8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital, visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761 Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital, visando a integração de saberes de diferentes gerações Hilda Carvalho de Oliveira 1 , Lucas Caetano de Jesus 1,A , Rodrigo Santiago Dionizio 1,A , Rodrigo Guilherme de Campos 1,B , Maria Anatania Franco de Souza Pucci 1,B , Jessica Aparecida Oliveira Duzo 1,B , Rodolfo Gerner Junior 2 : 1 Câmpus de Rio Claro, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Ciências da Computação; 2 ONG União de Amigos/Fundação CASA; A Bolsa de Apoio Acadêmico e Extensão II; A Bolsa de Apoio Acadêmico e Extensão I”; hildaz@rc.unesp.br. Eixo 3: Novas tecnologias: perspectivas e desafios Resumo Este trabalho visa a integração de tecnologias digitais no cotidiano de diferentes gerações e grupos sociais, transcendendo os aspectos tecnológicos. Palavras Chave: Inclusão digital, inclusão social, sistemas colaborativos. Abstract: This paper aims to integrate digital technologies in the daily life of different generations and social groups, transcending the technological aspects. Keywords: Digital inclusion, social inclusion, collaborative systems. Introdução Apesar dos avanços tecnológicos no país e incentivos governamentais à inclusão digital, o Brasil ainda precisa de ações para minimizar a fratura digital existente e que impacta diretamente na inclusão social (CGI.br, 2013). Para isso, tem contado com o apoio da sociedade, como Organizações Não Governamentais (ONGs) e Universidades (ARAÚJO, 1999). As pesquisas “TIC domicílios” têm sido feitas anualmente para medir o uso e o acesso da população brasileira às Tecnologias da Informação e de Comunicação (TIC) (CETIC.br, 2015). Apesar das melhorias significativas quanto à inclusão digital dos brasileiros, os números ainda estão muito aquém do esperado. As pesquisas mostram que a população considera a Internet um recurso essencial do cotidiano e que pode provocar mudanças de hábitos sociais. A comunicação por e- mails e redes sociais tem alcançado diferentes faixas etárias e classes sociais, facilitada pelo acesso democrático à Internet a partir de escolas, locais públicos, Lan houses, etc. (OLIVEIRA; YAMASHITA; AMARAL, 2014). Convém observar que a inclusão digital não se resume ao uso do mouse e à Internet. Atualmente, a inclusão digital tem sido favorecida com o crescente aumento dos computadores portáteis, bem como smartphones e até a TV digital - a convergência digital faz parte da realidade nacional. Contudo, ainda há muita desigualdade de acesso às TIC, considerando diferentes regiões geográficas do país, áreas urbanas e rurais e diferentes classes sociais. Além disso, as várias gerações de indivíduos que hoje convivem na sociedade, com diferentes faixas etárias, têm características e necessidades específicas em relação ao uso da tecnologia (SÁ; ALMEIDA, 2012). São evidentes os conflitos na inter-relação entre as diferentes gerações em termos de tecnologia. Aspectos de convivência ética e de cidadania devem ser valorizados na integração dessas várias gerações (baby boomers, X, Y, Z) ao uso das tecnologias digitais. Isso contribui para evitar o isolamento e a discriminação que se costuma fazer em relação a algumas gerações, principalmente as mais idosas (baby boomers e X). A busca do conhecimento por todos deve ser respeitada e trabalhada de forma harmoniosa. As características mais favorecidas e habilidosas de cada geração devem ser enfatizadas, enquanto as que precisam ser desenvolvidas devem ser trabalhadas com apoio solidário. Assim, a tecnologia tem que ser vista como um instrumento natural da vida: que se aprende com o hábito, se deve usar 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital, visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761 com satisfação e se deve ter a motivação necessária para se adquirir cada vez mais conhecimento. Objetivos Este trabalho apresenta as ações de um projeto de extensão intitulado “Inclusão digital e cidadania: tecnologia e educação promovendo integração de saberes”. O objetivo é apoiar a formação tecnológica de indivíduos de diferentes gerações, de acordo com as suas necessidades cognitivas. Ao mesmo tempo, o Projeto visa apoiar aspectos de integração (relacionamento) entre diferentes classes sociais, culturais e faixas etárias, de modo a promover a cidadania. Além disso, para os adolescentes e jovens, as ações também visam o mercado de trabalho e a mitigação da violência social. Nesse contexto, o processo de ensino- aprendizagem respeita a faixa etária dos aprendizes e os integra a uma equipe de apoio, composta por indivíduos de diferentes faixas de idades e diferentes formações culturais e acadêmicas. Essa equipe de apoio é composta por instrutores de instituições parceiras com fins sociais, alunos universitários, docentes universitários e voluntários da sociedade (acima de 15 anos). O Projeto envolve a aplicação de um Curso denominado “Inclusão Digital e Cidadania” (ID&C), disponível em duas modalidades: Básico e Avançado. Esse Curso já tem sido oferecido há alguns anos junto a instituições parceiras. Além disso, conteúdos de outros cursos começaram a ser desenvolvidos, abrangendo desde o uso de software livre a desenvolvimento de jogos. Para esses cursos, o Projeto conta com voluntários da sociedade, que são capacitados através de cursos ministrados por agentes do próprio Projeto. A intenção é que esses voluntários sejam agentes multiplicadores do Projeto e que possam atuar como monitores nas aulas dos cursos oferecidos. Além disso, o Projeto conta com outra classe de voluntários, formada por especialistas em diferentes áreas profissionais. Esses especialistas ministram palestras e promovem reflexões sobre variados temas de cunho tecnológico e/ou socioeconômico. Material e Métodos Para o desenvolvimento das ações envolvidas no Projeto, conta-se com a parceria de instituições com fins sociais, de modo a unir esforços e a formar equipes com competências complementares, Desde 2005, o Projeto mantém parceria com a ONG União de Amigos (UDAM), em Rio Claro, que tem recebido, nos últimos anos, apoio da Secretaria Municipal de Ação Social. A ONG conta, atualmente, com assistentes sociais, instrutor de Informática e equipes para divulgação e para coordenação do Projeto na instituição. As reuniões com a equipe da ONG são frequentes, de modo a acompanhar a execução do Projeto e manter a qualidade desejada. O Laboratório de Informática utilizado foi estruturado com o apoio do Projeto e contou com o apoio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). O Laboratório contém 21 computadores com acessórios multimídia e acesso à Internet, impressoras, projetor multimídia, quadro branco, entre outros recursos especificados pelo Projeto. Na ONG UDAM são ministrados Cursos denominados “Inclusão Digital e Cidadania” (ID&C) nas modalidades Básico e Avançado, com duração de quatro meses. A diferença entre as duas modalidades está no material utilizado e na frequência das aulas. Todas as aulas são de três horas, com intervalo de quinze minutos para lanche. Nas turmas de ID&C Básico, as aulas ocorrem uma vez por semana e são oferecidas a turmas de crianças/pré-adolescentes (até 12 anos), adolescentes (de 13 a 18 anos, estendido a 21 anos), bem como a adultos/terceira idade (acima de 24 anos). Já nas turmas de ID&C Avançado, as aulas acontecem duas vezes por semana e não são ministradas a turmas de crianças/pré-adolescentes. As aulas de ID&C Básico são ministradas pelo instrutor de Informática da Udam e as do Avançado por bolsistas do Projeto – todos devidamente orientados nas práticas do Projeto. Os Anexos 1 e 2 mostram algumas fotos de aulas de ID&C Avançado junto à ONG UDAM, com turmas de adolescentes e de adultos/terceira idade, respectivamente. Desde 2007, o Projeto mantém parceria com a Unidade da Fundação CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) em Rio Claro, que abriga adolescentes sob medidas socioeducativas. Na Unidade CASA são ministrados Cursos de ID&C Avançado, com duração de três meses. Até 2014 esse era o segundo curso mais procurado pelos adolescentes, sendo o primeiro o de panificação. A partir de 2014, foi o primeiro mais procurado. A Instituição conta com um agente educacional de Informática, coordenador pedagógico e equipe de apoio (assistentes sociais, 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital, visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761 psicólogos, etc.). As reuniões com o agente educacional, que ministra o Curso ID&C, são periódicas. Algumas adaptações na metodologia de aplicação tiveram que ser feitas, devido a certas restrições do ambiente. O Laboratório conta com 11 microcomputadores com acessórios multimídia, projetor multimídia, entre outros recursos especificados pelo Projeto. As impressoras não ficam no Laboratório, devido a restrições da Instituição. Pelos mesmos motivos, os computadores não têm acesso à Internet. Convém mencionar que o Projeto também manteve parceria com o Lar Anália Franco, em São Manuel, de 2010 a 2012. O Curso ID&C Avançado, contou com a participação de seus funcionários (assistentes sociais, divulgadores, agentes educacionais, etc.) e voluntários adolescentes da sociedade. O Laboratório era composto com todos os recursos especificados pelo Projeto, contando com 11 microcomputadores com acessórios multimídia e acesso à Internet. Anualmente, na ONG UDAM, são feitas chamadas de voluntários em mídias digitais, rádios, jornais e televisão, com a finalidade de serem multiplicadores do Projeto e, possivelmente, colaborarem com as turmas de ID&C. As chamadas são feitas no primeiro semestre, sendo necessária a aplicação de um curso de capacitação, com duração de cerca de três meses. Esse curso é ministrado pelos bolsistas do Projeto, com o apoio do instrutor de Informática da Unidade. Em 2014 cerca de quinze voluntários participaram do Curso, sendo que sete contribuíram nas aulas de ID&C. Em 2015, das 22 pessoas que atenderam a chamada, catorze fizeram o Curso, sendo que dez mostraram condições de apoiar as aulas do Curso ID&C. Observa-se que, entre os voluntários, encontram-se, normalmente, alguns egressos do Curso de ID&C. O projeto tem desenvolvido material para aplicação de oficinas de programação de jogos, voltadas a adolescentes e adultos, com duração de um mês cada oficina. Conteúdos para outras oficinas estão sendo desenvolvidos, envolvendo software livre. Os cursos do Projeto são aplicados presencialmente, com apoio de sistemas de e- Learning (blended Learning). O conteúdo das aulas dos cursos são organizados em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), implementado por um sistema gestão de aprendizagem, conhecido como LMS (Learning Collaborative System). Assim, a coordenação, organização e acompanhamento dos cursos também podem ser feitos a distância. Além disso, esse tipo de sistema traz ferramentas que potencializam as experiências de aprendizagem, inclusive de cursos básicos de alfabetização digital. O AVA utilizado até 2014 foi o LMS TelEduc. A partir de 2015 está sendo utilizado o LMS Moodle. Para contribuir com a portabilidade dos conteúdos dos cursos, foi desenvolvido um sistema de autoria de objetos de aprendizagem no padrão SCORM (Sharable Content Object Reference Model). Assim, os conteúdos podem ser utilizados em qualquer LMS com suporte a esse padrão, como Dokeos, Claroline, Chamilo e tantos outros (YAMASHITA, A.C.; OLIVEIRA, H.C.; PUCCI, M.A.F., 2014). Convém observar que as turmas do Curso ID&C na Unidade CASA de Rio Claro não fazem uso de um AVA. O mesmo também acontece para as turmas de crianças/pré-adolescentes na ONG UDAM atualmente, devido à necessidade de criação de e-mails. Contudo, têm sido utilizadas outras formas de trabalho e outros recursos colaborativos. As turmas de aprendizes são orientadas por dinâmicas com atividades colaborativas, de modo que cada turma constitua um “time”. As atividades incluem abordagens de metodologias ágeis da Engenharia de Software (práticas Scrum, programação em par, etc.) e aspectos de Qualidade e de Gerência de Projetos (técnica 5S, PDCA, etc.). Práticas que evidenciam valores de cidadania e de ética são empregadas em todas as atividades. Convém mencionar que são utilizadas práticas de Programação Neurolinguística (PNL), relativas a aspectos cognitivos (MANCILHA, 2012). A metodologia de ensino-aprendizagem utilizada no Projeto conta com os fundamentos do sócio-interacionismo de Vygotsky, considerando aspectos da zona proximal (VYGOSTKY, 2006; OLIVEIRA; MICOTTI; FRANCO, 2006). O modelo de avaliação da competência dos aprendizes é conhecido como CHA (Conhecimento, Habilidade e Atitude). A metodologia utilizada é orientada a problemas, com metas a serem atingidas. Consiste de dois módulos básicos: (1) InfoSOC: ensino-aprendizagem de recursos computacionais, com trabalho cooperativo e incentivos ao raciocínio lógico; (2) ConSOC: abordagem de Informática integrada a temas sociais, com variadas palestras e dinâmicas direcionadas a aspectos de qualidade de trabalho, 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital, visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761 saúde, meio ambiente, convivência social e comportamento, técnicas comerciais, etc. Atualmente, a biblioteca digital para aulas de InfoSOC do Curso ID&C Avançado, contém cinco tópicos de aulas, cada um com três etapas e cada etapa com um conjunto específico de recursos audiovisuais. A biblioteca digital para uso em aulas de ConSOC, contém catorze tópicos, cada qual com um conjunto específico de recursos audiovisuais. Todas as bibliotecas digitais estão sendo expandidas e atualizadas. Em relação à atualização da biblioteca de InfoSOC, é importante que se observe que os sistemas operacionais e pacote de Office não são iguais em todas as ONGs parceiras, levando a manutenção de conteúdos para todas as plataformas envolvidas. O Projeto também conta com uma biblioteca digital de recursos padronizados para agentes formadores e multiplicadores do Projeto. Todas as bibliotecas estão organizadas e disponíveis no LMS utilizado. Resultados e discussão O Projeto vem sendo aplicado desde 2001, quando a metodologia de ensino-aprendizagem começou a ser concebida. Como já mencionado, o Projeto vem sendo aplicado junto à ONG UDAM desde 2005 e junto à Unidade local da Fundação CASA desde 2007. Contudo, o Projeto já foi aplicado antes em escolas públicas e em outras ONGs. Durante todo esse tempo, as análises e avaliações feitas contribuíram para a maturidade e evolução da metodologia e do conteúdo utilizado. É importante mencionar que, com o decorrer do tempo de parceria junto à ONG UDAM e o estreitamento da relação ONG-Universidade, várias práticas utilizadas no Projeto e no Curso ID&C foram levadas a outros projetos sociais da ONG, que somam mais de dez. Além das práticas de ConSOC, a técnica 5S e a técnica de avaliação CHA também são aplicadas a outros projetos. Observa-se que práticas de gestão ágil também foram incluídas nas atividades da ONG, a partir de conversas e reuniões efetuadas com a parceria. Devido ao longo período de aplicação, este trabalho apresenta os resultados relativos ao ano de 2014 nas duas instituições parceiras atuais. Em 2014, contou-se com dois alunos bolsistas de extensão da Unesp e três alunos com Bolsa de Apoio Acadêmico e Extensão I (BAAE I). Junto a esses alunos, foram integrados sete voluntários da sociedade de Rio Claro e funcionários da ONG UDAM e Fundação CASA de Rio Claro. Em 2015, contudo, por parte da Unesp, atuam somente um bolsista de extensão e um bolsista BAAE I. Devido ao montante de trabalho, um universitário tem auxiliado o Projeto voluntariamente. Um site do Projeto está sendo mantido em http://igce.rc.unesp.br/#!/extensao/inclusao-digital, mas também pode ser acessado através do logo do projeto a partir da página http://igce.rc.unesp.br. Resultados junto à ONG UDAM Em relação ao Curso ID&C junto à ONG UDAM, pode ser feita uma síntese dos resultados durante o ano de 2014. Foram capacitados cerca de quinze voluntários no primeiro semestre de 2014, com sete deles apoiando as aulas de ID&C no segundo semestre, em uma ou mais turmas. Em 2015, dos 22 voluntários que atenderam ao chamado do Projeto, catorze foram capacitados, sendo que dez mostraram condições de atuar como monitores nas aulas de ID&C. A idade dos voluntários varia de 16 a 70 anos, incluindo estudantes, donas de casa, professores, cabelereiras, administradores de empresa, aposentados, etc. Ao longo do curso de capacitação, vai se tornando evidente que seria mais benéfico que alguns voluntários se matriculassem no Curso ID&C. Através de interações com esses voluntários, isso tem ocorrido. Outros voluntários acabam demonstrando que precisam de acolhimento em outros projetos da ONG – o que também tem sido feito. Alguns voluntários, no entanto, mesmo tendo condições técnicas e comportamentais adequadas, acabam não podendo atuar como monitores no Curso ID&C posteriormente por causa de questões pessoais ou familiares; outros, que estavam desempregados, acabam arrumando emprego – em parte ajudados pelo fato de estarem integrados ao Projeto. Para mitigar alguns desses problemas, a seleção de voluntários tem sido mais criteriosa. Durante a capacitação dos voluntários, também é analisada a aptidão para atuação em turmas de adultos ou de adolescentes. Durante a aplicação do curso, a comunicação estabelecida entre eles e os monitores vai sendo fortalecida e uma verdadeira equipe de trabalho se forma. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital, visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761 Para essa comunicação, tem sido utilizado um grupo formado na rede social facebook, bem como o sistema skype, o ambiente virtual do TelEduc ou Moodle e e-mails. Em relação ao número de aprendizes em 2014, foram atendidos 228 aprendizes no Curso ID&C Básico e 84 no Curso ID&C Avançado. No primeiro semestre de 2015, já foram atendidos 168 aprendizes no Curso ID&C Básico. É interessante observar que as turmas de adultos (de 22 a 59 anos) e terceira idade (acima de 60 anos) dos Cursos ID&C foram unificadas a partir de 2014, considerando a grande evasão das turmas de adultos. Essa unificação contribuiu também para se alterar a nomenclatura da turma, que passou a ser chamada apenas de “turma de adultos” – o que foi considerado mais adequado socialmente. Para se ter ideia da evasão das turmas de adultos, em 2013, em uma turma de 21 aprendizes, concluíram 6. Em contrapartida, em uma turma de 38 aprendizes da terceira idade, concluíram 33; em uma turma de adolescentes com 38 aprendizes, concluíram 30. Quanto ao cronograma de atividades da turma de adultos/terceira idade e de adolescentes, a diferença é basicamente na duração de cada aula de InfoSOC e na quantidade de aulas de ConSOC. Na turma de adolescentes, o mesmo conteúdo de InfoSOC dura uma aula, levando o dobro do tempo para a turma de adultos/terceira idade. Além disso, há muito mais aulas de ConSOC para essa turma do que para a de adolescentes – o que resulta em uma adaptação do conteúdo de Informática ministrado à turma de adultos/terceira idade. Desde 2007, o uso do AVA TelEduc tem sido utilizado de forma auxiliar com grande participação dos aprendizes, monitores e funcionários da ONG UDAM. Os ambientes são diferenciados para as turmas de ID&C Básico e Avançado. Esses ambientes também são diferenciados por semestres. O ambiente do Curso Avançado também é aproveitado para a capacitação dos voluntários. As turmas de ID&C Básico são compostas de acordo com a idade, sendo turmas de crianças e pré-adolescentes (até 12 anos), de adolescentes (de 13 a 18 anos, podendo ser estendida até 21 anos) e de adultos, sendo formadas de acordo com a faixa etária, mas não exclusivamente. Já para o Avançado, são compostas duas turmas: uma de adolescentes, com mais foco no mercado de trabalho, e uma de adultos (incluindo terceira idade). Pode-se destacar a integração de variados níveis econômicos entre os aprendizes. Em 2014, por exemplo, na turma de ID&C Avançado dos adolescentes, 17% declararam renda familiar de um salário mínimo, 26% de até dois, 31% de dois a três e 26% acima de três salários mínimos. Dentre esses adolescentes, 85% querem fazer um curso universitário. Perguntado a eles sobre uma pessoa que admiram, 63% informaram ser um ente familiar, 7% um professor e 30% outra pessoa. Já na turma de ID&C Avançado de 2014, a idade variou de 40-50 anos (37%) a mais de 70 anos (13%). Com relação à renda familiar, 38% declararam de um a dois salários mínimos, 33% de dois a três e 29% acima de três salários mínimos. Quanto à formação acadêmica, a turma integrou pessoas com apenas o fundamental incompleto (17%) até pessoas com ensino superior completo (25%). Sobre uma pessoa que admiram, 58% responderam ser um familiar, 8% um professor, 13% Deus/Jesus e 21% outra pessoa. Quanto ao perfil dos aprendizes de modo geral, normalmente são avaliados alguns outros aspectos, relacionados à qualidade de vida, caráter empreendedor e formas de percepções de aprendizagem. Para isso são utilizados questionários elaborados por especialistas. A seguir, são apresentadas algumas análises elaboradas para as turmas de ID&C Avançado do segundo semestre de 2014. Em relação ao caráter empreendedor, 84,2% dos adolescentes mostraram ter essa atitude nas suas vidas. Na turma de adultos/terceira idade, chegou-se a 100%. Isso se deve ao perfil dos aprendizes selecionados para as turmas do Curso Avançado. Em relação à qualidade de vida dos aprendizes adolescentes, 38,1% consideraram terem boa qualidade, 52,4% razoável e 9,5% ruim. Já entre os adultos/terceira idade, 76,5% consideraram terem boa qualidade de vida, 17,6% razoável e 5,9% ruim. Quanto às formas de percepção de aprendizagem dos adolescentes, o questionário aplicado permite verificar o quão visuais, auditivos e cinestésicos eles se apresentam. Isso é importante para o desenvolvimento do material utilizado e, principalmente, para as práticas de 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital, visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761 ensino durante as aulas. Geralmente, os adolescentes apresentam níveis similares dessas três modalidades de percepção. Apesar disso, os seguintes resultados apresentam as percepções mais evidenciadas: 34% se mostraram mais visuais, 33% mais auditivos e 33% mais cinestésicos. Já entre os adultos/terceira idade, esse resultado é diferente. Geralmente, uma ou mais forma se mostra bem mais evidente, enquanto uma se mostra bem menos expressiva. Considerando a percepção mais evidenciada, os resultados obtidos foram: 72% mais visuais, 17% mais cinestésicos e 11% mais auditivos. Resultados junto à Unidade CASA Em relação aos aprendizes atendidos na unidade da Fundação CASA, em Rio Claro, convém observar que, devido a um problema ocorrido na Instituição no final de final de 2011, o Curso ID&C não foi ministrado em 2012 e 2013. A partir do início de 2014 a situação foi regularizada, quando então a Instituição conseguiu montar novamente o Laboratório de Informática. O Curso foi, então, ministrado a duas turmas de 6 alunos cada, com duração de três meses cada turma. Em 2015, novas turmas foram compostas, por ser o Curso mais procurado entre os adolescentes. Assim, de janeiro a junho de 2015, foram atendidos 37 adolescentes em quatro turmas. Esses dados mostram que o atendimento tem aumentado, uma vez que de 2009 a 2011 foram atendidos 98 aprendizes. Assim como em outras instituições parceiras, ao final do Curso, os adolescentes recebem um certificado. Observa-se que em 2014 e 2015, alguns adolescentes que fizeram o Curso ajudaram o agente educacional como monitores voluntários. A aplicação da metodologia do Projeto foi adaptada ao contexto da Unidade CASA. Reuniões quinzenais têm sido feitas com o agente educacional para orientação e avaliação dos resultados obtidos. Diferente da aplicação na ONG UDAM, não tem sido utilizado um AVA, como o TelEduc, nem acesso à Internet. Contudo, várias solicitações pertinentes ao Projeto foram atendidas, como uso de projetor multimídia e impressão dos artefatos produzidos pelos aprendizes. Com a falta de acesso à Internet, os conteúdos das aulas de ConSOC e InfoSOC têm sido ajustados, sem perder as ideias e objetivos inerentes ao Projeto. Algo diferente que convém ser mencionado é a necessidade de desafios que os aprendizes da Unidade CASA requereram em relação ao material utilizado. Isso fez com que novo conteúdo fosse elaborado com o auxílio do agente educacional. Esse conteúdo passou a ser integrado à biblioteca digital de InfoSOC para outras instituições. Outro fato que merece destaque é que os aprendizes da Unidade CASA gostam de trabalhar nas atividades de desafio ouvindo música, com fone de ouvido. Isso ocorre também em outras atividades do Curso ID&C. A seleção de músicas, contudo, é previamente avaliada e revisada pela equipe de especialistas da Instituição. Convém observar que enquanto não estava sendo possível ministrar o Curso ID&C na Unidade CASA, alguns adolescentes da Instituição participaram de turmas do Curso na UDAM. Para isso, contou-se com a presença de um agente segurança, que passava despercebido pelos demais aprendizes. Essa integração com os aprendizes da UDAM foi benéfica, levando esses aprendizes da Unidade CASA a receberem menção honrosa. Além disso, em 2014, alguns adolescentes participaram da aula de visitação ao câmpus da Unesp, integrados a outros aprendizes da UDAM. Conclusões Muitos projetos de inclusão digital têm sido propostos nos últimos anos em vários segmentos da sociedade, atingindo grupos de diversas idades e classes sociais. Contudo, a proposta de inclusão digital do Projeto apresentado mostra-se diferenciada em vários aspectos. O principal objetivo do Projeto é servir como um agente transformador, integrando os aprendizes ao mundo cibernético, com naturalidade, segurança e responsabilidade. A intenção é contribuir para a integração de culturas e saberes, promovendo ações transformadoras de cidadania, bem como a busca de metas e aprimoramento de competências. Agradecimentos Agradecimentos à Pró-Reitoria de Extensão da Unesp (PROEX), aos funcionários da ONG UDAM, aos funcionários da Unidade da Fundação CASA em Rio Claro, aos voluntários do Projeto e a todos que, direta e indiretamente contribuíram para o sucesso do trabalho apresentado. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital, visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761 ____________________ ARAÚJO, E.A. Informação, sociedade e cidadania: gestão da informação no contexto de organizações não-governamentais (ONGs) brasileiras. Ciência da Informação, Brasília, v. 28, n. 2, 1999, p. 155-167. CETIC.br - Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. 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