(22) Data do Depósito: 02/10/2020 (43) Data da Publicação Nacional: 10/05/2022 (21) BR 102020020310-0 A2 Ministério da Economia República Federativa do Brasil Instituto Nacional da Propriedade Industrial *BR102020020310A2* INPI (54) Título: PEPTÍDEOS SINTÉTICOS, ANÁLOGOS AOS DO FEIJÃO CAUPÍ, COM A ATIVIDADE DE INIBIÇÃO DA ENZIMA HMG-COA REDUTASE (51) Int. Cl.: C07K 5/093; C07K 7/06; A61K 38/06; A61K 38/08; A61K 36/48; (...). (71) Depositante(es): UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO; UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. (72) Inventor(es): JAFF RIBEIRO DA SILVA; EDUARDO MAFFUD CILLI; MARIANA BARROS DE CERQUEIRA E SILVA; BIANE OLIVEIRA PHILADELPHO; EDERLAN DE SOUZA FERREIRA; MARCELO SANTOS CASTILHO; VICTÓRIA CRUZ DE SOUZA. (57) Resumo: PEPTÍDEOS SINTÉTICOS, ANÁLOGOS AOS DO FEIJÃO CAUPÍ, COM A ATIVIDADE DE INIBIÇÃO DA ENZIMA HMG-COA REDUTASE. A presente patente de invenção trata de peptídeos sintéticos, análogos aos do feijão caupí, com a atividade de inibição da enzima HMG-CoA redutase. A enzima HMGCoA redutase é responsável pela síntese do colesterol endógeno, que por sua vez está intimamente relacionado com a incidência de doenças cardiovasculares. Moléculas capazes de regular a síntese endógena do colesterol possibilitam a criação de novos fármacos para redução da incidência e da mortalidade causadas por doenças cardiovasculares. 1 / 9    “PEPTÍDEOS SINTÉTICOS, ANÁLOGOS AOS DO FEIJÃO CAUPÍ, COM A ATIVIDADE DE  INIBIÇÃO DA ENZIMA HMG‐COA REDUTASE”.  CAMPO TÉCNICO DA INVENÇÃO  [001] A presente patente de invenção trata de peptídeos sintéticos, análogos aos do  feijão caupí, com a atividade de inibição da enzima HMG‐CoA redutase. A enzima HMG‐ CoA redutase é responsável pela síntese do colesterol endógeno, que por sua vez está  intimamente  relacionado  com  a  incidência  de  doenças  cardiovasculares.  Moléculas  capazes de  regular  a  síntese endógena do  colesterol possibilitam a  criação de novos  fármacos  para  redução  da  incidência  e  da  mortalidade  causadas  por  doenças  cardiovasculares.  HISTÓRICO DA INVENÇÃO  [002] Segundo  a  Organização  Mundial  da  Saúde  as  doenças  crônicas  não‐ transmissíveis foram responsáveis por 41 das 57 milhões de mortes no mundo em 2016.  A maioria destas mortes  foram causadas por doenças cardiovasculares  ‐ DCV ‐ 44 %,  seguido dos cânceres 22 %, doenças respiratórias crônicas 9 % e diabetes 4 %  ‘WHO  2018’.  No  Brasil,  este  cenário  não  é  diferente,  entre  período  de  2004  a  2014,  o  percentual de mortes relacionadas às DCVs foi de 28,73 %, neoplasias 15,62 %, doenças  respiratórias 10,5 % e diabetes 4,61 % ‘SBC 2019’. Hoje, há um consenso na literatura  de  que  a  dislipidemia,  especialmente  a  hipercolesterolemia,  deve  ser  considerada  a  principal causadora da aterosclerose e, consequentemente, das DCVs ‐ ‘Baik et al. 2013’.  [003] Atualmente,  as  diretrizes  para  tratamento  farmacológico  de  hipercolesterolemias indicam o uso das estatinas. Contudo, muitos efeitos adversos têm  sido  relacionados  ao  seu  uso,  tais  como:  dor  abdominal,  diarréia,  cefaléia,  náuseas,  dispepsia, mialgia, fadiga, hepatotoxicidade, rabdomiólise, dentre outros. Dentre esses,  os mais graves são a hepatotoxicidade e a rabdomiólise  ‘Faludi et al. 2017; Campo e  Carvalho 2007’.   [004] Considerando que as estatinas agem nos hepatócitos, a toxicidade hepática deve  ser bem avaliada em pacientes tratados com estes fármacos. Assim como deve‐se ter  maior  atenção  em  pacientes  com  histórico  de  doenças  hepáticas  ou  que  fazem  uso  concomitante de outras substancias tóxicas ao fígado ‘Faludi et al. 2017; Thompson et  Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 16/27 2 / 9    al. 2016’.  [005] No caso das miopatias, estas são responsáveis por reduzir significativamente a  aderência dos pacientes ao tratamento. Além disso, podem evoluir para um quadro de  rabdomiólise que é caracterizado por uma necrose muscular que libera para circulação  sanguínea a mioglobina das  células musculares. Dentre os  sintomas da  rabdomiólise  apresentam‐se mialgia, fraqueza muscular e urina escura. Soma‐se a isso, o fato de que  a mioglobina presente no sangue passa a  lesar os rins, culminando num quadro mais  grave de insuficiência renal aguda ‘Moniz et al. 2017; Thompson et al. 2016; Gulum e Hume 2015’.  [006] Como  uma  alternativa  terapêutica,  os  peptídeos  têm  ganhado  destaque  na  pesquisa e desenvolvimento farmacêutico. Estas moléculas são reconhecidas por serem  altamente seletivas e eficazes, além disso são relativamente seguras e bem toleradas  pelo organismo ‘Fosgerau e Hoffmann 2015; Otvos e Wade 2014’. Neste contexto, as  proteínas  das  leguminosas  destacam‐se  quanto  ao  seu  papel  no  metabolismo  e  na  prevenção  de  desordens  lipídicas.  Os  estudos  indicam  que  os  peptídeos  derivados  destas proteínas podem modular o metabolismo lipídico ‘Ferreira et al. 2015’.  ANÁLISE DO ESTADO DA TÉCNICA  [007] Em pesquisa realizada em bancos de dados especializados  foram encontrados  documentos  referentes  à  novos  peptídeos  para  controlar  hipercolesterolemias  por  diversos mecanismos de ação, tais como:   i)  inibição  da  atividade  da  HMG‐CoA  redutase  encontrado  nos  documentos  de  nº.  KR100900044B1, CN103739666A, CN103739665A;   ii)  reduzindo  a  expressão  da  HMG‐CoA  redutase  encontrado  no  documento  de  nº.  WO2008034117A2;   iii)  modulação  via  sistema  imunológico  encontrado  nos  documentos  de  nº.  WO2019136307A1, WO2019094581A1, WO2019033040A1;  iv)  vacinas  encontradas  nos  documentos  de  nº.  WO2015128287A1,  EP3409770A2,  WO2018189705A1;   v)  modulação  via  sistema  endócrino  encontrado  nos  documentos  de  nº.  WO2017210100A1, WO2011048614A2;   Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 17/27 3 / 9    vi)  estimulação  do  efluxo  do  colesterol  encontrado  nos  documentos  de  nº.  WO2016044177A1,  WO2016019333A1,  WO2014144708A1,  WO2011139819A2,  WO2008156873A2, WO2009129263A1; e  vii) inibindo a absorção do colesterol encontrado no documento de nº. JP2003238590A.  [008] No  entanto,  nenhum  dos  documentos  citados  acima  descreve  os  peptídeos  sintéticos  obtidos  e  descritos  na  presente  invenção,  ficando  evidente  a  novidade  da  presente invenção.  [009] O artigo  “Proteolytic hydrolysis of  cowpea proteins  is  able  to  release peptides  with  hypocholesterolemic  activity”,  publicado  em  abril  de  2015,  descreve  parte  do  processo de obtenção dos peptídeos, descrevendo os peptídeos obtidos do feijão caupí.   [010] Ainda,  o  artigo  “In  vitro  and  in  silico  studies  of  3‐hydroxy‐3‐methyl‐glutaryl  coenzyme: A reductase inhibitory activity of the cowpea Gln‐Asp‐Phe peptide”, publicado  pelo Requerente em março de 2018, descreve a identificação de outros peptídeos com  indicação de atividade de inibição da enzima HMG‐CoA redutase. O grupo de peptídeos  identificados  foi utilizado como base para o processo de aprimoramento e obtenção  sintética de novos peptídeos.  [011] Estes dois documentos, juntamente com os outros já mencionados e descritos  no estado da técnica, antecipam os efeitos inibitórios da HMG‐CoA redutase, uma vez  que a simples sintetização de compostos já descritos pode ser considerada óbvia para  um técnico no assunto.   [012] Assim,  explica‐se  que  os  peptídeos  pGluGF  e  GSTLN  são  compostos  novos  sintetizados a partir de peptídeos obtidos da hidrólise virtual ou enzimática de proteínas  existentes  no  feijão  caupí:  QGF  e GCTLN,  sendo  as modificações  realizadas  inéditas.  Apesar  de  haver  outras  moléculas  com  efeitos  inibitórios  da  HMG‐CoA  redutase  descritas, os peptídeos sintetizados promovem avanços técnicos nos seguintes pontos:  ‐ Estas são as primeiras moléculas desenvolvidas e descritas que mostraram capacidade  de agir em conjunto com as estatinas aumentando a eficiência do processo de inibição  da HMG‐CoA redutase. Isto possibilita a redução da dose das estatinas e assim reduzir  os efeitos tóxicos destas;  Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 18/27 4 / 9    ‐ O peptídeo GSTLN age em um sítio diferente do sítio de ação das estatinas e das outras  moléculas publicadas com efeitos inibitórios da ação da HMG‐CoA redutase. Este dado  foi comprovado pelos estudos realizados in silico onde ao acoplar o peptídeo GSTLN no  sítio de ação das estatinas, o peptídeo não interagiu com este sítio. Além disso, quando  se avalia o efeito da combinação da pravastatina (16,7 ηM) com o GSTLN (100 μM), o  incremento de atividade foi o maior obtido em todos os ensaios (65,24 %) (tabela 1). Ao  comparar com as atividades individuais da pravastatina e do GSTLN os aumentos foram  de, respectivamente, 19,11 e 38,10 % na inibição (tabela 1). O valor obtido de inibição  da mistura é próximo do valor obtido se somarmos as atividades dos dois compostos  individualmente,  isto  mostra  que  o  peptídeo  GSTLN  exerce  um  efeito  aditivo  ou  sinérgico  na  ação  do  fármaco  pravastatina  sem  competir  com  a  ação  deste  e  indica  novamente que os sítios de ligação destes compostos são diferentes.  [013] Tabela 1. Dados do ensaio de inibição in vitro da enzima HMG‐CoA redutase.  Inibidor  Concentração  Inibição da HMGCoA Redutase (%)  QGF  100 μM  38,50 ± 3,01  pGluGF  100 μM  54,28 ± 3,22  GCTLN  100 μM  17,93 ± 1,41  GSTLN  100 μM  27,14 ± 3,39  pGluGF : GSTLN  pGluGF = 50 μM  GSTLN = 50 μM  55,42 ± 3,40  Pravastatina  Pravastatina = 16,7 ηM  46,13 ± 0,74  Pravastatina : pGluGF  Pravastatina = 16,7 ηM  pGluGF = 100 μM  54,40 ± 7,87  Pravastatina : GSTLN  Pravastatina = 16,7 ηM  GSTLN = 100 μM  65,24 ± 4,28    ‐ Ao combinar o peptídeo pGluGF (100 μM) com o fármaco pravastatina (16,7 ηM), o  aumento  foi menor que a  soma das atividades destes dois  compostos  (tabela 1). Os  resultados estão de acordo com o que foi evidenciado pelos ensaios realizados in silico  que mostraram que a pravastatina e o peptídeo pGluGF agem no mesmo sítio da enzima,  e  assim  podem  apresentar  uma  inibição  competitiva.  De  toda  forma,  os  resultados  obtidos na tabela 1 demonstram que o pGluGF pode funcionar como um adjuvante na  ação das estatinas, propiciando a utilização de doses menores destas sem comprometer  Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 19/27 5 / 9    a atividade inibitória e com menores efeitos adversos;  ‐ Os  peptídeos  pGluGF  e GSTLN demonstraram a  capacidade  de  agirem  combinados  entre si (tabela 1), onde em uma concentração de 50 μM de cada peptídeo inibiu a ação  da HMG‐CoA redutase em 55,42 %, maior que a inibição individual da pravastatina (16,7  ηM)  que  foi  de  46,13  %.  Além  disso,  o  peptídeo  pGluGF  quando  analisado  individualmente também apresentou capacidade de inibição maior que a pravastatina  nas concentrações estudadas (tabela 1).  ‐ A ciclização existente no peptídeo pGluGF aumenta a estabilidade desta molécula no  sangue.  [014] Os dados acima mostram que as modificações  realizadas no desenvolvimento  das  duas  novas  moléculas  melhoram  a  atividade  desses  compostos,  tornando‐as  melhores e mais adequadas para a  formulação de  fármacos, alimentos  funcionais ou  nutracêuticos.  DIFERENCIAL  [015] Trata‐se  de  peptídeos  com  pequenas  modificações  estruturais  quando  comparados  com  seus  precursores  naturais. Mesmo  tendo  sua  origem  sintética,  são  formados essencialmente pela união de moléculas de ocorrência natural associadas de  um modo específico.  Sendo assim,  tendem a possuir  baixa  toxicidade aos  indivíduos  tratados.   [016] Os medicamentos atuais utilizados para o tratamento de hipercolesterolemias  são principalmente as estatinas que possuem uma toxicidade associada ao seu uso.   [017] Os peptídeos aqui descritos podem atuar simultaneamente com as estatinas, e  assim diminuir a dose necessária destes compostos para obter uma resposta terapêutica  eficiente. Sendo assim, será possível reduzir efeitos tóxicos e melhorar a qualidade de  vida dos indivíduos tratados.  APLICAÇÕES  [018] A aplicação principal dos peptídeos inovados está no desenvolvimento de novos  medicamentos para o tratamento de dislipidemias, bem como fármacos adjuvantes em  associações terapêuticas com medicamentos que  já estão no mercado. Além disso, é  plausível  considerar  a  possibilidade  da  existência  de  efeitos  pleiotrópicos  destes  Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 20/27 6 / 9    peptídeos, semelhantes aos que ocorrem com as estatinas.   [019] Os peptídeos inovados também podem ser formulados quimicamente ligados a  outros compostos bioconjugados a fim de incrementar a atividade, além de contornar  quaisquer dificuldades farmacocinéticas, farmacodinâmicas e toxicológicas.  [020] Uma  outra  aplicabilidade  é  a  associação  dos  peptídeos  pGluGF  e  GSTLN  nas  formulações  de  nutracêuticos  e  suplementos,  deste  modo  funcionariam  como  adjuvantes nos tratamentos de dislipidemias.  DESCRIÇÃO DA INVENÇÃO  [021] Com  referência  aos  desenhos  ilustrados,  a  presente  patente  de  invenção  se  refere à “PEPTÍDEOS SINTÉTICOS, ANÁLOGOS AOS DO FEIJÃO CAUPÍ, COM A ATIVIDADE  DE INIBIÇÃO DA ENZIMA HMG‐COA REDUTASE”.  [022] Segundo  a  presente  invenção,  para  a  obtenção  inicialmente  os  peptídeos  naturais QGF e GCTLN são sintetizados em fase sólida – SPFS ‐ utilizando o protocolo  com fluorenilmetiloxicarbonil (Fmoc). Neste método, o acoplamento dos aminoácidos  na  sequência  desejada  é  feito  em  um  suporte  polimérico  a  partir  da  região  carboxi  terminal.  Seguidamente,  os  peptídeos  são  retirados  do  suporte  sólido  através  de  procedimento  de  clivagem  utilizando  o  ácido  trifluoroacético.  Posteriormente  purificados e caracterizados por técnicas de cromatografia  líquida de alta eficiência e  espectrometria de massas  e  assim  foram obtidos os peptídeos purificados  conforme  tabela 2.  [023] Tabela 2. Dados de síntese dos peptídeos  Peptídeo  Pureza (%)  Massa Molar (g/mol)  QGF  97  350,15  pGluGF  99  334,12  GCTLN  99  506,30  GSTLN  99  490,40    [024] Estes foram testados ‘in vitro’ quanto a capacidade de inibir a enzima HMG‐CoA  redutase. Neste ensaio o peptídeo natural QGF (100 μM) inibiu a atividade da enzima  HMG‐CoA redutase em 38,50 %, ao passo que o peptídeo GCTLN (100 μM) em 17,93 %  Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 21/27 7 / 9    (Tabela  1).  Após  as  atividades  destes  peptídeos  naturais  terem  sido  comprovadas  experimentalmente, estudos de modelagem molecular ‘in silico’ foram realizados a fim  de propor alterações estruturais que incrementassem a atividade inibitória na enzima  HMG‐CoA redutase. Através destes estudos foi obtido o peptídeo inédito pGluGF pela  substituição da glutamina (Q) na extremidade amino terminal do peptídeo natural QGF  por um resíduo de ácido piroglutâmico (pGlu) (Figura 1).   [025] Já o peptídeo natural GCTLN sofreu uma substituição do resíduo da cisteína (C)  por uma serina (S), obtendo‐se assim o novo peptídeo GSTLN (Figura 2).  [026] Com  os  novos  peptídeos  desenhados  estes  também  foram  sintetizados,  purificados  e  caracterizados  (Tabela  1).  Os  novos  peptídeos  desenvolvidos  foram  testados  na  sua  capacidade  de  inibir  a  enzima  HMG‐CoA  redutase  de  três  modos:  individualmente,  juntos e associados ao medicamento comercial pravastatina (Tabela  1).   [027] No ensaio individual ambos os novos peptídeos foram testados na concentração  de 100 μM, neste ensaio, o peptídeo pGluGF  inibiu a atividade da enzima HMG‐CoA  redutase em 54,28 % e o peptídeo GSTLN em 27,14 %. No segundo teste foram utilizados  uma mistura com 50 μM de cada peptídeo, totalizando 100 μM de inibidor, e foi obtido  um percentual de inibição de 55,42 %.  Nos estudos in silico realizados para determinar  os novos peptídeos, os resultados do acoplamento molecular mostraram que o peptídeo  GSTLN não interagia no mesmo sítio catalítico do pGluGF. Associando os resultados dos  estudos in silico com o incremento na atividade inibitória da mistura pGluGF: GSTLN do  ensaio in vitro, é possível concluir que os peptídeos pGluGF e GSTLN não competem pelo  mesmo  sítio  ativo  na  enzima  HMG‐CoA  redutase,  podendo  assim  agir  de  um modo  sinérgico (Tabela 1). Ressalta‐se que, nos ensaios in silico, o peptídeo pGluGF interagiu  na enzima no mesmo sítio ativo das estatinas.  [028] Sendo assim, associou‐se os peptídeos pGluGF e GSTLN com o fármaco comercial  pravastatina.  A  pravastatina  testada  numa  dosagem  de  16,7  ηM  obtém‐se  um  percentual médio de inibição de 46,13 %. Quando associado os 16,7 ηM de pravastatina  com 100 μM do peptídeo GSTLN obtém‐se um percentual de inibição de 65,24 %. Ao  passo que, quando a pravastatina (16,7 ηM) associada com 100 μM do peptídeo pGluGF  Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 22/27 8 / 9    o percentual de inibição é de 54,40 %. Em ambos os casos, houve um incremento da  atividade  inibitória  (Tabela  1).  Estes  dados  mostram  a  possibilidade  dos  peptídeos  pGluGF  e  GSTLN  atuarem  tanto  em  mistura  entre  si,  quanto  junto  às  estatinas  melhorando a atividade inibitória.  [029] Os  peptídeos  sintéticos  obtidos  apresentam  sequências  pGluGF  (pGlu=Ácido  Piroglutâmico / G=Glicina / F=Fenilalanina) e GSTLN (G=Glicina / S=Serina / T=Treonina  /  L=Leucina  /  N=Asparagina),  ambos  são  derivados  dos  peptídeos  naturais  do  feijão  caupí (Vigna unguiculata) QGF e GCTLN.   [030] O  peptídeo  sintético  com  a  sequência  pGluGF  (pGlu=Ácido  Piroglutâmico  /  G=Glicina / F=Fenilalanina) apresenta a estrutura molecular pGluGF em pH 7,4:    [031] O peptídeo sintético com a sequência GSTLN (G=Glicina / S=Serina / T=Treonina  / L=Leucina / N=Asparagina) apresenta a estrutura molecular:  [032] É certo que quando o presente  invento  for  colocado em prática, poderão  ser  introduzidas  modificações,  sem  que  isso  implique  afastar‐se  dos  princípios  Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 23/27 9 / 9    fundamentais que estão claramente substanciados no quadro reivindicatório,  ficando  assim entendido que a terminologia empregada não teve a finalidade de limitação.    Referências  ‐ BAIK, I.; CHO, N. H.; KIM, S. H.; SHIN, C. Dietary information improves cardiovascular  disease risk prediction models. Eur J Clin Nut. v. 67, p. 25‐30, 2013.  ‐ CAMPO, V. L.; CARVALHO, I. Estatinas hipolipêmicas e novas tendências terapêuticas.  Quim Nova. v. 30, n. 2, p. 425‐430, 2007.  ‐  FALUDI, A. A.; IZAR, M. C. O.; SARAIVA, J. F. K.; CHACRA, A. P. M.; BIANCO, H. T.; AFIUNE  NETO,  A.;  et  al.  Atualização  da  Diretriz  Brasileira  de  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Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 24/27 1 / 2    REIVINDICAÇÕES  1) “PEPTÍDEOS SINTÉTICOS, ANÁLOGOS AOS DO FEIJÃO CAUPÍ, COM A ATIVIDADE  DE INIBIÇÃO DA ENZIMA HMG‐COA REDUTASE”, caracterizado por peptídeos sintéticos  apresentarem  sequências  pGluGF  (pGlu=Ácido  Piroglutâmico/G=Glicina/  F=Fenilalanina) e GSTLN (G=Glicina / S=Serina / T=Treonina / L=Leucina / N=Asparagina).  2) “PEPTÍDEOS SINTÉTICOS, ANÁLOGOS AOS DO FEIJÃO CAUPÍ, COM A ATIVIDADE  DE  INIBIÇÃO  DA  ENZIMA  HMG‐COA  REDUTASE”,  de  acordo  com  a  reivindicação  1,  caracterizado por ambos peptídeos sintéticos serem derivados dos peptídeos naturais  do feijão caupí (Vigna unguiculata) QGF e GCTLN.  3) “PEPTÍDEOS SINTÉTICOS, ANÁLOGOS AOS DO FEIJÃO CAUPÍ, COM A ATIVIDADE  DE INIBIÇÃO DA ENZIMA HMG‐COA REDUTASE”, de acordo com as reivindicações 1 e  2, caracterizado por estrutura molecular pGluGF em pH 7,4 do peptídeo sintético com a  sequência pGluGF (pGlu=Ácido Piroglutâmico / G=Glicina / F=Fenilalanina) apresentar:                                             4) “PEPTÍDEOS SINTÉTICOS, ANÁLOGOS AOS DO FEIJÃO CAUPÍ, COM A ATIVIDADE  DE INIBIÇÃO DA ENZIMA HMG‐COA REDUTASE”, de acordo com as reivindicações 1 e  2, caracterizado por estrutura molecular do peptídeo sintético com a sequência GSTLN  (G=Glicina / S=Serina / T=Treonina / L=Leucina / N=Asparagina) compreender:                 5) “USO”, caracterizado por peptídeos sintéticos das reivindicações anteriores serem  Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 25/27 2 / 2    componentes de medicamentos para o tratamento de dislipidemias.  6)   “USO”, caracterizado  por  peptídeos  sintéticos  das  reivindicações de  1  a  4  serem  associados a peptídeos pGluGF e GSTLN nas formulações de nutracêuticos, alimentos  funcionais e suplementos como adjuvantes nos tratamentos de dislipidemias.    Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 26/27 1 / 1      RESUMO  “PEPTÍDEOS SINTÉTICOS, ANÁLOGOS AOS DO FEIJÃO CAUPÍ, COM A ATIVIDADE DE  INIBIÇÃO DA ENZIMA HMG‐COA REDUTASE”.  A presente patente de invenção trata de peptídeos sintéticos, análogos aos do feijão  caupí, com a atividade de inibição da enzima HMG‐CoA redutase. A enzima HMG‐ CoA redutase é responsável pela síntese do colesterol endógeno, que por sua vez  está  intimamente  relacionado  com  a  incidência  de  doenças  cardiovasculares.  Moléculas  capazes  de  regular  a  síntese  endógena  do  colesterol  possibilitam  a  criação de novos fármacos para redução da  incidência e da mortalidade causadas  por doenças cardiovasculares.  Petição 870200124734, de 02/10/2020, pág. 27/27 Folha de Rosto Relatório Descritivo Reivindicações Resumo