UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JULIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS
Trabalho de Graduação
Curso de Graduação em Geografia
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NO DISTRITO DE ASSISTÊNCIA, RIO
CLARO/SP: reflexo do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes/SP
Kaike Gregório Cardoso
Profa. Dra. Andréia Medinilha Pancher
Rio Claro (SP)
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Câmpus de Rio Claro
KAIKE GREGÓRIO CARDOSO
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NO DISTRITO DE ASSISTÊNCIA, RIO
CLARO/SP: reflexo do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes/SP
Trabalho de Graduação apresentado ao
Instituto de Geociências e Ciências Exatas –
Câmpus de Rio Claro, da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, para
obtenção do grau de Bacharel em Geografia.
Rio Claro – SP
2017
KAIKE GREGÓRIO CARDOSO
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NO DISTRITO DE ASSISTÊNCIA, RIO
CLARO/SP: reflexo do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes/SP
Trabalho de Graduação apresentado ao
Instituto de Geociências e Ciências Exatas –
Câmpus de Rio Claro, da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, para
obtenção do grau de Bacharel em Geografia.
Comissão Examinadora
Profa. Dra. Andréia Medinilha Pancher (orientadora)
IGCE/UNESP/Rio Claro – SP
____________________________________
____________________________________
Rio Claro, _____ de __________________________ de ________.
Assinatura do (a) aluno (a) Assinatura do (a) orientador (a)
Agradecimentos
Agradeço aos meus pais e toda minha família, que sempre me auxiliaram e me
deram todo apoio possível nesta jornada acadêmica. Sem vocês eu nunca chegaria
onde cheguei.
Agradeço à minha orientadora, Profa. Dra. Andréia Medinilha Pancher, que desde o
início de nosso projeto de pesquisa sempre me deu todo suporte necessário para
seu desenvolvimento, além de todo aprendizado que levarei para o resto da vida.
Ao Prof. Dr. Diego Correa Maia, que sempre me auxiliou com relação à temática
climática e a equipe do CEAPLA, pelo fornecimento dos dados meteorológicos.
À Meyre Oliveira, pela colaboração e conselhos, especialmente no início da
elaboração desta pesquisa, o que me levou a escolha do melhor caminho possível
para a construção deste trabalho.
À Aline Corazza Corrêa, pela entrevista concedida e a todas as secretárias da
Unidade de Saúde da Família, que me trataram com muito carinho e educação.
À minha melhor companheira e amada Lauana, que sempre me deu todo apoio
necessário, incentivando e dando sugestões a partir da leitura do trabalho em suas
várias fases.
E gostaria de agradecer a todas as pessoas dentro e fora da universidade que me
auxiliaram de alguma maneira na construção deste trabalho. Meu muito obrigado a
todos vocês!!!
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi analisar o impacto da poluição atmosférica, gerada
pelas indústrias do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes (PCSG), sobre o distrito de
Assistência, situado no município de Rio Claro/SP. Dentre os inúmeros impactos
ambientais gerados pela produção de pisos e revestimentos, telhas, blocos e tijolos,
destaca-se o problema da poluição atmosférica oriunda da grande quantidade de
materiais particulados que são liberados em todas as etapas do processo produtivo,
incluindo o transporte de argila, principal matéria-prima do setor cerâmico. Para
compreensão da dinâmica meteorológica da região, efetuou-se a coleta e
interpretação dos dados referentes à temperatura, umidade relativa, precipitação
total, pressão atmosférica, direção e velocidade dos ventos, de janeiro de 2016 a
julho de 2017, obtidos na Estação Meteorológica do Centro de Análise e
Planejamento Ambiental (CEAPLA), da UNESP, Câmpus de Rio Claro. Os dados
referentes à concentração de material particulado grosseiro (MP10), abrangendo o
mesmo período, foram coletados na Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar
de Santa Gertrudes e coletados através do Sistema de Informações da Qualidade do
Ar (QUALAR) da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). A
revisão bibliográfica, identificação e estudo das partículas liberadas em todo
processo produtivo, associada à compreensão da dinâmica meteorológica local,
permitiram a identificação das áreas mais impactadas pelo material particulado no
distrito de Assistência. Assim, os resultados obtidos nessa pesquisa poderão servir
de base aos administradores públicos, a fim de tomar medidas para amenizar a
poluição atmosférica que atinge a área de estudo, visando melhorar a qualidade de
vida dos moradores de Assistência.
Palavras-chave: Poluição do ar. Indústria cerâmica. Material particulado.
ABSTRACT
The objective of this study was to analyze the impact of atmospheric pollution
generated by industries of the Ceramic Pole of Santa Gertrudes (PCSG), in the
district of Assistência, located in the municipality of Rio Claro/SP. Among the many
environmental impacts generated by the production of floors and coverings, tiles,
blocks and bricks, highlights the problem of atmospheric pollution from large amount
of particulate materials that are released in all stages of the production process,
including the transport of clay, main raw material of ceramic industry. To understand
the meteorological dynamics in the region, were performed the collection and
interpretation of data regarding temperature, relative humidity, precipitation,
atmospheric pressure, direction and speed of winds, from January 2016 to July 2017,
obtained in the Meteorological Station of the Center for Analysis and Environmental
Planning (CEAPLA) of UNESP, Campus of Rio Claro. The data relating to the
concentration of coarse particulate material (MP10), covering the same period, were
collected at the Station for Monitoring of Air Quality in Santa Gertrudes and collected
through the System of Information of Air Quality (QUALAR) of the Company
Environmental of State of São Paulo (CETESB). The literature review, identification
and study of the particles released in all production process, associated to the
understanding of the local meteorological dynamics, allowed the identification of the
areas most impacted by the particulate material in the district of Assistência. Thus,
the results obtained in this research can serve as a basis for public administrators,
with a view to taking measures to reduce the air pollution that reaches the study
area, aiming to improve the quality of life of the residents of Assistência.
Keywords: Air pollution. Ceramic Industry. Particulate material.
LISTA DE FIGURAS
1. Prensa para moldagem do revestimento cerâmico................................................16
2. Secador para retirar o excesso de umidade...........................................................17
3. Aplicação de engobe no revestimento...................................................................18
4. Forno horizontal para secagem dos revestimentos cerâmicos..............................19
5. Extensão do forno horizontal..................................................................................19
6. Processo de embalagem das peças......................................................................20
7. Revestimentos empilhados em pallets e armazenados em galpão.......................21
8. Etapas dos processos produtivos...........................................................................22
9. Localização do distrito de Assistência e uso da terra nos municípios de Rio Claro
e Santa Gertrudes/SP (2010) ....................................................................................35
10. Etapas metodológicas..........................................................................................37
11 Centro de Análise e Planejamento Ambiental (CEAPLA).....................................39
12. Estação Meteorológica de Rio Claro/SP..............................................................39
13. Gráficos das variáveis de janeiro de 2016 a julho de 2017..................................47
14. Equação do Coeficiente de Correlação de Pearson (r)........................................50
15. Avisos sobre a presença da mineradora..............................................................52
16. Zona de mineração para extração de argila.........................................................53
17. Carregamento de caminhão realizado por retroescavadeira...............................53
18. Caminhões carregados com argila saindo da mineradora...................................54
19. Via de passagem de caminhões com a presença de cana-de-açúcar.................54
LISTA DE TABELAS
1. População residente nos municípios do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes, no
período de 1970 a 2016 e Taxa de Crescimento Demográfico.................................12
2. Padrões Estaduais de Qualidade do Ar referentes a MP10 e MP2,5.......................29
3. Critérios para episódios críticos de poluição do ar – MP10 e MP2,5........................30
4. Padrões nacionais de qualidade do ar – partículas inaláveis................................30
5. Critérios para episódios críticos de poluição do ar – partículas inaláveis..............31
6. Médias mensais de MP10 em Santa Gertrudes e médias mensais de temperatura,
umidade relativa, pressão atmosférica, direção e velocidade dos ventos e
precipitação total em Rio Claro (jan. de 2016 a jul. de 2017)....................................42
7. Correlação entre os fatores meteorológicos e o MP10...........................................50
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10
2 OBJETIVOS............................................................................................................14
2.1 Objetivo fundamental...........................................................................................14
2.2 Objetivos específicos...........................................................................................14
3 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................15
3.1 Processos produtivos da indústria cerâmica de revestimento.............................15
3.1.1 Processo produtivo da indústria cerâmica vermelha.........................................23
3.2 Normas para atividades de mineração.................................................................24
3.3 Impactos causados pela atividade cerâmica e pelo plantio da cana-de-açúcar:
ênfase à poluição atmosférica....................................................................................26
3.4 Material particulado..............................................................................................28
3.5 Padrões e índices de qualidade do ar..................................................................29
3.6 Influência meteorológica sobre a poluição atmosférica.......................................32
4 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...........................33
5 METODOLOGIA......................................................................................................36
5.1 Levantamento bibliográfico...................................................................................38
5.2 Organização da base cartográfica........................................................................38
5.3 Elaboração do mapa de localização das indústrias cerâmicas e das áreas de
mineração...................................................................................................................38
5.4 Levantamento dos dados meteorológicos e de poluição atmosférica..................38
5.5 Análise integrada dos dados meteorológicos e de poluição atmosférica.............40
5.6 Trabalhos de campo.............................................................................................40
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................41
6.1 Análise dos dados meteorológicos e de material particulado e identificação dos
possíveis setores impactados em Assistência...........................................................41
6.2 Variação dos dados..............................................................................................46
6.3 Coeficiente de Correlação de Pearson (r) ...........................................................49
6.4 Trabalhos de campo.............................................................................................51
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................55
REFERÊNCIAS..........................................................................................................57
10
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a maior parte das indústrias cerâmicas que produz pisos e
revestimentos está concentrada nas regiões Sul e Sudeste, mais precisamente nos
polos de Criciúma/SC e Santa Gertrudes/SP, sendo responsável por grande parte da
produção brasileira, abastecendo quase todo território nacional. Essa aglomeração,
que resulta na formação de polos industriais especializados na produção desse tipo
de material, é comum nos principais países produtores de cerâmicas de
revestimento (China, Brasil, Índia, Espanha e Indonésia) e ocorre devido à existência
de matéria-prima, levando as indústrias a se instalarem o mais próximo possível das
áreas de extração (ANFACER, 2017; CONSTANTINO; ROSA; CORRÊA, 2006).
Outro fato que influencia diretamente na presença de atividade cerâmica
nessas regiões, é o grande número de habitantes das áreas urbanas dos
municípios, influenciados pela distribuição espacial das empresas deste setor que
colaboram com o atendimento das necessidades básicas da população, referindo-se
principalmente ao setor da construção civil (BUSTAMANTE; BRESSIANI, 2000).
A China, maior produtora mundial de revestimentos cerâmicos, apresentou
em 2015 uma produção estimada em torno dos 6,3 bilhões de m², a Índia produziu
em 2015 cerca de 850 milhões de m² e Espanha e Indonésia produziram em 2015
valores que giraram em torno dos 440 milhões de m² (ANFACER, 2017).
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de revestimentos cerâmicos e
produziu em 2012 cerca de 865,9 milhões de m² de revestimentos, enquanto que a
capacidade de produção chegou a cerca de 1 bilhão de m². Já em 2015, foram
produzidos em todo território nacional cerca de 899,4 milhões de m² de cerâmicas
para revestimento, apresentando capacidade de produção na casa de 1,069 bilhões
de m². As vendas totais atingiram 893,1 milhões de m², dos quais 816,3 milhões de
m² foram negociados no mercado interno e 76,8 milhões de m² foram exportados
(ANFACER, 2017).
Os principais fatores responsáveis por esse crescimento produtivo nos últimos
anos são: o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a melhoria na distribuição
de renda, a ampliação do acesso ao crédito e políticas públicas como o Minha Casa
Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além do aumento
da construção civil, elevando as vendas internas destes produtos (GALINARE;
TEIXEIRA JUNIOR, 2013).
11
Segundo a ASPACER (2017), no estado de São Paulo, além do polo de
Santa Gertrudes, ainda existem indústrias cerâmicas de revestimentos vinculadas a
essa Associação nos municípios de Tambaú, Guarulhos, Avaré, Vinhedo, Mogi-
Guaçu, Piracicaba, Porto Ferreira, Tatuí e Mogi Mirim, além de outras cerâmicas não
associadas à ASPACER, localizadas em outros municípios do estado. Com base na
ABCERAM (2017), é importante informar que outras regiões do país têm
apresentado um grau de desenvolvimento no setor ceramista, destacando-se o
Nordeste, onde o aumento pela demanda de materiais cerâmicos voltados
principalmente para a construção civil vem induzindo a implantação de novas
indústrias cerâmicas na região.
O polo de Criciúma/SC se caracteriza pelo método de produção via úmida e
apresenta grandes empresas de renome internacional, como a Cecrisa/Portinari,
Eliane e Itagres, sendo que a maior parte de sua produção é destinada às classes
de melhor poder aquisitivo da sociedade. Em 2012, esse polo foi responsável por
cerca de 10% da produção física nacional, sendo que com relação às exportações, o
preço médio (US$ por m²) é quase o dobro, se comparado ao preço médio da
produção do polo de Santa Gertrudes. Desta forma, por possuir um maior valor
agregado, os produtos de Criciúma são exportados para um maior número de países
(100 contra 79 de Santa Gertrudes em 2012) (GALINARE; TEIXEIRA JUNIOR,
2013).
Por outro lado, o polo de Santa Gertrudes é o maior polo produtor de
revestimentos do Brasil, caracterizando-se pelo método de produção via seca, o qual
apresenta um custo menor de produção e por isso atende prioritariamente o
mercado mais popular. Se comparado ao polo de Criciúma, Santa Gertrudes
apresenta maior volume nas exportações, tanto na quantidade de produtos como
também no valor arrecadado (GALINARE; TEIXEIRA JUNIOR, 2013).
O polo cerâmico de Santa Gertrudes, constituído pelos municípios de Santa
Gertrudes, Araras, Rio Claro, Cordeirópolis, Iracemápolis, Limeira e Ipeúna, é
considerado um dos maiores do mundo e o maior produtor de pisos e revestimentos
das Américas, concentrando a maior parte de sua produção no processo de
moagem via seca, seguido da produção de revestimentos e porcelanatos via úmida,
além de telhas, a partir do processo de prensagem em pequenas e médias fábricas
e olarias. Para se ter uma ideia de sua importância e poderio econômico na região,
em 2010 foram produzidos 509 milhões de m² de revestimentos e toda cadeia
12
produtiva emprega indiretamente cerca de 100 mil pessoas, sendo
aproximadamente 10 mil empregos diretos (CHRISTOFOLETTI; MORENO, 2011).
O desenvolvimento desse complexo cerâmico se iniciou nas primeiras
décadas do século XX, mais precisamente entre 1918 e 1930, quando as primeiras
famílias começaram a chegar e se fixar no município de Santa Gertrudes, fundando
as primeiras olarias da região, que na época produziam apenas telhas paulistas e
francesas de alta qualidade, levando o município a receber o título de “Capital da
Telha” e se destacando no cenário nacional (IAOCHITE, 2008).
O principal fator que impulsionou o desenvolvimento da indústria cerâmica
nos municípios do polo foi a abundante matéria-prima de alta qualidade presente na
região, ou seja, a argila, que era facilmente retirada através da mineração. Com a
crise de 1929, o setor cerâmico em Santa Gertrudes passou a receber maiores
investimentos, principalmente de imigrantes italianos, que vieram para região em
busca de trabalho nas lavouras e alguns acabaram fundando pequenas olarias e
fábricas que produziam vasos e telhas (GARCIA, 2003). Desta forma, houve um
intenso crescimento demográfico dos municípios do polo de Santa Gertrudes,
provocando uma eminente expansão de suas áreas urbanas. Na Tabela 1, pode-se
observar a evolução demográfica dos municípios que constituem o polo, desde a
década de 1970 até 2016, segundo os dados dos censos do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2017), bem como a taxa de crescimento demográfico
no período.
Tabela 1 – População residente nos municípios do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes,
no período de 1970 a 2016 e Taxa de Crescimento Demográfico
Municípios 1970 1980 1991 2000 2010 2016 (1) 1970-2016
(%) (2)
Araras 53.422 65.010 87.459 104.196 118.843 130.102 143,53
Cordeirópolis 7.970 9.379 13.338 17.591 21.080 23.517 195,06
Ipeúna 2.097 1.854 2.698 4.340 6.016 7.047 236,05
Iracemápolis 6.907 8.283 11.752 15.555 20.029 22.914 231,75
Limeira 90.963 150.561 207.770 249.046 276.022 298.701 228,37
Rio Claro 78.040 110.202 138.243 168.218 186.253 201.473 158,16
Santa
Gertrudes
6.010 7.987 10.485 15.906 21.634 25.192 319,16
Fonte: IBGE, 2017.
(1) Valores estimados de população residente.
(2) Taxa de Crescimento Demográfico.
13
A Tabela 1 demonstra que com exceção do município de Ipeúna, que
apresentou queda em sua população de 1970 para 1980, embora tenha apresentado
a segunda maior taxa de crescimento de 1970 a 2016 (236,05%), todos os outros
municípios apresentaram um crescimento demográfico constante até 2016. É
importante destacar que a maior taxa de crescimento no período correspondeu ao
município de Santa Gertrudes (319,16%), motivado pelo setor cerâmico que cresceu
consideravelmente ao longo das décadas, atraindo grande volume de pessoas para
trabalhar nesse setor no município.
Esse rápido crescimento econômico do Polo Cerâmico, influenciado
principalmente pelo município de Santa Gertrudes, não foi acompanhado de políticas
públicas e/ou privadas de gerenciamento dos impactos ambientais provocados pela
extração da matéria-prima e produção de pisos e revestimentos, gerando
principalmente a poluição do ar, em decorrência dos materiais particulados liberados
durante as etapas do processo produtivo (IAOCHITE, 2008).
O município de Rio Claro, desde o início de sua industrialização, por volta do
final do século XIX, já fabricava produtos cerâmicos, inicialmente telhas e tijolos, em
pequenas fábricas e olarias, devido à abundante matéria-prima presente na região.
Vale lembrar, que diferentemente dos municípios de Santa Gertrudes e
Cordeirópolis, que desde o início do desenvolvimento industrial sempre
apresentaram como ponto forte o setor ceramista, Rio Claro sempre se caracterizou
pela presença de uma grande variedade de indústrias. (ROSSINI, 2002).
Inserido no contexto do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes, o município de
Rio Claro é o terceiro município do polo com mais indústrias cerâmicas instaladas,
além de apresentar alto grau de participação na produção total de pisos e
revestimentos do polo cerâmico. O município de Rio Claro abrange os distritos de
Ajapí e Assistência. Neste contexto, a área de estudo, o distrito de Assistência,
localiza-se próxima à Delta Indústria Cerâmica S/A e às cavas de extração da argila,
recebendo diariamente, pela influência de fenômenos meteorológicos, um volume de
material particulado oriundo da atividade cerâmica, que afeta a população residente
no distrito e pode ocasionar problemas de saúde.
14
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo fundamental
O objetivo fundamental desta pesquisa foi avaliar a poluição atmosférica
provocada pela grande quantidade de material particulado que é liberado durante o
processo produtivo de pisos e revestimentos cerâmicos no Polo Cerâmico de Santa
Gertrudes. Destaca-se o impacto do material particulado sobre o distrito de
Assistência em Rio Claro/SP, sendo proveniente da atividade cerâmica presente na
região e chegando ao distrito por influência da dinâmica meteorológica local.
2.2 Objetivos específicos
✓ Identificar as indústrias cerâmicas e áreas de extração de matéria-prima do
Polo Cerâmico de Santa Gertrudes, presentes nos arredores do distrito de
Assistência, Rio Claro/SP;
✓ Conhecer todas as etapas do processo produtivo para identificação das
principais fontes de origem do material particulado;
✓ Caracterizar a dinâmica meteorológica da área através da análise e
interpretação de dados climáticos, de janeiro de 2016 a julho de 2017, a fim
de identificar a influência destes dados sobre a variação dos níveis de
material particulado na atmosfera local durante este período;
✓ Indicar os setores do distrito de Assistência que podem ser mais vulneráveis
ao material particulado no período estudado.
15
3 REVISÃO DE LITERATURA
Com base na revisão de literatura, é esclarecido como funciona todo o
processo produtivo dos produtos cerâmicos produzidos no Polo Cerâmico de Santa
Gertrudes/SP (PCSG), além da descrição das principais normas responsáveis pelo
controle da atividade minerária presente na região, com relação especial a extração
da matéria-prima do setor cerâmico. Também é destacado os principais impactos
ambientais causados pelas atividades do PCSG na região, com ênfase na poluição
atmosférica. Com relação à poluição atmosférica, foi feita a caracterização do
material particulado, incluindo os atuais índices e padrões de qualidade do ar
vigentes, além da descrição da influência dos fatores meteorológicos presentes no
local sobre a alteração dos níveis de material particulado.
3.1 Processos produtivos da indústria cerâmica de revestimento
A indústria cerâmica abrange dois processos de produção de materiais
cerâmicos para revestimento, um por via seca e outro por via úmida. No processo de
produção por via seca, a argila extraída do local de lavra, passa por um processo de
britagem, que é a passagem de roletes metálicos puxados por tratores sobre a argila
para quebra dos torrões, em seguida, é armazenada em terrenos e exposta ao sol
para secagem e desidratação, sendo posteriormente realizada a moagem dos grãos
a seco. Na moagem, a argila é transformada em massa cerâmica, sendo moída em
moinhos de martelo e pendulares. Em seguida realiza-se uma seleção
granulométrica através de peneiramento, passando por um umidificador que utiliza
água para homogeneização dos grãos e formação da massa cerâmica (FRANCHINI,
2004; FUNDACENTRO, 2010).
No processo de produção por via úmida, após a extração e quebra dos torrões
de argila, o material vai para o processo de moagem por meio de esteiras, sendo
misturado com água e podendo conter também nessa mistura, minerais como
feldspato, filito, talco, calcário e caulim. A moagem é realizada em moinhos rotativos
de bolas ou roletes para redução da granulometria do material, gerando desse
processo um fluido viscoso conhecido como barbotina (FUNDACENTRO, 2010;
OLIVEIRA; MAGANHA, 2006).
16
Dos silos, onde a argila beneficiada fica armazenada, o material vai para a
prensagem, passando antes por uma peneira vibratória responsável pela eliminação
de qualquer material que esteja fora do padrão granulométrico preestabelecido.
Após o peneiramento, o material vai para as tremonhas das prensas, onde
determinada quantidade de argila pré-programada, dependendo do produto que se
deseja obter, será prensada em prensas mecânicas ou hidráulicas para obtenção da
placa cerâmica (Figura 1). As placas obtidas podem passar por processos de
acabamento como rebarbação e escovação (FRANCHINI, 2004; FUNDACENTRO,
2010).
Figura 1 – Prensa para moldagem do revestimento cerâmico
Fonte: Elaborado pelo autor.
A seguir, as placas cerâmicas são transportadas para secadores verticais ou
horizontais (Figura 2), cuja temperatura gira em torno de 120ºC para retirada do
17
excesso de umidade, sofrendo uma redução no seu volume e ganhando uma maior
resistência mecânica, sendo assim, preparada para o processo de esmaltação e
decoração (FUNDACENTRO, 2010; SILVA, 2005). Neste processo, é realizada a
limpeza da placa por meio de escovação, lixamento e sopragem, com uma
subsequente aplicação de esmalte de base (Figura 3), conforme o produto
esperado. As próximas etapas são adotadas na produção de todos os tipos de
revestimentos, abrangendo a aplicação de vapor de água e engobe para aplicação
da decoração e de esmalte, ou seja, podem ocorrer diferentes operações nesta
etapa, dependendo do revestimento final pretendido pelo fabricante (FRANCHINI,
2004).
Figura 2 – Secador para retirar o excesso de umidade
Fonte: Elaborado pelo autor.
18
Figura 3 – Aplicação de engobe no revestimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
No forno é realizada a queima, também chamada de sinterização, que é o
último processo da fabricação das cerâmicas de revestimento, onde os produtos vão
sendo transportados através de roletes dentro do forno horizontal do tipo
monoqueima (Figuras 4 e 5), geralmente com extensão em torno de 100 metros,
atingindo temperaturas por volta dos 1100ºC, tendo como função fundir o material
vítreo dos esmaltes sob a superfície das peças; em seguida, ao se resfriar em
temperatura ambiente, ocorre a contração de uma camada protetora que garante às
novas peças suas propriedades finais, tais como brilho, cor, porosidade,
impermeabilidade, dureza e resistência a fatores como abrasão, altas temperaturas,
água, agente químicos, entre outros (FRANCHINI, 2004; OLIVEIRA; MAGANHA,
2006).
19
Figura 4 – Forno horizontal para secagem dos revestimentos cerâmicos
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 5 – Extensão do forno horizontal
Fonte: Elaborado pelo autor.
20
As peças após queima são classificadas de forma manual e automática, a fim
de selecionar apenas aquelas que estejam dentro do controle de qualidade
preestabelecido, que considera suas dimensões, suas características superficiais e
suas características mecânicas e químicas (OLIVEIRA; MAGANHA, 2006). As peças
selecionadas são embaladas automaticamente em caixas de papelão (Figura 6), as
quais são empilhadas em pallets e armazenadas em áreas próprias nas indústrias,
como galpões ou pátios (Figura 7), estando assim prontos para sua comercialização
(FRANCHINI, 2004).
Figura 6 – Processo de embalagem das peças
Fonte: Elaborado pelo autor.
21
Figura 7 – Revestimentos empilhados em pallets e armazenados em galpão
Fonte: Elaborado pelo autor.
Na Figura 8 são ilustradas todas as etapas do processo produtivo de
materiais cerâmicos de revestimento, distinguindo-se os processos por via seca e
por via úmida, desde a extração da matéria-prima na área de mineração, passando
pela beneficiadora para preparação da massa, até a confecção do produto final na
indústria cerâmica.
22
Figura 8 – Etapas dos processos produtivos
Fonte: FUNDACENTRO, 2010.
Como observado na Figura 8, a principal diferença entre os dois processos
produtivos (via seca e via úmida), consiste no tipo de matéria-prima que pode ser
utilizada na preparação da massa e com relação à preparação da massa. No
processo via úmida, além da argila, também pode ser utilizado talco, feldspato e
caulim, enquanto que no processo via seca, é utilizado apenas a argila. Quanto à
preparação da massa, no processo por via úmida a matéria prima é armazenada em
silos separadamente, depois misturada e moída com água, formando a barbotina,
que passa em seguida pela secagem por um atomizador e por fim, o pó atomizado
gerado é direcionado para um silo. Enquanto isso, no processo via seca, a matéria-
prima (argila) é armazenada em galpões, onde é moída num moinho (de martelo e
23
pendular), passa por uma granulação e peneiramento e este pó granulado obtido é
levado para o silo. As próximas etapas do processo produtivo para obtenção do
produto final, já dentro da indústria cerâmica, são as mesmas, independente de qual
processo produtivo tenha sido utilizado (FUNDACENTRO, 2010).
3.1.1 Processo produtivo da indústria cerâmica vermelha
A indústria cerâmica vermelha presente no Polo Cerâmico de Santa
Gertrudes, constituída principalmente por pequenas e médias indústrias e olarias, é
responsável pela produção de telhas, blocos e tijolos, cuja produção é direcionada
principalmente para o abastecimento do setor de construção civil na região do polo.
Da etapa de extração da argila no local de lavra, até a de moagem do material
na indústria, os métodos são praticamente os mesmos que são utilizados nas
indústrias cerâmicas de revestimento que adotam o processo de produção por via
seca. Após a mistura da argila com água para homogeneização da massa e o
descanso por um período de 24 a 48 horas, o material é encaminhado para a
laminação, processo que utiliza um laminador, que tem a função de direcionar as
partículas de argila para atingir a granulometria adequada do material, reduzindo o
gasto de energia que é necessário para a etapa da queima do material (TAVARES;
GRIMME, 2002; FIEMG; FEAM, 2013).
Após a laminação, a massa cerâmica passa pelo processo de extrusão em
uma extrusora, também chamada de maromba, onde é pressionada fortemente por
meio de um pistão ou eixo helicoidal em um bocal, que determinará o tipo de peça a
ser produzida. Como resultado obtém-se uma coluna extrusada, a qual possui uma
seção transversal, que através de cortes, realizados por cortadores manuais ou
automáticos, determinará o formato e as dimensões desejadas, de acordo com o
produto final que se deseja obter (SINDICER, 2017). Após o corte, as peças
aprovadas através de inspeção visual são encaminhadas para secagem, enquanto
que as peças rejeitadas são reintroduzidas no processo de moagem para
preparação da massa (FIEMG; FEAM, 2013).
A partir da estocagem do material em galpões fechado, o que é o mais
comum entre as indústrias, a secagem pode ser feita naturalmente, com ajuda de
ventiladores ou artificialmente, a partir do uso de secadores, que tornam este
24
processo mais efetivo, como por exemplo, o uso de estufas, que reaproveitam o
calor gerado pelos fornos (MEDEIROS, 2006).
Após a secagem, o material é encaminhado direto para sinterização para
queima em fornos que podem atingir temperaturas entre 750ºC e 1.200ºC,
dependendo do material que é produzido, para perda de massa, desenvolvimento de
novas fases cristalinas, formação de fase vítrea e soldagem dos grãos, para
obtenção de características como cor e resistência, passando logo na sequência por
um processo de resfriamento controlado, a temperaturas inferiores a 200ºC para
obtenção de suas propriedades finais (MEDEIROS, 2006; FIEMG; FEAM, 2013).
Por fim, os tijolos, blocos e telhas produzidos, são encaminhados para
expedição, onde serão feitos testes de qualidade, como absorção de água, torção,
desvio padrão em relação ao esquadro, dimensões, permeabilidade no caso de
telhas, sonoridade e empenamento em telhas, para só então as peças aprovadas
serem encaminhadas para áreas cobertas, onde serão embaladas e estarão prontas
para sua comercialização (MEDEIROS, 2006; FIEMG; FEAM, 2013).
3.2 Normas para atividades de mineração
Com base na Política Nacional de Meio Ambiente, a prevenção e mitigação
de impactos gerados pela mineração sobre o meio ambiente no Estado de São
Paulo vêm sendo monitorada através do licenciamento ambiental, que deve ser
adquirido pelas indústrias para utilização de recursos minerais. Para obtenção deste
licenciamento ambiental, os principais documentos exigidos são o Relatório de
Controle Ambiental (RCA), o Plano de Controle Ambiental (PCA), o Relatório
Ambiental Preliminar (RAP), o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de
Impacto Ambiental (Rima), que devem ser formulados e apresentados conforme a
Resolução no 51, de 12 de dezembro de 2006, da Secretaria do Meio Ambiente
(MECHI; SANCHES, 2010).
A exigência de RAP ou EIA/Rima aplica-se a cavas de extração de acordo
com a determinação do órgão ambiental estadual, no caso a CETESB, segundo as
Resoluções SMA nº 51, de 12 de dezembro de 2006 e SMA nº 130, de 30 de
dezembro de 2010. A formulação do RAP ou do EIA/Rima será exigida quando: for
verificado que haverá impacto significativo aos meios físico, biótico e
socioeconômico; a área de extração for superior a 20 hectares; o volume total de
25
material a ser extraído ultrapassar 5.000.000 m³; for necessária a retirada de
vegetação nativa e/ou em áreas de preservação permanente (APP), segundo a Lei
Federal no 12.727 de 2012; houver intervenção de nascentes ou cursos d’água
inseridos em mananciais utilizados para abastecimento público; e, onde houver
extração de rochas carbonáticas em regiões com evidências de fenômenos cársticos
(MECHI; SANCHES, 2010; CETESB, 2017).
Para as zonas de minerações já existentes, a Resolução SMA no 51 de 2006
prevê para licença de operação, que o empreendedor é obrigado a apresentar um
Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD). Para os casos de mineradoras
já desativadas, que não apresentavam um licenciamento ambiental, o responsável
pelo local deve apresentar a CETESB um projeto de revegetação, o qual será
passível de aprovação, para que assim seja providenciada a recuperação da área
degradada (CETESB, 2017).
Os municípios possuem papel importante na gestão dos recursos minerais e
na deliberação de suas áreas de exploração dentro de seus limites. Os principais
instrumentos públicos dos municípios para gestão destes recursos são a Lei
Orgânica, o Plano Diretor e a Lei de Uso e Ocupação do Solo, para determinar as
áreas aptas e não aptas ao desenvolvimento de determinadas atividades de
mineração. Além disso, o município que apresentar expressivo potencial minerário e
que demandar um plano de gestão mais completo, deverá formular um Plano Diretor
Municipal de Mineração, o qual é atrelado ao Plano Diretor, para uso consciente e
sustentável destes recursos pelos agentes privados (empreendedores) (IPT, 2003).
Os municípios também podem atuar diretamente nos processos de obtenção
do licenciamento ambiental, no registro e fiscalização durante as fases de
construção e operação do empreendimento para cumprimento de todas as normas
cabíveis. Com relação às áreas qualificadas para mineração, o zoneamento
territorial elaborado pelo município é importante para garantir a criação e
implementação de projetos de recuperação de futuras áreas degradadas, seguindo
devidamente o planejamento municipal e as leis federais e estaduais vigentes (IPT,
2003).
A partir da caracterização do meio físico (Geologia, Geomorfologia, Pedologia
e Hidrogeologia), definição do potencial de recursos minerais e limitações naturais e
legais como a presença de vegetação nativa ou Áreas de Preservação Permanente
(APP), é estabelecido a criação de um zoneamento minerário, divido em: Zonas
26
Preferenciais para Mineração (ZPM) que são áreas adequadas a mineração devido
ao seu potencial minerário e compatibilidade ambiental e socioeconômica; Zonas
Controladas para Mineração (ZCM) que são áreas onde a atividade minerária é
permitida, porém com limitações a sua exploração devido as limitações de recursos
minerais, ambientais e socioeconômicas; e Zonas Bloqueadas para Mineração
(ZBM) que englobam áreas onde não é permitida atividade minerária, devido às
restrições ambientais ou ocupação, como no caso da malha urbana (IPT, 2003).
Durante a etapa da mineração, os principais processos que liberam partículas
poluentes na atmosfera são os de lavra e beneficiamento da argila, através do
funcionamento de maquinários, da detonação e perfuração do terreno, do tráfego de
caminhões sobre estradas não pavimentadas nas áreas de operação e nas vias de
circulação, do transporte de cargas descobertas, da exposição de materiais para
estocagem e secagem e durante os processos de beneficiamento através de
britagem do material (IPT, 2012; IPT, 2003).
Para redução da emissão destas partículas é fundamental a adoção de
algumas medidas de mitigação pelas companhias mineradoras, destacando-se:
evitar detonações quando o vento estiver soprando a favor de áreas urbanas
vizinhas a mineradora; implantar cacos cerâmicos nas vias de transporte para evitar
o contato direto do veículo com o solo; umidificar a via, principalmente em períodos
de estiagem, para reduzir drasticamente a emissão de poeira na atmosfera; asfaltar
as principais vias de circulação de caminhões; cobrir a carga dos caminhões para
evitar suspensão destas durante seu transporte; secar o material com cobertura a
céu aberto, em galpões cobertos, em fornos próprios ou em locais que apresentam
uma barreira vegetal no seu entorno, para contenção do espalhamento das
partículas; e realizar manutenção periódica dos maquinários utilizados para extração
e beneficiamento do material, como garantia de seu funcionamento adequado. (IPT,
2012; IPT, 2003).
3.3 Impactos causados pela atividade cerâmica e pelo plantio da cana-de-
açúcar: ênfase à poluição atmosférica
A poluição é definida como sendo a presença de substâncias químicas
estranhas ou já existente no ambiente, concentradas em quantidades acima do
normal, desequilibrando o ambiente natural e gerando efeitos negativos aos seres
27
vivos. Essa poluição pode promover impactos na hidrosfera, litosfera, biosfera e
atmosfera (SECATTI; TREVISAN; BUENO, 2005).
A atividade cerâmica de uma maneira geral, desde o local de lavra e extração
da argila até as etapas do processo produtivo no interior da indústria, libera grande
variedade e quantidade de material particulado (conjunto de partículas sólidas e
líquidas suspensas no ar), CO², Cloro, Sulfatos, Ácido Silícico, Chumbo, Cobre,
Níquel, Fluoreto, entre outros, que poluem a atmosfera, a vegetação, o solo e os
corpos hídricos, além do risco de degradação do lençol freático, quando localizado
no local de mineração da argila (CORTESE, 2008; OLIVEIRA, 2015).
A extração de argila nos locais de lavra, a qual é realizada com a ajuda de
explosivos e retroescavadeiras, promove intensos impactos no ambiente explorado,
como perda de solos, assoreamento de rios, eliminação da cobertura vegetal,
modificação da paisagem, etc. Vale destacar que além desses impactos, ainda
ocorre a suspensão de material particulado para atmosfera, pelo fato da argila ser
um material fino, de fácil dispersão. Durante o transporte da matéria prima até as
indústrias, feita por caminhões, quando as carrocerias dos caminhões não são
cobertas, pode ocorrer novamente a liberação de partículas finas de argila (poeira),
que são suspensas para atmosfera e suas vias de transporte, por onde passam os
caminhões (SECATTI; TREVISAN; BUENO, 2005).
Os trabalhadores das indústrias cerâmicas são expostos ao material
particulado e substâncias químicas, provenientes, sobretudo, das etapas de
secagem, prensagem e esmaltação, podendo causar doenças pulmonares, como
pneumoconioses, pelo acumulo de poeira nos pulmões (LOMBARDO; MENDES,
2005). Igualmente, sofrem também com os altos ruídos do maquinário e com o calor
excessivo, influenciado pela presença dos fornos (SECATTI; TREVISAN; BUENO,
2005).
Além do polo cerâmico, existe ainda a atividade do agronegócio nos arredores
de Rio Claro, sobretudo de cana-de-açúcar, que também colabora com a suspensão
de material particulado, além de partículas como dióxido de carbono (CO2),
monóxido de carbono (CO), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), óxidos de nitrogênio
(NOx) e ozônio (O3), especialmente durante a queima da biomassa para a colheita
da cana-de-açúcar, que geralmente ocorre entre maio e novembro. É importante
mencionar, que a Lei Estadual nº 11.241 de 2002, determinou a proibição, no Estado
de São Paulo, da queima de cana-de-açúcar, a qual deveria ser suspensa até 2021
28
em áreas mecanizáveis (com inclinação igual ou inferior a 12%) e até 2031 em áreas
não mecanizáveis, contudo, esses prazos foram antecipados para 2014 em áreas
mecanizáveis e para 2017 em áreas não mecanizáveis (LIMA; LUIZ; NEVES, 2016;
ROSEIRO; TAKAYANAGUI, 2004). Vale salientar também, que no período de
preparação do solo para o cultivo da cana-de-açúcar, que ocorre geralmente entre
setembro a março, utilizam-se frequentemente corretivos e fertilizantes, podendo
emitir para a atmosfera além de material particulado, outras partículas químicas
como Cálcio (Ca2+), Fluoreto (F-), Nitrato (NO3-) e Zinco (Zn2+) (SANTOS;
GASTMANS, 2016).
3.4 Material particulado
Material Particulado em Suspensão (MPS) é um conjunto de partículas
químicas em estado sólido ou líquido, que se manifesta na atmosfera e apresenta
tamanhos variados, podendo se originar de fontes primárias ou secundárias de
poluição. Fontes primárias de poluição correspondem a sua formação e emissão a
partir de processos poluidores, como em erupções vulcânicas no caso de emissões
naturais ou em emissões antrópicas provenientes da atividade industrial e processos
de combustão. Já como fonte secundária de poluição, o MPS se forma na atmosfera
a partir da reação química entre gases naturais e poluentes provindos de uma fonte
primária (ALMEIDA, 1999; CETESB, 2017).
Quanto à granulometria, o material particulado pode ser composto por
partículas inaláveis finas ou grosseiras. As partículas inaláveis finas apresentam
diâmetro igual ou inferior a 2,5 µm, tendo grande possibilidade de sua deposição no
trato respiratório. As partículas grosseiras apresentam diâmetro entre 2,5 µm e 10
µm, oferecendo menos riscos para saúde humana se comparada às partículas finas,
porém, também apresentando risco de deposição no trato respiratório, pela
possibilidade de sua inalação. Frequentemente o MPS recebe as denominações
MP2,5 e MP10, se referindo respectivamente às partículas inaláveis finas e grosseira
(ALMEIDA, 1999; CETESB, 2017). Também recebe denominações como: Partículas
Totais em Suspensão (PTS), que correspondem às partículas com diâmetro igual ou
inferior a 50 µm, que podem gerar problemas de saúde pela possível inalação de
parte destas partículas ou ainda gerar poluição visual e estética; e, Fumaça (FMC),
que se refere às partículas derivadas dos processos de combustão (CETESB, 2017).
29
3.5 Padrões e índices de qualidade do ar
Segundo a CETESB (2016), o Decreto Estadual nº 59.113, de 23 de abril de
2013, determina que a administração da qualidade do ar no território do Estado de
São Paulo será efetuada por meio de Padrões de Qualidade do Ar, de acordo com
os seguintes critérios:
✓ Metas Intermediárias (MI): estabelecidas como valores temporários a serem
cumpridos em etapas, visando à melhoria gradativa da qualidade do ar no
Estado de São Paulo, baseada na busca pela redução das emissões de
fontes fixas e móveis, em linha com os princípios do desenvolvimento
sustentável;
✓ Padrões Finais (PF): Padrões determinados pelo melhor conhecimento
científico para que a saúde da população seja preservada ao máximo em
relação aos danos causados pela poluição atmosférica.
A Tabela 2 apresenta os padrões de qualidade do ar referentes a MP10 e
MP2,5, estabelecidos no Decreto Estadual nº 59.113/2013, onde os padrões atuais
vigentes com relação a concentração limite destas partículas inaláveis no ar estão
evidenciados em MI1, podendo ser ultrapassado este limite apenas uma vez durante
todo ano.
Tabela 2 – Padrões Estaduais de Qualidade do Ar referentes a MP10 e MP2,5
Poluente Tempo de Amostragem MI 1
(µg/m³)
MI 2
(µg/m³)
MI 3
(µg/m³)
PF
(µg/m³)
Partículas inaláveis
grossas (MP10)
24 horas 120 100 75 50
MAA 40 35 30 20
Partículas inaláveis
finas (MP2,5)
24 horas 60 50 37 25
MAA (1) 20 17 15 10
Fonte: CETESB, 2016.
(1) MAA: Média Aritmética Anual.
As Metas Intermediárias devem ser atendidas em três etapas, onde:
✓ Meta Intermediária Etapa 1 (MI1): Valores de concentração de poluentes
atmosféricos que devem ser respeitados a partir de 24/04/2013;
30
✓ Meta Intermediária Etapa 2 (MI2): Valores de concentração de poluentes
atmosféricos que devem ser respeitados subsequentemente à MI1, que
entrará em vigor após avaliações realizadas na Etapa 1, reveladas por
estudos técnicos apresentados pelo órgão ambiental estadual, convalidados
pelo CONSEMA;
✓ Meta Intermediária Etapa 3 (MI3): Valores de concentração de poluentes
atmosféricos que devem ser respeitados nos anos subsequentes à MI2,
sendo que o seu prazo de duração será definido pelo CONSEMA, a partir do
início da sua vigência, com base nas avaliações realizadas na Etapa 2.
✓ Padrões finais (PF): são aplicados sem etapas intermediárias quando não
forem estabelecidas metas intermediárias, como no caso do monóxido de
carbono, partículas totais em suspensão e chumbo. Para os demais
poluentes, os padrões finais passam a valer a partir do final do prazo de
duração do MI3.
A Legislação Estadual (Decreto Estadual nº 59.113/2013) também estabelece
critérios para episódios críticos de poluição do ar, em um período de 24 horas,
referentes a partículas inaláveis (MP10 e MP2,5), que estão apresentados na Tabela
3. Para declaração dos estados de Atenção, Alerta e Emergência, além dos níveis
de concentração excedidos, é necessária a previsão de condições meteorológicas
desfavoráveis à dispersão dos poluentes.
Tabela 3 – Critérios para episódios críticos de poluição do ar – MP10 e MP2,5
Parâmetros Atenção Alerta Emergência
MP10 (µg/m³) 250 420 500
MP2,5 (µg/m³) 125 210 250
Fonte: CETESB, 2016.
No Brasil, a Resolução CONAMA nº 03, de 28 de junho de 1990, estabelece
os padrões de qualidade do ar referentes as partículas inaláveis (Tabela 4).
Tabela 4 – Padrões nacionais de qualidade do ar – partículas inaláveis
Poluente Tempo de Amostragem Padrão Primário
(µg/m³)
Padrão Secundário
(µg/m³)
Partículas
inaláveis
24 horas (1) 150 150
MAA 50 50
Fonte: CETESB, 2016.
(1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano.
31
Segundo a Resolução CONAMA nº 03/1990, os padrões de qualidade do ar
são divididos em primários e secundários. Padrões primários de qualidade do ar
correspondem as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a
saúde da população, ou seja, são os níveis máximos de tolerância a concentração
de poluentes atmosféricos, estabelecendo metas a curto e médio prazo. Já padrões
secundários de qualidade do ar correspondem as concentrações de poluentes
atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre a população
e o meio ambiente como um todo, ou seja, são os níveis pretendidos de
concentração de poluentes, estabelecendo metas a longo prazo.
A Resolução CONAMA nº 03/1990 também estabelece critérios para
episódios críticos de poluição do ar dentro de 24 horas, referentes a partículas
inaláveis (Tabela 5). Para declaração dos estados de Atenção, Alerta e Emergência,
além dos níveis de concentração excedidos, é necessária a previsão de condições
meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes.
Tabela 5 – Critérios para episódios críticos de poluição do ar – partículas inaláveis
Parâmetros Atenção Alerta Emergência
Partículas inaláveis (µg/m³) 250 420 500
Fonte: CETESB, 2016.
De acordo com a CETESB (2016), para apresentação dos índices que
definem a qualidade do ar de um determinado local, levando em consideração a
concentração média destas partículas poluentes em um período de 24 horas, é
divulgado o índice mais alto, ou seja, sua classificação é determinada pelo maior
índice de material coletado, que consequentemente, corresponde ao pior episódio
diário de concentração destas partículas poluentes no local avaliado. Estes índices
classificam-se em qualidade Boa (N1), Moderada (N2), Ruim (N3), Muito Ruim (N4)
e Péssima (N5). Com relação às partículas inaláveis de material particulado (MP10
µg/m³), a classificação é a seguinte: Qualidade Boa: faixa de índice de 0 a 40 e faixa
de concentração de 0 a 50 µg/m³; Qualidade Moderada: faixa de índice de 41 a 80 e
faixa de concentração de 50 a 100 µg/m³; Qualidade Ruim: faixa de índice de 81 a
120 e faixa de concentração de 100 a 150 µg/m³; Qualidade Muito Ruim: faixa de
índice de 121 a 200 e faixa de concentração de 150 a 250 µg/m³; e, Qualidade
32
Péssima: faixa de índice maior que 200 e faixa de concentração maior que 250
µg/m³.
3.6 Influência meteorológica sobre a poluição atmosférica
As condições meteorológicas locais possuem influência direta sobre a
dispersão e diluição de partículas poluentes na atmosfera, contribuindo para o
aumento ou redução dos índices de poluição do ar. A ação dos ventos, temperatura,
umidade e pressão contribuem para dispersão dos poluentes através dos
fenômenos de direção e velocidade dos ventos, instabilidade e estabilidade
atmosférica, inversão térmica e índices pluviométricos.
A ação dos ventos, através de sua velocidade e direção, contribui diretamente
com o transporte e dispersão dos poluentes no ar, considerando uma taxa constante
de emissão de poluentes. Desta forma, quando ocorre uma situação de calmaria dos
ventos, observa-se uma maior concentração de poluentes na atmosfera local
próxima de sua fonte emissora, diferentemente de quando há ocorrência de ventos
mais velozes, pois ocorre maior mistura entre os gases e há maior dispersão na
atmosfera para determinada direção predominante, de acordo com a direção dos
ventos (ALMEIDA, 1999; IAG, 2017).
Os movimentos de convecção e turbulência do ar (movimentos verticais) são
diretamente afetados pela estabilidade ou instabilidade atmosférica. Em situações
de estabilidade, onde os movimentos verticais são dificultados pela menor diferença
de pressão entre o ar quente que sobe (menor pressão) e o ar frio que desce (maior
pressão) e pelas menores temperaturas, as taxas de diluição e transporte dos
poluentes são menores. Já nas situações de instabilidade, onde as correntes de
convecção e turbulência do ar são elevadas por maiores diferenças de pressão
atmosférica e por maiores temperaturas, observa-se uma maior taxa de diluição e
transporte dos poluentes na atmosfera, reduzindo as concentrações locais de
poluentes (ALMEIDA, 1999; IAG, 2017).
Segundo o perfil vertical de temperatura, que determina a diminuição da
temperatura do ar em relação ao aumento da altitude, durante o dia em situações
normais, existe uma camada de ar mais quente e mais baixa junto à superfície
terrestre e uma camada de ar mais frio em maiores altitudes, ocorrendo os
movimentos verticais através das correntes convectivas que atuam na distribuição
33
dos poluentes presentes no ar. Em locais como encostas de montanhas e vales, por
exemplo, pode ocorrer uma inversão térmica, onde uma camada de ar mais frio se
intercala entre duas camadas de ar mais quente, o que impede que as correntes de
convecção se formem e consequentemente impede a movimentação do ar,
concentrando os poluentes nas camadas mais baixas próximas ao solo (ALMEIDA,
1999; IAG, 2017).
As temperaturas em áreas urbanas são mais elevadas se comparadas
aquelas das áreas rurais, formando núcleos de condensação de água que eleva a
umidade do ar, gerando maior quantidade de nuvens e aumentando os índices
pluviométricos. Essa umidade presente no ar reage quimicamente com as partículas
de poluição, dissolvendo-as na água. Locais que possuem índices pluviométricos
moderados ou altos demonstram uma tendência para menores taxas de
concentração de poluentes se comparados a locais que apresentam baixos índices
pluviométricos, levando em consideração as mesmas partículas poluentes e as
mesmas taxas de emissão nestes dois ambientes, o que demonstra que a chuva
apresenta um efeito de amenização dos poluentes (ALMEIDA, 1999; IAG, 2017).
4 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O Polo Cerâmico de Santa Gertrudes, inserido no Estado de São Paulo, é
composto por 8 municípios, sendo esses Santa Gertrudes, Araras, Charqueada, Rio
Claro, Cordeirópolis, Iracemápolis, Limeira e Ipeúna. Nesse contexto, o município de
Rio Claro, de acordo com o Censo Demográfico de 2010 do IBGE, abrange uma
área de 498,422 km2 e apresenta uma população de 186.253 habitantes, portanto, a
densidade demográfica é de 373,69 hab./km². Além do distrito sede (Rio Claro), o
município abrange os distritos de Assistência e Ajapi.
Inserido na região administrativa de Campinas, Rio Claro é privilegiado por
um sistema rodoviário que facilita o escoamento da produção e o transporte de
matéria-prima para as indústrias, que em sua maioria estão localizadas as margens
das rodovias, destacando-se as rodovias Anhanguera (SP-330), Washington Luís
(SP-310), dos Bandeirantes (SP-348) e Fausto Santo Mauro (SP-127), além da
estrada de ferro da antiga FEPASA S.A. (CHRISTOFOLETTI; MORENO, 2011). O
34
município de Rio Claro faz divisa com Araras, a Leste; Santa Gertrudes, a Sudeste;
Piracicaba e Iracemápolis, ao Sul; e, Ipeúna, à Sudoeste.
A região está inserida na bacia hidrográfica do rio Corumbataí, que é uma
sub-bacia do rio Piracicaba, caracterizando-se por relevo plano e pouco acidentado
(altitude média de 592 m acima do nível do mar), constituinte da Depressão
Periférica Paulista e apresenta solo de formação sedimentar, com latossolos ácidos
(LORETI JUNIOR; SARDOU FILHO; CALTABELOTI, 2014; OLIVEIRA, 2015). A
Formação Corumbataí é a unidade de maior abrangência na região, tendo sido
formada durante o permiano, possui aproximadamente 100 metros de espessura e é
constituída por argilitos, principal matéria-prima do setor ceramista na região, siltitos,
arenitos finos, níveis de calcários dolomíticos e coquinas. Além desta formação, a
Formação Tatuí e Grupo Itararé presentes na região, também apresentam traços de
argilas para o setor cerâmico. A região também é composta pelas formações Rio
Claro, Itaqueri, Serra Geral, Pirambóia e Irati (IPT, 2012).
Apresenta basicamente dois tipos de cobertura vegetal: o cerrado e a floresta
estacional. O clima é mesotérmico, com precipitação média anual de 1280 mm, com
temperaturas médias anuais que variam entre 20ºC e 32ºC no verão e entre 12ºC e
26ºC no inverno, podendo haver exceções de um ano para outro devido as fortes
frentes frias que atingem o Estado de São Paulo (GARCIA, 2003; OLIVEIRA, 2015).
O distrito de Assistência, foco deste estudo, localiza-se ao Sul do distrito de
Rio Claro e a Sudoeste do município de Santa Gertrudes, próximo da Delta Indústria
Cerâmica S/A (ao Norte) e outras indústrias a Nordeste, localizadas nos municípios
de Santa Gertrudes e Rio Claro, além da presença de cavas de extração da argila
situadas em seu entorno, presentes nas porções Norte, Leste, Nordeste, Noroeste e
Sul do distrito, como observado na Figura 9.
35
Figura 9 – Localização do distrito de Assistência e uso da terra nos municípios de Rio
Claro e Santa Gertrudes/SP (2010)
Fonte: PANCHER; ROSSETTI, 2017.
36
5 METODOLOGIA
A área de estudo escolhida foi o distrito de Assistência, em Rio Claro/SP, pelo
fato de estar situado entre as atividades mineradoras e indústrias do Polo Cerâmico,
além de estar às margens da rodovia e estrada municipal por onde circulam uma
grande quantidade de caminhões transportando argila, recebendo assim um grande
volume de material particulado.
Quanto ao recorte temporal, foi selecionado o período de janeiro de 2016 até
julho de 2017, visando identificar e compreender o comportamento destas partículas
poluentes na atmosfera local em cada uma das diferentes situações climáticas ao
longo de um ano e meio.
Para o propósito, abordou-se a caracterização de todo processo produtivo da
atividade cerâmica do Polo de Santa Gertrudes, incluindo os diferentes processos
produtivos e as principais normas atuais vigentes para as atividades de mineração
da região. A partir daí, foram descritos os principais impactos gerados pelo material
particulado que é liberado na atmosfera durante o processo produtivo dos pisos e
revestimentos, modificando desta forma a qualidade do ar do distrito de Assistência.
O fluxograma (Figura 9) demonstra as etapas para a realização da pesquisa.
37
Figura 10 – Etapas metodológicas
Fonte: Elaborado pelo autor.
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NO DISTRITO DE
ASSISTÊNCIA, RIO CLARO/SP: reflexo do Polo
Cerâmico de Santa Gertrudes/SP
Revisão
Bibliográfica
Elaboração de mapas
para localização das
indústrias cerâmicas
e áreas de mineração
e para caracterização
da área de estudo
Coletas de dados
meteorológicos e
de qualidade do ar
Trabalhos de
campo para coleta
de informações
Estação Meteorológica
de Rio Claro, Campus da
UNESP (CEAPLA/IGCE)
Identificação dos setores mais
impactados pelo material
particulado no distrito de
Assistência, Rio Claro/SP
Estação de Monitoramento
da Qualidade do Ar de
Santa Gertrudes (QUALAR)
Base
Cartográfica
Análise do grau de
influência dos fatores
meteorológicos sobre a
variação do material
particulado
38
5.1 Levantamento bibliográfico
Através de pesquisa bibliográfica em livros, artigos, dissertações, teses e
sites, nos acervos da UNESP, USP e UNICAMP, efetuaram-se o levantamento e a
análise das informações relativas à temática, visando consistente embasamento
teórico e metodológico.
5.2 Organização da base cartográfica
A base cartográfica de Rio Claro/SP, com ênfase no Distrito de Assistência,
foi obtida de Loreti Junior, Sardou Filho e Caltabeloti (2014). Assim, foram
selecionados dados relevantes para essa pesquisa, visando apresentar o limite dos
municípios de Rio Claro e de Santa Gertrudes, o limite urbano e as principais vias de
Rio Claro e Assistência.
5.3 Elaboração do mapa de localização das indústrias cerâmicas e das áreas
de mineração
O mapa de uso da terra, abrangendo as manchas urbanas de Rio Claro,
Assistência e Santa Gertrudes, bem como a localização das indústrias cerâmicas e
das áreas de mineração existentes no entorno de Assistência, foi elaborado por
Pancher e Rossetti (2017). Deste modo, foi possível analisar a distribuição do uso da
terra no entorno de Assistência, visando identificar as possíveis áreas mais afetadas
pela poluição atmosférica, ou seja, em decorrência da dispersão de material
particulado, estabelecendo-se uma relação com as condições meteorológicas ao
longo do ano e os principais danos causados à população do distrito.
5.4 Levantamento dos dados meteorológicos e de poluição atmosférica
Para esta pesquisa, foram fundamentais a compreensão e a descrição da
dinâmica atmosférica do local analisado, considerando-se que as variáveis
climáticas têm uma influência direta sobre a dispersão e comportamento destas
partículas poluentes na atmosfera, sendo assim, interferindo diretamente na
variação dos níveis da qualidade do ar durante o ano todo.
39
Para a interpretação e análise da qualidade do ar do distrito de Assistência,
foi efetuada a coleta de dados relativos às médias mensais de temperatura (Cº),
umidade relativa (%), pressão atmosférica (mb), bem como dados relacionados a
direção e velocidade dos ventos (m/s) e precipitação total (mm), de janeiro de 2016
a julho de 2017, obtidos na Estação Meteorológica do Centro de Análise e
Planejamento Ambiental (CEAPLA), da UNESP, Câmpus de Rio Claro/SP (Figuras
10 e 11).
Figura 11 – Centro de Análise e Planejamento Ambiental (CEAPLA)
Fonte: CEAPLA, 2017.
Figura 12 – Estação Meteorológica de Rio Claro/SP
Fonte: CEAPLA, 2017.
Com relação à poluição, utilizou-se como base o material particulado
grosseiro (partícula inalável grossa ou MP10), por ser um dos principais materiais
poluentes emitidos durante todo o processo produtivo dos produtos cerâmicos. As
médias mensais e diárias de janeiro de 2016 até julho de 2017, referentes à
quantidade (µg/m³) de MP10, foram coletadas da Estação de Monitoramento da
Qualidade do Ar (Automática) de Santa Gertrudes, acessadas através do Sistema de
Informações da Qualidade do Ar (QUALAR) da CETESB. É importante destacar, que
os dados meteorológicos e as concentrações de MP10 foram coletados das referidas
estações, por estas se localizarem próximas ao distrito de Assistência.
40
5.5 Análise integrada dos dados meteorológicos e de poluição atmosférica
Primeiramente, as variáveis foram organizadas numa tabela, visando analisá-
las de modo integrado. Em seguida, as variáveis foram apresentadas em gráficos de
linhas. Os gráficos foram evidenciados numa única folha, a fim de expor a variação
mensal de cada uma, bem como estabelecer uma análise integrada. Desse modo,
foi possível interpretar e analisar as variáveis, caracterizando-se a qualidade do ar
do distrito de Assistência e identificando-se os setores mais impactados pela
poluição atmosférica. Para a análise das concentrações de MP10, foram utilizados os
padrões de qualidade do ar vigentes, estabelecidos pelo Decreto Estadual nº
59.113/2013.
Como forma de complementar a análise conjunta entre os dados climáticos e
de material particulado, foi utilizado o método estatístico chamado de Correlação de
Pearson, com a intenção de avaliar o nível de correlação entre os dados
quantitativos de temperatura, umidade relativa, precipitação, pressão atmosférica e
velocidade dos ventos e os níveis de MP10. Cabe ressaltar, que o principal objetivo
do uso deste método foi o de determinar o grau de influência de cada um dos fatores
meteorológicos sobre a variação de MP10 durante o período estudado. Para
determinar os valores da correlação entre estas variáveis, foi utilizado o programa
Microsoft Excel 2013.
5.6 Trabalhos de campo
Para complementar a caracterização da área de estudo, foram realizados
trabalhos de campo no distrito de Assistência, Rio Claro/SP e entorno, com o intuito
de obter registros fotográficos que pudessem demonstrar a forte presença da
atividade cerâmica em suas proximidades, incluindo uma melhor compreensão de
como funciona todo processo produtivo e a observação de seus impactos na área.
Os trabalhos de campo também foram importantes para coleta de
informações na Unidade de Saúde da Família (USF) de Assistência, a respeito dos
principais efeitos da poluição atmosférica sobre a saúde da população de
Assistência, provinda especialmente da atividade cerâmica do entorno.
41
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
É realizada uma abordagem a respeito do impacto da poluição atmosférica
provinda da atividade cerâmica do PCSG sobre o distrito de Assistência. A partir do
conhecimento sobre a localização de indústrias cerâmicas e áreas de mineração no
entorno, da interpretação dos dados coletados a respeito das concentrações médias
de material particulado e valores médios das variáveis meteorológicas e dos
trabalhos de campo realizados, foi possível determinar quais são as áreas de
Assistência mais vulneráveis à poluição, os principais efeitos sobre a saúde da
população local, a variação dos níveis de qualidade do ar dentro do período avaliado
e a correlação entre cada uma das variáveis quantitativas.
6.1 Análise dos dados meteorológicos e de material particulado e identificação
dos possíveis setores impactados em Assistência
Com os valores médios de janeiro de 2016 a junho de 2017 referentes a MP10
em Santa Gertrudes e valores médios do mesmo período referentes a temperatura,
umidade relativa, precipitação total, pressão atmosférica, direção e velocidade dos
ventos em Rio Claro (Tabela 6), foi possível avaliar as constantes variações das
concentrações médias mensais de MP10, segundo as diferentes condições
meteorológicas aparentes em cada uma das 4 estações climáticas (verão, outono,
inverno e primavera), além da identificação dos possíveis setores do distrito de
Assistência mais impactados pela manifestação de MP10 durante este período.
42
Tabela 6 – Médias mensais de MP10 em Santa Gertrudes e médias mensais de
temperatura, umidade relativa, pressão atmosférica, direção e velocidade dos ventos
e precipitação total em Rio Claro (jan. de 2016 a jul. de 2017)
Ano
Meses
MP10
(µg/m³)
Temp.
(ºC)
Umid. Rel.
(%)
Precip.
(mm)
Pres. Atm.
(mb)
Dir.
Ven.
Vel. Ven.
(m/s)
20
16
Jan. 29 23,4 72 233,8 941,0 L 1,2
Fev. 33 24,2 68 132,6 942,8 L 0,9
Mar. 31 22,7 73 133,6 944,2 L 0,7
Abr. 70 22,3 71 28,2 944,1 L 0,6
Maio 48 18,0 81 122,4 946,7 SSO 0,7
Jun. 57 15,6 82 139,4 948,2 L 0,6
Jul. 73 17,0 70 1,4 947,4 SO 0,8
Ago. 63 18,9 68 39,4 945,9 SO 1,0
Set. 59 20,9 67 14,4 945,3 SO 1,1
Out. 42 21,9 70 86,6 942,9 SSO 1,2
Nov. 34 21,8 74 122,4 942,1 L 1,0
Dez. 25 23,1 73 158,8 941,6 L 0,9
20
17
Jan. 23 23,4 81 298,8 942,3 L 0,6
Fev. 34 24,1 75 86,3 941,9 L 0,7
Mar. 31 22,8 78 201,5 943,5 SSO 0,7
Abr. 40 21,4 79 164,6 944,7 SSO 0,6
Maio 48 19,2 82 167,4 945,7 L 0,4
Jun. 59 17,2 80 17,9 946,5 L 0,4
Jul. 70 16,2 73 0,8 951,6 L 0,5
Fontes: Estação Meteorológica do CEAPLA e CETESB, 2017.
Nos meses de janeiro, fevereiro e março se observa que as médias mensais
de MP10 em Santa Gertrudes são baixas, sendo respectivamente 29 µg/m³, 33 µg/m³
e 31 µg/m³, indicando que a qualidade do ar foi Boa nesse período, tendo a
ocorrência de poucos dias com qualidade Moderada. Esses valores foram
influenciados diretamente pela ocorrência em Rio Claro de temperaturas mais
elevadas, umidade relativa que variou entre 68% e 73%, índices alto e moderado de
precipitação total, pressão atmosférica que aumentou gradativamente e velocidade
dos ventos que diminuiu gradativamente de janeiro a março, em decorrência do fim
do verão. Estas características favoreceram uma maior dispersão e diluição destas
partículas na atmosfera. Com uma direção de vento predominante para Leste nestes
três primeiros meses, a porção Norte de Assistência possivelmente recebeu um
maior impacto de MP10 no período, devido à presença de zonas de mineração a
Noroeste.
Em abril, se observa uma concentração média elevada de MP10 de 70 µg/m3,
o que indica qualidade do ar Moderada para este mês. É importante destacar que
nos dias 7 e 22 de abril foram registradas concentrações diárias de 103 µg/m3 e 101
43
µg/m3, respectivamente, indicando qualidade do ar Ruim nestes dois dias. Apesar de
ser mínima a variação dos valores médios de temperatura, umidade relativa,
pressão atmosférica e velocidade dos ventos, com relação aos três meses
anteriores (janeiro a março), o índice baixo de precipitação total (28,2 mm) foi
determinante para ocorrência de uma elevada concentração média mensal desta
partícula em abril. De modo recorrente, o Norte de Assistência provavelmente
recebeu maiores quantidades de MP10, se comparado aos três meses anteriores,
pela predominância de ventos para Leste.
No mês de maio se observou uma qualidade do ar Boa, pois a concentração
média foi de 48 µg/m3, tendo apresentado qualidade do ar Moderada do dia 2 ao 9 e
nos dias 11, 13 e 27 do mês. Observa-se que houve redução da média de
temperatura, aumento da pressão atmosférica e pouca variação na velocidade dos
ventos, devido a aproximação do inverno, sendo importante destacar o índice
moderado de precipitação total (122,4 mm) e, consequentemente, média alta de
umidade relativa (81%), tendo sido fundamentais para caracterização de uma maior
diluição de MP10 no ar e consequente redução de suas concentrações. Desta vez, os
ventos se apresentaram predominantemente na direção Sul-Sudoeste (SSO),
indicando que a porção Norte de Assistência foi mais vulnerável ao material
particulado, por influência da localização de zonas de mineração ao Norte do distrito,
além da presença da Delta Indústria Cerâmica S/A também ao Norte.
O mês de junho se caracterizou por uma qualidade do ar Moderada,
abrangendo um valor médio de 57 µg/m3, além de ter apresentado os dias 16, 29 e
30 com qualidade Ruim e concentrações de 105 µg/m3, 102 µg/m3 e 110 µg/m3,
respectivamente. Como consequência do início do inverno, se observou uma queda
da temperatura média (15,6ºC), aumento da pressão atmosférica média (948,2 mb)
e mais uma vez pouca variação da velocidade média dos ventos (0,6 m/s). Desta
forma, estes valores meteorológicos favoreceram uma maior concentração de MP10
no ar, que possivelmente só não foi maior neste mês pelo índice moderado de
precipitação total (139,4 mm) e média alta de umidade relativa (82%). Mais uma vez
a direção predominante de ocorrência dos ventos foi Leste, indicando um possível
maior impacto sobre o Norte do distrito.
Nos meses de julho, agosto e setembro, observaram-se médias mensais de
qualidade do ar Moderada, sendo respectivamente de 73 µg/m3, 63 µg/m3 e 59
µg/m3. É importante observar que os dias 12, 13 e 15 de julho, 27 de agosto e 29 de
44
setembro se caracterizaram por apresentarem qualidade do ar Ruim, com
concentrações médias diárias respectivas de 101 µg/m3, 115 µg/m3, 128 µg/m3
(maior média diária do ano e a única que ultrapassou a concentração limite vigente),
103 µg/m3 e 105 µg/m3. De julho a setembro, observou-se um aumento gradativo
das temperaturas médias e velocidade média dos ventos, apesar desta ser pouco
expressiva, associado a uma gradativa redução das médias de pressão atmosférica,
mínima variação das médias de umidade relativa e índices baixos de precipitação
total, tudo isso em decorrência do final do inverno, entre agosto e setembro. É
importante destacar que a menor precipitação total do ano no mês de julho (1,4
mm), foi determinante para a ocorrência da maior média mensal de concentração de
MP10 em 2016. A porção Leste de Assistência possivelmente recebeu as maiores
quantidades de MP10, especialmente em julho, pela influência da direção dos ventos
que soprou predominante para Sudoeste neste período, levando consigo altas
quantidades de MP10 provindas principalmente das zonas de mineração a Nordeste
do distrito.
No mês de outubro, houve uma concentração média mensal de MP10 de 42
µg/m3, o que indicou uma qualidade do ar Boa para o mês, apesar da ocorrência de
qualidade do ar Moderada nos dias 8 e 9, 11, 17 ao 20 e 23 do mês. Este mês, se
comparado a setembro, apresentou pequeno acréscimo dos valores médios de
temperatura, umidade relativa e velocidade dos ventos, acentuado acréscimo do
índice de precipitação total (de 14,4 mm para 86,6 mm) e redução da média de
pressão atmosférica, gerando uma redução da concentração média mensal de MP10.
Por influência dos ventos predominantes para Sul-Sudoeste, a porção Norte de
Assistência provavelmente recebeu maiores quantidades destas partículas.
Nos meses de novembro e dezembro, foram observadas baixas
concentrações médias mensais de MP10 (34 µg/m3 e 25 µg/m3), indicando uma
qualidade do ar Boa, com a ocorrência de qualidade do ar Moderada apenas nos
dias 22 e 25 de novembro e nos dias 2 e 7 de dezembro. De novembro a dezembro,
em decorrência do início do verão, ocorreu um acréscimo das médias de
temperatura, de precipitação total, variável constante de umidade relativa e
velocidade dos ventos e um decréscimo de pressão atmosférica, garantindo uma
baixa concentração de MP10 no ar. Nesse período, pela direção predominante dos
ventos a Leste, a porção Norte de Assistência novamente foi mais vulnerável às
manifestações de MP10.
45
Entrando em 2017, os meses de janeiro e fevereiro apresentaram baixas
médias mensais de MP10, sendo respectivamente 23 µg/m³ e 34 µg/m³, indicando
que a qualidade do ar foi Boa nesse período e tendo a ocorrência de apenas 6 dias
com qualidade Moderada. Essas concentrações de MP10, foram influenciadas pela
ocorrência de temperaturas mais elevadas (médias respectivas de 23,4ºC e 24,1ºC),
umidades relativas elevadas, pela alta quantidade e variação de precipitação total de
janeiro para fevereiro (de 298,8 mm para 86,3 mm), que possivelmente teve maior
influência sobre o aumento de MP10 no período, além de pressões atmosféricas com
baixa variação e velocidade dos ventos praticamente constante. A porção Norte de
Assistência provavelmente recebeu um maior impacto de MP10 neste período, como
consequência dos ventos predominantes para Leste.
De março para abril se observou, assim como de janeiro para fevereiro, um
aumento nas concentrações mensais de MP10, indo de 31 µg/m³ para 40 µg/m³, o
que demonstra uma qualidade do ar Boa, apesar de 2 dias de março e 6 dias de
abril apresentarem qualidade Moderada. Como justificativa para o aumento das
concentrações de MP10, de março a abril se observa uma baixa queda nas
temperaturas médias, umidade relativa alta e constante, alta precipitação total e
baixa queda, baixo aumento da pressão atmosférica e uma baixa variação da
velocidade dos ventos. Nestes dois meses, em decorrência da direção dos ventos
predominante para Sul-Sudoeste, a porção Norte de Assistência foi novamente mais
suscetível ao impacto do material particulado.
O mês de maio se caracterizou por uma concentração média mensal boa, de
48 µg/m³, porém com a ocorrência de 15 dias com concentração média moderada.
Apesar dos altos índices de umidade relativa e precipitação total, a queda dos
valores médios de temperatura e velocidade dos ventos e o aumento da pressão
atmosférica, garantiram o aumento das concentrações de MP10. Novamente, a
direção predominante dos ventos durante maio foi o Leste, caracterizando um
possível maior impacto sobre o Norte de Assistência.
Os meses de junho e julho apresentaram concentrações médias mensais
moderadas, respectivamente 59 µg/m3 e 70 µg/m3, destacando-se a ocorrência de
concentrações médias ruins, no dia 29 de junho com 105 µg/m3 e em julho nos dias
14 com 122 µg/m3 (nível diário de concentração tolerado que é de 120 µg/m3
ultrapassado), 26 com 102 µg/m3 e 27 com 107 µg/m3. Este aumento nas
concentrações de MP10 se devem especialmente pela ocorrência de junho para
46
julho, da queda das médias mensais de temperatura e umidade e de precipitação
total e do aumento de pressão atmosféricos, influenciadas pelo início do inverno,
que foram respectivamente de 17,2ºC para 16,2ºC, de 80% para 73%, de 17,9
mm para 0,8 mm em decorrência do período de estiagem, que é um dos principais
agravantes dos níveis de MP10 e de 946,5 mb para 951,6 mb. Nos dois meses,
devido a direção dos ventos predominantemente para Leste, a porção Norte do
distrito provavelmente recebeu maior impacto do MP10.
6.2 Variação dos dados
Para facilitar a visualização da variação dos valores médios de janeiro de
2016 até julho de 2017 de material particulado, temperatura, umidade relativa,
precipitação total, pressão atmosférica e velocidade dos ventos, foram elaborados
gráficos para cada uma destas variáveis (Figura 13).
Com base nos gráficos da Figura 13, foram avaliados os meses de abril,
junho, julho, agosto e setembro de 2016 e junho e julho de 2017, por esses se
destacarem pelas maiores médias mensais de MP10 e por uma qualidade do ar
Moderada. Para essa avaliação, considerou-se a correlação entre as variáveis
desses meses para demonstrar como as condições meteorológicas interferiram na
obtenção de maiores concentrações de material particulado.
47
Figura 13 – Gráficos das variáveis de janeiro de 2016 a julho de 2017
Fonte: Elaborado pelo autor.
48
Em 2016, abril destacou-se por ser um episódio isolado, devido a brusca
elevação da concentração média de MP10 para 70 µg/m3, se comparada aos níveis
do mês anterior (31 µg/m3). Esta concentração de MP10 foi determinada, sobretudo,
pela queda brusca de precipitação total (28,2 mm), se comparada ao mês anterior
que foi de 133,6 mm. Os valores médios das outras variáveis meteorológicas não
justificam tamanha elevação da concentração de MP10, por serem valores que
contribuiriam com a dispersão e amenização dos níveis de poluição, sendo eles:
22,3ºC de temperatura, 71% de umidade relativa, 944,1 mb de pressão atmosférica
e 0,6 m/s de velocidade dos ventos.
O mês de junho apresentou uma concentração média de MP10 de 57 µg/m3,
em decorrência da baixa temperatura média de 15,6ºC e da alta pressão atmosférica
média de 948,2 mb. A concentração de material particulado no ar só não foi mais
elevada, devido sua amenização por influência dos valores registrados de umidade
relativa e precipitação total, respectivamente, 82% e 139,4 mm, além da velocidade
dos ventos em torno de 0,6 m/s, que influenciou pouco sobre a variação de material
particulado.
Julho caracterizou-se pela concentração média de MP10 mais elevada de todo
período estudado, sendo de 73 µg/m3. Todos os valores meteorológicos registrados
durante esse mês foram propícios para tal concentração de MP10, sendo a
temperatura (17ºC), a precipitação total (1,4 mm) e a pressão atmosférica (947,4
mb), os maiores responsáveis por esta concentração, seguido da influência dos
valores de umidade relativa (70%) e velocidade dos ventos (0,8 m/s).
Agosto se comparado ao mês anterior, apresentou uma concentração média
de material particulado menor, de 63 µg/m3, influenciada principalmente pelo
aumento da temperatura média para 18,9ºC e da precipitação total para 39,4 mm e
influenciada também, pela queda da pressão atmosférica para 945,9 mb. Além
disso, também houve queda de umidade relativa para 68% e aumento da velocidade
dos ventos para 1 m/s, sendo que ambas variáveis exerceram uma influência
mínima sobre a quantidade média de MP10 na atmosfera em agosto.
Setembro apresentou uma concentração média de MP10 de 59 µg/m3, devido
à ocorrência de uma média de temperatura mais elevada de 20,9ºC, uma média de
pressão atmosférica mais baixa de 945,3 mb e por fim, uma média de velocidade
dos ventos mais elevada de 1,1 m/s. A concentração de material particulado no mês
49
de setembro só não foi menor, em decorrência dos baixos valores de umidade
relativa média (67%) e precipitação total (14,4 mm).
Já em 2017, junho caracterizou-se pela ocorrência de uma concentração
média de MP10 de 59 µg/m3, onde os valores de 17,2ºC de temperatura média, 17,9
mm de precipitação total, 946,5 mb de pressão atmosférica média e 0,4 m/s de
velocidade média dos ventos, foram fundamentais para caracterizar este nível
Moderado de qualidade do ar. Além disso, é importante citar que se não fosse pela
umidade relativa média de 80%, possivelmente a concentração média de MP10 para
junho seria mais elevada.
E julho, o último mês que apresentou qualidade do ar Moderada, destacou-se
pela concentração média de MP10 de 70 µg/m3, como consequência da ocorrência
de condições meteorológicas extremamente favoráveis para a ocorrência de maiores
níveis de MP10, sendo elas: baixa temperatura média de 16,2ºC; precipitação total
quase nula de 0,8 mm; pressão atmosférica média de 951,6 mb, sendo inclusive, a
média de pressão atmosférica mais elevada de todo período estudado; umidade
relativa média de 73%; e velocidade média dos ventos de 0,5 m/s.
6.3 Coeficiente de Correlação de Pearson (r)
O coeficiente de correlação de Pearson (r) mede o grau de correlação linear
entre duas variáveis de dados quantitativos. O coeficiente é um índice adimensional
com valores situados entre -1,0 e 1,0 que reflete a intensidade de uma relação linear
entre dois conjuntos de dados (x e y). Se o r corresponder a um valor positivo até 1,
significa uma correlação positiva entre x e y, ou seja, os dois aumentam
sucessivamente. Se o r corresponder a um valor negativo até -1,0, significa uma
correlação negativa entre x e y, ou seja, uma variável aumenta e a outra diminui
sucessivamente. E se r for igual a 0, significa que x e y não dependem linearmente
um do outro. Porém nesse caso, pode existir alguma dependência que seja não
linear entre x e y, sendo necessário uma investigação através de outros métodos.
Na Figura 14, temos representada a equação do coeficiente Correlação de Pearson
(FIGUEIREDO FILHO e SILVA JÚNIOR, 2009).
50
Figura 14 – Equação do Coeficiente de Correlação de Pearson (r)
Fonte: FIGUEIREDO FILHO e SILVA JÚNIOR, 2009.
Segundo Dancey e Reidy (2006) apud Figueiredo Filho e Silva Júnior (2009),
o valor de r, positivo ou negativo, de 0,1 até 0,3 indica correlação fraca, de 0,4 até
0,6 indica correlação média e de 0,7 até 1 indica uma correlação forte entre as
variáveis. Desta forma, um r mais próximo do 1, positivo ou negativo, indica um
maior grau de dependência entre as variáveis, enquanto que um r mais próximo do
0, indica um menor grau de dependência entre as mesmas (FIGUEIREDO FILHO e
SILVA JÚNIOR, 2009).
Neste trabalho, utilizou-se a Correlação de Pearson para analisar o nível de
correlação entre os dados quantitativos de temperatura, umidade relativa,
precipitação, pressão atmosférica e velocidade dos ventos e os níveis de MP10, no
período de janeiro de 2016 a julho de 2017, com o objetivo de determinar o grau de
influência dos fatores meteorológicos sobre a variação de MP10.
Na tabela 7, se observam os valores da correlação entre cada um dos fatores
meteorológicos e de MP10, obtidos no Excel através da seleção dos valores de cada
um dos fatores, relacionando-os com os níveis de MP10 e considerando-se todos os
meses do período de análise.
Tabela 7 – Correlação entre os fatores meteorológicos e o MP10
Fatores Meteorológicos Correlação com MP10
Temperatura -0,70
Umidade Relativa -0,25
Precipitação Total -0,79
Pressão Atmosférica 0,76
Velocidade dos Ventos -0,07
Fonte: Elaborado pelo autor.
A correlação de -0,70 entre a temperatura e o MP10, indica uma correlação
negativa e forte entre ambos, o que demonstra que o grau de temperatura presente
no local em determinado período tem forte influência sobre a oscilação dos níveis de
MP10, o que pode ser comprovado pelos níveis de MP10 serem menores durante os
períodos mais quentes do ano e vice-versa. A correlação de -0,25 entre a umidade
51
relativa e o MP10, indica uma correlação negativa e fraca entre ambos, o que
demonstra que a umidade relativa exerce uma pequena influência sobre a variação
dos níveis de MP10, pelo fato das partículas de água presentes na atmosfera
absorverem parte do material particulado. A correlação de -0,79 entre a precipitação
e o MP10, indica uma correlação negativa e forte entre ambos, o que demonstra que
a precipitação apresenta uma grande influência na variação dos níveis de MP10,
evidenciado nos baixos níveis durante o período mais chuvoso e na mesma
proporção, nos maiores níveis de MP10 observados durante o período de seca. A
correlação de 0,76 entre a pressão atmosférica e o MP10, indica uma correlação
positiva e forte entre ambos, demonstrando que maiores ou menores valores de
pressão atmosférica, influenciam intensamente no maior ou menor nível de MP10.
Este fato pode ser comprovado durante o inverno, pois é quando os valores de
pressão atmosférica e de MP10 são mais elevados. E a correlação de -0,07 entre a
velocidade dos ventos e o MP10, indica uma correlação negativa, porém quase nula,
indicando que a velocidade dos ventos coletada durante o período de estudo,
exerceu uma influência muito baixa na variação dos níveis de MP10.
6.4 Trabalhos de campo
Realizou-se uma visita a Unidade de Saúde da Família (USF), localizada no
distrito de Assistência, com o intuito de entrevistar Aline Corazza Corrêa, enfermeira
e coordenadora da USF. Segundo ela, há uma maior ocorrência de problemas de
saúde agudos e respiratórios como tosse seca, pneumonia, gripe, resfriado, rinite
alérgica, faringite, sinusite, laringite, traqueíte e bronquite, no período de abril a
outubro, afetando a população residente no distrito.
A maior ocorrência dessas enfermidades durante o período se deve
principalmente ao efeito da estiagem e das menores temperaturas registradas, que
atingem a região durante o outono/inverno, colaborando com a manifestação de
maiores níveis de particulados finos e sua dispersão na atmosfera. Além disso,
também incidem problemas como poluição visual e estética nas localidades do polo,
devido ao espalhamento da poeira em decorrência da ação dos ventos.
Também efetuou-se uma visita à Cerâmica Almeida, como parte das
atividades do XIII Seminário Nacional de Arranjos Produtivos Locais de Base Mineral
e X Encontro do Comitê Temático Rede APL mineral, organizado pela ASPACER e
52
realizado nos dias 25 e 26 de outubro de 2016 em Santa Gertrudes/SP. Nessa visita,
foi possível acompanhar o processo produtivo dos revestimentos cerâmicos, desde a
chegada da matéria-prima até a confecção do produto final, embalagem e
armazenamento nos galpões, além do registro de determinadas fotografias para
demonstrar algumas das etapas do processo produtivo dentro da indústria cerâmica
(Figuras 1 a 7).
Além disso, no dia 19 de agosto de 2016, realizou-se uma visita a uma zona
de mineração localizada próxima a Assistência, onde foi possível observar e
registrar por meio de fotografias, como funciona uma mineradora e o quanto estas
são áreas que oferecem riscos (Figuras 15 e 16). Observou-se que a argila extraída,
após passar pela britagem, ser estocada, secada e desidratada por ser exposta ao
sol, é coletada por retroescavadeiras e carregada em caminhões (Figura 17). Os
caminhões carregados com argila saem da mineradora e tem como destino as
beneficiadoras para o processo de moagem do material (Figura 18). Esses
caminhões com a carga transitam, em sua maioria, por estradas não pavimentadas
existentes nos arredores das mineradoras, que contam muitas vezes com a
presença da monocultura de cana-de-açúcar em suas margens (Figura 19).
Figura 15 – Avisos sobre a presença da mineradora
Fonte: Elaborado pelo autor.
53
Figura 16 – Zona de mineração para extração de argila
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 17 – Carregamento de caminhão realizado por retroescavadeira
Fonte: Elaborado pelo autor.
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Figura 18 – Caminhões carregados com argila saindo da mineradora
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 19 – Via de passagem de caminhões com a presença de cana-de-açúcar
Fonte: Elaborado pelo autor.
O trabalho de campo à mineradora e à Cerâmica Almeida, foram essenciais
para compreensão de todo processo produtivo de pisos e revestimentos dentro do
55
PCSG, desde a extração da matéria-prima nas mineradoras até a confecção do
revestimento no interior da indústria cerâmica. Além disso, estes trabalhos de campo
permitiram a constatação de que algumas medidas mitigatórias para redução das
emissões de material particulado, já vêm sendo adotadas por indústrias e
mineradoras, tais como: umidificação e inserção de cacos cerâmicos nas vias não
pavimentadas em que circulam os caminhões; circulação de caminhões com a carga
coberta por lonas; e armazenagem da matéria-prima em galpões fechados.
Já a visita à USF no distrito de Assistência, para entrevista de Aline Corazza
Corrêa, foi fundamental para identificação dos principais efeitos da presença da
atividade cerâmica do entorno sobre a saúde dos moradores do distrito e também,
para associação entre os períodos mais agravantes e de maior ocorrência destas
enfermidades com os períodos de maior concentração de material particulado.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise do funcionamento de todo o processo produtivo de materiais de
revestimento no Polo Cerâmico de Santa Gertrudes, desde o processo de extração
da matéria-prima nas mineradoras, passando pelo beneficiamento do material, até a
produção e armazenamento do revestimento final, associada à influência e impacto
da atividade cerâmica sobre a qualidade do ar do distrito de Assistência, focando na
poluição atmosférica, permitiram indicar que a presença de mineradoras localizadas
ao Norte, Noroeste, Leste e Nordeste do distrito e a presença da Delta Indústria
Cerâmica S/A ao Norte, bem como de outras indústrias cerâmicas a Nordeste,
considerando ainda a presença da monocultura de cana-de-açúcar nos arredores do
distrito, são as principais fontes emissores de material particulado (MP10) na
atmosfera.
Com base, no Decreto Estadual nº 59.113/2013 e na Resolução CONAMA nº
03/1990 relacionados às concentrações de MP10 e aos padrões de qualidade do ar,
na caracterização do material particulado e na compreensão da influência da
dinâmica meteorológica sobre a manifestação e comportamento da poluição
atmosférica, foi possível entender as variações constantes nas concentrações de
MP10 e na qualidade do ar, no período de janeiro de 2016 a julho de 2017. A partir
daí, considerando-se o referido período, realizou-se uma análise conjunta das
56
concentrações médias de MP10 e dos valores médios de cada uma das variáveis
meteorológicas (temperatura, umidade relativa, precipitação total, pressão
atmosférica, direção e velocidade dos ventos), permitindo-se determinar e
caracterizar a qualidade do ar de Assistência, para cada um dos meses.
Com a interpretação integrada de todas as variáveis, organizadas na forma de
tabela e gráficos, além da aplicação da Correlação de Pearson, foram determinados
que os maiores responsáveis pela variação dos níveis de MP10 no ar, são os valores
de precipitação total, pressão atmosférica e temperatura, seguidos pela influência de
umidade relativa e velocidade dos ventos, fatores que explicam a ocorrência das
maiores concentrações de MP10 durante o inverno, devido ao período de estiagem e
registro de maiores pressões atmosféricas e menores temperaturas.
A partir destas avaliações, definiu-se que a porção Norte do distrito de
Assistência foi a mais vulnerável às manifestações do MP10 durante quase todo
período considerado, com exceção dos meses de julho, agosto e setembro de 2016,
período em que a porção Leste do distrito foi mais vulnerável ao MP10. Apesar das
diferenças entre as porções mais suscetíveis ao impacto do material particulado,
dependendo do período analisado, pode-se afirmar que o distrito como um todo é
afetado pela poluição no ar, com base nos vários casos de doenças respiratórias e
agudas registrados em quase toda população que reside no distrito, principalmente
durante as estações do outono e inverno.
Diante do exposto, os resultados desse estudo poderão auxiliar na elaboração
de novas medidas mitigatórias voltadas para a redução das emissões de material
particulado e outras partículas poluentes, de todo setor cerâmico e outros setores da
economia local, resultando na melhora da qualidade do ar do distrito de Assistência
e de toda região impactada pela poluição atmosférica provinda principalmente das
atividades do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes.
57
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