UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
BOAS PRÁTICAS APÍCOLAS NO MUNICÍPIO DE MONTEIRO LOBATO,
REGIÃO SERRANA DO VALE DO PARAÍBA, ESTADO DE SÃO PAULO.
ANA PAULA DA SILVA DIB
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia – Área de
Concentração: Nutrição e Produção
Animal, como parte das exigências para
obtenção do título de Doutor.
BOTUCATU, SÃO PAULO
Dezembro de 2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
BOAS PRÁTICAS APÍCOLAS NO MUNICÍPIO DE MONTEIRO LOBATO,
REGIÃO SERRANA DO VALE DO PARAÍBA, ESTADO DE SÃO PAULO
ANA PAULA DA SILVA DIB
Engenheira Agrônoma
ORIENTADOR: Prof. Dr. RICARDO DE OLIVEIRA ORSI
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia – Área de
Concentração: Nutrição e Produção
Animal, como parte das exigências para
obtenção do título de Doutor.
BOTUCATU - SP
Dezembro de 2009
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Dib, Ana Paula da Silva.
Boas práticas apícolas no Município de Monteiro Lobato, Região
Serrana do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo / Ana Paula da Silva
Dib. – Botucatu [s.n.], 2009.
Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu, 2009.
Orientador: Ricardo de Oliveira Orsi
Assunto CAPES: 50300008
1. Apicultura - Paraíba, Vale do (SP) 2. Mel - Produção -
Qualidade
3. Segurança alimentar
CDD 638.16
Palavras-chave: Apícolas; Apicultura; Boas práticas; Mel
ii
“Abelha fazendo mel vale o tempo que não voou...”
Amor de Índio
Beto Guedes
Dedico
Aos apicultores que amam o que fazem
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus.
A Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – UNESP –
Botucatu, pela oportunidade de realizar minha tese.
A Universidade de Taubaté - UNITAU, por todo o apoio e incentivo durante a
execução de minha tese.
Ao meu orientador, grande profissional e amigo, Dr. Ricardo de Oliveira Orsi,
pela paciência e ensinamentos.
Aos apicultores do município de Monteiro Lobato, por todo o apoio, carinho e
confiança em meu trabalho.
A Magnífica Reitora da Universidade de Taubaté, Profª Dra Maria Lucila
Junqueira Barbosa por todo apoio durante a execução deste trabalho.
A minha mestra eterna, que me ensinou a amar as abelhas, Profª Dra. Lídia
M.R.C. Barreto.
Ao Pró-reitor de Administração da Universidade de Taubaté, Prof. Dr. Francisco
José Grandinetti, por toda a paciência e compreensão.
Aos demais Pró-reitores da Universidade de Taubaté.
Aos servidores da UNESP-Botucatu, Seila, Solange e Carlos, pela paciência.
Aos funcionários da Pró-reitoria de Administração, bem como todos os amigos
da Universidade de Taubaté, agradeço pelo apoio e carinho em todos os momentos.
Ao Prof. Dr. Darcet Souza, da UFP, pelo apoio com sugestões.
A M.Sc. Juliana Bendini pelo apoio durante as coletas dos dados da tese.
A minha mãe Dalva Linda da Silva.
Ao meu pai (in memorian) Ronaldo Dib.
A minha tia Maria Lucia Dib.
Aos meus mais do que amados irmãos DIB: Lindalva, Renato, João e Ricardo, e
a todos os meus sobrinhos.
Aos meus mais do que amados irmãos CARELLI BARRETO: Lincoln, Laudo,
Lucinete, Lauro e seus respectivos filhos queridos.
Aos meus amigos amados Ângela, Tata, Paulo, Claudemir, Gustavo, Ana
Aparecida, Julio, Dayse, Custódio, Luciane, Aurélio, Eugênia, Zezé, Sueli.
iv
SUMÁRIO
Página
Lista de figuras v
Capítulo 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 02
Referências Bibliográficas.............................................................................................. 11
Capítulo 02 – PERFIL DA APICULTURA NO MUNICÍPIO DE MONTEIRO
LOBATO, REGIÃO SERRANA DO VALE DO PARAÍBA, ESTADO DE SÃO
PAULO.
14
Resumo.............................................................................................................................. 15
Abstract............................................................................................................................. 16
1. Introdução...................................................................................................................... 17
2. Material e Métodos........................................................................................................ 18
3. Resultados e Discussão................................................................................................. 20
1. Produtor...................................................................................... 20
2.Produção..................................................................................... 25
3.Beneficiamento da Produção.................................................. 28
4.Comercialização............................................................................. 28
4.Conclusão....................................................................................................................... 30
5. Referências Bibliográficas............................................................................................ 31
Capítulo 3 - BOAS PRÁTICAS APÍCOLAS PARA PRODUÇÃO DE MEL NO
MUNICÍPIO DE MONTEIRO LOBATO, REGIÃO SERRANA DO VALE DO
PARAÍBA, ESTADO DE SÃO PAULO.
33
Resumo.............................................................................................................................. 34
Abstract............................................................................................................................. 35
1. Introdução...................................................................................................................... 36
2. Material e Métodos........................................................................................................ 38
3. Resultados e Discussão................................................................................................. 39
1 Materiais e Manejo......................................................................................... 39
2 Localização dos apiários................................................................................ 41
3 Indumentária apícola...................................................................................... 44
4. Utensílios e equipamentos apícolas................................................................ 45
4. Conclusão...................................................................................................................... 52
5. Referências Bibliográficas............................................................................................ 53
IMPLICAÇÕES 56
v
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 02 – PERFIL DA APICULTURA NO MUNICIPIO DE MONTEIRO LOBATO,
REGIÃO SERRANA DO VALE DO PARAÍBA, ESTADO DE SÃO PAULO
Figura 1: Mapa dos Municípios do Vale do Paraíba destacando-se a microrregião de
Campos do Jordão e o município de Monteiro Lobato
19
Figura 2: Idade dos apicultores do município de Monteiro Lobato, região
Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
21
Figura 3: Estímulo para o início do trabalho com apicultura, do município de
Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
21
Figura 4: Tempo na atividade em anos, do município de Monteiro Lobato,
região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
22
Figura 5: Escolaridade dos apicultores, do município de Monteiro Lobato,
região Serrana do Vale do Paraíba Paulista
23
Figura 6: Participação da apicultura na formação da renda familiar dos
apicultores do município de Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do
Paraíba Pauli
24
Figura 7: Aprendizado da atividade dos apicultores do município de Monteiro
Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
25
Figura 8: Número de colméias dos apicultores do município de Monteiro
Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
26
Figura 9: Produtividade Kg/cx/ano/apicultores do município de Monteiro
Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
27
Figura 10: Embalagem utilizada para a comercialização do mel pelos
apicultores do município de Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do
Paraíba Paulista.
29
Capítulo 3 - BOAS PRÁTICAS APÍCOLAS: MANEJO, APIÁRIOS,
INFRAESTRUTURA DOS APICULTORES DO MUNICÍPIO DE MONTEIRO
LOBATO, REGIÃO SERRANA DO VALE DO PARAÍBA, ESTADO DE SÃO PAULO.
Figura 11: Condições do fumegador utilizado por apicultores do município de
Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
40
Figura 12: Acesso inadequado ao apiário do município de Monteiro Lobato,
região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
42
Figura 13: Sombreamento em apiário do município de Monteiro Lobato,
região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
43
Figura 14: Indumentária adequada de apicultor do município de Monteiro
Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
44
Figura 15: Formão adequado de apicultor do município de Monteiro Lobato,
região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
45
Figura 16: Colméia de apicultor do município de Monteiro Lobato, região
Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
46
Figura 17: Cavalete de apicultor do município de Monteiro Lobato, região
Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
47
Figura 18: Cobertura adequada de apiário do município de Monteiro Lobato,
região Serrana do Vale do Paraíba Paulista
48
Figura 19: Cobertura inadequada de caixa em apiário do município de 48
vi
Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
Figura 20: Cera armazenada inadequadamente de apicultor do município de
Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
49
Figura 21: Cera armazenada adequadamente de apicultor do município de
Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
50
1
CAPÍTULO 1
2
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O interesse do homem pelas abelhas vem do início das civilizações, fornecendo-
lhe rica fonte de alimento. O testemunho mais antigo do aproveitamento dos produtos
apícolas é fornecido pelas pinturas rupestres datadas de mais de 7000 anos a.C.,
encontrado na Cova da Aranha, Valencia, Espanha. Nessas pinturas se observam figuras
humanas coletando favos de colônias alojadas em cavidades rochosas, e abelhas voando
ao seu redor.
A apicultura caracteriza-se pela exploração econômica e racional da abelha do
gênero Apis e espécie Apis mellifera. Sua introdução no Brasil data de 1839
(CAMARGO, 1972). É praticada com mais intensidade a partir da imigração dos
europeus (italianos e alemães) que, no início do século XIX, trouxeram as abelhas
européias.
É uma atividade de reconhecida importância na geração de emprego e renda,
fator de diversificação da propriedade rural, proporcionando benefícios sociais,
econômicos e ecológicos. Por todo o país, é desenvolvida a atividade apícola, sendo
geradas centenas de milhares de empregos diretos, apenas nos serviços de manutenção
dos apiários, na produção de equipamentos, no manejo dos vários produtos de mel,
pólen, cera, geléia real, apitoxina, polinização de pomares, cultivos agrícolas e da flora
silvestre, dentre outros (Silva e Peixe, 2008).
Por suas características, a apicultura tem sido muito utilizada como ferramenta
para a melhoria da qualidade de vida de muitas pessoas em todo o mundo. Esse fato
contribui para o aumento da produção de mel e, consequentemente, resulta em uma
grande oferta de mel no mercado. Dessa maneira, Souza (2006) observou que, com a
alta do mel no comércio internacional, ocorreu a ampliação da base produtiva em todo o
mundo, com aumento do número de colméias e da produção mundial. Com isso, o
mercado ficou muito mais competitivo, e a qualidade, preço e condições de atendimento
passaram a ser decisivos para manter o mercado. Essa situação coloca a apicultura
nacional à prova e testa a sua capacidade de se adequar às novas condições.
Desde a colonização, do Brasil e de outros países da América Latina, as
atividades agrícolas vêm traçando os rumos da economia interna e contribuindo para
abastecer mercados externos. Com o advento do Mercosul (Mercado Comum do Sul) e
3
da Globalização, essa atividade passa pela necessidade de reformulação, tanto em seu
sistema de produção quanto nas relações sociais que envolvem o processo produtivo.
Dentro da diversificação das atividades como estratégia de sobrevivência de unidades
de agricultura familiar, está a apicultura, que consegue determinar e/ou complementar a
renda básica das unidades de produção familiar dos países integrados no Mercosul, com
maior ênfase no Brasil.
Até o final da década de 1980, grande parte do mel brasileiro era comercializado
diretamente do apicultor para o consumidor, sem qualquer controle dos órgãos de
inspeção federal ou estadual, quanto às condições higiênico-sanitárias, e quanto às
características físicas, químicas e biológicas (Sattler, 1996).
Porém, em 2000, com o intuito de se estabelecer identidade e requisitos mínimos
de qualidade do mel destinado para o consumo humano, foi aprovada a Instrução
Normativa N.o 11, de 20 de outubro do mesmo ano, pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Brasil, 2000). A referida Instrução Normativa declara que
este produto comercializado como tal, não deve apresentar adição de ingrediente
alimentício ou de qualquer substância que altere sua composição original, assim como
não deve conter fator censurável, como sabor, aroma ou contaminação absorvida
durante o processamento e armazenamento. O mel não deve apresentar início de
fermentação ou efervescência. Tampouco, pode ser aquecido ou processado a fim de
estender a sua composição essencial. Procedimentos químicos ou bioquímicos não
devem ser usados para influenciar a cristalização do mel. Quanto à higiene, o
regulamento declara que o mel, quando comercializado, deve estar isento de substâncias
orgânicas ou inorgânicas censuráveis, como fragmentos de insetos ou grãos de areia. O
produto também deve estar livre de microrganismos em quantidade que possa
representar risco à saúde do consumidor.
Para a obtenção de adequada segurança alimentar é muito importante a aplicação
de medidas preventivas de conduta, como as “Boas Práticas de Fabricação e Elaboração
de Alimentos” e a aplicação do sistema de “Análise de Perigos e Pontos Críticos de
Controle” (APPCC ou HACP).
O sistema APPCC é baseado numa série de etapas interrelacionadas, inerentes
ao processamento industrial dos alimentos, inclusive todas as operações que ocorrem a
partir da produção até o consumo final. Assim, durante o processo de extração,
4
beneficiamento e armazenamento do mel deve-se atentar aos critérios básicos de
segurança da qualidade do produto, por meio do APPCC, cujo objetivo é a obtenção do
alimento isento de contaminações prejudiciais à saúde do consumidor (Bassi, 2000).
Como exemplo de sucesso nesse sentido, vale ressaltar a iniciativa da
Universidade Federal do Piauí que, em 2001, realizou um trabalho junto à Associação
dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes, o Projeto Mel com Qualidade,
com o objetivo de melhorar sua qualidade pelos associados. O projeto teve apoio do
Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas - SEBRAE/PI e Delegacia
Federal de Agricultura - DFA/PI, e analisou as condições do trabalho do apicultor no
campo, inspecionou as casas de mel e analisou amostras de todos os grupos de trabalho
da Associação. A referida microrregião conta com uma produção anual de 39.702 kg,
segundo dados do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA/IBGE, 2003), e
em novembro de 2002 já atingia meta de exportação de 16 toneladas para a Itália.
No Vale do Paraíba Paulista, Paula et al. (2002), estudando a infraestrutura para
beneficiamento dos produtos apícolas, avaliaram cinco propriedades objetivando a
adequação às Boas Praticas de Elaboração e Fabricação. Os resultados demonstraram
que os estabelecimentos visitados necessitavam de ações corretivas, concluindo que
havia grande necessidade de investimentos em infraestrutura e treinamento, envolvendo
proprietários e manipuladores.
Bendini et al. (2002) analisaram méis produzidos na região do Vale do Paraíba,
durante 1999 a 2001, aprovando 76,4% das amostras analisadas. Com relação às
amostras reprovadas (23,6%), todas revelaram necessidade de aperfeiçoamento técnico
do apicultor, uma vez que as mesmas foram reprovadas por excesso de umidade ou
presença de sujidades no produto. Com base nas sujidade presentes, os resultados
revelam que o apicultor talvez não tenha processado de forma correta, como a filtragem
e decantação. Pereira et al. (1996) sugeriram que para solucionar problemas relativos à
perda das características do mel, é necessária a adoção de práticas de medidas corretivas
em apiários, a fim de obter um produto de melhor qualidade.
O mel é produzido pelas abelhas melíferas a partir do néctar das flores ou de
secreções de plantas, que recolhem e transformam combinando com substâncias
específicas próprias e armazenadas nos favos da colméia (Brasil, 2000; Schweitzer,
5
2001), sendo esse produto muito sensível, com perda de qualidade quando erroneamente
manipulado (Rühle, 1997).
Para sua elaboração o néctar sofre duas reações: uma física pela desidratação
(eliminação da água) e outra química, na qual ocorre a inversão do açúcar composto em
açúcares simples. O néctar é armazenado e deixado maturar nos favos das colméias,
culminando com a operculação dos favos tão logo a sua umidade seja reduzida de 18%
a 20%, o que permite a sua conservação por longo período de tempo (Crane, 1983).
Segundo Molan (1995), está bem definido que o mel inibe a atividade de amplo
grupo de bactérias. Ainda segundo o mesmo autor, o mel é uma solução saturada de
açúcares, sendo 84% mistura de frutose e glicose, contendo apenas 15-21% de água. A
intensa interação entre as moléculas de açúcar com moléculas de água deixa desprezível
a quantidade de moléculas de água disponível aos microrganismos. Além disso, o mel é
ácido por natureza, seu pH oscila entre 3,2 a 4,5, sendo suficientemente baixo para
inibir a atividade de patógenos. Finalmente, a maior atividade bactericida do mel se
deve à formação do peróxido de hidrogênio produzido enzimaticamente pela glicose-
oxidase. Essa enzima é secretada por meio da glândula hipofaringeana da abelha
durante a transformação do néctar, e o peróxido de hidrogênio produzido funciona como
agente esterilizador durante o armazenamento do mel.
Matuella e Torres (2000), testando a qualidade microbiológica do mel produzido
nos arredores do “lixão” do município de Chapecó-SC, averiguaram, através de coletas
e análises laboratoriais, o crescimento microbiano de organismos identificados como
patogênicos, a citar: Mucor sp., Aspergillus e Penicillium sp. Dentro da legislação,
encontra-se, em relação ao mel, parâmetros apenas para Salmonella a qual não foi
constatada nos exames. O mel analisado foi considerado impróprio para consumo, não
pelos microorganismos encontrados, mas pela sua elevada umidade e acidez, sendo
evidenciado a presença de propriedades antibióticas no mel, tendo em vista os inúmeros
agentes e produtos altamente contaminados com que entraram em contato as abelhas e
não prosperaram no produto final.
O mel apresenta propriedades distintas que inibem ou eliminam a maioria dos
microrganismos. Porém, aqueles de interesse à industria de processamento são os que
sobrevivem à concentração de açúcares, acidez e às características antimicrobianas do
mel. Esses podem ser enquadrados em três categorias: Microrganismos encontrados
6
comumente no mel; Microrganismos que indicam a qualidade sanitária ou comercial do
produto e, finalmente, os microrganismos que, sob certas condições, possam causar
intoxicações. De acordo com as propriedades inerentes ao mel - pH, teor de umidade,
potencial de óxido-redução, aporte nutricional e constituintes antimicrobianos - baixas
contagens e tipo de microorganismos, basicamente, bolores, leveduras e esporulados,
são esperados neste substrato. Através de uma fonte primária de contaminação na qual
se incluem pólen, néctar floral, poeira, terra e o próprio corpo e trato digestório de
abelhas, este grupo de microrganismos pode ter acesso ao mel. Em outra forma ou fonte
secundária de contaminação, esta última mais facilmente controlável, pode ser
destacada, principalmente, as condições de manipulação no decorrer da coleta,
processamento, envase e armazenagem do produto (SNOWDON & CLIVER, 1996).
Contudo, considera-se que o mel de melhor qualidade é o da colméia, sendo que,
até ocupar as prateleiras dos supermercados, passa por diversas operações para
estabilizá-lo contra fermentação, como a remoção de materiais estranhos indesejáveis. A
duração e tipo de armazenamento do mel, em qualquer ponto do seu caminho da
colméia até o consumidor, também contribuem para a perda da qualidade (White, 1994).
Sob o ponto de vista químico e bioquímico, é muito sensível, sofre e perde qualidade
quando se ignora esse fato pelo simples manejo inadequado. Portanto, o cuidado para
manter sua qualidade começa no apiário (Rühle, 1997).
Pereira et al. (1996), avaliando os problemas relativos à fermentação e perda das
características organolépticas apresentadas no mel enfrentados por um apicultor,
sugeriram a implantação de medidas corretivas no apiário, tais como a mudança da
localização deste. A conseqüente recuperação da qualidade do produto demonstra que a
oferta de condição ambiental salubre, correto manejo das abelhas e adequado
processamento e armazenamento do mel, permitem o fornecimento de produto de
melhor qualidade.
Assim, vê-se a necessidade da aplicação de BPF e APPCC, como medidas
preventivas de conduta, com aplicação do conhecimento das medidas utilizadas no
Controle Higiênico-sanitário em Alimentos (Silva Júnior, 1995).
Enquanto as empresas líderes do ramo de alimentos possuem sistemas de
gerenciamento da qualidade implantados, constata-se um grande número de outras
empresas que não aplicam procedimentos para garantir a qualidade de seus produtos.
7
Especificamente na área da apicultura, até 2001 não existia um programa que
contemplasse a gestão de qualidade, fato suficientemente relevante para que fossem
desenvolvidos sistemas e propostas para esta cadeia produtiva brasileira (Figueiredo e
Neto, 2001), até que a União Européia, a partir de 17/03/2006, decidiu suspender a
importação de mel produzido no Brasil, sob a alegação de que o país não tem
equivalência com o bloco, no que se refere às diretivas para controle de resíduos e
qualidade do produto, até que o produto estivesse dentro dos padrões estabelecidos pela
mesma.
As Boas Práticas de Fabricação (BPF) consistem no conjunto de normas e
procedimentos, adotados por uma empresa, no sentido de estabelecer condições
adequadas para o manuseio de alimentos, abrangendo desde matérias-primas até o
produto final, atingindo determinado padrão de identidade e qualidade de um produto de
interesse da saúde.
No Brasil, apesar de existirem alimentos com padrões de excelência
comparáveis aos produzidos nos países do Primeiro Mundo, ainda existem problemas
que comprometem a qualidade e apresentam riscos à saúde humana. Nas pequenas
indústrias, podem ser apontadas como questões ainda não resolvidas pela falta de
aplicação das BPF. Apesar das BPF e do método APPCC estarem estabelecidos na
legislação por meio de leis, decretos e portarias (Portarias nº 1428 / 93 e nº 326 / 97 do
Ministério da Agricultura (MA); Portarias nº40/98 e 46/98 do Ministério da Agricultura
(MA)), sua aplicação apesar de notáveis exceções, é quase inexistente (Brandimarti,
1999).
Utilizam-se as BPF como ponto de partida para implantação do sistema APPCC
(Galhardi, 2002), já que o Codex Alimentarius (2001) estabelece BPF como condições
necessárias para a higiene e produção de alimentos seguros e pré-requisitos para a
implantação do APPCC, que se faz necessário em cada etapa do processamento.
As BPF consideram quatro pontos principais a serem analisados: pessoal,
instalações, equipamentos e controle da produção e tudo deve seguir um fluxo higiênico
adequado, para imprimir sucesso na sua aplicação (Brasil, 1993). Em trabalho realizado
por Oshiro et al. (2000), verificando aplicação de BPF em apiário no município de
Campo Grande-MS, os autores constataram que as instalações se encontravam fora dos
padrões previstos na norma, bem como higiene e comportamento pessoal, além de
8
higiene operacional inadequada. Foram descritas ainda várias irregularidades, indicando
a necessidade imediata de adoção de ações corretivas no local da pesquisa.
O sistema APPCC foi apresentado pela primeira vez durante conferência
nacional americana sobre proteção dos alimentos, em 1971.
A Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é definida como
um conjunto de atividades utilizadas para o controle da produção de alimentos,
garantindo sua segurança e a qualidade (Soares et al., 2002). Originalmente denominada
por “Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP)”, ou Análise de Perigos e
Pontos Críticos de Controle (APPCC), o sistema originou-se na indústria química,
particularmente na Grã-Bretanha, há aproximadamente 50 anos, mas foi amplamente
difundido pela NASA (National Aeronautics and Space Administration) para garantir a
alimentação livre de contaminantes aos astronautas (Bennet e Steed, 1999).
O sistema APPCC se baseia na aplicação de sete princípios básicos para a sua
implantação, a saber: identificar os perigos potenciais; determinar os pontos críticos de
controle (PCCs); estabelecer os limites críticos; estabelecer uma rotina de
monitoramento; estabelecer ações corretivas; estabelecer um efetivo sistema de
anotações e estabelecer um sistema de verificação para dar continuidade ao APPCC
(Cezari e Nascimento, 1995). O termo alimento seguro apresenta importante papel no
comércio internacional (Barendsz, 1998). Este sistema foi utilizado pela primeira vez,
nos anos 60, sendo apresentado ao público pela primeira vez em 1971, durante a
conferência Nacional para proteção de alimentos, realizada nos Estados Unidos
(Athayde, 1999). A legislação em segurança do alimento é geralmente entendida como
conjunto de procedimentos, diretrizes e regulamentos elaborados pelas autoridades,
direcionados para a proteção da saúde pública (Jouve, 1998).
Pode-se também enfatizar as virtudes do sistema quanto à flexibilidade, à
sensibilidade, sua universalidade e capacidade de articulação. O sistema BPF é pré-
requisito para a implementação de HACCP e esse está correlacionado com a garantia da
qualidade (Brasil, 1993; Jouve, 1998). A contaminação microbiológica é conhecida
como a mais ameaçadora à saúde humana; contudo, a presença de resíduos químicos
também oferece grande ameaça, principalmente quando analisados os efeitos no longo
prazo. Além disso, a contaminação microbiológica pode ser bastante controlada pela
adoção das Boas Práticas de Higiene durante o manuseio e processamento dos
9
alimentos, enquanto a contaminação química é em geral bastante difícil de ser
controlada nessa etapa do processo (Barendsz, 1998).
O sistema APPCC tem sido utilizado, rotineiramente, nos processos industriais
de elaboração de alimentos (Martin e Cichoski, 2000). Entretanto, vários autores
reportam que o sistema constitui ferramenta importante, também, para o controle de
matérias primas, particularmente do leite em propriedades rurais (Sischo, 1996; Cullor,
1997). No Brasil, por exemplo, o APPCC constitui importante método preventivo
empregado na linha de produção de alimentos, tendo sido aplicado com sucesso em
propriedades leiteiras para o controle de agentes patogênicos e de resíduos de
medicamentos.
Sendo a apicultura uma das atividades capazes de causar impactos positivos,
tanto sociais quanto econômicos, além de contribuir para a manutenção e preservação
dos ecossistemas existentes, sua cadeia produtiva propicia a geração de inúmeros postos
de trabalho, empregos e fluxo de renda, principalmente no ambiente da agricultura
familiar, sendo, dessa forma, determinante na melhoria da qualidade de vida e fixação
do homem no meio rural.
A apicultura é uma atividade produtiva existente nas propriedades rurais do
município de Monteiro Lobato-SP, e 140 km da cidade de São Paulo, Capital, e é
desenvolvida, principalmente, por agricultores familiares onde a produção de mel é o
principal produto de exploração da atividade. Esse município apresenta potencial de
crescimento para a atividade apícola, pois de acordo com a Secretaria da Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo mais de 90% das ocupações do solo do
município são constituídas de reflorestamento, matas naturais e pastagens (com espécies
vegetais propícias para a produção de mel).
As características presentes na região revelam o grande potencial de “pasto”
apícola disponível a ser explorado, sem inclusive a necessidade de competir com os
recursos de produção das outras atividades de explorações já existentes na pequena
propriedade rural. Está situado no Vale do Paraíba no Estado de São Paulo e possui
população estimada de 3.994 habitantes, sendo que aproximadamente 60% destes
habitantes vivem na zona rural do município. O Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal-IDH é de 0,775, o Produto Interno Bruto Municipal é de R$ 17.563.623,00
(Dezessete milhões e Quinhentos e Sessenta e Três Mil e seiscentos e vinte e três reais)
10
e a participação das atividades agropecuárias no PIB municipal é superior a 30,0%,
sendo que o rendimento médio dos empregos ocupados na agropecuária, no último ano,
foi de aproximadamente R$ 321, 49 (Trezentos e Vinte e Um reais e Quarenta e Nove
centavos), segundo o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia – (IBGE, 2007) e a
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE, 2007).
Portanto, para se alcançar o desenvolvimento sustentável da apicultura no
município, é necessário que se promova à alteração do cenário atual onde o eixo desta
mudança deverá se basear na produção de mel com eficiência e qualidade, pois o mel é
um produto de origem animal e para sua comercialização é necessário que o apicultor
atenda as exigências presentes na legislação1 para produtos desta natureza.
Outros fatores a serem considerados, como as perspectivas positivas para o
escoamento da produção de mel dos apicultores do município, são as possibilidades de
dinamizar a economia local com advento da venda do mel com certificação de origem e
qualidade, nas pousadas do município, no comércio local e nos grandes centros
consumidores localizados próximos a Monteiro Lobato.
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo principal avaliar a
aplicação das Boas Práticas de Fabricação entre os apicultores do município de
Monteiro Lobato-SP, focando principalmente desde a instalação de seus apiários,
manejo de suas colméias até a chegada do produto as Unidade de Extração de Mel.
Como exigência do curso de Pós-graduação em Zootecnia, dividiu-se o referido
trabalho de tese nos seguintes capítulos relativos aos objetivos propostos:
�
� Capítulo 2: Perfil da apicultura no município de Monteiro Lobato, região
Serrana do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo, o qual será submetido à
publicação na revista Boletim da Indústria Animal, de acordo com suas normas.
� Capítulo 3: Boas práticas apícolas: manejo, apiários e infraestrutura dos
apicultores do município de Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do
Paraíba, Estado de São Paulo, o qual será submetido à publicação na revista
Boletim da Indústria Animal, de acordo com suas normas.
1 Portaria do MAPA, N0 386, D.O.U., 08/09/1997. Instrução Normativa do MAPA N0 11,D.O.U.,
23/10/2000. Instrução Normativa do MAPA N0 22, D.O.U., 25/11/2005. Resolução da ANVISA RDC N0
360, D.O.U., 26/12/2003..
11
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14
CAPÍTULO 2
15
PERFIL DA APICULTURA NO MUNICIPIO DE MONTEIRO LOBATO,
REGIÃO SERRANA DO VALE DO PARAÍBA, ESTADO DE SÃO PAULO
RESUMO: A apicultura no município de Monteiro Lobato, Estado de São Paulo
apresenta-se como atividade de exploração rural, com possibilidades de crescimento,
onde o aumento da produção de mel deverá ocorrer, impreterivelmente, com o aumento
da participação do apicultor no mercado formal, estabelecendo um novo modelo de
desenvolvimento para a apicultura familiar. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi
conhecer o perfil da apicultura na região, do apicultor e da aplicação de boas práticas de
fabricação. Para realização da pesquisa utilizou-se o levantamento dos dados
socioeconômicos junto aos apicultores, por meio de questionário, por meio do qual se
avaliou o produtor (idade, estímulo para início da atividade, tempo na atividade,
escolaridade, outras atividades exploradas, participação da apicultura na renda familiar,
aprendizado da atividade e participação em associações), produção (número de
colméias, principais floradas, principais espécies vegetais de interesse apícola e
produtividade das colméias), beneficiamento do mel (aplicação de boas práticas, uso
adequado de equipamentos e formas de armazenamento) e comercialização (embalagem
utilizada, destino de rotulagem e venda). De acordo com os dados obtidos, pode-se
concluir que esse município apresenta grande potencial para o crescimento da
apicultura; entretanto, para que este crescimento ocorra há necessidade de treinamento
técnico especializado e formalização da venda do mel por preço justo.
Palavras-chave: apicultura, desenvolvimento, município de Monteiro Lobato.
16
BEEKEEPING PROFILE OF MONTEIRO LOBATO COUNTY, SÃO PAULO
STATE
ABSTRACT: The beekeeping in the Monteiro Lobato county, São Paulo State is
presented as an activity of exploration, in the agricultural sector, with growth
possibilities, where the increase of the production of honey in the region will have to
occur, together with the increase of the participation of the beekeeper in the formal
market, establishing a new model of development for the familiar beekeeping. The goals
of this work was investigated the profile of the beekeeping in the region, the good
beekeeper and the application of practical of manufacture. For accomplishment of the
research the survey of the partner-economic data from the beekeepers was used, by
means of questionnaire, from with the producer was evaluated (age, stimulaton for
beginning of the activity, time in the activity, school level, other explored activities,
participation of the beekeeping in the familiar income, learning of the activity and
participation in associations), production (number of beehives, main flowers, main
vegetal species of apicultural interest and productivity of the beehives), improvement of
the honey (application of good practical, adequate equipment use and forms of storage
of the honey) and commercialization (used packing, destination of sales and label). In
accordance with the data, its may be concluded that the county of Monteiro Lobato
shows great potential for the growth of the beekeeping; however, so that this growth
occurs has training necessity just specialized technician and formalization of the sales of
the honey for price.
Key-words: beekeeping, development, Monteiro Lobato county.
17
INTRODUÇÃO
A cadeia produtiva da apicultura propicia a geração de inúmeros postos de
trabalho, empregos e fluxo de renda, principalmente no ambiente da agricultura
familiar, sendo determinante na melhoria da qualidade de vida e fixação do homem no
meio rural. É uma atividade importante, pois corresponde ao tripé da sustentabilidade: o
social, o econômico e o ambiental. O social por se tratar de uma forma de geração de
ocupação e emprego no campo; em relação ao fator econômico, além da geração de
renda, há a possibilidade de obtenção de bons lucros; e na questão ambiental pelo fato
de as abelhas atuarem como polinizadores naturais de espécies nativas e cultivadas,
preservando-as e, consequentemente, contribuindo para o equilíbrio do ecossistema e
manutenção da biodiversidade (Paxton, 1995).
De acordo com Ternoski et al. (2008), as relações produtivas dos pequenos
módulos familiares frente ao mercado consumidor, têm reflexos diretos sobre o modelo
de produção adotado pelas unidades familiares; percebe-se que a inserção mais efetiva
dos produtos no mercado se dá quando estes apresentam volume e produção uniforme.
Neste sentido, o mercado acaba absorvendo melhor os produtos com regularidade de
produção. A grande diversificação produtiva dos pequenos módulos familiares, aliada à
baixa quantidade produzida são entraves a inserção destes produtos em grandes redes
consumidoras. Os baixos preços refletem nos investimentos e na produção apícola,
forçando os produtores a buscarem alternativas mais rentáveis para as suas
propriedades. Desta forma percebe-se que tanto a qualidade dos produtos, a qual está
diretamente ligada ao grau de investimentos em equipamentos, quanto o volume de
produção, vêm sofrendo influências diretas das oscilações de preços no mercado
consumidor.
O município de Monteiro Lobato está situado no Vale do Paraíba no Estado de
São Paulo e surgiu como núcleo espontâneo de povoamento, um bairro rural de
Taubaté, durante a fase áurea da cafeicultura, tornando-se município no ano de 1950.
Possui população estimada de 3.789 habitantes, sendo que aproximadamente 60%
destes habitantes vivem na zona rural do município (IBGE, 2008).
A apicultura no município de Monteiro Lobato apresenta-se como atividade de
exploração rural, com possibilidades de crescimento, podendo ocasionar um aumento da
18
produção de mel na região, juntamente com o aumento da participação do apicultor no
mercado formal, estabelecendo novo modelo de desenvolvimento para a apicultura
familiar. Mas o desenvolvimento do setor apícola deverá se basear em novo modelo que
possua como principal eixo condutor o entendimento do papel da apicultura no
município, sua importância econômica como atividade geradora de renda e a própria
potencialidade de crescimento, com a conquista do mercado formal existente no
mercado consumidor local e regional. Esta ação promoverá a ruptura do “círculo
vicioso” que atualmente estimula a permanência do apicultor no mercado informal, onde
o baixo nível de produção de mel no apiário ocorre em função das próprias dificuldades
encontradas para escoar maiores volumes do produto. Para que todas estas dificuldades
sejam sanadas, torna-se importante o conhecimento do apicultor da região e a
necessidade de se traçar estratégias para o fortalecimento da cadeia apícola.
Este trabalho levantou o perfil da apicultura no município de Monteiro Lobato,
do apicultor e da aplicação de boas práticas de fabricação no município de Monteiro
Lobato, São Paulo.
MATERIAL E MÉTODOS
O município de Monteiro Lobato, estado de São Paulo, localiza-se nas
coordenadas geográficas (22º 56’ 15” S 45º 48’ 45” W), com área de 333 km2,
localizado na microrregião de Campos do Jordão (Figura 1). Apresenta clima tropical
com comportamento térmico do tipo mesotérmico brando, que engloba as superfícies
mais altas do sul de Minas Gerais, da serra do Espinhaço, da Serra do Mar e da
Mantiqueira, temperaturas amenas, com médias variando entre 18 à 19º C e
pluviometria anual média de 1758,5 mm (IBGE, 2008). O clima local condiciona a
presença da floresta subtropical perenifólia, com araucária, bem como a ocorrência de
campos (INPE, 2008).
19
FIGURA 1: Mapa dos Municípios do Vale do Paraíba destacando-se a
microrregião de Campos do Jordão e o município de Monteiro
Lobato.
Participaram da pesquisa 60% dos apicultores cadastrados na Associação de
Pequenos Produtores Rurais (APPR) do município, totalizando 10 apicultores. Para
realização da pesquisa utilizou-se o levantamento dos dados sócio-econômicos junto aos
apicultores, por meio de questionário, onde se avaliou o produtor (idade, estímulo para
início da atividade, tempo na atividade, escolaridade, outras atividades exploradas,
participação da apicultura na renda familiar, aprendizado da atividade e participação em
associações), produção (número de colméias, principais floradas, principais espécies
vegetais de interesse apícola e produtividade das colméias), beneficiamento do mel
(aplicação de boas práticas, uso adequado de equipamentos e formas de armazenamento
do mel) e comercialização (embalagem utilizada, rotulagem e destino de venda).
Na execução da pesquisa de campo utilizou-se o método de levantamento com
formulário Estruturado e Não-disfarçado, conforme Pasin (2007), já que a pesquisa
apresentou questões formais com objetivo totalmente explícito ao entrevistado (Boyd e
Westfall, 1982; Pasin, 1993).
Para aplicação do formulário de pesquisa foram realizados encontros in loco
com os apicultores nos meses de novembro e dezembro de 2008, por meio de
20
agendamento prévio, com raio de atuação de, aproximadamente, 100km2, ou seja,
basicamente um terço de todo o município. Utilizou-se critério pessoal para classificar
os resultados, sendo eles:
- Adequado dentro dos padrões estabelecidos pela ABNT, NBR, 15585. 2008
- Parcialmente Adequado: parcialmente dentro dos padrões...
- Inadequado: fora dos padrões...
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1. Produtor
O levantamento dos dados do município de Monteiro Lobato revelou que 80%
dos apicultores têm menos de 46 anos de idade (Figura 2), o que demonstra o interesse
de jovens pela atividade, além de colocar a apicultura como atividade de futuro
promissor, já que segundo Holanda Júnior (2000), a idade pode influenciar na
administração da propriedade, pois o produtor mais jovem pode apresentar expectativas
diferentes, principalmente no que se refere às mudanças, sendo teoricamente mais
receptivo a elas.
21
Idade dos Apicultores (anos)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
16-25 anos
26-35 anos
36-45 anos
46-55 anos
acima 56 anos
Apicultores (%)
Figura 2: Idade dos apicultores do município de Monteiro Lobato, região Serrana
do Vale do Paraíba Paulista.
A maioria dos apicultores (60%) relatou que o estímulo para o início na
apicultura foi a necessidade de diversificação de produtos na propriedade rural (Figura
3), sendo que 60% iniciou na apicultura há mais de seis anos (Figura 4).
Estímulo para início na Apicultura
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Diversificação
Aumento Renda
Outros
Apicultores (%)
Figura 3: Estímulo para o início do trabalho com apicultura, do município de
Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
22
Tempo na Atividade
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0-12 meses
1-2 anos
2-4 anos
4-6 anos
acima de 6 anos
Apicultores (%)
Figura 4: Tempo na atividade em anos, do município de Monteiro Lobato,
região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
Com relação ao nível de escolaridade, nenhum apicultor é analfabeto, sendo que
20% possuem ensino fundamental, 70% secundário e 10% nível superior (Figura 5). O
nível de escolaridade é uma variável importante para se determinar a capacidade de
adaptação do produtor aos novos cenários do mercado, e pode determinar a capacidade
em se decodificar as informações pertinentes às novas tecnologias e práticas de cultivo
(Confederação Nacional de Agricultura, 1999).
De acordo com Souza (2000), uma das condições essenciais para um produtor
adotar novas tecnologias é o seu conhecimento sobre as técnicas e seu modo de
aplicação, assim sendo, o município apresenta os pré-requisitos básicos para o bom
andamento e continuidade de qualquer capacitação apícola, comprovando, assim que,
mais que uma questão econômica, a implantação das técnicas é uma questão cultural.
23
Escolaridade dos Apicultores
0 20 40 60 80 100
Analfabeto
Primário
Secundário
Superior
Apicultores (%)
Figura 5: Escolaridade dos apicultores, do município de Monteiro Lobato,
região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
A apicultura é uma atividade produtiva existente nas propriedades rurais do
município de Monteiro Lobato e é desenvolvida, principalmente, por agricultores
familiares sendo a produção de mel o principal produto de exploração dentro da
atividade apícola; entretanto, a participação do mel na renda familiar não ultrapassa
10%. Tal fato pode ser explicado devido às dificuldades de comercialização do produto,
já que a legalização exige altos investimentos em infra-estrutura de beneficiamento.
Entretanto, a região apresenta grande potencial de crescimento para a atividade,
pois de acordo com a Secretaria Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo,
mais de 90% das ocupações do solo do município são constituídas de reflorestamento,
matas naturais e pastagens, ou seja, com espécies vegetais propícias para a produção de
mel. Este fato sugere que a apicultura tem condições de colaborar com boa porcentagem
na formação da renda familiar, desde que a atividade seja mais bem estruturada na
região.
Além da apicultura, os produtores rurais exploram outras atividades em suas
propriedades, como agricultura (40%) e pecuária (10%).
24
Com relação ao papel da apicultura na formação da renda familiar, verificou-se
que para metade dos apicultores a atividade fornece 10% da renda mensal, até 20% para
dois apicultores, 30% para um apicultor e mais de 40% para dois apicultores (Figura 6).
Pode-se constatar que 80% dos apicultores receberam ou recebem algum
treinamento técnico, 50% adquiriram, além dos treinamentos, conhecimentos do dia-a-
dia e que todos participam da Associação de Apicultores de Monteiro Lobato (Figura 7).
Segundo Bendini et al. (2002), 12,7% dos apicultores do Vale do Paraíba
encontram-se na cidade de Monteiro Lobato, provavelmente devido ao considerável
potencial apícola da região. Estes autores constataram também que esses apicultores
residem em municípios diferentes de onde estão instalados seus apiários, possivelmente
revelando a apicultura como renda secundária (“hobbista”). Entretanto, verificou-se
neste trabalho que 80% dos apicultores entrevistados residem na propriedade rural. De
acordo com Carbajal (1991), o local de residência pode influenciar a adoção de
tecnologia, pois se verificou que os produtores que residem na unidade de produção
possuem maiores condições de adotar novas técnicas, em virtude da facilidade de
acompanhar o desenvolvimento da atividade.
Participação da Apicultura na Renda Familiar
0 20 40 60 80 100
Até 10%
Até 20%
Até 30%
Até 40%
Mais de 40%
Apicultores (%)
Figura 6: Participação da apicultura na formação da renda familiar dos
apicultores do município de Monteiro Lobato, região Serrana do
Vale do Paraíba Paulista.
25
Aprenzidado da Atividade
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Treinamento
Prática
Apicultores (%)
Figura 7: Aprendizado da atividade dos apicultores do município de Monteiro
Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
2. Produção
Bendini et al. (2002), em trabalho realizado no Vale do Paraíba, observaram que
21,87% dos apicultores possuíam de cinco a 25 colméias, 46,87% possuíam entre 26 a
50 colméias, 15,62% possuíam de 51 a 100 colméias e 15,62% possuíam mais de 100
colméias. Este fato pode ser explicado pela época do estudo, quando houve incremento
em relação à apicultura brasileira, pelo embargo ao mel proveniente da China pelo
mercado mundial, colocando o Brasil em situação privilegiada, promovendo o aumento
do número de colméias entre os apicultores para suprir esta demanda.
Neste trabalho, constatou-se que 70% dos apicultores entrevistados possuem até
20 colméias, sendo que apenas 20% dos apicultores possuem de 20 a 50 colméias
(Figura 8) e 10% dos apicultores possuem mais de 50 colméias, demonstrando potencial
para o desenvolvimento da apicultora nesta região corroborando com Pasin (2007)
relatou que 62,9% das Unidades de Produção Apícolas do Vale do Paraíba tinham até
20 colméias produtivas em seu apiário, caracterizando com a tipologia-familiar, e o
restante, enquadra-se entre tipologia-familiar-profissional.
26
. Para Silva (2000) o número de colméias presentes no apiário estabelece qual a
tipologia a ser designada para unidade produtiva apícola. Segundo o mesmo autor, a
presença de até 20 colméias caracteriza a apicultura como familiar.
Número de Colméias
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Até 20
20 a 50
Acima de 50
Apicultores (%)
Figura 8: Número de colméias dos apicultores do município de Monteiro
Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
Com relação à produtividade anual de mel (quilograma) por colméia, 10% dos
apicultores afirmaram produzir entre 10 a 20 Kg enquanto (90%) produziam acima de
41 kg (Figura 9).
Silva (1996), estudando os apicultores do Vale do Paraíba, relatou que 47,61%
dos apicultores produziam de 10 a 15 kg de mel por florada, 38% de 16 a 25 kg de mel
por florada e 9,52% dos apicultores mais de 40 kg de mel por florada, sendo que a
maioria dos produtores (41,16%) dispõe de duas floradas por ano e os meses de colheita
do mel são principalmente agosto (15,73%) e dezembro (14,69%).
O Vale do Paraíba ainda é considerado, diferentemente de outras regiões do
Estado de São Paulo, região privilegiada para a apicultura por contemplar reservas de
matas e baixos índices de utilização de agrotóxicos. Atualmente, a referida região conta
com produção de 157.370 Kg de mel que representa 6,2% da produção do Estado de
São Paulo, segundo dados relativos à Produção Pecuária Municipal do Sistema IBGE de
Recuperação de Automática (IBGE, 2008).
27
Produtividade Kg/caixa/ano
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Ainda não produz
01-10 kg
11-20 kg
21-30 kg
31-40 kg
41 kg ou mais
Apicultores (%)
Figura 9: Produtividade Kg/cx/ano/apicultores do município de Monteiro
Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
Os principais períodos de safra coincidem com a ocorrência de espécies
melíferas em florescimento. De acordo com Lamoglia (2008), durante a principal safra
melífera, foram observadas 26 espécies vegetais, pertencentes a 14 famílias botânicas
sendo visitadas por Apis mellifera na região de proximidade ao Apiário-Escola, no
município de Monteiro Lobato. Com o levantamento realizado, Croton floribundus
(capixingui), Croton urucurana (sangra d´água) e Eucalipptus spp. (eucalipto),
apresentam o maior período de florescimento e fornecem néctar e pólen em abundância
às abelhas. Nesse sentido, pode-se inferir que o conhecimento dos apicultores em
relação às plantas apícolas é condizente ao observado no levantamento realizado, fator
considerado positivo no que tange a produção de mel na região.
28
3. Beneficiamento da Produção
No município de Monterio Lobato há uma apenas uma Casa do Mel, que atende
os apicultores cadastrados na APPRML desde 2008 equipada com centrífuga, mesa
desoperculadora, garfo desoperculador, balde e decantador de inox, para beneficiamento
do mel. Dos apicultores entrevistados, 30% relataram aplicar totalmente as Boas
Práticas de Fabricação (BPF) em suas respectivas Unidade de Extração de Mel (UEM),
20% parcialmente e, 50% nunca aplicaram as BPF. Estes dados merecem atenção, pois
a garantia da qualidade final do produto está no beneficiamento que o apicultor realiza
na UEM, garantindo, desta forma, produto de qualidade e com mínimo risco para a
saúde dos consumidores.
Dentro deste contexto, o uso de equipamentos em aço inoxidável que atenda às
regulamentações do manuseio de alimentos, torna-se extremamente necessário.
Constatou-se que 10% dos apicultores não usam equipamento adequado, 30% usam
parcialmente e 60% possuem ou utilizam todos os equipamentos e utensílios adequados
(mesa desoperculadora, centrífuga, decantadores, peneiras, garfos e baldes, dentre
outros). Ainda, 50% dos apicultores armazenam o produto de forma adequada, após o
beneficiamento, 40% de forma parcialmente correta, e 10% dos apicultores não se
preocupam em armazenar o mel de forma correta.
4. Comercialização
Segundo Pasin (2007), o desenvolvimento regional sustentável não se resume a
um simples arranjo, onde a resolução de determinados problemas concentram-se em
alguns fatores específicos. Ressalta, ainda, que sustentabilidade e fortalecimento da
comunidade são fundamentais para o desenvolvimento local, contemplando autonomia,
democracia, dignidade humana, solidariedade, equidade e respeito ao meio ambiente.
Assim, são diversas as maneiras e se interpretar a constituição do arranjo produtivo
local.
Dos apicultores entrevistados, 100% não possuem selo de inspeção (municipal,
estadual ou federal) para a comercialização do mel, sendo obrigados a vender seu
29
produto no mercado informal, sendo o principal destino da produção o mercado local
(praticado por 70% dos apicultores) e regional (40% dos apicultores).
A principal a embalagem utilizada para venda do mel é o vidro (potes ou
garrafas), praticada por 100% dos apicultores. Além do vidro, 30% comercializam o
produto em embalagem plástica, 10% em saches e 10% em baldes de plástico atóxico
(Figura 10). Com relação à rotulagem, 80% dos apicultores não possuem rótulo
padronizado, 10% possuem rótulo parcialmente adequado e apenas 10% possuem
rotulagem adequada do mel.
Como a comercialização do mel ocorre de forma informal, todos os apicultores
vendem sua produção diretamente para o consumidor final, sendo que apenas 10%
comercializa pela Associação e 10% no mercado varejista.
Embalagem do mel
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Pote de vidro
Pote de plástico
Bisnagas
Latas
Outros (baldes atóxicos etc.)
N/A
Apicultores (%)
Figura 10: Embalagem utilizada para a comercialização do mel pelos
apicultores do município de Monteiro Lobato, região Serrana do
Vale do Paraíba Paulista.
30
CONCLUSÕES
De acordo com os dados, pode-se concluir que a prática da apicultura no
município de Monteiro Lobato é recente, caracterizada pelo baixo número de colméias e
100% da comercialização do mel no mercado informal, o que representa um entrave para
seu desenvolvimento. Entretanto, o município apresenta grande potencial para o
crescimento da apicultura, sendo necessário treinamento técnico especializado e
formalização da venda do mel.
31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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32
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33
Capítulo 3
34
BOAS PRÁTICAS APÍCOLAS: MANEJO, APIÁRIOS E INFRAESTRUTURA
DOS APICULTORES DO MUNICÍPIO DE MONTEIRO LOBATO, REGIÃO
SERRANA DO VALE DO PARAÍBA, ESTADO DE SÃO PAULO.
RESUMO: Quando se fala em qualidade para a indústria de alimentos, o aspecto
segurança do produto é sempre um fator determinante, pois qualquer problema pode
comprometer a saúde do consumidor. Na indústria brasileira de alimentos, este processo
encontra-se em franca expansão. Assim, observa-se a importância de se estabelecer
práticas no campo, funcionando como estratégia para tornar o Brasil capaz de inserir-se
na cadeia apícola mundial com competitividade. Por esta razão, há a enorme
importância de efetuar trabalhos que envolvam as Boas Práticas Apícolas (BPA) no
Campo. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a aplicação das
BPA entre os apicultores do município de Monteiro Lobato, Estado de São Paulo.
Participaram do projeto dez apicultores, sendo a pesquisa realizada por meio de
questionário, discriminando-se o local de instalação do apiário; indumentária apícola;
utensílios e local para o armazenamento dos equipamentos, no período de novembro e
dezembro de 2008, bem como por captura das demais informações por meio do sistema
Internet, e levantamento de dados in loco, ou seja, no próprio apiário, percorrendo uma
área de 100km2. Pelos resultados obtidos conclui-se que somente com a adoção de
técnicas de apicultura racional e conhecimento de técnicas de Boas Práticas Apícolas no
Campo será possível garantir maior ganho no final do ciclo do manejo, que é a colheita
do mel; e a resistência dos apicultores em adotar estas técnicas baseia-se na questão
socioeconômica.
Palavras-chave: Apis mellifera, boas práticas apícolas no campo, município de
Monteiro Lobato, manejo de apiário.
35
GOOD PRACTICAL APICULTURAL: HANDLING, APIARY,
INFRASTRUCTURE OF THE BEEKEEPERS OF THE MONTEIRO LOBATO
MOUNTAINOUS REGION OF VALE DO PARAÍBA , SÃO PAULO STATE
ABTRASCT: When it is said in quality for the food industry, the aspect security of the
product is always a determinative factor; therefore any problem can compromise the
health of the consumer. In the Brazilian food industry, this process meets in frank
expansion. Thus, observe the importance of if also establishing practical in the field,
functioning as strategy to become Brazil capable to insert itself in world-wide the
apicultural chain with competitiveness. For this reason, it has the enormous importance
to effect works that involve Good Practical the Apicultural ones in the Field (BPA). In
this direction, the present work had as objective main to evaluate the application of the
BPA between the beekeepers of the county of Monteiro Lobato, São Paulo State. 10
beekeepers had participated of the project that had filled a spread sheet in the proper
apiary, discriminating themselves the place of installation of the apiary; apicultural
clothes; utensils and place for the storage of the equipment, in the period of November
and December of 2008, in an area of approximately 100km2. For the gotten results one
concludes that only with adoption of techniques of rational beekeeping and knowledge
of BPA techniques they will guarantee a bigger profit in the end of the cycle of the
handling, that is the harvest of the honey; e the resistance of the beekeepers in adopting
these techniques is based on the socioeconomic question.
Key-words: Apis mellifera, good practical apicultural, Monteiro Lobato, handling
36
INTRODUÇÃO
A atividade apícola requer baixo investimento inicial, se comparada a outras
atividades agropecuárias, visto exigir um baixo investimento inicial, em torno de R$
10.000 para 100 colméias, e uma taxa esperada de retorno de 277% em seis anos.
Para a instalação de um apiário, basicamente basta levar em consideração a
escolha do local, pasto apícola, facilidade de acesso, fontes de água, distribuição das
colméias, sombreamento e outros detalhes que se não observados poderão comprometer
a produção e qualidade na apicultura (Wiese, 2000; Couto e Couto, 2002).
O sistema de produção de mel é simples e pode ser divido em cinco partes:
equipamentos, manejo, colheita de mel, pós-colheita e gestão da produção. O processo
produtivo relaciona-se diretamente com o manejo, ou seja, os trabalhos realizados na
colméia. É ele, juntamente com o pasto apícola, que influenciará diretamente na
produção do mel. As demais etapas correspondem à proteção dos apicultores e cuidados
após a retirada dos produtos que poderão influenciar na comercialização e, portanto, na
competitividade de mercado (Sebrae, 1999).
Até o final da década de 80, grande parte do mel brasileiro era
comercializado diretamente do apicultor para o consumidor, sem qualquer
controle higiênico-sanitário dos órgãos de inspeção, ou quanto às características
físicas, químicas e biológicas do produto (Sattler, 1996).
No Brasil, apesar de existirem alimentos com padrões de excelência
comparáveis aos produzidos nos países do Primeiro Mundo, ainda existem problemas
que comprometem a qualidade e apresentam riscos à saúde humana. Apesar das Boas
Práticas de Fabricação e do método de Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle
estarem estabelecidos na legislação por meio de leis, decretos e portarias (Portarias Nº
1428 / 93 e Nº 326 / 97 do Ministério da Agricultura (MA); Portarias Nº40/98 e 46/98
do MA), sua aplicação apesar de notáveis exceções, é quase inexistente (Brandimarti,
1999). Assim, compromete-se o programa que foi criado para ser um conjunto de
princípios e regras para o correto manuseio de alimentos, que abrangem desde a
recepção das matérias-primas até o produto final, tendo como seu principal objetivo a
garantia da integridade do alimento e saúde do consumidor.
37
Várias medidas corretivas devem ser implantadas para atingir êxito na segurança
dos alimentos (Lovatti, 2004). De acordo com a Portaria Nº. 326 do Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS/MS), as Boas Práticas de Fabricação são
constituídas por critérios higiênico-sanitários essenciais para manutenção do alimento
em condições adequadas para o consumo humano. Essa mesma portaria exige para
estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos, o manual de BPF e sugere
os Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO) para que estes facilitem e
padronizem a montagem do manual de BPF (BRASIL, 1997). A mesma exigência é
feita na Portaria Nº. 368 (BRASIL, 1997) do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) (Ribeiro-Furtini e Abreu, 2006).
Considera-se que o mel de melhor qualidade é o da colméia. Assim, até ocupar
as prateleiras dos supermercados, o mel passa por diversas operações para estabilizá-lo
contra fermentação, como a remoção de materiais estranhos indesejáveis (White, 1994).
Desta maneira, observa-se que o cuidado com a qualidade do mel começa no apiário,
por ser muito sensível e com a capacidade de perder qualidade pelo manejo inadequado.
Assim, vê-se a necessidade da aplicação de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e
Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), como medidas preventivas
de conduta, através do conhecimento das medidas utilizadas no Controle Higiênico-
sanitário em Alimentos (Silva Junior, 1995). Assim, durante o processo de extração,
beneficiamento e armazenamento do mel deve-se atentar aos critérios básicos de
segurança da qualidade do produto, através da APPCC, cujo objetivo é a obtenção do
alimento isento de contaminações prejudiciais à saúde do consumidor, como sugere
Bassi (2000).
Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a aplicação das
Boas Práticas Apícolas entre os apicultores do município de Monteiro Lobato - São
Paulo, focando principalmente o manejo, apiários, infraestrutura até a chegada do
produto as Unidade de Extração de Mel.
38
MATERIAIS E MÉTODOS
O município de Monteiro Lobato – São Paulo localiza-se nas coordenadas
geográficas (22º 56’ 15” S 45º 48’ 45” W), com área de 333 km2, localizado na
microrregião de Campos do Jordão. Apresenta clima tropical com comportamento
térmico do tipo mesotérmico brando, que engloba as superfícies mais altas do sul de
Minas Gerais, da serra do Espinhaço, da Serra do Mar e da Mantiqueira, temperaturas
amenas, com médias variando entre 18 à 19º C e pluviometria anual média de 1758,5
mm (IBGE, 2006). A escolha deste município se justifica pela presença de apicultores
cadastrados na Associação de Pequenos Produtores Rurais (APPR) e pela inserção dos
mesmos no Projeto do Centro de Estudos Apícolas (CEA) do Departamento de Ciências
Agrárias da Universidade de Taubaté.
Participaram do Projeto dez apicultores, sendo a pesquisa realizada por meio de
questionário, discriminando-se o local de instalação do apiário; indumentária apícola;
utensílios e local para o armazenamento dos equipamentos, no período de novembro e
dezembro de 2008, bem como por captura das demais informações por meio do sistema
Internet, e levantamento de dados in loco, ou seja, no próprio apiário, percorrendo uma
área de 100km2.
Na execução da pesquisa de campo utilizou-se o método de levantamento
através de formulário Estruturado e Não-disfarçado, conforme Pasin (2007), já que a
pesquisa apresentou questões formais com objetivo totalmente explícito ao entrevistado
(Boyd e Westfall, 1982; Pasin, 1993).
Para anotação dos dados no campo, além de fotografias e vídeos, estabeleceu-se
uma planilha de fácil preenchimento in loco, utilizando-se critério pessoal, classificando
em três itens, sendo eles:
- Adequado dentro dos padrões estabelecidos pela ABNT, NBR, 15585. 2008
- Parcialmente Adequado: parcialmente dentro dos padrões...
- Inadequado: fora dos padrões...
.
39
Foram avaliados materiais e manejo (fumegador, material de combustão,
alimentação energética e pasto apícola), localização do apiário (declividade,
proximidade de fonte de água, sombreamento e uso de agroquímicos), indumentária
(macacão, luva, máscara e bota), utensílios e equipamentos (formão, vassourinha,
colméia completa, tela excluidora de rainhas, cavalete, cobertura e cera).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1. Materiais e Manejo
Com relação ao equipamento fumegador, verificou-se que 50% estavam em
condições adequadas, 20% condições parcialmente adequadas (tampa ou fole
praticamente desgastados) e 30% em condições inadequadas (tampa, fole e corpo do
fumegador completamente inutilizáveis) (Fig. 11).
A fumaça é considerada o principal item de segurança do apicultor, já que
mantêm as abelhas no interior da colméia, devendo ser fria, sem faíscas e contínua,
dirigida sobre os quadros. Para uso da fumaça deve-se utilizar material carburante, que
produza odor agradável utilizando-se para isto, folhas de eucaliptos, erva cidreira
misturada à serragem; não se deve usar dejetos animais. A fumaça não deve ser dirigida
aos favos contendo mel (evitando que o produto adquira sabor desagradável) ou cria
(que pelo excesso de fumaça acaba por intoxicar as mesmas). A fumaça é aplicada no
sentido horizontal da colméia quando nenhum quadro estiver exposto (Barreto et al.,
2006).
Em relação ao material utilizado para a combustão do fumegador, 100% usa
maravalha ou serragem, ou seja, material tecnicamente recomendado (Wiese, 2000), e
emitindo menos fuligem em relação a outros tipos de materiais, diminuindo a
contaminação do produto final, bem como utilizavam capim seco, ou meio seco com
folhas de eucalipto, colhidos nas proximidades do apiário. Deve-se ter muita cautela em
relação a escolha do material carburante, e somente a fumaça rica em gás carbônico
vegetal é perfeitamente tolerada pelas abelhas africanizadas, conduzindo-as a proceder
corretamente.
Segundo Neves (2006), na utilização do fumegador é necessário ter atenção,
visto que o mel é um produto que pode absorver odores com facilidade, mesmo com os
40
favos intactos nos quadros, pois a utilização excessiva da fumaça alterará as
características organolépticas do mel.
Fumegador
50%
20%
30%
Adequado Parcialmente Adequado Inadequado
Figura 11: Condições do fumegador utilizado por apicultores do
município de Monteiro Lobato, região Serrana do Vale
do Paraíba Paulista.
Em Monteiro Lobato, 90% dos apicultores não administram a alimentação
energética para suas abelhas. A alimentação, composta de água e açúcar, deve ser
administrada nos períodos de estiagem, no sentido de seus enxames manter a condição
biológica ideal para a produção de mel antes da chegada da próxima florada disponível.
Nos períodos de escassez, as abelhas permanecem nas colméias consumindo
suas reservas, enquanto há diminuição de atividades pelas operárias, influenciando
diretamente na postura de ovos pela abelha rainha, por falta de euforismo. Com isso, há
uma redução populacional drástica na colméia, determinante para a baixa produção de
mel (Lengler, 2002). Os apicultores não fornecem alimentação às colméias acreditando
que apenas a flora apícola disponível nas proximidades do apiário oferece este suporte,
mesmo no período da seca; porém, os principais períodos de safra (colheita) coincidem
com a ocorrência de espécies melíferas em florescimento.
41
Todavia, verificou-se que em 100% dos apiários visitados, os apicultores
realizam o plantio com plantas de interesse apícola, estando o entorno em condições
adequadas, com flora produtiva.
A flora apícola ideal é a que fornece alimento o ano todo às colméias,
possibilitando desenvolvimento constante, que propiciasse colheita do mel em boa
quantidade e qualidade. Porém, o potencial florístico diferencia-se entre regiões,
resultando em produções concentradas em determinados períodos (Silveira, 1983).
Segundo Hebert Jr (1992), as abelhas requerem nutrientes como proteínas, carboidratos,
sais minerais, vitaminas e lipídeos, fornecidos em parte pelo pólen e néctar
(carboidratos).
Lamoglia (2008), concluiu que os apicultores do município de Monteiro Lobato,
mesmo considerados pequenos, apresentavam um conhecimento satisfatório sobre as
plantas da região, tais como Croton floribundus (capixingui), Croton urucurana (sangra
d´água) e Eucalipptus spp. (eucalipto), que forneciam pelo maior período de
florescimento, néctar e pólen em abundância às abelhas. Tais fatores representam
características positivas para a produção de mel da região. Nesse sentido, pode-se inferir
que o conhecimento dos apicultores em relação às plantas apícolas é condizente ao
observado no levantamento realizado, fator considerado positivo no que tange a
produção de mel na região.
2. Localização dos apiários
Neste levantamento, observou-se que cerca de 20% dos apiários estão
localizados em áreas em condições inadequadas, de acesso ruim, uma vez que o
município é cercado por muitos morros e encostas, comprometendo a produção (Figura
12). Este fato oferece grande dificuldade ao manejo, exigindo gasto de energia por parte
do apicultor, pois muitos acessos são realizados a pé, por pontes improvisadas, bem
como em locais de baixada. Porém, 60% estavam com seus apiários em locais de acesso
parcialmente adequado, pois havia a possibilidade de entrar com meio de transporte até
próximo ao apiário, mas ainda com certo nível de dificuldade para caminhar dentro do
mesmo devido ao tamanho do mato ou a estrada de acesso. Cerca de 20% dos apiários
42
estavam localizados em áreas em condições adequadas, em local ótimo, de fácil acesso
tanto a pé, quanto por automóvel, além de área com distância segura de pocilgas e
currais, bem como água corrente de boa procedência próximo ao local.
Para se instalar um apiário, deve-se levar em consideração a proximidade de
baixadas, evitando-as, bem como topo de encostas altas. Os pontos intermediários são
os mais adequados (Sommer, 1995).
A disponibilidade de água em 70% dos apiários estava em condições adequadas,
já que quase todos os apiários tinham nascentes na própria área onde se encontravam, e
apenas 20% era água em condições inadequadas, local com um pequeno lago de água
parada, onde o gado bebia e depois pastava sem qualquer separação entre eles, e 10%
em condições parcialmente adequadas. Segundo Munhoz (1995), fonte de água com
distâncias inferiores a 500 metros da colméia favorece a produção.
Figura 12: Acesso inadequado ao apiário do município de
Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba
Paulista.
A questão de sombreamento era uma das mais contrastantes, já que 50% dos
apiários estavam em local extremamente sombreado (Figura 13) e 50% dos apiários
estavam em local sem sombra. Abelhas são insetos, e estes são animais de sangue frio,
43
ou poiquilotermos, pois mantêm sua temperatura corpórea próxima a do meio ambiente.
Assim, as abelhas tendem a ventilar a colméia em altas temperaturas, ou vedar as
entradas de ar frio sob baixas temperaturas, sendo que a temperatura ideal deve oscilar
entre 34,5° a 35,0° C (Nakaiama e Takahashi, 1980). Estando em local sombreado
demais prejudica a produção, verificando-se, inclusive, gotículas de condensação, o que
pode afetar a qualidade do mel. Por outra via, apiários sem qualquer sombreamento
prejudicam a qualidade e quantidade do mel, já que a pleno sol há estresse para as
abelhas, uma vez que elas tendem a disponibilizar um tempo maior para refrescar a
colméia e desidratar o mel. Souza e Araújo (1994), ao estudarem o efeito do
sombreamento na variação térmica em colméias de Apis mellifera no Nordeste
brasileiro, concluíram que colméias à sombra apresentam temperaturas mais próximas
da ideal para a incubação de crias, mostrando um melhor desenvolvimento.
Figura 13: Sombreamento em apiário do município de
Monteiro Lobato, região Serrana do Vale
do Paraíba Paulista.
Outro dado muito importante, e que vale salientar, é que 100% dos apiários
visitados não apresentavam qualquer uso de agrotóxico na agricultura, já que, por serem
pequenos agricultores, descreviam que em suas pequenas plantações não faziam uso de
qualquer agroquímico, estando dentro dos padrões de qualidade estabelecidos pela
Instrução Normativa nº 11, de 20.10.2000 do MAPA. Não basta o apicultor utilizar uma
área rural para instalar suas colméias, a escolha deve ser criteriosa, levando-se em
44
consideração a utilização de agroquímicos, tanto em culturas bem como em animais. A
poluição não é “privilégio” somente das áreas urbanas; infelizmente algumas áreas
rurais já estão comprometidas a partir de contaminações do ar, água e solo. Ainda não
existem, na maioria dos países, leis que disciplinem a localização dos apiários, porque o
assunto é mais uma questão de ética profissional entre os apicultores, do que a
necessidade de interferência do governo. A saturação das áreas de vegetação melífera
provocada pela existência de abelhas externas e pelo número excessivo de colméias e
apiários em um mesmo raio de atividades das abelhas, podem comprometer, parcial ou
totalmente, a produção de mel de uma região (Wiese, 2000).
3. Indumentária apícola
Em relação às indumentárias apícolas, os macacões, bem como as máscaras
apresentavam-se 50% em condições adequadas, 30% em condições parcialmente
adequadas e 20% em condições inadequadas; luva 20% em condições adequadas, 50%
em condições parcialmente adequadas e 30% em condições inadequadas; e bota 30%
em condições adequadas, 40% em condições parcialmente adequadas e 30% em
condições inadequadas (Figura 14).
Figura 14: Indumentária adequada de apicultor do
município de Monteiro Lobato, região Serrana
do Vale do Paraíba Paulista.
45
Estes dados revelam que o cuidado com as indumentárias não é valorizada por
apicultores, podendo ser explicado pela inexistência de Serviço de Inspeção,
desobrigando os mesmos da responsabilidade de apresentar indumentária limpa, além
do desconhecimento do quanto isto pode prejudicar a qualidade do mel, podendo carrear
ovos de traças e microorganismos aderidos às vestimentas, ou as luvas, para dentro da
colméia/melgueira. Isto corrobora com Bastos e Magalhães (2008) que verificaram em
seu levantamento a mesma situação ao indicarem os pontos críticos na cadeia apícola.
4. Utensílios e equipamentos apícolas
Verificou-se que 30% do formão utilizados pelos apicultores estavam em
condições adequadas, 40% em condições parcialmente adequadas e 30% em condições
inadequadas, além de 30% utilizarem uma faca para o mesmo fim. Isso implica em
diversos problemas, já que o formão adequado funciona para destacar quadros, raspar a
própolis, esmagar traças, dentre outras ações, devendo ser sempre limpo e desinfetado
após seu uso. A razão para estarem parcialmente adequados é um fator cultural, pois os
mesmos acham que conseguem realizar as ações com uso de equipamento similar.
Figura 15: Formão adequado de apicultor do município
de Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do
Paraíba Paulista.
46
A vassourinha é um utensílio inexistente para 90% dos apicultores, quando os
mesmo preferem varrer com as mãos as abelhas, além de chacoalhar as partes da
colméia para liberação das abelhas aderidas. O que acontece é que, ao utilizaram-se as
mãos para “varrer”, esmaga-se grande quantidade de abelhas, e estas liberam
feromônios de alarme (isopentilacetato e 2-heptanona), que as deixam mais defensivas,
causando maiores mortes para estas, bem como maior stress ao apicultor.
Em relação à colméia completa, (fundo, tampa, ninho e sobreninho ou
melgueira), foi verificado que 70% (Figura 16) estavam em condições adequadas e 30%
em condições inadequadas. A colméia não deve apresentar internamente, pintura, e deve
seguir o padrão Langstroth para otimizar o manejo e beneficiamento do mel.
Figura 16: Colméia de apicultor do município de Monteiro
Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
Com relação aos cavaletes, 50% estavam em condições adequadas e 50% em
condições inadequadas (Figura 17), corroborando com os resultados encontrados em
Bastos e Magalhães (2008), que verificaram situação semelhante no Estado de Minas
Gerais. O mau dimensionamento dos cavaletes interfere na saúde do apicultor, atingindo
a ergonomia, já que dificulta o manejo, e apresentando uma apicultura sem eficiência
(Silva e Silva, 1990), além de estarem entre 40 e 50 cm do solo (PAS, 2008).
47
Figura 17: Cavalete de apicultor do município de Monteiro
Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba Paulista.
Em relação à tela excluidora de rainhas, observou-se que a maioria a utiliza,
sendo que 50% estavam em condições adequadas e 50% em condições inadequadas,
quebradas ou em má condição de uso. Destes 50% que estavam em condições
adequadas, observou-se que os apicultores entendem que restringir a postura da rainha
ao ninho, acarreta na separação de ovos e larvas dos favos de mel, diminuindo uma
possível fonte de contaminação.
Em relação aos resultados encontrados com o uso da cobertura (telhas) em bom
estado, 60% estavam em condições adequadas (Figura 18) e 40% em condições
inadequadas (Figura 19). Este resultado indica que estes materiais não estão em uma
escala de importância alta para os mesmos, mas esta atitude deve ser modificada, pois
há tendência em perceber que o uso das mesmas inibe o desgaste das colméias pela ação
das intempéries, gerando assim, maior economia com o passar do tempo. Segundo
Raimundo e Oelke (1988), o aumento da produtividade observado nas colméias que
receberam cobertura de telhas de amianto, e principalmente latas de sucata, auxiliou a
regulação térmica interna da colméia.
48
Figura 18: Cobertura adequada de apiário do município de
Monteiro Lobato, região Serrana do Vale do Paraíba
Paulista.
Figura 19: Cobertura inadequada de caixa em apiário do
município de Monteiro Lobato, região Serrana
do Vale do Paraíba Paulista.
Com relação à cera bruta alveolada, 70% estavam em condições adequadas de
armazenamento, em local arejado e embaladas em plástico atóxico (Figura 21), e 30%
49
estavam em condições inadequadas, embaladas em papel jornal ou, até mesmo, sem
embalagem (Figura 20). Nota-se o mesmo processo de crescimento satisfatório de
retirada de quadro de cera velha e inserção de quadro de cera nova, gradativamente, por
70% dos apicultores. Isto atinge diretamente o ganho na produção do mel, pois quadros
velhos, com alvéolos menores, servindo de berço para crias menores, ocasionam o
decréscimo na produção e, quando afeta diretamente o ganho do apicultor (Wiese,
2000). É uma modificação fácil de ser inserida dentro das atividades corriqueiras do
apiário. Se há troca de cera alveolada por uma de melhor qualidade, consequentemente
a cera bruta também assim será. Isto foi verificado durante todo o processo deste
levantamento.
Figura 20: Cera armazenada inadequadamente de apicultor
do município de Monteiro Lobato, região Serrana
do Vale do Paraíba Paulista.
50
Figura 21: Cera armazenada adequadamente de apicultor do
município de Monteiro Lobato, região Serrana
do Vale do Paraíba Paulista.
Os apicultores de Monteiro Lobato estão em uma fase de transição,
compreendendo que a utilização de colméias, quadros e cavaletes dentro dos padrões é
muito importante para o bom andamento de todo o processo, além da importância para a
ergonomia, determinando que o apicultor possa trabalhar em condições adequadas.
O desconhecimento ou negligência na aplicação das Boas Práticas de Higiene
por parte dos apicultores nas fases de extração do mel levam à sua contaminação e,
consequentemente, a alterações da qualidade (fermentações indesejáveis) ou
toxinfecções alimentares (botulismo infantil) que acarretam, muitas vezes, elevados
custos sociais e econômicos (European Comission, 2002).
Pereira et al. (1996) já sugeriram que para solucionar problemas relativos à
perda das características do mel, é necessária a adoção de práticas de medidas corretivas
em apiários, a fim de fornecer um produto de melhor qualidade.
Paula (2002), estudando a infraestrutura de beneficiamento dos produtos
apícolas no Vale do Paraíba, avaliou cinco apiários objetivando a adequação às Boas
Praticas de Elaboração e Fabricação, e os resultados encontrados demonstram que os
estabelecimentos visitados necessitam de ações corretivas. A infraestrutura de
processamento de produtos apícolas regional, também foi avaliada quanto a implantação
51
do Plano APPCC, concluiu que existe grande necessidade de investimentos em
infraestrutura e treinamentos envolvendo os proprietários e manipuladores.
O PAS (2008) define Boas Práticas Apícolas (BPA) como a ferramenta para
garantia da produção segura na apicultura e está relacionada aos cuidados aplicados em
todo o processo produtivo, desde o campo até a extração e envio do mel ao entreposto.
Além disso, sua aplicação é de responsabilidade do apicultor, que deve ter o
compromisso de garantir a qualidade e segurança do mel que será entregue no
entreposto.
No município de Monteiro Lobato a resistência dos apicultores em adotar estas
técnicas baseia-se na questão socioeconômica e cultural como fatores determinantes.
Mesmo assim, gradativamente, a continuidade deste trabalho no município vem
atingindo resultados satisfatórios, já que estimulou os mesmos com a inclusão de
materiais e equipamentos novos em seu Apiário-escola, servindo de exemplo para os
participantes. Entretanto, não basta doar materiais esperando aumento da qualidade por
esta ação. É necessária a explicação da importância do uso de cada um deles dentro dos
padrões, para determinar o acréscimo na produção e melhoria da qualidade dos
produtos.
Assim, ressaltamos que os apicultores do município de Monteiro Lobato
necessitam de treinamento técnico para adequação às Boas Práticas Apícolas no Campo.
Somente com adoção de técnicas de apicultura racional e conhecimento de técnicas de
Boas Práticas Apícolas no Campo garantirão maior ganho no final do ciclo do manejo,
que é a colheita do mel.
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CONCLUSÕES
Pode-se concluir que em relação aos seguintes itens avaliados:
a) materiais e manejo (fumegador, material de combustão, alimentação
energética e pasto apícola): no geral, estão parcialmente adequados, já que os materiais
necessitam de ajustes para realização do manejo adequado, pois há comprometimento
da produção em relação ao mal uso, já que é uma questão mais cultural do que
socioeconômica. Vale a pena ressaltar que em Monteiro Lobato, 90% dos apicultores
não administram a alimentação energética para suas abelhas, o que compromete, ainda
mais, a produção de mel.
b) localização do apiário (declividade, proximidade de fonte de água,
sombreamento e uso de agroquímicos): 60% estavam com seus apiários em locais de
acesso parcialmente adequado, pois havia a possibilidade de entrar com meio de
transporte até próximo ao apiário, mas ainda com certo nível de dificuldade para
caminhar dentro do mesmo devido ao tamanho do mato ou a estrada de acesso. A
disponibilidade de água em 70% dos apiários estava em condições adequadas, 50% dos
apiários estavam em local extremamente sombreado, o que também compromete a
produção, pois favorece aparecimento de fungos.
c) indumentária (macacão, luva, máscara e bota), utensílios e equipamentos
(formão, vassourinha, colméia completa, tela excluidora de rainhas, cavalete, cobertura
e cera): o cuidado com as indumentárias não é valorizada por apicultores, talvez por
não serem inspecionados pelo serviço de Vigilância Sanitária, concluindo que os
materiais não estão em uma escala de importância muito alta para os apicultores.
Todas as correções poderão acontecer, efetivamente, se houver continuidade de
atendimento técnico especializado no município de Monteiro Lobato, afim de
demonstrar, financeiramente, o ganho que se obtêm ao realizar manejo adequado.,
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