8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital,
visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo
Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira
Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761
Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital, visando a
integração de saberes de diferentes gerações
Hilda Carvalho de Oliveira
1
, Lucas Caetano de Jesus
1,A
, Rodrigo Santiago Dionizio
1,A
, Rodrigo
Guilherme de Campos
1,B
, Maria Anatania Franco de Souza Pucci
1,B
, Jessica Aparecida Oliveira
Duzo
1,B
, Rodolfo Gerner Junior
2
:
1
Câmpus de Rio Claro, Instituto de Geociências e Ciências Exatas,
Ciências da Computação;
2
ONG União de Amigos/Fundação CASA;
A
Bolsa de Apoio Acadêmico e
Extensão II;
A
Bolsa de Apoio Acadêmico e Extensão I”; hildaz@rc.unesp.br.
Eixo 3: Novas tecnologias: perspectivas e desafios
Resumo
Este trabalho visa a integração de tecnologias
digitais no cotidiano de diferentes gerações e
grupos sociais, transcendendo os aspectos
tecnológicos.
Palavras Chave: Inclusão digital, inclusão social,
sistemas colaborativos.
Abstract:
This paper aims to integrate digital technologies in
the daily life of different generations and social
groups, transcending the technological aspects.
Keywords: Digital inclusion, social inclusion,
collaborative systems.
Introdução
Apesar dos avanços tecnológicos no país e
incentivos governamentais à inclusão digital, o
Brasil ainda precisa de ações para minimizar a
fratura digital existente e que impacta diretamente
na inclusão social (CGI.br, 2013). Para isso, tem
contado com o apoio da sociedade, como
Organizações Não Governamentais (ONGs) e
Universidades (ARAÚJO, 1999).
As pesquisas “TIC domicílios” têm sido feitas
anualmente para medir o uso e o acesso da
população brasileira às Tecnologias da Informação
e de Comunicação (TIC) (CETIC.br, 2015). Apesar
das melhorias significativas quanto à inclusão digital
dos brasileiros, os números ainda estão muito
aquém do esperado. As pesquisas mostram que a
população considera a Internet um recurso
essencial do cotidiano e que pode provocar
mudanças de hábitos sociais. A comunicação por e-
mails e redes sociais tem alcançado diferentes
faixas etárias e classes sociais, facilitada pelo
acesso democrático à Internet a partir de escolas,
locais públicos, Lan houses, etc. (OLIVEIRA;
YAMASHITA; AMARAL, 2014).
Convém observar que a inclusão digital não se
resume ao uso do mouse e à Internet. Atualmente, a
inclusão digital tem sido favorecida com o crescente
aumento dos computadores portáteis, bem como
smartphones e até a TV digital - a convergência
digital faz parte da realidade nacional. Contudo,
ainda há muita desigualdade de acesso às TIC,
considerando diferentes regiões geográficas do
país, áreas urbanas e rurais e diferentes classes
sociais.
Além disso, as várias gerações de indivíduos
que hoje convivem na sociedade, com diferentes
faixas etárias, têm características e necessidades
específicas em relação ao uso da tecnologia (SÁ;
ALMEIDA, 2012). São evidentes os conflitos na
inter-relação entre as diferentes gerações em
termos de tecnologia. Aspectos de convivência ética
e de cidadania devem ser valorizados na integração
dessas várias gerações (baby boomers, X, Y, Z) ao
uso das tecnologias digitais. Isso contribui para
evitar o isolamento e a discriminação que se
costuma fazer em relação a algumas gerações,
principalmente as mais idosas (baby boomers e X).
A busca do conhecimento por todos deve ser
respeitada e trabalhada de forma harmoniosa. As
características mais favorecidas e habilidosas de
cada geração devem ser enfatizadas, enquanto as
que precisam ser desenvolvidas devem ser
trabalhadas com apoio solidário. Assim, a tecnologia
tem que ser vista como um instrumento natural da
vida: que se aprende com o hábito, se deve usar
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital,
visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo
Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira
Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761
com satisfação e se deve ter a motivação
necessária para se adquirir cada vez mais
conhecimento.
Objetivos
Este trabalho apresenta as ações de um
projeto de extensão intitulado “Inclusão digital e
cidadania: tecnologia e educação promovendo
integração de saberes”. O objetivo é apoiar a
formação tecnológica de indivíduos de diferentes
gerações, de acordo com as suas necessidades
cognitivas. Ao mesmo tempo, o Projeto visa apoiar
aspectos de integração (relacionamento) entre
diferentes classes sociais, culturais e faixas etárias,
de modo a promover a cidadania. Além disso, para
os adolescentes e jovens, as ações também visam
o mercado de trabalho e a mitigação da violência
social.
Nesse contexto, o processo de ensino-
aprendizagem respeita a faixa etária dos aprendizes
e os integra a uma equipe de apoio, composta por
indivíduos de diferentes faixas de idades e
diferentes formações culturais e acadêmicas. Essa
equipe de apoio é composta por instrutores de
instituições parceiras com fins sociais, alunos
universitários, docentes universitários e voluntários
da sociedade (acima de 15 anos).
O Projeto envolve a aplicação de um Curso
denominado “Inclusão Digital e Cidadania” (ID&C),
disponível em duas modalidades: Básico e
Avançado. Esse Curso já tem sido oferecido há
alguns anos junto a instituições parceiras. Além
disso, conteúdos de outros cursos começaram a ser
desenvolvidos, abrangendo desde o uso de
software livre a desenvolvimento de jogos.
Para esses cursos, o Projeto conta com
voluntários da sociedade, que são capacitados
através de cursos ministrados por agentes do
próprio Projeto. A intenção é que esses voluntários
sejam agentes multiplicadores do Projeto e que
possam atuar como monitores nas aulas dos cursos
oferecidos. Além disso, o Projeto conta com outra
classe de voluntários, formada por especialistas em
diferentes áreas profissionais. Esses especialistas
ministram palestras e promovem reflexões sobre
variados temas de cunho tecnológico e/ou
socioeconômico.
Material e Métodos
Para o desenvolvimento das ações envolvidas
no Projeto, conta-se com a parceria de instituições
com fins sociais, de modo a unir esforços e a formar
equipes com competências complementares,
Desde 2005, o Projeto mantém parceria com a
ONG União de Amigos (UDAM), em Rio Claro, que
tem recebido, nos últimos anos, apoio da Secretaria
Municipal de Ação Social. A ONG conta,
atualmente, com assistentes sociais, instrutor de
Informática e equipes para divulgação e para
coordenação do Projeto na instituição. As reuniões
com a equipe da ONG são frequentes, de modo a
acompanhar a execução do Projeto e manter a
qualidade desejada. O Laboratório de Informática
utilizado foi estruturado com o apoio do Projeto e
contou com o apoio do Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). O
Laboratório contém 21 computadores com
acessórios multimídia e acesso à Internet,
impressoras, projetor multimídia, quadro branco,
entre outros recursos especificados pelo Projeto.
Na ONG UDAM são ministrados Cursos
denominados “Inclusão Digital e Cidadania” (ID&C)
nas modalidades Básico e Avançado, com duração
de quatro meses. A diferença entre as duas
modalidades está no material utilizado e na
frequência das aulas. Todas as aulas são de três
horas, com intervalo de quinze minutos para lanche.
Nas turmas de ID&C Básico, as aulas ocorrem uma
vez por semana e são oferecidas a turmas de
crianças/pré-adolescentes (até 12 anos),
adolescentes (de 13 a 18 anos, estendido a 21
anos), bem como a adultos/terceira idade (acima de
24 anos). Já nas turmas de ID&C Avançado, as
aulas acontecem duas vezes por semana e não são
ministradas a turmas de crianças/pré-adolescentes.
As aulas de ID&C Básico são ministradas pelo
instrutor de Informática da Udam e as do Avançado
por bolsistas do Projeto – todos devidamente
orientados nas práticas do Projeto. Os Anexos 1 e
2 mostram algumas fotos de aulas de ID&C
Avançado junto à ONG UDAM, com turmas de
adolescentes e de adultos/terceira idade,
respectivamente.
Desde 2007, o Projeto mantém parceria com a
Unidade da Fundação CASA (Centro de
Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) em
Rio Claro, que abriga adolescentes sob medidas
socioeducativas. Na Unidade CASA são ministrados
Cursos de ID&C Avançado, com duração de três
meses. Até 2014 esse era o segundo curso mais
procurado pelos adolescentes, sendo o primeiro o
de panificação. A partir de 2014, foi o primeiro mais
procurado. A Instituição conta com um agente
educacional de Informática, coordenador
pedagógico e equipe de apoio (assistentes sociais,
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital,
visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo
Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira
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psicólogos, etc.). As reuniões com o agente
educacional, que ministra o Curso ID&C, são
periódicas. Algumas adaptações na metodologia de
aplicação tiveram que ser feitas, devido a certas
restrições do ambiente. O Laboratório conta com 11
microcomputadores com acessórios multimídia,
projetor multimídia, entre outros recursos
especificados pelo Projeto. As impressoras não
ficam no Laboratório, devido a restrições da
Instituição. Pelos mesmos motivos, os
computadores não têm acesso à Internet.
Convém mencionar que o Projeto também
manteve parceria com o Lar Anália Franco, em São
Manuel, de 2010 a 2012. O Curso ID&C Avançado,
contou com a participação de seus funcionários
(assistentes sociais, divulgadores, agentes
educacionais, etc.) e voluntários adolescentes da
sociedade. O Laboratório era composto com todos
os recursos especificados pelo Projeto, contando
com 11 microcomputadores com acessórios
multimídia e acesso à Internet.
Anualmente, na ONG UDAM, são feitas
chamadas de voluntários em mídias digitais, rádios,
jornais e televisão, com a finalidade de serem
multiplicadores do Projeto e, possivelmente,
colaborarem com as turmas de ID&C. As chamadas
são feitas no primeiro semestre, sendo necessária a
aplicação de um curso de capacitação, com duração
de cerca de três meses. Esse curso é ministrado
pelos bolsistas do Projeto, com o apoio do instrutor
de Informática da Unidade. Em 2014 cerca de
quinze voluntários participaram do Curso, sendo
que sete contribuíram nas aulas de ID&C. Em 2015,
das 22 pessoas que atenderam a chamada, catorze
fizeram o Curso, sendo que dez mostraram
condições de apoiar as aulas do Curso ID&C.
Observa-se que, entre os voluntários, encontram-se,
normalmente, alguns egressos do Curso de ID&C.
O projeto tem desenvolvido material para
aplicação de oficinas de programação de jogos,
voltadas a adolescentes e adultos, com duração de
um mês cada oficina. Conteúdos para outras
oficinas estão sendo desenvolvidos, envolvendo
software livre.
Os cursos do Projeto são aplicados
presencialmente, com apoio de sistemas de e-
Learning (blended Learning). O conteúdo das aulas
dos cursos são organizados em um Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA), implementado por
um sistema gestão de aprendizagem, conhecido
como LMS (Learning Collaborative System). Assim,
a coordenação, organização e acompanhamento
dos cursos também podem ser feitos a distância.
Além disso, esse tipo de sistema traz ferramentas
que potencializam as experiências de
aprendizagem, inclusive de cursos básicos de
alfabetização digital. O AVA utilizado até 2014 foi o
LMS TelEduc. A partir de 2015 está sendo utilizado
o LMS Moodle.
Para contribuir com a portabilidade dos
conteúdos dos cursos, foi desenvolvido um sistema
de autoria de objetos de aprendizagem no padrão
SCORM (Sharable Content Object Reference
Model). Assim, os conteúdos podem ser utilizados
em qualquer LMS com suporte a esse padrão, como
Dokeos, Claroline, Chamilo e tantos outros
(YAMASHITA, A.C.; OLIVEIRA, H.C.; PUCCI,
M.A.F., 2014).
Convém observar que as turmas do Curso
ID&C na Unidade CASA de Rio Claro não fazem
uso de um AVA. O mesmo também acontece para
as turmas de crianças/pré-adolescentes na ONG
UDAM atualmente, devido à necessidade de criação
de e-mails. Contudo, têm sido utilizadas outras
formas de trabalho e outros recursos colaborativos.
As turmas de aprendizes são orientadas por
dinâmicas com atividades colaborativas, de modo
que cada turma constitua um “time”. As atividades
incluem abordagens de metodologias ágeis da
Engenharia de Software (práticas Scrum,
programação em par, etc.) e aspectos de Qualidade
e de Gerência de Projetos (técnica 5S, PDCA, etc.).
Práticas que evidenciam valores de cidadania e de
ética são empregadas em todas as atividades.
Convém mencionar que são utilizadas práticas de
Programação Neurolinguística (PNL), relativas a
aspectos cognitivos (MANCILHA, 2012).
A metodologia de ensino-aprendizagem
utilizada no Projeto conta com os fundamentos do
sócio-interacionismo de Vygotsky, considerando
aspectos da zona proximal (VYGOSTKY, 2006;
OLIVEIRA; MICOTTI; FRANCO, 2006). O modelo
de avaliação da competência dos aprendizes é
conhecido como CHA (Conhecimento, Habilidade e
Atitude).
A metodologia utilizada é orientada a
problemas, com metas a serem atingidas. Consiste
de dois módulos básicos:
(1) InfoSOC: ensino-aprendizagem de recursos
computacionais, com trabalho cooperativo e
incentivos ao raciocínio lógico;
(2) ConSOC: abordagem de Informática integrada a
temas sociais, com variadas palestras e dinâmicas
direcionadas a aspectos de qualidade de trabalho,
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital,
visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo
Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira
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saúde, meio ambiente, convivência social e
comportamento, técnicas comerciais, etc.
Atualmente, a biblioteca digital para aulas de
InfoSOC do Curso ID&C Avançado, contém cinco
tópicos de aulas, cada um com três etapas e cada
etapa com um conjunto específico de recursos
audiovisuais. A biblioteca digital para uso em aulas
de ConSOC, contém catorze tópicos, cada qual com
um conjunto específico de recursos audiovisuais.
Todas as bibliotecas digitais estão sendo
expandidas e atualizadas. Em relação à atualização
da biblioteca de InfoSOC, é importante que se
observe que os sistemas operacionais e pacote de
Office não são iguais em todas as ONGs parceiras,
levando a manutenção de conteúdos para todas as
plataformas envolvidas. O Projeto também conta
com uma biblioteca digital de recursos padronizados
para agentes formadores e multiplicadores do
Projeto. Todas as bibliotecas estão organizadas e
disponíveis no LMS utilizado.
Resultados e discussão
O Projeto vem sendo aplicado desde 2001,
quando a metodologia de ensino-aprendizagem
começou a ser concebida. Como já mencionado,
o Projeto vem sendo aplicado junto à ONG UDAM
desde 2005 e junto à Unidade local da Fundação
CASA desde 2007. Contudo, o Projeto já foi
aplicado antes em escolas públicas e em outras
ONGs. Durante todo esse tempo, as análises e
avaliações feitas contribuíram para a maturidade
e evolução da metodologia e do conteúdo
utilizado.
É importante mencionar que, com o decorrer
do tempo de parceria junto à ONG UDAM e o
estreitamento da relação ONG-Universidade,
várias práticas utilizadas no Projeto e no Curso
ID&C foram levadas a outros projetos sociais da
ONG, que somam mais de dez. Além das práticas
de ConSOC, a técnica 5S e a técnica de
avaliação CHA também são aplicadas a outros
projetos. Observa-se que práticas de gestão ágil
também foram incluídas nas atividades da ONG,
a partir de conversas e reuniões efetuadas com a
parceria.
Devido ao longo período de aplicação, este
trabalho apresenta os resultados relativos ao ano
de 2014 nas duas instituições parceiras atuais.
Em 2014, contou-se com dois alunos bolsistas de
extensão da Unesp e três alunos com Bolsa de
Apoio Acadêmico e Extensão I (BAAE I). Junto a
esses alunos, foram integrados sete voluntários
da sociedade de Rio Claro e funcionários da ONG
UDAM e Fundação CASA de Rio Claro. Em 2015,
contudo, por parte da Unesp, atuam somente um
bolsista de extensão e um bolsista BAAE I.
Devido ao montante de trabalho, um universitário
tem auxiliado o Projeto voluntariamente. Um site
do Projeto está sendo mantido em
http://igce.rc.unesp.br/#!/extensao/inclusao-digital,
mas também pode ser acessado através do logo
do projeto a partir da página
http://igce.rc.unesp.br.
Resultados junto à ONG UDAM
Em relação ao Curso ID&C junto à ONG
UDAM, pode ser feita uma síntese dos resultados
durante o ano de 2014.
Foram capacitados cerca de quinze
voluntários no primeiro semestre de 2014, com
sete deles apoiando as aulas de ID&C no
segundo semestre, em uma ou mais turmas. Em
2015, dos 22 voluntários que atenderam ao
chamado do Projeto, catorze foram capacitados,
sendo que dez mostraram condições de atuar
como monitores nas aulas de ID&C. A idade dos
voluntários varia de 16 a 70 anos, incluindo
estudantes, donas de casa, professores,
cabelereiras, administradores de empresa,
aposentados, etc.
Ao longo do curso de capacitação, vai se
tornando evidente que seria mais benéfico que
alguns voluntários se matriculassem no Curso
ID&C. Através de interações com esses
voluntários, isso tem ocorrido. Outros voluntários
acabam demonstrando que precisam de
acolhimento em outros projetos da ONG – o que
também tem sido feito. Alguns voluntários, no
entanto, mesmo tendo condições técnicas e
comportamentais adequadas, acabam não
podendo atuar como monitores no Curso ID&C
posteriormente por causa de questões pessoais
ou familiares; outros, que estavam
desempregados, acabam arrumando emprego –
em parte ajudados pelo fato de estarem
integrados ao Projeto. Para mitigar alguns desses
problemas, a seleção de voluntários tem sido
mais criteriosa.
Durante a capacitação dos voluntários,
também é analisada a aptidão para atuação em
turmas de adultos ou de adolescentes. Durante a
aplicação do curso, a comunicação estabelecida
entre eles e os monitores vai sendo fortalecida e
uma verdadeira equipe de trabalho se forma.
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital,
visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo
Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira
Duzo, Rodolfo Gerner Junior – ISSN 2176-9761
Para essa comunicação, tem sido utilizado um
grupo formado na rede social facebook, bem
como o sistema skype, o ambiente virtual do
TelEduc ou Moodle e e-mails.
Em relação ao número de aprendizes em
2014, foram atendidos 228 aprendizes no Curso
ID&C Básico e 84 no Curso ID&C Avançado. No
primeiro semestre de 2015, já foram atendidos
168 aprendizes no Curso ID&C Básico.
É interessante observar que as turmas de
adultos (de 22 a 59 anos) e terceira idade (acima
de 60 anos) dos Cursos ID&C foram unificadas a
partir de 2014, considerando a grande evasão
das turmas de adultos. Essa unificação contribuiu
também para se alterar a nomenclatura da turma,
que passou a ser chamada apenas de “turma de
adultos” – o que foi considerado mais adequado
socialmente. Para se ter ideia da evasão das
turmas de adultos, em 2013, em uma turma de 21
aprendizes, concluíram 6. Em contrapartida, em
uma turma de 38 aprendizes da terceira idade,
concluíram 33; em uma turma de adolescentes
com 38 aprendizes, concluíram 30.
Quanto ao cronograma de atividades da
turma de adultos/terceira idade e de
adolescentes, a diferença é basicamente na
duração de cada aula de InfoSOC e na
quantidade de aulas de ConSOC. Na turma de
adolescentes, o mesmo conteúdo de InfoSOC
dura uma aula, levando o dobro do tempo para a
turma de adultos/terceira idade. Além disso, há
muito mais aulas de ConSOC para essa turma do
que para a de adolescentes – o que resulta em
uma adaptação do conteúdo de Informática
ministrado à turma de adultos/terceira idade.
Desde 2007, o uso do AVA TelEduc tem sido
utilizado de forma auxiliar com grande
participação dos aprendizes, monitores e
funcionários da ONG UDAM. Os ambientes são
diferenciados para as turmas de ID&C Básico e
Avançado. Esses ambientes também são
diferenciados por semestres. O ambiente do
Curso Avançado também é aproveitado para a
capacitação dos voluntários.
As turmas de ID&C Básico são compostas
de acordo com a idade, sendo turmas de crianças
e pré-adolescentes (até 12 anos), de
adolescentes (de 13 a 18 anos, podendo ser
estendida até 21 anos) e de adultos, sendo
formadas de acordo com a faixa etária, mas não
exclusivamente. Já para o Avançado, são
compostas duas turmas: uma de adolescentes,
com mais foco no mercado de trabalho, e uma de
adultos (incluindo terceira idade).
Pode-se destacar a integração de variados
níveis econômicos entre os aprendizes. Em 2014,
por exemplo, na turma de ID&C Avançado dos
adolescentes, 17% declararam renda familiar de
um salário mínimo, 26% de até dois, 31% de dois
a três e 26% acima de três salários mínimos.
Dentre esses adolescentes, 85% querem fazer
um curso universitário. Perguntado a eles sobre
uma pessoa que admiram, 63% informaram ser
um ente familiar, 7% um professor e 30% outra
pessoa.
Já na turma de ID&C Avançado de 2014, a
idade variou de 40-50 anos (37%) a mais de 70
anos (13%). Com relação à renda familiar, 38%
declararam de um a dois salários mínimos, 33%
de dois a três e 29% acima de três salários
mínimos. Quanto à formação acadêmica, a turma
integrou pessoas com apenas o fundamental
incompleto (17%) até pessoas com ensino
superior completo (25%). Sobre uma pessoa que
admiram, 58% responderam ser um familiar, 8%
um professor, 13% Deus/Jesus e 21% outra
pessoa.
Quanto ao perfil dos aprendizes de modo
geral, normalmente são avaliados alguns outros
aspectos, relacionados à qualidade de vida,
caráter empreendedor e formas de percepções
de aprendizagem. Para isso são utilizados
questionários elaborados por especialistas. A
seguir, são apresentadas algumas análises
elaboradas para as turmas de ID&C Avançado do
segundo semestre de 2014.
Em relação ao caráter empreendedor, 84,2%
dos adolescentes mostraram ter essa atitude nas
suas vidas. Na turma de adultos/terceira idade,
chegou-se a 100%. Isso se deve ao perfil dos
aprendizes selecionados para as turmas do
Curso Avançado.
Em relação à qualidade de vida dos
aprendizes adolescentes, 38,1% consideraram
terem boa qualidade, 52,4% razoável e 9,5%
ruim. Já entre os adultos/terceira idade, 76,5%
consideraram terem boa qualidade de vida,
17,6% razoável e 5,9% ruim.
Quanto às formas de percepção de
aprendizagem dos adolescentes, o questionário
aplicado permite verificar o quão visuais,
auditivos e cinestésicos eles se apresentam. Isso
é importante para o desenvolvimento do material
utilizado e, principalmente, para as práticas de
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital,
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Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira
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ensino durante as aulas. Geralmente, os
adolescentes apresentam níveis similares dessas
três modalidades de percepção. Apesar disso, os
seguintes resultados apresentam as percepções
mais evidenciadas: 34% se mostraram mais
visuais, 33% mais auditivos e 33% mais
cinestésicos. Já entre os adultos/terceira idade,
esse resultado é diferente. Geralmente, uma ou
mais forma se mostra bem mais evidente,
enquanto uma se mostra bem menos expressiva.
Considerando a percepção mais evidenciada, os
resultados obtidos foram: 72% mais visuais, 17%
mais cinestésicos e 11% mais auditivos.
Resultados junto à Unidade CASA
Em relação aos aprendizes atendidos na
unidade da Fundação CASA, em Rio Claro,
convém observar que, devido a um problema
ocorrido na Instituição no final de final de 2011, o
Curso ID&C não foi ministrado em 2012 e 2013. A
partir do início de 2014 a situação foi
regularizada, quando então a Instituição
conseguiu montar novamente o Laboratório de
Informática. O Curso foi, então, ministrado a duas
turmas de 6 alunos cada, com duração de três
meses cada turma. Em 2015, novas turmas foram
compostas, por ser o Curso mais procurado entre
os adolescentes. Assim, de janeiro a junho de
2015, foram atendidos 37 adolescentes em
quatro turmas. Esses dados mostram que o
atendimento tem aumentado, uma vez que de
2009 a 2011 foram atendidos 98 aprendizes.
Assim como em outras instituições
parceiras, ao final do Curso, os adolescentes
recebem um certificado. Observa-se que em 2014
e 2015, alguns adolescentes que fizeram o Curso
ajudaram o agente educacional como monitores
voluntários.
A aplicação da metodologia do Projeto foi
adaptada ao contexto da Unidade CASA.
Reuniões quinzenais têm sido feitas com o
agente educacional para orientação e avaliação
dos resultados obtidos. Diferente da aplicação na
ONG UDAM, não tem sido utilizado um AVA,
como o TelEduc, nem acesso à Internet.
Contudo, várias solicitações pertinentes ao
Projeto foram atendidas, como uso de projetor
multimídia e impressão dos artefatos produzidos
pelos aprendizes. Com a falta de acesso à
Internet, os conteúdos das aulas de ConSOC e
InfoSOC têm sido ajustados, sem perder as
ideias e objetivos inerentes ao Projeto.
Algo diferente que convém ser mencionado
é a necessidade de desafios que os aprendizes
da Unidade CASA requereram em relação ao
material utilizado. Isso fez com que novo
conteúdo fosse elaborado com o auxílio do
agente educacional. Esse conteúdo passou a ser
integrado à biblioteca digital de InfoSOC para
outras instituições.
Outro fato que merece destaque é que os
aprendizes da Unidade CASA gostam de
trabalhar nas atividades de desafio ouvindo
música, com fone de ouvido. Isso ocorre também
em outras atividades do Curso ID&C. A seleção
de músicas, contudo, é previamente avaliada e
revisada pela equipe de especialistas da
Instituição.
Convém observar que enquanto não estava
sendo possível ministrar o Curso ID&C na
Unidade CASA, alguns adolescentes da
Instituição participaram de turmas do Curso na
UDAM. Para isso, contou-se com a presença de
um agente segurança, que passava despercebido
pelos demais aprendizes. Essa integração com
os aprendizes da UDAM foi benéfica, levando
esses aprendizes da Unidade CASA a receberem
menção honrosa. Além disso, em 2014, alguns
adolescentes participaram da aula de visitação ao
câmpus da Unesp, integrados a outros
aprendizes da UDAM.
Conclusões
Muitos projetos de inclusão digital têm sido
propostos nos últimos anos em vários segmentos da
sociedade, atingindo grupos de diversas idades e
classes sociais. Contudo, a proposta de inclusão
digital do Projeto apresentado mostra-se
diferenciada em vários aspectos.
O principal objetivo do Projeto é servir como
um agente transformador, integrando os aprendizes
ao mundo cibernético, com naturalidade, segurança
e responsabilidade. A intenção é contribuir para a
integração de culturas e saberes, promovendo
ações transformadoras de cidadania, bem como a
busca de metas e aprimoramento de competências.
Agradecimentos
Agradecimentos à Pró-Reitoria de Extensão da
Unesp (PROEX), aos funcionários da ONG UDAM,
aos funcionários da Unidade da Fundação CASA
em Rio Claro, aos voluntários do Projeto e a todos
que, direta e indiretamente contribuíram para o
sucesso do trabalho apresentado.
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Metodologia colaborativa e participativa para inclusão digital,
visando a integração de saberes de diferentes gerações, Hilda Carvalho de Oliveira, Lucas Caetano de Jesus, Rodrigo
Santiago Dionizio, Rodrigo Guilherme de Campos, Maria Anatania Franco de Souza Pucci, Jessica Aparecida Oliveira
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____________________
ARAÚJO, E.A. Informação, sociedade e cidadania: gestão da
informação no contexto de organizações não-governamentais
(ONGs) brasileiras. Ciência da Informação, Brasília, v. 28, n. 2, 1999,
p. 155-167.
CETIC.br - Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da
Sociedade da Informação. TIC Domicílios. Disponível em
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Anexo 1: Fotos de aulas de ID&C Avançado para adolescentes na ONG UDAM
Anexo 2: Fotos de aulas de ID&C Avançado para adultos/terceira idade na ONG UDAM