RESSALVA Atendendo solicitação do(a) autor(a), o texto completo desta dissertação será disponibilizado somente a partir de 10/08/2020. Alex Almeida da Silva As interfaces entre a superdotação e o bullying no contexto escolar São José do Rio Preto 2018 Câmpus de São José do Rio Preto Alex Almeida da Silva As interfaces entre a superdotação e o bullying no contexto escolar Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ensino e Processos Formativos junto ao programa de Pós-Graduação em Ensino e Processos Formativos, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de São José do Rio Preto. Financiadora: FAPESP – Processo nº 2016/21672-5 Orientadora: Profa. Dra. Carina Alexandra Rondini. São José do Rio Preto 2018 Silva, Alex Almeida da. As interfaces entre a superdotação e o bullying no contexto escolar / Alex Almeida da Silva . -- São José do Rio Preto, 2018 96 f. : il. Orientador: Carina Alexandra Rondini Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biocinncias, Letras e Cinncias Exatas, São José do Rio Preto 1. Bullying. 2. Superdotados. 3. Assédio nas escolas. I. Título. CDU – 37.015 Ficha catalográfca elaborada pela Biblioteca do IBILCE UNESP - Câmpus de São José do Rio Preto Alex Almeida da Silva As interfaces entre a superdotação e o bullying no contexto escolar Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ensino e Processos Formativos junto ao programa de Pós-Graduação em Ensino e Processos Formativos, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de São José do Rio Preto. Financiadora: FAPESP – Processo nº 2016/21672-5 Comissão Examinadora Profa. Dra. Carina Alexandra Rondini UNESP – São José do Rio Preto Orientadora Profa. Dra. Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues, UNESP - Bauru Profa. Dra. Alessandra de Morais UNESP – Marília São José do Rio Preto 10 de agosto de 2018 AGRADECIMENTOS Agradeço principalmente à minha mãe e à Dona Cida. Não só pelo apoio aos meus estudos, mas por todo o ensinamento e incentivo que dedicaram a mim. Uma parte daquilo que me tornei devo a vocês. Agradeço a alguns professores que conheci antes de entrar no mestrado e que me preparam não só como pesquisador, mas como indivíduo sócio- político. Prof. Genaro (Tio B), Profa. Raquel Sant’Ana e Prof. Zé Fernando. Gostaria de agradecer também a todos que se dispuserem a ler este trabalho. A pesquisa não pode ficar trancada em uma biblioteca. Ela deve ser compartilhada, discutida e melhorada. Escrever uma dissertação é um processo longo e tortuoso, se não fosse pela contribuição de algumas pessoas e instituições este trabalho jamais teria sido concluído em sua forma atual. Agradeço à minha orientadora, Profa. Carina Rondini, pela dedicação, profissionalismo e energia dedicada à minha pesquisa e formação. Muito obrigado. Agradeço à Amanda pelo apoio e suporte nos momentos difíceis. Tenho certeza que ela acreditou em mim mais do que eu mesmo cheguei a acreditar. Muito obrigado. Agradeço às professoras que participaram da banca de qualificação (Profa. Eunice Alencar e Profa. Luciene Tognetta) e as professoras da banca de defesa (Profa. Olga Rodrigues e Profa. Alessandra Morais). Muito obrigado pelas sugestões e análises críticas para o aprimoramento do meu trabalho. Agradeço ao Prof. Humberto Perinelli pelas discussões em sala de aula que me auxiliaram a lidar com minha pesquisa, e, a Profa. Luciana Cruz pelas dicas de leitura e por todo o auxílio que me forneceu. Muito obrigado. Por último e não menos importante, agradeço ao Ibilce pela oportunidade de fazer o Mestrado e agradeço a FAPESP (Número do Processo 2016/21672- 5) pelo apoio financeiro. “São as perguntas que não sabemos responder que mais nos ensinam. Elas nos ensinam a pensar. Se você dá uma resposta a um homem, tudo o que ele ganha é um fato qualquer. Mas, se você lhe der uma pergunta, ele procurará suas próprias respostas. Assim, quando ele encontrar as respostas, elas lhe serão preciosas. Quanto mais difícil a pergunta, com mais empenho procuramos a resposta. Quanto mais a procuramos, mais aprendemos.'' Patrick Rothfuss (O Temor do Sábio, 2011, p. 545). 5 RESUMO O bullying se revela através de ações violentas contra um mesmo indivíduo e de maneira constante. O alvo do bullying sofre danos físicos e psicológicos, os quais influenciam diretamente seu desempenho escolar, assim como a sua relação com amigos, familiares e a comunidade que o cerca, desenvolvendo um sentimento de exclusão social. Este trabalho teve por objetivo analisar as interfaces entre a superdotação e o bullying, dentro do contexto escolar, partindo da hipótese de que mitos e preconceitos em torno das altas habilidades contribuem para que o superdotado se envolva com bullying. Foram realizadas entrevistas gravadas com estudantes já identificados com altas habilidades/superdotação e os quais frequentam o CEDET (Centro para o Desenvolvimento do Potencial e Talento), localizado em um município de médio porte do interior do Estado de São Paulo. Os informantes foram compostos por dez estudantes do Ensino Fundamental II; as entrevistas seguiram um roteiro semiestruturado e depois foram transcritas, em sua totalidade. Antes da concretização das entrevistas, promoveu-se um estudo-piloto, o qual contribuiu para um aperfeiçoamento do roteiro semiestruturado. A organização e a análise dos dados partiram de uma leitura geral das respostas obtidas, separando-se as informações coletadas, dialogando-se com o referencial teórico e as reorganizaram, de acordo com os pontos indicados nos objetivos do estudo. Nesse sentido, a análise de conteúdo da Bardin, aliada à revisão proposta por Gomes, surgiu como meio para desmistificar a informação imediatamente dada, explicá-la na sua complexidade e no seu conjunto de mediações. Os resultados apontam que o superdotado pode assumir o papel de vítima, agressor e/ou vítima passiva, em uma situação de bullying. A pesquisa enfatizou que algumas características da superdotação podem contribuir para que o superdotado lide melhor com as consequências do bullying, possa assumir uma postura intervencionista, ao presenciar uma situação de bullying, e as áreas de dotação podem influenciar na maneira com que o superdotado realiza as agressões, quando assume o papel de agressor. Foi identificado também que, no caso dos entrevistados, os mitos em torno das altas habilidades não contribuíram para o envolvimento com o bullying. Assim, uma nova hipótese foi gerada, ressaltando a relação entre bullying e altas habilidades como oriunda das características que 6 um superdotado possa apresentar (por causa da sua superdotação) e que o diferencia dos demais colegas de classe. PALAVRAS-CHAVE: Bullying. Altas habilidades. Mitos da superdotação. 7 ABSTRACT Bullying reveals itself through violent actions against a same individual and in a constant way. The target of bullying suffers physical and psychological damage that directly influence their school performance as well as their relationship with friends, family and community surrounding them, developing a feeling of social exclusion. This work aimed to analyze the interfaces between intellectual giftedness and bullying within the school context, assuming that myths and prejudices around High abilities contribute to the gifted being involved in bullying. Record interviews were conducted with students already identified with high skills/giftedness that attend the CEDET (Centre for the Development of Potential and Talent), located in a medium-sized municipality of the State of São Paulo. The informants were composed of ten middle school students, the interviews followed a semi-structured script and then were transcribed in their totality. Before the interviews were conducted, a pilot study was carried out which helped to improve the semi-structured script. The organization and analysis of the data was based on a general reading of the responses obtained, separated the information collected, dialog with the theoretical framework and reorganized them according to the points indicated in the study's objectives. In this regard, the analysis of the contents by Bardin combined with the revision proposed by Gomes appeared as a way of demystifying the information immediately given, explaining it in its complexity and its set of mediation. The results indicate that the gifted can take the role of victim, aggressor and/or passive victim in a bullying situation. The research emphasized that some characteristics of giftedness may help the gifted deal with the consequences of bullying better, may take an interventionist stance by witnessing a bullying situation, and the gifted areas may influence how the gifted performs the when he assumes the role of agressor. It was also identified that in the case of interviewees, myths around the High abilities did not contribute to the involvement in bullying. Thus, a new hypothesis was adopted that points the relationship between bullying and High abilities from the characteristics that a gifted may present (because of its giftedness) and what distinguishes them from other classmates. KEYWORDS: Bullying; High abilities ; Giftedness myths. 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Pesquisas sobre bullying e altas habilidades...................16 Quadro 2 – Mitos acerca das altas habilidades/superdotação............23 9 Sumário MOTIVAÇÃO ......................................................................................... 11 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 13 CAPÍTULO 1: A relação entre mitos e altas habilidades........................ 20 1.1 – O que é o mito? ......................................................................... 20 1.2 – A relação entre mitos e altas habilidades .................................. 20 1.3 - Consequências dos mitos .......................................................... 29 1.3.1 – Problemas na identificação ................................................. 30 1.3.2 – Problemas na construção da identidade ............................. 31 1.3.3 – Problemas no atendimento ................................................. 32 1.4 – Origem e implicações dos mitos que cercam a superdotação .. 33 1.4.1 – Mitos originados pela própria história da superdotação ...... 34 1.4.2 – Mitos oriundos de elementos sociais .................................. 35 1.5 – Sobre preconceitos ................................................................... 36 1.5.1 – A vida cotidiana .................................................................. 36 1.5.2 – Juízos provisórios ............................................................... 38 1.5.3 – Altas habilidades e preconceitos ........................................ 38 1.5.4 – Mitos ou preconceitos? ....................................................... 40 CAPÍTULO 2: Bullying e suas manifestações ........................................ 42 2.1 - O que é bullying? ....................................................................... 43 2.2 - Quem participa do bullying? ....................................................... 45 2.2.1 – Agressor ............................................................................. 46 2.2.2 – Vítima ................................................................................. 47 2.2.3 – Espectadores ou vítimas passivas ...................................... 49 2.3 – Mecanismos do bullying ............................................................ 50 2.3.1 – A influência da escola ......................................................... 51 2.3.2 – A influência da sociedade ................................................... 52 10 2.4 – As raízes do bullying ................................................................. 53 2.5 – O bullying e as altas habilidades ............................................... 55 CAPÍTULO 3: Método ............................................................................ 58 3.1 – Local .......................................................................................... 58 3.2 – Amostra ..................................................................................... 59 3.3 – Instrumentos e procedimento de Coleta de Dados ................... 61 3.4 – Procedimento de Análise de Dados .......................................... 62 CAPÍTULO 4: Resultados e Análises..................................................... 64 4.1 – O superdotado como vítima ...................................................... 64 4.2 – O superdotado como vítima passiva ......................................... 68 4.3 – O superdotado como agressor .................................................. 69 4.4 – Mitos, altas habilidades e bullying ............................................. 73 4.4.1 – Juízos provisórios e preconceitos ....................................... 73 4.4.2 – Mitos que cercam a superdotação x bullying ...................... 74 4.5 – A recusa ao diferente ................................................................ 76 4.6 – Considerações Finais ................................................................ 78 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 81 APÊNCIDES .......................................................................................... 87 ANEXO .................................................................................................. 94 11 MOTIVAÇÃO O trabalho presente é consequência de uma pesquisa iniciada em 2011, quando ingressei no curso de graduação de Serviço Social na Universidade Estadual Paulista – UNESP – Câmpus de Franca. Ao longo da graduação, fui desenvolvendo minha Iniciação Científica (IC) em torno da temática do bullying. Graças aos professores Dr. José Fernando Siqueira da Silva e Dr.ª Raquel Sant’Ana, tive contato com a obra O Cotidiano e a História, de Agnes Heller. Assim, vi a oportunidade de direcionar meus estudos para um foco que, pelas minhas investigações, era pouco explorado; a partir da fundamentação propiciada por Heller, pude debater as raízes socais do bullying e sua relação com os preconceitos construídos e perpetuados, cotidianamente, na vida dos alunos. Em 2014, fui contemplado com uma bolsa FAPESP1 de IC para a pesquisa Bullying: Manifestações, causas e consequências. Em 2016, tive a oportunidade de dar continuidade aos meus estudos. O programa de Pós-Graduação em Ensino e Processos Formativos me permitiria resgatar o conhecimento adquirido com a minha graduação em História (2006-2009 pela UNESP – Franca), utilizar a experiência profissional que obtive como professor, usufruir da minha graduação em Serviço Social e retomar os estudos feitos em prol da minha Iniciação Científica. Meu ingresso no Programa da Pós-Graduação em Ensino e Processo Formativo ocorreu no segundo semestre de 2016. A minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Carina Alexandra Rondini, possui especialização em Educação Especial Inclusiva (UNOPAR), formação complementar em Educação Especial para Dotados e Talentosos (UNICASTELO) e pós-doutoramento em Altas Habilidades/Superdotação (Purdue University, West Lafayette, USA). Auxiliou diretamente na implementação do Centro para o Desenvolvimento do Potencial e Talento – CEDET/Assis, além de ter publicações com a temática altas habilidades/superdotação. Do nosso primeiro encontro surgiu a ideia de mesclarmos nossos estudos e trabalhar com a relação entre o bullying e as altas habilidades. 1 Número do Processo 2014/03494-7. 12 A proposta inicial acabou me proporcionando a oportunidade de usar o conhecimento acumulado pelas minhas duas graduações, aprofundar-me sobre autores já vistos, ter contato com uma temática inédita (para mim) e criar a abertura de um leque para novos caminhos. Com base em leituras, encontros de orientação, participação em eventos acadêmicos e o parecer da FAPESP, explicando os motivos para a recusa inicial de uma proposta para a obtenção de bolsa, a ideia inicial foi ganhando delineamento, base teórica, objetivos e hipóteses. Em agosto de 2017, fui contemplado com uma bolsa FAPESP2 para o Mestrado. Um ano depois (agosto de 2018) defendi minha dissertação e conquistei meu título de mestre, com a pesquisa: As interfaces entre o bullying e a superdotação no contexto escolar, aqui apresentada. 2 Número do Processo 2016/21672-5. 13 INTRODUÇÃO Ao longo da década de 1970, surgiram na Escandinávia pesquisas (OLWEUS, 1993; OLWEUS 1996) com o intuito de compreender e diminuir a violência presente nas escolas. Desses estudos emergiu o termo bullying, para descrever as agressões entre os alunos, que eram acompanhadas de intencionalidade pelos seus praticantes, desequilíbrio de poder e repetição (OLWEUS, 1993). Aos poucos, a palavra bullying e pesquisas acerca da sua existência foram aumentando e se expandindo pelo mundo, ganhando popularidade nos Estados Unidos, durante a década de 1980 e chegando ao Brasil, por volta dos anos 2000 (FANTE, 2005). Nos últimos anos, alguns eventos contribuíram para a popularização do bullying. Em 1999, no Instituto Columbine (EUA), dois estudantes que sofriam constantes agressões físicas e verbais de seus pares entraram armados e mataram 13 pessoas. Em 2017, na cidade de Goiânia (Brasil), um aluno de 14 anos e vítima constante de bullying matou dois estudantes.3 Ainda no Brasil, um garoto de 12 anos cometeu suicídio, após a repetição de agressões sofridas por seus pares.4 A maior parte dos casos de bullying não acaba em assassinatos ou suicídios, mas são somente esses os casos que, infelizmente, ganham espaço na mídia. Esses eventos trágicos, aliados as pesquisas e avanços do conhecimento cientifico sobre o bullying, contribuíram para que em 2018 entrasse em vigor a lei 13.663/20185 que acrescentou incisos na LDB (BRASIL, 1996) e colocou como responsabilidade da escola promover a cultura da paz, criar medidas de conscientização, prevenir e combater o bullying. Para que a lei seja cumprida é necessário continuar pesquisando sobre o tema, promover debates sobre as diversas ramificações do bullying dentro do espaço escolar e com todos os envolvidos (alunos, família e profissionais da escola). Além de investimento por parte do governo para possibilitar que as escolas públicas cumpram com a lei. 3 Disponível em: https://g1.globo.com/goias/noticia/adolescente-suspeito-de-matar-a-tiros-dois- colegas-sofria-bullying-diz-estudante.ghtml. Acesso em: 22 maio 2018. 4 Disponível em: https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/bullying-leva-estudante-a-cometer- suicidio. Acesso em: 22 maio 2018. 5 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2018/lei/L13663.htm. Acesso em: 15 agosto 2018. https://g1.globo.com/goias/noticia/adolescente-suspeito-de-matar-a-tiros-dois-colegas-sofria-bullying-diz-estudante.ghtml https://g1.globo.com/goias/noticia/adolescente-suspeito-de-matar-a-tiros-dois-colegas-sofria-bullying-diz-estudante.ghtml https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/bullying-leva-estudante-a-cometer-suicidio https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/bullying-leva-estudante-a-cometer-suicidio http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13663.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13663.htm 14 Embora o bullying seja muito associado ao espaço escolar, esse fenômeno não se restringe a ele (TOGNETTA, 2013). A ocorrência entre pares surge como uma das suas principais características e a escola concentra um elevado número de pares (alunos x alunos), por consequência, o ambiente escolar ganha destaque, ao se estudar o fenômeno (TOGNETTA, 2013), mas o bullying também pode existir entre funcionários de um mesmo nível hierárquico de uma determinada empresa, por exemplo. Importante ressaltar que as agressões (físicas e/ou verbais) entre professor x aluno ou chefe x empregado não são consideradas bullying, porém, assédio moral (SILVA, 2010). O bullying tem como uma das suas características a não aceitação daquilo que surge como diferente (FANTE, 2005). O indivíduo com alguma característica que não se encaixa no padrão estabelecido pelo grupo do qual ele faz parte pode surgir como um alvo em potencial. Assim, o aluno com um desempenho acima da média, ao demonstrar um interesse “incomum” pelas matérias, pode ser tachado como diferente e se tornar um alvo de agressões constantes. Todavia, a habilidade acima da média, o envolvimento com a tarefa e a criatividade podem ser indicadores de que o estudante possui altas habilidades/superdotação (RENZULLI, 2004). Além da nomenclatura “altas habilidades/superdotação”, também existem os conceitos “talentoso” e “dotado”, para se referir aos indivíduos que apresentam um potencial acima dos demais. O prefixo “super” pode passar a ideia de que o superdotado atinge um rendimento excepcional e alcançado por poucos (ALENCAR, 2007); dotação vem de dote, que, por sua vez, carrega em si o significado de “presente divino”, algo natural e independente do meio ambiente; talento “[...] indica desempenho extraordinário em um campo de ação definido, dependente do grau de capacidade genética, condicionado a ensino, exercício e prática.” (GUENTHER; RONDINI, 2012, p. 252). Sem a universalidade de uma nomenclatura mais apropriada para descrever aqueles que têm um desempenho acima da média e sem o objetivo de se aprofundar nesse debate, optou-se por empregar os termos “altas habilidades/superdotação” ou apenas “superdotado”. Essa escolha deu-se pela sua utilização na maioria das obras analisadas e também por ser adotada na legislação brasileira (BRASIL, 1988, 1996, 2006, 2008, 2009, 2010). 15 Dentro do espaço escolar, ao interagir com seus pares, o superdotado pode se envolver em ações de bullying como vítima, agressor e/ou expectador. Nesse contexto, surge o questionamento inicial: esse envolvimento se dá pela sua superdotação ou independentemente dela? Pedro et al. (2016) realizaram uma investigação com o intuito de elaborar um panorama das produções acadêmicas acerca das altas habilidades/superdotação (AH/SD). Foram analisadas teses e dissertações do CNPq, da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações e dos principais programas de Pós-Graduação do Brasil, com produções em Educação Especial. Por meio da análise dos títulos, dos resumos e de palavras-chave de trabalhos produzidos no período de 1987 a 2014, chegaram a um total de 126 produções (110 dissertações e 16 teses). Como um dos resultados, os autores identificaram que, das 126 produções analisadas, somente três pesquisas abordaram a relação entre AH/SD e bullying6, o que indicou uma carência e necessidade de estudos sobre o tema, em território nacional. Um levantamento bibliográfico preliminar nos apontou que existe uma relação entre altas habilidades/superdotação e o bullying, como podemos observar no Quadro 1. Para a realização desse levantamento bibliográfico, foram consultadas quatro bases de dados online: a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), o Scielo, o Banco de Teses e Dissertações do CNPq e a Scopus. Ao todo, foram encontradas 344 pesquisas publicadas até abril de 2017 e, desse número, apenas 12 trabalham a relação entre bullying e altas habilidades. Após separar os estudos repetidos, tivemos o resultado final das oito pesquisas apresentadas no Quadro 1. Na BDTD, utilizando os descritores bullying, altas habilidades e mitos, foi encontrando apenas um trabalho de Dissertação (MACIEL, 2012). A partir dos descritores bullying e altas habilidades, o resultado foi o mesmo. No Scielo, com os descritores bullying, altas habilidades e mitos, não encontramos resultados; através dos descritores bullying e altas habilidades, obtivemos um resultado (DALOSTO; ALENCAR, 2013). No Banco de Teses e Dissertações, 6 A pesquisa de Pedro et al. (2016) não especificou os títulos e os autores das produções sobre bullying e AH/SD. 16 refinando a pesquisa para a área de educação e usando os descritores bullying, superdotação e mitos, foram encontrados 328 trabalhos, sendo que, desse total, apenas duas pesquisas focalizam a relação entre bullying e altas habilidades (DALOSTO, 2011; MACIEL, 2012). Das duas Dissertações, apenas a segunda aborda a questão dos mitos. Na Scopus, utilizando os descritores bullying, gifted e myth não foi possível obter resultados. Utilizando os descritores bullying e gifted, foram encontradas 13 publicações, sendo que, desse total, sete abordam a relação entre bullying e altas habilidades (PETERSON; RAY, 2006a, 2006b; ESTELL et al., 2009; PETERS, 2011; OLIVEIRA; BARBOSA, 2012; DALOSTO; ALENCAR, 2013; PELCHAR; BAIN, 2014). Quadro 1: Pesquisas sobre bullying e altas habilidades TÍTULO DA PESQUISA AUTORES/ANO MÉTODO PRINCIPAIS RESULTADOS Bullying and the gifted: Victims, perpetrators, prevalence, and effects. Jean S. Peterson e Karen E. Ray / 2006a Pesquisa quantitativa com 432 estudantes identificados com AH/SD. Como instrumento, foi usado um questionário. Averiguou que 46% dos entrevistados já foram vítimas e que 16% já agiram como agressores. Bullying Among the Gifted: The Subjective Experience Jean S. Peterson e Karen E. Ray / 2006b Pesquisa qualitativa com 57 estudantes da 8ª série e identificados com AH/SD. Como instrumento, foi utilizado um roteiro semiestruturado. Detectou que os estudantes identificados com AH/SD podem apresentar uma queda em seu desempenho escolar, como consequência do bullying sofrido. Students with Exceptionalities and the Peer Group Context of Bullying and Victimization in Late Elementary School Estell et al. / 2009 Pesquisa quantitativa com 484 estudantes da 5ª série (74 com AH/SD, 41 com alguma deficiência e 369 sem a identificação de AH ou alguma deficiência). Estudantes com AH/SD podem ser vítimas ou agressores de bullying, na mesma proporção que estudantes com deficiência ou estudantes que não possuem AH/SD e nem deficiência. O aluno com altas habilidades/ super dotação e o bullying: manifestações, prevalências e impactos Marcília de M. Dalosto / 2011 Pesquisa quantitativa com 118 estudantes identificados com AH/SD. Como instrumento, foi empregado um questionário criado pela pesquisadora. Estudantes com AH/SD vivenciam situações de bullying. Continua 17 Conclusão Quadro 1: Pesquisas sobre bullying e altas habilidades TÍTULO DA PESQUISA AUTORES/ANO MÉTODO PRINCIPAIS RESULTADOS Bullying and Victimization Rates Among Gifted and High-Achieving Students Megan Parker Peters / 2011. Aplicação da escala BVS (REYNOLDS, 2003) em 90 estudantes com AH/SD que frequentavam o Ensino Médio. Os resultados apontaram que os estudantes com AH/SD do Ensino Médio vivenciam situações de bullying como vítimas e agressores. Alunos com altas habilidades/superdotação e o fenômeno bullying. Miriam de O. Maciel / 2012 Entrevistas com 90 pais e 7 professores de estudantes com AH/SD. As entrevistas foram guiadas por um roteiro semiestruturado elaborado pela pesquisadora e ocorreram em duas escolas. Pais e professores indicaram que 45 alunos foram vítimas de bullying, sendo que 17 eram superdotados. Ainda apontou a possibilidade de que o bullying pode ocorrer em função dos mitos sobre AH/SD. Bullying entre estudantes com e sem características de dotação e talento. Juliana C. Oliveira e Altemir J. G. Barbosa / 2012 Pesquisa quantitativa com 339 estudantes, dos quais 59 identificados com AH/SD. Como instrumento, foi utilizado um questionário elaborado e adaptado a partir do questionário de Dan Olwes (1993). Estudantes com AH/SD sofrem bullying na mesma proporção que estudantes sem AH/SD Bullying and Victimization Among Gifted Children in School-Level Transitions Taylor K. Pelchar e Sherry K. Bain / 2014. Aplicação da escala BVS (REYNOLDS, 2003) em 47 estudantes com AH/SD que frequentavam a 4ª série ou a 5ª série. Os resultados apontaram que os estudantes com AH/SD da 4ª e 5ª série vivenciam situações de bullying como vítimas e agressores. Fonte: elaborado pelo autor. Ainda que preliminar e sem a pretensão de ser esgotado em si, o levantamento bibliográfico realizado indicou pesquisas com o escopo de averiguar a existência ou não de uma relação entre bullying e AH/SD, revelando que os estudantes com altas habilidades podem ser vítimas, agressores e vítimas passivas nas situações de bullying. 18 Ao pensarmos o que leva um estudante com AH/SD a vivenciar o bullying, não achamos conclusões diretas nas pesquisas levantadas, contudo, temos algumas hipóteses, tais como: a) por ser classificado como diferente, o superdotado pode se tornar um alvo mais fácil para as agressões (DALOSTO, 2011; PETERSON; RAY, 2006a); b) os mitos em torno das altas habilidades podem desencadear as ações violentas (MACIEL, 2012). Dessa forma, uma vez que os estudos encontrados atestam a existência da interação entre altas habilidade e bullying, a pesquisa presente abordou a temática, com o intuito de analisar como se desenvolve a relação entre o bullying e as altas habilidades. Nesse sentido, surgiu a pergunta norteadora da pesquisa: qual é a percepção de alunos considerados superdotados, em situações de bullying? Frise-se que esses indivíduos podem atuar como autores, vítimas e espectadores. A hipótese inicial foi a de que os mitos que cercam a superdotação poderiam influenciar o estudante superdotado a se envolver com o bullying, hipótese cuja origem está na pesquisa de Maciel (2012). Assim, o objetivo geral se constituiu em analisar as interfaces entre a superdotação e o bullying, no contexto escolar, a partir dos mitos e preconceitos em torno das altas habilidades/superdotação. Ademais, os objetivos específicos foram: a) analisar as situações de bullying vivenciadas pelos estudantes com AH/SD como uma cristalização dos juízos provisórios em preconceitos que permeiam a superdotação. Esse objetivo justificou-se pelos trabalhos de Landau (1990), Alencar (2007), Antipoff e Campos (2010) e Winner (1998), os quais apontaram a existência de preconceitos com respeito às altas habilidades, e pela utilização de Heller (1989), para analisarmos a estrutura do preconceito, desde sua formação até sua perpetuação; b) identificar qual o papel do estudante com altas habilidades/superdotação, no contexto do bullying. Tal objetivo amparou-se nas pesquisas de Peterson e Ray (2006a) e Dalosto e Alencar (2016), para quem os estudantes com AH/SD podem ser vítimas, agressores e/ou vítimas passivas, em situações de bullying Nesse cenário, para apresentar a pesquisa, o trabalho foi dividido em quatro capítulos. 19 O Capítulo 1: A relação entre mitos e altas habilidades traz uma visão geral do termo “mito”, para depois se aprofundar nos mitos que cercam as altas habilidades. O capítulo também aborda a estruturação dos preconceitos, com base nas ideias de Heller (1989), de sorte que os mitos sobre superdotação são analisados a partir dessa ótica. O Capítulo 2: Bullying e suas manifestações foca na questão do bullying desde os envolvidos até as questões sociais que influenciam o seu surgimento, no espaço escolar. O Capítulo 3: Método expõe a organização da pesquisa em si e demonstra como ocorreram as entrevistas gravadas com estudantes identificados como superdotados, explicando os critérios para a escolha dos participantes, a elaboração do instrumento e o processo de análise dos dados obtidos. O Capítulo 4: Análises e considerações traz as respostas para as perguntas norteadoras, expõe as análises do material coletado pelas entrevistas e apresenta uma discussão em torno da hipótese inicial. 78 As características da superdotação podem influenciar na maneira como o superdotado se envolve com o bullying. Como agressor, o domínio de dotação pode cooperar para que ele realize as agressões. Gambit apresenta domínio nas áreas geral e verbal, enfatizando possuir facilidade para identificar o que incomoda uma pessoa e usar isso contra ela. Noturno, que tem elevado desempenho nas áreas geral, verbal e social, relatou saber identificar quando o garoto que o incomoda fala algo “errado” e que consegue usar isso contra esse colega. Vale ressaltar que esse apontamento deve ser tratado como uma hipótese e não como um resultado conclusivo. Estudantes que demonstram um grande interesse por determinada tarefa e direcionam seus esforços para cumpri-la podem apresentar características que os auxiliam a lidarem e enfrentarem o bullying (e seus efeitos) contra elas (SILVA, 2010). Os estudantes que relataram que o interesse pela tarefa (estudar/aprender) os motivou a continuar estudando e até mesmo a ignorar algumas situações de bullying. 4.6 – Considerações Finais A linha de pesquisa Tecnologias, Diversidades e Culturas visa a debater e expandir temáticas relacionadas ao seu próprio título, as quais permeiam os diversos ambientes de ensino, como a própria escola e o CEDET. A investigação até aqui exposta se enquadra e contribui com a proposta da linha de pesquisa. O bullying nasce da recusa ao diferente (FANTE; PEDRA, 2008), sendo que esse elemento “diferente” pode ser encontrado nas diversidades e nas culturas que permeiam o ambiente em que se encontra o “diferente”, em sala de aula, que pode ser expresso pela cor da pele, orientação sexual, característica física, comportamento e até mesmo desempenho escolar. Assim, esta pesquisa coopera para o fomento de ideias convergentes com os objetivos propostos pela linha de pesquisa Tecnologias, Diversidades e Culturas, do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Processos Formativos. Como ponto de partida para o estudo proposto, realizou-se um levantamento de artigos, dissertações, teses e livros que abordassem a relação entre bullying e altas habilidades, o qual nos permitiu aprofundar uma 79 compreensão sobre o tema, elaborar a hipótese norteadora e delimitar os objetivos. Ao longo do desenvolvimento do trabalho, a amostra selecionada para participar das entrevistas evidenciou características insuficientes para testarmos a hipótese inicial de que os mitos que cercam a superdotação poderiam influenciar o estudante superdotado a se envolver com o bullying, pois os entrevistados relataram que apenas alguns professores e amigos próximos sabiam da sua superdotação. Após a análise dos dados, de sorte a justificar a relação entre bullying e altas habilidades, surgiu uma nova hipótese de que, por ser diferente, o superdotado pode se tornar uma vítima de agressões constantes, no ambiente escolar. Em relação a ser vítima passiva e/ou agressor, não foi identificada nenhuma característica da superdotação que possa contribuir para tais papéis. A hipótese inicial não se aplicou à realidade da amostra selecionada para a pesquisa, todavia, não deve ser descartada em outros cenários. Recomendamos que, se for utilizada em algum trabalho futuro, atentem-se ao fato de a superdotação ser conhecida pela maioria dos indivíduos que compõem o cotidiano dos superdotados. A análise dos resultados suscitou ainda o aparecimento de outros apontamentos, que poderão ser usados como base e mais bem explorados em estudos futuros: 1 – Algumas características da superdotação (elevado interesse pela matéria e vontade de aprender cada vez mais) podem contribuir para que o superdotado consiga lidar melhor com as consequências negativas do bullying (sentimento de exclusão, perda do interesse em estudar e sensação de inferioridade). Esse apontamento surgiu da confluência entre relatos dos próprios entrevistados e o texto de Silva (2010), ao asseverar que as vítimas de bullying que demonstram um elevado interesse por alguma atividade podem conseguir focar nesse interesse e lidar melhor com as consequências do bullying; 2 – Os mitos sobre superdotação não influenciam um estudante superdotado a praticar bullying, mas a sua área de domínio pode interferir no modo como esse aluno pratica as agressões. As frases proferidas por Gambit e Noturno, aliadas às descrições das inteligências de Gardner (1995) e dos domínios da dotação elaborados por Guenther (2011), servem como base para tal apontamento; 3 – Os mitos que cercam a superdotação se fazem presentes 80 nas concepções que os próprios superdotados possuem sobre AH/SD, interferindo na imagem que fazem si. Esse ponto ganhou destaque na fala de alguns entrevistados, os quais não se consideraram superdotados, por não serem bons em tudo, e no referencial teórico (PÉREZ, 2003; ALENCAR, 2007), que aponta os mitos como elementos que cooperam para a formação de uma imagem negativa que o superdotado faz de si. Além dos apontamentos levantados, a pesquisa contribuiu para a ampliação do conhecimento acerca da relação entre bullying e altas habilidades. Em consonância a outras pesquisas (PETERSON; RAY, 2006; ESTELL et al., 2009; PETERS, 2011; OLIVEIRA; BARBOSA, 2012; DALOSTO; ALENCAR, 2013; PELCHAR; BAIN, 2014; MACIEL, 2012), identificamos que o estudante superdotado pode assumir o papel de vítima, vítima passiva e de agressor, em situações de bullying. Como uma possível origem para a relação entre bullying e altas habilidades, destacamos algumas características que podem rondar um superdotado (ter grande interesse pela matéria, obter notas acima da média, preferir se dedicar aos estudos, ao invés de brincadeiras) e torná-lo diferente ao olhar dos seus pares. Essa observação dialoga com o referencial teórico sobre bullying (FANTE, 2005; FANTE; PEDRA, 2008; SILVA, 2010; TOGNETTA, 2013) e, como já visto, auxiliou para a formulação de uma nova hipótese. Embora não tenha figurado entre os objetivos do estudo, verificou-se que os mitos acerca da superdotação, mesmo não contribuindo diretamente para a ocorrência de bullying, podem prejudicar os estudantes superdotados. Três entrevistados demonstraram alguma dificuldade em se considerarem com altas habilidades, por não serem bons em tudo, evidenciando o mito da superdotação global (WINNER, 1998), enquanto uma entrevistada alegou se sentir incomodada e pressionada com a cobrança constante, por parte de seu pai, destacando a presença do mito do pai condutor (WINNER, 1998). Os estudos, debates e análises até aqui propostos não esgotaram ou até mesmo fecharam conclusões sobre as questões levantadas, mas conseguiram abrir novos caminhos, elucidar e averiguar a importância de se debater cada vez mais a relação entre bullying e altas habilidades, além de suas consequências e desdobramentos. Acreditamos que apenas com a ampliação do conhecimento será possível propor e discutir abordagens para a superação do problema. 81 REFERÊNCIAS ALENCAR, E. M. L. S. Indivíduos com altas habilidades/superdotação: clarificando conceitos, desfazendo idéias errôneas. In: FLEITH, D. S. (Org.). A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação: volume 1: orientação a professores. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007. ALKIMIN, M. A. (Org.). Bullying: visão interdisciplinar. Campinas: Alínea, 2011. ANA-LOOS, R. S. S.; PALUDO, K. I.; SANT’ ANA, H. L. Altas habilidades/dotação: Identidade e resiliência. Curitiba: Jarua, 2014. ANTIPOFF, C. A.; CAMPOS, R. H. F. Superdotação e seus mitos. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP, v. 14, n. 2, p. 301-309, 2010. AZEVEDO, S. M. L. de; METTRAU, M. B. Altas habilidades/superdotação: mitos e dilemas docentes na indicação para o atendimento. 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