ALEX LIBÂNIO DE SOUZA AUTOCONCEITO, IMAGEM CORPORAL, COMPORTAMENTO ALIMENTAR E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA DA REDE MUNICIPAL PRESIDENTE PRUDENTE. UMA POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO. PRESIDENTE PRUDENTE-SP 2024 ALEX LIBÂNIO DE SOUZA AUTOCONCEITO, IMAGEM CORPORAL, COMPORTAMENTO ALIMENTAR E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA DA REDE MUNICIPAL PRESIDENTE PRUDENTE. UMA POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO. Dissertação apresentada junto ao Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional – ProEF da Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia - Câmpus de Presidente Prudente “Júlio de Mesquita Filho” como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação Física Escolar. Área de concentração: EF nos anos iniciais do Ensino Fundamental Orientador: Prof. Dr Augusto Cesinando de Carvalho PRESIDENTE PRUDENTE – SP 2024 S729a Souza, Alex Liba nio de Autoconceito, imagem corporal, comportamento alimentar e ní vel de atividade fí sica em escolares do 5º ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal presidente prudente. Uma possibilidade de intervença o. / Alex Liba nio de Souza. -- Presidente Prudente, 2024 127 p. + objeto educacional Dissertaça o (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Cie ncias e Tecnologia, Presidente Prudente Orientador: Augusto Cesinando de Carvalho 1. Obesidade. 2. Autoconceito. 3. Imagem corporal. 4. Atividade Fí sica. I. Tí tulo. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Dados fornecidos pelo autor(a). Câmpus de Presidente Prudente CERTIFICADO DE APROVAÇÃO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: AUTOCONCEITO, IMAGEM CORPORAL, COMPORTAMENTO ALIMENTAR E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA DA REDE MUNICIPAL PRESIDENTE PRUDENTE. UMA POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO. AUTOR: ALEX LIBÂNIO DE SOUZA ORIENTADOR: AUGUSTO CESINANDO DE CARVALHO Aprovado como parte das exigências para a obtenção do Título de Mestre em Educação Física, área: Educação Física Escolar pela Comissão Examinadora: Prof. Dr. AUGUSTO CESINANDO DE CARVALHO Departamento de Fisioterapia/ Unesp/FCT-Campus de Presidente Prudente. Prof. Dr. JOSÉ RICARDO DA SILVA PROEF EM REDE NACIONAL / Unesp/FCT — Campus de Presidente Prudente. Profa. Dra. VERENA KISE CAPELLINI Departamento de Biociências do Instituto de Saúde e Sociedade da Universidade Federal de São Paulo Presidente Prudente, 25 de outubro de 2.025. Dedico à minha esposa Néia e meu filhos, Caio e Júlia, que estiveram sempre ao meu lado compreendendo e me apoiando nos momentos difíceis. Sendo minha maior motivação nos momentos de incertezas. Dedico aos meus pais, Luiz e Aparecida, pelos valores transmitidos, pelos ensinamentos para a vida, e por todo amor e dedicação empreendidos. Dedico também ao meu padrasto, Manoel (in memorian), que sempre vibrou com as minhas conquistas. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus que me capacita a cada dia para que eu realize coisas que eu não sou capaz, e me carrega em seus braços quando as forças me faltam Agradeço a Escola Municipal Rosy Odetty Roriz Brandão, meu local de trabalho e de realização desta pesquisa. Muito obrigado aos professores, gestores e funcionários, que muito me ajudaram, e fazem parte deste trabalho. Agradeço também aos alunos que foram extremamente receptivos às aulas, se dedicaram ao máximo e sem eles obviamente nada disso seria possível. Minha eterna gratidão a essas crianças/jovens. Agradeço a UNESP, câmpus de Presidente Prudente, onde fiz minha graduação e pude retornar para o Mestrado. Em especial pude reencontrar amigos e professores. Aproveito também para agradecer ao PROEF, que proporcionou que meu sonho que parecia distante se tornasse uma realidade. Esse programa traz a possíbildade de uma formação em serviço de qualidade, que seria dificil em um mestrado academico.. Agradeço aos colegas da Turma 3 do PROEF, que contribuiram muito para o meu crescimento e aprendizado, me auxiliando nas dificuldades, e a pontando caminhos a partir de suas experiencias. Por fim agradeço ao Dr Augusto Cesinando de Carvalho, meu professor na graduação e agora Orientador no Mestrado, um grande profissional, que me pegou pela mão me conduzindo, mostrando as pedras que estavam no caminho. Com seu jeito peculiar, me ajudou muito, entendendo a realidade de um profissional que tem uma carga horária exaustiva e as dificuldades humanas enfrentadas. Obrigado por tudo! SOUZA, Alex Libanio. Autoconceito, Imagem Corporal, Comportamento Alimentar e Nível de atividade física em Escolares do 5º ano do Ensino Fundamental de uma Escola da Rede Municipal Presidente Prudente. Uma possibilidade de intervenção. 2024. 121f. Dissertação (Mestrado em Educação Física Escolar) – Faculdade de Ciência e Tecnologia, UNESP, Presidente Prudente, 2024. RESUMO A obesidade infantil tem se configurado como um dos principais desafios de saúde pública no século XXI, com impactos significativos na qualidade de vida e nos sistemas de saúde. Este estudo teve como objetivo identificar o autoconceito, o comportamento alimentar, a imagem corporal e o nível de atividade física de escolares do 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal de Presidente Prudente, além de verificar os efeitos de uma intervenção pedagógica sobre esses aspectos. A pesquisa, de caráter quanti- qualitativo, contou com a participação de 54 alunos, com idades entre 10 e 12 anos. Foram utilizados instrumentos como o Eating Behaviors and Body Image Test (EBBIT), a Escala Infantil Piers-Harris de Autoconceito (EIPH) e o Physical Activity Questionnaire for Older Children (PAQ-C) para avaliar os aspectos mencionados. A intervenção consistiu em 13 aulas abordando temas como padrões de beleza, alimentação saudável e benefícios da atividade física. Os resultados indicaram que 39% dos alunos estavam acima do peso (18% com sobrepeso e 21% com obesidade). Crianças com sobrepeso e obesidade apresentaram maior insatisfação com a imagem corporal e pior autoconceito em comparação ao grupo normopeso. Após a intervenção, houve melhora significativa no comportamento alimentar, na imagem corporal e no autoconceito dos subgrupos normopeso e sobrepeso, entretanto não houve melhoria do autoconceito no subgrupo obeso. Quanto ao nível de atividade física, 67% dos alunos eram sedentários na avaliação inicial, com redução para 57% na avaliação final. Conclui-se que a intervenção pedagógica mostrou-se eficaz em promover mudanças positivas, porém insuficiente para impactar o autoconceito do grupo obeso, sugerindo a necessidade de abordagens mais prolongadas e multidisciplinares. O estudo reforça a importância da escola como espaço de promoção de hábitos saudáveis e de reflexão crítica sobre padrões de beleza e saúde. Palavras-chave: Obesidade infantil. Autoconceito. Imagem corporal. Atividade física. Intervenção pedagógica. ABSTRACT Childhood obesity has become one of the main public health challenges of the 21st century, with significant impacts on quality of life and healthcare systems. This study aimed to identify self-concept, eating behavior, body image, and physical activity levels among 5th-grade students from a municipal school in Presidente Prudente, as well as to evaluate the effects of a pedagogical intervention on these aspects. The research, with a quantitative-qualitative approach, involved 54 students aged 10 to 12 years. Instruments such as the Eating Behaviors and Body Image Test (EBBIT), the Piers-Harris Children's Self- Concept Scale (EIPH), and the Physical Activity Questionnaire for Older Children (PAQ-C) were used to assess the mentioned aspects. The intervention consisted of 13 lessons addressing topics such as beauty standards, healthy eating, and the benefits of physical activity. The results indicated that 39% of the students were overweight (18% with overweight and 21% with obesity). Children with overweight and obesity showed greater dissatisfaction with body image and poorer self-concept compared to the normal-weight group. After the intervention, there was significant improvement in eating behavior, body image, and self- concept in the normal-weight and overweight subgroups; however, no improvement in self-concept was observed in the obese subgroup. Regarding physical activity levels, 67% of the students were sedentary in the initial assessment, with a reduction to 57% in the final assessment. It is concluded that the pedagogical intervention was effective in promoting positive changes but insufficient to impact the self-concept of the obese group, suggesting the need for more prolonged and multidisciplinary approaches. The study reinforces the importance of schools as spaces for promoting healthy habits and critical reflection on beauty standards and health. Keywords: Childhood obesity. Self-concept. Body image. Physical activity. Pedagogical intervention. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Classificação do IMC dos alunos. .................................................... 39 Figura 2 – Discussão sobre “Como formamos nosso ideal de beleza” ............ 46 Figura 3 - Socialização das conclusões dos grupos ......................................... 46 Figura 4 - Alunos analisando imagens ............................................................. 47 Figura 5 - Alunos respondendo questão levantada .......................................... 49 Figura 6 - Resultado da chamada temática ...................................................... 49 Figura 7 - Levantamento de hábitos alimentares dos alunos ........................... 51 Figura 8 - Análise da quantidade de açúcar em alimentos ............................... 52 Figura 9 - Levantamento de conhecimentos dos alunos sobre alimentação .... 53 Figura 10 - Cálculo da balança energética ....................................................... 54 Figura 11 - Quiz sobre alimentação saudável .................................................. 55 Figura 12 - Alunos se alimentando ................................................................... 56 Figura 13 - Levantamento de conhecimentos sobre os benefícios da atividade física. ................................................................................................................ 57 Figura 14 - Aula expositiva sobre atividade física e sedentarismo ................... 58 Figura 15 - Aula expositiva sobre o tema capacidades físicas ......................... 59 Figura 16 - Realização de alongamento ........................................................... 59 Figura 17 - Realização de corrida e exercícios ................................................ 60 Figura 18 - Conversa sobre as sensações vivenciadas na aula ....................... 61 Figura 19 - Identificando as capacidades físicas .............................................. 62 Figura 20 - Avaliação Formativa sobre os benefícios da atividade física ......... 63 Figura 21 - Correção da avaliação formativa.................................................... 63 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Medianas do EBBIT. ....................................................................... 41 Tabela 2 - Correlação entre o IMC e escore total do EBBIT nas AV1 e AV2. .. 41 Tabela 3 – Medianas do EIPH. ......................................................................... 42 Tabela 4 - Correlação entre o IMC e escore total da EIPH nas AV1 e AV2. .... 43 Tabela 5 - Classificação de nível de atividade física do grupo total e subgrupos ......................................................................................................................... 44 Tabela 6 - Correlação entre o IMC e escore total do PAQ-C nas AV1 e AV2. . 44 LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS BNCC Base Nacional Comum Curricular DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis EBBIT Eating Behaviors And Body Image Test EIPH Escala Infantil Piers-Harris de Autoconceito IMC Índice de Massa Corporal JEESP Jogos Escolares do Estado de São Paulo PAQ-C Physical Activity Questionnaire For Older Children PROEF Mestrado profissional em Educação Física PNE Plano Nacional de Educação SIVAN Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional TEA Transtorno do Espectro Autista TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido SUMÁRIO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................... 16 1.1 Trajetória na Educação Física (EF) ............................................................ 16 1.2 Trajetória no PROEF .................................................................................. 18 2. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 20 3. JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 28 4. OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 29 4.1 Objetivos Secundários................................................................................ 29 5. METODOLOGIA ........................................................................................... 30 5.1 Universo da Pesquisa ................................................................................ 30 5.2 Participantes ............................................................................................... 30 5.3 Critérios de inclusão ................................................................................... 30 5.4 Critérios de exclusão .................................................................................. 31 5.5 Procedimentos ........................................................................................... 31 5.6 Instrumentos ............................................................................................... 31 5.6.1 Mensuração do peso e altura para o cálculo do Índice massa corporal (IMC) ................................................................................................................ 31 5.6.2 Questionário eating behaviors and body image test (EBBIT) .................. 32 5.6.3 Escala Infantil Piers-Harris de Autoconceito “O que penso e sinto sobre mim mesmo” (EIPH). ........................................................................................ 33 5.6.4 Physical activity questionnaire for older children (PAQ-C). ..................... 34 5.7 Procedimentos para a Coleta de Dados ..................................................... 35 5.8 Intervenção ................................................................................................. 36 5.9 Procedimentos para a Análise de Dados ................................................... 38 6. RESULTADOS ............................................................................................. 39 6.1 IMC da amostra .......................................................................................... 39 6.2 Resultados do EBBIT ................................................................................. 39 6.2.1 Escore total do EBBIT na AV1 ................................................................ 40 6.2.2 Resultados do EBBIT na AV2 ................................................................. 40 6.2.3 Subescalas 01, 02 do EBBIT nas AV1 e AV2 ......................................... 40 6.2.4 Comparativos dos dados em relação ao escore total (subescala 1 + subescala 2) do EBBIT nas AV1 e AV2 ........................................................... 40 6.2.5 Correlação entre o IMC e escore total do EBBIT nas AV1 e AV2 ........... 41 6.3 Resultados da EIPH ................................................................................... 41 6.3.1 Escore total da EIPH na AV1 .................................................................. 41 6.3.2 Escore total da EIPH na AV2 .................................................................. 42 6.3.3 Comparativos da média do escore total geral e dos subgrupos da EIPH nas AV1 e AV2 ................................................................................................. 42 6.3.4 Correlação entre o IMC e escore total da EIPH nas AV1 e AV2 ............. 43 6.4 Análise dos Resultados do PAQ-C ............................................................. 43 6.4.1 Comparativo do nível de atividade física grupo total e dos subgrupos na AV1 e AV2. ....................................................................................................... 43 6.4.2 Correlação entre o IMC e o PAQ – C nas AV1 e AV2. ............................ 44 7. RELATO DA INTERVENÇÃO ...................................................................... 45 8. DISCUSSÃO ................................................................................................ 65 8.1 Obesidade .................................................................................................. 65 8.2 Imagem corporal e comportamento alimentar ............................................ 66 8.3 Autoconceito ............................................................................................... 67 8.4 Atividade física ........................................................................................... 69 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 71 10. CONCLUSÃO ............................................................................................. 73 CRONOGRAMA ............................................................................................... 74 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 75 ANEXO 1 ......................................................................................................... 81 ANEXO 2 .......................................................................................................... 82 ANEXO 3 .......................................................................................................... 84 ANEXO 4 .......................................................................................................... 87 ANEXO 5 .......................................................................................................... 88 ANEXO 6 .......................................................................................................... 94 ANEXO 7 .......................................................................................................... 97 ANEXO 8 ........................................................................................................ 100 ANEXO 9 ........................................................................................................ 104 ANEXO 10 ...................................................................................................... 105 ANEXO 11 ...................................................................................................... 106 ANEXO 12 ...................................................................................................... 107 ANEXO 13 ...................................................................................................... 109 ANEXO 14 ...................................................................................................... 111 ANEXO 15 ...................................................................................................... 116 ANEXO 16 ...................................................................................................... 120 ANEXO 17 ...................................................................................................... 123 ANEXO 18 ...................................................................................................... 124 ANEXO 19 ...................................................................................................... 126 APENDICE ......................................................................................................128 16 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1.1 Trajetória na Educação Física (EF) Ao revisitar minhas memórias, hoje vejo que minha vida e a EF sempre estiveram entrelaçadas. Desde pequeno, ainda no Ensino Fundamental 1, sempre fui apaixonado pelo movimento, adorava as aulas de EF, que eram ministradas pelas professoras polivalentes. No Ensino Fundamental 2, as aulas de EF ocorriam no período contrário, sempre relacionadas a uma modalidade esportiva, principalmente o voleibol, com uma abordagem bem tecnicista. Nem todas as lembranças dessa época são positivas, fiquei um bom tempo sem poder participar das aulas por conta de não ter um tênis para realizá- las, me sentia desolado. Outra lembrança que na época achava normal, e hoje não cabe mais na escola diz respeito ao tratamento do professor em relação aos alunos. Quantas vezes éramos chamados de orelhudos quando cometíamos um erro. Os menos habilidosos, que não era o meu caso, jogavam bem pouco e eram encarregados de pegar as bolas e anotar os pontos. Quando o professor ficava muito irritado nos chamava de burros. Mas a maioria das recordações são memoráveis, principalmente relacionadas aos jogos escolares. A emoção de uma vitória, o frio na barriga ao início de um jogo, as amizades desenvolvidas. Embora o amor ao esporte sempre estivesse presente na minha vida, a EF ficou para trás a partir dos doze anos, quando comecei a trabalhar e fui estudar no período noturno. Nos reencontramos novamente em 2005, quando, aos vinte quatro anos, resolvi voltar a estudar e escolhi a EF como caminho, pois buscava trabalhar como preparador físico ou técnico de futebol. Ingressei no curso de licenciatura plena na UNESP - Campus de Presidente Prudente. No final de 2008, eu consegui me formar, utilizando como trabalho de conclusão de curso uma pesquisa em academias de musculação com o título “A importância dada a estética e à saúde pelos praticantes de musculação na cidade de Presidente Prudente”. Sai da Universidade com novas perspectivas. No meio acadêmico, conheci outros campos de atuação da EF, gostei muito das disciplinas 17 pedagógicas e, nos estágios, me aproximei do universo escolar, desistindo da ideia de trabalhar na área de treinamento desportivo. Em 2009 comecei a lecionar na cidade de Maracaí–SP, como professor contratado. Nesse momento vi que era a EF Escolar o caminho que deveria seguir, me apaixonei pela profissão. Em 2010, trabalhei como professor contratado nas cidades de Álvares Machado-SP e Pirapozinho–SP. No ano de 2011, passei em um concurso público do Governo do Estado de São Paulo, assumindo um cargo de professor de EF na cidade de Sandovalina–SP, trabalhando com alunos do ensino médio. A experiência nessa cidade foi ímpar, conseguindo desenvolver vários trabalhos significativos, como festivais culturais e esportivos em conjunto com os alunos. Inserimos uma cultura da prática do voleibol na cidade, que até hoje perdura. Fomos campeões da Diretoria de Ensino de Mirante do Paranapanema dos Jogos Escolares do Estado de São Paulo (JEESP), e vice-campeões regionais no voleibol feminino e masculino nos anos de 2015 e 2016, respectivamente. Concomitante com o cargo em Sandovalina–SP, acumulei a função de professor contratado em Álvares Machado até o ano de 2015. No ano de 2011 ingressei no curso de pós-graduação lato-sensu em Gestão Educacional da UNESP de Presidente Prudente, o concluindo em 2012. Essa pós-graduação ampliou meus conhecimentos no campo pedagógico e nas teorias de aprendizagem. Já em 2016 ingressei no município de Álvares Machado, conseguindo meu segundo cargo efetivo de professor de EF. Em 2017, me afastei do cargo de professor de EF no Governo do Estado de São Paulo, ficando apenas no município de Álvares Machado, no qual me tornei diretor de escola no ano de 2018, ficando até meados de 2019. Essa experiência me acrescentou muito profissionalmente, pois pude entender mais as dinâmicas envolvidas na escola e as nuances relacionadas à gestão escolar, que quanto professores acabamos por não conseguir dimensionar. Ainda no ano de 2018, retornei ao meu cargo do Governo do Estado de São Paulo. No ano de 2019, fui chamado em um concurso para professor de EF no município de Presidente Prudente, exonerando meu cargo em Álvares Machado. 18 1.2 Trajetória no PROEF Desde a minha formação inicial, percebi que a formação continuada stricto sensu era voltada para os graduandos que já ingressavam na Universidade com esse intuito, participando de grupos de pesquisa e iniciação científica. Sabia que, por trabalhar o dia todo, era dificultoso conseguir avançar nos estudos após minha formação inicial. O Mestrado Profissional em EF (PROEF) surgiu como uma oportunidade de formação ímpar, não só para mim, mas para vários outros profissionais que querem se aperfeiçoar, mas encontram dificuldade em ingressar no mestrado acadêmico. No ano de 2020, tentei ingressar na turma dois, não conseguindo, insistindo no ano de 2021, sendo aprovado no processo seletivo que me proporcionou a realização desse sonho. Desde o primeiro momento o PROEF foi um desafio para mim, pois tive que me adequar ao modelo híbrido de aprendizagem, no qual tinha muita dificuldade, me tirando da zona de conforto e contribuindo para o desenvolvimento de habilidades que nunca pensei que fosse possível. Na disciplina Problemáticas da EF (D01) tive que olhar para minha prática, e refletir sobre como alguns aspectos relacionados aos textos apresentados se relacionavam ao meu cotidiano, fazendo com que eu retomasse ações que foram se perdendo ao longo do tempo e repensando outras que foram se cristalizando no meu dia-dia. Por outro lado, os textos da disciplina me mostraram que não é apenas o chão de sala que precisa mudar, a academia precisa estar mais próxima à escola, e o PROEF é fundamental para essa aproximação. O professor que está em sala de aula não tem contato com o universo da pesquisa. A (D02), Seminários de Pesquisa em EF, proporcionou uma reaproximação com a metodologia de pesquisa, além de direcionar o meu trabalho, trazendo um olhar de pesquisador para minha prática cotidiana. A disciplina (D03), Escola, EF e Planejamento, contribuiu para que eu e meus colegas pudéssemos ponderar sobre o papel da escola, assim como, incorporar conhecimentos através dos textos, atividades e trocas de 19 conhecimento sobre o planejamento escolar em busca da formação democrática dos estudantes. Em Metodologia de Ensino de EF (D04), tomamos conhecimento de procedimentos de ensino aplicados em outros países e ao compará-los com a nossa prática ficou claro que a EF tem entendimentos diferentes nas diversas sociedades, sendo possível a adequação de alguns métodos a nossa realidade, mas acredito que as experiências nacionais podem contribuir substancialmente para o desenvolvimento metodológico da EF de uma forma geral. Os conteúdos abordados na (D05) foram importantes para retomar e aprofundar a leitura sobre as legislações e teorias do processo de aprendizagem que embasam a nossa prática, seu percurso histórico, trazendo grandes contribuições para a ponderação e desenvolvimento da minha práxis pedagógica. Finalizamos as disciplinas com a (D08), Escola, EF e Inclusão. Nessa disciplina, ao olhar minha prática e dos meus colegas de turma e me apropriando das atividades e textos propostos, pude perceber que existe um terreno fértil com várias sementes sendo plantadas para podermos ter uma EF cada vez mais inclusiva. Desse caminho percorrido, de muitas lutas e desenvolvimento, os encontros presenciais e as trocas de experiências proporcionadas por eles foram muito significativas, tanto pela mediação feita pelos docentes responsáveis, sempre com proposições didáticas que potencializavam o desenvolvimento teórico-prático e o trabalho em grupo, quanto pelas trocas maravilhosas com os colegas discentes. Posso dizer que hoje sou melhor profissional, melhor professor e um ser humano melhor por conta dos aprendizados proporcionados pelo PROEF. 20 2. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas a obesidade tem se tornado um problema de saúde coletiva que preocupa muito as autoridades. Ferreira e Andrade (2019) afirmam que o excesso de peso causa muitos problemas de saúde às pessoas, sendo um dos grandes desafios da saúde pública do século XXI. Segundo Wanderley e Ferreira (2010) a obesidade é uma condição de saúde que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo, o que pode trazer consequências negativas para a saúde, tendo causas diversas e complexas, englobando fatores biológicos, históricos, ambientais, políticos, socioeconômicos, psicossociais e culturais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde uma pessoa é considerada obesa quando o IMC é maior ou igual a 30 kg/m2. Já os sujeitos com o IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 apresentam sobrepeso, e já podendo ter problemas relacionados ao excesso de gordura (Ministério da Saúde, 2024). As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) provocam 41 milhões de mortes anuais, destas, 5 milhões estão relacionadas ao IMC elevado (≥ 25 kg/m2). Quase 4 milhões dessas mortes estão relacionadas apenas ao diabetes, acidente vascular cerebral, doença coronariana e câncer de acordo com o Atlas Mundial de Obesidade (2024). No Brasil, o índice de pessoas acima do peso tem crescido alarmantemente. Segundo o Ministério da Saúde (2021), cerca de 60% dos adultos brasileiros se encontram com excesso de peso, representando aproximadamente 96 milhões de pessoas. Esse aumento do excesso de peso no Brasil se torna mais alarmante se considerarmos que a maioria das pessoas que tem alguma DCNT apresentam um IMC elevado, e uma grande quantidade das mortes por essas doenças ocorrem em países em desenvolvimento e realidades de recursos escassos, como menciona o Atlas Mundial de Obesidade (2024). Nos últimos trinta anos no mundo a predominância do excesso de peso cresceu significativamente em todas as faixas etárias, tendo importante crescimento no que diz respeito a crianças e adolescentes de acordo com Ferreira e Andrade (2019). 21 Olhando para o panorama relatado no Atlas Mundial de Obesidade (2024) que compila dados nacionais sobre a obesidade de 186 países, estima-se que até 2035, 750 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos sofram com sobrepeso ou obesidade, equivalente em uma a cada cinco crianças. Para Santos et al. (2020) as crianças obesas tendem a se tornarem adultos obesos, tendo também, maior predisposição a desenvolver o diabetes tipo 2, hipertensão e anormalidades vasculares que são predecessores da aterosclerose na idade adulta. Ainda nessa linha Souza Filho et al. (2024) afirmam que: Durante a infância, a obesidade está associada a fatores de risco cardiovasculares, como dislipidemia, hipertensão, diabetes e doença coronariana com transtornos comportamentais e emocionais, tornando-se um grave problema de saúde. Assim, a sua prevenção precoce é uma prioridade de saúde pública. É emergente evitar a exposição de crianças a ambientes obesogênicos, que não favorecem a escolha de hábitos saudáveis, como ingestão calórica adequada e prática de atividade física (SOUZA FILHO et al.,2024, p.2). Existem várias condições relacionadas a obesidade infantil. Pelegrini et al. (2021) ao analisarem a produção cientifica no Brasil nos anos de 2018 e 2019, encontrou como principais fatores ligados ao sobrepeso e obesidade fatores socioeconômicos, genéticos e comportamentais. Fisberg et al. (2016) apontam como aspectos influenciadores da obesidade, razões comportamentais, sociais e ambientais. De acordo com Pelegrini et al. (2021) as crianças e adolescentes que tem pais hipertensos, mães e avós obesas e histórico familiar de dislipidemia, tem maior probabilidade de terem sobrepeso e obesidade. Dutra et al. (2015) indicam que existem vários fatores relacionados a obesidade, entretanto, aponta o consumo excessivo de calorias atrelado a baixos níveis de atividade física como principais condicionantes dessa epidemia. Para Freire et al. (2014) atividade física pode ser descrita como qualquer ação do corpo realizada pelos músculos esqueléticos que demanda um consumo de energia superior ao que se tem em repouso. Guthold et al (2020) em estudo que abrangeu 146 países e analisou 1,6 milhões de estudantes de 11 a 17 anos, apontou que 81% deles não eram satisfatoriamente ativos. No Brasil esse índice foi ainda maior, 84% dos adolescentes eram menos ativos do que deveriam. 22 O tempo de tela também tem grande relação com o sedentarismo entre crianças e adolescentes podendo causar vários problemas de saúde, entre elas a obesidade. “O comportamento sedentário baseado no tempo de tela está associado ao risco aumentado para uma variedade de doenças físicas, tais como doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes” (FORD e CASPERSEN, 2012; MITCHELL et al, 2013; ANE YANG, 2016, apud MENDONÇA et al., 2021, p.2). Para Tana e Amâncio (2023) uso de telas acima do recomendado, interfere no desenvolvimento das crianças aumentando o tempo ocioso, contribuindo para a obesidade. Já na adolescência pode ser uma centelha para a má qualidade do sono, depressão e ansiedade. O Estudo Internacional de Obesidade Infantil, Estilo de Vida e Meio Ambiente (KATZMARZYK et al., 2015) que abrangeu 6539 crianças de 9 a 11 anos de 12 países encontrou uma considerável associação entre nível de atividade física moderada e intensa e o controle da obesidade. O estudo indicou que crianças que realizavam pelo menos 55 minutos de atividades motoras entre intensas e moderadas diárias apresentavam menor chance de obesidade. A OMS (2020) em suas diretrizes sobre atividade física e comportamento sedentário, recomenda que as crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos devem realizar pelo menos 60 minutos de atividade física moderada por dia, totalizando 300 minutos por semana. Olhando a obesidade em outra perspectiva, vivemos em uma sociedade na qual existe uma ditadura da beleza, onde aquelas pessoas que não se adequam são estigmatizadas. “A influência sociocultural das mídias e do mercado de consumo, ligada à indústria do corpo, definem o padrão de beleza ideal e atuam como importante fator de risco para insatisfação corporal” (OLIVEIRA E MACHADO, 2021), insatisfação essa que parece já trazer reflexos desde a infância, se agravando na adolescência. O ideal estético ao longo da história sempre foi base dos valores socioculturais, no qual as pessoas devem se adequar dentro do que é considerado belo ou feio. (SERASSUELO JUNIOR, 2008). Historicamente associa-se o que é belo aquilo que bom, e o bom não somente agrada as pessoas, é algo que elas almejam ter, como um amor correspondido, riqueza honesta etc. (ECO, 2004). 23 Na Grécia antiga o padrão estético estava relacionado a formas geométricas perfeitas, com relação estreita as características dos Deuses, como descreve Umberto Eco: Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser: o governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa e mensurável, expressa nos quatro motes escritos nas paredes do templo de Delfos: “O mais justo é o mais belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris (arrogância)”, “Nada em excesso”. Sobre estas regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo com uma visão do mundo que interpreta a ordem e a harmonia como aquilo que impõe um limite ao “bocejante Caos”, de cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta visão é colocada sob a proteção de Apolo, que, de fato, é representado entre as Musas no frontão ocidental do templo de Delfos (ECO, 2004, p. 53). A obesidade por exemplo, em meados do século XIX, tinha como padrão estético corpos avantajados, pois, era sinônimo de riqueza, poder e prosperidade (SERASSUELO JUNIOR, 2008). Quando olhamos para a contemporaneidade os padrões de beleza estão atrelados ao consumo. Segundo Eco (2004) as pessoas se vestem, arrumam o cabelo, se maquiam seguindo modelos, revistas, cinema, televisão, buscando um ideal de beleza apresentado pelo consumo comercial. A nossa sociedade produz estereótipos de gênero padronizados e rígidos tanto para homens quanto para mulheres. Nessa perspectiva as pessoas buscam se adequar a esses corpos perfeitos através de dietas milagrosas, que podem causar transtornos alimentares como anorexia e bulimia, principalmente nas mulheres, que sofrem maior pressão, ficando reféns do culto da magreza, impostas pela mídia e indústria da beleza (BARBOSA e SILVA, 2016). Segundo Serassuelo Junior (2008) o aumento do apelo estético a um padrão de beleza que busca um corpo magro, discriminando o gordo, pode afetar emocionalmente, principalmente crianças e jovens adolescentes, podendo causar problemas de ordem físicas e mentais. Estudos longitudinais apontam que os problemas com a imagem corporal na infância podem afetar as crianças tanto em curto quanto longo prazo, no que tange a saúde física e psicológica, sendo que, os padrões de beleza impostos 24 socialmente são itens determinantes para o desenvolvimento desses problemas. (COE; VERBEKEN e GOOSSENS, 2021). De acordo com Thompson et al. (1999, apud COE; VERBEKEN e GOOSSENS 2021), os problemas de imagem corporal são influenciados diretamente por três variáveis principais, sendo elas, mídia, pais e colegas. Afetando as pessoas por dois mecanismos de mediação, a internalização de ideais de aparência e comparação social. Crianças obesas podem ter maiores problemas em relação à autoestima, imagem corporal e outras variáveis psicológicas (MALFARÁ, 2007). Também pode existir um grande impacto negativo no autoconceito causado pela obesidade, sendo que a proporção desse efeito, principalmente na adolescência, ultrapassa observações objetivas e biológicas (SERASSUELO JUNIOR et al., 2015). Estudo realizado por Serassuelo Junior et al. (2015) com escolares do 6º ao 9º do ensino fundamental do município de Cambé, no interior do Paraná apontou que os alunos obesos apresentaram maiores problemas relacionados ao autoconceito do que os normopesos. Segundo Saldanha et al. (2011) o autoconceito relaciona-se as representações mentais das características pessoais que um indivíduo utiliza para definir a si mesmo e regular seu comportamento. Já a imagem corporal tem relação íntima com a aceitação social ou não das pessoas, amparada em diversos atores da sociedade como indústrias de cosméticos, medicina estética, mídias e outros que estimulam sistematicamente a valorização da aparência física (PONTE, 2018). O conceito de imagem corporal se refere à percepção, pensamentos, sentimentos e atitudes que uma pessoa tem em relação ao próprio corpo. Ela envolve tanto aspectos físicos quanto emocionais, não se limitando apenas à realidade objetiva do corpo, mas também à forma como a pessoa interpreta e se relaciona com ele. Vuong et al. (2021) indica que na adolescência a mídia social pode levar a apropriação de um ideal de beleza ocidental, de magreza para as mulheres e corpo musculoso para os homens, causando insatisfação com a imagem 25 corporal, principalmente quando esses adolescentes não são capazes de reproduzir esses padrões. Notadamente existe um aumento de estudos sobre imagem corporal nos últimos anos principalmente no que tange adolescentes e jovens adultos, entretanto, pouca atenção tem sido concedida à infância (NEVES et al., 2017). Tem aumentado o número de estudos que apontam que os problemas com imagem corporal se estabelecem já em idade precoce (CLARK e TIGGEMANN, 2006; DOHNT e TIGGEMANN, 2006; TATANGELO et al., 2016, apud COE, VERBEKEN e GOOSSENS 2021). Ainda durante a infância, a preocupação com o peso e a busca por adequação aos padrões de beleza têm seu início, podendo causar distorções da imagem corporal que pode ser fator de risco para o aparecimento de psicopatologias futuramente. (NEVES et al., 2017). Ponte (2018) em estudo etnográfico realizado com crianças entre seis e doze anos, moradoras em Brasília, frequentadores de salões de beleza, presenciou momentos que indica a preocupação com a beleza já na infância. Durante a pesquisa, presenciei cenas que mostraram crianças reiterando parâmetros de beleza e critérios normativos de distinção de gênero, como uma menina, cinco anos, que se recusava a receber os doces oferecidos no salão, dizendo-se gorda; outra, com sete anos, perguntou se havia alguma cirurgia para retirada de suas sardas; uma garotinha, de apenas três anos, mostrava-se entusiasmada por ter abandonado a chupeta em troca de seu primeiro batom; outra garota, oito anos, só saía de casa se estivesse maquiada e demonstrava insatisfação com seus cabelos crespos; observei ainda um menino que voltava constantemente ao salão para atualizar o cabelo, conforme o corte de seu jogador preferido (Ponte, 2018, p.158). Os problemas ora apresentados fazem parte do cotidiano escolar, com reproduções de conflitos presentes na sociedade e gerando os seus próprios. Sendo então função da escola trabalhar as questões relacionadas à obesidade, padrões de beleza, comportamento alimentar, baixos níveis de atividade física, autoconceito e imagem corporal, com o objetivo da promoção da saúde, respeito às diferenças e reflexão crítica sobre hábitos e interesses mercadológicos relacionados a esse contexto. Para Story, Nanney e Schwartz (2009) O combate a obesidade devem ter uma intervenção precoce, tendo como base as crianças, famílias e ambientes https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Story%20M%5BAuthor%5D https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Nanney%20MS%5BAuthor%5D https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Schwartz%20MB%5BAuthor%5D 26 em que vivem, sendo a escola um local que pode contribuir fornecendo ambientes que propiciem a alimentação saudável e estimo a atividade Friedrich (2015) considera a escola é um ambiente propicio para a prevenção da obesidade, por meio de estímulo a constituição hábitos cotidianos de prática de atividades físicas e alimentação adequada. Na mesma linha, Souza Filho et al. (2024) aponta a escola como ambiente primordial para a promoção de condutas saudáveis dos discentes, por ter um planejamento prévio, sendo segmentada e supervisionada. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (Brasil, 2018) que normatiza e define o conjunto de conhecimentos primordiais a serem desenvolvidos na Educação Básica, a partir do Plano Nacional de Educação(PNE), nas 10 competências gerais da Educação Básica define que nas três etapas de ensino, a escola deve propiciar aos educandos “Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas” (BRASIL, 2018, p. 9). A BNCC aponta ainda como papel da escola: “propiciar uma formação integral, balizada pelos direitos humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência nas sociedades contemporâneas, incluindo a violência simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade e na escola” (BRASIL, 2018, p. 61). Ainda analisando a BNCC (Brasil, 2018), quando se busca o papel da EF no que diz respeito a promoção da saúde e respeito as diferenças estéticas, verifica-se como competências a serem desenvolvidas: “Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas. Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde.” (BRASIL, 2018, p. 223). 27 Dentre os objetivos da BNCC para o Ensino Fundamental, está a discussão dos aspectos relacionados aos padrões estéticos e à saúde. Contudo, esses pontos são abordados apenas a partir dos anos finais do ensino fundamental, o que proporciona um tratamento tardio, quando muitos hábitos e conceitos já foram consolidados nos sujeitos. O universo do presente estudo propôs tratar as problemáticas relacionadas à obesidade, ideais de beleza, atividade física e saúde. O fator motivador surgiu da observação de crianças que se apresentam nas aulas de EF sempre de blusa e touca, independentemente da temperatura do ambiente, em alguns momentos não querem se expor, apresentando atitudes de exclusão. Essas mesmas crianças aparentam estar acima do peso. Diante desta seara, buscou-se levantar subsídios sobre a realidade apresentada, com o intuito de refletir, agir e transformar essa realidade. 28 3. JUSTIFICATIVA A obesidade e a insatisfação com a imagem corporal são problemas que afetam as crianças e adolescentes tanto do ponto de vista físico, quanto psicológico, proporcionado problemas graves de saúde pública. Estudos recentes apontam a relação entre a obesidade, baixos níveis de atividade física, comportamento alimentar inadequado, autoconceito e imagem corporal negativos, no entanto, poucos estudos têm se preocupado especificamente com as crianças e pré-adolescentes. Sendo assim o presente estudo pretendeu entender a realidade desse público explorando estas questões. A proposta foi verificar a prevalência da obesidade entre pré-adolescentes e a influência desse fator sobre os níveis de atividade física, o comportamento alimentar, o autoconceito e a imagem corporal. Além disso, buscou-se proporcionar ferramentas para combater esses problemas por meio da aplicação de uma intervenção pedagógica, com o objetivo de contribuir para a melhoria do panorama encontrado, fornecendo subsídios para políticas públicas mais eficazes na solução dessas questões. 29 4. OBJETIVO GERAL O objetivo deste estudo foi identificar o autoconceito, o comportamento alimentar, a imagem corporal e o nível de atividade física de escolares do 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede municipal de Presidente Prudente, além de verificar se a intervenção pedagógica aplicada ao grupo promoveu mudanças positivas em relação a esses aspectos. 4.1 Objetivos Secundários 1. Identificar os escolares normopeso, com sobrepeso e obesos segundo o IMC. 2. Verificar a correlação entre autoconceito e IMC. 3. Verificar a correlação entre imagem corporal e IMC. 4. Verificar a correlação entre comportamento alimentar e IMC. 5. Verificar a correlação entre nível de atividade física e IMC. 6. Verificar se ocorreu mudanças nos desfechos entre os subgrupos após a intervenção. 30 5. METODOLOGIA 5.1 Universo da Pesquisa O presente estudo foi desenvolvido em uma escola do município de Presidente Prudente, que pertence à rede municipal de ensino. Essa escola atende 399 alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental 1. 5.2 Participantes Integraram o estudo 54 alunos que frequentavam o 5º ano do ensino fundamental de uma escola municipal na cidade de Presidente Prudente. Após a aprovação do projeto junto à Secretaria de Educação do município e Direção da Escola (ANEXO 1), os alunos foram convidados a participar da pesquisa durante as aulas de EF e os responsáveis legais foram orientados na reunião de pais bimestral que ocorreu no dia 07 de agosto de 2023, na qual foram entregues o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 2) e o Termo de Assentimento (ANEXO 3). Os responsáveis que não compareceram à reunião de pais foram comunicados pela direção da escola sobre a pesquisa por grupo de recados das salas e os documentos foram encaminhados pelos alunos. A pesquisa foi submetida para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente (ANEXO 4), sendo aprovada (ANEXO 5). 5.3 Critérios de inclusão Participaram do estudo os alunos que estavam regularmente matriculados nas salas dos 5º anos A e B e que manifestaram interesse em colaborar com a pesquisa, assinando o termo de assentimento, e que após os responsáveis legais receberem informações detalhadas sobre os procedimentos do estudo, assinaram o TCLE. 31 5.4 Critérios de exclusão Não participar das avaliações inicial e/ou final. Não estar presente em pelo menos 70% das aulas destinadas à intervenção. 5.5 Procedimentos O estudo foi desenvolvido na perspectiva de uma investigação quanti- qualitativa de caráter exploratório seguindo quatro etapas: 1 - Mensuração do peso e altura dos alunos para o cálculo ´do IMC e classificação da amostra conforme o escore Z da Organização Mundial da Saúde (OMS). 2 – Avaliação inicial na qual foram utilizados três instrumentos, o Eating Behaviors and Body Image Test (EBBIT) para identificar o comportamento alimentar e a imagem corporal, a Escala Infantil Piers-Harris de Autoconceito “O que penso e sinto sobre mim mesmo” (EIPH) para verificar o autoconceito e o Physical Activity Questionnaire for Older Children (PAQ-C) para identificar o nível de atividade física dos estudantes. 3 - Essa etapa contou com uma sequência didática composta por 13 aulas, nas quais foram abordados os temas: a) Ideal de beleza em diversas culturas; b) Alimentação saudável; c) Benefícios das atividades físicas para o corpo. 4 – Avaliação final (AV2), na qual foram replicados os procedimentos realizados na etapa 2. 5.6 Instrumentos 5.6.1 Mensuração do peso e altura para o cálculo do Índice massa corporal (IMC) 32 Foi utilizada uma balança com gradação a cada 100 gramas da marca Balança Digital BK40 – Black & Decker devidamente calibrada para aferição do peso e uma com fita antropométrica, graduada em 1mm, presa em uma parede. No momento da avaliação, as crianças estavam vestidas com roupas leves e sem sapatos. O IMC foi classificado segundo escore-z da OMS, por sexo e idade. Normopeso (≥ escore Z -2 e < escore Z +1), sobrepeso (≥ escore Z +1 e < escore Z +2), obesidade (≥ escore Z +2 e ≤ escore Z +3) (ANEXO 14). 5.6.2 Questionário eating behaviors and body image test (EBBIT) Essa ferramenta, desenvolvida por Candy & Fee (1998), foi traduzida e adaptada para o português por Galindo (2007) e utilizada por Alves et al. (2012). O escore total do EBBIT mede o nível de insatisfação com a imagem corporal e o comportamento alimentar, com pontuações que variam de 0 a 114. Quanto mais próximo de 0, mais indicativo de uma imagem corporal positiva e comportamentos alimentares saudáveis; quanto mais próximo de 114, maior a possibilidade de o participante apresentar preocupações com a alimentação e a imagem corporal, sugerindo possíveis distúrbios alimentares ou insatisfação com o corpo. Os valores de Alfa de Cronbach para o EBBIT encontrados por Galindo (2007) considerando as subescalas 1 e 2 foi de 0,89, sendo 0,90 para o fator 1 e 0,80 no fator 2. Não foi encontrada carga fatorial que incluísse a subescala 3 no instrumento, achado semelhante à análise psicométrica do instrumento original. O instrumento é um questionário de autorrelato, composto por 42 itens, com 4 alternativas de resposta, com uma pontuação diferente para cada resposta sendo: A maior parte do tempo = 3 pontos; frequentemente = 2 pontos; raramente = 1 ponto; nunca = 0. O teste divide-se em 3 subescalas: • subescala 1: relacionada ao nível de insatisfação com a imagem corporal e restrição alimentar, representados por 23 itens (itens: 33 1,2,4,5,6,7,10,12,15,18,19,21,24,25, 27,28,29,32,33,37,38,41 e 42). Pontuação máxima, 69 pontos; • subescala 2: que diz respeito ao comportamento de comer compulsivo, representado por 15 itens (itens: 3,8, 9,13,14,16,20,22,26,30,31,34,35,39 e 40). Pontuação máxima, 45 pontos; • subescala 3: de 4 itens (itens: 11, 17, 23 e 36) que representam comportamentos compensatórios associados à desordem alimentar indicados no manual diagnóstico e estatístico de classificação dos transtornos mentais (DSM-IV). Pontuação máxima, 12 pontos. Quanto maior é a somatória dentro das subescalas e escore total pior é o resultado. A primeira e a segunda subescalas são agrupadas obtendo um escore total e os itens da terceira subescala são avaliados individualmente (ANEXO 6). No presente estudo foram utilizadas as subescalas 1 e 2. 5.6.3 Escala Infantil Piers-Harris de Autoconceito “O que penso e sinto sobre mim mesmo” (EIPH). A escala EIPH (Jacob e Loureiro, 1999), originalmente proposta por Piers e Harris (Piers, 1984), foi utilizada na forma traduzida e adaptada por Jacob e Loureiro (1999). Em estudo de Cruvinel (2009) essa escala apresentou um Alpha de 0,91 de consistência interna realizada pelo coeficiente de Cronbach. Ela é composta por 80 itens, sendo solicitado que a criança avalie se a sentença descreve como ela se sente em relação a si mesma na maioria das situações. A criança possui duas possibilidades de resposta para cada questão, “sim” ou “não”, com escores igual a 0 ou 1 ponto. O escore 1 é atribuído à resposta correspondente à avaliação do comportamento de forma positiva, indicando um bom autoconceito em relação ao item questionado, podendo ser uma resposta sim ou não dependendo do item. Em síntese, cada resposta com avaliação positiva de si recebe 1 ponto. A somatória das respostas com valor positivo consiste no escore total, que apresenta como pontuação máxima 82 pontos. Valores elevados indicam um 34 autoconceito positivo, enquanto baixos valores no escore total sugerem um autoconceito negativo. A escala divide os 80 itens em seis categorias de avaliação do autoconceito, de forma que é possível a realização de uma análise parcial das diferentes áreas e o escore total avalia de forma global o autoconceito. A distribuição dos itens por áreas ocorre da seguinte forma: • Categoria Aspecto Comportamental estão inseridos 16 itens: 12,13,14,21,22,25,34,35,38,45,48,56,59,62,78,80; • Categoria Status Intelectual estão inseridos 17 itens: 5,7,9,12,16,17,21,26,27,30,31,33,42,49,53,66,70; • Categoria em Aparência Física estão inseridos 13 itens: 5,8,15,29,33,41,49,54,57,60,63,69,73; • Categoria Ansiedade estão inseridos 14 itens: 4,6,7,8,10,20,28,37,39,40,43,50,74,79; • Categoria Popularidade estão inseridos 12 itens: 1,3,6,11,40,46,49,51,58,65,69,77; • Categoria Felicidade/satisfação estão inseridos 10 itens: 2,8,36,39,43,50,52,60,67,80 (ANEXO 7). 5.6.4 Physical activity questionnaire for older children (PAQ-C). O questionário é composto de nove questões sobre a prática de esportes e jogos; as atividades físicas na escola e no tempo de lazer, incluindo o final de semana. Cada questão tem valor de 1 a 5 e o escore final é obtido pela média das questões, representando o intervalo de muito sedentário (1) a muito ativo (5). Os escores 2, 3 e 4 indicam as categorias sedentário, moderadamente ativo e ativo, respectivamente. Sendo assim, a partir do escore pode-se classificar os indivíduos como ativos ou sedentários. Ativos são aqueles que têm escore ≥ 3 enquanto sedentários são os indivíduos com escores < 3. O PAQ-C também inclui perguntas sobre o nível comparado de atividade, sobre a média diária do tempo de assistência à televisão (também indica tempo em atividade sedentária), e sobre a presença de alguma doença que pudesse impedir a 35 atividade física regular na semana avaliada, porém esses dados não entram no cômputo do escore. Guedes (2015) ao realizar o cálculo do coeficiente alfa de Cronbach identificou um Alfa de 0,71 no PAQ-C (ANEXO 8). 5.7 Procedimentos para a Coleta de Dados Os dados foram coletados durante as aulas de EF que o professor pesquisador ministrava semanalmente nas turmas objeto do estudo. Cada turma tinha duas aulas de EF por semana com duração de 50 minutos que faziam parte da grade curricular da escola. Em algumas semanas foram necessárias adaptações em acordo com a direção da escola, sendo acrescidas aulas extras para que fosse possível adequação dos prazos. A mensuração de peso e altura ocorreu no dia 5 de setembro de 2023 durante as aulas das turmas analisadas. O professor pesquisador chamou um aluno por vez para que fosse mensurado o peso e altura. Os dados foram inseridos em uma planilha do Excel para posterior cálculo do IMC. A AV1 iniciou-se no dia 26 de setembro nas aulas regulares de educação física com a aplicação do EBBIT. Na sala de aula, foi entregue o teste para os alunos. O professor pesquisador explicou como deveria ser feito o preenchimento do instrumento, salientando a importância de atenção na leitura dos itens e sinceridade ao responder às perguntas. Foi deixado claro a responsabilidade do sigilo em relação às respostas, e que caso fossem apresentadas dúvidas em relação às alternativas, o professor pesquisador iria explicá-las. Dia 27 de setembro foi aplicada a EIPH e dia 28 o PAQ-C, em aula extra acordada com a direção da escola. Na aplicação do EIPH e PAQ-C foram mantidos os procedimentos metodológicos utilizados quando da execução do EBBIT. Os alunos que faltaram nos dias da aplicação da AV1 foram atendidos nos dias subsequentes individualmente. Nesta etapa, um aluno, mesmo após entregar os documentos para participar do estudo, se negou a preencher os instrumentos da pesquisa, sendo retirado da amostra analisada. A intervenção didática ocorreu nos dias 14, 16, 22, 23, 24, 27, 28 e 30 de novembro e 01, 04, 05, 06 e 07 de dezembro de 2023, como descrito no item 5.8 (Quadro 1). 36 A AV2 ocorreu nos dias 08, 11 e 12 de dezembro, mantendo-se os procedimentos adotados na AV1. 5.8 Intervenção Essa etapa contou com uma sequência didática com 13 aulas que estão apresentadas no quadro 1. Quadro 1 – Aulas, objetivos, conteúdos e recursos metodológicos. Aulas Objetivo Conteúdo Recursos Metodológicos Aula 1 Sensibilizar a turma sobre o tema e verificar a percepção que eles têm sobre a beleza. Ideal de Beleza Nuvem de palavras utilizando o aplicativo Mentimenter. Pergunta Geradora Discussão em grupo Socialização das conclusões e discussão no grande grupo Aula 2 Entender sobre como os padrões de beleza mudam ao longo do tempo e compreender como a beleza é vista de diversas culturas. Ideal de Beleza Análise de imagens (ANEXO 15). Momento expositivo com participação ativa dos estudantes. Aula 3 Compreender como a ideia de beleza que temos são influenciadas pelas imagens que vemos ao longo do nosso desenvolvimento. Ideal de Beleza Análise de imagens (ANEXO 16). Pergunta geradora Dupla produtiva Análise de vídeos: https://www.youtube.com/w atch?v=CdoqqmNB9JE https://www.youtube.com/w atch?v=FBTl_po3F4k Socialização das respostas Discussão no grande grupo. Aula 4 Analisar o tratamento de imagem dado as imagens apresentadas na mídia; compreender que a ideia de beleza apresentada pela mídia é irreal; entender os verdadeiros interesses relacionados aos padrões estéticos; Ideal de Beleza Chamada temática Análise de imagens (ANEXO 17). Análise de vídeos: https://www.youtube.com/w atch?v=PAq1nAuhv8A https://www.youtube.com/w atch?v=Hvpd_YIrMQA Perguntas geradoras Discussão em grupos https://www.youtube.com/watch?v=CdoqqmNB9JE https://www.youtube.com/watch?v=CdoqqmNB9JE https://www.youtube.com/watch?v=FBTl_po3F4k https://www.youtube.com/watch?v=FBTl_po3F4k https://www.youtube.com/watch?v=PAq1nAuhv8A https://www.youtube.com/watch?v=PAq1nAuhv8A https://www.youtube.com/watch?v=Hvpd_YIrMQA https://www.youtube.com/watch?v=Hvpd_YIrMQA 37 refletir sobre o impacto desses padrões na vida das pessoas. Socialização das respostas Discussão no grande grupo Aula 5 Conhecer os hábitos alimentares dos alunos; compreender a importância dos macronutrientes na nossa alimentação, bem como o risco da alimentação em excesso. Alimentação Saudável Perguntas geradoras Chuva de ideias Análise de vídeos: https://www.youtube.com/w atch?v=90zaBTVd7_c https://www.youtube.com/w atch?v=h8SeUXKU5ww&t= 11s Discussão no grande grupo Aula 6 Conhecer a quantidade de açúcar presentes em alimentos ingeridos cotidianamente. Alimentação Saudável Análise de produtos (ANEXO 18). Competição entre grupos. Aula 7 Conhecer as doenças relacionadas a má alimentação. Alimentação Saudável Pergunta Geradora Aula expositiva com participação ativa dos estudantes. Análise de vídeo: https://www.youtube.com/w atch?v=4FbmNHX5EIE. Aula 8 Entender como funciona a balança energética e o aumento de peso. Alimentação Saudável Pergunta geradora Momento expositivo Resolução de problema em grupo Aula 9 Avaliar os conhecimentos adquiridos pelos alunos sobre alimentação; socialização de aprendizagens. Alimentação Saudável Quiz entre grupos (ANEXO 12). Roda de conversa Aula 10 Levantar os conhecimentos prévios dos alunos sobre os benefícios da atividade física e sobre as capacidades físicas; conhecer os efeitos da atividade física no Benefícios da Atividade Física Perguntas geradoras Chuva de ideias Momento expositivo Análise de vídeo: https://www.youtube.com/w atch?v=JXGdZl_IiOY https://www.youtube.com/watch?v=90zaBTVd7_c https://www.youtube.com/watch?v=90zaBTVd7_c https://www.youtube.com/watch?v=h8SeUXKU5ww&t=11s https://www.youtube.com/watch?v=h8SeUXKU5ww&t=11s https://www.youtube.com/watch?v=h8SeUXKU5ww&t=11s https://www.youtube.com/watch?v=4FbmNHX5EIE. https://www.youtube.com/watch?v=4FbmNHX5EIE. https://www.youtube.com/watch?v=JXGdZl_IiOY https://www.youtube.com/watch?v=JXGdZl_IiOY 38 nosso corpo, bem como os riscos do sedentarismo. Aula 11 Identificar as capacidades físicas envolvidas nos exercícios; entender como o corpo reage ao movimento. Benefícios da Atividade Física Pergunta geradora Chuva de ideias Brincadeira Atividades físicas dirigidas Roda de conversa Aula 12 Identificar as capacidades físicas envolvidas nos exercícios; socialização da aprendizagem; avaliação das aprendizagens sobre o tema. Benefícios da Atividade Física Competição em grupo Momento Expositivo Aula 13 Refletir sobre os hábitos de vida e a partir dos aprendizados propiciados pela sequência didática propor ações para uma vida mais saudável. Avaliação Final Pergunta geradora Elaborado pelo autor (2023). 5.9 Procedimentos para a Análise de Dados Os dados foram analisados segundo a proposta dos instrumentos originais. Foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Para comparação entre os subgrupos normopeso, sobrepeso e obeso no EBBIT e na EIPH, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis, já no PAQ-C foi adotado o teste qui-quadrado. Na comparação entre as AV1 e AV2 do EBBIT e da EIPH foi utilizado o teste de Wilcoxon, enquanto para o PAQ -C foram utilizados o teste de McNemar e h de Cohen. Para verificar a correlação entre os resultados obtidos foi utilizado o teste rho de Spearman. A análise estatística foi gerada utilizando-se o software SPSS versão 22, e adotou-se o nível de significância de p ≤ 0,05. 39 6. RESULTADOS Integraram o estudo 54 alunos na faixa etária de 10 a 12 anos, sendo 31 do sexo masculino e 23 do sexo feminino, que frequentavam o 5º ano do ensino fundamental de uma escola municipal na cidade de Presidente Prudente. Foram excluídos do estudo quatro sujeitos, um por não entregar o termo de assentimento e o TCLE, um por se negar a participar do estudo após ter entregado os documentos de autorização necessários e dois por não terem participado da AV2. Nesta seção, serão apresentados os resultados dos participantes em relação ao IMC e a comparação dos instrumentos EBBIT, EIPH e PAQ-C em relação a AV1 e AV2, finalizando com o cruzamento de dados produzidos através dos instrumentos. 6.1 IMC da amostra A análise dos resultados do IMC revelou que 33 alunos (61%) estavam dentro do peso ideal para a idade e 21 estavam acima do peso (39%), sendo 10 com sobrepeso (18%) e 11 com obesidade (21%) (Figura 1). Fonte: Elaborado pelo autor (2024) 6.2 Resultados do EBBIT 61%18% 21% Normopeso Sobrepeso Obeso Figura 1 - Classificação do IMC dos alunos. 40 Nesta seção são apresentados os resultados de comparação dos grupos participantes em relação ao EBBIT. 6.2.1 Escore total do EBBIT na AV1 Não foram encontradas diferenças estatísticas significativas (p = 0,263) ao comparar os subgrupos de normopeso, sobrepeso e obesidado em relação ao escore total do EBBIT na AV1(Tabela 1). 6.2.2 Resultados do EBBIT na AV2 Os nossos achados apontaram que o grupo obeso estava mais insatisfeito com sua imagem corporal e apresentava maior indicativo de restrição alimentar e ao comer compulsivo (escore total) se comparados com o grupo normopeso (p = 0.016) na AV2. Comparando os outros subgrupos não houve diferença entre eles (p > 0,05), (Tabela 1). 6.2.3 Subescalas 01, 02 do EBBIT nas AV1 e AV2 Ao analisar as subescalas 1 e 2 do EBBIT na AV1, observou-se que o subgrupo sobrepeso apresentou maior insatisfação corporal e maior indicativo de restrição alimentar (subescala 1) em comparação com o subgrupo normopeso (p = 0,030), já na AV2 não se verificou diferença estatística entre os subgrupos (p > 0.05) (Tabela 1). 6.2.4 Comparativos dos dados em relação ao escore total (subescala 1 + subescala 2) do EBBIT nas AV1 e AV2 Ao comparar o escore total do EBBIT entre a AV2 e a AV1, observou-se uma diminuição da insatisfação com a imagem corporal, bem como uma redução nos indicadores de restrição alimentar e comer compulsivo no grupo total e nos subgrupos na AV2 (p < 0,01). Além disso, ao comparar os resultados da AV2 em 41 relação à AV1, notou-se uma melhoria significativa nas subescalas 1 e 2 tanto no grupo total, como nos subgrupos (p < 0,01) (Tabela 1). Tabela 1 – Medianas do EBBIT. Subgrupos EBBIT 1 AV1 EBBIT 2 AV1 EBBIT Total AV1 EBBIT 1 AV2 EBBIT 2 AV2 EBBIT Total AV2 Normopeso 26 25 52 14 b 15 b 23 b Sobrepeso 38 a 20,5 57 14,5 b 12 b 33 b Obeso 37 24 58 14 b 15 b 37 b c Total 28,5 24 53 14 b 14,5 b 28 b Fonte: Elaborado pelo autor (2024). Nota: a ≠ normopeso; b ≠ AV1; c ≠ normopeso. 6.2.5 Correlação entre o IMC e escore total do EBBIT nas AV1 e AV2 Verificou-se correlação positiva entre o IMC, e o escore total do EBBIT na AV2, (r = 0,378) e (p = 0,005), apontando que quanto maior o IMC, mais insatisfeito com sua imagem corporal, maior indicativo de restrição alimentar e ao comer compulsivo. Já na AV1 essa correlação não se repetiu (Tabela 2). Tabela 2 - Correlação entre o IMC e escore total do EBBIT nas AV1 e AV2. EBBIT Total AV2 EBBIT Total AV1 IMC IMC Coeficiente de Correlação ,378* ,186 1,000 Sig. (2 extremidades) ,005 ,179 . N 54 54 54 Fonte: Elaborado pelo autor (2024). Nota: * A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades). 6.3 Resultados da EIPH Nesta seção são apresentados os resultados de comparação do grupo e subgrupos participantes em relação à EIPH. 6.3.1 Escore total da EIPH na AV1 Não foram encontradas diferenças estatísticas ao se comparar os subgrupos normopeso, sobrepeso e obeso em relação escore total da EIPH na AV1, (p = 0,42). 42 6.3.2 Escore total da EIPH na AV2 Ao interpretar os resultados da EIPH na AV2 inferiu-se que grupo obeso apresentou um autoconceito pior se comparado ao grupo normopeso (p = 0.013). No entanto, ao comparar os outros subgrupos entre si, não houve diferença estatística (p > 0,05). 6.3.3 Comparativos da média do escore total geral e dos subgrupos da EIPH nas AV1 e AV2 Ao comparar os resultados da AV1 e AV2 da EIPH, notou-se que existiu uma melhora significativa nos resultados referentes ao autoconceito no escore total da amostra (p < 0,001) e entre os subgrupos normopeso (p < 0,001) e sobrepeso (p = 0,05) enquanto no subgrupo obeso não houve alteração (p = 0,35). Ao sondar os resultados das subescalas do EIPH, na AV1 não se observou diferenças, enquanto na AV2 os alunos do subgrupo obeso apresentaram escores mais baixos que do subgrupo normopeso nas subescalas de Ansiedade (p = 0,05), Satisfação e Felicidade (p = 0,018) e Status Intelectual (p = 0,004). Tabela 3 – Medianas do EIPH. EIPH AV1 EIPH AV2 Subescalas Norm. Sobr. Obeso Total Norm. Sobr. Obeso Total Aspecto Comportamental 5 4 5 5 14 14 13 13 Status Intelectual 11 10,5 10 10,5 12 11 9 c 11 Aparência Física 9 10 7 9 9 9,5 7 9 Ansiedade 5 5 7 5,5 7 6,5 5 c 7 Popularidade 8 7 7 7 8 7 7 8 Satisfação/Felicidade 7 7,5 7 7 6 5 4c 5 Escore Total 45 45 42 45 59 54,5 45 a 55 b Fonte: Elaborado pelo autor (2024). Nota: a ≠ normopeso; b ≠ AV1. 43 6.3.4 Correlação entre o IMC e escore total da EIPH nas AV1 e AV2 Verificou-se uma correlação negativa entre o IMC e o escore total do EIPH tanto na AV1, (r = -,0347) e (p = 0,010), quanto na AV2, (r = -,0428) e (p = 0,001), indicando que na medida que ocorreu o aumento do IMC houve uma piora do autoconceito da amostra (Tabela 4). Tabela 4 - Correlação entre o IMC e escore total da EIPH nas AV1 e AV2. Fonte: Elaborado pelo autor (2024). Nota: **A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades); *A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades). 6.4 Análise dos Resultados do PAQ-C Nesta seção são apresentados os resultados de comparação dos grupos participantes em relação ao PAQ-C. 6.4.1 Comparativo do nível de atividade física grupo total e dos subgrupos na AV1 e AV2. Observou-se que 67% dos alunos se encontravam sedentários quando da aplicação da AV1, contra 57% na aplicação da AV2 (P>0,001). O grupo de sedentário foi maior tanto na AV1 quanto na AV2, entretanto notou-se uma diminuição na AV2 em relação à AV1 (P=0,046). Os alunos sedentários representavam 67% do subgrupo normopeso, 40% do subgrupo sobrepeso e 91% do subgrupo obeso na AV1 (p = 0,041) e de 48% do subgrupo mormopeso, 60% do subgrupo sobrepeso e 82% entre o subgrupo obeso na AV2. Entretanto essas diferenças não se mostraram significativas estatisticamente (P=0,20). Ao comparar os dados das AV1 e AV2 pôde-se verificar que houve uma diminuição dos alunos sedentários no subgrupo normopeso, (P=0,02) já nos subgrupos sobrepeso (P=0,157) e obeso (P=0.317) as diferenças apresentadas não tiveram significância. EIPH Total AV1 EIPH Total AV2 IMC N 54 54 54 Imc Coeficiente de Correlação -,347* -,428** 1,000 Sig. (2 extremidades) ,010 ,001 . N 54 54 54 44 Entretanto estimando a magnitude da diferença entre AV1 e AV2 pelo h de Cohen, verificou-se que no subgrupo obeso o tamanho do efeito foi pequeno (h=0,27), no subgrupo sobrepeso o tamanho do efeito foi médio, indicando aumento do sedentarismo (h=−0,40), e no subgrupo normopeso o tamanho do efeito foi médio, indicando redução do sedentarismo (h=0,80) (Tabela 5). Tabela 5 - Classificação de nível de atividade física do grupo total e subgrupos Fonte: Elaborado pelo autor (2024). Nota: a ≠ AV1; b ≠ AV1 6.4.2 Correlação entre o IMC e o PAQ – C nas AV1 e AV2. Não se verificou-se correlação entre o IMC e o PAQ -C nas duas avaliações (Tabela 6). Tabela 6 - Correlação entre o IMC e escore total do PAQ-C nas AV1 e AV2. IMC PAQ_AV1 PAQ_AV2 IMC Coeficiente de Correlação 1,000 ,101 ,164 Sig. (2 extremidades) . ,466 ,237 N 54 54 54 Fonte: Elaborado pelo autor (2024) AV1 AV2 Subgrupos Sedentários Ativos Sedentários Ativos Normopeso 67% 33% 48% b 52% Sobrepeso 40% 60% 60% 40% Obeso 91% 9% 82% 12% Total 67% 33% 57% a 43% 45 7. RELATO DA INTERVENÇÃO Neste item, apresento, por meio de um relato de experiência, as aulas que foram elaboradas e aplicadas na intervenção, visando desenvolver os temas ideais de beleza em diversas culturas, alimentação saudável e benefícios das atividades físicas para o corpo. Os resultados das avaliações realizadas na intervenção não são objeto do presente estudo, e serão avaliadas posteriormente, podendo ser apresentadas em outros trabalhos científicos. Aula 1 – Tema 1: Ideal de Beleza Objetivo: Sensibilizar a turma sobre o tema e buscar verificar a percepção que eles têm sobre a beleza. Inicialmente o professor pesquisador explicou que seria iniciada a sequência de aulas da pesquisa que estava sendo realizada com eles, em um segundo momento introduziu o tema que seria tratado e os objetivos dessa primeira aula que foram descritos na lousa. Logo em seguida foi entregue uma folha para os alunos com características corporais escritas sendo estas, olhos, cabelos, estatura, quadril, ombros, cintura, e na frente um espaço para que eles pudessem escrever as características físicas que eles achavam que uma pessoa bonita deveria ter (ANEXO 9). O professor pesquisador formou uma nuvem de ideias utilizando as respostas dos alunos utilizando o aplicativo Mentimenter (ANEXO 10). Após a formação da nuvem de palavras e a discussão dos resultados, os alunos foram divididos em grupos de 4 a 5 alunos, sendo proposto que os alunos respondessem em uma folha à pergunta “Como formamos a nossa ideia de beleza” (Figura 2). Nos grupos, um dos alunos foi definido como escriba e outro como orador. Os grupos socializaram as conclusões com a sala e o professor foi agrupando as respostas dos grupos, formando um panorama da sala sobre a pergunta proposta (Figura 3). 46 Figura 2 – Discussão sobre “Como formamos nosso ideal de beleza” Fonte: Acervo do autor. Figura 3 - Socialização das conclusões dos grupos Fonte: Acervo do autor. Ocorreu boa participação das duas turmas nas aulas, refletiram sobre o tema e tiveram um bom entendimento. Notou-se que o 5º ano B teve maior dificuldade de compreensão sobre as comandas e atividades que foram realizadas, necessitando de maior auxílio do professor pesquisador. Em relação ao tempo da aula, dependendo da turma seria necessário que essa aula fosse desdobrada em duas. Aula 2 – Tema 1: Ideal de Beleza Objetivo: Entender sobre como os padrões de beleza mudam ao longo do tempo e compreender como a beleza é vista de diversas culturas. Em um primeiro momento o professor pesquisador retomou o conteúdo trabalhado na 47 aula anterior e as conclusões levantadas pela turma, logo em seguida o professor propôs que os alunos observassem as imagens que o professor iria projetar na televisão (ANEXO 15). Ao apresentar as imagens que representavam o ideal de beleza ocidental em determinados períodos históricos, o professor indagou os alunos sobre a beleza ou não da figura apresentada, pedindo que os alunos que achavam as imagens bonitas ou feias levantassem as mãos (Figura 4). Em seguida, foram apresentadas imagens que representavam padrões de beleza em outras culturas. Após os alunos opinarem sobre as imagens, o professor pesquisador foi repassando as imagens, explicando que todas as imagens representaram o belo em determinados períodos históricos. Detalhou- se as influências sociais que determinavam o belo nesses períodos e sociedades. No final da aula, os alunos responderam três questões de múltipla escolha sobre o assunto trabalhado (ANEXO 11). Figura 4 - Alunos analisando imagens Fonte: Acervo do autor. Houve grande interação dos alunos nessa atividade, sendo percebido que quando a imagem apresentada se assemelhava ao padrão de beleza ocidental vigente, havia quase uma unanimidade em relação à imagem, agora quando fugia desse padrão, havia uma divisão entre os alunos, ou a maioria achava a imagem feia. Verificaram-se inclusive momentos de bullying quando um aluno achava uma imagem bonita em discordância com o restante da sala. No 5º ano 48 B ocorreram chacotas quando algumas imagens eram apresentadas, inclusive houve a comparação das imagens com alguns colegas da sala. Verificou-se também nessa sala a dificuldade de os meninos admitirem a beleza das imagens quando se tratava de alguma figura masculina. A partir dos problemas apresentados, o professor pesquisador interveio e discutiu com os alunos sobre os motivos daquelas atitudes, mostrando que parte delas estavam relacionadas ao próprio padrão de beleza esperado, tornando tudo o que é diferente inaceitável. Falou sobre a importância do respeito às diferenças e sobre os malefícios do bullying e suas consequências. Aula 3 – Tema 1: Ideal de Beleza Objetivo: Compreender como a ideia de beleza que temos é influenciada pelas imagens que vemos ao longo do nosso desenvolvimento. O professor pesquisador apresentou imagens de personagens de desenhos e filmes infantis. Após a apresentação foi discutido com os alunos sobre quais características os personagens principais das imagens tinham que se encaixavam com os indicados por eles na aula 1. Após a discussão foram formadas duplas e foi proposto que eles respondessem a seguinte pergunta “Vocês acham que as imagens que vemos em filmes e mídia em geral podem influenciar nossa percepção de beleza? De qual forma?” (Figura 5). Antes do início da atividade o professor pesquisador apresentou dois vídeos que reproduziam a experiência Doll Test - Os efeitos do racismo em crianças: https://www.youtube.com/watch?v=CdoqqmNB9JE e https://www.youtube.com/watch?v=FBTl_po3F4k, para auxiliar na reflexão dos alunos. Após os alunos responderem à pergunta, foi pedido que eles socializassem as respostas com o restante da sala. Quando as respostas começaram a ficar repetitivas, o professor pesquisador foi moderando a socialização perguntando se algum grupo tinha algo a complementar que ainda não havia sido falado. https://www.youtube.com/watch?v=CdoqqmNB9JE https://www.youtube.com/watch?v=FBTl_po3F4k 49 Figura 5 - Alunos respondendo questão levantada Fonte: Acervo do autor. Acredito que essa aula foi bem produtiva, e os alunos mostraram reflexão e entendimento de como somos influenciados na nossa percepção sobre beleza. Aula 4 – Tema 1: Ideal de Beleza Objetivo: Analisar o tratamento de imagem dado as imagens apresentadas na mídia; compreender que a ideia de beleza apresentada pela mídia é irreal; entender os verdadeiros interesses relacionados aos padrões estéticos; refletir sobre o impacto desses padrões na vida das pessoas. Inicialmente o professor pesquisador propôs uma chamada temática onde os alunos deveriam dizer o nome de algum ator, atriz, modelo ou celebridade que eles achavam bonito (Figura 6). Figura 6 - Resultado da chamada temática Fonte: Acervo do autor. O professor pesquisador anotou na lousa os nomes e com a ajuda dos alunos selecionou alguns nomes e buscou imagens deles na internet em 50 momentos de trabalho e no dia-dia, fazendo a análise das imagens com os alunos (ANEXO 18). Após a análise, foram apresentados dois vídeos mostrando o tratamento feito nas imagens apresentadas pela mídia e como elas podem influenciar as pessoas negativamente: https://www.youtube.com/watch?v=PAq1nAuhv8A e https://www.youtube.com/watch?v=Hvpd_YIrMQA. A aula foi finalizada com o professor pesquisador explicando sobre quais os interesses mercadológicos relacionados aos padrões de beleza impostos a partir de exemplos simples do cotidiano. Para finalizar a aula, o professor pesquisador pediu que os alunos se reunissem em grupos e respondessem às seguintes questões: “As imagens que vemos na mídia são reais”, “Quais os interesses envolvidos nos padrões de beleza?” e “Eles influenciam as vidas das pessoas?”. Após os grupos responderem, foi feita a socialização dos resultados. A interação entre os alunos foi boa, porém alguns grupos tiveram dificuldade de colocar no papel as suas ideias, solicitando explicações e auxílio do professor. Aula 5 – Tema 2: Alimentação Saudável Objetivo: Conhecer os hábitos alimentares dos alunos; compreender a importância dos macronutrientes na nossa alimentação, bem como o risco da alimentação em excesso. A aula foi iniciada com o levantamento de três questões pelo professor pesquisador: “É possível atingir o padrão de beleza atual?”, “Eu devo buscar esse padrão?” Preciso me preocupar com o meu corpo?”. Essas questões foram levantadas com o intuito de verificar se os alunos compreenderam os temas abordados na aula anterior e fazer a ligação entre os temas 1 e 2. Ao responder às questões, alguns alunos disseram que deveriam, sim, se preocupar com o corpo, sim, mas em relação à saúde. A partir desse gancho, o professor pesquisador introduziu o assunto alimentação. Perguntou se os alunos se alimentavam de forma saudável e solicitou que eles anotassem na lousa os alimentos de que eles mais gostavam e que comiam frequentemente (Figura 7). https://www.youtube.com/watch?v=PAq1nAuhv8A https://www.youtube.com/watch?v=Hvpd_YIrMQA 51 Figura 7 - Levantamento de hábitos alimentares dos alunos Fonte: Acervo do autor. Após os alunos fazerem as anotações na lousa o professor os indagou sobre os nutrientes dos alimentos, sendo que eles tiveram dificuldades em identificar os macronutrientes. Em seguida foram apresentados dois vídeos o primeiro que explicava quais são os macronutrientes que ingerimos com exemplos de alimentos saudáveis e não saudáveis https://www.youtube.com/watch?v=90zaBTVd7_c e o segundo que apresentava a quantidade de açúcar e gordura presentes em alguns alimentos industrializados https://www.youtube.com/watch?v=h8SeUXKU5ww&t=11s A aula foi finalizada com discussão sobre a quais dos alimentos apresentados pelos alunos que eram saudáveis ou não. Aula 6 – Tema 2: Alimentação Saudável Objetivo: Conhecer a quantidade de açúcar presentes em alimentos ingeridos cotidianamente. Nesta aula o professor pesquisado dividiu os alunos em grupos de 4 a 5 alunos, entregando em recipiente com açúcar uma colher e um copo para cada grupo. A atividade proposta foi uma competição entre os grupos na qual eles deveriam colocar no copo a quantidade de açúcar presentes em alimentos apresentados pelo professor em imagens na televisão (ANEXO 17) e (Figura 8). https://www.youtube.com/watch?v=90zaBTVd7_c https://www.youtube.com/watch?v=h8SeUXKU5ww&t=11s 52 Figura 8 - Análise da quantidade de açúcar em alimentos Fonte: Acervo do autor. O grupo que acertasse a quantidade ou chegasse mais perto marcaria o ponto. Venceria quem tivesse mais pontos. No final da aula o professor perguntou para os alunos se eles tinham ideia de que os alimentos que eles comiam tinham tanto açúcar. A maioria não tinha essa noção. Houve grande interação e interesse nos alunos nesta aula. A competição entre os grupos gerou uma dedicação entre os alunos para se aproximar do resultado correto, mas de uma forma geral eles subestimavam a quantidade de açúcar nos alimentos. No decorrer da atividade as respostas dos alunos foram ficando mais próximas do ideal, ocorrendo alguns acertos. Aula 7 – Tema 2: Alimentação Saudável Objetivo: Conhecer as doenças relacionadas a má alimentação. A aula foi iniciada com a retomada dos aprendizados da aula anterior, no segundo momento o professor pesquisador perguntou para os alunos quais os problemas de saúde a alimentação inadequada podem causar, anotando na lousa as contribuições deles (Figura 9). 53 Figura 9 - Levantamento de conhecimentos dos alunos sobre alimentação Fonte: Acervo do autor. O professor pesquisador anotou algumas doenças relacionadas à má alimentação não indicadas pelos alunos e expôs como cada doença ataca o organismo e como a alimentação inadequada colabora para isso. Foi apresentado um vídeo para auxiliar na compreensão: https://www.youtube.com/watch?v=4FbmNHX5EIE. Aula 8 – Tema 2: Alimentação Saudável Objetivo: Entender como funciona a balança energética e o aumento de peso. No início da aula, os alunos foram questionados pelo professor pesquisador sobre “como engordamos”? As hipóteses levantadas pelos alunos se relacionaram à falta de atividade física, comer em excesso, fatores familiares, entre outros. Após a sondagem inicial, o professor pesquisador explicou para eles que o que comemos em maior quantidade do que o nosso corpo necessita é armazenado em forma de gordura e explanou sobre como funciona a balança energética, dando exemplos práticos e mostrando como se faz esse cálculo. Na sequência, os alunos foram separados em grupos de 5 a 6 pessoas, sendo entregue um prato e um saquinho com tampinhas de garrafa pet para cada https://www.youtube.com/watch?v=4FbmNHX5EIE 54 grupo. Foi pedido que eles realizassem a balança energética de um integrante do grupo ou do grupo na totalidade, utilizando as coisas que todos do grupo tinham hábito de comer nas refeições. Foi estabelecido que cada tampinha de garrafa simbolizava 100 kcal. Os alunos iam colocando no prato as tampinhas consoantes as calorias dos alimentos que ingeriam e depois deveriam retirar as tampinhas segundo o gasto em atividades do cotidiano, além do metabolismo basal. Quando os grupos terminaram, tinham que responder se a balança energética do grupo havia sido positiva ou negativa e se haviam engordado ou não (Figura 10). Figura 10 - Cálculo da balança energética Fonte: Acervo do autor. Esse experimento contou com a participação empolgada dos alunos, eles compreenderam o conceito da balança energética, interagiram entre si, conheceram os hábitos alimentares dos colegas, a quantidade de calorias presentes em alimentos e o gasto calórico ocorrido em atividades diárias. Para que fosse possível o cálculo, os grupos perguntavam as calorias de determinado alimento ou atividade física e o professor pesquisador realizava a busca da informação e repassava para os discentes. Aula 9 – Tema 2: Alimentação Saudável Objetivo: Avaliar os conhecimentos adquiridos pelos alunos sobre alimentação e socialização de aprendizagens. Na quadra, os alunos foram divididos em duas equipes para realização de um quiz com perguntas sobre o tema trabalhado (ANEXO 12). Cada equipe ficou disposta em uma das extremidades da quadra, atrás da linha de saque da quadra 55 de vôlei. O professor pesquisador numerou os participantes de cada equipe e os organizou em sequência. O professor pesquisador realizava as perguntas e dava um tempo para os alunos conversarem. Após esse tempo, os alunos ficavam dispostos atrás da linha de saque da área de vôlei e era falado um número pelo professor pesquisador. O aluno, que era definido pelo número falado tinha que correr até o centro da quadra e tocar na mão do professor, aquele que tocasse primeiro respondia à pergunta, se não soubesse ou respondesse errado a outra equipe tinha a oportunidade de responder, se os dois alunos respondessem errado ou de forma incompleta o professor pesquisador complementava a resposta (Figura 11). Esse momento foi bastante dinâmico e produtivo, pois foi possível verificar que alguns alunos estavam ainda com dificuldade de identificar os macronutrientes presentes nos alimentos e em diferenciá-los. Os grupos se mostraram muito competitivos, e quando um deles começava a perder alguns alunos se mostravam desmotivados e nervosos, sendo necessária a intervenção do professor pesquisador. Figura 11 - Quiz sobre alimentação saudável Fonte: Acervo do autor. Ao final da aula foi realizada uma discussão sobre a atividade realizada e os conhecimentos adquiridos, logo após os alunos foram encaminhados para o refeitório e foi proposto que a partir do que eles haviam aprendido das aulas sobre alimentação saudável, montassem uma refeição no qual eles acreditavam que contivesse os macronutrientes necessários para uma alimentação saudável na proporção correta (Figura 12). 56 Figura 12 - Alunos se alimentando Fonte: Acervo do autor. No momento da alimentação, os alunos na grande maioria, tentaram se alimentar utilizando todos os macronutrientes, mas alguns não colocaram carne, outros não colocaram salada ou feijão. Oito não se alimentaram por não estarem com fome naquele horário ou por não terem hábito de comerem na escola. Foi notado que o feijão não era muito aceito por uma parte dos alunos. Seis alunos não comeram salada, três por não gostarem de nenhum tipo de salada e três por não comerem repolho, mas afirmaram que comem outros tipos de salada. Dois 57 alunos apresentaram uma alimentação seletiva, só comendo arroz, um deles apresenta o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Aula 10 – Tema 3: Benefícios da Atividade Física Objetivo: Levantar os conhecimentos prévios dos alunos sobre os benefícios da atividade física, diferenciar exercício físico e atividade física; conhecer os efeitos da atividade física no nosso corpo, bem como os riscos do sedentarismo. Para fazer um levantamento dos conhecimentos que os alunos tinham sobre os benefícios da atividade física e os riscos do sedentarismo foi realizada uma chuva de ideias utilizando a lousa (Figura 13). Cada aluno pegou um pedaço de giz e escreveu em um primeiro momento no que achava que a atividade física ajudava o nosso corpo, já no segundo momento escreveram quais são os riscos do sedentarismo. Figura 13 - Levantamento de conhecimentos sobre os benefícios da atividade física Fonte: Acervo do autor. 58 Após o levantamento inicial o professor complementou as informações apresentadas pelos alunos (Figura 14) utilizando um vídeo sobre o tema https://www.youtube.com/watch?v=JXGdZl_IiOY . Figura 14 - Aula expositiva sobre atividade física e sedentarismo Fonte: Acervo do autor. Os alunos tiveram um bom interesse, principalmente o 5º ano A, o 5º ano B se mostrou frustrado por não ter ido para quadra naquele momento. Aula 11 – Tema 3: Benefícios da Atividade Física Objetivo: Identificar as capacidades físicas envolvidas nos exercícios e entender como o corpo reage ao movimento. Na sala de aula o professor pesquisador perguntou para os alunos quais capacidades físicas os alunos conheciam, anotando na lousa as respostas, complementando posteriormente as capacidades não indicadas por eles (Figura 15). https://www.youtube.com/watch?v=JXGdZl_IiOY 59 Figura 15 - Aula expositiva sobre o tema capacidades físicas Fonte: Acervo do autor. No segundo momento em quadra, os alunos em roda realizaram o alongamento de membros inferiores, superiores e tronco (Figura 16). Figura 16 - Realização de alongamento Fonte: Acervo do autor. Logo após o alongamento, o professor pesquisador propõe uma atividade em que os alunos deveriam atravessar a quadra de futsal de uma lateral a outra correndo e, ao sinal do professor, deveriam parar e realizar um exercício proposto. Ao sinal do professor, novamente deveriam voltar a correr (Figura 17). Em seguida, foi realizada a brincadeira “pega-pega, ginástica” na qual escolheu- 60 se um aluno para ser o pegador enquanto o restante da sala teria que fugir. Ao ser pega, a criança tinha que ficar parada realizando um movimento da ginástica, e para ser salva, outra criança deveria fazer um movimento da ginástica próximo à criança congelada. Figura 17 - Realização de corrida e exercícios Fonte: Acervo do autor. Ao final da atividade foi realizada uma conversa na qual o professor pesquisador perguntou para alguns alunos de forma aleatória, qual capacidade física foi predominante em casa exercício realizado, e as sensações vivenciadas pelos alunos (Figura 18). O Feedback dos alunos foi positivo. 61 Figura 18 - Conversa sobre as sensações vivenciadas na aula Fonte: Acervo do autor. Aula 12 – Tema 3: Benefícios da Atividade Física Objetivo: Identificar as capacidades físicas envolvidas nos exercícios; socialização da aprendizagem; avaliação das aprendizagens sobre o tema. Atividade 1 - Na quadra os alunos foram divididos em dois grupos que ficaram dispostos um ao lado do outro no fundo da quadra. O professor pesquisador escolhia um aluno do grupo que deveria realizar um movimento relacionado a uma capacidade física proposta pelo professor. Somente o aluno selecionado sabia qual capacidade estava envolvida. Quando o aluno começava a fazer o movimento qualquer aluno que soubesse qual capacidade física era predominante deveria correr e bater na mão do professor, quem tocasse primeiro, se respondesse corretamente marcava ponto para sua equipe, se a resposta fosse errada passava-se a oportunidade para o outro grupo, se nenhum grupo acertasse o professor pesquisador fazia a correção (Figura 19). Nesta atividade os alunos mostraram dificuldade tanto em realizar uma atividade que trabalhasse a capacidade física proposta, quanto de identificá-la. 62 Figura 19 - Identificando as capacidades físicas Fonte: Acervo do autor. Atividade 2 - Mantendo os grupos, os alunos foram colocados lado a lado em fila na linha de saque da quadra de vôlei. No outro lado da quadra, havia um prato com pedaços de papel em uma cadeira com afirmações relacionadas aos benefícios do movimento e à falta dele (ANEXO 19). Ao sinal do professor, o primeiro aluno de cada fila saiu correndo, pegou um papel, leu e correu para o início da fila, onde havia dois pratos em duas cadeiras distintas. No prato do lado esquerdo do aluno deveriam ser colocadas as afirmações sobre os benefícios da atividade física e do lado direito o que a falta do exercício causa. Após a chegada do primeiro aluno e a colocação do papel no prato, o segundo aluno da equipe já poderia sair, finalizando quando todos os alunos já tivessem cumprido o desafio. A equipe vencedora foi a que colocou o maior número de afirmações nos pratos corretos (Figura 20). 63 Figura 20 - Avaliação Formativa sobre os benefícios da atividade física Fonte: Acervo do autor. A correção em relação aos papéis colocados no prato errado foi realizada em conjunto pelos alunos e o professor (Figura 21). Figura 21 - Correção da avaliação formativa Fonte: Acervo do autor. A atividade transcorreu como esperado, os alunos se mostraram bem competitivos, mas respeitosos. Colocaram a maioria dos papéis nos locais corretos, sendo necessárias poucas correções. 64 Aula 13 – Avaliação Final Objetivo: Refletir sobre os hábitos de vida e a partir dos aprendizados propiciados pela sequência didática propor ações para uma vida mais saudável. Para finalizar a intervenção foi feita uma retomada dos conteúdos trabalhados buscando fazer os alunos refletirem sobre os conhecimentos adquiridos e como eles podem contribuir para uma vida mais saudável. Foi proposta uma avaliação em uma folha que continha com duas colunas com as palavras manter e mudar (ANEXO 13), onde os alunos colocaram as atitudes que eles deveriam manter para ter uma vida mais saudável e quais atitudes e hábitos de veria mudar. 65 8. DISCUSSÃO 8.1 Obesidade O presente estudo mostrou que o grupo pesquisado apresentava uma alta prevalência de crianças acima do peso, sendo 18% com sobrepeso e 21% com obesidade. Os números desse trabalho ficaram acima dos disponibilizados pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SIVAN) do Ministério da Saúde (2023) em relação ao grupo obeso, já em relação ao grupo sobrepeso os dados convergiram. Os dados do SIVAN apresentaram um percentual de 16,2% de crianças de 5 a 10 anos com sobrepeso e 15,7% com obesidade. Entre os adolescentes, 18,6% se encontravam com sobrepeso e 12,5% com obesidade. Mrejen, Cruz e Rosa (2023) indicaram que as diferenças entre os resultados do SISVAN e de outros levantamentos nacionais, podem estar relacionados ao acompanhamento do SIVAN apenas das crianças e adolescentes acompanhadas pelos serviços de atenção primaria à saúde (APS), não abrangendo a população que usa exclusivamente os serviços privados de saúde ou por aqueles que não são acompanhados por nenhum serviço de saúde. Dessa forma, os dados do SISVAN podem não refletir com precisão a situação nutricional de toda a população brasileira, uma vez que há um viés de cobertura em relação aos usuários do S