitem detectar12. O rugosímetro oferece vários padrões de leitura, como rugosidade média (Ra), rugosidade máxima (Ry), rugosidade máxima média (Rz), média de altura de picos máximos (Rp) e contagem dos picos (Pc). O valor de rugosidade média (Ra) é o parâmetro mais utilizado nos trabalhos da literatura5,18,26,34,41,45,46 para avaliação quantitativa da rugosidade superficial por meio do rugosímetro, e foi o padrão de medida utilizado neste estudo, uma vez que, como descrito por Ribeiro38 (1998), há uma certa correlação entre os valores obtidos na medição dos diferentes parâmetros, ou seja, grupos experimentais com altos valores de Ra apresentaram uma correspondência de valores para os demais parâmetros, sendo o inverso também verdadeiro. 4.2.2- Planejamento estatístico A experimentação preliminar permitiu determinar o número de corpos-de-prova necessários para a realização da análise estatística deste trabalho. Assim, foi determinada a realização de cinco repetições para cada tratamento de superfície (8 tratamentos) e para cada material cerâmico 82 avaliado (2 cerâmicas), totalizando 80 corpos-de-prova. Foram realizadas 3 mensurações em cada corpo-de-prova, o que totalizou 240 leituras. Os dados foram catalogados e submetidos à análise estatística para comparações inter e intra-grupos. 4.2.3- Confecção dos corpos-de-prova Foram confeccionados corpos-de-prova em forma de discos, utilizando-se duas marcas comerciais de cerâmicas odontológicas indicadas para restaurações metalo-cerâmicas convencionais e restaurações de cerâmica pura do tipo “inlay” e “onlay”. A massa de cerâmica odontológica foi preparada sobre uma bandeja apropriada de porcelana, pela adição de água bidestilada ao pó cerâmico, até a obtenção de uma consistência adequada para manipulação da mistura (consistência cremosa). Quando havia excesso de líquido na mistura, este era removido com o auxílio de um lenço de papel absorvente. Para a padronização das dimensões dos corpos-de-prova foi utilizada uma matriz cilíndrica de metal polido com uma perfuração central no seu sentido longitudinal de 10 mm de diâmetro, na qual se encaixou um êmbolo, também de metal polido, que permitiu definir e padronizar a espessura dos corpos-de-prova (Figuras 1 e 2). 83 FIGURA 1: Matriz metálica perfurada e êmbolo. FIGURA 2: Matriz metálica com êmbolo em posição. Após a aplicação de uma fina camada de isolante apropriado para cerâmica (Picosep, Renfert), a massa cerâmica foi acomodada no 84 interior da matriz, com o auxílio de uma espátula de teflon, até o seu completo preenchimento (Figura 3). Em seguida, todo o conjunto matriz- massa cerâmica foi colocado sobre um vibrador para gesso, em baixa intensidade, a fim de que a massa cerâmica assentasse adequadamente e o excesso de água aflorasse na superfície sendo, então, removido com um lenço de papel absorvente. Utilizando-se novamente a espátula de teflon, o excesso de massa cerâmica sobre a matriz foi removido e sua superfície regularizada. Os discos de massa cerâmica foram, então, cuidadosamente removidos do interior da matriz por meio da movimentação do êmbolo metálico (Figura 4), e colocados sobre uma base de lã de vidro. FIGURA 3: Matriz metálica preenchida com massa cerâmica. 85 FIGURA 4: Expulsão da massa cerâmica do interior da matriz pela ação do êmbolo. A cada conjunto de 10 discos de massa cerâmica modelada fez-se um processo de cocção em forno. Os ciclos de cocção em forno seguiram rigorosamente as recomendações do fabricante da cerâmica utilizada. Como o forno utilizado (Vulcano, EDG, Ind. Brás.) possuía dispositivo eletrônico de controle de tempo e temperatura, os ciclos de cocção foram programados da seguinte forma: Duceram Plus – • Secagem por 3 minutos; 86 • Pré-aquecimento por 3 minutos (elevação da mufla) e 3 minutos com a mufla fechada, sem vácuo, com o forno ocioso a 575°C; • Aquecimento de 575°C a 910°C, com vácuo de 29 pol Hg, na velocidade de 55°C/ min. Manutenção em alta temperatura por 1 minutos, e esfriamento sem vácuo. Duceram LFC • Secagem por 4 minutos; • Pré-aquecimento por 3 minutos (elevação da mufla), sem vácuo, com o forno ocioso a 450°C; • Aquecimento de 450°C a 660°C, com vácuo de 29 pol Hg, na velocidade de 55°C/ min. Manutenção em alta temperatura, sem vácuo, por 1 minutos, e esfriamento. Dessa forma, foram confeccionados 80 corpos-de-prova com 8 mm de diâmetro e 4 mm de espessura (Figura 5), sendo divididos em dois grupos, conforme mostra o Quadro 5. 87 FIGURA 5: Corpo-de-prova cerâmico. Quadro 5 – Grupos e número de corpos-de-prova estudados Grupos Cerâmicas N° de corpos-de-prova G I Duceram Plus 40 G II Duceram LFC 40 Todos os discos cerâmicos foram aplainados na sua extremidade superior (face que permaneceu voltada para cima durante o processo de cocção em forno), por meio de lixas d’água de número 120, 360 e 600, nesta ordem, utilizando-se a máquina Politriz METASERV 2000, com velocidade de 400 n/ min. Cada corpo-de-prova foi desgastado por 30 88 segundos a fim de se promover um desgaste padronizado, sendo este protocolo repetido para as diferentes granulações de lixas d’água (n° 120, 360 e 600, nesta ordem). Cada lixa d’água utilizada era substituída por uma nova após 120 segundos de uso, sendo que a mesma lixa não foi tocada por corpos-de-prova de grupos diferentes. Depois de aplainados, os discos de cerâmica foram colocados em um aparelho de ultra-som (Ultrasonic Cleaner, Odontobrás), imersos em água destilada e submetidos à vibração por 10 minutos para limpeza. Após secagem ao ar livre, foi realizado o glazeamento em todos os corpos-de-prova, obedecendo-se às recomendações dos fabricantes com relação à temperatura do forno e ao tempo de queima, sendo: Duceram Plus • Secagem por 2 minutos; • Pré-aquecimento por 3 minutos, sem vácuo, com forno a 575°C; • Aquecimento de 575°C a 890°C, sem vácuo, com velocidade de elevação de temperatura de 55°C/ min. Manutenção em alta temperatura por 1,5 min. e resfriamento. 89 Duceram LFC • Secagem por 2 minutos; • Pré-aquecimento por 3 minutos, sem vácuo, com forno a 450°C; • Aquecimento de 450°C a 640°C, sem vácuo, com velocidade de elevação de temperatura de 55°C/ min. Manutenção em alta temperatura por 1 min. e resfriamento. 4.2.4- Tratamento das superfícies Os 40 corpos-de-prova glazeados de cada grupo foram divididos em subgrupos com 5 espécimes cada, e receberam os seguintes tipos de tratamento de superfície: • T 1 - nenhum tratamento (controle); • T 2 - desgaste com pontas diamantadas cilíndricas FG 3098F e 3098FF; por 20 segundos cada uma; • T 3 - tratamento T 2 mais a aplicação do sistema de acabamento e polimento dental Sof-Lex; • T 4 – tratamento T 3, acrescidos do polimento final com pasta diamantada com granulação entre 4µm e 8 µm (KG Sorensen) aplicado com disco de feltro (Kota Ind. Com. Ltda.) por 40 segundos; 90 • T 5 – tratamento T 2 mais a aplicação do sistema de acabamento e polimento de resina composta Super-Snap Rainbow Techinique • T 6 – tratamento T5, acrescido do polimento final com pasta diamantada com granulação entre 4µm e 8 µm (KG Sorensen) aplicado com disco de feltro (Kota Ind. Com. Ltda.) por 40 segundos; • T 7 – tratamento T 2 mais aplicação das pontas de borrachas abrasivas Viking (KG Sorensen); • T 8 – tratamento T 7, acrescido do polimento final com pasta diamantada com granulação entre 4µm e 8 µm (KG Sorensen) aplicado com disco de feltro (Kota Ind. Com. Ltda.) por 40 segundos; Os desgastes com pontas diamantadas cilíndricas com granulação fina e ultrafina (T 2), nessa seqüência, foram realizados simulando uma situação clínica de ajuste oclusal. Dessa forma, cada ponta diamantada foi aplicada em alta rotação com o seu longo eixo paralelo à superfície glazeada do corpo-de-prova, que estava fixado por meio de uma pinça Allis (Figura 6), com pressão moderada, durante 20 segundos e sob refrigeração abundante (spray ar-água), removendo-se toda a camada de glaze previamente aplicada. Cada ponta diamantada utilizada foi substituída por outra nova após 1 minutos e 40 segundos de uso, ou seja, após desgaste de 5 corpos-de-prova de um mesmo subgrupo. 91 FIGURA 6: Posição de desgaste do tratamento T 2. O sistema de acabamento e polimento dental Sof-Lex (T 3), composto com abrasivos de óxido de alumínio, foi aplicado seguindo-se a seqüência recomendada para acabamento e polimento (disco médio, disco fino e disco ultrafino), com tempo de aplicação de 40 segundos por disco, em movimentos uniformes e circulares, sendo os corpos-de-prova lavados com um spray ar-água e secados com um jato de ar, entre cada disco utilizado. O sistema de acabamento e polimento de resina composta Super-Snap Rainbow Technique (T 5), composto de abrasivos de óxido de alumínio, foi aplicado seguindo-se a seqüência recomendada (médio, fino e superfino), e com tempo de aplicação de 40 segundos por disco em movimentos uniformes e circulares, sendo os corpos-de-prova lavados com um spray ar-água e secados com um jato de ar, entre cada disco utilizado. 92 As borrachas abrasi