UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA EXPRESSÃO IN VITRO DA CICLOXIGENASE-2 (COX2) NO OSTEOSSARCOMA EXPOSTO A INIBIDOR SELETIVO DA COX2 PAULO RICARDO DE OLIVEIRA BERSANO Botucatu SÃO PAULO - BRASIL Outubro de 2011 ii UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA EXPRESSÃO IN VITRO DA CICLOXIGENASE-2 (COX2) NO OSTEOSSARCOMA EXPOSTO A INIBIDOR SELETIVO DA COX2 PAULO RICARDO DE OLIVEIRA BERSANO Tese apresentada à Universidade Estadual Paulista, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, para obtenção do título de Doutor. Orientadora: Profa Dra Noeme Sousa Rocha Co-orientadora: Profa Dra Maria Teresa de Seixas Alves Botucatu SÃO PAULO - BRASIL Outubro de 2011 iii Nome do Autor: Paulo Ricardo de Oliveira Bersano. Título: EXPRESSÃO IN VITRO DA CICLOXIGENASE-2 (COX2) NO OSTEOSSARCOMA EXPOSTO A INIBIDOR SELETIVO DA COX2. COMISSÃO EXAMINADORA Profª. Drª. Noeme Sousa Rocha Presidente e Orientadora Departamento de Clínica – Serviço de Patologia Veterinária FMVZ – UNESP – Botucatu Profª. Drª. Maria de Fátima Rodrigues Moutinho Gärtner Membro Departamento de Medicina Veterinária ICBAS / IPATIMUP – Universidade do Porto, Portugal Prof.Dr. Alaor Aparecido de Almeida Membro Instituto de Biociências de Botucatu – CEATOX IBB – UNESP – Botucatu Profª. Drª. Sheila Canevese Rahal Membro Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária FMVZ – UNESP – Botucatu Prof. Dr. Júlio Lopes Sequeira Membro Departamento de Clínica – Serviço de Patologia Veterinária FMVZ – UNESP – Botucatu Data da defesa: 01 de agosto de 2011 iv A Deus, pela Sua misericórdia divina, pela alegria do dom da vida e pela Sua presença sempre constante em todos os momentos. Aos meus pais José Guilherme e Josepha Maria (in memorian), À Zilda, aos meus queridos irmãos e toda a família, pelos exemplos, apoio, dedicação, carinho e amor. dedico este trabalho. v AGRADECIMENTOS À Universidade Estadual Paulista (FMVZ Unesp-Botucatu) à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia pela oportunidade de realizar o Programa de Pós-Graduação (Doutorado) em Patologia Veterinária. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão do Auxílio Regular a Pesquisa (2009/5349-3-9) e pela Bolsa de Estudos (2009/53777-7), que permitiram a realização e o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa. À professora Noeme Sousa Rocha, pela confiança por acreditar neste novo desafio, pela oportunidade de estudo, paciência, conselhos, competência, sugestões precisas, pela orientação neste doutoramento e sobretudo pelo exemplo de humildade, pela amizade e respeito mútuo. À professora Maria Teresa de Seixas Alves (EPM-Unifesp-GRAACC), pela disponibilização do Laboratório de Imunoistoquímica do Departamento de Patologia da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo, pela amizade, auxílio no delineamento experimental e nas avaliações histopatológicas e citológicas, pela correção da tese, pelos incentivos nos momentos de dificuldades, pela competência e experiência compartilhada em patologia óssea, pela confiança, e claro, pela co-orientação, cujos ensinamentos e correções serão sempre dados como referência. À professora Maria de Fátima Rodrigues Moutinho Gärtner (IPATIMUP e ICBAS), pela disponibilização do Laboratório de Imunoistoquímica do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e do Laboratório de Cultivo Celular do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, Portugal, cujo período de convivência nos Laboratórios foram de muito trabalho e aprendizado, agradeço toda gentileza em sempre nos receber bem e as sugestões na realização do experimento. Ao professor Matti Kiupel (Michigan States University, EUA), pela visão da importância dos trabalhos com cultivo primário de OSA canino, cujas sugestões foram amplamente absorvidas, aceitas e compreendidas em função da evidente experiência em pesquisas, agradecendo pelas conversas, aconselhamentos e ponderações precisas. Ao professor Antônio Sérgio Petrilli (GRAACC/IOP/Unifesp) e sua equipe, pelas conversas acadêmicas e trocas de experiências e informações preciosas sobre o osteossarcoma e a indicação do nome do Dr. Chand Khanna. À professora Fernanda da Cruz Landim (FMVZ Unesp-Botucatu), pela disponibilização do Laboratório LANÇA em que todo trabalho in vitro foi desenvolvido, pelo suporte acadêmico, pelas sugestões na realização do experimento, dedicação, pela amizade e admiração. vi À professora Sheila Canavese Rahal (FMVZ Unesp-Botucatu), pela disponibilização da sala de cirurgia do SEMPAS para coleta dos fragmentos tumorais e a facilitação na obtenção dos materiais necessários junto ao Centro Cirúrgicos para processamento das amostras, pela amizade, confiança e competência. Ao professor Alaor Aparecido de Almeida, pela admiração, respeito mútuo construído e iniciado em discussões sobre pesquisas após algumas aulas que renderam pelo menos uma excelente iniciação cientifica e que ainda certamente renderão outros trabalhos. Agradeço a amizade, o auxílio farmacológico deste trabalho, os conselhos, as inúmeras consultas, conversas intermináveis, a toda gentileza e prestatividade. Ao pesquisador Chand Khanna (National Cancer Institute – Center for Cancer Research, EUA), pelos preciosos conselhos, pela motivação, competência, sugestões incríveis para uso do material obtido, pelo exemplo de humildade e preocupação por bons trabalhos sobre osteossarcoma e tudo que o envolve, pela amizade, pela parceria que se forma e se fortalece. Minha admiração profissional e pessoal. À professora Marlene Isabel Vargas Viloria e professor Joaquin Hernán Patarroyo Salcedo, pela amizade, admiração e presenças sempre constantes por meio de seus ensinamentos obtidos na Graduação e na Pós-Graduação na Universidade Federal de Viçosa, cujo resultado de uma idéia criada foi em grande parte realizada neste estudo. Ao professor Júlio Lopes Sequeira (FMVZ Unesp-Botucatu), pela prestatividade, preocupação e empenho em sempre querer ajudar, pelo respeito, conselhos, sugestões e amizade. À professora Renée Laufer Amorim (FMVZ Unesp-Botucatu), pela disponibilização de material quando necessário, contatos profissionais e amizade. À professora Sílvia Minharro Barbosa (UFT), pela amizade, pelo apoio, admiração e ajuda para superar grande parte dos constantes desafios que surgiram durante este tempo de estresse e agitações. Aos funcionários José Roberto, Maria, Patrícia, Marlene, Cristina, Maury Raul, Claudinei e Valéria que por inúmeras vezes com paciência, competência e gentileza atenderam os meus incansáveis pedidos e solicitações nas fases de necessidades e decisões importantes de meu doutoramento, e aos residentes da Unesp Botucatu de 2008, 2009, 2010 e 2011 que me ajudaram na obtenção dos casos de OSA canino. Às amigas Marjorie Golin, Léia e Viviane do Hemocentro da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu pela amizade construída neste anos de trabalho, pela grande ajuda no processamento do material e análise dos resultados quase que infinitos encontrados na citometria de fluxo. vii Às funcionárias Leonor Cristina Manoja Roman, Fernanda, Kátia e Maria José do Laboratório de Imunoistoquímica da Patologia da EPM-Unifesp, e Maria de Fátima Faria, Alexandra Rêma e Célia Cristina do Laboratório de Imunoistoquímica do Laboratório de Patologia do ICBAS – Universidade do Porto, Porto pela paciência, amizade construída e auxílio na confecção das lâminas de HE, IHQ e ICQ. Aos colegas e amigos de Viçosa: Anna Paula B. R. Ferreira, Fabrício Valente, Michelle Bressan, Ferdinan de Almeida Melo, Abelardo da Silva Júnior, Juliana Munique, Pablo Herthel. Como sempre dissemos: “No final dá tudo certo...” Agora a frase é outra: “O mais importante é o principal”. Aos colegas e amigos de Pós-Graduação Tatiana, Thaila, Camila, Daniela, Mydien, Vinícius, Fernanda, Breno, Lidiane, Fabrízio, Isabelle, Mácia, Mariana, Jair Camargo, Luis Magalhães, Celi, Vitor Rosetto e muitos outros que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização e desenvolvimento deste trabalho, agradeço simplesmente a amizade e força. Aos amigos Gustavo Araújo e Carla Moya pela amizade, torcida e força. Ao amigo João Ferreira de Lima Neto, que com sabedoria, habilidade, competência e conhecimento pudemos enfim padronizar a técnica de isolamento das culturas de células neoplásicas e demais técnicas de cultivo celular, sua ajuda foi de fundamental importância para os bons resultados deste trabalho. Não me esquecendo do também amigo de Laboratório Mateus Sudano que muito auxiliou nos trabalhos paralelos e nesta Tese com seus imprescindíveis conhecimentos em estatística. Ao Grupo de Pesquisa OSA, com Rodolfo Françon, passando por Tarini Cristina e Gabriela Venturini, em seguida pelas presenças de Isis Galanti Khiel e Naiara da Costa Cinegaglia, meu muito obrigado! Ao meu presente de Graduação que se estendeu pelo mestrado, doutorado e certamente me acompanhará por mais uns dez anos ainda, que é o meu grande companheiro, amigo sincero e que traz alegria ao meu dia-a-dia... Este é o Wilbhert, meu “filho preto” que eu nunca canso de dizer e amar, agora entrando na vida senil, porém, sempre carinhoso, obediente, e sem igual. Aos amigos de república Luis Vergara, Jair Vergara, Rafael e Érico, pelas risadas, companheirismo, convivência, ajuda sempre que necessária, torcida e sobretudo pela grande amizade compartilhada. Aos proprietários dos animais que permitiram o uso do material dos seus cães envolvidos no estudo e a todos que direta ou indiretamente proporcionaram a realização desta investigação, o meu sincero agradecimento. viii À todas as vítimas de câncer e principalmente às de minha família como: minha mãe Josepha e minha irmã Ana Lúcia (vítimas de carcinoma mamário), meu avô Guilherme (vítima de carcinoma prostático), meu querido tio Vitório (vítima de carcinoma de colon), minha querida tia Anna de Lourdes (vítima de carcinoma pancreático) e ao meu pai (vítima e curado de carcinoma de colon). A persistência se faz presente por uma causa, e por esta causa há motivos que instintivamente me conduzem e incentivam para esta pequena parcela de contribuição. À minha mãe, que é e sempre será motivo de orgulho para mim e a toda Família pelo seu exemplo de vida, perseverança, coragem, luta e por sua linda história. Sinto sua presença desde o momento que acordo, estende-se quando vou me deitar e sei que me acompanha em meus sonhos a noite e em todos os outros sonhos de minha vida, compartilhando as conquistas e desilusões, mas também sei que quem persevera sempre alcança. Obrigado pelo nome que me acompanhará por toda eternidade, pela sua presença e amor incondicional de mãe que nunca se ausentou. Ao meu pai, que é minha base, espelho, minha fortaleza, motivo de orgulho, perseverança, dedicação que tanto fez e faz por mim e a todos meus irmãos, com sua insistência em proporcionar sempre ensino e educação a todos os seus filhos, mostra-nos o quão nobre é o dom do saber. Sempre dando apoio, incentivo, confiança, carinho mesmo distante fisicamente, mas sempre presente com sua torcida, compartilhando passo a passo todos os momentos de minha vida. Não me esquecendo da Zilda que sempre com seu amor também pude sentir sua torcida, incentivo e carinho. Aos meus queridos e amados irmãos Ana Lúcia, Duda, James, Carminha, Tuca, Janaina, Benê e Álvaro, que tanto fazem e fizeram por mim. Sempre vibrantes e presentes com conselhos, incentivos, acolhimento, carinho e sobretudo exemplo de vida e amor. Meu eterno obrigado por fazerem parte desta conquista que compartilho com todos vocês. A Virgem Santíssima repito meu “Totus Tuus” com confiança em sua proteção maternal. Minha eterna gratidão pela sempre silenciosa presença, e doce amor misericordioso e piedoso, que pude senti-lo em cada pulsar de meu peito em Fátima, cuja visita foi realizada de acordo com a Sua vontade. Obrigado por Sua incansável interseção por mim e por todos nós. Nossa Senhora Mãe de Deus, rogai por nós! Ao amor eterno de Deus Pai que nos criou, Deus Filho que nos remiu e o Espírito Santo que nos santifica, sem o qual, nada disso seria possível, pois tudo se resolveu com tranquilidade conforme os Seus desígnios. Com esta confiança que pude sentir Sua mão sempre estendida e pronta para iluminar e santificar a minha vida. Jesus, eu confio em Vós! ix Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo admirável me formastes! Salmo 138 x BIOGRAFIA PAULO RICARDO DE OLIVEIRA BERSANO, filho de José Guilherme Bersano e Josepha Maria de Oliveira Bersano (in memorian), nasceu em Ibitinga, SP, aos 04 de maio de 1974. Concluiu o curso de graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa (MG) em janeiro de 2004. Em agosto do mesmo ano ingressou no Programa de Pós-Graduação, nível mestrado, em Medicina Veterinária na área de Patologia Veterinária, desta mesma Instituição de ensino, finalizando este estudo em dezembro de 2006. Em março de 2008 ingressou no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (Unesp Campus de Botucatu), cujos trabalhos de doutoramento em Patologia Veterinária foram conduzidos. xi LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 1: ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO E ANÁLISE DO PERFIL DE BIOMARCADORES ALVO DA CARCINOGÊNESE Tabela 1 Especificações dos anticorpos utilizados nas imunomarcações do experimento.......................................... 16 Tabela 2 Parâmetros clínicos dos animais e suas respectivas expressões de Cox2, cujos fragmentos tumorais foram utilizados para isolamento e caracterização dos cultivos primários de OSA canino........................................................ 28 Tabela 3 Representação dos valores (%) para determinação da diferenciação histológica do cultivo primário de OSA canino................................................................................... 31 Tabela 4 Representação dos valores (%) para determinação da diferenciação histológica do cultivo primário de OSA canino... 31 CAPÍTULO 2: EXPOSIÇÃO A INIBIDOR SELETIVO DA COX2 EM CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO Tabela 5 Identificação dos valores das células vivas, apoptóticas, apoptóticas / necrose e em necrose, segundo as expressões da Cox2.................................................................................. 46 Tabela 6 Identificação dos valores das células vivas, em apoptose, apoptose / necrose e em necrose, segundo os períodos de 24h, 48h e 72h....................................................................... 48 Tabela 7 Identificação dos valores das células vivas, apoptóticas, apoptóticas / necrose e em necrose, segundo as concentrações crescentes de Celecoxibe.............................. 50 xii CAPÍTULO 3: VALIDAÇÃO DE DIFERENTES MARCAÇÕES EM CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO Tabela 8 Especificações dos anticorpos primários utilizados nas imunomarcações................................................................. 54 Tabela 9 Representação do perfil imunoistoquímico dos marcadores alvo do padrão histológico tumoral referentes aos respectivos spOS................................................................... 57 Tabela 10 Representação do perfil imunocitoquímico da caracterização do cultivo primário de osteossarcoma canino para citospin.... 58 Tabela 11 Representação fenotípica do perfil imunoistoquímico dos marcadores alvo da carcinogênese para os fragmentos dos tumores em estudo................................................................. 61 Tabela 12 Representação imunocitoquímica dos valores encontrados na caracterização dos cultivos primários de osteossarcoma canino para citospin............................................................... 63 xiii LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 1: ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO E ANÁLISE DO PERFIL DE BIOMARCADORES ALVO DA CARCINOGÊNESE Figura 1 Cadela Rottweiler, 6 anos, colheita da amostra na região distal tíbio-fíbular (A) Células mesenquimais malignas com características morfológicas de osteoblastos neoplásicos (______): matriz óssea pela célula adjacente, (______): células multinucleadas, (______): ranhuras na cromatina, (______): micronúcleo. – Giemsa. 400X. (B) Osteossarcoma osteoblástico em cão: alta celularidade de osteoblastos malignos ativos, deposição de trabéculas e matriz óssea. – HE. 400X................................................................................ 14 Figura 2 (A) Cão SRD, macho, 7 anos, no centro cirúrgico com aumento de volume na região proximal do úmero do membro torácico esquerdo. (B) Amputação do membro torácico esquerdo em cão com osteossarcoma na região proximal do úmero. (C) Coleta do tumor de forma asséptica após a amputação do membro do paciente. (D) Indicação do local da coleta do tumor pela ponta do bisturi. (E) Material coletado em tubos de 15mL contendo solução PBS pH 7,4. (F) Fragmentos tumorais lavados e sendo preparados para tripsinização (G). Material já processado, acondicionado em frasco de cultivo e mantido em estufa. (H) Cultivo apresentando heterogeneidade e intensa celularidade. 200X........................................................................................ 17 Figura 3 (A) Gráfico identificando amostragem do padrão celular desejado na análise. (B) Histograma do controle autofluorescente. (C): Histograma do controle do anticorpo secundário. (D) Histograma para o marcador vimentina com 97,91% positividade dentro da região denominada “M1”. (E): Histograma para o marcador citoqueratina com 0,16% de positividade dentro da região “M1”. Avaliação de 10.000 células por análise.................................................................. 25 Figura 4 (A) Osteossarcoma osteoblástico. Alta celularidade de osteoblastos malignos e trabéculas ósseas pré-existentes. Há grande proliferação de osteoblastos neoplásicos e produção de matriz óssea não mineralizada – HE. 400X. (B) Osteossarcoma combinado ou misto. Nota-se células condróides malignas (a), células pleomórficas malignas (b) e células malignas fusiformes. (c). – HE. 400X......................... 27 xiv Figura 5 (A) Imunoistoquímica positiva para anticorpo anti-Cox2 em fragmentos de tecido de osteossarcoma canino. IHQ - Novolink®. 400X. (B): Imunoistoquímica negativa para anticorpo anti-Cox2 em fragmentos de tecido de osteossarcoma canino. IHQ - Novolink®. 400X...................... 27 Figura 6 Cultivos primários de osteossarcoma canino apresentando grande quantidade células pleomórficas com células fusiformes pentagonais a poliédricas, mono, bi ou multinucleares, anisocitose evidente com núcleos vesiculosos e nucléolos evidentes. (A): spOS-1. – 200X. (B): spOS-2. – 400X. (C): spOS-3. – 200X. (D): spOS-4. – 400X (E): spOS-6. – 200X. (F): Cultivo de ctm-D. – 200X. (G): spOS marcada com Alizarin-Red, núcleos laranja- avermelhados. – 200X. (H): Cultivo de ctm-D marcada com Alizarin-Red, núcleos laranja-avermelhados. – 200X........................................................................................ 32 CAPÍTULO 2: EXPOSIÇÃO A INIBIDOR SELETIVO DA COX2 EM CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO Figura 7 A esquerda, fórmula estrutural (Goodman & Gilman’s – The pharmacological basis of therapeutics, 2010) e a direita, modelo molecular (sciencephotolibrary – F003/4947, Royalty Free) do anti-inflamatório seletivo para a Cox2 (Celecoxibe).. 43 Figura 8 (A) Gate R1 identifica amostragem de células a serem analisadas no dot-plot, (B) Controle Autofluorescente identificando células em LL sem marcações. (C) Identificação a partir dos quatro quadrantes (UL, UR, LL, LR) a resposta ao referido tratamento........................................... 44 Figura 9 Porcentagens de células vivas, apoptose, apoptose / necrose e necrose observado nos grupos Cox2 positivos e negativos. *(P ≤ 0,05)............................................................. 47 Figura 10 Porcentagens de células vivas, apoptose, apoptose / necrose e necrose observado nos grupos 24h, 48h e 72h de exposição a Celecoxibe. *72h difere (P ≤ 0,05) dos grupos 24h e 48h................................................................................ 48 Figura 11 Porcentagens de células vivas, apoptose, apoptose / necrose e necrose observado nos grupos.............................. 51 xv CAPÍTULO 3: VALIDAÇÃO DE DIFERENTES MARCAÇÕES EM CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO Figura 12 Osteossarcoma canino. Expressão dos imunomarcadores a partir do painel de identificação histológica dos fragmentos neoplásicos dos tumores ósseos em estudo, identificando em (A): osteossarcoma osteoblástico. HE. 400X. (B): vimentina positiva. (C): citoqueratina negativa. (D): ostecalcina positiva. (E): osterix positivo. (F): osteopontina positiva. IHQ - Novolink®. 400X.............................................. 57 Figura 13 Expressão dos imunomarcadores a partir do painel de caracterização da diferenciação histológica das células das cinco culturas spOS, identificando em (A): spOS-3 vimentina positiva. (B): spOS-2 citoqueratina negativa em quatro das cinco culturas. (C): spOS-1 citoqueratina positiva em spOS- 1. (D): spOS-3 ostecalcina positiva. (E): spOS-2 osterix positivo. (F): spOS-1 osteopontina positiva. IHQ. 400X. Identificação de diferenças morfológicas e principalmente na quantidade de citoplasma nas diferentes culturas spOS. ICQ - Novolink®. 400X.................................................................... 58 Figura 14 Osteossarcoma canino. Expressão dos imunomarcadores a partir do painel fenotípico de caracterização das proteínas alvo encontradas nas fases da carcinogênese para os fragmentos dos tumores estudos. (A): Cox2. (B): VEGF. (C): MMP-2. (D): MMP-9. (E): caspase-3 (F): Bax. (G): Bcl-2 (H): p53. (I): Ki-67 (MIB-1). IHQ positiva - Novolink®. 400X........................................................................................ 61 Figura 15 Expressão dos imunomarcadores a partir do painel fenotípico de caracterização das proteínas alvo identificadas nas fases da carcinogênese para os cultivos spOS. (A): Cox2. (B): VEGF. (C): MMP-2. (D): MMP-9. (E): caspase-3 (F): Bax. (G): Bcl-2 (H): p53. (I): Ki-67 (MIB-1). ICQ positiva - Novolink®. 400X...................................................................... 63 Figura 16 Osteossarcoma canino. Citospin com coloração histoquímica (A) Células apresentando critérios de malignidade (______): megalocitose com ondulações citoplasmáticas, (______): micronúcleo, (______): célula multinucleada, (______): ondulações citoplasmáticas / pseudópodes, ( ): secreção de matriz óssea. – Giemsa. 1.000X. (B) Células apresentando pleomorfismo celular e nuclear. Coloração verde demonstrando alta atividade celular dos osteoblastos neoplásicos. ( ): célula multinucleada maligna. Papanicolaou. 1.000X............................................................ 66 xvi SUMÁRIO LISTA DE TABELAS........................................................................................... xi LISTA DE FIGURAS........................................................................................... xiii RESUMO............................................................................................................ xix ABSTRACT......................................................................................................... xx 1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………..... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA………………………………………………….. 4 2.1. Etiopatogenia do osteossarcoma canino......................................... 4 2.1.1. Moléculas alvo para caracterização do painel de biomarcadores do osteossarcoma canino...................... 5 2.1.2. Cultivo celular................................................................. 9 2.1.3. Morte celular por apoptose............................................. 10 3. OBJETIVOS................................................................................................ 12 4. HIPÓTESES................................................................................................ 12 5. CAPÍTULO 1: ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO E ANÁLISE DO PERFIL DE BIOMARCADORES ALVO DA CARCINOGÊNESE............................. 13 5.1. Objetivo do capítulo 1...................................................................... 13 5.2. Material e métodos.......................................................................... 13 5.2.1. Aspectos éticos e origem do material em estudo............ 13 5.2.2. Processamento do material............................................. 14 5.2.3. Imunoistoquímica............................................................. 15 5.2.4. Obtenção das amostras das culturas celulares primárias do osteossarcoma canino................................................ 15 5.2.5 Digitalização das imagens............................................... 18 5.2.6. Nomenclatura dos cultivos primários de OSA canino...... 18 5.2.7. Manutenção dos cultivos primários................................. 19 5.2.7.1. Troca dos meios de cultivo.............................. 19 5.2.7.2. Caracterização dos cultivos primários............. 19 5.2.7.3. Contagem celular............................................. 20 5.2.7.4. Criopreservação dos cultivos primários........... 20 5.2.8. Caracterização dos cultivos primários............................. 21 xvii 5.2.9. Coleta das células-tronco mesenquimais da medula óssea............................................................................... 22 5.2.10. Isolamento, cultivo in vitro de células-tronco mesenquimais e diferenciação em osteoblastos............. 23 5.2.11. Análise para confirmação da diferenciação em células de origem óssea pela citoquímica em cultivo.................. 24 5.3. Análise estatística............................................................................ 26 5.4. Resultados e discussão................................................................... 26 5.4.1. Casos obtidos e suas respectivas nomenclaturas........... 26 5.4.2. Parâmetros clínicos dos animais em estudo................... 28 5.4.3. A importância do uso de biomarcadores em oncologia veterinária e para o OSA canino...................................... 29 5.4.4. Expressão dos biomarcadores em função das células em cultivo primário........................................................... 30 5.4.5. Expressão dos biomarcadores Cox2 e Ki-67................... 33 5.4.6. Expressão dos biomarcadores VEGF, MMP-2 e MMP-9. 36 5.4.7. Expressão dos biomarcadores caspase-3, Bcl-2, Bax e p53................................................................................... 37 5.5. Conclusão do Capítulo 1.................................................................. 39 6. CAPÍTULO 2: EXPOSIÇÃO A INIBIDOR SELETIVO DA COX2 EM CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO...................... 40 6.1. Objetivo do capítulo 2...................................................................... 40 6.2. Material e métodos........................................................................... 40 6.2.1. Aspectos éticos e origem do material em estudo............ 40 6.2.2. Processamento do material............................................. 41 6.2.2.1. Uso dos cultivos primários spOS..................... 41 6.2.3. Cultivo celular e tratamentos........................................... 41 6.2.3.1. Farmacodinâmica do Celecoxibe..................... 42 6.2.4. Citometria de fluxo........................................................... 43 6.2.5. Análise estatística............................................................ 45 6.3. Resultados e discussão................................................................... 46 6.3.1. Análise dos tratamentos com inibidor seletivo da Cox2 nos cultivos spOS positivos e negativos.......................... 46 6.3.2. Tratamentos com inibidor seletivo da Cox2 em função dos tempos 24h, 48h e 72h............................................. 47 xviii 6.3.3. Análise das diferentes concentrações nos tratamentos com inibidor seletivo da Cox2.......................................... 50 6.4. Conclusão do Capítulo 2.................................................................. 51 7. CAPÍTULO 3: VALIDAÇÃO DE DIFERENTES MARCAÇÕES EM CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO...................... 52 7.1. Objetivo do capítulo 3...................................................................... 52 7.2. Material e métodos.......................................................................... 52 7.2.1. Aspectos éticos e origem do material em estudo............ 52 7.2.2. Processamento do material............................................. 53 7.2.2.1. Uso dos cultivos primários spOS..................... 53 7.2.2.2. Imunoistoquímica............................................. 53 7.2.2.3. Imunocitoquímica............................................. 53 7.2.2.4. Coloração Giemsa e Papanicolaou.................. 54 7.2.3 Análise da intensidade de marcação............................... 55 7.2.4. Digitalização das imagens............................................... 55 7.3. Resultados e Discussão.................................................................. 56 7.3.1. Expressão dos biomarcadores em função do padrão histológico das células em cultivo primário e dos respectivos fragmentos tumorais..................................... 56 7.3.2. Expressão dos biomarcadores da carcinogênese........... 60 7.3.3. Marcação histoquímica: Giemsa e Papanicolaou............ 66 7.3.4. Avaliação do uso das técnicas utilizadas no estudo......... 67 7.4. Conclusão do Capítulo 3.................................................................. 68 8. REFERÊNCIAS........................................................................................... 70 ANEXOS............................................................................................................. 81 xix RESUMO BERSANO, Paulo Ricardo de Oliveira. DR., Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, julho de 2011. Expressão in vitro da cicloxigenase-2 (Cox2) no osteossarcoma exposto a inibidor seletivo da Cox2. Orientadora: Profa. Dra. Noeme Sousa Rocha. Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Teresa de Seixas Alves. O comportamento biológico altamente metastático e localmente agressivo é marca dos tumores ósseos malignos do cão, sua importância deve-se à dificuldades na conduta terapêutica. Para testar a hipótese, o trabalho se propôs a investigar a Cox2, proteína alvo para tratamento, com identificação e quantificação dos marcadores da proliferação: Ki-67; apoptose: caspase-3, p53, Bcl-2 e Bax; invasão: MMP-2 e MMP-9; e formação de vasos: VEGF. Cinco cães com suspeitas clínicas e radiológicas, e posterior diagnóstico citopatológico e histopatológico de osteossarcoma de ocorrência espontânea, que foram submetidos à cirurgia. Obtive-se de cada animal o isolamento e caracterização dos cultivos primários. Os diferentes cultivos foram expostos a inibidor seletivo da Cox2, o celecoxibe, no qual houve diferença (p ≤ 0,05) para os cultivos Cox2 positivos em relação aos negativos, com maior indução à necrose. Em 72h observou-se maior porcentagem de células vivas, menor de células em apoptose e maior de células em necrose em relação aos grupos de 24h e 48h. Houve tendência (p=0,08) na redução da porcentagem de células em necrose para os grupos de 100 M.L-1 quando comparados aos grupos de 10 M.L-1. Independente do método, os fatores que induzem crescimento vascular, proliferação, morte e invasão, inerentes as etapas da carcinogênese, são complexos Não foi possível determinar o papel individual de cada um destes fatores. A metodologia empregada se mostrou eficaz para determinar o padrão histológico das amostras. Logo, o cultivo primário se comportou como modelo ideal para estudo do OSA, visto que suas características de agressividade tumoral não se perderam quando comparados aos métodos citados. Palavras chaves: Osteossarcoma, carcinogênese, tratamentos, cicloxigenase-2. xx ABSTRACT BERSANO, Paulo Ricardo de Oliveira. DR., Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, July, 2011. In vitro expression of cyclooxygenase-2 (Cox2) for osteosarcoma exposed to a Cox2 selective inhibitor. Adviser: Dra. Noeme Sousa Rocha, MDV. Co-advisers: Dra. Maria Teresa de Seixas Alves, MD. A high metastatic behavior and site aggressiveness are common features of bone malignant tumors in the dog and they are important owing to their therapeutic difficulties. The objective of this study was to validate such hypothesis by investigating the Cox2 (therapy’s target protein) via the identification and quantification of markers for proliferation (Ki-67), apoptosis (caspase-3, p53, Bcl-2 and Bax), invasion (MMP-2 and MMP-9) and vessel formation (VEGF). Five dogs diagnosed as having spontaneous osteosarcoma (clinical, radiological, cytopathological and histopathological diagnosis) underwent tumor removal surgery and it was isolated and characterized the primary culture of each animal. All cultures were exposed to a Cox2 selective inhibitor named celecoxibe. There was difference (p ≤ 0,05) between Cox2 positive cultures and Cox2 negative ones. The positive ones presented higher necrosis induction. The 72h group presented higher percentage of live cells and cells undergoing necrosis when compared to the 24h and 48h groups. Nevertheless, the 72h group presented lower percentage of cells in apoptosis. Cells undergoing necrosis tended be in a lower percentage (p=0,08) for the 100 M.L-1 groups when compared to the 10 M.L-1. Regardless of methodology, the factors that induce vascular growth, proliferation, death, and invasion in different phases of the carcinogenesis are complex. It was no yet possible to determine the individual role from each of these factors. The methodology applied in this experiment was efficient in determining the histological standard of these samples. Hence, the primary culture may be used as an ideal model for the OSA study as the tumor aggressive characteristics were not lost when compared to the previously mentioned methods. Key words: Osteosarcoma, carcinogenesis, treatments, cyclo-oxigenase-2. 1 1. Introdução Recentes pesquisas têm avançado na busca por marcadores do osteossarcoma (OSA), em humanos e no cão, como os de proliferação celular, indiferenciação, receptores de moléculas adesivas, metástase entre outros. Investigações baseadas apenas nas vertentes clínicas do osteossarcoma não são acuradas o suficiente para identificar o perfil heterogêneo deste tumor (DERNELL et al, 2007). Em pequenos animais, o câncer é a principal causa de morte (MODIANO e BREEN, 2007). As células inflamatórias e seus diversos fatores solúveis envolvidos na inflamação estão presentes em todos os tumores. Os fenômenos clássicos da resposta inflamatória, que incluem remodelação tecidual, angiogênese e cicatrização, são características comumente utilizadas como sinais ou indícios morfológicos de um câncer invasivo (DEMARIA et al., 2011). Estudos têm mostrado que estes processos inflamatórios estromais, relacionados principalmente a presença da Cox2, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento e progressão de tumores em várias espécies, cujo papel nas neoplasias inclui a proliferação e transformação celular, crescimento tumoral, invasão e metástases (GASPARINI et al., 2003; FINAK et al., 2008). Desta forma, a identificação da presença da Cox2 e outras proteínas envolvidas na carcinogênese nos permitem caracterizar o perfil destas neoplasias, predizer suas agressividades e principalmente seus respectivos comportamentos clínicos (DEMARIA et al., 2011). A Cox2 está sendo avaliada com objetivo de tratamento e prevenção do câncer. O uso de inibidores seletivos da Cox2 (coxibes) bloqueia o crescimento de muitos tumores por diversos mecanismos, principalmente pela antiangiogênese e pelos efeitos pró-apoptóticos. Achados pré-clínicos mostraram que a alta expressão da Cox2, observada em tumores humanos em estágios avançados, é a base para uma nova estratégia de terapêutica anticâncer, baseada na combinação de inibidores 2 seletivos da Cox2 e outras modalidades de tratamentos (GASPARINI et al., 2003). Segundo Wolfesberger et al, (2006) a administração adjuvante de um inibidor da Cox2 in vitro para o osteossarcoma canino, apresenta resultados semelhantes aos encontrados em outros cânceres como os de esôfago, cólon, estômago e reto, cujos tratamentos adjuvantes com estas drogas vêm apresentando resultados animadores. Portanto, para os casos em que ela é expressa existem boas perspectivas de sobrevida, justificando assim, novas buscas terapêuticas para o tratamento do osteossarcoma. As vias moleculares da inflamação relacionada ao câncer estão agora sendo investigadas e desvendadas, resultando na identificação de novas moléculas alvos que podem levar a melhor conhecimento do prognóstico e tratamento (MANTOVANI et al., 2008). No homem o prognóstico através de biomarcadores como: p53, Rb, MMP, VEGF, PCNA, Ki-67, FOS, SV40, BMP, MAPK, WNT/β-catenina, HER-2, ErbB, MIC, Cox2 entre outros, é amplamente utilizado nos dias de hoje (GASPARINI et al., 2003; LOUKOPOULOS et al., 2004; GORLICK e KHANNA, 2010), e cada vez mais se tornam ferramenta de direcionamento em diversos tipos de tratamentos, sendo utilizados também para o monitoramento de pacientes, como indicadores para uso de novos quimioterápicos e adjuvantes terapêuticos, podendo assim também indicar o aparecimento de metástase ou recidivas. No OSA canino estes métodos são subutilizados, principalmente na realidade brasileira de diagnóstico, tratamento e prognóstico. Pelos trabalhos nacionais que investigam a incidência do OSA em cães, pode-se observar a não representatividade casuística desta neoplasia como mostram Bersano (2006) e Daleck et al, (2009), e, principalmente em virtude da decisão do proprietário optar pela eutanásia do animal, ao invés do tratamento principalmente pelos custos onerosos, com isso, perde-se o registro da doença e as informações preciosas de toda manifestação clínico-patológica, ante-morten e pos-morten que a doença possa trazer. Portanto, novas buscas poderão melhorar o 3 diagnóstico, assim como tornar os novos tratamentos mais confiáveis, eficazes e com menor custo para esta neoplasia. Assim sendo, esta investigação procurou a partir de estudo in vitro, fazer uso de biomarcadores alvo da carcinogênese, isolar, caracterizar e expor células primárias do osteossarcoma canino a um inibidor seletivo da Cox2 em diferentes tempos e concentrações. 4 2. Revisão de Literatura 2.1. Etiopatogenia do osteossarcoma canino O osteossarcoma é a neoplasia óssea primária mais frequentemente diagnosticada em cães, responsável por mais de 80% dos casos (STRAW et al., 1990; HAMMER et al., 1995; WOLFESBERGER et al., 2006), representando excelente modelo in vivo para o OSA humano (KIRPENSTEIJN et al., 2002; MULLINS et al., 2004), já que sua biologia em cães é semelhante. (KHANNA et al., 2001). Compreende aproximadamente de 2% a 5% de todos os cânceres em cães (DERNELL et al., 2007) e menos de 1% em humanos (GORLICK e KHANNA, 2010). Quando comparado a tumores de outros órgãos, as neoplasias ósseas primárias são pouco frequentes, porém, sua importância deve-se à dificuldades na conduta, já que apresentam um extenso espectro de lesões (BRASILEIRO FILHO, 2006). É uma doença que se caracteriza por comportamento altamente metastático e localmente agressivo. Independente das espécies a localização do tumor é preferencialmente em ossos longos, na região epifisária. São muitas as hipóteses etiológicas para o OSA, que vão desde as anormalidades genéticas inerentes ao paciente, até mesmo as exposições aos diversos riscos ambientais, como a exposição a radiação ionizante demonstrada em modelos animais, como também observada em humanos (JANEWAY et al., 2009; GORLICK e KHANNA, 2010). Todavia, a causa do OSA canino de origem espontânea ainda é controversa, acreditando-se estar mais relacionada com o porte do animal do que a raça. Pesquisas demonstram que cães com peso acima de 36,5kg possuem 61 a 185 vezes mais risco de desenvolver OSA quando comparados à cães de peso menor que 9kg. A idade média de ocorrência é de 7,7 anos, e o risco aumenta até os 10 anos. Os animais não castrados apresentam maior incidência ao OSA comparados com os castrados (DALECK et al., 2002; DERNELL et al., 2007). 5 O diagnóstico do osteossarcoma se inicia na história clínica e no exame semiológico do animal, posteriormente, laboratorial tais como: bioquímico, citológico, histológico, por imagem e diagnósticos diferenciais (LING et al., 1974; DALECK et al., 2002; DERNELL et al., 2007). Em humanos, estudos nacionais demonstram que o tempo entre o início dos sintomas até o diagnóstico não se correlacionam com a presença de metástases, tamanho do tumor, ou a sobrevivência do paciente. Estes dados sugerem que o estágio da apresentação da doença depende mais das propriedades biológicas do tumor do que do diagnóstico tardio da neoplasia (PETRILLI, et al., 2006). O prognóstico em cães é extremamente reservado (HAMMER et al., 1995; DERNELL et al., 2007), sendo a amputação a principal forma de tratamento. O procedimento proporciona a ressecção completa do tumor primário para cães com OSA apendicular, porém, apesar do alívio do desconforto local, raramente resulta em cura (DALECK et al., 2009). A cirurgia deve ser considerada tratamento paliativo, quando realizada isoladamente (WATERS, 1998). A resposta individual de cães à quimioterapia é imprevisível, podendo resultar em insucesso em responder à droga citotóxica. Para o OSA canino, a doxorrubicina vem sendo utilizada juntamente com a cisplatina que possui menor custo, ou mais comumente com a carboplatina, que é derivado platinado de segunda geração, utilizado em função de apresentar menores efeitos colaterais (LARONE e DELPRAT, 2004; DERNELL et al., 2007). 2.1.1. Moléculas alvo para caracterização do painel de biomarcadores do osteossarcoma canino As células mesenquimais possuem muitos biomarcadores em comum e muitos deles se mantêm muito expressos nas células mais diferenciadas. Desta forma, torna-se necessária a utilização de marcadores específicos para identificação do padrão e comportamento do tipo celular desejado (NEUPANE et al., 2008). 6 Para o OSA canino os principais biomarcadores constituintes do painel de identificação do tumor são as moléculas e proteínas que apresentam marcação positiva: cálcio; pelos métodos de mensuração da atividade da fosfatase alcalina (FA) a partir dos níveis de Ca2+ e proteínas do líquido sobrenadante das amostras previamente padronizadas (LOUKOPOULOS et al., 2004), assim como a identificação do mesmo cátion em células de culturas previamente fixadas em álcool absoluto e marcadas pelo alizarin red (LIU et al., 1999). Como imunomarcadores a vimentina identifica células de origem mesenquimal, a osteopontina, osteocalcina, osteonectina, RANK-L são sinalizadores expressos por osteoblastos que regulam a mineralização da matriz óssea (ERIKSEN, 2010). Como proteínas expressas em células de origem óssea, a osteopontina se apresenta como bom parâmetro para marcação do OSA (LOUKOPOULOS et al., 2004); a osteocalcina apresenta ótima imunoexpressão para identificação de células ósseas diferenciadas em cultivos celulares (NEUPANE et al., 2008; JUHÁSOVÁ et al., 2011); e osterix, que é importante marcador relacionado a diferenciação de osteoblastos (ERIKSEN, 2010). Segundo Cao et al, (2005) o osterix também possui importante envolvimento na patogênese do osteossarcoma. Além do auxílio dos biomarcadores, é de fundamental importância identificar o fenótipo celular e seu comportamento em culturas in vitro para sua melhor identificação e caracterização (FRESHNEY, 2010). Como objeto de estudo na identificação do perfil dos cultivos primários do OSA canino e construção do painel imuno-histogênico destas células neoplásicas in vitro, diversas moléculas alvo foram selecionadas. A cicloxigenase-2 (Cox2) que é a proteína alvo deste estudo, foi inicialmente identificada no início dos anos de 1.990 como enzima distinta, que apresentava em torno de 60% de homologia com a Cox1. A Cox2 é uma proteína mediada no estroma por células inflamatórias, por diversas citocinas e outros mediadores (WASKEWICH et al., 2002). As Cox são enzimas que catalisam a formação de prostaglandinas a partir do ácido araquidônico. Das três isoformas descritas (WOLFESBERGER et al., 2006), a cicloxigenase-1 (Cox1), é 7 constitutiva e expressada em muitos tecidos, a segunda isoforma é a Cox2, que é induzida e expressada por células que participam do processo inflamatório, por tecidos neoplásicos e por outras condições patológicas; e a terceira prostaglandina tem sido descrita recentemente e postulada como sendo a Cox3, proteína variante da Cox1 expressa principalmente em células do coração e córtex cerebral (GASPARINI et al., 2003). A alta expressão da Cox2 conduz a uma elevada concentração de prostaglandinas, especialmente a prostaglandina E2 (PGE2) (MOHAMMED et al., 2004). Pai et al. (2002) mostraram uma estreita ligação entre PGE2 e receptores de EGF. A PGE2 induz a ativação de metaloproteinases MMP2 e MMP9, que são moléculas importantes nos processos de invasão dos tecidos adjacentes e nas metástases (LOUKOPOULOS et al., 2004), e aumentando a expressão de TGF- , combinando com receptores de EGF, o que promove ou desencadeia sinalizadores mitogênicos (GASPARINI et al., 2003). A Cox2 pode ser induzida por estímulos mitóticos, mediados por fatores de crescimento, tais como: EGF, VEGF, FGF, TNF- , Interleucinas 1 e 1 (VADLAMUDI et al., 1999; ARAKI et al., 2003). Ela é expressa constitutivamente em tecidos neoplásicos como em muitos carcinomas, incluindo colon, esôfago, próstata, mama, dentre outros (WASKEWICH et al., 2002). Há evidências de que a Cox2 esteja envolvida na patogênese de alguns carcinomas como em ratos transplantados com células epiteliais em que houve alta estabilidade destas células, cuja expressão de Cox2 foi elevada e houve resistência a apoptose e expressão aumentada de Bcl-2. Estas células mostraram aumento em sua adesão a matrix extracelular e reduzidos níveis dos receptores de TGF- (TSUJII e DuBOIS, 1995). Foi observado mudanças no fenótipo de células que expressaram altos níveis de Cox2 e aumento na agressividade tumoral. Já a alta expressão da Cox2 isoladamente não é suficiente para induzir neoplasia, mas sua expressão é suficiente para relacioná-la a carcinogênese em certos tipos de tecidos (WANG e DuBOIS, 2004). 8 Alguns estudos preliminares sugerem que a Cox2 pode ter papel importante na gênese do osteossarcoma canino. A porcentagem da enzima expressa neste tumor e sua distribuição celular paralelamente encontrada no osteossarcoma humano, sugere que o OSA canino serve como um modelo animal para o OSA humano espontâneo. Soma-se a isto a forte marcação de Cox2 encontrada nas formas mais agressivas da doença (MULLINS et al., 2004; BERSANO, 2006). As mutações somáticas no gene p53 são encontradas em aproximadamente 50% de todos os tumores humanos. (JORD et al., 2000). O p53 é capaz de iniciar a apoptose através da indução da expressão do membro pró-apoptótico Bax, da família Bcl-2 (SILVA, 2004; KUMAR et al., 2005), que induz a liberação de citocromo-c pelas mitocôndrias. Posteriormente, atuam as enzimas caspases, responsáveis finais pela destruição celular (ALBERTS et al., 2002). Os testes para ocorrência de apoptose podem evidenciar os caminhos estruturais e funcionais utilizados pelas células, bem como metabólitos resultantes da expressão destes genes, como a caspase (GRIFFIN e HARDWICK, 1997; HOORNAERT et al., 1997). Muitos fatores que afetam o prognósticos dos pacientes com OSA são, a idade, sexo, localização da lesão, tamanho do tumor, padrão histológico e estágio de desenvolvimento tumoral (MARINHO et al., 2005; DALECK et al., 2009). As características proliferativas do tumor podem ser analisadas por diversos métodos, incluindo contagem de figuras de mitoses e pela avaliação da fase do ciclo celular pela análise do DNA, que é a incorporação da timidina ou o método conhecido como o bromodeoxiuridina (Brdu). A imunoexpressão do Ki-67 se dá em todas as fases do ciclo celular (G1, S, G2, e M), mas não é encontrado em células quiescentes (G0), com isso, esta molécula avalia a proliferação celular de tumores (MARINHO et al., 2005; OSATHANON et al., 2011). 9 2.1.2. Cultivo celular Em virtude do grande número de eventos celulares que determinam crescimento, diferenciação, proliferação, invasão e metástases, novas pesquisas têm buscado compreender as múltiplas expressões fenotípicas das células de OSA em cultivo in vitro (KHANNA et al, 2001). O cultivo celular é a manutenção de forma artificial de células em recipientes e acondicionamentos adequados e especiais, que a partir de um conjunto de técnicas apropriadas passa ser possível isolar e manter determinadas culturas de células, seja de procariontes e eucariontes. Pode-se também isolar e manter em cultivo, culturas de vírus e protozoários e outros microorganismos. Quando fazemos o isolamento em placas de cultivo ou frascos apropriados, a chamamos de cultivo primário. O primeiro contato do material biológico ex vivo para as condições in vitro, é denominado de cultura primária. A medida que vamos fazendo subculturas desta cultura primária e expandindo por meio de semeaduras este material para outros recipientes apropriados, ele passa a se chamar cultivo primário de primeira, de segunda, de terceira passagem e assim por diante. As linhagens celulares são subculturas de um cultivo primário que foi submetido a diversas semeaduras subsequentes até o momento em que o cultivo em estudo passa ser uma população celular clonal homogênea, com características fenotípicas e comportamentais bem estabelecidas, diferentemente dos cultivos primários que apresentam material heterogêneo de populações de células (FRESHNEY, 2010). Para se isolar linhagens de OSA canino, Loukopoulos et al (2004) estabeleceram 120 subculturas ou passagens subsequentes de um mesmo cultivo primário. O número de passagens para isolamento de linhagens celulares é variável para diferentes tipos de tumores e até mesmo para uma mesma neoplasia, em função das características comportamentais próprias e independentes que as células neoplásicas isoladas apresentam (LOUKOPOULOS et al., 2004; FRESHNEY, 2010). 10 Desta forma, tem-se observado nos estudos que envolvem modelos in vitro em oncologia com terapêutica, preferência pelo uso de cultivos primários a linhagens monoclonais de células neoplásicas pré- estabelecidas, pois o cultivo primário expressa realidade mais próxima ao que efetivamente ocorre no paciente afetado pela doença, pelo fato de apresentar diversos clones neoplásicos. Por esta razão, o cultivo primário se torna excelente modelo para pesquisas em oncologia. (FRESHNEY, 2010). 2.1.3. Morte celular por apoptose Um evento presente na apoptose é a perda da simetria da membrana plasmática. É conhecido que a apoptose é um processo de morte no qual a integridade da membrana se mantém, o que significa que a característica de ser semipermeável está presente. No entanto, esta membrana passa a apresentar mudanças em sua simetria. Segundo Benjamim et al., (1998), este é o caso da distribuição da fosfatidil serina, a qual é uma molécula que normalmente se encontra orientada para a face citoplasmática da membrana celular externa. A anexina V é uma proteína de 37KD com capacidade de se ligar fortemente aos fosfolípides de carga negativa na superfície celular na presença de íons cálcio (LANDI et al., 2003). Quando a célula entra em processo de morte celular por apoptose, um dos eventos é a exposição da fosfatidil serina para o exterior da membrana celular. Devido esta mudança na simetria da célula, têm se desenvolvido métodos que permitem detectar a presença de fosfatidil serina no exterior da membrana (BENJAMIM et al., 1998). Como a anexina V é uma molécula que não é capaz de difundir através da membrana e que tem uma alta afinidade pela fosfatidil serina, somente células com exposição da fosfatidil serina na face da membrana voltada para o meio extracelular, e poretanto, em apoptose, serão marcadas com anexina V (WALS et al., 1998). A coloração com anexina V pode ser acompanhada de marcação com iodeto de propídio, a qual nos permite saber se a integridade da 11 membrana foi perdida. Esta marcação dupla permite a identificação de células que se encontram em etapa inicial ou tardia da morte celular. O grupo com morte celular tardia deve ser individualizado, pois envolve tanto células em estágios avançados de apoptose, como células em necrose (MORENO, 2000). A anexina V conjugada se liga a fosfatidil serina em superfície de células apoptóticas na presença de Ca2+, mas pode passar diretamente a membrana compromissada de células mortas se ligando a fosfatidil serina no interior de células com lise de membrana plasmática como no caso da necrose (ENGELAND et al., 1998). 12 3. Objetivos A meta de curto a médio prazo deste projeto foi consolidar e ampliar o estudo experimental e aplicado, com ênfase na carcinogênese do osteossarcoma por meio do isolamento de cultivos primários. Caracterizando as culturas pelos marcadores vimentina, citoqueratina, osteocalcina, osteopontina, osterix e identificando o perfil fenotípico da carcinogenese por meio dos biomarcadores Cox2, VEGF, MMP-2, MMP-9, caspase-3, Bax, Bcl-2, p53 e Ki-67 de cada um destes cultivos in vitro do tumor. 4. Hipóteses 4.1. Os cultivos primários apresentarem semelhanças nos padrões fenotípicos já que estão nas mesmas condições de manutenção in vitro. 4.2. Nos tratamentos submetidos a exposição crescente de concentração e de tempo pelo inibidor seletivo da Cox2, os cultivos Cox2 positivo é que obterão os maiores níveis de sensibilidade. 4.3. As diferentes técnicas de imunomarcação apresentarem valores semelhantes para as mesmas culturas em análises. 13 5. CAPÍTULO 1: ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVOS PRIMÁRIOS DE OSTEOSSARCOMA CANINO E ANÁLISE DO PERFIL DE BIOMARCADORES ALVO DA CARCINOGÊNESE 5.1. Objetivo do capítulo 1 5.1.1. Isolar e caracterizar cultivos primários de OSA canino e implantar modelo experimental in vitro de estudo deste tumor em cães sem predisposição de idade, sexo e raça, apresentando perfil fenotípico destes cultivos a partir da expressão de moléculas alvo da carcinogênese. 5.1.2. Pesquisar por citometria de fluxo a expressão de biomarcadores alvo da carcinogênese nos cultivos celulares. 5.2. Material e métodos 5.2.1. Aspectos éticos e origem do material em estudo Para a condução do experimento foram selecionados osteossarcomas caninos diagnosticados no Hospital Veterinário e Serviço de Patologia Veterinária da FMVZ – UNESP Campus de Botucatu, de março de 2008 a janeiro de 2011. O diagnóstico destes animais passou pelo atendimento clínico, radiológico, cirúrgico e patológico, sendo o diagnóstico presumível dado pelos achados citológicos (Figura 1A) e confirmado pelo histopatológico (Figura 1B) segundo a Organização Mundial de Saúde. Procedeu-se investigação dos fragmentos obtidos a céu aberto das peças cirúrgicas pós-amputação dos respectivos membros dos cães acometidos pelo OSA, sendo que quatro deles apresentaram tumor na porção distal rádio-ulnar e um na distal tíbio-fibular, cujos materiais obtidos foram utilizados parte para isolamento dos cultivos primários e parte para inclusão em parafina. Todos os proprietários foram esclarecidos quanto aos procedimentos do estudo, assinando Termo de Consentimento Livre e 14 Informado (anexo 1). O estudo teve parecer favorável da Câmara de Ética da FMVZ – UNESP Campus de Botucatu, protocolo 98/2008 (anexo 3). 5.2.2. Processamento do material Os fragmentos do tumor foram fixados em formalina tamponada a 10%, descalcificados em ácido nítrico 10% e processados pelas técnicas histológicas usuais de desidratação, diafanização e inclusão em parafina, cortados com espessura máxima de 4 micrômetros, e corados pela Hematoxilina-Eosina para estudo em microscopia de luz. A classificação do tumor se baseou com o proposto pela Organização Mundial de Saúde - Classificação Histológica de Tumores Ósseos e das Articulações dos Animais Domésticos (SLAYLER et al., 1994). O osteossarcoma possui ampla variedade de características microscópicas, desta forma, o seu diagnóstico definitivo foi dado apenas com a presença da produção de osteóide ou ainda de osso neoformado pelas células mesenquimais malignas (PALMER, 1992; THOMPSON e POOL, 2002). FIguras 1: Cadela Rottweiler, 6 anos, colheita da amostra na região distal tíbio-fíbular (A) Células mesenquimais malignas com características morfológicas de osteoblastos neoplásicos (______): matriz óssea pela célula adjacente, (______): células multinucleadas, (______): ranhuras na cromatina, (______): micronúcleo. – Giemsa. 400X. (B) Osteossarcoma osteoblástico em cão: alta celularidade de osteoblastos malignos ativos, deposição de trabéculas e matriz óssea. – HE. 400X. A B 15 5.2.3. Imunoistoquímica Os cinco casos de OSA que surgirem durante o período descrito foram imunomarcados no tecido de biópsia para identificação da expressão da Cox2 do tumor. Desta forma foi possível identificar o osteossarcoma como “Cox2 positivo”, para aquele que expressaram a enzima e “Cox2 negativo” para os que não expressam a enzima Cox2. Estes resultados foram posteriormente comparados com a expressão desta mesma enzima nas células em cultivo primário in vitro por meio da citometria de fluxo. Para a realização da técnica de imunoistoquímica, os blocos de parafina foram cortados em micrótomo com espessura de 3μm e distendidos em lâminas histológicas devidamente preparadas com 3- aminopropyltrimethoxy silane (Sigma A3648) com o objetivo de promover maior aderência dos cortes nas lâminas de vidro, evitando assim a perda de material durante o processamento imunoistoquímico. A técnica utilizada seguiu o protocolo do Laboratório de Imunoistoquímica do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto tendo como anticorpo primário o clone CX-294 anti-Cox2 (Dako-M3617-1). 5.2.4. Obtenção das amostras das culturas celulares primárias do osteossarcoma canino Os cultivos celulares primários de osteossarcoma canino foram obtidos a partir do tumor de animais acometidos pela doença que foram diagnosticadas pelo exame citológico (Fig 1.A) e confirmados pelo histopatológico (Fig 1B). Estes casos são provenientes da rotina do atendimento clínico e cirúrgico (Fig 2A e 2B) do Hospital Veterinário da FMVZ – Unesp Campus de Botucatu. A coleta foi efetuada com total assepsia da amostra (Fig 2.C). Inicialmente foram coletados fragmentos ósseos das regiões de transição entre osso normal e osso neoformado (Fig 2.D), e acondicionados em solução salina de PBS pH 7,4 (Fig 2.E e 2F). Posteriormente, no Laboratório de Fertilização in vitro e Cultivo Celular do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da FMVZ – UNESP Campus 16 de Botucatu, os fragmentos tumorais foram mantidos em solução tripsina (TrypLE Select – Invitrogen 12563-029) a 37,5°C por 60 minutos com homogenizador magnético. Feito isso, a solução foi centrifugada descartando-se o sobrenadante, ressuspendendo o péllet e acondicionando esta solução em frascos 25 cm2 (Sarstedt – 83.1810.300) com 5 mL de meio de cultivo DMEM alta glicose (Dulbecco’s modifield essential medium - Gibco 11995- 065), suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB) (Gibco 12657- 029), e com a combinação de 100U/mL de penicilina com 100mg/mL estreptomicina (Gibco 15140) e 3μg/mL de Anfotericina B (Gibco 15290). Tabela 1: Especificações dos anticorpos utilizados nas imunomarcações do experimento. Proteínas Especificações dos Anticorpos Diluições Código Clone Companhias FACS* Vimentina U7034 Vim 3B4 Dako 1:200 Citoqueratina U7022 MNF116 Dako 1:100 Osteocalcina AB13418 OC4-30 Abcam 1:50 Osterix AB22552 Sp7 Abcam 1:100 Osteopontina SC73631 LFMb-14 Santa Cruz 1:100 Cox2 M3617-1 CX-294 Dako 1:100 VEGF M7273-129 VG1 Dako 1:100 MMP-2 MOB312 VC2 DBS 1:100 MMP-9 A0150-129 A015029 Dako 1:100 Caspase-3 MOB309 3CS P03 DBS 1:100 Bax A3533-1 RxH Dako 1:50 Bcl-2 M0887-1 124 Dako 1:100 p53 M7001-1 DO-7 Dako 1:100 Ki-67 AR14911 MIB-1 Dako 1:200 *FACS: Citometria de fluxo. As amostras foram incubadas em estufa de CO2 a 5%, umidade 95% e temperatura de 37,5°C para o cultivo e manutenção da cultura (Fig 2.G). Após três a quatro passagens, observando a morfologia celular e comportamento destas células em cultivo (Fig 2.H), um painel imunomarcador foi utilizado para confirmar a cultura celular como sendo de osteossarcoma canino, usando-se para isto o de Fluxo FACS Calibur BD® 17 Figuras 2: (A) Cão SRD, macho, 7 anos, no centro cirúrgico com aumento de volume na região proximal do úmero do membro torácico esquerdo. (B) Amputação do membro torácico esquerdo em cão com osteossarcoma na região proximal do úmero. (C) Coleta do tumor de forma asséptica após a amputação do membro do paciente. (D) Indicação do local da coleta do tumor pela ponta do bisturi. (E) Material coletado em tubos de 15mL contendo solução PBS pH 7,4. (F) Fragmentos tumorais lavados e sendo preparados para tripsinização (G). Material já processado, acondicionado em frasco de cultivo e mantido em estufa. (H) Cultivo apresentando heterogeneidade e intensa celularidade. 200X. A B C D E F G H 18 - Hemocentro da Faculdade de Medicina de Botucatu e um painel de marcadores de proteínas para identificação fenotípica de células de origem mesenquimal, com características osteogênicas e outras proteínas relacionadas à carcinogênese destas células cultivadas (Tabela 1). 5.2.5. Digitalização das imagens As imagens dos fragmentos tumorais foram digitalizados com o auxílio do equipamento de análise de imagens capturadas pela câmera digital científica colorida, modelo AxioCamERc 5.8 “marca Carl Zeiss®“, acoplada ao microscópio Trinocular “Axio Lab.A1”, com iluminação transmitida 35 watts para o campo claro, com auxílio das objetivas de 20X e 40X “marca Carl Zeiss®”, Alemanha, utilizando-se para isto o programa de análise morfométrica “AxioVision LE”, Release 4.8.2, marca Carl Zeiss®, Alemanha. Para o cultivo celular as imagens foram obtidas com auxílio da câmera digital Sony Super Steady Shot DSC-T70 (Cyber-Shot 8 megapixels), lente Carl Zeiss® 3,5-4,3/6,33-19, zoom óptico de 3X, acoplada ao microscópio Leica® DM IRB, utilizando-se posteriormente o programa computacional de análise morfométrica “AxioVision LE”, Release 4.8.2, marca Carl Zeiss®, Alemanha. 5.2.6. Nomenclatura dos cultivos primários de OSA canino A nomenclatura das culturas celulares de osteossarcoma canino recebeu os seguintes critérios de acordo com expressão da cicloxigenase-2 nos tecidos tumorais dos fragmentos colhidos e também a partir da expressão desta enzima encontrada na citometria de fluxo, ou seja, todas as culturas caracterizadas tiveram a denominação spOS (São Paulo – Osteossarcoma), sendo aquelas em que as marcações foram negativas (IHQ) ou de baixa intensidade (citometria de fluxo), cujos valores estão abaixo de um (<1%) para a expressão Cox2, foram identificadas com números ímpares e aquelas que obtiveram expressões iguais ou maiores a um ( 1%), foram identificadas com números pares, ou seja, por estes 19 critérios spOS-1 (OSA com baixa expressão de Cox2), spOS-2 (OSA Cox2 positivo) e assim por diante. Com isso, torna-se mais simplificada a identificação da referida cultura quando se está trabalhando em laboratório ou até mesmo quando se discute os resultados referentes a uma determinada amostra de células tumorais de OSA in vitro. 5.2.7. Manutenção dos cultivos primários 5.2.7.1. Troca dos meios de cultivo Para manutenção das amostras celulares, foram efetuadas de duas a três trocas dos meios de cultivo por semana, contendo DMEM alta glicose, suplementado com 10 % de SFB, adicionados pela combinação de penicilina (100U/mL) com estreptomicina (100mg/mL) e Anfotericina-B (3μg/mL). 5.2.7.2. Expansão dos cultivos primários Para expansão dos cultivos celulares, foram semeadas 2x106 células por novo frasco (25 cm2) em subculturas, este procedimento também é conhecido como passagem de células de um frasco mãe para outros frascos filhos, tendo como objetivo, manter o cultivo celular com viabilidade esperada ou obter maior número de células ou simplesmente selecionar um tipo celular desejado. Para tal, inicialmente foi feita a tripsinização das células contidas nestes frascos. Para isso, foi retirado todo meio de cultivo destes frascos, posteriormente elas foram lavadas com solução de PBS pH 7,2 e em seguida adicionados 1mL de tripsina TrypLE Select (Invitrogen 12563-029) a 37,5°C. Os frascos foram mantidas em estufa a 37,5ºC por no máximo 5 minutos até que houvesse a ação da enzima e todas as células se soltassem do fundo do frasco. Após isto, realizou-se então a neutralização com meio DMEM alta glicose acrescido de 20% de SFB, Penicilina, Estreptomicina e Anfotericina-B. 20 5.2.7.3. Contagem celular Para se saber o número de células obtida após a tripsinização e bloqueio com SFB da solução, uma amostra de 50 μL da solução foi retirada e adicionada a 50 μL do corante Tripan Blue 0,4% (Sigma T8154), com esta solução homogenizada, preencheu-se a Câmara de NeuBauer usando 20 μL desta solução. Com auxílio do microscópio Leica® DM IRB as contagens foram efetuadas considerando as células azuis, que permitem a passagem do corante através da membrana celular, como células mortas e as células translúcidas, vivas. Com isso, foram contadas apenas as células translúcidas dos quatro quadrantes mais externos. O valor encontrado foi colocado na equação abaixo para obter o resultado do número de células por mL da solução: N° = Nº células contadas x 2 (fator de diluição) x 104 4 (quadrantes lidos) O resultado obtido é a concentração inicial (Ci) da solução. Este valor foi inserido na equação seguinte para identificar o quanto do volume inicial (Vi) da solução foi adicionado para cada novo frasco de cultivo celular, ou seja, qual foi a quantidade necessária da solução que continha 2x106 células: Ci x Vi = Cf x Vf. Cf (concentração final desejada, 2x106) Vf (volume final de meio no frasco). 5.2.7.4. Criopreservação dos cultivos primários Para criopreservação destes cultivos primários, foi efetuado o procedimento de tripsinização das células em cultivo, efetuada a contagem e posteriormente ajustado o número de 2x106 células por mL. Em seguida 21 utilizando solução com 10% de dimetilsulfoxido (DMSO) (Sigma C6164), 20% SFB e 70% de DMEM alta glicose com Penicilina, Estreptomicina e Anfotericina-B. O material obtido foi distribuído homogeneamente e acondicionado em criotubos (Sarstedt 72.694.006), deixados por 24h em Freezer -80°C e em seguida colocados e mantidos em botijão criogênico em nitrogênio líquido (-196°C). 5.2.8. Caracterização dos cultivos primários De acordo com o delineamento descrito (Anexo 2), para caracterização fenotípica das culturas isoladas a partir dos marcadores encontrados na Tabela 1, as células do frasco A (Anexo 2) com 5 mL de meio, foram expandidas para o frasco B (Anexo 2) com 20 mL de meio de cultivo, por período de 10 dias. Neste tempo, elas já obtiveram a confluência acima de 90% para em seguida serem semeadas para o frasco C (Anexo 2). Para as respectivas caracterizações, os cultivos em C (Anexo 2) encontravam-se no máximo na oitava passagem. Durante todo este período experimental descrito nos intervalos A, B e C (Anexo 2), as trocas de meios ocorreram a cada dois dias. Passados novamente mais 10 dias e alcançando a confluência desejada acima de 90%, as células foram tripsinizadas (TrypLE Select Invitrogen 12563-029), contadas com auxílio da Câmara de NeuBauer, fixadas com parafolmaldeido 4% (BD Cytofix – 554.655), permeabilizadas (Fix & Perm - Caltag® GAS002S-100), ressuspendidas em PBS pH 7,2 e enfim, acondicionadas em tubos plásticos específicos para citometria de fluxo. Nestes tubos foram colocados 100 μL de solução com 105 células e em seguida instilados os respectivos anticorpos primários para as referidas imunomarcações. Estas soluções de PBS, células e anticorpos foram mantidas “overnight” em temperatura de 4°C. No dia seguinte, foram instilados 1 μL dos respectivos anticorpos secundários conjugados com o cromógeno fluorescente (DKYxMS – FITC – Ap192F – Chemicon, DKYxRB – FITC- Ap182F- Chemicon) nos tubos contendo as soluções imunomarcadas com os anticorpos primários. 22 Para cada caracterização, deixou-se agir por 45 minutos o anticorpo secundário, em seguida adicionou-se 900 μL de PBS pH 7,2 nos tubos e se fez duas lavagens de 5 minutos em centrífuga com 2.000 RPM (rotações por minuto) para se retirar o excesso dos anticorpos que não reagiram. O sobrenadante foi descartado e adicionado 500 μL de PBS pH 7,2. Em seguida a solução foi homogenizada e se fez a leitura de 104 células por tubo com auxílio do Citômetro de Fluxo FACS Calibur BD® - Hemocentro da Faculdade de Medicina de Botucatu. Em toda caracterização dos cultivos primários, fez-se uso do controle autofluorescente, contendo apenas PBS pH 7,2 com as células tumorais, e o controle do anticorpo secundário, que além das células e do PBS, tinha-se também a presença do anticorpo secundário. Os resultados desta leitura do citômetro de fluxo são feitos numa amostragem de 10.000 células e os resultados são dados em porcentagens. 5.2.9. Coleta das células-tronco mesenquimais da medula óssea Para a coleta das células-tronco mesenquimais (CTM) destinadas para diferenciação em células osteogênicas (osteoblastos) e usadas como controle e/ou parâmetros aos cultivos das spOS, foi utilizado um cão sem ração definida de 2 anos, sadio, pesando 20 kg, proveniente do Canil da FMVZ Unesp Campus de Botucatu. O animal foi preparado para a punção da medula óssea a partir da região da articulação escápulo-umeral. Para isso, foi inicialmente tranquilizado com acepromazina na dose de 0,05 mg/kg pela via intramuscular. Decorridos 15 minutos, foi posicionado em decúbito lateral direito e introduzida, na veia cefálica esquerda, solução fisiológica de cloreto de sódio 0,9%, na dose de 20 mL/kg/hora. Em seguida, a anestesia geral fora induzida com propofol, na dose de 6-8 mg/kg pela via intravenosa. Para a manutenção anestésica utilizou-se o mesmo agente. Após tricotomia e anti-sepsia do local, uma agulha de biópsia de medula óssea foi introduzida no tubérculo maior do úmero até atingir o canal medular. A agulha, acoplou-se numa seringa descartável de 20 mL contendo cerca de 1 mL de heparina sódica 23 (Bergamo, 600478) 5.000UI/mL, na qual, por meio de gradiente de pressão negativo, foram coletados uma média de 5 mL de sangue da medula óssea. 5.2.10. Isolamento, cultivo in vitro de células-tronco mesenquimais e diferenciação em osteoblastos Após a coleta da medula óssea, o sangue foi centrifugado a 1.500 rpm por 10 minutos para retirada do soro e gordura. O material obtido foi ressuspenso na proporção 1/1 em meio DMEM alta glicose com L-glutamina (Gibco, 1995-065) sem soro fetal bovino (SFB). Dessa solução, fora transferido um volume de 4 mL para um outro tubo de 15 mL (TPP, 000292) previamente preparado, contendo 4 mL de Ficoll-Paque (densidade 1.077 g/mL - Amersham Biosciences) (diluição Ficoll:meio de 1:1), e então centrifugado a 1.500 rpm durante 40 minutos à temperatura ambiente. Houve a formação do anel células na interface Ficoll-células. Coletado o anel de células mononucleares, o material foi ressuspendido em meio DMEM alta glicose com L-glutamina sem soro e centrifugado novamente a 1.500 rpm durante 10 minutos. Este passo foi repetido duas vezes para retirada total do produto Ficoll-Paque (tóxico às células). Após lavagem, o pellet foi ressuspendido em 1 mL de DMEM alta glicose com L-glutamina com a adição de 20% de soro fetal bovino inativado em carvão ativado. As células foram plaqueadas em frascos de 25 cm2, com 5 mL de meio DMEM alta glicose com L-glutamina, 20% SFB contendo 100 UI/mL Penicilina / 100 μg/mL Estreptomicina e 3,0 μg/mL Anfotericina B, durante um período de 14 dias, tempo necessário para que o cultivo atinja 80% de subconfluência. O meio de cultura foi trocado a cada 5 dias. Uma vez atingidos 80% de subconfluência em cultivo, as células foram tripsinizadas, contadas com o auxílio da Câmara de Neubauer e transferidas 2,0 x 106 para dois frascos de 75cm2, respectivamente com troca dos meios de dois em dois dias por 21 dias. Após isso, aplicou-se o mesmo procedimento de caracterização das spOS. 24 5.2.11. Análise para confirmação da diferenciação em células de origem óssea pela citoquímica em cultivo Como osteócitos formam depósitos de cálcio, a confirmação dos cultivos spOS se tratar de células neoplásicas de origem óssea e para também confirmar a diferenciação das células-tronco mesenquimais (ctm- D) em tecido ósseo, a marcação citoquímica de Alizarin-red S (A5533-25G) constituiu nas células fixadas a identificação da deposição do mineral no meio extracelular como preconizado por Freshney. (2010). Para a realização da marcação da diferenciação, foi aspirado o álcool 70% das células fixadas as quais foram lavadas duas vezes com água destilada, adicionando-se, em seguida, 500μL de Alizarin red. As células foram então incubadas por 30 minutos em temperatura ambiente. Após este período removeu-se o corante e as células foram lavadas por 4 vezes com água. Em seguida adicionou-se 1ml de PBS 7,2 por poço para evitar que as células secassem, e os resultados foram analisados, observando-se 5 campos diferentes com o auxílio do microscópio Leica® DM IRB invertido em aumento de 400X. Desta forma, a confirmação da diferenciação em osteoblastos malignos e normais (spOS e ctm-D) foi efetuada por meio da interpretação do Painel imunomarcador e com uso do Alizarin-Red. 25 Figuras 3: (A) Gráfico identificando amostragem do padrão celular desejado na análise. (B) Histograma do controle autofluorescente. (C): Histograma do controle do anticorpo secundário. (D) Histograma para o marcador vimentina com 97,91% positividade dentro da região denominada “M1”. (E): Histograma para o marcador citoqueratina com 0,16% de positividade dentro da região “M1”. Avaliação de 10.000 células por análise. A C B D E 26 5.3. Análise estatística Para análise estatística, a variável dependente binomial (porcentagem de expressão das proteínas na citometria fluxo) dos diferentes cultivos primários foi avaliada através do teste de regressão logística utilizando o PROC LOGISTIC do SAS (SAS, Inst. Inc., Cary, NC, EUA), quando o efeito de tratamento foi significativo utilizou-se o comando LSMEANS do PROC GLM do SAS para realizar os contrastes entre os diferentes cultivos primários. Os resultados estão apresentados como porcentagem. Foi adotado o nível de significância de 5% (P < 0,05). 5.4. Resultados e discussão 5.4.1. Casos obtidos e suas respectivas nomenclaturas Cinco animais acometidos por OSA canino foram obtidos e selecionados para o desenvolvimento deste estudo. A partir da expressão IHQ dos fragmentos tumorais e análise pela citometria de fluxo para a enzima Cox2, os cultivos primários receberam as nomenclaturas de spOS- 1, spOS-2, spOS-3, spOS-4 e spOS-6, sendo aquelas com numeração ímpar denominados OSAs de baixa intensidade e as com numerações pares são OSAs Cox2 positivos, como demonstram as Tabelas 2 e 3. 27 Figuras 4: (A) Osteossarcoma osteoblástico. Alta celularidade de osteoblastos malignos e trabéculas ósseas pré-existentes. Há grande proliferação de osteoblastos neoplásicos e produção de matriz óssea não mineralizada – HE. 400X. (B) Osteossarcoma combinado ou misto. Nota-se células condróides malignas (a), células pleomórficas malignas (b) e células malignas fusiformes. (c). – HE. 400X. Figuras 5: (A) Imunoistoquímica positiva para anticorpo anti-Cox2 em fragmentos de tecido de osteossarcoma canino. IHQ - Novolink®. 400X. (B): Imunoistoquímica negativa para anticorpo anti-Cox2 em fragmentos de tecido de osteossarcoma canino. IHQ - Novolink®. 400X. B A A B 28 Tabela 2: Parâmetros clínicos dos animais e suas respectivas expressões de Cox2, cujos fragmentos tumorais foram utilizados para isolamento e caracterização dos cultivos primários de OSA canino. Dados dos animais Identificação dos animais spOS*-1 spOS*-2 spOS*-3 spOS*-4 spOS*-6 Expressão IHQ Cox2 negativa positiva negativa positiva positiva Raça Dog Alemão SRD* Rottweiler Rottweiler Setter Irlandês Peso – kg 45 40 54 52,4 32 Sexo macho macho fêmea fêmea macho Idade - anos 7 10 11 6 7 Localização anatômica Distal rádio/ulna Distal rádio/ulna Distal rádio/ulna Distal tíbia/fíbula Distal rádio/ulna Padrão histológico OSA Misto Osteoblástico Osteoblástico Osteoblástico Osteoblástico *São Paulo – Osteossarcoma / **SRD: Sem raça definida. 5.4.2. Parâmetros clínicos dos animais em estudo Dentre os animais supracitados na Tabela 2, dois foram Cox2 negativos na avaliação IHQ e três Cox2 positivos. A maior incidência de animais Cox2 positivos (60%) estão de acordo com Mullins et al (2004) e Bersano (2006). Em relação ao o porte dos animais acometidos, todos eram de raças de porte médio e grande, sendo um Dog Alemão (45 kg), um SRD (40 kg), dois Rottweilers (54 e 52,4 kg) e um Setter Irlandês (32 kg), sendo duas fêmeas e três machos. Suas idades variaram de 6 a 11 anos de idade, e de acordo com a localização anatômica do tumor primário foram todos caracterizados como OSA em esqueleto apendicular, sendo quatro na porção distal rádio/ulna e um na porção distal de tíbia/fíbula. Segundo o padrão histológico descrito por Slayler et al (1994), foram encontrados quatro casos de OSA osteoblástico (Figura 5A) e um caso de OSA combinado ou misto (Figura 5B). Todos estes achados referentes ao porte dos animais, peso, idade, locais de acometimento, sexo e padrão histológico estão todos de acordo com os descritos por Slayter et al. (1994), Thompson e Pool (2002), Dernell et al (2007) e Palmer (2007), ou seja, para os OSAs osteoblásticos houve identificação de uma 29 quantidade variável de osteóide neoplásico e osso. As células tumorais se assemelham a osteoblastos, com grau variável de pleomorfismo celular, podendo ainda ser encontradas células gigantes multinucleadas de forma difusa por todo o tumor. Presenciou-se também em alguns campos osteoblastos anaplásicos, cujas células apresentaram bordas angulares com núcleo hipercromático posicionado excentricamente no citoplasma ligeiramente basofílico. Para o OSA combinado ou misto, observou-se que não houve predomínio de um padrão histológico, ou seja, dois ou mais subtipos se organizavam para dar origem a um único tumor, com células mesenquimais malignas produzindo ora matriz condróide, ora com células fusiformes com abundante estroma conjuntivo, quantidade variável de osteóide neoplásico e osso neoformado. As expressões da Cox2 encontradas na IHQ e na citometria de fluxo foram similares como mostram as Tabelas 2 e 3, com três casos Cox2 positivos (Figura 6A) e dois casos Cox2 negativos (Figura 6B), sendo que em função da sensibilidade e a quantidade de células envolvidas na análise pela citometria de fluxo foi encontrado uma baixa expressão da enzima neste tipo de avaliação em duas culturas neoplásicas, spOS-1 e spOS-3, que na IHQ foram consideradas negativas. 5.4.3. A importância do uso de biomarcadores em oncologia veterinária e para o OSA canino O principal objetivo para a utilização de biomarcadores alvo da carcinogênese em oncologia veterinária, especificamente para o OSA canino se faz pela necessidade de personalizar tratamento dos pacientes, pois desta forma, identificarmos a partir de um painel imunomarcador quais são os potenciais genes que estão ativos no tumor, podendo melhor conduzir a terapêutica em função da expressão dos biomarcadores, e com isso proporcionar melhor qualidade e expectativa de vida ao animal (SELVARAJAH e KIRPENSTEIJN, 2010). O uso de cultivos primários associados a painéis fenotípicos de OSA tem sua importância pelo fato do OSA canino ser excelente modelo 30 para o OSA humano, pois apresentam características comuns como apresentação histopatológica, localização, locais de metástases, prognósticos (PAOLONI et al., 2009) e comportamento biológico (KHANNA et al., 2001), com isso, novos estudos e novos desafios poderão ser melhor investigados em aplicações in vitro, através da biologia molecular e até mesmo em ensaio por meio de transplantação tumoral em modelos experimentais a partir de células cultivadas (SELVARAJAH e KIRPENSTEIJN, 2010). Desta forma, o potencial uso destes marcadores alvo da carcinogênese em cultivos tumorais estão abrindo novas possibilidades de pesquisa na oncologia veterinária, como será, a seguir, discutido nesta investigação. 5.4.4. Expressão dos biomarcadores em função das células em cultivo primário Os cultivos primários spOS e ctm-D foram positivos para a coloração citoquímica para Alizarin-red, como demonstram as figuras 7G e 7H, e de acordo com a Tabela 3 os cinco cultivos primários expressaram o biomarcador vimentina acima de 90%, que está relacionado a origem mesenquimal das células cultivadas (PIROZZI et al., 2011), e também todas expressaram visivelmente as marcações positivas para proteínas de características osteogênicas, como osteocalcina, osterix e osteopontina (LOUKOPOULOS et al., 2004; NEUPANE et al., 2008; ERIKSEN, 2010; JUHÁSOVÁ et al., 2011), indicando a origem e a seguinte diferenciação das células tumorais cultivadas. O osterix é um ótimo indicador de expressão identificando células ósseas, pois se apresenta como um osteoprogenitor diferenciado encontrado dentro de osteoblastos, e possui importante fator de transcrição de osteoblastos que regula a expressão dos genes de proteínas da matriz óssea, incluindo a osteocalcina e osteopontina (Nakamura et al., 2010). Houve diferença (P ≤ 0,05) nas expressões das três proteínas osteogênicas (osteocalcina, osterix e osteopontina) nos cinco cultivos primários em estudo, indicando que além delas estarem expressas, elas também apresentaram diferentes concentrações nestes cultivos (Tabela 3). 31 Tabela 3: Representação dos valores (%) para determinação da diferenciação histológica do cultivo primário de OSA canino. Proteína Cultivo primário (FACS* n°: 10.000) ctm-D** spOS***-1 spOS-2 spOS-3 spOS-4 spOS-6 Vimentina 96,79 97,91a 94,25b 98,97c 98,39a 99,46c Citoqueratina 0,24 0,16a 0,65b 0,54b 0,34a,b 1,00c Osteocalcina 82,62 43,82a 30,61b 21,45c 23,3d 17,74e Osterix 51,96 32,57a 53,87b 35,21c 31,82a 56,25d Osteopontina 89,11 17,81a 35,67b 37,37b 26,17c 40,43d a, b, c, d, e Letras sobrescritas distintas na mesma linha diferem (P≤0,05). * FACS: citometria de fluxo, **ctm-D: Células-tronco mesenquimais com diferenciação osteogênica, **spOS: São Paulo – Osteossarcoma. Tabela 4: Representação dos valores (%) do perfil fenotípico na caracterização do cultivo primário de OSA canino. Proteína Cultivo primário (FACS* n°: 10.000) ctm-D** spOS***-1 spOS-2 spOS-3 spOS-4 spOS-6 Cox2 71,03 0,22a 5,30b 0,29a 6,90c 15,84d VEGF 1,85 1,31a 3,08b 27,72c 15,61d 1,35a MMP-2 5,50 1,98a 18,42b 9,56c 13,49d 2,50a MMP-9 12,52 62,4a 68,58b 42,38c 67,23b 10,85d Caspase-3 0,26 0,14a 4,50b 15,73c 6,67d 0,93a Bax 0,06 2,71a 2,20a 16,07b 4,25c 8,71d Bcl-2 0,31 9,04a 4,75b 26,01c 37,31d 4,80b p53 0,11 0,02a 0,95b 21,71c 12,99d 1,11b Ki-67 (MIB-1) 2,74 0,46a 65,08b 51,15c 46,67d 1,64a a, b, c, d, e Letras sobrescritas distintas na mesma linha diferem (P≤0,05). * FACS: citometria de fluxo, **ctm-D: Células-tronco mesenquimais com diferenciação osteogênica, **spOS: São Paulo – Osteossarcoma. Estas marcações são de grande importância para termos a confirmação da presença do osteoblasto no cultivo, diminuindo as chances de estarmos trabalhando com outro tipo celular (LOUKOPOULOS et al., 2004; ERIKSEN, 2010; NEUPANE et al., 2008). De acordo com Freshiney (2010) além do auxílio dos biomarcadores, é de fundamental importância identificar o fenótipo celular e seu comportamento em culturas in vitro para sua melhor identificação e caracterização. Com isso, foi observado que três das cinco culturas (spOS-2, spOS-3 e spOS4) apresentavam muitas características de malignidade indicadas por Loukopoulos et al, (2004), 32 Figuras 6: Cultivos primários de osteossarcoma canino apresentando grande quantidade células pleomórficas com células fusiformes pentagonais a poliédricas, mono, bi ou multinucleares, anisocitose evidente com núcleos vesiculosos e nucléolos evidentes. (A): spOS-1. – 200X. (B): spOS-2. – 400X. (C): spOS-3. – 200X. (D): spOS-4. – 400X (E): spOS-6. – 200X. (F): Cultivo de ctm-D. – 200X. (G): spOS marcada com Alizarin- Red, núcleos laranja-avermelhados. – 200X. (H): Cultivo de ctm-D marcada com Alizarin-Red, núcleos laranja-avermelhados. – 200X. A B E C D F G H 33 como crescimento rápido, núcleos vesiculosos com nucléolos evidentes, intenso pleomorfismo celular, com células poliédricas a alongadas com presenças variáveis de vesículas intracitoplasmáticas (Fig 2. B, C e D). As outras duas culturas, spOS-1 e spOS-6, (Fig 2. A e E) possuíam crescimento mais lento, e apresentavam, de certa forma, morfologia pouco semelhante com as demais culturas, porém, um fator que chamou atenção destes dois cultivos foi que apesar de suas marcações, houve certo predomínio de células com morfologia epitelióide (OKADA et al., 2003), ou seja, citoplasma abundante e dimensões maiores, fato que proporcionavam a ocupação de maiores espaços nos frascos, sendo assim, observou-se nestas culturas número reduzido de células por mL em relação as demais culturas quando estas eram tripsinizadas e contadas. Em relação ao crescimento in vitro e proliferação celular verificado em cada cultura separadamente, encontramos as expressões da seguinte forma: spOS-2 = spOS-4 > spOS-3 > spOS-1> spOS-6, ou seja, spOS-2 e spOS-4 apresentaram comportamento e até mesmo morfologia celular muito semelhantes, spOS-3 teve crescimento menor que spOS-2 e spOS-4, todavia, maior que spOS-1, e também apresentam morfologia semelhantes entre elas sendo ligeiramente diferentes de spOS-2 e spOS-4. Já spOS-6, é a que possui menor desenvolvimento in vitro das cinco culturas analisadas, cujas células são também pleomórficas e com morfologias discretamente diferentes das outras quatro cultivos primários. 5.4.5. Expressão dos biomarcadores Cox2 e Ki-67 A correlação entre inflamação e câncer existe desde 1863, quando Rudolf Virchow citado por Balkwill e Montovani (2001), observou leucócitos em tecidos neoplásicos. Muitos tumores produzem fatores estimuladores de colônias que prolongam a sobrevida dos macrófagos associados a tumores (BALKWILL e MONTOVANI, 2001; BELO et al., 2004). As células inflamatórias e seus diversos fatores solúveis envolvidos na inflamação estão presentes em todos as neoplasias. Os fenômenos clássicos da resposta inflamatória, que incluem remodelação tecidual, angiogênese e cicatrização, são características comumente utilizadas 34 como sinais ou indícios morfológicos de neoplasias invasivas (DEMARIA et al., 2011). É também estabelecido que o câncer é uma doença progressiva que ocorre a partir de uma série de passos bem definidos, tipicamente surgindo como consequência de ativação de mutações gênicas em oncogenes (COUSSENS e WERB, 2002). Esta ligação entre inflamação e câncer, surgiu a partir de diversos estudos que correlacionavam o uso crônico de antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) com a diminuição da incidência do carcionoma de cólon. Porém, em meados dos anos noventa ainda não havia base científica que explicasse estas observações (OSHIMA et al., 1996; BAKHLE, 2001). Neste estudo houve concordância entre os valores encontrados na Tabela 2 nos fragmentos tumorais com os expressos na Tabela 4, sendo que apenas aqueles cujos valores foram negativos na IHQ tiveram discreta marcação na citometria de fluxo (<1). Este fato pode ter sido ocasionado pela amostra estudada, já que na citometria de fluxo se avaliam 10 mil células numa amostragem de 100 mil a 500 mil células, quantidade que dificilmente se encontrará num fragmento de tecido. Assim sendo, nesta avaliação a Cox2 foi identificada em valores abaixo de 1% nas culturas spOS-1 e spOS-3, e se mostrou negativa nos fragmentos de biópsia nas amostras de tecidos dos cães destes mesmos dois casos de osteossarcoma. Estudos têm mostrado que processos inflamatórios relacionados a presença da Cox2, desempenham papel fundamental no desenvolvimento e progressão de tumores em várias espécies, incluindo a proliferação, transformação celular, crescimento, invasão e metástases (GASPARINI et al., 2003; FINAK et al., 2008). A Cox-2 tem papel importante na sinalização para divisão celular e progressão de neoplasias, induzindo estímulos mitóticos, mediados por fatores de crescimento, tais como: fator de crescimento endodermal (EGF), fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), fator de crescimento de fibroblasto (FGF), fator de necrose tumoral alpha (TNF- α), dentre outros (VADLAMUDI et al., 1999; ARAKI et al., 2003), Ela é também enzima que está envolvida em fenômenos como a apoptose, imunovigilância, angiogênese e tem sido implicada na produção de prostaglandinas para 35 diversos tipos de tumores, incluindo o OSA (MOHAMMED et al., 2004). De acordo com Mullins et al (2004) e Bersano (2006), ela é fortemente expressa no OSA canino do esqueleto apendicular. Desta forma, pelo fato da Cox2 ter estreita ligação com a progressão tumoral (VADLAMUDI et al., 1999; ARAKI et al., 2003), acredita-se que haja relação positiva entre expressão da Cox2 com a proliferação de células neoplásicas. Todavia, foi identificado a partir da expressão do marcador Ki-67, sinalizador de proliferação celular, que o cultivo spOS-1 está de acordo com este padrão, ou seja, houve valor muito baixo da Cox2 (0,22%), resultando numa baixa expressão do Ki-67 (0,46%) o que foi também foi observado no comportamento celular in vitro, cuja cultura apresentava menor taxa de proliferação em relação as demais culturas, sendo maior apenas que a spOS-6. Já em spOS-3, cujo valor para Cox-2 também é bem reduzido o ki-67 é indicado como o segundo maior valor dentre os cinco casos analisados, porém, observou-se in vitro, apenas discreto aumento no crescimento celular em relação à spOS-1, estando muito aquém das demais culturas. Em relação aos cultivos primários Cox2 positivos spOS-2, spOS- 4 e spOS-6, identificamos respectivamente marcações de 5,3%; 6,9% e 15,84% para esta enzima, com isso, pudemos observar que de fato em spOS-2 e spOS-4 houve relação positiva, cujos valores expressos pelo Ki- 67 foram de 65,08% e 46,67%, estando de acordo com Mao et al, (2006) e Tsubochi et al (2006), porém, spOS-6 não está de acordo ao descrito por estes autores, pois expressou o maior valor para a Cox2 e em contrapartida foi o cultivo primário que identificamos o menor valor de Ki-67. Desta forma, spOS-3 e spOS-6 também não estão de acordo com o descrito por Mao et al (2006) e Tsubochi et al (2006) e em função da relação expressão da Cox2 e proliferação celular (Ki-67), podendo haver outras variáveis que porventura estejam influenciando este valores encontrados em culturas in vitro ou que são fenômenos independentes como descreve Rubio et al, (2005) e Gumurdulu et al, (2007). 36 Neste caso, o ideal seria termos número maior de culturas neoplásicas ou ampliar os estudos com os biomarcadores alvo da carcinogênese para podermos avaliar melhor estes fenômenos. Tanto a Cox2 como o Ki-67 têm grande importância na avaliação prognóstica dos pacientes quando avaliadas individualmente, como demonstram Gasparini et al, (2003), Rubio et al, (2005), Marinho et al, (2005), porque a partir da interpretação destes resultados é possível inferir no prognóstico e conduta terapêutica do paciente. 5.4.6. Expressão dos biomarcadores VEGF, MMP-2 e MMP-9 De acordo com Wergin e Kaser-Hotz, (2004) a expressão do VEGF está associada com a maior agressividade em OSAs, estando suas concentrações plasmáticas significativamente correlacionadas com o intervalo livre de doença, ou seja, quanto maior sua expressão, menor é o tempo livre da doença o que significa maiores as chances de recidivas num paciente que esteja sendo submetido a quimioterapia pós-operatório (BERG et al., 1997; THAMM et al., 2008). Nos cinco cultivos primários os valores apresentaram-se relativamente baixos, sendo apenas os spOS-3 e spOS-4 tiveram maiores valores com 27,72% e 15,61% (Tabela 4), os outros três obtiveram valores bem reduzidos em relação aos outros dois citados. Logo, pressupõe-se prognóstico menos favorável em relação ao valor encontrado para VEGF são as culturas spOS-3 e spOS-4 respectivamente. Com isso, de acordo com Bajpai et al, (2009), estas duas culturas possuem um fator de prognóstico negativo importante. As metaloproteinase (MMP) são enzimas dependentes do zinco e expressas normalmente em neoplasias e doenças inflamatórias. Neste contexto, elas têm sido implicadas como biomarcadores importantes para predizer a sobrevida de paciente que seguirão quimioterapia adjuvante (FOUKAS et al., 2002). Elas foram identificadas nas cinco culturas spOS, sendo mais expressas as MMP-9 como demonstra a Tabela 4, cuja cultura spOS-6 obteve o menor valor para MMP-9 (10,85%) e o segundo menor para MMP- 37 2 (2,5%). Já a spOS-2, obteve os maiores valores para as duas MMP em análise com 68,58% para MMP-9 e 18,42% para MMP-2, com isso, como mostrado por Loukopoulos et al (2004) estas enzimas também estão correlacionadas com a invasão e metástases no OSA humano e OSA canino, mostrando entretanto, o grande potencial destas cinco culturas isoladas em promover invasão e metástase. 5.4.7. Expressão dos biomarcadores caspase-3, Bcl-2, Bax e p53 A apoptose é fator importante para a carcinogenese. Todavia, o seu grande estimulador é a mitocôndria, que libera o mais potente catalisador de morte celular, o citocromo-c. A caspase-3 é enzima chave para execução da apoptose, sendo responsável totalmente ou parcialmente pela clivagem proteolítica de muitas proteínas, inclusive muitas enzimas nucleares (ALBERTS et al., 2004). Nesta investigação foi avaliada a apoptose espontânea, detectada nas células dos cultivos primários por meio do anticorpo anti-caspase-3 (Tabela 4). Ela foi expressa de forma variável nas cinco culturas em estudo, havendo diferenças nestas expressões que variaram de 0,14% a 15,73%. A família Bcl-2 contém elementos pró-apoptóticos (Bax, Bak, Bid, Bim) e anti apoptóticos (Bcl-2, Bcl-XL, Bcl-W), os quais, de maneira geral, regulam a liberação de citocromo-c pelas mitocôndrias (KUMAR et al., 2009). Embora tenha papel preciso no processo de carcinogenese, o p53 ainda permanece em grande parte, com suas funções não muito bem conhecidas (SAGARTZ, 1996; ALBERTS et al., 2004). O p53 é capaz de iniciar a apoptose através da indução da expressão do membro pró- apoptótico Bax, da família Bcl-2 (KUMAR et al., 2009; SILVA, 2004). Por sua vez, o Bax induz a liberação de citocromo-c pelas mitocôndrias que sinalizam para que as enzimas caspases atuem, sendo elas as responsáveis finais pela destruição celular (KUMAR et al., 2009). Neste complexo sistema de biomarcadores relacionados a apoptose celular como a caspase-3, Bcl-2, Bax e p53, encontramos alguns resultados interessantes, pois como observado na Tabela 4 houve 38 variações nas expressões da caspase-3 nas cinco culturas, o que também foi observado nos outros genes que regulam a apoptose. Cada cultura quando analisada individualmente observamos, por exemplo, que em spOS-1 as células apresentam valores para o anti- apoptótico Bcl-2 (9,04%) três vezes maior que o sinalizador positivo para apoptose Bax (2,71%), tendo como consequência o menor valor para clivagem por meio da caspase-3 (0,14%), como já discutido sobre este cultivo primário, os valores da Cox2 (0,22%) e do Ki-67 (0,46%) sã