UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL CONDIÇÕES DO HUMOR AQUOSO, QUANTO À CONTAMINAÇÃO, NA FACOEMULSIFICAÇÃO COM IMPLANTE DE LENTE INTRAOCULAR EM CÃES Luciana de Cenço Corrêa de Lacerda Médica Veterinária 2014 D I S S. / L A C E R D A L. C. C. 2 0 1 4 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL CONDIÇÕES DO HUMOR AQUOSO, QUANTO À CONTAMINAÇÃO, NA FACOEMULSIFICAÇÃO COM IMPLANTE DE LENTE INTRAOCULAR EM CÃES Luciana de Cenço Corrêa de Lacerda Orientador: Prof. Dr. José Luiz Laus Coorientador: Dr. Renato Pariz Maluta Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Cirurgia Veterinária. 2014 Lacerda, Luciana de Cenço Corrêa L131c Condições do humor aquoso, quanto à contaminação, na facoemulsificação com implante de lente intraocular em cães / Luciana de Cenço Corrêa de Lacerda. – – Jaboticabal, 2014 x, 60 f. : il. ; 28 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2014 Orientador: José Luiz Laus Coorientador: Renato Pariz Maluta Banca examinadora: Cristiane dos Santos Honsho, Paola Castro Moraes Bibliografia 1. Contaminação. 2. Humor aquoso. 3. Facoemulsificação. 4. Sequenciamento da região 16S rDNA. 5. Rep-PCR. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. CDU 619:617.749:636.7 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação - Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal. DADOS CURRICULARES DO AUTOR LUCIANA DE CENÇO CORRÊA DE LACERDA - nascida em 02 de outubro de 1983, em Ribeirão Preto, São Paulo. Graduou-se em Medicina Veterinária pela UEL - Universidade Estadual de Londrina - PR, em dezembro de 2008. Concluiu a Residência Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirurgia de Pequenos Animais, na UNIRP - Universidade de Rio Preto, na cidade de São José do Rio Preto - São Paulo, em março de 2011. Atualmente, é aluna regular do Programa de Pós- graduação em Cirurgia Veterinária, nível de mestrado, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) - UNESP - Câmpus de Jaboticabal, sob orientação do Prof. Dr. José Luiz Laus. “Pedras no caminho? Guardo todas... Um dia construirei um castelo” Fernando Pessoa AGRADECIMENTOS Primeiramente, não posso deixar de agradecer a Deus pela vida e pelas bênçãos concedidas. Aos pacientes caninos e seus proprietários pela disponibilidade em ajudar a desenvolver o projeto de pesquisa, sem eles isso não seria possível. Ao Prof. Dr. José Luiz Laus, meu orientador, pela oportunidade e pelos ensinamentos. Obrigada pelo apoio e por ter acreditado em mim, mesmo diante de tantas adversidades. Ao meu coorientador, Dr. Renato Pariz Maluta, pelos ensinamentos e desenvolvimento do projeto de pesquisa. A Profa. Dra. Paola Castro Moraes, pela qual tenho grande admiração e carinho, agradeço pela amizade, pelas correções e pela disponibilidade em participar tanto da qualificação como da defesa do meu mestrado. A Profa. Dra. Cristiane dos Santos Honsho pelas correções e disponibilidade em participar da minha defesa. A Dra. Marcela Aldrovani Rodriguespela amizade, correções e por tudo que fez e faz pelo nosso Serviço de Oftalmologia. A Andressa de Souza, por todos os ensinamentos, paciência, correções e, principalmente, pela amizade que surgiu em meio a tantas adversidades ocorridas durante o desenvolvimento do projeto. Não tenho palavras para agradecer por tudo o que você fez e, se Deus quiser, ainda fará por mim. Muito obrigada de coração. Você é a grande responsável por ter despertado em mim o amor pela biologia molecular. As amigas de laboratório Roberta, Mariah, Cíntia, Camila, Mariana Fröner e Mariana Beraldo, pela amizade, apoio e companheirismo. A toda equipe do Serviço de Oftalmologia, Ivan, Bya, Luciano, Tchaininha, Séfora, Roberta Renzo, Tititi, Alexandre “Antônio”, Fábio, Tiago, Kethye, Germana, Miguel e Marcela, pela amizade, companheirismo e por terem ajudado, e muito, para o desenvolvimento de meu projeto. Em especial, agradeço ao Ivan, à Bya e ao Luciano pelo grande apoio que vocês me deram. Aos pós-graduandos, Ana Paula, Fabrício, Lelly, Mônica, Paulinha, Roberto e Evandro, muito obrigada pela amizade e ajuda. Aos meus pais, Juca e Mariangela, pela paciência, amor, carinho, mas, principalmente, por estarem sempre ao meu lado acreditando no meu potencial e dando apoio, em todos os sentidos, para que esse sonho se tornasse realidade. Muito obrigada meus pais, de coração, por tudo o que sempre fizeram e fazem por mim. Vocês são fontes de admiração e inspiração, sem seu apoio eu não teria chegado aonde cheguei. Ao meu irmão, Alexandre e sua esposa, Ana Célia, pelo apoio e força nos momentos difíceis. A minha sobrinha, Manuela, que é a luz e alegria da nossa família, obrigada por alegrar meus dias, sendo uma força a mais para eu continuar. A minha avozinha querida, Guaracyaba, pelo grande amor e carinho que sempre dedicou a mim e a toda nossa família. Exemplo de mãe e de batalhadora, que conseguiu, junto ao meu avô (Norival), criar e ajudar a desenvolver seus três filhos. Obrigada por estar presente em todos os momentos importantes da minha vida profissional, mesmo com todas às dificuldades que a idade acarreta. Aos meus queridos tios Neta e Newton, pelo amor, apoio, carinho e por estarem sempre ao meu lado nos momentos decisivos da minha carreira. Ao meu namorado, Marcel, pelo amor, paciência, companheirismo, amizade e por estar ao meu lado, sempre me amparando, me apoiando e estimulando a continuar minha caminhada. Obrigada, meu amor, por estar ao meu lado em todos os momentos, sejam eles alegres ou tristes. Esse trabalho teve participações suas também. A Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, ao Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, ao Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”, ao Serviço de Oftalmologia, ao Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal, ao Laboratório de Epidemiologia Molecular, ao Departamento de Tecnologia e ao Departamento de Microbiologia e a todos os seus professores e funcionários, pela disponibilidade da estrutura necessária para realização do projeto. A Seção de Pós-graduação e seus funcionários, pela paciência e ajuda em tirar todas as dúvidas. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudos. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão de auxílio financeiro, sob número de processo 2011/18641-7, possibilitando o desenvolvimento desse projeto de pesquisa. E a todos que não foram mencionados, mas que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento de todo o meu mestrado. i SUMÁRIO Página RESUMO.............................................................................................................. iv SUMMARY ........................................................................................................... v Lista de Tabelas .................................................................................................. vi Lista de Figuras .................................................................................................... vii 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 01 2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 03 3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 11 3.1. Considerações gerais ................................................................................. 11 3.2. Considerações quanto à ética ................................................................... 11 3.3. Pacientes ................................................................................................... 11 3.4. Procedimentos ........................................................................................... 12 3.4.1. Terapia pré-operatória ....................................................................... 12 3.4.2. Anestesia ........................................................................................... 12 3.4.3. Antissepsia e Procedimentos em Facoemulsificação ......................... 13 3.4.4. Terapia pós-operatória ...................................................................... 15 3.5. Amostras ................................................................................................... 16 3.5.1. Contagem de unidades formadoras de colônia, por mL (UFC/mL), do humor aquoso e cultivo bacteriano das amostras em caldo Brain Hearth Infusion (BHI) ........................................................................ 18 3.5.2. Extração do DNA, por fervura ............................................................ 18 3.5.3. Polimerase Chain Reaction (PCR) espécie-específica ...................... 19 3.5.4. Obtenção dos isolados ...................................................................... 20 3.5.5. Extração do DNA dos isolados ........................................................... 21 3.5.6. Rep-PCR, para discriminação dos diferentes grupos bacterianos ..... 22 3.5.7. Sequenciamento da região 16S rDNA ............................................... 23 3.5.8. PCR-RFLP ......................................................................................... 24 3.5.9. Prova da Coagulase ........................................................................... 25 3.5.10. Marcadores Moleculares Rep-PCR ................................................. 25 ii 4. RESULTADOS ................................................................................................ 27 4.1. Contagem de Unidades Formadoras de Colônia, por mL (UFC/mL) do humor aquoso ........................................................................................... 27 4.2. Crescimento das colônias em caldo BHI .................................................... 28 4.3. Polimerase Chain Reaction (PCR) das amostras ....................................... 30 4.4. Diferenciação entre grupos pela Rep-PCR ................................................ 33 4.5. Sequenciamento da região 16S rDNA dos isolados ................................... 34 4.6. Restrição com a enzima MboI .................................................................... 36 4.7. Teste Bioquímico da Coagulase ................................................................ 39 4.8. Rep-PCR .................................................................................................... 40 5. DISCUSSÃO .................................................................................................... 44 6. CONCLUSÕES ................................................................................................ 49 7. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 50 iii iv CONDIÇÕES DO HUMOR AQUOSO, QUANTO À CONTAMINAÇÃO, NA FACOEMULSIFICAÇÃO COM IMPLANTE DE LENTE INTRAOCULAR EM CÃES RESUMO - O tratamento cirúrgico para a catarata, pela facoemulsificação, é atualmente o mais aceito e praticado. A utilização de lentes intraoculares (LIO), indicadas para a correção da emetropia e para a profilaxia da opacificação da cápsula posterior, pode, todavia, ensejar contaminação advinda da cavidade nasal e da conjuntiva palpebral, além do ambiente, da equipe cirúrgica, de materiais e de instrumentais. Com o trabalho, objetivou-se a identificação de linhagens de bactérias presentes nas secreções nasal e conjuntival e no humor aquoso de cães submetidos à facoemulsificação com implante de lentes intraoculares, bem como a caracterização da diversidade genética entre as populações encontradas, empregando-se o sequenciamento da região 16S rDNA de microrganismos, após seleção de diferentes grupos pela Rep-PCR, com o primer BoxA1 associado ao BoxC1R. Encontraram-se bactérias dos gêneros Enterobacter, Staphylococcus, Streptococcus e Pantoea e a espécie Staphylococcus aureus. Pela PCR-RFLP, utilizando-se a enzima MboI, identificaram-se espécies de Staphylococcus, como o S. pseudointermedius. Foram encontrados dois exemplares de Staphylococcus aureus coagulase positivo, pela PCR, confirmados pelo teste bioquímico da coagulase. Os isolados foram submetidos à Rep-PCR com marcadores moleculares Rep1R-I associado ao Rep2, Eric2 e BoxC1R. Encontrou-se alta variabilidade genética entre eles, notadamente quanto ao gênero Staphylococcus. O sequenciamento da região 16S rDNA e a Rep-PCR foram factíveis na detecção da diversidade genética. Oito isolados do gênero Enterobacter em secreção conjuntival e, ao mesmo tempo, no humor aquoso, apresentaram distância genética de 0.000. Cinco por cento dos pacientes submetidos à facoemulsificação com implante de LIO apresentaram contaminação do humor aquoso, por Enterobacter spp. Palavras-chave: cão, catarata, contaminação bacteriana, facoemulsificação, Rep- PCR, sequenciamento 16S rDNA. v CONTAMINATION ANALYSIS OF THE AQUEOUS HUMOR FOLLOWING PHACOEMULSIFICATION AND ARTIFICIAL INTRAOCULAR LENS IMPLANTATION IN DOGS ABSTRACT - Phacoemulsification is the surgical treatment most commonly performed and accepted for cataracts. The use of artificial intraocular lens (IOL), indicated to achieve emetropy and as an aid on the prophylaxis of posterior capsule opacification, may, however, give rise to contamination arising from the nasal cavity and palpebral conjunctiva, in addition to the environment, the surgical staff, materials and instrumental. The goal of this research was to identify strains of bacteria present in the nasal and conjunctival secretions and aqueous humor of dogs undergoing phacoemulsification with implantation of intraocular lenses, as well as the characterization of genetic diversity among populations found using it sequencing of 16S rDNA of microorganisms, after selection of different groups by Rep-PCR with the primer BoxA1 associated BoxC1R. This study founded genders of bacteria like Enterobacter, Staphylococcus, Streptococcus and Pantoea and Staphylococcus aureus species. PCR-RFLP, using the enzyme MboI, identified Staphylococcus species such as S. pseudointermedius. Two copies of coagulase positive Staphylococcus aureus, founded by PCR, were confirmed by biochemical coagulase test. All of isolates was submitted by Rep-PCR with molecular markers Rep1R-I associated with Rep2, Eric2 and BoxC1R. It was found high genetic variability among them, especially regarding the gender Staphylococcus. Sequencing of 16S rDNA and Rep-PCR were effective in detecting genetic diversity. Eight isolates of gender Enterobacter in the conjunctival secretion and, at the same time, in aqueous humor, showed genetic distance of 0.000. Five percent of patients submitted to phacoemulsification with IOL implantation showed contamination in aqueous humor, by Enterobacter spp. Key-Words: bacterial contamination, cataracts, dog, phacoemulsification, Rep-PCR, 16s rDNA sequencing. vi LISTA DE TABELAS Página Tabela 1. Agentes pesquisados (Staphylococcus aureus, Staphylococcus spp. e Pseudomonas spp.), e respectivos alvos, primers, sequências de oligonucleotídeos e tamanhos, em pares de bases (pb), utilizados nas PCRs espécie-específicas das amostras de secreções nasal, conjuntival e de humor aquoso de pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013................................. Tabela 2. Amostras de humor aquoso que apresentaram crescimento bacteriano em Ágar de Contagem variando entre 10 a 100 colônias e respectivas quantidades de unidades formadoras de colônia por mL (UFC/mL), em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013............. Tabela 3. Resultados das amplificações, para a identificação na PCR, de Staphylococcus spp., de Staphylococcus aureus e de Pseudomonas spp. de amostras de secreções nasal e conjuntival e de humor aquoso de 20 pacientes da espécie canina com catarata bilateral submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013............................................................ Tabela 4. Distância genética intragrupo dos gêneros Enterobacter, Pantoea, Staphylococcus e Streptococcus e da espécie Staphylococcus aureus obtida pela análise Rep-PCR em 86 isolados obtidos de pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013......................................... 20 27 31 43 vii LISTA DE FIGURAS Página Figura 1. Imagem fotográfica ilustrando lente intraocular em paciente da espécie canina submetido à facoemulsificação no pós- operatório imediato. As setas indicam pontos de sutura corneais. Jaboticabal, SP, 2013............................................... Figura 2. Imagem fotográfica ilustrando coleta de secreção nasal com swab estéril, em paciente da espécie canina. Jaboticabal, SP, 2013........................................................................................... Figura 3. Imagem fotográfica ilustrando coleta de secreção conjuntival, com swab estéril, em paciente da espécie canina. Jaboticabal, SP, 2013.............................................................. Figura 4. Produto de PCR do gene coa (930 pb) da cepa padrão de Staphylococcus aureus (CPa), indicando que a amostra N1 (secreção nasal do paciente 1) não apresentou amplificação para este gene. Na linha representada pelo padrão de Staphylococcus aureus (CPb), nota-se amplificação do gene pta (320 pb). A amostra CE1 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 1) apresentou amplificação e a N4 (secreção nasal do paciente 4) mostrou-se negativa para o gene. PCR em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). CPa e CPb: controles positivos. CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013..................... Figura 5. Produto de PCR com o primer Ps_for/Ps_rev (990pb), da cepa padrão de Pseudomonas aeruginosa (CP), indicando que a amostra HDA3 (humor aquoso do olho direito, posteriormente à incisão corneal, do paciente 3) mostrou amplificação e a amostra CE3 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 3) não amplificou para esta espécie. PCR em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). CP: controle positivo. CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013........................................... 15 17 30 17 30 viii Figura 6. Produto de amplificação da Rep-PCR em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular com exemplares dos isolados dos cinco diferentes grupos encontrados (G1, G2, G3, G4 e G5). CN: controle negativo, mix sem DNA. PM: 100 pb Ladder Plus (Fermentas). Jaboticabal, SP, 2013.................... Figura 7. Produto da amplificação da região 16S rDNA utilizando-se os primers 8F/907R. PCR da região 16S rDNA em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular PM: padrão de tamanho molecular 100pb DNA Ladder (Fermentas). CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013..................... Figura 8. Agrupamento Neighbor-Joining das sequências da região 16S rDNA nos isolados obtidos, e sequências oriundas do banco de dados. Os gêneros bacterianos Staphylococcus spp., Streptococcus spp., Enterobacter spp. e Pantoea spp. foram separados em grupos e em subgrupos distintos, mostrando a classificação dos isolados obtidos, de pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013.............................................. Figura 9. Produto da amplificação do gene pta (320 pb) de sete isolados das amostras: CE4 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 4); CE8 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 8); CE18 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 18) em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder (Fermentas). CP: controle positivo, cepa padrão de Staphylococcus aureus. CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013...................................................... Figura 10. Restrição do produto de amplificação do gene pta (320 pb) com a enzima MboI de sete isolados, em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, das amostras CE4 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 4) sem sítio de restrição da enzima. Um isolado da amostra CE8 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 8) e dois da CE18 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 18), apresentaram dois sítios de restrição da enzima, resultando em dois fragmentos 213 e 107 pb. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). CP: controle positivo, cepa padrão de Staphylococcus aureus, 33 34 Página 36 35 ix apresentando dois fragmentos 156 e 164 pb, que aparecem quase como uma única banda. Jaboticabal, SP, 2013............ Figura 11. Produto de PCR em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular dos genes coa (930 pb) (A) e pta (320 pb) (B), de quatro isolados da amostra CE4 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 4). Os isolados CE4.4 e CE4.6 apresentaram amplificação para o gene coa e todos os isolados amplificaram o gene pta. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). CP: controle positivo, cepa padrão de Staphylococcus aureus. CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013.......................................................... Figura 12. Restrição do produto de amplificação do gene pta (320 pb) com a enzima MboI de quatro isolados da amostra CE4 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 4). Os isolados CE4.4 e CE4.6 não apresentaram sítio de restrição da enzima. Já a restrição dos fragmentos dos isolados CE4.5 e CE4.7 resultaram em dois fragmentos de 156 e 164 pb, aparecendo como uma única banda no gel de agarose. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). Em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. CP: controle positivo, cepa padrão de Staphylococcus aureus, resultando em dois fragmentos 156 e 164 pb. Jaboticabal, SP, 2013.................................................................................. Figura 13. Imagem fotográfica ilustrando a presença de coágulo na amostra CE4.6 e sua ausência na amostra CE4.5, após teste bioquímico da coagulase, a caracterizar a positividade da amostra. Em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013.............................................................. Figura 14. Produto de amplificação da Rep-PCR com os primers Rep1R-I associado ao Rep2-I, em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, dos isolados do gênero Pantoea (isolados vHE3D.1, vHE3D.4, vHE3D.7, vHE3D.9, HE3D.1, HE3D.2, HE3D.3, HE3D.4, HE3D.5, HE3D.6, HE3D.7, HE3D.8, HE3D.9 e HE3D.10). CN: controle negativo, mix sem DNA. PM: 100 pb Ladder Plus (Fermentas). Jaboticabal, SP, 2013. 37 40 Página 38 39 40 x Figura 15. Produto de amplificação da Rep-PCR com o primer Eric2, em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, dos isolados do gênero Staphylococcus (isolados vCE3.1, vCE3.2, vCE3.5, vCE3.6, vCE3.7, vCE3.8, vCE3.9, vCE3.10, CE3.1, CE3.2, CE3.3, CE3.4, CE3.5, CE3.7, vHE4D.1, vHE4D.5, vHE4D.7, vHE4D.9, vHE4D.10). CN: controle negativo, mix sem DNA. PM: 100 pb Ladder Plus (Fermentas). Jaboticabal, SP, 2013....................................... Figura 16. Produto de amplificação da Rep-PCR com o primer Eric2, em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, dos isolados do gênero Staphylococcus (isolados vCE3.1, vCE3.2, vCE3.5, vCE3.6, vCE3.7, vCE3.8, vCE3.9, vCE3.10, CE3.1, CE3.2, CE3.3, CE3.4, CE3.5, CE3.7, vHE4D.1, vHE4D.5, vHE4D.7, vHE4D.9, vHE4D.10). CN: controle negativo, mix sem DNA. PM: 100 pb Ladder Plus (Fermentas). Jaboticabal, SP, 2013....................................... Figura 17. Dendrograma obtido a partir da matriz de distância pela aplicação da técnica Rep-PCR, utilizando-se o agrupamento UPGMA, de pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013......................................... 41 41 42 Página 1 1. INTRODUÇÃO A infecção constitui grave complicação decorrente de procedimentos cirúrgicos e é causa frequente de deiscência de pontos. Apesar de rara, a endoftalmite no pós-operatório de cirurgias intraoculares suscita prognóstico desfavorável, quanto à manutenção da visão (GODOY; PIGOSSO; KNIGGENDORF, 2006). A crescente procura pela melhoria das condições visuais por proprietários de pacientes com catarata e, por conseguinte, por profissionais aptos a fazê-lo, obrigam, entre outras, a se avaliarem, com objetividade, a origem das contaminações microbianas e a sua relação com o ato operatório, notadamente na facoemulsificação com implantação de lentes intraoculares. Estudos confirmaram que inúmeros microrganismos presentes na câmara anterior foram idênticos aos encontrados nas floras das secreções nasal ou conjuntival (LEDBETTER; MILLICHAMP; DZIEZYC, 2004), indicando que esses locais são grandes fontes de contaminação. Métodos em biologia molecular foram desenvolvidos para análise do DNA, com aplicação para microrganismos, estando associados com técnicas clássicas de cultivo celular. A Polimerase Chain Reaction (PCR) é procedimento para diagnóstico rápido e de fácil realização, possibilitando a amplificação de um fragmento de DNA de interesse, a identificação e o sequenciamento de microrganismos e de genes (SAIKI et al., 1988). O sequenciamento da região 16S rDNA possibilita a identificação de gêneros e de espécies bacterianas, por ser essa uma região conservada, presente em todos os procariotos (NERCESSIAN et al., 2005; MIZRAHI-MAN; DAVENPORT; GILAD, 2013). A associação de métodos em biologia molecular, como a PCR e o sequenciamento da região 16S rDNA, possibilita uma identificação bacteriana mais acurada, quando comparada ao cultivo celular, já que, com ele, a identificação de gênero ou de espécie é feita por análise morfológica e bioquímica, e, pelos métodos mais complexos, é feita pela análise estrutural do DNA bacteriano. Não obstante ao advento da PCR e do sequenciamento da região 16S rDNA, o cultivo bacteriano merece ser considerado, uma vez que possibilita testes de 2 sensibilidade a antimicrobianos, assim como estudos quanto à diversidade genética de populações, por isolamento de colônias oriundas de uma única célula. Métodos relacionados à PCR convencional permitem a caracterização molecular de microrganismos e a procura por variações genômicas. Dados gerados a partir de populações podem ser utilizados para estudos de diversidade genética e de relações entre indivíduos que as compõem (GASSER, 2006). Com a pesquisa objetivou-se identificar a presença de bactérias no humor aquoso e em secreções conjuntival e nasal de cães submetidos à facoemulsificação com aplicação de lente intraocular, correlacionando os achados do humor aquoso com os presentes nas secreções em questão, avaliando-se a similaridade dos isolados obtidos, utilizando-se o sequenciamento de fragmento da região 16S rDNA de isolados e analisando-se a diversidade genética de populações bacterianas. 3 2. REVISÃO DA LITERATURA Entende-se por catarata qualquer opacidade da lente ou da sua cápsula. A definição, proposta em 1650 por Rolfinck, foi somente aceita um século mais tarde (EMERY; McINTYRE, 1983). Acreditava-se, à época, que catarata e glaucoma fossem uma só doença (SOUZA; RODRIGUES; SOUZA, 2006b). Cataratas hereditárias, congênitas e adquiridas podem se manifestar em diferentes fases da vida. A determinação da idade, adjunto à história clínica, contribuem para a identificação do fator causal, quando factível. Estudos em cães acometidos por catarata apontaram as hereditárias e as congênitas como as mais comuns (GELATT, 1999). Endocrinopatias, como o Diabete Melito, podem induzir ao aparecimento da enfermidade, que, nestes casos, é de desenvolvimento rápido. A prevalência, em cães, é considerada alta. Resultados de estudos confirmam que 50% dos cães diabéticos desenvolvem catarata de cinco a seis meses antes do diagnóstico da endocrinopatia (GELATT, 1999). Embora pesquisas visando ao tratamento medicamentoso da afecção venham sendo realizadas, notadamente as voltadas para o emprego de antioxidantes e de inibidores da aldose redutase, nas diabéticas, a terapia aceita ainda é a cirúrgica. Dentre as técnicas já propostas, incluem-se a discisão e a aspiração, a extração intracapsular, a extração extracapsular e, mais recentemente, a facoemulsificação (GELATT, 1999; SAFATLE et al., 2008). A complexidade das etapas que envolvem a cirurgia, independente da técnica, possibilita a contaminação bacteriana. Já se amontaram, como importantes, o tipo de anestesia, de incisão, a infusão de líquidos, materiais, instrumentais cirúrgicos e lentes intraoculares (LIOs), assim como intercorrências pós-operatórias (SCHELLINI et al., 2002; ELLIS, 2003). A facoemulsificação possibilita a consecução de cirurgias mais rápidas e seguras, além de ofertar resultados melhores, chegando-se a valores próximos a 95% de sucesso, em cães. Dentre as muitas vantagens, a técnica minimiza o desconforto, pela menor inflamação pós-operatória (KLEINER, 2007). 4 Por se tratar de procedimento dependente de aparelho, é imprescindível o conhecimento, pelo cirurgião, dos princípios e das funções do facoemulsificador, pois cada etapa da facoemulsificação é dependente da anterior (PIGATTO et al., 2007). A melhora nos índices de sucesso e a busca por resultados, quanto à qualidade da visão, impulsionaram a utilização de LIOs (DAVIDSON, 2001). Surgiram as LIOs dobráveis de silicone e as acrílicas, implantadas internamente ao saco capsular (SAMPAIO; RANZANI; SCHELLINI, 2002). Lentes para cães devem oferecer poder dióptrico de 40 a 41 dioptrias (DAVIDSON, 2001; MOBRICCI, 2006; YI et al., 2006, KLEINER, 2007). Pacientes que passam pela facoemulsificação e que não recebem LIOs ficam hipermetropes em +14 dioptrias, mantendo razoável visão de longe. Por outro lado, os que as recebem voltam a ter visão praticamente normal (GELATT; GELATT, 2001). Estudos mostram que opacidades capsulares, após o implante de LIOs, são menos frequentes quando se utilizam lentes dobráveis hidrofílicas de acrílico, ao contrário das rígidas de polimetilmetacrilato (PMMA) (PIZZIRANI et al., 2003). A criteriosa antissepsia constitui um dos principais fatores na abreviação do quantitativo de casos de infecções cirúrgicas. A cirurgia da catarata tem evoluído e a facoemulsificação é a técnica, ratifica-se, que proporciona os melhores resultados (MENEZES et al., 2007). A recuperação se dá em menos tempo, o ato operatório é rápido e o trauma cirúrgico é menor (SOUZA et al., 2006a). A contaminação bacteriana intraocular na facoemulsificação induz a resultados desfavoráveis, levando, muitas vezes, à perda da percepção visual ou a deficiências visuais graves (PEREIRA; SANTOS; SANTOS, 2004; MILLER et al., 2005). A endoftalmite, todavia, é condição rara, cuja manifestação, em seres humanos, se dá em 0,09% (KATTAN et al., 1991) ou em 0,4% dos casos (SAMAD et al., 1995). Em cães, o percentil é superior, 1,4% (SIGLE; NASISSE, 2006). Por sua gravidade e morbidade, é considerada fator de insucesso imediato ou tardio (RODRIGUES et al., 2010). Medidas preventivas e de combate às infecções, como a terapia antimicrobiana e o uso local de antissépticos são ponderados, visando a se 5 abreviarem os efeitos nocivos que proporcionam as infecções (WENZEL, 1992). Frente às contaminações acidentais, mecanismos de defesa do olho, como imunoglobulinas presentes no humor aquoso e fagócitos do endotélio da rede trabecular, são mobilizados (PEREIRA; SANTOS; SANTOS, 2004; BOLZAN et al., 2005). Em seres humanos, a ocorrência de contaminação bacteriana nas facectomias chega a 43% (LEONG et al., 2002). As fontes de contaminação, já identificadas, incluem fluidos, instrumentais e materiais cirúrgicos, bem como lentes intraoculares (LIO). Aliam-se os contaminantes do ar ambiental e a flora da equipe cirúrgica ou a do paciente (LEDBETTER; MILLICHAMP; DZIEZYC, 2004). Microrganismos introduzidos ao ambiente intraocular, no curso da cirurgia, têm sido considerados nas estatísticas sobre o tema (ARIYASU et al., 1993; SRINIVASAN et al., 2002). Suspeitas passadas de que a flora conjuntival ou a da cavidade nasal constituíam a principal fonte de contaminação bacteriana para câmara anterior, foram cientificamente confirmadas (ARIYASU et al., 1993). Técnicas em biologia molecular certificaram que 82% dos microrganismos isolados do humor vítreo de pacientes com endoftalmite pós-operatória são geneticamente indistinguíveis dos encontrados nas floras da terceira pálpebra, da conjuntiva e da cavidade nasal dos mesmos indivíduos (SPEAKER et al., 1991). Estudo realizado por Ledbetter, Millichamp e Dziezyc (2004), em 22 olhos de 13 cães submetidos à facoemulsificação, com implante de LIO, mostram a ocorrência de contaminação bacteriana na câmara anterior em 22,7% dos pacientes. Adjunto, evidenciaram que cinco por cento dos organismos recuperados na câmara anterior eram idênticos aos colhidos da flora conjuntival no pré-operatório. A endoftalmite bacteriana é a complicação mais severa na cirurgia para correção da catarata em seres humanos (MILLER et al., 2005). Trata-se de um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados na população idosa (TAYLOR, 2000). Diagnósticos, em microbiologia, de endoftalmites fazem parte da rotina. Baseados no isolamento do microrganismo envolvido em culturas, aproximadamente 22 a 30% dos casos se dão no humor aquoso (AUCLIN et al., 2001). 6 Os fatores que contribuem para o aparecimento das endoftalmites são múltiplos, incluindo-se o trauma direto ou o decorrente da cirurgia intraocular e condições secundárias, como ceratites e esclerites (van der WOERDT, 2001). Outras causas congregam as infecções sistêmicas, como a hepatite infecciosa canina tipo I, o herpes vírus canino e o vírus da cinomose. Associam-se, as bacterianas, como a leptospirose, as infecções inespecíficas sistêmicas ou as locais (MASSA et al., 2002; HONSHO et al., 2003; ORIÁ et al., 2004; BRITO et al., 2006), condições imunomediadas (HONSHO; ORIÁ; LAUS, 2002; LAUS et al., 2004; CARTER et al., 2005) e as neoplasias (MASSA et al., 2002). A superfície ocular possui microbiota que lhe é própria e que desempenha papel significativo na manutenção da higidez do olho (ANDRADE et al., 2002; MORRIS et al., 2006). Dentre os microrganismos mais comuns, relacionam-se as bactérias Gram- positivas, embora já tenham sido isolados organismos Gram-negativos e fungos presentes no ambiente. Pacientes com má conformação palpebral tendem a agregar número significativo de comensais no saco conjuntival (HAGHKHAH; SARCHAHI; MOLAZEM, 2005), que podem se tornar patogênicos (SOLARI et al., 2004). A composição da microbiota da superfície ocular dos cães varia com a idade, a raça, a localização geográfica, o clima e a estação do ano (PETERSEN-JONES; CRISPIN, 2006). A frequência de conjuntivites bacterianas em certas raças, particularmente no cocker spaniel inglês, é maior. Alterações oculares relacionadas com a raça, tais como triquíase, lagoftalmia, olho seco, entrópio e ectrópio, comprometem os mecanismos de defesa oculares, alterando a flora conjuntival normal e predispondo ao crescimento ou à invasão por microrganismos patogênicos (BARNETT; SANSOM; HEINRICH, 2002). Estudos revelaram a presença de Staphylococcus aureus, Staphylococcus intermedius, Staphylococcus epidermidis, Bacillus sp, Proteus mirabilis e de Enterobacter cloacae como os prevalentes no saco conjuntival de cães sadios (ANDRADE et al., 2002; PRADO et al., 2005; ORIÁ et al., 2013). Pesquisa realizada no estado do Ceará, Brasil, evidenciou que no saco conjuntival de cães clinicamente normais predominam bactérias Gram-positivas, e o gênero mais isolado em cães com ceratite ulcerativa foi o Staphylococcus spp. (PRADO et al., 2005). Inquérito 7 epidemiológico realizado em Beijim, na China, com 29 olhos acometidos por ceratite ulcerativa, mostrou, como agentes mais frequentes, o Staphylococcus spp., o Streptococcus spp. e a Pseudomonas spp., sendo o Staphylococcus spp. o mais prevalente (WANG et al., 2008). Resultado semelhante foi encontrado por Sueke et al. (2010), onde 30% eram de Staphylococcus aureus coagulase negativo, 23% de Pseudomonas aeruginosa, 14% de S. aureus, 14% de Enterobacter e 13% de Streptococcus spp. A Pseudomonas spp. foi encontrada no saco conjuntival em até 14% dos cães hígidos (WANG et al., 2008). Em Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Norte do Paraná, no período de 08/2008 e 07/2009, avaliou-se a presença de bactérias e de fungos em amostras coletadas do saco conjuntival de 38 cães com doença ocular, uni ou bilateral, e de 120 outros sem doença ocular, resultando em 63 espécies diferentes. Houve crescimento de microrganismos em 46 (73,02%) amostras, com isolamento de uma espécie de microrganismo em 42 delas e de duas espécies em quatro outras. Bactérias Gram-positivas corresponderam a 76% dos isolamentos. Gram- negativas a 20% e fungos leveduriformes a 4%. Staphylococcus spp totalizaram 66%, sendo o S. aureus (24%) e o S. intermedius (24%) os mais prevalentes (ZACARIAS JUNIOR et al., 2012). Dentre as espécies do gênero Staphyloccocus a Staphylococcus aureus é a mais patogênica. Diferencia-se de outras pelo teste bioquímico da coagulase ou da aglutinação. Na década de 1970, o Staphylococcus intermedius (HAJEK, 1976) e o Staphylococcus hyicus (DEVRIESE et al., 1978) foram descritos como possuidores de características até então entendidas como próprias ao Staphylococcus aureus. Desde então, descreveram-se espécies e subespécies, como o Staphylococcus delphini, em golfinhos (VARALDO et al., 1988). Com exceção do S. hyicus, que é não-hemolítico, cepas de todas as demais espécies podem ser confundidas com o Staphylococcus aureus ou com o Staphylococcus intermedius. Testes fenotípicos e métodos de identificação molecular devem ser mobilizados para se diferenciarem as espécies (DEVRIESE et al., 2005). Há cerca de oito anos, nova espécie do gênero Staphylococcus foi identificada (Staphylococcus pseudointermedius), a quem se atribuiu a maior causa 8 de piodermite em cães e que se assemelha, fenotipicamente, ao S. intermedius (DEVRIESE et al., 2005; FITZGERALD, 2009). O Staphylococcus aureus coagulase negativo é o microrganismo mais frequentemente isolado. A espécie é considerada comensal da pele, e de baixa virulência. Trata-se de um contaminante (SUEKE et al., 2010) já isolado na conjuntiva de cães (LEDBETTER; MILLICHAMP; DZIEZYC, 2004) e na de seres humanos (LEONG et al., 2002) submetidos à facoemulsificação com implantação de LIO. A identificação de microrganismos pode ser realizada empregando-se a PCR, por sua sensibilidade e acurácia na identificação de fragmentos únicos do DNA (VALLE et al., 2010). A utilização da PCR no diagnóstico de endoftalmites aumentou significativamente a detecção de agentes bacterianos no humor aquoso e no vítreo, em menor tempo (PIGNATARI et al., 2008; BISPO et al., 2011). Em pesquisa realizada por Chiquet et al. (2007), em 30 pacientes com endoftalmite pós-operatória, amostras de humor aquoso em cultivo convencional foram positivas em 32%. Pela PCR, o foram em 61% dos casos. Quando da utilização de ambos, o percentil aumentou para 71%. Estudo prospectivo não revelou qualquer bactéria no humor aquoso, no início da facoemulsificação, e demonstrou que a taxa de contaminação bacteriana da câmara anterior obtida ao final do procedimento era nula (CORNUT et al., 2010). Primers específicos, que possibilitam a identificação de espécies bacterianas, podem resultar na amplificação de fragmentos inespecíficos do DNA, gerando falso- positivos. A identificação de espécies de microrganismos, por sequenciamento de DNA, é imprescindível para a confirmação das espécies. O sequenciamento da região 16S rDNA constitui técnica bastante aplicada na identificação de gêneros e de espécies bacterianas. Trata-se de região conservada, presente em todos os procariotos, que agrega mutações resultantes da evolução das espécies (NERCESSIAN et al., 2005; MIZRAHI-MAN; DAVENPORT; GILAD, 2013). O aprimoramento de métodos baseados na PCR possibilitou a inserção de novas técnicas para a identificação e a tipificação de microrganismos (BOER; BEUMER, 1999). Dentre os marcadores moleculares utilizados para análises de 9 populações, os Rep-PCR, famílias de elementos repetitivos, têm sido muito utilizados (GILLINGS; HOLLEY, 1997). A distribuição de sequências repetitivas de DNA em eubactérias pode ser avaliada por análise de elementos palindrômicos extragênicos repetitivos, denominados REP (Repetitive Extragenic Palindromic) com 35-40 pares de bases conservados em espécies bacterianas. Marcadores ERIC (Enterobacterial Repetitive Intergenic Consensus), de 124-127 pares de bases, contêm elemento repetitivo central invertido, conservado, localizado nas regiões extragênicas do genoma bacteriano. Os elementos BOX são um mosaico de sequências repetitivas localizadas em regiões intergênicas, compostas por combinações de três subunidades (Box A, Box B e Box C) que possuem comprimento de 59, 45 e 50 nucleotídeos, respectivamente (HULTON; HIGGINS; SHARP, 1991; KOEUTH; VERSALOVIC; LUPSKI, 1995). Os três elementos juntos são chamados genericamente de Rep-PCR. Primers têm sido desenhados e utilizados para amplificar regiões entre estes elementos repetitivos, por PCR, gerando perfis específicos (fingerprinting) que podem ser utilizados para a tipagem e a identificação de espécies bacterianas (VERSALOVIC; KOEUTH; LUPSKI, 1991; GILLINGS; HOLLEY, 1997). Elementos repetitivos podem estar presentes em ambas as orientações. Primers iniciadores foram desenvolvidos de forma a permitirem a síntese de DNA a partir da repetição invertida, nos REP e ERIC-PCR, e da subunidade boxA, nos BOX-PCR, amplificando regiões genômicas distintas, localizadas entre os elementos repetitivos (CASTELANI; DUARTE, 2011). A amplificação desses fragmentos por PCR pode ser feita utilizando-se um único oligonucleotídeo iniciador, um par ou vários pares de iniciadores (VERSALOVIC et al., 1994). Sequências de DNA, repetitivas e conservadas, estão presentes em cópias no genoma da maioria das bactérias Gram-negativas e de várias Gram-positivas (CASTELANI; DUARTE, 2011). Segundo Hulton, Higgins e Sharp (1991), sequências REP e ERIC foram inicialmente identificadas com base na informação proveniente do sequenciamento dos genomas de Escherichia coli e de Salmonella typhimurium. Existem, contudo, descrições da sua existência em outras espécies bacterianas. O método é fiável, reprodutível, rápido e bastante discriminatório. Trata- http://genome.cshlp.org/search?author1=J+Versalovic&sortspec=date&submit=Submit http://genome.cshlp.org/search?author1=J+R+Lupski&sortspec=date&submit=Submit 10 se, portanto, de ferramenta valiosa na identificação e para a classificação de bactérias (ALVES et al., 2003). Técnica adjunta em biologia molecular, que pode ser aplicada para a identificação de espécies de microrganismos, refere-se à RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism). O RFLP, associado à PCR, possibilitou o aparecimento de um terceiro procedimento, a PCR-RFLP, baseado na amplificação de um fragmento específico do DNA e na subsequente restrição com enzimas que clivam a molécula em sítios específicos de reconhecimento, conhecidos como sítios de restrição, que geram perfis genéticos distintos (VOLPINI et al., 2004). 11 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Considerações Gerais Procedimentos em facoemulsificação foram realizados nos próprios do Serviço de Oftalmologia do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”. Procedimentos em microbiologia e em biologia molecular o foram no Laboratório de Epidemiologia Molecular, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, UNESP, Câmpus de Jaboticabal. 3.2. Considerações quanto à ética A pesquisa foi realizada atendendo-se às normas da Association for Research in Vision and Ophthalmology - ARVO (National Institutes of Helth Publications No 85- 23: Revised 1985), de consoante com o código de NÜREMBERG (GOLDIM, 1995) e às da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA), sob o número de protocolo 014628/12, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, UNESP, Câmpus de Jaboticabal. 3.3. Pacientes Foram utilizados 20 cães de raças variadas, machos ou fêmeas, acometidos por catarata bilateral, não diabética imatura ou madura. Selecionaram-se os indicados para facectomia eletiva, por facoemulsificação, com implante de lente intraocular. Como medidas preliminares, eles passaram por exame oftálmico baseado nos testes dos reflexos, no da lágrima de Schirmer1, na biomicroscopia com lâmpada em fenda2, na gonioscopia3 em córneas previamente dessensibilizadas com proximetacaína à 0,5%4, nas oftalmoscopias binocular indireta5 e monocular 1 Teste de Schirmer - Ophthalmos, São Paulo, Brasil. 2 SL-450 - Nidek Co, Japan. 3 Koeppe Medium Diagnostic Lens 18mm - Ocular Instruments Inc., USA. 4 Anestalcon - Alcon Laboratórios do Brasil Ltda. 5 OHC - 3.3 - Opto Eletrônica S.A., São Carlos, SP, Brasil. 12 direta6, na tonometria de aplanação7 e no teste de tingimento pela fluoresceína sódica8. Ultrassonografia ocular9 e eletrorretinografia10 foram conduzidas a fim de excluírem doenças do vítreo e da retina. Foram incluídos somente pacientes sem afecções sistêmicas e locais concorrentes e sem sequelas de inflamação ocular. Para a avaliação das condições clínicas gerais, foram realizados exame físico, contagem global de células do sangue, avaliação das funções hepática e renal e da glicemia. 3.4. Procedimentos 3.4.1. Terapia pré-operatória O pré-operatório teve início com sete dias, instilando-se colírio a base de dexametasona associada à tobramicina11, a intervalos regulares de seis horas. Empregou-se colírio de sulfato de atropina à 1%12, aos trinta minutos prévios ao procedimento cirúrgico. Utilizou-se a flunixina meglumina13, em dose única de 1 mg/kg, pela via intramuscular, aos trinta minutos prévios ao ato operatório. 3.4.2. Anestesia Após jejum alimentar e hídrico de doze e seis horas, respectivamente, os pacientes foram pré-medicados com meperidina14, na dose de 0,005 mg/kg, pela via intramuscular, associada ao diazepam15, na dose de 0,3 mg/kg. Decorridos quinze minutos, realizou-se a indução à anestesia com propofol16, na dose média de 5 mg/kg, pela via intravenosa. Para a manutenção da anestesia, empregou-se 6 7100 - C - Welch Allyn, Ontário, Canadá. 7 Tonopen XL - Mentor Inc, Norwell. 8 Fluoresceína strips - Ophthalmos, São Paulo, Brasil. 9 UltraScan Imaging System - Alcon do Brasil SA. 10 Handheld Multi-species ERG - Retvetcorp. 11 Tobradex ® - Alcon do Brasil. 12 Atropina 1% - Allergan Produtos Farmacêuticos. 13 Banamine - Schering Plough. 14 Fentanest - Cristália. 15 Diazepamil - Hipolabor. 16 Profolen - Blausiegel. 13 anestésico halogenado17, vaporizado em oxigênio, em circuito de reinalação semi- fechado. Visando ao melhor posicionamento do olho e à diminuir a tensão da musculatura extraocular, realizou-se bloqueio neuro-muscular com brometo de rocurônio18, na dose de 0,3 mg/kg, pela via intravenosa, e ventilação assistida, após posicionamento do paciente e antes do procedimento cirúrgico. 3.4.3. Antissepsia e Procedimentos em Facoemulsificação Os pacientes foram posicionados em decúbito dorsal e a área operatória tricotomizada. Ambos os olhos foram submetidos à antissepsia, cada um separadamente, imediatamente antes do procedimento cirúrgico. Para a antissepsia da superfície peripalpebral empregou-se solução aquosa de iodopirrolidona 10%19, com o auxílio de gaze estéril, após colocação de luva também estéril. Para a superfície ocular utilizou-se a mesma solução, diluída na proporção 1:50, em solução salina20, sendo preparada imediatamente antes de sua aplicação. Após a colocação dos campos cirúrgicos, foram efetuadas cantotomia, quando necessária, e blefarostase mecânica. A técnica cirúrgica adotada foi a facoemulsificação bimanual, com duas incisões, uma principal e outra auxiliar, ambas localizadas em córnea clara a, aproximadamente, 1,0 mm do limbo. A principal foi tunelizada, em posição 11 horas, utilizando-se bisturi angulado 3,2 mm21. A auxiliar, situada em posição duas horas, foi confeccionada empregando-se bisturi reto22. A câmara anterior foi preenchida com corante de cápsula23. Em ato contínuo, ela foi lavada com solução salina balanceada (BSS), para remoção de remanescentes do corante. Como soluções viscoelásticas, foram utilizados o sulfato de condroitina à 4%, o hialuronato de sódio à 3% e o hialuronato de sódio à 1%24. Com o auxílio de um cistítimo, fez-se a incisão na cápsula anterior, seguida de 17 Isoforine - Cristália. 18 Esmeron - Akzo Organon Teknika. 19 Laboriodine PVPI tópico - Laboratórios Biosintética. 20 Solução fisiológica - Cloreto de sódio 0,9% - Baxter Hospitalar. 21 Surgical knife 3.2mm - Alcon labs. 22 Bisturi reto est. 15,0 graus desc. Estéril - Alcon labs. 23 Azul de tripan® - Ophthalmos. 24 Duovisc - Alcon labs. 14 capsulorrexe curvilínea contínua, com pinça de Utrata. Com seringa acoplada a uma cânula de irrigação, realizou-se a hidrodissecção do núcleo, empregando-se solução salina balanceada. Para as facectomias, empregou-se facoemulsificador25 e bolsa de 500 mL de BSS acrescida de 1 mL de epinefrina26 1:1000 e de 1 mL de heparina sódica27 25.000 UI. Com o pedal na posição 1 (estágio de irrigação), a ponteira da caneta de facoemulsificação foi introduzida na câmara anterior e, posteriormente, no saco capsular. Empregou-se a técnica “dividir e conquistar”, para a emulsificação e a aspiração do núcleo, utilizando, quando oportuno, a função em bomba peristáltica. Para a aspiração das massas corticais e da substância viscoelástica remanescentes, empregou-se a função irrigação e aspiração. Os pacientes receberam lente acrílica dobrável28, posicionada no saco capsular, com a porção óptica centralizada e as hápticas inseridas no equador. A incisão corneal foi suturada com pontos simples separados, não-perfurantes totais, empregando-se fio absorvível poliglactina 910 9-029. A câmara anterior foi preenchida com BSS (Fig. 1). Nos casos em que a cantotomia fora realizada, empregaram-se pontos simples separados com fio inabsorvível monofilamentado 4- 030, na síntese do canto temporal. Ao término da cirurgia, foram contabilizados os referenciais de cada ato cirúrgico, relativamente ao tempo de ultrassom, ao quantitativo de solução salina balanceada e quanto às intercorrências cirúrgicas. 25 Facoemulsificador Universal II - Alcon do Brasil. 26 Epinefrina - Cristália. 27 Heparina sódica - Ariston Ltda. 28 30-V 12,0/ 30-V 14,0 - Acrivet, Hennigsdorf, Germany. 29 Vicryl 9-0 - Ethicon. 30 Mononylon 4-0 - Ethicon. 15 3.4.4. Terapia pós-operatória Foram adotados prednisona31, por via oral, na dose de 1 mg/kg, a intervalos de 24 horas, por 15 dias consecutivos, com redução gradual da dose nos 15 dias subsequentes. Colírios à base de dexametasona associada à tobramicina11, 1 gota em cada olho, a cada quatro horas, por 7 dias e, a seguir, a cada seis horas, por 21 dias mínimos. E colírios à base de diclofenaco sódico32, 1 gota em cada olho, a cada seis horas, por 30 dias; à base de brinzolamida à 1%33, a intervalos de 12 horas, sendo 1 gota em cada olho, por sete dias, e à base de atropina à 1%12, 1 gota em cada olho, a cada 12 horas, por três dias consecutivos. Todos os pacientes foram mantidos com colar do tipo Elizabethano, por 21 dias mínimos e recebiam indicação de limpeza da região peripalpebral com solução salina34. 31 Meticorten - Schering Plough. 32 Still - Allergan Produtos Farmacêuticos. 33 Azopt - Alcon Laboratórios do Brasil Ltda. 34 Solução fisiológica - Cloreto de sódio 0,9% - Baxter Hospitalar. FFigura 1. Imagem fotográfica ilustrando lente intraocular em paciente da espécie canina submetido à facoemulsificação no pós- operatório imediato. As setas indicam pontos de sutura corneais. Jaboticabal, SP, 2013. 16 3.5. Amostras Foram colhidas amostras de secreções nasal e conjuntival dos olhos direito e esquerdo, separadamente, imediatamente à indução da anestesia geral, com swabs estéreis umedecidos em solução salina35, antes da realização da antissepsia. Após a antissepsia de um dos olhos, colheu-se 0,5 mL de humor aquoso, posteriormente à abertura da câmara anterior e imediatamente antes da aplicação do último ponto da sutura corneal, quando findada a facoemulsificação. Empregou-se seringa de 3,0 mL acoplada à agulha de insulina. Após o término do ato cirúrgico do primeiro olho, o olho contralateral foi submetido ao mesmo procedimento de antissepsia e colheita de humor aquoso. As amostras foram colhidas em duplicata para o cultivo bacteriano em aerobiose e em anaerobiose, seguindo-se os critérios: (i) duas amostras de secreção nasal; (ii) duas de secreção conjuntival do olho direito e duas do olho esquerdo; (iii) oito amostras de humor aquoso, sendo quatro do olho direito e quatro do olho esquerdo, duas colhidas logo após a incisão corneal e duas imediatamente antes de sua sutura. Colheram-se, portanto, 14 amostras por paciente, totalizando 280 amostras. As amostras foram numeradas de 1 a 20, de consoante com o paciente operado, e identificadas seguindo-se os critérios: (i) amostras de secreção nasal (N) (Fig.2); (ii) amostras de secreção conjuntival do olho direito (CD); (iii) amostras de secreção conjuntival do olho esquerdo (CE) (Fig. 3); (iv) amostras de humor aquoso do olho direito, coletadas posteriormente à incisão corneal (HDA); (v) amostras de humor aquoso do olho direito, coletadas imediatamente antes da sutura corneal (HDD); (vi) amostras de humor aquoso do olho esquerdo, coletadas posteriormente à incisão corneal (HEA); e (vii) amostras de humor aquoso do olho esquerdo, coletadas imediatamente antes da sutura corneal (HED). Após as colheitas, todas as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Epidemiologia Molecular (LEM), do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Câmpus de Jaboticabal, decorridas, no máximo, duas horas de sua colheita. Onde foram processadas e armazenadas. 35 Solução fisiológica - Cloreto de sódio 0,9% - Baxter Hospitalar. 17 Figura 3. Imagem fotográfica ilustrando coleta de secreção conjuntival, com swab estéril, em paciente da espécie canina. Jaboticabal, SP, 2013. Figura 2. Imagem fotográfica ilustrando coleta de secreção nasal com swab estéril, em paciente da espécie canina. Jaboticabal, SP, 2013. 18 3.5.1. Contagem de unidades formadoras de colônia, por mL (UFC/mL), do humor aquoso e cultivo bacteriano das amostras em caldo Brain Hearth Infusion (BHI) Para a contagem de UFC/mL, realizaram-se diluições seriadas de amostras de humor aquoso, sendo 0,2 mL de cada uma foi transferido para tubos de ensaio contendo 1,8 mL de solução salina à 0,9% (diluição 10-1), utilizada para as demais diluições, até a diluição 10-6. De cada uma das diluições 10-2, 10-4 e 10-6, foram transferidas alíquotas de 100 µL para placas de Petri contendo Ágar de Contagem36. Empregaram-se alças de Drigalski estéreis para se espalharem as células homogeneamente nas placas. Posteriormente, elas foram incubadas à 37°C, por 18 horas. Após incubação, placas com colônias variando entre 10 a 100 unidades foram contadas e o resultado foi multiplicado pelo fator de diluição correspondente, obtendo-se quantitativo em UFC/mL. O cultivo foi realizado a partir dos swabs contendo, individualmente, secreção nasal e secreção conjuntival e de amostras de 0,250 mL de humor aquoso. O material foi introduzido em tubos contendo 5,0 mL de caldo BHI (Brain Heart Infusion)37. Um tubo de cada amostra foi incubado à 37°C por 18 horas, em aerobiose, e o outro em anaerobiose, utilizando-se jarra e kit Anaerobac38. 3.5.2. Extração do DNA, por fervura Amostras com crescimento bacteriano em caldo BHI foram submetidas à extração do DNA pelo método de fervura. Para tal, 1,0 mL do cultivo foi transferido para eppendorfs de 2,0 mL. Os tubos foram centrifugados por 2 minutos à 13.400xg. Posteriormente, o sobrenadante foi descartado e ao pellet de colônias foi acrescentado 1,0 mL de solução PBS (8 mM Na2HPO4.12H2O; 1,76 mM KH2PO4; 137 mM NaCl; 2,7 mM KCl). O pellet foi dissolvido com o auxílio de vortex e, a seguir, as amostras foram centrifugadas novamente sob as mesmas condições anteriores. O sobrenadante foi descartado e ao pellet foi acrescido 0,5 mL de água 36 Plate Count Ágar - Sigma. 37 Brain Heart Infusion Broth - Oxoid. 38 Anaerobac - Probac do Brasil. 19 milli-Q estéril, na qual o pellet foi dissolvido. A extração de DNA foi realizada por fervura, em equipamento térmico39, à temperatura de 99°C, por 10 minutos. Posteriormente, as amostras foram centrifugadas e 0,4 mL do sobrenadante foi transferido para tubos novos. 3.5.3. Polimerase Chain Reaction (PCR) espécie-específica O DNA obtido foi submetido à PCR para identificação quanto à presença de Staphylococcus aureus, Staphylococcus spp., Streptococcus spp. e Pseudomonas spp. nas amostras, a fim de que as que apresentassem os patógenos fossem submetidas a isolamento de colônias puras. Os gêneros e a espécie bacterianos escolhidos foram selecionados levando-se em conta a literatura compulsada, que reporta serem os mais encontrados (ANDRADE et al., 2002; PRADO et al., 2005; WANG et al., 2008). Na PCR com os primers coa_f/coa_r e pta_f1/pta_r1 utilizou-se a cepa padrão de Staphylococcus aureus ATCC (American Type Culture Collection) 6538 (Departamento de Patologia Veterinária/Laboratório de Microbiologia Veterinária/UNESP/Câmpus de Jaboticabal). Na amplificação com os primers Ps_for/Ps_rev, utilizou-se cepa padrão de Pseudomonas aeruginosa (doada pelo Centro de Pesquisa em Virologia/Laboratório de Virologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP/Câmpus de Ribeirão Preto). As amostras que apresentaram crescimento bacteriano em anaerobiose foram submetidas à PCR de amplificação com os primers C1 (5’ - GCGTGCCTAATACATGCAA - 3’) e C2 (5’ - TACAACGCAGGTCCATCT - 3’) C2 (MEIRI-BENDEK et al., 2002), utilizando cepa padrão de Streptococcus pneumoniae (doada pelo Centro de Pesquisa em Virologia/Laboratório de Virologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP/Câmpus de Ribeirão Preto). Para a PCR de amplificação dos fragmentos (Tab. 1), utilizaram-se tampão 1X [100 mM Tris-HCl pH 8,8; 500 mM KCl; 0,8% (v/v) Nonidet P40]; MgCl2 2 mM; dNTP’s 0,2 mM, 1,5 U de Taq DNA polimerase, 5 pmol de cada primer, 100 ng de DNA genômico e água pura estéril q.s.p. 20 L. A amplificação foi realizada em 39 Thermomixer Compact - Eppendorf ® . 20 termociclador40, programado para um ciclo à 95ºC, por 4 minutos; 35 ciclos à 94ºC, por 30 segundos; temperatura de anelamento do primer, por 30 segundos e 72ºC, por um minuto. Finalizando, realizou-se um ciclo à 72ºC por 10 minutos. As amostras foram submetidas à eletroforese em gel de agarose 1% (p/v), contendo corante41 e padrão de tamanho molecular42. Os fragmentos foram visibilizados sob luz ultravioleta, em equipamento de fotodocumentação43. Tabela 1. Agentes pesquisados (Staphylococcus aureus, Staphylococcus spp. e Pseudomonas spp.), e respectivos alvos, primers, sequências de oligonucleotídeos e tamanhos, em pares de bases (pb), utilizados nas PCRs espécie-específicas das amostras de secreções nasal, conjuntival e de humor aquoso de pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013. Agente Alvo Primer Sequência de oligonucleotídeos Tamanho (pb) Staphylococcus. aureusa coa coa_f coa_r GAACAAAGCGGCCCATCATTA TAAGAAATATGCTCCGATTGTCG 930 Staphylococcus spp.b pta pta_f1 pta_r1 AAAGACAAACTTTCAGGTAA GCATAAACAAGCATTGTACCG 320 Pseudomonas spp.c 16S rRNA Ps_for Ps_rev GGTCTGAGAGGATGATCAGT TTAGCTCCACCTCGCGGC 990 Fonte: a WALKER et al., 1998; b BANNOEHR et al., 2009; c WIDMER et al., 1998. 3.5.4. Obtenção de isolados Amostras com amplificação para as bactérias em secreções nasal, conjuntival e do humor aquoso foram submetidas ao isolamento de colônias. As positivas para genes relacionados ao gênero Staphylococcus spp. e à Pseudomonas spp. foram repicadas em Agar Sal Manitol44 e em Ágar Cetrimida45, respectivamente, em aerobiose. As placas foram mantidas em estufa incubadora à 37ºC, por 18 horas. As 40 Veriti Thermal Cycler - Applied Biosystems ® . 41 SYBR® Safe DNA Gel Stain - Invitrogen TM . 42 100pb DNA Ladder - Invitrogen TM . 43 GEL DOC XR - BioRad. 44 Oxoid - England. 45 Himedia - India. 21 positivas para Streptococcus spp. foram repicadas em Agar Sangue Azida Base46, suplementado com sangue desfibrinado de ovino (8%) e incubadas em anaerobiose. As placas foram mantidas em estufa incubadora à 37ºC, por 18 horas. As amostras negativas na PCR, porém, com crescimento bacteriano na secreção nasal ou conjuntival47 e, ao mesmo tempo, no humor aquoso, foram repicadas em Ágar BHI, em duplicada, e mantidas em estufa à 37C, por 18 horas, em aerobiose e em anaerobiose. 3.5.5. Extração do DNA dos isolados A fim de se obter quantitativo de bactéria necessário para a extração de DNA, cada colônia isolada foi repicada em tubos contendo caldo BHI, que foram mantidos em estufa incubadora à 37ºC, por 18 horas. Utilizou-se o protocolo de Kuramae-Izioka (1997), para as extrações de DNA, permitindo a obtenção de DNA em quantidade, qualidade e integridade necessários. Aliquotou-se 1,0 mL do cultivo bacteriano, transferido para tubos eppendorf de 2,0 mL. Os tubos foram centrifugados a 13.400 x g, por 2 minutos, para a obtenção do pellet de células, ressuspendido em 700 µL de tampão de extração [Tris-HCl 160 mM pH 8,0, EDTA 50 mM pH 8,0, NaCl 20 mM e SDS 0,5% (p/v)]. Agitados, os tubos foram mantidos em banho-maria à 65ºC, por 40 minutos, período em que eram novamente agitados a cada 10 minutos. Em ato contínuo, acrescentaram-se 300 µL de acetato de potássio 5 M. Misturou-se a solução e incubou-se no gelo, por 30 minutos, invertendo-se, por aposição, os tubos a cada 15 minutos. Decorridos 30 minutos, as amostras foram retiradas do gelo e a elas foram acrescentados 650 µL de solução de clorofórmio e álcool isoamílico, na concentração de 24:1. A solução foi misturada por inversão, durante dois minutos, e novamente centrifugada à 13.400 x g, por 10 minutos à 10ºC. O sobrenadante, contendo o DNA foi transferido para tubos novos, cuidando-se para não tocar a interface inferior. Visando-se à precipitação do DNA, foram acrescentados 1000µL de etanol absoluto gelado. A solução foi misturada e mantida em freezer à -20ºC, overnight. 46 Oxoid - England. 47 Brain Heart Infusion Ágar - Himedia. 22 Decorrida a precipitação do DNA em etanol, os tubos foram centrifugados à 13.400 x g, por 17 minutos, à 10ºC. A fase líquida foi descartada e o pellet foi lavado com 1000 µL de etanol 70% (v/v). Realizada uma segunda centrifugação, à 13.400 x g, por 10 minutos à 10ºC, a fase líquida foi novamente descartada e o pellet mantido para secar em estufa à 50ºC. Posteriormente, ele foi ressuspendido em 30 µL de tampão TE 10:1 (Tris-HCl 10 mM pH 8,0; EDTA 1 mM pH 8,0). O quantitativo do DNA e o seu qualitativo foram avaliados, empregando-se a espectofotometria48, medindo-se a absorbância de cada amostra nos comprimentos de onda de 260 e 280 nm. A relação da absorbância entre os dois comprimentos de onda resultou em valor referente à qualidade do DNA, que estando no intervalo de 1,8 a 2,0, caracteriza-se como de boa qualidade (SAMBROOK; RUSSEL, 2001). 3.5.6. Rep-PCR, para discriminação dos diferentes grupos bacterianos Foram empregados dois primers para a amplificação dos fragmentos, o BoxA1 (5’ - CGTCAGCGTCGCCTTGCCGTAG - 3’) associado ao BoxC1R (5’ - AGCAAACTAGGAAGCTAGCCGC - 3’). Utilizaram-se tampão 1X [100 mM Tris-HCl pH 8,8; 500 mM KCl; 0,8% (v/v) Nonidet P40]; MgCl2 2,5 mM; dNTP’s 0,2 mM, 1 U de Taq DNA polimerase49, 10 pmol de cada primer, 60ng de DNA genômico e água pura estéril q.s.p. 20 L. A amplificação se deu em termociclador50, programado para realizar 1 ciclo à 95ºC, por 4 minutos; 36 ciclos à 94ºC, por 40 segundos, 50ºC, por 40 segundos, e à 72ºC, por 1 minuto. Finalizando, um ciclo à 72ºC, por 10 minutos. As amostras foram submetidas à eletroforese em gel de agarose à 1% (p/v), contendo brometo de etídio (0,5 g/mL) e padrão de tamanho molecular (PM) 100 pb51. Os fragmentos foram visibilizados sob luz UV, em equipamento de fotodocumentação52. 48 NanoDrop 100 - Uniscience. 49 Taq DNA Polimerase - Invitrogen TM . 50 Veriti - Applied Biosystems. 51 DNA Ladder Plus - Fermentas. 52 GEL DOC XR - BioRad. 23 3.5.7. Sequenciamento da região 16S rDNA A amplificação da região 16S rDNA foi realizada empregando-se par de primers 8F (5’ - AGAGTTTGATYMTGGCTCAG - 3’) e 907R (5’ - CCGTCAATTCMTTTRAGTTT - 3’) (NERCESSIAN et al., 2005), para fragmento esperado de cerca de 900 pb. Relativamente à PCR de amplificação do fragmento, utilizou-se tampão 1X [100 mM Tris-HCl pH 8,8; 500 mM KCl; 0,8% (v/v) Nonidet P40]; MgCl2 2 mM; dNTP’s 0,2 mM, 0,5 U de Taq53, 2,5pmol de cada primer, 8F e 907R, 60 ng de DNA genômico e água pura estéril q.s.p. 20 L. A amplificação foi realizada em termociclador54, programado para realizar 1 ciclo à 95ºC, por 4 minutos; 36 ciclos à 94ºC, por 40 segundos; à 60ºC por 40 segundos, à 72ºC por 1 minuto, e um ciclo à 72ºC, por 10 minutos. As amostras foram submetidas à eletroforese em gel de agarose 1% (p/v), contendo brometo de etídio (0,5 g/mL) e padrão de tamanho molecular (PM) 100 pb55. Os fragmentos foram visibilizados sob luz UV, em equipamento de fotodocumentação56. O DNA do fragmento amplificado foi submetido à PCR de sequenciamento, utilizando-se o Big Dye Terminator v3.157, seguindo-se instruções do fabricante. A amplificação de sequenciamento foi realizada sob as mesmas condições descritas para amplificação do fragmento. O produto da PCR de sequenciamento foi precipitado em 80 L de isopropanol à 75% (v/v) e submetido à centrifugação à 3.220 x g à 15ºC, por 45 minutos. Posteriormente, a fase líquida foi descartada e o pellet foi lavado com 180 L de etanol à 70% (v/v). Após a lavagem, ele foi seco em concentrador à vácuo à 45ºC, por 5 minutos. O produto da PCR de sequenciamento foi submetido à desnaturação em formamida58, à temperatura de 95ºC, por 5 minutos. Após a desnaturação, as amostras foram colocadas no gelo a fim de se manterem as fitas de DNA desnaturadas. A leitura das bases foi realizada por um sequenciador59. 53 Taq DNA Polimerase - Invitrogen TM . 54 Veriti - Applied Biosystems. 55 DNA Ladder Plus - Fermentas. 56 GEL DOC XR - BioRad. 57 Big Dye Terminator v3.1 - Applied Biosystems. 58 Hi-Di TM Formamide - Applied Biosystems. 59 ABI 3100 - Applied Biosystems. 24 Eletroferogramas obtidos foram visibilizados, analisados em software60 e convertidos em sequências de nucleotídeos em software DNA Sequencing Analysis Software Versão 3.3. Eletroferogramas gerados foram submetidos ao pacote de programas Phred/Phrap/Consed (EWING; GREEN, 1998; GORDON; ABAJIAN; GREEN, 1998), para a avaliação do qualitativo, para o alinhamento e para o corte das extremidades. As sequências de DNA qualificadas foram comparadas em banco de dados (GenBank, www.ncbi.nlm.nih.gov/Genbank), empregando-se a ferramenta BLAST (ALTSCHUL et al., 1997) para a checagem quanto à similaridade, relativamente às sequências depositadas naquele banco de dados. O dendrograma obtido pelo algoritmo de agrupamento Neighboor-Joining e as distâncias genéticas entre os isolados foram obtidas valendo-se do software MEGA 5.01 (TAMURA et al., 2011). 3.5.8. PCR-RFLP As amostras positivas para o gene pta foram repicadas em Agar Sal Manitol61 visando ao isolamento de Staphylococcus spp. Isolados obtidos em Agar Sangue Azida Base62, suplementados com sangue desfibrinado de ovino (8%), em anaerobiose, foram também submetidos à amplificação do gene pta, possibilitando a identificação de quatro isolados de Staphylococcus spp. Os fragmentos do gene pta amplificados das 11 colônias obtidas pelo isolamento em Agar Sal Manitol e das quatro obtidas em anaerobiose foram submetidos à restrição utilizando-se a enzima MboI 63. O produto da amplificação do gene pta de 320 pb, digerido com a enzima, resulta em dois fragmentos de 213 pb e 107 pb para Staphylococcus pseudointermedius. Nas espécies Staphylococcus intermedius, Staphylococcus delphini e Staphylococcus schleiferi, o fragmento não possui o sítio de restrição da enzima. O produto amplificado do gene pta de Staphylococcus aureus possui dois sítios de restrição, 156pb e 164pb (BANNOEHR et al., 2009). Para a sua restrição, utilizaram-se Tampão K 1X; 3,0 U da enzima e 15 µL do produto da PCR espécie- 60 ABI Analysis Data Collection - Applied Biosystems. 61 Oxoid - England. 62 Oxoid - England. 63 MboI - Invitrogen TM . 25 específica, relativamente ao gene pta. A restrição foi realizada em termociclador64, à 37ºC por 1 hora e quarenta minutos. As amostras foram submetidas à eletroforese em gel de agarose 1% (p/v), contendo brometo de etídio (0,5 g/mL) e padrão de tamanho molecular (PM) 100 pb65. Os fragmentos foram visibilizados sob luz UV, em equipamento de fotodocumentação66. 3.5.9. Prova da Coagulase Os isolados positivos para a espécie Staphylococcus aureus foram submetidos à prova da coagulase. Para tal, os isolados foram depositados em caldo BHI67 à 37°C por 18 horas em caldo, para crescimento celular. O teste foi realizado adicionando-se 0,3 mL da cultura bacteriana e 0,5 mL da solução contendo plasma liofilizado de coelho68 em tubo de ensaio estéril, mantidos em banho-maria à 37ºC. A ação da enzima coagulase foi avaliada a cada 30 minutos durante as primeiras quatro horas e, depois de decorridas 24 horas. A presença de coágulo, em razão da formação de halo de fibrina ao redor das colônias, caracterizava a positividade da prova (FISK, 1940; SPERBER; TATINI, 1975). 3.5.10. Marcadores Moleculares Rep-PCR Para a realização das análises Rep-PCR, empregou-se três marcadores moleculares, utilizado-se o primer Rep1R-I (5’ - IIIICGICGICATCIGGC - 3’) associado ao Rep2-I (5’ - ICGICTTATCNGGCCTAC - 3’), o Eric2 (5’ - AAGTAAGTGACTGGGGTGAGCG - 3’) e o BoxC1R (5’ - AGCAAACTAGGAAGCTAGCCGC - 3’). A reação foi composta por tampão 1X [100 mM Tris-HCl pH 8,8; 500 mM KCl; 0,8% (v/v) Nonidet P40]; MgCl2 2,5 mM; dNTP’s 0,2 mM, 1 U de Taq DNA polimerase69, 10 pmol de cada primer, 60ng de DNA genômico e água pura estéril q.s.p. 20 L. A amplificação foi realizada em 64 Veriti - Applied Biosystems. 65 DNA Ladder Plus - Fermentas. 66 GEL DOC XR - BioRad. 67 Brain Heart Infusion Ágar - Himedia. 68 COAGU-PLASMA - Laborclin 69 Taq DNA Polimerase - Invitrogen TM . 26 termociclador70, programado para realizar 1 ciclo à 95ºC, por 4 minutos; e 36 ciclos à 94ºC, por 40 segundos; 40ºC para o Rep1R-I/Rep2-I e Eric 2, e 52ºC para o Box C1R; por 40 segundos; e à 72ºC, por 1 minuto. Finalizando, um ciclo à 72ºC, por 10 minutos. As amostras foram submetidas à eletroforese em gel de agarose 1% (p/v), contendo brometo de etídio (0,5 g/mL) e padrão de tamanho molecular (PM) 100 pb71. Os fragmentos foram visibilizados sob luz UV, em equipamento de fotodocumentação72. A matriz binária foi obtida pelo princípio da ausência, representado pelo número 0, e presença, representado pelo 1, de uma banda de mesmo tamanho molecular. Sendo, então, convertida em uma matriz de distância com auxílio do software PAUP versão 4.0b10 (Phylogenetic Analysis Using Parcimony) (SWOFFORD, 2002). Essa matriz foi utilizada para a obtenção do dendrograma, com o uso do algoritmo de agrupamento UPGMA (Unweighted Pair Group Method Using Arithmetic Average), para a visualização das relações genéticas estabelecidas entre os isolados. O dendrograma e o cálculo das distâncias genéticas entre grupos foram obtidos utilizando-se o software MEGA 5.01 (TAMURA et al., 2011). 70 Veriti - Applied Biosystems. 71 DNA Ladder Plus - Fermentas. 72 GEL DOC XR - BioRad. 27 4. RESULTADOS 4.1. Contagem de Unidades Formadoras de Colônia, por mL (UFC/mL) do humor aquoso Em apenas um indivíduo (paciente 3), as amostras de humor aquoso do olho direito, coletadas posteriormente à incisão corneal e imediatamente antes da sua sutura, e a amostra de humor aquoso do olho esquerdo, coletado posteriormente à incisão corneal, houve crescimento em Ágar de Contagem, entre 10 a 100 colônias. Das 80 amostras de humor aquoso obtidas, em somente três (3,75%) deram-se contagens de colônias (Tab. 2). Tabela 2. Amostras de humor aquoso que apresentaram crescimento bacteriano em Ágar de Contagem variando entre 10 a 100 colônias e respectivas quantidades de unidades formadoras de colônia por mL (UFC/mL), em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013. Amostra UFC/mL HDA3 42x10-2 HDD3 31x10-2 HEA3 87x10-4 HDA3= humor aquoso do olho direito coletado após a incisão corneal do paciente 3; HDD3= humor aquoso do olho direito coletado imediatamente antes da sutura corneal do paciente 3; HEA3= humor aquoso do olho esquerdo coletado após a incisão corneal do paciente 3. 28 4.2. Crescimento das colônias em caldo BHI As amostras que exibiram crescimento de colônias em aerobiose em caldo BHI, de 20 pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, foram: Paciente 1: N1, CD1, CE1, HDD1 Paciente 2: N2, CD2, CE2 Paciente 3: N3, CD3, CE3, HDD3,HEA3, HED3 Paciente 4: N4, CD4, CE4, HDD4, HEA4, HED4 Paciente 5: N5, CD5, CE5 Paciente 6: N6, CD6, CE6 Paciente 7: N7, CD7, CE7 Paciente 8: N8, CD8, CE8 Paciente 9: N9, CD9 Paciente 10: N10, CD10, CE10 Paciente 11: N11, CD11, CE11 Paciente 12: N12, CD12 Paciente 13: N13, CD13 Paciente 14: N14, CD14, CE14 Paciente 15: N15, CE15 Paciente 16: N16, CD16, CE16 Paciente 17: N17 Paciente 18: N18, CE18 Paciente 19: N19, CD19, CE19 Paciente 20: N20, CD20, CE20 29 Relativamente ao crescimento de colônias em anaerobiose em caldo BHI, de 20 pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, amontam-se: Paciente 1: N1, CD1, HED1 Paciente 2: N2, CE2 Paciente 3: N3, CD3, CE3, HDD3,HEA3, HED3 Paciente 4: N4, CD4, CE4, HDD4, HEA4, HED4 Paciente 5: N5, CD5, CE5 Paciente 6: N6, CD6, CE6 Paciente 7: N7, CD7, CE7 Paciente 8: N8, CD8, CE8 Paciente 9: N9, CD9, CE9 Paciente 10: N10, CD10, CE10 Paciente 11: N11, CD11, CE11 Paciente 12: N12 Paciente 13: N13, CD13 Paciente 14: N14, CD14, CE14 Paciente 15: N15 Paciente 16: N16, CE16 Paciente 17: N17, CD17, CE17 Paciente 18: N18 Paciente 19: N19, CE19 Paciente 20: N20, CE20 Houve crescimento bacteriano em 115 (41,07%) das 280 amostras colhidas. Das 115, todas as amostras de secreção nasal, 33 amostras de secreção conjuntival em aerobiose (28,69%), e, 28 em anaerobiose (24,35%), e 12 amostras de humor aquoso (10,43%), 6 em aerobiose (5,21%) e 6 (5,21%) em anaerobiose, apresentaram crescimento bacteriano. 30 4.3. Polimerase Chain Reaction (PCR) das amostras Amostras que apresentaram crescimento bacteriano em caldo BHI, foram submetidas à PCR espécie-específico. As amplificações encontram-se exemplificadas na Figuras 4 e 5, e os resultados dispostos na Tabela 3. Pb 3000 1000 500 100 PM HDA3 CE3 CP CN Figura 5. Produto de PCR com o primer Ps_for/Ps_rev (990pb), da cepa padrão de Pseudomonas aeruginosa (CP), indicando que a amostra HDA3 (humor aquoso do olho direito, posteriormente à incisão corneal, do paciente 3) mostrou amplificação e a amostra CE3 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 3) não amplificou para esta espécie. PCR em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). CP: controle positivo. CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013. Figura 4. Produto de PCR do gene coa (930 pb) da cepa padrão de Staphylococcus aureus (CPa), indicando que a amostra N1 (secreção nasal do paciente 1) não apresentou amplificação para este gene. Na linha representada pelo padrão de Staphylococcus aureus (CPb), nota- se amplificação do gene pta (320 pb). A amostra CE1 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 1) apresentou amplificação e a N4 (secreção nasal do paciente 4) mostrou-se negativa para o gene. PCR em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). CPa e CPb: controles positivos. CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013. Pb 3000 1000 500 100 PM N1 CPa CN CE1 N4 CPb CN 31 Tabela 3. Resultados das amplificações, para a identificação na PCR, de Staphylococcus spp., de Staphylococcus aureus e de Pseudomonas spp. de amostras de secreções nasal e conjuntival e de humor aquoso de 20 pacientes da espécie canina com catarata bilateral submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013. Amostras Staphylococcus spp. Staphylococcus aureus Pseudomonas spp. N1 X - - CD1 - - - CE1 X - - Paciente 1 HDA1 - - - HDD1 - - - HEA1 - - - HED1 - - - N2 X - X Paciente 2 CD2 X - - CE2 X - - N3 - - - CD3 - - - CE3 - - - Paciente 3 HDA3 - - X HDD3 - - X HEA3 - - X HED3 X - X N4 - - - CD4 - - - CE4 X - - Paciente 4 HDA4 - - - HDD4 - - X HEA4 - - X HED4 - - X N5 X - - Paciente 5 CD5 X - - CE5 - - - N6 X - - Paciente 6 CD6 X - - CE6 - - - N7 X - X Paciente 7 CD7 X - X CE7 X - X N8 X - X Paciente 8 CD8 X - X CE8 X - X N9 X - - Paciente 9 CD9 - - - CE9 - - - 32 Continuação Tabela 3 Amostras Staphylococcus spp. Staphylococcus aureus Pseudomonas spp. N10 - - - Paciente 10 CD10 - - X CE10 - - X N11 - - X Paciente 11 CD11 - - X CE11 - - - N12 - - - Paciente 12 CD12 X - - CE12 - - - N13 - - - Paciente 13 CD13 - - X CE13 - - - N14 X - - Paciente 14 CD14 - - - CE14 - - X N15 - - - Paciente 15 CD15 - - - CE15 X - - N16 - - - Paciente 16 CD16 X - - CE16 X - - N17 X - - Paciente 17 CD17 - - - CE17 - - - N18 X - - Paciente 18 CD18 - - - CE18 X - - N19 - - X Paciente 19 CD19 - - - CE19 X - - N20 X - - Paciente 20 CD20 - - - CE20 X - - X= amplificação; -= sem amplificação; N= secreção nasal; CD= secreção conjuntival olho direito; CE= secreção conjuntival olho esquerdo; HDA= humor aquoso do olho direito coletado após a incisão corneal; HDD= humor aquoso do olho direito coletado imediatamente antes da sutura corneal; HEA= humor aquoso do olho esquerdo coletado após a incisão corneal; HED= humor aquoso do olho esquerdo coletado imediatamente antes da sutura corneal. Os resultados das amplificações para o gênero Streptococcus spp. não estão dispostos na tabela devido à inespecificidade do primer C1/C2, o qual, apresentou amplificação para outros gêneros, tais como o Staphylococcus, o Enterobacter, o Pantoea, além do próprio Streptococcus. Fato este comprovado, posteriormente, 33 pelo sequenciamento da região 16S rDNA dos isolados. Aliado a isso, o fato, ainda, foi comprovado, utilizando-se do sequenciando de alguns produtos de PCR deste primer, o qual levou à amplificação de outros gêneros que não o Streptococcus. Amostras de humor aquoso dos pacientes 2, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20 não apresentaram crescimento bacteriano. Do total de 50 amostras que amplificaram nas PCRs espécie-específicas, em 29 (58%) foi identificado o gênero Staphylococcus spp. e em 21 (42%), Pseudomonas spp. Devido à inespecificidade do primer C1/C2, para evitar perda de informação, as amostras CD1, CE1, HE1D, CD3, CE3, HE3D, CD4, CE4, HD4D, HE4A e HE4D, as quais não apresentaram amplificação para nenhum dos primers espécie- específicos utilizados, mas que apresentaram crescimento bacteriano tanto nas secreções nasal ou conjuntival, quanto no humor aquoso, foram submetidas ao isolamento e à caracterização molecular. 4.4. Diferenciação entre grupos pela Rep-PCR A associação dos marcadores moleculares BoxA1 e BoxC1R foi realizada visando à separarem-se amostras em diferentes grupos e à utilizarem-se exemplares desses grupos para a realização do sequenciamento da região 16S rDNA. Igualmente, para a identificação dos gêneros bacterianos presentes nas amostras. Foram obtidos cinco diferentes grupos, G1, G2, G3, G4 e G5 (Fig. 6). PM CN Figura 6. Produto de amplificação da Rep-PCR em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular com exemplares dos isolados dos cinco diferentes grupos encontrados (G1, G2, G3, G4 e G5). CN: controle negativo, mix sem DNA. PM: 100 pb Ladder Plus (Fermentas). Jaboticabal, SP, 2013. G1 G2 G3 G4 G5 Pb 3000 1000 500 100 PM CD1.2 CD1.4 CD1.6 HED3.1 HED3.2 HED3.3 CE3.2 CE3.5 CE3.6 CE4.4 CE4.5 CE4.6 HE4A.7 HE4A.9 CN 34 4.5. Sequenciamento da região 16S rDNA dos isolados A reação de PCR, para amplificação da região 16S rDNA, foi otimizada visando-se à eliminação de resíduos reativos, com potencial para interferência no sequenciamento de DNA. Obteve-se uma amostra confiável e de qualidade (Fig. 7). Foram sequenciados 25 isolados, representantes dos cinco diferentes grupos encontrados na Rep-PCR, identificados como pertencentes a quatro gêneros distintos (Fig. 8). Do total de 86 isolados obtidos das diferentes amostras, 8,14% pertenciam ao gênero Streptococcus spp., 26,74% ao Staphylococcus spp., 48,84% a Enterobacter spp. e 16,28% a Pantoea spp., segundo os dados obtidos pelo sequenciamento da região 16S rDNA, estendendo-se para o restante dos isolados, relativamente aos grupos observados na Rep-PCR. O sequenciamento da região 16S rDNA identificou, na secreção conjuntival, 18 isolados do gênero Staphylococcus (42,86%) e 24 do Enterobacter (57,14%). Relativamente ao gênero Staphylococcus, foram identificados quatro isolados da espécie Staphylococcus aureus (9,52%). Não houve crescimento bacteriano, ao mesmo tempo, nas amostras de secreção nasal. No humor aquoso, identificaram-se Figura 7. Produto da amplificação da região 16S rDNA utilizando- se os primers 8F/907R. PCR da região 16S rDNA em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular PM: padrão de tamanho molecular 100pb DNA Ladder (Fermentas). CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013. Pb 1000 500 100 PM 1 2 3 4 5 6 7 8 CN 35 cinco isolados do gênero Staphylococcus (11,36%), 18 do Enterobacter (40,91%), 7 do Streptococcus (15,91%) e 14 do Pantoea (31,82%). Figura 8. Agrupamento Neighbor-Joining das sequências da região 16S rDNA nos isolados obtidos, e sequências oriundas do banco de dados. Os gêneros bacterianos Staphylococcus spp., Streptococcus spp., Enterobacter spp. e Pantoea spp. foram separados em grupos e em subgrupos distintos, mostrando a classificação dos isolados obtidos, de pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013. 36 4.6. Restrição com a enzima MboI Os isolados CE4.1, CE4.2, CE4.3, CE4.4, CE4.5, CE4.6, CE4.7, CE8.1, CE18.1, CE18.2 obtidos em aerobiose apresentaram amplificação para o gene pta (Fig. 9). Após a restrição do produto da amplificação, os sete primeiros não apresentaram sítio de restrição da enzima, sendo classificados em Staphylococcus intermedius, Staphylococcus delphini ou Staphylococcus schleiferi segundo Bannoehr et al. (2009). Os três últimos foram classificados como Staphylococcus pseudointermedius. Após a restrição enzimática, confirmou-se que o controle positivo fora o Staphylococcus aureus (Fig. 10). Figura 9. Produto da amplificação do gene pta (320 pb) de sete isolados das amostras: CE4 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 4); CE8 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 8); CE18 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 18) em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder (Fermentas). CP: controle positivo, cepa padrão de Staphylococcus aureus. CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013. PM CE4.1 CE4.2 CE4.3 CE4.4 CE4.5 CE4.6 CE4.7 CE8.1 CE18.1 CP CN Pb 1000 500 100 37 Após sequenciamento da região 16S rDNA, os isolados CE4.4, CE4.5, CE4.6 e CE4.7, obtidos em anaerobiose, identificados como Staphylococcus aureus, foram submetidos à PCR com os primers coa_f/coa_r e pta_f1/pta_r1. Os isolados CE4.4 e CE4.6 apresentaram amplificação da banda específica do gene coa. O isolado CE4.7 apresentou amplificação de banda, porém com tamanho diferente da banda específica (Fig. 11). Todos os isolados apresentaram amplificação do gene pta (Fig. 11), cujos produtos de PCR foram submetidos à restrição com a enzima MboI. Os isolados CE4.4 e CE4.6 não apresentaram sítio de restrição da enzima, podendo ser classificados em Staphylococcus intermedius, Staphylococcus delphini ou Staphylococcus schleiferi segundo Bannoehr et al. (2009). As amostras CE4.5 e CE4.7 foram classificadas como sendo de Staphylococcus aureus (Fig. 12). Figura 10. Restrição do produto de amplificação do gene pta (320 pb) com a enzima MboI de sete isolados, em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, das amostras CE4 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 4) sem sítio de restrição da enzima. Um isolado da amostra CE8 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 8) e dois da CE18 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 18), apresentaram dois sítios de restrição da enzima, resultando em dois fragmentos 213 e 107 pb. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). CP: controle positivo, cepa padrão de Staphylococcus aureus, apresentando dois fragmentos 156 e 164 pb, que aparecem quase como uma única banda. Jaboticabal, SP, 2013. PM CE4.1 CE4.2 CE4.3 CE4.4 CE4.5 CE4.6 CE4.7 CE8.1 CE18.1 CE18.2 CP Pb 3000 1000 500 100 38 PM CE4.4 CE4.5 CE4.6 CE4.7 CP CN Figura 11. Produto de PCR em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular dos genes coa (930 pb) (A) e pta (320 pb) (B), de quatro isolados da amostra CE4 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 4). Os isolados CE4.4 e CE4.6 apresentaram amplificação para o gene coa e todos os isolados amplificaram o gene pta. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). CP: controle positivo, cepa padrão de Staphylococcus aureus. CN: controle negativo (mix sem DNA). Jaboticabal, SP, 2013. PM CE4.4 CE4.5 CE4.6 CE4.7 CP CN A Pb 3000 1000 500 100 B Pb 3000 1000 500 100 PM CE4.4 CE4.5 CE4.6 CE4.7 CP CN 39 4.7. Teste Bioquímico da Coagulase Os quatro isolados identificados como Staphylococcus aureus pelo sequenciamento da região 16S rDNA foram submetidos à PCR para o gene coa, sendo que os isolados CE4.4 e CE4.6 apresentaram amplificação da banda característica do gene e os demais, CE4.5 e CE4.7, não. O teste da coagulase comprovou os resultados previamente obtidos pela PCR (Fig. 13). Figura 12. Restrição do produto de amplificação do gene pta (320 pb) com a enzima MboI de quatro isolados da amostra CE4 (secreção conjuntival do olho esquerdo do paciente 4). Os isolados CE4.4 e CE4.6 não apresentaram sítio de restrição da enzima. Já a restrição dos fragmentos dos isolados CE4.5 e CE4.7 resultaram em dois fragmentos de 156 e 164 pb, aparecendo como uma única banda no gel de agarose. PM: padrão de tamanho molecular 100 pb DNA Ladder Plus (Fermentas). Em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. CP: controle positivo, cepa padrão de Staphylococcus aureus, resultando em dois fragmentos 156 e 164 pb. Jaboticabal, SP, 2013. PM CE4.4 CE4.5 CE4.6 CE4.7 CP Pb 3000 1000 500 100 40 4.8. Rep-PCR Todos os 86 isolados obtidos foram submetidos à Rep-PCR. Para os gêneros Enterobacter, Pantoea e Streptococcus foram utilizados os primers Rep1R-I associado ao Rep2-I (Fig. 14), Eric2 e BoxC1R (Fig. 15). Para o gênero Staphylococcus utilizou-se o primer Eric2 (Fig. 16). O dendrograma formado pela análise da associação entre estes primers está contido na Figura 17. Figura 14. Produto de amplificação da Rep-PCR com os primers Rep1R-I associado ao Rep2-I, em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, dos isolados do gênero Pantoea (isolados vHE3D.1, vHE3D.4, vHE3D.7, vHE3D.9, HE3D.1, HE3D.2, HE3D.3, HE3D.4, HE3D.5, HE3D.6, HE3D.7, HE3D.8, HE3D.9 e HE3D.10). CN: controle negativo, mix sem DNA. PM: 100 pb Ladder Plus (Fermentas). Jaboticabal, SP, 2013. PM vHE3D.1 vHE3D.4 vHE3D.7 vHE3D.9 HE3D.1 HE3D.2 HE3D.3 HE3D.4 HE3D.5 HE3D.6 HE3D.7 HE3D.8 HE3D.9 HE3D.10 PM Pb 3000 1000 500 100 Pb 3000 1000 500 100 Figura 13. Imagem fotográfica ilustrando a presença de coágulo na amostra CE4.6 e sua ausência na amostra CE4.5, após teste bioquímico da coagulase, a caracterizar a positividade da amostra. Em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013. 41 Pb 3000 1000 500 100 Pb 3000 1000 500 100 PM vHE4A.1 vHE4A.2 vHE4A.4 vHE4A.5 vHE4A.7 vHE4A.9 vHE4A.10 PM Figura 15. Produto de amplificação da Rep-PCR com o primer BoxC1R, em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, dos isolados do gênero Streptococcus (isolados vHE4A.1, vHE4A.2, vHE4A.4, vHE4A.5, vHE4A.7, vHE4A.9, vHE4A.10). CN: controle negativo, mix sem DNA. PM: 100 pb Ladder Plus (Fermentas). Jaboticabal, SP, 2013. Pb 3000 1000 500 100 Pb 3000 1000 500 100 Pb 3000 1000 500 100 Pb 3000 1000 500 100 PM vCE3.1 vCE3.2 vCE3.5 vCE3.6 vCE3.7 vCE3.8 vCE3.9 vCE3.10 CE3.1 CE3.2 PM PM CE3.3 CE3.4 CE3.5 CE3.7 vHE4D.1 vHE4D.5 vHE4D.7 vHE4D.9 vHE4D.10 PM Figura 16. Produto de amplificação da Rep-PCR com o primer Eric2, em pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular, dos isolados do gênero Staphylococcus (isolados vCE3.1, vCE3.2, vCE3.5, vCE3.6, vCE3.7, vCE3.8, vCE3.9, vCE3.10, CE3.1, CE3.2, CE3.3, CE3.4, CE3.5, CE3.7, vHE4D.1, vHE4D.5, vHE4D.7, vHE4D.9, vHE4D.10). CN: controle negativo, mix sem DNA. PM: 100 pb Ladder Plus (Fermentas). Jaboticabal, SP, 2013. 42 Figura 17. Dendrograma obtido a partir da matriz de distância pela aplicação da técnica Rep-PCR, utilizando-se o agrupamento UPGMA, de pacientes da espécie canina submetidos à facoemulsificação com implante de lente intraocular. Jaboticabal, SP, 2013. 43 Após análise de distância genética, observou-se que os isolados CD4.1, CD4.2, CD4.5 e CD4.9, encontrados na secreção conjuntival, e os isolados HD4D.2, HD4D.5, HD4D.7 e HE4D.6, encontrados no humor aquoso, do paciente 4, pertencentes ao gênero Enterobacter spp., não apresentaram distância genética, ou seja, apresentaram o mesmo perfil genético nas análises com os trê