Universidade em movimento A liderança de um dirigente universitário se mede pela capacidade na agregação de competências, pela formulação de um projeto para a academia e pela disposição de promover a renovação das lideranças dirigentes. O dirigente acadêmico, além do sólido conhecimento da área que lhe cabe gerir, detém, portanto, uma compreensão abrangente da universidade, sendo capaz de construir uma visão coletiva de futuro a ser viabilizada muito além da duração dos mandatos (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2018). Organizações de ciclo longo são aquelas cujos resultados dependem de mais de cinco anos, como ocorre nos programas de formação acadêmica e na pesquisa. Nestas organizações as decisões têm fortes implicações nos anos subsequentes, podendo contribuir positivamente ou prejudicar gravemente os resultados num tempo muito além dos mandatos finitos dos dirigentes. Critérios objetivos têm sido formulados para avaliar a excelência da universidade, dos quais os principais são (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2018): 1. Ranking da universidade em comparação com outras; 2. Número de publicações com impacto e contribuições para a formulação e adoção de políticas públicas; 3. Egressos profissionais que desenvolvem novas práticas exemplares com destaque em liderança social. Como equilibrar informação – hoje acessível através da rede mundial de computadores – com formação crítica e autônoma é equação para a qual não parece haver boas respostas. Como lidar com o texto e a linguagem escrita em uma época dominada pelas imagens e pelo conhecimento virtual? Como recuperar o gosto pela leitura e pelo contato com o livro em espaços de comunicação saturados por redes virtuais? Se processo de ensino-aprendizagem é, antes de tudo, processo de interação e comunicação marcado pela conversa com o outro, como ultrapassar as barreiras ditadas por tais modalidades contemporâneas de conversa de si para consigo, a despeito da menção a um outro referente? (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2018). Faz-se necessário destacar a importância dos processos vinculados à adequada gestão de recursos, considerando que, conforme um dos conceitos centrais da teoria econômica, os recursos disponíveis em um certo contexto são limitados, ao passo que as demandas são ilimitadas (Siddiqui, 2005). Portanto, a eficiência no uso de recursos, em instituições de https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 financiamento público, torna-se, mais que recomendada, imperativa (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2018). · Equipe técnica e administrativa que assegura a continuidade das atividades regulares da instituição. · Corpo docente, que assume responsabilidades e detém autoridade política para exercê-las em vários níveis, de acordo com seus interesses e capacidades. · Corpo discente que representa a base e a razão da existência da instituição. · No caso específico das universidades públicas, a sociedade, que financia as suas atividades. Repensar a universidade I O desafio para as universidades é a mudança de um modelo que valoriza alta produtividade para um modelo que valoriza alto impacto. Diferentes áreas de conhecimento publicam quantidades diferentes de pesquisa, em formatos diferentes, e essa pesquisa recebe citações em velocidades diferentes (immediacy index) e para períodos de tempo diferentes (half-life). Os outputs variam como um resultado de culturas acadêmicas diferentes e necessidades locais. A conclusão natural desta variação é de que não há objetividade nos rankings: nenhum tem uma autoridade absoluta sobre a qualidade de uma universidade. Não se pode dizer que um resultado pode representar uma instituição em sua totalidade (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2018). Poucas são aquelas que investem em programas de investigação científica, que compõem corpos de docentes e pesquisadores estáveis com prerrogativas de trabalho científico autônomo e livre e que estimulem vida cultural própria para além das salas de aula. Liberdade significa inexistência de constrangimentos ao pensamento e às suas formas de manifestação, respeitados aqueles ditados pela ética científica e profissional. Autonomia significa capacidade de agir independentemente dos interesses privados de quaisquer ordens, provenham do mercado, da política ou da sociedade mais ampla (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2018). Nossas universidades enfrentam uma variedade dos mesmos desafios: de inclusão de grupos sub-representados, de capilaridade de gestão em instituições multicampi, de inclusão em redes globais de pesquisa, e de compromisso social e econômico para nosso país. No caso brasileiro, a comparação das posições ocupadas pelas universidades brasileiras (um terço de docentes com dedicação integral ou pelo menos dois cursos de doutorado e quatro de mestrado = programa de pós-graduação) nos rankings mostra que 28 (14,3%) das 195 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 universidades brasileiras alcançaram visibilidade internacional e conseguiram ser classificadas em algum dos três rankings globais. Contudo, apenas onze (5,6%) universidades foram classificadas simultaneamente pelos três rankings (USP, UNICAMP, UNIFESP, UFMG, UFRJ, UFRGS, UNESP, UNB, UFPE, UFSC e UFSCar), todas universidades públicas (sete federais e quatro estaduais), que desenvolvem pesquisa de forma intensiva, e estão dentre as vinte universidades já identificadas como as mais produtivas em termos de aporte à produção científica brasileira (Santos, 2015) (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2018). Já o desempenho das universidades privadas nos rankings globais é muito mais limitado6. Apenas quatro (4,5%) das 88 universidades privadas do Brasil conseguiram ser classificadas em algum dos rankings internacionais. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) foi a universidade privada a alcançar maior visibilidade, sendo classificada pelo THE (601-800) e pelo QS (501-550) nos rankings globais e também em algumas disciplinas de seus respectivos rankings por áreas. A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) estão ambas classificadas pelo THE na faixa 801-1000 e, por fim, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), classificada pelo QS global na faixa 501-550, fecha o grupo de universidades privadas que alcançaram visibilidade por meio dos rankings internacionais (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2018). Concepções de universidade: Concepção liberal (liberal arts): Preservação e construção de saber para a formação de pessoas cultas, com visão crítica e atentas aos valores da cidadania. Concepção utilitária: Avançar no conhecimento para formar profissionais com habilidades e competências técnicas para resolver problemas. Concepção de pesquisa: Pesquisar nas fronteiras da ciência para formar pesquisadores com possibilidades infinitas de buscar a exatidão, sem as exigências de tempo. Concepção social: Acompanhar as demandas da sociedade para formar profissionais preparados para combater a exclusão social nas áreas de saúde, educação, nutrição, entre outras. O IB teve sua origem na então Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas (FCMBB), Instituto Isolado de Ensino Superior do Estado de São Paulo, criado pela Lei Estadual nº 6860, de 22 de julho de 1962. Em 1976, instituiu-se, por meio da Lei Estadual nº 952, de 30 de janeiro, a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), que agregava os antigos Institutos Isolados de Ensino Superior do Estado de São Paulo. A partir de então, desmembrou- se a FCMBB em quatro unidades, que passaram a compor o quadro de unidades universitárias da Unesp, entre elas o Instituto Básico de Biologia Médica e Agrícola (IBBMA), que a partir de 20 de outubro de 1987 passou a denominar-se Instituto de Biociências de Botucatu. Atualmente, o Instituto de Biociências oferece os cursos de Ciências Biológicas, Ciências https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 Biomédicas, Física Médica e Nutrição. Para atender os seus mais de 1.000 alunos de graduação e cerca de 450 alunos de pós-graduação, conta com 13 Departamentos de ensino: Anatomia, Bioestatística, Botânica, Educação, Farmacologia, Física e Biofísica, Fisiologia, Genética, Microbiologia e Imunologia, Morfologia, Parasitologia, Química e Bioquímica e Zoologia. Além dos departamentos, integram o IBB três Unidades Auxiliares: Centro de Assistência Toxicológica – Ceatox, Centro de Microscopia Eletrônica - CME e Centro de Isótopos Estáveis – CIE e um Jardim Botânico (58 anos). Vivemos uma era marcada por grandes rupturas tecnológicas e tendências visíveis na evolução demográfica, nos fluxos migratórios, nos adensamentos urbanos, nas mudanças ambientais, na destruição das espécies animais e vegetais, na crise financeira dos estados brasileiros e no aprofundamento da dualidade socioeconômica. Tudo isso delineia um contexto de mutações rápidas que exigem a construção de novos saberes e a preparação de novas gerações habilitadas para absorvê-los. A universidade é um lugar onde novos horizontes são descobertos e novas gerações buscam, na diversidade dos tempos e dos conhecimentos, encontrar meios necessários para construir um mundo melhor. Cabe, portanto, à instituição acadêmica, atrair pessoas dispostas a repensar a nação e abraçar projetos alinhados com as expectativas da sociedade. Essa, constituída por ampla diversidade de atores, espera da universidade pública, além do seu incessante aprimoramento em prol do bem comum, um desempenho comparável às melhores instituições em escala global. Tais expectativas, quando atendidas, fortalecerão a sua reputação externa e, consequentemente, a autonomia universitária, precondição para um ensino superior de qualidade (Repensar a universidade II: Resultados e Impactos. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2019). Desempenho Acadêmico e Comparações Internacionais Pesquisa: A coautoria é uma das formas de registro da interação humana em âmbito científico de modo a revelar uma conexão de ideias entre dois ou mais autores (Vanz, 2009). Além disso, no sistema brasileiro, uma boa parte dos salários são pagos mediante a justificativa de que se destinam a manter atividades de pesquisa. Esse é o caso do adicional de tempo integral ou de dedicação exclusiva, e os salários de técnicos e pessoal de suporte à pesquisa, além de infraestrutura (incluindo espaço, energia elétrica, água, acesso à internet, correio). O argumento parece fraco, entretanto, dado que as provas didáticas nos concursos são realizadas em condições especiais e não conseguem aferir o que é mais importante no ensino: o entusiasmo e a dedicação com que o docente cria atividades, prepara aulas, elabora material didático e atende alunos no quotidiano do oferecimento de disciplinas. Assim, para efeito de avaliação, as atividades de extensão podem ser divididas em quatro classes: (i) culturais, que em princípio alcançam toda a população; (ii) de aperfeiçoamento, dirigidas para profissionais de diversas áreas; (iii) de apoio ou cooperação, cujo escopo é o setor empresarial; e (iv) sociais, que beneficiam, diretamente ou por meio de ações do poder público, segmentos específicos da sociedade. https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927001/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927001/download?wrap=1 A quantidade de publicações com nível aceitável e o tempo de titulação passaram a ser mais valorizados do que a qualidade do trabalho de formação de estudantes na PG. Alguns desafios se colocam, ligados às características da informação científica da atualidade: crescimento exponencial, superposição (overload), complexidade, acesso competitivo a recursos humanos e financeiros, crise no sistema de avaliação por pares e mudança de uma little science para uma big science, como já havia previsto Derek de Solla Price há mais de meio século (Solla Price, 19635) (Repensar a universidade II: Resultados e Impactos. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2019). Esse campo de estudos se vale de métodos que têm por requisitos a validade (serem capazes de medir efetivamente o que se pretende medir), relevância (seus resultados devem ser significativos ao contexto), confiabilidade (precisão), replicabilidade (igualmente aplicáveis a situações congêneres) e robustez (representativos de um conjunto considerável de dados). Análise da visibilidade científica a partir da web e as estatísticas de uso como um componente importante dessa visibilidade (downloads, acessos, visualizações, visitas etc), como demonstram os estudos de altmetria, baseados em mídias sociais (Mendeley, CiteULike etc.) e redes sociais (ResearchGate, Scholar Metrics, Academia, Facebook, Twitter etc.) (Repensar a universidade II: Resultados e Impactos. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2019). Os grandes desafios que sempre enfrentamos, agora globalizados, não ignoram o ensino superior, sempre em movimento, porém as mudanças que são necessárias devem ter uma trajetória mais positiva. O partilhar as ideias vigentes no ensino superior precisam alcançar gestores, professores e servidores técnicos administrativos. Referências bibliográficas compiladas: A alegria de ensinar. Rubem Alves. ARS Poetica Editora LTDA, 1994. On being a scientist: a guide to responsible conduct in research / Committee on Science, Engineering, and Public Policy, National Academy of Science, National Academy of Engineering, and Institute of Medicine of the National Academies. 3rd ed., 2009. Relatório de Ciências da UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 7, Place de Fontenoy, 75352, Paris 07 SP, França, 2021. Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2018. Repensar a universidade II: Resultados e Impactos. São Paulo: Com-Arte; Fapesp, 2019. https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927001/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927001/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927001/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927013/download?wrap=1 https://canvas.instructure.com/courses/1777989/files/84927001/download?wrap=1