TFG_Reabilitação do casarão da Família Guedes: Complexo de Indústrias Têxteis São Martinho, Tatuí-SP. Aluna: Malena Rodrigues Alves Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo SUMÁRIO Titulo p.1 Resumo p.1 Introdução p.2 Justificativa e Relevância do Projeto p. 7 Objetivo p. 10 Metodologia p.10 Cronograma p.11 Abordagem Teórica p.12 Tatuí: complexo São Martinho p.19 Casarão da Família Guedes p. 24 Documentação Teórica p. 26 Documentação métrica p. 29 Estado de conservação dos materiais p. 35 Avaliação dos materiais p.38 Projeto de Restauro e Reabilitação do casarão da Família Guedes p.40 Memorial descritivo p.47 Bibliografia p.48 1 1 TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO, 2011. Título: Reabilitação do casarão da Família Guedes: Complexo de Indústrias Têxteis São Martinho, Tatuí-SP. Resumo: Tatuí, uma cidade do interior do Estado de São Paulo, uma das pioneiras no processo industrial têxtil do séc. passado. Com a decadência dessa economia, a cidade no geral, mas principalmente seu centro ficou repleto de grandes galpões abandonados, atualmente em processo de degradação. Um dos complexos mais interessantes é o da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, inaugurada em 1881, que é constituído pela fábrica de tecelagem São Martinho, um casarão e casas de operários, próximo ao antigo centro cívico da cidade. Este complexo teve grande importância na formação da cidade, foi tombado pelo órgão de patrimônios municipais e pelo CONDEPAAHT (Processo: 31877/94, Tombamento: Res. SC 31 de 30.10.2007, Livro do Tombo Histórico: inscrição nº 358, p. 97, 12/03/2008). Portanto o presente Trabalho Final de Graduação tem por objetivos: a documentação histórica, fotográfica, métrica e do estado de conservação dos materiais do casarão Guedes, e elaboração do projeto de reabilitação e de sua ambiência. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 2 1. Introdução Tatuí foi uma das pioneiras paulistas na industrialização. Em 1881, Manoel Guedes Pinto de Mello inaugurou a Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, que produzia tecidos, cobertores e toalhas. O nome da fábrica homenageava o pai do fundador, Martinho Guedes, quem implantou o plantio de algodão herbáceo, a partir de sementes oriundas dos EUA. Martinho possuía a intenção de implantar uma fábrica de tecidos em Tatuí, por causa disso ele providenciou primeiramente fornecedores da matéria prima. Obteve sucesso, pois distribuía sementes entre os lavradores da cidade, instruindo-os e garantindo a compra da produção total. Tamanho foi o incentivo, que Tatuí foi o maior produtor de algodão do Estado de São Paulo. Entretanto, Martinho Guedes faleceu em 1872, vitima de uma epidemia. Seu filho, Manoel assumiu os negócios do pai e com muita determinação conseguiu realizar o sonho da tecelagem de algodão, começando a funcionar em 1882 com 54 teares de ultima tecnologia, chegando a ter até 250, funcionando 24 horas divididas em turnos, segundo o Almanach Tatuhyense. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 3 Figura 1- Foto de 1900, Fábrica têxtil São Martinho, fundada em 1881. Retirada do livro "Fotografias Tatui_Tatuí, antiga Tatuhi" A implantação dessa indústria na cidade impulsionou o aparecimento de outras indústrias para prestar auxílio como a serraria, marcenaria e oficina mecânica; para utilizar os subprodutos, a indústria de óleo e sabão; e para auxiliar no progresso físico da fábrica e da cidade, a indústria de cerâmicas (Olaria). Manoel Guedes era um visionário, obsessivo pelo progresso, o “Dom. Pedro II tatuiano”, adquirindo pelo mundo tudo o que houvesse de mais moderno. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 4 Figura 2 - Largo São Martinho, 1926. Retirada do livro "Fotografias Tatui_Tatuí, antiga Tatuhi" Figura 3 - Largo São Martinho, 1926. Retirada do livro "Fotografias Tatui_Tatuí, antiga Tatuhi" Detalhe da esquina direita a cia de energia TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 5 Percebeu a importância da implantação de uma Cia. de Luz e Força para o avanço na indústria sem detrimento das matas, e para tal represou agua em Cerquilho, e em 1911 a luz elétrica foi ligada em Tatuí, colocando a cidade entre as pioneiras e ter tal comodidade. Trouxe a Estrada de Ferro Sorocabana, para facilitar o escoamento de sua produção até o porto de Santo; segundo a Folha de São Paulo (05/05/1975) foi o 12 possuidor de automóvel no estado; trouxe também o gramofone e a primeira máquina de projeção de filmes mudos que os exibia no cinema São Martinho que construiu. Figura 4 - Estação Sorocabana, 1926. Retirada do livro "Fotografias Tatui_Tatuí, antiga Tatuhi" TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 6 Tudo não nos faz admirar o fato de Humberto Bastos colocar Manoel Guedes entre os 12 próceres das indústrias e finanças de São Paulo, ao lado de Ford, Boyes, Samuel do Nascimento, Crespi, Erasmo Assumpção, Samuel Toledo, Rodolpho Crespi, J.A. Rubião, Francisco Matarazzo, Alexandre Siciliano e Pugliese. Fez tanto para o progresso que segundo o autor Renato Ferreira de Camargo, Tatuí recebeu o título de “maior parque industrial da América Latina”. Seu progresso e dinamismo foram seguidos por outras fábricas em Tatuí, como a Campos Irmão e Cia, Fiação Santa Izabel, Chapéus Sendero e Cia, Fábrica de Fósforos Palmyra, Vanni e Cia além de beneficiadoras e olarias; mas como foi o precursor do desenvolvimento esse trabalho focará no patrimônio que ergueu e que após a queda da bolsa de Nova York vem ruindo. Figura 5 - Fiaçao e tecelagem Sta Cruz, 1908. Retirada do livro "Fotografias Tatui_Tatuí, antiga Tatuhi" TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 7 Justificativa e Relevância do Projeto O CONDEPHAAT apresenta algumas justificativas ao tombamento do complexo São Martinho no Diário oficial de 30 de outubro de 2007: “pelo o valor histórico da São Martinho que está entre as indústrias têxteis pioneiras do Estado; que São Martinho foi constituída a partir de iniciativas envolvendo a acumulação de capital gerado nos setores agrícola e comercial, o que faz parte da constituição da cultura empresarial paulista; que a fábrica, por excelência, representa o lugar do convívio e das tensões resultantes da existência de industriais e operários na sociedade paulista; que a fábrica é, também, o lugar do encontro, da sociabilidade, da possibilidade de realização coletiva do trabalho; que o conjunto fabril, local de trabalho e residências, é bastante integrado na paisagem e na escala urbana de Tatuí, onde é referência afetiva e de localização TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 8 Figura 6 - Publicação do Diário Oficial Seção 1, Dep. Cultura, p.40. 28 de dezembro de 2007 TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 9 Além dos porquês históricos de importância e contribuição à indústria brasileira e paulista e o desenvolvimento da cidade de Tatuí citados acima; apresento-lhes um motivo pessoal para o restauro e requalificação do complexo São Martinho. Quando ainda menina, passava em frente ao complexo, e não entendia o motivo do abandono daquelas construções enormes, o que de fato é, mas para uma criança de menos de 10 anos era mais ainda; não compreendia também o porquê ninguém morava nas casas maiores, nem porque os galpões não tinham uso. As indagações aumentaram com o passar dos anos. No colegial, fui à pinacoteca ver alguma exposição importante, mas o que me fascinou foram as soluções de Paulo Mendes da Rocha para unir o antigo e o novo. Naquele dia eu decidi que faria o mesmo com o complexo São Martinho. Figura 7 - Fachada da Pinacoteca de São Paulo, retirada do site da mesma. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 10 Objetivo Documentação histórica, fotográfica, métrica e do estado de conservação dos materiais do casarão Guedes, e elaboração do projeto de reabilitação e de sua ambiência. Metodologia  Primeiro a abordagem teórica sobre patrimônio arquitetônico, restauração, reabilitação, sustentabilidade.  Segundo, a cidade de Tatuí e mais especificamente o estudo do edifício do casarão da família dos Guedes, da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho; mais especificamente: sua localização, documentação histórica, fotográfica e métrica, o estado de conservação dos materiais com desenhos no AutoCAD.  Terceiro a proposta de reabilitação do casarão da família dos Guedes da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho com a proposta de uma função social. Com este trabalho pretende-se preservar a história, a identidade dos cidadãos de Tatuí e do Estado de São Paulo e contribuir com os estudos sobre reabilitação do patrimônio arquitetônico. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 11 Cronograma – Plano de trabalho MÊS ATIVIDADE Fevereiro/Março  Definição de tema.  Entrega de ficha de orientação com título e resumo do Trabalho Final de Graduação. Abril/Maio/Junho  Elaboração de Projeto de Pesquisa.  Leitura da bibliografia básica. Junho  Entrega de Projeto de Pesquisa Julho  Leitura da bibliografia básica.  Elaboração de estudo preliminar. Agosto  Entrega de material para Banca de Qualificação 30/08  Banca de Qualificação Setembro  Elaboração de anteprojeto. 26/09 a 30/09 Pré -Banca Outubro  Elaboração do projeto de restauro e reabilitação do casarão da família dos Guedes Novembro  Revisão do projeto final.  Protocolo do Trabalho Final. 28/11 a 02/12 Banca Final TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 12 Abordagem Teórica. O conceito de restauração e conservação de ícones é relativamente novo, entretanto na história o homem sempre interveio no período anterior, artístico, literário, arquitetônico... E infelizmente muitas vezes negando o passado, porque antes não possuíamos nada para nos orientar em como agir na mudança. Com o Renascimento, e tantas transformações ocorridas no séc. XIX (Revolução Industrial, Iluminismo, Revolução Francesa) altera-se o modo de pensar sobre o passado. Florescem várias noções ligadas ao restauro estabelecendo teorias de restauração, respeito pela matéria original, ideia de reversibilidade e distingüidade, importância da documentação e de metodologia cientificam interesse de aspectos conservativos e de mínima intervenção, noção de ruptura entre passado e presente. Nasce o pensamento de salvaguarda de patrimônios arquitetônicos em congressos regionais e internacionais na Europa, eram diferentes teorias de salvaguardas, restauração e conservação dos patrimônios; sendo os principais representantes, Viollet-le-Duc, Runkin, Boito e Brandi no século posterior. Muitas são as definições para patrimônio histórico, mas a mais interessante é a da UNESCO afirmando que patrimônio histórico “é o que legamos do passado, vivemos no presente e transmitimos às futuras gerações. O patrimônio cultural e natural da humanidade é algo imprescindível, é o seu ponto de referência e a sua identidade”. A carta de restauro da Itália de 1972 define restauração como “qualquer intervenção destinada a manter em funcionamento, a facilitar a leitura e a transmitir integral” e salvaguarda como “qualquer medida de conservação que não implique a intervenção direta sobre a obra”. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 13 Seguindo uma linha cronológica, os dois primeiros representantes são Viollet-le-Duc (1814 - 1879) e John Ruskin (1818-1900), que possuíam ideias opostas sobre o modo de fazer a restauração. Viollet-le-Duc defendia a restauração da pureza de estilo, como uma ciência exata que muitas vezes gerava uma reconstituição hipotética em um estado nunca presenciado pelo monumento. Era a idealização do edifício com a unidade de estilo, mesmo que para isso se sacrificasse as varias fases que a obra tivesse passado, gerando uma falsa leitura. Um trecho de seu livro “Dictionnaire reisonné de l’architecture française du XIe au XVIe siècle, 1856 ( Dicionário da arquitetura francesa do séc. XI ao séc. XVI) expressa sua posição frente a restauração “Restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelece-lo em um estado completo que pode não ter existido nunca em dado momento". Essa posição gerou muitas discórdias, e não é aceita atualmente, mas não podemos vê-lo como vilão do restauro, devemos avaliar seus trabalhos dentro do contexto da época, um momento de resgate do passado e de exaltação da arquitetura medieval. Ruskin defendia a manutenção e conservação do monumento; respeito pela matéria original e as marcas da passagem do tempo; e manutenções periódicas; admitindo a possibilidade da morte da edificação, pois via na restauração uma forma de destruição do edifício, uma mentira; como demonstrado no trecho de seu livro “The Seven Lamps of Architecture”, 1849, mencionado pelas professoras Schuler e Feiber. "Podemos viver sem a arquitetura de uma época, mas, não podemos recordá-la sem a sua presença. Podemos saber mais da Grécia pelos seus destroços e de sua cultura que pela poesia e a sua história. Deve-se fazer história com a arquitetura de uma época e depois conservá-la. As construções civis e domésticas são as mais importantes no significado histórico. A casa do homem do povo deve ser preservada, pois, relata a evolução nacional, devendo ter o mesmo respeito que o das grandes http://wikisource.org/wiki/Dictionnaire_raisonn%C3%A9_de_l'architecture_fran%C3%A7aise_du_XIe_au_XVIe_si%C3%A8cle TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 14 construções consideradas por muitos importantes. Mais vale um material grosseiro, mas, que narre uma história, do que uma obra rica e sem significado. A maior glória de um edifício não depende da sua pedra ou de seu ouro, mas sim, o fato de estar relacionada com a sensação profunda de expressão. Uma expressão não se reproduz, pois as ideias são inúmeras e diferentes os homens, e segundo os objetos de diferentes estudos, se chegaria a inúmeras conclusões. A restauração é a destruição do edifício, é como tentar ressuscitar os mortos. É melhor manter uma ruína do que restaurá-la." Outro restaurador importante é o italiano Camillo Boito (1836-1914), cujas teorias são consideradas o equilíbrio entre as de Le- Duc e Ruskin. Boito critica a postura de unidade estilística e acréscimos de elementos em restauros do primeiro que muitas vezes levam a falsificação; e a sacramentalista e impiedosa de não intervenção do segundo, pois acredita que o restaurador não pode permitir que o edifício morra. Em 1883, no congresso de engenheiros e arquitetos italianos, Boito anunciou os sete princípios fundamentais do restauro: “ênfase no valor documental dos monumentos, que deveriam ter caráter diverso do original, sem destoar do conjunto, os complementos de partes deterioradas ou faltantes, deveriam, mesmo se seguissem a forma primitiva, ser de materiais diversos, ou ter incisa a data de sua restauração, ou ainda, no caso das restaurações arqueológicas, ter formas simplificadas; as obras de consolidação deveriam limitar-se ao estritamente necessário, evitando-se a perda de elementos característicos ou, mesmo, pitorescos, respeitar as varias fases do monumento, sendo a remoção de elementos somente admitida se tivessem qualidade artística TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 15 manifestamente inferior à do edifício, registrar as obras, durante e depois da intervenção... colocar uma lápide com inscrições para apontar a data e as obras de restauro realizadas”1. Boito considera diferentes a conservação e a restauração, “insistindo que a conservação é, muitas vezes, a única a se fazer, além de ser obrigação de todos”. Tem a restauração como algo distinto, e às vezes, oposto à conservação, mas necessária. Defendendo conservações periódicas para se tentar evitar a restauração, admite que o restauro pode ser necessário para “não se abdicar do dever de preservar a memória”, colocando a restauração como “um mal necessário”.2 No livro os Restauradores, o arquiteto em questão classifica a restauração em três diferentes tipos: arqueológica – os monumentos da antiguidade; pictóricas – os edifícios medievais; e arquitetônicas – para edifícios do Renascimento em diante. E enuncia oito princípios para evidenciar as intervenções no original: 1. Diferença de estilos entre o novo e velho; 2. Diferença de materiais de construção; 3. Supressão de linhas ou de ornatos; 4. Exposição das velhas partes removidas; 5. Incisão, em cada uma das partes renovadas, data da restauração ou um sinal convencionado; 6. Epigrafe descritiva gravada sobre o monumento 1 BOITO, Camilo. Os restauradores. 2 idem TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 16 7. Descrição e fotografia dos diversos períodos da obra 8. Notoriedade O valor documental que procurava preservar as várias fases e apreciar o aspecto de vetustez (respeitável pela idade) do monumento e a distingüibilidade e mínima intervenção de Boito foi consolidada no séc. XX, na déc. de 60, com a Carta de Veneza(1964), quando a restauração começou a ser encarada como uma ação de caráter eminentemente cultural, “ato critico, alicerçado na análise da relação dialética entre fatores estáticos e históricos da obra”. Cesare Brandi (1906- 1988), este arquiteto italiano, aceita a utilização de intervenções arquitetônicas no restauro, que deverá restabelecer a obra, sem cometer falso artístico ou histórico, sem perder os traços de passagem do tempo. Para Brandi3 “restauração é qualquer intervenção destinada a devolver a eficiência a um produto da atividade humana” e "só a forma material da obra de arte" deve ser restaurado. O arquiteto acredita que "o único momento legítimo para o ato da restauração é o momento atual de contemplação consciente da obra de arte. Neste momento, a obra de arte existe e é historicamente presente”, 4 por isso o arquiteto enuncia duas primícias que devem ser relevantes na restauração; a historicidade e a estética. O restaurador deve priorizar um, mas sempre respeitar o outro, um exemplo seria deixar algumas áreas mostrando o estado da obra de arte antes da restauração. 3 BRANDI, Cesare. Teoria da restauração, 2004. 4 idem TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 17 O fruto dos encontros nacionais e internacionais, que abordavam o restauro, foram as cartas patrimoniais: Carta de Atenas, Carta de Veneza, Conferencia de Quito e a Carta Europeia. A Carta de Atenas (1931) expõe preocupações internacionais sobre as posturas ligadas à conservação do patrimônio cultural mundial, como a particularidade de cada monumento; a valorização dos monumentos quanto ao entorno, garantindo a ambiência e as fachadas; os matérias utilizados deveriam utilizar técnicas modernas; prevê estudos sobre a deterioração pelos agentes naturais; entre outras questões5. A Carta de Veneza (1964), contextualizada na Europa do pós-guerra, completa a carta anterior, são esses seus principais princípios: • “A restauração é uma operação que deve ter caráter excepcional. Tem por objetivo conservar e revelar os valores estéticos e históricos do monumento e fundamenta-se no respeito ao material original e aos documentos autênticos.” (Carta de Veneza: Conselho Internacional de Monumentos e Sítios citado pelo IPHAN, 1995, p. 110-111). • “A unidade do estilo não é a finalidade a alcançar no curso de uma restauração. Quando um edifício comporta várias etapas de construção superpostas, a exibição de uma etapa subjacente só se justifica em circunstâncias excepcionais e quando o que se elimina é de pouco interesse e o material que é revelado, é de grande valor histórico, arqueológico ou estético e seu estado de conservação é considerado satisfatório” (IPHAN, 1995, p.111). 5 Notas da aula “Teorias de Restauro”, lecionada pela Profª. Drª. Rosío Fernandéz Baca Salcedo TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 18 • “Os elementos destinados a substituir as partes faltantes devem integrar-se harmoniosamente ao conjunto, distinguindo-se, todavia, das partes originais, a fim de que a restauração não falsifique o documento de arte e de história” (IPHAN, 1995, p.111). • “Qualquer intervenção deve ser previamente estudada e justificada por escrito e deverá ser organizado um diário de seu desenvolvimento, a que se anexará a documentação fotográfica de antes e depois da intervenção. Serão documentadas ainda, todas as eventuais investigações e análises realizadas com o auxílio da física, da química, da microbiologia e de outras ciências”. (IPHAN, 1995, p.198) • “A realização do projeto para a restauração de uma obra arquitetônica deverá ser precedida de um exaustivo estudo sobre o monumento, elaborado de diversos pontos de vista (que estabelecem a análise de sua posição no contexto territorial ou no tecido urbano, dos aspectos tipológicos, das elevações e qualidades formais, dos sistemas e caracteres construtivos, etc.) relativos à obra original, assim como aos eventuais acréscimos ou modificações” (IPHAN, 1995, 204). TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 19 2. Tatuí: complexo São Martinho – Atual. Na introdução, expusemos a história da família Guedes, o desenvolvimento da agricultura algodoeira até a inauguração da Cia. Têxtil São Martinho e os reflexos que ela teve na Urbanização da Tatuí. Foi pesquisado material sobre o complexo industrial na secretaria de cultura de Tatuí, e em outras instancias da prefeitura onde não foi encontrado nada relevante a não ser na biblioteca, que possui livros do historiador Renato Ferreira de Camargo listados na bibliografia; o que levou a uma entrevista com o mesmo, de onde retiramos algumas informações históricas orais de moradores antigos. Tentamos entrevistas com o administrador do Moinho São Jorge, atual proprietário (família Chammas), mas este não tinha permissão de fazer a mesma. Fomos ao CONDEPHAAT pesquisar no processo de tombamento e percebemos que o mesmo ocorreu mediante a importância histórica e espacial, mas não possui material métrico pois os atuais proprietários não permitiram visitas técnicas. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 20 Mediante ao exposto, utilizaremos para os desenhos em AUTOCAD (plantas, cortes e elevações) o material de iniciação cientifica intitulada “Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, Tatuí, SP: pré-inventário arquitetônico de habitações do conjunto fabril” da bolsista Maíra de Camargo Barros (2008), assim como as fotografias realizadas em situ em agosto de 2011. Figura 8 e 9 - Conjunto Fabril em relação à cidade e área do conjunto Fabril. Mapa elaborado por Maíra C. Barros (2008). TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 21 Figura 9 -Testada 1 – Casas operárias. Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). Figura 10 -Testada 2 - Casas operárias. Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). Figura 11 - Testada 3 - Casas operárias. Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). Figura 12 - Testada 4 - Casas operárias. Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). Figura 13- Testadas componentes do conjunto fabril. Maíra C. Barros (2008). Figura 14 - Testada 5 - Casas operárias. Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 22 Figura 15 - Testada 6 – Fachada lateral do Casarão dos Guedes, nosso objeto de estudo. Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). Figura 16 - Testada 7 - Fachada principal do Casarão dos Guedes, implantado no quarteirão. Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). Figura 17- Testada 8 – Lateral do jardim do Casarão dos Guedes. Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 23 Figura 18 - Testada 9 - Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). Figura 19 - Testada 10 - Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). Figura 20 - Testada 11 - Imagem elaborada por Maíra C. Barros (2008). TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 24 2. Casarão da Família Guedes Figura 21 – Casarão dos Guedes, retirado do processo 31877/94 do CONDEPHAAT “O conjunto formado pelos edifícios da fábrica e residências operárias completa-se com o da antiga residência da família Guedes, 3um vistoso prédio de dois pavimentos e porão construído em tijolos com terreno de ambos os lados, com gradil de ferro, com frente para a Praça São Martinho n 89 (...) medindo sessenta e sete metros e 40 centímetros de frente, para a dita praça, igual medida nos fundos por quarenta e dois metros e 60 centímetros com a Rua Cel. Aureliano de Camargo; de outro com a Rua José Bonifácio (...).6” 6 Marly Rodrigues, historiadora do CONDEPHAAT em 2005. Trecho retirado do cartório de registro de imóveis, Tatuí, livro 3B, ano de 1931. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 25 Imagens tiradas em agosto de 2011, em visitas in loco. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 26 3.1. Documentação histórica Segundo Saia (apud RODRIGUES, In CONDEPHAAT: PROCESSO n XXXX, 1994) a casa dos Guedes: apresenta um tratamento de fachada extremamente mais rebuscado que o da fábrica e se destaca pela solução adotada, três pavimentos e uma varanda que envolve todo o segundo piso. A residência expressa uma forma burguesa de morar no inicio do século XX. Inspirada nas vilas alia o conforto de cômodos múltiplos e amplos dos quais, através de muitas janelas e varandas se dá o contato com a área externa. Esta circunda toda a construção e inclui a horta, área de serviço e residência dos empregados, e o jardim, com uma fonte em vasca e um caramanchão, em alvenaria e metal. Figura 22 - Abertura do processo de tombamento 15-7-94 retirado do processo 31877/94 do CONDEPHAAT TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 27 Imagens internas retiradas do processo 31877/94 do CONDEPHAAT (1 e 2.Sala de jantar; 3. Sala de estar; 4. Forro corredor; 5. Corredor; 6.Forro sala de jantar; 7. Detalhe do piso na entrada; 8. Detalhe do piso centro do corredor; 9.Escada principal no segundo pav.;10. Corredor segundo pav.;11 e 12.Banheiro da frente; 13 e 14. Banheiro azul) TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 28 TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 29 3.2. Documentação métrica a. Implantação do edifício TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 30 b. Levantamento de patologias: Plantas c. Levantamento de patologias: Elevações d. Levantamento de patologias: Cortes TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 31 e. Levantamento de patologias: Planta de paginação de pisos Desenho do piso da Varanda Primeiro pavimento o assoalho é de madeira formando desenhos geométricos diferentes, já o segundo é linear. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 32 f. Levantamento de patologias: Elevações. Elevação_sudoeste TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 33 Elevação_noroeste TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 34 Elevação_nordeste TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 35 3.3 Estado de conservação dos materiais Tabela descritiva cômodo-a-cômodo sobre a conservação dos materiais. COMODO PISO PAREDE FORRO COBERTURA ESQUADRIAS INSTALAÇÕES HIDRAULICAS OBSERVAÇÕES 1. (Escada principal) Ruim _ _ _ _ _ A escada principal possui degraus em mármore branco e cinza escuro, que estão mal conservados, mas com o polimento podem ser recuperados. 2. (Corredor porão) Ruim (muito deteriorado e irregular) Médio _ Bom (laje de abobadilhas em cimento) Bom _ Há lugares onde o revestimento está faltando, mas a maior parte é a pintura desgastada. 3. (Porão) Ruim (muito deteriorado e irregular) Médio _ Bom (laje de abobadilhas em cimento) Bom _ Uma parte do porão está enterrada, onde há pouca infiltração. 4. (Varanda) Médio Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) _ _ O piso deve ser restaurado, e protegido. 5. (Corredor) Médio (assoalho de madeira desenhado) Médio Ruim _ _ _ Polimento no assoalho de madeira o deixaria novo 6. (Sala de Estar) Médio (assoalho de madeira desenhado) Médio Médio _ Médio _ Há janelas que possuem folhas internas, mas que estão vedadas superficialmente. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 36 COMODO PISO PAREDE FORRO COBERTURA ESQUADRIAS INSTALAÇÕES HIDRAULICAS OBSERVAÇÕES 7. (Sala de leitura) Médio (assoalho de madeira desenhado) Médio Bom (em madeira, formando desenhos). _ Bom _ Há um arco no que divide a sala em dois ambientes 8. (Escada acesso piso superior) Bom _ _ _ Bom (É um vitrô) _ Toda em madeira 9. (Banheiro) Ruim (ladrilho hidráulico) Ruim Ruim _ Ruim (a janela está vedada com tijolos) Ruim Está em baixo da escada 10. (Sala de Jantar) Médio (assoalho de madeira) Médio Bom (em madeira, formando desenhos). _ Bom _ Há uma lareira em granilite e um alpendre interno. 11. (Sala) Médio (assoalho de madeira desenhado) Médio Ruim _ Ruim (as folhas externas estão deterioradas) _ A entrada está vedada superficialmente. 12. (Apoio a cozinha) Bom (ladrilho hidráulico) Médio Ruim _ Ruim Bom (há uma pia) A entrada está vedada superficialmente. 13. (Corredor de serviço) Médio (ladrilho hidráulico) Médio Médio _ Ruim (As janelas externas estão deterioradas) _ Há uma janela vedada em alvenaria. 14. (Cozinha) Ruim (piso cerâmico) Médio Ruim (forro vazado de madeira) Ruim (telhas cerâmicas) Bom Ruim É claramente um ambiente alterado. 15. (Dispensa) Ruim (ladrilho hidráulico) Médio Médio _ Ruim _ Possivelmente havia uma janela. 16. (Escada de serviço) Médio (em madeira) _ _ _ _ _ Possui largura reduzida. 17. (Sala) Médio (assoalho de madeira) Médio Médio _ Médio _ As janelas externas estão deterioradas TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 37 COMODO PISO PAREDE FORRO COBERTURA ESQUADRIAS INSTALAÇÕES HIDRAULICAS OBSERVAÇÕES 18. (Anexos) Péssimo (piso cerâmico) Ruim Péssimo Péssimo Péssimo Péssimo Edificação construída posteriormente. 19. (Corredor) Médio (assoalho de madeira) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Ruim _ _ 20. (Banheiro) Péssimo (ladrilho hidráulico) Médio _ Ruim (laje) Ruim Ruim Edificação construída posteriormente. 21. (Dormitório I) Médio (assoalho de madeira) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Péssimo _ As janelas foram retiradas, vedadas com tapumes. 22. (Banheiro Azul) Médio (ladrilho hidráulico) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Péssimo Ruim As janelas foram retiradas, vedadas com tapumes. 23. (Banheiro Vermelho) Médio (ladrilho hidráulico) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Péssimo Ruim As janelas foram retiradas, vedadas com tapumes. 24. (Dormitório II) Médio (assoalho de madeira) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Ruim _ _ 25. (Dormitório III) Médio (assoalho de madeira) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Péssimo As janelas foram retiradas, vedadas com tapumes. 26. (Dormitório IV) Médio (assoalho de madeira) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Ruim _ _ 27. (Dormitório V) Médio (assoalho de madeira) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Péssimo _ As janelas foram retiradas, vedadas com tapumes. 28. (Dormitório VI) Médio (assoalho de madeira) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Ruim _ Há três janelas, e armários embutidos. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 38 COMODO PISO PAREDE FORRO COBERTURA ESQUADRIAS INSTALAÇÕES HIDRAULICAS OBSERVAÇÕES 29. (Dormitório VII) Médio (assoalho de madeira) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Péssimo _ (As janelas foram retiradas, vedadas com tapumes; é o ambiente com forro em pior condição). 30. (Vestíbulo) Médio (assoalho de madeira) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Ruim _ _ 31. (Banheiro) Médio (ladrilho hidráulico) Médio Ruim Ruim (telhas cerâmicas) Ruim Ruim Há três janelas. 32. (Dormitório VIII) Médio (assoalho de madeira) Médio Péssimo Ruim (telhas cerâmicas) Péssimo _ As janelas foram retiradas, vedadas com alvenaria. Avaliação dos matérias. a. Fundações A fundação é em pedra. Recomenda-se uma avaliação profissional, mas tem sido eficiente, pois não há trincas ou quaisquer evidencias do contrário. b. Paredes São de tijolo em barro cozido; e variam de 15 a 25 cm. Não estão comprometidas, na maioria dos casos deve-se apenas restaurar os ornamentos e pinta-las. c. Cobertura Composta por tesouras de madeira e telha cerâmica. Há algumas estruturas de madeira deteriorada, e algumas telhas quebradas. d. Pisos e revestimentos O piso da escada é mármore italiano branco e cinza escuro; na varanda e no corredor de serviço são ladrilhos hidráulicos de dois desenhos; a cozinha é um azulejo vermelho; e os banheiros e outros ambientes utilizam ladrilhos hidráulicos diferentes em cada ambiente. e. Pintura e ornamentos TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 39 Não há evidências de pinturas artísticas, mas a fachada inteira é revestida com ornamentos ecléticos do início do séc. passado. Algumas estão se desfazendo, precisando assim umas restauração, mas na maioria se reconstituirá com pintura. f. Esquadrias As portas e janelas são na maioria no primeiro pavimento de duas folhas, e no segundo as portas são de apenas uma. As janelas de madeira sofreram a ação do tempo e de intemperismos e estão muito deterioradas, principalmente as folhas externas, muitas nem existem mais, foram retiradas e substituídas por tapumes de madeira. Assim, as esquadrias que estiverem em estado de conservação deverão ser restauradas, e as que estiverem em péssimo estado deverão ser substituídas por peças similares desde que demonstrem a intervenção recente. g. Forro O forro do primeiro pavimento é de madeira com detalhes e desenhos no mesmo material, está em sua maioria bem conservado, sendo necessário apenas o restauro da pintura. Já o forro do segundo pavimento, que é também de madeira, porem liso, está bastante deteriorado por causa de goteiras; assim deverão ser avaliados quais serão restaurados, e quais substituídos. h. Instalações elétricas e hidráulicas Algumas atualizações foram feitas, mas de maneira precária, de forma que deverá ser feito um novo projeto elétrico e hidráulico. i. Escada de entrada É simétrica e segue a sequencia de 8 degraus e 1 patamar, seu piso é mármore italiano branco nos degraus e um tabuleiro de xadrez no mármore branco e cinza escuro. Seu guarda corpo é em ferro fundido com três desenhos diferentes, e o corrimão é em madeira, mas está totalmente deteriorado devendo assim ser substituído. j. Coreto Encontra-se no jardim, feito de madeira e ferro fundido, com telhado circular em 8 aguas. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 40 4. Projeto de restauro e reabilitação do casarão da família Guedes 4.1 Programas de necessidades para o centro cultural. - Biblioteca Acervo, sala de pesquisas, e sala de estudo. - Recepção - Salão de eventos (amostras, exposições, vernissages...) - Sala para acesso à internet - Brinquedoteca - Café (Espaço para as mesas, cozinha, despensa) - Banheiros - Sala administrativa - Sala de iniciação musical - Sala de apoio - Sala de coral - Sala de aulas de teorias musicais - Sala de expressões corporais - Sala de teclados - Sala de sopros - Sala de cordas TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 41 Pranchas elaboradas para a reabilitação. a. Implantação do edifício TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 42 b. Levantamento: Plantas TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 43 c. Levantamento: Elevações Elevação_Sudoeste TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 44 Elevação_Noroeste TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 45 Elevação_Nordeste TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 46 d. Levantamento: Maquete Eletrônica TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 47 Memorial descritivo do projeto de reabilitação. Para definir uma função para a reabilitação do casarão foi considerado a metragem quadrada, o numero de cômodos, a importância do espaço na malha urbana, e principalmente a necessidade do município em ter um local definido para a biblioteca e um centro cultural. Conseguimos adequar o programa ao numero de cômodos sem muitas demolições, mas o difícil foi adequá-lo a exigência da acessibilidade universal. Para resolvê-la utilizaremos uma antiga entrada no muro que se encontra vedada com alvenaria, dela sairá uma rampa que acessará a biblioteca (no porão) e a uma recepção onde se encontrava um anexo sem importância. Pela recepção o individuo poderá acessar o primeiro pavimento; que antes só era acessado por três lances de escada, e o segundo pavimento por um dos elevadores de cargas utilizados no projeto de reabilitação. Esse espaço novo deverá utilizar materiais claramente distintos dos do casarão, propomos fachada em vidro preto espelhado além do elevador e recepção, instalamos um deposito no primeiro pavimento e banheiro, copa e área de funcionário no segundo. Para viabilizar o uso do porão e instalação da biblioteca, foi aberta uma porta que pode ser acessada pela rampa acima descrita e pelo primeiro lance da escada principal. Também propomos que seja abaixado em 30 cm o piso do porão. Achamos importante a instalação de um café que gerara renda ao centro. Para que ele pudesse funcionar independente dos horários do centro cultural, instalamos os banheiros em seu centro, para tal, derrubaremos parte de uma parede, e levantaremos outra ao lado da original para instalação hidráulica. E no segundo pavimento locamos uma área de educação musical, remetendo à importância do conservatório para a cidade. TFG_2011 MALENA RODRIGUES ALVES REABILITAÇÃO DO CASARÃO DA FAMÍLIA GUEDES Orientadora: Profa Dra Rosio Fernandéz Baca Salcedo 48 Bibliografia Carta de Veneza, 1964. Diário Oficial do Estado de São Paulo, 30 de outubro de 2007, Seção 1, pag. 40. Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, Tatuí, SP: pré-inventário arquitetônico de habitações do conjunto fabril. (Bolsista: Maíra de Camargo Barros - Orientadora: Profª Drª Regina Andrade Tirello; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS- FACULDADE DE ENG. CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO. Agência Financiadora: PIBIC- Unicamp- SAE, 2009) BASTOS, H. O pensamento industrial do Brasil. São Paulo: Martins, 1952. BOITO, Camilo. Os restaurardores. Tradução: Paulo Mugayar Kuhl e Beatriz, Mugayar Kuhl. Cotia-SP: Ateliê Editorial, 2002. BRANDI, C. Teoria da restauração. Tradução de Beatriz Mugayar Kulh. Cotia-SP: Ateliê, 2004. CAMARGO, R. F. Tatuí antiga Tatuhy, coletânea fotográfica antiga Tatuhy. Tatuí, Prefeitura Municipal de Tatuí, 2003. CAMARGO, R. 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