UNESP – Universidade Estadual Paulista Campus de Araraquara Programa de Pós-Graduação em Química Extração e identificação de material lignocelulósico presente durante o processo de compostagem. GISELI APARECIDA BERNABÉ Dissertação de Mestrado. 2008 Giseli Aparecida Bernabé Extração e identificação de material lignocelulósico presente durante o processo de compostagem. ORIENTADOR: Prof. Dr. Clóvis Augusto Ribeiro. Araraquara 2008 Dissertação apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Química. DADOS CURRICULARES Giseli Aparecida Bernabé 1. DADOS PESSOAIS 1.1 Nascimento: 06 de Abril de 1981 1.2 Nacionalidade: Brasileira 1.3 Naturalidade: Américo Brasiliense - SP 1.4 Estado civil: solteira 1.5 Filiação: Pai: Odair Aparecido Bernabé Mãe: Maria Helena de Oliveira Bernabé 1.6 Profissão: Licenciada em Química 1.7 Endereço Residencial: Av. Joaquim Afonso da Costa, 696 1.8 Endereço Profissional: Rua Prof. Degni, s/n. Instituto de Química Unesp – Araraquara, SP - Departamento de Química Analítica. 1.9 e-mail: giselibernabe@hotmail.com 2. FORMAÇÃO ACADÊMICA 2.1 Licenciatura Plena em Química Curso de Licenciatura Plena em Química, concluído em 10/12/2005, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar-SP). 2.2 Mestrado em Química Curso de Pós-Graduação em Química, concluído em 23/01/2008, no Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Araraquara-SP) TRABALHOS E PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS “Estudo cinético da cristalização do composto de diclofenaco de cobalto (III)”. Autores: KOBELNIK, M.; RIBEIRO, C. A.; LIMA, E.N.; BERNABÉ, G. A.; SANTOS, D.; CRESPI, M.S.. Evento: XV Encontro de Química da Região Sul (SBQ-Sul) (Painel). Data e Local: 17 de novembro de 2007 – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa- PR. “Estudo cinético não isotérmico do 2-metoxibenzalpiruvato de cobalto (II), níquel (II), cobre (II) e zinco (II)”. Autores: BERNABÉ, G. A.; KOBELNIK, M.; RIBEIRO, C.A.; CRESPI, M.S. Evento: 16 ° Encontro da SBQ – Regional (SBQ-regional) (Painel). Data e Local: 14 de Novembro de 2007- Universidade de Franca, Franca – SP. “Compostagem: análise de materiais lignocelulósicos através da Calorimetria Exploratória Diferencial”. Autores: BERNABÉ, G.A.; KOBELNIK, M.; RIBEIRO, C.A.; CRESPI, M.S. Evento: 16 ° Encontro da SBQ – Regional (SBQ-regional) (Painel). Data e Local: 14 de Novembro de 2007- Universidade de Franca, Franca – SP. “Extração de lignina de amostras do processo de compostagem” Autores: BERNABÉ, G. A.; KOBELNIK, M.; RIBEIRO, C.A.; CRESPI, M.S. Evento: III Encontro Regional de Usuários de Técnicas Termoanalíticas (Painel). Data e Local: 05 de Novembro de 2007- USP São Carlos, São Carlos –SP. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus queridos e amados Dedico este trabalho aos meus queridos e amados Dedico este trabalho aos meus queridos e amados Dedico este trabalho aos meus queridos e amados pais: Maria Helena e Odair.pais: Maria Helena e Odair.pais: Maria Helena e Odair.pais: Maria Helena e Odair. Muito obrigada pela motivação e incentivo a Muito obrigada pela motivação e incentivo a Muito obrigada pela motivação e incentivo a Muito obrigada pela motivação e incentivo a estudar e por aestudar e por aestudar e por aestudar e por acreditarem em meus sonhos!creditarem em meus sonhos!creditarem em meus sonhos!creditarem em meus sonhos! AGRADECIMENTOS A DEUS por sua infinita bondade em me colocar na família em que vivo; pelo ânimo nas horas de desânimo, pela fé nos momentos mais difíceis e por minha vida. À Santa Rita de Cássia por uma das maiores graças da minha vida! Aos meus pais pela paciência, esforço e apoio nos momentos de desabafos e pelo paitrocinío dos meus estudos. Ao meu orientador pelos ensinamentos, atenção, paciência e amizade. Ao CNPq pela bolsa cedida. À Professora Dra. Marisa S. Crespi pelos ensinamentos, por me ajudar muitas e muitas vezes e pela amizade. Aos Professores Doutores Mary Rosa R. de Marchi e Luís Vitor Sacramento pelos auxílios para que a composteira fosse montada. Aos meus avós Matilde e Waldemar (in memorian) e Leonilda e João por me mostrarem a beleza que há em uma vida simples. À minha irmã, Jéssica por me agüentar nos momentos de nervosismo! Ao meu namorado, Sergio, a quem pude contar por todo este tempo, e também pelo seu carinho, paciência, incentivo e amor, sempre. Ao Professor Dr. Nerilso Bocchi por acreditar em mim. À minha inesquecível amiga Kallyni, por sua importante amizade, crédito e pelas horas e noites perdidas estudando para provas de Cálculo, Física, Química Orgânica, Fundamentos de Matemática... Ao Féfis por sempre torcer por mim e pegar no meu pé quando necessário. À Silvia pela “ajudinha” no Inglês. À Dollynha por ter feito parte e alegrado minha vida e também, por ter estudado várias vezes comigo! Aos colegas de laboratório: Evaneide (obrigada pelos gráficos!), Sônia (obrigada pelo auxílio nas tabelas), Diógenes, Marcelo, Paula, Josiane, Silene, Fanta, Zé, Sthefane, João, Gildo, Guilherme, Nenê, Adriana, Cláudia, Kell, Flávio, Gledison, Gisele e Dona Marilei, por momentos de descontração, amizade e valiosas ajudas. A toda a minha família, muito obrigada! RESUMO Neste trabalho foram estudados a extração e identificação de material lignocelulósico presente durante o processo de compostagem de Resíduos Sólidos Domiciliares (R.S.D). Amostras foram recolhidas em diferentes estágios de compostagem: cru (ou 0 dias), 15; 30; 60; 90 e 120 dias e realizadas suas respectivas extrações de lignina e celulose. Anteriormente à extração de lignina do composto, foi necessária a realização de duas extrações: aquosa e lipídica, a fim de que o máximo de substâncias solúveis e ácidos graxos fossem removidos previamente à extração de lignina, sendo que nesta, utilizou-se uma mistura de HCl/dioxano (9:1) para tal fim. Enquanto que para a extração de celulose do composto foi utilizada solução de NaOH ( hidróxido de sódio a 4%). Curvas de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) foram obtidas paras as diversas amostras de composto; para celulose e lignina extraídas do mesmo, em diferentes períodos de compostagem. A caracterização de lignina do composto foi feita, também por diferentes técnicas: Termogravimetria (TG), Infravermelho (IV) e Ultravioleta (UV). Os resultados obtidos pelas curvas DSC do composto, lignina e celulose mostraram que os dois últimos estavam presentes do início ao final da compostagem. No entanto, seus perfis não eram mais de lignina e celulose, mas sim, de material tipo-lignina e tipo-celulose, já que estes sofreram decomposição, combinação ou transformação em suas estruturas durante todo o processo; o que pode ser evidenciado, principalmente para material tipo-lignina, com as análises de Infravermelho e Ultravioleta. Palavras-chave: lignina, celulose, compostagem, DSC. ABSTRACT The extraction and identification of lignincellulosic material during the composting process of domiciliar solid residues (RSD) were studied in this work. Samples were collected in different composting steps: raw (or 0 days), 15, 30, 60, 90, and 120 days, lignins and cellulose extractions were performed. Previously to the compost´s lignin extraction, it was necessary aqueous and lipidic extractions so that the maximum of soluble substances and fatty acids were removed before lignin extraction. In this process was used HCl: dioxane (9:1) mixture, while to the compost´s cellulose extraction was used (4% NaOH solution). DSC curves were obtained to several compost samples; to cellulose and lignin extracted from the same compost in different composting periods. The lignin extracted from the compost was also analysed through several techniques: Thermogravimetry (TG), Infra Red (IR) and Ultraviolet (UV) spectrophotometry. The obtained results through DSC curves of compost, lignin and cellulose showed that the last two ones were presented from the beginning to the end of composting process. However their structures weren´t of lignin and cellulose anymore, but a material like-lignin and like- cellulose, because they undergone decomposition, combination and transformation in their structures during all process, which could be evidencied, mainly to like-lignin material, with the IR and UV analyses. Keywords: lignin, cellulose, composting, DSC. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fotografia de um lixão de Tegucigalpa, 2002 29 Figura 2: Fotografia de aterro controlado de Araraquara-SP 30 Figura 3: Esquema de um aterro sanitário 31 Figura 4: Fotografia do aterro sanitário de Bauru-SP. 31 Figura 5: Fotografia de uma usina de incineração. 32 Figura 6: Fotografia de uma usina de compostagem. 33 Figura 7: O processo de compostagem. 35 Figura 8: Estrutura proposta para lignina de madeira moída do 39 Eucalyptus grandis. Figura 9: Unidades básicas C9 em ligninas: H: p-hidroxifenilpropano, G: guaiacilpropano e S: siringilpropano. 39 Figura 10: Estrutura da celulose 45 Figura 11: Arranjo de Fibrilas, Microfibrilas e Celulose na 47 Parede Celular de Plantas. Figura 12: Representação esquemática da parede celular secundária 49 lignificada Figura 13: Local onde foi colocado o material a ser compostado 54 e uma de suas divisões Figura 14: Diagrama representando a composteira em estudo, 55 exemplos de alguns pontos de coleta e camadas atingidas. P1: ponto de coleta 1; P2: ponto de coleta 2; P3: ponto de coleta 3 e P4: ponto de coleta 4. Figura 15: Monitoramento de temperatura e pH na composteira 60 para compostagem Figura 16: Curvas DSC para compostos com diferentes tempos 62 de compostagem em atmosfera de ar sintético Figura 17: Curvas DSC ampliadas para compostos com 63 diferentes tempos de compostagem. em atmosfera ar sintético. Figura 18: Alcalinidade total dos resíduos em função do tempo 65 de compostagem Figura 19: Curvas DSC de material tipo- lignina com diferentes tempos 75 de compostagem em atmosfera de ar sintético. Figura 20: Curvas DSC ampliadas de material tipo-lignina 76 com diferentes tempos de compostagem em atmosfera de ar sintético. Figura 21: Curvas DSC de material tipo-lignina com diferentes 78 tempos de compostagem em atmosfera de nitrogênio. Figura 22: Curvas DSC ampliadas de material tipo-lignina 79 com diferentes tempos de compostagem em atmosfera de nitrogênio. Figura 23: Curvas TG de material tipo-lignina com diferentes tempos 81 de compostagem em atmosfera de ar sintético. lignina referência, cru e 15 dias. Figura 24: Espectros de absorção na região do infravermelho 83 para amostras de ligninas extraídas dos compostos de Resíduos Sólidos Domiciliares (R.S.D) em diferentes estágios de compostagem Figura 25: Espectros de absorção na região do Ultravioleta 88 para ligninas extraídas dos Resíduos Sólidos Domiciliares em diferentes estágios de compostagem. Figura 26: Curvas DSC de material tipo-celulose com diferentes tempos 95 de compostagem em atmosfera ar sintético. Celulose referência, cru, 15; 30; 60; 90 e 120 dias. Figura 27: Curvas DSC ampliadas de material tipo-celulose com diferentes 96 tempos de compostagem em atmosfera ar sintético. Celulose referência, cru, 15; 30; 60; 90 e 120 dias. Figura 28: Curvas DSC para celulose e lignina referência. 97 Figura 29: Curvas DSC para Composto, Lignina e Celulose cru. 98 Figura 30: Curvas DSC para Composto, Lignina e Celulose de 15 dias. 99 Figura 31: Curvas DSC para Composto, Lignina e Celulose de 30 dias. 100 Figura 32: Curvas DSC para Composto, Lignina e Celulose de 60 dias. 101 Figura 33: Curvas DSC para Composto, Lignina e Celulose de 90 dias. 102 Figura 34: Curvas DSC para Composto, Lignina e Celulose de 120 dias. 103 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Geração per capita de resíduos sólidos domiciliares em 27 função da população urbana. Tabela 2: Ligninas e principais métodos de 43 preparação. Tabela 3: Faixas de temperaturas correspondentes às fases 60 no processo de compostagem. Tabela 4: Principais intervalos de Temperatura (∆T/°C) e Temperatura 64 de Pico (Tp/°C) de compostos com diferentes tempos de compostagem em atmosfera oxidante. Tabela 5: pH e Alcalinidade Total dos resíduos com 64 diferentes tempos de compostagem. Tabela 6: Principais Intervalos de Temperatura (∆T/°C) e Temperatura 77 de Pico (Tp/°C) de Lignina Referência e Ligninas com diferentes tempos de compostagem em atmosfera oxidante. Tabela 7: Principais Intervalos de Temperatura (∆T/°C) e Temperatura 80 de Pico (Tp/°C) de Lignina Referência e Ligninas de diferentes tempos de compostagem em atmosfera de N2. Tabela 8: Perdas de massas (porcentagem de peso da amostra 82 total) principais correspondentes das curvas TG e intervalo de temperatura (°C) em que elas ocorreram. Tabela 9: Ligninas extraídas em diferentes fases de compostagem 90 e seus valores de aromaticidade. LISTA DE ABREVIATURAS ABNT : Associação Brasileira de Normas Técnicas IPT/CEMPRE: Instituto de Pesquisas Tecnológicas – Compromisso Empresarial CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Agemcamp: Agência Metropolitana de Campinas RMC: Região Metropolitana de Campinas C/N: Relação Carbono, Nitrogênio IAC: Instituto Agronômico de Campinas H, G, S: p-hidroxifenilpropano; guaiacilpropano e siringilpropano. G: guaiacílica G-S: guaiacil-siringílica H-G-S: 4-hidroxifenil-guaicil-siringila H-G: 4-hidroxifenil-guaiacílica I.V: Infravermelho R.M.N: Ressonância Magnética Nuclear LN: Lignina Nativa LB: Lignina de brauns MWL: Lignina de madeira moída C/H: Relação Carbono, Hidrogênio R.S.D: Resíduos Sólidos Domiciliares R.S.U: Resíduos Sólidos Urbanos R.S.U.D: Resíduos Sólidos Urbanos Domiciliares TG: Termogravimetria DSC: Calorimetria Exploratória Diferencial R.U: Restaurante Universitário ASTM: American Society for Testing and Materials Tp/°C: Temperatura de pico em graus Celsius ∆T/ºC: Intervalo de Temperatura em graus Celsius M O: Matéria Orgânica U V: Ultravioleta I V: Infravermelho M O: Matéria Orgânica SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 24 1.1 Resíduos Sólidos 24 1.2 Resíduos Sólidos Urbanos e Resíduos Sólidos 24 Urbanos Domiciliares 1.3 A problemática da geração de Resíduos Sólidos Urbanos 25 1.4 Geração, Tratamento e Destinação final dos Resíduos Sólidos Urbanos 26 1.5 Processo de Compostagem 33 1.6 Histórico da Compostagem 37 1.7 Lignina 38 1.8 Celulose 44 1.9 Material lignocelulósico 48 1.10 Pesquisas em Compostagem 50 2. OBJETIVOS 52 3 MATERIAIS E MÉTODOS 53 3.1 OBTENÇÃO DO COMPOSTO 53 3.1.1 Medida da temperatura da composteira 55 3.1.2 Medidas in situ do pH 56 3.1.3 Tratamento das amostras 56 3.1.4 Alcalinidade total do composto 56 3.1.5 Vidrarias e equipamentos 57 3.1.6 Reagentes 57 3.1.7 Curvas de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) para composto 57 oriundos do processo de compostagem. 3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO 59 3.2.1 Valores de pH e temperatura 59 3.2.2 Curvas DSC para composto com diferentes tempos de compostagem 61 em ar sintético 3.2.3 Alcalinidade total do composto 64 4 EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE SUBSTÂNCIA TIPO- 68 LIGNINA PRESENTE NO COMPOSTO 4.1 MATERIAIS E MÉTODOS 68 4.1.1 Reagentes 68 4.1.2 Vidrarias e equipamentos 68 4.1.3 Curvas Termogravimétricas (TG) e de Calorimetria Exploratória 69 Diferencial (DSC) para ligninas extraídas do composto proveniente da compostagem 4.1.4 Espectrofotometria de Absorção na Região do Infravermelho 70 4.1.5 Espectrofotometria de Absorção na Região do Ultravioleta 70 4.1.6 Cálculo de aromaticidade 71 4.1.7 Procedimento para extração de lignina do composto 71 4.1.7.1 Extração preliminar com água destilada 72 4.1.7.2 Extração de lipídios do composto 72 4.1.7.3 Extração da lignina 73 4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO 74 4.2.1 Curvas DSC das substâncias tipo-lignina 74 4.2.2 Curvas DSC das substâncias tipo- lignina sob atmosfera 77 de nitrogênio 4.2.3 Curvas TG de material tipo-lignina 80 4.2.4 Espectros de absorção na região do Infravermelho (I V) 82 de material tipo-lignina extraídos do composto oriundo do processo de compostagem 4.2.5 Espectros de absorção na região do Ultravioleta (U V) 86 de material tipo-lignina extraídos do composto oriundo do processo de compostagem 4.2.6 Cálculo de Aromaticidade (Relação E2/E3) para 90 material tipo-lignina 5 EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE SUBSTÂNCIA TIPO- 91 CELULOSE PRESENTES NO COMPOSTO 5.1 MATERIAIS E MÉTODOS 91 5.1.1 Reagentes 91 5.1.2 Vidraria e equipamentos 91 5.1.3 Procedimento para extração de celulose do composto 92 5.1.4 Curvas DSC 93 5.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO 94 5.2.1 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) 94 de material tipo-celulose 5.2.2 Comparação entre lignina referência e celulose 96 referência 5.2.3 Comparação entre curvas DSC (ar sintético) dos compostos 98 com diferentes tempos de compostagem e suas respectivas curvas DSC para material tipo-lignina e tipo-celulose 6 CONCLUSÃO 105 7 TRATAMENTO DE RESÍDUOS 108 REFERÊNCIAS 109 24 1. INTRODUÇÃO 1.1 Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos são definidos, segundo a NBR 10.004 – Resíduos Sólidos da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) como: “Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos ou que resultam da atividade da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola, de serviços e de varrição. Considera-se também, resíduo sólido, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d´água, exigindo para isso soluções técnicas e economicamente viáveis face a melhor tecnologia disponível.” 1.2 Resíduos Sólidos Urbanos e Resíduos Sólidos Urbanos Domiciliares De acordo com D´ALMEIDA; VILHENA (2000), é denominado resíduo sólido urbano (ou lixo em linguagem popular) o conjunto de detritos gerados em decorrência das atividades humanas nos aglomerados urbanos. São incluídos: resíduos domiciliares, os originados nos estabelecimentos comerciais, industriais e de prestação de serviços, os decorrentes dos serviços de limpeza pública urbana, aqueles oriundos dos estabelecimentos de saúde (sépticos e assépticos), os entulhos de construção civil e os gerados nos terminais rodoviários, ferroviários, portos e aeroportos. 25 O resíduo sólido urbano classificado como domiciliar é originado no cotidiano das residências, sendo constituído por: restos de alimentos (cascas de frutas, verduras, sobras e etc.) produtos deteriorados, jornais, revistas, frascos de vidro ou de plástico, embalagens em geral, papel higiênico, entre outros itens (D´ALMEIDA; VILHENA, 2000). Estes resíduos possuem em média 50% do peso em fração orgânica que são resíduos orgânicos de origem animal e vegetal (BLEY JUNIOR, 2001) e, são caracterizados por serem materiais homogêneos ou, resíduos orgânicos limpos. 1.3 A problemática da geração de Resíduos Sólidos Urbanos Os resíduos sólidos surgiram no dia em que os homens passaram a viver em grupos, fixando-se em determinados lugares e abandonando os hábitos de andar de lugar em lugar à procura de alimentos ou pastoreando rebanhos. No entanto, tais hábitos não eram tão agressivos ao meio ambiente como os atuais, aqueles visavam às necessidades básicas do ser humano como: moradia, alimentação e vestuário (DIAS, 2000). A deterioração ambiental aumentou com a Revolução Francesa de 1789, já que o interesse não englobava somente necessidades, mas também, a geração e o acúmulo de capital. E nesta fase, não havia qualquer preocupação com os recursos naturais. Com o decorrer do tempo a aceleração do crescimento populacional, econômico, industrial e tecnológico fez com que as pessoas tivessem qualidade de vida, e com isso, ocorreu maior intervenção nos recursos naturais. A geração de resíduos sólidos urbanos se enquadra perfeitamente a tal afirmação, pois ela está intimamente relacionada ao aumento populacional e industrial mundial. 26 Os problemas relativos aos resíduos sólidos urbanos (R.S.U) existem desde o seu surgimento, no entanto, ele foi agravado pelo desenvolvimento humano, e as práticas utilizadas para resolução de tais entraves se mantiveram inalteradas. Somente no século XIX começaram a surgir as primeiras alternativas para resolver o problema dos resíduos sólidos urbanos capazes de atender aos aspectos sanitários e econômicos; desde então passaram a ser adotadas medidas para a regulamentação dos serviços e procedimentos no campo da limpeza. No Brasil, o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do Império. Nesse dia, D. Pedro II assinou o Decreto que aprovava o contrato de “limpeza e irrigação” da cidade (MANUAL gerenciamento integrado de resíduos sólidos). A gestão de forma indevida destes resíduos contribui para a degradação de recursos naturais como: água, ar, solo e subsolo (ALVES, 2004; ABRELPE, 2003), os quais são primordiais para o ser humano. Portanto, o conhecimento da composição do lixo é imprescindível para o planejamento, tratamento e disposição final e se possível, aproveitamento dos resíduos sólidos. Neste âmbito, a compostagem é uma das formas para se reaproveitar o resíduo orgânico proveniente do lixo. 1.4 Geração, Tratamento e Destinação final dos Resíduos Sólidos Urbanos A geração crescente e diversificada de resíduos sólidos nos meios urbanos e a necessidade de disposição final estão entre os mais sérios problemas ambientais enfrentados tanto por países ricos e industrializados quanto por nações em desenvolvimento. A solução para o problema dos resíduos sólidos urbanos deve contemplar a questão dos resíduos a partir do momento de sua geração até a destinação final, passando pelo seu tratamento. 27 Segundo REIS e colaboradores (REIS; REICHERT; BRITO, 2000), um dos fatores fundamentais no sucesso do tratamento dos resíduos sólidos urbanos é a existência de programas de coleta diferenciada como: a coleta segregada que consiste na separação por tipo de material no momento da geração do resíduo e a coleta seletiva, ou seja, a coleta de materiais recicláveis. O objetivo principal é que estes materiais possam ser reciclados ou compostados, diminuindo assim, a quantidade de resíduo sólido a ser disposto em aterro. Entretanto, os resíduos de serviços de saúde e de indústrias por possuírem características de alto grau de patogenicidade e toxicidade devem ser destinados a aterros apropriados ou incinerados. Vive-se em uma sociedade capitalista, na qual o consumismo é disseminado, desta forma, quanto maior o consumo, maior será a geração per capita de resíduos. De acordo com dados da CETESB (2006) a geração per capita de resíduos sólidos domiciliares em função da população urbana, em média, pode ser apresentada na Tabela 1: Tabela 1: Geração per capita de resíduos sólidos domiciliares em função da população urbana. (CETESB, 2006) POPULAÇÃO (hab) PRODUÇÃO (kg/hab.dia) Até 100.000 0,4 De 100.001 a 200.000 0,5 De 200.001 a 500.000 0,6 Maior que 500.000 0,7 Dados recentes da Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp) quanto à produção diária de resíduo sólido urbano domiciliar (R.S.U.D) por habitante na Região Metropolitana de Campinas (RMC) revelaram que cada um dos aproximadamente 2,5 milhões habitantes da RMC 28 gera 814 gramas de R.S.U.D por dia. A pesquisa revelou que Nova Odessa é a maior geradora de resíduo sólido urbano domiciliar entre as 19 cidades pesquisadas. Cada um dos seus cerca de 45 mil habitantes produz diariamente, 1,358 kg de lixo, numa situação que a coloca muito próxima da cidade de São Paulo, que atingiu o índice de 1,5 kg de resíduos por habitante por dia (NUNES, 2007). A disposição do lixo nas cidades representa uma problemática que envolve aspectos sanitários, ambientais e sociais. A disseminação de doenças, a contaminação do solo e das águas subterrâneas e superficiais, e a poluição do ar por metano são alguns dos sérios problemas causados pelo não tratamento desses resíduos e pela sua disposição final precária. Portanto, é imprescindível que haja locais e técnicas apropriadas para acomodá-los. As formas de disposição mais conhecidas e utilizadas para os resíduos sólidos urbanos são (D´ALMEIDA; VILHENA, 2000): Lixões: são locais afastados das cidades nos quais são depositados sobre o solo todos os tipos de resíduos coletados, sem nenhuma forma de proteção ambiental ou à saúde pública, constituindo assim, uma maneira inadequada de descarte final dos resíduos sólidos urbanos. A Figura 1 apresenta o triste retrato de um lixão, onde pessoas (inclusive uma criança) “disputam” os resíduos ali colocados com urubus. 29 Figura 1: Fotografia de um lixão de Tegucigalpa, 2002 (JENNINGS. C). Disponível em: Acesso em: 11 dez. 2007. Aterro controlado: Os resíduos sólidos são dispostos no solo para posterior recobrimento com terra, reduzindo a poluição do local, porém trata-se de solução primária para a resolução do problema por não ser a técnica mais adequada para evitar danos ambientais. A Figura 2 mostra a fotografia do aterro controlado de Araraquara-SP. Observa-se que, apesar de ser mais organizado que um lixão, há a presença de pessoas que possivelmente, sobrevivem dos resíduos sólidos descartados. 30 Figura 2: Fotografia de aterro controlado de Araraquara-SP (LOPES, A.A. Tipos de Aterros de Resíduos Sólidos). . Aterro sanitário: é a alternativa que reúne as maiores vantagens considerando a redução dos impactos ambientais. O aterro sanitário é caracterizado por: subdivisão da área de aterro em células de colocação de lixo; disposição dos resíduos no solo previamente preparado para que se torne impermeável, impossibilitando o contato dos líquidos residuais (água das chuvas e chorume) com o lençol freático; presença de lagoas de estabilização para a biodegradação da matéria orgânica contida nos líquidos residuais; presença de drenos superficiais para a coleta da água das chuvas; drenos de fundo para a coleta do chorume e para a dispersão do metano, coletores dos líquidos residuais em direção às lagoas de estabilização, confinamento dos R.S.U em camadas cobertas com solo. A Figura 3 descreve a representação esquemática de um aterro sanitário, ou seja, seus setores, divisões e coletores (águas de superfície e gás), enquanto que na Figura 4, encontra-se uma fotografia do aterro sanitário de Bauru-SP. 31 Figura 3: Esquema de um aterro sanitário (PROIN/CAPES e UNESP/IGCE – Material didático: arquivos de transparências). Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2008. Figura 4: Fotografia do aterro sanitário de Bauru-SP (LOPES, A.A. Tipos de Aterros de Resíduos Sólidos). 32 Incineração: é um processo de oxidação térmica que consiste na decomposição da matéria orgânica e/ou resíduos perigosos em um incinerador ou usina de incineração, a temperaturas superiores a 900º C. Para que um resíduo possa ser incinerado, o mesmo deverá possuir composição conhecida. Como vantagens do método de incineração é possível citar: a redução significativa do volume dos dejetos municipais, tornar inerte materiais perigosos, minimizando as emissões para atmosfera; transformar resíduos em produtos secundários utilizáveis e utilização da energia liberada com a queima. A incineração apresenta custos elevados de instalação e de operação; no entanto, este custo, nas grandes metrópoles com baixa disponibilidade de áreas adequadas, está se aproximando do custo da disposição em aterros sanitários (D´ALMEIDA; VILHENA, 2000). A Figura 5 apresenta a fotografia de uma usina de incineração. Figura 5: Fotografia de uma usina de incineração (LIMA, R.) Disponível em: . Acesso em: 10 dez. 2007. 33 . Compostagem: baseada em um processo controlado de decomposição microbiana de oxidação e oxigenação de uma massa heterogênea de matéria orgânica no estado sólido e úmido dos resíduos sólidos urbanos. O processo de compostagem se dá em três fases: inicial e rápida (composto cru ou imaturo), fase de semi-cura ou bioestabilização e por fim, uma terceira fase, de cura ou maturação do composto (KIEHL, 2002). Verifica-se na Figura 6 a presença de leiras de compostagem em uma usina de compostagem. Figura 6: Fotografia de uma usina de compostagem (Embrapa Agrobiologia) Disponível em: