UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO MARIANA BIZARRO VENTURA A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Rio Claro 2016 LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA MARIANA BIZARRO VENTURA A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Orientador: Andreia Osti Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Câmpus de Rio Claro, para obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia Rio Claro 2016 Ventura, Mariana Bizarro A importância da psicomotricidade no processo de alfabetização / Mariana Bizarro Ventura. - Rio Claro, 2016 44 f. : il. Trabalho de conclusão de curso (licenciatura - Pedagogia) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro Orientadora: Andreia Osti 1. Psicomotricidade. 2. Alfabetização. 3. Desenvolvimento. I. Título. 796.0132 V468i Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP Dedico esse trabalho aos meus familiares e amigos que me incentivaram e me deram apoio para que chegasse até aqui, obrigado pelo amor e paciência a mim dispensado. AGRADECIMENTO Agradeço a Deus por suas bênçãos, por ter me dado sabedoria e pela oportunidade de concluir este curso. Aos meus familiares, em especial ao meus pais, Luiz e Elizabeth e irmã Miriã pelo incentivo a prosseguir sempre adiante. Aos meus amigos, Natalí, Josué, Miriã e Angela pela colaboração, paciência e por compartilhar as horas difíceis. A minha orientadora, Andreia Osti, que com carinho e confiança me acolheu por dois anos em seu projeto de extensão, que através das experiências ajudaram na minha formação como professora; pela paciência atendeu as minhas ideias e por ser uma excelente profissional, a qual me espelho. A todos aqueles que de alguma forma me apoiou para que esse trabalho fosse concluído com sucesso. RESUMO Este trabalho se constitui como uma pesquisa bibliográfica e tem como referencial teórico pesquisas fundamentadas na área da psicomotricidade. O objetivo geral fundamenta-se em apresentar e discorrer sobre a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento da criança, principalmente relacionado ao processo de alfabetização, ressaltando o corpo como grande instrumento no processo de aprendizagem. Os principais itens da psicomotricidade que devem ser desenvolvidos na criança a fim de auxiliar no processo de aprendizagem geral e na alfabetização são: a coordenação motora fina, a lateralidade, o esquema corporal, a noção espacial e temporal e a coordenação ocular manual. Todos esses aspectos serão apresentados e discutidos ao longo do trabalho. Quando trabalhamos com o corpo passamos a ampliar as possibilidades de ação da criança no mundo em que se vive e no processo de alfabetização. O desenvolvimento psicomotor contribui para a aprendizagem da escrita e da leitura, mostrando que trabalhar a motricidade da criança é essencial na sua aprendizagem e alfabetização, visando assim à construção e formação global do ser humano. Palavras chave: Psicomotricidade - Alfabetização – Desenvolvimento Sumário 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 2. COMPREENDENDO A PSICOMOTRICIDADE ...................................................... 9 2.1 Histórico da psicomotricidade ..................................................................... 11 2.2 Desenvolvimento psicomotor ....................................................................... 16 3. CONCEITOS DE PSICOMOTRICIDADE .............................................................. 18 3.1 Coordenação Dinâmica Global ..................................................................... 18 3.2 Coordenação Motora Fina ............................................................................. 19 3.3 Postura ........................................................................................................... 20 3.4 Tônus .............................................................................................................. 20 3.5 Equilíbrio ........................................................................................................ 21 3.6 Respiração ..................................................................................................... 22 3.7 Esquema corporal ......................................................................................... 23 3.8 Lateralidade .................................................................................................... 25 3.9 Organização Espacial .................................................................................... 26 3.10 Organização Temporal ................................................................................ 27 3.11 Ritmo ............................................................................................................. 28 3.12 Estruturação Espaço-Temporal .................................................................. 29 4. A RELAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE COM O PROCESSO DA ALFABETIZAÇÃO .................................................................................................... 30 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 40 REFERÊNCIA ........................................................................................................... 43 6 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho apresenta os benefícios e a importância da Psicomotricidade para o processo da aprendizagem. Em todas as fases da vida ocorrem aprendizagens primordiais para o desenvolvimento intelectual, profissional e social. O indivíduo apresenta movimentos corporais já na sua vida uterina e, a partir do nascimento, fará uso da motricidade para conhecer e se comunicar com o mundo, solidando suas relações afetivas e constituindo-se como ser social. O desenvolvimento mental, corporal e emocional da criança se apóia na consciência de seu próprio corpo originando o desenvolvimento global do seu ser. O movimento corporal e sua ação são frutos da relação entre a mente e o corpo. Ao mesmo tempo em que influenciam nosso contato com o mundo também são influenciadas pelas particularidades de determinado contexto. A relação entre mente e corpo é estudada por um ramo científico específico, chamado Psicomotricidade. Esta, por sua vez, possui três dimensões: a cognitiva, a afetiva e a motora. A psicomotricidade contribui de maneira significativa para a formação e estruturação do esquema corporal e tem como um dos objetivos incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança e ajudar no processo de aprendizagem. Por meio de atividades as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. O corpo, a mente, o outro, o eu, a ação, o pensamento, a percepção, o real, o imaginário, a expressão, o afeto, estão estritamente ligados à criança desde a primeira idade e com o passar do tempo cada qual toma sua função no desenvolvimento do indivíduo. “O conhecimento das partes do corpo depende do meio, da educação, da aprendizagem e dos exercícios, e o melhor instrumento a ser utilizado seria o próprio corpo, sem qualquer outro material.” (JOBIM; ASSIS, 2008) Segundo MEUR e STAES (1991), a psicomotricidade como ciência da educação, trabalha o movimento ao mesmo tempo em que trabalha as funções intelectuais. As primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal não são mais que manifestações motoras. Dessa forma pode-se pensar que a psicomotricidade tem como um meio de auxiliar a criança a superar suas 7 dificuldades de aprendizagem e prevenir possíveis faltas de adaptações, ajudando na alfabetização. A educação psicomotora é indispensável nas aprendizagens escolares: é por essa razão que propõe a educação psicomotora inicialmente à escola maternal. No entanto não pode ser desprezada a partir do momento em que a criança entra na primeira série. Contrariamente, até a terceira série, ajudando a criança a organizar- se, propicia-lhe melhores possibilidades de resolver os exercícios de análise, de logica, de relações entre os números etc. (MEUR; STAES, 1991, p.21) A compreensão da importância da psicomotricidade no processo da alfabetização exige concepções de vários autores, desde a prática pedagógica, a intervenção de autores ligados à teoria da psicomotricidade, para compreender o desenvolvimento dos processos psicológicos básicos e superiores das crianças no espaço de sua formação. A proposta do tema é estimular e reeducar os movimentos da criança no processo de alfabetização, que se deu através do seguinte questionamento, de como estabelecer intervenções efetivas na educação que envolve a psicomotricidade. A psicomotricidade é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização (BARROCO, 2007, p. 12). Entende-se, que a psicomotricidade e o processo de alfabetização estão muito próximos, sendo assim, torna-se referência para o desenvolvimento das estruturas cognitiva, física e social. Este trabalho está organizado de maneira a abordar essa temática e analisar a importância da psicomotricidade no desenvolvimento da criança, principalmente relacionado ao processo de alfabetização, ressaltando o corpo como grande instrumento no processo de aprendizagem. 8 No primeiro capítulo, “compreendendo a psicomotricidade”, explicaremos a diferença entre as abordagens motora e psicomotoras, abordaremos a história da psicomotricidade e o desenvolvimento psicomotor. No segundo capítulo, falamos sobre “conceitos de psicomotricidade” que são importantes para o desenvolvimento da criança a fim de auxiliar no processo de aprendizagem em geral. No último capítulo, abordaremos “a relação da psicomotricidade com o processo de alfabetização”, mostrando a importância e a influência da psicomotricidade na aprendizagem das crianças. Com esses três capítulos, buscamos enfatizar a importância e as contribuições da Psicomotricidade para a aprendizagem. 9 2. COMPREENDENDO A PSICOMOTRICIDADE Quando se fala de Psicomotricidade, o primeiro pensamento centra-se na motricidade do ser humano e as implicações com seu corpo. Mas antes de iniciar falando em Psicomotricidade, torna-se necessário esclarecer a diferença entendida por nós entre uma abordagem motora e uma abordagem psicomotora. Contudo, para diferenciar essas duas abordagens e necessário falar sobre o movimento como um todo. O movimento é o principal elemento no crescimento e no desenvolvimento da criança. Toda ação está pertinente a um movimento e todo ato motor tem uma ação e um significado. Mesmo em seus estágios mais primitivos,como a fase dos movimentos reflexos, em que esses são executados independentes da nossa vontade e muitas vezes sem que dele tenhamos conhecimento (nos aspectos cognitivos e sócio-afetivos), é necessário que um estímulo gere essa ação e só por essa condição coloque o ser humano sempre em relação a algo, qualquer que seja o estímulo. ( BUENO, 1998, p. 17) Partindo desta citação podemos voltar a falar do ponto de vista entre a motricidade e a psicomotricidade, objetivando esclarecer que a intenção é a visão psicomotora nesse trabalho. Motricidade – O mesmo que motilidade, domínio do corpo, agilidade, destreza, locomoção, faculdade de mover-se voluntariamente. Possibilidade neurofisiológica de realizar os movimentos. Qualidade do que é móvel ou que obedece às leis do movimento (HURTADO, 1983). Ou, conforme cita o dicionário Aurélio (1986), é a “propriedade que têm certas células nervosas de determinar a contração muscular”. Para DAMASCENO (1992), ' as etapas evolutivas da motricidade se produzem então dentro do útero materno e entre o 2º e 5º mês de gestação o feto começa a organizar seus movimentos”. 10 Psicomotricidade – é uma ciência relativamente nova que, por ter o homem como objetivo de seu estudo, engloba várias outras áreas: educacionais, pedagógicas e de saúde. Segundo COSTE (1978), a psicomotricidade é uma ciência-encruzilhada ou, mais exatamente, uma técnica em que cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza as aquisições de numerosas ciências constituídas (biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e linguística). Envolve-se como o desenvolvimento global e harmônico do indivíduo desde o nascimento. Portanto, é a ligação entre o psiquismo e a motricidade. Existem várias definições acerca do que seja a psicomotricidade e seu estudo é bastante recente. Segundo LAPIERRE (1984), a psicomotricidade considera o ser físico e social em transformação permanente e em constante interação com o meio, modificando-o e modificando-se. Na psicomotricidade é trabalhada a globalidade do indivíduo; é uma disciplina que estuda a implicação do corpo, a vivência corporal, o campo semiótico das palavras e a interação entre os objetos e o meio para realizar uma atividade. O desenvolvimento motor acontece em um processo conjunto de todos os aspectos (motor, intelectual, emocional e expressivo), que são divididas em duas faces: a Primeira infância (0 a 3 anos) e segunda infância (3 a 7 anos), completando sua "maturidade" por volta dos 8 anos. O objetivo maior da psicomotricidade é fazer do indivíduo: Um ser de comunicação, um ser de criação e um ser de pensamento operativo, ou seja, a psicomotricidade leva em conta o aspecto comunicativo do ser humano, do corpo e da gestualidade. A psicomotricidade, em sua prática, nos revela, pela afirmação de COSTE (1978): "o homem é seu corpo" nos dando a visão de que precisamos atuar nesse corpo em que confirmamos com MEDINA (1987): "Para que uma pessoa se exprima enquanto corpo que realiza mais livremente seus próprios desejos, é necessário que ela cresça não em sua individualidade absoluta, mas em suas relações com os outros e o mundo". 11 LAPIERRE (1984) afirma que é "a partir das primeiras experiências psicomotoras que a criança vai constituindo pouco a pouco o seu modo pessoal de ser, de sentir, de agir e reagir diante dos outros, dos objetos e do mundo que a rodeia, e a qualidade da relação que a criança estabelece com o meio é que condicionará a saúde mental da mesma". Através da relação com as pessoas e com os objetos, a criança se comunica e expressa suas dificuldades, sejam elas de ordem motora, emocional ou cognitiva. Mas acima de tudo, e diante de inúmeras conceituações, algumas expostas aqui, é importante destacar que não pretende encerrar a psicomotricidade em nenhuma dessas definições, pois por se tratar de uma abordagem em cima do vivenciado, essa se encontra em constante mutação. 2.1 Histórico da psicomotricidade O corpo humano sempre foi valorizado, desde a Antiguidade, através do culto excessivo pelo físico cultivando músculos bem desenvolvidos considerados sinais de masculinidade. O percurso histórico deste corpo discursivo e simbólico está marcado pelas diferentes concepções que o homem vai construindo acerca do corpo ao longo da história. E falando do corpo, alguns filósofos do corpo se destacam por suas colocações nesta área. Para Platão, o primeiro elemento da educação do espírito e do corpo está em alimenta-lo e mexe-lo a cada momento, e já afirmava haver uma separação distinta entre corpo e alma, colocando o corpo apenas como lugar de transição da existência no mundo de uma alma imortal. Aristóteles já via o homem como certa quantidade de matéria, o corpo, moldada numa forma, a alma, estabelecendo a essa última diferentes funções, e dentre elas a paixão. Descartes (1641, apud BUENO,1998) também falava desse dualismo entre corpo e alma, acrescentando ainda à existência do ser o ato de pensar: “Eu sou uma coisa que pensa, uma coisa da qual toda a essência decorre de pensar; entretanto, eu possuo um corpo ao qual estou estreitamente vinculado, mas que é somente uma coisa extensa e que não pensa. Por conseguinte, parece certo que a minha alma é inteiramente distinta do meu corpo, mas não pode existir sem ele”. 12 Historicamente o termo “psicomotricidade”, aparece a partir do discurso médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras. Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, começa a constatar-se que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja claramente localizada. São descobertos distúrbios da atividade gestual, da atividade práxica. Portanto, o “esquema anátomo-clínico” que determinava para cada sintoma sua correspondente lesão focal já não podia explicar alguns fenômenos patológicos. É, justamente, a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra PSICOMOTRICIDADE, no ano de 1870. As primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a um enfoque eminentemente neurológico (SBP, 2003). É Dupré, neurologista francês que, em 1907, a partir de seus estudos clínicos, define a síndrome da debilidade motora, composta se sincinesias (movimentos involuntários que acompanham uma ação), paratomias (incapacidade para relaxar voluntariamente uma musculatura) e inabilidades, sem que lhes sejam atribuídos danos ou lesão extrapiramidal. Ele rompeu com os pressupostos da correspondência biunívoca entre a localização neurológica e perturbação motoras da infância e formulou a noção de psicomotricidade através de uma linha filosófica neurológica, evidenciando o paralelismo psicomotor, ou seja, a associação estreita entre o desenvolvimento da psicomotricidade, inteligência e afetividade. A patologia cortical, a neurofisiologia e a neuropsiquiatria são conhecidas como as três vias de acesso do conceito de psicomotricidade (LEVIN, 2003, p. 24) Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, é provavelmente o grande pioneiro da psicomotricidade, pois ocupou-se do movimento humano dando-lhe início a construção do psiquismo. Esta diferença permite a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo. Para ele, o movimento é a única expressão, e o primeiro instrumento do psiquismo, e que o desenvolvimento psicológico da criança é o resultado da oposição e substituição de 13 atividades que precedem umas às outras. Através do conceito do esquema corporal, introduz, dados neurológicos nas suas concepções psicológicas, motivo esse que o distingue de outros grandes homens da psicologia. Wallon refere-se ao esquema corporal não como unidade biológica ou psíquica, mas como a construção, elemento de base para o desenvolvimento da personalidade da criança. Em 1935, impulsionado pelas obas de Wallon, Edouard Guilman inicia a prática psicomotora, que estabelece, por meio de diferentes técnicas provenientes da neuropsiquiatria infantil, a reeducação psicomotora, que são exercícios para reeducar a atividade tônica, a atividade de relação e controle motor. Na Alemanha, em 1942, Kofka, Kohler e os psicólogos da Gestalt interessaram-se pelos mecanismos da percepção. Os trabalhos de Schultz ou de Jacobson que definiram os primeiros métodos de ralação e os psicopedagogos que estudaram o desenvolvimento sensório-motor da criança, como Clapariede, Montessori e Piaget na área da Psicologia evolutiva, propiciaram uma melhor compreensão no desenvolvimento de criança. Piaget foi um dos autores que mais estudou as inter-relações entre a psicomotricidade e a percepção, através de ampla experimentação. Descreve a importância do período sensório-motor e da motricidade principalmente antes da aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência. O desenvolvimento mental se constrói, paulatinamente. É uma passagem contínua, de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. A inteligência, portanto, é uma adaptação ao meio ambiente. Para que isso possa ocorrer, é necessário, inicialmente a manipulação dos objetos do meio com a modificação dos reflexos primários (OLIVEIRA, 2007, p. 31). No prosseguimento desta trajetória, a influência de psicólogos gestaltistas como Lewin, dos fenomenólogos como Merleau-Ponty e dos desenvolvimentistas Gesell, Wallon, Piaget aliados a neurobiólogos como Diatkine e Ajuriaguerra traziam à tona a constatação de um corpo que possui afeto, mas ainda um corpo mudo, um corpo que recebia as informações e movimentos e executava-os conforme seu entendimento, mas sem expressão. A trajetória psicológica sobressaía-se e a emoção começava a entrar no movimento. É o período que abrange a época do final 14 da Segunda Guerra Mundial até meados da década de 70. A psicomotricidade passa a tomar um novo rumo na qual as práticas aproximam-se da visão global do indivíduo e se organizam, com a utilização do exame psicomotor e da reeducação psicomotora aplicadas por profissionais como Ajuriaguerra, Diatkine, Lebovici, Jolivet, Bèrges e Desobeau. Surgem os sindicatos de reeducação psicomotora e algumas instituições, como o Instituto Superior de Reeducação Psicomotora fundado em 1967 por Gisele Soubiran. Práticos se sobressaem e até hoje são considerados como Théa Bugnet, do método Bom Depàrt e Simone Ramain. Na profissionalização da psicomotricidade torna-se importante comentar que em 1952 Jean Le Boulch, instrutor de educação física descontente com a incompleta formação da mesma, defende a educação psicomotora em todas as idades, sendo que em 1967, graças à luta desse e de outros educadores, se consegue na França o decreto ministerial de 07/08/67, o qual coloca o horário semanal de 6 horas de educação psicomotora na prática escolar. A partir daí o reconhecimento oficial da psicomotricidade evolui, mas a heterogeneidade das linhas de atuação prejudicava o seu concreto reconhecimento. Segue-se a caminhada da psicomotricidade, na qual enfatiza-se aqui a influência decisiva da psicanálise e de autores como Dolto, Reich, Lowen, Perls e dos etiólogos infantis como Zazzo, Lèzine e Brunele. Passa-se a investir num corpo expressivo, que fala, emite significados, dando-se espaço para a harmonia prática envolve técnicas corporais diversificadas como a eutonia, a antiginástica, a psicomotricidade relacional, a expressão corporal, dentre outros, e entre os profissionais destacam-se Jolivet, Gerda Alexander, Aucouturier, Lapierre, Sami-Ali etc. No Brasil, a história da psicomotricidade aconteceu de maneira semelhante à história mundial. Os primeiros documentos registram seu “nascimento” na década de 50, quando Grunspun, psiquiatra da infância, e Lefévre, neurologista, enfatizam o movimento para os processos terapêuticos da criança excepcional, caracterizando distúrbios psiconeurológicos. No final da década, de 50, conforme citação de MORIZOT (1985), Grunspun já mencionava atividades psicomotoras indicadas no tratamento de distúrbios de aprendizagem: “Nos distúrbios de aprendizagem por lesão cerebral mínima, 15 caracterizando os distúrbios psiconeurológicos, além da educação das funções intelectuais isoladamente, devemos realizar exercícios psicomotores, de coordenação, de ritmo e de relaxamento capazes de atuar sobre as vias de integração”. No Rio de Janeiro eram criados cursos de formação de professores na área do ensino especial, onde eram incentivados as atividades de Educação Física com jogos, dramatização, mímica, rítmica e dança. Na década de 60 começaram a aparecer as primeiras técnicas reeducativas no país, em que os pontos de vista sobre a psicomotricidade se diferenciavam em cada região, sendo alguns até contrários. Surgia então o questionamento sobre qual era a área profissional da psicomotricidade: a psicologia, a educação física, o ensino especial, a fonoaudiologia etc. Contudo, foi na década de 70 que realmente a psicomotricidade ganhou destaque no Brasil, com duas correntes distintas: um era dos profissionais que aplicavam os métodos vindos do exterior, ou pelas bibliografias estrangeiras existentes, de forma rígida e copiada como: Quirós, Ramain, Picq e Vayer, Le Boulch, Costallat, Khèpart, H. Bucher, Orlic, Le Bon Départ, avaliações de Ozeretski, Bucher, Bergès e Lèzine. E a outra a dos profissionais que, por meio da prática corporal na reeducação e educação, generalizavam tudo com psicomotricidade. Aos poucos foram surgindo profissionais que mesclavam as contribuições de vários métodos com a prática corporal, visando estabelecer uma linha de trabalho mais aplicável à nossa realidade. Alguns cursos eram divulgados e outras cadeiras eram implantadas nos currículos de algumas faculdades no Brasil. Foi só com a vinda de Françoise Desobeau, em 1977, é que se começou a se pensar na psicomotricidade também como terapia, relevando a partir daí o jogo, a espontaneidade e o simbolismo corporal do indivíduo. Surgia com isso a necessidade de fundamentar a formação do psicomotricista e fortalecer essa nova linha de atuação, a qual culminou com a criação da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), em abril de 1980. A partir desta época a psicomotricidade multiplica-se em vários pontos do país e surgem numerosos trabalhos, palestras e seminários sobre o assunto. E em 1982 16 é realizado o I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade, promovido pela SBP, e entre os convidados internacionais destaca-se Lapierre, trazendo a sua linha de trabalho. É uma nova etapa na história da psicomotricidade, com a integração de profissionais de várias áreas pensando da mesma forma e buscando o mesmo objetivo. No ano de 1992, a SBP passou a conferir o título de psicomotricista a profissionais que mediante a documentos e comprovantes provassem possuir conhecimento teórico-científico na área e ciências afins, que tivessem alguma formação pessoal a nível corporal e que tivessem uma graduação a nível superior nas áreas de educação e saúde. Portanto, pode-se constatar que a evolução da psicomotricidade no Brasil de forma geral vem acompanhando o desenvolvimento geral da ciência. A psicomotricidade, assim, precisa ser vista com bons olhos por todos os profissionais das áreas de educação e saúde e, para sua efetivação como profissão, precisa ser reconhecida como ciência do movimento, cabendo apenas a nós, profissionais desta área, lutar para seu fortalecimento como visão multidisciplinar, em que ela possa continuar fazendo parte do currículo de outras ciências como Psicologia, a Fonoaudiologia, a Educação Física e Fisioterapia, afim de que os profissionais possam utilizar-se dessa importantíssima ferramenta nos seus tratamentos e atendimentos, tornando-se também psicomotricistas. Há espaço para todos e a troca entre áreas só deve enriquecer e fortalecer a identidade da psicomotricidade. 2.2 Desenvolvimento psicomotor A criança atua no mundo por meio de seus movimentos. Através de suas capacidades motoras, intelectuais e afetivas, estabelece a relação com o mundo conforme sua carga tônica pessoal, a qual é construída no dia a dia com as estimulações e limitações que o meio e as pessoas impõem. Desenvolve-se pelos movimentos como um ser integral, único e social. Entende-se que por desenvolvimento humano o desenvolvimento integrado do crescimento, da maturação, das experiências pelas quais o indivíduo passa e a individualidades de cada um, sua herança única, bem como as condições ambientais 17 nas quais esse indivíduo está inserido. Esse desenvolvimento humano inclui os aspectos motor ou físico, afetivo social, ou relacional e cognitivo. Para Bueno (1998) “O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se pela maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial, o reconhecimento dos objetos, das posições, a imagem do nosso corpo e a palavra”. O desenvolvimento humano segue ainda alguns princípios básicos que vale a pena ressaltar, pois referem-se a qualquer indivíduo em todas as faixas culturais e econômicas. Segundo Bueno (1998) são eles: Desenvolvimento céfalo-caudal – em que o desenvolvimento é previsível e ordenado, onde as primeiras aquisições se inciam na região da cabeça e evoluem em direção aos pés. O sistema nervoso também se desenvolve dessa forma. Desenvolvimento próximo-distal – segue a direção da região central para as extremidades. O controle aciona-se do tronco para os braços, mãos e dedos. Desenvolvimento geral paraespecífico – tanto em relação aos comportamentos como no controle motor, em que haverá controle da musculatura grossa antes dos movimentos da musculatura fina. Em outros termos, os movimentos vão ser simples e generalizados no início e específicos e refinados futuramente. 18 3. CONCEITOS DE PSICOMOTRICIDADE Estimular o desenvolvimento psicomotor é fundamental para que haja consciência dos movimentos corporais integrados com sua emoção e expressados por esses movimentos. A fase importante para trabalhar com todos os aspectos do desenvolvimento (motor, intelectual e sócio-emocional) é na faixa etária que compreende o nascimento até completar 8 anos aproximadamente. É nesse período que se instalam as principais dificuldades em todas as áreas de relação com o meio ao qual está inserido e que, se não forem exploradas e trabalhadas a tempo, certamente trarão prejuízos como dificuldades na escrita, na leitura, na fala, na sociabilização, entre outros. Após esse período há um refinamento de suas capacidades básicas, refinando esse possível apenas com a boa integridade de suas condutas motoras, intelectuais e emocionais. Observando o indivíduo de forma global, a psicomotricidade se faz necessária tanto para a prevenção e tratamento das dificuldades, quanto para a exploração do potencial de cada um. Portanto, explicaremos os conceitos dentro de um potencial existente em cada ser humano. 3.1 Coordenação Dinâmica Global A coordenação dinâmica global ou geral é considerada como a possibilidade de controle dos movimentos amplos de nosso corpo. Segundo ALVES (1981), para que essa coordenação ocorra, é necessária uma perfeita harmonia de grupos musculares colocados em movimento ou em repouso. Sua função é permitir, da forma mais eficaz e econômica possível, movimentos que interessam a vários segmentos corporais, implicados em um gesto ou em uma atitude. Para DAMASCENO (1992) A criança progressivamente se descobre através de uma atividade corporal global ou instintiva a princípio, diferenciada e intencional depois, e esta atividade lhe permite descobrir o mundo que a rodeia. A coordenação global apresenta-se sob dois aspectos: coordenação estática, a qual se realiza em repouso e que, conforme citado por ALVES (1981), “resulta do equilíbrio entre a ação dos grupos musculares antagonistas, estabelecendo-se em 19 função do tônus e permite a conservação voluntária de atitudes”, e a coordenação dinâmica, que “é a colocação em ação simultânea de grupos musculares diferentes, com vista à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos”. Entende-se movimentos com membros inferiores em simultaneidade com membros inferiores como: andar, correr, saltar, marchar, arremessar bolas, levar objetos, lançar, etc. Apenas por meio de uma coordenação dinâmica adequada a criança consegue estabelecer relações de movimentos e ações que serão essenciais na educação de sua motricidade. A coordenação estática está ligada a um bom controle postural, enquanto um bom automatismo depende de uma adequada coordenação dinâmica. Para um adequado desenvolvimento da coordenação dinâmica global, as atividades devem seguir uma progressão, partindo de propostas simples para sucessivas e combinadas, seguindo do amplo para o específico. 3.2 Coordenação Motora Fina É a capacidade de realizar movimentos coordenados utilizando pequenos grupos musculares das extremidades como: escrever, recortar, costurar, etc. E envolve a coordenação viso-manual ou oculomanual e a coordenação musculofacial. A coordenação viso-motora definida por BUENO (1998) como a “capacidade de coordenar os movimentos em relação ao alvo visual”. Envolve atividades como boliche, equilíbrio sobre traves etc. A coordenação viso-manual é a coordenação entre a visão e o tato, os segmentos da cabeça e das mãos, que juntamente permitem à criança poder segurar e controlar o movimento para o objeto, por meio do instrumento de apoio ou não, do que os olhos veem. A coordenação viso-manual inicia as atividades para o desenvolvimento da coordenação dos pequenos músculos, a qual virá preparando a criança para a escrita. O treinamento da coordenação viso-manual não deve ser só em folhas de exercícios, pois assim estará sendo treinada apenas a coordenação viso-manual gráfica. As atividades devem ser iniciadas por exercícios com o corpo inteiro. Elas devem atingir três 20 particularidades da coordenação: a destreza, a velocidade e a precisão. Essas três habilidades desenvolvidas traduzir-se-ão em uma escrita com bom desempenho na qualidade, legibilidade, capricho e ritmo (BUENO, 1998, p. 53). A coordenação musculofacial refere-se aos movimentos refinados da face propriamente ditos e é fundamental na aquisição da fala, da mastigação e da deglutição. 3.3 Postura A postura está diretamente relacionada com o tônus, constituindo uma unidade tônico-postural cujo controle facilita a possibilidade de canalizar a energia tônica necessária para realizar os gestos, prolongar uma ação ou levar o corpo a uma posição determinada. Esse controle depende do nível de maturação, da força muscular e das características psicomotoras do indivíduo. À sua vez, atua tanto sobre o plano da motricidade fina como na motricidade global, facilitando o equilíbrio postural, ou seja, é necessário que o indivíduo seja capaz de dominar cada postura para executar a ação pretendida e a cada modificação de postura o tônus se modifica para ajustar a nova postura. A criança só aprenderá novas habilidades em determinada postura, como sentar, ficar em pé e deitada se mantiver uma postura adequada e dominada. [...] se a criança está com uma boa estruturação espacial e temporal, na faixa etária dos 5 anos, mas não consegue manter-se na postura sentada adequadamente, certamente apresentará dificuldade na coordenação motora fina, mas especificamente na viso-manual (BUENO, 1998, p. 54). 3.4 Tônus O tônus é a tensão fisiológica dos músculos que garante equilíbrio estático e dinâmico, coordenação e postura em qualquer posição adotada pelo corpo, esteja ele parado ou em movimento. O desenvolvimento do tônus é uma condição básica para a aquisição de movimentos manuais coordenados, ou seja, para uma boa coordenação viso- manual. AJURIAGUERRA (1980) afirma que ”o tônus que prepara e guia o gesto é simultaneamente a expressão da realização ou frustração do indivíduo”, 21 demonstrando que só com a vivencia corporal de situações psicomotoras e relacionais o indivíduo terá condições de moldar o seu tônus, oscilando entre a hipertonia, normalidade e hipotonia, moldando-se às situações e fortalecendo-se com isso para as situações cotidianas futuras. WALLON (1966) comenta que o nível corporal existe uma organização tônica ligada às vivências emocionais e afetivas, sendo uma forma espontânea de lidar com o significado simbólico da vivência e que não podemos evitar. A organização tônica estabelece o diálogo tônico afetivo entre dois indivíduos, gerando a comunicação. 3.5 Equilíbrio O equilíbrio é a base de toda a coordenação dinâmica global. É a capacidade de manter-se sobre uma base reduzida de sustentação do corpo utilizando uma combinação adequada de ações musculares, parado ou em movimento. O equilíbrio depende essencialmente do sistema labiríntico e do sistema plantar. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico. O equilíbrio estático apresenta mais dificuldade, sendo mais difícil e exigindo muita concentração. Contudo, seu controle é muito importante para uma futura e adequada aprendizagem. Suas formas de ação refere-se à capacidade de sustentar-se em diferentes situações, mesmo as mais difíceis (como ficar de olhos fechados, sobre um pé só, sobre um plano inclinado, de cócoras).Seu domínio implica o controle da postura. O equilíbrio dinâmico está muito relacionado com a constituição estato- ponderal, com as funções tônico-motoras, com os membros e órgãos, tanto os sensoriais como os motores. Segundo WALLON (1995) “toda parte do corpo que se move tende a mover o centro de gravidade” e por isso quando todo o corpo está em movimento a dificuldade se acentua e as contrações compensadoras de cada movimento parcial devem combina-se em uma espécie de equilíbrio fluido e progressivo, visando atingir o gesto harmonioso. Como afirma ALVES (1981), “quando o equilíbrio é defeituoso, requer maior atenção e energia da parte da criança, pois quando se sente em desequilíbrio, por exemplo, a criança não consegue libertar a mãos”. Segundo este mesmo autor, o 22 equilíbrio necessita de uma estruturação do esquema corporal e uma integração e perfeição dos mecanismos neuropsicomotores. Percebe-se que uma criança ou indivíduo com equilíbrio debilitado geralmente se mostra angustiado na execução dos movimentos coordenados e sua leitura do movimento é incorreta e precária, apresentando muitas vezes uma atenção reservada. Na evolução psicomotora da criança é necessário que ela tome consciência do seu contato com o solo e com a mobilidade da articulação do pé e do tornozelo para uma boa progressão do equilíbrio. 3.6 Respiração O ato respiratório compreende duas fases: uma ativa, a inspiração e a outra passiva, a expiração. Se a primeira é importante porque se trata de admissão de ar para a oxigenação do sangue e para a geração da energia na realização dos movimentos, a segunda deverá ser encarada ainda como mais importante, dado que é através dela que o corpo elimina o dióxido de carbono, veneno e excitante do sistema respiratório. A mecânica desse processo ocorre com a parceria entre músculos envolvidos (diafragma, intercostais externos e internos) e o sistema neurológico. Quando se tem uma respiração deficiente, o nível de energia é menor e as tensões e por consequência os movimentos ficam desorganizados. São fatos comprovados a estreita relação entre a conduta respiratória e a ansiedade da criança, assim como a possibilidade de suspensão da respiração e sua capacidade de atenção.ve Segundo ESCOBAR (apud BUENO, 1998, p. 56) comenta que “crianças com distúrbios mentais ou psíquicos apresentam frequentemente uma respiração curta e oral, relacionada com diversos aspectos da ansiedade e incompatível com diversos aspectos da ansiedade e incompatível com a fixação da atenção, que implica a retenção e controle da respiração”. O Ato de respirar é uma ação de vida, e educar para uma respiração correta é função de todo educador. 23 Na educação do controle respiratório atende-se em primeiro lugar à forma de expiração e depois ao controle dos dois atos (inspiração e expiração), respirando quer pelo nariz, quer pela boca, quer pelos dois, com respiração torácica, com respiração abdominal, de uma forma progressiva, descobrindo e tomando controle dos diversos aspectos e combinando-os (só depois de bem controlados) em movimentos e deslocação (BUENO, 1998, p. 57). A mecanização dos movimentos só começa a se constituir, normalmente, a partir dos 8 a 9 anos. Quando um movimento normal se repete, consciente e continuamente, com lentidão inicial, em forma gradativa e progressiva, adquire elasticidade e mecaniza- se. A mecanização implica a capacidade de reproduzir, sem interrupções, um mesmo movimento, sendo a continuidade a sua característica principal. Segundo BUENO (1998) o adestramento respiratório deverá seguir as fases de: conscientização da respiração bucal, adestramento da respiração bucal (incluindo a limpeza do nariz), adestramento rítmico inspiratório – expiratório, exercícios de respiração torácica e abdominal, pratica de respiração em repouso e relaxamento e prática de respiração durante a atividade física. 3.7 Esquema corporal Existem inúmeras definições que retratam basicamente que quando o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu corpo, o esquema corporal é estruturado, através da discriminação do próprio corpo e da capacidade de exercer um controle sobre as partes do mesmo, vivenciando estímulos sensoriais que implica: na percepção do corpo, no equilíbrio, na lateralidade, na independência dos membros em relação ao troco e entre si, no controle muscular e no controle de respiração. O esquema corporal é indispensável para a formação da personalidade da criança, que se desenvolverá graças a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta. A consciência do corpo é alcançada pela percepção do mundo exterior, da mesma forma que a consciência do mundo exterior acontece por meio do corpo. E a linguagem que a criança estabelece através deste corpo é de fundamental 24 importância no processo educativo. Segundo ESCOBAR (1985, apud BUENO, 1998)“A linguagem fundamental é a ação é a comunicação com o mundo”. Uma criança que se sinta bem disposta em seu corpo e capaz de situar seus membros uns relação aos outros fará uma transposição de suas descobertas: progressivamente localizará os objetos, as pessoas, os acontecimentos em relação a si, depois entre eles (MEUR; STAES, 1991, p. 9). Para COSTE (1978), “o esquema corporal é, portanto, resultado da experiência do corpo do qual o indivíduo toma pouco a pouco consciência e da maneira como o corpo se põe em relação ao meio”. Já DEFONTAINE (1980) fala que “Uma boa estruturação e utilização do esquema corporal contribui diretamente à adaptação do sujeito no espaço e no tempo, contribuindo para uma disposição corporal mais adequada para a realização das diferentes atividades”. O corpo é o ponto de referência que o ser humano possui para conhecer e interagir como mundo. Ele servirá de base para o desenvolvimento cognitivo, para adquirir conceitos referentes ao espaço e ao tempo, para um maior domínio de seus gestos e harmonia de movimentos. Uma criança que se sinta bem disposta em seu corpo é capaz de colocar seus membros uns em relação aos outros e fará uma transposição de suas descobertas: progressivamente localizará os objetos, as pessoas, os acontecimentos em relação a si, depois entre eles,etc. A estruturação espaço-temporal fundamenta-se nas bases do esquema corporal sem o qual a criança, não reconhecendo a si mesma, terá muita dificuldade em aprender o espaço que a rodeia. Vários conceitos psicomotores dependem do esquema corporal como: o equilíbrio, a coordenação viso-motora, a percepção de movimentos e de posição no espaço, a linguagem, entre outro. Segundo BUENO (1998) um esquema corporal bem integrado implica: na percepção e o controle do próprio corpo, um equilíbrio postural econômico, uma lateralidade bem definida, a independência dos segmentos em relação ao tronco e uns em relação aos outros, o controle e o equilíbrio das pulsões ou inibições estreitamente associadas ao esquema corporal e ao controle da respiração. 25 Quando a coordenação da criança aprimora-se e ela está pronta para correr, saltar, gritar e executar tantos outros movimentos sofisticados, o equilíbrio passa a ser a base primordial de toda coordenação geral, assim como de toda ação diferenciada dos membros superiores, é a sustentação do corpo sobre uma base. 3.8 Lateralidade É a capacidade motora de percepção integrada dos dois lados do corpo: o esquerdo e o direito. É o elemento fundamental de relação e orientação com o mundo externo. A lateralidade assim como outros conceitos, está ligada ao desenvolvimento do esquema corporal. A predominância de um dos lados do corpo se faz em função do hemisfério cerebral. Os movimentos preferenciais de um dos lados se seu corpo determinam se a pessoa é destra ou canhota. As atividades motoras são controladas por um hemisfério cerebral, considerado dominante. Segundo CANONGIA (1986) diz que a lateralidade é “o emprego de preferência dos membros, de uma metade a outra do corpo”. Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral na criança: será mais forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciada por certos hábitos sociais (MEUR; STAES, 1991, p.11). Em relação a lateralidade, podemos observar: Lateralidade Homogênea – quando a dominância destra ou canhota está a nível de todas as observações (membros superiores, inferiores, olhos, ouvidos). Lateralidade Cruzada – quando a pessoa é destra da mão, canhota do pé, do olho e do ouvido ou vice-versa. Ambidestra – é tão hábil do lado esquerdo quanto do direito. Normalmente, a partir dos 7 meses de vida, a criança passa, em função da maturação neurológica, a segurar os objetos com uma das mãos. Ela exercita a transferência de uma mão para outra e sua preferência flutua de um lado para o outro. No final do primeiro ano, a lateralidade começa a se evidenciar e por volta dos 26 2 anos, a lateralidade já está determinada. Mas só podemos afirmar se determinada criança é destra ou canhota em torno dos 6 a 7 anos. Segundo FONSECA (1987) coloca que “se uma criança é imatura no plano psicomotor, hesitará em definir sua lateralidade e que só depois de definida a lateralidade a criança poderá aprender a orientação, seriação, precisão e ajustamento espaço-temporal”. Em resumo, a lateralidade depende de fatores hereditários e de dominância espacial adquirida, mediatizados pela educação. Em relação à educação na lateralidade, a regra geral é ajudar a criança a lateraliza-se claramente. 3.9 Organização Espacial Segundo COSTE (1978) “Toda a nossa percepção do mundo é uma percepção espacial, na qual o corpo (que não reduz, nem para o interior, nem para o exterior, à superfície da pele) é o termo de referência.” O mundo espacial da criança construí-se paralelamente ao seu desenvolvimento psicomotor, à medida da crescente eficácia de sua gestualidade e da crescente importância dos fatores relacionais que criam o espaço da comunicação. A estruturação espacial é parte integrante de nossa vida; aliás, é difícil dissociar os três elementos fundamentais da psicomotricidade: o espaço, o corpo e o tempo, e quando operamos com toda essa dissociação, limitamo-nos a um aspecto bem preciso e restrito da realidade. Aprender a localização de um objeto no espaço não é fácil, pois começa no início da vida e continua durante a idade adulta por meio das revisões de nossos conceitos espaciais. Assim, podemos entender a dificuldade de uma criança em idade escolar para lidar com todas essas informações e conceitos. Por meio da ação pura, a criança vai estabelecendo pouco a pouco os conceitos de forma, dimensões, relações de separação, ordem e continuidade entre elementos. Mais tarde, de acordo com a consolidação do esquema corporal, este se converte em ponto de apoio da organização de suas relações espaciais com as pessoas, os objetos e as coisas. 27 O eixo corporal ocupa um lugar importante na construção do espaço, determinando as noções de: em cima, embaixo, alto, baixo, direita, esquerda, a frente, atrás. A carência espacial pode comprometer a aprendizagem da leitura (percepção oculomotora, lateralidade, motricidade ocular e sucessão e progressão de letras orientadas). 3.10 Organização Temporal As noções temporais são muito abstratas e muitas vezes bem difíceis de ser adquiridas pelas crianças. A noção de tempo está extremamente ligada à noção de espaço. O tempo é, portanto, uma noção material a qual, não podemos ser objetivada, pode apenas ser expressa pelo som. Assim, situamos o presente, o passado e o futuro em relação ao antes e depois e avaliamos o movimento no tempo, distinguindo o rápido do lento, o sucessivo do simultâneo. Para a compreensão do tempo é fundamental a ação da mémoria, que desempenha um papel importantíssimo. Ela é sobretudo sensorial e sensível até o concreto. Retém lembranças de maneira desigual. Desse modo, podemos organizar exercícios de orientação temporal utilizando: agora, antes, depois, manhã, tarde, noite, hoje, ontem, amanhã, rápido, lento, forte, fraco, alto, baixo. Segundo FONSECA (1983), a orientação temporal é o tempo ligado ao espaço e envolve ritmo. MEUR e STAES (1991) apresentam dois tipos de tempo: O tempo subjetivo: que é aquele criado por nossa própria impressão, atividade do momento e varia conforme as pessoas; O tempo objetivo: que é o tempo matemático, sempre idêntico (uma hora dura sempre sessenta minutos). Poder orientar-se no tempo é importante na vida cotidiana da criança, pois a maioria de nossas atividades são reguladas pelo tempo objetivo: entrada na escola as 7h; o recreio começa as 9h, almoço ao meio-dia etc. 28 Quando a criança tiver adquirido algumas noções de duração e de rapidez, poderá organizar-se. 3.11 Ritmo Segundo COSTE (1978) “ o ritmo é o fator de estruturação temporal que sustenta a adaptação ao tempo”. Nas atividades humanas ele é inseparável nas atividades físicas como nas intelectuais, caracterizando-se por uma série de movimentos diferentes. A maneira como andamos, como falamos, como realizamos os gestos da vida diária, a esse ritmo chamamos de ritmo vital. Este ritmo está ligado aos ritmos biológicos que reagem o nosso organismo conforme as interferências do meio. São eles:  Ritmo ultradiano: que são os das células cerebrais, do coração, da respiração e que mantêm o nosso corpo atuante.  Ritmo circadiano: refere-se ao sono, ao metabolismo, fome, sede, temperatura, etc.  Ritmo infradiano: refere-se às modificações periódicas desse organismo, como ciclo menstrual. E existe o ritmo psicológico, o qual interfere excessivamente no ritmo vital. Existem diferentes espécies de ritmo: os internos, seus ciclos vitais e o externo, que organizam a sucessão dos eventos naturais (ritmo das estações, dos dias, das horas) e do fenômenos que lhe correspondem (claridade, escuridão, calor, frio, germinação e floração, migração dos animais, etc.). O ritmo é algo interno que se estabelece individualmente no movimento natural, na dança, na poesia e na música de cada pessoa. As atividades rítmicas são úteis para facilitar a exploração de outras formas de consciência corporal. A atividade rítmica normaliza a força nervosa e proporciona sensações agradáveis ao indivíduo. Por meio do ritmo a criança conseguirá equilibrar os processos de assimilação e acomodação que permitem suas adaptações para poder apreciar os valores e ideias humanos. 29 A educação no sentido rítmico deve começar por aquisição e aperfeiçoamento das noções elementares do tipo físico: noções de regularidade, velocidade, duração, silêncio e acentuação, as quais permitem conseguir a percepção de estruturas sonoras ou melódicas mais complexas (BUENO, 1998, p.66). Com a aquisição desses elementos básicos e paralelamente, a criança deverá tomar consciência de seu corpo como “instrumento” de ritmo. O indivíduo que consegue desenvolver um ritmo próprio aumenta seu poder de concentração e facilita sua capacidade de aprendizagem. É necessário que a criança tenha consciência intuitiva do ritmo para valer-se e apoiar-se ele. O exercício rítmico só é educativo quando a criança utiliza atenção. O ritmo deve ser levado à criança não como algo mecânico e convencional, mas sim chegar a ser sentido muito mais profundamente. Para isto, as atividades devem ser dadas de maneira que provoquem calma, prazer, descontração e confiança, transformando seu corpo em instrumento integral na relação com o mundo. Para perceber o ritmo é preciso explorar o espaço ao seu redor com o corpo (BUENO, 1998, p.67). Conforme AJURIAGUERRA (1980), a educação pelo ritmo é um meio extremamente eficaz de combater a ansiedade, a inibição, a debilidade motora, a inexpressão, a rigidez de atitudes etc. A liberdade de movimentos ajuda a diminuir a timidez, incentiva a imaginação e criatividade, assim como ativa toda a motricidade, levando ao desenvolvimento da mente e preparando o corpo para o ritmo e para a fala. 3.12 Estruturação Espaço-Temporal É a capacidade de avaliar tempo-espaço, permitindo ao indivíduo não só se movimentar e se reconhecer no espaço, mas também relacionar e dar sequência aos seus gestos, localizar as partes de seu corpo e situá-las no espaço, coordenar suas atividades e organizar sua vida cotidiana. Dentro da organização espaço- temporal estão incluídos o tempo, o espaço e o ritmo. A estruturação espaço-temporal tem um papel essencial em todos os problemas da aprendizagem escolar, não sendo possível sem uma experiência vivida em relação com o domínio do tempo e do espaço, e o treinamento da mesma é um meio de educar a inteligência. 30 4. A RELAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE COM O PROCESSO DA ALFABETIZAÇÃO A psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar o indivíduo em toda a sua história de vida; social; política e econômica. Essa história se expressa no seu corpo. Trabalha também o afeto e desafeto do corpo, desenvolve o seu aspecto comunicativo, dando-lhe a possibilidade de dominá-lo, economizar sua energia de pensar seus gestos, a fim de trabalhar a estética, de aperfeiçoar o seu equilíbrio. Psicomotricidade é o corpo em movimento, considerando o ser em sua totalidade. O desenvolvimento é crescente nos aspectos físicos, intelectual e afetivo e tudo depende de influências comuns. As fases do desenvolvimento são habituais a todas as crianças, mas as diferenças de ambiente familiar e meio social em que vivem, vão definir o seu comportamento. Por isso, observamos crianças com a mesma idade e comportamentos diferentes, o que prova que cada criança é única e deve ser respeitada. Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento psicomotor da criança. É preciso estar atento para que nenhuma perturbação passe despercebida e seja tratada a tempo, para que a capacidade futura da criança não seja afetada e prejudique a aprendizagem da leitura e da escrita. O trabalho psicomotor se iniciado desde cedo apresenta resultados excelentes, e para que haja uma troca entre professor-aluno-aprendizagem, o trabalho da psicomotricidade é da mais valiosa função, principalmente a partir do maternal como na pré-escola e alfabetização, por haver uma estreita relação entre o desenvolvimento das funções psíquicas, físicas e socioculturais. Segundo a obra de VALETT (1977) encontramos 53 capacidades básicas de desenvolvimento de programas educacionais, as quais estão agrupadas sob seis grandes áreas de desenvolvimento da aprendizagem, sendo elas: A) Desenvolvimento da motricidade geral 1. Rolar; 2. Sentar; 31 3. Engatinhar; 4. Andar; 5. Correr; 6. Arremessar; 7. Pular; 8. Saltitar; 9. Dançar; 10. Auto-identificação; 11. Localização do corpo; 12. Abstração do corpo; 13. Força muscular; 14. Saúde física geral; B) Integração sensório-motora 15. Equilíbrio e ritmo; 16. Organização do corpo no espaço; 17. Habilidades para reações rápidas e destreza; 18. Discriminação tátil; 19. Sentido de direção; 20. Lateralidade; 21. Orientação no tempo; C) Habilidades perceptivo-motoras 22. Acuidade auditiva; 23. Decodificação auditiva; 24. Associação audioverbal; 32 25. Memória auditiva; 26. Sequência auditiva; 27. Acuidade visual; 28. Coordenação e acompanhamento visuais; 29. Discriminação visual de forma; 30. Diferenciação visual figura-fundo; 31. Memória visual; 32. Memória visomotora; 33. Coordenação muscular visomotora fina; 34. Manipulação visomotora de forma-espaço; 35. Velocidade da aprendizagem visomotora; 36. Integração viso-motora; D) Desenvolvimento da linguagem 37. Vocabulário; 38. Fluência e codificação; 39. Articulação; 40. Habilidade para lidar com palavras; 41. Compreensão de leitura; 42. Escrita; 43. Soletração; E) Habilidades conceituais 44. Conceitos de números; 45. Processos aitméticos; 46. Raciocínio aritméticos; 33 47. Informação geral; 48. Classificação; 49. Compreensão; F) Habilidades Sociais 50. Aceitação social; 51. Resposta antecipatória; 52. Julgamento de valor; 53. Maturidade social; De acordo com o diagnóstico apresentado, o psicomotricista, avaliará em quais destas capacidades deverá trabalhar e utilizar as técnicas apropriadas para facilitar o processo de aprendizagem. É bom esclarecer que, o próprio Valett julga que todos estes programas, ilustrações e modelos são apenas sugestões, ideias iniciais para uso e aplicação profissional. No entanto, a partir dele é possível fazer-se uma seleção que integre um programa de aprendizagem, planejado para cada aluno. Salienta, ainda, a importância de se “modificar, ampliar e estender tais programas e atividades, a fim de atender às necessidades de cada aluno” (VALETT, 1977, p.16). Aprender a ler e a escrever é como aprender um jogo, onde é preciso conhecer as combinações, as regras, ter vontade e treinar bastante. A escrita é constituída de uma atividade psicomotora extremamente complexa, na qual participam os aspectos da maturação do sistema nervoso, expressado pelo conjunto de atividades motoras, pelo desenvolvimento psicomotor geral, especialmente no que se refere à tonicidade e coordenação dos movimentos e pelo desenvolvimento da motricidade fina, ao nível dos dedos e da mão. Do ponto de vista da linguagem, a escrita implica para a criança, uma reformulação de sua linguagem falada, com o propósito de ser lida. O aprendizado da escrita, como modalidade da linguagem, pode se ver afetado de forma específica, conservando intactas as outras condutas verbais. Uma criança pode ter dificuldade para executar o traçado de letras, números 34 ou palavras, mesmo tendo um bom nível de linguagem oral e ser um bom leitor. O aprendizado da escrita, como modalidade da linguagem expressiva, requer que a criança não só tenha alcançado um determinado desenvolvimento da linguagem e do pensamento, como também tenha desenvolvido sua afetividade. Normalmente a criança para escrever precisa de sua mão, de sua orientação espacial (lateralidade), de ritmo motor, de sua postura e de seu reconhecimento no referido ato (função imaginária). Uma graduação progressiva de atividades envolve desde a coordenação motora global, o equilíbrio, a dissociação de movimentos, o esquema corporal, lateralização, a estruturação espacial até a motricidade fina. Na Educação Infantil, todos os aspectos da percepção devem ser trabalhados, como o visual, o auditivo, o tátil, o olfato e gustativo. A imagem corporal, que é a impressão que a criança tem de seu corpo, pode ser medida a partir de desenhos da figura humana que ela realiza. A coordenação fina envolve habilidades manuais, como a preensão, que são essenciais para o desenvolvimento do grafismo e da escrita. A falta de habilidades rítmicas pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas. Escrever significa relacionar o signo verbal a um signo gráfico. Características comuns aparecem nas representações gráficas de todas as crianças, dando origem a diversas classificações, por diferentes autores, dos estágios de desenvolvimento gráfico. A princípio, a criança não possui maturidade para a leitura e a escrita, apenas tendo uma rabiscação descontínua, ou seja, o puro prazer na manipulação do instrumento (lápis, caneta, giz, pince, etc.) e nenhuma intenção de comunicação do pensamento, assim, revela ausência de qualquer coordenação de movimentos. Quando passa para a fase de rabiscação de linhas contínuas, a criança ainda tem o prazer na manipulação do material e nenhuma intenção de expressão de pensamento. Contudo, o nível de coordenação de movimentos aperfeiçoou-se um pouquinho. Há mais facilidade em manipular os instrumentos. A má coordenação motora, a rigidez ou contração dos dedos, os problemas psicológicos, a instabilidade da criança, o fato da mesma querer terminar a atividade depressa, são causas das perturbações do grafismo. Respeitando cada fase do 35 desenvolvimento e a individualidade de cada ser fica mais fácil evitarmos problemas futuros. Os movimentos de preensão ocorrem em forma de pinça, mas ainda não há a dissociação manual. Esses movimentos são atingidos através de atividades onde os dedos são mais valorizados. Estas atividades são exercitadas na pré-escola, onde ocorre a maturação intelectual e motora, na qual se apoiam as duas funções esboçadas nos três primeiros anos. Quando as dissociações manuais e digitais já se afirmaram, a criança possui flexibilidade dos músculos da mão justamente com a dissociação manual, permitindo o manejo simultâneo e correto do lápis e do caderno. Durante o esforço muscular que é feito através da pressão excessiva do lápis, aparecem as sincinesias, isto é, o comportamento de alguns músculos, sem necessidade, durante a execução de outros movimentos envolvidos em determinada ação, é involuntário e inconsciente. Quando isso ocorre surgem problemas no ato motor da escrita como a letra ilegível, visto que é aos seis anos que a escrita representa um trabalho de atividade intensa, pois a criança percebe que existe mecanismos psicomotores diversos, onde inclui novos movimentos de manejar o lápis fazendo com que a reprodução de traçados seja diferente e essas tarefas são do tipo visomotor, onde elas irão combinar com a fixação de conhecimento do significado das sílabas, letras ou palavras que põem em jogo, basicamente, as capacidades de atenção e de memória infantil. Esses mecanismos são desenvolvidos com a integração da coordenação visomotora, da dinâmica manual e da atenção estabilizada ao nível suficientemente para poder fixar e sustentar a aprendizagem, permitindo à criança realizar complicadas aquisições, naturalmente, e desenvolvendo os aspectos intelectuais e motor. A capacidade social e intelectual da criança está situada entre nove e dezoito meses, acontecendo uma carência nesta fase pode acarretar um déficit intelectual grande. Devemos sinalizar e observar a importância do jogo, pois é através dele que a criança também poderá se desenvolver, ele é um meio de exploração e de aprendizagem, não é somente um brinquedo. Precisamos saber também, que o desenvolvimento da criança é muito mais rápido no período do nascimento aos seis anos de idade, tanto psicologicamente como fisicamente. A psicomotricidade tem uma enorme relação com o processo de alfabetização, podemos dizer que são extremamente ligadas, visto que, o movimento 36 influencia a maturação do sistema nervoso da criança que é, na sua formação individual, função das relações e correlações entre a ação e a sua representação. A psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo. Por esta razão, dizemos que a mesma é um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança. A estrutura da educação psicomotora é a base fundamental para o processo intelectual e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui do geral para o específico, quando uma criança apresenta dificuldade de aprendizagem, o fundo do problema geralmente está no nível das bases de desenvolvimento psicomotor. A criança na fase de alfabetização é toda movimento. NEGRINE (1995), afirma esta ideia enfatizando que grade parte dos estudos “ [...] têm demostrado a existência de escrita relação entre a capacidade de aprendizagem escolar da criança e sua possibilidade de desempenho neuromuscular. Este desenvolvimento neuromuscular é adquirido através da experiência em atividades físicas”. O que para as crianças se caracteriza como brincadeira de correr, chutar, pular, pegar e arremessar são consideradas pela área da psicomotricidade como movimento neuromusculares que servirão de base para que a criança aprenda segurar o lápis, folhar o caderno, definir sua lateralidade, delimitar espaços, diferenciar as formas das letras, etc. Portanto, a tomada de consciência da criança pelo seu corpo, compreendendo tanto o esquema corporal quanto o conceito corporal, dará a ela condições de situar-se no espaço, controlar o tempo e desenvolver habilidades e coordenação de gestos e movimentos. Para ocorrer aprendizagem significativa na alfabetização é necessário que o professor tome para si a responsabilidade do trabalho psicomotor estimulando o movimento. ASSUNÇÂO e COELHO (2006, p. 116) afirmam: O professor pode ajudar e muito, em todos os níveis, na estimulação para o desenvolvimento cognitivo e para o desenvolvimento de suas aptidões e habilidades, na formação de atitudes através de uma relação afetiva saudável e estável (que crie uma atmosfera de segurança e bem-estar para a criança), e sobretudo respeitando e aceitando a criança do jeito que ela é. 37 A discriminação das formas das letras corresponde à habilidade de estruturação espacial que segundo FURTADO (2008) se desenvolve a partir de simples situações do cotidiano como localizar objetos em prateleira, sentar-se em frente a uma mesa para jantar ou mesmo organizar livros em uma estante. Segundo ZORZI (2003) “para nós, adultos letrados, a distinção entre letras como p e q, b e d é uma coisa tão óbvia, que pode ser muito difícil de imaginarmos como a criança não vê essa diferença tão gritante” (p. 142). Ao primeiro olhar pode parecer atividades banais e sem nenhuma relação com o processo de aquisição da leitura e da escrita, mas são habilidades da estruturação espacial que colaboram para o início do processo de alfabetização. [...] a idéia de que a ordem significativa das letras é da esquerda para a direita na linha, e que a ordem significativa das linhas é de cima para baixo na página. Note que isso precisa ser ensinado, pois isso decorre uma maneira muito particular de efetuar os movimentos dos olhos na leitura (LEMLE, 2005, p.7). Para desenvolver este trabalho junto com as crianças é necessário que aconteça uma estruturação espacial que passe de uma organização funcional da lateralidade e da noção corporal. A estruturação espacial se desenvolve através da compreensão, pela criança, de noções de situações (dentro, fora, perto, longe), de tamanho (pequeno, médio, grande, fino, grosso), de posição (em pé, sentado, deitado, agachado), de movimento (levantar, abaixar, subir, descer, puxar), de formas (círculo, quadrado, triângulo), de quantidade (cheio, vazio, pouco, muito), de superfícies e de volumes. Quando o professor não se preocupa em trabalhar esta situação com seus alunos pode acarretar algumas dificuldades que mais tarde acabam prejudicando o desenvolvimento da criança. Entre as dificuldades mais percebidas nas escolas hoje pode-se citar a inabilidade da letra cursiva, letra ilegível e o mau uso do lápis. A coordenação da visão com os movimentos das mãos prepara a criança para a aprendizagem da escrita e se bem estimulada poderá minimizar esses efeitos negativos. As atividades para o trabalho de noção espacial ficam por conta de brincadeiras que envolvem o corpo como, por exemplo, andar pela sala explorando o ambiente, montar quebra-cabeça, jogar amarelinha, equilibrar-se no meio fio, 38 andar sobre linhas, etc. Essas atividades relacionadas à lateralidade auxiliam na organização do caderno da escrita da letra. A lateralidade é mais uma habilidade psicomotora que auxilia na organização da página escrita e a percepção dos lados direito e esquerdo e ajuda a criança a conhecer seu lado de dominância. O que se pode propor para trabalhar a lateralidade são exercícios como colocar a mão sobre contornos de mãos desenhadas na lousa, desenhar ou colocar objetos no lado direito ou esquerdo de uma folha de papel dividida ao meio verticalmente e marcada com as inscrições direita e esquerda nos lados correspondentes. Dentro dos programas a serem desenvolvidos nas escolas na fase de alfabetização está o trabalho com a linguagem que o currículo encontra-se como “Comunicação e Expressão”. Tem esta denominação por ter a função de comunicar e expressar seu pensamento permitindo ao indivíduo a socialização e a troca experiências e atuar de forma verbal e gestualmente no mundo. Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da respiração, incluem-se nesta área os exercícios fonoarticulatórios como, por exemplo, fazer caretas, jogar beijinhos, assoprar apitos e bolinhas de sabão, dentre outras. E os respiratórios que podem estar nas atividades de inspirar pelo nariz e expirar pela boca, inspirar e expirar pela boca, aprender a assuar o nariz caracterizando-se assim com atividades psicomotoras. Como também já tratamos de expressão, esta pode ter caráter verbal quanto gestual. Algumas das atividades que podem ser desenvolvidas nesta área são a contação de histórias, fatos, charadas e imitação com as mãos ou com todo corpo e dramatização. Neste trabalho foi citado alguns saberes que são necessários para o início de uma alfabetização. Segundo ZORZI (2003) “A escrita, além de exigir o desenvolvimento de muitas habilidades, requer certa mudança de perspectiva em relação a determinadas noções da realidade”. Portanto, o professor que está à frente de uma turma ansiosa por aprender a ler e escrever suas primeiras palavras deve ter a consciência de seu fundamental papel na vida escolar de seus alunos, pois a base da educação está em suas mãos e a criança que está sobre seus cuidados deve ser 39 respeitada na sua totalidade, ou seja, no que diz respeito à afetividade, a cognição e a motricidade, pois são elementos indissociáveis. Entender a psicomotricidade como base para um trabalho significativo e expressivo na alfabetização norteará o professor com relação à organização da sua prática, favorecendo o ensino-aprendizagem dos seus alunos. […] é necessário projetar um plano de ação que cubra os diversos âmbitos do desenvolvimento infantil. Isto significa que a questão formativa está vinculada a este processo em todas e em cada uma das dimensões da criança: da sua capacidade intelectual à sua afetividade, da sua personalidade à sua conduta, da linguagem ou a lógica à pintura, à música ou ao esporte (ZABALZA, 2008, p.61). Isso significa que o professor necessariamente precisa conhecer seus alunos a faixa-etária com qual vai trabalhar, pois a cada momento da infância surgem suas especificidades e como cada uma deve ser entendida. Há muito que se compreender dentro do processo ensino-aprendizagem e há muito que estudar sobre a psicomotricidade, separar um tempo para isso acarretará em benefícios para os educandos das classes de alfabetização. 40 CONCLUSÃO Esse trabalho procurou compreender a importância da psicomotricidade, no desenvolvimento global da criança e no processo de aprendizagem e alfabetização. A educação psicomotora é um fator importantíssimo para o desenvolvimento físico, psíquico e social da criança com benefícios que poderão ser notados no decorrer de sua vida adulta. Sendo assim, verificou-se que a psicomotricidade é indispensável como formação de base, tanto para o desenvolvimento motor, como para o desenvolvimento afetivo e psicológico. Com o auxílio da psicomotricidade a criança terá condições favoráveis à realização do seu autoconhecimento, proporcionando a ela capacidade de pensar, desejar, perceber, raciocinar, a ter consciência de seu próprio corpo e ajudando-a no seu desenvolvimento total, ou seja, nas suas capacidades perceptivas, seu comportamento psicomotor, como também na conservação da saúde física, mental e afetivo, que são indispensáveis a qualquer ser humano ao desenvolvimento do seu intelecto. A psicomotricidade tem como objetivo principal trabalhar para educar e reeducar o indivíduo que apresenta distúrbios que falam através de perturbações psicomotoras, as debilidades motoras, a inabilidade, os atrasos psicomotores, a instabilidade psicomotora, a inibição psicomotora, diminuição, hipercontrole e retenção. Sendo assim, é necessário que os profissionais de diversas áreas entendam a importância da psicomotricidade em sua atividade, pois é preciso ter o conhecimento de que a pessoa que não tem a sua lateralidade bem desenvolvida é incapaz de aprender a ler e a escrever, visto que a alfabetização se realiza da esquerda para a direita, ou até mesmo de efetuar um cálculo em matemática, este é um dos exemplos da importância da psicomotricidade em nossas vidas, dentre outros. A psicomotricidade é um dos elementos sociais na educação por ser uma ação e expressão ligando o indivíduo ao meio em que vive. O desenvolvimento psicomotor proporciona no interior da criança o descobrimento das coisas, do tempo, do espaço e do mundo externo. 41 A afinidade se faz presente no profissional ao traçar as trajetórias iniciais do trabalho psicomotor. Normalmente nos colocamos no lugar daquela criança, com dificuldade que apresenta e começamos a tratá-lo como se fosse nosso aquele corpo. Todo progresso mínimo que aconteça vibramos e fazemos questão de que essa vibração seja transmitida, de forma que ambos se sintam vencedores. A psicomotricidade torna-se cúmplice íntima de todas as conquistas do corpo e da mente. Para WALLON (1995) a uma relação tônico-emocional atual no desenvolvimento das crianças, ou seja, antes de qualquer intervenção especializada, o profissional deve empenhar-se para que as crianças se sintam em segurança, desejem agir e possam conquistar autonomia de forma prazerosa, pois qualquer pessoa tem muito a nos dizer, a estimular, a transformar, etc. É preciso tocar o “coração” para acreditar, sentir e saber lidar com esses recursos que não decorrem por uma linguagem racional. É preciso acreditar na criança, pois mesmo quando ela apresenta um quadro de total ausência motora, é importante trabalhar a imaginação, como por exemplo, contar histórias. Através da emoção que é passada em uma história, a mente da criança é capaz de trabalhar como se todo o seu corpo estivesse participando de cada ação, portanto, agindo e pensando em sua consciência. A educação psicomotora tem como papel fundamental promover, por meio de uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas as potencialidades da criança, objetivando seu equilíbrio. Destacamos a complexidade diante da aquisição da lecto-escrita e a importância de conhecemos os saberes necessários para podermos auxiliar as crianças no processo de alfabetização. Compreendemos a fase de alfabetização como um período que quando não vivido de maneira favorável e em um ambiente agradável pode acarretar problemas para a vida escolar da criança. A compreensão da relação do movimento com a aprendizagem da leitura e da escrita contribui para o êxito nas séries iniciais percebendo a criança em sua totalidade e não apenas de forma fragmentada e conteudista. As leituras realizadas indicaram o corpo como origem da cognição, do afeto e do motor sendo este os três pilares da psicomotricidade e, por isso, do envolvimento das atividades físicas no 42 processo da aprendizagem. Muitos autores contribuíram para esclarecer a importância da psicomotricidade diante da aprendizagem da criança. Ficou evidente a forte relação entre as atividades escolares e o desempenho neuromuscular, por isso o favorecimento no processo ensino aprendizagem. Percebemos que não há como separar a aprendizagem do movimento e que a educação psicomotora oferece uma formação básica para todas as crianças. Afirmando a intensa relação do processo de alfabetização com a psicomotricidade, muitos autores destacam que pensamento e movimento se confundem, de maneira que não se desencadeia nenhuma atividade sem músculos e cognição sejam juntamente ativados. Alfabetizar a criança vinculando o trabalho psicomotor a este processo implica numa série de função e manifestações específicas do desenvolvimento infantil, as quais contribuirão para o ensino-aprendizagem. Sendo assim, concluo, a partir das leituras realizadas, que com todos estes indicadores para o sucesso escolar, ainda em muitas escolas o movimento não é visto como parte fundamental da aprendizagem dos alunos. 43 REFERÊNCIA AJURIAGUERRA, J. Manual de Psiquiatria infantil. 2.ed. Rio de Janeiro: Masson do Brasil, 1980. ALVES, T.B. Manual Prático de Psicomotricidade. Uniporto, 1981. ASSUNÇÃO ,E; COELHO.M.T. Problemas de Aprendizagem. São Paulo: África, 2006 BARROCO, S.M.S. Psicomotricidade na infância. Campos Mourão: Instituto Makro, 2007 BUENO, J.M. Psicomotricidade Teoria e Prática: Estimulação, Educação e Reeducação, Psicomotora com Atividades Aquáticas. São Paulo: Lovise,1998. CANONGIA, M.B. Psicomotricidade em fonoaudiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1986. 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