MMaarrccooss JJaaccoobboovvii ttzz BIOLOGIA MOLECULAR-TÉCNICA PCR. MONITORAÇÃO DO EFEITO DE CURATIVOS DE DEMORA À BASE DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO NA MICROBIOTA DE CANAIS RADICULARES EM DENTES DE HUMANOS PORTADORES DE LESÃO PERIAPICAL CRÔNICA Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do título de Doutor em Endodontia. Orientadora: Profa. Dra. Izabel Yoko Ito ARARAQUARA 2003 2 DDaaddooss CCuurrrrii ccuull aarreess MMaarrccooss JJaaccoobboovviittzz NASCIMENTO 3.7.1965 – RECIFE/PE FILIAÇÃO David Jacobovitz Netto Lêda Jacobovitz 1984/1986 Curso de Graduação Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco 1987/1989 Curso de Graduação Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP 1990/1991 Curso de Pós-Graduação em Endodontia, nível de Especial ização na Escola de Aperfeiçoamento Prof issional da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas - Regional de Araraquara 1992/1996 Curso de Pós-Graduação em Endodontia, nível de Mestrado, na Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP 1997/2003 Professor do Curso de Especial ização em Endodontia da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas - Regional de São Carlos 1999/2003 Curso de Pós-Graduação em Endodontia, nível de Doutorado, na Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” 3 Dedicatória Este trabalho é dedicado a meus pais David Jacobovitz Netto ( in memoriam) e Lêda Jacobovitz . Aqueles que me possibi l i taram a vida, o desenvolvimento, a formação, o equilíbrio e o permanente estado de fel icidade interna, apesar das adversidades que possam aparecer. Obrigado pela escola, obrigado pelo exemplo, obrigado pelos pi lares. É, ainda, dedicado a outra modalidade de “pais”: aqueles que transmitem conhecimento, f i losof ia e formação. Personal idades aqui latadas pela intel igência, sabedoria e amor ao próximo. Ícones que carregam em suas costas e corações, uma legião de indivíduos formados e envolvidos na luta em prol de uma Odontologia de ponta. Parece simples, mas sem esquecermos que para tal propósito há que se optar pela total absorção à vida acadêmica em detr imento da t ranqüi l idade de uma vida comum. Prof. Dr. Mario Roberto Leonardo , Profa. Dra. Izabel Yoko Ito , Profa. Dra. Lea Assed Bezerra da Silva : obrigado pela escola, obrigado pelo exemplo, obrigado pelos pi lares. Finalmente, este trabalho é dedicado a aquelas pessoas também responsáveis pela minha plenitude, vontade de ir à luta e por aquele sorriso interior que carrego ( já referido alí em cima, no primeiro parágrafo): Daniela , minha esposa, Bruno meu f i lho, e, ao que virá : obrigado pela escola, obrigado pelo exemplo, obrigado pelos pi lares. 4 Agradecimentos Professores da Discipl ina de Endodontia do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP: Prof. Dr. Mário Roberto Leonardo , Prof. Dr. Roberto Miranda Esberard , Prof. Dr. Idomeo Bonetti Filho , Prof. Dr. Renato de Toledo Leonardo , Prof. Dr. Mário Tanomaru Filho , Prof. Dr. Fabio Luiz Camargo Vilella Berbert , pelo espír i to fraternal, pela dedicação e pela genti l acolh ida Prof. Dr. Ariano Penteado Simões Filho ( in memoriam) e Prof. Dr. Jayme Maurício Leal . Entusiastas da Endodontia. Também responsáveis por esta minha conquista. Prof. Dr. Reginaldo Bruno Gonçalves e da colega C.D. Marlise Inêz Klein da Discipl ina de Microbiologia do Departamento de Diagnóst ico Oral, FOP-UNICAMP - Piracicaba-SP pela cessão de espaço físico, disponibi l idade pessoal e “ombro”, quando da anál ise laboratorial dos espécimes objetos deste estudo. Apesar da fase atribulada pela qual passavam, não mediram esforços para assist i r à concretização do presente trabalho. A vocês, meu respeito e admiração. 5 Profa. Gisele Faria do Departamento de Clínica Infanti l da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto -USP, pela análise estatística dos dados aqui apresentados. Grato pela disposição e amizade. Prof. Dr. Otavio Henrique Thiemann do Grupo de Cristalografia (GC) do IFSC (USP-Campus de S. Carlos) e Profa. Dra. Ana Paula Ulian de Araújo do Grupo de Biofísica Molecular (BIO) do IFSC (USP-Campus de São Carlos) pelos meus primeiros passos nesta empreitada. Prof. Dr. Raphael Carlos Comelli Lia – Lelo . Magnitude e simpl ic idade em um só indivíduo. Grato pela acolhida e arranque in ic ia l em minha v ida acadêmica. Prof. Dr. Carlos Benatti Neto e Profa. Dra. Maria Rita Brancini de Oliveira : grato pelas oportunidades que aqui me conduziram. Grato pelo espaço que me deram em seus corações. Ao amigo, C.D. Paulo Tadeu da Silva : por todas as lutas travadas em conjunto. 6 Funcionários do Departamento de Odontologia Restauradora: Sra. Célia Regina Fachine Sanches Silva , pela amizade e prof issional ismo com que conduziu a digitação deste trabalho, e a Pedro Decário , Mercedes Emilia Rimoldi Guellis , Ivone Fornazari Domingues e Edison Luiz Mori . Seção de Pos-Graduação - Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP: Mara Cândida Munhoz do Amaral , Rosangela Ap. Silva dos Santos , Silvia Regina Rodrigues Soares de Azevedo e Vera Lucia Perruci Roque . Funcionários da Bibl ioteca da Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP: Maria José Peron , pelo empenho sempre acompanhado de um sorriso, quando da revisão catalográfica deste trabalho, e demais amigos: Maria Helena Matsumoto Komatsi Leves, Ceres Maria Carvalho Galvão de Freitas, Marley Cristina Chiusoli Montagnoli, Eliane Cristina Marques de Mendonça Spera, Maria Aparecida Capela Carvalho, Odete Aparecida Camilo, Adriano Ferreira Luiz, Eliane Maria Sanches Scarso, Maria Inês Carlos, Silvia Helena Acquarone Lavras . 7 Profa. Dra. Miriam Aparecida Onofre e Sra. Regina Sgobbi , do Comitê de Ética Profissional (CEP) da Faculdade de Odontologia de Araraquara, pela receptividade, orientação, paciência e carinho. Aos colegas de turma do Curso de Pós Graduação em Odontologia, nível Doutorado, área de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP (turma 1999-2003): Antônio Roberto Salgado , Carlos Augusto Santos César , Celso Emanoel de Souza Queiroz , Etevaldo Matos Maia Campos , Janir Alves Soares , Marcone Reis Luiz . Aos demais colegas dos Curso de Pós- Graduação da Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP. Aos alunos do Curso de Especialização em Endodontia da EAP-APCD, Regional de São Carlos, pelo apoio direto neste trabalho, carinho e amizade. 8 Agradecimentos Institucionais Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), na pessoa do Digníssimo Reitor Prof. Dr. José Carlos Souza Trindade Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP, na pessoa do Digníssimo Diretor, Prof. Dr. Ricardo Samih Georges Abi Rached . Grupo de Biofísica Molecular (BIO) do Instituto de Física de São Carlos - Universidade de São Paulo (USP), Campus de São Carlos. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo auxíl io pecuniár io. Disciplina de Microbiologia do Departamento de Anál ises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto -USP, Ribeirão Preto, SP. Disciplina de Microbiologia do Depto de Diagnóstico Oral , FOP-UNICAMP Piracicaba-SP Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas - Regional de São Carlos, na pessoa da digníssima presidente Dra. Wilma Yukiko Kawakame . E a todos os demais que contr ibuíram direta ou indiretamente na confec ção deste trabalho. 9 SSuumm áárrii oo INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 PROPOSIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 MATERIAL E MÉTODO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 RESULTADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Anexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Apêndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144 10 Introdução A Endodontia é a ciência e arte que envolve a etiologia, prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações patológicas da polpa e de suas repercussões na região periapical e conseqüentemente no organismo (Leonardo & Leal73, 1998). Quando o complexo dentino pulpar é agredido pela cárie dentária a polpa pode reagir de várias maneiras à presença dos microrganismos, podendo chegar a um processo inflamatório irreversível, sempre acompanhado por resposta imunoinflamatória periapical. Essa reação, de cunho defensivo, pode tornar-se letal a este órgão devido às alterações vasculares, somadas às suas peculiaridades anatômicas (a polpa é cercada por paredes inexpansíveis). Ocorrendo a necrose pulpar, surge um ambiente propício à invasão microbiana (gangrena), de microrganismos provenientes principalmente da cavidade bucal, através das lesões de cárie ou restaurações deficientes (Sundqvist139,1976, Sundqvist140,1992, Sundqvist141,1994). Esse processo, em fase mais tardia, resulta em consumo de oxigênio por espécies aeróbias, e principalmente por interações nutricionais entre espécies, gerando um shift microbiano e levando futuramente, à instalação de uma microbiota prevalentemente anaeróbia estrita ou facultativa (Sundqvist141, 1994; Haapasalo et al.56). A atividade reabsortiva na região periapical ocorre 11 concomitantemente com o fluxo de produtos, subprodutos, toxinas e fragmentos de células microbianas para este sítio, gerando destruição óssea resultante da interação entre os agentes patogênicos e o arsenal de defesa do hospedeiro, constituído de células imunocompetentes ativas e seus produtos, caracterizando as lesões periapicais 1,17, 97 A terapêutica endodôntica deve ser instituída, de acordo com cada fase da patogênese pulpo-periapical, assim, diagnosticar é preciso, para que se faça o uso correto e direcionado de agentes medicamentosos (Leonardo & Leal73, 1998). Os recentes avanços da Ciência e Tecnologia vêm imprimindo marcantes transformações nas diversas áreas do conhecimento. Grandes conquistas podem ser constatadas nas ciências aeroespaciais, bélica, e da informática. Em particular, as ciências biológicas dispõem atualmente de novas tecnologias, que permitem métodos de pesquisa revolucionários, entre estes, a bioengenharia que traz consigo novos materiais e instrumentos. A biologia molecular sinaliza com grandes avanços, possibil i tando a compreensão da “chave da vida”, o DNA, possibil itando a execução de técnicas sofisticadas como a própria clonagem de seres vivos. Na taxonomia, as técnicas de biologia molecular estão levando a descobertas de novas espécies de microrganismos, e consequentemente, de novas classificações, a partir de seqüências de nucleotídeos (constituintes dos ácidos nucléicos). A Endodontia tecnológica, que une aspectos técnicos 12 baseados em conhecimentos relacionados às ciências básicas, muito se beneficia deste contexto. Os aspectos microbiológicos que envolvem a patogênese da polpa e periápice,são estudados exaustivamente para determinação e conhecimento de espécies microbianas predominantes no sistema de canais radiculares infectados, norteando o tipo de terapêutica a ser empregada. Os líderes educacionais, responsáveis pela ciência endodôntica, deveriam ter um forte compromisso com o respeito ético ao paciente, isto é, buscar o elo que está sendo perdido entre a tecnologia e o desenvolvimento técnico desta especialidade. Assim, o aprimoramento de estratégias eficazes para a terapia endodôntica em casos de dentes portadores de gangrena pulpar e alterações imunoinflamatórias do periápice, depende diretamente da compreensão da microbiota que infecta o sistema de canais radiculares. À partir da análise pioneira de Mil ler86 da microbiota endodôntica em 1894, diversas são as técnicas, ao longo do século passado, uti l izadas na identif icação da microbiota dos canais radiculares: como cultura (Mil ler86, 1894; Brown & Rudolph20, 1957; Winkler & van Amerongen152, 1959; Keudell et al.69, 1976; Byström & Sundqvist21, 1981; Tronstad et al.147, 1987; Abou-Rass & Bogen1; 1998), microscopia de fase/campo escuro (Mil ler86, 1894; Brown & Rudolph20, 1957), Imunofluorescência (Assed8, 1993; Bohorques18, 1994), coloração de Brown & Brenn específicas para evidenciação de bactérias em 13 microscópio óptico (Bohorques18, 1994; Ribeiro111, 1997; Godoy47, 1999), microscópio eletrônico de varredura (Nair97, 1987; Tronstad et al146, 1990; Molven et al.89, 1991; Leonardo et al.76, 2002). Os microrganismos constituintes da microbiota de canais radiculares infectados, somente puderam ser isolados e estudados após o desenvolvimento de técnicas de colheita, transporte e cultura (Brown & Rudolph20, 1957; Socransky et al.132, 1959; Winkler & van Amerongen152, 1959; Sundqvist139, 1976; Haapasalo56, 1986; Sundqvist140, 1992). Até a década de 70, as bactérias mais comumente isoladas de canais radiculares infectados eram descritas como aeróbias e anaeróbias facultativas, como Streptococcus α hemolíticos, Streptococcus γ hemolít icos, Enterococcus, e menos freqüentemente S. aureus e Streptococcus β hemolíticos. As técnicas de cultura eram inadequadas para o isolamento de anaeróbios estri tos. Com o aprimoramento de técnicas de culturas em anaerobiose pôde-se constatar a grande representatividade de espécies bacterianas anaeróbias estritas na microbiota das infecções endodônticas (Kantz & Henry67, 1974; Keudell et al.69, 1976; Sundqvist140, 1992; Sundqvist141, 1994; Ribeiro111, 1997). A el iminação da microbiota de canais radiculares infectados,tem sido motivo de preocupação na Endodontia. Numerosos são os relatos sobre a avaliação da eficácia da instrumentação, soluções irr igadoras, e curativos de demora (Heithersay59, 1975; Tronstad et al.148, 1980; Bystrom & Sundqvist21, 1981; Anthony et al.6, 1982; Bystrom et 14 al.22, 1985; Barbosa et al.12, 1997; Almyroudi et al.4, 2002; Berbert et al.14, 2002; Gomes et al.48, 2002; Peters & Wesselink105, 2002; Tanomaru Filho et al.144, 2002). É sabido que, bactérias podem sobreviver aos efeitos do preparo biomecânico de canais radiculares de dentes com necrose pulpar e portadores de lesão periapical crônica, representando fator de risco para o prognóstico da terapêutica instituída. Assim uma estratégia antimicrobiana deve ser direcionada para a el iminação de microrganismos residuais, erradicando a infecção, reduzindo os riscos de fracasso (Leonardo 71, 72, 1967, 1975). Desta forma, o uso de medicação tópica intracanal, entre sessões, deve ser considerado essencial como complementação terapêutica na terapia endodôntica (Leonardo et al.75, 1992). O hidróxido de cálcio, dentre as substâncias medicamentosas empregadas como curativo de demora em endodontia, tem sido a mais indicada, devido às suas propriedades biológicas, tanto para tratamentos conservadores do tecido pulpar, como para tratamento de lesões periapicais crônicas. Porém, necessita de tempo para que, através da difusão dentinária dos íons hidroxil ia possa atingir a microbiota localizada no sistema de canais radiculares, biof i lme, cementoplastos além dos microrganismos da infecção extra-radicular, exercendo sua ação deletéria sobre estes (Horiba et al .62; 1990; Nerwich et al.100, 1993; Nagaoka et al.96, 1995; Ribeiro 111, 1997; Silveira119, 1997), e seus produtos (Safavi & Nichols115, 1993, Safavi & Nichols116, 1994; Nelson Filho 98,99, 2000, 2002). A eficácia da terapêutica empregada com medicamentos de 15 uti l ização intracanal deve também ser monitorada (Leonardo72, 1975; Cvek et al.28, 1976; Ørstavik104, 1981; Stevens & Grossman 135,1983; Bystrom et al.22, 1985; Ferraresi & Ito 40, 1990; Foreman & Barnes42, 1990; Sjogren et al.130, 1991; Stuart et al.136, 1991; Chong & Pitt Ford 25, 1992; Fava39, 1993; Leonardo et. al74, 1994; Estrela et al.38,36 ,37 , 1994, 1998, 1999; Siqueira & Uzeda121, 1996; Alencar et al.3, 1997; Barbosa et al.12, 1997; Silveira119, 1997; Siqueira & Uzeda122, 1997; Siren et al.129, 1997; Leonard o et al.79, 1999). Alguns estudos de identif icação de microrganismos da cavidade bucal, com o emprego das novas técnicas moleculares, apontam para a presença de espécies bacterianas jamais cult ivadas naquelas lesões específicas, demonstrando maior acuracidade que quaisquer das técnicas util izadas até hoje (Conrads et al.26, 1997; Sachs & Hotzel114, 1998; Gonçalves & Mouton52, 1999; Siqueira Jr. et al.124, 2000; Fouad et al.41, 2002; Munson et al.95, 2002). Para Kantz & Henry67 (1974), antes do advento das inovações das técnicas de coleta e cultura de microrganismos em anaerobiose, todos exames microbiológicos de canais radiculares falharam no isolamento de bactérias anaeróbias em níveis consideráveis, pois aqueles exames eram baseados na coloração de Gram, morfologia da colônia (culturas em aerobiose) e testes bioquímicos. Util izando a nova metodologia de cultura em anaerobiose, identif icaram Actinomyces israeli i , Bacteroides fragil is, Bacteroides melaninogenicus, Campylobacter sputorum, Eubacterium alactolyticum, Fusobacterium fusiformis, Fusobacterium varium, Peptococcus morbil lorum, Propionibacterium 16 acnes, Veil lonella parvula, além de várias outras. Nesse estudo não encontraram outras espécies de Actinomyces, bacilos anaeróbios formadores de esporos e treponemas. De acordo com Harper-Owen et al58 (1999), as espécies cultiváveis podem ser consideradas apenas nos estudos qualitativos de microrganismos. Em 1963, Socransky et al. 132 já alertavam para a imprecisão quanto às espécies que participam da colonização e patologia pulpar e periapical, afirmando naquela ocasião que 50% da microbiota oral não podiam ser cult ivadas. O desenvolvimento das técnicas moleculares trouxe um grande avanço para a microbiologia, podendo ser uti l izadas na endodontia para identificação de espécies bacterianas relacionadas ou não com a patogênese pulpar e periapical, até então não evidenciadas por meio das técnicas disponíveis (Menard & Mouton84, 1993; Conrads et al.26, 1997; Bogen & Slots 17, 1999; Gonçalves & Mouton52, 1999; Gonçalves et al.53,54, 1999; Gatti et al.45, 2000; Siqueira et al.128, 2000; Sunde et al.138, 2000; Jung et al.65, 2001; Rolph et al.113 2001; Fouad et al.41, 2002; Munson et al.95, 2002). Exemplo disto é Bacteroides forsythus, jamais descrito na l iteratura como participante das lesões endodônticas ou periodontais, até o emprego de biologia molecular, que evidencia esta espécie bacteriana como sendo um dos microrganismos mais freqüentes nestas patologias (Guillot & Mouton55, 1996; Conrads et al.26, 1997; Meurman et al.85 1997; Gonçalves & Mouton52, 1999; Gatti et al.45, 2000; Siqueira Jr. et al.128, 17 2000, Sunde et al.138 2000). A técnica PCR ("polymerase chain reaction", ou reação em cadeia da polimerase), é um dos métodos de biologia molecular idealizada em 1983 por Mull is et al.34,92 ,93 ,94, que visa sintetizar, à partir de uma tira matriz de DNA proveniente de qualquer amostra biológica, por meio de reação enzimática in vitro, amplif icações em grandes quantidades de seqüências específicas seccionadas daquele DNA, denominadas de amplicons ou produtos do PCR. A técnica permite identif icação da origem da amostra, com alto grau de sensibil idade. Diversas áreas da Ciência beneficiaram -se das aplicações do PCR. Útil na identif icação de microrganismos causadores de enfermidades; diagnóstico de doenças genéticas; na medicina forense, como meio para análise de vestígios mínimos de material biológico, viabil izando a identif icação de indivíduo do qual a amostra se originou (Alberts et al.2, 1997); pesquisa da evolução de espécies, além de outros empregos. Na Microbiologia sua importância é notória, identif icando taxonomicamente microrganismos, uma vez que os níveis de DNA microbiano presentes em amostras clínicas são freqüentemente muito baixos (Fredricks & Relman44, 1999). Devido ao fato de que cada microrganismo tem um único complemento de DNA (ou RNA), estas moléculas podem funcionar como uma “impressão digital”, ajudando em suas identificações (Jung et al.64, 2000). 18 A vantagem da técnica está na rápida execução, e pode ser encarada como ferramenta adicional: se a adoção de testes bacteriológicos (baseados em culturas), outrora refutados (Leonardo72, 1975), por não representar com exatidão correspondência com a microbiota endodôntica em tempo real, nos dias de hoje, pode-se lançar mão destas técnicas como complemento, no sentido de identif icar a microbiota com agil idade, e direcionar o arsenal terapêutico contra microrganismos patogênicos (Pseudomonas aeruginosa, Enterococcus faecalis, leveduras29 e bactérias entéricas com resistência intrínseca). Chong & Pitt Ford25 (1992) em revisão de l i teratura sobre curativos de demora em Endodontia, apontaram para a necessidade de testes bacteriológicos em casos refratários ao tratamento endodôntico, auxi l iando na seleção da medicação mais apropriada. A eficácia de novos medicamentos empregados como curat ivo de demora, pode (e deve) ser checada por estas técnicas. Os implementos desenvolvidos em decorrência de grandes saltos tecnológicos da Ciência, são de grande valor no tratamento de canais radiculares. Com o advento das técnicas moleculares, vislumbra-se uma nova fase da Endodontia tecnológica, onde o operador possa estar identif icando microbiota específica das pulpoperiapicopatias, com segurança e precisão, direcionando terapias apropriadas e elevando índices de sucesso de seus tratamentos. 19 Revisão da literatura § M i c r o b i o t a d a s p a t o l o g i a s p u l p a r e s e p e r i a p i c a i s Mi l ler86 (1894), em trabalho pioneiro, inicia uma l inha de estudo das patologias pulpares, correlaciondo-as à presença de bactérias. Profetizou que a nova abordagem, relacionando microrganismos às patologias pulpares, poderia apresentar não apenas valor experimental, mas aplicabil idade no tratamento de condições patológicas dos dentes e tecidos vizinhos. Brown & Rudolph20 (1957), selecionaram 70 pacientes cujos dentes apresentavam ausência de: exposição pulpar, lesões cariosas profundas, defeitos anatômicos, restaurações extensas, envolvimento periodontal e história de trauma, para estudo da microbiota pulpar. Efetuando culturas em aerobiose e anaerobiose e avaliação direta dos espécimes por microscopia de fase/contraste e campo escuro, observaram microrganismos em 90% dos casos. Apontaram para o fato que microrganismos não cult iváveis (anaeróbios estritos), podem ser observados na microscopia, enfatizando a importância das técnicas alternativas na evidenciação das bactérias. Pela cultura encontraram 51,3% de anaeróbios facultativos, 23,9% de anaeróbios obrigatórios e 20 23,9% de aeróbios respectivamente presentes nos canais radiculares infectados. Winkler & van Amerongen152 (1959), apresentaram os resultados bacteriológicos de 4000 culturas de canais radiculares. Relataram o isolamento de estreptococos em 63% dos casos: hemolít icos, estreptococos facultativos, principalmente, perte ncentes aos grupos sorológicos F, G e C, e estreptococos do grupo D (especialmente o Streptococcus l iquefaciens) e Streptococcus mitis. Kakehashi et al.66 (1965), observaram as alterações patológicas resultantes de exposições pulpares em ratos germ-free , comparadas com aquelas em ratos convencionais com microbiota normal. Os períodos pós-operatórios analisados variaram de 1 a 42 dias. Os animais foram mortos e as maxilas removidas processadas e corados pelas técnicas hematoxil ina-eosina, tr icrômico de Masson e Brown & Brenn. Em animais convencionais foi observada, a partir do oitavo dia, vital idade pulpar apenas na metade apical. Em casos de períodos mais prolongados, constataram necrose pulpar total com formação de granulomas e abscessos em todos espécimes. Em contrapartida, nos animais germ-free , não observaram necrose pulpar, granulomas apicais ou abscessos. A formação de ponte dentinária foi vista à partir do 14o dia. Concluíram, então, que a presença ou ausência de microbiota é o fator 21 primordial na reparação pulpar em roedores. Leonardo71 (1967), salientando as regiões do sistema de canais radiculares em que os microrganismos podem se propagar (zonas de propagação bacteriana), teceu considerações em torno dos métodos util izados para tratamento de canais radiculares de dentes despulpados e infectados. Evidenciou o valor temporário do preparo biomecânico na desinfecção, sugerindo a importância da aplicação tópica de medicação, tornando o canal radicular propício à recepção do passo subseqüente: a obturação. Berg & Nord15 (1973), em estudo in vivo, uti l izaram técnica especial de colheita para anaeróbios em dentes infectados de humanos, empregaram mistura gasosa de 3% de hidrogênio em nitrogênio, apl icada sobre o campo operatório (coroa e canal radicular), obtendo maior quantidade de bactérias anaeróbias, que as técnicas convencionais. Kantz & Henry67 (1974), coletaram amostras de 24 dentes necrosados de humanos com cavidade pulpar intacta de 20 pacientes. Desenvolveram nova metodologia para manter a anaerobiose durante a coleta de amostras de canais radiculares, como também para o transporte e identif icação. Isolaram um total de 104 anaeróbios de 377 microrganismos, entre eles: Actinomyces israeli i, Bacteroides fragil is, 22 Bacteroides melaninogenicus, Campylobacter sputorum, Eubacterium alactolyticum, Fusobacterium fusiformis, Fusobacterium varium, Peptococcus morbil lorum, Propionibacterium acnes, Veil lonella parvula. Porém não encontraram outras espécies de Actinomyces, bacilos anaeróbios formadores de esporos e treponemas. Em 1975, Leonardo72 apontou para a controversa questão da importância do teste bacteriológico negativo de canais radiculares no momento de sua obturação, considerado de importância pela l i teratura. O autor comparou os resultados obtidos pelo tratamento de canais radiculares de dentes despulpados infectados e com reação periapical, obturados, quer com testes bacteriológicos negativos ou positivos. Efetuando o controle clínico radiográfico por um período mínimo de dois anos, concluiu que não existe diferença estatística significante entre os resultados obtidos. Keudell et al.69 (1976), analisaram a microbiota isolada de cavidades pulpares de 55 dentes de humanos (dos quais 13 com vital idade pulpar e 42 com necrose pulpar). As amostras foram colhidas dos dentes sob fluxo de dióxido de carbono (97%) e hidrogênio (3%) l ivre de oxigênio, direcionada ao redor da abertura coronária. A técnica de identif icação microbiológica uti l izada foi a preconizada pelo Laboratório de Anaerobiose do Instituto Po litécnico da Virgínia (VPI), para detecção 23 de anaeróbios obrigatórios. Anaeróbios facultativos foram identificados por procedimentos convencionais. Não foram detectadas bactérias anaeróbias nos 13 dentes com vital idade pulpar. Dos dentes com necrose pulpar, 64% apresentavam anaeróbios obrigatórios, indo ao encontro de achados microbiológicos relatados por outros autores. Sundqvist139 (1976), avaliou a microbiota endodôntica, uti l izando a técnica de cultura de microrganismos anaeróbios (câmara de anaerobiose com mistura de gases: hidrogênio, dióxido de carbono e nitrogênio, e eliminação catalít ica do oxigênio e umidade relativa entre 30 e 50%). Para isso selecionou 32 dentes expostos a traumatismos. Destes, 19 apresentavam lesões periapicais evidentes, radiograficamente visíveis, com variação de 2 a 10mm de diâmetro. Os demais (13 dentes) não apresentaram imagens de lesões periapicais. Dos dentes com lesão periapical, detectaram microrganismos em 18, e nenhum em dentes sem lesão. Ao todo, 88 cepas bacterianas foram isoladas e constatou que quanto maior a lesão, maior o número de espécies bacterianas encontradas. Dentes portadores de quadros agudos, também, apresentavam maior número de bactérias. Bystrom & Sundqvist21 (1981), avaliaram a eficácia da instrumentação manual em 15 dentes unirradiculados, portadores de necrose pulpar e lesão periapical, empregando como solução irr igadora o 24 soro fisiológico. Verif icaram que o número de espécies bacterianas por canal radicular variou de 1 a 10, a média de células foi de 4 X 105, variando de 102 a 107, e os anaeróbios obrigatórios representavam 88% da amostragem. Após cada preparo biomecânico, o número de células bacterianas nos canais radiculares reduziu de 102 a 103. Após quatro preparos biomecânicos, 47% da amostragem ainda apresentou crescimento bacteriano. As espécies mais comumente isoladas foram Peptostreptococcus micros, Fusobacterium nucleatum , Prevotella oralis, Peptostreptococcus anaerobius , Eubacterium alactolyticum e Prevotella intermedia . Os canais radiculares que permaneceram infectados ao final dos vários preparos biomecânicos,foram aqueles com elevado número de bactérias na amostra inicial. Morse91 (1981), realizou estudo onde caracterizou a microbiota relacionada às patologias da polpa e periápice. De acordo com o autor, antes de 1970, as espécies mais comumente isoladas dos canais radiculares eram de estreptococos de grupo alfa -hemolít icos (aeróbios facultativos gram -positivos), que eram isolados usando técnicas de cultura padronizadas em aerobiose. Posteriormente, com o advento de novas técnicas de colheita, transporte e cultura em anaerobiose, constataram considerável população de bactérias anaeróbias estritas em canais radiculares infectados. 25 Nair et al.97 (1987), avaliaram a microbiota do canal radicular e região periapical em 31 dentes infectados de humanos, portadores de necrose pulpar e lesão periapical crônica usando microscópio óptico e microscópio eletrônico de transmissão. 80,8% dos dentes estavam assintomáticos e todos os canais radiculares apresentaram microbiota mista. Das lesões avaliadas, apenas quatro granulomas e um cisto apresentaram bactérias localizadas intra e extracelularmente. Notaram predomínio de cocos, bacilos e formas fi lamentosas, e menos freqüentemente, densos agregados de bactérias aderidas à parede dentinária ou l ivres, cercadas de PMN. Em alguns segmentos havia várias camadas de bactérias condensadas, consistindo de vários morfotipos, com as formas fi lamentosas e cadeias de cocos se orientando perpendicularmente à parede do canal. Raramente, quando espessas o bastante, eram vistas pelo microscópio óptico, como estrutura em paliçada. Quatro granulomas continham bactérias no seu interior, caracterizando actinomicose. Em três casos, a placa bacteriana constituída por cocos, bacilos, fi lamentosos e espiroquetas, estendia-se pelo corpo da lesão, causando, diversos graus de necrose tecidual ou resposta inflamatória aguda. Ocorreu uma lesão cística, onde, em seu lúmen foram observadas bactérias isoladas e agregadas. Observaram numerosos neutrófi los contendo fi lamentosos em seu interior. Apenas em uma amostra, a microbiota na área do forame apical não estava separada do corpo da lesão por barreira de PMNs ou tecido da lesão, sendo 26 considerado “granuloma dormente”. Tronstad et al.147 (1987), examinaram a presença de bactérias em 8 dentes com lesões periapicais e assintomáticas, refratárias ao tratamento endodôntico convencional. O acesso às lesões periapicais foi conseguido por meio de técnicas cirúrgicas assépticas. Curetas esterilizadas foram uti l izadas para a coleta do tecido mole das lesões e cortes superficiais das porções apicais. Uti l izaram o meio para transporte VMGA III de Moller, e as culturas efetuadas em anaerobiose. Evidenciaram o crescimento bacteriano nas amostras das 8 lesões, dentre as quais 2 apresentaram, exclusivamente, bactérias anaeróbias e 5 lesões estavam intensamente colonizadas por anaeróbios. Encontraram espécies de Bacteroides pigmentados de negro, assim como, baci los anaeróbios gram -positivos e cocos. Espécies de estreptococos facultativos,foram raramente isolados. Concluíram que bactérias anaeróbias são capazes de sobreviver e manter o processo infeccioso nos tecidos periapicais. Ando & Hoshino5 (1990), investigaram a presença e os tipos de bactérias invasoras de camadas profundas (0,5 a 2,0mm da superfície da parede do canal radicular) de dentina de canais radiculares infectados de 8 dentes de humanos, recém -extraídos. Encontraram bactérias anaeróbias obrigatórias em 80% dos casos, com predominância 27 dos gêneros Lactobacil lus e Streptococcus. Não encontraram nenhuma cepa de bacilos anaeróbios gram -negativos nas camadas profundas de dentina. Concluíram que a microbiota de camadas profundas da dentina apresenta similaridade com aquela coletada das camadas profundas de lesões cariosas de dentina coronária. Horiba et al.62 (1990), avaliaram a distr ibuição de endotoxina nas paredes de canais radiculares de dentes infectados, examinando o pó de dentina destas regiões, em várias profundidades. Os dentes com reação periapical radiograficamente visível apresentaram maior conteúdo de endotoxinas, que foram quantif icadas através de método colorimétrico. O conteúdo de LPS foi significativamente mais elevado em amostras da superfície da parede pulpar até 300µm em profundidade. Detectaram para todas as amostras a presença de endotoxinas. van Winkelhoff et al.149 (1992), teceram considerações quanto a espécies de bacteróides pigmentados de negro do gênero Porphyromonas: P. gingivalis, P. endodontalis e P. assacharolytica, que diferenciam -se por suas características bioquímicas. P. endodontalis é um bacilo não fermentativo, que exige fatores de crescimento, e é uma espécie caracterizada pela alta sensibil idade ao O2, baixa virulência, resistência à fagocitose. 28 Drake et al.32 (1994), analisaram o efeito da camada residual (smear layer) sobre a retenção de bactérias usando um modelo in vitro de colonização bacteriana do canal radicular. Uti l izaram 26 caninos extraídos de humanos, submetidos à biomecânica pela técnica de recuo progressivo, uti l izando solução de NaOCl a 2,5%. Em seguida os dentes foram randomicamente, divididos em dois grupos, baseados no t ipo de solução irr igadora f inal, a saber: I-20mL de solução salina esteri l izada ou II-10mL de EDTA seguido de 10mL de NaOCl a 2,5%, para a remoção da camada residual (para o segundo grupo). Como indicador ut i l izaram o Streptococcus anginosus (milleri) em alíquotas de 3,0µL contendo 106ufc. Os dentes inoculados e incubados foram seccionados e processados para análise microbiológica. Houve diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos testados: 104ufc para dentes com camada residual preservada e 105ufc para aqueles sem camada residual. Sugeriram que a camada residual produzida durante o preparo biomecânico pode inibir a colonização bacteriana dos canais radiculares. Ainda, sugeriram que a camada residual pode bloquear a entrada de bactérias em túbulos dentinários. Sundqvist141 (1994), em estudo taxonômico concluiu que durante o curso da infecção endodôntica, inter-relações nutricionais (cadeia al imentar) se desenvolvem entre espécies microbianas, e os 29 shifts microbianos ocorrem como resultado destas relações. A patogenicidade da microbiota polimicrobiana do canal radicular é dependente do sinergismo microbiano. Nagaoka et al.96 (1995), no intuito de estudar o padrão de invasão bacteriana de túbulos dentinários uti l izaram 19 pares de dentes de humanos (3os molares) com ou sem vital idade pulpar. Em cada caso, 30 ou 50 dias antes da exodontia, foram feitas, unilateralmente, pulpectomias e obturações dos canais. Cavidades de classe V envolvendo tecido dentinário foram confeccionadas na face palatina de cada dente (bilateralmente), e deixadas sem proteção e em contato com a microbiota oral, até que as extrações fossem realizadas. Postularam assim que dentes com vitalidade pulpar foram mais resistentes à invasão bacteriana dos canalículos dentinários comparados a aqueles dentes que passaram pelo tratamento endodôntico, sugerindo que polpas vitais exercem importante papel no impedimento de colonização bacteriana dos túbulos dentinários. Assed et al.10 (1996), por meio de técnica de imunofluorescência indireta, estudaram a presença de 4 espécies bacterianas, Actinomyces viscosus, Prevotella intermedia, Fusobacterium nucleatum e Porphyromonas gingivalis em materiais colhidos antes da realização do preparo biomecânico de canais radiculares, de 25 dentes de 30 humanos com lesão de cárie, polpa necrótica e presença de reação periapical radiograficamente visível. A câmara coronária foi acessada sob condições assépticas, sendo o material recolhido com pontas de papel esteri l izadas e colocadas em tubos de ensaio com fluido para transporte reduzido (RTF). Relataram que a reação de imunofluorescência indireta foi positiva em 24 de 25 amostras. Quatorze foram posit ivas para a espécie Actinomyces viscosus, 12 para Prevotella intermedia, 10 para Fusobacterium nucleatum e 4 para Porphyromonas gingivalis. Concluíram que a técnica uti l izada para detecção de microrganismos apresentou maior acuracidade, se comparada às técnicas convencionais de cultura, além de ser uma técnica de rápida execução para detecção de anaeróbios em canais radiculares. Gomes et al.50 (1996), observaram que determinadas espécies bacterianas da microbiota endodôntica,estão relacionadas à presença de sinais e sintomas de origem endodôntica. Correlacionaram a presença de Prevotella spp/ Peptostreptococcus spp, Prevotella melaninogenica/Peptostreptococcus spp e Peptostreptococcus micros/ Prevotella melaninogenica à dor espontânea; Peptostreptococcus micros/ Prevotella spp, relacionados à inflamação periodontal e, Prevotella spp/ Eubacterium spp e Peptostreptococcus spp/ Eubacterium spp, nos casos de canais úmidos. Concluíram que as bactérias gram -negativas são de fundamental importância clínica, pois as endotoxinas podem ser l iberadas 31 no meio, ativando fator de Hageman e ativando a formação de bradicinina, potente mediador da dor. Bae et al.11 (1997), estudaram a ocorrência de Prevotella intermedia e Prevotella nigrescens em infecções endodônticas uti l izando a técnica sulfato dodecil de sódio poliacrilamida gel-eletroforese (SDS- PAGE) para a detecção da totalidade das proteínas celulares destas bactérias, possibil itando a distinção entre espécies. Isolaram 56 cepas de bacilos pigmentados de negro(BPN) provenientes de infecção endodôntica, previamente identif icadas como P. intermedia. Com o uso desta técnica laboratorial, puderam distinguir as duas espécies, através das diferenças de pesos moleculares, registrados em dife rentes bandas no processo de gel-eletroforese. Das 56 cepas de BPN, 41 (73,2%) foram identif icadas como P. nigrescens e 15 (28,8%) como P. intermedia. Concluíram que P. nigrescens (e não P. intermedia), apresenta -se como o BPN mais comumente isolado de infecção de origem endodôntica. Ribeiro111 (1997), analisou a distribuição das bactérias nas estruturas mineralizadas de dentes portadores de necrose pulpar e nos granulomas apicais. Uti l izou 32 raízes dentárias com lesões periapicais f i rmemente ader idas a seus ápices e 16 lesões isoladas, em cortes para f ins de diagnóstico microscópico com laudos conclusivos de granulomas apicais. Os espécimes foram analisados pelo microscópio óptico. 32 Evidenciaram alta freqüência de bactérias gram -positivas e gram - negativas no lume do canal principal e nas ramificações constituintes do delta apical, e também, em menor proporção nos túbulos dentinários, cementoplastos, superfície radicular externa e nos granulomas apicais. Sugeriu a necessidade do preparo biomecânico auxil iado por substâncias químicas antibacterianas, emprego de curativo de demora, além de adequado selamento do canal radicular em tratamentos de dentes com necrose pulpar e lesão periapical crônica. Abou-Rass & Bogen1 (1998), estudaram a microbiota de lesões periapicais após uma seleção criteriosa de casos clínicos cujas lesões não apresentassem quaisquer possibi l idades de comunicação com a microbiota da cavidade oral,denominadas lesões fechadas. Treze casos de setenta, indicados para cirurgia parendodôntica foram selecionados para o estudo. Três amostras de cada caso foram coletadas pelo mesmo clínico: amostra 1- colhida com pontas de papel esteri l izadas da periferia da lesão; amostra 2- porção do tecido inflamado e enucleado, e a amostra 3 - coletada com pontas de papel esteri l izadas, do ápice, após a enucleação do tecido patológico. Todos os materiais foram submetidos à técnica de cultura anaeróbia. Em todos os 13 casos, as amostras coletadas do ápice mostraram presença de 63,6% de anaeróbios obrigatórios e 36,4% de anaeróbio facultativos. Com relação às espécies bacterianas foram encontrados 31,8% de Actinomyces sp., 22,7% de 33 Propionibacterium sp., 18,2% de Streptococcus sp., 13, 6% de Staphylococcus sp., 4,6% de Porphyromonas gingivalis, 4,6% de Peptostreptococcus micros e 4,6% de bactérias entéricas gram -negativas. Mostraram que lesões periapicais fechadas abrigam bactérias e que a dif iculdade em erradicar os microrganismos do canal radicular durante o tratamento endodôntico, somados aos fatores anatômicos, pode facilitar a colonização do ápice radicular e tecidos periapicais circunjacentes, inibindo a reparação. Bonifácio19 (2000), uti l izando o microscópio eletrônico de varredura observou a prevalência de biofi lme apical bacteriano em 100% das amostras de dentes de humanos portadores de reação periapical radiograficamente visível, associado à formação de zonas de reabsorção (crateras apicais), no entanto em dentes diagnosticados como portadores de polpas vitais, ou necrosados sem reação periapical visível radiograficamente (Grupos I e II) apresentavam normalidade estrutural e ausência de biofi lme bacteriano apical. Peters et al.107 (2002) investigaram as combinações entre bactérias encontradas naas infecções endodônticas em dentes portadores de lesões periapicais sem sintomatologia nem sinais clínicos. Uti l izaram amostras provenientes de 58 canais radiculares que foram cult ivadas em anaerobiose, sendo os microrganismos contados e classif icados. Oitenta 34 e uma combinações entre microrganismos foram encontradas e testadas em relação simbiótica, uti l izando o teste exato de Fisher e Cálculo de razão de Odds. Todas as amostras continham microrganismos com uma média de ufcs/mL (-1) de 8 x 10(4) por amostra. Espécies anaeróbias estritas foram encontradas em 87% de toda microbiota. As espécies bacterianas mais prevalentes foram Prevotella intermedia, Peptostreptococcus micros e Actinomyces odontolyticus, presentes em 33, 29 e 19% respectivamente, dos canais radiculares testados. Uma signif icativa relação (p<0.05) e uma razão de Odds>2, foram encontradas entre P. intermedia e P. micros, P. intermedia e P. oralis, A. odontolyticus e P. micros, Biffidobacterium spp. e Veillonella spp. Concluíram que patógenos que contaminam o endodonto não ocorrem de maneira randômica, mas são encontrados em combinações específicas. 35 § O u s o d o h i d r ó x i d o d e c á l c i o e a s s o c i a ç õ e s n a r e d u ç ã o m i c r o b i a n a d e c a n a i s r a d i c u l a r e s i n f e c t a d o s Nygren102 (1838), é apontado como o autor do primeiro trabalho sobre o uso de hidróxido de cálcio contra afecções infecciosas dos dentes, preconizando seu uso para tratamento de fístulas dentais. Em 1920, Herman introduz o hidróxido de cálcio na odontologia, empregando o Calxyl para capeamento de polpas expostas, observando reparo73. Rhoner110 (1940), pesquisa a util idade do Calxyl na obturação de canais radiculares. No seu estudo in vivo, foram uti l izados 20 dentes de humanos, submetidos à pulpectomia e preenchidos com o material. Posteriormente, foram analisados histologicamente 18 dentes, dos quais 13 considerados como casos de sucesso. Frank43 (1966), apresentou 3 casos clínicos, demonstrando o benefício do uso de pasta à base da associação de hidróxido de cálcio e paraclorofenol canforado no tratamento de dentes despulpados portadores de lesões periapicais e na rizogênese incompleta por induzir formação apical. 36 Binnie & Rowe 16 (1973), induziram infecção em canais radiculares de dentes de cães, e após a realização do preparo biomecânico, obturaram com cimento de Grossman, Calxyl ou pasta de Ca(OH)2 veiculada em água desti lada. Observaram que este últ imo material proporcionou melhores resultados frente ao quadro infeccioso. Concluíram que o hidróxido de cálcio é um material biológico para obturação de canais radiculares. Heithersay59 (1975), relacionando os benefícios do emprego do hidróxido de cálcio em dentes de humanos portadores de polpa necrótica e lesão periapical, concluiu que seu emprego simplif ica o tratamento, e também colabora com a reparação tecidual. Kawahara et al.68 (1975), estudaram a eficácia antimicrobiana de concentrações reduzidas de paraclorofenol em solução aquosa contra 3 espécies bacterianas: o Streptococcus faecalis o Streptococcus mitis e o Staphylococcus epidermidis em câmaras coronárias de dentes extraídos de humanos. Observaram que, em pequenas doses (10µL de solução aquosa a 2%), o produto teve ação ótima sobre a redução bacteriana em até 72h contra todas as espécies uti l izadas. Com estes resultados alertaram que o paraclorofenol não deve ser uti l izada em altas concentrações (com o no caso da associação com a cânfora, com relação de 3,5:6,5) devido ao seu efeito deletério sobre os 37 tecidos vivos, e também por ser eficaz em quantidades reduzidas. Cvek et al.28 (1976), uti l izaram 141 incisivos permanentes de humanos, com rizogênese completa ou não, sem vital idade pulpar, com ou sem reações periapicais radiograficamente visíveis. Avaliaram o efeito do tratamento endodôntico, clínica, microbiológica e radiograficamente. Os casos foram divididos em três grupos, de acordo com a solução irrigadora empregada: (I) soro fisiológico, (II) líquido de Dakin e, (III) solução de hipoclorito de sódio a 5%. Todos os canais foram preenchidos na mesma sessão com hidróxido de cálcio veiculado em ringer, sendo analisados após os períodos de 3 e 6 meses. No período de observação inicial constataram ausência de crescimento bacteriano em 90% dos casos, independente da condição pré-tratamento. Monitoraram as espécies bacterianas encontradas (com testes bioquímicos para bactérias aeróbias e análise cromatografia gasosa para anaeróbios) após o preparo biomecânico, e a uti l ização do curativo. Julgaram ser o hidróxido de cálcio eficaz em sua propriedade antimicrobiana, independente do acréscimo de quaisquer outras substâncias que pudessem lhe conferir potencialização. Martin & Crabb82 (1977), real izaram uma revisão sobre o uso do hidróxido de cálcio como material endodôntico, e seu papel na endodontia conservadora. Com relação às suas propriedades 38 antimicrobianas, sugeriram o uso desta substância como alternativa ao uso de derivados fenólicos, apontando a ação higroscópica sobre a exsudação persistente quando usado no interior de canais infectados. Holland et al.60 (1978), testaram o poder antimicrobiano dos vapores do tr icresol formalina, paramonoclorofenol, paramonoclorofenol canforado, paramonoclorofenol + furacin, creosoto de faia, eugenol e da cresatina, contra microrganismos isolados de canais infectados de dentes de humanos. Realizaram testes microbiológicos por contato e à distância e mostraram eficiência do tricresol formalina e do paramonoclorofenol (tanto por contato como à distância). O paramonoclorofenol canforado, paramonoclorofenol + furacin, e o creosoto de faia apresentaram ação antibacteriana apenas por contato, e, por f im, o eugenol e a cresatina, não atuaram à distância e apresentaram pequena ação antimicrobiana por contato. Martins et al.83 (1979), estudaram em 60 dentes de humanos, com necrose pulpar, a ação antibacteriana de alguns curativos empregados em tratamentos endodônticos: pasta de hidróxido de cálcio, paramonoclorofenol aquoso a 1%, e mistura de ambos, uti l izados após a biomecânica, em períodos de 48 e 72h. Após a colheita, as amostras, foram submetidas a culturas em meio tioglicolato de Brewer, incubadas a 37OC, por 7 dias, após os quais foram feitos esfregaços corados pelo 39 método de Gram. Os melhores resultados da redução da microbiota foram atribuídos à associação hidróxido de cálcio/paramonoclorofenol aquoso a 1%, seguido da pasta de Ca(OH)2 e paramonoclorofenol a 1% (aplicado em cone de papel). Costa et al.27 (1981), analisaram a evolução clínica de 13 canais radiculares em dentes de humanos portadores de extensas lesões periapicais, submetidas ao preparo biomecânico e preenchimento com hidróxido de cálcio associado ao paramonoclorofenol canforado. Após proservações de 2 a 10 meses, constataram reduções dimensionais das lesões e executaram as obturações definit ivas. Sugeriram que o curativo à base de hidróxido de cálcio pode potencializar o processo de reparação de dentes com lesões periapicais. Anthony et al.6 (1982), em estudo in vitro, utilizando dentes extraídos de humanos, avaliaram o pH de pastas de Ca(OH)2 quando associado aos seguintes veículos: (a) cresatina, (b) PMCC e (c) soro f isiológico, nos períodos de 6, 24, 48 e 72 horas e 1 e 2 semanas. Concluíram que as pastas de Ca(OH)2 veiculadas em PMCC e soro f isiológico apresentaram pH mais elevado que aquela veiculada em cresatina. Di Fiore et al.30 (1983), avaliaram a ação antibacteriana in 40 vitro de quatro pastas à base de hidróxido de cálcio uti l izadas para indução de apicif icação, tendo como veículos: paraclorofenol canforado, acetato de metacresil, metil celulose (Pulpdent) e água destilada esteri l izada. Em placas de ágar-sangue inoculadas com Streptococcus sanguis foram aplicados cil indros contendo as pastas e selados com Cavit. Um cil indro vazio e selado com Cavit foi usado como controle. As placas foram incubadas e os halos de inibição registrados nos períodos de 2, 4, 6 e 8 dias. Mostraram ausência de halos de inibição para a pasta Ca(OH)2+ água desti lada e veiculada em metilcelulose (Pulpdent). Constataram a formação de halos de inibição para o Ca(OH)2 + PMCC e para o Ca(OH)2 + acetato de metacresil, para todos os períodos de tempo estudados, e também a redução de ati vidade com o tempo. Stevens & Grossman135 (1983), avaliaram o potencial antimicrobiano do hidróxido de cálcio (em forma de pasta, e o produto comercial - Pulpdent), em comparação com o clorofenol canforado, frente à Serratia marcescens e Streptococcus faecalis, tanto in vivo (dentes caninos de gatos) quanto in vitro (teste de difusão em ágar). Sobre o primeiro microrganismo notaram ação bactericida de todos os medicamentos uti l izados, ao passo que para o S. faecalis, os produtos à base de hidróxido de cálcio não foram tão eficazes quando comparados ao clorofenol canforado. 41 Byström et al.22 (1985), em estudo uti l izando 65 dentes de humanos, unirradiculados e portadores de reações periapicais radiograficamente evidentes, avaliaram pelo método bacteriológico o efeito dos curativos de demora: paramonoclorofenol canforado, fenol canforado e hidróxido de cálcio. Em 35 canais empregaram como soluções irrigadoras o líquido de Dakin (20 casos), hipoclorito de sódio a 5% (15 casos). Após a biomecânica, os canais foram secos e preenchidos com pasta Calasept. Os 30 dentes restantes foram irrigados com líquido de Dakin, e receberam curativo de paramonoclorofenol canforado (15 casos), e fenol canforado (15 casos). Amostras bacterianas foram coletadas após o preparo biom ecânico e após os períodos de 15 dias (para os grupos dos curativos fenólicos) e 30 dias (para o Calasept). Uma terceira colheita foi realizada em 5 dentes medicados com a pasta Calasept, que foram esvaziados, assim permanecendo por 2 a 4 dias após a 2a colheita. Todas as amostras foram cult ivadas em anaerobiose. Como resultados, observaram bactérias em apenas 1 dos 35 casos tratados com o Calasept, e que nos outros grupos (fenólicos), observaram bactérias em 10 dos 30 casos, comprovando eficácia do medicamento na redução bacteriana de canais infectados. Quackenbush (1986)109, avaliou in vitro a at ividade de 3 t ipos de medicamentos endodônticos contra bactérias anaeróbias (monoclorofenol, iodo iodetado de potássio ( IKI) e hidróxido de cálc io). As cepas de 42 Peptostreptococcus sp. (anaeróbio obrigatório) e Streptococcus sanguis (anaeróbio facultativo) cultivadas em ágar-chocolate em anaerobiose por 24h a 37ºC foram inoculadas em canais. Os medicamentos testados foram colocados nos canais e incubados em jarras de anaerobiose por 48h a 37 ºC. Findo o período, os canais foram irr igados com 3mL de soro f is iológico, sendo que 0,1mL do irr igante removido foi semeado sobre placas de Petr i contendo ágar- chocolate, incubados por 72h em jarra de anaerobiose. Constatou que o monoclorofenol e o iodo iodetado de potássio não foram ef icazes in vitro contra anaeróbios, ao passo que o hidróxido de cálcio foi ef icaz contra as duas espécies anal isadas. Byström et al.23 (1987), uti l izando técnicas bacteriológicas de anaerobiose, demonstraram que bactérias foram eliminadas de canais radiculares que receberam, entre sessões, curativos à base de hidróxido de cálcio, antes da etapa final do tratamento endodôntico, a obturação. A reparação das lesões periapicais dos dentes foi acompanhada por 2 a 5 anos. A maior parte das 79 lesões reparou completamente, ou decresceu dimensionalmente, compatível com quadro reparativo. Em 5 casos, encontraram ausência de regressão, ou diminuição insignif icante da lesão. Duas destas lesões apresentaram espécies bacterianas do gênero Actinomyces ou Arachnia. Em outro caso, encontraram raspas de dentina presentes no tecido periapical. Concluíram que lesões periapicais refratárias ao tratamento, podem estar relacionadas ao estabelecimento de bactérias na região periapical, onde abrigam -se do tratamento 43 endodôntico convencional. Sjogren et al.130 (1991), uti l izaram 30 dentes unirradiculados de humanos com polpas necrosadas e reação periapical radiograficamente visível, para avaliação do efeito antibacteriano do hidróxido de cálcio. No preparo biomecânico, uti l izaram como solução irr igadora o líquido de Dakin, e como curativo de demora a pasta Calasept. A monitoração do efeito antimicrobiano foi feita antes do preparo biomecânico e após os períodos de tempo de 10 minutos (12 casos) e 7 dias (18 casos), onde as amostras foram colhidas em condições de anaerobiose. Concluíram que a aplicação de pasta à base de hidróxido de cálcio por 10 minutos foi ineficaz, enquanto que o curativo por 7 dias eliminou as bactérias que sobreviveram ao preparo biomecânico. Chong & Pitt Ford25 (1992) reexaminaram o papel do uso de medicação endodôntica entre sessões. Na pulpectomia, ou em tratamentos que apresentem polpa com vital idade, ressaltam que a necessidade de medicação intracanal é duvidosa. Em dentes portadores de infecções, o uso deste recurso terapêutico é indicado pelas seguintes questões; (I) el imina bactérias remanescentes ao preparo biomecânico; (II) reduz a resposta inflamatória dos tecidos apicais e periapicais; (III) promove neutralização dos resíduos presentes; (IV) age como barreira 44 contra a infi l tração que ocorre quando do uso de restaurações; (V) seca os canais persistentemente úmidos. Concluíram que estes medicamentos devem ser usados como parte de uma biomecânica com criteriosa assepsia, e que testes bacteriológicos podem ser uti l izados se o dente não responde ao tratamento, auxil iando na seleção da medicação mais apropriada. Gencoglu & Kuleckçi46 (1992), avaliaram a eficácia antibacteriana in vitro de quatro medicamentos de uso endodôntico: o Calasept, o paraclorofenol canforado, o Cresofene e o iodo iodetado de potássio (IKI), contra quatro espécies bacterianas anaeróbias: Streptococcus mutans, Peptostreptococcus anaerobius , Porphyromonas gingivalis e Fusobacterium nucleatum . Constataram que o IKI foi ativo apenas contra o Fusobacterium nucleatum e Porphyromonas gingivalis. Enquanto que os outros foram eficazes contra todas as espécies bacterianas util izadas. Leonardo et al.77 (1993), aval iaram in vitro a solubil idade, a concentração de íons Ca++, e o pH do hidróxido de cálcio associado ao PMCC. Util izaram as seguintes pastas à base de Ca(OH)2: (A) Calen; (B) Calen + 0,15mL de PMCC; e (C) Calen + 0,04g de paramonoclorofenol. Concluíram que: nas pastas à base de hidróxido de cálcio associadas ao PMC, a adição de cânfora é desnecessária; a formação de 45 paramonoclorofenolato de cálcio tornou mais prolongada a ação bactericida da pasta Calen + PMC; a solubil idade do paramonoclorofenol em associação com a pasta Calen, não sofreu influência da ausência da cânfora; o pH foi semelhante nas 3 pastas analisadas, independente da presença de paramonoclorofenol e que a l iberação de íons Ca++ foi mais lenta nas pastas associadas ao paramonoclorofenol. Nerwich et al.100 (1993), aval iaram in vitro as alterações de pH na dentina de dentes extraídos de humanos, após a uti l ização do hidróxido de cálcio como medicação intracanal. Concluíram que esta substância alcança a dentina radicular externa entre 1 e 7 dias, e que no terço cervical, o pH atinge valores mais elevados, no entanto, no terço apical necessitou de duas a três semanas para alcançar na superfície externa da raiz um pH 9,0. Mostraram que o íon hidroxila derivados dos curativos se difundem através da dentina, sendo esta difusão mais rápida na porção cervical do canal radicular. Safavi & Nichols115 (1993), anal isaram in vitro a ação do hidróxido de cálcio sobre endotoxinas. Util izaram no estudo suspensões de 30µL lipopolissacárides (LPS) de Salmonella typhimurium, com ou sem a adição de 25mg/mL de Ca(OH)2. As suspensões foram incubadas a 37oC por 7 dias. Os produtos das suspensões foram analisados por cromato grafia gasosa e espectrômetro de massa. Nas amostras tratadas 46 pelo Ca(OH)2, quantif icaram ácidos graxos l ivres de hidroxila (ácidos mirístico e palmítico). Os resultados sugeriram que o hidróxido de cálcio medeia a degradação do LPS, podendo ser esta, uma razão importante para os efeitos benéficos obtidos com o uso desta substância na prática endodôntica. Estrela et al.38 (1994), estudaram o efeito biológico do pH na atividade enzimática de bactérias anaeróbias, analisando diversos fatores entre os quais: concentração de íons H+, composição estrutural da membrana celular de bactérias gram -negativas, efeitos do pH sobre a atividade enzimática das bactérias gram -negativas, propriedades enzimáticas do hidróxido de cálcio - inativação das enzimas bacterianas e efeito mineralizante. Aventaram a hipótese de uma inativação enzimática irreversível em condições extremas de pH por longo período de tempo, e também, uma inativação enzimática temporária, quando do retorno do pH ideal à ação enzimática, atuando também de maneira reversível. Safavi & Nichols116 (1994), estudaram a alteração das propriedades biológicas do l ipopolissacáride bacteriano (LPS) pelo tratamento com o hidróxido de cálcio. Para isso, monitoraram a l iberação de prostaglandinas E2 secretadas por culturas de monócitos humanos, quando expostas à suspensão de LPS bacteriano puro (originário da Prevotella intermedia e da Salmonella typhimurium), ou tratado com 47 hidróxido de cálcio. A prostaglandina E2 foi detectada no sobrenadante das suspensões expostas ao LPS, ao passo que naquelas suspensões de LPS tratadas pelo hidróxido de cálcio não detectaram PGE2 . Concluíram que o tratamento com o hidróxido de cálcio pode alterar as propriedades biológicas do LPS bacteriano. Kontakiotis et al.70 (1995), estudaram in vitro os possíveis mecanismos envolvidos na ação antimicrobiana do hidróxido de cálcio. Vinte cepas de bactérias anaeróbias obrigatórias e 20 cepas de facultativas colhidas de canais infectados, com espécies identificadas, foram util izadas. Alíquotas de 0,1mL, contendo cepas específicas de inóculo foram distribuídas em placas de ágar-sangue, e incubadas em câmara de anaerobiose de 5 a 7 dias. Um grupo experimental e um grupo controle foram estudados: o primeiro incluiu uma placa com espécies bacterianas em contato com o hidróxido de cálcio, e o segundo apenas culturas dos microrganismos isolados. Ambas as placas foram incubadas em câmara de anaerobiose por 72h. Após este período o número de espécies bacterianas foi contado nos dois grupos. A análise estatística mostrou redução bacteriana significativa no grupo do hidróxido de cálcio. Concluíram que a propriedade do Ca(OH)2 em absorver dióxido de carbono, pode contribuir na sua atividade antibacteriana. Assed et al.9 (1996), aval iaram por meio de 48 imunofluorescência indireta, a presença de 4 espécies de bactérias anaeróbias (Actinomyces viscosus, Prevotella intermedia, Fusobacterium nucleatum e Porphyromonas gingivalis) em materiais colhidos de 25 canais radiculares de dentes de humanos, portadores de cáries, necrose pulpar e reação periapical radiograficamente visível, nas seguintes etapas: (I) antes do preparo biomecânico; (II) após o preparo biomecânico, uti l izando como soluções irr igadoras o hipoclorito de sódio de 4 a 6% e água oxigenada 10 volumes, alternadamente, e, (III) após o uso de curativo de demora à base de hidróxido de cálcio + PMCC (Calen PMCC, S.S.White). Relataram a redução bacteriana após o uso de soluções bactericidas enérgicas (NaOCl + H2O2 10vol), potencializada pelo uso do curativo de demora (Calen PMCC) com índice de redução de 57,1% (estatisticamente não significativos (p<0,05), uma vez que o nível de significância estabelecido foi a 70%). Gomes I.C. et al.51 (1996), investigaram in vitro a difusão de íons cálcio através da dentina até a superfície radicular, util izando pastas de hidróxido de cálcio tendo como veículo a solução salina. Seis caninos de humanos, recém -extraídos, apresentando integridade, foram submetidos ao preparo biomecânico e aplicação de ácido cítr ico por 30 segundos, para remoção da camada residual, irr igação f inal com soro fisiológico, e secos com pontas de papel absorvente. Selaram as extremidades apical e cervical. Dividiram o experimento em três etapas: 49 dissolução, dissolução e difusão I e, dissolução e difusão II. Na dissolução os canais permaneceram vazios, e estocados em 700mL de água deionizada, até que a l iberação de cálcio pela estrutura dentária fosse estabilizada. Na dissolução e difusão I, os canais foram preenchidos com uma pasta de hidróxido de cálcio veiculada em soro fisiológico, e os dentes colocados em solução como a anterior. Na dissolução e difusão II, os dentes foram divididos em 3 subgrupos: I - contendo a pasta original, II - pasta original, di luída em 10mL de soro fisiológico, e III - pasta original com excesso de hidróxido de cálcio. Aferiram o pH de cada solução. Evidenciaram que a concentração iônica do cálcio alcançou picos 2 a 3 semanas após o preenchimento dos canais, tendendo à estabil ização após este período, mostrando a ocorrência a difusão do hidroxila através da dentina, até alcançarem a superfície externa do canal radicular. Alencar et al.3 (1997), para determinar a presença de paramonoclorofenol na pasta Calen (à base de hidróxido de cálcio)+ paramonoclorofenol, ut i l izada como curativo de demora, induziram lesões periapicais em 60 canais radiculares de pré-molares inferiores e superiores de quatro cães. Após o preparo biomecânico, aplicaram o curativo de demora, e removido do terço apical após os períodos de 2, 4, 7 e 14 dias para análise química por espectrofotometria. Demonstraram uma perda de paramonoclorofenol de aproximadamente 50% nos curativos 50 após 48h, sem perdas signif icantes nos períodos de tempo subseqüentes a 14 dias. Barbosa et al.12 (1997), avaliaram, em estudo clín ico e laboratorial, as atividades antibacterianas do Ca(OH)2, clorexidina (0,12 e 0,2%) e PMCC como curativo de demora. No experimento clínico, canais com culturas posit ivas uma semana após o preparo biomecânico (com solução de NaOCl a 5,25% alternado com H2O2 a 3% e toilette final com ácido cítr ico, seguido da colocação de um penso de algodão com PMCC na câmara coronária) foram submetidos a ação do curativo de demora. Amostras foram coletadas do canal após uma semana. No experimento laboratorial util izaram o teste de difusão em ágar para avaliar a atividade inibitória dos medicamentos contra bactérias comumente isoladas de infecções endodônticas: 5 anaeróbias estritas: P. endodontalis, P. gingivalis, A. israeli i, F. nucleatum e P. acnes; quatro anaeróbias facultativas: A. naeslundii, E. faecalis, S. aureus, S. mutans; e uma espécie aeróbia: P. aeruginosa. Observaram que todos os curativos foram eficazes na redução ou eliminação da microbiota (demonstrada pelas culturas negativas). Não encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os curativos de demora testados. Na avaliação laboratorial o PMCC mostrou os maiores halos de inibição bacteriana com ação sobre todas as cepas testadas. 51 Silveira119 (1997), com o objetivo de avaliar o tempo de ação de curativos de demora à base de hidróxido de cálcio, induziu formação de lesões periapicais crônicas em 80 raízes de dentes de cães. Realizou a primeira colheita bacteriana para determinação das ufc. Após o preparo biomecânico os canais receberam medicação intracanal à base de hidróxido de cálcio associado ao PMCC. Decorridos os períodos de sete, 15 e 30 dias, removeu a medicação e as cavidades oclusais seladas. Após sete dias, efetuou a segunda colheita. Observou maior redução bacteriana e reparação tecidual para o período de 30 dias. Para o período de sete dias foram considerados insatisfatórios, e no de 15 dias intermediários, porém mais próximos do período de 30 dias. Siqueira & Uzeda122 (1997), util izando o teste de difusão em ágar, avaliaram a atividade antibacteriana de medicamentos intracanal: gel de clorexidina a 0,12%, gel de metronidazol a 10% e 3 pastas à base de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 associado a água desti lada, PMCC e glicerina). Contra bactérias anaeróbias: P. gingivalis, P. endodontalis, A. israelii, F. nucleatum , P. acnes e C. rectus e bactérias aeróbias facultativas: E. faecalis, S. aureus, S. sanguis, A. viscosus, S. mutans e S. salivarius. Obtiveram melhores resultados com o Ca(OH)2 + PMCC. A clorexidina também inibiu o crescimento de todas as cepas estudadas. O metronidazol agiu contra todas espécies anaeróbias. Os medicamentos à base de hidróxido de cálcio, associados à água desti lada 52 ou glicerina não apresentaram halos de inibição, resultado talvez relacionado à l imitação quanto à difusão destes em ágar, além da natureza tampão do meio (neutralizando bases fortes). Leonardo et al.79 (1999), aval iaram in vitro a atividade antimicrobiana de duas pastas à base de hidróxido de cálcio: o Calen, o Calasept e uma pasta de óxido de zinco misturado à água destilada frente a sete cepas bacterianas incluindo aeróbios estritos e facultativos, gram - negativos e gram -positivos, tidos como resistentes aos curativos de demora, uti l izados no tratamento endodôntico: Micrococcus luteus, Staphylococcus aureus , Staphylococcus epidermidis, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa , Enterococcus faecalis e Streptococcus mutans. As pastas foram avaliadas pelas técnicas de difusão em ágar pelo método do poço e pela técnica da ponta de papel absorvente. Verificaram que a pré- incubação das placas, para a difusão das pastas e a otimização do meio de cultura pelo gel de TTC a 0,05% foram fatores importantes para a avaliação da atividade antibacteriana. Constataram que todas as cepas bacterianas foram inibidas por todos os materiais avaliados. Siqueira & Lopes120 (1999) real izaram uma revisão de l i teratura concernente aos mecanismos de atividade antimicrobiana de materiais à base de hidróxido de cálcio. Apontaram para as seguintes observações: o espectro antibacteriano l imitado das preparações à base 53 de hidróxido de cálcio não afeta todos os membros da microbiota endodôntica; que devem ser usados em canais radiculares infectados como curativo de demora, embora apresentem a controvérsia a respeito de um tempo ideal de manutenção; que devem estar associados a outros medicamentos para que possam agir de forma sinérgica, aumentando o espectro de ação antimicrobiana frente às bactérias resistentes, enfatizando o uso do PMCC; e por fim que estes curativos parece atuar como uma barreira mecânica às reinfecções quando o curativo de demora entra em contato com a saliva. Concluíram enfatizando a necessidade da realização de mais estudos sobre mecanismos de ação e eficácia antibacteriana, da sua associação com outros medicamentos. Nelson Filho98 (2000), em estudo in vivo, radiográfico e histopatológico, util izando dentes de cães, testou o efeito da endotoxina liofil izada de Escherichia coli, sobre os tecidos apicais e periapicais, LPS + PBS (Grupo I), LPS + PBS associado ao hidróxido de cálcio P.A. (Grupo II). Para controles negativo e positivo, respectivamente, util izou dentes preenchidos com soro fisiológico (Grupo III) e dentes com lesões periapicais induzidas (Grupo IV). Após o período de 30 dias, efetuou tomadas radiográficas. Constatou lesões periapicais em dentes dos Grupos I e IV e integridade periapical para elementos dos Grupos II e III. O quadro histopatológico, evidenciou infiltrado neutrofíl ico/macrofágico intenso, reabsorção dos tecidos mineralizados, espessamento do espaço 54 periodontal para elementos do Grupo I e IV, ao passo que para aqueles dos Grupos II e III apresentaram integridade estrutural dos tecidos periapicais, infi ltrado inflamatório suave e, em especial para o Grupo II observou massas basófi las, sugerindo mineral ização ao redor do material extravasado. Concluiu que o LPS, por si só, ocasionou o desenvolvimento de reação periapical e que o Ca(OH)2 foi capaz de detoxificar o LPS in vivo. Han et al.57 (2001), real izaram estudo com proposição de avaliar os efeitos antimicrobianos do hidróxido de cálcio contra bactérias presentes nos túbulos dentinários e sua relação com a presença de camada residual. Para tal, uti l izaram 68 raízes padronizadas de dentes de humanos, que foram contaminadas por Enterococcus faecalis por 3 semanas após a remoção da camada residual. Passado este período, a camada residual foi recomposta e em metade das amostras, esta camada foi novamente removida. Uti l izaram curativos à base de hidróxido de cálcio nas amostras que foram divididas em 4 grupos: (a) ausência de camada residual sob ação de pasta de Ca(OH)2 em veículo aquoso; (b) ausência de camada residual sob ação de pasta de Ca(OH)2 veiculada em óleo de si l icone; (c) presença de camada residual sob ação de pasta de Ca(OH)2 em veículo aquoso; (d) presença de camada residual sob ação de pasta de Ca(OH)2 veiculada em óleo de sil icone. As pastas medicamentosas foram colocadas nos canais radiculares por 7 dias. Após 55 a remoção destas, chips de dentina foram coletados e incubados para verif icação da presença bacteriana. Concluíram que todas as pastas à base de Ca(OH)2 foram eficazes na eliminação das bactérias nos túbulos dentinários, exceto no grupo D (presença de camada residual sob ação de pasta de Ca(OH)2 veiculada em óleo de si l icone). Almyroudi et al.4 (2002), em estudo in vitro, util izando dentes de humanos previamente contaminados com Enterococcus faecalis avaliaram a eficácia de 4 desinfetantes como medicação intra-canal em experimento: hidróxido de cálcio, gel de clorexidina, clorexidina na forma de l iberação controlada (PerioChip) e uma combinação de gel de clorexidina com hidróxido de cálcio. Uma solução de soro fisiológico foi uti l izada como controle. Os desinfetantes foram testados em 3 períodos distintos (3, 8 e 14 dias). Observaram que o Ca(OH)2 foi eficaz na ação bactericida nos períodos de 3 e 8 dias, porém ineficaz para o período de 14 dias. As diferentes formulações à base de clorexidina foram eficazes para todos os períodos de tempo estudados. A combinação de gel de clorexidina apresentou ação l igeiramente melhor que a forma em chip, sem que fosse significativa a diferença entre estas medicações. Berbert et al.14 (2002) avaliaram a resposta histopatológica de tecidos periapicais após o tratamento endodôntico de dentes de cães com polpas necróticas e com periodontite apical crônica, uti l izando 2 56 curativos de demora à base de hidróxido de cálcio. Setenta e oito canais radiculares foram instrumentados uti l izando como solução irr igadora o hipoclorito de sódio a 5,25%, e tendo seus interiores preenchidos com curativos de demora (Calen PMCC ou Calasept) que al i permaneceram por 30 dias. Os canais radiculares foram posteriormente obturados por condensação lateral ativa de cones de guta percha e cimento endodôntico (Sealapex ou AH Plus), após 360 dias, os animais foram mortos por sobre dose anestésica, e os dentes foram preparados histologicamente, seccionados e corados com hematoxil ina e eosina para análise por microscopia óptica da reparação dos tecidos apicais e periapicais. A análise estatística mostrou que os resultados histopatológicos mais pobres foram observados no grupo Calasept/AH Plus, e que o cimento Sealapex para todos os casos em que foi uti l izado, resultou em melhor reparo apical e periapical quando comparado ao grupo do cimento AH Plus. Os resultados histopatológicos do Calen PMCC tanto associado ao cimento AH Plus e Sealapex e a pasta Calasept associada apenas ao Sealapex, foram similares estatisticamente, porém diferentes dos resultados apresentados na associação Calasept com AH Plus. Concluíram que os resultados deste estudo em cães apresentou diferenças na reparação tecidual de dentes com periodontite apical crônica pelo uso de dois curativos de demora à base de hidróxido de cálcio e dois cim entos. Recomendaram novas pesquisas necessárias na determinação da melhor combinação entre curativo de demora e cimento 57 obturador. Gomes, B.P. et al.48 (2002), investigaram a suceptibil idade de alguns microrganismos comumente isolados de canais radiculares ao hidróxido de cálcio em combinação com vários veículos, pelo método de difusão em ágar. Cil indros de aço inoxidável foram posicionados em cada meio de ágar inoculado. Os medicamentos testados e seus controles foram colocados no interior dos cil indros. As zonas de inibição de crescimento foram medidas e registradas após o período de incubação para cada placa, e os resultados foram submetidos à análise estatística. Enterococcus faecalis foi a espécie bacteriana mais resistente, ao passo que Porphyromonas endodontalis foi mais suscetível a todos os medicamentos seguido de Porphyromonas gingivalis e Prevotella intermedia/intermedia. O hidróxido de cálcio+PMCC+ glicerina apresentou zonas de inibição com as médias mais elevadas quando comparado com as outras m edicações. Concluíram que bactérias anaeróbias gram - negativas são mais suscetíveis às pastas de hidróxido de cálcio que microrganismos gram -positivos facultativos. Holland et al.61 (2002), uti l izaram 24 dentes de humanos, extraídos por finalidade ortodôntica e preparados biomecanicamente, submetidos à remoção de cemento e tratados por 5 minutos com EDTA. Preencheram os canais com pasta de hidróxido de cálcio em água 58 desti lada, selando em seguida as aberturas coronárias. Os dentes foram mergulhados em água desti lada e o pH avaliado diariamente. Observaram aumento gradativo do pH, que chegou a 8,6 aos 30 dias. Após a remoção do curativo, os canais foram submetidos à obturação com óxido de zinco ou Sealapex, e novamente mergulhados em água desti lada e tendo o pH avaliado diariamente até 30 dias Constataram neste período de tempo que o Sealapex apresentou um pH 8,40, ao passo que o óxido de zinco e eugenol apresentou pH 7,26. Concluíram que o aumento de pH da dentina é lento e progressivo, e que dentre os cimentos estudados, apenas o Sealapex manteve o pH alcançado pela pasta de hidróxido de cálcio. Leonardo et al.81 (2002) aval iaram a reparação apical e periapical uti l izando curativos de demora para canais radiculares à base de hidróxido de cálcio para diferentes períodos de tempo em dentes com lesões periapicais induzidas. Um total de 61 canais radiculares de pré- molares superiores e inferiores de 4 cães foram uti l izados. Após o preparo biomecânico dos canais radiculares através de técnica coroa- ápice e solução irr igadora de hipoclorito de sódio a 5,25%, os forames apicais foram alargados em todos os casos. Foi aplicado curativo de demora à base de hidróxido de cálcio, sendo que o grupo não recebeu este medicamento. Os animais foram mortos após 7, 15 ou 30 dias. Após preparação histológica, secções seriadas foram coradas com hematoxil ina e eosina e tr icrômico de Mallory. Concluíram que os melhores resultados 59 histopatológicos ocorreram aos 15 e 30 dias, e os piores resultados aos 7 dias e com o grupo controle. Nelson Filho et al.99 (2002), avaliaram através de radiografias as regiões apical e periapical de dentes de cães submetidos à colocação intracanal de endotoxina bacteriana (l ipopolissacáride, LPS), associada ou não ao hidróxido de cálcio. Após a remoção do tecido pulpar, dividiram 60 prémolares em 4 grupos dist intos, que foram preenchidos com: toxina bacteriana (Grupo I), toxina bacteriana mais hidróxido de cálcio (Grupo II), solução salina (Grupo III), e lesões periapicais induzidas sem tratamento (Grupo IV) por um período de 30 dias. Lesões periapicais semelhantes foram observadas nos Grupos I e IV. A presença de lâmina dura intacta foi observada nos Grupos II e III. Concluíram que o LPS determinou a lesão periapical visível radiograficamente, entretanto, quando associada ao Ca(OH)2, esta substância foi detoxicada. Peters et al.107 (2002), aval iaram a reparação das lesões periapicais relacionadas a canais radiculares com culturas negativas ou posit ivas no momento da obturação, além da avaliação da reparação periapical de dentes tratados em apenas uma sessão, ou em duas sessões com a uti l ização de curativo de demora à base de hidróxido de 60 cálcio entre estas. Para tal, 39 pacientes foram submetidos à terapia endodôntica. Na primeira sessão os dentes foram instrumentados, e 18 destes dentes foram preenchidos com hidróxido de cálcio em veículo aquoso (solução salina), após coleta microbiana. Os outros 21 dentes restantes,foram obturados com cones de guta -percha e cimento AH-26, após coleta microbiana. Após quatro semanas, os dentes preenchidos com pasta de hidróxido de cálcio foram novamente acessados e novamente foi realizada coleta microbiana, sendo em seguida obturados com guta -percha e cimento AH-26. A reparação da radiolucência periapical foi registrada ao longo de um período de até 4,5 anos. Observaram que todas as lesões periapicais reduziram dimensionalmente de maneira signif icativa quando da proservação. A reparação radiográfica completa foi observada em 81% dos casos executados em uma sessão, e 7 1 % e m casos onde foram executadas duas sessões intermediadas pelo curativo de demora à base de hidróxido de cálcio. Sete de 8 casos (87,5%) que apresentaram cultura positiva de material coletado dos canais radiculares, na hora da obturação, repararam. O número de unidades formadoras de colônias (ufc), em 6 de 8 casos posit ivos foi <102 ufc/mL. Concluíram que dentro das l imitações deste estudo, não foram significativas as diferenças de reparação das lesões vistas radiograficamente entre grupos tratados em uma ou duas sessões. Segundo os autores a presença de culturas bacterianas positivas no momento da obturação dos canais radiculares, não influenciou no sucesso 61 do tratamento. Tanomaru Filho et al.143 (2002), aval iaram o reparo apical e periapical após o tratamento endodôntico de dentes com necrose pulpar e lesão periapical crônica em cães. Setenta e dois canais radiculares de quatro cães sem raça definida foram submetidos ao preparo biomecânico, uti l izando as soluções irrigadoras: hipoclorito de sódio 5,25% ou digluconato de clorexidina 2%. Subseqüentemente os dentes foram divididos, naqueles obturados imediatamente com Sealapex e técnica de condensação ativa, e nos que foram submetidos à colocação de curativo à base de Ca(OH)2, Calen PMCC, e obturados após o período de 15 dias com Sealapex. Após 210 dias, os animais foram mortos e t iveram as secções removidas e processadas laboratorialmente para análise histológica. Observaram melhor reparo histológico nos grupos que receberam medicação intracanal (p<0.05), e nos grupos que foram irr igados com solução de clorexidina. 62 § Biologia Molecular na Endodontia Mullis et al.92,93 ,94, do Departamento de Genética Humana (Cetus Corporation-Emeryvil le-CA), relataram o sistema de amplif icação de DNA específico da β -globulina humana e para o diagnóstico pré-natal de anemia falciforme pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR-polymerase chain reaction). A patente da técnica foi registrada sob o número 4.683.202 (U.S. Patent) em 28 de julho de 1987. Em 1993 foi agraciado com o prêmio Nobel em Química pelo desenvolvimento da técnica PCR. Joshi et al.63 (1991), empregaram a técnica PCR em células bacterianas inteiras como material inicial. Até então, não havia estudos sistemáticos suficientes sobre a necessidade do isolamento do DNA como material inicial para a execução da técnica. A partir do uso de Salmonella typhimurium e Escherichia coli cultivadas tanto em meios l íquidos como em sólidos, propuseram uma metodologia onde estas podem ser usadas diretamente na técnica, sem quaisquer pré- tratamentos, el iminando assim a necessidade de isolamento prévio do DNA. Menard & Mouton84 (1993), investigaram aspectos taxonômicos de Porphyromonas gingivalis, de origem humana e de outras 63 espécies animais, pela técnica PCR com primer arbitrário (AP-PCR). Concluíram que este tipo de teste apresenta util idade para estudos epidemiológicos de patógenos periodontais, pois identif ica a heterogenicidade e biótipos e subtipos de diversas cepas. Chen & Slots 24 (1994), em estudo similar, examinaram a utilidade do AP-PCR (PCR com primers arbitrários) para detecção genotípica por meio de amplicons de Porphyromonas gingivalis, possibilitando a distinção de cepas virulentas e não virulentas. O DNA foi extraído de acordo com método convencional. 10 primers (oligonucleotídeos), com seqüências arbitrárias foram uti l izados na reação em cadeia da polimerase para amplif icar o DNA genômico desta espécie. Os produtos de amplif icação foram analisados por eletroforese em gel de agarose. Concluíram que o AP-PCR representa um método valoroso e de fácil execução para análise clonal de P. gingivalis. Socransky et al.133 (1994), introduziram um método para hibridação de várias amostras de DNA simultaneamente, cruzando-as com um grande número de sondas de DNA na superfíc ie de uma membrana de nylon. A técnica denominada hibridação checkerboard DNA-DNA, consiste na desnaturação de DNA de até 43 amostras, que são dispostas em faixas horizontais. A membrana é girada a 90o no mesmo aparelho, em 43 faixas verticais são vertidas as sondas de DNA com marcadores. Onde 64 houver recombinação gênica do DNA, nas interseções amostra/sonda, evidencia a presença de determinada espécie. A técnica permite determinação simultânea da presença de múlt iplas amostras em apenas um exame. Conrads et al.26 (1997) uti l izaram o PCR direcionado ao gene 16S rDNA, para detecção e diferenciação de bactérias de amostras colhidas de canais radiculares necrosados. O exame priorizou espécies fastidiosas, ou que apresentassem dificuldade de identificação por métodos bioquímicos após técnica de cultura. Encontraram as espécies do gênero Actinomyces, Fusobacterium nucleatum, Streptococcus mil leri, e presumidamente, descrito pela primeira vez, Bacteroides forsythus. A identidade dos amplicons foi confirmada pelas seqüências geradas e comparação das informações com dados de bancos de genes. Bogen & Slots 17 (1999), avaliaram a presença de bacilos anaeróbios, gram -negativos pigmentados de negro (Porphyromonas endodontalis, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia e Prevotella nigrescens) em lesões periapicais fechadas, em dentes de humanos apresentando afecções endodônticas refratárias ao tratamento endodôntico convencional e com indicação cirúrgica. Uti l izaram a reação em cadeia da pol imerase (PCR) baseada no gene 16S rRNA, com alto grau de sensibil idade na identificação de espécies bacterianas de difícil 65 detecção por técnicas microbiológicas convencionais. Não identif icaram P. endodontalis, P. intermedia nem P. nigrescens em nenhum dos casos. P. gingivalis foi isolada em apenas um dos casos (associado à dor moderada), mostrando a menor freqüência neste t ipo de lesão. Gonçalves & Mouton52 (1999), avaliaram a prevalência de Bacteroides forsythus em 11 canais radiculares, de dentes com polpas necrosadas e lesões periapicais, empregando 4 técnicas, dentre as quais 2 baseadas na biologia molecular (o PCR e o slot-blot). Após a imunocaptura, com o método PCR (IM -PCR-DNA), evidenciaram a maior prevalência (6/11), enquanto o menor valor foi obtido pelo slot-blot (3/11), 5/11 pelo ELISA e 4/11 pela imunofluorescência. Concluíram que Bacteroides forsythus não são identificados nestes casos por técnicas de cultura por serem de difícil crescimento. Gonçalves et al.53 (1999), colheram amostras de canais radiculares infe ctados e de biofi lme microbiano subgengival de dentes de 10 pacientes sem cáries ou restaurações profundas, por técnica em anaerobiose para anaeróbios pigmentados de negro. Destas amostras, colônias de Porphyromonas gingivalis e Prevotella nigrescens, isoladas de 4 pacientes, foram identif icadas pela amplificação PCR espécie- específica. A técnica PCR com primer arbitrário (AP-PCR) foi realizada para examinar a diversidade genética dos microrganismos isolados, 66 revelando que P. gingivalis ou P. nigrescens tanto no sistema de canais radiculares como na placa subgengival, em todos os 4 pacientes, mostraram -se indistinguíveis. Concluíram que o endodonto e o periodonto podem ser colonizados pelos mesmos t ipos clonais de anaeróbios pigmentados de negro. Tran & Rudney145 (1999), uti l izaram a técnica PCR multiplex para detecção simultânea de três espécies de bactérias, envolvidas na etiologia da periodontite. Compararam Actinobacillus actinomycetemcomitans, Bacteroides forsythus e Porphyromonas gingivalis, isoladas de biofi lmes bacterianos supra e subgengivais de pacientes com periodonto saudável, e do biofi lme bacteriano subgengival de pacientes portadores de periodontite. Observaram que esta técnica é simples, rápida,econômica e eficaz na amplif icação, multiplex, em única reação. Baumgartner et. al.13 (2000) aval iaram a presença de Candida albicans em 24 amostras de canais radiculares infectados e de fluidos aspirados de processos patológicos periapicais (celulites/abscessos). As amostras foram submetidas à técnica PCR. Detectaram C. albicans em 5 das 24 amostras provenientes de canais radiculares (21%). Entretanto, não encontraram este fungo em quaisquer das amostras aspiradas da região periapical. Concluíram que o PCR é 67 uma técnica extremamente sensível na identifi cação de C. albicans em amostras coletadas de canais radiculares contaminados. Siqueira et al.128 (2000), verif icaram a presença de espécies bacterianas em 28 amostras de canais radiculares usando 42 sondas de DNA e hibridação checkerboard DNA-DNA. Para confirmar a presença de DNA bacteriano nas amostras clínicas, foi executado um teste PCR com primers comuns à maioria das espécies bacterianas. Com hibridação checkerboard DNA-DNA, mostraram que 22 de 42 sondas uti l izadas foram reativas com uma ou mais amostras. O número de espécies bacterianas nas amostras de canais, variaram de 1 a 17 (média 4,7). Dezessete de 28 amostras foram posit ivas ao menos para uma sonda. As espécies mais prevalentes foram as seguintes: Bacteroides forsythus (39,3%); Haemophilus aphrophilus (25%); Corynebacterium matruchoti i (21,4%); Porphyromonas gingivalis (17,9%) e Treponema denticola (17,9%). Concluíram que os métodos baseados na biologia molecular podem propiciar conhecimento adicional signif icativo concernente à microbiota endodôntica pela detecção de bactérias que não desenvolvem em meios de cultura. Oliveira et al.103 (2000), aval iaram a ocorrência de Porphyromonas endodontalis em infecções endodônticas, sintomáticas ou assintomáticas, usando a técnica PCR gene-direcionado. Detectaram a 68 espécie em 39,5% dos casos (17 de 43 dentes). Quatro casos de seis com abscesso periapical agudo (66,7%) e em 13 de 37 outros casos (35,1%). A presença de P. endodontalis estava associada com lesão periapical assintomática em 6 casos (25%) e em 10 dentes sensíveis à percussão (52,6%). A espécie foi detectada em um caso assintomático, sem evidência de lesão periapical. Concluíram que apesar de ser comumente detectados em casos sintomáticos, Porphyromonas endodontalis pode estar presente em casos assintomáticos. Sunde et al.138 (2000), identif icaram bactérias das lesões periapicais de dentes assintomáticos. Selecionaram 34 dentes com canais obturados, e portadores de lesões periapicais, divididos em dois grupos de 17 indivíduos. No Grupo I, executaram a técnica cirúrgica usando incisão marginal, até a exposição da lesão, e no Grupo II, realizaram uma incisão submarginal. As lesões foram removidas uti l izando curetas esteri l izadas, e imediatamente colocadas em recipientes contendo 10mL de meio para transporte, pré-reduzido para anaeróbios e esteri l izados (PRAS). Executaram a técnica de hibridação checkerboard DNA-DNA, uti l izando 40 diferentes sondas de DNA completo. A maioria das sondas evidenciou a presença de bactérias no Grupo I em relação ao Grupo II, sugerindo que na incisão marginal, bactérias da bolsa periodontal, podem alcançar os tecidos subjacentes por ação iatrogênica. Demonstraram que bactérias invadem os tecidos das lesões periapicais de dentes 69 assintomáticos. Concluíram que a detecção de mais espécies bacterianas, que escaparam às técnicas de cultura em anaerobiose, com a hibridação checkerboard DNA-DNA deve redefinir a evidenciação de microbiota por métodos moleculares. Jung et al.65 (2001), com o propósito de identif icar espécies de espiroquetas originárias de infecções endodônticas e determinar a associação deste gênero com Bacteroides forsythus e Porphyromonas gingivalis, selecionaram 79 dentes portadores de periodontite apical. Com amostras de material coletadas de maneira asséptica de canais radiculares, executaram a técnica PCR para amplif icação do gene 16 rRNA. Subseqüentemente, a hibridação dot-blot foi realizada com 8 sondas de oligonucleotídeos espécie-específicas. As associações microbianas foram analisadas através de razão de imparidade. Encontraram como espécie mais freqüente Porphyromonas gingivalis seguido de Treponema maltophilum , Bacteroides forsythus e Treponema socranskii. Outros treponemas, incluindo Treponema denticola, não foram detectados. Associações microbianas significantes foram identifi cadas entre T. maltophilum, B. forsythus e P. gingivalis. Concluíram que Treponema maltophilum deve ser incluído em estudos etiológicos das patologias endodônticas. Rolph et al.113 (2001) usaram o PCR 16S rRNA, seguido por 70 clonagem e seqüenciamento de amplicons 16S rRNA em pequeno subconjunto de amostras, para averiguar a diversidade das bactérias presentes em canais radiculares infectados. Uti l izaram um total de 41 amostras clínicas de 15 casos (DE NOVO) e 26 casos refratários de infecções endodônticas. Destas amostras, 44% foram positivas por cultura, e 68% positivas ao PCR. Oito amostras foram selecionadas para posterior análise. Destas, os dois casos portadores de gangrena pulpar e lesão periapical (DE NOVO) revelaram seqüênc ias relacionadas aos gêneros Enterococcus , Lactobacillus , Propionibacterium e Streptococcus e dois clones foram relacionados a bactérias previamente não cult ivadas, enquanto o trajeto f istuloso associado dos casos revelaram seqüências para os gêneros Lactobacillus , Pantoea, Prevotella e Selenomonas . Os 5 casos refratários eram de clones relacionados aos gêneros Capnocytophaga, Cytophaga, Dialister, Eubacterium, Fusobacterium, Gemella, Mogibacterium, Peptostreptococcus , Prevotella, Propionibacterium, Selenomonas , Solobacterium, Streptococcus e Veillonella e dois clones representando bactérias não cult ivadas até então. As posições f i logenét icas de vár ios clones associados aos subgrupos Clostridiaceae e Sporumosa do grupamento Firmicutes , também foram detectados. Este estudo demonstrou que técnicas moleculares podem detectar as bactérias em infecções endodônticas, quando técnicas de cultura revelaram resultados negativos e podem ser ut i l izadas para identi f icar um amplo espectro de bactérias relacionadas às infecções endodônt icas, incluindo a presença de espécies jamais identi f icadas ou cult ivadas. Siqueira et al.127 (2001) uti l izaram o método PCR 16S 71 rDNA direcionado com o intuito de investigar a ocorrência de quatro bacilos anaeróbios pigmentados de negro (Porphyromonas gingivalis, Porphyromonas endodontalis , Prevotella intermedia e Prevotella nigrescens) em infecções endodônticas. Obtiveram amostras de 54 dentes infectados de humanos, dos quais 10 casos apresentaram afecção supurativa (abscesso dento -alveolar agudo). A técnica molecular empregada permitiu a detecção de bactérias anaeróbias pigmentadas de negro em 59,3% dos dentes. Doze casos apresentaram mais de uma espécie de bactéria pigmentada de negro. Quantif icaram a presença das espécies, onde da totalidade dos casos 42,6% apresentaram P. endodontalis, 27,8% P. gingivalis, 7,4% P. nigrescens e 5,6% P. intermedia . Nos quadros de abscesso as espécies bacterianas foram encontradas nas seguintes proporções: P. endodontalis 70%, P. gingivalis 40% e P. intermedia 10%, sem evidenciar P. nigrescens para estes casos. Concluíram que a alta prevalência de P. endodontalis e P. gingivalis sugere que estas espécies podem desempenhar um importante papel na patogênese das alterações periapicais. Fouad et al.41 (2002), uti l izaram primers direcionados a genes 16S rRNA (à partir de genes provenientes do gênero Enterococcus) para identif icar 10 supostos patógenos bacterianos em canais radiculares com polpas necrosadas. Adicional