Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Instituto de Artes VIVIANE COMUNALE A REDESCOBERTA DA ARTE DE ALFREDO OLIANI: SACRA E TUMULAR SÃO PAULO 2015 VIVIANE COMUNALE A REDESCOBERTA DA ARTE DE ALFREDO OLIANI: SACRA E TUMULAR Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Artes, do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista – Unesp, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Artes Visuais. Área de Concentração: Artes Visuais. Orientador: Prof. Dr. Percival Tirapeli. SÃO PAULO 2015 Ficha catalográfica preparada pelo Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Artes da UNESP C741r Comunale, Viviane,1976- A redescoberta da arte de Alfredo Oliani: Sacra e Tumular / Viviane Comunale. - São Paulo, 2015. 259 f. : il. color. Orientador: Prof. Dr. Percival Tirapeli Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Artes. 1. Arte sacra. 2. Monumentos funerários. 3. Escultura. 4. Arte – História. I. Oliani, Alfredo. II. Tirapeli, Percival. III. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Artes. IV. Título CDD 726.8981 VIVIANE COMUNALE A REDESCOBERTA DA ARTE DE ALFREDO OLIANI: SACRA E TUMULAR Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Artes Visuais no Curso de Pós-Graduação em Artes, do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista – Unesp, com a Área de Concentração em Artes Visuais, pela seguinte banca examinadora: __________________________________________ Prof. Dr. Percival Tirapeli Instituto de Artes – UNESP - Orientador __________________________________________ Prof. Dr. José Leonardo do Nascimento Instituto de Artes - UNESP __________________________________________ Profª. Drª. Maria Eliza Cezaretti Pesquisadora Independente __________________________________________ Local e data de aprovação Para Alfredo Oliani, fonte da minha inspiração. In Memorian. Dedico esta dissertação aos meus pais, sem eles não teria coragem para seguir adiante. À minha saudosa avó, que deve estar orgulhosa onde quer que ela esteja. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Percival Tirapeli, por ter acreditado no projeto e pela sua valiosa orientação, tornando esta dissertação possível. À CAPES, pela bolsa de pesquisa, viabilizando minhas investigações. Aos professores doutores do Instituto de Artes da UNESP – Universidade Estadual Paulista: José Leonardo do Nascimento e Milton Terumitsu Sogabe, pela disposição e incentivo. Aos funcionários do Setor de pós-Graduação em Artes na UNESP – Universidade Estadual Paulista: Ângela, Fábio e Gedalva. Ao Prof. Dr. José Minerini Neto, por me apresentar à Arte Tumular. Aos estimados Prof. Me. Christian Moura e Profª. Drª. Lilian Marta Grisolio, que me inspiraram a continuar na academia. À Profª. Drª. Maria Elizia Borges, pelas indicações bibliográficas sobre o assunto. À Profª. Maria Elisa Cezaretti, pelo carinho e pelas palavras de incentivo. Às minhas amigas Ana Paula Paes, Lucília Rezende de Andrade, Valéria Corassa, Valeria Cristina Cortizo Bicudo, pelo carinho e pelos conselhos. Às colegas de caminhada do Instituto de Artes da UNESP – Universidade Estadual Paulista: Cristiana Cavaterra, Eliana Lobo, Luciara Bruno, Priscila Andregheto e Tatiana Lunardelli, com quem partilhei angústias e incertezas desta jornada. À amiga Danielle Manuel Pereira dos Santos, que durante anos vem acompanhando minha pesquisa em Arte Tumular. Ao colega Arlindo Vicente Jr., pelo debate teológico. Aos funcionários da Secretária da Pós-Graduação pelo direcionamento e pelo apoio ao longo desta jornada Aos funcionários das Bibliotecas, Instituições, Museus e Paróquias, pelo profissionalismo com que me atenderam, possibilitando o acesso às informações. RESUMO O artista ítalo-brasileiro Alfredo Oliani (1906-1988) é uma daquelas pessoas que nascem predestinadas ao sucesso, seu olhar e sua sensibilidade o levaram a produzir obras magníficas presentes em cemitérios, igrejas e museus. Entretanto, seu talento não foi devidamente valorizado, fazendo com que suas obras ficassem à sombra das executadas por artistas como Galileo Emendabili (1898-1974) e Victor Brecheret (1894-1955), reconhecidos pelos trabalhos executados em espaços públicos e por algumas obras tumulares. A presente dissertação tem como objetivo a análise da biografia de Oliani, a catalogação de suas obras desenvolvidas no Estado de São Paulo, e a identificação de artistas que influenciaram de forma direta ou indireta sua produção artística. Palavras-Chave: Alfredo Oliani. Arte Sacra. Arte Tumular. Escultura. História da Arte. RESUMEN El artista ítalo-brasileño Alfredo Oliani (1906-1988) es una de aquellas personas que nace predestinado al suceso, su mirada y su sensibilidad lo llevaron a producir obras magnificas presentes en cementerios, iglesias y museos. Sin embargo su talento no fue correctamente reconocido, haciendo con que sus obras se quedasen a la sombra de las ejecutadas por artistas como Galileo Emendabili (1898-1974) y Víctor Brecheret (1894-1955), reconocidos por los trabajos ejecutados en espacios públicos y por algunas obras en tumbas. La presente disertación tiene como objetivo el análisis de la biografía del Oliani, la catalogación de sus obras desarrolladas en el Estado de São Paulo y la identificación de los artistas que influenciaron de forma directa o indirecta su producción artística. Palabras clave: Alfredo Oliani. Arte Sacra. Arte en Tumba. Escultura. Historia de la Arte. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Grande parte das imagens utilizadas nesta dissertação foi feita entre os anos de 2011 e 2015, pertencendo ao acervo pessoal da autora. Figura 1 O Batismo de Jesus. Alfredo Oliani. Pintura sobre tela, 1954.Capela São João Batista. Ilhabela, São Paulo _____________________________________________ 37 Figura 2 Mapa da Itália. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2014 _____________________________________________________ 39 Figura 3 Estudo. Alfredo Oliani,1922. Desenho a lápis. Tableau Artes &Leilões. São Paulo ___________________________________________________________________ 41 Figura 4 Estudo. Alfredo Oliani, 1923. Lápis e aquarela. Tableau Artes &Leilões. São Paulo ___________________________________________________________________ 41 Figura 5 Autorretrato. Alfredo Oliani, 1933.Bronze.Brunetti Artes, São Paulo. ____ 42 Figura 6 Cópia da ata de fundação do Centro Acadêmico. Escola Belas Artes, 2013. São Paulo ___________________________________________________________________ 43 Figura 7 Quadro comemorativo dos formandos. Alfredo Oliani, 1931. Madeira e Bronze. Escola de Belas Artes, São Paulo _________________________________________ 44 Figura 8 Adorno em bronze e detalhe da assinatura de Oliani no quadro dos formandos. Alfredo Oliani, 1931. Escola de Belas Artes. São Paulo _______________________ 44 Figura 9 Cópia da carta de desligamento. Escola de Belas Artes. São Paulo ______ 48 Figura 10 Recorte do Jornal Folha da Manhã, 28 de janeiro de 1938, São Paulo __ 50 Figura 11 As primeiras uniões luso-brasileiras. Alfredo Oliani, 1940. Gesso. Pinaccoteca do Estado de São Paulo, São Paulo _________________________________________ 51 Figura 12 Busto do Conde José Vicente de Azevedo. Alfredo Oliani, 1945. Bronze. Seminário do Ipiranga, São Paulo _________________________________________________ 52 Figura 13 Medalhão Arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva. Alfredo Oliani, 1959. Bronze. Seminário do Ipiranga, São Paulo ________________________________________ 53 Figura 14 Dom Duarte Leopoldo e Silva. Ordem do Carmelo Descalço, s/d. 53 Figura 15 Medalhão Arcebispo Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Alfredo Oliani, 1959. Bronze. Seminário Ipiranga, São Paulo _______________________________ 54 Figura 16 Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Ordem do Carmelo Descalço, s/d. Fotografia ___________________________________________________________ 55 Figura 17 São Paulo. Atribuída a Alfredo Oliani, 1954. Escultura, cimento. Igreja Nossa Senhora do Brasil, São Paulo ____________________________________________ 56 Figura 18 São Pedro. Atribuída a Alfredo Oliani, 1954. Escultura, cimento. Igreja Nossa Senhora do Brasil, São Paulo ____________________________________________ 56 Figura 19 São Paulo. Atribuída a Alfredo Oliani, 1969. Escultura, cimento. Santuário Nossa Senhora Aparecida, Aparecida do Norte ____________________________________ 57 Figura 20 São Pedro. Atribuída a Alfredo Oliani, 1969. Escultura, cimento. Santuário Nossa Senhora Aparecida, Aparecida do Norte ____________________________________ 57 Figura 21 Nossa Senhora Imaculada Conceição. Alfredo Oliani, 1966. Escultura, gesso. Colégio Emilie de Villeneuve, São Paulo ___________________________________ 59 Figura 22 Detalhe da assinatura na escultura N. Sra. Imaculada Conceição _______ 60 Figura 23 Detalhe da escultura N. Sra. Imaculada Conceição __________________ 60 Figura 24 Capa do livro Minha Ilha. Panorâmica da Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Autor desconhecido, s/d. Fotografia, Ilhabela ________________________ 61 Figura 25 Fachada da Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Restauração de Alfredo Oliani., década de 1950. Ilhabela _________________________________________ 65 Figura 26 São Sebastião. Alfredo Oliani, 1955. Escultura, cimento. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Ilhabela _________________________________________ 66 Figura 27 São Benedito. Alfredo Oliani., 1955. Escultura, cimento. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela _________________________________________ 67 Figura 28 São Paulo. Alfredo Oliani, 1955. Escultura, cimento. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela_________________________________________________ 69 Figura 29 São Pedro. Alfredo Oliani, 1955. Escultura, cimento. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela _________________________________________ 69 Figura 30 São Pedro. Alfredo Oliani, 1960. Escultura, cimento. Igreja Matriz de São Sebastião, Porto Ferreira ________________________________________ 70 Figura 31 São Paulo. Alfredo Oliani, 1960. Escultura, cimento. Igreja Matriz de São Sebastião, Porto Ferreira ________________________________________________________ 70 Figura 32 Nossa Senhora D´Ajuda. Alfredo Oliani., 1952. Pintura da nave central, madeira e pintura a óleo. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela __________ 72 Figura 33 Vista do Coro Nave Central. Restauração Alfredo de Oliani, 1954. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Ilhabela _________________________________ 73 Figura 34 Placa homenageando o Capitão-Mor Julião de Moura Negrão. Alfredo Oliani, 1953. Mármore travertino. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela 73 Figura 35 Santa Bárbara. Autor Desconhecido, s/d. Escultura, madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Ilhabela ____________________________ 74 Figura 36 Sequência Via Sacra. Alfredo Oliani, década de 1950. Terracota. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela _________________________________ 77 Figura 37 Batismo de Jesus Cristo. Alfredo Oliani, 1974. Pintura a óleo. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela ________________________________________ 78 Figura 38 Altar São Benedito. Restauração Instituto Cristóvão Colombo, 1955. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela ___________ 79 Figura 39 Altar Nossa Senhora de Fátima. Restauração Instituto Cristóvão Colombo, 1955. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela. Detalhe das esculturas de Lúcia, Jacinta e Francisco, executadas por Alfredo Oliani __________ 80 Figura 40 Altar Nossa Senhora Aparecida. Restauração do Instituto Cristóvão Colombo. S/d. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela ___ 81 Figura 41 Nossa Senhora Imaculada Conceição. Marino Del Fávero, 1918. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela. Peça com sinais de restauro descaracterizando a imagem _____________________________________ 82 Figura 42 Altar São Pedro. S/i. Restauração do Instituto Cristóvão Colombo. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Ilhabela ___________ 82 Figura 43 Pesca Milagrosa. Alfredo Oliani, 1958. Pintura a óleo. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela ________________________________________ 83 Figura 44 Detalhe da placa explicativa sobre o quadro. Alfredo Oliani, 1958. Pintura a óleo. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Ilhabela ______________________ 84 Figura 45 Ceia de Emaús. Alfredo Oliani, 1953. Pintura a óleo. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela ________________________________________________ 85 Figura 46 Sacrário. S/i., s/d. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela ______________________________________________________ 86 Figura 47 Antigo Sacrário da igreja. S/i., s/d. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela _________________________________________ 86 Figura 48 Documento de compra do altar-mor da Igreja de São Bernardo do Campo, assinado pelo artista Alfredo Oliani, 1955. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela ____________________________________________________________________ 87 Figura 49 Nossa Senhora D´Ajuda, séc. XVIII. Restauração de Gregório Torelli. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Ilhabela____________ 88 Figura 50 Altar-mor Nossa Senhora D´Ajuda, séc. XIX. Madeira. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela: ________________________________________ 89 Figura 51 Detalhe do coroamento e das volutas do Altar-mor Nossa Senhora D´Ajuda, séc. XIX. Madeira. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Ilhabela ___________ 89 Figura 52 São Francisco de Assis, 1958. Madeira policromada. Matriz Nossa D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela ______________________________________________________ 90 Figura 53 São José, 1958. Madeira policromada. Matriz Nossa D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela _____________________________________________________________ 90 Figura 54 Detalhe dos pés do Cristo. Atribuída a Alfredo Oliani, S/d. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela _______________________ 91 Figura 55 Detalhe dos pés presos na cruz n conjunto escultórico Cristo Crucificado. Atribuído a Alfredo Oliani, década de 1960. Gesso e Madeira..Paróquia Santa Rita de Cássia do Pari, São Paulo ____________________________________________________________ 91 Figura 56 Cristo morto. Atribuído a Alfredo Oliani., s/d. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela __________________________________ 92 Figura 57 Detalhe do Cristo morto. Atribuído a Alfredo Oliani., s/d. Madeira policromada. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela _______________________ 92 Figura 58 Mesa de comunhão de Nossa Senhora D´Ajuda, séc. XIX. Madeira. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela __________________________________ 93 Figura 59 Santíssima Trindade. Alfredo Oliani, séc. XX. Pintura no forro da capela-mor. Madeira e pintura a óleo. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela __ 94 Figura 60 Nossa Senhora Stella Maris. Alfredo Oliani, 1962. Escultura, gesso. Colégio Nossa Senhora Stella Maris, Guarulhos__________________________________________ 96 Figura 61 Detalhe da face da escultura Nossa Senhora Stella Maris. Alfredo Oliani., 1962. Escultura, gesso. Colégio Nossa Senhora Stella Maris. Guarulhos ______________ 98 Figura 62 Detalhe do manto da escultura Nossa Senhora Stella Maris. Alfredo Oliani., 1962. Escultura, gesso. Colégio Nossa Senhora Stella Maris. Guarulhos ______________ 99 Figura 63 Detalhe da assinatura do artista na escultura Nossa Senhora Stella Maris. Alfredo Oliani., 1962. Escultura, gesso. Colégio Nossa Senhora Stella Maris. Guarulhos ___ 99 Figura 64 Fachada da paróquia, 1941. Cimento e vidro. Paróquia Santa Rita de Cássia do Pari, São Paulo______________________________________________________ 100 Figura 65 Igreja São João Batista no Brás, s/d. Fotografia da fachada da igreja __ 101 Figura 66 Santa Rita de Cássia. Alfredo Oliani, 1968. Escultura, gesso. Paróquia Santa Rita de Cássia do Pari, São Paulo ___________________________________________ 102 Figura 67 Detalhe das feições da escultura Santa Rita de Cássia. Alfredo Oliani, 1968. Gesso. Paróquia Santa Rita de Cássia do Pari, São Paulo __________________________ 103 Figura 68 Assinatura do artista na escultura de Santa Rita de Cássia, 1968. Paróquia Santa Rita de Cássia do Pari. São Paulo _______________________________________ 104 Figura 69 Conjunto escultórico Cristo Crucificado. Atribuído a Alfredo Oliani, década de 1960. Gesso e madeira. Paróquia Santa Rita de Cássia do Pari. São Paulo ______ 104 Figura 70 Detalhe da expressão facial no conjunto escultórico Cristo Crucificado. Atribuído a Alfredo Oliani década de 1960. Gesso e madeira. Paróquia Santa Rita de Cássia do Pari. São Paulo __________________________________________________________ 105 Figura 71 Detalhe da mão presa na cruz no conjunto escultórico Cristo Crucificado. Atribuído a Alfredo Oliani, década de 1960. Gesso e madeira. Paróquia Santa Rita de Cássia do Pari, São Paulo __________________________________________________________ 106 Figura 72 Detalhe dos pés presos na cruz no conjunto escultórico Cristo Crucificado. Atribuído a Alfredo Oliani, década de 1960. Gesso e madeira. Paróquia Santa Rita de Cássia do Pari. São Paulo ___________________________________________________ 106 Figura 73 Detalhe da porta na Capela Funerária. Alfredo Oliani, 1931. Bronze e granito. Cemitério da Consolação, São Paulo_____________________________________ 108 Figura 74 Capela Funerária. Alfredo Oliani, 1931. Bronze e granito. Cemitério da Consolação, São Paulo________________________________________________ 108 Figura 75 Detalhe da porta da Capela Funerária. Alfredo Oliani, 1935. Bronze e granito. Cemitério do Araçá, São Paulo __________________________________________ 109 Figura 76 Capela Funerária. Alfredo Oliani, 1935. Bronze e granito. Cemitério do Araçá, São Paulo ______________________________________________________________ 110 Figura 77 Detalhe da escultura da Capela Funerária. Alfredo Oliani, 1935. Bronze e granito. Cemitério do Araçá, São Paulo __________________________________________ 111 Figura 78 Câmara Mortuária Monsenhor Agnaldo José Gonçalves. Alfredo Oliani, 1956. Bronze e granito. Cripta da Catedral Metropolitana da Sé de São Paulo, São Paulo 112 Figura 79 Detalhe do Medalhão Monsenhor Agnaldo José Gonçalves. Alfredo Oliani, 1956. Bronze e granito. Cripta da Catedral Metropolitana da Sé de São Paulo, São Paulo 113 Figura 80 Pantaleão Nicoletti. Alfredo Oliani, 1957. Bronze e granito. Cemitério do Brás, São Paulo ______________________________________________________________ 114 Figura 81Pantaleão Nicoletti. Alfredo Oliani, 1957. Bronze e granito. Cemitério do Brás. São Paulo ______________________________________________________________ 115 Figura 82 Detalhe do busto de Pantaleão Nicoletti. Alfredo Oliani, 1957. Bronze e granito. Cemitério do Brás. São Paulo ___________________________________________ 116 Figura 83 Pietá. Alfredo Oliani, 1928. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ___________________________________________________________________ 117 Figura 84 Detalhe da escultura Pietá. Alfredo Oliani, 1928. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo _____________________________________________________ 118 Figura 85 Detalhe do portão do túmulo da Pietá. Alfredo Oliani, 1928. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo _________________________________________ 119 Figura 86 Detalhe da floreira do túmulo da Pietá. Alfredo Oliani, 1928. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo _________________________________________ 119 Figura 87 São Francisco de Assis. Alfredo Oliani, 1930. Bronze e granito. Cemitério da Consolação, São Paulo ________________________________________________ 120 Figura 88 São Francisco de Assis. Alfredo Oliani, 1930. Bronze e granito. Cemitério da Consolação, São Paulo ________________________________________________ 121 Figura 89 Detalhe das andorinhas presentes na campa adornada por São Francisco de Assis. Alfredo Oliani. 1930. Bronze e granito. Cemitério da Consolação, São Paulo _____ 122 Figura 90 Triste separação. Alfredo Oliani,1948. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ______________________________________________________________ 123 Figura 91 Detalhe do epitáfio Giannini meu... Maria Clara no túmulo com a escultura Triste separação. Alfredo Oliani,1948. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo 124 Figura 92 Monumento a Victor Hugo. Auguste Rodin, 1890. Bronze. Musée Rodin, Paris __________________________________________________________________ 125 Figura 93Detalhe da figura feminina no conjunto escultórico Triste separação. Alfredo Oliani, 1948. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo_____________________ 126 Figura 94 Detalhes das esculturas em bronze no conjunto escultórico Triste separação.Alfredo Oliani, 1948. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ______________ 126 Figura 95 Detalhe das esculturas em bronze no conjunto escultórico Triste separação. Alfredo Oliani, 1948. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ______________ 127 Figura 96 Último adeus. Alfredo Oliani, 1945. Escultura, bronze e granito. Necrópole São Paulo. São Paulo ____________________________________________________ 128 Figura 97 Detalhe da escultura Último adeus. Alfredo Oliani, 1945. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ________________________________________ 129 Figura 98 Detalhe da escultura Último adeus. Alfredo Oliani, 1945. Bronze e granito. Necrópole São Paulo. São Paulo ________________________________________ 130 Figura 99 O último beijo. S/i., s/d. Mármore e gesso. Cemitério do Bonfim, Belo Horizonte __________________________________________________________________ 131 Figura 100 O beijo. Auguste Rodin, 1901/04. Mármore. Musée Rodin, Paris _____ 131 Figura 101 Via dolorosa. Alfredo Oliani, 1957. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ______________________________________________________________ 132 Figura 102 Detalhe do conjunto escultórico Via dolorosa. Alfredo Oliani., 1957. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo _________________________________ 133 Figura 103 Via dolorosa. Alfredo Oliani, 1957. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ______________________________________________________________ 134 Figura 104 Via dolorosa. Alfredo Oliani, 1957. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ______________________________________________________________ 134 Figura 105 Detalhes da Via dolorosa. Alfredo Oliani, 1957. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ____________________________________________________ 135 Figura 106 Portão do túmulo da Via dolorosa. Alfredo Oliani, 1957. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo _________________________________________ 135 Figura 107 Vestal con velo. Rafaelle Monti (1818–1881), 1861. Escultura, mármore. Chatsworth House, Derbyshire, England __________________________________ 137 Figura 108 Fotografia Auguste Rodin. Gertrude Kasebier, 1905. Musée Rodin, Paris139 Figura 109 Estudo do busto de Carrier-Belleuse. Auguste Rodin, 1882. Terracota. Musée Rodin. Paris _________________________________________________________ 140 Figura 110 A idade do bronze. Auguste Rodin, 1876. Bronze. Musée Rodin. Paris _ 141 Figura 111Estudo São João Baptista pregando. Auguste Rodin, 1877. Terracota. Musée Rodin. Meudon_____________________________________________________________ 142 Figura 112 Três sombras. Auguste Rodin, 1880. Bronze. Musée Rodin, Paris _____ 143 Figura 113 O pensador. Auguste Rodin 1900. Bronze. Musée Rodin. Paris _______ 144 Figura 114 O pensador. S/i., s/d. Bronze. Cemitério do Brás. São Paulo _________ 144 Figura 115 Estudo Os burgueses de Calais. Auguste Rodin, 1884/86. Terracota. Musée Rodin, Paris _______________________________________________________________ 145 Figura 116 Mausoléu Família Siciliano. Amadeu Zani, 1915/16. Bronze e granito. Cemitério da Consolação, São Paulo ______________________________________________ 147 Figura 117 Pintura em afresco no teto do Mausoléu Família Siciliano. Amadeu Zani, 1915/16. Mármore e pintura em afresco. Cemitério da Consolação. São Paulo ____________ 148 Figura 118 Detalhes dos ornamentos no Mausoléu Família Siciliano. Amadeu Zani, 1915/16. Mármore e pintura em afresco. Cemitério da Consolação, São Paulo ____________ 149 Figura 119 Detalhes dos ornamentos no Mausoléu Família Siciliano. Amadeu Zani, 1915/16. Mármore Carrara. Cemitério da Consolação, São Paulo______________________ 149 Figura 120 Detalhes da arquitetura no Mausoléu Família Siciliano. Amadeu Zani, 1915/16. Mármore Carrara. Cemitério da Consolação, São Paulo______________________ 150 Figura 121 Detalhes da fachada no Mausoléu Família Siciliano. Amadeu Zani, 1915/16. Mármore Carrara. Cemitério da Consolação, São Paulo______________________ 151 Figura 122 Detalhes dos ornamentos no Mausoléu Família Siciliano. Amadeu Zani, 1915/16. Mármore Carrara. Cemitério da Consolação, São Paulo______________________ 151 Figura 123 Detalhes dos ornamentos no Mausoléu Família Siciliano. Amadeu Zani, 1915/16. Mármore Carrara. Cemitério da Consolação, São Paulo _____________________ 152 Figura 124 Interrogação. Leopoldo e Silva, s/d. Granito. Cemitério da Consolação, São Paulo __________________________________________________________________ 154 Figura 125 Detalhe da escultura Interrogação. Leopoldo e Silva, s/d. Granito. Cemitério da Consolação, São Paulo________________________________________________ 155 Figura 126 Solitudo. Leopoldo e Silva, s/d. Granito. Cemitério da Consolação, São Paulo __________________________________________________________________ 156 Figura 127 Jó. Leopoldo e Silva, s/d. Mármore. Cripta da Catedral Metropolitana da Sé de São Paulo. São Paulo _________________________________________________ 158 Figura 128 Jó. Leopoldo e Silva, s/d. Mármore. Cripta da Catedral Metropolitana da Sé de São Paulo. São Paulo _________________________________________________ 158 Figura 129 A lenda grega. Nicola Rollo, 1920. Bronze e granito. Cemitério da Consolação, São Paulo __________________________________________________________ 161 Figura 130 Detalhe da escultura feminina Eurídice, no conjunto escultórico A lenda grega. Nicola Rollo, 1920. Bronze e granito. Cemitério da Consolação. São Paulo ______ 162 Figura 131 Detalhe do conjunto escultórico A lenda grega. Nicola Rollo, 1920. Bronze e granito. Cemitério da Consolação. São Paulo ______________________________ 163 Figura 132 Pianto su l´Arpa muta – Euterpe. Nicola Rollo, 1920. Bronze e granito. Cemitério da Consolação. São Paulo _____________________________________________ 163 Figura 133 Pietá. L. Bussaca, s/d. Mármore. Necrópole São Paulo, São Paulo ___ 165 Figura 134 Portada principal em estilo Neoclássico. Ramos de Azevedo. Séc. XIX. Granito e ferro. Cemitério da Consolação. São Paulo. Existem informações que o portão foi executado pelo Liceu de Artes e Ofícios ___________________________________________ 171 Figura 135 Planta do Cemitério da Consolação ____________________________ 172 Figura 136 Túmulo da benfeitora Domitila de Castro Canto e Melo, séc. XIX. Alvenaria e mármore. Cemitério da Consolação. São Paulo ____________________________ 173 Figura 137 Capela. Ramos de Azevedo, séc. XIX. Alvenaria, madeira e vidro. Cemitério da Consolação. São Paulo________________________________________________ 173 Figura 138 Capela gótica da Família E. Siniscalchi. Atribuída à Marmoraria J. Savoia s/d. Mármore e vidro. Cemitério da Consolação. São Paulo _______________________ 174 Figura 139 Conjunto escultórico do Presidente Campos Salles. Rodolpho Bernardelli, 1916. Bronze e granito. Cemitério da Consolação, São Paulo _______________________ 175 Figura 140 Capela. S/i., 1897. Alvenaria, madeira e vidro. Cemitério do Araçá, São Paulo ___________________________________________________________________ 176 Figura 141 Jazigo Família Antônio Lerário. S/i, s/d. Bronze e granito. Cemitério do Araçá. São Paulo ___________________________________________________________ 178 Figura 142 Capela Familia Joaquim Rodrigues. S/i, s/d. Granito e mármore. Cemitério do Brás, São Paulo ______________________________________________________ 180 Figura 143 Capela sem informações sobre a família. S/i., s/d. Alvenaria. Cemitério do Brás, São Paulo ___________________________________________________________ 181 Figura 144 Mapa da Necrópole São Paulo_________________________________ 182 Figura 145 Eternidade. S/i, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo 183 Figura 146 Nossa Senhora apresentando o Menino Jesus. Antelo Del Debbio, década de 1930. Gesso. Coleção Particular ______________________________________________ 184 Figura 147 Modelos de vasos feitos em série. Antelo Del Debbio, s/d. Bronze. Necrópole São Paulo. São Paulo _____________________________________________________ 185 Figura 148 Mausoléu Família Salim Farah Maluf. Antelo Del Debbio, 1943. Bronze e mármore travertino. Necrópole São Paulo. São Paulo ________________________ 186 Figura 149 Detalhes dos conjuntos escultóricos laterais do mausoléu Família Salim Farah Maluf. Antelo Del Debbio, 1943. Bronze. Necrópole São Paulo, São Paulo _______ 187 Figura 150 Detalhe do túmulo da Família Habib Yazbek. Antelo Del Debbio., s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo __________________________________ 188 Figura 151 Detalhe do túmulo da Família Elia Betti.Antelo Del Debbio, 1938. Bronze e granito. _____________________________________________________________ 188 Figura 152 Túmulo da Família Sabbag. Antelo Del Debbio, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo__________________________________________________ 189 Figura 153 Detalhe São Miguel Arcanjo. Antelo Del Debbio, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo__________________________________________________ 190 Figura 154 Logomarca do artista. Eugenio Prati. s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo. São Paulo __________________________________________________________ 191 Figura 155 A pranteadora. Eugenio Prati, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ______________________________________________________________ 192 Figura 156 Detalhe do túmulo. Eugenio Prati, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo __________________________________________________________ 193 Figura 157 Nosso Senhor dos Passos. Eugenio Prati, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ____________________________________________________ 194 Figura 158 Luminária votiva. Eugenio Prati, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo ______________________________________________________________ 195 Figura 159 Detalhe da esfinge. Eugenio Prati, 1937. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo __________________________________________________________ 196 Figura 160 Alegoria da saudade. Eugenio Prati, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo __________________________________________________________ 197 Figura 161Alegoria da saudade. Eugenio Prati, s/i. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo __________________________________________________________ 198 Figura 162 Herói da Revolução Constitucionalista de 1932. Eugenio Prati, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo. São Paulo _________________________________ 199 Figura 163 Detalhe do Herói da Revolução Constitucionalista de 1932. Eugenio Prati, s/d. Bronze e granito. Necrópole São Paulo. São Paulo__________________________ 200 Figura 164 Retrato do escultor Galileo Emendabili _________________________ 201 Figura 165 Monumento Ramos de Azevedo. Galileo Emendabili, 1933. Bronze e granito. Cidade Universitária. São Paulo ________________________________________ 204 Figura 166 Detalhe da escultura do artista no Monumento Ramos de Azevedo. Galileo Emendabili., 1933. Bronze e granito. Cidade Universitária, São Paulo __________ 204 Figura 167 Detalhe da escultura da musa no Monumento Ramos de Azevedo. Galileo Emendabili, 1933. Bronze e granito. Cidade Universitária, São Paulo __________ 205 Figura 168 32. Galileo Emendabili, 1950. Granito. Parque do Ibirapuera. São Paulo206 Figura 169 32. Galileo Emendabili, 1950. Granito. Parque do Ibirapuera. São Paulo209 Figura 170 Detalhe da Porta da Glória no Monumento. Galileo Emendabili., 32, 1950. Granito. Parque do Ibirapuera. São Paulo _________________________________ 210 Figura 171 Mosaico das classes operárias dentro do monumento de 32. Galileo Emendabili, 1957. Parque do Ibirapuera. São Paulo ___________________________________ 211 Figura 172 Detalhe dos arcos internos que mantém os poemas sobre a cidade de São Paulo e a sua revolução, no monumento 32. Galileo Emendabili, 1957. Granito. Parque do Ibirapuera, São Paulo ___________________________________________________________ 212 Figura 173 O mosaico interno Natividade no Monumento 32. Galileo Emendabili, 1951/56. Parque do Ibirapuera, São Paulo ________________________________________ 213 Figura 174 O mosaico interno Martírio no monumento 32. Galileo Emendabili, 1951/56. Parque do Ibirapuera, São Paulo ________________________________________ 213 Figura 175 O mosaico interno Ressurreição no Monumento 32. Galileo Emendabili, 1951/56. Granito. Parque do Ibirapuera, São Paulo _________________________________ 214 Figura 176 Sagrada Família. Galileo Emendabili, 1938. Bronze e granito. Necrópole São Paulo, São Paulo _____________________________________________________ 215 Figura 177 Adeus. Galileo Emendabili, 1953. Bronze e mármore travertino. Cemitério da Consolação, São Paulo ________________________________________________ 216 Figura 178 Detalhe da escultura em bronze. Galileo Emendabili, 1953. Bronze e mármore travertino. Cemitério da Consolação. São Paulo ____________________________ 217 Figura 179 Detalhe da escultura. Galileo Emendabili.1953. Bronze e mármore travertino. Cemitério da Consolação, São Paulo _____________________________________ 218 Figura 180 Capela Românica. Galileo Emendabili, 1948. Bronze e mármore travertino. Necrópole São Paulo. São Paulo _________________________________________ 218 Figura 181 Porta Mística – Profana e Cristo dourado Ressurreto. Galileo Emendabili, 1948.Bronze e mármore travertino. Necrópole São Paulo, São Paulo ____________ 220 Figura 182 Túmulo Família Forte. Galileo Emendabili, 1944. Bronze e granito. Necrópole São Paulo. São Paulo _____________________________________________________ 220 Figura 183 Victor Brecheret . Acervo Instituto. Fotografia do artista, 1919 _______ 221 Figura 184 Detalhe da face da Musa Impassível. Victor Brecheret, 1923. Mármore. Pinacoteca do Estado de São Paulo. São Paulo _______________________________________ 222 Figura 185 Musa Impassível. Victor Brecheret, 1923. Mármore. São Paulo. São Paulo 223 Figura 186 O sepultamento, “Mise au Tombeau”. Victor Brecheret, 1923. Granito. Cemitério da Consolação, São Paulo _____________________________________________ 224 Figura 187 Detalhe da assinatura do artista na base do conjunto escultórico. O Sepultamento, Mise au Tombeau, Victor Brecheret, 1923. Granito. Cemitério da Consolação. São Paulo __________________________________________________________________ 225 Figura 188 Anjos. Victor Brecheret, 1950. Bronze e mármore travertino. Necrópole São Paulo, São Paulo __________________________________________________________ 226 Figura 189 Detalhe das asas estilizadas no conjunto escultórico Anjos. Victor Brecheret, 1950. Bronze e mármore travertino. Necrópole São Paulo, São Paulo ________________ 227 Figura 190 Detalhe da face do anjo no conjunto escultórico Anjos. Victor Brecheret,1950. Bronze e mármore travertino. Necrópole São Paulo. São Paulo ________________ 227 Figura 191 Cruz. Victor Brecheret, s/d. Granito e cimento. Cemitério da Consolação. São Paulo ______________________________________________________________ 228 Figura 192 As musas. Victor Brecheret, s/d. Bronze e granito. Cemitério da Consolação. São Paulo ______________________________________________________________ 229 Figura 193 Cristo Triunfante na Cruz. Galileo Emendabili , década de 1960. Gesso esmaltado e madeira. Capela Nossa Senhora Stella Maris, Guarulhos ___________________ 243 Figura 194 Nossa Senhora Stella Maris. Galileo Emendabili, década de 1960. Gesso esmaltado e madeira. Capela Nossa Senhora Stella Maris, Guarulhos __________ 244 Figura 195 Carta de reconsideração à instituição, manuscrito pelo artista Alfredo Oliani, Escola de Belas Artes, 1940. São Paulo ___________________________________ 245 Figura 196 Protocolo de recebimento pela Congregação da carta de reconsideração escrita pelo artista Alfredo Oliani. Escola de Belas Artes, 1940. São Paulo ____________ 246 Figura 197 Parecer da instituição. Escola de Belas Artes, 1940. São Paulo _____ 2477 Figura 198 Parecer da instituição. Escola de Belas Artes, 1940. São Paulo ______ 248 Figura 199 Parecer da instituição. Escola de Belas Artes, 1940. São Paulo ______ 248 Figura 200 Documento sobre o patrimônio histórico de Ilhabela, s/d. Biblioteca Pública Municipal de Ilhabela. ________________________________________________ 251 Figura 201 Planta da Vila com destaque para o fórum e a cadeia, 2001. Biblioteca Pública Municipal de Ilhabela__________________________________________________252 Figura 202 Recorte de jornal sobre a Igreja Matriz, s/d. Biblioteca Pública Municipal de Ilha Bela________________________________________________________________253 Figura 203 Projeto do Memorial da Família Forte. Galileo Emendabili, 1944. Lápis sobre papel. Disponível no site _________________ 255 Figura 204 Guia de visitação no Cemitério da Consolação. Prefeitura da Cidade de São Paulo. ___________________________________________________________________ 257 Figura 205 Guia de visitação no Cemitério da Consolação. Prefeitura da Cidade de São Paulo. ___________________________________________________________________ 258 Figura 206 Fotografia do modelo Auguste Neyt. Gaudêncio Marconi., 1877. Fotografia. Musée Rodin _________________________________________________________ 259 SUMÁRIO INTRODUÇÃO _____________________________________________________ 33 1 REDESCOBRINDO O ARTISTA _____________________________________ 39 1.1 O início de uma grande jornada ___________________________________ 40 1.2 A primeira grande premiação _____________________________________ 46 1.3 O retorno ao Brasil ______________________________________________ 51 1.4 A fase mais produtiva do artista ___________________________________ 52 1.5 A participação nos salões de arte ___________________________________ 55 1.6 As obras atribuídas ao artista _____________________________________ 56 1.7 As obras sacras de Oliani _________________________________________ 58 1.7.1 Nossa Senhora Imaculada Conceição _____________________________ 58 1.7.2 Igreja Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso ______________________ 61 1.7.3 Nossa Senhora Stella Maris _____________________________________ 96 1.7.4 Santa Rita de Cássia e O Cristo Crucificado _______________________ 100 1.8 - As obras tumulares de Oliani ___________________________________ 107 1.8.1 Capelas funerárias ___________________________________________ 107 1.8.2 Monsenhor Agnaldo José Gonçalves _____________________________ 112 1.8.3 Pantaleão Nicoletti ___________________________________________ 114 1.8.4 Pietá ______________________________________________________ 117 1.8.5 São Francisco de Assis ________________________________________ 119 1.8.6 Triste separação _____________________________________________ 123 1.8.7 Último adeus _______________________________________________ 127 1.8.8 Via dolorosa ________________________________________________ 132 2 AS INFLUÊNCIAS ARTÍSTICAS ___________________________________ 139 2.1 Auguste Rodin__________________________________________________ 139 2.1.1 Três sombras ________________________________________________ 143 2.1.2 O pensador _________________________________________________ 144 2.1.3 Os burgueses de Calais ________________________________________ 145 2.2 Amadeu Zani___________________________________________________ 146 2.2.1 Mausoléu Família Siciliano _____________________________________ 147 2.2.2 O surgimento da Zani Fundição Artística e Metalúrgica ______________ 153 2.3 Leopoldo e Silva ________________________________________________ 153 2.3.1 Interrogação ________________________________________________ 154 2.3.2 Solitudo ____________________________________________________ 156 2.3.3 Jó e São Jerônimo ____________________________________________ 157 2.3.4 A documentação sobre o artista e a sua obra _______________________ 159 2.4 Nicola Rollo ____________________________________________________ 159 2.4.1 A Arte Tumular de Nicola Rollo _________________________________ 161 2.4.2 A lenda grega ________________________________________________ 161 2.4.3 Pianto su L´Arpa Muta (Euterpe) ________________________________ 163 3 A ARTE DOS ESCULTORES ITALIANOS NOS CEMITÉRIOS PAULISTANOS ___________________________________________________________________ 167 3.1 O surgimento dos cemitérios extramuros ___________________________ 167 3.1.1 Uma breve introdução _________________________________________ 167 3.1.2 Os enterramentos nos espaços sagrados ___________________________ 169 3.1.3 O início da Arte Tumular nos cemitérios paulistanos _________________ 170 3.2 Antelo Del Debbio _______________________________________________ 183 3.2.1 Capela funerária _____________________________________________ 186 3.2.2 O anjo pensativo _____________________________________________ 188 3.2.3 Aceitação ___________________________________________________ 189 3.3 Eugenio Prati __________________________________________________ 191 3.3.1 Nosso Senhor dos Passos ______________________________________ 193 3.3.2 Esfinge ____________________________________________________ 195 3.3.3 Alegoria da saudade__________________________________________ 196 3.3.4 Herói da Revolução Constitucionalista ___________________________ 198 3.4 Galileo Emendabili _____________________________________________ 201 3.4.1 32 ________________________________________________________ 206 3.4.2 A Sagrada Família ___________________________________________ 214 3.4.3 Adeus _____________________________________________________ 216 3.4.4 Capela românica ____________________________________________ 218 3.4.5 Ausência (O pão) ____________________________________________ 220 3.5 - Victor Brecheret ______________________________________________ 221 3.5.1 A musa impassível ___________________________________________ 222 3.5.2 O sepultamento ______________________________________________ 223 3.5.3 O anjo _____________________________________________________ 225 3.5.4 Anjos ______________________________________________________ 226 3.5.5 A cruz _____________________________________________________ 228 3.5.6 A Pietá ____________________________________________________ 228 3.5.7 As musas ___________________________________________________ 229 3.5.8 A liberdade de criação ________________________________________ 229 CONSIDERAÇÕES FINAIS __________________________________________ 231 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________ 233 APÊNDICES _______________________________________________________ 243 APÊNDICE A – CAPELA NOSSA SENHORA STELLA MARIS – ITAPEGICA - GUARULHOS/SP __________________________________________________ 243 APÊNDICE B – DOCUMENTAÇÃO DA ACADEMIA BELAS ARTES – SÃO PAULO/SP ________________________________________________________ 245 ANEXOS ___________________________________________________________ 251 ANEXO A – IGREJA NOSSA SENHORA D´AJUDA E BOM SUCESSO – VILA - ILHABELA/SP ____________________________________________________ 251 ANEXO B – PROJETO DO TÚMULO DA FAMÍLIA FORTE – NECRÓPOLE SÃO PAULO – SÃO PAULO/SP ___________________________________________ 255 ANEXO C – PLANTA BAIXA DO CEMITÉRIO DA CONSOLAÇÃO – SÃO PAULO/SP ________________________________________________________ 257 ANEXO D – ACERVO DO MUSÉE RODIN ____________________________ 259 33 INTRODUÇÃO As esculturas tumulares sempre me fascinavam, enxergava nesse espaço dedicado à dor e ao sofrimento, um lugar onde era possível admirar as diversas estátuas sobre os túmulos. Durante a graduação fui apresentada aos estudos da Arte Tumular, uma área de pesquisa que na Europa já contava com muitos estudiosos, entre eles o historiador francês Phillipe Ariès (1914-1984), autor das obras História da morte no ocidente: da Idade Média aos nossos dias, e O homem diante da morte. No Brasil essa pesquisa se iniciou com o historiador Clarival do Prado Valladares (1918-1983), o primeiro a fazer um levantamento de toda a Arte Tumular presente nos cemitérios. Seu livro, Arte e sociedade nos cemitérios brasileiros, tornou-se referência no assunto. O interesse no estudo dos campos-santos e a possibilidade de estudá-los de forma acadêmica, me motivaram a iniciar uma pesquisa dedicada à Arte Tumular paulistana. Ao longo das pesquisas de campo encontramos obras importantes dentro das necrópoles da Capital, algumas de artistas italianos, outras de escultores famosos como Galileo Emendabili (1898-1974), Nicola Rollo (1889-1970) e Victor Brecheret (1894-1955), conhecidos também por executarem obras em diversos logradouros públicos. Em uma dessas visitas à Necrópole São Paulo, no bairro de Pinheiros, encontramos um conjunto escultórico próximo à entrada, feito em bronze e assinado pelo artista paulistano Alfredo Oliani (1906-1988). A obra batizada de Último adeus é um convite a uma reflexão sobre a dor, a separação e a morte. Pesquisando sobre esse artista, encontramos uma citação no Dicionário das Artes Plásticas no Brasil, do pesquisador Roberto Pontual (1939). O verbete faz um pequeno resumo sobre as qualificações de Oliani, “escultor e gravador, que frequentou a Escola de Belas Artes e recebeu diversos prêmios pela sua obra.” (PONTUAL, 1969, p. 392). É citada apenas uma obra produzida pelo artista: Primeiras uniões luso-brasileiras, em exposição na Pinacoteca de São Paulo. Essas informações são reproduzidas em diversos sites especializados sobre o assunto. Pesquisando outros campos-santos, identificamos mais obras tumulares do artista dentro dos Cemitérios do Araçá, da Consolação e do Brás, este também conhecido como Quarta Parada. Todas as obras identificadas foram fundidas no bronze, o que demonstra a habilidade 34 do artista para trabalhar com esse material, além de ser um excelente retratista, pois cada figura esculpida apresentava características próprias. Essas indagações nos levaram a levantar maiores informações sobre quem de fato foi Alfredo Oliani, quais as suas inspirações para a construção de obras tumulares e sacras, que artistas contemporâneos influenciaram o seu trabalho e por que alguém com tamanha qualidade técnica ficou à margem da História da Arte Brasileira. Para responder a estas perguntas, foi necessário levantar fontes bibliográficas que contribuíssem para a contextualização do período histórico em que o artista atuou. Identificar as fontes primárias disponíveis nos acervos das instituições Liceu de Artes e Ofícios e Escola de Belas Artes de São Paulo, onde o artista iniciou sua trajetória nas Artes Plásticas, utilizando os conceitos propostos pelo historiador francês Marc Block (1886-1944) em seu livro Apologia da história ou o ofício do historiador. Levantar e catalogar as obras encontradas na cidade de São Paulo, nos cemitérios, nas igrejas e nos colégios religiosos. Analisar as obras por meio do estudo iconográfico proposto por Erwin Panofsky (1892-1968), no Significado nas artes visuais. A dissertação está dividida em três capítulos: O primeiro capítulo inclui três partes. Na primeira refizemos os passos do artista dentro da História da Arte, preenchendo as lacunas existentes sobre a sua biografia, utilizando as fontes primárias encontradas dentro do acervo da Escola Belas Artes de São Paulo e da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Na segunda catalogamos e analisamos as obras sacras executadas pelo artista e presentes em igrejas e colégios religiosos na cidade de São Paulo. Incluímos aqui o importante trabalho realizado por ele no restauro da Matriz de Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, localizada em Ilhabela. Na terceira e última parte nos dedicamos a levantar, catalogar e analisar as obras tumulares feitas por Oliani, que se encontram na Capital. O segundo capítulo traz referências sobre os artistas que influenciaram o trabalho de Oliani, como o escultor francês Auguste Rodin (1840-1917) que, com sua técnica, proporcionava aos espectadores apreciar suas obras ganharem vida, por meio do movimento e dos detalhes criados. O poeta austríaco Rainer Maria Rilker (1875-1926) conviveu com Rodin durante muitos anos, o que o levou à confecção de um livro sobre essa experiência: Rodin. Os pesquisadores Rudolf Wittkower (1901-1971) em Escultura e Walter Zanini (1925-2013) em Tendências da escultura moderna auxiliaram o entendimento da obra de Rodin e nos permitiram fazer comparações com as obras fundidas em bronze por Oliani no Brasil. 35 Os artistas Amadeu Zani (1869-1944) e Leopoldo e Silva (1879-1948) foram selecionados a partir das fontes primárias encontradas no acervo da Escola de Belas Artes de São Paulo, ambos responsáveis, em períodos distintos, por ministrar a disciplina de Anatomia e Escultura. O italiano Nicola Rollo foi selecionado devido à amizade de longa data com Oliani, que já havia trabalhado com ele no Liceu de Artes e Ofícios, na década de 1920. Também foi professor da disciplina de Desenho Ornato na Belas Artes. Fora do ambiente acadêmico Oliani frequentava o ateliê de Rollo para aperfeiçoar sua técnica com o bronze. Além das fontes primárias, utilizamos como referência outras dissertações que abordam o tema, escritas por Mirtes Timpanaro – A morte como memória: imigrantes nos cemitérios da Consolação e do Brás – e Maria Cecília Martins Kunigk – Nicola Rollo (1889-1970): Um escultor na modernidade brasileira. No último capítulo abordaremos o surgimento da Arte Tumular nos cemitérios extramuros estudados ao longo da pesquisa; para complementar, escolhemos falar dos artistas italianos que executavam obras tumulares nos cemitérios paulistanos. Os artistas não vinculados ao meio acadêmico eram chamados de artesãos, prestavam serviços nas diversas marmorarias da cidade e do interior do Estado, seguindo catálogos que lhes permitiam executar réplicas de obras de arte, atendendo a clientela que os procuravam. Alguns pesquisadores se aprofundaram nos estudos da Arte Tumular brasileira, como Harry Rodrigues Bellomo, que fez um levantamento iconográfico dos cemitérios no sul em seu livro Cemitérios do Rio Grande do Sul: arte, sociedade e ideologia. E também Maria Elizia Borges e seu estudo sobre os marmoristas paulistas, em seu livro Arte Tumular: a produção dos marmoristas de Ribeirão Preto no período da Primeira República. Quanto aos artistas, selecionamos aqueles que produziram obras semelhantes à desenvolvida por Oliani. Os italianos Antelo Del Debbio (1901-1971) e Eugenio Prati (1889- 1979) são responsáveis por uma vasta produção de estatuária em bronze, proporcionando assim a ambos o título de maiores escultores tumulares da cidade de São Paulo. Outro italiano, Galileo Emendabili veio para o Brasil em busca de reconhecimento artístico, instalando-se próximo à colônia italiana na cidade. E em pouco tempo acabou tendo o seu merecido reconhecimento: além de vencer diversos concursos artísticos, executou inúmeras obras para os cemitérios da Capital. Porém, sua obra tumular mais marcante não está 36 em um cemitério - para celebrar a Revolução Constitucionalista de 1932, Emendabili construiu o Obelisco Mausoléu ao soldado constitucionalista de 1932, no Parque do Ibirapuera. E, por fim, analisamos as obras de Victor Brecheret, que também deixou a sua marca na Arte Tumular paulistana: sua obra premiada em Paris – Mise au tombeau – foi comprada pela amante das artes Olívia Guedes Penteado (1872-1934), para adornar o jazigo da família no Cemitério da Consolação. Hoje essa obra é um dos túmulos mais visitados no cemitério. Além de trabalhar com o granito, o artista desenvolveu uma estatuária em bronze, para ornamentar os túmulos da Capital. Grande parte das imagens utilizadas nessa dissertação foram tiradas pela autora entre os anos de 2011 e 2015 e relacionadas em uma lista de ilustrações para facilitar a identificação. Esperamos que esta dissertação possa trazer a obra do artista Alfredo Oliani de volta à história da arte brasileira. 37 CAPÍTULO 1 REDESCOBRINDO O ARTISTA Figura 1 O Batismo de Jesus. Alfredo Oliani. Pintura sobre tela, 1954.Capela São João Batista. Ilhabela, São Paulo 38 39 1 REDESCOBRINDO O ARTISTA Alfredo Oliani é um daqueles artistas que nasce predestinado ao sucesso, seu olhar e sua sensibilidade o levaram a produzir obras magníficas, presentes em cemitérios, igrejas e museus. Entretanto, seu talento não foi devidamente reconhecido, fazendo com que suas obras ficassem à sombra das executadas por artistas como Galileo Emendabili e Victor Brecheret, reconhecidos pelos trabalhos executados em espaços públicos e por algumas obras tumulares. O talento de Oliani foi influenciado por sua família, que chegou ao Brasil no final do século XIX. Seu pai, Tito Oliani (1877-1949), um italiano humilde vindo da cidade de Ostíglia, localizada na província de Mântua, cursou o primário e música na cidade natal, aliás esta última sempre foi uma das maiores paixões da família, “junto com seus irmãos chegaram a fundar um grupo musical Concertino Musicale Fratelli Oliani que ensaiava à noite para tocar em festas e bailes.” (OLIANI, 1983, p.7). Figura 2 Mapa da Itália. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2014 Ao chegar no Brasil, Tito conhece a jovem paulista Marcellina Bossa, com quem se casa e inicia a sua família. Talentoso, ele foi baixo cantante1 do coro da Catedral Metropolitana de São Paulo, na época regido pelo maestro Furio Franceschini (1880-1976). Porém, para 1 O baixo cantante é o tipo de voz que tem como principal característica a potência bem equilibrada. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2014. 40 sobreviver em São Paulo, era necessário trabalhar duro e os irmãos de Tito chegaram por aqui em busca de melhores condições de vida, assim a família Oliani decidiu trabalhar na construção de uma nova cidade: Os italianos chegados a nova terra encontraram uma série de dificuldades graves a serem superadas: o clima, a língua, os costumes, o sistema de trabalho, as pessoas, que eram diferentes do que haviam deixados, provavelmente diferentes mesmo de como eles os haviam imaginados. Para vencer e resistir deviam possuir muito espírito de adaptação e uma grande tenacidade. (SALMONI; DEBENEDETTI, 1981, p. 57). Iniciaram seus trabalhos como serventes, pedreiros, frentistas, mestres de obras e construtores. O próprio Tito trabalhou na construção de diversos edifícios, entre eles a residência do maestro Furio Franceschini, a Igreja Bom José do Ipiranga e o Noviciado das Irmãs Salesianas, onde depois funcionou a antiga Faculdade São Marcos, todas essas obras no bairro do Ipiranga. Os irmãos Luiz e Edmundo seguiam a carreira musical, Alfredo e José dedicavam–se aos estudos de desenhos arquitetônicos na escola Tranquilo Cremona. José foi auxiliar de seu pai em diversas obras, até que em 1927 abandona o trabalho de pedreiro para seguir à Europa para estudar canto. Existem registros que Alfredo também participou do coro da Catedral, mas a sua vocação sempre foi o desenho, por isso iniciou desde cedo seus estudos, que contribuíram para a sua formação como artista. Neste capítulo iremos redescobrir a vida desse incrível artista e de suas obras sacras e tumulares. 1.1 O início de uma grande jornada Alfredo Oliani tinha vocação para desenhos artísticos e por isso os estudava paralelamente ao ensino tradicional. O primeiro reconhecimento de seu talento veio no final de “1918 onde recebeu o Diploma de VI Prêmio e Menção de Honra de II Grau (LAUDANNA; 41 ARAUJO, 2010, p. 223).” A comissão julgadora deste prêmio era composta por artistas, entre eles estava Pedro Alexandrino (1856 - 1942). Em 1920 Oliani passa a frequentar o ateliê do artista italiano Nicola Rollo, localizado no bairro do Ipiranga. No local funcionava ainda uma “pequena fundição de bronze, aonde chegaram a trabalhar também mestres do Liceu de Artes e Ofícios.” (KUNIGK, 2001, p. 51). Decidido a estudar a arte da escultura, entre os anos de 1921 e 1922, Oliani entra para o Liceu de Artes e Ofícios onde estuda Perspectiva com o italiano Aladino Divani (1878-1928) e Desenho Ornato com o próprio Rollo. Infelizmente, durante as pesquisas não encontramos os Figura 3 Estudo. Alfredo Oliani,1922. Desenho a lápis. Tableau Artes &Leilões. São Paulo Figura 4 Estudo. Alfredo Oliani, 1923. Lápis e aquarela. Tableau Artes &Leilões. São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 22 mar. 2014 42 documentos que comprovam essa passagem do artista pelo Liceu, provavelmente essa documentação foi perdida na enchente de 1973. Para aprimorar seus estudos, em 1926 matricula-se no curso de Escultura na recém- fundada Escola de Belas Artes de São Paulo. Durante seus estudos teve como professores artistas renomados, entre eles: Leopoldo e Silva (1879 -1948), Oscar Pereira da Silva (1865 - 1939) e Amadeu Zani (1869 -1944). Em 1929 faz a obra Sonhando, uma cabeça feminina em bronze semelhante à obra de Auguste Rodin pela beleza e a sutileza de detalhes. Em 1933 produz um autorretrato em bronze, obra recentemente localizada em uma coleção particular. Oliani participou de diversos concursos: Quando ainda aluno da Escola de Belas Artes tomou parte de concursos de projetos para a ereção de um monumento a Sto. Antônio, patrocinado pelo Instituto Paulista de Arquitetos (IPA). Entre trinta projetos apresentados coube-lhe o Segundo Prêmio, sendo júri composto por Frei Paulo Linzig, o arquiteto Dr. Bruno Simões Magro, a escultura Nicolina Vaz de Assis e o prof. Teodoro Braga. (LAUDANNA; ARAUJO, 2010, p. 225). Em 1930 o professor de História da Arte, Ulysses Paranhos (1880-1954) encomenda uma escultura em bronze ao jovem estudante, representando São Francisco de Assis, para ornamentar o túmulo da família no Cemitério da Consolação. O jovem Oliani já demonstrava seu talento e brilhantismo na composição dessas obras, que abordaremos adiante. O reconhecimento de seu trabalho veio ao final do curso: Oliani foi agraciado com o Prêmio Ondina Paranhos. Sua atuação dentro da Belas Artes o faz aceitar o convite para formar a comissão fundadora do Centro Acadêmico, em 1930. Figura 5 Autorretrato. Alfredo Oliani, 1933.Bronze.Brunetti Artes, São Paulo. 43 Figura 6 Cópia da ata de fundação do Centro Acadêmico. Escola Belas Artes, 2013. São Paulo Na década de 1930, mudanças significativas aconteciam no Brasil. O gaúcho Getúlio Vargas (1882 -1954) inicia o Governo Provisório, com a ajuda dos interventores federais que administram as capitais brasileiras. “Com Vargas à frente [...], foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, seu primeiro ministro foi Francisco Campos.” (MINOZZI, 2007, p. 6). Vinculado ao ministério estava o novo Departamento de Educação Física: afinal essa nova disciplina tornava-se obrigatória nas escolas públicas e particulares, e Oliani foi contratado como desenhista-projetista desse departamento. 44 Figura 7 Quadro comemorativo dos formandos. Alfredo Oliani, 1931. Madeira e Bronze. Escola de Belas Artes, São Paulo. Fotografia: Adriana Bastista Figura 8 Adorno em bronze e detalhe da assinatura de Oliani no quadro dos formandos. Alfredo Oliani, 1931. Escola de Belas Artes. São Paulo Nos anos seguintes continuou a produzir obras tumulares. Em conjunto com a Marmoraria Tavolaro projetou a porta em bronze da capela funerária da Família Gabrilli, no Cemitério da Consolação, e a capela funerária para a Família Raul Setti, no Cemitério do Araçá, trabalhando em conjunto com a Casa Maia. Em 1934 o interventor de São Paulo, Armando Salles de Oliveira (1887-1945), por meio do decreto nº 6.111, de 4 de outubro de 1933, criou o regulamento para a realização do I Salão de Belas Artes de São Paulo: A maioria de seus participantes era constituída de artistas consagrados com as mais altas premiações do Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Entre eles, sem desmerecer outros: Oscar Pereira Silva, Eliseu Visconti, Pedro Alexandrino, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi (....). (ANTONELLI, 2003). 45 Alfredo Oliani concorreu no Salão de Belas Artes e assim como Eliseu Visconti (1866- 1944) saiu com uma Menção Honrosa. Fato que contribuiu para que, em 1936, fosse escolhido como professor de Modelagem na Escola de Belas Artes de São Paulo. No mesmo período foi regulamentado o Conselho de Orientação Artística no Estado de São Paulo, com o objetivo de estimular os artistas paulistas na produção artística (música, composição, pintura e escultura), por meio de concursos: REGULAMENTO PARA O CONCURSO AO PREMIO DE APERFEIÇOAMENTO ARTISTICO, INSTITUIDO PELO ART. 10 DO DECRETO N. 5.361, DE 28 DE JANEIRO DE 1932 Art.1.º - O Governo do Estado manterá, como prêmio de aperfeiçoamento artístico, em viagem de estudos ao extrangeiro, de accôrdo com os artigos 6.°, 7.°,8.°,9.° e 10 e seus paragraphos, do dec. n. 5.361 de 28 de janeiro de 1932, artistas paulistas que obtiverem classificação nos concursos abertos para o aperfeiçoamento de estudos de música, de pintura e de escultura. Art. 2.º - As provas para o concurso do prêmio de aperfeiçoamento effectuar-se-ão em dia e logar determinado pelo Conselho de Orientação Artística de São Paulo. Art. 3.º - Somente poderão inscrever-se neste concurso: a) - artistas paulistas que tiverem curso completo em estabelecimento de ensino artístico, superior, official, mantido pelo Estado ou por elle reconhecido; b) - artistas paulistas até a edade máxima de 30 annos, que provarem possuir cultura e conhecimentos equivalentes aos diplomados a que se refere a alínea anterior. § 1.º - No requerimento de inscripção, ao Conselho de Orientação Artística, o candidato deverá indicar nome, filiação e apresentar documentos de certidão de edade, prova de identidade, prova de sanidade e prova de idoneidade moral. § 2.º - Os possuidores de títulos ou diplomas deverão juntar os mesmos ao requerimento de inscrição. Art. 4.º - Constarão os concursos de dois gêneros de provas: 1.°) - Provas eliminatórias, a que só se submetterão os concorrentes não diplomados, de accôrdo com a letra b, do artigo anterior. 2.°) - Provas definitivas a que concorrerão os aprovados nas eliminatórias e os diplomados. Art. 5.º - Os Jurys para esses concursos serão constituídos por cinco membros indicados pelo Conselho de Orientação Artística, nomeados pelo Secretário da Educação e da Saúde Pública. Art. 6.º - Feita a classificação pelo Jury, será ella submettida a approvação do Conselho de Orientação Artística, o qual por sua vez, encaminhará ao Secretário da 46 Educação para os devidos fins. Art. 7.º - Os pontos, que serão de 0 a 100, constituirão as várias notas a serem dadas pelo Jury por escrutínio secreto, devendo de tudo ser lavrada acta assignada pelos cinco membros do Jury. § 1.º - Os concorrentes, que não attingirem a média 50 no conjuncto das provas eliminatórias, serão reprovados. § 2.º - A classificação dos concorrentes, nas provas eliminatórias ou definitivas, será pela média das notas obtidas nas várias provas e trabalhos contando-se nas provas theoricas o valor pela metade. Art. 8.º - Os candidatos ao concurso de aperfeiçoamento para compositores poderão apresentar seus trabalhos impressos ou manuscriptos. Parágrafo único - Esses trabalhos serão entregues a Secretaria do Conselho em envolucros amarrados e lacrados, serão archivados e depois entregues ao Jury, que dará nota após o julgamento das provas definitivas. Art. 9.º - Havendo empate na classificação será escolhido o candidato mais moço. Art. 10 - Todas as provas ficarão archivadas na Secretaria de Conselho de Orientação Artística. (SÃO PAULO, 1932).2 1.2 A primeira grande premiação Oliani, que pertencia ao quadro de funcionários do Departamento de Educação Física, decidiu inscrever-se no Concurso de Aperfeiçoamento no Estrangeiro, com o objetivo de ampliar os conhecimentos na arte da escultura com os artistas europeus. Para participar o candidato deveria demonstrar o conhecimento em provas práticas e teóricas3: Art. 26. - A prova eliminatória para aperfeiçoamento de escultura constará de seguinte: a) - execução de um desenho do natural, de uma cabeça clássica em gesso, dentro do prazo de seis dias das 8 ás 11 horas; b) - execução de um desenho a lápis e régua de um móvel, objecto, elemento ou fragmento de uma architectura, posto a distância, devendo o concorrendo indicar na prova a linha do horizonte e as linhas convergentes aos pontos de vista e de fuga, assim como indicar a luz e as sombras; c) - uma prova escripta e oral de Anatomia Plástica de accôrdo com o programma da 2 Decreto n.5.361, de 28 de janeiro de 1932. Disponível em: . Acesso em 02 fev. 2014. 3 Decreto n. 7.687, de 26 de maio de 1936. Disponível em: . Acesso em 02 fev. 2014. 47 Escola de Bellas Artes (prova teórica); d) - prova escripta de História da Arte de accôrdo com o programma da Escola de Bellas Artes (prova theorica). Art. 27. - A prova definitiva constará de: a) - um torso (fragmento) modelado do natural em tamanho normal, em três dias; b) - uma composição de 50 x 70 cms, desenhada sob thema sorteado, feita no mesmo dia, em 6 horas no máximo de trabalho continuo; c) - desenvolvimento plástico, em nove horas, do desenho de composição sorteado, nas dimmensões do desenho. (SÃO PAULO, 1932) Em dezembro do mesmo ano veio a coroação de seu trabalho: Oliani ganhou na Seção de Escultura junto com outros artistas, entre eles o pintor paulista Antônio de Pádua Dutra (1905-1939). O curso de aperfeiçoamento encaminhava os artistas para Florença, na Itália, onde eles deveriam permanecer por dois anos, dedicando-se aos estudos; para isso seria necessária a inscrição no Curso Regular da Real Academia de Belas Artes de Florença. No relato do próprio Oliani4: Este concurso levou muitos artistas à Europa, onde deram continuidade a formação clássica, algumas vezes acadêmica recebida no Brasil e este afastamento das vanguardas modernistas valeu aos artistas certa marginalização da imprensa local, que sem dúvida se identificava e mesmo participava dos movimentos de renovação plástica, onde o rompimento com o passado e a tradição configuravam as preocupações básicas e a tradição figurativa era vista com reservas e portadora de uma ideologia passadista. (LOURENÇO, 1984). Sem dúvida, esses artistas não eram tão divulgados pela imprensa, mas muitos se dedicaram a trabalhar sob encomenda para a execução de diversas obras públicas, sacras e tumulares. O que se desejava para tal demanda eram as conquistas da arte mimética, a levar o homem às recordações de fatos e pessoas, que servissem como paradigma aos valores aceitos pela sociedade. (LOURENÇO, 1984). Para gozar de seu prêmio, Oliani precisaria se licenciar de seu cargo no Departamento de Educação Física e das suas atividades na Academia de Belas Artes. Em 15 de fevereiro de 1937, redigiu uma carta solicitando o seu afastamento do quadro de funcionários, porém se colocando à disposição da Academia durante a sua estadia na Europa, conforme a imagem abaixo: 4 Relato do artista à então diretora da Pinacoteca de São Paulo, Maria Cecília França Lourenço, para compor o boletim Prêmio Aquisição – homenagem feita em julho de 1984. 48 Figura 9 Cópia da carta de desligamento. Escola de Belas Artes. São Paulo. Disponível em: . Acesso em 22 mar. 2015 Fazendo buscas em periódicos e jornais da época, encontramos duas matérias que parabenizam os artistas pela conquista do prêmio. A primeira no jornal Diário Popular, em 3 de maio de 1937, onde quem concede a entrevista é o próprio Oliani, destacando seus objetivos de estudar muito para melhorar as técnicas artísticas e ser conhecido no estrangeiro. Outro fato importante é que tanto Oliani quanto Pádua Dutra, que aqui exerciam cargos públicos, aproveitariam a viagem para conhecer a metodologia de ensino europeu. Em outra matéria publicada no jornal Folha da Manhã, em 29 de janeiro de 1938, o texto menciona como os artistas ganharam o Prêmio de Aperfeiçoamento e exalta o fato de Oliani ser um ex-aluno da Escola de Belas Artes. Como o período em que ficou na Europa não está no dossiê escrito pelo artista, deixaremos aqui uma lacuna a ser respondida quando tivermos a oportunidade de consultar o acervo da Academia de Belas Artes de Florença, na Itália. 49 Algumas informações coletadas a respeito foram reunidas no livro De Valentim a Valentim (2010) de Mayra Laudanna e Emanuel Araújo. De acordo com o texto, os artistas se fixaram em Florença, porém Pádua Dutra adoeceu e veio a falecer em 1939. Apesar do infortúnio, Oliani conseguiu se matricular na academia e foi o único dos estrangeiros a se diplomar em dois anos. Em Florença, o artista produziu provavelmente diversas obras, entretanto documentadas por ele temos: Moça Umbra, Cabeça de Velho, Busto Vasco Chari em bronze, e a Santíssima Trindade em gesso, esta executada para a Grande Exposição de Arte Religiosa na cidade, que ocorreria em dezembro de 1939. Por determinação do governo brasileiro, o artista voltou em outubro daquele ano, ou seja, seis meses antes do final do prazo, não participando da exposição em Florença. O paradeiro dessas obras até o momento é desconhecido. Ao retornar ao Brasil, Oliani reassumiu duas funções no Departamento de Educação Física, mas o mesmo não ocorreu na Escola de Belas Artes. 50 Figura 10 Recorte do Jornal Folha da Manhã, 28 de janeiro de 1938, São Paulo 51 Em 7 de janeiro de 1940, ele escreveu uma carta5 de próprio punho, endereçada ao diretor da academia. O objetivo é reaver o seu cargo de docente, afinal o professor que o substituiu teria o contrato findado no mês de maio e Oliani, com toda a experiência adquirida na Europa, se considerava o melhor candidato ao posto. A carta foi encaminhada pelo professor Ulysses Paranhos para um advogado e deixou a decisão a critério da diretoria. Como Oliani prestava serviços como professor contratado, a instituição não aceitou o seu pedido de reconsideração6. 1.3 O retorno ao Brasil Devido a sua experiência no exterior, o artista foi convidado a participar da Grande exposição dos centenários de Portugal, no pavilhão brasileiro. A obra executada foi chamada de As primeiras uniões luso-brasileiras, doada pelo próprio artista à Pinacoteca de São Paulo, em 1947. Durante a década de 1940 participou de várias edições do Salão Paulista de Belas Artes, saindo sempre premiado. Em 1945, Oliani executou o busto do Conde José Vicente de Azevedo (1859-1944), doador do terreno onde fica o Seminário Arquidiocesano e o Arquivo da Cúria de São Paulo. 5 Vide Apêndice B. 6 Vide Apêndice B. Figura 11 As primeiras uniões luso-brasileiras. Alfredo Oliani, 1940. Gesso. Pinaccoteca do Estado de São Paulo, São Paulo 52 Após a conclusão de seu curso em Florença, o governo brasileiro decidiu premiar o artista com uma viagem a todo o território nacional e a alguns países da América Latina: Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru. Mas participando de tantos salões essa viagem só aconteceria em 1947. Oliani decidiu viajar durante 18 meses. O saldo dessa viagem para o artista foi a confecção de 300 desenhos e estudos sobre os locais por onde passou. O seu retorno à cidade fica completo com a instalação de um ateliê no bairro do Ipiranga, onde ele poderia ministrar aulas de desenho, de pintura, de escultura e de água-forte, técnica estudada em Florença com o mestre italiano Celestino Celestin (1882-1962). Pintores como o uruguaio Pedro Alzaga (1920-2005) e o italiano Vicente Mecozzi (1909-1964) colaboraram nesse curso. 1.4 A fase mais produtiva do artista No dossiê escrito por Oliani, disponível na Pinacoteca do Estado de São Paulo, o artista faz diversas citações, entre elas a sobre o trabalho em conjunto com a pintora Maria Cecília Serva em 1948, colaboração que resultou na pintura da capela na Creche Preventório Santa Terezinha, localizada na Rua Mourato Coelho, em São Paulo. Até o momento não conseguimos identificar o imóvel para verificar se a pintura continua no local. O trabalho de Oliani foi intenso a partir da década de 1950. Executou diversas obras para igrejas, envolveu-se na restauração da Matriz de Nossa Senhora D´Ajuda em Ilhabela e na execução de outras obras públicas nessa cidade. Infelizmente alguns desses projetos não saíram Figura 12 Busto do Conde José Vicente de Azevedo. Alfredo Oliani, 1945. Bronze. Seminário do Ipiranga, São Paulo 53 do papel, porém, por sua preocupação com a cidade e com o seu patrimônio, ele foi agraciado com o título de Cidadão Caiçara e com uma Medalha de Mérito. Executou em 1956, para a cidade de Piracicaba, uma herma em homenagem ao pintor e amigo: Antônio de Pádua Dutra. No ano seguinte foi a vez de Itapira receber uma obra sua, um busto em bronze, homenageando o Soldado constitucionalista. Em 1959, Alfredo Oliani foi agraciado com a Cruz pro Ecclesia et Pontifice, concedida pelo Papa João XXIII em agradecimento pelos serviços prestados à Igreja. No mesmo ano fez dois medalhões para adornar a entrada da Igreja Imaculada Conceição, no Seminário do Ipiranga. Um deles é dedicado ao primeiro Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva (1897-1938). Importante líder da Paróquia de Santa Cecília entre os anos de 1895 e 1904, esse religioso reuniu um “número significativo dos integrantes dessa elite na cidade de São Paulo.” (ROMANO, 2008, p. 1). Figura 14 Dom Duarte Leopoldo e Silva. Ordem do Carmelo Descalço, s/d. Fotografia Figura 13 Medalhão Arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva. Alfredo Oliani, 1959. Bronze. Seminário do Ipiranga, São Paulo 54 A pesquisadora Cristina de Toledo afirma: Sua atuação nesse contexto paroquial o destacou no âmbito da Igreja, pois, também atendeu aos ideais da Instituição que buscava apoio político e econômico para a sua manutenção na ordem republicana. Assim, tal atuação garantiu-lhe a ascensão ao episcopado, em 1907, e ao arcebispado de São Paulo, um ano depois. (ROMANO, 2008, p. 1). O outro medalhão foi dedicado a Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta (1890- 1982), Arcebispo de Aparecida, responsável pela construção da Basílica de Nossa Senhora Aparecida e um dos fundadores da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Infelizmente não temos fontes que indiquem sobre essa encomenda, mas acreditamos que Oliani tinha uma relação muito próxima com o Cardeal Motta que, de 1944 a 1964, esteve à frente da Arquidiocese de São Paulo, exatamente o período mais produtivo do artista na execução de obras sacras. Aprofundaremos mais o assunto adiante. Figura 15 Medalhão Arcebispo Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Alfredo Oliani, 1959. Bronze. Seminário Ipiranga, São Paulo 55 Figura 16 Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Ordem do Carmelo Descalço, s/d. Fotografia 1.5 A participação nos salões de arte Mesmo com todas as encomendas recebidas, Oliani sempre participava dos Salões de Belas Artes7 promovidos pelo Estado de São Paulo, sem deixar de vencer em alguma das categorias existentes. Alguns resultados: I Salão Paulista de Belas Artes São Paulo menção honrosa 1937 VII Salão Paulista de Belas Artes São Paulo medalha de prata 1941 42º Salão Nacional de Belas Artes Rio de Janeiro medalha de bronze 1942 VIII Salão Paulista de Belas Artes São Paulo Prêmio Prefeitura 1942 53º Salão Nacional de Belas Artes Rio de Janeiro medalha de bronze 1942 II Salão Bahiano Belas Artes Salvador medalha de ouro 1950 XVI Salão Paulista de Belas Artes São Paulo Prêmio Prefeitura 1951 XXX Salão Paulista de Belas Artes São Paulo medalha de ouro 1951 Mérito Câmara Municipal Ilhabela condecoração 1958 Cidadão Caiçara Ilhabela condecoração 1958 Pro Ecclesia et Pontifice Vaticano condecoração 1959 7 Extraído do relato do artista à então diretora da Pinacoteca de São Paulo, Maria Cecília França Lourenço, para compor o boletim Prêmio Aquisição – homenagem feita em julho de 1984. 56 XV Salão da Primavera Curitiba medalha de prata 1963 Medalha Revolução 32´ São Paulo M.M.D.C 1964 XIII Salão de Belas Artes Piracicaba medalha de prata 1965 Medalha Assembleia Legislativa São Paulo Revolução de 32 1965 XV Salão de Belas Artes Piracicaba medalha de ouro 1967 XI Salão de Belas Artes Santos medalha de prata 1970 XVIII Salão de Belas Artes Piracicaba Prêmio Escultura 1970 XX Salão de Belas Artes Piracicaba Prêmio Escultura 1972 1.6 As obras atribuídas ao artista Segundo as informações contidas no dossiê escrito por Oliani, ele foi responsável pela execução de diversas obras, porém nem todas foram assinadas pelo artista, o que nos leva a pensar que algumas delas possam ter sido confeccionadas por alunos de seu ateliê. Oliani cita em seu dossiê ter executado duas esculturas em cimento para compor a fachada da Igreja Nossa Senhora do Brasil, localizada no Jardim Paulista. As esculturas seriam São Paulo e São Pedro. Figura 17 São Paulo. Atribuída a Alfredo Oliani, 1954. Escultura, cimento. Igreja Nossa Senhora do Brasil, São Paulo Figura 18 São Pedro. Atribuída a Alfredo Oliani, 1954. Escultura, cimento. Igreja Nossa Senhora do Brasil, São Paulo 57 Estas obras não apresentam a assinatura do artista, porém o site da igreja afirma que a autoria é dele, inclusive cita que a escultura de São Pedro foi uma doação do empresário José Ermírio de Moraes (1900-1973). Outras esculturas de São Paulo e de São Pedro atribuídas ao artista estão localizadas sobre o portão principal da Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Figura 19 São Paulo. Atribuída a Alfredo Oliani, 1969. Escultura, cimento. Santuário Nossa Senhora Aparecida, Aparecida do Norte Figura 20 São Pedro. Atribuída a Alfredo Oliani, 1969. Escultura, cimento. Santuário Nossa Senhora Aparecida, Aparecida do Norte Por questões de segurança estas fotografias foram feitas pelos responsáveis pela manutenção do Santuário: as esculturas estão a 2,50 metros do solo, o que dificulta a captação 58 de seus detalhes. Comparando as fotografias, percebemos que as esculturas não apresentam os mesmos atributos, vemos que são as feições que seguem as características das obras do artista. Mais adiante, em uma análise sobre a Matriz de Nossa Senhora D´Ajuda, localizada em Ilhabela, falaremos mais sobre essas duas esculturas também presentes na ilha, porém com características diferentes das apresentadas aqui. Acreditamos que este levantamento biográfico possa ser alterado, levando-se em consideração que devem existir mais obras do artista que não foram catalogadas. A seguir analisaremos as obras sacras desenvolvidas pelo artista. 1.7 As obras sacras de Oliani 1.7.1 Nossa Senhora Imaculada Conceição Oliani tinha a preocupação de catalogar todos os seus trabalhos, e foi acessando o seu dossiê, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, que chegamos à obra Nossa Senhora Imaculada Conceição. Esta escultura encontra-se dentro do Colégio Emilie de Villeneuve, na zona sul de São Paulo, uma instituição católica fundada pela Madre Yves Poupon (1893-1974), também conhecida como Madre Iva. A religiosa, após a passagem pelas cidades de Cuiabá e Cáceres, em Mato Grosso, decidiu vir para a Capital. O terreno de 18.420 metros quadrados, no Jardim Prudência, foi comprado em 13 de julho de 1949. A intenção de construir um noviciado e um Colégio era expandir ainda mais a obra das Irmãs Azuis no Brasil, instaladas no Mato Grosso desde 1904. (COLÉGIO EMILIE DE VILLENEUVE, 2014). Em 1º fevereiro de 1955 a pequena escola entra em funcionamento: [...] instalada no térreo do prédio. As irmãs aceitavam alunos de ambos os sexos, embora isso não fosse prática comum na época [...]. [...] O Colégio Emilie de Villeneuve era a construção mais vistosa de um bairro da periferia de São Paulo, praticamente desabitado na época. As ruas não eram asfaltadas, não havia luz elétrica e o córrego que passava na atual av. Vereador João de Luca, por não ser canalizado, transbordava em época de chuva e deixava o prédio em construção completamente ilhado. (COLÉGIO EMILIE DE VILLENEUVE, 2014). Nos anos seguintes o colégio torna-se uma instituição muito importante na região, o que deve ter motivado Madre Iva a encomendar uma escultura em agradecimento a Nossa Senhora Imaculada Conceição. 59 Por falta de documentação no colégio, as irmãs acreditavam que a escultura em gesso, encomendada na década de 1960, fora feita na França.8 Porém, ao observá-la, identificamos um estilo artístico semelhante ao encontrado no Colégio Nossa Senhora Stella Maris, que veremos depois. Figura 21 Nossa Senhora Imaculada Conceição. Alfredo Oliani, 1966. Escultura, gesso. Colégio Emilie de Villeneuve, São Paulo Esta escultura encontra-se pendurada a 2,5 metros do solo e pode ser observada do patamar intermediário. Buscando informações sobre o artista francês que a executou, tivemos uma grata surpresa, a obra pertencia a Alfredo Oliani. 8 Depoimento à autora em 2013. 60 Figura 22 Detalhe da assinatura na escultura N. Sra. Imaculada Conceição Assim como outras obras do artista, esta Imaculada Conceição de Oliani apresenta traços singelos que concedem a ela uma aparência angelical, mas também misericordiosa. Os olhos semiabertos parecem conceder o perdão a quem a observa. Figura 23 Detalhe da escultura N. Sra. Imaculada Conceição A redescoberta desta escultura deixou a todos no colégio felizes, afinal a obra mais admirada ali não era de um artista estrangeiro e sim de um artista brasileiro, que para eles agora tem um nome: Alfredo Oliani. 61 1.7.2 Igreja Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso9 Nossa Senhora D’Ajuda recebe esse nome por que no momento da crucificação Cristo oferecia sua vida pelos homens e Nossa Senhora ajudaria os pecadores. O culto a essa santa veio para o Brasil junto com os colonizadores portugueses10. Figura 24 Capa do livro Minha Ilha. Panorâmica da Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Autor desconhecido, s/d. Fotografia, Ilhabela É na cidade de Ilhabela, no litoral paulista, que encontramos a Matriz de Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Não existem documentos sobre a sua construção, mas de acordo com a Diocese de Caraguatatuba, os únicos registros existentes são os relatos do padre português Manoel Gomes Pereira (?-1718), que no século XVIII era o vigário da cidade de São Sebastião. Foi ele que autorizou a construção da primeira capela dedicada à santa, em 1697. 9 Texto apresentado no XXII Encontro Estadual de História em Santos – UNISANTA/2014. 10 Depoimento do Padre Daniel Inácio à autora em 2014. 62 O morro do Baepi, local que abriga a matriz, foi uma doação dos sesmeiros que buscavam erguer uma capela de devoção, segundo Marx (1991 apud SOARES; MORAES, 2011, p.43). Ela acolheria também os moradores em pequenas porções de sua gleba, tornando- se instrumento de urbanização e criando uma nova paisagem. Muitos destes terrenos tinham como proprietários os santos padroeiros das igrejas em questão, onde em um deles, melhor posicionado, era erguida uma capela. Nos demais terrenos, iniciava-se a implantação de residências e casas de comércio. Iniciada com a construção de umas poucas moradias e uma capela, a configuração do lugar era acompanhada pelas congregações religiosas. Quando elevadas à categoria de Vila, uma Casa de Câmara e Cadeia era construída, e também um pelourinho era erguido nas proximidades, de modo a representar a autoridade civil. (NASCIMENTO, 2008). O atual pároco, Padre Daniel Inácio, relata que a primeira construção foi erguida com mão de obra escrava, utilizando pedras, conchas e óleo de baleia, e provavelmente terminou entre 1716 e 171811. Até 1750 a administração da capela foi feita pelos reverendos vigários. Após essa data, em troca de esmolas, os pescadores da Praia da Armação assumem o compromisso de cuidar do local. Com o tempo a falta de conservação leva a construção a se deteriorar, sendo necessário reconstruí-la novamente. Essa nova reforma ficou a cargo do Sr. Matheus José Bittencourt que, em 1793, foi nomeado zelador da capela pelo Bispo Frei Manoel de Ressurreição. Com o fim da zeladoria de Bittencourt, a administração da mesma foi para as mãos de membros da comunidade, que destruíram ou perderam vários aparatos da capela. Um documento encontrado na paróquia e redigido pelo artista Alfredo Oliani (1972) afirma que o “Capitão Julião de Moura Negrão Neto encontrou a capela despojada de seus paramentos, alfaias, retábulos, nicho e até da imagem da padroeira, com fins interesseiros, arruinada pela ação do tempo”12. Essa condição acaba por motivar mais uma reforma, porém não encontramos os documentos originais que servem como base para esse relato. Encontramos, na Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil, registros da chegada da Família Moura Negrão ao povoado de Nossa Senhora D´Ajuda. O Capitão-Mor Julião Moura Negrão (? -1780) e a sua esposa, Ignez de Oliveira Leite (? -1779), foram membros importantes nesse povoado. Com o falecimento de ambos – e vale ressaltar que 11 Depoimento à autora do Padre Daniel Inácio, em 2014. 12 Paramentos litúrgicos utilizados para a realização das missas, como casulas, estola e toalhas para o altar. Alfaias: panos e objetos encapados utilizados junto com os vasos sagrados. Retábulos feitos em madeira ou pedra ficam na parte posterior de um altar. Nichos: cavidade aberta na parede para abrigar imagens. Informações prestadas pelo Padre Daniel Inácio. 63 estão enterrados na ilha – a tarefa de elevar o povoado à condição de vila coube aos seus descendentes, entre eles o Capitão Julião Moura Negrão Neto. Tanto o documento encontrado na biblioteca da ilha, que mapeia os patrimônios históricos da cidade13, como os documentos presentes na Diocese de Caraguatatuba apontam para uma nova reforma, que teria acontecido em 1793, com o objetivo de reconstruir a capela. Em 1800 se inicia uma nova construção, desta vez para erguer uma igreja. A obra durou três anos e foi inaugurada em 2 de fevereiro de 1803, com a benção do Padre João Rodrigues Coelho. Conforme o documento sobre os dados geográficos da ilha: Atendendo a reinvindicações de moradores, que já passavam de três mil, a portaria de 03 de setembro de 1805 desanexou da Vila de São Sebastião o povoado de Nossa Senhora D´Ajuda que adquiriu então o status de vila, com o nome de Villa Bella da Princeza. (NOGUEIRA, [18--?]). Com a emancipação da ilha foram construídos o paço do conselho, a cadeia e o pelourinho, fazendo com que o povoado fosse elevado à condição de vila, que passou a ser chamada de Villa Bella da Princeza, em homenagem à irmã de D. Pedro I, a Princesa da Beira. Concluída a construção da igreja, em 20 de setembro de 1809 ela foi elevada à condição de Matriz, tendo como seu primeiro vigário colado14 o Padre David da Graça Silva e Veiga15. Depois de tantos anos de desenvolvimento, no início da década de 1930 a vila passou por diversos problemas relacionados à falta de emprego e de alimentos. No documento escrito por Cláudia França Nogueira, em maio de 1934 o interventor de São Paulo, Armando Salles de Oliveira, extinguiu por meio de um decreto todos os municípios que não produziam renda suficiente; entre eles estava a Villa Bella da Princeza. Em dezembro do mesmo ano um decreto revoga a decisão, por entender que a vila era prejudicada pela falta de comunicação com o continente. Com a chegada das estradas de rodagem, ligando São Sebastião a São Paulo, a presença de veranistas na região começa a aumentar bem, inclusive de “artistas interessados em captar a essência do local. São exemplos disso Waldemar Belisário e Kiener, nas artes plásticas. Heitor Villa-Lobos e Mário de Andrade, registrando as manifestações folclóricas.” (NOGUEIRA, [18- -?]). 13 Vide Anexo A. 14 Termo em desuso, significa intransferível. 15 Depoimento do Padre Daniel Inácio à autora, em 2014. 64 Em 1940, por meio do decreto do interventor Adhemar de Barros (1901-1969), a Villa Bella passa a se chamar Formosa. Em 1945 o nome passa a ser Ilhabela. 1.7.2.1 O entorno da matriz Em frente à matriz encontramos a praça conhecida como Coronel Julião de Moura Negrão. Ela abriga um chafariz interativo, que é a sensação dos turistas que visitam o local, mas quem passa por ali não imagina que no passado lá era o pelourinho. [...] pelourinho, colocado no meio da praça, ao lado do mercado, e de frente à Cadeia, era local de castigos aos escravos. O pelourinho não existe mais, seu lugar um monumento construído no início do século XX manteve vivo este marco de resistência e luta pela liberdade dos cativos [...]. (BENDAZZOLI, 2014). Mais à frente temos o cruzeiro localizado próximo à entrada da igreja, conforme vimos na imagem anterior. Ele foi erguido em madeira e permaneceu no local até 7 de setembro de 1962, quando foi inaugurada uma peça em cimento armado feita por Oliani, que estava à frente das obras de restauração da igreja. No início dos anos 2000 a cruz em cimento foi substituída por uma em aço, produzida pelo artista ilhabelense Gilmar Pinna. Como a igreja está localizada no morro, em 1961 o padre responsável pela paróquia, o polonês Brunislau Chereck (1914-?), construiu um lance de escadas para facilitar a subida dos fiéis. 1.7.2.2 A fachada A fachada tem características do estilo jesuítico; é muito simples, com uma porta só e três janelas. Termina ao lado direito da torre que se acha um pouco fora do prumo. Ignora-se por que essa torre é relativamente baixa e esguia, pois, pelas ruínas dos alicerces ainda evidentes, pode-se notar que a intenção era construir uma bem maior. (OLIANI, 1972). 65 Figura 25 Fachada da Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Restauração de Alfredo Oliani, década de 1950. Ilhabela Há “acima das janelas um friso muito característico como alguns que ainda podem ser observados em certas casas de São Sebastião, do fim do século passado e início deste.” (OLIANI, 1972). A porta de entrada precisou de uma reforma, consumida que estava pelos cupins. Oliani pediu aos marceneiros que refizessem a porta igual à anterior, utilizando as dobradiças originais. Quanto ao para-vento, não temos informação se ele também passou por uma reforma. Para admirarmos a Igreja Nossa Senhora D´Ajuda, se faz necessário uma peregrinação por suas escadarias. Antes de concluirmos a subida encontramos um patamar que permite acessar os jardins laterais, onde encontramos duas esculturas produzidas por Oliani. A primeira delas, localizada do lado direito, foi entregue em 2 de fevereiro de 1955 e retrata São Sebastião: um dos santos populares do Brasil, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro e da vila que leva o seu nome no litoral norte de São Paulo. É invocado nas epidemias e nas guerras, considerado o protetor contra a violência, apesar de relatos que apontam que ele fez parte dos legionários. Alistou-se como legionário e devido a sua bravura foi nomeado chefe da Guarda Pretoriana pelo imperador Diocleciano. Aproveitava-se de sua situação privilegiada para converter à fé cristã soldados e prisioneiros. Denunciado ao imperador, este tentou demovê-lo de sua fé, oferecendo-lhe cargos e presentes. Como Sebastião não se deixou intimidar pelas tentadoras ofertas, o monarca sentiu-se traído e ordenou que ele fosse despido, atado a uma árvore e morto a flechadas. (MEGALE, 2003: 194). 66 Feita em cimento, a escultura mede aproximadamente 1,80 metros. Sua expressão mostra a dor imposta pelo martírio, ter seu corpo atravessado por flechas. Curiosamente nesta escultura o artista não as colocou. Ao lado esquerdo encontramos outra escultura, essa dedicada a São Benedito, um santo muito venerado na ilha devido à forte presença de escravos no local, durante os séculos XVIII e XIX. São Benedito era filho de escravos africanos na Itália, chegou a ser cozinheiro no convento franciscano de Santa Maria, em Palermo; por conta dessa função “donas de casa mais pobres recorrem a ele para que não falte comida em sua residência.” (MEGALE, 2003, p.68). Nessa representação ele está em pé, com um olhar de consternação, vestido com um hábito franciscano, braços estendidos com o Menino Jesus deitado em um lençol branco. Ambas as obras estão fixadas sobre uma base de cimento. Com o passar dos anos, durante as manutenções feitas na igreja, essas esculturas receberam diversas camadas de cal para manter o tom branco, porém esse tipo de manutenção as vem danificando, inclusive a assinatura do artista que era feita em baixo relevo vem desaparecendo. Figura 26 São Sebastião. Alfredo Oliani, 1955. Escultura, cimento. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso. Ilhabela 67 Figura 27 São Benedito. Alfredo Oliani, 1955. Escultura, cimento. Matriz Nossa Senhora D´Ajuda e Bom Sucesso, Ilhabela Ainda de acordo com o relato de Oliani, com a construção desse patamar em 1963, duas salas puderam ser construídas sob ele e foram dedicadas à Sociedade de São Vicente de Paula, que atua de forma assistencialista aos menos favorecidos moradores da ilha. Já no alto da escadaria encontramos mais duas esculturas feitas em cimento, ambas assinadas em baixo relevo pelo artista e instaladas no ano de 1963. À direita encontra-se a escultura São Paulo, homenagem ao santo tido como “Apóstolo dos Gentios, considerado o maior divulgador da doutrina cristã nos tempos primitivos.” MEGALE, 2003, p. 180). Paulo de Tarso era um cidadão romano que foi convertido ao cristianismo após testemunhar um milagre de Cristo. Iniciou sua missão de propagar a fé a todos os povos da Europa e Ásia, e ao retornar a Roma, durante o governo do Imperador Nero (37- 68), foi preso junto com Pedro. Por ser um cidadão romano a lei concedeu uma morte mais digna: foi degolado. 68 Nessa escultura Paulo está representado “segurando uma espada na mão direita e um livro na esquerda, simbolizando seu martírio e suas epístolas16.” (MEGALE, 2003, p. 180). Como sofreu o martírio junto com Pedro é comum vermos as duas esculturas sendo representadas próximas uma da outra. No canto esquerdo do alto da escadaria está a escultura de Pedro, o chamado “Pescador da Galileia”. Seu nome verdadeiro era Simão, um pescador que vivia na Galileia, e teve seu nome alterado para Pedro “Kepha”, que signifi