Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental v.13, n.2, p.204–209, 2009 Campina Grande, PB, UAEA/UFCG – http://www.agriambi.com.br Protocolo 110.07 – 11/07/2007 • Aprovado em 25/07/2008 Avaliação da eficiência térmica de telha reciclada à base de embalagens longa vida Juliano Fiorelli1, José A. B. Morceli1, Rodrigo I. Vaz1 & Antonio A. Dias2 RESUMO Neste trabalho se apresenta o estudo da influência de telha reciclada à base de embalagens longa vida (IBAPLAC®) no conforto térmico de instalações zootécnicas. A pesquisa foi desenvolvida no Campus Experimental da Unesp de Drace- na, SP. Foram construídos quatro protótipos, com área de 28 m2 cada um, sendo um deles coberto com telha reciclada à base de embalagens longa vida e três protótipos de referência cobertos com telha cerâmica, telha cerâmica pintada de branco e telha de fibrocimento (Brasilit®). Dentro dos protótipos foram instalados termômetros de globo negro e termô- metros de bulbo seco e bulbo úmido. Os dados foram coletados no verão de 2006/2007, totalizando 90 dias. Uma aná- lise estatística por inferência e descritiva foi realizada utilizando-se valores médios de índice de temperatura de globo e umidade, carga térmica radiante e índice de temperatura e umidade, referente ao período. Pelos resultados obtidos é possível afirmar que a telha reciclada apresentou índices de conforto térmico semelhantes àqueles encontrados para as telhas cerâmicas, podendo ser indicada como opção de cobertura para instalações zootécnicas. Palavras-chave: ambiência, cobertura, índices do ambiente térmico Evaluation of the thermal efficiency of roof tiles made of recycled long-life packaging ABSTRACT This paper presents a study of the influence of roof tiles made of recycled long-life packaging (brand-name IBAPLAC®) on the thermal comfort of zootechnical facilities. The research was conducted at UNESP’s Experimental Campus at Dracena, State of São Paulo, Brazil. Four prototypes were built, each with an area of 28 m2. One prototype was covered with roof tiles made of recycled long-life packing material and three reference prototypes were roofed with ceramic tiles, ceramic tiles painted white and fiber/cement tiles (Brasilit®), respectively. Black globe thermometers and dry and wet bulb thermometers were installed inside the prototypes. Temperatures inside the structures were recorded in the Summer of 2006/2007 over a 90-day period. A descriptive statistical analysis was made, based on the mean values of black globe temperature and humidity index, radiant thermal load and temperature-humidity index of the period. The results obtained indicated that the thermal behavior of the recycled tile was similar to that of the ceramic tiles. Key words: ambience, roofing, thermal environment indexes 1 Campus Experimental de Dracena/UNESP. Rod. Com. João Ribeiro de Barros, km 651. CEP 17900-000, Dracena, SP. Fone: (18) 3821-8200; Fax: (18) 3821-8208. E-mail: fiorelli@dracena.unesp.br; maringa@click21.com.br; ibellivaz@dracena.unesp.br 2 Universidade de São Paulo. Av. Trabalhador São Carlense 400, CEP 13566-590, São Carlos, SP. Fone: (16) 3373-8200. E-mail: dias@sc.usp.br 205 R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.13, n.2, p.204–209, 2009. INTRODUÇÃO Em virtude da sua extensão territorial e das condições favoráveis de clima e relevo, as atividades agrícolas e pecu- árias brasileiras têm sido desenvolvidas em muitos estados, representando importante alternativa de investimento e pro- dução. Evidencia-se, desta forma, o interesse de se intensi- ficar a pesquisa voltada para o atendimento do homem do campo e de suas necessidades, enquanto participante funda- mental dos processos produtivos (Ferreira, 1989). Considerando-se que o Brasil está localizado a uma lati- tude de até 30° sul, ou seja, na faixa mais quente do plane- ta, com médias de temperatura oscilando entre 20 a 25 °C ao longo do ano, verifica-se que o Brasil inspira uma situa- ção de maior cuidado com animais, referente ao estresse por calor que por frio. As limitações para obtenção de altos índices zootécnicos no Brasil, decorrem do alojamento em ambientes com clima quente, de animais geneticamente desenvolvidos em climas mais amenos, em condições ou conceitos provenientes deste clima, daí a necessidade de se ter instalações adaptadas, com características construtivas que garantam o máximo possí- vel de conforto, permitindo ao animal abrigado desenvolver todo o seu potencial genético. O ambiente, constituído do efeito combinado de condições (temperatura, umidade do ar, vento, radiação, luz, ruído, densidade animal, dentre outros), é considerado confortável quando a criação está em equilí- brio térmico com o meio, ou melhor, o calor produzido pelo metabolismo animal é perdido normalmente para o meio ambiente, sem prejuízo apreciável da produção (Baêta & Souza, 1997); desta forma, as instalações rurais devem ser planejadas e construídas com a finalidade principal de di- minuir a ação direta do clima (insolação, temperatura, ven- to, chuva e umidade do ar), que pode agir negativamente nos animais. Do ponto de vista bioclimático, um dos principais fato- res que influenciam na carga térmica de radiação inciden- te são os telhados, sobretudo em decorrência dos materiais de cobertura (Silva & Sevegnani, 2001). Para Nääs et al. (2001) o telhado é o elemento construtivo mais significati- vo em uma instalação avícola, quanto ao controle da radi- ação solar incidente. Jácome et al. (2007) avaliaram os índices de conforto tér- mico: índice de temperatura de globo e umidade (ITGU), carga térmica radiante (CTR) e umidade relativa do ar (UR) em galpões para poedeiras, cobertos com diferentes tipos de telha, localizados no nordeste do Brasil; como resulta- do, os autores afirmam que nos horários mais quentes a cobertura de telha cerâmica apresentou menor CTR quan- do comparada com os galpões cobertos com telha de cimen- to amianto e finalizam citando que este tipo de cobertura proporciona melhor conforto térmico para criação de fran- go de postura. Nääs et al. (2001) avaliaram as características térmicas de telha de celulose e telha de fibrocimento com pintura de látex branca em um galpão avícola de densidade 12 aves m-2, no período de novembro a janeiro, construídos na orientação leste-oeste. Avaliando os índices médios de CTR e ITGU, os autores chegaram à conclusão de que a telha de fibrocimento com uma demão de pintura branca, apresentou os maiores valores de umidade relativa às 8 h 30 min; já a telha à base de fibras de celulose mostrou os menores valores de temperatura de bulbo seco às 14 h 30 min. Quando avaliadas sob o ponto de vista de ín- dices de CTR e ITGU, às 14 h 30 min, o ambiente sob o telhado no qual foi utilizada a telha de fibrocimento indi- cou os piores valores. Não houve diferença estatística en- tre os ambientes resultantes dos dois tratamentos que utili- zaram as telhas à base de fibra de celulose. Trindade (2006) encontrou, em trabalhos na região semi- árida paraibana, analisando o conforto térmico em galpões cobertos com telha de cimento-amianto, com e sem nebuli- zação interna, nos horários mais quentes do dia (entre 10 e 14 h), valores de temperatura ambiente e ITGU acima da zona de conforto térmico de poedeiras, mas afirma que es- ses valores não interferiram nos índices produtivos. A realização de pesquisas que visem determinar índices de conforto térmico e tipos de materiais de cobertura mais adequados para instalações zootécnicas no meio rural, se mostra importante para garantir melhor conforto aos ani- mais e, conseqüentemente, aumento da produção, mas o Brasil, país de dimensões continentais, apresenta uma va- riação climática bastante acentuada, tornando-se necessá- rio o desenvolvimento de estudos regionais para mapear o comportamento de materiais de cobertura em instalações zootécnicas. Procurando propor a utilização de novos ma- teriais de construção para o meio rural, o presente traba- lho tem como objetivo avaliar a influência de telha reci- clada, à base de embalagens longa vida (IBAPLAC®), no conforto térmico de instalações zootécnicas localizadas na região Oeste do Estado de São Paulo e comparar seu de- sempenho com telhas cerâmicas, telha cerâmica pintada de branco e telha de fibrocimento. MATERIAL E MÉTODOS As construções em que se utiliza o novo material de co- bertura, foram edificadas no Campus da UNESP de Drace- na, SP, localizado a uma latitude de 21° 29” S, longitude 51° 52” W e altitude de 421 m. O índice pluviométrico da cidade é de 1235,9 mm ano-1 e o clima da região é do tipo Cwa, com inverno seco, segundo a classificação de Köppen. Quatro protótipos foram edificados, sendo um coberto com telha reciclada à base de embalagens longa vida (TR) e os outros três protótipos de referência cobertos com telha de fibrocimento (TFC), telha cerâmica (TC) e telha cerâmica pintada de branco, com tinta à base de PVA (TCB). Os pro- tótipos possuíam 8,00 m de comprimento e 4,00 m de lar- gura, totalizando uma área coberta de 28 m2 (Figura 1). O sistema estrutural foi executado em eucalipto roliço, pé di- reito de 3,00 m e cobertura com inclinação de 20%. A maior dimensão foi locada no sentido leste-oeste. A telha recicla- da à base de embalagens longa vida é fabricada comercial- mente no Brasil, pela empresa IBAPLAC®; trata-se de um material atóxico, com revestimento externo de alumínio que Avaliação da eficiência térmica de telha reciclada à base de embalagens longa vida 206 utiliza caixas do tipo tetrapack em sua composição e apre- senta largura útil de 860 mm, largura total de 920 mm, comprimento de 2200 mm, espessura 6 mm e peso de 14 kg (Figura 2). Para se avaliar as coberturas foram instalados, em cada um dos protótipos, um termômetro de bulbo seco e bulbo úmido, dois termômetros de Globo Negro instalados a uma altura de 0,7 m e 1,5 m do piso e um anemômetro digital portátil. Para caracterizar o ambiente do experimento se uti- lizou uma estação metereológica da marca DAVIS, Vantage A. B. C. D. Figura 1. Protótipos avaliados: Telha reciclada (A), Telha fibrocimento (B), Telha cerâmica (C) e Telha cerâmica pintada de branco (D) Figura 2. Telha reciclada (IBAPLAC®) – Revestimento externo de alumínio R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.13, n.2, p.204–209, 2009. Juliano Fiorelli et al. 207 PRO2. As coletas foram realizadas nos horários das 10, 12, 14 e 16 h, durante o verão 2006/2007, totalizando 90 dias. Os índices ambientais analisados foram: índice de tempera- tura de globo e umidade (ITGU), carga térmica radiante (CTR) e índice de temperatura e umidade (THI). Esses ín- dices foram determinados com base na temperatura ambien- te, umidade relativa do ar, velocidade do vento e temperatu- ra de globo negro, de acordo com as equações de Buffington et al. (1977), Esmay (1969) e Thom (1958), respectivamen- te. Realizou-se a análise estatística descritiva e por inferên- cia determinando-se a média dos índices de conforto térmi- co (ITGU, CTR e THI), para cada um dos horários avaliados, referente a todo o período de análise, com as repetições sen- do o número de dias do experimento. As médias foram com- paradas por meio do teste de Tukey, adotando-se o nível de 1 e 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 se apresentam os valores médios de índices de conforto térmico, referentes a todo o período de análise. Índice de temperatura de globo e umidade (ITGU), carga térmica radiante (CTR) e índice de temperatura e umidade (THI), para cada tipo de telha avaliada e os respectivos des- vios padrões. A Figura 3 apresenta a variação do ITGU, CTR e THI em função dos horários avaliados, para a altura de 0,70 e 1,50 m, sendo os índices 1, determinados com valores de- terminados a 0,70 m do piso e os índices 2 a 1,50 m. O THI aparece apenas com um índice, pois foi determinado de acor- do com a equação de Thom (1958), que considera tempera- tura de bulbo seco e de bulbo úmido, não sendo avaliado em diferentes alturas. Os resultados obtidos pela análise estatística por inferên- cia, utilizando-se o teste de Tukey, indicam que a CTR, re- ferente à análise a 0,70 m do piso, apresentou diferença es- tatística significativa (p < 0,05), entre as quatro coberturas analisadas para os horários das 14 h; já para a análise a 1,50 m do piso, houve diferença estatística significativa para os horários das 10 h e das 14 h, entre as TCB e TFC. Analisando-se o valor médio da THI para o horário das 10 h, nota-se a existência de diferença estatística significa- tiva (p < 0,05). Para os outros índices de conforto térmico e para os ou- tros horários avaliados, a análise pelo teste de Tukey não indicou diferença significativa entre os valores, fato que pode ter ocorrido devido ao tamanho dos modelos e da ex- posição à radiação solar dispersa, principalmente em rela- ção ao ITGU. Observando-se a Figura 3 (A e B), é possível afirmar que o menor valor de ITGU referente à altura de 0,70 m do piso, foi encontrado no protótipo de TC; já para a altura de 1,50 m do piso, o menor ITGU foi determinado no protótipo de TCB, para todos os horários avaliados, enquanto o maior valor de ITGU, para todos os horários, foi identificado no protótipo coberto com TFC. Foi possível identificar um aumento no ITGU ao longo do dia, atingindo valor máximo às 14 h, para todas as coberturas avaliadas. ITGU semelhantes foram en- contrados nos protótipos cobertos com TR e TC para as al- turas e os horários avaliados. O fato de não ter sido identifi- cada diferença estatística significativa entre os ITGU, indi- ca que a TR pode ser uma nova opção de material para cobertura, uma vez que possui comportamento semelhante as das telhas tradicionais. O resultado encontrado é coerente com o relatado por Silva et al. (1990), ao avaliarem telha cerâmica e telha de cimento amianto, com camada dupla e colchão de ar de 5 cm, mostraram que nos horários de maior incidência so- lar não ocorreu diferença significativa a nível de 5% de R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.13, n.2, p.204–209, 2009. Avaliação da eficiência térmica de telha reciclada à base de embalagens longa vida * Letras diferentes indicam diferença significativa a 5% (p < 0,05); ** TC – Telha cerâmica, TCB – Telha cerâmica pintada de branco, TR – Telha reciclada, TFC – Telhas de fibrocimento Tabela 1. Valores médios* de Índice de Temperatura e Umidade (ITGU), Carga Térmica Radiante (CTR), Índice de Temperatura (THI) e Umidade e desvio padrão para diferentes tipos de telhas** estudados CT BCT RT CFT h01 1UGTI 94,77 37,77 59,77 62,87 oãrdaPoivseD )83,2( )53,2( )73,2( )94,2( 2UGTI 97,77 15,77 48,77 80,87 oãrdaPoivseD )64,2( )23,2( )93,2( )44,2( mW(1RTC 2- ) 89,305 11,115 32,625 32,625 oãrdaPoivseD )29,82( )60,92( )61,13( )57,13( mW(2RTC 2- ) 63,115 ba 19,605 a 40,425 ba 12,325 b oãrdaPoivseD )09,82( )54,52( )12,43( )68,82( IHT ba91,57 a50,57 b34,47 b08,47 oãrdaPoivseD )10,8( )79,7( )19,7( )59,7( h21 1UGTI 1,18 23,18 55,18 88,18 oãrdaPoivseD )52,3( )01,3( )61,3( )42,3( 2UGTI 53,18 30,18 64,18 77,18 oãrdaPoivseD )33,3( )01,3( )81,3( )42,3( mW(1RTC 2- ) 68,145 91,345 49,755 89,065 oãrdaPoivseD )66,23( )59,03( )60,33( )18,53( mW(2RTC 2- ) 12,055 68,535 97,555 34,855 oãrdaPoivseD )90,33( )09,82( )54,73( )63,33( IHT 51,87 84,87 10,87 92,87 oãrdaPoivseD )68,2( )68,7( )38,7( )68,7( h41 1UGTI 48,28 80,38 52,38 17,38 oãrdaPoivseD )51,3( )39,2( )11,3( )41,3( 2UGTI 80,38 38,28 12,38 15,38 oãrdaPoivseD )02,3( )20,3( )71,3( )81,3( mW(1RTC 2- ) ba54,755 a7,855 cba40,275 c87,975 oãrdaPoivseD )45,23( )37,92( )96,53( )60,63( mW(2RTC 2- ) ba59,365 91,255 a ba88,075 b45,475 oãrdaPoivseD )33,23( )05,92( )42,73( )09,43( IHT 10,08 42,08 38,97 50,08 oãrdaPoivseD )89,2( )60,8( )10,8( )30,8( h61 1UGTI 76,28 79,28 31,38 44,38 oãrdaPoivseD )36,3( )05,3( )56,3( )17,3( 2UGTI 88,28 88,28 50,38 14,38 oãrdaPoivseD )37,3( )95,3( )67,3( )18,3( mW(1RTC 2- ) 37,145 93,645 07,955 86,265 oãrdaPoivseD )14,43( )07,33( )53,93( )58,93( mW(2RTC 2- ) 32,745 32,445 98,755 78,165 oãrdaPoivseD )45,53( )24,53( )88,04( )82,14( IHT 04,08 75,08 01,08 53,08 oãrdaPoivseD )14,3( )22,8( )71,8( )02,8( 208 probabilidade (p < 0,05) para o ITGU referente às duas co- berturas; pode-se, portanto, observar (Figura 3 A e B) que para as duas alturas avaliadas o protótipo coberto com TR apresentou ITGU intermediário entre a cobertura de TC e TFC, demonstrando a eficiência do material para cobertu- ra de instalações zootécnicas. Resultados semelhantes aos apresentados foram obtidos por Gomes et al. (2008), que avaliaram ITGU e CTR em apriscos cobertos com telha de barro, localizados no semi- árido nordestino. Os autores relataram valores médios de ITGU variando de 73,7 (7 h) a 85,9 (15 h). De acordo com o National Weather Service, apud Gomes et al. (2008), valores de ITGU até 74, de 74 a 78, de 79 a 84 e acima de 84, definem situação de conforto, de alerta, de perigo e de emergência, respectivamente para bovinos. De acordo com os dados encontrados, neste trabalho, para os horários avaliados, as coberturas colocam os animais em si- tuação de perigo e emergência. Observa-se na Figura 3 (C e D), um aumento no valor da CTR ao longo do dia para todas as coberturas avaliadas, atin- gindo valor máximo às 14 h. Os menores valores de CTR foram identificados no protótipo coberto com TC, a 0,70 m e no protótipo coberto com TCB, a 1,50 m do piso, para to- dos os horários avaliados; já os maiores valores de CTR fo- ram identificados no protótipo coberto com TFC, porém se nota uma diferença estatística significativa (p < 0,05) entre os valores de CTR referentes à cobertura de TCB e TFC. Em relação ao protótipo coberto com TR, não se identificou di- ferença estatística significativa de CTR com o protótipo co- berto com TC; este resultado indica a eficiência da respecti- va telha em análise. De forma geral, para as alturas de 0,70 m e 1,50 m o protótipo coberto com TR apresentou CTR inter- mediário entre a cobertura de TC e TFC. Silva et al. (1990) analisaram o valor do CTR de cober- tura cerâmica e cimento amianto e concluíram que, no pe- ríodo avaliado, a CTR era semelhante, com diferença de até 5%, resultado análogo ao apresentado no trabalho. Cam- pos (1986) estudou a influência de três materiais de cober- tura sobre o índice de conforto térmico, em condições de verão para Viçosa, MG, e concluiu que para o dia típico de céu descoberto, com 12,3 h de brilho solar, a maior efici- ência na redução do CTR e as melhores condições de con- forto térmico foram obtidos sob cobertura de telha cerâmi- ca, enquanto o pior desempenho foi para cobertura de cimento-amianto. Furtado et al. (2003) analisaram galpões cobertos com telha cerâmica e amianto e identificaram que os valores de CTR sob coberturas de telha de amianto são superiores aos de telha cerâmica, resultado semelhante ao encontrado nes- te trabalho. Em relação ao THI, o protótipo coberto com TR apresen- tou os menores índices para todos os horários avaliados. No entanto, de acordo com as indicações de Thom (1958), to- das as coberturas apresentaram THI acima daquele conside- rado ideal para criação animal de interesse zootécnico, ou seja, fora da zona de conforto térmico. Sendo assim, animais alojados nas instalações em análise estão submetidos a con- dições de desconforto térmico. 7 7 .4 9 8 1 .0 5 8 2 .8 4 8 2 .6 7 7 7 .7 3 8 1 .3 2 8 3 .0 8 8 2 .9 7 7 7 .9 5 8 1 .5 5 8 3 .2 5 8 3 .1 3 7 8 .2 6 8 1 .8 8 8 3 .7 1 8 3 .4 4 74 76 75 78 77 80 79 82 81 84 83 IT G U a 0 ,7 0 m 7 7 .7 9 8 1 .3 5 8 3 .0 8 8 2 .8 8 7 7 .5 1 8 1 .0 3 8 2 .8 3 8 2 .8 8 7 7 .8 4 8 1 .4 6 8 3 .2 1 8 3 .0 5 7 8 .0 8 8 1 .7 7 8 3 .5 1 8 3 .4 1 74 76 75 78 77 80 79 82 81 84 83 IT G U a 1 ,5 0 m 5 0 3 .9 8 5 5 7 .4 5 5 4 1 .7 3 5 1 1 .1 1 5 4 3 .1 9 5 5 8 .7 5 4 6 .3 9 5 2 6 .2 3 5 5 7 .9 4 5 7 2 .0 4 5 5 9 .7 5 7 9 .7 8 5 4 1 .8 6 5 6 2 .6 8 5 6 0 .9 8 5 2 6 .2 3 460 480 500 520 540 560 580 600 C T R a 0 ,7 0 m 5 1 1 .3 6 5 5 0 .2 1 5 6 3 .9 5 5 0 6 .9 1 5 3 5 .8 6 5 5 2 .1 9 5 4 4 .2 3 5 5 5 .7 9 5 7 0 .8 8 5 5 7 .8 9 5 2 3 .2 1 5 4 7 .2 3 5 2 4 .0 4 5 5 8 .4 3 5 6 1 .8 7 5 7 4 .5 4 460 480 500 520 540 560 580 600 C T R a 1 ,5 0 m 7 5 .1 9 7 8 .1 5 8 0 .0 1 8 0 .4 7 5 .0 5 7 8 .4 8 8 0 .2 4 8 0 .5 7 7 4 .4 3 7 8 .0 1 7 9 .8 3 8 0 .1 7 4 .8 7 8 .2 9 8 0 .0 5 8 0 .3 5 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 10:00 12:00 14:00 16:00 Horário da Leitura T H I A. B. C. D. E. TC TCB TR TFC Figura 3. Valores médios do Índice de Temperatura do Globo e Umidade (ITGU) – A e B, da Carga Térmica Radiante (CTR) – C e D e de Índice de Temperatura e Umidade (THI) – E referentes às coberturas de Telha cerâmica (TC), Telha cerâmica pintada de branco (TCB), Telha reciclada (TR) e Telha fibrocimento (TFC) em diferentes horários R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.13, n.2, p.204–209, 2009. Juliano Fiorelli et al. 209 CONCLUSÕES 1. Os índices de conforto térmico, determinados sob as coberturas dos galpões cobertos com telha reciclada, telha cerâmica, telha cerâmica pintada de branco na face externa, telha de fibrocimento, na maioria dos horários estudados, tiveram comportamentos semelhantes e não apresentaram variação significativa a 5% de probabilidade, mas se identi- ficou a existência de diferença estatística significativa entre a CTR e o THI das TCB e TFC. 2. A telha reciclada pode ser uma opção de cobertura para ser utilizada em instalações zootécnicas, uma vez que apre- sentou índices de conforto térmico semelhantes aos outros materiais de cobertura em análise. Além disso, esta telha é um material sustentável, fabricado a partir de resíduos de caixas tetra pack. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPESP e ao CNPq, pelo apoio à pesquisa. LITERATURA CITADA Baêta, F. C.; Souza, C. F. Ambiência em edificações rurais – con- forto animal. Viçosa: UFV, 1997, 246p. Buffington, D. E.; Collaso-Arocho, A.; Canton, G.; Pitt, D.; Tha- tcher, W. W.; Collier, R. J. Black globe humidity comfort in- dex for dairy cows. St. Joseph: ASAE 77-4517, 1977. 19p. Campos, A. T. Determinação dos índices de conforto e da carga térmica de radiação em quatro tipos de galpões, em condições de verão para Viçosa, MG. Viçosa: UFV, 1986. 66p. Disserta- ção Mestrado Esmay, M. L. Principles of animal environment. 2.ed. West Port CT: ABI Publishing, 1969. 325p. 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Avaliação da eficiência térmica de telha reciclada à base de embalagens longa vida