AAndré Gustavo de Lima Godas ANATOMIZAÇÃO DE PINOS DE FIBRA DE VIDRO. ESTUDO DE PROPRIEDADES MECÂNICAS NA INTERFACE RESTAURADORA ADESIVA Araçatuba 2014 Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP Departamento de Odontologia restauradora Programa de pós-graduação em Odontologia - Dentística AAndré Gustavo de Lima Godas ANATOMIZAÇÃO DE PINOS DE FIBRA DE VIDRO. ESTUDO DE PROPRIEDADES MECÂNICAS NA INTERFACE RESTAURADORA ADESIVA. Araçatuba 2014 AAndré Gustavo de Lima Godas ANATOMIZAÇÃO DE PINOS DE FIBRA DE VIDRO. ESTUDO DE PROPRIEDADES MECÂNICAS NA INTERFACE RESTAURADORA ADESIVA. Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia, Campus de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, como parte dos requisitos para obtenção do título de MESTRE, pelo programa de Pós- Graduação em Odontologia, Área de concentração: Dentística. Orientador: Prof. Adj. Paulo Henrique dos Santos Araçatuba 2014 Dedicatória Dedicatória A DEUS “Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.” (Salmos 121: 1-2) Aos meus amados pais, José Antônio Godas e Rosicléia de Lima Godas Dedicatória Aos meus queridos irmãos, Allan Felipe De Lima Godas e Arão Henrique de Lima Godas Aos meus queridos Avós, Lázaro Barbosa de Lima, Dolores Cuenca de Lima e Rosa Ruiz Romero Agradecimentos Especiais Agradecimentos Especiais Ao meu orientador, Prof. Paulo Henrique dos Santos. As amigas Thais Yumi Umeda Suzuki Agradecimentos Especiais Fabiana da Silva Públio Aos meus amigos que se tornaram irmãos de coração, Adriel Lidão Nunes, Bruno Barbosa Pinto e Clederson Daniel Petter (Polaco), Agradecimentos Especiais Graciele, Vander Bueno (nenê) e Fabio Lisboa (Chaulim). Agradecimentos Especiais “A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades.” (Abraham Lincoln) Aos meus amigos, Luciene Pereira de Castro, Agradecimentos Especiais Renan Aparecido Fernandes e Diego Felipe Mardegan Gonçalves Aos meus amigos da pós-Graduação, Rafael Gonçalves Simões (Rafa) Agradecimentos Especiais Laura Molinar Franco Lucas Silveira Machado (lusca) Marjorie de Oliveira Gallinari (Marjo) Agradecimentos Especiais Aos novos amigos de pós-graduação Fabio Martins Salomão, Janaina Cardoso Moreira , Mariana Dias Moda e Marjorie de Oliveira Gallinari Aos estagiários Jaque, Henrico, Bruna e Mariana “Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.” Miguel de Unamuno Y Jugo Agradecimentos Agradecimentos À Faculdade de Odontologia do Campus de Araçatuba – UNESP, Profa. Dra. Ana Maria Pires Soubhia Prof. Dr. Wilson Roberto Poii À coordenadora do curso de Pós-Graduação Profa. Dra. Maria José Hitomi Nagataa À Cordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), À fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)) Às funcionárias da Seção de Pós-Graduação Valéria Zagato, Lilian Mada e Cristiane Lui, Agradecimentos Aos bibliotecários Aos professores do curso de Pós-Graduação Aos alunos da turma de pós-graduação em Odontologia Aos professores do Departamento de Odontologia À Profa. Dra. Maria Cristina Rosifini Alves Rezende, Agradecimentos Prof. Dr. Ricardo Coelho Okidaa Prof. Dr. João Eduardo Gomes Filhoo Prof. Dra. Mirela Sanae Shinoharaa Prof. Dr. Renato Herman Sundfeldd Ao assessor administrativo Peterson Moura Agradecimentos As Ass. Suporte Acadêmico Cláudia Neves Corrêa, Nelci Vieira e Elaine Cristina Francischini Ferreira À ajudante geral Gracielee Reabilitação Oral Convencional e sobre implantes e Biomateriais e Bioengenhariaa Prof. Dr. Wirley Gonçalves Assunção e Prof. Dr. Eduardo Passos Rocha Ao Prof. Dr. Juno Gallegoo Agradecimentos Laboratório de Microscopia Eletrônica Elton José de Souza, . Em especial a banca examinadora composta pelos professores Prof. Dra. Ana Paula Albuquerque Guedes Prof. Dr. André Luiz Fraga Briso Epígrafe Epígrafe “Não é o que você é por dentro, mas sim o que você faz que define quem você é.” Agostinho de Hipona. André Gustavo de Lima Godas Resumo André Gustavo de Lima Godas GODAS, A.G.L. Anatomização de pinos de fibra de vidro. Estudo de propriedades mecânicas na interface restauradora adesiva. [Dissertação]. Araçatuba: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”; 2014. Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades mecânicas (módulo de elasticidade e dureza Martens) do cimento resinoso e dentina subjacente à interface adesiva quando da cimentação de pinos anatomizados e avaliar a resistência de união entre pinos de fibra de vidro anatomizados aos diferentes terços da dentina intraradicular antes e após a ciclagem mecânica, através do teste push-out. Quarenta pré-molares unirradiculares foram submetidos ao tratamento endodôntico e divididos em quatro grupos (n=10) de acordo com o tipo de retentor intra-radicular utilizado (pinos de fibra de vidro anatomizados com resina composta e pinos de fibra de vidro sem anatomização) e envelhecimento (com ou sem ciclagem mecânica, em equipamento eletromecânico de ensaios de fadiga, totalizando 1.200.000 ciclos). As amostras foram seccionadas em cortadeira de precisão, obtendo uma fatia de aproximadamente 1,3mm de cada terço a ser analisado (cervical, médio e apical), sendo então submetidas às mensurações de dureza Martens, módulo de elasticidade e ao teste de resistência de união nos diferentes terços da raiz. Após o teste de resistência de união, as amostras foram avaliadas em microscopia eletrônica de varredura. Os dados de resistência de união (MPa) e propriedades mecânicas (GPa) foram submetidos à ANOVA dois fatores para análises repetidas, sendo considerados como fatores de estudo os grupos experimentais e as regiões analisadas. As médias foram comparadas com o teste de Tukey (p = 0.05). Baseado nos resultados obtidos e nas limitações do estudo, a anatomização dos pinos de fibra de vidro com resina composta pouco influenciou nas propriedades mecânicas do cimento resinoso e da dentina adjacente, e não contribuiu para melhoria da resistência de união, independente da ciclagem mecânica realizada. A anatomização com resina composta não seria um procedimento clínico essencial na cimentação de pinos de fibra de vidro à dentina intraradicular. André Gustavo de Lima Godas Palavras-chaves: Cimentos de Resina. Técnica para retentor intrarradicular. Estética Dentária. André Gustavo de Lima Godas Abstract André Gustavo de Lima Godas GODAS, A.G.L. Anatomization of glass fiber post. Estudy of mecanical properties of interface adhesive restorative. [Dissertação]. Araçatuba: Universidade Estadual Paulista; 2014. Abstract The aim of this study was to evaluate the mechanical properties (elastic modulus and Martens hardness) of the resin cements and underlying dentin after the bonding of customized fiberglass posts to different thirds of intraroot dentin, as well as to measure the push-out bond strength before and after mechanical cycling. Single root pre-molars were subjected to endodontic treatments, and the samples were divided into four groups (n=10) according to the type of intraroot retainer used (customized and non-customized fiberglass posts) and aging (submitted or or not submitted to mechanical cycling, totaling 1.200.000 cycles). The roots were sectioned in slices of approximately 1.3mm (cervical, middle and apical regions) and submitted to the measurements of Martens hardness, elastic modulus and push-out bond strength test in different intrarradicular regions. After bonding strength test, the specimens were evaluate by scanning electron microscopy to characterize the dentin structure. Data of bond strength (MPa) and mechanical properties (GPa) were subjected to two-factor repeated measures ANOVA, considering the experimental groups and the regions analyzed as the factors of the study. Means were compared by Tukey's test (p = 0.05). Based on the results and limitations of the study, the customization of fiberglass posts with composite resin had few influence on the mechanical properties of resin cement and underlying dentin, and not contribute for the increase of push-out bond strength, independent of mechanical cycling procedure. The customization with composite resin would not be an essential clinical procedure to lute fiberglass posts to intrarradicular dentin. Keywords: Resin Cement. Post and core technique. Esthetics Dental. André Gustavo de Lima Godas Listas e Sumário André Gustavo de Lima Godas Lista de Abreviaturas , Simbolos e Siglas ºC = grau Celsius ± = mais ou menos % = percentagem μm = micrometro ANOVA = Análise da variância Ass. = Assistente CA = Califórnia CEP = Comitê de Ética e Pesquisa CT = Connecticut Eit = Módulo de elasticidade EUA = Estados Unidos da América et al. = e colaboradores GPa = Gigapascal HM = Dureza Martens Hz = Hertz IL = Illinois André Gustavo de Lima Godas MEV = Microscopia eletrônica de varredura ml = mililitro (unidade de medida equivalente a 10-3 l) mm = milímetro (unidade de medida equivalente a 10-3m) mN = mili Newton MN = Minessota min = minuto MPa = Megapascal N = Newton n° = número Prof. = Professor s = segundo SP = São Paulo TEGDMA = Dimetacrilato de trietilenoglicol UNESP = Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” André Gustavo de Lima Godas Lista de figuras CAPÍTULO 1 Figura 1: Representação da metodologia empregada neste estudo CAPÍTULO 2 Figura 1: Representação da metodologia empregada neste estudo Figura 2: Imagem representativa do Grupo 1 (sem anatomização e não ciclados) Figura 3: Imagem representativa do Grupo 2 (sem anatomização e ciclados) Figura 4: Imagem representativa do Grupo 3 (anatomizados e não ciclados) Figura 5: Imagem representativa do Grupo 4 (anatomizados e ciclados) André Gustavo de Lima Godas Lista de tabelas CAPÍTULO 1 Tabela 1: Materiais utilizados neste estudo. Tabela 2: Valores de Dureza Martens (HM) e Módulo de Elasticidade (Eit) do cimento resinoso RelyX U200 em função dos grupos apresentados nos diferentes terços do canal radicular (GPa). Tabela 3: Valores de Dureza Martens (HM) e Módulo de Elasticidade (Eit) da dentina em função dos grupos apresentados nos diferentes terços do canal radicular (GPa). CAPÍTULO 2 Tabela 1: Materiais utilizados neste estudo. Tabela 2: Resistência de união (push-out) (MPa) entre pinos de fibra de vidro aos diferentes terços da dentina intrarradicular. André Gustavo de Lima Godas Sumário 1 Introdução Geral..................................................................................................33 2 Capítulo 1 – Efeito da anatomização dos pinos de fibra de vidro nas propriedades mecânicas do cimento resinoso e da dentina intrarradicular.....37 2 .1 Resumo............................................................................................................. 38 2.2 Abstract.............................................................................................................. 40 2.3 Introdução e Proposição.....................................................................................42 2.4 Materiais e Método............................................................................................ 44 2.5 Resultado .......................................................................................................... 50 2.6 Discussão e conclusão....................................................................................... 52 Referências.............................................................................................................. 56 3 Capítulo 2 - Avaliação da resistência de união entre pinos de fibra de vidro anatomizados nos diferentes terços da dentina radicular....................................66 3.1Resumo............................................................................................................... ..67 3.2 Abstract .............................................................................................................69 3.3 Introdução e Proposição..................................................................................... 70 3.4 Materiais e Método.............................................................................................72 3.5 Resultado .......................................................................................................... 78 3.6 Discussão............................................................................................................79 3.7 Conclusão...........................................................................................................82 André Gustavo de Lima Godas Referências......................................................................................................... ......83 Anexos......................................................................................................................95 André Gustavo de Lima Godas Introdução Geral André Gustavo de Lima Godas 34 A evolução dos materiais odontológicos tem proporcionado grandes avanços na odontologia restauradora. Em virtude disto, restaurações estéticas em dentes fraturados ou tratados endodonticamente, têm mostrado mais êxito na qualidade, resistência e previsibilidade estética18. O uso de retentores intrarradiculares metálicos pré-fabricados ou fundidos ainda estão disponíveis no mercado odontológico e são muito utilizados em dentes tratados endodonticamente e com pouco remanescente dentário 14. Apesar de boa retenção e boa adaptação entre as paredes do canal radicular possibilitando uma fina camada de cimento, esses núcleos metálicos, além de serem esteticamente insatisfatórios, podem sofrer corrosão ao longo do tempo, gerando degradação na interface de união dentina-pino. Além da coloração irreversível na dentina, esses pinos podem causar fraturas radiculares em virtude do seu alto módulo de elasticidade, quando comparado com a dentina 9,21. Na tentativa de reduzir o número de fraturas radiculares e melhorar a característica estética, os pinos de fibra de vidro foram desenvolvidos para o uso em dentes tratados endodonticamente 13. Além de serem estéticos, esses pinos apresentam módulo de elasticidade semelhante à dentina e proporcionam, juntamente com a cimentação adesiva, uma dissipação mais uniforme das tensões geradas pela mastigação, diminuindo as fraturas radiculares16,28. Em estudos clínicos, Albaladejo et al. (2008)1 e Goracci et al. (2005)11 relataram que, para o sucesso das restaurações envolvendo o uso de pinos de fibra de vidro, seria necessária boa estabilidade e resistência da união entre pino, cimento e dentina radicular. Devido ao avanço da odontologia adesiva, os cimentos resinosos têm sido constantemente utilizados em restaurações envolvendo o uso de pinos intraradiculares, por possuírem propriedades mecânicas vantajosas 4, uma vez que o módulo de elasticidade similar entre esses materiais seria favorável e contribuiria para a estabilidade de união entre o pino, cimento e dentina. Os cimentos André Gustavo de Lima Godas 35 resinosos podem ser classificados em convencionais e autoadesivos. Os cimentos resinosos convencionais necessitam de um sistema adesivo para adesão à dentina no interior do canal radicular2 como, por exemplo, os sistemas etch-and-rinse, os quais necessitam de pré condicionamento ácido e da manutenção da dentina úmida para o processo de adesão à dentina 8,13. No entanto, quando se trabalha no interior do canal radicular, o controle da umidade, principalmente nos terço médio e apical, é clinicamente difícil de ser realizado 10. O desenvolvimento dos cimentos resinosos autoadesivos trouxe simplicidade à técnica de cimentação, uma vez que não necessitam da aplicação de sistemas adesivos à dentina. 6,13,16. Estes materiais possuem mecanismo de união que se baseia em interação micromecânica e adesão química à dentina6,30, em virtude da presença de monômeros ácidos em sua composição que interagem com a hidroxiapatita presente no dente 6,19,25 . Em seus estudos, De Munck et al. (2004)7, Goracci et al. (2006)12 e Leme et al. (2011)16 relataram que os cimentos resinosos auto-adesivo não são capazes de formar uma camada híbrida verdadeira, esses apenas modificam a smear layer produzindo uma interação superficial na interface cimento e dentina radicular. Sendo assim, a cimentação de pinos utilizando cimentos resinosos, envolve etapas críticas e continua sendo um procedimento clínico sensível e bastante criterioso13. Estudos clínicos têm demonstrado que o fracasso da cimentação adesiva dos pinos de fibra de vidro ocorre, principalmente, devido a falhas na interface adesiva cimento-dentina, com consequente perda de retenção entre o pino e dentina radicular 20,23,24,27 . Vários fatores como interação entre o sistema adesivo e o cimento resinoso 2,16, forma e composição do pino de fibra de vidro 2,23 ,forma e diferença no diâmetro dos terços cervical, médio e apical do canal radicular 2,15,23 têm sido responsáveis pela falha na cimentação dos pinos de fibra de vidro à dentina radicular 15. Sendo assim, a seleção adequada dos pinos intraradiculares, especialmente com relação ao seu formato e composição, juntamente com a forma do conduto radicular, é de relevante importância André Gustavo de Lima Godas 36 para o processo de adesão 29, uma vez que é necessário que o pino tenha boa adaptação ao conduto radicular, formando uma linha de cimentação delgada 23. Diferenças na espessura formada pelo cimento resinoso no espaço presente entre o pino e a dentina radicular nos terços cervical, médio e apical, poderia afetar a contração de polimerização do cimento resinoso, além da formação de bolhas na interface de união cimento-dentina, local de maior incidências de falhas adesivas 2,16,23. Por isso, vários tipos de pino têm sido desenvolvidos com formas e rugosidades variadas em sua superfície 23 . Com intuito de melhorar a adaptação dos pinos no interior do canal radicular, os pinos podem ser anatomizados utilizando resina composta, de acordo com a anatomia do canal radicular (pinos anatômicos). Esta técnica, utilizada em alguns estudos, trouxe benefícios como melhor adaptação do pino ao conduto, pois anatomiza cada pino intra-radicular ao respectivo condutor, obtendo-se melhor embricamento mecânico e menor linha de cimentação 3,9,18 . No entanto, existem poucos estudos relacionando o uso de pinos anatomizados com a estabilidade da união à dentina intra- radicular, bem como sua influência nas propriedades mecânicas da interface adesiva restauradora. Atualmente, o que se tem buscado na interação entre pinos, cimentos resinosos e dentina intra- radicular é uma resistência de união que tenha estabilidade ao longo do tempo, e simplicidade na técnica clinica. Dessa forma, neste estudo são apresentados dois capítulos com os seguintes objetivos: (1) avaliar as propriedades mecânicas (módulo de elasticidade e dureza Martens) do cimento resinoso e da dentina subjacente à interface adesiva quando da cimentação de pinos anatomizados aos diferentes terços da dentina intra-radicular; (2) avaliar a resistência de união entre pinos de fibra de vidro anatomizados aos diferentes terços da dentina intraradicular antes e após a ciclagem mecânica, através do teste push-out. André Gustavo de Lima Godas 37 Capítulo 1 André Gustavo de Lima Godas 38 EFEITO DA ANATOMIZAÇÃO DOS PINOS DE FIBRA DE VIDRO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CIMENTO RESINOSO E DA DENTINA INTRARRADICULAR 2.1 Resumo Propósito: Avaliar as propriedades mecânicas (módulo de elasticidade e dureza Martens) do cimento resinoso e da dentina subjacente à interface adesiva quando da cimentação de pinos anatomizados aos diferentes terços da dentina intrarradicular, submetidos ao envelhecimento mecânico. Materiais e Métodos: Quarenta pré-molares unirradiculares foram submetidos ao tratamento endodôntico e as amostras divididas em quatro grupos experimentais (n=10) de acordo com o tipo de retentor intra-radicular utilizado (pinos de fibra de vidro anatomizados com resina composta e pinos de fibra de vidro sem anatomização) e envelhecimento (com ou sem ciclagem mecânica, em equipamento eletromecânico de ensaios de fadiga, totalizando 1.200.000 ciclos). Após o processo de cimentação dos pinos, as amostras foram seccionadas em cortadeira de precisão, obtendo uma fatia de aproximadamente 1,3mm de cada terço a ser analisado (cervical, médio e apical) e submetida às mensurações de dureza Martens e módulo de elasticidade no cimento resinoso e nos diferentes terços da dentina intrarradicular subjacentes à interface de união. Os dados foram submetidos à ANOVA dois fatores para análises repetidas, sendo considerados como fatores de estudo os grupos experimentais e as regiões analisadas. As médias foram comparadas com o teste de Tukey (p=0.05). Resultados: Para o cimento resinoso, no terço cervical, os maiores valores de dureza Martens e módulo de elasticidade foram encontrados para o grupo sem anatomização após a ciclagem mecânica (1,09 ± 0,25 GPa e 21,73 ± 3,12 GPa, respectivamente), enquanto no terço apical, não houve diferença significante entre os grupos (p>0,05). Na comparação entre os terços, não houve diferença nos valores de dureza Martens para todos os grupos experimentais (p>0,05), André Gustavo de Lima Godas 39 enquanto que no módulo de elasticidade, apenas o grupo anatomizado antes da ciclagem mecânica, apresentou diferença significante entre os terços cervical (15,43 ± 2,68 GPa) e apical (12,14 ± 3,46 GPa) (p<0,05). Na dentina subjacente, os maiores valores de dureza Martens no terço cervical foram encontrados para o grupo sem anatomização após a ciclagem mecânica (1,26 ± 0,44 GPa), enquanto que no terço apical, não houve diferença na dureza Martens e módulo de elasticidade entre todos os grupos experimentais (p>0,05). Não houve diferença significante entre os terços analisados tanto para dureza Martens quanto para o módulo de elasticidade para todos os grupos estudados. Conclusão: De uma maneira geral, a anatomização dos pinos de fibra de vidro com resina composta pouco influenciou nas propriedades mecânicas do cimento resinoso e da dentina subjacente. Palavra-chave: Dureza. Cimentos de resina. Técnica para retentor intrarradicular. Significância Clínica: A escolha de uma técnica adequada, que garanta melhores propriedades mecânicas do agente cimentante e manutenção das propriedades mecânicas da dentina subjacente à interface de união, é de fundamental importância na longevidade da retenção dos pinos intrarradiculares. André Gustavo de Lima Godas 40 EFECT OF FIBERGLASS POST-CUSTOMIZATION ON THE MECHANICAL PROPERTIES OF RESIN CEMENT AND UNDERLYING INTRARADICULAR DENTIN SURFACE 2.2 Abstract: Purpose: The aim of this study was to evaluate the mechanical properties (elastic modulus and Martens hardness) of resin cement and underlying dentin of the adhesive interface when customized fiberglass posts are luted to different thirds of intraradicular dentin and submitted to mechanical aging. Materials and Methods: Single-rooted premolars were submitted to endodontic treatment and then divided into four groups (n = 10) according to the type of fiberglass post (customized with composite resin and non-customized) and aging (with or without mechanical cycling in electromechanical equipment for fatigue tests totaling 1.200.000 cycles). The samples were sectioned in slices of approximately 1.3 mm for each third to be analyzed (cervical, middle, and apical) and subjected to measurements of Martens hardness and elastic modulus in the resin cement and underlying dentin in different thirds of dentin root. The data were submitted to two-way repeated measures ANOVA, considering the experimental groups and dentin regions as factors of the study. Means were compared using Tukey’s test (p = 0.05). Results: For the cervical region of the resin cement, the highest values of Martens hardness and elastic modulus (1.09 ± 0.25 GPa and 21.73 ± 3.12 GPa, respectively) were found for the non- customized group after mechanical cycling, whereas in the apical region, there was no difference among the groups (p > 0.05). In the comparison among the regions, there was no difference in André Gustavo de Lima Godas 41 Martens hardness for all the experimental groups (p > 0.05), whereas for elastic modulus, only the customized group before mechanical cycling showed a difference between the cervical (15.43 ± 2.68 GPa) and apical regions (12.14 ± 3.46 GPa) (p < 0.05). In the underlying dentin, the highest values of Martens hardness in the cervical region were found for the non-customized group after mechanical cycling (1.26 ± 0.44 GPa), whereas in the apical region, there was no difference in the Martens hardness and elastic modulus among the groups (p > 0.05). Conclusion: Generally, the customization of fiberglass posts with composite resin had few influence on the mechanical properties of resin cement and underlying dentin. Keywords: Hardness. Resin cements. Post-and-core technique. Clinical significance: The choice of an appropriate technique that ensures better mechanical properties of the luting agent and maintenance of the mechanical properties of the underlying dentin is essential for guaranteeing the longevity of intracanal post retention. André Gustavo de Lima Godas 42 2.3 Introdução O desenvolvimento e evolução dos materiais estéticos têm sido marcante na Odontologia contemporânea. Como exemplo, os pinos de fibra de vidro vêm ganhando uma aceitação pelos cirurgiões dentistas, quando se trabalha com restaurações estéticas em dentes anteriores tratados endodonticamente ou com fraturas coronárias 1. Várias características têm sido mencionadas quanto ao uso dos pinos de fibra de vidro, dentre elas está à translucidez 2, estética aceitável3 e módulo de elasticidade semelhante à dentina, reduzindo assim o aumento do padrão de fraturas radiculares 4,5 . Segundo a literatura que uma boa relação de estabilidade entre o pino de fibra de vidro, o cimento e a dentina faz-se necessária 6-9. Atualmente os cimentos resinosos são os materiais de escolha para a cimentação de pinos de fibra de vidro, uma vez que possuem propriedades mecânicas satisfatórias para uma boa resistência adesiva 10, sendo atualmente classificados em convencionais e autoadesivos. Os cimentos resinosos convencionais necessitam de um sistema adesivo para união à dentina11, como, por exemplo, os adesivos etch-and-rinse, os quais necessitam de pré- condicionamento ácido e da manutenção da dentina úmida para o processo de adesão 12,13 . Porém, quando se trabalha no interior do canal radicular, o controle da umidade, principalmente nos terços médio e apical, é tecnicamente sensível e clinicamente difícil de ser obtido 14 . Na tentativa de se minimizar a sensibilidade técnica deste procedimento, os cimentos resinosos autoadesivos foram desenvolvidos, sendo que estes não necessitam de um prévio condicionamento ácido e/ou da utilização de sistema adesivo à dentina. O mecanismo de ação destes materiais baseia-se na interação micromecânica e química à dentina 15, uma vez que possuem monômeros ácidos em sua composição que são capazes de interagir com a hidroxiapatita presente na dentina intraradicular 16 . Mesmo com todo o progresso na evolução dos materiais, ainda há falhas no processo de cimentação adesiva especialmente no interior do conduto radicular. Estudos têm demonstrado que a perda de retenção dos pinos poderia ocorrer devido a problemas na interface adesiva cimento- André Gustavo de Lima Godas 43 dentina 4,5, como falha na interação química entre sistema adesivo e cimento resinoso, diferença na anatomia (forma e diâmetro) entre o pino e os diferentes terços do canal radicular 4 e forma e composição do pino de fibra de vidro 18. Na tentativa de melhorar a adaptação entre os pinos de fibra de vidro à dentina intra- radicular, pinos anatômicos estão sendo utilizados. Utilizando resina composta, os pinos de fibra de vidro são anatomizados de acordo com a geometria do canal radicular, na tentativa de obter melhor embricamento mecânico e menor linha de cimentação 19-21. A otimização da transmissão de luz, no interior do conduto, também se faz necessária para uma melhor polimerização dos materiais resinosos, mesmo quando estes possuem dupla ativação 22. A polimerização adequada do cimento resinoso é de extrema importância, uma vez que essa pode influenciar nas propriedades mecânicas do material e na adesão dos pinos de fibra de vidro à dentina radicular 1. O estudo das propriedades mecânicas dos componentes da interface adesiva é fundamental para compreensão do comportamento clínico dos materiais envolvidos no processo de cimentação resinosa. Por estar indiretamente ligado ao grau de conversão, o módulo de elasticidade e a dureza dos materiais podem interferir na integridade da interface adesiva entre o cimento resinoso e a dentina, influenciando assim a retenção do pino de fibra de vidro ao conduto radicular 23. Atualmente, várias são as metodologias empregadas para a avaliação do módulo de elasticidade e dureza dos materiais, dentre elas, o uso de penetradores (“indentadores”) diamantados do tipo Vickers ou Berkovich, os quais penetram na superfície do material, fornecendo o comportamento elástico e plástico do material através da curva de tensão em função da deformação 24. Diante disto o objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades mecânicas (módulo de elasticidade e dureza Martens) do cimento resinoso e da dentina subjacente à interface adesiva quando da cimentação de pinos anatomizados aos diferentes terços da dentina intrarradicular, submetidas ou não ao envelhecimento mecânico. As hipóteses nulas testadas foram (1) não haveria André Gustavo de Lima Godas 44 diferença nas propriedades mecânicas estudadas, do cimento resinoso e dentina subjacente, entre os pinos de fibra de vidro anatomizados e não anatomizados submetidos à ciclagem mecânica. (2) Não haveria diferença nas propriedades mecânicas do cimento resinoso e dentina subjacente nos diferentes terços (cervical, médio e apical) do canal radicular. 2.4 Materiais e métodos Seleção dos dentes O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, através de Plataforma Brasil (processo nº 03020412.0.0000.5420). Foram selecionados 40 pré-molares unirradiculares humanos, recém extraídos por motivos ortodônticos ou periodontais. Os dentes foram limpos com curetas, e congelados à temperatura de -20ºC até o início da execução da pesquisa. Todos os dentes com evidência clínica de cárie, reabsorção radicular, trincas ou fraturas foram excluídos da pesquisa. Inicialmente, os dentes foram posicionados em cortadeira de precisão Isomet 1000 (Buheler, Chicago, IL, USA). A coroa anatômica de todos os dentes foi removida 1mm acima da junção amelo-cementária, através de uma secção transversal com disco de diamante em cortadeira de precisão Isomet 2000 (Buheler, Chicago, IL, USA) sob refrigeração, em baixa velocidade (Figura 1A). Em seguida, as raízes remanescentes foram submetidas ao tratamento endodôntico. O acesso inicial ao conduto foi realizado com broca esférica n.º 1 (KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil) em alta rotação, sob-refrigeração. O comprimento de trabalho foi estabelecido visualmente, subtraindo-se 1mm do comprimento total de inserção de uma lima #10 K Flexofile (Antaeos, Munique, BY Alemanha), quando esta apareceu no forame apical. A instrumentação foi realizada manualmente, André Gustavo de Lima Godas 45 ao longo de todo o comprimento de trabalho, até a lima #45 K Flexofile (Antaeos, Munique, BY, Alemanha). Os condutos foram irrigados entre cada troca de lima e o canal foi preenchido com solução irrigadora durante a fase de instrumentação. Para cada dente, a cada lima, 3ml de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% foi utilizada. Após a irrigação final, os condutos foram secos com cones de papel absorventes e obturados com cones de guta-percha (Dentsply-Maillefer, Tulsa, Ok, USA) e cimento de hidróxido de cálcio Sealapex (Kerr, Orange, CA, EUA), pela técnica da condensação lateral. Após o corte dos excessos de guta-percha, o acesso coronal foi selado com resina temporária Clip F (VOCO, Cuxhaven, CUX, Alemanha). Os dentes tratados endodonticamente foram armazenados em 100% de umidade, em temperatura ambiente, durante um período de sete dias (Figura 1A). Preparo do espaço para a cimentação do pino O retentor intrarradicular utilizado foi o pino de fibra de vidro White Post DC nº 2 (FGM, Joinville, SC, Brasil). Para a cimentação dos pinos, um preparo intrarradicular foi confeccionado em todos os espécimes. Primeiramente, utilizando uma broca de largo n.º 1 (Dentsply-Maillefer, Tulsa, Ok, USA) em baixa velocidade, foi removido a guta-percha e confeccionado o espaço para a cimentação do pino, calibrada em profundidade de aproximadamente 9 mm, tendo como referência a medida do comprimento de trabalho do dente. Para a padronização do conduto foi usada a broca correspondente ao pino nº 2, garantindo a adaptação do pino ao conduto. Finalizado o preparo, os pinos foram provados para verificação da adaptação (Figura 1B). Divisão dos grupos experimentais: Os 40 dentes selecionados foram divididos de forma aleatória em quatro grupos de 10 dentes cada (n=10), de acordo com a técnica de cimentação dos retentores intra-radiculares e envelhecimento: Grupo 1 - para pinos de fibra de vidro não anatomizados e não envelhecidos mecanicamente; Grupo 2 - para pinos de fibra de vidro não anatomizados e envelhecidos André Gustavo de Lima Godas 46 mecanicamente; Grupo 3 - para pinos de fibra de vidro anatomizados e não envelhecidos mecanicamente e Grupo 4 - para pinos de fibra de vidro anatomizados e envelhecidos mecanicamente. Os materiais utilizados neste estudo estão descritos na tabela 1. Grupos 1 e 2 – Pinos de fibra de vidro sem anatomização Previamente ao procedimento adesivo, foi realizada a limpeza da superfície do pino de fibra de vidro, utilizando álcool 70% por 60 segundos. Em seguida, a superfície do pino foi silanizada utilizando o silano Prosil (FGM, Joinville, SC, Brasil) por 60 segundos, sendo, em seguida, realizada a secagem com jato de ar. A partir desse momento, a superfície do pino não foi mais manipulada, para evitar contaminação. A dentina intra-radicular foi irrigada com 2 ml de solução de água destilada, para remoção dos restos de guta-percha e manutenção da umidade do meio. O conduto foi seco com jato de ar e cones de papel absorvente. O cimento resinoso autoadesivo RelyX U200 (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA) foi manipulado, e aplicado sobre o pino com auxilio de uma espátula nº 24. Em seguida, o pino de fibra de vidro foi levado em posição no interior do conduto, sendo removidos os excessos de cimento. Por fim, o cimento resinoso foi fotoativado em cada face da raiz por 20 segundos utilizando um aparelho fotoativador de luz led Ultraled (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil). Grupos 3 e 4 – Pinos de fibra de vidro anatomizados com resina composta: Previamente ao procedimento adesivo, foi realizada a limpeza da superfície do pino de fibra de vidro, utilizando álcool 70% por 60 segundos. Em seguida, a superfície do pino foi silanizada utilizando o silano Prosil (FGM, Joinville, SC, Brasil) por 60 segundos, sendo, em seguida, realizada a secagem levemente com jato de ar. A seguir, o sistema adesivo Adper Single Bond 2 (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA) foi aplicado sobre a superfície do pino de fibra com o auxilio de um microbrush (KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil), seguido de leve jato de ar, e fotoativado André Gustavo de Lima Godas 47 utilizando um aparelho fotoativador de luz led Ultraled (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil) por 20 segundos. Para realização da anatomização dos pinos de fibra de vidro com resina composta, foi realizada a lubrificação do conduto radicular com gel lubrificante hidrossolúvel KY (Johnson & Johnson, Butatã, SP, Brasil). O pino de fibra de vidro foi envolvido com a resina composta Filtek Z350 XT (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA) levando-se, então, o conjunto no interior do conduto, marcando a região vestibular do pino. Os excessos foram removidos e o conjunto foi fotoativado utilizando um aparelho fotoativador de luz led Ultraled (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil), no interior do conduto, por dez segundos. O conjunto foi retirado do interior do canal radicular e fotoativado por mais trinta segundos pela superfície vestibular e palatina. Os condutos radiculares foram lavados com jato de água destilada, por trinta segundos, para remoção do lubrificante, e então, os canais radiculares foram secos com jatos de ar e cones de papel absorvente. Os pinos anatomizados foram também lavados com água destilada e secos com jato de ar. A cimentação dos pinos de fibra anatomizados com resina composta também foi realizada com cimento resinoso autoadesivo RelyX U200 (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA), da mesma maneira como descrito anteriormente. Após o processo de cimentação dos pinos, todos os dentes foram armazenados em água destilada por sete dias. Ciclagem mecânica: Os Grupos 2 e 4 foram submetidos à ciclagem mecânica. Anteriormente foi confeccionada em cada amostra um núcleo de preenchimento de resina composta Filtek Z350 XT (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA). Para tanto foi utilizada uma matriz pré-conformada cilíndrica de 7mm de altura. Aresina composta foi inserida e fotopolimerizada utilizando um aparelho fotoativador de luz led Ultraled (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil). O diâmetro de cada núcleo foi ajustado de acordo com o diâmetro da raiz de cada amostra. André Gustavo de Lima Godas 48 Os espécimes foram posicionados no equipamento eletromecânico de ensaios de fadiga (MSFM, Elquic, São Carlos, SP, Brasil), para realização de ciclagem mecânica, totalizando 1.200.000 ciclos 24,25. Para o posicionamento dos espécimes, foi confeccionada uma base de forma que o conjunto pino e raiz ficassem a 45 graus em relação à ponta de haste metálica do equipamento eletromecânico. Com o auxilio de uma furadeira de bancada, as bases foram perfuradas para a reprodução do alvéolo. Os espécimes foram incluídos individualmente com auxílio de um delineador, deixando a raiz o mais perpendicular possível, sendo, em seguida, a cavidade preenchida com resina acrílica Clássico (Clássico, São Paulo, SP, Brasil). Após a polimerização total da resina acrílica, com a utilização de água quente, os espécimes foram retirados da resina acrílica reproduzindo assim uma cavidade como um alvéolo. Com auxilio de uma ceringa Centrix, o material de impressão poliéter Impregum F(3M ESPE, Saint Paul, MN, USA) foi inserido na cavidade, seguido pela reinserção dos espécimes, reproduzindo assim um ligamento periodontal artificial, como proposto no estudo de Soares et al. (2005) 26. O equipamento eletromecânico de fadiga foi calibrado para operar com carga estática de 50N, conferida a cada substituição dos corpos-de-prova por meio de célula de carga (MS 50, Líder balanças, Araçatuba, SP, Brasil), e frequencia de 2Hz. O carregamento ocorreu sobre cada espécime de forma independente, por meio de uma ponta de aço com 4mm de diâmetro. Durante o ensaio, os espécimes permaneceram imersos em água destilada circulante a temperatura de 37oC ± 2oC (Cibirka, 2001) 27 , controlados pelo próprio equipamento eletromecânico (Figura 1C). Análise das propriedades mecânicas Para análise das propriedades mecânicas, os espécimes foram cortados perpendicularmente ao longo eixo, com disco diamantado montado em cortadeira de precisão Isomet 2000 (Buehler, André Gustavo de Lima Godas 49 EUA), obtendo uma fatia de aproximadamente 1,3mm de cada terço a ser analisado (terços cervical, médio e apical). As fatias foram embutidas em resina acrílica Clássico (Clássico, São Paulo, SP, Brasil), desgastadas manualmente com lixas abrasivas de granulação 320, 600, 800 e 1200 (Extec Corp, Enfield, CT, USA) e então polidas com pastas diamantadas (6, 3 e 1μm) por um período de 3 minutos cada etapa. As amostras foram limpas em cuba ultrassônica (Cristófoli, Campo Mourão, PR, Brasil) com água deionizada durante 8 minutos entre as lixas e pastas e ao final do processo (Figura 1D). A superfície preparada foi levada ao ultramicrodurômetro Digital DUH-211 (Shimadzu, Kyoto, Japão) para verificação da dureza Martens (HM) e módulo de elasticidade (Eit), sob ação de carga de 5mN, com tempo de manutenção de carga de 5 segundos, nas seguintes regiões da interface adesiva: cimento resinoso e dentina subjacente à interface de união. A ponta indentadora utilizada foi a Vickers, sendo realizadas três leituras em cada região. Essas grandezas foram obtidas a partir de um ciclo completo de carregamento e descarregamento de cargas (Figura 1E). A dureza Martens (HM) é definida como a carga máxima (Pmáx) dividida pela área projetada da impressão de contato (A): HM = Pmáx A O módulo de elasticidade (Eit) é calculado segundo a equação: 1 = (1-Ʋ2) + (1- Ʋi2) Er Eit Ei Onde Ʋ e Ʋi são respectivamente, os coeficiente de Poisson (definida como a razão entre as deformações especificas transversal e longitudinal) da amostra e do indentador; e Ei é o módulo de elasticidade do indentador. No nosso caso, Ʋ i = 1141GPa e Ʋ i = 0,07. O módulo de elasticidade reduzido (Er) é calculado pela seguinte equação: Er = André Gustavo de Lima Godas 50 Onde (A) é a área projetada pela impressão de contato, (s) é a rigidez do material obtido a partir da inclinação da porção inicial da curva de descarga e é 3,14. Neste estudo, os valores do módulo de elasticidade (Eit) e dureza Martens (HM) foram calculados automaticamente através do programa de software do equipamento (Figura 1E). Os dados de dureza Martens (HM) e módulo de elasticidade (Eit) foram submetidos a ANOVA dois fatores para análises repetidas, sendo considerados como fatores de estudo os grupos experimentais e as regiões analisadas. As médias foram comparadas com o teste de Tukey (p=0.05) 2.5 Resultados Cimento resinoso De acordo com os dados apresentados na Tabela 2, pode-se observar que no terço cervical, os maiores valores de dureza Martens foram encontrados para grupo sem anatomização após a ciclagem mecânica (1,09 ± 0,25 GPa), com diferença estatisticamente significante para os demais grupos (p<0,05). No terço médio, o mesmo resultado foi obtido, no entanto a diferença foi estatisticamente significante apenas para o grupo anatomizado antes da ciclagem mecânica (0,56 ± 0,29 GPa) (p=0,02). Neste terço, não houve diferença estatisticamente significante entre os pinos anatomizados antes e após a ciclagem mecânica (p=0,86). Já no terço apical não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos anatomizado e não anatomizados, antes ou após a ciclagem mecânica (p>0,05). Não houve diferença estatisticamente significante nos valores de dureza Martens entre todos os terços analisados em todos os grupos experimentais (p>0,05) André Gustavo de Lima Godas 51 Com relação ao módulo de elasticidade (Eit), no terço cervical, os maiores valores foram encontrados para o grupo não anatomizado após a ciclagem mecânica (21,73 ± 3,12 GPa), porém com diferença estatisticamente significante apenas para o grupo anatomizado antes da ciclagem mecânica (p=0,002). Para os terços médio e apical, não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos não anatomizado e anatomizado, antes ou após a ciclagem mecânica (p>0,05). Na comparação dos valores de módulo de elasticidade entre os diferentes terços analisados, só houve diferença estatisticamente significante para o grupo anatomizado antes da ciclagem mecânica, no qual o terço cervical apresentou maiores valores (15,43 ± 2,68 GPa) comparado ao terço apical (12,14 ± 3,46 GPa) (p=0,01). Nos demais grupo analisados, não foram encontradas diferenças estatisticamente significante entre os terços do canal intrarradicular (p>0,05). Dentina: De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, referentes às propriedades mecânicas da dentina subjacente à área de união, os maiores valores de dureza Martens (HM) no terço cervical foram encontrados para o grupo não anatomizado após a ciclagem mecânica (1,26 ± 0,44 GPa) com diferença estatisticamente significante apenas para o grupo anatomizado antes da ciclagem mecânica (0,68 ± 0,30 GPa) (p=0,01). No terço médio, o grupo anatomizado após a ciclagem mecânica apresentou os maiores valores de dureza Martens (1,27 ± 0,49 GPa), com diferença estatisticamente significante para o respectivo grupo não ciclado (0,82 ± 0,18 GPa) (p=0,03). No terço apical, não houve diferença estatisticamente entre os grupos não anatomizado e anatomizado, antes ou após a ciclagem mecânica (p>0,05). Não houve diferença estatisticamente significante nos valores de dureza Martens entre os diferentes terços da dentina intraradicular em todos os grupos experimentais (p>0,05). André Gustavo de Lima Godas 52 Em relação ao módulo de elasticidade (Eit), não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos não anatomizado e anatomizado, antes ou após a ciclagem mecânica, nos terços cervical, médio e apical (p>0,05). Na comparação entre os diferentes terços da dentina intraradicular para cada grupo separadamente, também não houve diferença estatisticamente significante entre os valores de módulo de elasticidade (Eit) (p>0,05). 2.6 Discussão As propriedades mecânicas dos materiais odontológicos, especialmente dos agentes cimentantes resinosos, podem variar devido a vários fatores, como adequada manipulação do material, temperatura, local de cimentação e grau de polimerização do material28,29. A dureza e o módulo de elasticidade de um material são propriedades que podem avaliar de uma forma indireta o grau de conversão do mesmo e, consequentemente, a eficiência da polimerização do material 29,30. No presente estudo, o método utilizado para a avaliação da dureza e módulo de elasticidade foi o teste de ultra-microindentação, onde as deformações plásticas e elásticas do material são mensuradas pela profundidade de penetração da ponta do indentador 31. O método de análise por ultra-microindentação possui algumas vantagens em relação a outros testes de dureza (Vickers e Knoop) utilizado na engenharia, por ser adequado para a análise de dureza de materiais sólidos, não é influenciado pelo operador, uma vez que os resultados de dureza são calculados pelo próprio equipamento, além da possiblidade de se calcular também o módulo de elasticidade do material 32. De acordo com as Tabelas 2 e 3, pode-se evidenciar que para ambas as propriedades mecânicas estudadas, a anatomização dos pinos de fibra de vidro levaram a diferenças nos valores de dureza e módulo de elasticidade do cimento resinoso e da dentina subjacente, quando comparado aos pinos não anatomizados, especialmente no terço cervical. Dessa forma, rejeita- a primeira hipótese nula do estudo. André Gustavo de Lima Godas 53 Uma adequada polimerização seria necessária para garantir melhores propriedades mecânicas dos materiais resinosos 1. No caso de cimentos resinosos localizados no interior do conduto radicular, não somente a luz incidente influencia esta polimerização, mas também a qualidade da transmissão de luz através do pino. No presente estudo, os valores de dureza e módulo de elasticidade do cimento resinoso foram maiores nos grupos não anatomizados comparados aos respectivos grupos anatomizados, especialmente nos terços cervical e médio (Tabela 2). Especula-se que o processo de anatomização dos pinos de fibra de vidro com resina composta tenha alterado a capacidade do pino em absorver, refletir e dispersar luz através do conduto radicular, com possível prejuízo nas propriedades mecânicas do cimento. Conforme vai ocorrendo a atenuação da luz ao longo do canal radicular 33,34, com consequente menor transmissão da mesma em direção ao terço apical, esse fenômeno vai sendo minimizado, o que poderia explicar a não diferença estatística nos valores de dureza Martens e módulo de elasticidade entre os pinos anatomizados e não anatomizados nesta região (Tabela 2). Para materiais de dupla ativação, quanto mais distante o material da fonte de luz, maior a influência da polimerização química dos cimentos duais35 , como o.utilizado neste estudo. A ciclagem mecânica é um processo laboratorial utilizado para simular a função mastigatória. Fatores como força aplicada no momento do ciclo, direção desta força, frequência da carga, temperatura e números de ciclos influenciam neste processo36. No presente estudo, um total de 1.200.00 ciclos foram realizados, correspondendo a aproximadamente cinco anos de uso clínico37. De uma forma geral, a ciclagem mecânica aumentou os valores de dureza do cimento resinoso apenas no terço cervical, no grupo onde os pinos não foram anatomizados (Tabela 2). Nas demais condições experimentais, a ciclagem mecânica não causou efeito nas propriedades mecânicas do cimento. Pedreira et al. (2009)28 avaliando a dureza de cimentos resinosos, antes e após o armazenamento por três meses em água destilada à 37ºC, mostraram aumento na dureza do cimento resinoso autoadesivo, sendo que a presença de partículas de cargas fortemente aderidas no André Gustavo de Lima Godas 54 interior da matriz diminuiria a sensibilidade à umidade do material, com otimização de suas propriedades mecânicas. Esta alta estabilidade apresentada por estes materiais poderia explicar os resultados encontrados no presente estudo. Na comparação entre os diferentes terços analisados (cervical, médio e apical), apenas o grupo anatomizado antes da ciclagem mecânica apresentou diferença nos valores de módulo de elasticidade do cimento resinoso entre os terços cervical e apical (Tabela 2), rejeitando-se segunda hipótese nula do estudo. Na análise da dureza Martens, não houve qualquer diferença entre os terços analisados para todos os grupos experimentais. Embora exista menor transmissão de luz em direção aos terços médio e apical, o fato do cimento apresentar também a polimerização química, explicaria a similaridade nos resultados encontrados38 No caso específico do grupo onde o pino de fibra de vidro foi anatomizado com resina composta, uma pequena barreira à passagem de luz poderia ter sido criada durante a fotoativação do cimento resinoso, contribuindo para a redução do módulo de elasticidade no terço apical comparado ao terço cervical (Tabela 2). Na dentina subjacente à interface adesiva, pode-se observar que nos terços cervical e médio, os menores valores foram encontrados para o grupo anatomizado antes da ciclagem mecânica (Tabela 3). A alteração dos valores de dureza Martens na dentina subjacente à interface adesiva poderia estar relacionada às propriedades químicas do cimento resinoso auto-adesivo utilizado neste estudo. A variação de pH e a manutenção da acidez do material poderia interagir com a dentina, alterando assim a sua dureza. Saskalauskaite et al. (2008)39, comparando a variação de pH de vários cimentos resinosos convencionais e auto-adesivos, demostraram que os materiais auto-adesivos apresentam grande variação nos valores de pH, tanto após a ativação exclusivamente química quanto dual. Especula-se que no presente estudo, a anatomização dos pinos de fibra de vidro com resina composta poderia ter influenciado na velocidade da polimerização do cimento resinoso, em virtude da atenuação da transmissão de luz via pino, o que poderia retardar a neutralização do pH do cimento resinoso 39 influenciando assim nos valores de dureza da dentina subjacente. André Gustavo de Lima Godas 55 Na dentina, no terço apical, este estudo mostrou que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos anatomizados e não anatomizados, antes e após a ciclagem mecânica (Tabela 3). A dificuldade da incidência de luz nesta região e a dificuldade do acesso à região apical devido a anatomia radicular poderiam explicar a não diferença tanto na dureza quanto no módulo de elasticidade da dentina entre os grupos 40-43. Mesmo nos grupos onde o pino é anatomizado, pouco volume de resina composta é encontrado sobre os pinos de fibra de vidro no terço apical, normalmente pela melhor adaptação do pino ao interior no conduto nesta região. Quando comparamos as propriedades mecânicas da dentina nos diferentes terços do conduto intrarradicular, não houve diferença entre os grupos anatomizados e não anatomizados antes e após a ciclagem mecânica (Tabela 3). Embora estudos revelem boa retenção do cimento resinoso auto- adesivo à dentina 4,9,18, este, por possuir monômeros ácidos fracos na sua composição, não são capazes de alterar significativamente a superfície da dentina e formar uma camada híbrida verdadeira 16,44,45Além disso, como o íntimo contato do cimento à dentina intrarradicular é clinicamente mais difícil de ser obtido, a ação do cimento sobre a hidroxiapatita do dente parece pouco influenciar a dureza e módulo de elasticidade da superfície dentinária. De uma maneira geral, a anatomização dos pinos de fibra de vidro com resina composta pouco influenciou nas propriedades mecânicas do cimento resinoso e da dentina subjacente. Outras condições experimentais, como o uso de resinas compostas translúcidas no processo de anatomização dos pinos ou o uso de outros agentes cimentantes resinosos, devem ser avaliadas para comprovar o real efeito da anatomização na longevidade da interface adesiva envolvendo pinos de fibra de vidro. 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The effect of dentin pretreatment on the microtensile bond strength of self-adhesive resin cements. The Journal of prosthetic dentistry 2010; 104: 258-264. 45 Suzuki TY, Godas AG, Guedes A, Catelan A, Pavan S, Briso AL, dos Santos, PH. Microtensile bond strength of resin cements to caries-affected dentin. The Journal of prosthetic dentistry, 2013; 110: 47-55. André Gustavo de Lima Godas 63 TABELAS Tabela 1: Materiais utilizados neste estudo Marca comercial Material Lote Composição Fabricante White Post DC nº 2 Pino de Fibra de Vidro 070613 Fibra de vidro, resina epoxi, carga inorgânica, silano, promotores de polimerização. FGM, Santa Catarina, Brasil. Filtek Z350 XT cor A2 Resina Composta N 187685 Partícula primárias de zircônia/sílica com cargas de tamanhos entre 5-20nm. Porcentagem de carga de 78,5% 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA. Adper Single Bond 2 Sistema Adesivo 1308500140 Dimetacrilatos, UEMA, PAA, sílica coloidal silanizada de 5 nm, etanol, água, fotoiniciador. 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA. Silano Prosil Agente de união Silano 310112 3-Metacriloxipropiltrimetoxissilino 5% Etanol 85% e água 10% FGM, Santa Catarina, Brasil. RelyX U200 Cimento Resinoso Autoadesivo 491941 Pasta base: pó de vidro tratado com silano, ácido 2-propenóico, 2-metil 1,1’-[1-(hydroxymetil)-1,2- ethanodlyl] éster, dimetacrilato de trietileno glicol (TEG-DMA), sílica tratada com silano, fibra de vidro, persulfato de sódio e per-3,5,5- trimetil-hexanoato t-butila. Pasta catalisadora: pó de vidro tratado com silano, dimetacrilato substituto, sílica tratada com silano, p-toluenosulfonato de sódio, 1- benzil-5-fenil-ácido bárico, sais de cálcio, 1,12-dodecano dimetacrilato, hidróxido de cálcio e dióxido de titânio. 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA. André Gustavo de Lima Godas 64 Tabela 2: Valores de dureza Martens (HM) e módulo de elasticidade (Eit) do cimento resinoso Rely X U200 em função dos grupos apresentados nos diferentes terços do canal radicular (GPa) * Médias seguidas por letras distintas, maiúscula na coluna e minúscula na linha, apresentam diferença estaticamente significante (5%). Tabela 3: Valores de dureza martens (HM) e módulo de elasticidade (Eit) da dentina em função dos grupos apresentados nos diferentes terços do canal radicular (GPa). * Médias seguidas por letras distintas, maiúscula na coluna e minúscula na linha, apresentam diferença estaticamente significante (5%) para cada propriedade mecânica Grupo 1 (sem anatomização e não ciclado) Grupo 2 (sem anatomização e ciclado) Grupo 3 (anatomizado e não ciclado) Grupo 4 (anatomizado e ciclado) Cervical 0,75 ± 0,23 A b 1,09 ± 0,25 A a 0,62 ± 0,18 A b 0,80 ± 0,25 A b HM Médio 0,76 ± 0,30 A ab 0,96 ± 0,31 A a 0,56 ± 0,29 A b 0,66 ± 0,17 A ab Apical 0,70 ± 0,29 A a 0,77 ± 0,47 A a 0,52 ± 0,21 A a 0,75 ± 0,15 A a Cervical 18,37 ± 3,91 A ab 21,73 ± 3,12 A a 15,43 ± 2,68 A b 18,39 ± 3,68 A ab Eit Médio 18,37 ± 6,27 A a 19,00 ± 4,90 A a 14,33 ± 4,00 AB a 15,43 ± 3,05 A a Apical 17,04 ± 3,46 A a 16,36 ± 8,32 A a 12,14 ± 3,46 B a 16,00 ± 3,28 A a Grupo 1 (sem anatomização e não ciclado) Grupo 2 (sem anatomização e ciclado) Grupo 3 (anatomizado e não ciclado) Grupo 4 (anatomizado e ciclado) Cervical 0,98 ± 0,49 A ab 1,26 ± 0,44 A a 0,68 ± 0,30 A b 0,84 ± 0,28 A ab HM Médio 1,13 ± 0,34 A ab 1,24 ± 0,32 A ab 0,82 ± 0,18 A b 1,27 ± 0,49 A a Apical 1,10 ± 0,52 A a 0,96 ± 0,56 A a 0,85 ± 0,12 A a 1,09 ± 0,36 A a Cervical 42,25 ± 11,13 A a 37,54 ± 7,13 A a 34,62 ± 11,74 A a 40,78 ± 19,48 A a Eit Médio 42,26 ± 10,87 A a 38,69 ± 9,95 A a 41,29 ± 15,19 A a 43,53 ± 5,71 A a Apical 43,31 ± 8,03 A a 35,77 ± 13,63 A a 39,08 ± 11,25 A a 55,41 ± 28,30 A a André Gustavo de Lima Godas 65 FIGURAS Figura 1: Representação da metodologia empregada neste estudo. André Gustavo de Lima Godas 66 Capítulo 2 André Gustavo de Lima Godas 67 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UNIÃO ENTRE PINOS DE FIBRA DE VIDRO ANATOMIZADOS AOS DIFERENTES TERÇOS DA DENTINA RADICULAR. Relevância clinica: A anatomização com resina composta é um procedimento clínico utilizado na melhoria da adaptação dos pinos de fibra de vidro à dentina intrarradicular. 3.1 Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar a resistência de união entre pinos de fibra de vidro anatomizados aos diferentes terços da dentina intraradicular antes e após a ciclagem mecânica, através do teste push-out. Quarenta pré-molares unirradiculares foram submetidos ao tratamento endodôntico e as amostras divididas em quatro grupos (n=10), de acordo com o tipo de retentor intraradicular utilizado (pinos de fibra de vidro anatomizados com resina composta e pinos de fibra de vidro sem anatomização) e envelhecimento (com ou sem ciclagem mecânica, em equipamento eletromecânico de ensaios de fadiga, totalizando 1.200.000 ciclos). As amostras foram seccionadas em cortadeira de precisão, obtendo uma fatia de aproximadamente 1,3mm de cada terço a ser analisado (cervical, médio e apical) e submetidas ao teste de push-out nos diferentes terços da raiz. Os dados de resistência de união (MPa) foram submetidos a ANOVA dois fatores para análises repetidas, sendo considerados como fatores de estudo os grupos experimentais e as regiões analisadas. As médias foram comparadas com o teste de Tukey (p=0.05). Não houve diferença estatisticamente significante para os grupos anatomizados e não anatomizados, no terço cervical, antes e após a ciclagem mecânica (p = 0,18). No terço médio do canal radicular, os maiores valores de resistência de união foram encontrados para o grupo sem anatomização antes da ciclagem mecânica (12,90 ± 6,88 Mpa), sem diferença estatisticamente significante para o respectivo grupo ciclado (7,58 ± 4,72 Mpa) (p>0,05). No terço apical, onde os menores valores de resistência de união foram observados para os grupos anatomizados. Para os pinos anatomizados, o terço cervical apresentou maiores médias de resistência de união, comparado aos terços médio e apical, tanto antes como após a André Gustavo de Lima Godas 68 ciclagem mecânica (p<0,05). De uma maneira geral, a anatomização dos pinos de fibra de vidro não contribuiu para melhoria da resistência de união, independente da ciclagem mecânica realizada. André Gustavo de Lima Godas 69 PUSH-OUT BOND STRENGTH BETWEEN CUSTOMIZED FIBERGLASS POSTS TO DIFFERENT REGIONS OF INTRARADICULAR DENTIN Clinical relevance: The customization with composite resin is a clinical procedure to improve the adaptation of fiberglass to intraradicular dentin. 3.2 Abstract: The aim of this study was to evaluate the bond strength between customized fiberglass posts and different thirds of intraradicular dentin before and after mechanical cycling through the push- out test. Forty single-rooted premolars were submitted to endodontic treatment, with the samples divided into four groups (n = 10) according to the type of fiberglass post (customized or non- customized posts) and aging (with or without mechanical cycling in electromechanical equipment for fatigue tests totaling 1.200.000 cycles). The samples were sectioned into slices of approximately 1.3 mm for each third of intraradicular dentin to be analyzed (cervical, middle, and apical) and submitted to the push-out bond test. The bond strength (MPa) data were submitted to two-way repeated measures ANOVA, considering the experimental groups and analyzed regions as the factors of the study. Means were compared by Tukey’s test (p = 0.05). There was no statistically significant difference between the customized and non-customized fiberglass posts at the cervical region before and after mechanical cycling (p = 0.18). In the middle third of the root canal, the highest value of bond strength was found for the non-customized group before mechanical cycling (12.90 ± 6.88 MPa) with no statistically significant difference for the respective aged group (7.58 ± 4.72 MPa) (p > 0.05). The same results were observed in the apical region, where the lower values of bond strength were found for the customized groups. For customized fiberglass posts, the cervical region showed higher values of bond strength as compared to the middle and apical thirds (p < 0.05) before and after mechanical cycling. Generally, the customization of fiberglass posts did not improve the bond strength of the fiberglass posts to dentin, independent of the mechanical cycling procedure. André Gustavo de Lima Godas 70 3.3 introdução Os retentores intraradiculares, especialmente metálicos, têm sido muito utilizados ao longo dos anos em dentes tratados endodonticamente e com pouco remanescente dental 1,2. Apesar de boa capacidade de retenção e adaptação com as paredes do canal radicular, propiciando uma fina camada de cimento, estes pinos metálicos têm se mostrado insatisfatório esteticamente, devido à possibilidade de causar coloração irreversível à dentina, ocasionada pela corrosão de metais não nobres ao longo do tempo 3. Além dessa deficiência estética, estudos têm mostrado alto índice de fraturas radiculares relacionadas à utilização destes materiais, uma vez que estes apresentam maior módulo de elasticidade, quando comparado com a dentina 4 . O desenvolvimento dos pinos reforçados por fibra de vidro trouxe uma nova perspectiva para a utilização de pinos intraradiculares. Além de sua estética satisfatória, os pinos de fibra de vidro possuem módulo de elasticidade semelhante à dentina que, juntamente com a cimentação adesiva, são capazes de dissipar as forças mastigatórias ao longo do dente de maneira mais uniforme, evitando assim fraturas radiculares5,6 . Estudos relatam que, para o sucesso da cimentação dos pinos de fibra de vidro à dentina radicular, seria necessário haver uma boa estabilidade de união entre o pino, cimento e dentina7,8 . Com o avanço da Odontologia adesiva, o desenvolvimento e a evolução cimentos resinosos aperfeiçoaram as técnicas de cimentação utilizando pinos de fibra de vidro, uma vez que possuem propriedades mecânicas vantajosas para uma boa resistência de união 9. Os cimentos resinosos podem ser classificados em convencionais e autoadesivos. Os cimentos autoadesivos não necessitam de aplicação prévia de sistema adesivo à dentina, simplificando o processo de união. Estes materiais possuem mecanismo de união que se baseia na interação micromecânica e adesão química à dentina 9,12, uma vez que possuem monômeros ácidos André Gustavo de Lima Godas 71 em sua composição que interagem com a hidroxiapatita presente no dente. Alguns estudos têm relatado que os cimentos resinosos autoadesivo não são capazes de formarem uma camada híbrida verdadeira, por apenas modificar a smear layer, resultando em uma interação superficial na interface cimento e dentina radicular 9 . No entanto, a etapa clinica de cimentação ainda continua sendo um procedimento bastante sensível e criterioso quando realizado no interior no conduto radicular11. Estudos clínicos e laboratoriais têm demonstrado que a principal falha ocorre na interface adesiva cimento-dentina, com consequente perda de retenção entre o pino e a dentina intraradicular. Vários fatores como interação entre o sistema adesivo e o cimento resinoso 8,10,13, forma e composição do pino de fibra de vidro 10,14, forma e diferença no diâmetro dos terços cervical, médio e apical do canal radicular 10,14,15 têm sido responsáveis pela falha na cimentação dos pinos de fibra de vidro à dentina radicular 15. A deficiência na adaptação entre o pino de fibra de vidro e o conduto radicular também pode ocasionar falhas nesta interface. Alguns estudos têm relatado que diferenças na espessura do cimento resinoso no espaço existente entre o pino e a dentina radicular nos terços cervical, médio e apical, poderia afetar a tensão gerada pela contração de polimerização do material, além da formação de bolhas na interface de união cimento-dentina, 2,16,17. Na tentativa de melhorar a adaptação dos pinos ao conduto radicular, a anatomização dos pinos de fibra de vidro com resina composta seria uma alternativa clínica viável e de simples execução. Esta técnica possibilitaria melhor adaptação do pino ao conduto, pois anatomiza cada pino intraradicular ao respectivo conduto, obtendo-se melhor embricamento mecânico e menor linha de cimentação 17,18. Porém, estudos avaliando a estabilidade de união desses pinos ao conduto radicular, principalmente à longo prazo ainda são necessários e escassos na literatura. André Gustavo de Lima Godas 72 Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a resistência de união entre pinos de fibra de vidro anatomizados com resina composta aos diferentes terços da dentina intraradicular antes e após a ciclagem mecânica, através do teste push-out. As hipóteses nulas testadas foram: (1) A anatomização dos pinos de fibras com resina composta não resulta em diferença na resistência de união à dentina quando comparados aos pinos não anatomizados, submetidos ou não à ciclagem mecânica. (2) Não há diferença na resistência de união entre os pinos de fibra de vidro aos diferentes terços do canal radicular. 3.4 Materiais e métodos Seleção dos dentes O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, através de Plataforma Brasil (processo nº 03020412.0.0000.5420). Foram selecionados 40 pré-molares unirradiculares humanos, recém extraídos por motivos ortodônticos ou periodontais. Os dentes foram limpos com curetas, e congelados à temperatura de -20ºC até o início da execução da pesquisa. Todos os dentes com evidência clínica de cárie, reabsorção radicular, trincas ou fraturas foram excluídos da pesquisa. Inicialmente, os dentes foram posicionados em cortadeira de precisão Isomet 1000 (Buheler, Chicago, IL, USA). A coroa anatômica de todos os dentes foi removida 1mm acima da junção amelo-cementária, através de uma secção transversal com disco de diamante em cortadeira de precisão Isomet 2000 (Buheler, Chicago, IL, USA) sob refrigeração, em baixa velocidade (Figura 1A). Em seguida, as raízes remanescentes foram submetidas ao tratamento endodôntico. O acesso inicial ao conduto foi realizado com broca esférica n.º 1 (KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil) em alta André Gustavo de Lima Godas 73 rotação, sob-refrigeração. O comprimento de trabalho foi estabelecido visualmente, subtraindo-se 1mm do comprimento total de inserção de uma lima #10 K Flexofile (Antaeos, Munique, BY Alemanha), quando esta apareceu no forame apical. A instrumentação foi realizada manualmente, ao longo de todo o comprimento de trabalho, até a lima #45 K Flexofile (Antaeos, Munique, BY, Alemanha). Os condutos foram irrigados entre cada troca de lima e o canal foi preenchido com solução irrigadora durante a fase de instrumentação. Para cada dente, a cada lima, 3ml de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% foi utilizada. Após a irrigação final, os condutos foram secos com cones de papel absorventes e obturados com cones de guta-percha (Dentsply-Maillefer, Tulsa, Ok, USA) e cimento de hidróxido de cálcio Sealapex (Kerr, Orange, CA, EUA), pela técnica da condensação lateral. Após o corte dos excessos de guta-percha, o acesso coronal foi selado com resina temporária Clip F (VOCO, Cuxhaven, CUX, Alemanha). Os dentes tratados endodonticamente foram armazenados em 100% de umidade, em temperatura ambiente, durante um período de sete dias (Figura 1A). Preparo do espaço para a cimentação do pino O retentor intrarradicular utilizado foi o pino de fibra de vidro White Post DC nº 2 (FGM, Joinville, SC, Brasil). Para a cimentação dos pinos, um preparo intrarradicular foi confeccionado em todos os espécimes. Primeiramente, utilizando uma broca de largo n.º 1 (Dentsply-Maillefer, Tulsa, Ok, USA) em baixa velocidade, foi removido a guta-percha e confeccionado o espaço para a cimentação do pino, calibrada em profundidade de aproximadamente 9 mm, tendo como referência a medida do comprimento de trabalho do dente. Para a padronização do conduto foi usada a broca correspondente ao pino nº 2, garantindo a adaptação do pino ao conduto. Finalizado o preparo, os pinos foram provados para verificação da adaptação (Figura 1B). André Gustavo de Lima Godas 74 Divisão dos grupos experimentais: Os 40 dentes selecionados foram divididos de forma aleatória em quatro grupos de 10 dentes cada (n=10), de acordo com a técnica de cimentação dos retentores intra-radiculares e envelhecimento: Grupo 1 - para pinos de fibra de vidro não anatomizados e não envelhecidos mecanicamente; Grupo 2 - para pinos de fibra de vidro não anatomizados e envelhecidos mecanicamente; Grupo 3 - para pinos de fibra de vidro anatomizados e não envelhecidos mecanicamente e Grupo 4 - para pinos de fibra de vidro anatomizados e envelhecidos mecanicamente. Os materiais utilizados neste estudo estão descritos na tabela 1. Grupos 1 e 2 – Pinos de fibra de vidro sem anatomização Previamente ao procedimento adesivo, foi realizada a limpeza da superfície do pino de fibra de vidro, utilizando álcool 70% por 60 segundos. Em seguida, a superfície do pino foi silanizada utilizando o silano Prosil (FGM, Joinville, SC, Brasil) por 60 segundos, sendo, em seguida, realizada a secagem com jato de ar. A partir desse momento, a superfície do pino não foi mais manipulada, para evitar contaminação. A dentina intra-radicular foi irrigada com 2 ml de solução de água destilada, para remoção dos restos de guta-percha e manutenção da umidade do meio. O conduto foi seco com jato de ar e cones de papel absorvente. O cimento resinoso autoadesivo RelyX U200 (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA) foi manipulado, e aplicado sobre o pino com auxilio de uma espátula nº 24. Em seguida, o pino de fibra de vidro foi levado em posição no interior do conduto, sendo removidos os excessos de cimento. Por fim, o cimento resinoso foi fotoativado em cada face da raiz por 20 segundos utilizando um aparelho fotoativador de luz led Ultraled (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil). Grupos 3 e 4 – Pinos de fibra de vidro anatomizados com resina composta: André Gustavo de Lima Godas 75 Previamente ao procedimento adesivo, foi realizada a limpeza da superfície do pino de fibra de vidro, utilizando álcool 70% por 60 segundos. Em seguida, a superfície do pino foi silanizada utilizando o silano Prosil (FGM, Joinville, SC, Brasil) por 60 segundos, sendo, em seguida, realizada a secagem levemente com jato de ar. A seguir, o sistema adesivo Adper Single Bond 2 (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA) foi aplicado sobre a superfície do pino de fibra com o auxilio de um microbrush (KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil), seguido de leve jato de ar, e fotoativado utilizando um aparelho fotoativador de luz led Ultraled (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil) por 20 segundos. Para realização da anatomização dos pinos de fibra de vidro com resina composta, foi realizada a lubrificação do conduto radicular com gel lubrificante hidrossolúvel KY (Johnson & Johnson, Butatã, SP, Brasil). O pino de fibra de vidro foi envolvido com a resina composta Filtek Z350 XT (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA) levando-se, então, o conjunto no interior do conduto, marcando a região vestibular do pino. Os excessos foram removidos e o conjunto foi fotoativado utilizando um aparelho fotoativador de luz led Ultraled (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil) , no interior do conduto, por dez segundos. O conjunto foi retirado do interior do canal radicular e fotoativado por mais trinta segundos pela superfície vestibular e palatina. Os condutos radiculares foram lavados com jato de água destilada, por trinta segundos, para remoção do lubrificante, e então, os canais radiculares foram secos com jatos de ar e cones de papel absorvente. Os pinos anatomizados foram também lavados com água destilada e secos com jato de ar. A cimentação dos pinos de fibra anatomizados com resina composta também foi realizada com cimento resinoso autoadesivo RelyX U200 (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA), da mesma maneira como descrito anteriormente. Após o processo de cimentação dos pinos, todos os dentes foram armazenados em água destilada por sete dias. André Gustavo de Lima Godas 76 Ciclagem mecânica: Os Grupos 2 e 4 foram submetidos à ciclagem mecânica. Anteriormente foi confeccionada em cada amostra um núcleo de preenchimento de resina composta Filtek Z350 XT (3M ESPE, Saint Paul, MN, USA). Para tanto foi utilizada uma matriz pré-conformada cilíndrica de 7mm de altura. Aresina composta foi inserida e fotopolimerizada utilizando um aparelho fotoativador de luz led Ultraled (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil). O diâmetro de cada núcleo foi ajustado de acordo com o diâmetro da raiz de cada amostra. Os espécimes foram posicionados no equipamento eletromecânico de ensaios de fadiga (MSFM, Elquic, São Carlos, SP, Brasil), para realização de ciclagem mecânica, totalizando 1.200.000 ciclos 24,25. Para o posicionamento dos espécimes, foi confeccionada uma base de forma que o conjunto pino e raiz ficassem a 45 graus em relação à ponta de haste metálica do equipamento eletromecânico. Com o auxilio de uma furadeira de bancada, as bases foram perfuradas para a reprodução do alvéolo. Os espécimes foram incluídos individualmente com auxílio de um delineador, deixando a raiz o mais perpendicular possível, sendo, em seguida, a cavidade preenchida com resina acrílica Clássico (Clássico, São Paulo, SP, Brasil). Após a polimerização total da resina acrílica, com a utilização de água quente, os espécimes foram retirados da resina acrílica reproduzindo assim uma cavidade como um alvéolo. Com auxilio de uma ceringa Centrix, o material de impressão poliéter Impregum F(3M ESPE, Saint Paul, MN, USA) foi inserido na cavidade, seguido pela reinserção dos espécimes, reproduzindo assim um ligamento periodontal artificial, como proposto no estudo de Soares et al. (2005) 26. O equipamento eletromecânico de fadiga foi calibrado para operar com carga estática de 50N, conferida a cada substituição dos corpos-de-prova por meio de célula de carga (MS 50, Líder balanças, Araçatuba, SP, Brasil), e frequencia de 2Hz. O carregamento ocorreu sobre cada espécime André Gustavo de Lima Godas 77 de forma independente, por meio de uma ponta de aço com 4mm de diâmetro. Durante o ensaio, os espécimes permaneceram imersos em água destilada circulante a temperatura de 37oC ± 2oC (Cibirka, 2001) 27 , controlados pelo próprio equipamento eletromecânico (Figura 1C). Avaliação de resistência de união pelo teste push-out Para a avaliação da resistência de união da interface cimento-dentina pelo teste push-out, os espécimes foram cortados perpendicularmente ao longo eixo do dente, com disco diamantado montado em cortadeira de precisão Isomet 2000 (Buheler, Chicago, IL, USA), obtendo uma fatia de aproximadamente 1,3mm de cada terço a ser analisado (terços cervical, médio e apical) (Figura 1D). Os espécimes foram levadas à maquina universal EMIC modelo DL3000 (Emic, São José dos Pinhais, PR, Brasil). Dois dispositivos foram adaptados à máquina universal EMIC modelo DL3000 (Emic, São José dos Pinhais, PR, Brasil). Na porção superior, foi fixada uma haste metálica com ponta ativa de 0,8mm de diâmetro, e na porção inferior, foi fixada a amostra embutida em um apoio de aço inoxidável (Figura 1E). A haste metálica da porção superior da máquina foi posicionada bem próxima ao corpo de prova, sem tocá-lo, de modo que sua ponta ativa coincidisse com o centro do pino, para evitar tensões nas paredes radiculares ao redor. Uma carga compressiva foi aplicada em direção vertical, com velocidade de 0,5mm/min. Os valores de resistência de união ao teste de push-out foram calculados pela seguinte divisão: Ru = N/(2π rh) Sendo, Ru (Resistência de união) a divisão da força máxima N pela área (2π rh), onde (r) é o raio e (h) a altura do pino, e o π é 3,14. André Gustavo de Lima Godas 78 Os dados de resistência de união (MPa) foram submetidos a ANOVA dois fatores para análises repetidas, sendo considerados como fatores de estudo os grupos experimentais e as regiões analisadas. As médias foram comparadas com o teste de Tukey (p = 0.05) Após o teste de resistência de união, amostras representativas da dentina intrarradicular foram seccionadas ao meio para exposição da interface adesiva, metalizadas com ouro (Balzers SCD-050 Sputter Coater, Lichtenstein, BW, Alemanha) e avaliadas em microscopia eletrônica de varredura (JEOL. JSM 5600LV, Tóquio, Japão) para caracterização da estrutura dentinária após o teste de união (Figura 1F). 3.5 Resultados De acordo com os dados da Tabela 2, no terço cervical, não houve diferença estatisticamente significante para os grupos anatomizados e não anatomizados, antes e após a ciclagem mecânica (p=0,18). No terço médio do canal radicular, os maiores valores de resistência de união foram encontrados para o grupo sem anatomização antes da ciclagem mecânica (12,90 ± 6,88 Mpa), sem diferença estatisticamente significante para o respectivo grupo ciclado (7,58 ± 4,72 Mpa) (p>0,05). No terço apical, os menores valores de resistência de união foram observados para os grupos anatomizados (p<0,05). Para os grupos não anatomizados (grupos 1 e 2), não houve diferença estatisticamente significante na resistência de união entre os diferentes terços analisados (cervical, médio, e apical) (p=0,98 e p=0,45, respectivamente). Para os pinos anatomizados, o terço cervical apresentou maiores médias de resistência de união comparadas aos terços médios e apical (p<0,05) tanto antes como após a ciclagem mecânica. André Gustavo de Lima Godas 79 3.6 Discussão Neste estudo, o teste utilizado para avaliar a resistência de união de pinos de fibra de vidro aos diferentes terços do canal radicular foi o teste de push-out. Utilizado em muitos estudos, este teste pode proporcionar uma melhor estimativa da resistência de união de agentes cimentantes ao conduto radicular, com a vantagem de redução de falhas prematuras durante a confecção dos espécimes, tendo uma maior fidelidade na análise dos resultados. 12,24. Os resultados do presente estudo (Tabela 2) mostraram que, de uma forma geral, a anatomização dos pinos de fibra de vidro no canal radicular influenciou os valores de resistência de união, principalmente nos terços médio e apical, rejeitando-se assim, a primeira hipótese nula do estudo. Segundo alguns autores, a anatomização dos pinos de fibra de vidro seria benéfica ao processo de união, uma vez que quando anatomizado o pino ao conduto radicular, tem-se uma melhor adaptação do pino ao canal radicular e uma menor linha de cimentação, diminuindo assim as tensões geradas pela contração de polimerização do cimento resinoso no momento da polimerização17,18. No entanto, no presente estudo, não houve diferença estatisticamente significante entre os pinos anatomizados e não anatomizados, no terço cervical, antes e após a ciclagem mecânica (Tabela 2). No processo de cimentação dos pinos de fibra de vidro, foi utilizado o cimento resinoso autoadesivo RelyX U200 (3M ESPE). Este material possui, em sua composição, grupos de metacrilato bifuncional de natureza ácida que tem a capacidade de interagir com a superfície da dentina, através da interação dos monômeros presentes no cimento resinoso com o cálcio presente na hidroxiapatita da dentina intrarradicular, resultando em uma retenção micromecânica e química 11,23. Alguns autores 23,25 relatam que, devido as propriedades viscoelásticas do RelyX U200, haveria pequena contração de polimerização durante a fotopolimerização, formando uma camada hibrida fina, homogênea e uniforme, mantendo um íntimo contato do cimento com a dentina,. André Gustavo de Lima Godas 80 Além disto, na metodologia utilizada neste estudo, foi preconizada a utilização de uma broca correspondente ao número do pino de fibra utilizado White Post DC nº 2 (FGM, Santa Catarina, Brasil). Essa seria a indicação clínica que possibilitaria melhor adaptação do pino à anatomia do conduto radicular. Especula-se que, quando não seja possível utilizar a broca mais adequada, o efeito da anatomização dos pinos de fibra de vidro poderia ser outro. Segundo alguns autores3,23, não só a anatomia do conduto radicular, mas também a densidade e distribuição dos túbulos dentinário nas regiões do canal radicular, podem influenciar na reação química do cimento resinoso com a dentina, afetando a resistência de união do pino ao conduto. Quando analisamos os diferentes terços do canal radicular, para os grupos não anatomizados, não houve diferença estatisticamente significante entre os terços cervical, médio e apical (Tabela 2). Esses resultados corroboram com alguns estudos 3,4,11, os quais avaliaram a resistência de união nos diferentes terços do canal radicular, e relataram que, em virtude do mecanismo de retenção micromecânica do cimento autoadesivo, aliado a reação química com a hidroxiapatita presente na dentina, haveria maior homogeneidade nos valores de resistência de união entre os terços cervical, médio e apical. Pelas Figuras (2 e 3) observa-se a presença de cimento resinoso, bem como áreas de exposição de dentina, caracterizando um padrão de fratura mista nos três terços (cervical, médio e apical). Sendo assim, provavelmente houve um padrão uniforme de condicionamento e interação cimento/dentina entre as três regiões analisadas com semelhança nos resultados de resistência de união encontrados para os grupos não anatomizados. Para os grupos anatomizados, o terço cervical apresentou maiores médias de resistência de união quando comparados aos terços médio e apical (p<0,05), rejeitando-se a segunda hipótese nula do estudo. Reginato e colaboradores (2012) 28 avaliando a resistência de união de pinos opacos e translúcidos aos terços do canal radicular, utilizando um cimento resinoso autoadesivo, mostraram maiores médias nos valores de resistência de união no terço cervical, comparadas aos terços médio e apical. Este resultado pode ser explicado pela menor transmissão de luz em direção aos terços André Gustavo de Lima Godas 81 médio e apical, uma vez que os pinos de fibra, através de características físicas, poderiam absorver, refletir e dispersar luz através do conduto radicular. No presente estudo, quando o pino de fibra de vidro é anatomizado com resina composta, uma barreira para a passagem de luz poderia ser criada durante a fotoativação do cimento resinoso, corroborando para os resultados encontrados, na qual houve diminuição dos valores de resistência de união nos terços médio e apical (Tabela 2). A similaridade das médias de resistência de união nos terços médio e apical poderia estar relacionada à resistência friccional ocorrido pelo contato do pino de fibra de vidro à dentina radicular, uma vez que os terços médio e apical apresentam menores diâmetros28,29 . Pelas Figuras 4 e 5, nota-se, no terço cervical, a presença de fragmentos do cimento resinoso, enquanto nos terços médio e apical, observam-se imagens mais homogêneas da superfície dentinária, com provável menor interação do cimento resinoso nessas áreas. Para a simulação do envelhecimento mecânico, foi realizada a aplicação de cargas repetidas, totalizando 1.200.00 ciclos, correspondendo a aproximadamente cinco anos de uso clínico9. A confecção do ligamento periodontal foi realizada para a simulação mais real de uma condição clínica existente durante a ciclagem mecânica21. Neste estudo, de uma maneira geral, a ciclagem mecânica não influenciou os valores de resistência de união de pinos não anatomizados e anatomizados, fato que poderia ser explicado pela semelhança nos módulos de elasticidade do pino de fibra de vidro, cimento resinoso e dentina30, resultando em maior homogeneidade na distribuição de tensões na interface adesiva ao longo do tempo31. Além disso, a confecção do núcleo de preenchimento com resina composta sobre os pinos de fibra de vidro poderia causar uma maior distribuição das tensões durante a ciclagem mecânica. Aguiar et al. (2014)32 também observaram que não houve diferença nos valores de resistência de união do cimento resinoso autoadesivo após o envelhecimento mecânico, sendo que a presença de resina composta como material restaurador indireto poderia ter influenciado para a não alteração nos valores de resistência ao longo do tempo. Mesmo que o envelhecimento mecânico não tenha causado nenhum efeito estatisticamente André Gustavo de Lima