UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ENGENHARIA
CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA
ANA MARIA DOURADO DOS SANTOS
O USO DE BANCOS DE DADOS PARA VERIFICAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO E
LACUNAS DE COLETA DAS ESPÉCIES DE LIANAS DA FAMÍLIA
BIGNONIACEAE NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
Ilha Solteira
2022
Campus de Ilha Solteira
PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ANA MARIA DOURADO DOS SANTOS
O uso de bancos de dados para verificação da distribuição e
lacunas de coleta das espécies de lianas da família Bignoniaceae
no Estado de São Paulo, Brasil.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Faculdade de Engenharia de
Ilha Solteira – UNESP como parte dos
requisitos para obtenção do título de
bacharelado em Ciências Biológicas.
Nome do orientador
Andréia Alves Rezende
Ilha Solteira
2022
Dos Santos O uso de bancos de dados para verificação da distribuição e lacunas de coleta das espécies de lianas da família Bignoniaceae no Estado de São Paulo, Brasil.Ilha Solteira2022 30 Sim Trabalho de conclusão de cursoCiências BiológicasEspecialidade (Ciências Biológicas), Área de conhecimento (Botânica)Não
FICHA CATALOGRÁFICA
Desenvolvido pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação
Santos, Ana Maria Dourado dos.
O uso de bancos de dados para verificação da distribuição e lacunas de
coleta das espécies de lianas da família bignoniaceae no estado de são paulo,
brasil. / Ana Maria Dourado dos Santos. -- Ilha Solteira: [s.n.], 2022
30 f. : il.
Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Ciências Biológicas) -
Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, 2022
Orientador: Andréia Alves Rezende
Inclui bibliografia
1. Áreas prioritárias. 2. Levantamento. 3. Trepadeiras.
S237u
ATA DE DEFESA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
“USO DE BANCO DE DADOS PARA VERIFICAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO E
LACUNAS DE COLETAS DAS ESPÉCIES DE LIANAS DA FAMÍLIA
BIGNONIACEAE NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL.”
ANA MARIA DOURADO DOS SANTOS
REGULAMENTO SOBRE A AVALIAÇÃO:
Artigo 25º - § 2º A apresentação pública do trabalho de TCC deverá ser de no
mínimo 20 (vinte) minutos e máxima de 40 (quarenta) minutos. Após
um intervalo de 5 (cinco) minutos, haverá a arguição do Trabalho
pelos examinadores. O tempo de arguição, será de até 15 (quinze)
minutos para cada examinador, e até 15 (quinze) minutos o tempo
para a resposta do(a) aluno(a) a cada examinador ou no caso de se
optar pelo diálogo o tempo conjunto entre examinador e
acadêmico(a) será de no máximo 30 (trinta) minutos.
Artigo 24º - No julgamento do TCC, a banca examinadora deverá avaliar a
apresentação oral, escrita e a defesa do trabalho durante a arguição. O
conceito final será APROVADO(A) ou REPROVADO(A).
COMISSÃO EXAMINADORA
1ª EXAMINADORA (Orientadora-Presidente)
Nome: Profa. Dra. Andréia Alves Rezende _________________________________
2ª EXAMINADORA
Nome: Profa. Ana Odete Santos Vieira
______________________
3ª EXAMINADORA
Nome: Dra. Veridiana de Lara Weiser Bramante
CONCEITO
(X) Aprovado(a)
( ) Reprovado(a)
Ilha Solteira-SP, 15 de dezembro de 2022.
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira
Cursos: Agronomia, Ciências Biológicas, Eng. Civil, Eng. Elétrica, Eng. Mecânica, Física, Matemática e Zootecnia.
Avenida Brasil Centro, 56 Caixa Postal 31 CEP 15385-000 Ilha Solteira São Paulo Brasil
tel (18) 3743 1100 fax (18) 3742 2735 stcom@adm.feis.unesp.br www.feis.unesp.br
mailto:stcom@adm.feis.unesp.br
http://www.feis.unesp.br/
AGRADECIMENTOS
Eu gostaria de agradecer, primeiramente, aos meus pais e familiares pelo amor
e por sempre apoiarem minha jornada. A minha amiga, Lorena Pacheco, e ao meu
namorado, Aparecido Neto, por nunca desistirem de mim e não me abandonarem nos
momentos difíceis. Sinto a mais profunda admiração e gratidão por tê-los ao meu lado,
vocês foram essenciais para que eu pudesse chegar até aqui.
Agradeço também a todos os meus colegas de turma, professores e toda
equipe do Laboratório de Ecologia e Sistemática de Fanerógamas da UNESP de Ilha
Solteira (LESF). Em especial a minha orientadora, Prof. Dra. Andréia, e a minha
amiga, Sônia Sawakuchi, que despertaram o meu amor pelo extraordinário mundo das
trepadeiras. Foi um prazer enorme dividir este tempo com vocês.
E finalmente, um agradecimento especial ao do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa concedida.
RESUMO
A família Bignoniaceae é representada por 08 tribos, a tribo Bignonieae é constituída,
em sua maioria, por espécies de lianas. De acordo com a Flora do Brasil, são
reconhecidas 301 espécies de lianas em 20 gêneros, sendo 79 espécies e 16 gêneros
listados para o Estado de São Paulo. Não há inventários botânicos que levem em
consideração apenas as lianas dessa família no estado. Na tentativa de suprir parte
dessa lacuna de conhecimento, esse estudo propõe usar como modelo as espécies
de liana da família Bignoniaceae. Tendo como objetivo verificar a distribuição e as
lacunas de coleta. Os resultados desse projeto além de contribuir para direcionar
inventários futuros de lianas, permitem reconhecer as espécies mais frequentes,
podendo auxiliar nas tomadas de decisões para o manejo de lianas. Para tanto, os
dados foram coletados a partir das informações contidas na plataforma do INCT-
Herbário Virtual da Flora e dos Fungos, para o levantamento das espécies foi utilizado
o sistema de busca speciesLink. Após a coleta das informações e limpeza dos dados
obtivemos uma lista com 8125 coletas representadas por 75 espécies distribuídas em
15 gêneros. As espécies mais representativas foram: Pyrostegia venusta,
Adenocalymma bracteatum e Dolichandra unguis-cati. O estado de São Paulo possui
645 municípios e observou-se que 263 municípios não têm nenhuma coleta de lianas
da família Bignoniaceae e 299 têm menos de 20 coletas, sendo as regiões oeste e
noroeste as que apresentam menor porcentagem amostral. Os municípios do interior,
localizados nas mesorregiões São José do Rio Preto, Marília, Presidente Prudente e
Araçatuba representam as maiores lacunas de coleta do estado. Apesar do município
de São José do Rio Preto e Gália estarem entre os 10 municípios com maior
representatividade de coleta, estão localizados em regiões administrativas que
apresentam menor cobertura amostral. Assim, constatou-se que as regiões centrais
do estado são favorecidas pela realização de projetos de dissertação e teses,
apresentando uma maior cobertura amostral. Enquanto o interior do estado,
principalmente oeste e noroeste, representam mais da metade das lacunas de coleta.
Constatamos assim que estas regiões são prioritárias para realização de
levantamentos florísticos.
Palavras-chave: áreas prioritárias; levantamento; trepadeiras.
ABSTRACT
The Bignoniaceae family is represented by 08 tribes, the Bignonieae tribe is
constituted, in its majority, by species of lianas. According to Flora do Brasil, 301
species of lianas are recognized in 20 genera, with 79 species and 16 genera listed for
the State of São Paulo. There are no botanical inventories that take into account only
the lianas of this family in the state. In an attempt to fill part of this knowledge gap, this
study proposes to use liana species of the Bignoniaceae family as a model. Aiming to
verify the distribution and collection gaps. The results of this project, in addition to
contributing to guide future inventories of lianas, allow the recognition of the most
frequent species, which can help in decision-making for the management of lianas. For
this purpose, data were collected from information contained on the platform of the
INCT-Virtual Herbarium of Flora and Fungi, for the survey of species, the search
system spciesLink was used. After collecting the information and cleaning the data, we
obtained a list with 8125 collections represented by 75 species distributed in 15 genera.
The most representative species were: Pyrostegia venusta, Adenocalymma
bracteatum and Dolichandra unguis-cati. The state of São Paulo has 645 municipalities
and it was observed that 263 municipalities have no collection of lianas of the
Bignoniaceae family and 299 have less than 20 collections, with the west and
northwest regions having the lowest sample percentage. The municipalities in the
interior, located in the mesoregions of São José do Rio Preto, Marília, Presidente
Prudente and Araçatuba, represent the largest collection gaps in the state. Although
the municipality of São José do Rio Preto and Gália are among the 10 municipalities
with the highest representativeness of collection, they are located in administrative
regions that have a smaller sample coverage. Thus, it was found that the central
regions of the state are favored by carrying out dissertation and these projects, with
greater sample coverage. While the interior of the state, mainly the west and northwest,
represent more than half of the collection gaps. We thus found that these regions are
a priority for carrying out floristic surveys.
Keywords: priority areas; levy; climber.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Distribuição das espécies de lianas Bignoniaceae mais coletas no Estado
de São Paulo......................................................................................................... 20
Figura 2 - Mapa de distribuição do número de coletas registradas para Bignoniaceae
trepadeiras no Estado de São Paulo..................................................................... 21
Figura 3 - Gráfico da cobertura amostral das espécies de liana da família
Bignoniaceae em cada mesorregião do Estado de São
Paulo...................................................................................................................... 22
Figura 4 - Gráfico com a análise temporal do número de coletas de lianas da família
Bignoniaceae no Estado de São Paulo………………………………………………. 22
Figura 5 - Gráfico com a análise temporal do número de coletas de lianas da família
Bignoniaceae no Estado de São Paulo………………………………………………. 24
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Lista de espécies de lianas da família Bignoniaceae coletadas no Estado
de São Paulo em ordem alfabética e o número de coletas………………..…………. 16
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 09
2 OBJETIVO…........................................................................................... 12
3 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................... 13
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 16
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 26
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 27
9
1. INTRODUÇÃO
A família Bignoniaceae foi descrita pela primeira vez por Jussieu (1789), é
constituída por lianas, árvores e mais raramente arbustos (GENTRY 1980).
Caracterizam-se por serem espécies lenhosas, com folhas compostas e opostas, sem
estípulas, flores vistosas, bissexuadas, zigomorfas, diclamídeas, gamopétalas,
gamossépalas, possuírem quatro estames didínamos com um estaminodio,
epipétalos, anteras rimosas, ovário súpero, fruto cápsula e sementes em geral aladas,
nas lianas as folhas são trifolioladas, sendo o folíolo terminal modificado em gavinha
(SOUZA & LORENZI 2012).
A família apresenta cerca de 860 espécies pertencentes a 82 gêneros, com
distribuição predominantemente tropical, sendo a maioria neotropical (LOHMANN &
ULLOA 2016). São encontradas em diferentes tipos de ambientes, compreendendo
desde cerrados abertos até florestas úmidas e perenifólias, sendo um componente de
grande importância nas florestas neotropicais e uma das principais famílias de lianas
das formações vegetais brasileiras (GENTRY 1980).
Esta é representada por 08 tribos, a tribo Bignonieae inclui lianas e arbustos,
distribuídas em 393 espécies e 24 gêneros. Constituindo o clado mais diverso e
abundante de lianas tropicais do Novo Mundo (GENTRY 1986; LOHMANN & TAYLOR
2014). No Brasil, de acordo com a Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/), são
reconhecidas 298 espécies de lianas em 20 gêneros, sendo 79 espécies e 16 gêneros
listados para o Estado de São Paulo.
Vários trabalhos abordando taxonomia, ecologia e a fenologia das espécies da
referida família foram publicados por Gentry (1974, 1980, 1990, 1991). Atualmente,
muitos estudos têm abordado importantes aspectos sobre a filogenia e evolução de
várias características morfológicas das Bignoniaceae (FONSECA & LOHMANN 2019;
FONSECA et al. 2017; NOGUEIRA et al. 2016; ALCANTARA et al. 2014).
Há também vários estudos taxonômicos para a família realizados por meio de
levantamentos de floras locais como a da Serra do Cipó (MG), onde foram
encontradas 24 espécies (LOHMANN & PIRANI 1998); a do Parque Nacional da Serra
10
da Canastra (MG), onde foram levantadas 15 espécies (SCUDELLER 2004); a da
Reserva Ducke, Manaus, onde foram registradas 52 espécies (LOHMANN &
HOPKINS 1999); a flora da Zona da Mata mineira, Viçosa (MG), onde foram
registradas 33 espécies (LOPES 2005) e o inventário realizado no noroeste do Estado
de São Paulo que registrou 46 espécies, sendo 33 espécies de lianas (RODRIGUES
2012). Entretanto, inventários considerando somente as espécies de liana da família
Bignoniaceae, o único encontrado foi o do Parque Estadual do Rio Doce (MG), com
37 espécies (SCUDELLER & CARVALHO-OKANO 1998).
As coleções botânicas são um registro valioso da biodiversidade em todos os
biomas e ao longo do tempo (Gardner et al., 2014), suas informações podem ser
publicadas e compartilhadas com agregadores de dados, permitindo novas
descobertas, sínteses e previsão globais. A utilização desses dados possibilita uma
análise temporal de grupos taxonômicos permitindo a avaliação de mudanças nas
distribuições de espécies, capacidade de dispersão ou diferenças de clado. As
interações entre táxons podem ser interpretadas, fornecendo informações sobre
populações e comunidades através do espaço e do tempo (James et al., 2018). A
documentação sobre o histórico das comunidades encontradas em conjuntos de
dados de coleções botânicas pode ser usada para fins de restauração ou reabilitação
e pode ser útil para determinar táxons substitutos (Weirauch et al., 2017).
Os resultados do projeto “Flora fanerogâmica do Estado de São Paulo”
(WANDERLEY et al. 2001) evidenciaram a desigualdade amostral entre diferentes
regiões do Estado, apontando a necessidade de um direcionamento de coletas para
as regiões menos amostradas. Durigan e colaboradores (2008) na elaboração das
diretrizes para a conservação das Fanerógamas e da restauração da biodiversidade
no Estado de São Paulo, mencionam que é preciso intensificar a amostragem de
trepadeiras e de outras formas de vida, que são negligenciadas na maioria dos
inventários botânicos, direcionados, em sua maioria, às espécies lenhosas arbóreas
e arbustivas.
Passados mais de 10 anos das recomendações feitas por Durigan et al. (2008),
não há estudos que tenham verificado se houve aumento nas coletas de lianas, e
também não se sabe quais são as lacunas de coleta de lianas no estado. Na tentativa
de suprir parte dessa lacuna de conhecimento esse estudo propõe usar como modelo
11
as espécies de liana da família Bignoniaceae, que é umas das famílias mais ricas e
abundantes em espécies na maioria dos levantamentos de lianas realizados no estado
(UDULUTSCH et al. 2010; SCUDELLER et al. 2019).
12
2. OBJETIVOS
Os objetivos gerais deste estudo foram avaliar, por meio de dados secundários
(bases de dados e herbários virtuais), a distribuição e as lacunas de coleta das
espécies de lianas da família Bignoniaceae no estado de São Paulo;
Pretende-se com isso responder às seguintes perguntas: i. Qual a situação
atual da amostragem das espécies de lianas da família Bignoniaceae no estado de
São Paulo? ii. A quantidade de amostras aumentou ao longo do tempo? Em caso
afirmativo, quais foram as iniciativas que proporcionaram este acréscimo? iii. Quais
são as regiões do estado que apresentam lacunas de coleta e quais seriam prioritárias
para amostragem?
13
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para esse estudo foram selecionados todos municípios que estão localizados
no estado de São Paulo (645), com ou sem coleta de trepadeiras da família
Bignoniaceae. Os dados foram coletados a partir das informações contidas na
plataforma do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Herbário Virtual da Flora e
dos Fungos (INCT/HVFF) (http://inct.florabrasil.net/). As informações dos espécimes
de Bignoniaceae coletados no estado de São Paulo foram obtidas na rede
speciesLink, utilizando o sistema de busca elaborado pelo Centro de Informações
Ambientais - Cria (https://specieslink.net/search/).
As informações utilizadas foram as dos herbários listados na sequência: Herbário
Alexandre Leal Costa (ALCB), Herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE), Herbário Antônio
Nonato Marques (BAH), Herbário da UFMG - Fanerógamas, Algas e Fungos (BHCB), Herbário do
Jardim Botânico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (BHZB), Herbário Irina Delanova
Gemtchújnicov (BOTU), Xiloteca "Profa. Dra. Maria Aparecida Mourão Brasil" (BOTUw), Inventário
Arbóreo Museu Catavento (Catavento), Herbário da Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia (CEN), Herbário do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), Herbário Leopoldo
Krieger (CESJ), Herbário da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CGMS), Herbário
da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Pantanal (COR), Herbário CPAP da Embrapa
Pantanal (CPAP), Coleção de plantas medicinais e aromáticas (CPMA), Herbário Pe. Dr. Raulino
Reitz (CRI), Herbário de Curitibanos (CTBS), Herbário da Universidade Tecnológica Federal do Paraná
- Dois Vizinhos (DVPR), Herbário Prisco Bezerra (EAC), Herbário Escola de Florestas
Curitiba (EFC), Herbário da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESA), Herbário
ESAL (ESAL), Evaldo Buttura (EVB), Field Museum of Natural History (Botany) Seed Plant
Collection (F), Herbário Friburguense (FCAB), Herbário do Departamento de Botânica da Universidade
Federal de Santa Catarina (FLOR), Herbário da Universidade Estadual de Londrina (FUEL), Herbário
Dr. Roberto Miguel Klein (FURB), Geneva Herbaria Catalogue with species Brazil (G), Geneva Herbaria
Catalogue with species Brazil - De Candolle herbarium (G-DC), Herbário Alarich Rudolf Holger
Schultz (HAS), Herbário Virtual Flora Brasiliensis (HbVirtFlBras), Herbário da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo Mourão (HCF), Herbário Ezechias Paulo
Heringer (HEPH), Herbário de Ilha Solteira (HISA), Herbario Jataiense (HJ), Herbário do Pantanal "Vali
Joana Pott" (HPAN), Herbário Padre Balduino Rambo (HPBR), Herbário do Jardim Botânico
Plantarum (HPL), Herbário do Museu de Ciências Naturais da PUC-Minas (HPUC-MG), Herbário
Rioclarense (HRCB), Herbário Sérgio Tavares (HST), Herbário do Tocantins (HTO), Herbário da
Universidade Estadual do Centro-Oeste (HUCO), Herbário da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (HUCP), Herbário da Universidade de Caxias do Sul (HUCS), Herbario da Universidade
Estadual de Feira de Santana (HUEFS), Herbário da Universidade Estadual de
Goiás (HUEG), Herbário UEM (HUEM), Herbário Do Centro De Biociências E Biotecnologia Da
http://inct.florabrasil.net/
https://specieslink.net/search/
14
Universidade Estadual Do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (HUENF), Herbário da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia (HUESB), Herbário da UFABC (HUFABC), Herbarium
Uberlandense (HUFU), Herbário Mogiense (HUMC), Herbário da Universidade Estadual de Ponta
Grossa (HUPG), Herbário do Recôncavo da Bahia (HURB), Herbário Unisanta (HUSC), Herbário do
Instituto SENAI de Tecnologia em Meio Ambiente (HXBH), Herbário do Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), Instituto Agronômico do Norte (IAN), Herbário do Instituto de Ciências
Naturais (ICN), Herbário INPA (INPA), Coleção de Madeiras - Xiloteca INPA (INPAw), Herbário - IPA
Dárdano de Andrade Lima (IPA), Herbário do Parque da Ciência Newton Freire Maia (IRAI), Herbário
Lauro Pires Xavier (JPB), Herbário de Lages da Universidade do Estado de Santa
Catarina (LUSC), Herbário do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (MAC), Herbário
MACK (MACK), Herbário do Maranhão (MAR), Herbário do Museu Botânico
Municipal (MBM), Herbário Mello Leitão (MBML-Herbario), Missouri Botanical Garden (MO), Herbário
do Museu da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (MPUC), Botanical
Collections (NHM-London-BOT), Naturalis Biodiversity Center (NL) - Botany (NL-Botany), The New
York Botanical Garden - South America records (NY), Coleção de plantas vasculares da América do
Sul (P), Herbarium Anchieta (PACA-AGP), Herbário Professor Vasconcelos
Sobrinho (PEUFR), Herbário do Museu Nacional (R), Herbário do Departamento de Botânica da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RBR), Herbário do Departamento de Botânica, Instituto
de Biologia (RFA), Herbário da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Santa
Helena (SHPR), Herbário de São José do Rio Preto (SJRP), Herbário Rosa Mochel (SLUI), Herbário
da Universidade Federal de Santa Maria (SMDB), Herbário do Centro de Ciências e Tecnologias para
a Sustentabilidade (SORO), Herbário do Estado "Maria Eneyda P. Kaufmann Fidalgo" - Coleção de
Fanerógamas (SP), Herbário da Universidade de São Paulo (SPF), Xiloteca do Instituto de Biociências
da Universidade de São Paulo (SPFw), Herbário da Universidade Federal de São
Carlos (SPSC), Herbário Dom Bento José Pickel (SPSF), Herbário Graziela Barroso (TEPB), Herbário
da Universidade de Brasília (UB), Herbário da Universidade Estadual de Campinas (UEC), Herbário da
Universidade Federal de Goiás (UFG), Herbário UFMT (UFMT), Herbário UFP - Geraldo
Mariz (UFP), Herbário da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNOP), Herbário da
Universidade Federal do Paraná (UPCB), Smithsonian Department of Botany - South American
records (US), Herbário da Universidade Federal de Viçosa (VIC), Herbário Central da Universidade
Federal do Espírito Santo VIES (VIES).
A busca dos dados na rede speciesLink foi realizada no início do
desenvolvimento desse estudo (março de 2020), utilizando os seguintes filtros: (1)
Família = Bignoniaceae, (2) estado = São Paulo. Os dados foram analisados a partir
dos registros obtidos nessa busca.
Com base nesses registros online, foi utilizado um protocolo (adaptado de
Moreira et al. 2020) para a limpeza do banco de dados. O primeiro passo foi selecionar
manualmente todos os registros de lianas determinados em nível de espécie, o
15
segundo foi levantar os espécimes sem duplicatas, o terceiro foi avaliar os espécimes
com duplicatas e selecionar aqueles com identificação completa, por fim o quarto
passo foi atualizar a nomenclatura, considerando os nomes aceitos na Flora e Funga
do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br).
Posteriormente, foram retirados os registros que apresentaram algum erro em
relação à área de abrangência no estado de São Paulo; as duplicatas foram removidas
da lista com base no nome do coletor, número do coletor e ano em que a amostra foi
coletada. Com a lista de nomes finalizada, foi feita uma busca das coletas de
espécimes de lianas de Bignoniaceae em cada município do estado de São Paulo,
com o objetivo de avaliar a distribuição, as lacunas e a abundância de coleta em cada
município. Também foi verificado o número de coletas de lianas de Bignoniaceae
desde o primeiro registro no banco de dados até a data do início do estudo, para serem
contabilizados o total de coleta de lianas em cada ano.
Para verificar as lacunas e abundância de coleta em cada município foi
realizado um mapa indicando os municípios e número de coletas. Também foram
apresentados mapas com as espécies mais coletadas no estado. E para a elaboração
da lista de espécies de lianas da família Bignoniaceae para o estado de São Paulo
seguiu a classificação da tribo Bignonieae proposta por LOHMANN & TAYLOR (2014).
Para verificar se houve acréscimo nas coletas de lianas da família Bignoniaceae
foi realizado um gráfico com o número de coleta em cada ano, durante o período de
1815 até 2020, para verificar se o acréscimo de coleta foi gradativo ao longo dos anos
ou se houve algum evento que proporcionou um acréscimo mais expressivo.
16
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Verificamos que no estado de São Paulo no período de 1814 a 2020 foram
registradas 14.424 coletas da família Bignoniaceae, representadas por 282 espécies.
Deste conjunto de dados foram desconsideradas as espécies de outros
hábitos, árvores e arbustos, equivalentes a 5.764 registros e 135 espécies. Também
foram desconsideradas as 520 duplicatas. Resultando em uma lista com 8.140
registros de espécies de lianas, dos quais 1051 foram identificados como sinônimos e
886 identificações incompletas.
A partir da limpeza desses dados, verificamos que as lianas da família
Bignoniaceae estão representadas no estado de São Paulo por 74 espécies
distribuídas em 15 gêneros (Tabela 1). Além da espécie exótica Pandorea jasminoides
(Lindl.) K. Schum conhecida popularmente como Trepadeira-de-arco e 12 espécies
que, segundo o Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/), não ocorrem no estado
de São Paulo.
O gênero com maior número de táxons foi Fridericia (15 spp.), seguido por
Amphilophium (nove spp.), Adenocalymma, Cuspidaria (oito spp), Bignonia (seis spp),
Dolichandra, Lundia (cinco spp), Anemopaegma, Mansoa, Tynanthus, Xylophragma
(três spp), Pleonotoma, Tanaecium (duas spp), Pyrostegia e Stizophyllum (uma spp).
Tabela 1. Lista de espécies de lianas da família Bignoniaceae coletadas no Estado de
São Paulo em ordem alfabética e o número de espécimes coletados.
Nome das espécies Número de espécimes coletados
Adenocalymma acutissimum (Cham.) Miers
54
Adenocalymma bracteatum (Cham.) DC.
415
Adenocalymma dusenii Kraenzl.
26
Adenocalymma hatschbachii A.H.Gentry
46
Adenocalymma marginatum (Cham.) DC.
132
Adenocalymma paulistarum Bureau &
K.Schum.
145
Adenocalymma trifoliatum (Vell.) R.C.Laroche
9
Adenocalymma ubatubense Assis & Semir
8
17
Nome das espécies Número de espécimes coletados
Adenocalymma acutissimum (Cham.) Miers
54
Adenocalymma bracteatum (Cham.) DC.
415
Adenocalymma dusenii Kraenzl.
26
Amphilophium bracteatum (Cham.)
L.G.Lohmann
36
Amphilophium crucigerum (L.) L.G.Lohmann
242
Amphilophium dolichoides (Cham.)
L.G.Lohmann
66
Amphilophium dusenianum (Kraenzl.)
L.G.Lohmann
1
Amphilophium elongatum (Vahl) L.G.Lohmann
174
Amphilophium falcatum (Vell.) L.G.Lohmann
6
Amphilophium frutescens (DC.) L.G.Lohmann
2
Amphilophium mansoanum (DC.)
L.G.Lohmann
158
Amphilophium paniculatum (L.) Kunth
155
Anemopaegma chamberlaynii (Sims) Bureau &
K.Schum.
247
Anemopaegma pachyphyllum Bureau &
K.Schum.
6
Anemopaegma prostratum DC.
104
Bignonia binata Thunb.
107
Bignonia campanulata Cham.
93
Bignonia corymbosa (Vent.) L.G.Lohmann
3
Bignonia decora (S.Moore) L.G.Lohmann
2
Bignonia magnifica W. Bull
11
Bignonia sciuripabulum (K.Schum.)
L.G.Lohmann
29
Cuspidaria convoluta (Vell.) A.H.Gentry
83
Cuspidaria floribunda (DC.) A.H.Gentry
141
Cuspidaria lateriflora (Mart.) DC.
21
Cuspidaria octoptera A.H.Gentry
15
Cuspidaria pulchella (Cham.) K.Schum.
157
Cuspidaria pulchra (Cham.) L.G.Lohmann
127
Cuspidaria sceptrum (Cham.) L.G.Lohmann
9
Cuspidaria simplicifolia DC.
1
Dolichandra chodatii (Hassl.) L.G.Lohmann
1
Dolichandra hispida (DC.) L.H.Fonseca &
L.G.Lohmann
14
Dolichandra quadrivalvis (Jacq.) L.G.Lohmann
70
Dolichandra unguiculata (Vell.) L.G.Lohmann
67
Dolichandra unguis-cati (L.) L.G.Lohmann
357
Fridericia caudigera (S.Moore) L.G.Lohmann
4
Fridericia chica (Bonpl.) L.G.Lohmann
228
18
Nome das espécies Número de espécimes coletados
Adenocalymma acutissimum (Cham.) Miers
54
Adenocalymma bracteatum (Cham.) DC.
415
Adenocalymma dusenii Kraenzl.
26
Fridericia conjugata (Vell.) L.G.Lohmann
37
Fridericia florida (DC.) L.G.Lohmann
300
Fridericia formosa (Bureau) L.G.Lohmann
63
Fridericia leucopogon (Cham.) L.G.Lohmann
61
Fridericia mutabilis (Bureau & K.Schum.)
Frazão & L.G.Lohmann
9
Fridericia platyphylla (Cham.) L.G.Lohmann
357
Fridericia poeppigii (DC.) L.G.Lohmann
16
Fridericia pubescens (L.) L.G.Lohmann
107
Fridericia rego (Vell.) L.G.Lohmann
43
Fridericia samydoides (Cham.) L.G.Lohmann
215
Fridericia selloi (Spreng.) Sandwith
33
Fridericia subincana (Mart.) L.G.Lohmann
1
Fridericia triplinervia (Mart. ex DC.)
L.G.Lohmann
313
Lundia corymbifera (Vahl) Sandwith
29
Lundia damazioi C. DC.
7
Lundia longa (Vell.) DC.
47
Lundia nitidula DC.
67
Lundia obliqua Sond.
215
Mansoa difficilis (Cham.) Bureau & K.Schum.
282
Mansoa glaziovii Bureau & K.Schum.
4
Mansoa lanceolata (DC.) A.H.Gentry
11
Pleonotoma fluminensis (Vell.) A.H.Gentry
1
Pleonotoma tetraquetra (Cham.) Bureau 53
Podranea ricasoliana Sprague. 63
Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers 668
Stizophyllum perforatum (Cham.) Miers 257
Tanaecium pyramidatum (Rich.) L.G.Lohmann 141
Tanaecium selloi (Spreng.) L.G.Lohmann 76
Tynanthus cognatus (Cham.) Miers 52
Tynanthus fasciculatus (Vell.) Miers 85
Tynanthus micranthus Corr.Mello ex K.Schum. 20
Xylophragma corchoroides (Cham.) Kaehler &
L.G.Lohmann
12
Xylophragma myrianthum (Cham.) Sprague 3
19
Nome das espécies Número de espécimes coletados
Adenocalymma acutissimum (Cham.) Miers
54
Adenocalymma bracteatum (Cham.) DC.
415
Adenocalymma dusenii Kraenzl.
26
Xylophragma platyphyllum (DC.) L.G.Lohmann 3
Fonte: Elaboração pela própria autora.
O gênero com maior número de coletas foi Fridericia (2016 coletas), seguido
por Amphilophium (907 coletas), Adenocalymma (898 coletas), Pyrostegia (676
coletas), Cuspidaria (554 coletas), Dolichandra (526 coletas), Anemopaegma (419
coletas), Lundia (400 coletas), Mansoa (335 coletas), Stizophyllum (282 coletas),
Bignonia (280 coletas), Tanaecium (225 coletas), Tynanthus (164 coletas),
Pleonotoma (57 coletas) e Xylophragma (18 coletas).
As espécies mais representativas são: Pyrostegia venusta (648 coletas),
Adenocalymma bracteatum (415 coletas), Dolichandra unguis-cati, Fridericia
platyphylla (357 coletas) e Fridericia triplinervia (313 coletas). Enquanto Amphilophium
dusenianum, Cuspidaria simplicifolia, Dolichandra chodatii, Fridericia subincana e
Pleonotoma fluminensis (todos com apenas uma coleta) são as que apresentam
menor número de coletas (figura 1).
Das espécies mais coletadas, vale destacar que Fridericia platyphylla não teve
registro nos municípios localizados no extremo oeste do estado e Fridericia triplinervia
não foi registrada no litoral, isso indica que ou as espécies não ocorrem nestas regiões
ou ainda não foram amostrados nessas áreas. Fato esse que ressalta a importância
de coletas para o conhecimento da distribuição de espécies.
Constatou-se um total de 8.140 lianas da família Bignoniaceae coletadas no
estado de São Paulo distribuídas em 382 municípios, das quais 209 coletas não
apresentam localidade determinada. Verificando-se assim que o estado de São Paulo
possui 263 municípios sem nenhum registro de coleta de lianas da família
Bignoniaceae, ou seja, cerca de 40%. O município com maior representatividade de
coletas foi São Paulo capital (742 coletas), seguido por Campinas (691 coletas), Rio
20
Claro (350 coletas) e Botucatu (331 coletas). Também se verificou que 299 municípios
possuem menos de 20 coletas registradas, mostrando que em apenas 83 (12,9%)
municípios do estado de São Paulo tiveram mais de 20 coletas registradas.
Figura 1. Distribuição das espécies de lianas Bignoniaceae mais coletas no estado de
São Paulo.
Pyrostegia venusta
Adenocalymma bracteatum
Dolichandra unguis-cati
Fridericia platyphylla
Fridericia triplinervia
Fonte: Mapas para colorir (2018) modificado.
De acordo com o mapa (figura 2), podemos observar que a região norte e
noroeste paulista apresentam menor número de registros, sendo a região da grande
21
São Paulo e do litoral as que apresentaram maior concentração de coletas registradas.
Esse fato pode estar relacionado com os cursos de campo realizados nas regiões
litorâneas e unidades de conservação na região central do estado. Esses dados são
condizentes com o estudo de Lima et al. (2015), que mostrou a existência de lacunas
de conhecimento na região oeste do Estado de São Paulo e que se faz necessário um
estudo mais detalhado para determinar se as mesmas se devem à ausência de
remanescentes florestais ou a falta de realizações de pesquisa no local.
Figura 2. Mapa de distribuição do número de coletas registradas para Bignoniaceae
trepadeiras no estado de São Paulo.
Fonte: Mapas para colorir (2018) modificado.
O governo do estado propõe a divisão de seus municípios em 16 regiões
administrativas (Figura 3). Os municípios do interior, localizados nas mesorregiões
São José do Rio Preto, Marília e Presidente Prudente representam as maiores lacunas
de coleta do estado (Figura 4). Um estudo de Shepherd (2006) aponta que é evidente
que a riqueza florística de cada região administrativa do estado é uma função direta
do número de exsicatas coletas e registadas em cada uma delas.
22
Apesar do município de São José do Rio Preto e Gália estarem entre os dez
municípios com maior representatividade de coleta, estão localizados em regiões
administrativas que apresentam menor registro de cobertura amostral do estado. Está
distribuição reflete a própria distribuição das instituições de pesquisas e coleções
biológicas. E os efeitos dessa desigualdade são sérios e podem ter consequências
graves para estudo da biodiversidade (Shepherd 2006).
Figura 3. Mesorregiões do estado de São Paulo
Fonte: Mapas para colorir (2018) modificado
23
Figura 4. Gráfico da cobertura amostral das espécies de liana da família Bignoniaceae
em cada mesorregião do estado de São Paulo.
Fonte: Elaboração pela própria autora.
No que se refere ao local de realização das coletas, 2.500 coletas foram
realizadas em Unidades de Conservação, porém não foi possível constatar o número
exato para este critério devido à falta de informações a respeito da localidade
específica de cada coleta, de acordo com as informações disponíveis nas etiquetas
estas ocorreram primordialmente em Estações Ecológicas, Reservas Florestais e
Parques.
Das coletas registradas para o município de São Paulo, que apresentou maior
número de coletas, 405 foram realizadas em áreas de preservação, equivalente a
54,6% de todas coletas registradas neste município. A espécie mais coletada
(Pyrostegia venusta) possui 44,5% de suas coletas realizadas em áreas de
conservação, além disso as espécies que apresentam apenas uma coleta
(Amphilophium dusenianum, Cuspidaria simplicifolia, Dolichandra chodatii, Fridericia
subincana e Pleonotoma fluminensis) também foram encontradas nessas áreas.
Em relação à disposição das coletas no período analisado foi possível observar
um maior esforço de coletas a partir de 1938. O primeiro pico de coletas registradas,
entre os anos de 1977 e 1978, pode estar relacionado com os esforços de coleta
realizado para o “Planejamento para a elaboração da Flora Fanerogâmica da Reserva
24
do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga” (MELHEM, T.S. et al. 1981) que realizou
um inventário florístico do parque, abrindo portas para diversos outros trabalhos de
biodiversidade realizados no local (Figura 4).
Figura 5. Gráfico com a análise temporal do número de coletas registradas de lianas
da família Bignoniaceae no estado de São Paulo.
Fonte: Elaboração pela própria autora.
O período possui algumas oscilações a partir de 1985 que pode estar
relacionado às mudanças na legislação e concretização dos cursos de pós-graduação
no país, o que gerou uma grande valorização e procura por estes, aumentando assim
a realização de projetos de inventário da flora do Estado. De 1991 a 2003 houve um
aumento e podemos observar o maior pico de registros em 1995, mesmo período em
que muitas coletas para “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo” (WANDERLEY
et al. 2001), foram realizadas. No entanto, também podemos relacionar este período
de aumento de coletas ao lançamento do programa BIOTA/FAPESP (1999) e outros
estudos como a realização da tese de doutorado “Fenologia de árvores, arbustos e
lianas em uma floresta semidecídua no sudeste do Brasil” (MORELLATO, L.P.C.
1991), tese de mestrado “Lianas da mata atlântica do estado de São Paulo” (KIM, A.
C. 1996), composição florística da comunidade de lianas lenhosas em duas formações
25
florestais do estado de São Paulo” (UDULUTSCH, R.G. 2003). Além de outros
trabalhos de especialistas em Bignoniaceae.
Embora, Durigan et al (2008) no documento sobre Diretrizes para a
conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo, ressalta a
necessidade de intensificar a amostragem de trepadeiras e de outras formas de vida,
verificamos que as coletas de lianas da família Bignoniaceae decresce a partir de
2010, resultando em apenas 14 coletas registradas para 2020.
26
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo foi possível observar a distribuição das espécies e das coletas
de lianas da família Bignoniaceae no estado de São Paulo, verificar as lacunas de
coleta e apresentar uma lista de espécies.
Apesar de constatado um aumento gradual na quantidade de coletas realizadas
no estado de São Paulo, com alguns picos em determinados períodos ocasionados
por eventos isolados ou trabalhos conjuntos é possível perceber uma grande
desigualdade amostral entre as diferentes regiões do estado, como constatado pelo
projeto “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo”. Entretanto, mesmo após os
apontamentos de Durigan et al (2008) no documento sobre Diretrizes para a
conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo, que é preciso
intensificar a amostragem de trepadeiras e de outras formas de vida, não houve um
aumento significativo nos esforços de coleta. Um fato importante a ser ressaltado é a
relação entre os avanços da pós-graduação no país com o aumento das coletas.
As regiões centrais do estado são favorecidas pela realização de projetos e
cursos de pós-graduação, apresentando assim uma maior cobertura amostral.
Enquanto o interior do estado, principalmente no oeste e noroeste, representa mais
da metade das lacunas de coleta, tendo dominância de municípios sem nenhuma
coleta. Constatamos assim que estas regiões são prioritárias para realização de
levantamentos florísticos. São necessários mais estudos para determinar se este fato
se dá devido à falta de remanescentes florestais ou a falta de pesquisas nessas
regiões, assim como para analisar com maior propriedade a distribuição das espécies
mais e menos coletadas. A análise dos dados referentes a localização também
mostrou a importância das Unidades de Conservação para manutenção da
biodiversidade mostrando sua forte influência no levantamento florístico do Estado,
apesar das informações sobre a coleta em UC’s não estarem bem documentadas,
esses dados reafirmam a relevância das UC’s na amostragem de lianas já que essas
correspondem a mais de um terço das coletas.
Vale destacar que os resultados desse estudo mostram a necessidade da
realização de inventários de lianas na região norte e oeste do Estado de São Paulo.
27
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALCANTARA, S. et al. The Effect of Phylogeny, Environment and Morphology
on Communities of a Lianescent Clade (Bignonieae-Bignoniaceae) in Neotropical
Biomes. PLoS One, v. 9, n. 3, 2014.
CRIA - Centro de Informações Ambientais SpeciesLink. 2018. Disponível em:
http://inct.splink.org.br/. Acesso em: 16. fev. 2021.
DURIGAN, G. et al. Fanerógamas. In: Diretrizes para a conservação e
restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo. Instituto de
Botânica/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, p. 104-109, 2008.
EMMONS, L. H & GENTRY, A. H. Tropical Forest Structure and the Distribution
of Gliding and Prehensile-Tailed Vertebrates. In: The American Naturalist. v. 121, n. 4,
p. 513-524, 1983.
Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/. Acesso em: Acesso em: 23 dez. 2021.
FONSECA, L. H. M. et al. Taxonomic Revision of Dolichandra (Bignonieae,
Bignoniaceae). Phytotaxa. 301, p. 1-70, 2007.
FONSECA, L. H. M., & LOHMANN, L. G. An Updated Synopsis of
Adenocalymma (Bignonieae, Bignoniaceae): New Combinations, Synonyms, and
Lectotypifications. Systematic Botany, 44(4), p. 893–912, 2019
GENTRY, A. H. Coevolutionary patterns in Central American Bignoniaceae.
Annals of the Missouri Botanical Garden 61, p. 728-759, 1974.
GENTRY, A. H. Bignoniaceae. (Crescentieae and Tourrettieae). Flora
Neotropica: v. 25, 1980.
GENTRY, A. H. Evolutionary patterns in neotropical Bignoniaceae. Memoirs of
the New York Botanical Garden 55, p. 118-129, 1990.
http://www.bv.fapesp.br/en/publicacao/128481/taxonomic-revision-of-dolichandra-bignonieaebignoniaceae/
http://www.bv.fapesp.br/en/publicacao/128481/taxonomic-revision-of-dolichandra-bignonieaebignoniaceae/
28
GENTRY, A.H. The distribution and evolution of climbing plants. In: F.E. Putz &
H.A. Mooney (eds.). The biology of vines, Cambridge, Cambridge University Press, p.
3-49, 1991.
JUSSIEU, A.L. Bignonie. In: Genera Plantarum, p. 137-140, 1789. Disponível
em: . Acesso em: 20. Dez. 2021
KIM, A C. Lianas da Mata Atlântica do estado de São Paulo. Dissertação
(mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Campinas, SP,
1996.
LIMA, R. A. F. et al. How much do we know about the endangered Atlantic
Forest? Reviewing nearly 70 years of information on tree community surveys.
Biodiversity and Conservation. v. 24, n.9, p. 2135-2148, 2015.
LOHMANN, L.G.& HOPKINS, M.J.G. 1999. Bignoniaceae. 608-623. In Ribeiro,
J.E.L. Da S. et al. Flora da Reserva Ducke: guia de identificação das plantas
vasculares de uma floresta de terra firme na Amazônia Central. Manaus. INPA.
LOHMANN, L.G. & PIRANI, J.R. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais:
Bignoniaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 10, p. 103-138,
1998.
LOHMANN, L.G. & ULLOA, C.U. Bignoniaceae. In: iPlants prototype checklist.
2016. Disponível em:< http://www.iplants.org>. Acesso em: 20. Dez. 2021
LOHMANN, L.G. Check-list das Bignoniaceae do estado de Mato Grosso do
Sul. Iheringia, Série Botânica., [S. l.], v. 73, p. 157–162, 2018. DOI: 10.21826/2446-
8231201873s157.
LOHMANN, L.G.; TAYLOR, C.M. A new generic classification of Tribe
Bignonieae (Bignoniaceae). Annals of the Missouri Botanical Garden, St. Louis, v. 99,
n. 3, p. 348-489, 2014. DOI: 10.3417/2003187.
LOPES, M.M.M. Bignoniaceae Durande de um fragmento florestal, em Viçosa,
Zona da Mata Mineira: Florística e aspectos ecológicos. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2005.
http://www.iplants.org/
29
Mapas para colorir. Mapas do Estado de São Paulo: municípios. Disponível em:
https://www.mapasparacolorir.com.br/mapa-estado-sao-paulo.php. Acesso em: 12
abril. 2021.
MELHEM, T.S. et al. Planejamento para a elaboração da "Flora Fanerogâmica
da Reserva do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (São Paulo, Brasil)". Hoehnea
9, p. 63-74, 1981.
MORELLATO, L.P.C. & LEITÃO-FILHO, H.F. Reproductive phenology of
climbers in a Southeastern Brazilian Forest. Biotropica 28, p. 180-191, 1996.
MORELLATO, L. P. C. Estudo da fenologia de árvores, arbustos e lianas de
uma floresta semidecídua do sudeste do Brasil. Tese (doutorado) - Universidade
Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Campinas, SP. 1991.
MOREIRA, M. M. et al. Using online databases to produce comprehensive
accounts of the vascular plants from the Brazilian protected areas: The Parque
Nacional do Atibaia as a case study. Biodiversity Data Journal. 2020. 8: e50837
NOGUEIRA, A. et al. Evidence of between-population differences in natural
selection on extra-floral nectaries of the shrub Anemopaegma album (Bignoniaceae).
BOTANY, v. 94, n. 3, 2016. Disponível em:
. Acesso em: 06. Mar. 2021
RODRIGUES, M.C. Bignoniáceas de dezoito fragmentos florestais
remanescentes no noroeste paulista, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade
Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu, 2012.
SCUDELER, A. L. et al. Trepadeiras de um remanescente de floresta estacional
semidecidual no sudeste do Brasil. Rodriguésia, v. 70, 2019.
SCUDELLER, V. V. & CARVALHO-OKANO, R.M. DE. Bignonieae
(Bignoniaceae) no Parque Estadual do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. Iheringia, Série
Botânica, 51, p. 79-133,1998.
30
SCUDELLER, V. V. Bignoniaceae Juss. no Parque Nacional da Serra da
Canastra – Minas Gerais, Brasil. Iheringia. In: Série Botânica, v. 59, p. 59-73, 2004.
SHEPHERD, G. J. Série Biodiversidade 15: Avaliação do estado do
conhecimento da biodiversidade brasileira. MMA, ed. 15, v. 1, p. 147-192, 2006.
SOUZA, V. C & LORENZI, H. Botânica Sistemática: guia ilustrado para
identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em
APG III. v. 3, 2012.
UDULUTSCH, R. G.; SOUZA, V. C. ; RODRIGUES, R. R. ; DIAS, P.
Composição florística e chaves de identificação para as lianas da Estação Ecológica
dos Caetetus, Estado de São Paulo, Brasil. Rodriguésia, 61, p. 715-730, 2020.
UDULUTSCH, R.G. Composição florística da comunidade de lianas lenhosas
em duas formações florestais do estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado,
Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz”,
Piracicaba, SP, 2003.
WANDERLEY, M. D. G. L et al. Biota Neotropica, v. 11, p. 191-388, 2011.
http://lattes.cnpq.br/3610075124653786
http://lattes.cnpq.br/2457247935703929
http://lattes.cnpq.br/4985911040627273
http://lattes.cnpq.br/0545598008705952