UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL CONTROLE QUÍMICO DE NEMATOIDES EM CANAVIAIS IMPLANTADOS COM TECNOLOGIA PLENE Danilo Cestari Gonçalves de Souza Engenheiro Agrônomo 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL CONTROLE QUÍMICO DE NEMATOIDES EM CANAVIAIS IMPLANTADOS COM TECNOLOGIA PLENE Eng. Agr. Danilo Cestari Gonçalves de Souza Orientador: Prof. Dr. Pedro Luiz Martins Soares Coorientador: Prof. Dr. Jaime Maia dos Santos Coorientador: Dr. José Claudionir Carvalho Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Produção Vegetal) 2013 DADOS CURRICULARES DO AUTOR Danilo Cestari Gonçalves de Souza – Nascido em 25 de junho de 1982, em Jaboticabal – SP. Iniciou os estudos em agricultura no “Colégio Técnico Agrícola “José Bonifácio” Câmpus da UNESP Jaboticabal-SP, onde obteve a formação de Técnico em Agropecuária, no ano de 1999. Graduou-se em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus de Jaboticabal em fevereiro de 2007. Em outubro de 2012 concluiu especialização em Proteção de Cultivos pela Universidade de Santa Maria em Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Atualmente ocupa o cargo de Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento de produtos soja da Syngenta Proteção de Cultivos. Atuou como pesquisador e a posteriori como Especialista na mesma empresa, liderando projetos para o desenvolvimento de produtos e novas tecnologias para o mercado de cana- de-açúcar. Foi responsável por trabalhos para o registro de produtos “chave” na cultura da cana-de-açúcar, geração de patentes e treinamento de profissionais da América Latina, iniciou o mestrado no ano de 2010 em Produção Vegetal pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho – Câmpus de Jaboticabal”, visando o desenvolvimento de trabalhos focados em controle químico e biológico de nematoides em cana-de-açúcar. EPÍGRAFE Deus ajuntou todas as águas e deu nome de mar, e ajuntou todas as graças e deu nome de Maria (São Luiz de Montfort) DEDICATÓRIA Dedico a Deus, que me proporcionou a oportunidade de realizar esse trabalho e a Maria por sempre ter passado em minha frente abrindo as portas e tirando as pedras do caminho. SUMÁRIO Página LISTA DE TABELAS..................................................................................... ix RESUMO ...................................................................................................... xiii ABSTRACT .................................................................................................. xiv CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................. 1 Referências Bibliográficas ................................................................... 8 CAPITULO 2 – CONTROLE QUÍMICO DE Meloidogyne javanica EM CANAVIAIS IMPLANTADOS COM TECNOLOGIA PLENE™...................... 14 Resumo ............................................................................................... 14 Introdução ............................................................................................. 15 Material e Métodos ............................................................................... 17 Resultados e Discussão ....................................................................... 21 Conclusões ........................................................................................... 29 Referências Bibliográficas .................................................................... 29 CAPITULO 3 – CONTROLE QUIMICO DE Pratylenchus zeae EM CANAVIAIS IMPLANTADOS COM TECNOLOGIA PLENE™...................... 34 Resumo ............................................................................................... 34 Introdução ............................................................................................ 35 Material e Métodos .............................................................................. 37 Resultados e Discussão ....................................................................... 41 Conclusões ........................................................................................... 49 Referências Bibliográficas .................................................................... 49 LISTA DE TABELAS Tabela Página CAPÍTULO 2 ................................................................................................ 14 1 Nome Comercial, nome comum, dosagem do ingrediente ativo (i.a.), dosagem do produto comercial (p.c.), dos produtos utilizados em tratamentos de experimento, para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene™, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012) ..................................................... 18 2 Nome Comercial, nome comum, dosagem do ingrediente ativo (i.a.), dosagem do produto comercial (p.c.), dos produtos utilizados em tratamentos de experimento, para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene™, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Meloidogyne javanica em experimento de campo (São José do Rio Preto, 2012) ............................................................................................. 19 3 Perfilhamento aos 60 e 120 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene™, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012)........................................................................ 22 4 População inicial de Meloidogyne javanica, presentes no solo (zero dia após o plantio - DAP), nas raízes (60 e 90 DAP) em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene™, para controle de M. javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012)......................................................................................... 23 5 Produtividade em TCH (toneladas de cana-de-açúcar por hectare), Incremento de produtividade em relação ao tratamento testemunha (%) e açucares totais recuperáveis (ATR), aos 420 dias após o plantio, em tratamentos do experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene™, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012)..................................... 24 6 Perfilhamento aos 60 e 120 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene™, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012)................ 26 7 Os números da população inicial de Meloidogyne javanica, presentes no solo (zero dia após o plantio - DAP), nas raízes (60 e 90 DAP) em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de M. javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012)............. 27 8 Produtividade em TCH (toneladas de cana-de-açúcar por hectare), Incremento de produtividade em relação ao tratamento testemunha (%) e açucares totais recuperáveis (ATR), aos 420 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012).................................................................................................. 28 CAPÍTULO 3 ................................................................................................ 34 1 Nome Comercial, nome comum, dosagem do ingrediente ativo (i.a.), dosagem do produto comercial (p.c.), dos produtos utilizados em tratamentos de experimento, para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene™, para controle de Pratylenchus zeae à campo (Piracicaba, 2012) ................................................................ 37 2 Nome Comercial, nome comum, dosagem do ingrediente ativo (i.a.), dosagem do produto comercial (p.c.), dos produtos utilizados em tratamentos de experimento, para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene™, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Pratylenchus zeae em experimento de campo (Piracicaba, 2012) ........................................................................................................... 39 3 Perfilhamento aos 60 e 120 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de Pratylenchus zeae em campo (Piracicaba, 2012)........................................................................................ 41 4 População inicial de Pratylenchus zeae, presentes no solo (zero dia após o plantio - DAP), nas raízes (60 e 90 DAP) em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de P. zeae em campo (Piracicaba, 2012)................................................................................................................ 42 5 Produtividade em TCH (toneladas de cana-de-açúcar por hectare), Incremento de produtividade em relação ao tratamento testemunha (%) e açucares totais recuperáveis (ATR), aos 420 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de Pratylenchus zeae em campo (Piracicaba, 2012)................................................................................ 44 6 Perfilhamento aos 60 e 120 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene™, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Pratylenchus zeae em campo. (Piracicaba, 2012).......................................... 46 7 População inicial de Pratylenchus zeae, presentes no solo (zero dia após o plantio - DAP), nas raízes (60 e 90 DAP) em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene�, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de P. zeae em campo (Piracicaba, 2012)........................................................................................... 47 8 Produtividade em TCH (toneladas de cana-de-açúcar por hectare), Incremento de produtividade em relação ao tratamento testemunha (%) e açucares totais recuperáveis (ATR), aos 420 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Pratylenchus zeae em campo (Piracicaba, 2012)........................ 48 CONTROLE QUÍMICO DE NEMATOIDES EM CANAVIAIS IMPLANTADOS COM TECNOLOGIA PLENE™ RESUMO – No Brasil, a cana-de-açúcar tornou-se importante a partir da década de 1970 e, atualmente o país destaca-se como maior produtor e exportador de açúcar e etanol no mundo. Como todas as culturas, a cana-de-açúcar está sujeita ao parasitismo de nematoides e consequentemente ao detrimento na produtividade. O processo de erradicação desses organismos é dificultoso, novas tecnologias que promovam o controle pontual de nematoides são importantes ferramentas para aumentar a sustentabilidade do mercado sucroalcooleiro. O presente trabalho teve por objetivo, definir a eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), com a variedade de cana-de-açúcar SP81-3250 sob tecnologia Plene�, visando o controle de Meloidogyne javanica com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), em aplicação no sulco sobre os toletes, na região de São José do Rio Preto em experimentos de campo. Um outro trabalho foi realizado na região de Piracicaba, com a variedade RB825336 e com o objetivo de definir a eficácia agronômica para o controle de Pratylenchus zeae. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade e quando significativas médias foram comparadas pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Os resultados evidenciaram que, nas condições em que os experimentos foram conduzidos, a utilização de abamectina entre 50 e 250 g / ha, carbofurano na dose de 1.750 g / ha e a combinação de 75 g / ha de abamectina com 1.050 e 1.750 g / ha de carbofurano foram efetivos para o controle de M. javanica e aumentaram a produtividade em relação ao tratamento-testemunha. O controle de P. zeae foi realizado com o ingrediente ativo abamectina nas doses entre 50 a 250 g / ha, carbofurano na dose de 1.750 / ha e a combinação de 75 a 100 g / ha de abamectina com 1.050 a 1.750 g / ha de carbofurano, que controlaram a subpopulação de nematoides, aos 90 dias após o plantio. Entretanto, somente a combinação de abamectina e carbofurano, nas doses de 75 e 1.050 g / ha, respectivamente, contribuiu para a maior produtividade de cana-de-açúcar. Palavras chave: Saccharum spp., Meloidogyne javanica e Pratylenchus zeae. CHEMICAL CONTROL OF NEMATODES IN SUGARCANE FIELDS PLANTED WITH PLENE™ TECHNOLOGY ABSTRACT – Sugarcane in Brazil has been important since 1970. Currently, the country stands as the largest ethanol and sugar producer and exporter of the world. As all crops production, sugarcane is liable to nematodes infestation and consequently yield decrease. As the eradication process of these organisms is very difficult, new technologies to promote nematodes control are very important tools to enhance sugarcane sustainable production. This study aims to evaluate nematicide abamectin (Avicta 500 FS®) agronomic efficacy for SP81-3250 variety, related to M. javanica field control in combination or not with carbofuran (Furadan 350 SC®), as a field trial in São José do Rio Preto region. Same trials were realized in Piracicaba region with RB825536 variety related to Pratylenchus zeae field control. All the results were Duncan test analyzed by 5% probability. The results show that abamectin at 50 to 250 g . ha-1 rate, carbofuran at 1,750 g . ha-1 rate and abamectin at 75 g . ha-1 rate in combination with carbofuran at 1,050 to 1,750 g . ha-1 were efficient on M. javanica control and consequently yield increased, compared to check. For P. zeae field control, abamectin at 50 to 250 g . ha-1 rate, carbofuran at 1,750 g . ha-1 rate and abamectin at g . ha-1 rate in combination with carbofuran at 1,050 to 1,750 g . ha-1 controlled the subpopulation at 90 days after planting compared to check, however only the chemicals combination increased sugarcane yield. Keywords: Saccharum spp., Meloidogyne javanica and Pratylenchus zeae. CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS A cana-de-açúcar integra a família Poaceae, classe Liliopsida e ordem Ciperales. Suas folhas são simples, alternadas e estreito-lanceoladas. Sua inflorescência é composta por flores pequenas protegidas por brácteas reunidas e fruto seco do tipo cariopse. A planta é ereta, semi perene, rizomatosa e forma touceiras (ARANHA; YAHN, 1987). Seu metabolismo fotossintético é do tipo C4 e, portanto, tem alta eficiência fotossintética e ponto de saturação luminosa elevado. Logo, responde positivamente ao aumento da intensidade luminosa, com incremento no desenvolvimento e acúmulo de açúcares (BARBIERI, 1981). Originária da Ásia (BARNES, 1964), a cana-de-açúcar (Saccharum spp. Linnaeus, Carl) foi introduzida no Brasil em 1522, por Martim Afonso de Souza (FERNANDES, 1990). No Brasil, sua cultura tornou-se importante a partir da década de 1970, e atualmente, o país destaca-se como maior produtor e exportador de açúcar e etanol do mundo (UNICA, 2012). Em 2010, a área ocupada com cana-de- açúcar foi de 8.912.761 ha e produtividade média de 71.229 kg / ha (IBGE 2011). Segundo Conab (2012), a área cultivada com cana-de-açúcar, que será colhida e destinada à atividade sucroalcooleira na safra 2012/13, está estimada em 8.567,2 mil hectares, distribuídos em todos os Estados produtores conforme suas características. O Estado de São Paulo é o maior produtor, com 51,66% (4.426,45 mil hectares), seguido por Minas Gerais, com 8,97% (768,64 mil hectares), Goiás com 8,54% (732,02 mil hectares), Paraná, com 7,17% (614,01 mil hectares), Mato Grosso do Sul, com 6,31% (540,97 mil hectares), Alagoas, com 5,35% (458,09 mil hectares) e Pernambuco, com 3,48% (298,39 mil hectares). Nos demais Estados produtores as áreas são menores, com representações abaixo de 3%. Em relação ao ano de 2011, as áreas em produção continuam com progressivo aumento nos Estados de: Mato Grosso do Sul 12,5%, Goiás 7,9%, Espírito Santo 7,35%, Bahia 5,3%, Mato Grosso 5,5%, e Minas Gerais 3,5%; e a produtividade média está estimada em 70.289 kg.ha, 2,9% maior que na safra 2011/12, que foi de 68.289 kg/ha (CONAB, 2012). Essa expansão está condicionada aos aspectos climáticos e pedológicos favoráveis à cultura em praticamente todo o país; entretanto, como todas as plantas, em decorrência de fatores bióticos e abióticos, a cana-de-açúcar está sujeita a detrimentos em seu desenvolvimento e produtividade. Entre os fatores bióticos, destacam-se os nematoides, que induzem a planta tornasse-se doente por estresses hídricos e nutricionais, reduzindo a capacidade produtiva da cultura. Os nematoides são organismos pertencentes ao filo Nematoda, sendo que os representantes dos fitonematoides, normalmente, alcançam 0,3 a 3,0 mm de comprimento e 15 a 50 μm de diâmetro. Constituem o grupo pluricelular mais abundante no planeta (KIMPINSKI; STURZ, 2003). Sua coloração é transparente, dificultando sua percepção, identificação e sexagem. Estes seres ativos se movimentam como serpentes e habitam solos, rios, lagos e mares, podendo ser encontrados desde regiões extremamente frias até regiões de deserto (FREITAS et al., 2009). Em consequência do ataque de nematoides, as perdas, em escala mundial, estão estimadas em aproximadamente US$ 78 bilhões ao ano. Só na agricultura americana, essas perdas são estimadas em US$ 8 bilhões ao ano, o que corresponde a aproximadamente 10% em relação à agricultura mundial (BARKER et al., 1994). Segundo Sasser e Freckman (1987), as perdas médias causadas por nematoides são estimadas em 15,3% da produção de cana-de-açúcar. No Brasil, a quantificação de perdas não é precisa, devido principalmente às interações com danos provocados por pragas, outras doenças, condições climáticas, plantas invasoras e inadequação de tratos culturais (RITZINGER; FANCELLI, 2006). Entretanto é sabido que as condições edafoclimáticas do Brasil são mais favoráveis ao aumento dos nematoides, se comparadas a outras regiões produtoras do mundo, como no Hemisfério Norte. Por conseguinte já foram identificadas 275 espécies e 48 gêneros associados à Saccharum spp. e, em termos mundiais, os nematoides ectoparasitos são apontados como mais frequentes (NOVARETTI et al., 1974); (MOURA; ALMEIDA, 1981); (MAQBOOL; HASHMIN, 1987), entretanto, em geral, são menos danosos do que os nematoides endoparasitos, considerados os mais agressivos a cultura. A disseminação, multiplicação e persistência de nematoides na cana-de- açúcar são, em grande parte, devidas à característica semiperene da cultura, que é extensivamente cultivada em monocultura. Na sua renovação predomina a ausência de rotação de cultura com outras espécies, pousio e, em alguns casos, retirada destruição dos restos culturais anteriores. Essas condições favorecem o desenvolvimento de populações de nematoides, sobretudo as espécies do gênero Meloidogyne Goeldi (1892) e Pratylenchus Filipjev (1936) (MOURA et al., 2000). Um dos primeiros registros de nematoides, data de 1855, quando Berkeley, trabalhando na Inglaterra, descobriu que as galhas existentes em raízes de plantas de Cucumis sativus (Linnaeus, 1753) eram causadas por um nematoide (LORDELLO, 1988). No Brasil, em 1887, Goeldi publicou o seu relatório nos Arquivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro (GOELDI, 1887), dizendo tratar-se de nematoides o grupo de parasitos radiculares do cafeeiro e o descreveu como Meloidogyne exigua Goeldi (1887), tratando-se do primeiro registro, além de indicar diversas medidas de controle. Em cana-de-açúcar, o primeiro relato sobre o ataque de nematoides data de 1885, em Java, na Indonésia em trabalho realizado por Treub, que descreveu o nematoide como Heterodera javanica, posteriormente classificado como Meloidogyne javanica (Treub, 1885; Chitwood, 1949) (WINCHESTER,1969). No Brasil, a primeira citação referente ao ataque de nematoides em cana-de-açúcar foi registrada na variedade Co290, com espécies de os gêneros Helicotylenchus Steiner, 1945 e Trichodorus Cobb (1913) (BRIEGER, 1962). Atualmente, as espécies P. zeae (Grahan, 1951), M. javanica e M. incognita (Kofoid e White, 1919) são consideradas as espécies-chave na cultura da cana-de-açúcar (DINARDO- MIRANDA, 2010). Segundo Dinardo-Miranda (2010), as espécies M. javanica e P. zeae causam reduções de 20 a 30% na produção, respectivamente, porém M. incognita pode reduzir de 40 a 50%. Essas informações corroboram com Barbosa (2008) que realizou dois experimentos em casa de vegetação, relatando que as variáveis biométricas avaliadas evidenciaram maior agressividade de M. javanica, em relação a M. incognita nas variedades de Saccharum spp. testadas. As espécies de nematoides do gênero Meloidogyne prejudicam as plantas com a excreção de substâncias que promovem o crescimento anormal de célula e posterior formação de galhas. Para os organismos, as galhas constituem ponto de alimentação, desenvolvimento e reprodução. Para as plantas, as galhas são responsáveis pelo bloqueio na translocação de seiva e colapso no sistema de nutrição da planta [(LORDELLO; LORDELLO, 1996); (CAMPOS; STURHAN, 1987); (LIMA, 1985); (SASSER, 1979); (MOURA, 1971)]. O ciclo de vida de Meloidogyne se inicia com a deposição dos ovos pela fêmea, em uma matriz gelatinosa que os protege. O desenvolvimento do ovo começa, em seu interior, até a total formação do juvenil, sendo este período chamado de primeiro estádio juvenil ou J1. A primeira ecdise ocorre dentro do ovo e o juvenil, de segundo estádio J2, emerge. Este se move no solo à procura da raiz da qual irá se alimentar, sendo esta procura ao acaso, e o J2 é guiado por muitas substâncias exsudadas da raiz do hospedeiro. Posteriormente, o J2 penetra na raiz e se move entre as células indiferenciadas. Ao se fixar para iniciar a alimentação, a parede celular é puncionada com o estilete, injetando secreções das suas glândulas esofagianas, que causam o alargamento das células do cilindro vascular, aumentando as taxas de divisão celular no periciclo. Isso leva à formação das chamadas “células gigantes”, formadas pelo aumento (hipertrofia) das células (TIHOHOD, 2000). Ao mesmo tempo, ha uma intensa multiplicação celular (hiperplasia) em torno da região do corpo do juvenil. Estas mudanças são acompanhadas, normalmente, pelo engrossamento das raízes, formando distintas galhas. Enquanto as células gigantes e galhas estão se formando, a largura do juvenil vai aumentando. O juvenil sofre uma série de transformações que culminam nas ecdises, dando origem aos estádios juvenis J3 e J4 e, finalmente, aos adultos macho e fêmea (TIHOHOD, 2000). A duração do ciclo de vida pode variar de acordo com alguns fatores, entre os quais se destacam a temperatura e também as condições de hospedagem da planta. Para as espécies M. incognita, M. javanica e Meloidogyne arenaria (Chitwood, 1949), o ciclo se completa com 25 dias em média, quando em temperaturas próximas a 28ºC e em plantas suscetíveis (MOURA, 1997). As espécies de Pratylenchus são genericamente referidas como os nematoides das lesões radiculares, devido aos sintomas na forma de lesões necróticas, que causam nas raízes de seus hospedeiros (TIHOHOD, 2000), sendo considerados, no Brasil e no mundo, o segundo grupo de nematoides de maior importância econômica (LORDELLO, 1992; TIHOHOD, 2000; FERRAZ, 1999), e superados apenas pelos nematoides de galha (Meloidogyne spp.) (TIHOHOD, 2000). De maneira geral, as espécies de Pratylenchus apresentam hábito endoparasita migrador e a maioria partenogênica, onde as fêmeas depositam seus ovos, geralmente dentro das raízes. A primeira ecdise acontece ainda dentro do ovo, e juvenis de segundo estádio J2 eclodem e iniciam a alimentação. Diferentemente da maioria das espécies de nematoides de importância econômica, como Rotylenchulus reniformis (Linford e Oliveira, 1940), Meloidogyne spp. e Heterodera glycines (Ichinohe, 1952), não ha formação de sítio permanente de alimentação. Após processo de digestão pré-oral do conteúdo citoplasmático de uma célula, geralmente do córtex radicular, os nematoides absorvem o material pré-digerido por meio do estilete (TIHOHOD, 1997). À medida que o nematoide aumenta de tamanho, ha necessidade de passar por outras ecdises, passando pelas fases de juvenil de terceiro estádio J3 e quarto estádio J4 e, por fim, chegando ao estádio adulto com predominância de fêmeas de reprodução partenogênica e insignificante ocorrência de machos. É comum as espécies completarem todo o seu ciclo dentro da raiz, mas quando ela não oferece mais condições favoráveis, geralmente por excessiva densidade populacional que resulta em escassez de alimento, o nematoide precisa buscar o solo e procurar novas raízes (LORDELLO, 1992; TIHOHOD, 1997). Os danos econômicos mencionados são variados em relação à espécie, variedade e ciclo da cultura, somados a velocidade de crescimento das raízes, multiplicação da população de nematoide e tolerância das variedades aos estresses hídricos e nutricionais gerados pelo estado de doença. Em relação a P. zeae, Dinardo-Miranda et al. (1996), consideram que 2.500 espécimes por 50 g de raízes causam reduções de produtividade. Novaretti (1997) aponta que níveis maiores de 400 juvenis de M. javanica em 50 g de raízes indicam alta densidade populacional, justificando medidas de controle. Alguns métodos de controle têm sido estudados com o objetivo de diminuir as populações de nematoide abaixo do limiar de dano econômico, com a utilização conjunta ou isolada de nematicidas, rotação de culturas, revolvimento do solo, variedades resistentes ou tolerantes, e incorporação de matéria orgânica [(DINARDO-MIRANDA et al., 1995); (BARROS; MOURA; PEDROSA, 2000)]. Entretanto não ha no mercado material genético com resistência aos nematoides, com exceção à SP70-1143 relatada com resistência à M. javanica, (NOVARETTI; NUNES JUNIOR; NELLI, 1981), SP89-1115 com resistência à M. incognita (BARBOSA, 2008) e para Pratylenchus sp., somente a variedade IAC77-51 é considerada tolerante, segundo critério de Dropkin e Nelson (1960) (DINARDO- MIRANDA, 2006). Todavia a suscetibilidade das variedades de cana-de-açúcar a estes patógenos já foi comprovada por diversos pesquisadores [(DINARDO- MIRANDA et al., 1995); (NOVARETTI; MONTEIRO; FERRAZ, 1998); (DINARDO- MIRANDA, 1999)]. Dinardo-Miranda et al. (1995), estudaram no campo o comportamento de variedades de cana-de-açúcar, a M. javanica, e observaram que 12 dos materiais avaliados apresentaram suscetibilidade ao nematoide, com incrementos na produção, variando de 8,2 t / ha na variedade RB785148 até 23,5 t / ha na variedade SP78-1233. Com a discorrida ausência de variedades resistentes e ausência de mecanismos que possibilitem a erradicação dos organismos de uma área infestada, o manejo dos cultivos tem se baseado, principalmente, no uso de nematicidas aplicados no plantio e/ou nas soqueiras. O controle químico de nematoides prejudiciais às plantas cultivadas tem sido uma prática muito comum na agricultura brasileira. Apesar da existência de técnicas alternativas para o controle de nematoides em várias culturas, prevê-se que o uso de nematicidas continuará sendo expressivo no futuro próximo (RIGITANO, 2005). Os nematicidas são pesticidas na maioria dos casos sistêmicos ou endoterapêuticos, definidos como compostos que são absorvidos pela planta e translocados em quantidades suficientes para torná-la tóxica para nematoides por um determinado período (BENNET, 1957). Thomason e Mckenry (1975) mencionam que o uso de nematicidas é um método de controle eficiente e que, nas doses adequadas, as aplicações de nematicidas reduzem 80 a 90% a população de nematoides nos primeiros 40 a 60 cm de solo. Com a evolução da indústria química e a descoberta de novos princípios ativos e formulações, o controle químico submete-se ao período de revitalização em face dos novos nematicidas com fórmulas inovadoras, práticas e seguras [(NOVARETTI, 1997); (NOVARETTI; MONTEIRO; FERRAZ, 1998)]. Até 1998, apenas os nematicidas terbufós e carbofurano estavam registrados para a cultura da cana-de-açúcar no Brasil (DINARDO-MIRANDA; MENEGATTI; PIVETA, 2001). Atualmente existem 27 produtos registrados no Ministério da Agricultura para o controle de nematoides (AGROFIT, 2012). Esses produtos estão distribuídos entre 11 empresas nacionais e multinacionais responsáveis por produzir e/ou comercializar os produtos abamectina, cadusafós, dazomete, metam-sódico, carbofurano, fostiazato, terbufós e fenamifós (AGROFIT, 2012). Segundo Dinardo-Miranda et al. (1998), a aplicação de nematicidas no plantio em áreas infestadas por nematoides podem resultar em incrementos de produtividade agrícola de até 40 t / ha. Com a mesma linha de pesquisa, Carbonell (1978) e Novaretti et al. (1978), realizaram experimentos de controle químico destes nematoides com aumentos de produção na ordem de 30%. De acordo com Dinardo- Miranda et al. (1995, 1996) e Garcia, Silva e Dinardo-Miranda (1997), em estudos nos quais aplicaram-se nematicidas no plantio de diversas variedades cultivadas em campos infestados por uma ou mais espécies de nematoides mais importantes para a cultura , foram observados incrementos de produtividade agrícola no primeiro corte, em relação a testemunhas, de até 41 t / ha. O uso de nematicidas químicos, no cultivo da cana de açúcar, tem contribuído significativamente para a produtividade agrícola da cultura, quando conduzida em solos infestados por nematoides (DINARDO-MIRANDA; GARCIA; MENEGATTI, 2000). Por conseguinte, novas tecnologias que promovam o controle pontual de nematoides, como o tratamento industrial de toletes de cana-de-açúcar, são importantes para aumentar a sustentabilidade do mercado sucroalcooleiro. O tratamento industrial em toletes de cana-de-açúcar é propriedade da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda., realizada com toletes de cinco cm e gema no meio, preparada em processo industrial e introduzida ao solo com plantadora montada. Esse modelo chama-se Plene™ e está registrado pela patente US 2010/0257640 A1, diferenciando-se por uma tecnologia de plantio com redução de operações agrícolas, proteção de pragas, nematoides e doenças (ARAMAKI et al., 2010). A aplicação de nematicida em tratamento industrial nos toletes protege as plantas, com destaque no início do desenvolvimento da cultura, que é o período de maior sensibilidade da planta ao ataque dos nematoides pelo diminuto perfil do solo explorado pelas raízes. Pela relevância no mercado bioenergético, este trabalho objetiva definir o desempenho agronômico de diferentes doses do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®) sob tecnologia Plene™, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco de plantio, sobre os toletes, para controle isolado de M. javanica e Pratylenchus zeae em experimentos de campo. REFERÊNCIAS AGROFIT. Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Ministério da Agricultura. Disponível em: . Acesso em: 15 dez. 2012. ARAMAKI, P; LEUNBERGER, J. A.; NASCIMENTO, A. C.; SANTOS, J. G M. D. Method for growing sugarcane. Patent Application Publication. Pub No: US 2010/0257640 A1. Greensboro, 2010, 19 p. ARANHA, C.; YAHN, C.A. Botânica da cana-de-açúcar. In: PARANHOS, S. B. Cana- de-açúcar: cultivo e utilização. Campinas: Fundação Cargill, 1987. p. 3-14. BARBOSA, B. F. F. Estudo das inter-relações patógeno-hospedeiro de Meloidogyne incognita, M. javanica e Pratylenchus brachyurus em cana-de- açúcar.2008. 50 f. 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Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade e quando significativa análise de comparações de médias pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Os resultados mostraram que, nas condições em que os experimentos foram conduzidos, a utilização de abamectina entre 50 e 250 g / ha, carbofurano na dose de 1750 g / ha e a combinação de g / ha de abamectina com 1050 e 1750 g / ha de carbofurano foram efetivos para o controle de M. javanica, gerando o aumento de produtividade em relação ao tratamento testemunha. Palavras-chave: Saccharum spp., nematoide de galha, controle químico. INTRODUÇÃO Originária da Ásia (BARNES, 1964), a cana-de-açúcar (Saccharum spp. Linnaeus, Carl) foi introduzida no Brasil em 1522, por Martim Afonso de Souza (FERNANDES, 1990). Impulsionada pelas condições climáticas e pedológicas favoráveis, a cultura está presente em praticamente todos os Estados do país, entretanto, como todas as culturas, a cana-de-açúcar é dependente de fatores bióticos e abióticos para o seu desenvolvimento. Entre os fatores bióticos, destaca- se a infestação de nematoides, o consequente estado de doença e detrimentos na produtividade ocasionados pelo organismo. Em nível mundial, as perdas causadas por nematoides, em 1987, foram estimadas em 15,3%, somando bilhões de dólares de prejuízo (SASSER; FRECKMAN, 1987). No Brasil, a quantificação de perdas não é precisa, principalmente pelas interações com danos provocados por pragas, outras doenças, condições climáticas, plantas invasoras e inadequação de tratos culturais (RITZINGER; FANCELLI, 2006). Associados ao gênero Saccharum spp.; já foram identificadas 275 espécies de 48 gêneros e, em termos mundiais, os ectoparasitos são apontados como mais frequentes (NOVARETTI et al., 1974); (MOURA; ALMEIDA, 1981); (MAQBOOL; HASHMIN, 1987). Atualmente as espécies Pratylenchus zeae (Grahan, 1951), Meloidogyne javanica (Treub,1885; Chitwood, 1949) e Meloidogyne incognita (Kofoid e White,1919) são consideradas as espécies-chave de nematoides na cultura da cana-de-açúcar no Brasil (DINARDO-MIRANDA, 2010). Segundo Dinardo-Miranda (2010), as espécies M. javanica e P. zeae causam reduções de 20 a 30% na produção, respectivamente, entretanto M. incognita pode reduzir de 40 a 50% a produtividade. Barbosa (2008) realizou dois experimentos em casa de vegetação, relatando que as variáveis biométricas avaliadas confirmaram maior agressividade de M. javanica, em relação a M. incognita nas variedades de Saccharum spp. testadas. Dentre esses organismos, a notória importância dos nematoides das galhas está alicerçada pelo elevado grau de polifagismo, larga dispersão geográfica e a dificuldade do seu controle (ANDRADE; PONTE, 1999). Dentre às espécies de Meloidogyne, a M. incognita e M. javanica têm grande distribuição no Brasil, ocorrendo em 97% dos hospedeiros parasitados. A importância dos nematoides de galha para a cultura da cana-de-açúcar pode ser especialmente verificada com o aumento na produtividade em decorrência ao controle destes patógenos, conforme foi constatado nos trabalhos realizados por Dinardo-Miranda et al. (1995, 2001). Os danos econômicos mencionados são variados em relação à espécie do nematoide, variedade e ciclo da cultura, velocidade de crescimento das raízes, multiplicação da população de nematoide e tolerância das variedades aos estresses hídricos e nutricionais gerados pelo estado de doença. Novaretti (1997) aponta que níveis maiores que 400 juvenis de M. javanica em 50 g de raízes indicam alta densidade populacional, justificando medidas de controle. Em agricultura extensiva, a erradicação dos organismos é praticamente impossível, visto a ineficiência dos métodos tradicionais de controle e pelo investimento necessário. Por conseguinte, tecnologias que buscam o controle pontual e eficaz de nematoides, utilizando tratamento industrial de toletes de cana- de-açúcar, possibilitam a manutenção e sustentabilidade do canavial. O tratamento industrial em toletes de cana-de-açúcar é propriedade da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda., realizado com toletes de cinco cm e gema no meio, preparado em processo industrial e introduzido ao solo com plantadora montada. Esse modelo chama-se Plene™ e está registrado pela patente US 2010/0257640 A1, diferenciando-se por uma tecnologia de plantio com redução de operações agrícolas, proteção de pragas, nematoides e doenças (ARAMAKI et al., 2010). Pela relevância no mercado bioenergético, este trabalho objetiva definir o desempenho de diferentes doses do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial sob tecnologia Plene™, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de M. javanica em experimento de campo com a variedade SP81-3250. MATERIAL E MÉTODOS Neste trabalho, selecionou-se a variedade de cana-de-açúcar SP81-3250 do Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar (PLANALSUCAR). Os trabalhos de campo foram desenvolvidos em área naturalmente infestada com M. javanica, pertencente ao grupo Cerradinho Álcool, Açúcar e Energia S/A, com coordenadas geográficas - 20° 53' 59.54" de latitude Sul - 49° 36' 9.31"de longitude Oeste de Greenwich, localizada na região de São José do Rio Preto-SP. Foram realizados dois experimentos de campo. No primeiro, foram utilizadas doses crescentes de abamectina (Avicta 500 FS®) sob tecnologia Plene™ em tratamento industrial de cana-de-açúcar, como apresentados na Tabela 1. No segundo foram utilizadas as doses de 75 e 100 g de abamectina (Avicta 500 FS®) em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene™, com complementação ou não de carbofurano, aplicado no sulco de plantio sobre os toletes, como demonstrado na Tabela 2. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro repetições e parcelas experimentais úteis de 90 m2, constituídas de seis linhas de 10 m de comprimento, espaçadas em 1,5 m. Como bordadura, foram utilizadas duas linhas adjacentes de plantio a cada linha externa das parcelas, acrescida de um metro em todas as linhas experimentais, no início e fim de cada parcela, com o objetivo de mitigar efeitos externos aos fatores estudados. Os colmos-semente da variedade SP81-3250 foram oriundos de viveiro de cana-de-açúcar, conduzido na Estação Experimental pertencente ao Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda., na cidade de Itápolis-SP. Para a instalação do viveiro, os colmos-semente foram originados do primeiro ciclo de viveiro, plantado com colmos submetidos a tratamento térmico, segundo metodologia descrita por Coopersucar (1989). A coleta dos colmos- semente para a instalação do experimento foi realizada oito meses após o plantio do viveiro. Posteriormente à coleta, os colmos-semente foram enviados à fábrica da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda., em Itápolis-SP, para a realização da despalha, corte e tratamento industrial dos toletes com os produtos thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin, nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente, para todos os tratamentos; e abamectina onde o produto foi solicitado. Como consequência, o produto final apresentou aspecto rosado com cortes perpendiculares ao eixo longitudinal do colmo e gema localizada no centro do mesmo, distanciada de 2,5 centímetros das superfícies do corte. Tabela 1. Nome Comercial, nome comum, dosagem do ingrediente ativo (i.a.), dosagem do produto comercial (p.c.), dos produtos utilizados em tratamentos do experimento, para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012). Tratamento Tecnologia Produto Ativo Dose (mL ou g) i.a./ha p.c./ha 1 Tolete com uma gema Testemunha --- --- --- 2 Plene� Avicta abamectina 50 100 3 Plene� Avicta abamectina 100 200 4 Plene� Avicta abamectina 150 300 5 Plene� Avicta abamectina 200 400 6 Plene� Avicta abamectina 250 500 Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. O plantio dos toletes, em ambos os experimentos, foram realizados no dia dezoito de março de 2010, utilizando-se sulcos em formato “V”, com espaçamento de 1,50 m entre sulcos e 0,4 m de profundidade e deposição de 8 toletes por metro, dispostos horizontalmente ao nível do solo Após a deposição dos toletes, referentes ao experimento 2, foi realizada a aplicação de carbofurano sobre os toletes, nas parcelas que a complementação foi solicitada. Tabela 2. Nome Comercial, nome comum, dosagem do ingrediente ativo (i.a.), dosagem do produto comercial (p.c.), dos produtos utilizados em tratamentos do experimento, para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Meloidogyne javanica em experimento de campo (São José do Rio Preto, 2012). Tratamento Tecnologia Produto Ativo Dose (mL ou g) i.a./ha p.c./ha 1 Tolete com uma gema Testemunha --- --- --- 2 Plene� Avicta abamectina 75 150 3 Plene� Avicta abamectina 100 200 4 Plene� Avicta abamectina 75 150 Furadan carbofurano 1050 3000 5 Plene� Avicta abamectina 100 200 Furadan carbofurano 1050 3000 6 Plene� Avicta abamectina 75 150 Furadan carbofurano 1400 4000 7 Plene� Avicta abamectina 100 200 Furadan carbofurano 1400 4000 8 Plene� Avicta abamectina 75 150 Furadan carbofurano 1750 5000 9 Plene� Avicta abamectina 100 200 Furadan carbofurano 1750 5000 10 Plene� Furadan carbofurano 1750 5000 Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. Para a aplicação de carbofurano sobre os toletes, utilizou-se pulverizador costal pressurizado por CO2, à pressão constante de 2 kgf . cm-2, barra equipada com bico de jato plano, modelo TT 11002 – Teejet e volume equivalente de calda da ordem de 200 L / ha. No momento das aplicações, a velocidade do vento média foi de 4,3 km / ha, umidade relativa média de 67% e a temperatura média de 27ºC. Após a deposição dos toletes e aplicação dos produtos nas parcelas correspondentes, todos os propágulos de cana foram cobertos por camada média de 8 cm de terra. No momento do plantio, foram coletadas amostras de solo e raízes em cada parcela, para verificação da infestação inicial de nematoides na área experimental. A subpopulação de M. javanica foi identificada com base nos caracteres morfológicos do padrão perineal, preparado conforme Taylor e Netscher (1974), e na morfologia da região labial dos machos (EISENBACK et al., 1981). No momento da identificação, indivíduos de P. zeae também foram encontrados e identificados, utilizando-se os caracteres morfológicos de fêmeas adultas, segundo Gonzaga (2006); entretanto a espécie foi desprezada nesse trabalho pela insignificante quantidade encontrada. Para os dois experimentos, foram realizadas avaliações de perfilhos aos 60 e 120 Dias Após o Plantio (DAP), contagem de nematoides em 50 g de raízes aos 60 e 90 DAP e colheita das parcelas experimentais aos 420 DAP. Na contagem de perfilhos, foram utilizados os valores referentes às plantas que emergiram nas duas linhas centrais de cada parcela, excluindo-se a bordadura. Para a contagem de nematoides, foram coletadas amostras de solo e raízes nas quantidades de 1,0 e 0,2 kg, respectivamente entre, zero e 25 cm de profundidade em 2 pontos alternados opostos nas linhas marginais de cada parcela. Os nematoides foram extraídos das amostras de solo (100 cm3), pelo método da flotação centrífuga em solução de sacarose (JENKINS, 1964) e de raízes (10 g) pela técnica de Coolen e D’Herde (1972). A estimativa populacional foi obtida por meio da contagem em lâmina de Peters e com o auxílio de microscópio fotônico. A estimativa de produtividade foi obtida mediante a aferição da massa fresca de cada parcela, com balança tipo célula de carga, graduada em 200 g, e os resultados foram tabulados em Toneladas de Cana-de-açúcar por Hectare (TCH). Para determinação dos atributos de qualidade, foi retirada, de cada parcela, uma amostra de dez colmos, coletados aleatoriamente nos sulcos centrais, excluindo-se a bordadura. Posteriormente, as amostras foram encaminhadas ao Laboratório Tecnológico da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado São Paulo (COOPERCANA), localizado na cidade de Sertãozinho, para serem tituladas para os valores de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR / ha). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade e quando significativa à análise de comparações de médias pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade, com a utilização do Software JMP 10 (JMP® STATISTICAL DISCOVERY SOFTWARE, 2013). RESULTADOS E DISCUSSÃO No experimento 1, pela análise da Tabela 3, observou-se aos 60 dias após o plantio, todos os tratamentos não apresentaram diferenças estatísticas entre si para o mesmo perfilhamento. Na mesma Tabela, observa-se que na avaliação de perfilhamento, aos 120 dias após o plantio, os tratamentos contendo 50, 100, 150 e 200 g de abamectina por hectare apresentaram perfilhamento em número absoluto semelhante ao tratamento-testemunha, porém os mesmos não diferiram estatisticamente entre si; no entanto o tratamento contendo 250 g de abamectina por hectare apresentou maior perfilhamento, diferenciando-se estatisticamente do tratamento-testemunha e ficando estatisticamente igual aos tratamentos contendo 50, 100 e 150 g de abamectina / ha. Esse resultado sugere que o nematicida abamectina contribuiu na manutenção do perfilhamento nas condições em que o experimento foi conduzido. As médias das análises nematológicas da Tabela 4 do experimento 1 mostram que, no dia do plantio, a infestação de M. javanica na área experimental estava homogênea com todos os tratamentos, não diferindo estatisticamente. Com 60 dias, a quantidade de indivíduos de M. javanica presente nas raízes, oriundas do tratamento-testemunha, foi superior, destacando-se estatisticamente dos demais tratamentos contendo o nematicida abamectina em todas as doses testadas. Tabela 3. Perfilhamento aos 60 e 120 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012). Tratamento Produto i.a./ha Perfilhos (m) 60 DAP 120 DAP 1 Testemunha --- 10,48 14,88ª b 2 Abamectina 50 8,83 17,75 ab 3 Abamectina 100 7,33 16,15 ab 4 Abamectina 150 8,68 16,25 ab 5 Abamectina 200 7,03 15,08ª b 6 Abamectina 250 9,58 19,93 a Teste F NS * CV(%) 29,54 17,63 Significância dos valores de separação pelo teste F: * = 5% e NS = não significativo. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Duncan a 5% de significância. Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. Aos 120 dias, os tratamentos contendo 100 e 150 g de abamectina / ha, diferiram estatisticamente do tratamento-testemunha, sendo efetivo na supressão de M. javanica nas condições testadas, entretanto os demais tratamentos com nematicida não diferiram estatisticamente desses tratamentos. Os resultados ratificam o entendimento de Fasker e Star (2006), que constataram sensibilidade de M. incognita à abamectina em condições de laboratório. Ressalta-se que o tratamento contendo 100 g de abamectina / ha não sofreu alteração estatística para os tratamentos contendo abamectina. Tabela 4. População inicial de Meloidogyne javanica, presentes no solo (zero dia após o plantio - DAP), nas raízes (60 e 90 DAP) em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de M. javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012). Tratamento Produto i.a./ha No de Meloidogyne javanica 0 DAP 60 DAP 90 DAP 100 cm3 de solo 50 g de raízes 1 Testemunha - 8 1080ª b 2219x b 2 abamectina 50 9 282xa 387xab 3 abamectina 100 21 53xa 473xab 4 abamectina 150 28 131xa 111xa 5 abamectina 200 5 335xa 202xa 6 abamectina 250 3 63xa 283xab Teste F NS * * CV(%) 0,88** 51,71** 74,92** Significância dos valores de separação pelo Teste F: * = 5% e NS = não significativo. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Duncan a 5% de significância. **Dados transformados em x + 1000. Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. Os resultados de perfilhamento e população de M. javanica, nos tratamentos propostos, confirmam os resultados de produtividade da Tabela 5. Os incrementos absolutos de produtividade no experimento 1 são observados nas doses de 200 e 250 g de abamectina . / ha que não diferem estatisticamente entre si, mas o tratamento com a maior dose de abamectina difere estatisticamente dos demais. No entanto, todos os tratamentos contendo abamectina foram superiores em incremento de produtividade em relação ao tratamento-testemunha, diferenciando-se estatisticamente. O aumento de produtividade é apontado por outros autores em incrementos superiores a 40 toneladas por hectare (GARCIA; SILVA; DINARDO- MIRANDA, 1997); (DINARDO-MIRANDA et al., 1998). Tabela 5. Produtividade em TCH (toneladas de cana-de-açúcar por hectare), Incremento de produtividade em relação ao tratamento testemunha (%) e açucares totais recuperáveis (ATR), aos 420 dias após o plantio, em tratamentos do experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012). Tratamento Produto i.a./ha TCH Incremento (%) ATR (kg/t) 1 Testemunha --- 181,30xxxd --- 164,61 2 abamectina 50 211,40xxc + 16,60 145,17 3 abamectina 100 220,68xb + 21,72 156,10 4 abamectina 150 219,30xb + 20,96 157,60 5 abamectina 200 224,35ab + 23,74 158,62 6 abamectina 250 229,98a + 26,85 163,53 Teste F * --- NS CV (%) 1,97 --- 14,60 Significância dos valores de separação pelo Teste F: * = 5% e NS = não significativo. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente, pelo teste de Duncan a 5% de significância. Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. Esses resultados mostram que, embora ocorra um incremento de produtividade, à medida que a dose de abamectina por hectare é aumentada, as menores doses do produto foram suficientes para alterar significantemente os valores de produtividade nas condições que o experimento foi conduzido. Na mesma Tabela, observa-se que os valores referentes aos açúcares totais recuperáveis (ATR) não foram alterados pelos tratamentos que não diferiram estatisticamente para esse fator. Esses dados concordaram com os resultados de Moura (1995), Barros, Moura e Pedrosa (2000) e Rosa, Moura e Pedrosa (2003). No experimento 2, com a análise aos 60 dias após o plantio, todos os tratamentos não apresentaram diferenças estatísticas entre si e apresentaram o mesmo perfilhamento. Aos 120 dias após o plantio, nota-se que todos os tratamentos, excetuando-se o tratamento referente à abamectina e carbofurano (100 + 1.750 g / ha, respectivamente) não diferiram estatisticamente entre si e do tratamento-testemunha, apresentando o mesmo perfilhamento. Em relação ao tratamento com abamectina e carbofurano (100 + 1.750 g / ha, respectivamente), o menor perfilhamento em relação aos demais tratamentos, provavelmente, ocorreu por intoxicação das plantas, referente aos toletes, os quais receberam as maiores doses de abamectina e carbofurano concomitantemente. Na Tabela 7, nota-se que as populações e M. javanica em amostras retiradas, no dia do plantio, estavam homogêneas, pois todos os tratamentos não diferiram estatisticamente e apresentavam a mesma distribuição. Entretanto, 60 dias após o plantio, a quantidade de indivíduos de M. javanica presente nas raízes das plantas oriundas do tratamento-testemunha foi superior, destacando-se estatisticamente dos demais tratamentos, excetuando-se os tratamentos abamectina e carbofurano (100 e 1.400 g / ha) e (100 e 1.750 g / ha) respectivamente. Aos 120 dias após o plantio do experimento, todos os tratamentos testados diferiram estatisticamente do tratamento-testemunha, sendo efetivos na supressão de M. javanica nas condições testadas. Esses dados confirmam resultados encontrados por Dinardo-Miranda et al. (2000), que verificaram que o nematicida carbofurano reduziu significantemente populações de M. incognita (Kofoid e White, 1919). Tabela 6. Perfilhamento aos 60 e 120 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene�, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012). Tratamento Ativo i.a./ha Perfilhos (m) 60 DAP 120 DAP 1 Testemunha --- 6,55 10,33a 2 Abamectina 75 5,52 11,34a 3 Abamectina 100 5,21 12,22a 4 Abamectina 75 6,17 10,16ab Carbofurano 1050 5 Abamectina 100 4,17 10,52a Carbofurano 1050 6 Abamectina 75 5,74 10,42a Carbofurano 1400 7 Abamectina 100 4,01 10,13ab Carbofurano 1400 8 Abamectina 75 4,17 12,14a Carbofurano 1750 9 Abamectina 100 6,53 7,23x,xb Carbofurano 1750 10 Carbofurano 1750 6,39 12,8xa Teste F NS * CV(%) 0,29 18,36 Significância dos valores de separação pelo Teste F: * = 5% e NS = não significativo. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Duncan a 5% de significância. Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. Tabela 7. Os números da população inicial de Meloidogyne javanica, presentes no solo (zero dia após o plantio - DAP), nas raízes (60 e 90 DAP) em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de M. javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012). Tratamento Ativo i.a./ha No de Meloidogyne javanica 0 DAP 60 DAP 90 DAP 100 cm3 de solo 50 g de raízes 1 Testemunha - 40 9040x b 11095x b 2 Abamectina 75 45 1410 a 1935xa 3 abamectina 100 105 265 a 2365xa 4 abamectina 75 140 655 a 555xa carbofurano 1050 5 abamectina 100 105 1675 a 1010xa carbofurano 1050 6 abamectina 75 45 885 a 1725xa carbofurano 1400 7 abamectina 100 60 3510 ab 605xa carbofurano 1400 8 abamectina 75 20 550 a 440xa carbofurano 1750 9 abamectina 100 80 4665 ab 535xa carbofurano 1750 10 carbofurano 1750 15 315 a 1415xa Teste F NS * * CV(%) 0,4** 34,9** 41,88** Significância dos valores de separação pelo Teste F * = 5% e NS = não significativo. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Duncan a 5% de significância. **Dados transformados em x + 1000. Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. Tabela 8. Produtividade em TCH (toneladas de cana-de-açúcar por hectare), Incremento de produtividade em relação ao tratamento testemunha (%) e açucares totais recuperáveis (ATR), aos 420 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene�, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Meloidogyne javanica em campo (São José do Rio Preto, 2012). Tratamento Produto i.a./ha TCH Incremento (%) ATR (kg/t) 1 Testemunha - 189,33xxc --- 161,41 2 abamectina 75 207,93ab + 9,82 162,10 3 abamectina 100 213,45a + 12,73 165,00 4 abamectina 75 210,68ab + 11,27 160,00 carbofurano 1050 5 abamectina 100 197,80xbc + 4,47 161,66 carbofurano 1050 6 abamectina 75 202,78ab + 7,10 164,06 carbofurano 1400 7 abamectina 100 200,65abc + 5,98 162,43 carbofurano 1400 8 abamectina 75 205,48ab + 8,53 166,26 carbofurano 1750 9 abamectina 100 197,98xbc + 4,57 166,37 carbofurano 1750 10 carbofurano 1750 205,58ab + 8,58 166,53 Teste F *. --- NS CV(%) 4,13% --- 2,36% Significância dos valores de separação pelo Teste F: * = 5% e NS = não significativo. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Duncan a 5% de significância. Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. As médias de produtividade do segundo experimento, contidas na Tabela 8, mostram que todos os tratamentos apresentaram incremento de produtividade nos números absolutos, mas os tratamentos abamectina nas doses de 75 e 100 g / ha, carbofurano na dose 1.750 g / ha e as combinações de abamectina e carbofurano nas doses 75 e 1.050 g / ha; 75 e 1.400 g / ha; 75 e 1.750 g / ha diferiram estatisticamente do tratamento-testemunha e proporcionaram um incremento significativo à produtividade. Os dados já eram esperados, visto que experimentos em que foi utilizado carbofurano, conduzido por Dinardo-Miranda e Garcia (2002), mostraram incrementos de 14,88 % de produtividade em relação à testemunha. Os mesmos números sugerem que as plantas possam ter sofrido intoxicação pela quantidade total de produtos aplicados, pois todos os tratamentos referentes à maior dose de abamectina (100 g / ha) em combinação com carbofurano somaram produtividades não diferentes estatisticamente do tratamento-testemunha. Ainda, na Tabela 8, os valores de ATR não proporcionaram diferença estatística entre os tratamentos. Os dados concordaram com os resultados de Moura (1995), Barros, Moura e Pedrosa (2000) e Rosa, Moura e Pedrosa (2003). CONCLUSÃO O ingrediente ativo abamectina em doses entre 50 e 250 g / ha, carbofurano na dose de 1.750 g / ha e a combinação de 75 g / ha de abamectina com 1.050 e 1.750 g / ha de carbofurano controlaram a população de M. javanica em cana-de- açúcar nas condições que os experimentos foram realizados. O controle de população de M. javanica, utilizando-se o ingrediente ativo abamectina em doses entre 50 e 250 g / ha, carbofurano na dose de 1.750 g / ha e a combinação de 75 g / ha de abamectina com 1.050 e 1.750 g / ha de carbofurano, contribuíram para o aumento na produtividade da cana-de-açúcar. REFERÊNCIAS ANDRADE, N. C; PONTE, J. J. Efeito do sistema de plantio em camalhões e do consórcio com Crotalaria spectabilis no controle de Meloidogyne incognita em quiabeiro. 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CAPITULO 3 – CONTROLE QUIMICO DE Pratylenchus zeae EM CANAVIAIS IMPLANTADOS COM TECNOLOGIA PLENE™ A cultura da cana-de-açúcar está sujeita à infestação de nematoides e, por conseguinte, exposta a detrimentos na produtividade. Como o processo de erradicação desses organismos é difícil, novas tecnologias que promovam o controle pontual de nematoides, no início do desenvolvimento das raízes, são importantes ferramentas para aumentar a sustentabilidade do mercado sucroalcooleiro. O presente trabalho teve por objetivo definir a eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar em tecnologia Plene�, para controle de Pratylenchus zeae em campo com a complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco de plantio sobre os toletes, com a variedade RB825336. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e quando significativa à análise de comparações de médias pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Os resultados mostraram que nas condições em que os experimentos foram conduzidos, o ingrediente ativo abamectina em doses entre 50 e 250 g / ha, carbofurano na dose de 1.750 g / ha e a combinação de 75 a 100 g / ha de abamectina com 1.050 e 1.750 g / ha de carbofurano controlaram a população de P. zeae em cana-de-açúcar aos 90 dias após o plantio nas condições que os experimentos foram realizados, e a combinação de abamectina e carbofurano, nas doses de 75 e 1.050 g / ha, contribuiu para o aumento na produtividade da cana-de-açúcar. Palavras-chave: Saccharum spp., nematoide das lesões radiculares. INTRODUÇÃO Segundo Conab (2012), a área cultivada com cana-de-açúcar, que será colhida e destinada à atividade sucroalcooleira na safra 2012/13, está estimada em 8.567,2 mil hectares, distribuídos em todos os Estados produtores conforme suas características. Essa expansão está condicionada aos aspectos climáticos e pedológicos favoráveis à cultura em praticamente todo o país; entretanto, como todas as plantas, em decorrência de fatores bióticos e abióticos, a cana-de-açúcar está sujeita a detrimentos em seu desenvolvimento e produtividade. A expansão do setor canavieiro no Brasil, ocorrida em áreas com pastagens degradadas, gerou a incidência e dispersão de P. zeae causando alta movimentação e migração de maquinário agrícola de regiões em que esta espécie causou significativas reduções na produtividade, conforme reportam vários trabalhos realizados no Brasil (SILVA; PINCELLI; DINARDO-MIRANDA, 2006); (MOURA; OLIVEIRA, 2009); (NOVARETTI; REIS, 2009). Os danos econômicos variam em face da espécie do nematoide, variedade e ciclo da cultura, velocidade de crescimento das raízes, multiplicação da subpopulação de nematoides e tolerância das variedades aos estresses hídricos e nutricionais gerados pelos nematoides. Em geral, subpopulações de Pratylenchus spp. acima de 5.000 indivíduos por 50 g de raízes são consideradas altas (DINARDO-MIRANDA et al., 1996); (MOURA, 2005). No entanto, Dinardo-Miranda e Ferraz (1991) e Novaretti (1997) afirmaram que subpopulações de P. zeae próximas a 2.500 espécimes por 50 g de raízes, aos seis meses de idade da cultura da cana- de-açúcar, podem causar reduções significativas de produção em variedades suscetíveis. Segundo Dinardo-Miranda (2010), P. zeae causa reduções de 30% na produção e, economicamente ocupa o segundo lugar nas perdas em diversas culturas, sendo superados apenas pelas espécies de Meloidogyne (SASSER; FRECKMAN, 1987); (FERRAZ, 1999). Tihohod (2000) constatou que os indivíduos de P. zeae infestam com frequência espécies de gramíneas, principalmente milho e cana-de-açúcar, conhecido por nematoides das lesões radiculares. O melhor controle para os nematoides na cana-de-açúcar é a utilização de variedades resistentes, minorando o custo do produtor e os riscos ambientais, entretanto, não ha no mercado, material genético com resistência ao nematoide das lesões radiculares, com exceção a variedade IAC77-51, que é considerada tolerante, conforme critério Dropkin e Nelson (1960), (DINARDO-MIRANDA, 2006). Assim, o controle químico é um meio eficaz para a manutenção produtiva em áreas infestadas. O estudo realizado por Halbrent e James (2003) relatou que a utilização de nematicida, isoladamente ou em sistema integrado, proporciona controle eficiente, aumentando a produtividade agrícola. Nessa linha, os experimentos de campo para controle de P. zeae, revelaram que a aplicação de nematicida no plantio em diversas variedades contribuiu para aumento de produtividade significativo, com incrementos de até 40 t / ha (DINARDO-MIRANDA et al., 1996), evidenciando a patogenicidade de P. zeae para a cana-de-açúcar. A erradicação destes organismos em áreas extensas é praticamente impossível, sendo o controle pontual e eficaz de nematoides realizado por tecnologias utilizando tratamento industrial de toletes de cana-de-açúcar, possibilitando a manutenção e sustentabilidade do canavial. O tratamento industrial em toletes de cana-de-açúcar é propriedade da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda., realizada com toletes de cinco cm e gema no meio, preparada em processo industrial e introduzida no solo com plantadora montada. Esse modelo chama-se Plene™ e está registrado pela patente US 2010/0257640 A1, diferenciando-se por uma tecnologia de plantio com redução de operações agrícolas, proteção de pragas, nematoides e doenças (ARAMAKI et al., 2010). Pela relevância no mercado bioenergético, este trabalho objetivou definir o desempenho de diferentes doses do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial sob tecnologia Plene™, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de P. zeae em experimento de campo na variedade RB825336. MATERIAL E MÉTODOS Neste trabalho, selecionou-se a variedade de cana-de-açúcar RB825336 resultante do programa de melhoramento RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro). Os trabalhos de campo foram desenvolvidos em área naturalmente infestada com P. zeae, pertencente à fazenda Flamboyant, com coordenadas geográficas - 22° 41’ 25.83” de latitude Sul - 47° 36' 0.66"de longitude Oeste de Greenwich, localizada na região de Piracicaba - SP. Foram realizados dois experimentos de campo, sendo que no primeiro, foram utilizadas doses crescentes de abamectina (Avicta 500 FS®) sob tecnologia Plene™ em tratamento industrial de cana-de-açúcar como apresentados na Tabela 1. No segundo experimento, foram utilizadas as doses de 75 e 100 g / ha de abamectina (Avicta 500 FS®) em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene™, com complementação ou não de carbofurano, como descrito na Tabela 2. Tabela 1. Nome Comercial, nome comum, dosagem do ingrediente ativo (i.a.), dosagem do produto comercial (p.c.), dos produtos utilizados em tratamentos de experimento, para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de Pratylenchus zeae à campo (Piracicaba, 2012). Tratamento Tecnologia Produto Ativo Dose (mL ou g) i.a./ha p.c./ha 1 Tolete com uma gema Testemunha --- --- --- 2 Plene� Avicta abamectina 50 100 3 Plene� Avicta abamectina 100 200 4 Plene� Avicta abamectina 150 300 5 Plene� Avicta abamectina 200 400 6 Plene� Avicta abamectina 250 500 Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. Tabela 2. Nome Comercial, nome comum, dosagem do ingrediente ativo (i.a.), dosagem do produto comercial (p.c.), dos produtos utilizados em tratamentos de experimento, para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana- de-açúcar sob tecnologia Plene�, com complementação ou não de carbofurano (Furadan 350 SC®), aplicado no sulco, sobre os toletes, para controle de Pratylenchus zeae em experimento de campo (Piracicaba, 2012). Tratamento Tecnologia Produto Ativo Dose (mL ou g) i.a./ha p.c./ha 1 Tolete com uma gema Testemunha --- --- --- 2 Plene� Avicta Abamectina 75 150 3 Plene� Avicta Abamectina 100 200 4 Plene� Avicta Abamectina 75 150 Furadan Carbofurano 1050 3000 5 Plene� Avicta Abamectina 100 200 Furadan Carbofurano 1050 3000 6 Plene� Avicta Abamectina 75 150 Furadan Carbofurano 1400 4000 7 Plene� Avicta Abamectina 100 200 Furadan Carbofurano 1400 4000 8 Plene� Avicta Abamectina 75 150 Furadan Carbofurano 1750 5000 9 Plene� Avicta Abamectina 100 200 Furadan Carbofurano 1750 5000 10 Plene� Furadan Carbofurano 1750 5000 Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, quatro repetições e parcelas experimentais úteis de 90 m2, constituídas de seis linhas de 10 m de comprimento, espaçadas em 1,5 m. Como bordadura, foram utilizadas duas linhas adjacentes de plantio a cada linha externa das parcelas, acrescida de um metro em todas as linhas experimentais no início e fim de cada parcela, com o objetivo de mitigar efeitos externos aos fatores estudados. Os colmos-semente da variedade RB825536 foram oriundos de viveiro conduzido na Estação Experimental, pertencente ao Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda., na cidade de Itápolis-SP. Para a instalação do viveiro, foram utilizados colmos-semente originados do primeiro ciclo de viveiro implantado, com colmos submetidos a tratamento térmico, segundo metodologia descrita por Coopersucar (1989). A coleta dos colmos semente para a instalação do experimento foi realizada oito meses após o plantio do viveiro. Posteriormente à coleta, estes colmos foram enviados à fábrica da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda., em Itápolis-SP, para a realização da despalha, corte e tratamento industrial dos toletes com os produtos thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin, nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha, respectivamente, para todos os tratamentos, e abamectina onde o produto foi solicitado. Como consequência, o produto final apresentou aspecto rosado com cortes perpendiculares ao eixo longitudinal do colmo e gema localizada no centro do mesmo, distanciada de 2,5 centímetros das superfícies do corte. O plantio dos toletes, em ambos os experimentos, foram realizados no dia dezesseis de março de 2010, utilizando-se sulcos em formato “V”, com espaçamento de 1,50 m entre sulcos e 0,4 m de profundidade e deposição de 8 toletes por metro, dispostos horizontalmente ao nível do solo Após a deposição dos toletes, referentes ao experimento 2, foi realizada a aplicação de carbofurano sobre os toletes, nas parcelas que a complementação foi solicitada. Para a aplicação de carbofurano sobre os toletes, utilizou-se pulverizador costal pressurizado por CO2, à pressão constante de 2 kgf . cm-2, barra equipada com bico de jato plano, modelo TT 11002 – Teejet e volume equivalente de calda da ordem de 200 L / ha. No momento das aplicações, a velocidade do vento média foi de 2,6 km / ha, umidade relativa média de 43% e a temperatura média de 24ºC. Após a deposição dos toletes e aplicação dos produtos nas parcelas correspondentes, todos os propágulos de cana foram cobertos por camada média de 8 cm de terra. No momento do plantio, foram coletadas amostras de solo e raízes em cada parcela, para verificação da infestação inicial de nematoides na área experimental. A subpopulação de P. zeae foi recuperada e identificada com base nos caracteres morfológicos de fêmeas adultas, segundo Gonzaga (2006). Na amostragem, foi encontrada subpopulação de M. javanica que foi identificada com base nos caracteres morfológicos do padrão perineal, preparado conforme Taylor e Netscher (1974), e na morfologia da região labial dos machos (EISENBACK et al., 1981); entretanto a espécie foi desprezada nesse trabalho pela diminuta soma de indivíduos encontrada. Para os dois experimentos, foram realizadas avaliações de perfilhos aos 60 e 120 Dias Após o Plantio (DAP), contagem de nematoides em 50 g de raízes aos 60 e 90 DAP e produtividade das parcelas experimentais aos 420 DAP. No contagem de perfilhos, foram utilizados os valores referentes às plantas que emergiram nas duas linhas centrais de cada parcela, excluindo-se a bordadura. Para a contagem de nematoides, foram coletadas amostras de solo e raízes nas quantidades de 1,0 e 0,2 kg, respectivamente, entre zero e 25 cm de profundidade, em 2 pontos alternados opostos nas linhas marginais de cada parcela. Os nematoides foram extraídos das amostras de solo (100 cm3) pelo método da flotação centrífuga em solução de sacarose (JENKINS, 1964) e raízes (50 g) pela técnica de Coolen e D’Herde (1972). A estimativa populacional foi obtida por meio da contagem em lâmina de Peters e com o auxílio de microscópio óptico. A estimativa de produtividade foi obtida mediante a aferição da massa fresca de cada parcela, com balança tipo célula de carga, graduada em 200 g, e os resultados foram tabulados em Toneladas de Cana-de-açúcar por Hectare (TCH). Para determinação dos atributos de qualidade, foi retirada de cada parcela, uma amostra de dez colmos, coletados aleatoriamente nos sulcos centrais, excluindo-se a bordadura. Posteriormente, as amostras foram encaminhadas ao Laboratório Tecnológico da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado São Paulo (COOPERCANA), localizado na cidade de Sertãozinho para serem tituladas para os valores de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR . / ha). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e quando significativa à análise de comparações de médias pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade com a utilização do Software JMP 10 (JMP® STATISTICAL DISCOVERY SOFTWARE, 2013). RESULTADOS E DISCUSSÃO No experimento 1, pela análise da Tabela 3, observou-se que, aos 60 dias após o plantio, todos os tratamentos não apresentaram diferenças estatísticas entre si, provavelmente em decorrência da uniformização da brotação nos tratamentos inerentes à quantidade de dias após o plantio nos quais a avaliação de perfilhamento foi realizada. Tabela 3. Perfilhamento aos 60 e 120 dias após o plantio, em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de Pratylenchus zeae em campo (Piracicaba, 2012). Tratamento Produto i.a./ha Perfilhos (m) 60 DAP 120 DAP 1 Testemunha --- 7,05 11,12 xb 2 abamectina 50 7,52 13,63 a 3 abamectina 100 6,42 12,15 ab 4 abamectina 150 6,67 11,39 ab 5 abamectina 200 8,42 11,67 ab 6 abamectina 250 7,60 13,33 ab Teste F NS * CV(%) 28,39 11,38 Significância dos valores de separação pelo Teste F: * = 5% e NS = não significativo. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Duncan a 5% de significância. Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. Na avaliação de perfilhamento aos 120 dias após o plantio, presentes na Tabela 3, todos os tratamentos somaram uma quantidade de perfilhos superior ao tratamento-testemunha; entretanto somente o tratamento dois referente a 50 g de abamectina por hectare diferiu estatisticamente do tratamento-testemunha. Todavia é valido ressaltar que todos os demais tratamentos contendo abamectina não diferiram estatisticamente entre si e entre o tratamento 2. Tabela 4. População inicial de Pratylenchus zeae, presentes no solo (zero dia após o plantio - DAP), nas raízes (60 e 90 DAP) em tratamentos de experimento para avaliação da eficácia agronômica do nematicida abamectina (Avicta 500 FS®), em tratamento industrial de cana-de-açúcar sob tecnologia Plene�, para controle de P. zeae em campo (Piracicaba, 2012). Tratamento Produto i.a./ha No de Pratylenchus zeae 0 DAP 60 DAP 90 DAP 100 cm3 de solo 50 g de raízes 1 Testemunha - 16 2362,20x b 3002,20xb 2 abamectina 50 16 1764,20 ab 844,40 a 3 abamectina 100 21 878,40 ab 360,20 a 4 abamectina 150 21 313,00 a 1010,00 a 5 abamectina 200 16 927,00 ab 415,00 a 6 abamectina 250 10,5 928,00 ab 330,00 a Teste F NS * * CV(%) 0,84** 54,8** 55,82** Significância dos valores de separação pelo Teste F: * = 5% e NS = não significativo. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Duncan a 5% de significância. **Dados transformados em x + 1000. Todos os tratamentos receberam thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45, e 90 g / ha respectivamente. Esses dados evidenciam que o perfilhamento pode ser influenciado pela presença de abamectina no sistema nematoide, solo e raízes, visto que todos os tratamentos do experimento incluindo o tratamento testemunha receberam aplicação de thiametoxam, fludioxonil, mefenoxan e azoxistrobin nas doses de 420, 15, 45 e 90 g / ha respectivamente. As médias das análises nematológicas da Tabela 4 do experimento 1 mostram que, no dia do plantio, a infestação de P. zeae na área experimental apresentava-se homogênea com todos os tratamentos, não diferindo estatisticamente entre si. Aos 60 dias, a subpopulação de P. zeae presente no tratamento-testemunha foi superior em números absolutos a todos os demais tratamentos; entretanto somente foi diferente estatisticamente ao tratamento com 150 g de abamectina por hectare. Todavia, é importante ressaltar que todos os tratamentos que receberam a aplicação com abamectina não diferiram estatisticamente entre si e entre o tratamento 4, que diferiu do tratamento- testemunha. Na avaliação referente a 120 dias após o plantio, todos os tratamentos contendo abamectina diferiram estatisticamente do tratamento testemunha, sendo efetivo na supressão de P. zeae nas condições testadas. Os resultados ratificam o entendimento de Fasker e Star (2006), que constataram sensibilidade de M. incognita à abamectina em condições de laboratório. Os resultados de perfilhamento e subpopulação de P. zeae, nos tratamentos propostos no experimento 1, confirmam os resultados de produtividade presentes na Tabela 5 com os incrementos absolutos em todas as doses de abamectina testadas; entretanto somente o tratamento contendo 150 g de abamectina por hectare difere estatisticamente do tratamento-testemunha, embora todos os tratamentos contendo abamectina não diferiram estatisticamente do tratamento 4 com 150 g de abamectina por hectare. Provavelmente, a produtividade superior no tratamento 4 foi inferida pela menor quantidade de nematoides aos 60 dias em relação aos demais. Esses dados confirmam resultados obtidos por Dinardo-Miranda e Ferraz (1991) e Novaretti (1997), que constataram que populações de P. zeae, próximas a 2.500 espécimes por 50 g de raízes, podem causar reduções significativas de produção em variedades suscetíveis até seis meses após o plantio da cana-de-açúcar. Na mesma linha, e