UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA INSTITUTO DE QUÍMICA CAMPUS DE ARARAQUARA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE SCREENING AUTOMATIZADOS PARA DETERMINAÇÃO DE SULFONAMIDAS EM MEL E PROCEDIMENTO LIMPOS PARA A QUANTIFICAÇÃO DE SULFAQUINOXALINA EM MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS TIAGO AUGUSTO CATELANI Dissertação de Mestrado 2012 1 TIAGO AUGUSTO CATELANI DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE SCREENING AUTOMATIZADOS PARA DETERMINAÇÃO DE SULFONAMIDAS EM MEL E PROCEDIMENTO LIMPO PARA A QUANTIFICAÇÃO DE SULFAQUINOXALINA EM MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS Dissertação apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Química. Orientadora: Profa Dra Helena Redigolo Pezza Co-orientador: Prof. Dr. Leonardo Pezza ARARAQUARA 2012 2 DADOS CURRICULARES 1. Formação Acadêmica Graduação Bacharelado em Química pelo Instituto de Química – UNESP - Araraquara 2007 a 2010 Pós-Graduação Mestrado em Química Analítica pelo Instituto de Química – UNESP – Araraquara 2011 a 2012 2. Trabalhos apresentados em congressos 2.1. 16o ENQA – Encontro Nacional de Química Analítica – 23 a 26 de Outubro de 2011. Título do Trabalho: Desenvolvimento de Método Espectrofotométrico em fluxo para determinação de sulfaquinoxalina sódica em amostras de medicamentos veterinários. 2.2. III Conferencia Nacional sobre Defesa Agropecuária – 23 a 27 de Abril de 2012. Título do Trabalho: Desenvolvimento de método em fluxo utilizando multibombas para análise de resíduos de sulfonamidas. 2.3. 4th International IUPAC Conference on Green Chemistry – 25 a 29 Agosto de 2012. Título do Trabalho: Development of a screening method for determination of sulfonamides in honey samples. 3 TIAGO AUGUSTO CATELANI DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE SCREENING AUTOMATIZADOS PARA DETERMINAÇÃO DE SULFONAMIDAS EM MEL E PROCEDIMENTO LIMPO PARA A QUANTIFICAÇÃO DE SULFAQUINOXALINA EM MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS. Dissertação apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Química. Araraquara, 15 de Janeiro de 2013 ______________________________________ Profa Dra Helena Redigolo Pezza Instituto de Química – UNESP ______________________________________ Profo Dr Geoffroy Malpass Universidade Federal do Triangulo Mineiro - UFTM ______________________________________ Profo Dr Aristeu Gomes Tininis Instituto Federal de educação, ciência e tecnologia do estado de São Paulo - IFSP 4 DEDICATÓRIA Primeiramente a Deus por todo suporte durante meu tempo de estudos, por me acompanhar independente da situação e me dar forças para continuar; A minha mãe Célia, minha eterna rainha, pelo apoio incondicional em momentos fáceis e difíceis, pelos conselhos e palavras amigas; Ao meu pai Jair, meu eterno rei, pelo apoio em momentos que mais exigiam de mim uma cabeça firme, sem me deixar cair perante as adversidades; Aos meus irmãos, Elaine e Carlos, pelas horas maravilhosas que passamos juntos; Aos meus amigos e familiares pelo apoio que sempre precisei. 5 AGRADECIMENTOS Muitos foram os acontecimentos. Muitos foram os tempos de abdicações. Muitas conquistas e muito estudo. E não poderia deixar de agradecer as pessoas que sempre me apoiaram em toda minha empreitada. Primeiramente a Deus por permitir mais essa etapa da minha vida; A minha orientadora Profa. Dra. Helena Redigolo Pezza, pela orientação excelente durante esses dois anos de estudo, pela confiança e pela amizade durante essa etapa; Ao meu co-orientador Prof. Dr. Leonardo Pezza pelo apoio durante todo meu trabalho; Aos meus pais, Célia e Jair, por todo apoio de toda natureza durante o processo do meu mestrado, pelo amor sempre concedido e pela compreensão em todos os momentos; Aos amigos de laboratório pelo convívio diário, permitindo não só o desenvolvimento do meu trabalho, mas também todo meu desenvolvimento pessoal; Meus amigos de todo o sempre, pela compreensão nos momentos de ausência e apoio durante o desenvolvimento do projeto; Ao CNPq pelo apoio financeiro (CNPq/MAPA/SDA Edital 64/2008- Linha-2, Proc.: 578216/2008-6 e Edital Universal 14/2011 – Proc. 474216/2011-0). A CAPES pela bolsa concedida. 6 RESUMO A determinação de antibióticos tem sido assunto cada vez mais presente nos estudos de química, seja sua determinação para o controle de qualidade dos medicamentos ou determinação de resíduos em alimentos. O trabalho foi desenvolvido em duas etapas. A primeira parte do trabalho permitiu o desenvolvimento de uma metodologia simples, rápida e de baixo custo, onde se faz uso do procedimento de Análise por Injeção em Fluxo (FIA) com detecção espectrofotométrica para averiguar a presença de sulfaquinoxalina sódica em amostras de três tipos diferentes de medicamentos veterinários. A metodologia foi otimizada por planejamento de experimentos. O reagente cromogênico utilizado foi o p- dimetilaminocinamaldeído (p-DAC) que na presença de ácido clorídrico (HCl) e o surfactante Dodecilsulfato de sódio (SDS), forma um produto colorido (λ = 560 nm) com a compostos da classe das sulfonamidas (Base de Schiff). A segunda parte do permitiu o desenvolvimento de uma metodologia simples (método de screening), rápida, de baixo custo e acima de tudo limpa para determinação de sulfonamidas em amostras de mel, considerando preceitos da Química Verde e com isso reduzir ao máximo a geração de resíduos químicos e o uso de solventes orgânicos. O procedimento de análise que serviu como base para obtenção dos resultados foi a Análise por Injeção em Fluxo (FIA) com o uso de uma cela de longo caminho óptico (b = 100 cm) para detecção espectrofotométrica, permitindo assim um aumento significativo na sensibilidade do método de screening proposto. O sistema de detecção utilizado foi o espectrofotométrico na região do visível através das medidas de absorbâncias, em um comprimento de onda de λ = 560 nm, do produto formado entre o analito (sulfaquinoxalina sódica – SQX, sulfadimetoxina – SDX e sulfatiazol - STZ) e o reagente cromogênico (p-DAC). O interesse em se utilizar tal método de análise está relacionado ao fato de ser sensível e apresentar boa freqüência analítica, além de ser rápido, de baixo custo e limpo. 7 ABSTRACT The analytical determination of antibiotics has been subject increasingly present in chemistry studies, whether its determination to verify the presence medications (with the purpose of comparison with the label) or determination of residues in foods. The first part of this work presents the development of a simple, fast and low cost method, which makes use of the FIA procedure with UV detection to determine the presence of sodium sulphaquinoxaline in samples of three different types of veterinary medicines. The methodology was developed through statistical analysis, optimizing the chemical parameters (concentration) and physical values that provided the best absorbance at l = 560 nm. The chromogenic reagent used was p-DAC in the presence of HCl and SDS form a colored product with the compounds of the class of sulfonamides (Schiff base). The second part of the study aims to develop a simple methodology (screening method), rapid, inexpensive and above all clean for the determination of sulfonamides in honey samples, considering principles of green chemistry and thereby reduce the maximum generation chemical waste and the use of organic solvents. The analysis procedure that will serve as the basis for obtaining the results is the Flow Injection Analysis (FIA) using a cell along the optical path (b = 100 cm) for spectrophotometric detection, thereby allowing a significant increase in sensitivity of the screening method proposed. The detection system will be in the visible region spectrophotometer by measuring absorbance at a wavelength λ = 560 nm, the product formed between the analyte (sodium sulphaquinoxaline - SQX, sulfadimethoxine - SDX and sulfathiazole - STZ) and chromogenic reagent (p-dimethylaminocinnamaldehyde - p-DAC), known as Schiff base. The interest in using this method of analysis is related to being sensitive and have good analytical frequency. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Estrutura característica da classe das sulfonamidas, onde R representa uma ramificação característica de cada sulfonamida. Figura 2. Estruturas químicas das três sulfonamidas estudadas. Figura 3. Estrutura geral de uma sulfonamida, onde são apresentados os três principais grupos da molécula: 1. Grupo de latenciação, 2. Grupo de atividade e 3. Grupo de atividade química. Figura 4. Seqüência de desenvolvimento das áreas da Química e seus processos, com objetivo final a sustentabilidade. Figura 5. Esquema de uma metodologia de “screening”. Figura 6. Módulo de análise em linha única. R: reagente cromogênico, D: descarte, A: amostra, B: bobina reacional e DET: detector. Figura 7. Módulo de análise em confluência. R: reagente cromogênico, D: descarte, A: amostra, B: bobina reacional, Ca: solução carregadora e DET: detector. Figura 8. Módulo de análise com zonas coalescentes. R: reagente cromogênico, D: descarte, A: amostra, B: bobina reacional, Ca: solução carregadora da amostra, Cr: solução carregadora do reagente e DET: detector. Figura 9. Módulo de análise com zonas coalescentes. R: reagente cromogênico, D: descarte, A: amostra, B: bobina reacional, Ca: solução carregadora da amostra e DET: detector. Figura 10. Distribuição dos trabalhos publicados para determinação de sulfonamidas em função dos anos. Figura 11. Distribuição das publicações encontradas na literatura em função da técnica utilizada sobre metodologias para a determinação de sulfonamidas em matrizes diversas. Figura 12. Distribuição das publicações encontradas na literatura que envolve análise de sulfonamidas na matriz mel em função da técnica utilizada. Figura 13. Fluxograma do processo de determinação e quantificação das sulfonamidas. Figura 14. Módulo de análise. C (Solução carregadora), R (Solução do reagente cromogênico), A (Inserção do padrão/amostra), V (Válvula de 6 canais), BP (Bomba Peristáltica), X (confluência), B (Bobina reacional de 80 cm), C (Cubeta de fluxo, b = 1 cm), E (Espectrofotômetro) e D (Descarte). Figura 15. Módulo de análise. C (Solução carregadora), R (Solução do reagente cromogênico), S (Inserção do padrão/amostra), V (Válvula de 6 canais), PP (Bomba Peristáltica), X 9 (confluência), B (Bobina reacional de 80 cm), LWCC (Cela de longo caminho óptico, b = 100 cm) e W (Descarte). Figura 16. Esquema reacional proposto para p-DAC e as sulfonamidas em meio ácido e na presença de surfactante (SDS), onde os grupamentos R1, R2 e R3 representam respectivamente grupamentos da sulfadimetoxina, sulfaquinoxalina e sulfatiazol, respectivamente. Figura 17. Espectros da reação de p-DAC com sulfaquinoxalina sódica (560 nm) em meio do surfactante SDS (linha preta) e na ausência do surfactante (linha vermelha), indicando aumento de sensibilidade. b = 1 cm. Figura 18. Gráfico de pareto otimizado para a quantificação de SQX em amostras de medicamentos veterinários. Figura 19. Gráfico de Efeitos principais onde a importância relativa das variáveis é analisada pela inclinação da reta traçada entre os níveis –1 e +1 de cada variável. Figura 20. Gráfico de interação entre as variáveis do Planejamento Fatorial Fracionário 26-2. Figura 21. Curva Analítica da sulfaquinoxalina sódica nas concentrações de 0,1 ; 0,3 ; 0,5 ; 1,0 ; 1,5 ; 3,0 ; 4,0 ; 5,0 e 6,0 mg L-1. Figura 22. Curva analítica para o método HPLC da sulfonamida estudada: sulfaquinoxalina sódica. As concentrações dos padrões foram: 1,0 ; 2,0 ; 3,0; 4,0 e 5,0 mg L-1. Figura 23. Cromatograma obtido da análise HPLC para amostra de Amostra 1. Figura 24. Cromatograma obtido a partir da análise HPLC da amostra Amostra 2. Figura 25. Cromatograma obtido a partir da análise HPLC da amostra Amostra 3. Figura 26. Gráfico de pareto otimizado para o método de “Screening” no procedimento de determinação de SQX, STZ e SDX em mel. Figura 27. Gráfico de Efeitos principais onde a importância relativa das variáveis é analisada pela inclinação da reta traçada entre os níveis –1 e +1 de cada variável. Figura 28. Gráfico de interação entre as variáveis do Planejamento Fatorial Fracionário 26-2. Figura 29. Superfície de Resposta obtida através dos resultados das absorbâncias do planejamento de superfícies, utilizando o software STATISTICA. Figura 30. Gráficos de contorno obtidos a partir da superfície de resposta da Figura 24. Figura 31. Sinais transientes para a construção da curva analítica e respectiva curva analítica para a sulfaquinoxalina sódica (SQX). A curva analítica foi obtida utilizando as seguintes concentrações do padrão: A. 6, B. 10, C. 15, D. 40, E. 55, F. 70, G. 100 e H. 115 μg L-1. 10 Figura 32. Sinais transientes para a construção da curva analítica e respectiva curva analítica para a sulfadimetoxina (SDX). A curva analítica foi obtida utilizando as seguintes concentrações do padrão: A. 6, B. 10, C. 15, D. 40, E. 55, F. 70, G. 100 e H. 115 μg L-1. Figura 33. Sinais transientes para a construção da curva analítica e respectiva curva analítica para a sulfatiazol (STZ). A curva analítica foi obtida utilizando as seguintes concentrações do padrão: A. 6, B. 10, C. 15, D. 40, E. 55, F. 70, G. 100 e H. 115 μg L-1. Figura 34. Sinais transientes obtidos para amostras de mel sem fortificação (Brancos). A. Mel de eucalipto (apiário), B. Mel de Cipó-uva (apiário), C. Mel de laranja (supermercado), D. Mel de eucalipto (Supermercado), E. Mel de eucalipto (apiário), F. Mel de laranja (apiário), G. Mel de laranja (supermercado) e H. Mel de laranja (apiário). Figura 35. Diagrama representativo (fora de escala) mostrando a abrangência das amostras analisadas no intervalo de absorbância de 1,0 – 2,0. Figura 36. Esquema de tratamento e fortificação das amostras de mel para a análise espectrofotométrica. O esquema foi realizado para cada sulfonamida e para a mistura de sulfonamidas nas amostras. Figura 37. Sinais transientes obtidos após a fortificação das amostras com sulfaquinoxalina sódica nas concentrações de 80, 100 e 115 μg kg-1. Os sinais identificados por A – H: são as amostras de 1 a 8 fortificadas com 80 μg kg-1; I – P: são as amostras de 1 a 8 fortificadas com 100 μg kg-1 e Q – Z: são amostras de 1 a 8 fortificadas com 115 μg kg-1. Figura 38. Sinais transientes obtidos após a fortificação das amostras com sulfatiazol nas concentrações de 80, 100 e 115 μg kg-1. Os sinais identificados por A – H: são as amostras de 1 a 8 fortificadas com 80 μg kg-1; I – P: são as amostras de 1 a 8 fortificadas com 100 μg kg-1 e Q – Z: são amostras de 1 a 8 fortificadas com 115 μg kg-1. Para mais informações sobre as amostras ver Tabela 8. Figura 39. Sinais transientes obtidos após a fortificação das amostras com sulfadimetoxina nas concentrações de 80, 100 e 115 μg kg-1. Os sinais identificados por A – H: são as amostras de 1 a 8 fortificadas com 80 μg kg-1; I – P: são as amostras de 1 a 8 fortificadas com 100 μg kg-1 e Q – Z: são amostras de 1 a 8 fortificadas com 115 μg kg-1. Figura 40. Sinais transientes obtidos após a fortificação das amostras com SQX, STZ e SDX, nessa ordem, nas concentrações de 80, 100 e 115 μg kg-1. Os sinais A – I: Fortificações binárias para amostras de mel de laranja; J – L:Fortificações ternárias para amostras de mel de laranja; M – U: Fortificações binárias para amostras de mel de eucalipto e V – Z: Fortificações ternárias para amostras de mel de eucalipto. As medidas foram realizadas em triplicata. Figura 41. Procedimento utilizado para o clean up das amostras fortificadas de mel, antes da injeção para a análise HPLC. Figura 42. Curvas analíticas para o método HPLC das sulfonamidas estudadas: Sulfatiazol, Sulfadimetoxina e sulfaquinoxalina sódica. As concentrações dos padrões foram: 0,01 ; 0,05 ; 0,1; 0,4 ; 0,7 e 1,0 mg L-1. 11 Figura 43. Cromatograma obtido após a passagem das soluções padrão de sulfonamidas em análise HPLC, nas condições estabelecidas na Tabela 17. Os padrões das três sulfonamidas foram preparados na concentração de 1,0 mg L-1. Figura 44. Cromatogramas obtidos pela técnica HPLC, mostrando a separação das três sulfonamidas de análise. Em 1 está representado um cromatograma típico para uma amostra de mel de laranja isenta dos analitos (sulfonamidas) e em 2 a mesma amostra fortificada com concentração final de 24 �g L-1. Em A está representado o pico cromatográfico para a sulfadimetoxina, em B para a sulfatiazol e em C para a sulfaquinoxalina sódica. 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Exportações de mel natural por estado (2011 – 2012). Tabela 2. Mecanismo de ação e exemplo de alguns agentes antimicrobianos. Tabela 3. Planejamento fatorial fracionário 26-2. Tabela 4. Dados experimentais codificados obtidos a partir de um planejamento fatorial fracionário 26-3 com os respectivos valores de absorbâncias. Tabela 5. Variáveis otimizadas para aplicação do método em medicamentos veterinários. Tabela 6. Figuras de mérito do método proposto para medicamentos veterinários. Tabela 7. Amostras de medicamentos veterinários utilizadas na aplicação do método. Tabela 8. Resultados obtidos para a adição de padrão da amostra 1. Tabela 9. Resultados obtidos para a adição de padrão da amostra 2. Tabela 10. Resultados obtidos para a adição de padrão da amostra 3. Tabela 11. Resultados da quantificação da amostra 1 de medicamento. Tabela 12. Resultados da quantificação da amostra 2 de medicamento. Tabela 13. Resultados da quantificação da amostra 3 de medicamento. Tabela 14. Variáveis otimizadas para o método confirmatório HPLC. Tabela 15. Principais parâmetros do método HPLC. Tabela 16. Resultados da aplicação das amostras no método comparativo. Tabela 17. Tabela 16. Resultados do Teste F a nível de 95,0 % entre os métodos proposto e comparativo. Tabela 18. Planejamento fatorial fracionário 26-3. Tabela 19. Dados experimentais codificados obtidos a partir de um planejamento fatorial fracionário 26-3 com os respectivos valores de absorbâncias. Tabela 20. Variáveis codificadas e não-codificadas com seus respectivos valores de absorbâncias. Tabela 21. Valores otimizados das variáveis independentes envolvidas no experimento. 13 Tabela 22. Principais Figuras de mérito do método proposto. Tabela 23. Amostras utilizadas no desenvolvimento do trabalho. Tabela 24. Resultados de absorbâncias obtidos através da análise de mel sem fortificação, extraídos do gráfico de sinais transientes (Figura 11). Tabela 25. Sinais de absorbâncias médios para amostras do branco de cada classe de mel e suas respectivas faixas. Tabela 26. Absorbâncias obtidas para cada fortificação das amostras de mel e a absorbância de corte em função da classe do mel. Tabela 27. Resultados obtidos para a fortificação com sulfaquinoxalina sódica. Tabela 28. Resultados obtidos para a fortificação com sulfatiazol. Tabela 29. Resultados obtidos para a fortificação com sulfadimetoxina. Tabela 30. Resultados obtidos para a fortificação com SDX, STZ E SQX em uma amostra de mel da classe laranja. Tabela 31. Resultados obtidos para a fortificação com SDX, STZ E SQX em uma amostra de mel da classe eucalipto. Tabela 32. Variáveis otimizadas para o método confirmatório HPLC. Tabela 33. Principais parâmetros do método HPLC. Tabela 34. Resultados experimentais do método HPLC confirmatório para as amostras fortificadas que apresentaram resultado positivo e falso-positivo no método de screening. Tabela 35. Método proposto versus método comparativo 14 LISTA DE SIGLAS ABL: acetilbutirolactona BP: Bomba Peristáltica CG – EM: cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massas DOU: Diário Oficial da União FIA: Flow Injection Analysis (Análise por Injeção em fluxo) HCl: ácido clorídrico LD: Limite de Detecção LQ: Limite de Quantificação LMR: Limite Máximo de Resíduos LWCC: Liquid Wide Capillary Cell MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento p-DAC: para-dimetilaminocinamaldeído pH: logarítimo negativo da atividade de íons hidrônio em solução pKa: logarítimo negativo da constante de acidez PNCR: Plano Nacional de Controle de Resíduos SDS: dodecilsulfato de sódio (surfactante) SQX: sulfaquinoxalina STZ: sulfatiazol SDX: sulfadimetoxina HPLC: High Performance Liquid Chromatography UPLC: Ultra Performance Liquid Chromatography UV/Vis: Ultravioleta/Visível 15 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 17� 1.1. Antimicrobianos da classe das sulfonamidas ............................................................. 20� 1.2. Química Verde ................................................................................................................. 24� 1.3. Sistemas de Screening .................................................................................................. 26� 1.4. A Análise por Injeção em Fluxo (FIA) .......................................................................... 28� 1.5. Métodos para análise de sulfonamidas descritos na literatura................................ 32� 1.5.1. Espectrofotometria UV/Vis ..................................................................................... 35� 1.5.2. Cromatografia Líquida ............................................................................................ 37� 1.5.3. Cromatografia Gasosa ............................................................................................ 39� 1.5.4. Eletroforese Capilar ................................................................................................. 41� 1.5.5. Injeção em fluxo ....................................................................................................... 42� 2. OBJETIVOS ............................................................................................................................ 43� 3. PARTE EXPERIMENTAL ..................................................................................................... 44� 3.1. Materiais e equipamentos .............................................................................................. 44� 3.2. Reagentes e Soluções ................................................................................................... 45� 3.3. Toxicidade dos reagentes e cuidados ......................................................................... 45� 3.4. Preparo de Reagentes e Soluções .............................................................................. 45� 3.4.1. Solução padrão de sulfaquinoxalina sódica para análise de medicamentos 45� 3.4.2. Solução padrão de sulfaquinoxalina sódica, sulfadimetoxina e sulfatiazol para análise em mel .................................................................................................................... 46� 3.4.3. Solução de p-DAC (0,019 % m/v) e HCl (0,0185 mol L-1) para análise em medicamentos ..................................................................................................................... 46� 3.4.4. Solução de p-DAC (0,0052 % m/v) e HCl (0,0243 mol L-1) para análise em mel ......................................................................................................................................... 47� 3.4.5. Solução de SDS (0,100 mol L-1) – análise em medicamentos e mel .............. 47� 3.4.6. Metodologia .............................................................................................................. 47� 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 50� 4.1. Sulfaquinoxalina sódica em medicamentos veterinários .......................................... 51� 4.1.1. Experimentos Preliminares .................................................................................... 51� 4.1.2. Planejamento fatorial .............................................................................................. 52� 4.1.3. Curva Analítica do Método Proposto .................................................................... 56� 4.1.4. Estudo dos Interferentes ........................................................................................ 57� 4.1.5. Estudos de adição de padrão e recuperação ..................................................... 57� 4.1.6. Quantificação de sulfaquinoxalina sódica nas amostras de medicamentos veterinários .......................................................................................................................... 59� 4.1.7. Método Comparativo para a Quantificação de Sulfaquinoxalina em amostras de medicamentos ................................................................................................................ 61� 4.1.8. Curva analítica para o método comparativo – HPLC ........................................ 62� 4.1.9. Análise das amostras pelo método comparativo ................................................ 62� 4.1.10. Teste F para a comparação entre os dois métodos ........................................ 64� 4.2. Metodologia de screening para sulfonamidas em mel .............................................. 65� 4.2.1. Planejamento Fatorial ............................................................................................. 65� 4.2.2. Planejamento com ponto Central .......................................................................... 68� 4.2.3. Curvas Analíticas para o método proposto ......................................................... 71� 16 4.2.4. Estudo dos Interferentes ........................................................................................ 73� 4.2.5. Análise das amostras .............................................................................................. 74� 4.2.6. Resultados após a fortificação das amostras com cada sulfonamida ............ 79� 4.2.7. Análise das amostras pelo método comparativo – HPLC ................................. 84� 4.2.8. Clean up das amostras ........................................................................................... 84� 4.2.9. Curvas analíticas para o método comparativo – HPLC .................................... 86� 4.2.10. Análise das amostras pelo método comparativo .............................................. 86� 6. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 89� REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 91� 17 1. INTRODUÇÃO O uso de medicamentos veterinários na produção de alimentos de origem animal tem ocorrido de três formas principais: terapêutica, para tratamento dos animais doentes, profilática, para prevenir doenças em animais saudáveis e sub-terapêutica para melhorar o ganho de peso em criações de gado, aves e suínos (HAYS, 1986). Entretanto, o uso indiscriminado de medicamentos veterinários tem ocasionado a exposição dos consumidores de alimentos provenientes desses animais a traços desses medicamentos, principalmente os antibióticos, o que tem acarretado sérios problemas à saúde pública. Por saúde pública entende-se como sendo um conjunto de medidas adotadas pelo governo e pela população de modo a manter a integridade física e mental dos indivíduos. Os organismos da saúde pública têm por finalidade principal investigar o surgimento de riscos para a saúde e averiguar os motivos de tais riscos. Assim, de acordo com os resultados, novas metodologias de identificação desses focos devem ser implementadas (LINAGE et al.). Um dos mais importantes parâmetros para verificar se a legislação está sendo obedecida é o controle da qualidade em nível governamental. Existe por parte do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), um sistema de vigilância total nos portos de todo o território nacional, laboratórios, serviços de verificação e fiscalização de resíduos. Em níveis menores de hierarquia, como supermercados, a fiscalização é realizada por outros órgãos governamentais, como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2012), As produções em geral devem seguir termos legislativos para poderem fornecer alimentos de qualidade e sem potenciais riscos para a saúde pública. O MAPA define as normas de controle e fiscalização de produtos destinados à alimentação, tais como leite, ovos, mel, carnes bovina e suína, frangos, entre outros, através de leis, decretos e instruções normativas que regulamentam a utilização de agentes antimicrobianos (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2012). Para alimentos de origem animal, a quantidade de resíduo considerada segura depende de estudos toxicológicos. Na prática são adotados os valores de LMRs 18 (Limites Máximos de Resíduos) (European Community Commission Regulation, 1990), preconizados internacionalmente, ou são criados pelo próprio país por meio de estudos do tempo de depleção do fármaco e a presença de metabólitos no produto de origem animal. No Brasil, a competência para estabelecer LMRs em alimentos é do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Nesse sentido, o MAPA, na Normativa No 10, de 14/04/2008, aprovou os Programas de Controle de Resíduos e Contaminantes em Carnes, leite, mel, ovos e pescado e estabelece os limites máximos recomendados para cada tipo de amostra(DOU, 17/04/2008). Dentre os alimentos sujeitos a esta avaliação, o mel, leite bovino, carnes e ovos foram classificados devido à sua importância na dieta da população brasileira. A apicultura como atividade empresarial é considerada recente no Brasil, que até a década de 50 produzia cerca de 4 mil toneladas de mel por ano, até então utilizada apenas para consumo interno. O conceito de genética está fortemente ligado ao crescimento da produtividade de mel no país, devido ao cruzamento de abelhas européias com abelhas africanas, essas últimas representam 90% da atividade no Brasil. Em 50 anos a produção brasileira cresceu 10 vezes, passando a ser de 40 mil toneladas de produção de mel. Em quatro anos o Brasil passou da 27o posição em exportação de mel (2000) para a 5o posição em 2004. Hoje, o cenário de exportação mostra o Brasil na 9o posição como maior exportador e 11o maior produtor mundial de mel, como indica a Tabela 1. O presente estudo relaciona-se fortemente com esse cenário, devido ao fato de em 2006, a União Européia realizar um embargo comercial proibindo a exportação de mel para o mercado europeu sob alegação de descumprimento da vigilância sanitária com relação ao controle de resíduos (JUAREZ, 2008). 19 Tabela 1. Exportações de mel natural por estado (2011 – 2012) Ano 2011 2012 USS FOB Kg USS FOB Kg SP 9.872.051 3.052.44 6.327.866 2.027.837 SC 1.093.498 329.452 1.471.139 455.378 PI 4.513.011 1.381.610 3.411.820 1.118.647 CE 3.790.427 1.105.891 4.028.592 1.344.603 PR 2.299.267 687.829 3.693.304 1.147.603 RN 1.413.667 477.156 635.196 227.920 RS 8.877.773 2.845.822 2.440.915 796.208 Brasil 32.979.562 10.230.410 23.441.678 7.632.648 Entre os estados apresentados na Tabela 1, o estado de SP destaca-se como maior produtor/exportador de mel do país. Os dados da Tabela 1 foram extraídos de reuniões do MAPA, MDIC/SECEX (SRI/MAPA/AGROSTAT) 02/08/2012. Por serem utilizadas na medicina veterinária, as sulfonamidas tornaram-se um grupo alvo de análise de contaminantes. Como exemplo é válido citar a sulfatiazol, normalmente utilizada contra doenças bacterianas que afetam abelhas e sua utilização é ampla na maioria dos países apicultores. Além da sulfatiazol, a sulfaquinoxalina e a sulfadimetoxina podem estar presentes na forma de resíduos em amostras de mel, como afirma o relatório do MAPA. Resíduos de sulfonamidas no mel são perigosos para pessoas com alta sensibilidade e até mesmo as que não desenvolveram sensibilidade perante aos antimicrobianos, causando reações alérgicas após o consumo de mel. Além disso, a presença de resíduos pode contribuir para a rápida resistência das bactérias. (KAUFMANN; et al., 2002). Neste projeto, uma metodologia rápida (“screening”) foi desenvolvida, de custo baixo, simples e ambientavelmente amigável, capaz de determinar sulfonamidas em amostras de mel, visando atender as necessidades expostas pela legislação. Como dito, o analito alvo do trabalho é a classe das sulfonamidas e a metodologia desenvolvida é uma metodologia de “screening”, onde será estudada a presença do analito em amostras de mel de diferentes floras e origens. Paralelamente desenvolveu- se uma metodologia com procedimento em fluxo e detecção espectrofotométrica capaz 20 de quantificar sulfaquinoxalina sódica em amostras de medicamentos veterinários, com o objetivo de controle dos mesmos. A escolha da metodologia a ser desenvolvida deve levar em consideração alguns parâmetros importantes no momento da execução do trabalho e as principais características do método devem ser: ambientavelmente amigável, produzindo o mínimo de resíduo gerado e a não utilização de solventes orgânicos, simplicidade, eficiência, baixo custo e rapidez. 1.1. Antimicrobianos da classe das sulfonamidas Antimicrobianos são compostos capazes de inativar (agente bacteriostático) ou destruir (agente bactericida) agentes causadores de doenças, as bactérias. A classe dos antimicrobianos é ampla. As tetraciclinas e as sulfonamidas são classes de antimicrobianos. Sulfonamidas e tetraciclinas são extensivamente empregados na cadeia produtiva de alimentos (carne, leite, ovos e mel). Tem recebido atenção por parte de órgãos de fiscalização, pois uma vez empregados na terapêutica veterinária podem remanescer no produto acima do LMR permitido pela legislação vigente. A classe selecionada para estudo deste trabalho foi das sulfonamidas. Sulfonamidas são antimicrobianos utilizados no tratamento de um grande número de doenças causadas por bactérias (ICARDO, 1996). De uma maneira geral, apresentam grande espectro de ação, atingindo bactérias Gram-positivas e Gram- negativas. São compostos derivados do 4 amino-benzenosulfonamida e tem sido alvo de análises por serem encontrados na forma de resíduos em alimentos (HOFF; KIST, 2009). A classe das sulfonamidas apresenta como característica peculiar a presença de dois grupos funcionais, como pode ser verificado na Figura 1. São substâncias de estrutura análoga a do ácido p-aminobenzóico e por serem antagonistas competitivas impedem a sua utilização pelas bactérias na síntese do ácido fólico, afetando os microrganismos que precisam sintetizar o seu próprio ácido fólico ou vitamina B9 (RANG, 2002). 21 NH2 S O O NH R Figura 1. Estrutura característica da classe das sulfonamidas, onde R representa uma ramificação característica de cada sulfonamida. As sulfonamidas apresentam caráter anfótero, ou seja, podem agir como ácidos e também como bases, dependendo do meio em que estão presentes. Em soluções básicas as sulfonamidas apresentam caráter ácido devido a presença do nitrogênio ácido (capaz de doar prótons), na molécula, ligado ao grupo sulfóxido e em soluções ácidas apresentam características básicas devido a presença de um nitrogênio básico (capaz de receber prótons), ligado ao anel aromático (MEDINA, 2002). As sulfonamidas sulfatiazol, sulfadimetoxina e sulfaquinoxalina selecionadas para este estudo fazem parte do escopo analítico do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCR/2008) a ser pesquisado na matriz mel (Instrução Normativa n 10, DOU 2008) e foram priorizadas no presente estudo. A Figura 2 apresenta as estruturas das três sulfonamidas em estudo e seus respectivos valores de pKa. Figura 2. Estruturas químicas das três sulfonamidas estudadas. Grupamento com N básico Grupamento com N ácido N NNH2 S O O NH O CH3 O CH3 NH2 S O O NH N N NH2 S O O NH S N Sulfadimetoxina (pKa = 5,5) Sulfaquinoxalina (pKa = 6,2) Sulfatiazol (pKa = 7,1) 22 Os agentes bacterianos são classificados de acordo com o mecanismo de ação. São quatro os modos de ação dos agentes antimicrobianos. A Tabela 2 exemplifica a ação desses agentes, um exemplo pertencente à classe e a estrutura química da molécula (RANG; DALE; RITTER, 2002). Tabela 2. Mecanismo de ação de alguns agentes antimicrobianos e um respectivo exemplo. Agente Microbiano Mecanismo de ação Exemplo Sulfonamidas Interferência na síntese ou ação do folato NH2 S O O NH R Penicilinas Interferência na parede celular N NH C O R O S OH O CH3 CH3 Tetraciclinas Interferência na síntese de proteínas OH O OH O OH NH2 O OH CH3 N CH3 CH3 OH Fluorquinolonas Interferência na Topoisomerase II ou DNA girase N F Cl O O CH3 As sulfonamidas são divididas em cinco tipos: sulfas de rápida absorção e excreção (sulfatiazol, sulfadiazina), de rápida absorção e excreção lenta (sulfametoxazol), de rápida absorção e excreção com ação prolongada (sulfadimetoxina), de absorção rápida e excreção muito lenta com ação muito prolongada (sulfadoxina), sulfas sem absorção por via oral (sulfaguanidina) e de uso tópico (ANDRADE, 1998). De acordo com as estruturas das moléculas das sulfonamidas é possível fazer uma relação da estrutura química com a atividade biológica então desenvolvida pelo 23 composto. A Figura 3 apresenta a estrutura presente em todos os compostos dessa classe, de modo que só variam os grupamentos R da molécula, dando origem a várias sulfonamidas. S O NH O RNHR Figura 3. Estrutura geral de uma sulfonamida, onde são apresentados os três principais grupos da molécula: 1. Grupo de latenciação, 2. Grupo de atividade e 3. Grupo de atividade química. O grupamento R representado por 1, apresenta o grupamento de latenciação, ou seja, o grupo de biodisponibilidade da molécula, onde representa os principais grupos bioreversíveis, tais como, amino, nitro, azo, acetila, ligados ao nitrogênio básico. O esqueleto representado por 2 é o principal para a atividade da molécula como agente bacteriostático, onde necessariamente a molécula deve conter um anel aromático com dois substituintes orientados em para e 3 representa o grupamento R responsável pelas propriedades físico-químicas e farmacocinéticas, atividade a qual a sulfonamida está relacionada (KANCHAN; ANUPAMA; NEETU, 2012). Ao contrário do que muitos pesquisadores pensam, as sulfonamidas não apresentam efeitos bactericidas, mas sim bacteriostáticos, como relatado na literatura (JONES; BOOTH; MCDONALD, 1954). Meios de cultura de bactérias apresentaram atividades suspensas quando introduzidas sulfonamidas em modo in vitro, porém quando transportadas para meios onde o agente bacteriostático não está presente, a divisão bacteriana retoma seu processo. Sulfonamidas são ativas perante bactérias Gram-negativas entéricas, coccos Gram- positivos e outros coccídios. Utilizadas no tratamento de pneumocistose em animais e infecções diversas causadas por Gram-negativos não fermentadores (ANDRADE, 1998). Em sua maioria, as sulfonamidas são absorvidas por via oral e atingem praticamente todos os tecidos do corpo, pois são bastante lipossolúveis. São metabolizadas no fígado e excretadas de forma total. Em alguns casos relata-se metabolização pelos rins. 1 2 3 24 Possui biodisponibilidade média de 95% e picos de ação em tempos relativamente baixos. 1.2. Química Verde A química apresenta nos dias atuais uma grande aliada com inúmeros produtos fundamentais à humanidade. Associada à produção dos mais diversos tipos de combustíveis até a mais alta escala de medicamentos complexos a química também gera inúmeros inconvenientes, como a formação produtos tóxicos e contaminação do ambiente (PRADO, 2003). Assim, a Química Verde emerge como uma nova postura laboratorial da química com o objetivo comum de se obter um desenvolvimento sustentável. O fluxograma abaixo mostra a seqüência de desenvolvimento das áreas da química e seus processos, até a sustentabilidade (SILVA, et. al, 2005). Figura 4. Seqüência de desenvolvimento das áreas da Química e seus processos, com objetivo final a sustentabilidade. Química Desenvolvimento Processo Engenharia Química Processos Químicos Indústria Química Sustentabilidade 25 Os doze princípios que regem a Química Verde são (LENARDÃO et al, 2003): I) Prevenir a formação de resíduos ao invés de tratá-los; II) Desenvolver metodologias capazes de utilizar todos os materiais de partida no produto final (maximização); III) Desenvolvimento de uma metodologia capaz de sintetizar produtos químicos, optar por aquela que gere substâncias com pouca ou nenhuma toxicidade; IV) Desenvolver produtos químicos capazes de satisfazer a função desejada e ser o menos tóxico possível; V) Uso de substâncias auxiliares: quando possível não utilizar ou então utilizar substâncias inóquas; VI) Analisar com rigidez o gasto de energia durante o processo químico, evitando impactos ambientais e econômicos; VII) Uso de fontes renováveis de matéria-prima; VIII) Evitar a formação de derivados durante o processo desenvolvido; IX) Utilizar reagentes catalíticos quando possível, ao invés de reagentes estequiométricos; X) Os produtos químicos devem ser desenvolvidos de modo que, ao final de sua utilização, não persistam no meio ambiente e que seus produtos de degradação sejam inócuos; XI) Analisar em tempo real as possíveis formações de produtos nocivos ao meio ambiente; XII) Evitar acidentes químicos, desde a escolha da matéria-prima até o processo final. Entre os 12 princípios preconizados pela química verde todos eles se encaixam no desenvolvimento de novas metodologias da química analítica, porém o princípio de maior relevância para esse projeto é o I, visando a diminuição da formação de resíduos durante todas as etapas do procedimento. 26 1.3. Sistemas de Screening Há tempos a necessidade de resultados confiáveis e rápidos tem sido alvo de discussão em vários encontros e comitês da área da química. Utilizando-se de métodos laboratoriais convencionais às vezes não satisfaz o quesito tempo e assim se faz necessário a criação de metodologias capazes de fornecer respostas confiáveis em um intervalo de tempo menor. Metodologias de “screening” permitem acesso rápido aos resultados e têm como característica uma resposta binária, do tipo SIM/NÃO de determinado analito em uma amostra, onde fornecerá um resultado que seja capaz somente de afirmar se o analito encontra-se acima ou abaixo de um determinado limite pré-estabelecido. PENA, et al. afirmam que métodos de “screening” são métodos de averiguação preliminar capazes de fornecer uma idéia da presença ou ausência de determinado analito em uma amostra, considerando um limite pré estabelecido. Se o resultado estiver acima do limite indicado, considera-se o analito presente, caso contrário ausente (PENA; et al, 2002). A grande diferença entre metodologias de “screening” e os métodos convencionais encontra-se no fato de a metodologia de “screening” fornecer uma resposta qualitativa para o processo, em detrimento da análise quantitativa, dependendo do caso, normalmente encontrada nas metodologias convencionais. (VALCÁRCEL; CÁRDENAS; GALLEGO, 1999) A Figura 5 mostra esquematicamente como é realizada uma metodologia de “screening”. Apenas as amostras com resultados positivos e falso-positivos são submetidas aos procedimentos convencionais de análise utilizando técnicas de separação cromatográficas. Isto implica em uma grande economia de tempo e custos de análise. 27 Figura 5. Esquema de uma metodologia de “screening”, onde representa compostos presentes na amostra e representa o analito que se deseja determinar. Adaptado de (VALCÁRCEL, 1999). Tomando conhecimento do conteúdo dos trabalhos então disponibilizados para consulta, como artigos de revisão sobre o tema, é possível verificar a existência de duas classes principais de análises de resíduos de sulfonamidas em amostras de diferentes matrizes (POSYNIAC; et al., 2003; SCHWARTS, 1986), análises por um sistema de “screening” e análise para confirmação da presença do analito. Uma introdução sobre procedimentos em fluxo é apresentada a seguir por ter sido este o procedimento de escolha no desenvolvimento do sistema de screening. Sistemas de “Screening” Procedimentos Convencionais NÃO SIM AMOSTRAS FIM 28 1.4. A Análise por Injeção em Fluxo (FIA) A Análise por Injeção em Fluxo surgiu por volta da década de 70. Através de pesquisas nos mais diversos meios de coletâneas de publicações, verifica-se que em mais de 40 países os pesquisadores têm publicado artigos sobre FIA, independente do modo de detecção utilizado. Sobre o procedimento em questão, são realizadas duas conferências de grande importância, a International Flow Conference, realizada a cada 3 anos desde 1979 e a Flow Winter Conference, realizada anualmente nos EUA. Entre as principais características do procedimento FIA destaca-se o fato de o módulo de análise ser um sistema fechado e, uma vez introduzida a alíquota da amostra no percurso analítico, as reações químicas e a detecção ocorrem sem nenhum contato externo. Quando durante a reação existe a formação de uma espécie gasosa, isso impossibilita a perda de analito. (REIS, B. F., 1995) Além dos novos desafios, a crescente necessidade de automação de procedimentos analíticos se deve ao aumento significativo do número de amostras laboratoriais a serem analisadas, como ocorre nas áreas clínicas e ambientais. Em FIA, os métodos analíticos são classificados segundo dois aspectos: a) pelo modo como a alíquota da amostra é introduzida no sistema (contínua ou intermitente); b) pela característica básica do fluxo (segmentado, não-segmentado ou monosegmentado). Assim, sistemas de FIA devem ser caracterizados pela indicação do tipo de fluxo, pela forma como a amostra é introduzida e no caso de a injeção ser realizada, se a amostra ou o reagente é injetado (ou ambos). Em sistemas com segmentação, o segmento deve ser indicado.(ZAGATTO, 1998) Relativamente às configurações dos sistemas em fluxo, os sistemas podem ser: a) Sistema de linha única: é o sistema FIA mais elementar, onde o injetor está na posição de amostragem, sendo a amostra bombeada através da alça de amostragem. 29 b) Sistema em confluência: nesse sistema, é possível que a cada fração de amostra introduzida, a mesma sempre receba a mesma quantidade de reagente. c) Sistema com zonas coalescentes: nesse sistema, quando o injetor é comutado para a posição de inserção, ambas alíquotas são deslocadas pelos respectivos carregadores e coalescem na confluência. d) Sistema com reamostragem: quando a amostra é muito concentrada, diminui-se o comprimento da alça de amostragem, para situar a concentração da espécie em interesse na faixa operacional do instrumento. e) Sistema monosegmentado: é o melhor modelo aceito para explicar a dispersão da amostra no carregador (fluxo laminar). Quando a amostra é inserida no carregador, há uma perfeita coalescência entre ambos, desde que sejam soluções aquosas. Tal coalescência ajuda a promover a dispersão. As Figuras 6,7,8 e 9 apresentam esquemas de sistemas em fluxo, respectivamente, módulo de análise em linha única, módulo em confluência, módulo em zonas coalescentes e módulo com fluxo intermitente. Figura 6. Módulo de análise em linha única. R: reagente cromogênico, D: descarte, A: amostra, B: bobina reacional e DET: detector. DET B A D R D 30 Figura 7. Módulo de análise em confluência. R: reagente cromogênico, D: descarte, A: amostra, B: bobina reacional, Ca: solução carregadora e DET: detector. Figura 8. Módulo de análise com zonas coalescentes. R: reagente cromogênico, D: descarte, A: amostra, B: bobina reacional, Ca: solução carregadora da amostra, Cr: solução carregadora do reagente e DET: detector. DET B A D Ca D R DET B D R Cr R Ca D A 31 Figura 9. Módulo de análise com zonas coalescentes. R: reagente cromogênico, D: descarte, A: amostra, B: bobina reacional, Ca: solução carregadora da amostra e DET: detector. Na classe de sistemas, outras derivações podem ocorrer. Vários procedimentos analíticos usuais têm sido incorporados aos processos de FIA, como extração por solventes, destilação, pré-concentração e separação com resinas iônicas, geração de fase gasosa, entre outros (REIS, B. F. G., M. F.; KRONKA, E. A. M., 1988). Estudos apontam que a classe das sulfonamidas tem sido alvo freqüente dos grupos de pesquisa, tanto na forma de princípio ativo (encontradas em medicamentos) ou na forma de resíduos (encontradas em alimentos, como ovos, leite, mel, entre outros). Visando satisfazer as exigências dos órgãos regulamentadores da presença de resíduos de sulfonamidas em alimentos e também os impactos ao meio ambiente, foi desenvolvida a metodologia em questão. O procedimento FIA apresenta como principais vantagens o consumo mínimo de reagentes e como conseqüência a formação baixa de resíduos químicos durante a análise. Além disso, é importante ressaltar que o procedimento FIA apresenta uma das maiores freqüências analíticas quando comparadas com metodologias clássicas, como HPLC, o que pode ser controlado através da variável vazão do sistema. Com o auxílio de técnicas de aumento de sensibilidade utilizadas (uso de surfactante e cela de longo caminho óptico b=100 cm) juntamente com o procedimento FIA, foi possível obter bons resultados em termos de concentrações mínimas DET B D Ca D R R A 32 detectáveis pelo procedimento, tanto em determinações nas matrizes medicamentos como em alimentos. Tais características permitem concluir que o procedimento FIA juntamente com técnicas de aumento de sensibilidade mostra-se muito promissor para a determinação de sulfonamidas na matriz mel. 1.5. Métodos para análise de sulfonamidas descritos na literatura Para melhor entendimento e comparação da relevância do desenvolvimento do método proposto, foi realizado um levantamento bibliográfico em bases de dados Scifinder e Scopus. As técnicas utilizadas para determinação e quantificação de sulfonamidas em matrizes diversas são variadas e com diferentes valores de Limites de Detecção (LOD) e Quantificação (LOQ), que são importantes parâmetros de validação de uma metodologia. Um estudo sobre a quantidade de trabalhos publicados em função do ano e da técnica foi realizado, utilizando as palavras chave: análise de sulfonamidas, determinação de sulfonamidas, sulfonamidas e “screening”, sendo encontradas 5491 artigos sobre métodos analíticos para a determinação de sulfonamidas no período de 1930 a 2012. A Figura 10 mostra o gráfico de trabalhos publicados a respeito das sulfonamidas em função do ano no intervalo de 1930 a 2012. Também é importante determinar o número de publicações em função da técnica utilizada e para isso foi realizada uma pesquisa do número de publicações de trabalhos sobre sulfonamidas de acordo com a técnica aplicada. A Figura 11 exibe os resultados dessa pesquisa para o mesmo período. 33 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1930 - 1940 1941 - 1950 1951 - 1960 1961 - 1970 1971 - 1980 1981 - 1990 1991 - 2000 2001 - 2012 Figura 10. Distribuição dos trabalhos publicados para determinação de sulfonamidas em função dos anos no intervalo de 1930 a 2012. Figura 11. Distribuição das publicações encontradas na literatura em função da técnica utilizada sobre metodologias para a determinação de sulfonamidas em matrizes diversas. Dados levantados no período de 1930 a 2012. 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 P u b lic aç õ es CLAE CG Eletroforese Espectrofotometria Spot Test FIA Outros 34 Verifica-se que a cromatografia é utilizada como técnica de confirmação na maioria dos trabalhos, sendo fluxo pouco utilizado, ultrapassando somente estudos com spot test e eletroforese capilar. De modo amplo, os trabalhos publicados visam a determinação e a quantificação de sulfonamidas em matrizes diversas. Porém, para uma melhor comparação foi realizado um estudo sobre a determinação de sulfonamidas na matriz mel em função da técnica utilizada. A Figura 12 mostra o resultado obtido da pesquisa bibliográfica. 35% 25% 11% 7% 18% 4% CLAE CG Espectrofotometria Fluxo Eletroforese Spot test Figura 12. Distribuição das publicações encontradas na literatura que envolve análise de sulfonamidas na matriz mel em função da técnica utilizada. Período de 1930 a 2012.. Através da análise da Figura 12 é possível verificar que a maior parte dos trabalhos publicados sobre sulfonamidas em mel concentram-se em técnicas cromatográficas, em detrimento de outras técnicas menos morosas, com relação ao preparo das amostras, baratas e pouco ofensivas ao meio ambiente. 35 1.5.1. Espectrofotometria UV/Vis Entre as metodologias mais aplicadas para determinação e quantificação de diferentes analitos em matrizes diversas encontra-se a espectrofotometria, por apresentar simplicidade de operação e bons resultados de análise(SKOOG; NIEMAN; HOLLER, 1998). Uma mudança de coloração no momento da reação permite que as análises espectrofotométricas sejam realizadas para que se possa ser captada uma diferença de absorbância e assim ser determinado ou quantificado o analito na amostra. As reações que seguem este estereótipo são conhecidas como reações colorimétricas(WEIDONG et al., 2009). Com relação a reação, é possível desenvolver várias metodologias para determinação e quantificação de sulfonamidas em diversas matrizes e é realmente o que se verifica na literatura, trabalhos com determinação espectrofotométrica com reação colorimétrica para determinação de diferentes analitos, como por exemplo as sulfonamidas(SHANG; LIN; LIN, 2007; WEIDONG et al., 2009). DINESH et al. desenvolveram uma metodologia para a determinação de sulfonamidas na forma pura e em formulações farmacêuticas. O método baseia-se na formação de um produto colorido (vermelho) através da reação das sulfonamidas com cloreto de prometazina, na presença de N-bromosuccinamida e meio ácido. A faixa linear de concentração que segue a Lei de Lambert Beer é 0,1 a 15 μg mL-1 e as medidas de absorbâncias foram realizadas em um comprimento de onda de 510 nm. A absortividade molar do produto colorido formado foi determinada e encontrado um valor de 10420,0 a 12630,0 dm3 mol-1 cm-1 (DINESH; NAGARAJA; RANGAPPA, 2003). SABRY propôs a determinação espectrofotométrica de arilaminas através da reação de acoplamento com o 2-acetilbutirolactona (ABL), através da reação de Japp- Klinngeman, onde o ABL é um β-ceto éster cíclico que forma um produto colorido, o α- oxo - γ - butirolactona arilhidrazona que pode ser medido espectrofotometricamente em meio alcalino e ácido. As absorbâncias foram monitoradas em um comprimento de onda de 416 nm. Para a construção da curva analítica com Limites de Detecção e 36 Quantificação na faixa de 0,04 a 0,07 μg mL-1 e 0,14 a 0,18 μg mL-1, respectivamente (SABRY, 2006). SYED et al. afirmam que as sulfonamidas são alvo de vários estudos, O estudo foi realizado utilizando as sulfonamidas como reagentes de acoplamento para a determinação espectrofotométrica do cardanol, um composto fenólico encontrado em castanhas de caju, sendo um subproduto de indústrias que trabalham na formulação de condimentos originários das castanhas. A metodologia é baseada na reação de diazotação das sulfonamidas com o cardanol, produzindo um produto colorido com máximo de absorção em 415 nm e com estabilidade óptica de 24 h. Testes foram realizados na presença de vários interferentes, como glicose e lactose e nenhuma interferência foi significativa (SYED; SYEDA; MURTHY, 2007). KLOKOVA e DMITRIENKO publicaram um trabalho onde a determinação de sulfonamidas era realizada através da reação colorimétrica de condensação com p – dimetilaminocinamaldeído, através de medidas espectrofotométricas. A reação foi desenvolvida em meio do solvente acetonitrila para que ocorresse a condensação e a formação de um produto colorido. Com relação a curva analítica a faixa de linearidade obtida foi de 0,12 a 5,7 μg mL-1 considerando a classe das sulfonamidas, e com Limite de detecção de 40 a 110 ng mL-1 (KLOKOVA; DMITRIENKO, 2008). Hoje, estudos revelam que mesmo na ausência de solventes orgânicos é possível que a reação ocorra, através de estratégias analíticas, como por exemplo, o uso de surfactantes. ZAIJIAN et al. propuseram um estudo sobre a influência da sulfadiazina, sulfadimidina e sulfamonometoxina sobre uma proteína hepática. O estudo foi realizado a partir atividade da proteína. A atividade do citocromo foi medida por espectrofotometria (ZAIJIAN et al., 2010). YALING e HUINAN patentearam o trabalho onde desenvolveram uma metodologia para detecção de resíduos de sulfonamidas em leite e carne. O método baseia-se na reação das sulfonamidas com algum composto da classe dos aldeídos (furfural, glutaraldeído, benzaldeído, entre outros) a uma temperatura de 40 – 100o C por aproximadamente 40 minutos de reação. As medidas espectrofotométricas são realizadas nos intervalos de 220 a 770 nm por fluorescência (YALING; HUINAN, 2011). 37 KANCHAN et al. desenvolveram uma metodologia para a determinação de três sulfonamidas em formulações farmacêuticas e fluidos biológicos. O método baseia-se na reação entre a sulfonamida e o floroglucinol em meio ácido, resultando em um produto amarelo com absorção máxima em 420nm. Para cada sulfonamida estudada foi encontrada uma faixa de trabalho que obedecia a Lei de Lambert Beer, sendo o menor valor 0,1 μg mL-1 e o maior 2,0 μg mL-1. Os produtos coloridos obtidos da reação com diferentes sulfonamidas apresentaram absortividade molar na ordem de n x 105 L mol-1 cm-1 (KANCHAN et al., 2012). 1.5.2. Cromatografia Líquida A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, normalmente reportada em trabalhos científicos como HPLC ou HPLC, é a técnica mais empregada para análises de sulfonamidas, como pode ser verificado pelo alto índice de publicações(WANG, S. et al., 2006). A grande utilização da técnica HPLC quando se trata de determinação de resíduos e contaminantes é o fato de a mesma apresentar grande versatilidade quanto à adequação de vários modos de detecção e à capacidade de separação de compostos. O entendimento global a respeito da análise cromatográfica resume-se aos conceitos de fase móvel, que consiste da mistura de solventes, na maioria das vezes, que passa através de uma coluna cromatográfica arrastando o analito, de acordo com a polaridade do analito em relação à fase móvel e à estacionária. A retenção do analito sulfonamida não está em função somente da fase móvel, mas também da ionização do composto, assim é de grande importância trabalhar no pH adequado para a análise. Cada sulfonamida apresenta um valor de pH ótimo para análise cromatográfica, porém como normalmente a análise é realizada na presença das mais variadas sulfonamidas, o pH escolhido deve ser aquele que proporcione uma boa separação entre elas. VAN EECKHOUT et al. propuseram um trabalho onde a cromatografia líquida juntamente com a espectrometria de massas são capazes de elucidar estruturas de oito sulfonamidas presentes em carne bovina. Nesse trabalho as sulfonamidas foram 38 extraídas com metanol e o método foi validado com sulfadimetoxina, sulfaquinoxalina, sulfametazina, sulfamerazina, sulfatiazol, sulfametoxazol, sulfadiazina e sulfapiridina. A curva de calibração apresentou linearidade de 10 a 200 μg kg-1, com desvio padrão relativo de 16 %. O limite de detecção apresentou uma faixa de 5,00 a 13, 5 μg kg-1 e as recuperações foram na ordem de 78 a 82 % (VAN EECKHOUT; PEREZ; VAN PETEGHEM, 2000). SAMMER et al. realizaram uma nova aplicação da cromatografia, foi estudada na matriz leite para a determinação de várias sulfonamidas. Seis sulfonamidas foram isoladas do leite através de diálise para determinação cromatográfica. As amostras fortificadas com seis sulfonamidas na faixa de concentração de 0,005 – 10 mg L-1 apresentaram faixa de recuperação de 97,8 a 100,4 %, com um coeficiente de correlação linear de 0,995 (SAMEER; SAMEER; SAMEER, 2004). HUANG et al. criaram uma metodologia para determinação de sulfonamidas em leite usando como fase estacionária Ether-type, produzida no próprio laboratório, eluição isocrática de acetonitrila-água (5:95, v/v) seguido de centrifugação. A faixa linear obtida foi de 50 a 10.000 μg L-1 e as recuperações na faixa de 80,1 a 87,6 % (HUANG; YUAN; HUANG, 2007). TSAI et al. extraíram sulfonamidas do mel e realizaram medidas cromatográficas com detecção fluorimétrica. O preparo das amostras consistiu na hidrólise das soluções de diferentes méis para que se pudessem extrair todas as sulfonamidas, evitando as interações sulfonamida-açúcar. Para a análise das sulfonamidas foi realizado um procedimento de derivatizaçao com fluorescamina, para formação de um produto fluorescente. A linearidade obtida foi de 2 a 200 ng mL-1 e com coeficiente de correlação linear de 0,998. As recuperações foram na faixa de 80,9 – 99,6 % com limites de detecção na faixa de 0,6 a 0,9 ng g-1. Os comprimentos de onda de excitação e emissão são respectivamente 405 e 495 nm (TSAI et al., 2010). ZHANG et al. publicaram um trabalho onde utilizaram o sistema ponto-núvem para a extração das sulfonamidas do leite e posteriormente análise por cromatografia líquida com detecção ultravioleta. Como técnica para melhorar a sensibilidade do método foi utilizado Triton-X, um surfactante que organiza o meio através da formação de micelas. O limite de detecção para as sulfonamidas variou na faixa de 2,23 a 9,79 μg L-1 com 39 uma faixa linear de 0,05 a 2,0 mg L-1. As recuperações apresentadas foram de 67,0 a 105,7 % (ZHANG; DUAN; WANG, 2011). WANG e LEUNG desenvolveram uma metodologia capaz de analisar através de quantificação ou screening várias classes de drogas veterinárias em leite e mel utilizando UPLC com espectrometria de massas. Entre as drogas em estudo estavam as fluorquinolonas, β-lactamas, aminoglicosídeos e as sulfonamidas. As drogas citadas foram então extraídas das respectivas matrizes através da metodologia Quechers, sem a necessidade de clean-up. Com uma faixa analítica de trabalho de 1 a 100 μg kg-1 foi possível obter um Limite de Detecção baixo e equivalente a 1 μg kg-1 (WANG, J.; LEUNG, 2012). Além de metodologias elaboradas em laboratórios, o surgimento de kits capazes de detectar, e em alguns casos quantificar, sulfonamidas nas mais diversas matrizes estão surgindo no mercado. GAUDIN et al. criaram um kit denominado Sulfasensor, capaz de fazer um screening de sulfonamidas em mel, porém com aplicação em várias matrizes. A faixa de porcentagem de resultados falso-positivos obtida pelo método foi de 12,5 % e com diferentes limites de detecção, em função da sulfonamida estudada. O menor limite verificado foi de 25 μg kg-1 para o sulfatiazol e o maior de 1000 μg kg-1 para o sulfametoxazol (GAUDIN; RAULT; VERDON, 2012). O grande problema desses kits é o tempo de análise, que normalmente não são menos que 1 h de espera para a obtenção dos resultados, como o sistema Charm Test (MATTOS; et al, 2007). 1.5.3. Cromatografia Gasosa A Cromatografia Gasosa é considerada uma técnica seletiva e com alta sensibilidade para sulfonamidas, desde que com o analito ocorra o processo de derivatizaçao para a obtenção de compostos voláteis, permitindo assim a análise cromatográfica. Os fenômenos orgânicos mais comuns que ocorrem durante a derivatização das sulfonamidas são a metilação seguida por uma acilação. O uso da técnica é restringido devido ao fato de o procedimento de preparo das amostras ser laborioso, logo pouco empregado para determinação de sulfonamidas(CHIAVARINO; CRESTONI; MARZIO, 1998; REEVES, 1999). 40 GYLLENHAAL et al. analisaram a taxa de alquilação de 24 sulfonamidas, fazendo comparações entre o agente alquilante e o solvente orgânico utilizado. Como resultado observou-se que a reação era de primeira ordem com 0,1 mol L-1 de Tetrabutilamônio (pH = 10) em fase aquosa. O valor da taxa de alquilação foi maior quando foram usados iodeto de metila/brometo de pentafluorbenzeno como reagentes e cloreto de metileno/isobutilmetil cetona como solventes orgânicos. A concentração mínima detectada dos derivados de N1-metil com detecção por captura de elétrons foi cerca de 10-15 mole/séc (GYLLENHAAL et al., 1978). GYLLENHAAL e HARTVIG desenvolveram uma metodologia capaz de analisar compostos derivatizados das sulfonamidas através de respostas por captura de elétrons. A resposta do detector foi avaliada após a derivatizaçao das sulfonamidas com grupamentos alquila e acila. O detector respondeu de modo igual para a presença dos grupos funcionais, fenil e carbonil, fornecendo uma resposta de captura de elétrons de ordem 10-15 mole/séc, em conjugação com o grupamento das sulfonamidas. Os resultados levaram à conclusão de que a presença de apenas um grupamento diminuía cerca de 100 vezes a resposta obtida (GYLLENHAAL; HARTVIG, 1980). CARIGNAN e CARRIER desenvolveram um procedimento cromatográfico para a limpeza de amostras de fígado e músculo suínos e para quantificação de sulfametazina foi utilizado CG-EM. Com relação à sensibilidade o método apresentou bons resultados, permitindo análises de sulfametazina na ordem de 100 μg kg-1. Avaliando-se os resultados obtidos e fornecidos, verifica-se que o procedimento mostra-se bastante moroso com relação ao preparo das amostras, o que dificulta a obtenção de bons resultados de recuperação (CARIGNAN; CARRIER, 1991). REEVES desenvolveu uma metodologia que confirmava a presença de nove sulfonamidas na concentração de 10 μg L-1 em leite bovino aplicando cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas. A extração das sulfonamidas é realizada com acetato de etila e posteriormente para limpeza são passadas através de cartuchos de EFS preenchido de sílica como material sorvente. O extrato é então derivatizado e analisado. A exatidão do método foi comprovada, sendo indicado para uso de análises confirmatórias (REEVES, 1999). 41 1.5.4. Eletroforese Capilar A Eletroforese capilar tem se tornado uma técnica de grande aplicabilidade para a separação de uma enorme variedade de amostras por possuir alta eficiência, alta resolução e fazer uso de uma pequena quantidade de solventes, quando comparadas com outras metodologias, a citar a Cromatografia Líquida(AERTS; HOGENBOOM; BRINKMAN, 1995). Para determinações em eletroforese capilar, deve-se levar em consideração alguns conceitos bases. Aplicando esses conceitos para a classe das sulfonamidas temos que a migração das mesmas depende da razão entre a carga e a massa e é determinada pelos valores de pKa das sulfas. Assim a separação tornar-se-á mais adequada quando se tem em vista a correta utilização de um tampão, tornando-se peça chave para uma ótima separação. LI et al. desenvolveram uma metodologia baseada em uma microextração com uma técnica de pré-concentração online, com detecção por eletroforese capilar/UV para a análise de 12 sulfonamidas em amostras de carne de frango. As condições da metodologia foram otimizadas com a redução de interferentes da matriz através de uma microextração. As melhores separações obtidas em um tempo de 15 minutos ocorreram quando foi utilizado tampão fosfato 100 mmol L-1 (pH = 7,3) com temperatura e voltagem de 20o C e 25 kV, respectivamente, apresentando um limite de detecção na faixa de 3,49 a 16,7 ng g-1 e recuperação de 96,3 a 104 %. A faixa linear obtida foi de 50 a 1000 ng g-1 (LI et al., 2008). NG et al. desenvolveram uma metodologia de eletroforese capilar com o uso de β- dextrinas como modificador na separação de sete sulfonamidas. Vários pH foram estudados, sendo que o de valor 7,0 apresentou melhores resultados a 210 nm. A faixa linear obtida para o método foi de 100 a 1000 mg L-1, com recuperação média de 86,0 %, baixa quando comparada com outras metodologias (NG; LEE; LI, 1993). LEPRI et al. estudaram o comportamento cromatográfico de eletroforético de quatorze sulfonamidas e cinco N4- derivados através de resinas de troca iônica (cátion e ânion), com eluentes orgânicos e aquosos e em matrizes diversas (LEPRI; DESIDERI; TANTURLI, 1974). 42 1.5.5. Injeção em fluxo A Injeção em fluxo é um procedimento pouco utilizado para determinação de sulfonamidas nas mais diversas matrizes quando comparado a outras metodologias, como HPLC e CG. DIEZ et al. desenvolveram um trabalho aplicando um sistema em fluxo com detecção eletroquímica para a determinação de sulfonamidas em leite. O método apresentou bons resultados, com um limite de detecção de 109,1 μg L-1 e uma recuperação média de 86,5 ± 2,4 % (n = 5) (DIEZ, R.; et al., 2008). REGUERA et al. desenvolveram um método barato e sensível em fluxo com detecção amperométrica para a determinação de sulfadiazina, sulfametazina e sulfamerazina em leite. Após a otimização do procedimento, a determinação das três sulfonamidas foi realizada, encontrando que as concentrações das sulfonamidas sulfadiazina, sulfametazina e sulfamerazina, estavam abaixo do limite permitido por legislação. Os valores de recuperação para duas amostras distintas de leite obtidos estavam entre 67,4 % e 119,1 % (REGUERA, C.; et al., 2007). Pelo exposto, verifica-se uma escassez de trabalhos no tema screening de sulfonamidas utilizando procedimentos em fluxo justificando-se o estudo proposto no presente trabalho. 43 2. OBJETIVOS - Desenvolver uma metodologia capaz de determinar e quantificar sulfaquinoxalina sódica em amostras de medicamentos veterinários com rapidez, simplicidade, baixo custo e geração mínima de resíduos orgânicos. - Desenvolver um sistema de screening para a determinação de sulfaquinoxalina sódica, sulfadimetoxina e sulfatiazol em amostras de mel de diferentes procedências, de modo que seja rápido, simples, de baixo custo e ambientalmente amigável, gerando o mínimo de resíduos e não utilizando solventes orgânicos. - Aplicação e validação dos métodos propostos. 44 3. PARTE EXPERIMENTAL 3.1. Materiais e equipamentos Para a obtenção dos resultados experimentais dessa etapa do trabalho foram utilizados: Bomba peristáltica da marca ISMATEC – ASIA, com seis canais para a propulsão das soluções; Tubos de tygon com os seguintes diâmetros internos: 2,06 mm destinado para a solução transportadora e 1,42 mm destinados ao transporte da solução do reagente cromogênico e padrão/amostra; Alça de amostragem de 120 cm de comprimento e bobina reacional de 80 cm, ambas com diâmetro interno de 0.8 mm e de material de polietileno; Espectrofotômetro UV/VIS OCEAN OPTICS USB4000, equipado com cela de longo caminho óptico (b = 100 cm) da World Precision Instruments, Modelo LWCC - 3100, para a obtenção das medidas de absorbâncias e fonte de luz equipada com filtro de correção de intensidade da marca Ocean Optics; Fibras ópticas conectadas à cela de longo caminho óptico (entrada: 200 um) e (saída: 600 um); Micropipetas da marca Eppendorf de (10-100 μL e de 100-1000 μL), utilizadas para medir os volumes no preparo das soluções; Balança analítica da marca Metler Toledo AG204, para as pesagens de amostras reagentes e padrões; Vidrarias comuns, como pipetas volumétricas, béqueres, erlenmeyers, de diferentes volumes e baguetas; HPLC da marca SHIMADZU LC – 20AT, com injetor automático (SIL – 20A), interface CBM – 20 A prominence e detecção DAD (SPD – M20A); Coluna cromatográfica C18 com tamanho de partícula de 5 μm, diâmetro interno 4,6 cm e 250 mm de comprimento. 45 3.2. Reagentes e Soluções Todos os reagentes utilizados durante o desenvolvimento do trabalho foram de grau analítico. p-Dimetilaminocinamaldeído – SIGMA ALDRICH – pureza 98 % - Lote A0279692 Dodecil Sulfato de sódio – SIGMA ALDRICH – Lote 050M0197V Ácido Clorídrico Fumegante – MERCK – 37 % - 1,85 g cm-3 – Lote K41831617 Medicamentos: Duas amostras de Avitrin Sulfa (líquido) de lotes diferentes e uma amostra de Coccifin Sulfa (sólido) Amostras de mel: mel de laranja, eucalipto e cipó-uva, de diferentes floras e origens Solução padrão de Sulfaquinoxalina sódica – SIGMA ALDRICH – Lote BCBB7740V Solução padrão de Sulfadimetoxina – SIGMA ALDRICH – Lote 0001431982 Solução padrão de Sulfatiazol – SIGMA ALDRICH Água Deionizada utilizada no preparo das soluções de reagentes, padrões e amostras – Millipore 0,22 μm – 18,2 MΩ.cm – 25º C Tampão fosfato (pH = 3,6) e metanol, utilizados nas separações cromatográficas. 3.3. Toxicidade dos reagentes e cuidados Nenhum reagente apresenta toxicidade grave, porém cuidados baseados nas boas práticas de laboratório devem ser tomados, como manusear o ácido clorídrico fumegante com cautela e p-DAC com luvas. 3.4. Preparo de Reagentes e Soluções 3.4.1. Solução padrão de sulfaquinoxalina sódica para análise de medicamentos As soluções padrão de SQX foram preparadas na concentração de 5 mg L-1 em meio de ácido clorídrico 0,0185 mol L-1 e SDS 0,0150 mol L-1, partindo de uma solução 46 de HCl 1,036 mol L-1 e SDS 0,1 mol L-1. Os balões foram completados com água deionizada até a marca do menisco. As concentrações da SQX para a obtenção das curvas analíticas foram: 0,1; 0,3; 0,5; 1,0; 1,5; 3,0; 4,0; 5,0 e 6,0 mg L-1. Essas soluções foram obtidas de diluições das soluções estoque de 100 mg L-1 previamente preparadas. 3.4.2. Solução padrão de sulfaquinoxalina sódica, sulfadimetoxina e sulfatiazol para análise em mel As soluções padrão de sulfaquinoxalina sódica, utilizadas no desenvolvimento do planejamento fatorial foram preparadas na concentração de 5 mg L-1, em meio de ácido clorídrico (HCl) 0,0243 mol L-1 e SDS 0,005 mol L-1, partindo de uma solução estoque de sulfaquinoxalina sódica de 100 mg L-1, HCl 1,036 mol L-1 e SDS 0,1 mol L-1. Os balões foram completados com uma mistura de etanol:água na proporção 1:4. O preparo das demais sulfonamidas seguiu o mesmo esquema de preparo da sulfaquinoxalina sódica. As concentrações das sulfonamidas utilizadas para a obtenção das curvas analíticas foram: 6,0; 10,0; 15,0; 40,0; 55,0; 70,0; 100,0; 115,0 μg L-1. Essas soluções foram obtidas de diluições das soluções estoque de 100 mg L-1 previamente preparadas. 3.4.3. Solução de p-DAC (0,019 % m/v) e HCl (0,0185 mol L-1) para análise em medicamentos Para o preparo da solução estoque de HCl partiu-se do ácido concentrado fumegante – 37,0 % e densidade de 1,85 g cm-3. Através de cálculos determinou-se o volume necessário para a obtenção da solução estoque 1,000 mol L-1. A solução foi padronizada seguindo procedimento encontrado na literatura, obtendo assim o valor de 1,036 mol L-1. Alíquotas dessa solução foram tomadas para obter as concentrações finais desejadas. Para o preparo da solução de p-DAC estoque pesou-se 19,0 mg do composto em um béquer, onde a massa foi dissolvida com 1,785 mL de HCl 1,036 mol L-1. A solução foi transferida quantitativamente com o auxílio de uma bagueta para um balão de 100,00 mL e posteriormente completado com água deionizada. 47 3.4.4. Solução de p-DAC (0,0052 % m/v) e HCl (0,0243 mol L-1) para análise em mel Para o preparo da solução estoque de HCl partiu-se do ácido concentrado fumegante – 37,0 % e densidade de 1,85 g cm-3. Através de cálculos determinou-se o volume necessário para a obtenção da solução estoque 1,000 mol L-1. A solução foi padronizada seguindo procedimento encontrado na literatura, obtendo assim o valor de 1,036 mol L-1. Alíquotas dessa solução foram tomadas para obter as concentrações finais desejadas. Para o preparo da solução de p-DAC estoque pesou-se 10,0 mg do composto em um béquer, onde a massa foi dissolvida com 2,345 mL de HCl 1,036 mol L-1. A solução foi transferida quantitativamente com o auxílio de uma bagueta para um balão de 100,00 mL e posteriormente completado com água deionizada. O preparo da solução 0,0052 % (m/v) de p-DAC foi realizado através da diluição da solução estoque. 3.4.5. Solução de SDS (0,100 mol L-1) – análise em medicamentos e mel Para o preparo da solução estoque de SDS foi pesado em um béquer uma massa de 28,4000 g do composto. Adicionou-se água até a completa dissolução e posteriormente foi transferido quantitativamente para um balão volumétrico de 1000 mL. 3.4.6. Metodologia A metodologia utilizada baseia-se na reação entre o reagente cromogênico p-DAC e as sulfonamidas em análise, resultando em um produto colorido (base de Schiff) com máximo de absorção em 560 nm. O módulo de análise em fluxo utilizado para amostras de medicamentos está representado pela Figura 9 e para análise de mel pela Figura 10. Na posição de amostragem do comutador (válvula Rheodyne da bomba peristáltica) o reagente cromogênico entra diretamente para a confluência juntamente com a solução carregadora, enquanto o padrão ou a amostra preenche a alça de amostragem (comprimento de 120 cm e volume 603 μL). Na posição de inserção, a solução carregadora é então desviada para a alça de amostragem, carregando o volume de padrão ou amostra nela coletado para a confluência, que em contato com o reagente cromogênico, forma-se o produto colorido, monitorado por sinais das absorbâncias. 48 A Figura 13 apresenta um fluxograma do processo como um todo durante as etapas de amostragem e inserção da amostra no percurso analítico. Figura 13. Fluxograma do processo de determinação e quantificação das sulfonamidas. p-DAC (preparado em meio ácido) Produto colorido (com absorção máxima em 560 nm) Bomba Peristáltica (posição de amostragem e de inserção da amostra) Preenchimento da alça de amostragem (603 �L) Amostra para o Descarte Passagem da solução carregadora através da alça de amostragem Medida espectrofotométrica em 560 nm com cela de longo caminho óptico (b=100 cm) Amostragem Inserção p-DAC (preparado em meio ácido) Passagem da solução carregadora Amostragem 49 Figura 14. Módulo de análise. T (Solução carregadora), R (Solução do reagente cromogênico), A (Inserção do padrão/amostra), V (Válvula de 6 canais), BP (Bomba Peristáltica), X (confluência), B (Bobina reacional de 80 cm), C (Cubeta de fluxo, b = 1 cm), E (Espectrofotômetro) e D (Descarte). Figura 15. Módulo de análise. T (Solução carregadora), R (Solução do reagente cromogênico), A (Inserção do padrão/amostra), V (Válvula de 6 canais), BP (Bomba Peristáltica), X (confluência), B (Bobina reacional de 80 cm), C (Cubeta de fluxo, b = 100 cm), LWCC (Cela de longo caminho óptico) e D (Descarte). BP p-DAC 0.019 % (m/v) preparado em HCl 1,85 x 10-2 mol L-1 T R B D X V C E SDS 15 x 10-3 mol L-1 e HCl 1,85 x 10-2 mol L-1 A BP B V T R BP A X D LWCC FOi Fonte de Luz FOo Detector SDS 5 x 10-3 mol L-1 e HCl 2.43 x 10-2 mol L-1 p-DAC 0.0052 % (m/v) preparado em HCl 2.43 x 10-2 mol L-1 50 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base em estudos anteriores realizados no grupo de pesquisa Fritz Feigl, optamos por utilizar o p-DAC como reagente cromogênico. A reação entre o reagente cromogênico e as sulfonamidas é apresentado pela Figura 16, na presença de meio ácido e surfactante SDS. Figura 16. Esquema reacional proposto para p-DAC e as sulfonamidas em meio ácido e na presença de surfactante (SDS), onde os grupamentos R1, R2 e R3 representam respectivamente grupamentos da sulfadimetoxina, sulfaquinoxalina e sulfatiazol, respectivamente. Grupos R Produto colorido - H2O + N N O O CH3 CH3 N N N S NH2S O O NHR NH3 + S O O NHR H+ N CH3 CH3 O H NH2 + S O O NHR N CH3 CH3 OH NH + S O O NHR N CH3 CH3 NHS O O NHR N CH3 CH3 R1 R2 R3 Sulfonamida p-DAC 51 4.1. Sulfaquinoxalina sódica em medicamentos veterinários 4.1.1. Experimentos Preliminares Definido o reagente cromogênico, experimentos preliminares foram feitos para testar possíveis usos de estratégias para o aumento de sensibilidade. Desse modo, utilizou-se o surfactante SDS (Dodecil sulfato de sódio), que apresentou um aumento significativo da sensibilidade do método, como pode ser observado pelos espectros apresentados na Figura 17. As melhores condições de análise para o desenvolvimento do método foram estudadas através de ferramentas quimiométricas. Figura 17. Espectros da reação de p-DAC com sulfaquinoxalina sódica (560 nm) em meio do surfactante SDS (linha preta) e na ausência do surfactante (linha vermelha), indicando aumento de sensibilidade. b = 1 cm. 400 500 600 700 800 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 A bs 56 0 Comprimento de onda em nm Reação com surfactante Reação sem surfactante 52 4.1.2. Planejamento fatorial O planejamento experimental foi realizado utilizando-se a ferramenta estatística planejamento fatorial. As variáveis estudadas nesse planejamento e os respectivos níveis analisados estão na Tabela 3. Tabela 3. Planejamento fatorial fracionário 24. Variável Nível -1 Nível +1 Conc. p-DAC (% m/v) 0,011 0,019 Conc. HCl (mol L-1) 0,0185 0,0555 Conc. SDS (mol L-1) 0,005 0,015 Comp. Alça (cm) 76 120 Comp. Bobina (cm) 30 50 Vazão (mL min-1) 1,5 2,0 Com as seis variáveis disponíveis para a realização do planejamento fatorial foi realizado um planejamento fatorial fracionário e os valores de absorbâncias respectivos, apresentados na Tabela 4. Tabela 4. Dados experimentais codificados obtidos a partir de um planejamento fatorial fracionário 26-3 com os respectivos valores de absorbâncias. Exp. Cp-DAC (% m/v) CHCl (mol L-1) CSDS (mol L-1) Comp. Alça de amostragem (cm) Comp. Bobina reacional (cm) Vazão (mL min-1) Abs560 nm 1 -1 -1 -1 +1 +1 +1 0.191 ± 0,010 2 -1 +1 -1 -1 -1 +1 0.442 ± 0,001 3 -1 -1 +1 -1 -1 +1 0.231 ± 0,002 4 -1 +1 +1 +1 -1 -1 0.861 ± 0,005 5 +1 -1 -1 +1 -1 -1 0.452 ± 0,010 6 +1 +1 -1 -1 +1 -1 0.573 ± 0,003 7 +1 -1 +1 -1 -1 +1 0.604 ± 0,009 8 +1 +1 +1 +1 +1 +1 0.573 ± 0,002 9 -1 -1 -1 +1 -1 +1 0,339 ± 0,001 10 +1 -1 -1 +1 +1 +1 0,896 ± 0,010 11 -1 +1 -1 +1 +1 -1 0,224 ± 0,010 12 +1 +1 -1 +1 -1 -1 0,442 ± 0,010 13 -1 -1 +1 +1 +1 -1 0,556 ± 0,010 14 +1 -1 +1 +1 -1 +1 0,608 ± 0,010 15 -1 +1 +1 +1 -1 +1 0,563 ± 0,010 16 +1 +1 +1 +1 +1 -1 0,624 ± 0,010 53 As medidas de absorbâncias do planejamento de 16 experimentos foram realizadas em triplicata (n=3). A Figura 18 mostra o gráfico de pareto otimizado a partir dos valores de absorbância obtidos nos experimentos realizados. Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: Abs565 2**(6-2) design; MS Residual=.0319983 DV: Abs565 .1187942 -.227805 .4821647 1.228472 1.267604 2.57014 p=.05 Effect Estimate (Absolute Value) (2)Vazão (5)Conc. HCl (4)Conc. p-DAC (6)Conc. SDS (3)Bobina Reacional (1)Alça de Amostragem Figura 18. Gráfico de pareto otimizado para a quantificação de SQX em amostras de medicamentos veterinários. A análise do gráfico de pareto permite verificar que as variáveis que mais influenciam nas análises realizadas são o comprimento da Alça de amostragem (volume da amostra), Bobina reacional e concentração de SDS, respectivamente nessa ordem, cada qual com um fator multiplicativo. Para analisar com melhor precisão os resultados obtidos foram construídos os gráficos de efeitos principais e interações entre as variáveis. O gráfico de efeitos principais está representado pela Figura 14 e o de Interação entre as variáveis pela Figura 19. 54 ����� ���� ���� ���� �� � �� � ������ �� � ���������� ���� ���� ���� �� � �� � ������������ ���������� ������� ��������� � �� � ����� ���� ��!��"�� �� #� "��$%& # #� "��'#� #� "��(&( ������ � ��� ���� ��������� &����)�� � Figura 19. Gráfico de Efeitos principais onde a importância relativa das variáveis é analisada pela inclinação da reta traçada entre os níveis –1 e +1 de cada variável. Através do gráfico de Efeitos principais é possível verificar que a variável que apresenta maior coeficiente angular da reta, ou seja, maior diferença nos resultados de absorbância quando comparados os níveis –1 e +1 é a Alça de Amostragem, seguida da Bobina reacional e logo após a concentração de SDS. As demais variáveis apresentaram significância, porém em nível menor quando comparado com as três variáveis de maior influência. Através do gráfico de efeitos principais é possível também extrair a informação de que a variável concentração de HCl, no meio reacional, proporciona resultados melhores quando a concentração do mesmo está no nível –1, obtendo assim valores mais altos de absorbâncias. 55 ������ �� � ���������� ������������ ���������� ��� �� ��� ��� �� ��� ��� �� ��� ��� �� ��� ��� �� ��� ������������������ ����� ���������� ����� ��� �!"#�� ��� �$�� ��� �%#% �� ��� ��������� ������ ��� ��� ����� � �� !��"�� �� ���� � ����� ����� $%& # #� "� ������ ������ #� "��'#� &����� ����� ���� ��������� &����)�� � Figura 20. Gráfico de interação entre as variáveis do Planejamento Fatorial 26-2. A importância do gráfico de interação entre as variáveis é indiscutível. Através do gráfico de pareto também é possível verificar a significância das interações de todas as variáveis, porém o resultado é expresso em forma de um número final, assim é preferível que no gráfico de pareto estejam somente as variáveis individuais e a análise das interações sejam feitas a parte. Através dos gráficos da Figura 20, é possível analisar todas as interações entre as variáveis. A interação entre as variáveis Alça de amostragem e vazão foi muito pequena, resultando em melhores valores para uma alça de amostragem maior e uma vazão menor. No caso da interação entre a alça de amostragem e a concentração de SDS é possível verificar que utilizando uma alça de amostragem de comprimento maior (120 cm) a variação da resposta em função da concentração de SDS foi significativa, porém ao se utilizar uma alça de amostragem menor (76 cm) a mudança de concentração de SDS no meio reacional pouco influenciou. Assim, para melhores valores de resposta 56 (maiores absorbâncias) os valores otimizados das variáveis estão nos níveis +1 para ambas. A Tabela 5 apresenta os valores otimizados das variáveis do método proposto para a quantificação de sulfaquinoxalina sódica em amostras de medicamentos veterinários. Tabela 5. Variáveis otimizadas para aplicação do método em medicamentos veterinários. Variável Cp-DAC % (m/v) CHCl (mol L-1) CSDS (mol L-1) Alça amostra (cm) Bobina reacional (cm) V. C. A.b (mL min-1) V. R.c (mL min-1) V. O.a 1,90 10-2 1,85 10-2 1,50 10-2 120,0 30,00 1,810 1,510 a Variável Otimizada b Vazão carregador/amostra c Vazão do reagente 4.1.3. Curva Analítica do Método Proposto A sulfonamida utilizada para a construção das curvas analíticas do método proposto foi justamente aquela de interesse em se quantificar em amostras de medicamentos veterinários, a sulfaquinoxalina sódica. A curva analítica obtida está representada na Figura 21. Figura 21. Curva Analítica da sulfaquinoxalina sódica nas concentrações de 0,1 ; 0,3 ; 0,5 ; 1,0 ; 1,5 ; 3,0 ; 4,0 ; 5,0 e 6,0 mg L-1. A Tabela 6 apresenta as figuras de mérito do método proposto para a quantificação de sulfaquinoxalina sódica em amostras de medicamentos veterinários. 0 1 2 3 4 5 6 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 A bs 56 5 Conc. sulfaquinoxalina (ppm) R = 0,9999 57 Através das medidas de absorbância realizadas é possível determinar o valor do ε da reação de formação do produto colorido. O valor do ε obtido para a sulfaquinoxalina é de 5,0 104 L mol-1 cm-1. Tabela 6. Figuras de mérito do método proposto para medicamentos veterinários. Figuras de Mérito Sulfa Faixa Linear Ra Equação da reta L.D.b mg L-1 L.Q.c mg L-1 Comprimento de onda Estabilida de óptica SQX 0,1 – 6,0 mg L-1 0,9999 A = -0,00132 + 0,17313CSQX 0,04 0,11 560 nm 60 min a coeficiente de correlação linear b limite de detecção c limite de quantificação 4.1.4. Estudo dos Interferentes Os interferentes testados foram: amido, glicose, frutose, sacarose, croscarmelose e talco, comumente encontrados em medicamentos na forma de excipientes. O estudo dos interferentes foi realizado nas mesmas condições as quais as amostras seriam submetidas em análise e não foram encontradas interferências na matriz para proporções 1:1 e 1:10 de sulfonamida:interferente. 4.1.5. Estudos de adição de padrão e recuperação Foi realizada a adição de padrão e recuperação nas amostras selecionadas, para verificar a exatidão do método. As amostras selecionadas para quantificação seguiram o crescimento do ramo do mercado, assim foram analisadas duas amostras líquidas e uma amostra sólida. A Tabela 7 apresenta as amostras utilizadas no procedimento de quantificação. Tabela 7. Amostras de medicamentos veterinários utilizadas na aplicação do método. Amostras Nome Estado Físico Lote 1 Amostra 1 Líquido 001/10 2 Amostra 2 Líquido 004/10 3 Amostra 3 Sólido 010/10 58 A Tabela 8 apresenta os resultados obtidos para a adição de padrão da Amostra 1 Lote 001/10. A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para a adição de padrão da Amostra 2 Lote 004/10. A Tabela 10 apresenta os resultados obtidos para a adição de padrão da Amostra 3 Lote 010/10. Tabela 8. Resultados obtidos para a adição de padrão da Amostra 1. Adição A1 a C1 b A2 a C2 b A3 a C3 c Amédia Cmédia % Rec Amostra 0,181 26,33 0,181 26,33 0,180 26,18 0,181 ± 0,001 26,28 ± 0,09 - 50 % 0,274 39,76 0,274 39,76 0,269 39,03 0,272 ± 0,003 39,52 ± 0,04 100,7 100 % 0,360 52,17 0,361 52,31 0,361 52,31 0,361 ± 0,001 52,26 ± 0,08 98,8 150 % 0,447 64,74 0,453 65,61 0,450 65,17 0,450 ± 0,003 65,17 ± 0,04 98,7 200 % 0,537 77,73 0,540 78,16 0,538 77,87 0,538 ± 0,001 77,92 ± 0,02 98,2 a An indica o valor de absorbância obtido bCn indica a concentração em g / 100 mL cCn indica a concentração em g / 100 g. Tabela 9. Resultados obtidos para a adição de padrão da Amostra 2. Adição A1 a C1 b A2 a C2 b A3 a C3 c Amédia Cmédia % Rec Amostra 0,179 26,04 0,180 26,18 0,179 26,04 0,179 ± 0,001 26,09 ± 0,08 - 50 % 0,272 39,47 0,274 39,76 0,270 39,03 0,272 ± 0,002 39,42 ± 0,36 102,2 100 % 0,363 52,61 0,361 52,32 0,361 52,32 0,362 ± 0,001 52,42 ± 0,16 100,9 150 % 0,447 64,74 0,450 65,17 0,449 65,03 0,449 ± 0,002 64,98 ± 0,21 99,4 200 % 0,540 78,16 0,540 78,16 0,541 78,32 0,540 ± 0,001 78,21 ± 0,09 99,9 a An indica o valor de absorbância obtido bCn indica a concentração em g / 100 mL cCn indica a concentração em g / 100 g. 59 Tabela 10. Resultados obtidos para a adição de padrão da Amostra 3. Adição A1 a C1 b A2 a C2 b A3 a C3 c Amédia Cmédia % Rec Amostra 0,181 26,33 0,181 26,33 0,180 26,18 0,181 ± 0,001 26,28 ± 0,09 - 50 % 0,274 39,76 0,274 39,76 0,269 39,03 0,272 ± 0,003 39,52 ± 0,04 100,8 100 % 0,360 52,17 0,361 52,31 0,361 52,31 0,361 ± 0,001 52,26 ± 0,08 98,8 150 % 0,447 64,74 0,453 65,61 0,450 65,17 0,450 ± 0,003 65,17 ± 0,04 98,7 200 % 0,537 77,73 0,540 78,16 0,538 77,87 0,538 ± 0,002 77,92 ± 0,02 98,2 a An indica o valor de absorbância obtido bCn indica a concentração em g / 100 mL cCn indica a concentração em g / 100 g. Os resultados de recuperação mostram que o método apresenta boa exatidão para a aplicação na determinação de sulfaquinoxalina sódica em medicamentos veterinários, independente do estado físico do medicamento, sólido ou líquido. A determinação da quantidade de sulfaquinoxalina sódica presente nas amostras selecionadas de medicamentos veterinários foi realizada através da quantificação direta da amostra e as concentrações foram obtidas através das medidas de absorbâncias em 560 nm. 4.1.6. Quantificação de sulfaquinoxalina sódica nas amostras de medicamentos veterinários Através de dados coletados diretamente da bula de cada medicamento foi possível verificar que a cada 100 mL (para os líquidos) e 100 g (para o sólido) de medicamento estão presentes 25 g de sulfaquinoxalina sódica. O volume tomado de cada medicamento foi de 0,5 mL e a massa de medicamento utilizada foi de 125 mg. A Tabela 11 apresenta o resultado da quantificação da amostra de medicamento Amostra 1 Lote 001/10. 60 Tabela 11. Resultados da quantificação da amostra de medicamento Amostra 1. Solução A1 a C1 b A2 a C2 b A3 a C3 c Amédia Cmédia 1 0,188 27,34 0,188 27,34 0,190 27,63 0,189 ± 0,001 27,44 ± 0,16 2 0,180 26,18 0,181 26,33 0,180 26,18 0,180 ± 0,001 26,23 ± 0,09 3 0,184 26,76 0,186 27,05 0,185 26,90 0,185 ± 0,001 26,90 ± 0,15 a An indica o valor de absorbância obtido bCn indica a concentração em g / 100 mL cCn indica a concentração em g / 100 g. Através dos resultados obtidos, apresentados na Tabela 11, é possível concluir que a concentração média encontrada na amostra analisada é de 27,02 ± 0,65 g de sulfaquinoxalina sódica para cada 100 mL de amostra. A Tabela 12 apresenta o resultado da quantificação da amostra de medicamento Amostra 2 Lote 004/10. Tabela 12. Resultados da quantificação da amostra de medicamento Amostra 2. Solução A1 a C1 b A2 a C2 b A3 a C3 c Amédia Cmédia 1 0,193 28,06 0,192 27,91 0,194 28,20 0,193 ± 0,001 28,05 ± 0,15 2 0,179 26,04 0,180 26,18 0,180 26,18 0,180 ± 0,001 26,13 ± 0,09 3 0,186 27,05 0,186 27,05 0,185 26,90 0,186 ± 0,001 27,00 ± 0,09 a An indica o valor de absorbância obtido bCn indica a concentração em g / 100 mL cCn indica a concentração em g / 100 g. Através dos resultados obtidos, apresentados na Tabela 12, é possível concluir que a concentração média encontrada na amostra analisada é de 27,06 ± 0,95 g de sulfaquinoxalina sódica para cada 100 mL de amostra. 61 A Tabela 13 apresenta o resultado da quantificação da amostra de medicamento Amostra 3 Lote 010/10. Tabela 13. Resultados da quantificação da amostra de medicamento Amostra 3. Solução A1 a C1 b A2 a C2 b A3 a C3 c Amédia Cmédia 1 0,190 27,63 0,190 27,63 0,191 27,77 0,190 ± 0,001 27,68 ± 0,09 2 0,181 26,33 0,181 26,33 0,180 26,18 0,181 ± 0,001 26,28 ± 0,09 3 0,186 27,05 0,186 27,05 0,185 26,90 0,186 ± 0,001 27,00 ± 0,09 a An indica o valor de absorbância obtido bCn indica a concentração em g / 100 mL cCn indica a concentração em g / 100 g. Através dos resultados obtidos, apresentados na Tabela 13, é possível concluir que a concentração média encontrada na amostra analisada é de 26,99 ± 0,70 g de sulfaquinoxalina sódica para cada 100 g de amostra. 4.1.7. Método Comparativo para a Quantificação de Sulfaquinoxalina em amostras de medicamentos O método de análise confirmatório utilizado foi HPLC (High Performance Liquid Chromatograph) ( ZOTOU, et al.). As condições cromatográficas utilizadas encontram- se na Tabela 14. Tabela 14. Variáveis otimizadas para o método confirmatório HPLC Variável Condição Temperatura da coluna 40o C Volume de injeção 50 μL Composição da fase móvel Tampão acetato (pH 3.6):metanol (80:20) Vazão da fase móvel 1,0 ml min-1 Tempo de análise 17.5 minutos 62 4.1.8. Curva analítica para o método comparativo – HPLC 1 2 3 4 5 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 800000 900000 Á re a do p ic o Concentraçao SQX (mg/L) Figura 22. Curva analítica para o método HPLC da sulfonamida estudada: sulfaquinoxalina sódica. As concentrações dos padrões foram: 1,0 ; 2,0 ; 3,0; 4,0 e 5,0 mg L-1 A Tabela 15 apresenta os principais parâmetros para o método HPLC. Tabela 15. Principais parâmetros do método HPLC Sulfa Faixa Linear Ra Equação da retab Comprimento de onda SQX 1,00 – 5,00 mg L-1 0,9998 A = 10460,00 + 170681,80CSQX 254 nm a Coeficiente de linearidade da reta, b Reta baseada na equação linear y = a + bx. 4.1.9. Análise das amostras pelo método comparativo As amostras analisadas por HPLC foram as mesmas que foram analisadas pela metodologia de “screening” proposta, sendo elas referenciadas na Tabela 7. As amostras foram diluídas para uma concentração de 3,0 mg L-1 para melhor identificação dos picos e as concentrações reais foram obtidas a partir dos resultados de absorbâncias das amostras diluídas. Os cromatogramas obtidos para cada uma das amostras de medicamentos veterinários estão representados nas Figuras 23, 24 e 25. R = 0,9998 63 Figura 23. Cromatograma obtido da análise HPLC da Amostra 1. Figura 24. Cromatograma obtido a partir da análise HPLC da Amostra 2. Figura 25. Cromatograma obtido a partir da análise HPLC da Amostra 3. -50000 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 m A bs ( 25 4 nm ) SQX (tR = 5,2 min) -5000 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 m A bs ( 25 4 nm ) SQX (tR = 5,2 min) -5000 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 m A bs ( 25 4 nm ) SQX (tR = 5,2 min) 64 Considerando os resultados obtidos para as amostras, determinando a área de cada pico fornecido na análise cromatográfica, a Tabela 16 fornece os resultados das análises cromatográficas paras as três amostras de medicamentos. Tabela 16. Resultados da aplicação das amostras no método comparativo. Medicamento Amostra C obtida a C Média obtida a C medicamento b Amostra 1 001/10 Soluçao 1 3,13 3,13 ± 0,01 26,08 ± 0,05 g / 100 mLSolução 2 3,14 Solução 3 3,13 Amostra 2 004/10 Soluçao 1 3,21 3,21 ± 0,01 26,75 ± 0,05 g / 100 mLSolução 2 3,22 Solução 3 3,21 Amostra 3 010/10 Soluçao 1 3,26 3,26 ± 0,01 27,17 ± 0,06 g / 100 g Solução 2 3,27 Solução 3 3,25 a representa a concentração em mg L-1 b representa a concentração em g / 100 mL para Amostra 1 e 2 Lote 001/10 e Lote 004/10 e g / 100 g para Amostra 3 Lote 010/10 ‘ 4.1.10. Teste F para a comparação entre os dois métodos A Tabela 17 fornece os resultados do Teste F realizado para a comparação entre os dois métodos, proposto e comparativo, para verificar a diferença signifi