MARIANA MONTENEGRO SILVA Efetividade da irradiação por microondas na desinfecção de próteses totais Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista - UNESP, para a obtenção do título de Mestre em Reabilitação Oral (Área de Concentração: Prótese). Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Vergani Co – Orientadora: Profa. Dra. Denise M. P. Spolidório Araraquara 2005 Silva, Mariana Montenegro Efetividade da irradiação por microondas na desinfecção de próteses totais / Mariana Montenegro Silva. – Araraquara : [s.n.], 2005. 140 f. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia. Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Vergani Co – Orientadora: Profa. Dra. Denise M. P. Spolidório 1. Prótese total 2. Microbiologia 3.Desinfecção 4. Microondas I. Título Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marley Cristina Chiusoli Montagnoli CRB 8/5646 Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Araraquara / UNESP DADOS CURRICULARES Mariana Montenegro Silva NASCIMENTO 20/11/1979 – Maceió - AL FILIAÇÃO Alcides Gusmão da Silva Maria Euthália Montenegro Silva 1997/2000 Curso de graduação na Universidade do Sagrado Coração 2001/2003 Curso de Especialização em Prótese Dentária, na Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP 2003/2005 Curso de pós-graduação em Reabilitação Oral, nível de Mestrado, na Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Carlos Eduardo Vergani (Orientador) Professor Adjunto Doutor do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia do Campus de Araraquara da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Profª. Drª. Ana Cláudia Pavarina Professor Assistente Doutor do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de Araraquara do Campus de Araraquara da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Profª. Drª. Dalva Cruz Laganá Professor Associado do Departamento de Prótese da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo DEDICATÓRIA A Deus, Pelo dom da vida! Agradeço por todas as oportunidades concedidas. Aos meus pais, Alcides e Maria Euthália, e a minha irmã Marcela. Agradeço à minha família pelo amor e apoio incondicional. Agradecimento especial Ao meu orientador Prof. Dr. Carlos Eduardo Vergani, pela orientação competente e segura. Agradeço pelo incentivo, oportunidades concedidas e pela paciência durante esta jornada. À minha co-orientadora Profª Drª Denise Madalena Spolidório, pelos conhecimentos transmitidos e por ter disponibilizado o Laboratório de Microbiologia para realização deste trabalho. Agradecimento especial Às professoras da Disciplina de Prótese Parcial Removível, Ana Cláudia Pavarina, Ana Lúcia Machado e EuniceTeresinha Giampaolo. Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Reabilitação Oral. Meus sinceros agradecimentos pela valiosa contribuição à minha formação profissional. Agradecimento especial Aos meus avós, Eupídio e Lita, pelo amor e pelo incentivo em todos os momentos de minha vida. Aos meus amigos Anne, Daniela, Ewerton, Karin, Nara, Polyanna, Rosângela, Sabrina e Vanessa, pelo auxílio prestado na elaboração deste trabalho e acima de tudo pela amizade sincera. À Sílvia Pupim e toda sua família, pela acolhida e pelo carinho. Agradecimento Aos meus amigos de curso de Mestrado, Andréa, Ana Carolina, Ana Paula, Anelise, Anne, Daniela, Ewerton, João Gustavo, José Maurício, Juliana, Karina, Luciano, Marcelo, Matheus, Michael e Roberta. Aos meus amigos Andréa, Ana Carolina Beatriz, César, Juliana, Lívia, Liliana, Lu Lima, Márcio, Mariana N., Mariana Q., Marina, Tatiana, Renato e Viviane. Obrigada por acreditarem em mim, por estarem sempre tão presentes e pela amizade sincera. Agradecimento Aos funcionários do Departamento de Materiais Odontológico e Prótese, pela amizade e solidariedade em todo o período do curso. A Dental Vipi Ltda por ter doado os dentes artificiais de resina acrílica utilizados nesse trabalho. A ACECIL – Comércio e Esterilização a Óxido de Etileno Ltda por ter esterilizado gratuitamente todas as próteses totais. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................11 2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................17 3. PROPOSIÇÃO................................................................................68 4. MATERIAL E MÉTODO..................................................................70 5. RESULTADO ................................................................................96 6. DISCUSSÃO.................................................................................108 7. CONCLUSÃO...............................................................................109 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................121 ANEXO...............................................................................132 RESUMO............................................................................137 ABSTRACT........................................................................139 1 Introdução A preocupação com a contaminação cruzada na clínica odontológica proporcionou estímulo para o desenvolvimento de técnicas adequadas de esterilização e desinfecção em diversos procedimentos odontológicos. Entretanto, poucos cuidados têm sido observados durante a manipulação dos trabalhos protéticos. A presença de microrganismos patogênicos da microbiota bucal e não bucal, associados com doenças sistêmicas e locais, tem sido verificada em vários itens relacionados aos trabalhos protéticos. Segundo Powell et al.46, 67% dos trabalhos enviados dos consultórios odontológicos aos laboratórios de prótese estão contaminados com microrganismos patogênicos. Estes microrganismos podem ser transmitidos aos técnicos de laboratório, via contato direto, ou pelos aerossóis produzidos durante os procedimentos de desgaste da prótese. Dessa forma, os microrganismos poderiam ser inalados pelo profissional, auxiliares odontológicos, técnicos de laboratório e pacientes, desencadeando uma contaminação cruzada. Portanto, a realização de procedimentos de desinfecção das próteses é fundamental para diminuir a quantidade de microrganismos presentes em sua superfície e prevenir a propagação de doenças infecto-contagiosas entre o consultório odontológico e o laboratório de prótese. De acordo com as recomendações da American Dental Association2, as próteses devem ser limpas e desinfetadas em todas as etapas durante a sua confecção e Introdução 13 antes da sua colocação. Além disso, cabe ao técnico de laboratório realizar a desinfecção dos trabalhos protéticos, após os procedimentos laboratoriais1,2. Dentre os métodos de desinfecção de próteses, a utilização de soluções químicas como o glutaraldeído a 2%, hipoclorito de sódio, dióxido de cloro, iodóforo, álcool e clorexidina, tem sido recomendada10,12,15,28,40,41,51. Entretanto, há vários inconvenientes na utilização desses agentes químicos para a desinfecção de próteses4,5,52. O glutaraldeído, apesar de possuir ação bactericida, não deveria ser utilizado para desinfecção de próteses, pois a sua permanência dentro das porosidades da resina poderia induzir uma irritação dos tecidos bucais1. A utilização de hipoclorito de sódio e de iodóforo, efetiva para desinfecção, vem sendo limitada devido aos efeitos deletérios que pode ocasionar como o branqueamento das bases acrílicas52. Soluções químicas à base de álcool e a clorexidina podem, ainda, alterar a dureza superficial de algumas resinas acrílicas expostas a períodos prolongados de imersão 4,5. Além da imersão em solução desinfetante, um outro método recomendado é a desinfecção das próteses por irradiação em microondas7,27,48,63. A utilização das microondas na odontologia como método de desinfecção ainda é muito restrita. No entanto, há estudos que sugerem a utilização das microondas como método para desinfecção de alimentos19, lentes de contato29,49, materiais microbiológicos Introdução 14 laboratoriais11,39, roupas íntimas contaminadas com C.albicans25, lixo hospitalar30, corantes utilizados na indústria cosmética 34 e instrumentos utilizados em medicina e odontologia23,31,50 ,55. Rohrer e Bulard48 demonstraram que a exposição de próteses contaminadas com S. epidermis, S. aureous, K. pneumonia, B. subtilis e C. albicans à energia de microondas por 10 minutos a 720 W foi efetiva para eliminação dos microrganismos. No entanto, a esterilização somente foi observada quando as próteses foram acopladas a um dispositivo rotacional tridimensional, não disponível comercialmente. Webb et al.63 demonstraram que o forno de microondas caseiro convencional pode promover uma redução nos microrganismos nas próteses inoculadas com C. albicans e S. gordonii, após 6 minutos de exposição, a uma potência de 350 W. Baysan et al.9 verificaram que o hipoclorito de sódio e a irradiação com microondas promoveram uma redução na contagem de células de C. albicans e S. aureus, tendo sido o hipoclorito de sódio levemente mais efetivo para a desinfecção que a irradiação por microondas. Mais recentemente, a energia de microondas foi utilizada como coadjuvante no tratamento de pacientes com candidose7. Foi observado que a irradiação por microondas foi efetiva para a desinfecção das próteses totais superiores pertencentes a esses pacientes. Além disso, a reinfecção das superfícies das próteses e a infecção da mucosa subjacente foram significativamente reduzidas nos Introdução 15 pacientes cujas próteses foram irradiadas em relação aos pacientes cujas próteses foram imersas em solução de clorexidina. Nos estudos mencionados de desinfecção em microondas, a irradiação foi realizada a seco. Entretanto, Dixon et al.21 demonstraram que, quando a desinfecção foi realizada com as amostras imersas em água, houve maior efetividade, tendo em vista a ausência de crescimento do microrganismo Cândida albicans. Além disso, outros estudos também sugerem o umedecimento dos materiais antes da irradiação em microondas para se obter uma maior efetividade no procedimento de desinfecção25,32. Com base nesses aspectos, foi realizado um estudo com o objetivo de analisar a efetividade da irradiação por microondas na desinfecção de resinas acrílicas indicadas para reembasamento imediato42. As amostras, imersas em água, foram submetidas à irradiação por microondas por 6 minutos a 650 W. Para a realização dos testes microbiológicos, foram utilizados quatro microrganismos considerados indicadores na avaliação de métodos de esterilização e desinfecção S. aureus (gram positivo), P. aeruginosa (gram negativo), C. albicans (fungo) e B. subtilis (aeróbico esporulado)42. Os resultados demonstraram que, após a irradiação por microondas, os corpos-de-prova tornaram-se estéreis, uma vez que não houve crescimento de microrganismos após os períodos de incubação utilizados (48 horas e 7 dias). Embora este método tenha demonstrado ser eficaz na esterilização de corpos-de-prova de materiais reembasadores, é Introdução 16 importante ressaltar que o número de colônias na superfície da prótese provavelmente será maior quando consideramos a área total envolvida. Esta maior área de contato, associada às irregularidades presentes na superfície da prótese, poderia permitir uma maior aderência de microrganismos 59,61. Independentemente do tipo de acabamento realizado na prótese, os microrganismos podem penetrar e sobreviver a uma profundidade que varia de 1,0 a 2,0 micrômetros15,20. Com base nessas considerações, o objetivo deste trabalho foi verificar a efetividade da irradiação por microondas na desinfecção de próteses totais superiores, contaminadas com diferentes microrganismos patogênicos. 2 Revisão da literatura Em 1965, Olsen43 investigou o mecanismo de ação da irradiação por microondas sobre os microrganismos Aspergillus niger, Penicillium sp. e Rhizopus nigicans, principais responsáveis pela proliferação fúngica em pães. Os esporos dessas leveduras foram inoculados em fatias de pães que, posteriormente, foram irradiadas por 2 minutos em um aparelho de microondas não convencional a uma potência de 5000 W. Após a irradiação, os esporos foram retirados do centro das fatias de pães e agitados em água destilada. Em seguida, alíquotas da solução resultante foram semeadas em placas de Petri e o número de colônias foi contado. Foi observado que a contaminação fúngica nos pães reduziu significativamente após a irradiação em microondas. Segundo o autor, pesquisas têm demonstrado que as espécies de Aspergillus e Penicillium são inativadas em temperaturas entre 336,6oC a 345,6oC, quando mantidas por 20 minutos. No entanto, a maior temperatura registrada no aparelho de microondas utilizado nesse estudo foi de 327,6oC. Considerando o tempo de exposição utilizado (2 minutos) e a incapacidade de uma levedura para reter uma temperatura por até 10 minutos, os excelentes resultados obtidos após a irradiação por microondas, provavelmente, não originou de um efeito puramente térmico. Além disso, foi sugerido que as soluções salinas presentes no citoplasma das leveduras testadas podem representar um alvo preferencial para a Revisão da literatura 19 energia de microondas, o que leva a temperatura interna desses microrganismos a exceder o suficiente para promover lise ou inativação. Carroll & Lopez14, em 1969, realizaram um estudo para avaliar a possibilidade de um efeito não-térmico das microondas na inativação dos microrganismos B. subtilis, E. coli e S. cerevisiae. Para isso, esses microrganismos foram inoculados em alguns alimentos (leite, suco de tomate e suco de laranja) e irradiados a 500 W por períodos entre 16 e 64 minutos antes das semeaduras nas placas de Petri. Os autores observaram que não houve redução dos microrganismos S. cerevisiae e E. coli inoculados no leite e no suco de tomate, após o tratamento com as microondas. No entanto, para o suco de laranja, ocorreu uma redução progressiva do número de microrganismos com o aumento do tempo de exposição às microondas. Com base nos resultados obtidos, os autores sugeriram que a composição química da suspensão irradiada e a das células microbianas pode explicar os efeitos não térmicos provenientes das microondas. Além disso, os autores relataram que existe a possibilidade da lise celular de um microrganismo ocorrer devido à rápida oscilação das cargas celulares elétricas negativas em decorrência de interação com o campo eletromagnético das microondas. Essa oscilação, segundo os autores, pode exceder os limites elásticos da estrutura celular, promovendo seu rompimento. Revisão da literatura 20 Segundo Larato38, em 1967, existe a possibilidade de transmissão de microrganismos de paciente para paciente por meio da reutilização da pedra-pomes para polimento de próteses. Procurando solucionar esse problema, o autor realizou um estudo que avaliou a efetividade da desinfecção da pedra-pomes por uma solução à base de hipoclorito de sódio por 30 minutos. Inicialmente, a pedra-pomes foi dividida em 20 partes iguais, sendo uma metade misturada à solução desinfetante (A) e a outra à água (B). A roda de pano utilizada no torno também foi imersa na solução por 30 minutos. Todas as próteses contaminadas foram lavadas com água e sabão, ajustadas com ponta montada e lavadas novamente. Em seguida, 10 próteses foram polidas com a mistura A e 10 com a mistura B. Vinte minutos após o polimento, as amostras de pedra-pomes utilizadas foram semeadas em placas de Petri e as colônias viáveis foram quantificadas. Os resultados evidenciaram que, apesar das amostras misturadas com a solução A terem apresentado menor número de microrganismos que as amostras misturadas à solução B, a solução de hipoclorito de sódio não promoveu uma desinfecção efetiva na pedra-pomes. Diante dos resultados, o autor sugeriu que a pedra-pomes deveria ser descartada após cada polimento com a finalidade de prevenir a transmissão de microrganismos entre os pacientes portadores de prótese. Revisão da literatura 21 Em 1974, Katerberg Jr37. investigou a existência de contaminação cruzada entre pacientes usuários de próteses removíveis, incluindo próteses imediatas, durante os procedimentos de acabamento e polimento no laboratório de prótese. Para avaliar o grau de contaminação durante os procedimentos laboratoriais, as bases das próteses foram polidas com pedra-pomes em utilização no laboratório. Em seguida, metade das próteses foi imersa em compostos quaternários de cloro e amônia por 15 minutos e a outra metade não foi desinfetada. Alíquotas das suspensões resultantes foram semeadas em placas de Petri e incubadas a 37oC por 24 e 48 horas. Os resultados evidenciaram que houve uma redução do número de microrganismos das próteses imersas em solução desinfetante. Por outro lado, a pedra-pomes sempre apresentou contaminação. O autor concluiu que existe risco potencial de contaminação cruzada entre pacientes e entre técnicos e pacientes via laboratório. Porém, a utilização de medidas simples, como esterilização da roda de pano e da pedra-pomes em autoclave e imersão das próteses em solução desinfetante por 15 minutos, pode reduzir significativamente o risco de infecção. Culkin e Fung19, em 1975, avaliaram o padrão de destruição de duas bactérias, Escherichia coli e Salmonella typhimurium, em sopas cozidas em microondas, com relação ao tempo de irradiação e à temperatura alcançada durante exposição às microondas. As bactérias Revisão da literatura 22 selecionadas foram inoculadas em uma concentração de 107 ufc/mL nas porções individuais (200 mL) ou triplas (600 mL) das sopas de tomate, sopa de vegetais e no caldo de carne. A irradiação das sopas inoculadas foi realizada em períodos superiores a 150 segundos para porções individuais e a 10 minutos para as porções triplas. Tiras de papel térmicas foram utilizadas nas mensurações das temperaturas. O número de células viáveis foi determinado por meio da semeadura das alíquotas de sopa em placas de Petri. Os resultados evidenciaram uma redução progressiva na viabilidade das bactérias avaliadas com o aumento do tempo de exposição às microondas. Segundo os autores, se a ação letal da energia de microondas fosse atribuída ao efeito do calor produzido pelas ondas, seria esperado que os microrganismos da região de maior temperatura apresentassem os menores valores de viabilidade microbiana. Entretanto, foi evidenciado que os microrganismos nas regiões superficiais, de temperatura inferior, apresentaram menor nível de viabilidade quando comparado às regiões intermediárias, que apresentaram maior temperatura. Considerando esses aspectos, os autores sugeriram que o mecanismo de ação das microondas sobre os microrganismos pode ser explicado não somente por um efeito térmico mas também, por efeitos mecânicos de origem não térmica. Fitzpatrick et al.24, em 1978, avaliaram a efetividade da irradiação por microondas na esterilização de microrganismos Revisão da literatura 23 patogênicos. Para os experimentos foram utilizados tubos de ensaio com suspensão salina de S.aureus; esporos a seco de B.subitilis ou tiras umedecidas com esporos de B.subitilis. Inicialmente, cada condição avaliada foi submetida a cinco irradiações sucessivas por 12 segundos a 1000 W. Esses experimentos demonstraram que o tratamento, apesar de ter sido efetivo para eliminar formas metabólicas (S.aureus), foi insuficiente para inativar às formas esporuladas. A partir desses resultados, os autores realizaram experimentos com tiras contaminadas com esporos (B. stearothermophilus e B. subitilis) e umedecidas em água destilada. Em seguida, essas tiras foram irradiadas por períodos superiores a 15 e 30 minutos. No entanto, ainda foi observada cultura positiva para os esporos testados. Com base nessas observações, culturas desses esporos foram incubadas em outros tubos de ensaio abertos. Entretanto, experimentos demonstraram crescimento em todas as culturas avaliadas. Devido a essas observações, os autores realizaram experimentos com tubos de ensaio vedados com roscas e verificaram que não houve crescimento nas culturas avaliadas pelo período de 7 dias. Foi concluído que a esterilização satisfatória por meio da irradiação em microondas apresentou-se viável quando o conteúdo a ser irradiado foi adequadamente selado. Além disso, com base nos resultados obtidos, os autores sugeriram que a esterilização ocorrida foi devido a um efeito puramente térmico. Revisão da literatura 24 Em 1978, Hume e Makinson31 avaliaram a efetividade das microondas na esterilização de instrumentos odontológicos e o possível efeito bacteriostático de óleos para lubrificação de peças de mão. Tiras de papel contaminadas com B. stearothermophyllus foram expostas à irradiação por microondas a seco, durante tempos que variaram de 10 segundos a 64 minutos e incubadas por 24 horas. Alicates ortodônticos, limas endodônticas, cerdas de escovas profiláticas e fresas carbide de tungstênio contaminadas com S. aureus foram irradiados por até 12 minutos e incubados a 37ºC por 24 horas. Em outro experimento, peças de mão e alicates ortodônticos, contaminados com o vírus H. simplex, também foram irradiadas por até 12 minutos e a presença viável de vírus foi avaliada por meio de cultura de célula. Além disso, alguns óleos de lubrificação foram aplicados em tubos de ensaio contendo meio de cultura líquido inoculado com S. aureus. Os resultados demonstraram crescimento microbiológico nos instrumentos e tiras irradiadas. Os óleos lubrificantes utilizados, com exceção Kavo All-Air, apresentaram apenas efeito bacteriostático e as peças de mão lubrificadas demonstraram cultivos viral e bacteriano negativos. Os autores concluíram que a irradiação por microondas, na intensidade e nos tempos de exposição utilizados, não foi efetiva como um método de esterilização a seco. Os mecanismos de ação da irradiação com microondas na inativação de microrganismos foram estudados por Vela & Wu58, em Revisão da literatura 25 1979. Esses autores irradiaram amostras de solo, leveduras, bactérias e vírus, em amostras umedecidas, secas ou liofilizadas. De acordo com os resultados, as amostras liofilizadas dos microrganismos sobreviveram a altas doses de irradiação a seco, enquanto esses mesmos microrganismos foram inativados quando em presença de água. Segundo os autores, a inativação celular ocorreu em função do conteúdo de água das amostras sendo, portanto, resultado de um efeito térmico. Foi sugerido, ainda, que os microrganismos estudados não absorvem energia suficiente, no estado seco, para provocar redução significativa nas populações celulares, embora tenham sido expostos à irradiação por períodos prolongados de tempo. Wakefield60, em 1980, avaliou a contaminação bacteriana de próteses dentais reparadas, após seu retorno dos laboratórios para o consultório odontológico. Para isto, dez próteses totais foram fraturadas na região do palato e esterilizadas em óxido de etileno. Posteriormente, cada prótese total foi colocada em um invólucro plástico contendo solução de glutaraldeÍdo ativa por 12 horas para obter a esterilização. Decorrido este período, as próteses foram enxaguadas com água estéril, embaladas e enviadas para dez diferentes laboratórios (oito nos EUA e dois na Alemanha). Quando as próteses retornaram dos laboratórios, foram imersas em 100 mL de meio de cultura para verificar o crescimento microbiológico por meio do turvamento da solução. As observações do Revisão da literatura 26 crescimento microbiológico foram realizadas com 24, 48, 72 horas. Além disso, após 24 horas 0,001 mL de cada meio de cultura foi retirado, semeado em meio Agar Chocolate e incubado. Após 72 horas do início do crescimento, 0,001 mL de cada meio de cultura foi semeado em 3 diferentes meios de cultura: CNA (gram positivos), BEM (inibe o crescimento de gram positivo, favorecendo o crescimento de gram negativo) e Agar Chocolate. A identificação dos microrganismos foi feita com testes específicos. O autor não observou crescimento microbiológico em apenas uma das próteses totais enviadas para reparo. As outras nove próteses apresentaram contaminação na ordem de de 109 ufc/mL. Visando reduzir a contaminação cruzada do instrumental protético, Stern e Whitacre53, em 1981, demonstraram uma série de precauções que os dentistas e sua equipe devem ter. Segundo os autores, instrumentos de difícil esterilização, como articulador e arco-facial, devem ser cobertos com uma capa plástica limpa. Para a desinfecção de superfície, a utilização de agentes químicos, como iodine 1% diluída em álcool isopropil 70% foi recomendada. Itens utilizados rotineiramente, como moldeiras e espátulas, devem ser esterilizados em autoclave, estufa, por óxido de etileno ou por meio de um sistema que utiliza elevada temperatura em combinação com formaldeído, álcool e outros compostos orgânicos. As soluções desinfetantes consideradas efetivas foram: glutaraldeído 2%, hipoclorito de sódio e iodóforo, porém Revisão da literatura 27 foram ressaltados os riscos de descoloração de resina acrílica e de corrosão de estruturas metálicas. Além disso, foi indicada a utilização de luvas e máscaras por todos profissionais da equipe odontológica em todas as fases de tratamento. Em 1982, Kahn et al36. observaram que a contaminação microbiológica durante o polimento de próteses removíveis ocorre com a utilização de escova de pano e pedra-pomes contaminadas. Os autores examinaram vários métodos de tratamento dessas próteses com o objetivo de diminuir ou eliminar os microrganismos. Para o experimento 36 próteses totais superiores foram confeccionadas e divididas em 3 grupos de 12 amostras cada. Para o grupo 1, as próteses dos pacientes foram polidas por 1 minuto com uma escova de pano estéril e uma mistura também estéril, de pedra-pomes e água. Em seguida, próteses estéreis foram polidas pelo mesmo período de tempo na escova previamente contaminada. Para o grupo 2, as próteses dos pacientes foram tratadas da mesma forma que no grupo 1, porém essas foram escovadas por 1 minuto com limpador de hexaclorofeno 3%, antes o polimento. Já para o grupo 3, o tratamento realizado foi igual ao grupo 2, porém as próteses estéreis também foram escovadas por 1 minuto em hexaclorofeno 3% antes e após o polimento. Amostras das próteses pertencentes aos 3 grupos foram semeadas e as placas de Petri avaliadas após 24, 48 e 72 horas. Os resultados demonstraram que o Revisão da literatura 28 tratamento realizado para o grupo 3 foi o mais recomendável, e que precauções como renovação da pedra-pomes, desinfecções dos recipientes para acondicionamento de pedra-pomes e esterilização da escova de pano, diminuem a contaminação bacteriana durante os procedimentos de polimento. Em 1983, Williams et al.64 relataram que o microrganismo Acinetobacter tem sido encontrado em grande quantidade na pedra-pomes utilizada nos laboratórios de prótese. Esse microrganismo tem sido associado à ocorrência de infecções como a pneumonia, septicemia, meningite, endocardites infecções do trato urinário, infecções dos olhos e da região da cabeça e pescoço. Próteses contaminadas confeccionadas para pacientes hospitalizados ou sob cuidados de enfermeiras podem ainda, servir como uma fonte de introdução desses microrganismos na cavidade oral de pacientes susceptíveis a infecções ou com comprometimentos médicos. Sendo assim, a sua presença nos aerossóis dos consultórios odontológicos, nos laboratórios de prótese e nas próteses pode por em risco a saúde dos dentistas, dos seus pacientes e os profissionais associados aos consultórios. Rohrer e Bulard48, em 1985, realizaram um estudo para avaliar a efetividade das microondas na redução da infecção cruzada entre consultório odontológico e laboratório de prótese. Os autores Revisão da literatura 29 realizaram as experiências com os microrganismos inoculados em tubos de ensaio contendo meio de Brain-Heart Infusion, próteses com metal ou totalmente em resina acrílica, brocas metálicas e peças de mão. Os corpos-de-prova foram contaminados com 105 ufc/mL de cada um dos seguintes microrganismos: três tipos de bactérias não esporuladas (S. aureus, S. epidermidis e K. pneumoniae), uma bactéria aeróbica esporulada (B. subtilis), uma bactéria esporulada anaeróbica (C. histolyticum), um fungo (C. albicans) e dois vírus (polio tipo 1 e herpes simplex tipo 1). Para as irradiações no forno de microondas, os corpos-de-prova foram ou não fixados a um dispositivo rotacional tridimensional desenvolvido pelos autores. Os corpos-de-prova contaminados foram submetidos às microondas a uma potência de 720 W, nos tempos experimentais de 0, 1, 3, 5, 8 e 10 minutos, e incubados a 37oC. A bactéria B.subitilis foi também inoculada em tiras de papel irradiadas por 20 minutos. O crescimento dos microrganismos foi avaliado para todos os materiais após 24 e 48 horas pela análise da turvação do meio e crescimento de colônias em placas de Petri. Para a irradiação das próteses, duas condições foram avaliadas para os testes de estabilidade dimensional: as próteses foram mantidas por 15 minutos em água ou foram mantidas a seco, antes de serem irradiadas. Segundo os autores, os resultados obtidos quando o dispositivo rotacional tridimensional foi utilizado evidenciaram maior efetividade no tratamento com microondas. Os tubos de ensaio contaminados com a mistura de quatro bactérias Revisão da literatura 30 aeróbicas e C. albicans não demonstraram crescimento após 10 minutos de irradiação. A esterilização da bactéria esporulada anaeróbica C. histolyticum ocorreu após 3 minutos de irradiação. As tiras de papel com a bactéria esporulada aeróbica B. subtilis demonstraram esterilização apenas após 15 minutos de irradiação. As brocas dentárias, quando imersas em suspensão de quatro bactérias aeróbicas e expostas às microondas por 10 minutos, apresentaram esterilização. As peças de mão contaminadas com a mesma suspensão bacteriana foram esterilizadas após 10 minutos de irradiação. As próteses contaminadas com as suspensões individuais de quatro bactérias aeróbicas e do fungo apresentaram esterilização para todos os microrganismos testados após 8 minutos de exposição às microondas. Quando uma mistura de suspensões desses microrganismos foi utilizada, a esterilização das próteses foi observada após 10 minutos de irradiação. Não foram observadas alterações dimensionais tanto para as próteses imersas previamente em água quanto para as mantidas a seco e expostas às microondas por até 16 minutos. Para uma esterilização efetiva de materiais odontológicos, os autores sugeriram a irradiação por microondas associada à utilização do dispositivo tridimensional desenvolvido nesse estudo. Em 1986, Rohrer et al.49, avaliaram a eficácia da irradiação por microondas na esterilização de lentes de contato hidrofílicas. Revisão da literatura 31 Inicialmente, as lentes foram autoclavadas e em seguida, inoculadas individualmente (106 ufc/mL) com um dos seguintes microrganismos: S. aureus, S. pneumoniae, P. aeruginosa, P. vulgaris, B. cereus, E. coli, S. marcenscens, A. fumigatus e C. albicans. Após a contaminação, as lentes foram anexadas a um dispositivo rotacional tridimensional e irradiadas a 700 W durante 1, 2, 4, 6, 8 e 10 minutos para se determinar o tempo mínimo necessário para inativação de cada microrganismo avaliado. As lentes foram então, colocadas em tubos com meio de cultura líquido e incubadas a 37°C por 48 horas. As lentes contaminadas com S. pneumoniae foram expostas também a 0, 20, 30, 45, 60 e 120 segundos. Após a determinação do tempo mínimo de inativação, dez amostras para cada microrganismo foram submetidas ao procedimento de esterilização durante o tempo de exposição pré-determinado para cada microrganismo. As lentes também foram contaminadas por cultivos virais de rinovírus, parainfluenza vírus tipo 3, adenovírus tipo 1 e herpes simples tipo 1 e submetidas aos mesmos procedimentos de esterilização. Os resultados demonstraram que o tempo mínimo de inativação dos microrganismos avaliados variou de 45 segundos, para S. pneumoniae, a 8 minutos, para S. aureus. Para os fungos avaliados (C. albicans e A. fumigatus), o tempo mínimo de inativação foi de 4 minutos. Os vírus avaliados foram completamente inativados após 4 minutos de irradiação. A análise em microscópio eletrônico de varredura revelou presença de debris nas lentes irradiadas, porém nenhum dano à matriz da lente foi Revisão da literatura 32 constatado. Com base nesses resultados, os autores concluíram que a irradiação por microondas pode ser utilizada como método de esterilização de lentes de contato. Com o objetivo de minimizar a infecção cruzada entre o consultório odontológico e o laboratório de prótese, Henderson et al.28, em 1987, avaliaram a efetividade de um protocolo experimental (barrier system) para desinfecção de próteses. Para realização do protocolo, inicialmente uma cultura de próteses de pacientes foi obtida por meio de coleta com “swab oral”. Em seguida, as próteses foram escovadas com uma solução de clorexidina a 4% por 1 minuto, secas com jatos de ar, imersas em uma das soluções desinfetantes avaliadas (glutaraldeído a 2%, glutaraldeído diluída ou hipoclorito de sódio a 5,25%) e, individualmente, submetidas ao ultra-som por 10 minutos. Para avaliação da efetividade do protocolo, uma nova cultura foi obtida após a imersão em solução desinfetante. Os resultados evidenciaram culturas positivas para todas as próteses avaliadas. Porém, menores números de culturas foram observados com a utilização das soluções de glutaraldeído concentradas e de hipoclorito de sódio em relação à de glutaraldeído diluída. Os autores recomendaram a utilização do protocolo desenvolvido, que foi considerado efetivo no controle de infecção cruzada. Revisão da literatura 33 Jeng et al35., em 1987, realizaram um estudo para investigar a possível presença de efeitos não-térmicos das microondas sobre os microrganismos. Os autores utilizaram suspensões de esporos de Bacillus subtilis na concentração de 107 ufc/mL em água destilada. Alíquotas de 10 µL dessas suspensões foram inoculadas na região central do fundo de frascos de borosilicato. Após a secagem dessa alíquota, os recipientes foram colocados durante uma semana no interior de uma câmara contendo um béquer com cloreto de cálcio saturado, o que forneceu umidade relativa de 33% a 22ºC. Outras amostras dos microrganismos foram, simultaneamente, expostas ao calor seco em forno elétrico de propagação de calor ou em forno de microondas até as temperaturas de 107ºC, 117ºC, 130ºC e 137ºC. Uma sonda térmica registrou a temperatura dentro dos fornos e um dispositivo automático ajustou a temperatura do forno de propagação de acordo com a do forno de microondas. As amostras foram resfriadas e ressuspensas em 5 mL de água destilada para posterior plaqueamento e contagem das unidades formadoras de colônia. De acordo com curvas de sobrevivência em função do tempo, os autores puderam verificar que não houve diferença significativa entre a exposição às microondas ou ao calor seco. Além disso, foi verificado que o tempo mínimo de 45 minutos de exposição a ambas as formas de aquecimento foi necessário para a inativação dos esporos. Os autores concluíram que não há efeitos não-térmicos Revisão da literatura 34 significativos em processos de esterilização em microondas a seco e que a atividade esporicida da energia de microondas é meramente térmica. Friedrich e Phillips25, em 1988, investigaram a eficácia das microondas na esterilização de roupas íntimas femininas contaminadas por C. albicans. Para os experimentos, as amostras foram imersas em suspensão de C. albicans, depositadas em placas de Petri, deixadas para secar por três dias a temperatura ambiente e irradiadas em potência máxima por 5, 10, 15, 20, 25 e 30 minutos. Após a irradiação, as amostras em duplicatas foram colocadas em 5 mL de TSB. As alíquotas obtidas foram semeadas e incubadas a 35°C por 48 horas. Num segundo experimento, os mesmos procedimentos foram realizados, porém com as amostras umedecidas em solução salina estéril. De acordo com os resultados, a esterilização foi efetiva apenas para as amostras umedecidas, quando estas foram expostas às microondas por no mínimo 5 minutos. Em 1989, o Expert Panel on Food Safety and Nutrition22 publicou uma revisão na literatura sobre fornos de microondas, onde foram descritas as características e propriedades físicas e elétricas deste tipo de onda eletromagnética. Descreveu-se, também, sobre os padrões de aquecimento, a característica e o tipo de inativação microbiana produzida pela energia por microondas, sua ação sobre a espécie Revisão da literatura 35 humana, suas aplicações na indústria alimentícia, como no cozimento, acondicionamento e pasteurização de alimentos e nos processos de esterilização. Concluindo-se que os fatores que afetam os padrões de aquecimento por microondas são relacionados à magnitude da absorção de energia e a sua profundidade de penetração da irradiação que, por sua vez, depende da forma, tamanho e conteúdo de sais dos produtos submetidos à irradiação. O efeito da irradiação por microondas sobre a estabilidade dimensional de resinas acrílicas foi avaliado por Burns et al.13, em 1990. Vinte corpos-de-prova (36 mm X 6 mm) foram confeccionados para cada uma das resinas testadas (Lucitone 199, Triad e Perm). Em seguida, todos os corpos-de-prova foram pesados e mensurados. Seis amostras de cada material foram imersas em água à temperatura ambiente por 30 dias antes dos testes e seis amostras de cada resina foram armazenadas a seco pelo mesmo período de tempo. Após a armazenagem, os corpos- de-prova foram pesados e mensurados novamente. As amostras foram colocadas, individualmente, em um forno de microondas contendo um recipiente de vidro com água. Os corpos-de-prova foram irradiados por 15 minutos em potência máxima. Após a irradiação, os corpos-de-prova foram novamente pesados e mensurados. Os resultados demonstraram que todos os materiais testados apresentaram uma pequena alteração dimensional (de 0,02% a 0,03%) após a exposição às microondas. Revisão da literatura 36 Entretanto, essas alterações não foram consideradas significantes clinicamente. Além disso, os autores observaram que as amostras mantidas a seco apresentaram aumento de peso e maior alteração dimensional que as amostras imersas em água. Esse aumento de peso foi atribuído à absorção de água pelos corpos-de-prova durante a irradiação, devido ao ambiente úmido criado pela evaporação da água mantida no recipiente no interior do forno. Por outro lado, as amostras armazenadas em água antes da irradiação apresentaram redução de peso após a exposição às microondas. Considerando o potencial de contaminação entre a clínica odontológica e o laboratório de prótese, Powell et al.46, em 1990, realizaram um estudo com o objetivo de identificar microrganismos presentes em trabalhos protéticos. Para os experimentos, foram avaliados moldes, próteses totais, registros em cera e coroas enviados a vários laboratórios de prótese. Assim que eram recebidos nos laboratórios, esses trabalhos eram submetidos a um esfregaço por meio de “swab”. Em seguida, os “swabs” foram imersos em meio de cultura e submetidos a métodos e procedimentos laboratoriais padronizados para cultura, incubação e identificação de microrganismos. Os resultados indicaram que 67% dos trabalhos protéticos avaliados apresentaram presença de bactérias patogênicas como Enterobacter cloacae, Klebsiella oxytoca e Pseudomona aeruginosa. Além disso, os autores observaram que existe a Revisão da literatura 37 possibilidade de transmissão de microrganismos patogênicos como Streptococcus do grupo A, Staphylococcus aureus, Mycobacterium tuberculosis, Chlamydia e Mycoplasma. Os autores também enfatizaram, com base nos resultados, a importância de se realizar procedimentos para controle de infecção cruzada entre pacientes, técnicos de laboratório e equipe odontológica. Connor18, em 1991, enfatizou após uma revisão da literatura, a importância de medidas para controle de infecção cruzada, sobretudo em procedimentos protéticos clínicos e laboratoriais. O autor relatou que o controle de infecção cruzada pode ser convenientemente discutido de acordo com as seguintes categorias: avaliação do paciente, proteção do cirurgião-dentista, desinfecção dos equipamentos e instrumentos, técnica clínica utilizada, manipulação de moldagens e assepsia do ambiente de laboratório de prótese. Neste contexto, foi ressaltado o aumento na população de pacientes imunocomprometidos, portadores de prótese, e que são considerados de alto risco para transmitir e adquirir doenças infecciosas. Dessa forma, os profissionais devem considerar todos os pacientes a serem tratados como sendo de alto risco e adotar medidas de controle para interromper a propagação de infecção, como a utilização das barreiras universais de proteção. O autor ressaltou também a importância da desinfecção de moldes, registros e próteses e outros materiais freqüentemente expostos à contaminação na Revisão da literatura 38 cavidade bucal do paciente e não passíveis de esterilização. Foi enfatizado que a manutenção da assepsia tanto no consultório odontológico quanto no laboratório de prótese é essencial para prevenir a transmissão de bactérias, vírus e fungos. Considerando a alta prevalência de contaminação cruzada durante os procedimentos protéticos, o autor enfatizou a necessidade do desenvolvimento de um programa de pesquisa e da melhoria dos métodos atuais de controle de infecção com o objetivo de melhorar a proteção da equipe odontológica, do técnico de laboratório e do paciente contra a disseminação de doenças infecciosas. Rosaspina et al.50, em 1994, avaliaram o efeito da irradiação por microondas em instrumentos cirúrgicos contaminados com C. albicans. Lâminas de bisturis e lamínulas de microscopia foram contaminados com C. albicans a uma concentração de 107 ufc/mL. Após serem secas, as amostras foram completamente imersas num recipiente de vidro com esferas de vidro de 0,4 cm e água destilada em temperatura ambiente. Esse recipiente foi, então, exposto à irradiação por microondas a 600 W numa freqüência de 2.400 MHz. O tempo de exposição variou de acordo com a temperatura alcançada pelo banho; assim, os seguintes tempos foram utilizados: 1,5 minutos (45°C), 3 minutos (55°C) e 6 minutos (100°C). Preparações similares foram realizadas para o grupo controle, utilizando-se estufa (2 horas, 140°C) ou autoclave (20 minutos, 121°C), enquanto que outras preparações foram submersas em água fervente Revisão da literatura 39 pelos mesmos tempos de exposição das microondas. Além disso, algumas amostras foram preparadas para análise em microscopia eletrônica de varredura. Para verificar a esterilização as amostras foram colocadas em contato com placas de Agar Tryptic e incubadas a 37°C por 48 horas. Os resultados demonstraram que todas as amostras (50 lâminas de bisturi e 25 lamínulas de microscopia) foram completamente esterilizadas após exposição por 2 minutos às microondas. As análises em microscopia eletrônica de varredura revelaram que as alterações nas leveduras irradiadas foram proporcionais ao tempo de exposição. As amostras imersas em água fervente por 9 minutos apresentaram mortalidade de 100%, porém nenhuma modificação na morfologia celular foi evidenciada. As alterações morfológicas observadas após a irradiação por microondas foram completamente diferentes das observadas após o tratamento em água fervente. Assim, os autores concluíram que além do incontestável efeito térmico, as microondas podem exercer também um efeito mais complexo no corpo celular dos microrganismos. Chau et al.15, em 1995, realizaram um estudo para avaliar a possibilidade de penetração de bactérias na resina acrílica após curto período de exposição. Os corpos-de-prova de três resinas acrílicas foram polidos em uma de suas superfícies para simular as superfícies externas e internas da prótese. Em seguida, os corpos-de-prova foram imersos por 24 horas em meio de cultura contendo bactérias gram-negativas e gram- Revisão da literatura 40 positivas. Os corpos-de-prova contaminados foram, então, imersos em uma das soluções desinfetantes (iodóforos, dióxido de cloro e hipoclorito de sódio a 5,25%) ou em uma solução salina estéril por 10 minutos. Após a desinfecção, os dois lados dos corpos de prova foram submetidos à coleta de material para semeaduras em placa de Petri. Essas placas foram encubadas a 37oC por 48 horas e número de colônias quantificado. Os autores observaram, pela análise das culturas, que os corpos-de- prova tratados com iodóforos ou dióxido de cloro apresentaram um número de colônias significativamente inferior ao número apresentado pelo os corpos-de-prova do grupo controle. Por outro lado, os corpos- de-prova imersos em hipoclorito de sódio não apresentaram colônias viáveis nas placas de Petri. Os autores concluíram que a resina acrílica pode ser contaminada com bactérias tanto na parte externa quanto interna e que o tratamento com hipoclorito de sódio foi eficiente para inativar esses microrganismos. Polysois et al.45, em 1995, avaliaram o efeito dos métodos de desinfecção por meio de glurataldeído e microondas na estabilidade dimensional, na dureza e nas propriedades flexurais (deflexão, módulo e resistência) de uma resina para base de prótese. Sessenta corpos-de-prova (65 mm X 10 mm X 2,5 mm) foram confeccionados em resina termopolimerizável (Paladon 65), polimerizados em microondas a 500 W por 3 minutos e, então, armazenados em água por 24 horas a Revisão da literatura 41 37oC antes da desinfecção. Para a desinfecção química, os corpos-de- prova foram imersos em solução de glutaraldeído alcalino a 2% (Cidex-7) por 1 hora ou 12 horas. Para a desinfecção em microondas, os corpos-de- prova foram irradiados a 500 W por 3 ou 15 minutos. Durante a irradiação, um béquer com 150 mL de água foi colocado no interior do forno. Os corpos-de-prova utilizados como controle foram imersos em água por 1 hora ou 12 horas. Dez amostras foram confeccionadas para cada grupo. Após os procedimentos experimentais, cada corpo-de-prova foi analisado quanto à estabilidade dimensional, aos ensaios de flexão e à dureza respectivamente. Os resultados revelaram que não houve alterações significativas nas propriedades mecânicas avaliadas para os corpos-de- prova do grupo controle. Foi observado que os procedimentos de desinfecção testados (microondas ou imersão em glutaraldeído) promoveram alterações dimensionais lineares em todos os corpos-de- prova. Entretanto, essas alterações dimensionais não foram consideradas clinicamente significantes. As propriedades flexurais (resistência, módulo e deflexão) não foram alteradas pelos procedimentos de desinfecção. Além disso, as amostras irradiadas apresentaram um aumento nos valores de dureza comparadas às amostras do grupo controle. Por outro lado, uma hora de imersão em glutaraldeído resultou em redução nos valores médios de dureza quando em comparação ao grupo controle. No entanto, as alterações de dureza para os três grupos avaliados não foram consideradas clinicamente significantes. Os autores concluíram que Revisão da literatura 42 irradiação por microondas e a imersão em glutaraldeído podem ser indicadas como métodos de desinfecção de resinas acrílicas e sugeriram a utilização do forno de microondas como uma alternativa viável, efetiva e rápida para a desinfecção de próteses. Em 1995, Thomas e Webb56 avaliaram o efeito da irradiação por microondas na estabilidade dimensional de próteses totais. Vinte próteses totais superiores foram confeccionadas e armazenadas a seco por aproximadamente 1 ano. Um calibrador eletrônico foi utilizado para calcular medidas horizontais (intermolar, intercanina e anteroposterior) e verticais (pré-molar esquerdo, centro e pré-molar direito). As medidas foram obtidas em todas as 20 próteses antes e após imersão em água a 37oC por 7 dias. Dez próteses foram irradiadas diariamente a 650 W por 10 minutos, durante 15 dias, tendo sido armazenadas em água entre os experimentos. Após cada irradiação, todas as próteses foram pesadas e, novamente, mensuradas com paquímetro. Dez próteses não foram irradiadas (controle) e, após 54 dias de armazenagem em água a 37oC, foram mensuradas e irradiadas a 350 W por 6 minutos durante 15 vezes consecutivamente. Os resultados demonstraram que o peso das próteses aumentou com a hidratação. Após irradiação, as medidas horizontais indicaram contração das próteses, e as verticais, expansão, tendo o efeito da irradiação por 6 minutos resultado em menor alteração. Os autores concluíram que a Revisão da literatura 43 irradiação de próteses por 10 minutos em potência elevada causa alterações dimensionais, provavelmente, significantes clinicamente. Entretanto, a irradiação em potência média por 6 minutos não resultaria em alterações dimensionais com implicação clínica. Atmaca et al.6, em 1996, avaliaram o efeito da irradiação por microondas e da aplicação de calor convencional sobre a reprodução de bactérias. Cepas de S. aureus, S. epidermidis, P. aeruginosa e P. acidovorans foram cultivadas em suspensão, e o número de unidades formadoras de colônias por mililitro (ufc/mL) de cada espécie foi determinado e utilizado como controle. Uma alíquota de 1 mL de cada suspensão bacteriana foi irradiada por microondas a 550 W durante 5, 6, 7, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 25 e 30 segundos. Em seguida, cada suspensão foi diluída e cultivada em placas a 37°C por 24 horas. O valor de ufc/mL foi, então, determinado. Antes e após a irradiação, a temperatura da suspensão bacteriana foi determinada por meio de um termômetro digital. O experimento foi realizado cinco vezes para cada espécie bacteriana e para cada tempo de exposição. Também foram realizados ensaios com aplicação de calor convencional durante 16, 20, 25 e 30 segundos, tempos em que a contagem de bactéria foi reduzida significantemente. Suspensões de 5 mL de cada espécie bacteriana também foram irradiadas durante 14, 16, 18, 20, 25 e 30 segundos. Os resultados demonstraram que a redução na contagem de bactérias após Revisão da literatura 44 a irradiação por microondas foi estatisticamente significante em relação ao controle. A diminuição na contagem de bactérias expostas ao calor convencional foi significativa em relação às amostras irradiadas por microondas. Porém, inversamente ao observado com as amostras irradiadas, a aplicação de calor convencional por 30 segundos resultou em sobrevivência bacteriana. O aumento do volume das suspensões potencializou o efeito destrutivo das microondas, uma vez que, após a irradiação, a contagem das suspensões de 5 mL foi significativamente menor que a das suspensões de 1 mL. Os autores concluíram que o efeito da irradiação por microondas na inativação de bactérias é diferente do efeito térmico, e que o conteúdo de líquido no meio desempenha uma função importante na absorção da energia decorrente da irradiação por microondas. Tarantino et al.55, em 1997, avaliaram a efetividade das microondas na esterilização de espelhos odontológicos contaminados com microrganismos patogênicos (S.aureus, B. subitilis e B. sterarothermophilus), inoculados em concentrações iniciais de 104 e 109 ufc/mL. Para simular condições clínicas, os instrumentos foram testados quando úmidos (irradiados imediatamente após a inoculação) e quando mantidos a seco (irradiados após 8 horas da inoculação). As irradiações foram realizadas a 650 W por 4 minutos em um aparelho de microondas em que o fabricante recomenda a imersão do material a ser Revisão da literatura 45 irradiado em um líquido à base de aldeído. Para os experimentos, três diferentes grupos foram avaliados: 1- os instrumentos foram imersos no líquido e submetidos às microondas; 2- os instrumentos foram imersos em solução salina a 0,9% e submetidos à irradiação; e 3- os instrumentos foram apenas imersos no líquido e colocados em forno comum por 4 minutos, não tendo sido irradiados. Os autores observaram que a esterilização ocorreu somente quando o líquido sugerido pelo fabricante foi utilizado (Grupo 3) ou quando a imersão no líquido foi associada às microondas (Grupo 1). A utilização de irradiação sem imersão no líquido não demonstrou uma completa eliminação dos microrganismos avaliados. De acordo com os resultados obtidos, os autores sugeriram que, para se obter uma esterilização efetiva, os instrumentos deverão ser imersos no líquido proposto pelo fabricante e irradiados em microondas. Em 1997, Verran e Maryan59 avaliaram a retenção de C. albicans em superfícies lisas e rugosas de resina acrílica (Perspex) e silicone de adição. Antes dos experimentos de adesão, os materiais foram lavados em ultra-som com álcool 90% por 1 hora, lavados em água corrente e imersos em água estéril por 24 horas a 24oC. Uma alíquota de 50 mL de suspensão de C. albicans a uma concentração de 107 ufc/mL foi adicionada a placas de Petri que continham os materiais testados. As placas foram incubadas a 24oC por 1 hora e, em seguida, os materiais com as células aderentes foram removidos e lavados em solução salina Revisão da literatura 46 fosfatada tamponada para remover as células pouco aderentes. Em seguida, as amostras foram secas em temperatura ambiente, fixadas com metanol, coradas e examinadas em microscopia fluorescente (x1000). O número de células aderentes foi contado em cada amostra. Os resultados evidenciaram uma quantidade significantemente maior de células de C. albicans em superfícies rugosas em relação às lisas, sendo que a superfície rugosa de silicone apresentou mais células do que a superfície rugosa de resina acrílica. Os autores concluíram que um aumento na rugosidade superficial facilita a retenção de leveduras nas superfícies de silicone e de resina acrílica. A efetividade da irradiação por microondas na desinfecção de um material reembasador resiliente contaminado com microrganismos patogênicos foi avaliada por Baysan et al.9, em 1998. Os corpos-de-prova (2 cm X 2 cm) foram confeccionados em uma resina reembasadora resiliente (Molloplast –B) e polimerizados em microondas por 3 minutos a 650 W. Todos os corpos-de-prova foram esterilizados em autoclave, inoculados com os microrganismos testados (C. albicans ou S. aureus) e incubados aerobicamente a 37oC. Após três dias de incubação, o meio de cultura foi descartado e os corpos-de-prova enxaguados cuidadosamente em 10 mL de solução de salina fosfatada tamponada (PBS) para remoção de células não aderentes. As amostras confeccionadas foram divididas em quatro grupos (três experimentais e Revisão da literatura 47 um controle) com dez amostras cada. Três grupos experimentais foram avaliados quanto aos procedimentos de desinfecção, sendo as amostras do grupo A submetidas à desinfecção em microondas por 5 minutos a 650 W; as amostras do grupo B mantidas a seco em temperatura ambiente por 5 horas e as amostras do grupo C imersas em solução de hipoclorito de sódio a 2% durante a noite. Para o grupo controle, as amostras foram enxaguadas e deixadas em solução de PSB por 5 h em temperatura ambiente. A seguir, os corpos-de-prova foram individualmente colocados em tubos com 10 mL de PSB e agitados por 15 minutos. As diluições seriadas (10-1 a 10-3) foram realizadas em placas com Agar Sangue, que foram incubadas durante a noite a 37oC. Após a incubação, as colônias foram contadas e o número de ufc/mm2 foi calculado. Os resultados demonstraram que em relação ao tratamento por microondas, a imersão em hipoclorito de sódio promoveu uma redução relativamente maior do número de microrganismos. Entretanto, apenas o grupo do procedimento a seco apresentou uma redução do número de células viáveis significantemente inferior em relação aos demais grupos. Os autores recomendaram a utilização das microondas como um método de desinfecção, uma vez que o hipoclorito de sódio apresenta algumas desvantagens para utilização na clínica odontológica, sobretudo em longos períodos de imersão, como efeitos deletérios sobre as resinas acrílicas das próteses e corrosão de componentes metálicos. Revisão da literatura 48 Furukawa et al.26, em 1998, avaliaram a efetividade do dióxido de cloro (Alcide LD) na desinfecção por spray e por imersão de dois materiais reembasadores resilientes (Coe-Soft e Coe-Comfort). Para isso, as amostras foram inoculadas individualmente, ou com 10 mL de três culturas contendo E. coli, S. aureus e C. albicans e incubados a 37oC por 72 horas. Após o período de incubação, as amostras foram desinfetadas por spray ou por imersão em dióxido de cloro por um período de 3 minutos. Em seguida, cada amostra foi colocada em tubos contendo 15 mL de TSB e alíquotas da suspensão resultante das diluições seriadas foram semeadas em meios de cultura seletivo para os microrganismos avaliados. As colônias foram quantificadas após as placas terem sido incubadas por 24 horas a 37oC. Foi avaliado, ainda, o efeito do tempo de exposição sobre sua efetividade. Para isso, amostras adicionais foram divididas em 4 grupos e 3 amostras de cada material resiliente foram desinfetadas por spray durante 1, 3 e 10 minutos de contato. Os resultados obtidos com as amostras contaminadas com microrganismos isolados mostraram que a técnica de spray por 3 minutos não foi efetiva para os materiais reembasadores avaliados. A técnica de imersão foi mais efetiva na redução do número de colônias viáveis de E. coli e S. aureus, porém não foi efetiva para C. albicans, em ambos reembasadores. A análise em microscopia eletrônica de varredura indicou presença de microrganismos aderidos no interior dos poros de ambos materiais. O aumento do tempo de desinfecção em até 10 minutos não resultou em Revisão da literatura 49 uma efetiva desinfecção para todas as amostras.Com base nesses resultados, os autores concluíram que o dióxido de cloro não foi efetivo para desinfecção dos reembasadores testados, apenas para amostras de aço inoxidável. Webb et al.63, em 1998, avaliaram, por meio de estudo in vitro, a eficácia de dois métodos de esterilização: (1) irradiação por microondas e (2) imersão em hipoclorito de sódio. Para o experimento, vinte próteses foram confeccionadas e inoculadas com cepas de C. albicans isoladas de saliva de pacientes saudáveis (n=10) e de S. gordonii isoladas de placa dentária (n=10). Dez próteses foram colocadas em 5 béqueres (2 próteses em cada béquer) contendo 110 mL de caldo Sabourand, que foram contaminados com 11 mL de inoculo de C. albicans cultivado. Os béqueres foram, então, incubados em banho de agitação (80 agitações/min) a 37oC por 48 horas. As próteses selecionadas para desinfecção por microondas (n=5) foram individualmente irradiadas com diferentes tempos de exposição (1, 2, 4, 6, 8 e 10 minutos) em potência alta (604 W) e média (350 W). Após a irradiação, foi realizada a diluição seriada em solução salina e a semeadura das alíquotas em placas de Petri. As placas foram incubadas por 48 horas a 37oC e em seguida, calculou-se os valores de ufc/mL. As próteses do grupo controle não foram irradiadas, tendo sido somente imersas em solução salina. Para desinfecção por imersão, as próteses Revisão da literatura 50 contaminadas foram imersas em solução de hipoclorito de sódio a 1%, 0,02% ou 0,0125% por 8 horas, enquanto que as próteses do grupo controle foram imersas em água destilada pelo mesmo período. Em seguida, o mesmo protocolo experimental para análise microbiológica descrita para as próteses irradiadas foi utilizado. Algumas amostras em resina acrílica de cada condição foram preparadas para microscopia eletrônica de varredura. Os resultados evidenciaram que a irradiação em microondas por 6 minutos Aa 350 W foi efetiva para eliminar o crescimento de C. albicans e S. gordonii, apesar desse procedimento não ter removido os microrganismos não-viáveis das superfícies das próteses. Além disso, a imersão das próteses por 8 horas em hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,02 e 0,0125% eliminou o crescimento de C. albicans e reduziu o crescimento de S. gordonii. A remoção desses microrganismos da superfície das amostras foi observada nas análises em microscopia eletrônica de varredura. Dessa forma, os autores indicaram que a irradiação em microondas por 6 minutos a 350 W poderia ser mais efetiva para a esterilização de próteses que a imersão em hipoclorito de sódio, apesar de nenhum procedimento efetivamente eliminar todos os microrganismos das superfícies das próteses. Em 1999, Dixon et al21. avaliaram a efetividade da irradiação por microondas na desinfecção de resinas acrílicas contaminadas com C. albicans e seu efeito sobre a dureza desses Revisão da literatura 51 materiais. Na fase 1 do experimento, foram confeccionados 45 corpos-de-prova (10 mm x 10 mm x 3 mm) de cada material, sendo três rembasadores resilientes (Molloplast-B, Permaflex e/ou Permasoft) e uma resina termopolimerizável (Lucitone 199). Os corpos-de-prova foram submetidos aos ensaios de dureza (durômetro Shore A) e então inoculados com C. albicans. Após 48 horas, 30 corpos-de-prova foram irradiados a seco por 5 minutos em potência máxima, e o crescimento microbiológico foi avaliado por semeadura em placas de Petri. A esterilização em longo prazo (duas semanas) foi observada pela análise de crescimento visível no meio de tioglicolato contendo os corpos-de- prova desinfetados imersos nesse meio. Após 2 semanas, as leituras de dureza foram realizadas novamente para todos os corpos-de-prova. Para a fase 2, 15 corpos-de-prova de cada material foram irradiados a seco pelos tempos de exposição de 10 ou 15 minutos e submetidos aos ensaios de dureza. Na fase 3, 15 corpos-de-prova de cada material foram imersos em água e irradiados por 5 minutos em potência máxima. Para avaliar o efeito desse procedimento sobre a dureza, os corpos-de-prova foram irradiados por 5 vezes. De acordo com os resultados, a irradiação a seco por 5 minutos não esterilizou nenhum dos materiais avaliados. Além disso, os corpos-de-prova não imersos e irradiados por 10 e 15 minutos não foram eficientemente esterilizados para todos os materiais avaliados. Entretanto, uma esterilização efetiva foi observada somente após a irradiação em microondas por 5 minutos quando os corpos-de-prova Revisão da literatura 52 foram imersos em água. Os corpos-de-prova de todos os materiais não imersos e irradiados por 15 minutos e os corpos-de-prova imersos em água e irradiados por 5 minutos não resultaram em alteração de dureza clinicamente significante. As 5 irradiações consecutivas de um mesmo corpo-de-prova resultou em uma alteração significativa na dureza do material PermaSoft. Com base nos resultados, os autores concluíram que 5 minutos de irradiação, foram suficientes para eliminar C. albicans desde que os materiais testados estivessem imersos em água durante o procedimento de irradiação. Tendo em vista que o uso sucessivo de uma mesma esponja pode transferir bactérias de uma superfície a outra durante um procedimento de assepsia, Ikawa e Rossen32, em 1999, avaliaram vários métodos para desinfecção de rotina em esponjas. Para simular utilização doméstica, algumas esponjas, previamente ao tratamento, foram lavadas manualmente em solução de composto quaternário de amônio e cloreto de magnésio, secas ao ar ambiente e embaladas. Outras esponjas foram inoculadas com microrganismos patogênicos com o objetivo de simular condições de uso em laboratório. Essas esponjas foram individualmente umedecidas com 54 mL de água destilada estéril e contaminadas com 4 mL de uma suspensão bacteriana de E. coli, S. choleraesuis, P. aeruginosa, S. aureus e S. putrefaciens. As esponjas foram incubadas a 25oC por 48 horas. Os tratamentos químicos selecionados, para cada Revisão da literatura 53 condição simulada, constituíram-se de imersão por 5 minutos, em uma das seguintes soluções: hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio, álcool isopropil, quaternário de amônio, vinagre e amônia. Os tratamentos físico-químicos avaliados foram: escovação com detergente à base de composto quaternário de amônia ou alvejante e secagem associada ou não a um ciclo de alta temperatura a seco. Além disso, foi utilizada a imersão em água fervente por 5 minutos ou irradiação em microondas por um minuto em alta potência. Os autores enfatizaram que as esponjas foram umedecidas antes da irradiação para maior efetividade do método e também para prevenir que as esponjas, em estado seco, entrassem em combustão. Após cada tratamento, 1 mL da solução remanescente das esponjas foi inoculado em tubos de ensaio contendo Tryptic Soy Broth, que foram incubados a 35oC por 48 horas. Após esse período, os tubos de ensaio que apresentaram crescimento foram semeados em placas de Petri. Os tratamentos químicos avaliados foram efetivos na redução dos microrganismos presentes nas esponjas onde a utilização doméstica foi simulada, mas esses produtos não reduziram de forma significativa as bactérias presentes nas esponjas onde a utilização laboratorial foi simulada. Além disso, foi verificado que, para as duas condições de uso simuladas, a limpeza com detergente alvejante ou à base de composto quaternário de amônio, a imersão em água em ebulição por 5 minutos ou irradiação em alta potência por um minuto reduziram a viabilidade dos microrganismos em 99,9 %. Revisão da literatura 54 Lin et al.40, em 1999, avaliaram a efetividade da solução de dióxido de cloro na desinfecção de próteses dentárias. Foram confeccionados 92 corpos-de-prova (6 mm x 6 mm x 75 mm) de resina acrílica termopolimerizável (Ch Lucitone), sendo 88 expostos às suspensões microbianas e esterilizados em óxido de etileno e 4 utilizados como controle negativo, não expostos às suspensões microbianas, e esterilizados por autoclave. Os 88 corpos-de-prova foram colocados em Erlenmeyer contendo 400 mililitros de meio de cultura Tryptic Soy Broth (TSB) com os seguintes microrganismos em concentração inicial de 107 ufc/mL: E. coli, S. aureus e C.albicans. O Erlenmeyer contendo os corpos-de-prova inoculados foi submetido a termociclagem por 21 dias e, a seguir, metade das amostras (n=44) foi desinfetada e a outra metade (n=44) permaneceu não desinfetada (controle positivo). A desinfecção das amostras foi realizada por meio de spray de solução de dióxido de cloro (Alcide LD disinfectant). As amostras desinfetadas foram deixadas em descanso por 3 minutos e então enxaguadas em salina. A seguir, 46 amostras, sendo 22 não desinfetadas, 22 desinfetadas e 2 do grupo controle negativo, foram fraturadas em 4 partes. As outras 46 amostras foram mantidas intactas. Algumas amostras de cada grupo foram preparadas para microscopia eletrônica de varredura, e a análise foi realizada tanto na superfície interna quanto na externa. As amostras não submetidas a microscopia eletrônica de varredura foram colocadas em tubos de ensaio contendo 15 mL de TSB, agitadas por um minuto e Revisão da literatura 55 deixadas em descanso por 9 minutos. Após esse período, as soluções dos tubos foram levemente agitadas e então submetidas às diluições seriadas em solução salina. Uma alíquota de 0,1 mL das diluições de 10-3 a 10-5 foi semeada em placas contendo um dos meios de cultura específicos para cada microrganismo testado: MacConkey Agar (E. coli), Mannitol Salt Agar (S. aureus) e Tryptic Soy Agar com 5g/ml de gentamicina (C. albicans). Todas as placas foram incubadas a 37oC por 7 dias. Os meios de cultura dos tubos de ensaio contendo as amostras foram avaliados quanto à presença de crescimento nos períodos de 24 horas, 48 horas e 7 dias, e as placas foram analisadas quanto à presença de colônias viáveis. Todas as amostras do grupo controle negativo não apresentaram crescimento aparente nos tubos de ensaio. As amostras não desinfetadas (controle positivo), fraturadas ou não, produziram crescimento microbiano. O soma das colônias para E. coli foi maior que a soma para S. aureus e C. albicans. A MEV dos corpos-de-prova do controle positivo revelou maior quantidade de microrganismos nas superfícies externas comparadas às internas. Imediatamente após a desinfecção, para as amostras intactas ou fraturadas, foi observada a presença de um número significativamente menor de colônias viáveis, em comparação ao grupo controle positivo. Entretanto, após 7 dias, as amostras desinfetadas exibiram crescimento aparente nos tubos de ensaio. A MEV das amostras desinfetadas exibiu microrganismos nas superfícies interna e externa, à exceção da presença de C. albicans, que Revisão da literatura 56 não foi verificada no interior das amostras. Os autores concluíram que os microrganismos E. coli e S. aureus penetraram no interior da resina acrílica e que a desinfecção por três minutos com Alcide LD foi eficaz para reduzir os microrganismos, mas não para eliminar completamente os mesmos. Em 1999, Waltimo et al61. compararam a aderência de C. albicans à superfície de polimetilmetacrilato e à superfície de materiais compósitos de fibras de vidro utilizados em próteses totais. Utilizou-se uma resina autopolimerizável (Palapress) que foi reforçada com fibras de vidro unidirecionais. As amostras (3 X 4 X 2mm) foram confeccionadas, e uma superfície foi desgastada de modo a expor regiões ricas ou não em fibras. Após o período de 48 horas de imersão em água, as amostras foram inoculadas com C. albicans. Os resultados demonstraram que a densidade média de leveduras na superfície da matriz polimérica foi significantemente maior que sobre a superfície das fibras. O mecanismo de transferência de calor de uma suspensão de S. aureus após a irradiação em microondas foi avaliado por Yeo et al., em 1999. Culturas bacterianas de S. aureus foram inoculadas em meio nutriente, incubadas a 37oC por 8 horas e centrifugadas por 10 minutos. Para a exposição às microondas, foram utilizadas suspensões bacterianas em meio de cultura e em água destilada estéril. Adesivos Revisão da literatura 57 indicadores de temperatura foram aplicados em discos estéreis de aço inoxidável (15 x 5 mm). As suspensões bacterianas em meio de cultura ou em água destilada foram pipetadas sobre as superfícies dos discos. Em seguida, os discos foram irradiados a 800 W em vários tempos de exposição. As potências absorvidas pelos discos de aço inoxidável e pelas suspensões bacterianas foram calculadas por uma equação de condução térmica. A análise de transferência de calor entre o microrganismos e a água destilada foi avaliada por um método específico capaz de calcular o nível tempo – dependente de absorção de energia do microrganismo e do líquido circundante ao mesmo. Os resultados evidenciaram que a viabilidade celular foi reduzida com o aumento do tempo de exposição, havendo uma inativação completa da suspensão bacteriana após 110 segundos, quando a temperatura atingiu o valor de 61,4oC. O baixo índice de aumento de temperatura da suspensão bacteriana quando comparada com água destilada estéril ou meio de cultura testados sem inoculo foi atribuído pelos autores a uma significante influência da eficácia de esterilização pelas microondas nas propriedades térmicas dos microrganismos. Os autores concluíram que, quando o inoculo bacteriano sobre o disco de aço inoxidável foi submetido às microondas, a condução de calor do disco de aço para o inoculo foi à causa do efeito bacteriostático, com absorção de 23,8 W de potência pelo aço e de 0,16 W pela suspensão bacteriana. Dessa forma, os autores sugeriram que a ação de eliminação de S. aureus em discos de aço Revisão da literatura 58 inoxidável foi principalmente atribuída à transferência de calor do substrato de aço, com pouca energia absorvida diretamente da irradiação por microondas. Watanabe et al.62, em 2000, avaliaram o efeito de compostos iônicos na inativação de microrganismos por meio da irradiação por microondas. Suspensões de E. coli B, S. aureus e C. albicans foram cultivados a 2 x 107 ufc/mL. Para alguns experimentos, concentrações crescentes de NaCl, KCl e sacarose foram adicionados à suspensão. Um tubo contendo 3 mL da suspensão de cada microrganismo foi colocado em um recipiente erlenmeyer com 90 mL de água. Esse conjunto foi posicionado no centro do prato giratório do forno de microondas e foi irradiado a 500 W durante vários tempos de exposição. Amostras (0,1 mL) foram removidas para contagem, e a temperatura da suspensão celular foi determinada. Os resultados demonstraram que as células foram inativadas na mesma proporção em que houve um amento na temperatura da suspensão celular. Assim, foi considerdo que o efeito das microondas nos microrganismos foi principalmente devido ao calor gerado na suspensão celular. A adição de NaCl e KCl à suspensão modulou os efeitos da irradiação por microondas na inativação de E. coli. A adição de sacarose apresentou pouco efeito no aumento de temperatura e na inativação celular. Dessa forma, os autores observaram que soluções iônicas de alta eletrocondutividade refletem as Revisão da literatura 59 microondas da superfície da solução. Para esclarecer as contradições relacionadas à utilização de soluções iônicas, o efeito das condições circundantes no erlenmeyer foi estudado. Quando este foi esvaziado, a temperatura do líquido dos tubos aumentou mais rapidamente do que quando o recipiente foi preenchido com líquido. O aumento da temperatura da solução dos tubos foi suprimido com o aumento do volume do líquido. Os autores concluíram que, quando o volume da solução irradiada é menor ou quando a área superficial exposta às microondas é ampla, há maior possibilidade da irradiação por microondas aquecer todo o líquido contendo substâncias com alta perda dielétrica. Banting & Hill7, em 2001, realizaram um estudo para comparar a efetividade da energia de microondas como tratamento coadjuvante de candidose bucal. Trinta e quatro pacientes portadores de próteses totais superiores com teste positivo para pseudohifas de C. albicans foram selecionados para um dos seguintes tratamentos: irradiação da prótese em microondas ou imersão da prótese em solução clorexidina a 0,2% (controle). Todos os pacientes receberam medicação antifúngica tópica (Nistatina 300000 IU 3 vezes ao dia) por 14 dias. As próteses selecionadas para o tratamento com as microondas foram escovadas com sabão anti-séptico e água e então irradiadas por um minuto a 850 W em três dias diferentes (1, 5 e 10o dia). Para o grupo controle, as próteses foram imersas na solução de clorexidina durante a Revisão da literatura 60 noite por 14 dias, com renovação da solução a cada dois dias. Essas próteses também foram escovadas em 3 dias diferentes (1, 5 e 10o dias) estabelecendo parâmetro para comparação entre os grupos. Os resultados demonstraram que, após 14 dias, 53% das próteses submetidas ao tratamento com microondas apresentaram pseudohifas de C. albicans e que essa porcentagem aumentou para 84% para as próteses submetidas à imersão em clorexidina. Por outro lado, após esse mesmo período, as camadas citológicas referentes à mucosa palatina dos pacientes cujas próteses foram irradiadas apresentaram um quarto do risco de infecção dos tecidos palatinos em relação aos pacientes que tiveram suas prótese imersas em clorexidina. Três meses após o tratamento, o grupo controle foi considerado cinco vezes mais susceptível a apresentar pseudohifas de C. albicans quando em comparação com o grupo que recebeu tratamento com as microondas. Os autores observaram que a exposição das próteses às microondas foi efetiva para uma adequada desinfecção nas próteses sem ocasionar efeitos deletérios aparentes no material das mesmas. Hiti et al29., em 2001, avaliaram a efetividade da irradiação por microondas na esterilização de estojos de lentes de contato contaminados com tropozoitos e cistos de Acanthamoeba. Três cepas de Acanthamoeba sp (A. comandoni, A. castellani e A. hatchetti) foram cultivadas, e dois tipos de estojos de armazenamento, Essilor e Titmus Revisão da literatura 61 Washer, foram utilizados. Uma alíquota de 100 µL da suspensão tropozoito (106 ufc/mL) de cada cepa foi inoculada nos estojos Essilor. Cistos de cada cepa foram inoculados nos estojos Titmus Washer, os quais foram preenchidos com 8 mL de cloreto de sódio. Experimentos controles foram realizados com cistos desidratados, uma vez que a eficácia das microondas é dependente do conteúdo de água das células. Em seguida, cada estojo foi colocado em diferentes partes do prato rotatório do forno de microondas e individualmente irradiado a 600 W durante 3, 5 e 8 minutos. Após a irradiação, os estojos foram semeados em placas de E. coli por meio de “swabs” estéreis, e as placas foram incubadas a 30°C por 14 dias. O crescimento de amebas foi observado diariamente em microscópio de contraste de fase. Os resultados demonstraram que tanto os tropozoitos como os cistos foram efetivamente inativados pelo tratamento em microondas, independente do tempo de irradiação e do tipo de estojo utilizado. Análise microscópica revelou ruptura celular. Os experimentos controles realizados com cistos desidratados resultaram em crescimento das espécies A. castellani e A. hatchetti, independente do período de irradiação. Os autores concluíram que a irradiação por microondas é um método efetivo, simples e de baixo custo para inativação de Acanthamoeba em estojos de lentes de contato. Porém, foi enfatizado que a higiene das lentes é o método mais eficiente de se evitar infecções oculares em usuários de lentes de contato. Revisão da literatura 62 Tendo em vista a importância e necessidade de esterilização dos instrumentos rotatórios utilizados em odontologia, Farias23 em 2003 avaliou a efetividade da irradiação por microondas na esterilização de pontas diamantadas. Para o experimento, as pontas foram contaminadas em uma suspensão bacteriana formada por bactérias pertencentes ao meio bucal (E. coli, P. aeruginosa, S. aureus, S. mutans, L. acidophillus, A. viscosus, E. faecalis e B. subtilis), divididas em três diferentes grupos e submetidas à irradiação por microondas em potência máxima (800 W). Os grupos foram diferenciados entre si conforme o método de acondicionamento dos corpos-de-prova (2) e o procedimento para esterilização (3). No procedimento de esterilização P1, os corpos de prova foram limpos com esponja, acondicionados em placas de Petri contendo 40 mL de água e submetidos a irradiação por microondas durante 0, 1, 2 e 3 minutos. No procedimento de esterilização P2, os corpos-de-prova foram envolvidos em folha de poliéster, acondicionadas em envelopes para esterilização e expostos a energia por microondas nos períodos de 0, 2, 4, 5 e 6 minutos. No procedimento de esterilização P3 os corpos de prova foram limpos com esponja, acondicionados e submetidos à irradiação conforme o método anterior. A esterilização foi obtida tanto no procedimento P1, após 1 minuto, quanto no procedimentoP3, após 6 minutos. A autora concluiu que a irradiação em Revisão da literatura 63 microondas é um método eficiente para esterilização de pontas diamantadas. Goodson et al.27, em 2003, testaram a efetividade de um agente para a limpeza de próteses totais associado à irradiação de microondas, na desinfecção de próteses totais. Os autores utilizaram fragmentos de vinte próteses que haviam sido utilizadas por 12 a 48 anos. Esses fragmentos foram avaliados quanto à sua contaminação inicial por meio do contato da região correspondente às superfícies externa e interna das próteses, e também da região ao longo da secção realizada, em 3 diferentes meios de cultura específicos para leveduras, para microrganismos facultativos/anaeróbios e para microrganismos que exigem nutrientes especiais. Em seguida, os seguintes procedimentos de limpeza foram utilizados: imersão em um agente de limpeza experimental (Polident com Polishield) e irradiação em microondas por 2 minutos; imersão em solução de Polident (solução a base de ácido cítrico e carbonato de sódio) e irradiação durante 2 minutos imersão no agente de limpeza Polident e imersão em água por 5 minutos. A contagem das unidades formadoras de colônia foi obtida antes e após cada um desses procedimentos de limpeza. Os resultados demonstraram que a irradiação em microondas melhorou significativamente a eficácia do Polident na redução do número de microrganismos viáveis das próteses, tendo sido concluído que a utilização diária desse procedimento poderia prevenir o Revisão da literatura 64 ciclo de reinfecção dos pacientes pelas próteses contaminadas com os microrganismos causadores de candidose oral, entre os quais a C. albicans. Neppelenbroek et al.42, em 2003, avaliaram a efetividade da irradiação por microondas na esterilização de resinas rígidas para reembsasmento imediato. Corpos-de-prova (10 x 10 x 1 mm) de três resinas reembasadoras rígidas (Kooliner, Tokuso Rebase e Ufi Gel Hard) foram confeccionados e esterilizados por meio de óxido de etileno. Os corpos-de-prova foram, então, individualmente inoculados (107 cfu/mL) com meio de cultura de Tryptic Soy Broth, contendo um dos seguintes microorganismos: C.albicans, S. aureus, B. subtilis e P. aeruginosa. Após 48 horas de incubação a 37oC, os corpos-de-porva foram agitados por 1 minuto e deixados em repouso por 9 minutos, seguido de nova agitação para suspender qualquer microrganismo aderente. Após a inoculação, 40 corpos-de-prova de cada material foram imersos em 200 mL de água e irradiados a 650W por 6 minutos. Quarenta corpos-de-prova não irradiados foram utilizados como controle positivo. A seguir, 25 uL da suspensão resultante das diluições seriadas de 10-3 a 10-6, foram semeados em placas de Petri contendo os meios de cultura seletivo para cada microrganismo. Todas as placas foram incubadas a 37oC por 48 horas. Após a incubação, as colônias foram quantificadas em ufc/mL. Os corpos-de-prova irradiados foram imersos em meio de cultura e incubados Revisão da literatura 65 a 37oC por 7 dias. Vinte corpos-de-prova foram preparados para microscopia eletrônica de varrredura. Todos os corpos-de-prova demonstraram efetiva esterilização após a irradiação em microondas. A análise em microscópio eletrônico de varredura indicou alteração na morfologia celular dos microrganismos após irradiação em microondas. Os corpos-de-prova irradiados e incubados por 7 dias não demonstram crescimento microbiológico visível no meio de cultura. Segundo os autores, a esterilização por microondas por 6 minutos a 650 W provou ser um método efetivo para a esterilização de resinas reembasadoras rígidas. Ribeiro47, em 2004, avaliou o efeito da desinfecção por microondas sobre as propriedades mecânicas de resistência à flexão e dureza de quatro resinas indicadas para reembasamento imediato (Kooliner, Tokuso Rebase Fast, Ufi Gel Hard C e New Truliner) e de uma resina termopolimerizável indicada para base de prótese (Lucitone 550). Para cada material foram confeccionados 48 corpos-de-prova que foram divididos igualmente em seis grupos. Para o procedimento de desinfecção, cada corpo-de-prova foi individualmente imerso em 200 mL de água destilada e submetido a dois ciclos de irradiação por microondas a 650 W com diferentes tempos de exposição: 1 minuto (T1), 2 minutos (T2), 3 minutos (T3), 4 minutos (T4) ou 5 minutos (T5). O grupo controle (T0) foi submetido aos testes mecânicos sem ser irradiado pelas microondas. Os resultados demonstraram que para a resina Kooliner a Revisão da literatura 66 elevação no tempo de exposição às microondas promoveu aumento na resistência à flexão em todos os tempos avaliados, porém esse aumento foi significativo apenas em T5, em comparação ao T0. Este estudo demonstrou também que em relação ao grupo controle (não irradiado) os valores de dureza Vickers aumentaram para resina Kooliner em T3, T4 e T5; para Ufi Gel Hard em T4 e T5 e para New Truliner apenas, em T5. Os valores de resistência à flexão e dureza da resina para base de prótese Lucitone 550 não foram significativamente alterados pelos tempos de desinfecção avaliados, quando comparado aos valores grupo controle. Com base nesses resultados, a autora concluiu que a desinfecção em microondas não ocasionou efeitos deletérios na resistência à flexão e dureza dos materiais avaliados, independentes do tempo de irradiação utilizado. Pavarina et al.44, em 2005, investigaram o efeito da desinfecção por microondas (650 W/ 6 minutos) sobre a resistência flexural de cinco resinas para reembasamento (Kooliner, Tokuso Rebase Fast, Ufi Gel Hard, New Truliner e Duraliner II) e uma resina para base de prótese (Lucitone 550). Para o experimento foram confeccionados trinta e dois corpos-de-prova (3,3 x 10 x 64 mm) para cada resina acrílica, divididos em oito grupos contendo oito corpo-de-prova. O ensaio de flexão foi realizado após a polimerização (G1); após dois ciclos de desinfecção por microondas (G2); após sete dias de armazenagem em água (G3) e Revisão da literatura 67 após sete ciclos de desinfecção (G4). Os corpos-de-prova do G4 foram irradiados diariamente e imersos em água entre as exposições. Os resultados demonstraram que dois ciclos de desinfecção em microondas promoveram um aumento significante na resistência a flexão das resinas acrílicas Kooliner e Lucitone 550. Após sete ciclos, as resinas Kooliner e New Truliner apresentaram um aumento significante nos valores de flexão. A resistência à flexão do material Tokuso Rebase não foi significantemente influenciada pela irradiação. Sete ciclos de desinfecção em microondas resultaram em uma diminuição significante do material Duraliner II. Resultados semelhantes foram observados para o material Ufi Gel Hard, porém após 2 e 7 ciclos de desinfecção em microondas. Com base nos resultados obtidos os autores concluíram que a desinfecção em microondas não alterou a resistência flexural dos materiais avaliados, com exceção do material Ufi Gel Hard. 3 Proposição Com base nas informações obtidas na literatura, o objetivo desse estudo laboratorial foi avaliar a efetividade da irradiação por microondas na desinfecção de próteses totais contaminadas com os microrganismos S. aureus (gram positivo), P. aeruginosa (gram negativo), C. albicans (fungo) e B. subtilis (aeróbico esporulado). 4 Material e método 4.1 Materiais 1. Água destilada; 2. Branco de espanha K-dent, fabricado por Quimidrol, Joinville, SC, Brasil; 3. Cera rosa Wilson número 7, fabricada por Polidental Ind. e Com. Ltda, São Paulo, SP, Brasil; 4. Cultura de Bacillus subtilis proveniente da empresa American Type Culture Collection (ATCC number - 6633), Manassas, EUA; 5. Cultura de Candida albicans proveniente da empresa American Type Culture Collection (ATCC number - 60193), Manassas, EUA; 6. Cultura de Pseudomonas aeruginosa proveniente da empresa American Type Culture Collection (ATCC number - 27853), Manassas, EUA; 7. Cultura de Staphyloccocus aureus proveniente da empresa American Type Culture Collection (ATCC number - 25923), Manassas, EUA; 8. Dentes artificiais Vipi Dent Plus, fabricados por Dental Vipi Ltda, Pirassununga, SP, Brasil; 9. Detergente líquido ODD; fabricado por Bombril-Cirio, São Paulo, SP, Brasil; Material e método 72 10. Embalagens para esterilização em óxido de etileno, produzidas por ACECIL – Comércio e Esterilização a Óxido de Etileno Ltda, Campinas, SP, Brasil; 11. Gás de óxido de etileno (mistura de 30% de óxido de etileno e 70% de gás carbônico), produzido pela White Martins Ltda, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 12. Gesso pedra tipo III Herodent; fabricado por Vigodent SA Ind. Com., Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 13. Gesso pedra tipo IV Herodent; fabricado por Vigodent SA Ind. Com., Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 14. Isolante indicado para resina acrílica, marca Cel-Lac, fabricado por SSWhite, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 15. Lixa d’água marca Norton, granulação 0, 120 e 180; 16. Meio de cultura Mannitol Salt Agar, produzido por Acumedia Manufactures Inc., Baltimore, Maryland, EUA. Cod 7143A. Lote nº0007-101; 17. Meio de cultura Muller Hinton produzido por Acumedia Manufactures Inc., Baltimore, Maryland, EUA. Cod 7101A. Lote nº0010-126; 18. Meio de cultura Sabourand Agar, produzido por Acumedia Manufactures Inc., Baltimore, Maryland, EUA. Cod 7150A. Lote nº0011-105; Material e método 73 19. Meio de cultura Tryptic soy Agar, produzido por Acumedia Manufactures Inc., Baltimore, Maryland, EUA. Cod 7100A. Lote nº0012-108; 20. Meio de cultura Trytic Soy Broth (TSB), produzido por Acumedia Manufactures Inc., Baltimore, Maryland, EUA. Cod 7164A. Lote nº0008-120; 21. Papel celofane; 22. Pedra Pomes, fabricada por Orlando Antônio Bussioli, Rio Claro, SP, Brasil; 23. Pontas descartáveis para micropipeta; 24. Resina acrílica para base de prótese termopolimerizável Lucitone 550, fabricada por Dentsply Ind. e Com. Ltda, Petrópolis, RJ, Brasil. Lote nº 43780; 25. Resina acrílica autopolimerizável Jet; fabricada por Artigos Odontológicos Clássico, São Paulo, SP, Brasil; 26. Silicone para molde RTV 3120, fabricado por Daltomare Ind. e Com. Ltda, Santo Amaro, SP, Brasil; 27. Sódio cloreto (P. A. A. C. S.), produzido por CAQ - Casa da química Ind. e Com. Ltda; 28. Vaselina sólida, fabricada por Chemco Ind. e Com. Ltda, Campinas, SP, Brasil; 29. Tesoura ouro reta, fabricada por Golgran Instrumentos Cirúrgicos e Odontológicos, São Paulo, SP, Brasil. Material e método 74 4.2 Instrumentos 1. Alça de Drigalsky, fabricada por Vidrolabor; 2. Alça metálica para inoculação de microrganismos; 3. Béquer graduado, fabricado por Vidrolabor; 4. Bico de Bunsen; 5. Buril de Lecron, marca Duflex, fabricado por SSWhite, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 6. Erlenmeyer graduado, fabricado por Vidrolabor; 7. Escova de cerdas pretas e de pano macio; 8. Espátulas para cera Duflex, fabricadas por SSWhite, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 9. Frasco de vidro com tampa para resina acrílica, fabricado por Jon, São Paulo, SP, Brasil; 10. Gral e espátula para gesso; 11. Lamparina a álcool; 12. Micropipeta de 05-50µL, fabricada por Boeco, Alemanha; 13. Micropipeta de 100-1000 µL, fabricada por Boeco, Alemanha; 14. Micropipeta de 20-200 µL, fabricada por Boeco, Alemanha; 15. Mufla metálica nº 6, fabricada por Jon Comércio de Produtos Odontológicos Ltda, São Paulo, SP, Brasil; 16. Pincel nº 6, fabricado pela Jon Comércio de Produtos Odontológicos Ltda, São Paulo, SP, Brasil; 17. Pipeta de vidro de 2 mL, fabricada pela Vidrolabor; Material e método 75 18. Pipetador de borracha; 19. Placas de Petri pyrex 100 X 15 mm, fabricada por Petriq; 20. Ponta Maxi-cut, fabricada por Labordental, São Paulo, SP, Brasil; 21. Ponta periforme, fabricada por KG Sorense Ind. e Com. Ltda, Barueri, SP, Brasil; 22. Prensa de bancada, fabricada pela VH Equipamentos Médicos e Odontológicos, Araraquara, SP, Brasil; 23. Tubos de ensaio pyrex nº 9820. 4.3 Aparelhos 1. Agitador de tubos orbital, fabricado por Marconi Equipamentos Laboratoriais Ltda, Piracicaba, SP, Brasil; 2. Agitador de tubos, fabricado por Marconi Equipamentos Laboratoriais Ltda, Piracicaba, SP, Brasil. Modelo: A 162. Série: 8187148; 3. Autoclave vertical, fabricada por Phoenix – Ind. e Com. de Equipamentos Científicos Ltda, Araraquara, SP, Brasil. Modelo: AV 60. nº 6614; 4. Balança de precisão, fabricada por Gehaka – Ind. e Com. Eletro Eletrônica Gehaka Ltda, São Paulo, SP, Brasil. Modelo: BG 400. nº 016450; 5. Câmara de autoclave para esterilização com óxido de etileno, fabricado por LUTIS-Ferrando, Brasil. Material e método 76 Modelo: 1800L. Especificação - LUTIS Ferrando 1800; 6. Câmara de fluxo laminar vertical, fabricada por Pachane Ind. e Com. Ltda, Piracicaba, SP, Brasil. Modelo: PA 115. nº 12898; 7. Contador de colônias CP 600 Plus, fabricado por Phoenix – Ind. e Com. de Equipamentos Científicos Ltda, Araraquara, SP, Brasil. Modelo: CP-600. nº 919; 8. Estufa bacteriológica, produzida por Marconi Equipamentos Laboratoriais Ltda, Piracicaba, SP, Brasil. Modelo: MA 0324. Série: 9819011; 9. Estufa para secagem e esterilização, fabricada por Marconi Equipamentos Laboratoriais Ltda, Piracicaba, SP, Brasil. Modelo: MA 033. Série: 9819; 10. Micromotor, fabricado por Kavo do Brasil Ind. e Com. Ltda, Joinville, SC; 11. Microondas de dupla emissão de ondas, produzido por Brastemp, Manaus, AM, Brasil. Modelo:Sensor Crisp 38 – DES (Doublé Emission System); 12. Prensa hidráulica PM 2000, fabricada por Vipi Delta, Pirassununga, São Paulo, SP, Brasil; 13. Termopolimerizadora Termotron, P-100, fabricada por Termotron Equipamentos, Piracicaba, SP, Brasil; 14. Torno para polimento. Material e método 77 FIGURA 1 - Matriz de silicone RTV utilizada para confecção de modelos de gesso 4.4 Método 4.4.1 Obtenção de modelos de gesso superiores Para obtenção de modelos de gesso, uma caixa com dimensões de 8,5 x 8,5 cm de largura e 2,5 cm de profundidade foi confeccionada em cera rosa nº 7, tendo sido posicionado, na região central, um modelo de latão que simulava um arco superior totalmente desdentado. Sobre este modelo, foi vertido o material de moldagem silicone RTV, em uma proporção catalisador/silicone de 4 mL/100 g, sob vibração leve. Após a polimerização do material (24 horas), obteve-se uma matriz de silicone RTV que foi utilizada para confecção de modelos de gesso superiores com forma e dimensões padronizadas (Figura 1). Oitenta modelos superiores foram, então, confeccionados em gesso pedra tipo IV, espatulado manualmente, utilizando a proporção Material e método 78 FIGURA 2 - Modelo de gesso tipo pedra melhorado água/pó indicada pelo fabricante (22 mL/ 100 g). O gesso foi vazado sob vibração leve e constante e, após a sua reação de presa (45 minutos), os modelos foram retirados do molde de silicone RTV e suas bases foram regularizadas com lixas d’água de granulações 120 e 180 (Figura 2). 4.4.2 Obtenção das próteses superiores em cera Primeiramente, foi realizado o isolamento de um modelo de gesso pedra melhorado, com o isolante para resina acrílica Cel-Lac. Sobre este modelo, foi confeccionada uma base de prova com resina acrílica quimicamente ativada e lâminas de cera rosa nº 7. Para isso, a resina acrílica foi manipulada, de acordo com as orientações do fabricante, e ao atingir a fase plástica, foi acomodada sobre o modelo, tendo sido os excessos recortados com um buril de Le Cron. Após o seu acabamento com ponta Maxi-cut, um rolete foi confeccionado com uma Material e método 79 FIGURA 3 - Prótese total encerada com cera rosa nº 7 e dentes artificiais Vipi Dent Plus, modelo 2D/30M, cor 66 lâmina e meia de cera rosa nº 7 dobrada no sentido longitudinal, em forma de sanfona, com faixas de 1 cm de largura. O acabamento do rolete de cera rosa nº 7 foi realizado com uma espátula nº 36 aquecida. Posteriormente, os dentes artificiais, modelo 2D/30M, cor 66, foram montados e a escultura realizada na seguinte seqüência: enceramento, recorte do colo gengival, delineamento dos sulcos horizontais, esboço das bossas radiculares e acabamento da escultura (Figura 3)54,57. A prótese total encerada, devidamente posicionada sobre o modelo de gesso, foi moldada com silicone RTV para obtenção de uma matriz, seguindo as mesmas etapas descritas anteriormente para confecção da matriz de modelos de gesso (Figura 4). Dessa forma, as demais próteses superiores em cera foram obtidas utilizando a matriz em silicone RTV. Para isso, os dentes artificiais foram adaptados em suas Material e método 80 FIGURA 4 - Matriz de silicone RTV utilizada para obtenção do enceramento das próteses totais superiores respectivas lojas na matriz de silicone e posteriormente, uma placa e meia de cera rosa nº 7 liquefeita foi vertida. Em seguida, o modelo de gesso superior foi imediatamente posicionado e mantido sob leve pressão no interior da matriz. O conjunto formado pelo modelo, base de prova em cera e dentes artificiais foi rem