UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA Camila de Castro Corrêa LINGUAGEM EM CRIANÇAS COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO Tese apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Doutora em Bases Gerais da Cirurgia. Orientadora: Profa. Dra. Silke Anna Theresa Weber Coorientadora: Profa. Dra. Luciana Paula Maximino Botucatu 2019 Camila de Castro Corrêa LINGUAGEM EM CRIANÇAS COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO Tese apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Doutora em Bases Gerais da Cirurgia. Orientadora: Profa. Dra. Silke Anna Theresa Weber Coorientadora: Profa. Dra. Luciana Paula Maximino Botucatu 2019 1 2 DEDICATÓRIA Posso ter a voz da minha mãe, ou o sorriso do meu pai, mas meu caráter, meus valores e minha felicidade devo aos dois igualmente. A origem do anseio em me tornar professora está na história construída pelos meus pais, Nilson e Célia, repleta de dedicação, respeito e amor pela vida. À vocês, minha eterna gratidão e meu amor mais profundo! 3 AGRADECIMENTO ESPECIAL Pensar que, em 2013, comprei a minha primeira passagem de ônibus para conhecê-la, em 2015, iniciei a coleta desta tão sonhada pesquisa, ingressei efetivamente no doutorado em 2016, passei três meses na Itália em 2018, e, por fim, em 2019, concluo o doutorado. Que visão mais controvérsa do tempo, me vem uma sensação de tantas coisas vividas, e, concomitantemente, sinto que tudo se passou de uma forma fulgaz e serena. Acredito que a sensação de leveza deste processo se estabelece por ter tido a oportunidade de trabalhar ao seu lado. Sim, ao seu lado. Esta sempre foi a posição a qual ela fez questão de estar, desde que nos conhecemos, sendo marcante o seu apoio, carinho e confiança em mim e no meu trabalho. Muita ingenuidade de pensar que ter a Dra Silke Anna Theresa Weber como orientadora, seria apenas um meio para que eu pudesse concretizar o meu projeto de pesquisa. Não há dúvidas que tê-la como minha orientadora foi um divisor de águas para a minha formação e para a minha inspiração, de modelo de docente que gostaria de ser, além de ser exemplo de empatia pelo ser humano. O nosso trabalho tomou enormes proporções, fugindo daquela “modesta” ideia inicial, a medida em que sempre me estimulou a confiar em mim mesma. É impossível evitar as lágrimas que escorrem do meu rosto no dia de hoje, parcialmente pelo sentimento de perda desta rotina de produção e de diversão a qual construímos. Todavía, o maior motivo de toda emoção, sem dúvidas é a felicidade e honra de ter convivido e aprendido com você. Infinitamente, obrigada! 4 AGRADECIMENTOS Expresso aqui os meus agradecimentos, aqueles que foram essenciais para que essa tese fosse realizada e finalizada. Ao Luis Fernando, que esteve presente em todo esse período, sempre transbordando amor, compreensão e zêlo. Amo você. Aos familiares que sempre me inspiraram e me apoiaram. Crescer rodeada de amor, tornou fácil essa jornada, mesmo nos momentos adversos e inevitáveis. Em especial, ao meu irmão, Daniel, e cunhada, Gabriela. Amo vocês! Aos amigos que tornaram essa caminhada muito mais leve e doce. Aos meus lindos e pequenos pacientes e seus familiares, os quais tiveram muita paciência e confiança no meu trabalho. A hora passou voando, alias, mais de 250 horas passaram com muita alegria, enquanto lá no fundo, eu estava avaliando a audição, a linguagem e a motricidade orofacial. Sem dúvidas, vocês foram a minha motivação para dar o melhor de mim à Ciência. À minha coorientadora, Profª Drª Luciana Paula Maximino, que me inspira há doze anos. Em 2010, tive o meu primeiro atendimento terapêutico em linguagem oral infantil, supervisionado por ela. Após a avaliação do paciente, a professora me questionou se eu gostaria de continuar com aquele caso, por termos encontrado alterações que não contemplariam o perfil do estágio. Este desafio gerou resultados consideráveis para esse paciente, bem como a minha primeira publicação de caso clínico em formato de artigo científico. Isto ilustra a liberdade, apoio e aprendizado proporcionado durante esses anos de parceria. Obrigada. À minha banca, Profª Drª Érika Veruska Paiva Ortolan, Profª Drª Leticia Dominguez Campos, Drª Adriana Bueno Benito Pessin e Drª Vanessa Ieto, cada uma escolhida com muito carinho, pela importante contribuição para que esse trabalho pudesse ter sido concluído, não apenas no dia da defesa, mas principalmente durante esses três anos de doutorado. Em especial, ressalto a parceria e cumplicidade da Leticia na minha vida profissional e pessoal. O meu MUITO obrigada! À Profª Drª Dagma Venturini Marques Abramides por sua participação e importante apoio neste trabalho. À Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", ao Hospital das Clínicas e ao Hospital Estadual de Botucatu, pela oportunidade de realizar o doutorado e desenvolver esta pesquisa, e aos funcionários do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço que sempre auxiliaram nas questões administrativas. 5 À toda equipe do Laboratório do Sono do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, que de uma forma sempre solicita, auxiliaram nos agendamentos e execução dos exames de polissonografia. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP, pelas concessões da Bolsa de Doutorado (número de processo 2016/05659-9) e Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (número de processo 2018/00590-6). À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo apoio financeiro no primeiro ano de doutorado. Grazie mille Melania Evangelisti e Maria Pia Villa per tutto l’aiuto nella ricerca che abbiamo fatto insieme mentre ero nell’ospedale Sant’Andrea, Università Sapienza, nella bella Italia. Às fonoaudiólogas do Serviço de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas, pelo acolhimento e confiança no meu trabalho enquanto estive contratada neste serviço. 6 EPÍGRAFE Se você aproveitar o tempo a fim de melhorar-se, o tempo aproveitará você para realizar maravilhas (André Luiz/Chico Xavier) 7 RESUMO INTRODUÇÃO A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) na população pediátrica pode gerar consequências devido à hipoxemia intermitente, hipercapnia transitória e despertares frequentes. Como exemplo estão as repercussões cardiovasculares, alteração no crescimento pôndero-estatural, redução da atenção, da capacidade da memória, impacto na aprendizagem e na qualidade de vida. Ainda a literatura é escassa no que se refere à investigação da linguagem oral nas crianças com AOS. OBJETIVO Analisar as habilidades de linguagem oral receptiva e expressiva em crianças com Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). MÉTODOS A presente tese foi desenvolvida em três fases, sendo cada uma composta por métodos específicos, contidos nos artigos apresentados no decorrer deste documento. 1ª fase – Investigação da literatura: correspondeu ao levantamento da literatura para se investigar os estudos já realizados sobre a linguagem oral em crianças com AOS, analisando esta possível relação, os protocolos de linguagem oral utilizados e os protocolos de qualidade de vida mais aplicados para a população brasileira. 2ª fase – Investigação Clínica: foi referente à avaliação clínica de 52 crianças com e sem queixas respiratórias, de 4 a 11 anos, aplicando protocolos para a investigação da: orelha média, linguagem oral expressiva (fonologia, sintaxe, semântica expressiva e pragmática) e receptiva (compreensão de instruções e semântica receptiva) e aspectos da motricidade orofacial. 3ª fase – Análise pelo Sleep Clinical Record: análise da amostra pelo protocolo Sleep Clinical Record. RESULTADOS 1ª fase – Investigação da literatura: Na literatura, foi possível averiguar poucos estudos investigando a linguagem oral em crianças com AOS, indicando possíveis alterações em alguns níveis de linguagem. Os estudos demonstraram investigações pontuais, sem considerar todos os níveis da linguagem oral, por meio de diferentes protocolos, dificultando comparações. Os protocolos mais usados no Brasil para investigar a qualidade de vida, foram o questionário OSA- 18 e o OSD-6. 2ª fase – Investigação Clínica: Em relação à avaliação de orelha média prévia à cirurgia de adenotonsilectomia, foi observada elevada ocorrência de alterações na timpanometria. Quanto aos hábitos orais deletérios foi verificada maior ocorrência e persistência do histórico de uso de chupeta e mamadeira no grupo com AOS, além da correlação do uso e da persistência do hábito de mamadeira com a gravidade da AOS. Avaliando-se a função respiratória, observou-se que o grupo AOS apresentou a permeabilidade nasal diminuída em relação às crianças sem AOS. A avaliação de linguagem expressou pior desempenho para o Grupo AOS 8 no que se refere à fonologia, sintaxe, semântica expressiva e receptiva, com significância para o nível fonológico. Ainda vale ressaltar que houve alta ocorrência de alteração de linguagem em pelo menos um nível comunicativo considerando os dois grupos estudados. 3ª fase – Análise pelo Sleep Clinical Record: Na extensão da tese, em parceria com a Sapienza Università di Roma, foi verificado que as crianças brasileiras com AOS apresentam escore SCR maior quando comparadas com crianças italianas. Além disso, quando se considerou a avaliação miofuncional orofacial em adição ao SCR, aumentou a sensibilidade e especificidade deste protocolo para se identificar crianças com risco para AOS. CONCLUSÃO Neste estudo pioneiro, verificou-se a possibilidade de alteração da linguagem oral em crianças com AOS, além de apontar grande defasagem no desempenho da linguagem nas crianças em geral. O presente estudo possibilitou integrar não apenas a atuação conjunta de diferentes profissões, mas também investigou a comunicação da criança com AOS de uma forma ampla, considerando os níveis da linguagem, bem como as condições auditivas e das musculaturas e funções orofaciais. Palavras-chave: Síndromes da Apneia do Sono. Sono. Fonoaudiologia. Linguagem. Criança. 9 ABSTRACT INTRODUCTION Obstructive Sleep Apnea (OSA) in the pediatric population could cause consequences due to intermittent hypoxemia, transient hypercapnia, and frequent arousals. As an example are the cardiovascular repercussions, alteration in growth, reduced attention, memory capacity, impact on learning and quality of life. The literature is scarce regarding the investigation of oral language in children with OSA. AIM To analyze receptive and expressive oral language in children with Obstructive Sleep Apnea (OSA). METHODS The present thesis was developed in three stages, each being composed of specific methods, contained in articles presented throughout this document. 1st stage - Literature Investigation: The review of the literature investigated publications of studies related to oral language disorders in children with OSA, focusing on the possible relationship of OSA and language disorders, on which oral language protocols were used and on which were the most frequently applied protocols of quality of life in the Brazilian population. 2nd stage - Clinical Investigation: 52 children, both genders, with and without respiratory complaints, aged from 4 to 11 years, were submitted to the clinical evaluation applying protocols for the investigation of: hearing, expressive oral language (phonology, syntax, expressive semantics and pragmatic) and receptive language (instruction comprehension and receptive semantics) and aspects of orofacial myology. 3rd phase - Analysis by the Sleep Clinical Record: The study sample of 52 children were submitted to a screening for OSA by the Sleep Clinical Record protocol. RESULTS 1st stage - Literature Investigation: The review of the literature found only few studies which investigated oral language in children, indicating possible disorders in some language levels. The studies mostly performed timely investigations, not considering all levels of oral language, applying different protocols, what made a comparison difficult. The most used protocols in Brazil to investigate quality of life were the OSA-18 and OSD-6 questionnaires. 2nd stage - Clinical Investigation: The evaluation of the middle ear showed a high frequency of tympanometric alterations. Regarding deleterious oral habits, there was a greater occurrence and persistence of the history of pacifier and bottle use in the OSA group, the use and persistence of the bottle use showed a positive correlation to the OSA severity When evaluation of the respiratory functions, the OSA group presented decreased nasal permeability in relation to the children without OSA. The language evaluation expressed a worse performance for the OSA Group regarding phonology, syntax, expressive and receptive semantics, being significant for the phonological level. It is worth mentioning that there was a 10 high occurrence of language alteration in at least one communicative level ofboth groups 3rd phase - Analysis by the Sleep Clinical Record: In partnership with Sapienza Università di Roma, the sleep clinical record questionnaire was applied to the OSA children and it was verified that the Brazilian OSA children presented a higher SCR score when compared to Italian children. In addition, the orofacial myofunctional evaluation associated tothe SCR increased the sensitivity and specificity of this protocol to identify children at risk for OSA. CONCLUSION In this pioneer study, the possibility of oral language alteration in children with OSA was verified, besides pointing out a large gap in language performance in children in general. The present study allowed to integrate not only the joint performance of different professions, but also investigated the communication of the child with OSA in a broad way, considering the different language levels as well as the auditory and orofacial muscles and functions. Keywords: Sleep Apnea Syndromes. Sleep. Speech, Language and Hearing Sciences. Language. Child. 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AOS Apneia Obstrutiva do Sono CHAT The Childhood Adenotonsillectomy Trial CSHQ Children´s Sleep Habits Questionnaire EVA Escala Visual Analógica IAH Índice de Apneia e Hipopneia ISQ Infant Sleep Questionnaire MEQ Morning-Eveningness Questionnaire PCC Porcentagem de Consoantes Corretas PDSS Pediatric Daytime Sleepiness Scale PSG Polissonografia PSQ Pediatric Sleep Questionnaire SCR Sleep Clinical Record SDSC Sleep Disturbance Scale for Children SHS Sleep Habits Survey ShOM Short Evaluation of Orofacial Myofunctional Protocol 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................14 2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................17 2.1 APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM CRIANÇAS.......................18 2.2 DIAGNÓSTICO DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO.................18 2.3 CONSEQUÊNCIAS DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO..........20 2.4 LINGUAGEM ORAL........................................................................21 2.5 LINGUAGEM ORAL NA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO..........22 2.6 HIPÓTESE......................................................................................23 3 OBJETIVO......................................................................................24 3.1 OBJETIVO GERAL.........................................................................25 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................25 4 MÉTODOS......................................................................................27 5 BIBLIOGRAFIA..............................................................................29 6 ARTIGOS........................................................................................34 6.1 ARTIGO 1: Obstructive Sleep Apnea and Oral Language Disorders….35 6.2 ARTIGO 2: Sleep quality in children: questionnaires available in Brazil..........................................................................................................36 6.3 ARTIGO 3: Testes de avaliação da linguagem oral........................37 6.4 ARTIGO 4: Orelha média................................................................39 6.5 ARTIGO 5: Hábitos orais deletérios................................................41 6.6 ARTIGO 6: Linguagem oral.............................................................45 6.7 ARTIGO 7: Permeabilidade nasal...................................................57 6.8 ARTIGO 8: Sleep Clinical Record nas crianças brasileiras e a sua comparação com as italianas....................................................................62 6.9 ARTIGO 9: Short Evaluation of Orofacial Myofunctional (ShOM) e o Sleep Clinical Record.................................................................................71 7 CONCLUSÕES...............................................................................80 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................82 9 ANEXOS.........................................................................................85 9.1 ANEXO 1 - Comprovante de aprovação do projeto de pesquisa pelo CEP............................................................................................................86 9.2 ANEXO 2 - Short Evaluation of Orofacial Myofunctional Protocolol 13 (ShOM)......................................................................................................90 10 APÊNDICES...................................................................................91 10.1 APÊNDICE 1 - Termo de Assentimento (4 a 6 anos).....................92 10.2 APÊNDICE 2 - Termo de Assentimento (7 a 11 anos)...................93 10.3 APÊNDICE 3 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido........94 14 INTRODUÇÃO 15 1 INTRODUÇÃO As interrupções ou redução da permeabilidade da via aérea superior durante o sono, compostas por hipoxemia intermitente, hipercapnia transitória e despertares frequentes, são denominadas de Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). No que se refere à população pediátrica, a causa mais comum para a AOS é a hipertrofia de tonsilas palatinas e faríngea. Entretanto, não se pode deixar de citar a influência do excesso de peso, que têm se tornado um problema de saúde pública na população adulta e infantil (KUMAR, KELLY, 2017). O diagnóstico padrão é a polissonografia (PSG), que possibilita o registro de diversos parâmetros fisiológicos durante o sono (BALBANI, WEBER, MONTOVANI, 2005). Atualmente, se discute a dificuldade do acesso a este exame, que tem impossibilitado a maioria da população ao diagnóstico e tratamento da AOS. Desta forma, a PSG tipo 3 é uma alternativa para o diagnóstico da população pediátrica, (VELOSO, 2016; WEBER et al., 2015; CERTAL et al., 2015), que possibilita avaliação satisfatória dos padrões respiratórios. Esta alternativa tem otimizado um maior número de exames realizados (SCALZITTI et al., 2017), por exemplo, em um serviço público (CARVALHO, MONTOVANI, WEBER, BERTOZ, 2013; ANTUNES et al., 2007). A importância do diagnóstico e do tratamento precoce se deve às inúmeras consequências da AOS, especificamente para população pediátrica, são ressaltadas as complicações sistêmicas, déficit no nível atencional, prejuízos na aprendizagem, no comportamento (OWENS, 2009a, 2009b; CARTER, HATHAWAY, LETTIERI, 2014; GATICA et al., 2017) e na consolidação de memória (MASKI et al., 2017). Este tópico pode ser exemplificado pelo estudo randomizado controlado denominado de “The Childhood Adenotonsillectomy Trial (CHAT) que teve como objetivo avaliar o procedimento cirúrgico de adenotonsilectomia na população infantil, com a casuística de 460 crianças de 5 a 9 anos com AOS de leve a moderada. Para isso, dividiram as crianças em dois grupos, um submetido à adenotonsilectomia e o outro grupo composto por crianças que estavam na lista de espera, recebendo tratamento clínico e orientações de higiene do sono. Foram avaliadas em um primeiro momento, e após sete meses (REDLINE et al., 2011). Desta forma, foi possível observar os seguintes efeitos diretos da adenotonsilectomia: melhora da hiperssonolência diurna (PARUTHI et al., 2016), de problemas de comportamento (THOMAS et al., 2017), além de verificarem que a melhora da gravidade da AOS esteve correlacionada com a raça, obesidade e pela pontuação do Pediatric Sleep Questionnaire (MITCHELL et al., 2015). Apesar de já existirem muitos estudos que abordaram possíveis 16 prejuízos no desempenho cognitivo, atenção, memória, aprendizado, funções executivas e linguagem em crianças com AOS, observou-se grande variação metodológica e heterogeneidade de tarefas/habilidades investigadas, o que implica em evidências insuficientes para determinar a correlação de tais alterações com a AOS. Portanto, faz-se necessário investigar habilidades de baixa e alta ordem em diversificadas provas, afim de esclarecer tais achados (da Silva Gusmão Cardoso et al., 2018). Especificamente quanto à linguagem oral, ressalta-se que a investigação de alguns níveis da linguagem oral ocorreu de modo isolado em crianças com AOS, embora indicando a possibilidade de correlações da linguagem oral com a AOS (CORRÊA et al., 2017). 17 REVISÃO DE LITERATURA 18 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM CRIANÇAS A AOS é caracterizada pela ocorrência de apneias, bloqueio da passagem do ar nas vias aéreas superiores, e hipopneias, redução do fluxo aéreo, pela redução da luz orofaríngea, acompanhados de esforço respiratório durante o sono (BERRY et al., 2012). A prevalência é estimada de 1 a 5% da população pediátrica com AOS, e de 4 a 34% com ronco primário, sendo a idade mais comum a pré- escolar (MARCUS et al., 2012; LI et al., 2013), por coincidir a fase de maior prevalência de hipertrofia das tonsilas palatinas e faríngea (CHOI et al., 2010). A causa da AOS tem sido relacionada com a obesidade na idade escolar (LENNON et al., 2017). Também devem ser considerados outros fatores de risco para a diminuição da patência das vias aéreas superiores: prematuridade, raça, com a prevalência maior de AOS em crianças negras (ROSEN et al., 2003), histórico familial de AOS (OWEN, 2009b), alergias, refluxo gastroesofágico, alterações craniofaciais (LAM et al., 2010), síndromes, desvio de septo nasal e redução do tônus muscular (TAN et al., 2016; WEISS, OWENS, 2014). Especificamente sobre a condição muscular e as funções orofaciais, a persistência de alterações na sucção, mastigação, deglutição e respiração implica no prejuízo para todo o desenvolvimento craniofacial devido às forças contínuas que essas funções exercem nas cartilagens, ossos e músculos envolvidos no crescimento da base do crânio e a face (GUILLEMINAULT, AKHTAR, 2015). Crianças com hipertrofia adenotonsilar e com o diagnóstico de AOS pela PSG apresentam alteração na coordenação muscular facial e nas funções orofaciais (SOUZA et al, 2013; FELICIO et al., 2016). Além disso, deve-se considerar a influência do aspecto muscular orofacial no IAH, mesmo na ausência de outras comorbidades (GUILLEMINAULT et al., 2013), demonstrando a importância de se avaliar o tônus muscular e as funções orofaciais antes e após a adenotonsilectomia, realizar terapia miofuncional orofacial se necessário, afim de prevenir recidivas da função da respiração. 2.2 DIAGNÓSTICO DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO O diagnóstico deve ser composto por diferentes avaliações, desde a história clínica, em que os sintomas são investigados, devendo-se considerar também outros fatores, como o estado nutricional da criança (LEWIS et al., 2017). Sabe-se que a hipertrofia adenotonsilar é a principal causa (BALBANI, WEBER, MONTOVANI, 2005), dessa forma, o diagnóstico se inicia com a avaliação clínica, incluindo o uso da escala de Brodsky, em que se estima o tamanho das tonsilas palatinas de 0 a 4, sendo 19 esta última graduação correspondente a ocupação das tonsilas de 75% ou mais do espaço orofaríngeo (BRODSKY, 1989). Para a coleta da sintomatologia e qualidade do sono no momento da avaliação clínica, existe a possibilidade de se aplicar questionários padronizados. No conjunto dos questionários voltados a qualidade do sono das crianças, usados mundialmente, estão o PSQ (Pediatric Sleep Questionnaire) (CHERVIN et al., 2000), CSHQ (Children´s Sleep Habits Questionnaire), SDSC (Sleep Disturbance Scale for Children), PDSS (Pediatric Daytime Sleepiness Scale), SHS (Sleep Habits Survey), MEQ (Morning-Eveningness Questionnaire), ISQ (Infant Sleep Questionnaire) (COSTA, 2015) e o “BEARS” sleep screening algorithm (B=Bedtime Issues, E=Excessive Daytime Sleepiness, A=Night Awakenings, R=Regularity and Duration of Sleep, S=Snoring) (OWENS, DALZELL, 2005). Em relação ao questionário disponível da língua portuguesa do Brasil, o mais citado é o OSA-18 (FRANCO et al., 2000; FERNANDES, TELES, 2013), apesar de ter sido verificada divisão da literatura brasileira entre o uso de outros questionários, o que limita a compreensão em larga escala do parâmetro da qualidade do sono (CAVALHEIRO, CORRÊA, MAXIMINO, WEBER, 2017). A função desses questionários é para mensurar a qualidade do sono e pontuar comportamentos relacionados ao sono de um modo subjetivo, na visão dos pais. Ressalta-se que não apresentam a função de diagnosticar, como observa-se na comparação do OSA-18 com a dessaturação de oxigênio/ PSG de noite inteira, resultando alto falso positivo e fraca correlação (CONSTANTIN et al., 2010; WALTER et al., 2016), não sendo assim recomendado o seu uso para diagnóstico de AOS em crianças. O exame padrão ouro para o diagnóstico dos distúrbios do sono é a PSG (MARCUS et al., 2012), que monitora diversos parâmetros fisiológicos durante o sono, dentre eles está o eletroencefalograma, eletrooculograma, eletromiograma, eletrocardiograma, fluxo aéreo (nasal e oral), esforço respiratório e saturação de oxigênio (BALBANI, WEBER, MONTOVANI, 2005). Esse exame esclarece se a criança apresenta ou não a AOS, bem como a sua gravidade por meio do Índice de Apneia e Hipopneia (IAH) (KADITIS et al., 2017). Ressalta-se que o diagnóstico é recomendado quando há queixas respiratórias obstrutivas noturnas, porém poucas vezes aplicado efetivamente, observando que apenas 4% das crianças recebem o devido diagnóstico (MELTZER et al., 2010) e que cada vez mais verifica-se as filas de espera para o diagnóstico e, consequentemente, para a realização da adenotonsilectomia (ANTUNES et al., 2007) Como alternativa para viabilizar mais diagnósticos, foi introduzida a PSG tipo 3, que possibilita avaliação satisfatória dos padrões respiratórios mediante a monitorização da saturação de oxigênio, da frequência cardíaca, do fluxo respiratório oronasal, o movimento respiratório tóraco- 20 abdominal, a presença de roncos e a posição corporal (VELOSO, 2016; WEBER et al., 2015; CERTAL et al., 2015). Estudos recentes verificaram a necessidade de se estabelecer novos parâmetros do IAH para esse tipo de polissonografia (SCALZITTI et al., 2017; ALONSO-ÁLVAREZ et al., 2015), o que não limita seu uso para o diagnóstico de crianças para alterações de ordem respiratórias do sono. Outro instrumento que foi idealizado a partir da ideia de ampliar os diagnósticos de AOS em criança, é o Sleep Clinical Record (SCR), protocolo idealizado na Itália, que considera parâmetros clínicos e sintomas para estimar o risco para a AOS. É composto por itens, pontuados de 0 a 2 (desvio do septo nasal, obstrução nasal, respiração oral, hipertrofia amigdaliana, posição da língua de Friedman, má oclusão dentária/esquelética, palato arqueado e fenótipo), de 0 a 1 (sintomas de desatenção e hiperatividade), de 0 a 0,5 (outros sintomas e o Questionário de Brouilette). A soma dos itens gera a pontuação total do SCR, que varia de 0 a 18 pontos (SCR positivo ≥ 6,5 pontos indicativo de risco para AOS) (VILLA et al., 2013; VILLA et al., 2016a; VILLA et al., 2016b). 2.3 CONSEQUÊNCIAS DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO Complicações sistêmicas importantes são observadas nas crianças com AOS, como repercussões cardiovasculares, como aumento da pressão arterial, alterações morfológicas e funcionais cardíacas (WEBER et al., 2007, 2012, 2014). Quanto o crescimento pôndero-estatural e craniofacial também estão defasados nas crianças com AOS (MARCUS et al., 1994) Os sintomas noturnos mais observados são o ronco, respiração ofegante, despertares frequentes, sono agitado e respiração oral. As pausas respiratórias (apneias) são menos observadas, pois nas crianças são mais observadas as hipopneias, definidas como redução de 30% a 50% do fluxo aéreo (KHEIRANDISH-GOZAL, 2010). Quanto aos sintomas diurnos, ocorre a hipersonolência diurna se manifestando na mudança de humor, irritabilidade, desregulação emocional, agressão, hiperatividade e ansiedade. Também pode ser observada redução da atenção, da capacidade da memória (OWENS, 2009a, 2009b; YU et al., 2017), impacto na aprendizagem e na qualidade de vida (CARTER, HATHAWAY, LETTIERI, 2014; GATICA et al., 2017). Após a realização do tratamento devido, no caso da população infantil, a cirurgia de adenotonsilectomia, verificou-se a comprovada melhora de alguns aspectos, como a melhora da hiperssonolência diurna (PARUTHI et al., 2016) e de problemas de comportamento (THOMAS et al., 2017) e de aspectos neurocognitivos (YU et al., 2017), entretanto, ainda não se tem a comprovação da restauração dos prejuízos equiparando-se à crianças sem AOS. Por isso, ainda vale ressaltar a importância da prevenção e identificação precoce da AOS. 21 A literatura traz a possibilidade de prejuízos no desempenho cognitivo, atenção, memória, aprendizado, funções executivas e linguagem em crianças com AOS, embora seja observada grande variação metodológica e heterogeneidade de tarefas/habilidades investigadas (da SILVA GUSMÃO CARDOSO et al., 2018). Especificamente quanto à linguagem oral, verifica-se que os trabalhos já realizados, indicam alteração de alguns níveis da linguagem, porém fizeram avaliações pontuais, sem considerar todos os níveis da linguagem e importantes pré-requisitos, como as condições cognitivas e auditivas (CORRÊA et al., 2017). 2.4 LINGUAGEM ORAL Linguagem é um processo dinâmico de relações e associações, que não tem um órgão específico, sendo o cérebro responsável por reger a “sinfonia da palavra” permitindo a comunicação interindividual de estados psíquicos através da materialização de signos, estabelecidos por convenção de uma comunidade linguística (ISSLER, 1983; PEÑA- CASANOVA, 1997). Na maturação do sistema nervoso central, ocorre a formação dos elementos celulares e a expansão dos alongamentos neuronais, permitindo as conexões sinápticas e a transmissão das informações. Os mecanismos especializados relacionados às funções formais da linguagem têm sua sede no nível de uma extensa parte do córtex perissilviano primário, secundário e terciário, no hemisfério esquerdo para 87% da população, no direito para 8% e repartição bilateral para 5%. Vale ressaltar a participação e interação fundamental das funções auditiva, de decodificação e codificação da linguagem (fonológica, semática, pragmática e de sintaxe). Além disso, existe a dependência do sistema límbico (motivação), das vias sensoriais e a adequada maturação dos constituintes mecânicos do sistema fonoarticulatório, para que todo processo complexo da linguagem oral aconteça (CHEVRIE-MULLER, NARBONA, 2005). O desenvolvimento da linguagem ocorre concomitantemente à maturação cerebral, como o aparecimento do balbucio (fase pré-linguística) ocorre após a mielinização das vias corticais eferentes e tálamo-corticais (auditivas). Por conseguinte, quando o córtex pré-frontal e as estruturas responsáveis pela atenção e memória de trabalho tenham tornado funcionais, a linguagem irá se desenvolver, com o progresso do desempenho morfossintático e aumento semântico na idade pré-escolar e início da idade escolar (CHEVRIE-MULLER, NARBONA, 2005). A memória é algo abrangente que pode ser subdividido em alguns domínios, como no caso da memória de trabalho, que é responsável por planejar e organizar pensamentos, ações, compreender a linguagem e integrar novas aprendizagens (CHEVRIE-MULLER, NARBONA, 2005). Desta forma, compreendem dentre as dimensões da linguagem 22 oral, a forma, o conteúdo e o uso da linguagem. Na forma da linguagem estão os aspectos da fonologia e sintaxe, que são, respectivamente, a produção do sistema fonológico e a construção das estruturas das frases. No conteúdo da linguagem, está o aspecto semântico, que se refere ao léxico. Por fim, o uso da linguagem, referente ao aspecto pragmático, que se define pela função comunicativa propriamente dita, habilidades conversacionais (ACOSTA et al., 2003). A privação auditiva precoce apresenta efeitos sobre o desenvolvimento da linguagem e outras aprendizagens, como no caso da otite média, que ocorre frequentemente no período crítico de aquisição fonêmica e de competências psicolinguisticas (CHEVRIE-MULLER, NARBONA, 2005). 2.5 LINGUAGEM ORAL NA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO Sabendo da importância da acuidade auditiva para a aquisição e desenvolvimento de linguagem, o primeiro alerta para a alteração de linguagem em crianças com AOS está nas queixas e alterações auditivas em roncadores e crianças com IAH maior que 1 evento/hora (HILL et al., 2017), sendo encontrada normalidade na imitanciometria (curva A bilateralmente) em apenas 10% das crianças em rotina pré-cirurgica de adenotonsilectomia (CHOI et al., 2015). Quando avaliado o desenvolvimento global de crianças com hipertrofia adenotonsilar por meio do Teste de Triagem de Desenvolvimento Denver II, foi observada similaridade entre o grupo controle quanto ao desempenho motor fino, motor grosso e pessoal-social, entretanto, foi estatisticamente significante pior o desempenho do grupo com alteração respiratória obstrutiva no que se refere à linguagem (SOYLU et al., 2016). Ao avaliar o nível fonológico de crianças com distúrbios respiratórios do sono, na faixa etária de 4 a 5 anos e meio, antes da adenotonsilectomia, houve a ocorrência de 62,7% de alteração fonológica, enquanto que o grupo controle apresentou 34% desta ocorrência, apresentando redução de sílaba e processos de substituição (LUNDEBORG et al., 2009). Esta ocorrência do grupo controle deste estudo da Suécia, se assemelha ao estudo brasileiro, o qual investigou alterações fonoaudiológicas em crianças de escolas públicas de Belo Horizonte (sem o foco das questões obstrutivas do sono), encontrando alteração na linguagem oral em 33,6% das crianças de 4 a 10 anos (RABELO et al., 2015). Quando avaliada a qualidade do sono de crianças com e sem alterações de linguagem, observaram-se correlações do OSA-18 com a memória fonológica de trabalho, função de respiração avaliada pelo MBGR, postura de mandíbula e mobilidade dos lábios (DE CASTRO CORRÊA et al., 2017). 23 Uma revisão da literatura localizou seis artigos que abordavam a avaliação da linguagem em crianças e adolescentes com AOS. Os artigos correlacionaram alterações da linguagem receptiva/expressiva, com ronco primário/AOS. O estudo ressaltou a fragmentação da compreensão de tais habilidades, por não aplicarem avaliações considerando os quatro níveis da linguagem: fonológico, semântico, sintático e pragmático (CORRÊA et al., 2017). Estas avaliações amplas se justificam, sabendo da influência dos níveis de linguagem em outros níveis e habilidades. Como o estudo transversal, que avaliou o vocabulário expressivo e a fonologia de crianças de 1 ano a 5 anos e 11 meses, observando correlações positivas entre esses dois sistemas durante o seu desenvolvimento (WIETHAN, MOTA, MORAES, 2016), mostrando a relação dos níveis da linguagem. 2.6 HIPÓTESE Tendo em vista que as habilidades subjacentes à linguagem oral, memória, atenção e escrita poderem apresentar defasagem na criança com AOS, somadas às possíveis complicações auditivas, a hipótese do presente estudo é de que crianças com AOS apresentam desempenho alterado em relação à linguagem oral receptiva e expressiva, comparadas às crianças sem AOS. 24 OBJETIVO 25 3 OBJETIVO 3.1 OBJETIVO GERAL Analisar as habilidades de linguagem oral receptiva e expressiva em crianças com Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1ª FASE – Investigação da literatura ➢ Verificar se há correlação de alterações da linguagem oral com a AOS na literatura científica; ➢ Analisar os questionários para a avaliação da qualidade de sono de crianças utilizados no Brasil; ➢ Verificar os testes utilizados para avaliar a linguagem oral em crianças e adolescentes com AOS; 2ª FASE – Investigação clínica ➢ Verificar a ocorrência de alterações da orelha média em crianças em rotina pré-cirurgica de adenotonsilectomia; ➢ Relacionar a presença e duração de hábitos orais deletérios (chupeta, mamadeira e sucção de dedo) com a gravidade da apneia obstrutiva do sono em crianças; ➢ Analisar os seguintes níveis de linguagem oral em crianças com AOS: o Nível Fonológico (Teste ABFW) o Nível Semântico expressivo (Teste ABFW) o Nível Semântico receptivo (Teste de Vocabulário por Imagens Peabody) o Nível Sintático (Prova de Consciência Sintática) o Nível Pragmático (por meio do livro “Frog, where are you?”) o Compreensão de ordens (Teste Token) ➢ Analisar os achados de permeabilidade nasal em crianças com AOS; 3ª FASE – Análise pelo Sleep Clinical Record ➢ Aplicar o protocolo Sleep Clinical Record (SCR) em crianças brasileiras com queixas respiratórias, comparar os resultados com crianças italianas e identificar variáveis que influenciam o fenótipo; ➢ Desenvolver e aplicar um protocolo para Triagem Miofuncional Orofacial (Short Evaluation of Orofacial Myofunctional Protocolol - ShOM) em crianças com AOS e analisar se os aspectos miofuncionais orofaciais influenciam a sensibilidade e especificidade do SCR. 26 Figura 1 - Fluxograma referente aos objetivos específicos 27 MÉTODOS 28 4 MÉTODOS A presente tese foi desenvolvida em três fases, sendo cada fase composta por métodos específicos, contidos nos artigos apresentados no decorrer deste documento. 1ª fase – Investigação da literatura: correspondeu ao levantamento da literatura para se investigar os estudos já realizados sobre a linguagem oral em crianças com AOS, analisando esta possível relação, os protocolos de linguagem oral utilizados e os protocolos de qualidade de vida mais aplicados para a população brasileira. A partir desta fase, foram produzidos dois artigos já publicados em periódicos científicos e um artigo que ainda está em desenvolvimento. 2ª fase – Investigação Clínica: nesta fase ocorreu a avaliação clínica propriamente dita de 52 crianças com e sem queixas respiratórias, de 4 a 11 anos, por meio dos seguintes protocolos de avaliação: o Avaliação da orelha média: Timpanometria o Polissonografia tipo 3, modelo Stardust II da Respironics o Nível Fonológico (Teste ABFW) o Nível Semântico expressivo (Teste ABFW) o Nível Sintático (Prova de Consciência Sintática) o Nível Pragmático (por meio do livro “Frog, where are you?”) o Nível Semântico receptivo (Teste de Vocabulário por Imagens Peabody) o Compreensão de ordens (Teste Token) o Protocolo de Motricidade Orofacial – Espelho milimetrado de Altmann 3ª fase – Análise pelo Sleep Clinical Record: análise da amostra pelo protocolo Sleep Clinical Record (SCR), comparando os resultados com as crianças italianas, bem como análise da sensibilidade e especificidade do SCR somada ao protocolo para Triagem Miofuncional Orofacial (Short Evaluation of Orofacial Myofunctional Protocolol - ShOM). 29 BIBLIOGRAFIA 30 5 BIBLIOGRAFIA Acosta VM, Moreno A, Ramos V, Quintana A, Espino O. 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Obstructive sleep apnea and oral language disorders. Braz J Otorhinolaryngol. 2017 Jan - Feb;83(1):98-104. 36 Artigo 2 Fase: Publicado 6.2 SLEEP QUALITY IN CHILDREN: QUESTIONNAIRES AVAILABLE IN BRAZIL Acessar por meio da seguinte referência: Cavalheiro MG, Corrêa CC, Maximino LP, Weber SAT. Sleep quality in children: questionnaires available in Brazil. Sleep Sci. 2017 Oct- Dec;10(4):154-160. 37 Artigo 3 Fase: em desenvolvimento 6.3 TESTES DE AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM ORAL Camila de Castro Corrêa, Maria Gabriela Cavalheiro, Luciana Paula Maximino, Silke Anna Theresa Weber. INTRODUÇÃO O desenvolvimento da linguagem em crianças e adolescentes com Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) não é descrita com clareza, entretanto a literatura sugere alterações nesse desenvolvimento. OBJETIVO Verificar os testes utilizados para avaliar a linguagem oral em crianças e adolescentes com AOS MÉTODOS Foi realizada uma revisão da literatura nas bases de dados Lilacs, Pubmed, Scopus and Web of Science usando os descritores “Child Language” AND “Sleep Apnea Obstructive”. Critérios de inclusão: Artigos os quais tIvessem como temática central a avaliação de linguagem oral em crianças/adolescente com AOS Critérios de exclusão: Artigos não disponíveis na íntegra. Os artigos incluídos foram analisados quanto aos procedimentos de avaliação utilizados. RESULTADOS Foram localizados 122 artigos, sendo incluídos seis deles que contemplaram a temática central deste estudo. Os testes de avaliação e seus respectivos aspectos avaliados estão na Tabela 1 Tabela 1 – Resultado dos artigos incluídos no estudo. 38 Nº de artigos Teste Utilizado Aspecto avaliado 2 (Liukkonen et al., 2012; O'Brien et al., 2004) NEPSY test Desenvolvimento neuropsicomotor, compreensão verbal e habilidades lexicais 1 (Kurnatowski et al., 2006) Token Test Integração sensoriomotor e processos perceptuais. 1 (Yorbik et al., 2014) Peabody Test Vocabulário Receptivo 1 (Andreou, Agapitou, 2007) Standardized verbal fluency tests for Greek Fonológico e semântico 1 (Landau et al., 2012) Kaufman Assessment Battery for Children Test Habilidades cognitivas e neuropsicomotoras; fluência verbal. REFERÊNCIA O'Brien LM, Mervis CB, Holbrook CR, Bruner JL, Klaus CJ, Rutherford J, et al. Neurobehavioral implications of habitual snoring in children. Pediatrics. 2004;114:44-9. Kurnatowski P, Putyński L, Lapienis M, Kowalska B. Neurocognitive abilities in children with adenotonsillar hypertrophy. 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Além disso, tais infecções podem se estender à orelha média devido à comunicação da faringe com a orelha por meio da tuba auditiva. Em avaliação prévia à adenotonsilectomia, crianças apresentam a prevalência de 11,9% à 27% de otite média com efusão (OOMEN et al., 2005; ELS, OLWOCH, 2018). O exame de imitanciometria tem como a finalidade de se avaliar o funcionamento das estruturas da orelha média. Nesses casos, sua utilidade está desde o diagnóstico da hipertrofia das tonsilas, até o acompanhamento das condições da orelha média, por exemplo após a colocação do tubo de ventilação com um acompanhamento longitudinal (FEKETE-SZABÓ et al., 2015). Esse exame tem demonstrado que em crianças roncadoras ou com Apneia Obstrutiva do sono, são encontradas 90% de alteração na curva da timpanometria nas crianças em rotina pré-cirurgica de adenotonsilectomia (CHOI et al., 2015). OBJETIVO Verificar a ocorrência de alterações da orelha média em crianças em rotina pré-cirurgica de adenotonsilectomia. MÉTODOS Foram convidadas crianças de 4 à 11 anos em rotina pré-cirurgica de adenotonsilectomia (quatro remoções apenas da adenoide e 30 crianças amígdalas e adenoides). Até dois meses antes da cirurgia, foi realizada imitanciometria por fonoaudióloga utilizando o Impedanciômetro ZS76-IB Madsen. Todas as crianças foram submetidas a otoscopia por otorrinolaringologista. Como critérios de inclusão para esse estudo, foram consideradas 40 crianças que realizariam a remoção das tonsilas palatinas e/ou faríngeas e que tivessem realizado a imitanciometria previamente. Foram excluídas crianças com síndromes genéticas ou malformações craniofaciais. RESULTADOS Foram incluídas no estudo 34 crianças, idade média de 7,38, (dp ± 2,06) e mediana de 7 anos. A timpanometria resultou em 13 crianças com alteração, sendo três com curva “B” bilateral, três com curva “B” unilateral, quatro com curva “B” em uma orelha e “C” em outra, duas com curva “C” bilateral e uma com curva “C” unilateral. Duas das crianças com curva tipo “B” bilateral e três das unilaterais, foram submetidas no mesmo momento da adenotonsilectomia à inserção do tubo de ventilação. Gráfico 1 – Resultados da timpanometria Quanto ao exame de otoscopia, observou-se alteração em 10 crianças, porém cinco delas apresentaram timpanometria curva “A” e cinco timpanometria alterada. Das 24 otoscopias normais, oito crianças apresentaram timpanometria curva “B” ou “C”. REFERÊNCIAS Abdul-Baqi KJ, Shakhatreh FM, Khader QA. Use of adenoidectomy and adenotonsillectomy in children with otitis media with effusion. Ear Nose Throat J. 2001 Sep;80(9):647-50. Choi JH, Kim EJ, Choi J, Kwon SY, Kim TH, Lee SH, et al. Obstructive sleep apnea syndrome: a child is not just a small adult. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2010;119(10):656-61. Hill CM, Bucks RS, Kennedy CR, Harrison D, Carroll A, Upton N, Hogan AM. Hearing loss mediates executive function impairment in sleep-disordered breathing. Sleep Med. 2017 Jun;34:18-23. 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Existem evidências na literatura que sugerem a relação entre a presença e persistência dos hábitos orais deletérios com as alterações das funções orofaciais, dentre elas a respiração, fazendo-se necessário melhor entendimento entre essa função com os hábitos orais deletérios. O objetivo deste estudo foi relacionar a presença e duração de hábitos orais deletérios (chupeta, mamadeira e sucção de dedo) com a gravidade da apneia obstrutiva do sono em crianças. MÉTODOS: O protocolo do estudo foi aprovado pela comissão de ética local, todos os participantes e responsáveis assinaram um termo de consentimento por escrito. Foram incluídas 51 crianças com e sem queixas respiratórias, com idade entre 4 e 11 anos, com média de 7 ± 2 anos, excluindo crianças anomalias craniofaciais ou síndromes genéticas. Todas as crianças realizaram uma polissonografia de noite inteira (IAH> 5,6 como AOS). Os pais responderam a um questionário sobre o histórico dos hábitos deletérios da criança, em que assinalaram se seu filho já havia realizado algum hábito oral deletério, dentre eles uso de chupeta, uso de mamadeira e sucção de dedo. Em caso afirmativo, solicitou-se a idade em que o hábito foi cessado. RESULTADOS: Os hábitos de chupeta e mamadeira foram mais frequentes no Grupo AOS, bem como sua duração. Com relação ao hábito de sucção do dedo, este foi relatado mais frequentemente no Grupo N-AOS. Foi observada diferença significativa entre os grupos para o hábito de uso de mamadeira, que foi maior no grupo AOS (p=0,009). Adicionalmente, foi observada correlação positiva entre o IAH e o tempo de uso de mamadeira (p<0,001, r=0,468), mostrando que, quanto maior o tempo de uso de mamadeira, maior o IAH. CONCLUSÃO: Foi possível observar maior ocorrência e persistência do histórico de uso de mamadeira no grupo com AOS. Palavras-chave: Apneia Obstrutiva do Sono. Sono. Hábitos. INTRODUÇÃO 42 A prevalência dos hábitos orais deletérios em crianças é significativa. O uso de mamadeira, por exemplo, está presente em até 72,8% dos bebês, já no primeiro mês de vida, e em crianças de até 12 anos (NOGUEIRA et al., 2012; KAUFMANN et al., 2012; SOUZA et al., 2012). Já a sucção de dedo, está presente em 8,7% das crianças brasileiras (GARDE et al., 2014), enquanto o uso de chupeta está presente em até 50% delas (BUCCINI, PÉREZ-ESCAMILLA, VENANCIO, 2016). Existem evidências na literatura que sugerem a relação entre as alterações do crescimento facial, da oclusão (GISFREDE et al., 2016) e das funções orofaciais pela presença e persistência dos hábitos orais deletérios (PEREIRA, OLIVEIRA, CARDOSO, 2017). Reforçando estes achados, observa-se melhora da função respiratória em crianças que realizaram o processo de retirada dos hábitos (DEGAN, PUPPIN-RONTANI, 2007). Sabendo desta possível correlação entre a realização dos hábitos orais deletérios com o modo respiratório, e que, por sua vez, a respiração diurna pode estar relacionada com a apneia obstrutiva do sono (AOS) (FELÍCIO et al., 2016; LEE et al., 2015; Di FRANCESCO et al., 2004), faz-se necessária a realização de mais investigações sobre este tema. OBJETIVO Relacionar a presença e duração de hábitos orais deletérios (chupeta, mamadeira e sucção de dedo) com a gravidade da apneia obstrutiva do sono em crianças. MÉTODOS O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da instituição envolvida. A casuística foi composta por 51 crianças, de 4 a 11 anos de idade (média 7±2 anos) com e sem queixas respiratórias. Como critérios de inclusão para o estudo, foram consideradas crianças que realizariam todas as avaliações propostas. Foram excluídas as crianças com síndromes genéticas ou malformações craniofaciais. Todas as crianças participantes realizaram polissonografia (PSG) tipo 3, utilizando o modelo Stardust II da Respironics. Para os fins do presente estudo, foi considerado o parâmetro Índice de Apneia e Hipopneia (IAH) ≥5.6 eventos/hora, para PSG tipo 3 feita em casa (ALONSO- ÁLVAREZ et al., 2015), indicativo de presença de AOS. Assim, as crianças foram distribuídas em dois grupos, de acordo com o IAH apresentado ao exame de PSG: Grupo N-AOS (crianças com o IAH < 5,6 eventos/hora) e Grupo AOS (crianças com IAH ≥ 5,6 eventos/hora). Os pais ou responsáveis pela criança responderam a um 43 questionário sobre os hábitos deletérios, em que assinalaram se seu filho já havia realizado algum hábito oral deletério, dentre eles uso de chupeta, uso de mamadeira e sucção de dedo. Em caso afirmativo, solicitou-se a idade em que o hábito foi cessado. A análise descritiva foi utilizada para apresentar os dados de ocorrência dos hábitos. Para a análise indutiva, o teste de Mann-Whitney foi utilizado para comparação entre os grupos e o teste de Pearson para análise de correlação entre as variáreis. Para todas as análises, foi considerado o nível de significância de 5%. RESULTADOS A partir dos resultados da PSG, o Grupo N-AOS foi composto por 15 crianças e, o Grupo AOS, composto por 36 (Tabela 1). Tabela 1 – Resultados do exame de polissonografia N-AOS (n=15) AOS (n=36) IAH 3,79±0,96 11,37±5,42 Índice de dessaturação 4,56±4,29 16,96±18,62 Saturação média 96,67±1,11 91,39±15,95 Saturação mínima 82,67±9,76 75,61±12,85 Os hábitos de chupeta e mamadeira foram mais frequentes no Grupo AOS, bem como sua duração. Com relação ao hábito de sucção do dedo, este foi relatado mais frequentemente no Grupo N-AOS (Tabela 2). Tabela 2 – Resultados do questionário sobre os hábitos orais deletérios, considerando a frequência relativa, absoluta e a duração em média do hábito com o respectivo desvio padrão. N-AOS (n=15) AOS (n=36) Chupeta 46% (7 crianças) 50% (18 crianças) 2±2 anos 2±3 anos Mamadeira 73% (11 crianças) 92% (33 crianças) 2±2 anos 4±2 anos Sucção de dedo 20% (3 crianças) 8% (3 crianças) 1±2 anos 0±1 ano Foi observada diferença significativa entre os grupos para o hábito 44 de uso de mamadeira, que foi maior no grupo AOS (p=0,009). Adicionalmente, foi observada correlação positiva entre o IAH e o tempo de uso de mamadeira (p<0,001, r=0,468), mostrando que, quanto maior o tempo de uso de mamadeira, maior o IAH. Não foi observada correlação entre o tempo de uso de chupeta e sucção de dedo e o IAH. REFERÊNCIAS Buccini GS, Pérez-Escamilla R, Venancio SI. Pacifier Use and Exclusive Breastfeeding in Brazil. J Hum Lact. 2016 Aug;32(3):NP52-60. de Felício CM, da Silva Dias FV, Folha GA, de Almeida LA3, de Souza JF, Anselmo-Lima WT et al. Orofacial motor functions in pediatric obstructive sleep apnea and implications for myofunctional therapy. 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Hábitos de alimentação e sucção de bebês assistidos em hospital amigo da criança, Campina Grande/PB, Brasil. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa. 2012; 12(2):245-50. Tan HL, Alavarez MLA, Tsaoussoglou M, Weber SAT, Kaditis AG. When and why to treat the child who snores?. Pediatr Pulmonol. 2016; 52(3):399-412. Vinha PP, de Mello-Filho FV. Evidence of a Preventive Effect of Breastfeeding on Obstructive Sleep Apnea in Children and Adults. J Hum Lact. 2017 May;33(2):448-453. 45 Artigo 6 Fase: em desenvolvimento 6.6 LINGUAGEM ORAL Camila de Castro Corrêa, Luciana Paula Maximino, Dagma Venturini Marques Abramides, Silke Anna Theresa Weber RESUMO INTRODUÇÃO: A literatura é escassa no que se refere ao desempenho da linguagem oral receptiva/expressiva em crianças com Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). OBJETIVO: Analisar as habilidades de linguagem oral receptiva e expressiva em crianças com Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). MÉTODOS: Foram selecionadas crianças na faixa etária de 4 a 11 anos, de ambos os sexos, com e sem queixas referentes ao sono. Procedimentos: Os pais responderam aos questionários referentes ao nível socioeconômico e quanto a qualidade do sono (OSA-18). O médico realizou a avaliação clínica das vias aéreas e o exame de PSG tipo 3, o qual foi base para a divisão da casuística em dois grupos: N-AOS (IAH<5,6 eventos/hora) e AOS (IAH ≥5,6 eventos/hora). Por fim, a fonoaudióloga avaliou as crianças quanto à: audição (critério de inclusão) e a linguagem oral receptiva e expressiva, por meio das seguintes provas: Teste de Linguagem Infantil ABFW (fonologia e semântica expressiva), Prova de Consciência Sintática (nível sintático), Teste de Vocabulário por Imagens Peabody (semântica receptiva), narrativa do livro “Frog, where are you?” e Teste Token (compreensão de instruções verbais). RESULTADOS: A casuística foi composta por 52 crianças (27 crianças do gênero feminino, 51,92%, e 25 do masculino, 48,08%) com média de idade de 7 ±2 anos, sem diferença quanto à idade e sexo entre grupos. O Grupo N-AOS foi composto por 16 crianças e, o Grupo AOS, composto por 36. A avaliação de linguagem oral demonstrou os seguintes taxas de alteração/ desempenho em média para os grupos N-AOS e AOS respectivamente: sintaxe 2 crianças com alteração (12,50%) / 13 (36,11%); fonologia 4 (25%) / 15 (41,67%); vocabulário expressivo 14 (87,50%) / 33 (91,67%); compreensão de instruções 10 (62,50%) / 22 (61,11%); vocabulário receptivo desempenho em média de 106 ±17,62 / 102 ±17,66; pragmática nível de complexidade 17,59 ±4,26 / 18,18 ±5,18. Os dados anteriores não demonstraram diferença significativa, apenas quando realizou-se uma análise geral, em que foi encontrada correlação IAH e a fonologia (p=0.03). CONCLUSÃO: Houve diferença no desempenho nas provas de linguagem oral do grupo N-AOS e do grupo AOS, embora tenha apresentado significância apenas para o nível fonológico. Palavras-chave: Apneia do Sono Tipo Obstrutiva. Sono. Fonoaudiologia. Linguagem. Criança. 46 INTRODUÇÃO A prevalência é estimada de 1 a 5% da população pediátrica com Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), e de 4 a 34% com ronco primário, sendo a idade mais comum a idade pré-escolar (MARCUS et al., 2012; LI et al., 2013). A idade pré-escolar é destacada na prevalência, devido à frequente hipertrofia das tonsilas palatinas e faríngea nesta faixa etária (CHOI et al., 2010). Já na idade escolar, tem sido observado o aumento da relação de causa com a obesidade (LENNON et al., 2017). Crianças com AOS e com hipertrofia adenotonsilar têm apresentado alteração na musculatura e funções orofaciais (SOUZA et al, 2013; FELICIO et al., 2016; GUILLEMINAULT et al., 2013), demonstrando a importância de se avaliar o tônus muscular antes e após a adenotonsilectomia, realizar terapia miofuncional orofacial se necessário, afim de prevenir recidívas da função da respiração. O diagnóstico deve ser composto por diferentes avaliações, desde a história clínica, em que os sintomas são investigados, podendo ser correlacionados com presença ou não de AOS, bem como a sua gravidade, devendo-se considerar também outros fatores, como o estado nutricional da criança (LEWIS et al., 2017). O exame padrão ouro para o diagnóstico dos distúrbios do sono, dentre eles, a AOS nas crianças, é a polissonografia (PSG) durante uma noite inteira, considerando o Índice de Apneia e Hipopneia (IAH) para se classificar a severidade da AOS (MARCUS et al., 2012). Todavia, estima-se que apenas 4% das crianças recebem o devido diagnóstico (MELTZER et al., 2010), além de serem observadas grandes filas de espera para a realização da adenotonsilectomia (ANTUNES et al., 2007). Uma alternativa para se viabilizar mais diagnósticos é a PSG tipo 3, que apesar de apresentar diferenças do IAH entre a PSG monitorizada, deve ser levada em consideração pela otimização de filas de espera (SCALZITTI et al., 2017; ALONSO-ÁLVAREZ et al., 2015). Quando avaliado o desenvolvimento global de crianças com hipertrofia adenotonsilar por meio do Teste de Triagem de Desenvolvimento Denver II, foi estatisticamente significante pior o desempenho do grupo com alteração respiratória obstrutiva no que se refere à linguagem (SOYLU et al., 2016). Na qualidade do sono de crianças com e sem alterações de linguagem, observaram-se correlações do OSA-18 com a memória fonológica de trabalho, função de respiração e aspectos os músculos orofaciais (DE CASTRO CORRÊA et al., 2017). Avaliando especificamente o nível fonológico, encontrou a prevalência de 62,7% de alteração em crianças antes da adenotonsilectomia (LUNDEBORG et al., 2009). Desta forma, com um olhar minucioso à literatura, pode-se verificar que os artigos correlacionaram alterações da linguagem receptiva/expressiva, com ronco primário/AOS. Entretanto, foi constatada fragmentação da compreensão de tais 47 habilidades, por não aplicarem avaliações considerando os quatro níveis da linguagem: fonológico, semântico, sintático e pragmático (CORRÊA et al., 2017). OBJETIVO Analisar as habilidades de linguagem oral receptiva e expressiva em crianças com Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). MÉTODOS A pesquisa teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, sob o número do protocolo CAAE 47871115.2.0000.5411. Casuística Foram selecionadas crianças na faixa etária de 4 a 11 anos, de ambos os sexos, que apresentaram queixas referentes ao sono que compareceram ao ambulatório do Bloco 4 de Distúrbio do Sono da disciplina de Otorrinolaringologia da instituição envolvida. Para compor o grupo controle, foram convidadas crianças da comunidade por meio de mídias, que não apresentaram queixas do sono. Considerando uma prevalência de 5% de AOS pediátrica e um erro de 6% com 95% de confiança obteve-se um n amostral de 51 crianças. Critérios de Inclusão: Crianças entre 4 a 11 anos de idade, ambos os gêneros, que apresentaram o consentimento para participar da pesquisa, por meio da assinatura do Termo de Assentimento (Apêndice 1 e 2), que os pais/responsáveis apresentaram o consentimento para que seus filhos participassem da pesquisa, por meio da assinatura do Termo de Consentimento (Apêndice 3) e que completaram todas as avaliações propostas. Critérios de Exclusão: crianças com desordens neurológicas, síndromes genéticas, desordens neuromusculares ou uso de drogas depressoras do sistema respiratório; por meio da avaliação médica e anamnese; com alteração da orelha média, avaliadas por meio imitanciometria (modelo ZS76-IB Madsen), admitindo-se apenas curva A bilateralmente; ou com déficit intelectual, avaliadas por meio das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, sendo excluídos os participantes com escores correspondentes à deficiência mental (ALVES et al., 1987). Procedimentos: Os pais responderam aos questionários referentes ao nível socioeconômico e quanto a qualidade do sono. O médico realizou a avaliação clínica das vias aéreas e o exame de PSG tipo 3. Por fim, a fonoaudióloga avaliou as crianças quanto à: audição (critério de inclusão), linguagem oral receptiva e expressiva (quatro níveis: pragmático, sintático, semântico e fonológico). 48 Medidas Antropométricas: foram registradas as medidas antropométricas de peso, altura para se considerar o escore Z (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011), além da circunferência cervical. Questionários dirigidos aos pais Critério de Classificação Econômica Brasil (ABEP, 2014): para avaliar o poder de compra de grupos de consumidores, nove itens de posse são questionados, além do grau de instrução do chefe de família. As pontuações estratificam a população em classes definidas pelo CCEB que são A1, A2, B1, B2, C, D e E. OSA-18 (STROCKER, CARRER, SHAPIRO, 2005; LIMA Jr et al., 2008): para avaliar a qualidade do sono das crianças, foram utilizados os cinco domínios deste questionário (distúrbio do sono, sofrimento físico, sofrimento emocional, problemas diurnos e preocupação dos pais). O total de escores do OSA-18 varia de 18 a 126, o qual foi categorizado em três níveis de impacto na qualidade de vida das crianças: pequeno (escores menores que 60), moderado (escores entre 60 e 80) e grande (acima de 80). Também foi avaliada a Escala Visual Analógica (EVA) a qual os pais deveriam cortar uma régua de 10 cm representando a qualidade de sono do seu filho. Avaliação médica O médico otorrinolaringologista realizou a avaliação clínica e registro dos parâmetros fisiológicos do sono por meio da PSG tipo 3, modelo Stardust II da Respironics, que permite a monitorização da saturação de oxigênio, da frequência cardíaca, do fluxo respiratório oronasal, o movimento respiratório tóraco-abdominal, a presença de roncos e a posição de decúbito do paciente. As crianças realizaram ou no leito do hospital das clínicas previamente ao procedimento cirúrgico ou no leito do hospital estadual nas crianças que não apresentaram indicação de cirurgias. Em ambas as condições não houve um técnico de PSG acompanhando o exame durante a noite. Avaliação fonoaudiológica A avaliação da linguagem oral englobou amostra de fala e testes específicos contemplando todos os níveis, a saber, fonologia, sintaxe, semântica e pragmática. Fonologia (linguagem expressiva): foi utilizado o protocolo padronizado para a avaliação da linguagem oral direcionado à população brasileira infantil, Teste de Linguagem Infantil ABFW (ANDRADE et al, 2004), com as provas de nomeação e imitação de palavras, permitindo averiguar a ocorrência de processos fonológicos. Essa prova foi filmada, e posteriormente analisada pela pesquisadora, transcrevendo todas as palavras e analisando os processos fonológicos que as crianças apresentaram. Se o processo fonológico ocorresse em idade não esperada ou fosse idiossincrático, a fonologia da criança foi considerada como 49 alterada. Por meio dessa coleta, ainda foi realizada a análise da Porcentagem de Consoantes Corretas - PCC (SHRIBERG et al., 1997), que permite mensurar a inteligibilidade de fala, descrito em porcentagem. Para isso, foi realizada uma regra de três, em que o total de consoantes na prova de nomeação é de 90, e na prova de imitação 107 consoantes. Sintaxe (linguagem expressiva): utilizou-se a Prova de Consciência Sintática para avaliar a habilidade metalinguística, por meio dos quatro subtestes: julgamento gramatical, correção gramatical de frases agramaticais, correção gramatical de frases agramaticais e assemânticas e categorização de palavras (CAPOVILLA et al., 2004, 2006). Ao total, o teste é composto por 40 frases e 15 palavras, sendo o total de 55 pontos o escore máximo. Também foram utilizados os parâmetros de normalidade do teste por idade. Semântica (linguagem expressiva): por meio do Teste de Linguagem Infantil ABFW (ANDRADE et al, 2004), com a análise da competência semântica dos nove campos conceituais: vestuário, animais, alimentos, meios de transportes, móveis e utensílios, profissões, locais, formas e cores, brinquedos e instrumentos musicais (total 107 imagens). Imediatamente a pesquisadora anotou na folha resposta se a criança realizou a designação por vocábulo usual, se não houve a designação ou se a criança substituiu por outro vocábulo. As crianças que apresentaram alteração em 1 ou mais campos conceituais do vocabulário considerando sua faixa etária, foram a classificadas com defasagem no campo semântico. Além disso, também foram contadas as palavras segundo a designação por vocábulo usual, não designação ou processos de substituição. Nível Semântico (linguagem receptiva): foi aplicado o Teste de Vocabulário por Imagens Peabody (TVIP) que avalia as habilidades de compreensão de vocabulário, composto por cinco pranchas de prática/treinamento, seguidas de 125 pranchas de teste, organizadas em ordem crescente de dificuldade, compostas por quatro desenhos cada uma. As respostas das crianças foram anotadas, analisando com a consideração da base e teto para cada criança, bem como a correção do escore pela idade cronológica, com o escore máximo de 125 pontos (CAPOVILLa et al., 1997). Nível Pragmático (linguagem expressiva): a amostra de fala para a narrativa solicitada foi do livro “Frog, where are you?” composta apenas por imagens sequenciadas sem texto escrito. No primeiro momento, o indivíduo foi orientado a manusear o livro do começo ao fim para, em seguida, utilizar este mesmo material na elaboração da história. Assim, essa amostra de fala foi filmada e gravada por meio de uma câmera e, posteriormente, a pesquisadora transcreveu a narrativa na íntegra, para que então os seguintes aspectos fossem analisados (GANTHOUS, ROSI, GIACHETI, 2017): • Nível de Complexidade da narrativa (SPINILLO, 1993): 1 ponto para cada elemento apresentado dentre os elementos cenário, tema, enredo, desafios, resolução, marcadores convencionais; podendo 50 apresentar até 31 pontos. • Nível de construção (PETERSEN, GILLAM, GILLAM, 2008) que caracteriza a narrativa em seis níveis de construção: sequência descritiva (1), sequência de ação (2), sequência de eventos relacionados entre si (3), episódio incompleto (4), episódio completo (5) e múltiplos episódios (6). • Nível de coerência global da narrativa (SPINILLO, MARTINS, 1997): classificados em níveis (I, II, III e IV) de coerência considerando: personagem, tema, evento e desfecho. Compreensão de instruções verbais: O teste Token proposto por De Renzi e Vignolo (1962) foi utilizado para avaliar a linguagem receptiva na vertente da compreensão, que apresenta o propósito de detectar distúrbios leves de compreensão da linguagem (MOREIRA et al., 2010). O teste é composto por cinco círculos grandes, cinco pequenos, cinco quadrados grandes e cinco pequenos nas cores preta, verde, vermelha, amarela e branca. A pesquisadora realizou 36 comandos para que a criança apontasse ou mudasse as peças de lugares (1 ponto para cada acerto, 0,5 ponto pelo acerto na segunda tentativa e 0 para erro). As peças foram dispostas em uma ordem específica, e a criança deveria responder exatamente como foi solicitado. Análise dos Resultados Como a PSG utilizada foi a tipo 3, sem supervisão de técnico durante a noite inteira, adotou-se a referência em que é considerada AOS a partir do IAH ≥5,6 eventos/hora (ALONSO-ÁLVAREZ et al., 2015). Desta forma, a amostra foi dividida em dois grupos: N-AOS (IAH<5,6 eventos/hora) e AOS (IAH ≥5,6 eventos/hora). A estatística descritiva consistiu nos dados com frequência e porcentagens para as variáveis qualitativas, e média, mediana, desvio padrão, valores de mínimo e de máximo para as variáveis quantitativas. Para a análise indutiva, foi utilizado o software SAS for Windows, versão 9.4, sendo o p<0,05 como nível de significância. Para verificar a associação entre grupos e variáveis categorizadas foi utilizado o teste qui-quadrado, para a comparação de médias para as variáveis contínuas entre os grupos foi utilizado o teste t-student. Na análise geral (sem divisão dos grupos), foi utilizada a correlação de spearman entre o IAH e as variáveis categorizadas RESULTADOS Casuística A casuística incluída na presente pesquisa foi composta por 52 crianças (27 crianças do gênero feminino, 51,92%, e 25 do masculino, 48,08%) de idade mínima de 4 e máxima de 11 anos (média: 7 ±2), sem diferença quanto à idade e sexo entre grupos (respectivamente, p=0,84 e 51 p=0,85). O Grupo N-AOS foi composto por 16 crianças e, o Grupo AOS, composto por 36. A figura 1 demonstra as etapas de exclusão para a definição da casuística. Figura 1 - Fluxograma do recrutamento da amostra desta pesquisa. Legenda: observação - das 27 crianças sem exame de PSG prévio à cirurgia, 23 ocorreram por falha da escala dos profissionais do laboratório do sono e 4 por alguma perda de algum sinal do exame de PSG. Em relação ao escore z foi observada uma distribuição similar nos dois grupos, não apresentando diferença estatística (p=0,44), conforme demonstra a Tabela 1. Tabela 1 – Distribuição do escore z dos grupos N-AOS e AOS Grupo N-AOS Grupo AOS Eutrofia 8 (50,00%) 10 (27,78%) Magreza 0 2 (5,56%) Sobrepeso 6 (37,50%) 13 (36,11%) Obesidade 2 (12,50%) 11 (30,56%) Legenda: grupo N-AOS: IAH<5,6 eventos/hora, grupo AOS: IAH ≥5,6 eventos/hora. A circunferência cervical resultou em média para o grupo N-AOS 28,41 ±2,42 e para o grupo AOS 29,90 ±3,57 (p=0,13). A caracterização do desempenho intelectual (Raven) demonstrou 52 que 22 crianças (42,31%) apresentaram desempenho médio e 30 (57,69%) crianças apresentaram desempenho acima da média/superior. Houve maior concentração do nível socioeconômico C1 (grupo N- AOS 31,25% e grupo AOS 44,44%), apresentando distribuição semelhante entre os grupos sem diferença estatística. Figura 2 – Distribuição dos sujeitos pelo Critério de Classificação Econômica Brasil, considerando toda a amostra (ABEP, 2012). Os resultados da qualidade do sono respondido pelos pais, estão dispostos na Tabela 2, sendo que a pontuação total do OSA-18 demonstrou significância na comparação entre grupos (p=0,02). Tabela 2 – Resultados dos cinco domínios do OSA-18, escore total, escala visual analógica e nível de impacto na qualidade de vida. Grupo N-AOS Grupo AOS Domínios Distúrbio do sono 12,62 ±6,61 18,03 ±7,01 Sofrimento físico 16 ±5,37 17,44 ±5,86 Sofrimento emocional 7,56 ±6,44 11,31 ±4,71 Problemas diurnos 8,25 ±4,99 9,58 ±3,82 Preocupação dos pais 12 ±7,27 15,61 ±7,55 OSA total 56,44 ±26,62 71,97 ±19,3 EVA 6,94 ±1,98 6,06 ±2,32 Impacto da qualidade de vida 0 pequeno 11 crianças (68,75%) 9 crianças (25,00%) 1 moderado 3 crianças (18,75%) 13 crianças (36,11%) 2 grande 2 crianças (12,50%) 14 crianças (38,89%) Legenda: EVA – escala visual analógica; grupo N-AOS: IAH<5,6 eventos/hora, grupo AOS: IAH ≥5,6 eventos/hora. Sombreado cinza para o grupo mais alterado/piores pontuações. Avaliação médica A oroscopia, rinoscopia anterior, aspecto de palato e padrão de 53 oclusão dentária estão em fase de análise. Em relação à otoscopia, 100% das crianças apresentaram membranas timpânicas bilaterais íntegras, translúcidas e sem alterações. O grau de tonsilas apresentou a média no Grupo N-AOS de 2,31±0,79 e para o Grupo AOS 3,31±0,92. Por fim, o grau de Mallampati teve a média para o Grupo N-AOS de 3,5±0,63 e para o Grupo AOS 3,33±0,79. Detalhes dos resultados polissonográficos por grupos, encontram-se na Tabela 3. Tabela 3 – Resultados do exame de polissonografia Grupo N-AOS Grupo AOS IAH 3,62±1,16 11,37±5,42 Índice de dessaturação 4,53±4,15 22,51±21,84 Saturação média 96,63±1,09 94,07±3,44 Saturação mínima 83,25±9,71 75,61±12,39 Legenda: grupo N-AOS: IAH<5,6 eventos/hora, grupo AOS: IAH ≥5,6 eventos/hora. Avaliação fonoaudiológica As avaliações realizadas pela fonoaudióloga variaram de uma hora e vinte minutos até uma hora e quarenta minutos com cada criança. Apenas 6 crianças precisaram ser remarcadas para finalizar as avaliações (Tabela 4). Tabela 4 – Resultados das avaliações de linguagem oral realizadas divididas nos grupos. Grupo N-AOS Grupo AOS p Sintaxe (alterado) 2 (12,50%) 13 (36,11%) 0,88 Fonologia (alterado) 4 (25%) 15 (41,67%) 0,13 PCC Imitação (média) 97,49 ±5,26 95,07 ±7,95 0,20 PCC nomeação (média) 95,45 ±9,56 94,69 ±8,39 0,79 Vocabulário Expressivo (alterado) 14 (87,50%) 33 (91,67%) 0,63 Vocabulário DVU (média) 94,69 ±12,38 91,94 ±14,40 0,49 Vocabulário ND (média) 2,38 ±0,75 2,86 ±1,24 0,71 Vocabulário PS (média) 20,94 ±9,86 23,11 ±11,07 0,50 Vocabulário Receptivo / Peabody (média) 106 ±17,62 102 ±17,66 0,48 Token (alterado) 10 (62,50%) 22 (61,11%) 0,24 Pragmática Nível de Construção (média) 2,25 ±1,39 2,31 ±1,55 0,33 Pragmática Nível de Complexidade (média) 17,59 ±4,26 18,18 ±5,18 0,69 Pragmática Nível de Coerência (média) 1,81 ± 0,40 1,86 ±0,64 0,60 Legenda: grupo N-AOS: IAH<5,6 eventos/hora, grupo AOS: IAH ≥5,6 eventos/hora; PCC – porcentagem de consoantes corretas; DVU – designações por vocábulos usuais; ND – não designações; PS – processos de designação. Significancia para p<0,05; Teste estatístico: para variáveis categorizadas utilizado o teste qui-quadrado e para as variáveis contínuas utilizado o teste t-student. Sombreado cinza para o grupo mais alterado/piores pontuações. 54 Ao realizar a estatística geral, considerando o n total da amostral, encontrou-se correlação significativa entre o IAH e a fonologia (p=0.03). Considerando os níveis de linguagem, que possibilitaram análise direta de alteração (fonologia, semântica receptiva, semântica expressiva e sintaxe), apenas em três crianças não houve indicação de alteração em todos esses níveis, 24 crianças apresentaram defasagem em um nível, 14 crianças em dois, nove crianças em três e duas crianças apresentaram alteração nesses quatro testes. REFERÊNCIAS Andreou G, Agapitou P. Reduced language abilities in adolescents who snore. Archives of Clinical Neuropsychology. 2007; 22(2): 225-9. Andrade CRF de, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. 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