i FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL ANÁLISE QUALI-QUANTITATIVA DOS ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS E VEGETAIS E DE USO DA PRAÇA RUI BARBOSA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP Camila Junqueira Fernandes Engenheira Agrônoma 2016 ii FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL ANÁLISE QUALI-QUANTITATIVA DOS ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS E VEGETAIS E DE USO DA PRAÇA RUI BARBOSA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP Camila Junqueira Fernandes Orientadora: Profa. Dra. Kathia Fernandes Lopes Pivetta Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Produção Vegetal) 2016 iii Fernandes, Camila Junqueira F363a Análise quali-quantitativa dos elementos arquitetônicos e vegetais e de uso da Praça Rui Barbosa de São José do Rio Preto,SP / Camila Junqueira Fernandes. – – Jaboticabal, 2016 ix, 65 p. ; 29 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2016 Orientadora: Kathia Fernandes Lopes Pivetta Banca examinadora: Claudia Fabrino Machado Mattiuz, Eloiza Santana Seixas Vitória Bibliografia 1. Arborização urbana. 2. Praças públicas. 3. Planejamento urbano. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. CDU 634.0.2:712 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal. iv DADOS CURRICULARES DO AUTOR CAMILA JUNQUEIRA FERNANDES – nascida em Santa Bárbara D´Oeste, SP, em 9 de outubro de 1986. Filha de Vanderli Oliveira Fernandes e Elza Aparecida Melegari Junqueira Fernandes. Graduada em Engenharia Agronômica em 2009, pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Campus de Jaboticabal. Em março de 2014 ingressou no curso de Mestrado em Agronomia (Produção Vegetal), pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Campus de Jaboticabal. v DEDICATÓRIA Aos meus pais Vanderli Oliveira Fernandes e Elza Aparecida Melegari Junqueira Fernandes, que foram pessoas dedicadas e amorosas na formação da minha personalidade e educação. Ao meu irmão Gustavo Junqueira Fernandes, pela presença em minha vida e ensinamentos. Ao meu namorado Filipe Salicio Scaglia, pelo apoio, incentivo e paciência. E a minha orientadora Kathia Fernandes Lopes Pivetta, pelos anos de investimento e credibilidade e por acreditar em meu potencial. vi AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, pela minha vida, pela sabedoria e pelas oportunidades e momentos inesquecíveis. À minha orientadora Profa. Dra. Kathia Fernandes Lopes Pivetta, pelo apoio, direção e suporte durante todo esse período. Aos meus amigos da Pós-graduação Renata Gimenes, Gilberto Rostirolla Batista de Souza, Carla Rafaela Costa Xavier, Susana Targanski Sajovic Pereira que estiveram ao meu lado dividindo experiências e momentos de trabalho e de alegria. E finalmente, agradeço a todos que colaboraram, direta ou indiretamente, para a realização deste trabalho. vii SUMÁRIO RESUMO .................................................................................................................. viii ABSTRACT ................................................................................................................ ix CAPITULO 1 – Considerações gerais ......................................................................... 1 1.1 INTRODUÇÃO EJUSTIFICATIVA .................................................................. 1 1.2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 2 1.2.1 Áreas verdes ................................................................................................ 2 1.2.2 Praças públicas: conceituação, importância e implicação ........................... 3 1.2.3 Importância da arborização urbana ............................................................. 6 1.2.4 Estudos florísticos, fitossociológicos e qualitativos ...................................... 7 1.3 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 9 CAPITULO 2 - Caracterização da flora arbórea na principal praça de São José do Rio Preto, SP. .................................................................................................................. 17 2.1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................................................... 17 2.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 18 2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 20 2.4 CONCLUSÕES ................................................................................................ 27 2.5 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 28 CAPITULO 3 - Análise quali-quantitativa dos elementos arquitetônicos e vegetais e de uso da praça Rui Barbosa de São José do Rio Preto, SP ................................... 33 3.1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................................................... 33 3.2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 34 3.2.1 Caracterização da área de estudo ............................................................. 34 3.2.2 Levantamento quali-quantitativo dos elementos arquitetônicos ................. 34 3.2.3. Levantamento quali-quantitativo dos elementos vegetais ......................... 37 3.2.4. Pesquisa de opinião .................................................................................. 37 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 38 3.3.1 Levantamento quali-quantitativo dos elementos arquitetônicos ................. 38 3.3.2 Análise quali-quantitativa dos elementos vegetais..................................... 48 3.3.3. Pesquisa de opinião .................................................................................. 55 3.4 CONCLUSÕES ................................................................................................ 61 3.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 61 viii ANÁLISE QUALI-QUANTITATIVA DOS ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS E VEGETAIS E DE USO DA PRAÇA RUI BARBOSA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP RESUMO - O estudo da flora existente nas cidades é de suma importância do ponto de vista ecológico e sustentável, assim como ser premissa para ações que proporcionem maior segurança, conforto e bem-estar para população. Visando o conhecimento da vegetação arbórea, para fins de orientação do manejo e conservação dessa área, foi realizada uma análise da composição, diversidade e qualidade da flora arbórea (considerando árvores e palmeiras) existente na praça Rui Barbosa, município de São José do Rio Preto, SP e, também, análise quali- quantitativa dos elementos arquitetônicos e vegetais, bem como, pesquisa de opinião visando otimizar o uso e o conforto nesta praça. Esta praça é considerada a principal pela localização, história e uso, e encontra-se na região central, ao lado da Catedral. É uma área onde normalmente ocorrem várias manifestações culturais, sociais, políticas e também serviços de saúde pública. Os indivíduos arbóreos presentes na praça foram contados, identificados e avaliados a altura e circunferência do tronco à altura do peito; foram determinados descritores fitossociológicos, índice de Shannon-Weaver e observados aspectos qualitativos. A composição florística arbórea da praça Rui Barbosa, no município de São José do Rio Preto, SP, constitui-se de 15 famílias botânicas, composta por 25 gêneros e 28 espécies, num total de 103 indivíduos, entre árvores e palmeiras. A espécie de maior representatividade foi Dypsis lutescens (areca-bambu), com frequência de 20,39%, seguida de Caesalpinia pluviosa (sibipiruna), com frequência 18,45%, enquanto que as demais não ultrapassaram 10%. O índice de Shannon-Weaver, indicador de diversidade, foi de 2,77, mostrando que a praça apresenta grande diversidade florística. A maioria (72,8%) dos indivíduos encontram-se em estado regular ou péssimo; 66,02% apresentaram algum sintoma de fungo; 12,62% apresentam problemas decorrentes do ataque de cupins; musgos, liquens e epífitas estão presentes em 73,78 % dos indivíduos da praça. Baseado na análise quali- quantitativa dos elementos arquitetônicos, conclui-se que a praça Rui Barbosa, município de São José do Rio Preto, SP, se encontra em bom estado, passou por reformas recentemente e consegue atender a necessidade de grande parte de seus frequentadores. Quando considera-se toda a vegetação, incluindo as plantas arbustivas e herbáceas, a composição florística da praça passa a ser constituída de 24 famílias botânicas, composta por 38 gêneros e 41 espécies, num total de 174 indivíduos; a espécie de maior ocorrência foi Dypsis lutescens (areca-bambu), com frequência de 12,07%, seguida de Viburnum sp (viburno), com frequência de 11,49% e Caesalpinia peltophoroides (sibipiruna), com frequência de 10,92%,enquanto que as demais não ultrapassaram 10%. Os canteiros da praça precisam de uma revitalização e uma composição com novas plantas e cuidados. Com a pesquisa de opinião conclui-se que o local tem a função de promover bem-estar a diferentes grupos de pessoas, preferencialmente do sexo masculino, de 41 a 60 anos, que a usam para descanso e encontro com amigos. Palavras-chave: Arborização urbana; praças públicas; planejamento urbano ix ANALYSIS QUALI-QUANTITATIVE OF ARCHITECTURAL ELEMENTS AND VEGETABLES AND USE OF SQUARE RUI BARBOSA FROM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP ABSTRACT - The study of existing flora in cities is very important ecological and sustainable point of view, as well as being the premise for actions that provide greater safety, comfort and well-being for the population. Seeking knowledge of trees for the purpose of orientation of the management and conservation of this area, an analysis of the composition was performed, diversity and quality of the arboreal flora (considering trees and palms) on the Rui Barbosa Square, the city of São José do Rio Preto, SP and also qualitative and quantitative analysis of the architectural and vegetal elements, as well as opinion research to optimize the use and comfort in this square. This square is considered the main by the location, history and use, and is in the central region, next to the Cathedral. It is an area where typically occur several cultural events, social, political and also public health services. The arboreal individuals present in the square were counted, identified and assessed the height and circumference of the trunk at breast height; they were determined Phytosociological descriptors, Shannon-Weaver index and observed qualitative aspects. The floristic composition of Rui Barbosa Square, in the city of São José do Rio Preto, SP, consists of 15 botanical families, consisting of 25 genera and 28 species, a total of 103 individuals, among trees and palms. The species most representative was Dypsis lutescens (Areca-bambu), with a frequency of 20.39%, followed by Caesalpinia rainiest (Sibipiruna) often 18.45%, while the other did not exceed 10%. The index of Shannon-Weaver diversity index, was 2.77, showing that the square has great floristic diversity. Most (72.8%) individuals are in good or bad shape; 66.02% had some fungus symptom; 12.62% have problems arising from termite attack; mosses, lichens and epiphytes are present in 73.78% of the subjects of the square. With the qualitative and quantitative analysis of the architectural elements, it is concluded that the site is in good condition, it has undergone renovations recently and can meet the needs of most of its regulars, has the function of promoting well-being to different groups people, preferably male, 41-60 years old, who use it to rest and meeting with friends. Key-words: Urban trees; public squares; urban planning 1 CAPITULO 1 – Considerações gerais 1.1 INTRODUÇÃO EJUSTIFICATIVA As praças são espaços livres, públicos, urbanos, de manifestação social, cultural e política, destinados ao lazer e ao convívio da população. É um elemento urbano muito antigo, pois já nas cidades gregas do século VI a.C. ocorriam manifestações políticas chamadas “ágoras” (praça da cidade grega na Antiguidade clássica, onde se manifestava a cidadania). A história das praças está diretamente ligada à evolução histórica do paisagismo e dos costumes da época; atualmente, esses espaços são marcados pela globalização, com liberdade de formas, privilegiando o lazer e o bem-estar, dando importância também ao caráter ecológico- ambiental (PIVETTA; PAIVA; NERI, 2008). Com a crescente urbanização das cidades, a preservação, a recuperação e a criação de espaços verdes urbanos são as grandes preocupações de estudiosos e planejadores urbanos, já que tais espaços são fundamentais para a qualidade ambiental e de vida da população (MILANO; DALCIN, 2000; SILVEIRA; BARROS, 2001) e as praças são espaços que permitem a criação destas áreas verdes. Um levantamento florístico e fitossociológico é um ponto inicial para qualquer plano de manejo para determinada área. Estes estudos contribuem significativamente, para o conhecimento das formações arbóreas, uma vez que evidenciam a riqueza e heterogeneidade dos ambientes amostrados (XAVIER, 2009). Uma das características de um estudo fitossociológico é a quantificação dos indivíduos vegetais em uma dada comunidade, a abundância de uma determinada espécie e suas relações com outras são expressas em termos quantificados, de modo que permitem tratamento numérico e comparações estatísticas. Essa característica confere a fitossociologia um caráter de integração com vários campos de conhecimento, pois é possível tratar numericamente os dados fitossociológicos em relação a dados de outras variáveis, como solo, clima, relevo, posição geográfica, entre outros (MARTINS, 2004), Considerando a importância das praças na vida dos habitantes das cidades, é fundamental que se tenha conhecimento sobre os elementos arquitetônicos e 2 vegetais e sobre o uso a fim de estabelecer diretrizes de manejo e melhor aproveitamento deste espaço. Desta forma, este trabalho teve como objetivo realizar a análise quali- quantitativa dos elementos arquitetônicos e vegetais e de uso da praça Rui Barbosa, a principal do município de São José do Rio Preto, SP. 1.2 REVISÃO DE LITERATURA 1.2.1 Áreas verdes O conceito de áreas verdes é polêmico, uma vez que existem diferentes definições e interpretações. As similaridades e as diferenciações entre termos como áreas livres, espaços abertos, áreas verdes, sistema de lazer, praças, parques urbanos, unidades de conservação em área urbana, arborização urbana e tantos outros é um problema existente nos níveis de pesquisa, ensino, planejamento e gestão dessas áreas e, também, nos veículos de comunicação (LIMA et al., 1994). Segundo Demattê (1999), o termo área verde aplica-se a diversos tipos de espaços urbanos que tem em comum o fato de serem abertos, acessíveis e relacionados à saúde e recreação. Para Paiva e Gonçalves (2002), os espaços livres ou abertos podem ser planejados para se tornarem uma área verde quando a vegetação se apresenta em significativas extensões. Os espaços livres urbanos são áreas não edificadas de uma cidade, independente da sua utilização, se pública ou particular. São denominadas áreas verdes públicas os espaços livres públicos que visam conservação ambiental e implantação da vegetação, que podem conter ou não equipamentos de lazer (GUZZO CARNEIRO; OLIVEIRA JÚNIOR, 2006). Dessa forma, as áreas verdes englobam locais onde há o predomínio de vegetação arbórea, como as praças, os jardins públicos e os parques urbanos. A praça, como área verde, tem a função principal de lazer. Uma praça, inclusive, pode não ser considerada como uma área verde quando não tem vegetação e encontra- se impermeabilizada (LIMA et al., 1994). A grande urbanização das cidades brasileiras afeta a qualidade de vida da população. Cada vez mais surge uma preocupação com as áreas verdes dentro do 3 espaço urbano, pois o contato com a vegetação, com espaços livres de edificação traz muitas vantagens para a população (LOBODA, 2003). As áreas verdes urbanas proporcionam melhorias no ambiente excessivamente impactado das cidades e benefícios para os habitantes das mesmas. A função ecológica deve-se ao fato da presença da vegetação, do solo não impermeabilizado e de uma fauna mais diversificada nessas áreas, promovendo melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar, água e solo. A função social está relacionada com a possibilidade de lazer que essas áreas oferecem à população (GUZZO, 2015a). As praças são representações de áreas verdes tendo como finalidade principal o lazer. Uma praça pode não ser considerada como área verde quando não possuir vegetação em seu perímetro. Quando impermeabilizadas são denominadas como espaços duros ou praças secas e quando apresenta vegetação são comumente denominadas de jardim (GUZZO, 2015b). 1.2.2 Praças públicas: conceituação, importância e implicação A praça surgiu, como ambiente de uso coletivo e de expressiva qualidade arquitetônica, local para cerimônias, atividades grupais, um lugar simbólico da centralidade da sociedade, o que faz sugestionar a ágora e o fórum da antiguidade clássica (BARBINI; RAMALHETE, 2012). A praça pode ser definida como o resultado de uma transformação evolutiva do jardim, que sofreu adequações e mudanças para se constituir como parte integrante do ambiente urbano. Sua origem e evolução, de alguma forma, estão ligadas à ideia do mito do Éden, do paraíso, em que o homem mantinha uma harmonia mística com a natureza, representada sob a forma de um jardim. O jardim é concebido, portanto, no imaginário humano, e descrito, nos referenciais bíblicos, como a imagem real do desejo de uma relação harmoniosa do homem com a natureza. É visto também como o ideal místico de uma natureza bela, onde há o reencontro antecipado do paraíso sob a promessa do reino dos céus (MINAKI, 2007). O termo praça implica inúmeras definições, tanto por parte do poder público, quanto de pesquisadores e técnicos, tendo em vista a amplitude e variedade de 4 ideias dos diversos estudiosos (GOMES, 2005). De acordo com Lima et al.(1994) e Demattê (1999) são espaços livres urbanos utilizados como local público. São pontos de encontro cuja principal função é incentivar a vida comunitária e o lazer. Para Souza (2005), as praças são unidades urbanísticas fundamentais para a vida urbana e o seu modo de tratamento e uso indicam o nível de civilidade de seus usuários e o exercício dos direitos e deveres de cidadania nela vivenciados. É pelo uso que as pessoas fazem de uma praça um espaço importante para o seu dia-a-dia e convívio social. De acordo com Silva, Ramos e Brito (2007), as praças contribuem para o bem-estar da população, pois têm funções importantes, como: paisagística, estética, de valoração da qualidade de vida local, de valorização econômica das propriedades ao entorno e arborização. A função da praça alterou-se ao longo do tempo. Na antiguidade, sua função era mais rica de significado, não se limitando a um lugar de cruzamento de vias públicas, estacionamento para automóveis ou de ponto para comércio de mercadorias. Esse estreitamento de sua função deu-se a partir do momento em que as estruturas logísticas dos mercados, a troca de informação e a própria informatização, aliadas ao processo de globalização, além do poder com seus meios e seus símbolos, distanciaram-se da dimensão comunitária da coletividade, e se aproximaram do privado na sua dimensão familiar, se não, ao seu isolamento individual. Além do significado social, a praça também tem o significado de espaço da memória histórica que foi palco para discursos políticos e culturais sobre a cidade como um local de identidade, de tradição, de saber, de autenticidade, de continuidade e estabilidade (DE ANGELIS et al., 2005). As praças contemporâneas são reflexos da diversidade cultural da sociedade atual. Tais praças assumiram elementos, desenhos, cores, materiais e formas variadas. Além do uso contemplativo, da convivência social e do lazer ativo, destaca-se a atividade comercial, numa tentativa de atrair para as praças um público maior (ROBBA; MACEDO, 2003). Com o surgimento de outras formas alternativas de lazer e novos locais para o estabelecimento do comércio, associado ao descaso persistente do poder público frente à manutenção das praças, essas passaram a constituir-se apenas um fragmento a mais dentro da malha urbana (DE ANGELIS; DE ANGELIS NETO, 2000). 5 Com as mudanças, as praças foram deixando de ser um espaço prioritário de recreação. A maioria das pessoas tem outras necessidades e sentem o mundo ao seu redor de modo diferente. Isso não significa que os espaços verdes urbanos precisem cair no esquecimento, pois são ecologicamente importantes, possuem valores estéticos além de auxiliarem na redução da amplitude térmica, e novos usos podem ser estendidos a eles, com equipamentos adequados. Instigando-se novas formas de percepção do ambiente urbano, seria possível ampliar as relações positivas da população com a paisagem. O apreço pelos espaços verdes poderia ser resgatado, mesmo que as pessoas não mais se utilizassem deles da forma como faziam antes (PEGOLO; DEMATTÊ, 2002). A praça brasileira como figura urbana é praticamente desconhecida em sua essência tanto por seus usuários como criadores, sejam eles arquitetos, engenheiros, técnicos diversos, curiosos e outros mais. Duas figuras se destacam no imaginário popular: de um lado, a visão do jardim e, do outro, a da praça de esportes, ambas bastante limitadas e pouco abrangentes (ROBBA; MACEDO, 2003). Dentre as características ideais, as praças públicas precisam ser compostas, principalmente, por vegetação, formando uma paisagem multifuncional, que deve ter o mínimo de calçamento. Devem possuir a finalidade de servir a população, promovendo o lazer com o oferecimento de equipamentos, como playground e áreas para esporte, bem como bancos, de forma a suprir a todas as faixas etárias da população de cada setor da cidade. Já a arborização de vias públicas, para desempenhar a função integradora dos espaços livres com o construído, deve dar preferência às espécies nativas, de porte apropriado para cada local, a fim de produzir sombreamento. Além disso, ambas devem estar protegidas por leis municipais que obriguem o poder público a adotar medidas de uma política de continuidade administrativa, de modo a garantir a conservação do meio ambiente a médio e longo prazo. É de suma importância que a revitalização dessas áreas seja realizada com o apoio da comunidade, adquirido pelas campanhas de educação ambiental (MINAKI, 2007). 6 1.2.3 Importância da arborização urbana A arborização urbana contribui diretamente na qualidade de vida nas cidades, beneficiando o equilíbrio físico-ambiental dos espaços. No Brasil, a arborização urbana foi implantada sistematicamente nos municípios a partir da segunda metade do século XX, principalmente em função do grande aumento da população das cidades neste período, o que gerou a necessidade da criação de espaços urbanos arborizados que proporcionassem lazer e bem-estar psicológico à população (CRUZ, 2004). Para Guzzo (1999), a vegetação nas cidades é um importante indicador de qualidade ambiental. Muitas são suas contribuições no sentido de mitigar as alterações provocadas pelo processo de urbanização e industrialização. Lombardo (1990) relata a importância da cobertura vegetal em relação à dinâmica do ambiente urbano:  Composição atmosférica: ação purificadora por fixação de poeiras, materiais residuais, depuração bacteriana e de outros microrganismos, reciclagem de gases por meio de mecanismos fotossintéticos e por fixação de gases tóxicos.  Equilíbrio solo-clima-vegetação: quanto à luminosidade e temperatura, a vegetação filtra a radiação solar e suaviza as temperaturas extremas, contribui para conservar a umidade do solo atenuando sua temperatura; reduz a velocidade do vento, mantém as propriedades do solo – permeabilidade e fertilidade, abriga a fauna existente e influencia no balanço hídrico.  Níveis de ruído: amortecimento dos ruídos ocorrentes nas grandes cidades.  Estético: quebra da monotonia da paisagem das cidades causadas pelos grandes complexos de edificações, valorização visual e ornamental do espaço urbano, caracterização e sinalização de espaços constituindo-se em um elemento de interação entre as atividades humanas e o meio ambiente. A capacidade única das árvores em controlar muitos dos efeitos adversos das cidades, contribuindo para significativa melhoria na qualidade de vida, determina a existência de uma crescente necessidade de áreas verdes urbanas a serem 7 manejadas como recurso de múltiplo uso em prol de toda a comunidade (JOHNSTON, 1985). A arborização urbana e os elementos existentes nos centros urbanos (postes de iluminação pública, fiações, telefones públicos, placas de sinalização entre outros), convivem em desarmonia devido à ausência de planejamento tanto da arborização, quanto dos outros componentes desse espaço (YAMAMOTO et al., 2004). Planejar a arborização de uma praça pública é indispensável para o desenvolvimento urbano, para não trazer prejuízos ao meio ambiente. A crescente urbanização da humanidade constitui preocupação de todos os profissionais e segmentos ligados à questão do meio ambiente, pois as cidades avançam e apresentam crescimento rápido, e sem planejamento adequado, contribui para a deterioração do espaço urbano (LIMA NETO et al., 2007; LOMBARDO, 1985). 1.2.4 Estudos florísticos, fitossociológicos e qualitativos A identificação das espécies de uma comunidade e a análise da sua estrutura são fundamentais para o manejo adequado daquela formação (LEITÃO FILHO, 1982). As avaliações e as análises quali-quantitativas combinadas possibilitam considerações úteis sobre a arborização (MILANO, 1991), porque somente o índice quantitativo não expressa a realidade da arborização de uma cidade (BIONDI; ALTHAUS, 2005). Portanto, é necessário que se conheça tanto a quantidade quanto a distribuição espacial dos elementos vegetais de um ambiente urbano, sua situação e qualidade (MILANO, 1991). A avaliação quali-quantitativa permite conhecer a adaptabilidade, a potencialidade e os eventuais problemas das espécies em uso, bem como, das condições de plantio (MILANO, 1987). Com isso, os estudos fitossociológicos são obtidos por meio de estimativas ou de métodos quantitativos, cujos dados numéricos significativos são alcançados pela contagem das plantas em áreas determinadas, segundo critérios previamente estabelecidos, que permitam comparações com outros estudos. Esses estudos referem-se aos dados analíticos (cobertura, sociabilidade, periodicidade ou estacionalidade) e aos dados sintéticos (frequência, densidade, área basal e índice 8 de valor de importância – parâmetros fitossociológicos) (FERNANDES; BEZERRA, 1990). Os levantamentos fitossociológicos devem atentar para apresentar quantitativa e qualitativamente as composições e estruturas das diferentes associações, que compõem uma determinada comunidade ou formação. Apontar as espécies dominantes e características das mesmas e especificar como se comportam, quanto à sua vitalidade e dinamismo, nas diferentes associações e habitats. Selecionar as espécies companheiras ou indiferentes das diversas associações e indicar o seu valor sociológico, crescimento, vitalidade bem como desenvolvimento. Anotar as frequências ou o modo como se agrupam as diferentes classes de árvores dentro de cada associação e quais as causas de comportamento análogos ou diferentes. Determinar se a associação estudada é de origem primária ou um produto de sucessões secundárias. Esta última especificação, muitas vezes, só poderá ser feita após múltiplos levantamentos, seguidos de acuradas análises (KLEIN, 1964). Para Silva Filho et al. (2002), o planejamento urbano deixa de incluir a arborização como equipamento a ser devidamente planejado, o que permite, muitas vezes, que iniciativas particulares pontuais e desprovidas desconhecimento ocupem o espaço com plantios irregulares de espécies sem compatibilidade com o local. Como consequência, perde-se a eficácia da arborização em transmitir conforto físico e psíquico, acarretando infortúnios e transtornos. Esse tipo de procedimento é muito comum nas cidades brasileiras, o que tem causado, muitas vezes, sérios prejuízos. Para se conhecer a arborização urbana, é necessária sua avaliação, o que depende da realização de inventário. O inventário da arborização tem como objetivo geral conhecer o patrimônio arbustivo e arbóreo de uma localidade. Tal levantamento é fundamental para o planejamento e manejo da arborização, fornecendo informações sobre a necessidade de poda, tratamentos fitossanitários ou remoção e plantios, bem como para definir prioridades de intervenções (MELO; LIRA FILHO; RODOLFO JUNIOR, 2007). Segundo Smiley e Baker (1988), um inventário arbóreo pode ser aplicado para amostragem de um problema específico (árvores de risco, alguma doença específica, avaliação de plantios, etc.) ou para avaliação da 9 cobertura de copas (quantificação, distribuição espacial e dinâmica – extensão e mudanças). Os chamados índices de riqueza ou variedade são indicadores de diversidade úteis na análise, podendo ser usados nas decisões de manejo e planos-diretores de arborização. São utilizados os índices de Shannon-Weaver (leva em consideração que as espécies têm abundâncias diferentes) (RACHID,1999; MENEGUETTI, 2003; BORTOLETO, 2004) e Odum (usa o número total de espécies e o somatório das abundâncias de indivíduos em uma comunidade) (SILVA FILHO et al., 2002; BORTOLETO, 2004; COELHO, 2000). Devido à importância da vegetação no meio urbano, várias pesquisas vêm sendo realizadas, abordando aspectos como o levantamento e mapeamento de espécies, por exemplo, as pesquisas realizadas por Robayo (1993), Takahashi (1994); Teixeira, Santos e Hurtado (1994), Motta (1998) Costa e Higuchi (1999), Santana e Santos (1999), Silva (2000), Dantas e Souza (2004) Silva et al. (2006), Romani et al. (2012) e Romani (2014). 1.3 REFERÊNCIAS BARBINI, F.; RAMALHETE, F. A praça: intervenções contemporâneas em espaços de patrimônio. Revista Brasileira de Gestão Urbana, Curitiba, v. 4, n. 2, Dec. 2012. BIONDI, D.; ALTHAUS, M. 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Disponível em:Acesso em: 10 nov. 2015. 17 CAPITULO 2 - Caracterização da flora arbórea na principal praça de São José do Rio Preto, SP 2.1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA As áreas verdes nas cidades são importantes por exercerem grandes benefícios na qualidade de vida, por meio da criação de ambientes de recreação, pela melhoria na qualidade do ar, redução da poluição sonora e regulação do microclima, mitigando a ocorrência de ilhas de calor (BOLUND; HUNHAMMAR, 1999). O conhecimento da flora urbana faz parte de um programa de estudos que toda cidade deveria se preocupar em desenvolver visando um plano de arborização que valorize os aspectos paisagísticos e ecológicos com a utilização, principalmente, de espécies nativas. Além dos benefícios que influenciam diretamente a vida do homem, do ponto de vista ecológico, a arborização urbana é fundamental; por meio dela, pode-se salvaguardar a identidade biológica da região, preservando ou cultivando as espécies vegetais que ocorrem em cada região específica (KRAMER; KRUPEK, 2012). A vegetação natural tem sido amplamente estudada, no entanto, há poucos estudos sobre a flora urbana. Embora o levantamento fitossociológico seja utilizado em comunidades naturais, o uso de descritores fitossociológicos no meio urbano pode auxiliar a compreensão e manejo destas áreas e traçar diretrizes maiores visando planos sustentáveis, como o aumento da biodiversidade e a criação de corredores verdes. Um levantamento florístico e fitossociológico é um ponto inicial para qualquer plano de manejo para determinada área. Estes estudos contribuem significativamente, para o conhecimento das formações arbóreas, uma vez que evidenciam a riqueza e heterogeneidade dos ambientes amostrados (XAVIER, 2009). Nos levantamentos fitossociológicos, os chamados índices de riqueza ou variedade, como o de Shannon-Weaver, são indicadores de diversidade úteis na 18 análise, podendo ser usados nas decisões de manejo e planos diretores de arborização no meio urbano (SILVA FILHO; BORTOLETO, 2005). A paisagem rica e diversificada de um espaço destinado à grande circulação de pessoas é garantia de um ambiente onde há benefícios ecológicos, sociais e econômicos (RODERJAN; BARDDAL, 1998) Levando em consideração a importância da realização de inventários arbóreos para conhecimento da composição arbórea urbana bem como a iniciativa para a tomada de decisões de manejo, objetivou-se com este trabalho realizar uma análise da composição, diversidade e qualidade da flora arbórea na praça Rui Barbosa, a principal da cidade de São José do Rio Preto, SP. 2.2 MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na praça Rui Barbosa, que possui uma área de 5.303 m2, localizada no centro da cidade paulista de São José do Rio Preto, tendo como referência, 20°48’67” latitude sul e 49°22’80” longitude oeste. A população do município, estimada em 2014, era de 438.354 habitantes, numa área de 431,963 km2(IBGE, 2015). O clima de São José do Rio Preto caracteriza-se pela sazonalidade no regime de chuvas, apresentando inverno seco e verão chuvoso e de acordo com a classificação de Köppen, é classificado como Aw, sendo clima tropical com chuvas no verão (EMBRAPA, 2015). O inventário foi realizado na área total da praça, no primeiro semestre de 2015. Foi quantificado o número de indivíduos arbóreos por espécie incluindo as palmeiras de porte alto que, a fim de facilitar a apresentação dos dados, foram também denominadas “árvores”. A identificação das espécies a campo foi realizada com auxílio de literatura (APG, 1998; LORENZI et al., 1996; 2003; 2010; LORENZI, 2008, 2009; SOUZA; LORENZI, 2005). Para todos os indivíduos arbóreos, foram avaliados a altura total da planta, utilizando-se um hipsômetro da marca Höhenmesser, modelo BL7 e circunferência à altura do peito (CAP), medida a 1,30 m do solo utilizando-se uma trena e posterior conversão em diâmetro à altura do peito (DAP). Os descritores fitossociológicos foram calculados segundo Rodrigues (1988): 19 a) Densidade Absoluta DAi (indivíduos/ m2): DAi = Ni x (U/A); em que: Ni = número de indivíduos da espécie i; U = unidade amostral (1 ha = 10. 000 m2); e A = área total amostrada (m2). b) Densidade Relativa DRi (%): DRi = 100 x (Ni/Nt); em que: Ni = número de indivíduos da espécie i; e Nt = número total de indivíduos. c) Área Basal da espécie ABi (cm2): ABi = ∑P2/4π; em que:P = perímetro (cm). d) Dominância Absoluta da espécie DoAi (%): DoAi = ∑ABi x (U/A); em que: ABi = área basal individual da espécie i (cm2); U = unidade amostral (1 ha); e A = área total amostrada (m2). e) Dominância Relativa da espécie DoRi (%): DoRi = 100 x (∑ABi/ABt); em que: ABi = área basal individual da espécie i (cm2); e ABT = área basal total (cm2). f) Valor de Cobertura da espécie VCi (%): VCi = DRi + DoRi; em que: DRi = densidade relativa da espécie i(%); e DoRi = dominância relativa da espécie i (%). A frequência de cada espécie foi calculada por meio da razão entre o número de indivíduos da espécie e o número total de indivíduos da praça, multiplicada por 100. Para medir o índice de diversidade de espécies na área total da praça foi utilizado o índice de Shannon-Weaver (H’), segundo Coelho (2000), onde, H’ = - ∑pi(lnpi), sendo: pi = proporção da amostra contendo indivíduos da espécie i. A análise qualitativa foi feita a partir de um formulário específico (Figura 1) adaptado de Silva Filho et al. (2002), sendo anotado: equilíbrio copa-tronco, estado geral do exemplar, fitossanidade e presença de associação com outros organismos (insetos, liquens, epífitas ou parasitas). 20 Figura 1. Formulário utilizado na análise qualitativa da Praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP. 2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste estudo foram encontradas 15 famílias botânicas, divididas em 25 gêneros e 28 espécies, num total de 103 indivíduos (Tabela 1). Destas espécies, a de maior ocorrência foi Dypsis lutescens (areca-bambu), com frequência de 20,39%, seguida de Caesalpinia pluviosa (sibipiruna), com 18,45%, enquanto que as demais não chegaram10%. Há poucas espécies com elevado número de indivíduos e muitas com poucos, concentrando-se 38,84% do total de exemplares em apenas duas espécies (areca-bambu e sibipiruna), apresentando um quadro de grande fragilidade ecológica. Esta fragilidade torna-se acentuada pela origem das duas espécies de maior ocorrência, areca-bambu é exótica, originária de Madagascar (LORENZI et al., 1996) e a sibipiruna, embora nativa do Brasil e bem adaptada em diferentes situações, ocorre na Mata Atlântica do Rio de Janeiro, no sul da Bahia e grandes populações no Pantanal Mato-grossense (LORENZI, 2008), não sendo, portanto, nativa da região de São José do Rio Preto, SP. Analisando a origem de todos os indivíduos arbóreos da praça Rui Barbosa (Tabela 1), observa-se que 56,31% são nativas do território nacional brasileiro, no entanto, de acordo com Lorenzi (2008), somente 16,5% ocorrem naturalmente na São José do Rio Preto-SP 21 região, as demais são provenientes de diferentes ecossistemas e regiões. Os resultados mostram a necessidade de uma interferência nesta praça buscando manter maior equilíbrio ecológico atentando para a biodiversidade. De acordo com Paiva et al. (2010) do ponto de vista ecológico adaptativo e funcional, é tecnicamente recomendável o uso de espécies nativas da região trabalhada, principalmente para garantir relações ecológicas coevolutivas e genéticas, de dispersão de propágulos (pólen e sementes), envolvendo fauna e flora dentro do ambiente urbano e também para conservação de material genético autóctone. Romani et al. (2012), em estudo na praça XV de Novembro, município de Ribeirão Preto, SP, observaram que 54,76% das árvores são nativas do território nacional brasileiro, porém, provenientes de diferentes ecossistemas e regiões. 22 Tabela 1. Nome científico e comum, família botânica, origem - O (exótica - E ou nativa - N), número de indivíduos por espécie (N) e frequência - Fr (%) das espécies inventariadas na praça Rui Barbosa, município de São José do Rio Preto, SP. Nome Científico Nome Comum Família O N Fr (%) Dypsislutescens Areca-bambu Arecaceae E 21 20,39 Caesalpinia pluviosa Sibipiruna Fabaceae N 19 18,45 Tabebuia sp. Ipê Bignoniaceae N 8 7,77 Livistoniachinensis Palmeira-leque Arecaceae E 7 6,80 Pachiraaquatica Monguba Bombacaceae N 6 5,83 Syagrusoleracea Guariroba Arecaceae N 4 3,88 Tabebuia rosealba Ipê-branco Bignoniaceae N 4 3,88 Handroanthusimpetiginosus Ipê-roxo Bignoniaceae N 3 2,91 Micheliachampaca Magnólia-amarela Magnoliaceae E 3 2,91 Roystonea regia Palmeira-real Arecaceae E 3 2,91 Calycophyllumspruceanum Pau-mulato Rubiaceae N 3 2,91 Myroxylonperuiferum Cabreúva-vermelha Fabaceae N 2 1,94 Licania tomentosa Oiti Rosaceae N 2 1,94 Triplaris americana Pau-formiga Polygonaceae N 2 1,94 Terminaliacatappa Sete-copas Combretaceae E 2 1,94 Tipuanatipu Tipuana Fabaceae E 2 1,94 Pinus pinaster Pinheiro-bravo Pinaceae E 1 0,97 Annonaatemoya Atemóia Annonaceae E 1 0,97 Spondiasdulcis Cajamanga Anarcadiaceae E 1 0,97 Cassia fistula Chuva-de-ouro Fabaceae E 1 0,97 Delonix regia Flamboyant Fabaceae E 1 0,97 Inga vera Ingá Fabaceae N 1 0,97 Handroanthusavellanedae Ipê-rosa Bignoniaceae N 1 0,97 Phoenix roebelenii Tamareira-anã Arecaceae E 1 0,97 Bauhiniasp Pata-de-vaca Fabaceae N 1 0,97 Caesalpiniaechinata Pau-brasil Fabaceae N 1 0,97 Caryotamitis Palmeira-rabo-de peixe Arecaceae E 1 0,97 Sapindussaponaria Sabão-de-soldado Sapindaceae N 1 0,97 TOTAL 103 100% Os descritores fitossociológicos avaliados estão presentes na tabela 2, os indivíduos que tiveram destaque em frequência e densidade populacional (Dypsis lutescens- areca-bambu e Caesalpinia pluviosa- sibipiruna) não foram os mesmos que obtiveram os maiores índices de cobertura (Delonix regia - flamboyant e 23 Tipuana tipu - tipuana), visto que os indivíduos com áreas basais maiores, apresentaram maior valor de dominância, o que elevou o valor de cobertura. Analisando os mesmos parâmetros, Barbosa et al. (2012) observaram que as espécies Spondia tuberosa, Parapiptadenia zehntneri e Ceiba glaziovii, apesar de apresentarem poucos indivíduos, obtiveram bom resultado em relação à dominância, em razão de possuírem grandes diâmetros, gerando, assim, maiores valores basais. As frequências das duas espécies que mais ocorrem na praça Rui Barbosa (Tabela 2) estão em desacordo com o recomendado por Milano; Dalcin (2000) que sugerem que cada espécie deve ter de 10 a 15% da frequência total e por Santamour Júnior (1990) que preconiza que cada espécie não exceda mais que 10%. O mesmo autor comenta ainda que a maior diversidade de espécies de árvores na paisagem urbana se faz necessária justamente para garantir o máximo de proteção com relação a pragas e doenças e recomenda também não exceder mais que 20% do mesmo gênero e 30% de uma família botânica. A composição florística em praças brasileiras foi estudada também por alguns autores em outras cidades. Romani et al. (2012) estudando a praça XV de Novembro, em Ribeirão Preto, SP, quantificaram 161 indivíduos, distribuídos em 19 famílias botânicas, 33 gêneros e 42 espécies. Já Gimenes et al. (2011) analisando a praça Sete de Setembro, em Ribeirão Preto, SP, observaram a presença de 280 indivíduos, sendo 85 espécies distribuídas em 65 gêneros e 27 famílias. Em Aracaju, SE, Lima Neto et al. (2007) estudaram a praça Olimpio Campos localizada no centro da cidade e observaram um número de 26 espécies dentre um total de 218 indivíduos. Batista et al.(2013), observaram grande diversidade de espécies vegetais na praça Dom Assis em Jaboticabal, SP, com 84 indivíduos distribuídos em 36 espécies pertencentes a 19 famílias botânicas. Apesar de não ser recomendada, a alta frequência de uma ou duas espécies arbóreas, tem sido observada em várias situações nas cidades brasileiras. Pires et al. (2010) constataram que em Goiandira, GO, Licania tomentosa (oiti) apresentou frequência de 20%. Salvi et al. (2011) em estudo nas ruas e túneis verdes do município de Porto Alegre, RS, verificaram que entre os túneis verdes a homogeneidade da flora é elevada, havendo a predominância de poucas espécies, 24 como Jacaranda mimosifolia e Tipuana tipu, o que poderia ser comparado a uma “monocultura arbórea” urbana. Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos dos indivíduos arbóreos localizados na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP. (Fr - frequência - %; DAi – densidade absoluta da espécie - indivíduos/m2; DRi– densidade relativa da espécie - %; ABi – área basal da espécie - cm2; DoAi – dominância absoluta da espécie - %; DoRi – dominância relativa da espécie - %; IVCi – valor de cobertura - %). Nome Científico Nome Comum Fr DAi DRi ABi DoAi DoRi IVCi Dypsislutescens Areca-bambu 20,39 39,60 20,39 514 969 0,17 969 Caesalpinia pluviosa Sibipiruna 18,45 35,83 18,45 19741 37226 6,44 37233 Tabebuia sp Ipê 7,77 15,09 7,77 632 1193 0,21 1193 Livistoniachinensis Palmeira-leque 6,80 13,20 6,80 2515 4743 0,82 4744 Pachiraaquatica Monguba 5,83 11,31 5,83 14636 27599 4,78 27604 Syagrusoleracea Guariroba 3,88 7,54 3,88 3105 5856 1,01 5857 Tabebuia rosealba Ipê-branco 3,88 7,54 3,88 4215 7948 1,38 7949 Handroanthusimpetiginos us Ipê-roxo 2,91 5,66 2,91 14104 26597 4,60 26602 Micheliachampaca Magnólia- amarela 2,91 5,66 2,91 1320 2490 0,43 2490 Roystoneaoleracea Palmeira-real 2,91 5,66 2,91 14386 27128 4,70 27132 Calycophyllumspruceanu m Pau-mulato 2,91 5,66 2,91 147 276 0,05 276 Myroxylonperuiferum Cabreúva- vermelha 1,94 3,77 1,94 15895 29973 5,19 29978 Licania tomentosa Oiti 1,94 3,77 1,94 7855 14812 2,56 14815 Triplaris americana Pau-formiga 1,94 3,77 1,94 1402 2644 0,46 2645 Terminaliacatappa Sete-copas 1,94 3,77 1,94 2758 5200 0,90 5201 Tipuanatipu Tipuana 1,94 3,77 1,94 35805 67518 11,69 67530 Pinus pinaster Pinheiro-bravo 0,97 1,89 0,97 24609 46406 8,03 46414 Annonaatemoya Atemóia 0,97 1,89 0,97 453 853 0,15 853 Spondiasdulcis Cajamanga 0,97 1,89 0,97 27763 52353 9,06 52362 Cassia fistula Chuva-de-ouro 0,97 1,89 0,97 3740 7052 1,22 7053 Delonix regia Flamboyant 0,97 1,89 0,97 66061 124572 21,56 124594 Inga vera Ingá 0,97 1,89 0,97 2642 4983 0,86 4984 Handroanthusavellanedae Ipê-rosa 0,97 1,89 0,97 19983 37683 6,52 37690 Phoenix roebelenii Tamareira-anã 0,97 1,89 0,97 1018 1920 0,33 1920 Bauhiniasp Pata -de-vaca 0,97 1,89 0,97 3319 6258 1,08 6259 Caesalpiniaechinata Pau-brasil 0,97 1,89 0,97 5946 11212 1,94 11213 Caryotamitis Palmeira-rabo- de-peixe 0,97 1,89 0,97 8578 16176 2,80 16178 Sapindussaponaria Sabão de Soldado 0,97 1,89 0,97 3217 6067 1,05 6068 25 As famílias Arecaceae e Fabaceae apresentaram maior número de espécies entre as encontradas na praça Rui Barbosa (36% e 27%, respectivamente) entre todas as encontradas na praça (Figura 2). Semelhantemente, Romani et al. (2012) também observaram maior número de espécies das famílias Arecaceae (57%), Fabaceae (38%) e ainda, Bignoniaceae (20%) na praça XV de Novembro, em Ribeirão Preto, SP. Gimenes et al. (2011) também observaram maior número de espécies da família Arecaceae (60%), seguida de Leguminosae-Caesalpinioideae (51%) e Bignoniaceae (33%), como sendo as de maior representação. Figura 2. Diversidade de famílias botânicas encontradas na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP. Apesar da fragilidade ecológica observada na praça Rui Barbosa, o índice de Shannon-Weaver encontrado foi de 2,77, podendo ser considerada uma grande diversidade florística. O valor desse índice varia de 0 a 3,5 e raramente chega a 4,5, sendo que valores próximos de 1 indicam estresse ambiental ligado a áreas poluídas ou até monocultura (BUOSI et al., 2010).Este índice é maior que outros observados no meio urbano,como o da orla marítima de Santos, SP, com 2,63 (MENEGHETTI, 2003) e também de uma área de caatinga em Arcoverde, PE, com 2,05 (BARBOSA et al., 2012) e inferior ao encontrado por Romani (2014) no quadrilátero central de Ribeirão Preto, SP, cujo índice encontrado foi de 3,37. 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 D iv er si d a d e Família Diversidade (%) Frequência (%) 26 As classes de altura dos indivíduos inventariados são mostradas na figura 3, apenas 3,88% dos indivíduos apresentavam altura igual ou inferior a 3,5 m. Dentre as espécies de maior porte arbóreo, o pinheiro-bravo se destacou com 23,5 metros, seguido do ipê-rosa com 22 metros de altura; apenas a sibipiruna foi a de maior ocorrência com altura superior a 9 metros. Figura 3. Número de indivíduos, em diferentes classes de altura presentes na arborização da praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP. Semelhantemente, em estudo realizado na praça XV de Novembro, uma das principais do município de Ribeirão Preto, SP, Romani et al. (2012) observaram que 4,97% dos indivíduos apresentavam altura igual ou inferior a 3,5 m; esta praça também é antiga e o resultado mostrou que a maioria das plantas eram adultas ou estavam bem desenvolvidas, com plantio de mudas de qualidade e uso de espécies de boa adaptação às condições locais. A maioria (72,8%) das árvores presentes na praça Rui Barbosa encontra-se em estado regular ou péssimo, ou seja, com inúmeras lesões, sendo que, muitas apresentaram tronco e galhos danificados por podas inadequadas, quebras ou vandalismo, onde observou-se pregos e outros objetos pendurados ou fixados nas árvores. Durante o levantamento, em cerca de 4,85% dos indivíduos não foram encontradas lesões. Na análise realizada por Romani et al. (2012) na praça XV de Novembro, em Ribeirão Preto, SP, a proporção de árvores em estado regular ou péssimo foi menor (58,4%). 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 3 a 6 6,5 a 10 10,5 a 15 15,5 a 20 >20,5 N ú m e ro d e I n d iv íd u o s Classe de altura Número de indivíduos 27 Uma quantidade elevada de árvores foi encontrada com presença de pragas e/ou patógenos; entre os 103 indivíduos avaliados, 68 (66,02%) apresentaram algum fungo. Foi observado que esses fungos estavam presentes, principalmente, em lesões provocadas por podas inadequadas ou mesmo quebra de galhos, em outros casos a aberturas para esses fungos aconteceu em locais onde as árvores entravam em contato com alguma construção. A presença de fungos foi observada principalmente nos exemplares de sibipiruna (19 plantas). Vale ressaltar que os fungos presentes nas árvores estão, normalmente, relacionados às injúrias que permitem a instalação desses organismos; sendo muitas ocasionadas por podas inadequadas ou galhos quebrados. Ressalta-se, no entanto, que o método de análise foi visual, não sendo feita prospecção do tronco. Também foi observado que algumas árvores (33%) são atacadas por cupins, formigas e também por uma parasita denominada Ficus doliaria (figueira mata-pau). De acordo com Rossetti; Tavares e Pellegrino (2010) o maior problema que compromete a sanidade das árvores no meio urbano é a infestação de cupins sendo observado esta praga em 8,33% do total das árvores inventariadas em dois bairros paulistanos, na subprefeitura de Ipiranga. Romani et al. (2012) também relataram haver este problema na praça XV de Novembro, em Ribeirão Preto, SP; entre os 161 indivíduos avaliados, 18,6% apresentavam ataque de cupins do gênero Nasutitermes, principalmente nas sibipirunas. Foi verificado na Praça Rui Barbosa a presença de musgos, liquens e epífitas em 73,78% dos indivíduos inventariados. Os mesmos são indicativos fortes de um bom clima e pouca poluição atmosférica (SAMPAIO; DE ANGELIS, 2008). Esses mesmos autores, em levantamento na cidade de Maringá, PR, encontraram ocorrência de musgos, liquens e epífitas em 70% de todas as árvores inventariadas, considerado por eles como bom indicador de qualidade, semelhante ao observado na praça Rui Barbosa em São José do Rio Preto, SP. 2.4 CONCLUSÕES A composição florística arbórea da praça Rui Barbosa, no município de São José do Rio Preto, SP, constitui-se de 15 famílias botânicas, composta por 25 gêneros e 28 espécies, num total de 103 indivíduos. 28 A espécie de maior ocorrência foi Dypsis lutescens (areca-bambu), com frequência de 20,39%, seguida de Caesalpinia pluviosa (sibipiruna), com frequência 18,45%, enquanto que as demais não ultrapassaram 10%. O índice de Shannon-Weaver, indicador de diversidade, foi de 2,77 mostrando que a praça Rui Barbosa apresenta grande diversidade florística. A maioria (72,8%) das árvores presentes na praça Rui Barbosa encontra-se em estado regular e péssimo; já os musgos, liquens e epífitas estão presentes em 73,78 % dos indivíduos da praça e são indicativos de qualidade ambiental. Os sintomas de fungos em 66,02% dos indivíduos e problemas decorrentes de ataque de cupins em 12,62% estão, normalmente, relacionados às injúrias que permitem a instalação desses organismos; sendo muitas ocasionadas por podas inadequadas ou galhos quebrados. 2.5 REFERÊNCIAS APG - ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP. An ordinal classification for the families of flowering plants. Annals of the Missouri Botanical Garden. v.85, n.4, p. 531-553, 1998. BARBOSA, M. D.; MARANGON, L. C.; FELICIANO, A. L. P.; FREIRE, F. J.; DUARTE, G. M. T. 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Tese (Mestrado em Ecologia Vegetal e Meio Ambiente) – Departamento de Agronomia, Universidade Federal da Paraíba, Paraíba, 2009. 33 CAPITULO 3 - Análise quali-quantitativa dos elementos arquitetônicos e vegetais e de uso da praça Rui Barbosa de São José do Rio Preto, SP 3.1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Ao decorrer dos anos foi havendo maior proximidade entre o homem e a natureza. Algumas cidades nos últimos anos encararam intenso e extenso convívio urbano de grandes grupos sociais, uma grande parte da população em um pequeno período de tempo se urbaniza. Assim a praça tem como finalidade proporcionar lazer, recreação e atividades comunitárias para favorecimento da população urbana (FEIBER, 2004). O mesmo autor afirma que nas áreas urbanas, as praças arborizadas tornam os ambientes mais saudáveis e agradáveis, ajudam na amenização de níveis de ruídos e poluição, bem como da temperatura gerada pelas ilhas de calor em decorrência da reflexão do asfalto e do concreto, na qualidade do ar. As áreas verdes acrescentam à população melhorias como a capacidade de absorção dos raios solares, proporcionando sombreamento; reduzindo a velocidade do vento; diminuindo o impacto das chuvas; valorizando a estética e paisagem do local; melhorando a qualidade do ar; diminuindo a poluição, além de trazer vantagens a saúde física e mental da população provocada pelo relaxamento de estar em contato com a natureza. A praça contemporânea combina funcionalidade com lazer, tem o objetivo de incluir serviços, comércio, área de lazer, atividades físicas, convívio social, cultural, área verde, enfim promove um conjunto de fatores em um lugar apropriado e agradável para a população (REZENDE; SANTOS, 2010). Devido à grande importância e localização da praça Rui Barbosa para a cidade de São José do Rio Preto, SP, este trabalho teve como objetivo fazer uma análise qualitativa e quantitativa dos elementos arquitetônicos e vegetais, bem como, pesquisa de opinião nesta praça a fim de levantar questões que possam ser trabalhadas e melhorar o uso, o conforto e o bem-estar dos usuários. 34 3.2 MATERIAL E MÉTODOS 3.2.1 Caracterização da área de estudo O estudo foi realizado na praça Rui Barbosa, que possui uma área de 5.303 m2, localizada no centro da cidade paulista de São José do Rio Preto, tendo como referência, 20°48’67” latitude sul e 49°22’80” longitude oeste. Na figura 1 pode ser observada a imagem aérea da Praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP. Figura1. Imagem aérea da Praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP. A população do município, estimada em 2014, era de 438.354 habitantes, numa área de 431,963 km2 (IBGE, 2015). O clima de São José do Rio Preto caracteriza-se pela sazonalidade no regime de chuvas, apresentando inverno seco e verão chuvoso e de acordo com a classificação de Köppen, é classificado como Aw, sendo clima tropical com chuvas no verão (EMBRAPA, 2015). 3.2.2 Levantamento quali-quantitativo dos elementos arquitetônicos O levantamento foi baseado na metodologia proposta por De Angelis; Castro e De Angelis Neto (2004). Para a análise quantitativa dos elementos arquitetônicos foi utilizada uma planilha conforme a figura 2, onde foram assinaladas a presença ou ausência dos elementos arquitetônicos que compõe a praça. Foram ainda 35 quantificados e, sempre que possível, determinou-se o material com o qual foram confeccionados. Nome da praça: Localização: Forma Geométrica: ( )quadrada ( )retangular ( )circular ( )outra Data do levantamento: Levantamento efetuado por: Equipamentos/Estruturas Sim Não Quantidade 01.Bancos 02.Iluminação ( )alta ( )baixa 03.Lixeiras 04.Sanitários 05.Telefone Público 06.Bebedouros 07.Caminhos 08.Palco/Coreto/Escultura/Pergolado 09.Obra-de-arte: ( )monumento ( )estátua ( )busto 10.Espelho d'água/Chafariz 11.Estacionamento 12.Ponto de ônibus 13.Ponto de táxi 14.Quadra esportiva 15.Equipamentos para prática de esportes 16.Estrutura para terceira idade 17.Equipamentos para recreação infantil 18.Banca de revista 19.Quiosque de alimentação ou similar 20.Identificação 21.Edificação institucional 22.Templo religioso 23.Outros Figura 2. Formulário utilizado no levantamento quantitativo dos elementos arquitetônicos da Praça Rui Barbosa no município de São José do Rio Preto, SP, adaptado de De Angelis; Castro e De Angelis Neto (2004). Para a análise qualitativa dos elementos arquitetônicos, foi utilizada uma planilha conforme a Figura 3, sendo avaliado o estado de conservação das estruturas e equipamentos existentes. Foram utilizados os seguintes conceitos: 36 péssimo (nota de 0 – 0,5), ruim (0,5 – 1,5), regular (1,5 – 2,5), bom (2,5 – 3,5) e ótimo (3,5 – 4,0). Equipamentos/Estruturas Nota Ausência 01.Bancos 02.Iluminação Alta 03.Iluminação baixa 04.Lixeiras 05.Sanitários 06.Telefone Público 07.Bebedouros 08.Piso 09.Traçado dos caminhos 10.Palco/coreto/escultura 11.Pergolado 12.Monumento 13.Espelho d'água/chafariz 14.Estacionamento 15.Ponto de ônibus 16.Ponto de táxi 17.Quadra esportiva 18.Equipamentos para exercícios físicos 19.Estrutura para a terceira idade 20.Parque infantil 21.Banca de revista 22.Quiosque para alimentação e/ou similar 23.Vegetação 24.Paisagismo 25.Localização 26.Conservação/Limpeza 27.Segurança 28.Conforto ambiental Figura 3. Formulário utilizado no levantamento qualitativo dos elementos arquitetônicos da praça Rui Barbosa no município de São José do Rio Preto, SP, adaptado de De Angelis; Castro e De Angelis Neto(2004). 37 3.2.3 Levantamento quali-quantitativo dos elementos vegetais O inventário foi realizado na área total da praça, no primeiro semestre de 2015. A identificação das espécies foi realizada a campo com auxílio de literatura (LORENZI; SOUZA, 1996; APG, 1998; LORENZI et al., 1996; 2003; 2010; LORENZI, 2008, 2009; SOUZA; LORENZI, 2005). Foi quantificado o número de indivíduos por espécie. A análise qualitativa foi feita a partir de um formulário específico adaptado de Silva Filho et al. (2002), sendo anotado: equilíbrio copa-tronco, estado geral do exemplar, fitossanidade, presença de associação com outros organismos (insetos, liquens, epífitas ou parasitas) e fenologia no momento da avaliação. Figura 1. Formulário utilizado na análise qualitativa da Praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP. 3.2.4 Pesquisa de opinião Foi realizada uma pesquisa de opinião com 50 pessoas presentes na praça, em dias da semana e horários diferentes. Utilizou-se um questionário (Figura 4) adaptado do método proposto por De Angelis (2000). 38 Pesquisa de opinião 1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino2.Idade: ( ) 0-20 ( ) 21-40 ( ) 41-60 ( ) Mais de 60 3. Nível Escolar: ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior 4.Atividade Ocupacional: ( )Trabalhador ( )Aposentado ( )Dona de Casa ( )Estudante ( )Desempregado 5.Você frequenta esta praça?( ) Sim ( ) Não - Por quê? 6. Dias da semana que frequenta a praça?( )Durante a semana ( ) Sábado ( ) Domingo ( ) Feriado 7.Em que período você vai com mais frequência à praça?( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite 8.Em média, qual o seu tempo de permanência na praça? 9.Qual (is) o motivo que o leva à praça?( ) Tomar sol ( ) Ler ( ) Caminhar ( ) Levar criança ( ) Descansar ( )Praticar esportes ( )Outros 10.O que você mais aprecia e menos aprecia no local? 11.O que você acha que é necessário melhorar nas praças que frequenta? 12.Qual é a sua opinião sobre as praças da sua cidade? 13. A praça, no decorrer dos anos?( ) Melhorou ( ) Piorou - Por quê? 14.Você conhece o nome dessa praça? Figura 4. Questionário utilizado na pesquisa de opinião realizada na praça Rui Barbosa, no município de São José do Rio Preto, SP, adaptado de De Angelis (2000). 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.3.1 Levantamento quali-quantitativo dos elementos arquitetônicos Observa-se na figura 5 uma visão geral da Praça Rui Barbosa. 39 Figura 5. Vista geral da praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. São vários os elementos arquitetônicos encontrados na Praça Rui Barbosa, sendo registradas neste estudo as características atuais. 1) Bancos Os bancos de uma praça devem ser confortáveis, duráveis, de fácil limpeza e aparência discreta. É interessante localizá-los de diferentes modos: ao sol e na sombra; isolados ou em grupos; voltados para dentro e para fora do espaço público (DEMATTÊ, 1999). Na NBR 9050 (ABNT, 2015) temos que os assentos devem estar implantados sobre uma superfície nivelada com o piso adjacente, deve ser garantido um módulo de referência ao lado dos assentos fixos, sem interferir com a faixa livre de circulação. Nesta praça há 62 bancos em bom estado de conservação, confortáveis, com estrutura de ferro, encosto e assento em madeira e a grande maioria coloridos (vermelho, azul e amarelo), o que não os torna discretos dentro do ambiente (Figura 6). A distribuição espacial dos mesmos situa-se ao longo do caminho pavimentado, tendo como limite as áreas ajardinadas e ao redor de árvores, são encontrados tanto 40 em local de sombra como ao sol. Parte da praça foi revitalizada há pouco mais de um ano e os bancos foram reformados. Figura 6. Aspecto do banco na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. 2) Iluminação A praça conta com 3 luminárias altas em seu interior e 31 luminárias baixas por toda sua extensão (Figura 7). De acordo com a avaliação realizada tem-se que parte das luminárias se encontram sem lâmpadas ou quebradas, desvalorizando o local. Para Demattê (1999), a iluminação de uma praça tem as funções de proporcionar segurança a seus usuários e de manter o valor visual e o conforto do ambiente noturno em níveis semelhantes aos proporcionados pela luz do sol. A distribuição das luminárias deve ser feita de modo a proporcionar aparência homogênea a toda massa de vegetação. Partindo deste pressuposto, a iluminação da praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, não cumpre sua função. 41 Figura 7. Luminárias altas(esquerda) e luminárias baixas em toda a extensão na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. 3) Lixeiras De acordo com a NBR 9050 (ABNT, 2015), as lixeiras, quando instaladas em áreas públicas, devem ser localizadas fora das faixas livres de circulação. Deve ser garantido espaça para aproximação de pessoas com cadeira de rodas e altura que permita o alcance manual do maior número de pessoas. Há apenas 10 lixeiras (Figura 8) de metal espalhadas pela praça, porém 6 delas estão danificadas. Os usuários disseram que seria mais adequado que fossem lixeiras para coleta seletiva e que tivesse um número maior disponível em toda a extensão da praça. O que foi encontrado na praça em estudo está, portanto, distante do recomendado na literatura pois, segundo Demattê (1999) as lixeiras devem ter aparência discreta e agradável, estando espalhadas a distâncias não maiores que 100 m uma das outras. 42 Figura 8. Lixeira na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. 4) Sanitários Os sanitários encontram-se embaixo do palco existente, tendo sua entrada pela lateral da praça. Não são muito utilizados pelas pessoas que estão de passagem pois servem como banheiro para os mendigos que moram na praça, provocando um mal cheiro e muita sujeira no local. 5) Piso Os materiais de revestimento e acabamento devem ter superfície regular, firme, estável, não trepidante para dispositivos com rodas e antiderrapante, sob qualquer condição (seco ou molhado). Deve-se evitar a utilização de padronagem na superfície do piso que possa causar sensação de insegurança (por exemplo, estampas que pelo contraste de desenho ou cor possam causar a impressão de tridimensionalidade) (ABNT, 2015). No centro da praça o piso é pavimentado com Mosaico Português (Figura 9) e em alguns lugares possuem depressões que além de comprometerem a estética visual também pode provocar acidentes nos usuários. No entorno é utilizado cimento com recortes e pedra sabão. 43 Figura 9. Aspecto do piso no centro da praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. 6) Traçado dos caminhos A praça possui traçado orgânico e sinuoso e são funcionais, pois permitem acesso a todos os pontos da praça, concordando com o que preconiza Demattê (1999) que comenta que os caminhos levemente ondulados propiciam integração maior com os valores paisagísticos, pois dão a impressão de naturalidade e visualmente são mais agradáveis. Entretanto, parte do piso não se encontra em bom estado de conservação, não proporcionando segurança aos usuários. 7) Palco O palco é confeccionado em alvenaria, é amplo e encontra-se em boa conservação (Figura 10). É muito usado para apresentações musicais, teatro e shows diversos e localiza-se de frente para o chafariz, em uma das laterais. No entanto, serve de dormitório para os mendigos. 44 Figura 10. Palco na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. 8) Busto O busto de bronze presente na praça (Figura 11) é do então prefeito Adail Vetorazzo quando da revitalização do centro em 1980. Na placa apresentam-se os seguintes dizeres: “O calçadão não é apenas mais uma obra de São José do Rio Preto, mas uma tomada de posição consciente em favor do pedestre, do homem comum que aqui voltará a se reunir com os filhos e amigos, livres da ameaça dos automóveis”. 45 Figura 11. Busto do prefeito Adail Vetorazzo na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. 9) Espelho d´agua/chafariz O espelho d´agua (Figura 12) localiza-se no centro da praça e possui um chafariz que, geralmente, funciona durante o dia. Cortando o espelho d´agua existe uma ponte que permite que as pessoas possam atravessar de um lado para o outro da praça. As laterais do espelho d´agua são ornamentadas com arecas-bambu. 46 Figura 12. Espelho d´agua e chafariz presente na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. 10) Estacionamento O estacionamento projetado para a praça em duas laterais, sendo que um deles é privativo para idosos e deficientes físicos (Figura 13). Figura 13. Estacionamento privativo para idosos e deficientes na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. 11) Ponto de ônibus/táxi O ponto de ônibus está localizado na Rua Voluntários de São Paulo, que conta apenas com a marcação e sem um local protegido para os usuários. Já o ponto de táxi (Figura 14) foi reformado na última revitalização e se localiza na Rua Jorge Tibiriçá com abrigo para os taxistas. 47 Figura 14. Ponto de táxi localizado na Rua Jorge Tibiriçá, na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. 12) Banca de revista Existem três bancas na praça, duas delas tradicionais e uma banca espírita. 13) Conservação/Limpeza Nota-se a presença de pessoas especializadas na limpeza da praça, por isso não foi encontrado lixo espalhado ou fora das lixeiras. Entretanto, a maior reclamação e constatação de sujeira são ocasionadas pelos mendigos os quais moram na praça, no local onde ficam há sujeira e mau cheiro. A grande quantidade de pombos presente na praça também é responsável por parte do mau cheiro e sujeira. Mesmo com a limpeza realizada diariamente, os bancos e o chão ficam cobertos de penas e fezes dos mesmos. 14) Segurança Todo o dia é possível ver a presença de policiais no entorno, porém, o fato dos mendigos morarem na praça causa desconforto à população, além de já terem cometido assalto a pedestres, o que amedronta os usuários. 48 15) Rampa de acesso para deficientes físicos Um item muito importante que auxilia na inclusão dos deficientes na sociedade. A praça conta com 3 rampas de acesso em bom estado e de acordo com as normas NBR 9050 (ABNT, 2015), porém outros 2 acessos à praça estão fora das normas e dificultam a acessibilidade, sendo que um deles a rampa é muito inclinada e no outro não tem a rampa disponível, apenas calçada danificada. Além das rampas, são encontrados os estacionamentos privativos para deficientes. 16) Outros Durante o levantamento não foram observados, e também, foram questionados pelos usuários da praça a falta de bebedouro, quiosque de alimentação e equipamentos para recreação, tanto infantil quanto para a terceira idade. Outro item observado e ressaltado pelos usuários é a presença de um posto policial em uma lateral da praça. Trata-se de um posto móvel e eles permanecem no local em horário comercial, passando maior tranquilidade e segurança à população. 3.3.2 Análise quali-quantitativa dos elementos vegetais Observa-se na tabela 1 que foram encontradas 23 famílias botânicas, divididas em 41 espécies e 38 gêneros, totalizando 174 indivíduos. A espécie de maior ocorrência foi Dypsis lutescens (areca-bambu), com frequência de 12,07%, seguida de Viburnum sp (viburno), com frequência de 11,49% e Caesalpinia peltophoroides (sibipiruna), com frequência de 10,92%, enquanto que as demais não alcançaram nem 10%. Observa-se que 34,48% do total de exemplares concentram- se em apenas três espécies (areca-bambu, viburno e sibipiruna), apresentando um quadro de grande fragilidade ecológica. 49 Tabela 1. Nome científico e comum, família botânica, origem - O (exótica - E ou nativa - N), número de indivíduos por espécie (N) e frequência - Fr (%) das espécies inventariadas na Praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP. Nome Científico Nome Comum Família O N FR (%) Annonaatemoya Atemóia Annonaceae E 1 0,57 Bauhiniasp Pata de Vaca Fabaceae N 1 0,57 Buxussempervirens Buxinho Buxaceae E 8 4,60 Caesalpiniaechinata Pau Brasil Fabaceae N 1 0,57 Caesalpiniapeltophoroides Sibipiruna Fabaceae N 19 10,92 Calycophyllumspruceanum Pau Mulato Rubiaceae N 3 1,72 Caryotamitis Rabo de Peixe Arecaceae E 1 0,57 Cassia fistula Chuva-de-ouro Fabaceae E 1 0,57 Cycas revoluta Cica Cicadaceae E 1 0,57 Delonix regia Flamboyant Fabaceae E 1 0,57 Dracaenafragans Pau d´agua Asparagaceae E 1 0,57 Durantaerectaaurea Pingo de ouro Verbenaceae N 4 2,30 Dypsislutescens Areca Bambu Arecaceae E 21 12,07 Handroanthusavellanedae Ipê rosa Bignoniaceae N 1 0,57 Handroanthusimpetiginosus Ipê Roxo Bignoniaceae N 3 1,72 Inga vera Ingá Fabaceae N 1 0,57 Ixoracoccinea Ixora vermelha Rubiaceae E 2 1,15 Juniperuschinensistorulosa Kaizuka Cupressaceae E 11 6,32 Licania tomentosa Oiti Rosaceae N 2 1,15 Livistoniachinensis Palmeira Leque Arecaceae E 7 4,02 Micheliachampaca Magnólia Amarela Magnoliaceae E 3 1,72 Myroxylonperuiferum Cabreúva-vermelha Fabaceae N 2 1,15 Pachiraaquatica Monguba Bombacaceae N 6 3,45 Philodendronxanadu Filodendro Xanadu Araceae N 1 0,57 Phoenix roebelenii Palmeira Fênix Arecaceae E 1 0,57 Phoenix roebelenii Fênix Aracaceae E 2 1,15 Pinus pinaster Pinheiro-bravo Pinaceae E 1 0,57 Podocarpusmacrophyllus Podocarpo Podocarpaceae E 5 2,87 Rhododendronsimsii Azaléia Ericaceae E 1 0,57 Roystoneaoleracea Palmeira real Arecaceae E 3 1,72 Sapindussaponaria Sabão de Soldado Sapindaceae N 1 0,57 Spondiasdulcis Cajamanga Anacardiaceae E 1 0,57 Strelitziareginae Strelítzia Strelitziaceae E 4 2,30 Syagrusoleracea Guariroba Arecaceae N 4 2,30 Tabebuia rosealba Ipê Branco Bignoniaceae N 4 2,30 Tabebuia sp Ipê Bignoniaceae N 8 4,60 Terminaliacatappa Sete Copas Combretaceae E 2 1,15 Tipuanatipu Tipuana Fabaceae E 2 1,15 Triplaris americana Pau Formiga Polygonaceae N 2 1,15 Viburnumsp Viburno Adoxaceae E 20 11,49 Washingtonia robusta Washingtonia Aracaceae E 5 2,87 Yucca gigante Yuca Asparagaceae E 6 3,45 174 100,00 http://www.jardineiro.net/familia/arecaceae http://www.jardineiro.net/familia/arecaceae http://www.jardineiro.net/familia/arecaceae http://www.jardineiro.net/familia/araucariaceae http://www.jardineiro.net/familia/arecaceae 50 Esta fragilidade torna-se acentuada pela origem das três espécies de maior ocorrência, areca-bambu (Figura 15) é exótica, originária de Madagascar (LORENZI et al., 1996), o viburno é exótico, originário da Europa (LORENZI; SOUZA, 1996) e a sibipiruna (Figura 17), embora nativa do Brasil e bem adaptada em diferentes situações, ocorre na Mata Atlântica do Rio de Janeiro, no sul da Bahia e grandes populações no Pantanal Mato-grossense (LORENZI, 2008), não sendo, portanto, nativa da região de São José do Rio Preto, SP. Figura 15. Dypsis lutescens (esquerda) e Caesalpinia pluviosa (direita) na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. Ao analisar a origem dos indivíduos da praça (Tabela 1), observa-se que 36,21% são exemplares nativos do território nacional brasileiro, entretanto a espécie de maior ocorrência é uma palmeira exótica (Dypsis lutescens- areca-bambu); com base em Lorenzi (2008) verifica-se que somente 16,5% ocorrem naturalmente na região, sendo elas: Tabebuia rosealba, Tabebuia sp e Syagrus oleracea, as demais são provenientes de diferentes ecossistemas e regiões. Os resultados mostram a necessidade de uma interferência nesta praça buscando manter maior equilíbrio ecológico atentando para a biodiversidade. De acordo com Paiva et al. (2010) do ponto de vista ecológico adaptativo e funcional, é tecnicamente recomendável o uso de espécies nativas da região trabalhada, principalmente para garantir relações ecológicas coevolutivas e genéticas, de dispersão de propágulos (pólen e sementes), envolvendo fauna e flora 51 dentro do ambiente urbano e também para conservação de material genético autóctone. Romani et al. (2012), em estudo na praça XV de Novembro, município de Ribeirão Preto, SP, observaram que 54,76% das árvores são nativas do território nacional brasileiro, porém, provenientes de diferentes ecossistemas e regiões. A maioria (72,8%) das árvores presentes na praça Rui Barbosa encontra-se em estado regular ou péssimo, ou seja, com inúmeras lesões (Figura 16), sendo que, muitas apresentaram tronco e galhos danificados por podas inadequadas, quebras ou vandalismo, onde observou-se pregos e outros objetos pendurados ou fixados nas árvores. Durante o levantamento, em cerca de 4,85% dos indivíduos não foram encontradas lesões. Na análise realizada por Romani et al. (2012) na praça XV de Novembro, em Ribeirão Preto, SP, a proporção de árvores em estado regular ou péssimo foi menor (58,4%). Figura 16. Árvores com lesões na Praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. Foi encontrada uma quantidade elevada de árvores com presença de pragas e/ou patógenos; entre os 103 indivíduos avaliados, 68 (66,02%) apresentaram alguma praga (cupim ou formiga) e/ou fungo. Foi observado que esses fungos estavam presentes, principalmente, em lesões provocadas por podas inadequadas ou mesmo quebra de galhos, em outros casos a aberturas para esses fungos aconteceu em locais onde as árvores entravam em contato com alguma construção. A presença de fungos foi observada principalmente nos exemplares de sibipiruna (19 plantas) (Figura 17). 52 Figura 17. Árvores com sintomas de ataque de pragas e doenças na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. Vale ressaltar que os fungos presentes nas árvores estão, normalmente, relacionados às injúrias que permitem a instalação desses organismos; sendo muitas ocasionadas por podas inadequadas ou galhos quebrados. Ressalta-se, no entanto, que o método de análise foi visual, não sendo feita prospecção do tronco. Também foi observado que algumas árvores (33%) são atacadas por cupins, formigas e também por uma parasita denominada Ficus doliaria (figueira mata-pau) (Figura 18). 53 Figura 18. Árvore com a parasita denominada Ficus doliaria. De acordo com Rossetti et al. (2010) o maior problema que compromete a sanidade das árvores no meio urbano é a infestação de cupins sendo observado esta praga em 8,33% do total das árvores inventariadas em dois bairros paulistanos, na subprefeitura de Ipiranga. Romani et al. (2012) também relataram haver este problema na praça XV de Novembro, em Ribeirão Preto, SP; entre os 161 indivíduos avaliados, 18,6% apresentavam ataque de cupins do gênero Nasutitermes, principalmente nas sibipirunas. Foi verificado na praça Rui Barbosa a presença de musgos, liquens e epífitas em 73,78% dos indivíduos inventariados (Figura 19). Os mesmos são indicativos fortes de um bom clima e pouca poluição atmosférica (SAMPAIO; DE ANGELIS, 2008). Esses mesmos autores, em levantamento na cidade de Maringá, PR, encontraram ocorrência de musgos, liquens e epífitas em 70% de todas as árvores inventariadas, considerado por eles como bom indicador de qualidade, semelhante ao observado na praça Rui Barbosa em São José do Rio Preto, SP. 54 Figura 19. Árvore com presença de epífitas na praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. Relacionado às plantas encontradas nos canteiros, todas estão sem manutenção (poda, limpeza de folhas secas, controle de pragas, adubação, etc.) e a maioria em locais inadequados (pleno sol ou sombra total). Observou-se que os canteiros não são preservados, e não tem uma composição, apresentando-se com poucas plantas que, provavelmente, sobraram de canteiros anteriores e em muitos não há forração, deixando a terra exposta, gerando uma aparência de completo descuido e abandono (Figura 20). Figura 20. Aspecto de canteiros existentes na praça Rui Barbosa sem forrações, com terra exposta, São José do Rio Preto, SP, 2015. 55 3.3.3 Pesquisa de opinião A opinião dos usuários mostrou a satisfação ou insatisfação dos mesmos com relação à praça, revelando problemas que apenas o frequentador local conhece. Os usuários do sexo masculino representam 75% do público total (Figura 21A), isso provavelmente se deve a presença do ponto de táxi ser comandado, boa parte, por homens, atraindo ao local esse público. (A) (B) Figura 21. Frequência de usuários segundo o sexo (A) e faixa etária dos entrevistados (B)na Praça Rui Barbosa, São José do Rio Preto, SP, 2015. Semelhantemente, Batista et al. (2013) observaram na praça D. Assis, em Jaboticabal, SP, que 75% dos usuários eram do sexo masculino. Este alto índice está relacionado ao fato desta praça promover o lazer para a terceira idade, sobretudo, jogos de carteado, bem como, aluguel de fretes, atividades mais comuns para o sexo masculino. Na praça Nove de Julho, em Jaboticabal, SP, Dandaro (2014) verificou que os homens representam 66% e as mulheres 34%, a praça é de grande utilização por aposentados, porém as mulheres utilizam também por estar de passagem, devido ao comércio ser próximo à praça. Em Ribeirão Preto, SP, Gimenes et al. (2011) verificaram que a praça Sete de Setembro, é frequentada em sua maioria (61%) por usuários do sexo feminino, isso provavelmente se deve porque ao redor da praça há muitos prédios em que estas trabalham como domésticas, babás ou cuidadoras de idosos que por ali moram. Na Feminino Masculino 0-20 21-40 41-60 Mais de 60 56 praça Dom José Marcondes Homem de Mello, Jaboticabal, SP, Magro (2014) observou que as mulheres representam 64%, e os homens 36%. Na maioria dos casos as mulheres estão de passagem, levando suas crianças ou animais para passear ou frequentando a igreja. Com a pesquisa de opinião constatou-se que 60% dos frequentadores possuem idade entre 41 e 60 anos (Figura 21B), sendo que 70% utilizam a praça para descanso, outros para encontrar amigos ou ler. O público idoso (> 60 anos) foi de apenas 20% (Figura 23B), eles reclamam da falta de opção pa