UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES, COMUNICAÇÃO E DESIGN DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL GRADUAÇÃO EM JORNALISMO ALINE BUENO SILVESTRE TALEESSA IZABELLA CRUZ DA SILVA “MÃES EM PAUTA” Grande reportagem sobre mães jornalistas e mercado de trabalho BAURU - SP 2022 ALINE BUENO SILVESTRE TALEESSA IZABELLA CRUZ DA SILVA “MÃES EM PAUTA” Grande reportagem sobre mães jornalistas e mercado de trabalho Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em cumprimento parcial do curso de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design, do Departamento de Comunicação Social da Unesp – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –, para obtenção do título de Bacharel em Jornalismo. Orientadora do Projeto Experimental: Profª Associada Dra. Maria Cristina Gobbi BAURU – SP 2022 Silvestre, Aline Bueno. Silva, Taleessa Izabella Cruz da. Mães em Pauta : Grande reportagem sobre mães jornalistas e mercado de trabalho / Aline Bueno Silvestre, Taleessa Izabella Cruz da Silva. Bauru, 2022 37 p. Orientadora: Maria Cristina Gobbi Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado - Comunicação Social: Jornalismo) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design, Bauru 1. Jornalismo. 2. Grande Reportagem. 3. Mulheres. 4. Mães. 5. Jornalistas. I. Título. ALINE BUENO SILVESTRE TALEESSA IZABELLA CRUZ DA SILVA “MÃES EM PAUTA” Grande reportagem sobre mães jornalistas e mercado de trabalho Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em cumprimento parcial às exigências do curso de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, do Departamento de Comunicação Social da UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –, para obtenção do título de Bacharel em Jornalismo. Orientadora do Projeto Experimental: Profª Associada Dra. Maria Cristina Gobbi Bauru, de de 2022 BANCA EXAMINADORA Prof.ª Associada Dra. Maria Cristina Gobbi (orientadora) Prof.ª Dra. Angela Maria Grossi Prof.ª Me. Mara Fernanda de Santi AGRADECIMENTOS Os primeiros agradecimentos não poderiam deixar de ser para os meus pais, Carlos e Fátima. Eles são minha grande inspiração e me apoiaram desde o início da minha jornada para entrar na UNESP. Eles continuaram me apoiando, mesmo preocupados, quando tive que vir morar em Bauru sozinha e sem conhecer ninguém. Para eles, os meus maiores agradecimentos. Ao meu irmão que sempre foi parceiro comigo, mesmo com nossas diferenças. Agradeço a Deus, que permitiu que eu chegasse até aqui com tanta gente importante me apoiando. Às minhas avós que são, junto com meus pais e meu irmão, as pessoas mais importantes da minha vida. Agradeço também meus tios, tias e primos que sempre apoiaram meus estudos e minha mudança para Bauru. Aos meus verdadeiros amigos em Bauru, que fizeram a mudança e a faculdade serem mais leves e divertidas. Eles tornaram as experiências inesquecíveis. À duas amigas que foram essenciais no meu processo de estudos e de evolução desde o ensino médio, e que me inspiram como mulheres e profissionais: Gabriela e Mariana. Elas fizeram a diferença para que eu chegasse até aqui. À Mel, minha cachorra. Ela também foi essencial no meu processo, e vai ser para sempre minha melhor companheira de vida. Ela fica do meu lado em momentos que nem sabe que eu preciso (ou sabe). Minha pequena para sempre. À Tess, que foi minha dupla de TCC, e mesmo entrando depois que eu já havia pensado no início do projeto, contribuiu muito em todas as etapas e não poderia ter saído um resultado melhor dessa dupla que quero levar pra vida. À todas as mulheres especiais que toparam participar do nosso projeto e foram pensadas com muito cuidado e carinho: nossas fontes, Querolaine, Letícia, Viviane e Maria José. Nossa orientadora, Maria Cristina Gobbi e as convidadas para a nossa banca, Angela Grossi e Mara de Santi. Adendo essencial às mulheres que lutaram antes de mim para que a educação fosse um direito de todas nós, e para que as mulheres pudessem ter cada vez mais voz nessa sociedade ainda machista e patriarcal. Essa é a maior lição que eu aprendi com todas elas e com o “Mães em Pauta”. A luta não para por aqui. Aline Bueno Silvestre AGRADECIMENTOS Todo o caminho percorrido para a finalização do Trabalho de Conclusão de Curso e, consequentemente, da graduação, só foi possível graças à imensa rede de apoio que tive ao longo dos anos. Por isso, não poderia deixar de iniciar os agradecimentos àqueles que possibilitaram que o sonho da formação em uma Universidade Pública de qualidade fosse realizado: meus avós, Claudete e João, que me criaram mais do que uma neta, me criaram como filha, e sempre ressaltaram a importância do estudo, minha mãe Alessandra, que sempre acreditou no meu potencial, e meus tios Mark e Du, que sempre me incentivaram a entregar o meu melhor. Obrigada pelo apoio incondicional. Não falo tantas vezes quanto deveria, mas amo todos vocês. Agradeço também aos meus amigos de Mogi, que vejo apenas uma vez a cada ano, mas sempre me fornecem o apoio, o incentivo e a energia que preciso. Aos amigos de Bauru, tenho minha eterna gratidão para oferecer, especialmente aos que tão gentilmente me acolheram mesmo quando troquei de turno, onde encontrei amizades valiosas que desejo levar para toda a vida. Aos meus gatinhos, Baixinha, Emilyzinha e Alexanderzinho, que adentraram minha vida quando tudo parecia um caos e viraram as baterias que recarrego minhas energias! Uma lembrança especial ao Anjinho, ao Guerreirinho e à Pulgueirinha, que estão comigo em pensamento o tempo todo. Ao meu namorado, Lucas, meu Balãozinho, que me forneceu todo o apoio durante a graduação para que eu pudesse me manter firme, deixando de lado a síndrome de impostora que insistiu - e às vezes ainda insiste - em me atingir. Obrigada por toda a parceria. A vida ao seu lado é mais bonita! À Aline, minha companheira de TCC e agora da vida, que me acolheu de bom grado nessa ideia e fez com que esse projeto fosse muito além de um trabalho, se tornando um verdadeiro aprendizado profissional e pessoal. À Gobbi, nossa orientadora, que teve toda a paciência do mundo conosco e forneceu insights maravilhosos, à Angela e à Mara, que aceitaram compor nossa banca e, claro, à UNESP, da qual tenho imenso orgulho de ter estudado. Por fim, agradeço às mulheres inspiradoras que colaboraram com a produção desse TCC: Letícia, Querolaine, Viviane e Maria José. Taleessa Izabella Cruz da Silva A Grande Reportagem em vídeo “Mães Em Pauta”, produzida como Trabalho de Conclusão de Curso, pode ser acessada pelo seguinte link: www.maesempauta.com.br http://www.maesempauta.com.br RESUMO Esta grande reportagem tem por objetivo analisar e compreender, do ponto de vista das mulheres e mães, o mercado de trabalho para jornalistas. Para isso, traz quatro entrevistas distintas para uma maior abordagem sobre o tema. A primeira é Querolaine Davies, uma jornalista que sofreu o processo de demissão de duas emissoras distintas no Paraná após voltar das suas licenças-maternidade. A segunda entrevistada é Viviane Godoy, advogada especialista em causas trabalhistas que atua na cidade de Bauru. Viviane abordou aspectos jurídicos e legislativos sobre o tema, principalmente sobre o direito das mulheres em causas trabalhistas pós-maternidade. A terceira fonte foi Letícia Pinho, jornalista recém-formada que, ao engravidar, passou por situações constrangedoras em processos seletivos. Para concluir, Maria José, presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas, FENAJ, abordou questionamentos dentro do Jornalismo, como o tempo da licença-maternidade e os direitos dessas mães no mercado de trabalho do Brasil. Palavras-chave: Jornalismo; Grande Reportagem; Mulheres; Mães; Jornalistas; SUMÁRIO AGRADECIMENTOS 3 AGRADECIMENTOS 4 RESUMO 6 1. INTRODUÇÃO 9 1.1 Justificativa 11 1.2 Objetivos 12 1.2.1 Objetivo Geral 12 1.2.2 Objetivos específicos 12 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 13 2.1 Gênero 13 2.1 Formato 14 3. METODOLOGIA DE EXECUÇÃO 15 3.1 Pré-produção 15 3.2 Produção 16 3.2.1 Entrevista 1 - Querolaine Davies 18 3.2.2 Entrevista 2 - Letícia Pinho 18 3.2.3 Entrevista 3 - Viviane Godoy 19 3.2.4 Entrevista 4 - Maria José Braga 19 3.3 Pós-produção 19 4. DESCRIÇÃO DO PRODUTO 21 4.1 Pauta, estrutura e roteirização 21 4.2 Design gráfico e editorial 22 4.2.1 Logo e identidade visual 22 4.2.2 Design do site 24 4.2.3 Público-alvo 24 4.2.4 Custos de execução 24 4.3 Edição e estruturação do vídeo-reportagem 25 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 27 5.1 Objetivos 27 5.2 Dificuldades 27 5.3 Aprendizados 28 REFERÊNCIAS 30 ANEXOS 33 9 1. INTRODUÇÃO Desde os tempos primórdios da sociedade, como no período medieval e na Idade Média, a mulher era vista como símbolo de procriação, sendo ensinada e educada para atender e obedecer seu a marido, além de ter a tarefa de cozinhar e cuidar da casa e dos filhos todos os dias, o tempo todo. Na maioria das vezes, não podiam nem escolher com quem se casar, esse era o papel para o seu pai. Não só isso, ela não tinha o direito à educação e acesso ao mercado de trabalho. Para a mulher negra, a situação era ainda mais difícil. Além de todo o preconceito por ser mulher, ela ainda sofria intensamente e incansavelmente pela cor da sua pele. Dentre esse contexto, o sistema escravocrata foi muito mais intenso para a mulher negra. De acordo com a autora Emília Pereira, “por largo período, a mulher (não escrava) esteve afastada do processo produtivo próprios às sociedades, circunscrita aos afazeres domésticos. Não trabalhava, pois, na direta produção social, mas no âmbito interno da família” (2005, p. 27). A partir da Primeira Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra na década de 1760 - e no Brasil posteriormente, na segunda metade do século XIX, com instalações de fábricas têxteis e de gêneros alimentícios - a dinâmica do trabalho mudou. A produção em massa com o uso de máquinas era mais barata do que a de produtos manufaturados de produção unitária, o que abriu espaço para uma mão de obra menos especializada, assalariada e que não dependesse necessariamente de uma grande força muscular. Com isso, abriu-se espaço para as mulheres, que passaram a ocupar vagas de emprego - principalmente no setor têxtil. Ali, um novo modelo familiar passava a surgir, pois não mais necessariamente a mulher limitava-se a cuidar da casa e dos filhos. Contudo, o cenário não se tornou muito promissor. Conforme Michelle Perrot (2005), as mulheres operárias eram vistas como “dóceis” diante dos olhos dos empregadores, que as julgavam obedientes e fáceis de manipular. Além disso, a 10 mão de obra delas era monetariamente desvalorizada e, assim, altamente lucrativa para os patrões. Assim, tanto as operárias quanto os operários se viam presos a jornadas longas de trabalho, que variavam de 15 a 18 horas diárias, com baixa remuneração. Buscando reivindicar seus direitos, cada vez mais trabalhadores passaram a organizar sindicatos e promover greves. Com a Revolução Francesa em 1789, surgiu a primeira ideia de feministas. No entanto, elas foram nomeadas de “sufragistas” por terem a cidadania como pilar principal de suas lutas. Essas mulheres já começaram a pensar na igualdade de gênero e no direito de também poderem votar. A inserção de mulheres no mercado de trabalho, embora tenha alcançado uma baixa após a Revolução Industrial e a dificuldade de conciliar jornadas exaustivas de trabalho com demandas domésticas, voltou a aumentar, especialmente após a 1ª e a 2º Guerra Mundial, ou seja, entre 1914 e 1945, já que os maridos iam para as batalhas e elas passavam a assumir a responsabilidade de prover para a família. A temática do feminismo foi se tornando cada vez mais comum. O divórcio e o direito do aborto foram temas que marcaram a década de 1970. No entanto, ainda existiam outros direitos a serem alcançados. Cada vez mais mulheres embarcavam em uma jornada dupla: a do trabalho e a da maternidade. Contudo, a precarização dos direitos dos trabalhadores, e especificamente das mulheres, tornava a tarefa de conciliar as duas demandas quase impossível. Aos poucos, movimentos feministas e sindicais foram ganhando mais força e garantindo que mulheres trabalhadoras recebessem condições mais justas de trabalho e conquistaram alguns direitos básicos, como a licença-maternidade. No Brasil, esse direito foi garantido em 1943, com o surgimento da Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT. Contudo, o período indicado para a licença-maternidade era de apenas 84 dias e deveria ser pago pelo empregador, fator que contribuía para a restrição de mulheres no mercado de trabalho. 11 Em meados de 1970, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) passou a discutir sobre as diferenças de gênero e o trabalho da mulher e do homem, além de recomendar que os custos da licença-maternidade passassem a ser pagos pela Previdência Social e não mais pelo empregador. Apesar dos avanços, identificados no país a partir de 1973, a mulher gestante ainda assim não possuía garantia de emprego, portanto era comum que fossem dispensadas ainda grávidas, mesmo que a Previdência arcasse com o valor da licença. Apenas a partir da Constituição de 1988 que as garantias trabalhistas de gestantes passaram a ser mais justas, com o período de licença-maternidade sendo estendido para 120 dias. Além disso, conforme o Artigo 72 da Lei 8.213/91, a trabalhadora gestante pode sair de licença a partir do último mês de gestação, com direito a recebimento de um salário-maternidade durante todo o período de afastamento, equivalente ao valor de sua remuneração integral - o pagamento é feito pela própria empresa empregadora, que depois recebe o repasse do valor do Instituto Nacional do Seguro Social, INSS. A Constituição também garante estabilidade provisória à gestante do momento em que se confirma a gravidez até cinco meses após o parto. Apesar das conquistas, as mulheres ainda estão longe de terem seus direitos trabalhistas plenamente garantidos, já que enfrentam discriminação e muitas acabam sendo desligadas do mercado de trabalho após se tornarem mães e retornarem de suas licenças-maternidade garantidas por lei. 1.1 Justificativa Ambas as alunas responsáveis pela execução do projeto sempre consideraram importante abordar temas relacionados às mulheres durante a graduação e, por isso, o caminho para a escolha do tema foi traçado de forma bastante assertiva. Diante das frequentes denúncias de mulheres que eram demitidas ao se tornarem mães, foi resolvido que o projeto experimental para o Trabalho de Conclusão de Curso seria voltado para essa problemática. 12 O recorte da profissão para abordar mães jornalistas ocorreu após sugestão da orientadora e foi prontamente aceita devido a pertinência em trazer uma realidade próxima das discentes, que estão entrando no mercado e desejam compreender o cenário atual e o que pode estar reservado para o futuro. Escolhido o tema e o recorte, foi definido que, como o projeto abordaria relatos de mães jornalistas que enfrentaram dificuldades no mercado de trabalho, o impacto da problemática seria maior se fosse apresentado em um formato audiovisual, mais especificamente em uma grande reportagem em vídeo, que contemplasse diferentes ângulos e pontos de vistas. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral O projeto experimental, denominado “Mães em Pauta: A realidade de jornalistas que se tornam mães e sofrem discriminação no mercado de trabalho”, tem como objetivo trazer à tona as dificuldades enfrentadas por mulheres jornalistas que desejam conciliar a maternidade com a profissão. 1.2.2 Objetivos específicos ● Dar voz aos relatos de mulheres jornalistas que enfrentaram discriminação no mercado de trabalho por serem mães. ● Compreender as medidas legais que podem ser tomadas junto à Justiça do Trabalho em caso de irregularidades e discriminação contra mulheres que são mães. ● Trazer à público como recorrer aos órgãos de defesa dos direitos trabalhistas, como os Sindicatos dos Jornalistas Municipais e instâncias maiores, como a Federação Nacional dos Jornalistas. 13 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica, relativa ao gênero e formato jornalísticos escolhidos para o tema de um Trabalho de Conclusão de Curso, deve ser pensada ainda no início do processo. Para isso, entender a divisão através do contexto de grandes teóricos da profissão, é imprescindível. 2.1 Gênero Os gêneros jornalísticos classificam o tipo de informação que está sendo passada. Dentro da profissão, isso é de suma importância pois o gênero define a segmentação do tipo textual. Para José Marques de Melo e Francisco de Assis, a escolha do gênero reflete não só o tipo de texto do jornalista, como aquilo que a sociedade quer e precisa. Os gêneros refletem aquilo que os cidadãos querem e precisam saber/conhecer/acompanhar, porque justamente nos gêneros esse público encontra respaldo para suas ações cotidianas ou, mesmo, para o exercício da cidadania. Atender às finalidades condensadas nessas cinco vertentes é a razão de ser do trabalho da imprensa, que foi se construindo ao passo do próprio desenvolvimento da sociedade. (MARQUES DE MELO; ASSIS, 2016, p. 49 e 50). Além disso, eles dividem gênero em cinco segmentos: informativo, opinativo, interpretativo, diversional e utilitário. Na produção do “Mães em Pauta”, a escolha foi o informativo, visando não só passar informações para o telespectador, como também trazer fatos e contextos reais através das vivências contadas pelas entrevistadas e dos dados pesquisados e interligados com o tema. O informativo é claro e objetivo, e não deve ter em sua essência a opinião ou a segmentação do tema pelo repórter. Por isso, na produção do projeto, o informativo foi essencial para que a informação fosse passada com clareza e sem deixar espaços para uma segunda interpretação. Na “Classificação Marques de Melo” (MARQUES DE MELO, 2009, p.35), o gênero informativo é dividido em Nota, Notícia, Reportagem e Entrevista. Esses 14 formatos fazem parte da escolha do tema para o projeto que foi, desde o início, planejado para ser uma Grande Reportagem. 2.1 Formato O formato de Grande Reportagem, escolhido para o projeto “Mães em Pauta”, traz os fatos predominantes e que fazem parte do gênero informativo anteriormente citado. Para isso, foi de extrema importância as entrevistas feitas, já que preservamos os acontecimentos citados pelas entrevistadas e, mais do que isso, observamos e absorvemos através da pluralização de vozes, como cita Cremilda Medina. A entrevista, nas suas diferentes aplicações, é uma técnica de interação social, de interpenetração informativa, quebrando assim isolamentos grupais, individuais, sociais; pode também servir à pluralização de vozes e à distribuição democrática da informação. Em todos estes ou outros usos das Ciências Humanas, constitui sempre um meio cujo fim é o inter-relacionamento humano. (MEDINA, 2008, p. 10). Além da importância da entrevista dentro da Grande Reportagem, a contextualização através de imagens e dados também fazem parte do formato escolhido. Ainda sim, para tornar a Grande Reportagem ainda mais acessível para diferentes públicos e telespectadores, obtivemos a legenda e a tradução em libras. 15 3. METODOLOGIA DE EXECUÇÃO 3.1 Pré-produção O interesse em realizar o projeto experimental para o Trabalho de Conclusão de Curso com tema sobre mulheres partiu inicialmente da aluna Aline Bueno, que sempre deu preferências para esse tipo de temática durante a graduação e nas pautas discutidas socialmente. A ideia de incrementar a temática de grávidas no mercado de trabalho surgiu após uma navegação no LinkedIn. Em uma postagem, uma mulher comemorava a efetivação em seu trabalho ainda em período gestacional. Como aquilo não parecia comum e não fazia parte da vida de muitas mulheres, surgiu-se a ideia de aprofundar essa temática em formato de Trabalho de Conclusão de Curso, já pensando, desde o início, no formato de Grande Reportagem. Na primeira reunião com a orientadora, em agosto de 2021, foi notória a importância e a relevância de se desenvolver melhor o tema e as ideias a serem colocadas em prática. Em setembro de 2021, a aluna Taleessa Silva juntou-se à Aline para, juntas, desenvolverem o projeto experimental. Após algumas reuniões com a orientadora, as discentes receberam a sugestão de realizarem um recorte de profissão dentro da temática de mulheres no mercado de trabalho. Como ambas estavam concluindo a graduação e adentrando o mercado, foi considerado pertinente que o produto tivesse mulheres jornalistas como segmentação e foco principal. Assim, as discentes teriam contato com uma realidade e um futuro próximos e a ideia do projeto foi consolidada, com o objetivo de ser entregue na metade do ano seguinte, 2022. Nos meses finais do ano de 2021, o trabalho executado foi o de leitura de materiais sobre maternidade e questões trabalhistas, com foco em procurar fontes que pertencessem à área de Jornalismo e analisar dados que poderiam ser pertinentes no processo da Grande Reportagem. Entre janeiro e fevereiro de 2022, o rascunho oficial de como as alunas idealizavam o projeto foi começando a ser redigido. Inicialmente, a ideia era mostrar 16 dois tipos de situações diferentes: uma em que a mulher jornalista que se tornava mãe encontrava dificuldades no mercado de trabalho e outra em que ela era acolhida. Contudo, encontrar fontes que pudessem afirmar que foram acolhidas por empregadores se mostrou uma tarefa complicada devido ao recorte. Além disso, algumas fontes iniciais selecionadas não responderam à solicitação de entrevista para o projeto, o que fez com que a ideia original da dualidade fosse descartada. Outro conceito descartado foi o da tentativa de segmentação por área dentro da profissão. A vontade inicial era obter fontes variadas que exercem o jornalismo em veículos distintos, como impresso, televisivo, digital, radialista, entre outros, além das profissionais que atuam em segmentos relacionados à área, como assessoria de imprensa. Novamente, a escassez de fontes disponíveis, apesar de tentativas, fez com que a segmentação não se mostrasse possível. Em março, quatro principais fontes foram elencadas para contato e as alunas redigiram questões para as entrevistas. As entrevistadas selecionadas inicialmente eram: uma advogada trabalhista da cidade de Bauru, uma jornalista que denunciou sua demissão após o retorno da licença-maternidade na internet, uma consultora que busca conscientizar empresas sobre a importância de admitir mulheres que são mães e uma jornalista que foi discriminada em uma entrevista de emprego para estágio ao contar que tinha um filho pequeno. Dessas fontes selecionadas, duas responderam e concederam entrevistas, sendo elas a que foi discriminada no processo seletivo e a advogada especializada em direito trabalhista. Ao longo dos outros meses, mais duas foram incorporadas ao projeto, sendo uma jornalista que sofreu duas demissões após o término de suas licenças e uma representante da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), fechando o número de fontes em quatro, como esperado inicialmente. 3.2 Produção As entrevistas com as quatro fontes foram realizadas entre os meses de abril e junho, tanto de forma presencial quanto de forma virtual, conforme disponibilidade das entrevistadas. As alunas revezaram entre si para que cada uma pudesse ter a 17 experiência de comandar cada tipo de formato, sendo assim, ambas fizeram uma entrevista pessoalmente e uma virtualmente. Para as entrevistas presenciais, foi utilizada a câmera Nikon D5100. Para o registro das imagens de bastidores, foram utilizados os smartphones pessoais das alunas, um Samsung A11 e um iPhone XS. Durante as entrevistas, enquanto uma discente conduzia a conversa, a outra ficava responsável pela filmagem dos bastidores para serem utilizadas na edição de vídeo da grande reportagem. Ambas as alunas redigiram as perguntas para as entrevistadas em conjunto. Cada aluna ficou responsável por fazer a transcrição das entrevistas que haviam realizado para que, assim, fosse mais prático identificar os trechos que seriam acrescentados ao produto em vídeo. O processo foi realizado por meio do uso de dois sites de transcrição, Transkriptor e Web Captioner, com posterior adequação manual e revisão para melhor compreensão do texto. Entre o fim de junho e o começo de julho, o roteiro para a estruturação da vídeo-reportagem foi redigido conforme as entrevistas iam sendo colhidas, com a inserção de OFFs das autoras e indicações de possíveis cenários e cenas para serem inseridas durante a edição. A versão final do roteiro ficou pronta em 8 de julho e as discentes foram às ruas gravar o conteúdo programado no dia 9 de julho. As capturas de imagens foram feitas com o mesmo material utilizado para as gravações das entrevistas, com o acréscimo da captura de som realizada pelo microfone de lapela Boya. Em 10 de julho, foi dado início à edição da vídeo-reportagem, seguindo o roteiro idealizado, com mesclas de imagens das autoras em OFFs externos, outros internos, com trechos das falas das entrevistadas e uso de imagens para compor a vídeo-reportagem de forma complementar, com parquinhos e mães de fundo. As quatro entrevistas foram listadas em forma cronológica, da primeira entrevista realizada até a última, detalhadas com o perfil das entrevistadas, data em que foram realizadas e por quem foram conduzidas. 18 Todas as autorizações de uso de imagem e voz constam no item “Anexos” a partir da página 33. 3.2.1 Entrevista 1 - Querolaine Davies Querolaine Davies, 36 anos, é jornalista formada pela União Dinâmica de Faculdades Cataratas, UDC. Ela é mãe do Nickolas de 8 anos e do Thomas, de 4 anos. Hoje, atua como jornalista freelancer e é merchandete no Jornalismo Televisivo, na Rede Massa, filial do Sistema Brasileiro de Televisão, SBT, no sul do Brasil. Também trabalha com empreendedorismo. Querolaine foi encontrada pelas alunas através da internet, numa pesquisa no Google sobre jornalistas que foram demitidas após a licença-maternidade, e selecionada para ser fonte primária e testemunhal do projeto. Ao ser demitida duas vezes após o encerramento da licença-maternidade, a jornalista escreveu um texto para o site da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), denunciando os acontecimentos. Pela distância geográfica entre as discentes e a entrevistada, a conversa foi conduzida pela aluna Aline de forma virtual no dia 27 de abril. 3.2.2 Entrevista 2 - Letícia Pinho Letícia Pinho, 23 anos, é jornalista formada pela Unesp de Bauru, e mãe do Kauê, de 3 anos. Hoje, atua na área do Jornalismo Digital, como redatora no Social Bauru. Ela teve um vídeo que viralizou no aplicativo TikTok sobre uma entrevista de emprego discriminatória ao contar que era mãe. Letícia foi escolhida pela dupla pela questão da proximidade geográfica e também pela convivência na graduação, de forma que ambas conheciam as questões enfrentadas pela entrevistada, compondo o projeto como fonte primária e testemunhal. A aluna Taleessa conduziu a entrevista com Letícia no dia 28 de maio de forma presencial. O cenário escolhido foi a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), câmpus de Bauru, na qual Letícia se formou. Essa decisão se deu pelos vínculos de todas as envolvidas com a universidade e também pelo fato de a entrevistada ter descoberto a gravidez enquanto ainda era estudante, 19 o que tornou a ambientação mais significativa. Letícia optou por levar seu filho Kauê, o que enriqueceu o material captado. 3.2.3 Entrevista 3 - Viviane Godoy Viviane Godoy, 46 anos, é advogada formada pela Instituição Toledo de Ensino - Faculdade de Direito de Bauru, e mãe do Matheus, 14 anos. Hoje, atua na área de Direito do Trabalho e é membro da Comissão da Mulher Advogada, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Bauru, desde 2016. Viviane foi escolhida como fonte especializada para o projeto como consultora legal dos direitos das mulheres grávidas por ser uma profissional mulher especialista em Direito Trabalhista e atuar na cidade de Bauru. Ela foi entrevistada pela aluna Aline em 1 de junho. Pela proximidade geográfica, foi possível conduzir a conversa pessoalmente, no escritório de Viviane, ambientação que favorece a ideia de seriedade e profissionalismo. 3.2.4 Entrevista 4 - Maria José Braga Maria José Braga, 58 anos, é jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Ela optou por não ter filhos para se dedicar à profissão e à luta sindical. Hoje, atua como presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas, FENAJ, e é membro do Comitê Executivo da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). A profissional - indicada pela orientadora da dupla - foi selecionada como fonte institucional para compor o projeto com informações a respeito do papel dos sindicatos de jornalistas diante da problemática apresentada por nós. A entrevista com Maria José foi realizada em 29 de junho pela aluna Taleessa de forma virtual, pela questão da distância geográfica das duas partes. 3.3 Pós-produção Durante os meses em que as entrevistas estavam sendo realizadas, as alunas também pensaram na estrutura do projeto experimental que, por ser uma grande reportagem em vídeo, precisaria ser publicada em um servidor de vídeos e hospedada em uma página de site específica para o projeto. 20 Com isso, ambas iniciaram negociações com profissionais como designers (para a criação do logo do projeto), desenvolvedores de sites (para alocação, apresentação e divulgação do trabalho), legendadores e intérpretes de libras. Estes dois últimos itens em específico foram pensados pelas alunas como forma de inclusão para deficientes auditivos, que foram motivadas pela consciência da falta de acessibilidade em conteúdos audiovisuais e também pela proximidade com o assunto que a aluna Taleessa possui, já que apresenta surdez unilateral. Em 9 de julho, a edição do vídeo foi iniciada para que o material fosse encaminhado com antecedência para a intérprete de libras e, paralelamente, o presente relatório foi redigido. O relatório foi finalizado no dia 19 de julho e a edição do vídeo, com a inserção de legendas textuais, foi concluída em 17 de julho e, então, enviada para a intérprete de libras. O vídeo completo foi finalizado no dia 21 de julho e, em 22 de julho, colocado no YouTube, em um canal dedicado ao projeto e veiculado ao site www.maesempauta.com.br, para melhor divulgação. O material na íntegra, com o projeto experimental e o relatório técnico, foi enviado para a orientadora e para as convidadas da banca no dia 25 de julho. 21 4. DESCRIÇÃO DO PRODUTO 4.1 Pauta, estrutura e roteirização O projeto tem o objetivo de entender os desafios encontrados por mães jornalistas dentro do mercado de trabalho e responder às seguintes perguntas: Qual a atitude dos empregadores em relação a jornalistas que se tornam mães? Quais as perguntas frequentes feitas em processos seletivos? O que é possível ser feito dentro da lei em caso de discriminação? Por meio da elaboração de uma grande reportagem em vídeo, as alunas incluíram dados e falas de fontes primárias e testemunhais, oficiais e institucionais, para chegar às respostas citadas acima. Em cima dos dados colhidos, um roteiro para a reportagem foi construído para que o fluxo de informações fizesse sentido, que pode ser dividido em três grandes partes: contextualização do problema, apresentação das fontes e dos direitos garantidos em lei e pelos sindicatos e, por último, a conclusão com possíveis soluções e indicações de respaldo institucional e jurídico. Na primeira grande parte, de contextualização do problema, o espectador é introduzido a respeito da questão da maternidade como um sonho para muitas pessoas e das dificuldades enfrentadas por quem tenta conciliar essa realidade com a permanência no mercado de trabalho. Após a apresentação da problemática, as alunas incluíram dados que abrangem demissões de mulheres de forma geral - trazendo um contexto atual da pandemia de Covid-19 - que comprovam a discriminação sofrida e, na sequência, inseriram uma segmentação para mães trabalhadoras que foram demitidas - um efeito que podia ser constatado muito antes do período pandêmico, reforçando que essa questão tem sido discutida há um tempo. Finalizando a primeira parte e adentrando a segunda, as discentes passaram a afunilar as problemáticas apresentadas para o nicho de jornalistas e, sequencialmente, foi iniciada a exposição dos relatos das entrevistadas, intercalando entre as fontes testemunhais e as oficiais, buscando sempre complementar as falas. 22 Encaminhando para a conclusão do trabalho, o projeto buscou salientar quais medidas podem ser tomadas tanto na Justiça do Trabalho quanto aos Sindicatos, para que mulheres mães possam recorrer em caso de discriminação, encerrando a exposição com análises realistas do cenário atual e de expectativas para o futuro, do ponto de vista de duas fontes, representando o lado oficial e o lado testemunhal. 4.2 Design gráfico e editorial O design gráfico e editorial foi pensado em conjunto com a identidade da Grande Reportagem para que os elementos pudessem fazer sentido não só entre eles, mas também com o tema e a imagem do projeto. 4.2.1 Logo e identidade visual As discentes buscavam incluir cores que fugissem dos estereótipos femininos e de maternidade, como o rosa e suas variações de tons. O comum acordo foi pela escolha do roxo, que é uma mistura entre azul - uma cor mais séria, que remete ao Jornalismo - e o rosa - que inevitavelmente remete à mulher. A inclusão do amarelo veio para fornecer um contraste e quebrar a expectativa da paleta de cores normalmente utilizada em conteúdos midiáticos sobre o tema. A cor branca compôs algumas versões do logo, para trazer mais neutralidade, possibilitando aplicações mais diversificadas. Para a construção do logo, foi contratado o serviço da designer Gabriela Azevedo, dispondo artefatos que unem a maternidade à profissão, com o bloco de notas relacionado ao jornalismo e a mamadeira, às mães, representando a caneta que escreve no bloquinho. A fonte determinada pela designer foi a “Bright”, que, apesar de ser bastão, possui nuances que lembram uma letra cursiva, trazendo o equilíbrio que representa a seriedade do tema, mas com um toque de leveza pela relação à maternidade. 23 Imagem 1 - Versão do logo do projeto em roxo e amarelo, utilizado no site do projeto. Imagem 2 - Versão do logo do projeto em roxo e branco, utilizado na vinheta do vídeo do projeto. 24 4.2.2 Design do site Para hospedar o produto audiovisual e apresentar o objetivo do projeto, as discentes optaram pela criação de um site, produzido e programado por Otávio Alves da Silva. O design do site tinha como finalidade ser simples e objetivo, com o conteúdo disposto em uma única página corrida para estimular o leitor a manter-se na tela, mesclando a inserção de recursos visuais mais chamativos, com a troca de cores do fundo para indicar a mudança de área do site. Foram incluídas pequenas descrições das fontes que participaram do projeto, para que os leitores tenham a possibilidade de conhecer e entender melhor o perfil de cada uma das entrevistadas, visando reforçar o fator familiaridade e trabalhando a empatia do espectador com a pauta apresentada. Na sequência, a inclusão de uma galeria de fotos das entrevistadas e dos bastidores para compor o conteúdo procura ressaltar essa sensação de proximidade do consumidor com o projeto e as fontes. Por fim, o site conta com a apresentação das responsáveis, incluindo as motivações para seguirem no Jornalismo e abordarem essa pauta em específico. E, na finalização, o rodapé com agradecimentos à orientadora e informações técnicas da Universidade e do curso de Jornalismo. 4.2.3 Público-alvo O projeto “Mães em Pauta” foi pensado para ser direcionado a mulheres jovens, entre 20 e 40 anos, da área de Jornalismo, ou seja, que possuem maior proximidade com o tema apresentado, seja pela vivência pessoal de desejarem passar - ou já estarem passando - pela maternidade ou por possuírem conexões próximas que enfrentam essa realidade. 4.2.4 Custos de execução Os recursos utilizados para a produção da vídeo-reportagem incluíram itens de captura de som e imagem, além de programas de edição. As alunas possuíam apenas alguns dos materiais necessários, mas conseguiram outros emprestados e, por isso, não tiveram gastos expressivos com aparatos tecnológicos além do estritamente necessário para armazenamento do conteúdo. 25 Para as entrevistas que foram realizadas presencialmente, as discentes precisaram se deslocar por meio de caronas e solicitação de motoristas por aplicativos de transporte. Os gastos mais expressivos do projeto “Mães em Pauta” ocorreram durante a pós-produção, com a hospedagem do site, a criação do logo e a inclusão de tradução em libras. Item Custo Cartão de memória para câmera digital R$35,90 Deslocamento para entrevistas R$41,80 Criação de logo R$100,00 Criação do site R$200,00 Hospedagem do site R$39,99 Manutenção do site no ar R$191,88 Tradução para libras R$260,00 Total R$869,57 4.3 Edição e estruturação do vídeo-reportagem Para a estruturação inicial do vídeo, as discentes desenvolveram um roteiro para conseguir dar sequência ao processo de edição. Nele, foram transcritas todas as sonoras que iriam ser trabalhadas no projeto, e também os OFFs e as descrições das cenas que apareceriam em conjunto com o áudio externo. 26 Após a finalização do roteiro, a parte seguinte do projeto foi a separação das cenas descritas nas sonoras, através do programa de edição Wondershare Filmora 9. Separadas por ordem cronológica com o nome da entrevistada (primeira sonora da Querolaine, Q1; segunda sonora da Letícia, L2), os trechos foram sendo colocados num drive. Os OFFS também foram separados por números em ordem cronológica. Após toda a separação, demos início à edição do vídeo. A vinheta foi executada através da identidade visual do logo do projeto no mesmo programa de edição. Depois disso, os offs gravados externamente foram sincronizados com o áudio do microfone externo que levamos para uma melhor qualidade de som. Com todas as partes separadas, mas finalizadas, juntamos tudo em um único vídeo. Ainda sim, precisamos cortar algumas partes que estavam com espaços de silêncio muito longos para o espaço entre uma entrevistada e outra. A parte final da edição do vídeo foi os créditos colocados nos últimos segundos e a adição de efeitos sonoros na vinheta. Ainda sim, precisamos adicionar, por último, a legenda do vídeo-reportagem e a tradução em libras realizada pela intérprete Bárbara Evelyn. 27 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto “Mães em Pauta” trouxe, para as discentes, uma perspectiva diferente e nova sobre o tema, que foi escolhido justamente pela falta de discussão do assunto na mídia, criando a percepção ampliada de como o tema pode afetar profundamente mulheres jornalistas que possuem dois sonhos: o de ser mãe e o de exercer sua profissão com excelência. 5.1 Objetivos Em suma, os objetivos iniciais propostos antes mesmo da produção do “Mães em Pauta” foram atingidos: não só aprender mais sobre o tema, como também informar o telespectador sobre a importância da recorrência da temática e, mais do que isso, como pode ser feita a resolução da mesma para as mães jornalistas. O principal objetivo era o de fornecer informações sobre o assunto para qualquer tipo de público e tentar tornar a temática um assunto mais sério, relevante e recorrente na sociedade. 5.2 Dificuldades Algumas dificuldades foram permanentes durante a pré-produção, como aguardar pela resposta de fontes que, inicialmente, faziam parte do projeto. Devido ao insucesso de comunicação com algumas fontes escolhidas, foi necessário que as alunas fizessem buscas por outras possíveis entrevistadas que, felizmente, aceitaram participar do projeto. As discentes também se encontravam na finalização da graduação e, por já atuarem no mercado de trabalho, enfrentaram dificuldades em conciliar ambas as agendas para a execução do projeto, já que dispunham apenas do período noturno e dos finais de semana para executarem efetivamente o projeto. Também é imprescindível citar a dificuldade de conciliar o projeto com a pandemia da Covid-19 que ainda estava em seu auge durante as decisões iniciais do “Mães em Pauta” e foi um fator considerável, social e mentalmente, para a produção deste projeto. 28 O projeto foi, inicialmente, pensado em ser produzido por meio de entrevistas virtuais e não presenciais, com reuniões entre as discentes e a orientadora sendo realizadas da mesma forma, devido às restrições sanitárias. Com a flexibilização das normas sanitárias ao passar dos meses, veio a possibilidade de algumas entrevistas serem realizadas presencialmente. Dessa forma, as discentes priorizaram as entrevistas presenciais para que o conteúdo gravado, tanto o vídeo quanto o áudio, pudessem ser das melhores qualidades possíveis. Ainda sim, algumas gravações foram inviáveis de serem executadas presencialmente, prosseguindo apenas na gravação online por conta da distância física das fontes. Nesse critério, a pandemia afetou a preocupação para capturarmos as imagens e áudios presencialmente. Por isso, as discentes permaneceram de máscara o tempo todo das gravações, mesmo em ambientes abertos. A falta de prática com alguns equipamentos de filmagem devido aos quase dois anos de afastamento causado pela pandemia também se mostrou uma dificuldade, já que contribuiu para a maior duração de algumas gravações. Mesmo com as preocupações e os empecilhos da pandemia, que não poderiam deixar de serem citados, todas as gravações foram executadas da maneira planejada, atingindo, assim, os objetivos finais do projeto. 5.3 Aprendizados A construção do “Mães em Pauta”, desde seu início, trouxe muitos aprendizados para as discentes. Antes mesmo do contato direto com as fontes através das entrevistas, as pesquisas feitas para o roteiro já evidenciaram um cenário muito pouco falado na mídia, mas ainda sim preocupante para a mulher que deseja ser jornalista e mãe. Ao falar com as fontes, a temática se mostrou ainda mais importante. Podemos entender melhor as situações através de vivências reais contadas por cada uma delas, até mesmo das falas objetivas e detalhadas das fontes oficiais. 29 Como mulheres e ao fim da graduação de Jornalismo, a importância do projeto adentra na nossa vida ainda mais. Assim, percebemos ainda mais não só a falta da temática na mídia, mas também da luta contínua da mulher para ao menos ter seus direitos garantidos na sociedade. 30 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Liana Fernandes de. Evolução histórica dos direitos da mulher e a licença-maternidade. Revista Eletrônica OAB/RJ, [S. l.], p. 8-9. Disponível em: Acesso em: 12 de jul. de 2022. BARONI, Arethusa; CABRAL, Flávia Kirilos Beckert; CARVALHO, Laura Roncaglio de. Uma análise da história da mulher na sociedade. Direito Familiar, 1 de abr. de 2020. Disponível em: . Acesso em 7 de jul. de 2022. BATISTA, Vera. 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Acesso em: 22 de mar. de 2022. FORBUSINESS. Como foi a evolução das mulheres no mercado de trabalho. Disponível em: . Acesso em: 12 de jul. de 2022. MACHADO, Cecilia Machado. NETO, Valdemar Pinho. Mulheres perdem trabalho após terem filhos. Fundação Getúlio Vargas (FGV), dec. 2016. Disponível em: . Acesso em: 30 de maio de 2022. MARQUES DE MELO, José; ASSIS, Francisco de. (2016) Gêneros e formatos jornalísticos: um modelo classificatório. In: Intercom, RBCC, São Paulo, v.39, n.1, p.39-56, jan./abr. Disponível em: . Acesso em: 13 de jul. de 2022. MARQUES DE MELO, José. Jornalismo: compreensão e reinvenção. São Paulo: Saraiva, 2009. MEDINA, Cremilda. (2008) Entrevista: o diálogo possível. São Paulo: Atica. Disponível em: Acesso em: 14 de jul. de 2022. PEREIRA, Emília Farinha. A mulher e a legislação trabalhista. Editora Unama: Belém, 2005. PERROT, Michelle. As mulheres ou o silêncio da história. Bauru: EDUSC, 2005. Disponível em: Acesso em 13 de jul. de 2022. RODRIGUES, Paulo Jorge. 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TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E VOZ Eu, Querolaine da Rocha Davies Simões, portador(a) de cédula de identidade nº 84.475.912, autorizo o uso da minha imagem e voz para fins de divulgação e publicidade da grande reportagem em vídeo “Mães em Pauta”, Trabalho de Conclusão de Curso da graduação em Comunicação Social Com Habilitação em Jornalismo da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho de Bauru - SP, produzido pelas discentes Aline Bueno Silvestre e Taleessa Izabella Cruz da Silva e orientado pela Profª Associada Dra. Maria Cristina Gobbi. Bauru, 17 de agosto de 2022. _________________________________________________ Assinatura DocuSign Envelope ID: 3259691C-3F81-4BED-A19B-60FDCC2F299F TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E VOZ Eu, Letícia Ferreira de Pinho, portador(a) de cédula de identidade nº 50.217.546-1, autorizo o uso da minha imagem e voz para fins de divulgação e publicidade da grande reportagem em vídeo “Mães em Pauta”, Trabalho de Conclusão de Curso da graduação em Comunicação Social Com Habilitação em Jornalismo da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho de Bauru - SP, produzido pelas discentes Aline Bueno Silvestre e Taleessa Izabella Cruz da Silva e orientado pela Profª Associada Dra. Maria Cristina Gobbi. Bauru, 17 de agosto de 2022. _________________________________________________ Assinatura DocuSign Envelope ID: DDD34F8E-163A-4CE5-B777-A8E26BB7C2A6 TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E VOZ Eu, Viviane Colacino de Godoy Marquesini, portador(a) de cédula de identidade nº 25.539.018-X, autorizo o uso da minha imagem e voz para fins de divulgação e publicidade da grande reportagem em vídeo “Mães em Pauta”, Trabalho de Conclusão de Curso da graduação em Comunicação Social Com Habilitação em Jornalismo da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho de Bauru - SP, produzido pelas discentes Aline Bueno Silvestre e Taleessa Izabella Cruz da Silva e orientado pela Profª Associada Dra. Maria Cristina Gobbi. Bauru, 17 de agosto de 2022. _________________________________________________ Assinatura DocuSign Envelope ID: 418F2E0F-638C-4A58-810C-D2F5CEBA956D