UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA FELIPE SOUZA DA CRUZ EFICÁCIA DE PRODUTOS MICROBIOLÓGICOS E EXTRATO DE ALGAS SOB DIFERENTES POSICIONAMENTOS NA CULTURA DO ALGODÃO Ilha Solteira 2023 Campus de Ilha Solteira FELIPE SOUZA DA CRUZ EFICÁCIA DE PRODUTOS MICROBIOLÓGICOS E EXTRATO DE ALGAS SOB DIFERENTES POSICIONAMENTOS NA CULTURA DO ALGODÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentada à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Prof. Dr. Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho Orientador Ilha Solteira 2023 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA - CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA ATA DA DEFESA – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO TÍTULO: Eficácia de produtos microbiológicos e extrato de algas sob diferentes posicionamentos na cultura do algodão. ALUNO: Felipe Souza da Cruz RA: 172055751 ORIENTADOR: Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho Aprovado ( X ) - Reprovado ( ) pela Comissão Examinadora com Nota: 10 Comissão Examinadora: Prof. Dr. Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho Presidente (Orientador) Me. Natasha Mirella Inhã Godoi Dr. Carlos Eduardo da Silva Oliveira Felipe Souza da Cruz Ilha Solteira, 10 de julho de 2023. Dedico... Aos meus pais, Cássia Gonçalves e Luis Carlos Soares, que estiveram ao meu lado durante toda essa jornada acadêmica, dedico todo o esforço, amor e apoio que me proporcionaram ao longo desses anos. Vocês foram a base sólida em que pude construir meus sonhos e alcançar os objetivos que tracei. Ao meu irmão, Danilo Souza, que trago como fonte de inspiração, exemplo de dedicação, ética e comprometimento. Agradeço... Primeiramente, agradeço a Deus, fonte de sabedoria e inspiração, por guiar meus passos ao longo desta jornada acadêmica. Sua presença constante e sua graça inesgotável foram fundamentais para que eu pudesse superar os desafios e alcançar essa importante conquista. Aos meus pais e meu irmão, quero acrescentar meu profundo agradecimento por todo o apoio, carinho, dedicação, amor e confiança que sempre me proporcionaram ao longo desta jornada. Aos colegas e amigos da Turma LIV, sou muito grato pela parceria, apoio e troca de conhecimentos ao longo desses anos de estudo. Juntos, compartilhamos momentos de aprendizado, desafios e conquistas, criando laços que serão lembrados com carinho. Aos membros de estágio do Lab. Ento II, que compartilharam comigo experiências enriquecedoras e contribuíram para o meu crescimento profissional, expresso minha gratidão. Aos amigos que compartilharam comigo moradia durante esse período, meu primo Murilo de Souza Penteado e membros da República Pula Cerca. À Universidade Estadual Paulista (UNESP), instituição que me proporcionou uma formação acadêmica de qualidade. Agradeço aos professores que compartilharam seu conhecimento e estimularam meu desenvolvimento. Também aos funcionários e colaboradores da universidade pelo suporte e pela infraestrutura disponibilizada ao longo do curso. Ao Professor Dr. Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho, pela ajuda valiosa e pelo apoio durante o processo de elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso. Por fim, meu agradecimento à Koppert, empresa onde realizei meu estágio e iniciei minha jornada profissional, que contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento deste trabalho. Agradeço pela oportunidade de aprendizado e pela confiança depositada em mim. Em especial, ao Felipe C. F. de Mendonça, Marcelino B. Brito, Renan B. Moraes, Alexandre S. Mistrelo, Gustavo P. Robles e Camila E. P. Masiero. RESUMO O cultivo de algodão é de grande importância para a economia e a sociedade no Brasil, contribuindo significativamente para a cadeia do agronegócio e gerando empregos diretos e indiretos. No entanto, a produção de algodão enfrenta desafios devido às condições climáticas adversas nas regiões produtoras, como períodos de seca e grandes oscilações de temperatura, que afetam a produtividade e a qualidade das fibras. Nesse contexto, o uso de produtos microbiológicos e bioestimulantes tem se mostrado uma estratégia promissora para reduzir os efeitos do estresse hídrico, além de contribuir para o aumento da produção, melhorando as condições de cultivo da cultura. Pensando nisto, este ensaio foi conduzido com objetivo de avaliar a eficácia de dois produtos microbiológicos, um a base do fungo Trichoderma harzianum Cepa ESALQ1306, e outro composto pela bactéria Bacillus pumilus Isolado CNPSo 3203, além de um bioestimulante a base de extrato da alga Ascophyllum nodosum. Nos tratamentos, foram variados a época de aplicação, além da combinação entre os produtos. O ensaio foi conduzido no município de Primavera do Leste, Mato Grosso, em delineamento em blocos ao acaso (DBC) com 5 tratamentos e 6 repetições. Foram feitas avaliações dos parâmetros biométricos da cultura, além da produtividade final e aspectos qualitativos da fibra. A partir das análises dos dados, evidenciou-se que o uso de A. nodosum no tratamento de sementes e mais quatro aplicações via foliar nas épocas: 60, 75, 90 e 105 DAE (tratamento 5) se destacou no trabalho, sendo superior na produtividade de algodão em fibra, produzindo 138,6 kg de fibra por hectare a mais que a testemunha, seguido do tratamento 2, que obteve um incremento de 110,85 kg de fibra por hectare, sendo o segundo tratamento com o melhor resultado em questão de produtividade. Além disso, apesar do aumento da produtividade nos tratamentos que receberam os produtos biológicos, não foi evidenciado perda de qualidade das fibras (qualidade da pluma; comprimento; uniformidade; fibra curtas; resistência a ruptura; alongamento e micronaire de algodão). Com isso pode-se concluir que, a adição dos produtos biológicos podem contribuir no manejo na cultura do algodão, trazendo ganhos em produção, não afetando a qualidade do produto final. Palavras-chave: Ascophyllum nodosum. Controle biológico. Gossypium spp. Trichoderma harzianum. Bacillus pumilus. ABSTRACT Cotton cultivation is of great importance to the economy and society in Brazil, significantly contributing to the agribusiness chain and generating direct and indirect employment. However, cotton production faces challenges due to adverse climatic conditions in the producing regions, such as periods of drought and large temperature fluctuations, which affect productivity and fiber quality. In this context, the use of microbiological products and biostimulants has proven to be a promising strategy for reducing the effects of water stress, as well as contributing to increased production by improving the crop's growing conditions. With this in mind, this trial was conducted with the aim of evaluating the effectiveness of two microbiological products: one based on the fungus Trichoderma harzianum Strain ESALQ1306 and another composed of the bacterium Bacillus pumilus Strain CNPSo 3203, in addition to a biostimulant based on extract from the seaweed Ascophyllum nodosum. In the treatments, the application timing and combination of products were varied. The trial was conducted in Primavera do Leste, Mato Grosso, using a randomized complete block design (RCBD) with 5 treatments and 6 replications. Evaluations of the crop's biometric parameters, as well as final productivity and qualitative aspects of the fiber, were performed. From the data analysis, it was evident that the use of A. nodosum in seed treatment and four additional foliar applications at the following timings: 60, 75, 90, and 105 DAE (treatment 5), stood out in the study, showing superior cotton fiber productivity by producing 305.26 lb of fiber per hectare more than the control group. This was followed by treatment 2, which had an increase of 244.72 lb of fiber per hectare, ranking as the second-best treatment in terms of productivity. Furthermore, despite the increase in productivity in treatments that included the addition of biological products, no loss of fiber quality (plume quality, length, uniformity, short fibers, breaking strength, elongation, and cotton micronaire) was observed. Therefore, it can be concluded that the addition of biological products can contribute to cotton crop management, bringing gains in production without affecting the quality of the final product. Keywords: Biologic control. Ascophyllum nodosum. Gossypium spp. Trichoderma harzianum. Bacillus pumilus. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 12 2.1 Cultura do algodão .......................................................................................................... 12 2.1.1 Fenologia do algodoeiro .............................................................................................. 12 2.2 Insumos biológicos na agricultura .................................................................................. 14 2.2.1 Trichoderma harzianum .............................................................................................. 14 2.2.2 Bacillus pumilus ........................................................................................................... 16 2.2.3 Extrato de algas (Ascophyllum nodosum) .................................................................... 16 3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 18 3.1 Local, implementação e condução da pesquisa ......................................................... 18 3.2 Delineamentro experimental e tratamentos ............................................................... 20 3.3 Especificações dos produtos ...................................................................................... 21 3.4 Avaliações realizadas ...................................................................................................... 22 3.5 Análises estatísticas ........................................................................................................ 22 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 24 4.1 Parâmetros biométricos e quantitativos. ......................................................................... 24 4.2 Aspectos qualitativos ...................................................................................................... 28 5. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 31 1. INTRODUÇÃO O cultivo da cultura do algodão (Gossypium hirsutum Linnaeus, 1753) no Brasil possui uma importância fundamental tanto para a economia como para a sociedade no país. Conforme informações fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2021), o setor do algodão desempenha um papel expressivo na economia nacional, contribuindo com aproximadamente 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro. De acordo com o estudo "Estimativa do Número de Empregos na Cadeia Produtiva do Algodão Brasileiro", publicado em 2018 pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), estima-se que a cadeia produtiva do algodão no Brasil tenha gerado cerca de 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos naquele ano. De acordo com estudos conduzidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2020), o Brasil tem se destacado na produção de algodão, obtendo resultados impressionantes em termos de produtividade e qualidade, fazendo com que aumentasse a expressão competitiva do país no mercado global. Nos últimos anos, as exportações de algodão brasileiro tiveram aumento significativo, trazendo benefícios para a balança comercial e solidificando o Brasil como um dos principais participantes no mercado internacional do produto. Em termos de cultivo de algodão, o Brasil é um país vasto e diversificado com diferentes regiões que se destacam na produção, sendo as principais regiões produtoras o Nordeste e o Centro-Oeste (COSTA et al., 2018). No Cerrado, especificamente nos estados de Mato Grosso e Bahia, ocorre uma expressiva produção de algodão. Segundo dados Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2021), o Mato Grosso é o maior produtor, concentrando mais de 70% da produção nacional, seguido do estado Bahia, com 20%. A produção de algodão no Brasil, enfrenta desafios devido às condições climáticas adversas em que as regiões produtoras se encontram. De acordo com Santos et al. (2021), em seu estudo intitulado "Desafios climáticos na produção de algodão no Brasil", eventos climáticos extremos, como períodos prolongados de seca, chuvas intensas e flutuações de temperatura, exercem um impacto direto sobre a produtividade e a qualidade das fibras de algodão. Essas condições podem ocasionar perdas significativas na produção de algodão e representar um desafio à estabilidade do setor. De acordo com Scholz et al. (2019), a cultura do algodão é consideravelmente exigente em água e nutrientes, e a falta de água é um dos principais fatores que afetam o crescimento e o desenvolvimento das plantas. Além disso, o estresse hídrico pode desencadear processos fisiológicos de defesa nas plantas, como a produção de compostos antioxidantes e o aumento da atividade de enzimas antioxidantes, a fim de minimizar os danos causados pela falta de água. Esses processos afetam diretamente o crescimento e a produtividade do algodoeiro, uma vez que a transpiração é fundamental para a regulação da temperatura da planta e a absorção de nutrientes (SILVA et al., 2020). É fundamental entender as estratégias que as plantas utilizam para lidar com o estresse hídrico, a fim de desenvolver técnicas de manejo que possam minimizar os impactos desse fator limitante na produção. Além disso, é importante estudar a interação entre a cultura do algodão e o ambiente, para compreender melhor como as plantas respondem aos estresses ambientais e desenvolver estratégias mais eficientes de manejo. Dentre os meios utilizados, o uso de bioestimulantes e microrganismos tem sido uma estratégia promissora para minimizar os efeitos do estresse hídrico e aumentar a produção de algodão. De acordo com Wang et al. (2020), os bioestimulantes são compostos naturais ou sintéticos que melhoram o crescimento e desenvolvimento das plantas, aumentando sua resistência ao estresse, dando melhores condições para a cultura. Um estudo realizado por Souza et al. (2021) avaliou o efeito do uso de bioestimulantes no desempenho da cultura do algodão submetida ao estresse hídrico. Os resultados mostraram que o uso de bioestimulantes aumentou significativamente a produção de algodão, mesmo em condições adversas. Portanto, o uso de bioestimulantes pode ser uma alternativa viável para reduzir os efeitos do estresse hídrico na cultura do algodão. É importante destacar a importância da pesquisa nesta área, a fim de identificar manejos mais eficazes e aprimorar o uso dessa estratégia na produção de algodão. Diante do exposto, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de averiguar os efeitos de produtos biológicos trazem à cultura do algodão, quando aplicados via semente e pulverizados em diferentes épocas. Para isso, foram utilizados o bioestimulante à base de estrato da alga Ascophyllum nodosum Linnaeus, 1753, Stingray®, o fungicida e nematicida microbiológico a base do fungo Trichoderma harzianum Rifai, 1969, Trichodermil Super SC® (Cepa ESALQ 1306) e um fungicida microbiológico a base da bactéria Bacillus pumilus Brock, 1961, Caravan® (Isolado CNPSo 3203). 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Cultura do algodão O algodão pertence à família Malvaceae e ao gênero Gossypium, sendo uma cultura perene, mas normalmente é cultivado como anual. Essa planta é amplamente cultivada em todo o mundo, especialmente em regiões com clima tropical e subtropical Há indícios que seu centro de origem, sendo uma planta domesticada pelos antigos povos da Índia, Egito e China. De acordo com a literatura, há evidências do uso de algodão na Índia desde 5.000 a.C. (LEE, 1984). A partir da Índia, a cultura do algodão se espalhou para outras regiões do mundo, como Oriente Médio, África e Europa, por meio das rotas comerciais estabelecidas durante a Antiguidade (COSTA et al., 2015). No continente americano, a introdução do algodão ocorreu em momentos posteriores, primeiro pelos espanhóis no século XVI e depois pelos ingleses no século XVIII, como indicado por Mello et al. (2004). Enquanto no Brasil teve início no período colonial, com a introdução da planta pelos colonizadores portugueses. No entanto, foi somente a partir do século XIX que a produção de algodão se expandiu de forma significativa, tornando o Brasil um dos maiores produtores mundiais da fibra. A produção de algodão no Brasil concentra-se principalmente nos estados da Bahia, Mato Grosso e Goiás, que respondem por mais de 90% da produção nacional. Entre esses estados, o Mato Grosso é o maior produtor de algodão, representando cerca de 70% da produção total, enquanto a Bahia ocupa a segunda posição, com aproximadamente 20% da produção (CONAB, 2022). Cada estado tem sua própria época de semeadura, dependendo das condições climáticas e do ciclo da cultura. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA, 2022) estima que a produção de algodão na safra 2022/23 passe de 3 milhões de toneladas, o que representaria aumento de 17,6% sobre o volume do período anterior, quando foram produzidas 2,55 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2022). Em relação à área plantada, o índice é 1,65 mihões de hectares, com produtividade média em torno de 1.827 kg ha-1. 2.1.1 Fenologia do algodoeiro A fenologia do algodoeiro é composta por estádios que se dividem em cinco etapas distintas, que são: emergência, desenvolvimento vegetativo, floração, formação de maçãs e maturação (PETTIGREW, 2008). A duração dos estádios fenológicos do algodoeiro é influenciada por fatores bióticos e abióticos, incluindo a temperatura, umidade, fotoperíodo e disponibilidade de nutrientes. É importante para o crescimento e desenvolvimento da cultura, que se tenha em cada estádio, um manejo correto e eficiente (MAUNEY; STEWART, 1986). O início do desenvolvimento da cultura é caracterizado pela emergência das plântulas após a semeadura. Segundo estudo realizado por Li et al. (2020), a duração desse estádio é de cerca de 7 a 10 dias após a semeadura, dependendo de algumas variações, como a cultivar, tipo de solo, condições climáticas, entre outros. Durante esse estádio, é importante garantir que a planta tenha água e nutrientes suficientes para um bom desenvolvimento. Após a germinação, tem início o estágio vegetativo, no qual as folhas são formadas, e realizam a interceptação da luz sol e a reprodução de fotoassimilados para sustentar o crescimento contínuo da cultura. Durante o período que se estende do surgimento do primeiro botão ao aparecimento da primeira flor, a planta está na fase em que terá o aumento na sua altura e o acúmulo de matéria seca. O aparecimento dos botões florais e a formação das flores são consequências do crescimento vegetativo, resultantes do surgimento de ramos frutíferos e botões florais nos ramos já presentes. É crucial para o bom desempenho desta cultura, alcançar um equilíbrio adequado entre o crescimento vegetativo e o produtivo, sendo que esses processos são influenciados pelas condições ambientais, níveis de umidade, além da fertilidade do solo (SILVA et al., 2011). Na etapa que vai do surgimento da primeira flor ao primeiro capulho, o foco principal da planta é garantir a fixação do maior número de maçãs, que em sua maioria, já estão em estágio de maturação. Durante esse período, ocorre uma competição entre o crescimento da parte vegetativa e o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos, sendo esse um aspecto crucial a ser levado em consideração para o manejo (SILVA et al., 2011). A planta continua crescendo de forma constante, alcançando sua altura máxima e capturando a maior quantidade de luz possível, as folhas e estruturas reprodutivas competem entre si pela distribuição dos nutrientes disponíveis na planta (JACKSON; ARKIN., 1982). Conforme mencionado por Pettigrew et al. (2012), a fase de maturação é marcada pela abertura das cápsulas, ocorrendo quando as fibras alcançam a maturidade fisiológica, sendo um estágio crítico no ciclo de vida da cultura. Nesse momento, as fibras estão completamente desenvolvidas e prontas para serem colhidas. Adicionalmente, durante essa fase, ocorrem mudanças notáveis na composição química das fibras, como a quebra da pectina e a acumulação de celulose, contribuindo para a formação de fibras maduras e de alta qualidade. A maturação do algodoeiro é um processo complexo influenciado por diversos fatores, como temperatura, umidade, disponibilidade de nutrientes e duração do fotoperíodo. De acordo com o estudo de Gamble et al. (2013), as condições climáticas desempenham um papel crucial na determinação do tempo e do processo de maturação. Condições adequadas de temperatura e umidade são fundamentais para o desenvolvimento adequado das fibras, garantindo, assim, a obtenção de um produto final de qualidade. 2.2 Insumos biológicos na agricultura O emprego de insumos biológicos na agricultura tem ganhado destaque como uma opção mais segura e sustentável para a produção agrícola (KARPOUZAS et al., 2018). Tais insumos são compostos por organismos vivos ou seus derivados, tais como bactérias, fungos, vírus e extratos de plantas e algas, que desempenham diversas funções benéficas tanto no solo quanto nas plantas (MAHESHWARI; DUBEY, 2009). De acordo com Borges et al. (2019), dentre os principais benefícios atribuídos ao uso de insumos biológicos, destacam-se a redução do uso de agroquímicos, a estimulação do crescimento vegetal e o aprimoramento da qualidade do solo. A adoção do uso de biológicos como bioestimulantes, fertilizantes, inseticidas e microrganismos eficientes no controle de doenças, são hoje alternativas promissoras para a agricultura, que já vem sendo utilizados com sucesso. Segundo Ravindran et al. (2020), esses insumos podem ajudar a melhorar a eficiência do uso de nutrientes, reduzir a incidência de pragas e doenças, aumentar a resistência das plantas a condições adversas, como seca e altas temperaturas, e promover a sustentabilidade da produção agrícola. 2.2.1 Trichoderma harzianum Trichoderma é um gênero de fungos amplamente estudado devido ao seu potencial para uso como agente biocontrolador, bioestimulante e como promotor de crescimento vegetal. Esses fungos são conhecidos por sua capacidade de colonizar as raízes das plantas e promover o crescimento das plantas, aumentando a absorção de nutrientes e a tolerância a estresses bióticos e abióticos (HARMAN, 2006). Estes fungos podem atuar como agentes de biocontrole contra diversos patógenos de plantas, como fungos, bactérias além de nematoides. Além disso, os fungos do gênero podem induzir a uma resistência sistêmica nas plantas, aumentando sua capacidade de se defender de fatores bióticos e abióticos. Outro estudo de Singh et al. (2017) destaca a importância do Trichoderma no manejo integrado de doenças de plantas. O emprego deste fungo, ajuda a reduzir o uso de fungicidas sintéticos e, assim, diminuir o impacto ambiental associado a esses produtos químicos. Além de estimular o crescimento das raízes e a solubilização de nutrientes, de acordo com Souza et al. (2019), o uso de Trichoderma tende a melhorar a absorção de nutrientes pelas plantas, devido ao estímulo da atividade de enzimas envolvidas na absorção de nutrientes, como a fosfatase ácida e a quitinase, o que resulta em maior aproveitamento pela cultura. Dentro deste gênero, existem diversas espécies que são amplamente estudadas, como: T. harzianum, T. asperellum, T. stromaticum, T. atroviride, entre outras. Dentre estas, a que mais se destaca é a espécie T. harzianum, que hoje é muito utilizada na agricultura, devido ao seu destaque no controle de fitopatógenos (HARMAN et al., 2004). Esse fungo tem a capacidade de atuar como agente de biocontrole contra patógenos de plantas, promovendo o controle biológico de doenças. Estudos têm demonstrado sua eficácia no combate a diferentes fitopatógenos, como fungos causadores de doenças de solo em várias culturas (VINALE et al., 2008). De acordo com o estudo realizado por Singh et al. (2017), foi demonstrada uma alta atividade antifúngica contra importantes patógenos agrícolas, como Fusarium spp., Rhizoctonia solani e Phytophthora spp. Os fungicidas à base do T. harzianum apresentam um modo de ação múltiplo, agindo tanto diretamente sobre os patógenos, como também fortalecendo o sistema de defesa das plantas (HERMOSA et al., 2012). Um estudo de Harman et al. (2004) destaca que o T. harzianum produz enzimas hidrolíticas que degradam a parede celular dos fitopatógenos, provocando sua morte. Essas enzimas têm um papel crucial na colonização e penetração do T. harzianum nos patógenos, permitindo sua efetiva ação parasitária. Além disso, também produz metabólitos secundários com propriedades antifúngicas, como peptídeos antifúngicos e ácidos orgânicos, que contribuem para a inibição do crescimento e desenvolvimento dos fitopatógenos (VINALE et al. 2008). 2.2.2 Bacillus pumilus Bacillus é um gênero de bactérias amplamente utilizado em diversas aplicações, incluindo a agricultura. De acordo com Pimentel e Silva (2019), essas bactérias possuem características benéficas para as plantas, e têm a capacidade de atuar como agentes de controle de pragas e doenças, além de melhorar a qualidade do solo e aumentar a produtividade das culturas (GHOSH et al., 2016). Dentro do gênero Bacillus, há diversas espécies estudadas por suas propriedades benéficas, incluindo B. thuringiensis, um grande aliado ao manejo integrado de pragas Bravo et al. (2011), B. amyloliquefaciens, B. subtilis além do Bacillus pumilus. Estudos demonstram que essa bactéria pode atuar como agente de biocontrole, promover o crescimento das plantas e aumentar a absorção de nutrientes (CHEN et al., 2017; JAIN et al., 2017). B. pumilus desempenha um papel importante no controle de doenças foliares, pois dificulta ou impede o desenvolvimento de patógenos presentes na superfície das folhas e ativa o sistema de defesa da planta (AGOSTINO et al., 2009. Ele pode ser utilizado tanto como tratamento curativo quanto preventivo. Estudos têm demonstrado que o Bacillus pumilus apresenta uma eficiente colonização e ação como agente de biocontrole, mostrando uma considerável capacidade de inibir o desenvolvimento de esporos presentes na parte aérea das plantas (OTAVIO et al., 2018). Em relação ao biocontrole, B. pumilus tem mostrado eficácia no controle de diversas doenças que afetam as culturas agrícolas, como a murcha-de-fusarium em plantas de tomate (JAIN et al., 2017) e a podridão-de-raízes em plantas de alface (SINGH et al., 2019). O uso de Bacillus pumilus tem sido associada ao aumento na produtividade das culturas (CHEN et al., 2017), contribuindo para o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável e responsável. 2.2.3 Extrato de algas (Ascophyllum nodosum) Os bioestimulantes são definidos como substâncias e microrganismos que, quando aplicados em plantas, estimulam processos naturais para melhorar a absorção de nutrientes, a tolerância a estresses bióticos e abióticos, e o crescimento das plantas (du JARDIN, 2015). Estes não só podem fornecer nutrientes, como contém compostos que influenciam o metabolismo das plantas e melhoram sua sanidade e performance (CALVO et al., 2014). Os bioestimulantes podem ser compostos de diferentes classes, incluindo extratos de algas, aminoácidos, ácidos húmicos e fúlvicos, polissacarídeos, e microrganismos benéficos, como bactérias e fungos (COLLA et al., 2015). Os efeitos dos bioestimulantes na fisiologia e no crescimento das plantas variam dependendo da composição e da aplicação, assim como na espécie de planta alvo. Produtos a base de extrato de algas são os mais comumentes encontrados no mercado, e uma das principais espécies, é a Ascophyllum nodosum, uma espécie que é encontrada nas costas do Atlântico Norte, conhecida por sua riqueza em compostos bioativos e benefícios para diversas aplicações agrícolas. Estudos têm demonstrado que o extrato de Ascophyllum nodosum possui propriedades promotoras de crescimento, estimulando o desenvolvimento vegetal e aumentando a resistência das plantas. De acordo com Smith et al. (2018), o uso de extratos de Ascophyllum nodosum pode resultar em aumento significativo na taxa de germinação de sementes, no crescimento radicular e na produção de biomassa vegetal. Além da contribuição do uso de A. nodosum na germinação e desenvolvimento inicial, estudos demonstraram que seu uso pode promover o crescimento e a formação de estruturas reprodutivas em diferentes culturas agrícolas. Segundo a pesquisa de Sharma et al. (2013), a aplicação de extrato de A. nodosum em morangueiros resultou em um aumento significativo no número de flores, frutos e na produtividade total. Outro estudo realizado por Rui et al. (2020) analisou o efeito do bioestimulante no crescimento e rendimento na cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.). Os resultados demonstraram que a aplicação teve um impacto positivo significativo no crescimento e rendimento das plantas, promovendo um aumento no número de vagens por planta. Além disso, as vagens produzidas nas plantas tratadas com o extrato de A. nodosum apresentaram um tamanho e massa maiores em comparação com as plantas do grupo controle. 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Local, implementação e condução da pesquisa O experimento foi conduzido no município de Primavera do Leste, que está localizado na região sudeste do estado do Mato Grosso, a cerca de 240 km da capital, Cuiabá, referenciado pelas coordenadas geográficas 15º33’32” de Latitude Sul e 54º17’46” de Longitude Oeste, possuindo uma altitude de 636 m. O clima é classificado como Aw (tropical) segundo a Köppen e Geiger. A temperatura média anual é de 24.6 °C, e a média anual do índice pluviométrico é de aproximadamente 1417 mm. A precipitação pluvial mensal e diária durante a condução da pesquisa com algodão constam na Figuras 1 e 2, respectivamente. Dados coletados da estação meteorológica do local do experimento, de 2009 a 2021 mostraram que a média pluvial para o período de janeiro a julho era de 827,9 mm, no entanto, no ano de 2022, a média caiu para apenas 516,5 mm (Figura 1). Figura 1. Precipitação pluvial mensal, em milímetros, na safra agrícola 2021/22. Fonte: Campo Experimental Ceres Consultoria Agronômica. Primavera do Leste - MT. Figura 2. Precipitação pluvial diária, em milímetros, na safra agrícola 2021/22. Fonte: Campo Experimental Ceres Consultoria Agronômica. Primavera do Leste – MT. 191,2 217,3 80,8 6,5 16 4,7 0 516,5 0 100 200 300 400 500 600 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Acumulado P re ci p it aç ão ( m m ) A semeadura do algodão foi realizada no dia 25/01/2022, utilizando a cultivar FiberMax® 970 GLTP RM, que possuí um ciclo médio, variando entre 160 e 180 dias. A densidade de semeadura foi de 10 semente m-1, com espaçamento entrelinhas de 0,76 m. O manejo fitossanitário durante o cultivo do algodoeiro consta nas Tabelas 1 e 2. Tabela 1. Manutenção fitossanitária do experimento de algodão. Primavera do Leste – MT. Fonte: Dados da própria pesquisa. OPERAÇÃO CLASSE INSUMO UNID. DOSE (un/ha) DATA HORA INICIO HORA TERMINO TEMPERATURA (ºC) UMIDADE DO AR (%) VELOCIDADE DO VENTO (km/h) NEBULOSIDADE (%) ESTADIO DA CULTURA Semeadura Semente FM 970 GLTP RM sem./m 10,000 25/01/2022 10:00 16:00 29,70 60,00 9,70 5 Semeadura Pulverização Herbicida Trunfo L 1,500 08/02/2022 08:00 08:20 22,40 95,00 8,00 20 V2 Pulverização Adjuvante Assist EC L 0,300 08/02/2022 08:00 08:20 22,40 95,00 8,00 20 V2 Pulverização Herbicida Dual Gold L 1,250 08/02/2022 08:00 08:20 22,40 95,00 8,00 20 V2 Pulverização Inseticida Polytrin L 1,000 08/03/2022 10:40 10:50 30,60 64,00 6,40 10 B2 Pulverização Inseticida Marshal Star L 0,300 08/03/2022 10:40 10:50 30,60 64,00 6,40 10 B2 Pulverização Inseticida Malathion 1000 EC L 1,000 13/03/2022 08:35 08:50 25,80 89,00 6,40 30 B4 Pulverização Inseticida Carnadine L 0,100 13/03/2022 08:35 08:50 25,80 89,00 6,40 30 B4 Pulverização Fungicida Fox Xpro L 0,500 13/03/2022 08:35 08:50 25,80 89,00 6,40 30 B4 Pulverização Adjuvante Assist EC L 0,500 21/03/2022 10:15 10:30 28,50 73,00 9,70 20 B5 Pulverização Inseticida Polytrin L 1,000 21/03/2022 10:15 10:30 28,50 73,00 9,70 20 B5 Pulverização Inseticida Marshal Star L 0,300 29/03/2022 08:30 08:40 25,80 90,00 6,40 50 F1 Pulverização Inseticida Evidence 700 WG kg 0,100 29/03/2022 08:30 08:40 25,80 90,00 6,40 50 F1 Pulverização Inseticida Oberon L 0,600 29/03/2022 08:30 08:40 25,80 90,00 6,40 50 F1 Pulverização Regulador de crescimento Pix Hc L 0,100 04/04/2022 07:20 07:40 24,80 94,00 8,00 10 F3 Pulverização Fungicida Mertin 400 L 0,500 04/04/2022 07:20 07:40 24,80 94,00 8,00 10 F3 Pulverização Inseticida Marshal 400 L 0,300 04/04/2022 07:20 07:40 24,80 94,00 8,00 10 F3 Pulverização Inseticida Oberon L 0,600 04/04/2022 07:20 07:40 24,80 94,00 8,00 10 F3 Pulverização Inseticida Polo 500 SC L 0,800 11/04/2022 07:20 07:40 23,20 95,00 4,80 20 F5 Pulverização Inseticida Polytrin L 1,000 11/04/2022 07:20 07:40 23,20 95,00 4,80 20 F5 Pulverização Adjuvante Assist EC L 0,250 11/04/2022 07:20 07:40 23,20 95,00 4,80 20 F5 Pulverização Inseticida Fipronil Nortox 800 WG L 0,100 16/04/2022 07:00 07:20 18,90 67,00 4,80 5 F5 Pulverização Fungicida Score L 0,300 19/04/2022 07:00 07:20 21,80 96,00 1,60 5 F8 Pulverização Fungicida Previnil L 1,500 19/04/2022 07:00 07:20 21,80 96,00 1,60 5 F8 Pulverização Inseticida Marshal 400 L 0,300 19/04/2022 07:00 07:20 21,80 96,00 1,60 5 F8 Pulverização Inseticida Fipronil Nortox 800 WG L 0,100 19/04/2022 07:00 07:20 21,80 96,00 1,60 5 F8 Pulverização Inseticida Omite 720 EC L 1,000 19/04/2022 07:00 07:20 21,80 96,00 1,60 5 F8 OPERAÇÃO CLASSE INSUMO UNID. DOSE (un/ha) DATA HORA INICIO HORA TERMINO TEMPERATURA (ºC) UMIDADE DO AR (%) VELOCIDADE DO VENTO (km/h) NEBULOSIDADE (%) ESTADIO DA CULTURA Pulverização Inseticida Pirephos EC L 0,600 22/04/2022 07:00 07:20 22,90 96,00 1,60 5 F8 Pulverização Inseticida Polo 500 SC L 0,500 25/04/2022 07:00 07:20 22,60 95,00 11,30 5 F8 Pulverização Inseticida Calypso L 0,600 25/04/2022 07:00 07:20 22,60 95,00 11,30 5 F8 Pulverização Inseticida Fipronil Nortox 800 WG L 0,100 25/04/2022 07:00 07:20 22,60 95,00 11,30 5 F8 Pulverização Adjuvante Assist EC L 0,200 25/04/2022 07:00 07:20 22,60 95,00 11,30 5 F8 Pulverização Inseticida Polytrin L 1,000 29/04/2022 07:00 07:20 18,30 94,00 1,60 5 F9 Pulverização Fungicida Fox Xpro L 0,500 03/05/2022 08:05 08:25 22,40 81,00 4,80 10 F10 Pulverização Inseticida Omite 720 EC L 1,000 03/05/2022 08:05 08:25 22,40 81,00 4,80 10 F10 Pulverização Inseticida Diafentiuron Nortox L 0,800 03/05/2022 08:05 08:25 22,40 81,00 4,80 10 F10 Pulverização Inseticida Malathion CCAB 1000 EC L 1,000 03/05/2022 08:05 08:25 22,40 81,00 4,80 10 F10 Pulverização Inseticida Calypso L 0,600 09/05/2022 09:00 09:15 26,60 76,00 6,40 10 F11 Pulverização Inseticida SingularBR kg 0,130 09/05/2022 09:00 09:15 26,60 76,00 6,40 10 F11 Pulverização Inseticida Curbix 200 SC L 1,000 09/05/2022 07:40 08:00 22,10 84,00 4,80 10 F11 Pulverização Inseticida Pirephos EC L 0,600 13/05/2022 08:00 08:30 22,70 81,00 1,00 5 F12 Pulverização Fungicida Score L 0,300 13/05/2022 08:00 08:30 22,70 81,00 1,00 5 F12 Pulverização Inseticida SingularBR kg 0,130 17/05/2022 08:00 08:30 18,60 74,00 8,00 10 C1 Pulverização Inseticida Polo 500 SC L 0,800 17/05/2022 08:00 08:30 18,60 74,00 8,00 10 C1 Pulverização Inseticida Curbix 200 SC L 1,000 23/05/2022 08:30 09:00 21,80 85,00 16,10 15 C2 Pulverização Fungicida Score L 0,300 31/05/2022 08:00 08:30 10,60 88,00 1,00 10 C3 Pulverização Inseticida Malathion CCAB 1000 EC L 1,000 31/05/2022 08:00 08:30 10,60 88,00 1,00 10 C3 Pulverização Inseticida Curbix 200 SC L 1,000 09/05/2022 07:30 08:00 17,20 95,00 1,60 10 C5 Pulverização Inseticida Evidence 700 WG kg 0,100 06/06/2022 07:30 08:00 17,20 95,00 1,60 10 C5 Pulverização Inseticida Bulldock 125 SC L 0,080 14/06/2022 07:30 08:00 19,10 96,00 11,30 30 C8 Pulverização Inseticida Trinca Caps L 0,060 21/06/2022 08:00 08:30 20,10 97,00 12,90 15 C8 Pulverização Inseticida Bulldock 125 SC L 0,080 21/06/2022 08:00 08:30 20,10 97,00 12,90 15 C8 Pulverização Inseticida Malathion 1000 EC L 1,000 26/06/2022 07:30 08:00 20,80 89,00 0,10 5 C10 Pulverização Inseticida Bulldock 125 SC L 0,080 26/06/2022 07:30 08:00 20,80 89,00 0,10 5 C10 Pulverização Herbicida Dropp Ultra SC L 0,500 21/07/2022 09:00 10:00 25,10 45,00 8,00 0 C10 Pulverização Adjuvante Assist EC L 0,300 21/07/2022 09:00 10:00 25,10 45,00 8,00 0 C10 Tabela 2. Informações sobre as aplicações dos produtos teste (data; horário; temperatura; umidade relativa do ar; velocidade do vento; nebulosidade e estádio fenológico da cultura). Primavera do Leste - MT. Código Data Horário Estádio cultura¹ Temperatura Umidade do ar Vel. vento Nebulosidade 0C % Km h-1 % A 25/01/2022 07:00 TS 25,3 86 8,0 30 B 16/03/2022 15:00 B7 27.8 70 3,2 70 C 31/03/2022 08:50 F1 26,0 89 7,7 80 D 14/04/2022 08:15 F3 23,9 90 0,8 80 E 29/04/2022 14:40 F7 31,0 49 6,3 35 F 16/05/2022 09:45 F12 23,6 78 10,3 95 ¹ segundo escala fenológica descrita por Marur & Ruano (2001). Fonte: Dados da própria pesquisa. Tabela 3. Adubações: Datas, produtos e doses. Primavera do Leste – MT. Data Produto Dose (Kg ha-1) 25/01/2022 10-46-00 + 9S 135 13/02/2022 33-00-00 +11S 200 18/02/2022 00-00-60 135 05/03/2022 33-00-00 + 11S 200 11/03/2022 00-00-60 135 23/03/2022 33-00-00 + 11S 200 Total NPK + S: 211,5 - 62,1 - 162 + 78,15 Fonte: Dados da própria pesquisa. 3.2 Delineamentro experimental e tratamentos O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso (DBC), com seis repetições. O experimento foi composto por 5 tratamentos, onde foi diversificado os produtos utilizados, forma e momento de aplicação, como descritos na Tabela 2. Cada unidade experimental (parcela), contou com um tamanho de 3,04 m de largura e 6 m de comprimento, totalizando 18,24 m². O tratamento das sementes, foram feitos com auxílio de sacos plásticos, adicionando as sementes, e fazendo a mistura dos produtos manualmente dentro do recipiente. Para aplicação dos produtos, foi utilizado uma barra de pulverização manual, pressurizado através de CO2, com pressão de trabalho de 40 libras pol-2 e volume de calda de 150 L ha-1. Na barra, estão acopladas 6 pontas XR 110.015, com distância de 50 centímetros entre os bicos. Tabela 4. Tratamentos, doses em gramas (g) ou mililitro (mL) de produto comercial por 100 Kg de sementes ou por hectare e época de aplicação. Tratamentos Dose (g ou mL pc . 100 Kg semente-1, ou ha-1) Momento de aplicação T1 Testemunha - - T2 Trichodermil 200 TS¹ (A) Caravan 400 45 DAE² (B) Caravan 400 60 DAE (C) Caravan 400 75 DAE (D) T3 Trichodermil + Stingray 200 + 200 TS (A) Caravan + Stingray 400 + 1000 45 DAE (B) Caravan + Stingray 400 + 1000 60 DAE (C) Caravan + Stingray 400 + 1000 75 DAE (D) Stingray 1000 90 DAE (E) T4 Stingray 200 TS (A) Stingray 1000 45 DAE (B) Stingray 1000 60 DAE (C) Stingray 1000 75 DAE (D) Stingray 1000 90 DAE (E) T5 Stingray 200 TS (A) Stingray 1000 60 DAE (C) Stingray 1000 75 DAE (D) Stingray 1000 90 DAE (E) Stingray 1000 105 DAE (F) ¹ Tratamento de semente; ² Dias após emergência. Fonte: Dados originais da pesquisa. 3.3 Especificações dos produtos As especificações dos produtos testados nesta pesquisa são apresentadas nas Tabelas 5 e 6. Tabela 5. Nome comercial, composição, classe, concentração e formulação dos produtos utilizados na pesquisa. Nome comercial Composição Classe Concentração Formulação Trichodermil Super SC® Trichoderma harzianum Cepa ESALQ 1306 Fungicida e nematicida microbiológico 2,0 x 109 conídios viáveis mL-1 SC Caravan® Bacillus pumilus CNPSo 3203 Fungicida microbiológico 4,6x1011 endósporos viáveis L-1 SC Stingray® Ascophyllum nodosum Bioestimulante 100% A. nodosum SC Fonte: Koppert Biological Systems, 2023. Tabela 6. Especificações químicas do extrato liquido comercial Stingray® (Ascophyllum nodosum). Análises discriminatórias Quantidade Matéria orgânica 13 - 16% Nitrogênio total (N) 0,30 - 0,60% Fosfato disponível (P2O5) < 0,1% Potássio solúvel (K2O) 5,0 - 7,0% Enxofre 0,30 - 0,60% Magnésio 0,05 - 0,10% Cálcio 0,10 - 0,20% Ferro 30 - 80 ppm Cobre 01 - 05 ppm Zinco 05 - 15 ppm Manganês 01 - 05 ppm Boro 20 50 ppma Carboidratos Ácido algínico, manitol e fucoidinas Aminoácidos 1,01% Fonte: Acadian Seaplants Limited (2015) 3.4 Avaliações realizadas As avaliações realizadas no experimento com algodão foram: (a) Estande de plantas; contabilizados em um metro das duas linhas centrais da parcela, aos 30 e 130 DAE (dias após emergência); (b) Quantidade de estruturas reprodutivas por metro; contabilizados em um metro das duas linhas centrais da parcela aos 130 DAE; (c) Número de nós por planta; aferido em 5 plantas por parcela aos 130 DAE. (d) Altura de planta; mensurada em 5 plantas por parcela aos 30 e 130 DAE. (e) Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI); mensurado com o auxílio do equipamento GreenSeeker aos 90 e 130 DAE; (f) Produtividade de algodão em caroço; colheita mecanizada de 4 metros das duas linhas centrais por parcela; (g) Rendimento de fibra e massa de capulho; coletados 30 capulhos por parcela em pré-colheita; (h) Qualidade da Pluma – HVI; realizado no laboratório da Unicotton em Primavera do Leste – MT. 3.5 Análises estatísticas Todos os dados foram inicialmente testados quanto à homogeneidade de variâncias pelo teste de Levene (p ≤ 0,05) e normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk, que indicou que os dados estavam distribuídos de forma normal (W ≥ 0,90). Os dados foram submetidos à análise de variância (teste F). Quando foi observado efeito significativo pelo teste F (p ≤ 0,05), foi utilizado o teste de Tukey (p ≤ 0,05) para comparação das médias dos tratamentos. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A região onde foi realizado o experimento enfrentou um grande desafio em 2022, com baixas nas precipitações pluviais (Figuras 1 e 2), principalmente no período da segunda safra, a produtividade do algodão foi significativamente reduzida, principalmente para as plantações semeadas a partir da segunda quinzena de janeiro de 2022. 4.1 Parâmetros biométricos e quantitativos. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos para altura de plantas e estande de plantas por metro, aos 30 dias após a emergência (Tabela 7), o que sugere que nenhuma das combinações de produtos testados teve um efeito no desenvolvimento inicial do algodoeiro, os quais conseguiram se estabelecer de forma semelhante na área agrícola. Este cenário poderia ser diferente, caso houvesse na área, um histórico de doenças de solo, e condições adversas para a emergência das plântulas, já que os produtos biológicos são capazes de aumentar a tolerância das plantas a condições ambientais desfavoráveis, como altas temperaturas, baixa precipitação, salinidade do solo e pH desequilibrado, além de proteger contra patógenos do solo, como fungos e nematoides, como evidenciado em estudos realizados por Ruzzi et al. (2017) e Bashan e de-Bashan (2010), que indicam que os microrganismos benéficos podem promover o crescimento e desenvolvimento inicial das plantas, devido à redução dos efeitos negativos do ambiente de cultivo. Tabela 7. Altura de plantas e estande de plantas por metro, aos 30 dias após a emergência (DAE) da cultura do algodão. Tratamento 30 DAE Altura de plantas (cm) Estande (Plantas m-1) 1 Testemunha 20,80 a¹ 8,92 a 2 Tric³ (TS) > 3x Crv4 21,65 a 9,00 a 3 Tric + Stg5 (TS) > 3x Crv + Stg > Stg 20,95 a 9,21 a 4 Stg (TS) > 4x Stg (45 DAE) 21,00 a 9,42 a 5 Stg (TS) > 4x Stg (60 DAE) 21,35 a 9,34 a CV² (%) 6,15 6,64 Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade do erro. 2 coeficiente de variação. ³ Trichodermil®. 4 Caravan®. 5 Stingray® Fonte: Resultados da própria pesquisa. O Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) é uma ferramenta amplamente utilizada em estudos de monitoramento ambiental, agricultura de precisão, mapeamento de recursos naturais e gestão de ecossistemas (GAO, 1996). Este é calculado a partir da diferença entre a reflectância da luz vermelha e infravermelha próxima do espectro eletromagnético, o que permite a identificação de áreas verdes e a avaliação da saúde das plantas (HARRIS et al., 2018). O NDVI pode ser influenciado por fatores como a umidade do solo, a temperatura e a densidade de plantas entre outros, porém, durante a realização do experimento esses fatores não diferiram entre os tratamentos, portanto é esperado que não sejam observadas diferenças significativas no NDVI (Tabela 8). Embora seja uma ferramenta valiosa para a avaliação da saúde das plantas, outros fatores podem afetar a produtividade. Tabela 8. Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), aos 90 e 130 DAE da cultura do algodão. Tratamento NDVI 90 DAE 130 DAE 1 Testemunha 0,82 a¹ 0,76 a 2 Tric (TS) > 3x Car 0,82 a 0,74 a 3 Tric + Stg (TS) > 3x Crv + Stg > Stg 0,82 a 0,73 a 4 Stg (TS) > 4x Stg (45 DAE) 0,81 a 0,70 a 5 Stg (TS) > 4x Stg (60 DAE) 0,81 a 0,74 a CV² (%) 1,19 3,65 ¹ Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade do erro. 2 coeficiente de variação. Fonte: Resultados da própria pesquisa. A altura de planta e o número de nós por planta aos 130 DAE da cultura do algodão não foram influenciadas significativamente pelos tratamentos (Tabela 9). Em experimentos agrícolas, a altura das plantas é uma das características mais utilizadas para avaliar o crescimento vegetativo das plantas (RIBEIRO et al., 2014). No entanto, nem sempre este fator está correlacionado com um aumento no rendimento final, uma vez que outros fatores bióticos e abióticos também podem influenciar no rendimento das culturas (FAGERIA et al., 2011). Devido a isso, a partir dos dados apresentados de altura de plantas, número de nós, não é possível concluir que um dos tratamentos testados é significativamente melhor do que controle para aumentar a produtividade do algodão de forma indireta. Para o estande de plantas, assim como na primeira avaliação aos 30 DAE, não houve diferença estatística entre os tratamentos no algodoeiro aos 130 DAE (Tabela 9). Tabela 9. Altura de planta, número de nós por planta e estande de plantas por metro, aos 130 DAE da cultura do algodão. Tratamento 130 DAE Altura de plantas (cm) Número de nós por planta Estande (plantas m-1) 1 Testemunha 125,45 a¹ 16,20 a 8,75 a 2 Tric (TS) > 3x Crv 124,85 a 16,50 a 8,88 a 3 Tric + Stg (TS) > 3x Crv + Stg > Stg 123,35 a 16,45 a 8,75 a 4 Stg (TS) > 4x Stg (45 DAE) 121,35 a 16,45 a 8,75 a 5 Stg (TS) > 4x Stg (60 DAE) 121,75 a 16,85 a 8,94 a CV² (%) 5,7 3,07 5,93 ¹ Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade do erro. 2 Coeficiente de variação. Fonte: Resultados da própria pesquisa. Para o número de maçãs por metro (Tabela 10), não houve diferença estatística entre os tratamentos, porém, todos os tratamentos apresentaram numericamente valores maiores em comparação à testemunha. O segundo tratamento (Trichodermil (TS) > 3x Caravan), promoveu uma média de 34,25 maçãs por metro, seguido do tratamento 5 (Stingray (TS) + 4X Stingray (60 DAE)), que propiciou a segunda maior média, de 33,63 maçãs por metro. Com relação ao número de capulhos por metro, os tratamentos apresentaram diferenças estatísticas entre si (Tabela 10). O primeiro tratamento (Testemunha) foi o que proporcionou a maior média de capulhos por metro, porém sem diferir estatíticamente dos tratamentos 5 e 4. Quanto ao número de estruturas reprodutivas de algodão por metro (Tabela 10), também não houve diferença estatística entre os tratamentos, entretando, evidencia-se que o tratamento 5, numericamente propiciou em média 5 estruturas reprodutivas por metro a mais que o tratamento testemunha. A quantidade de estruturas reprodutivas na cultura do algodão pode ser influenciada alguns fatores, como a temperatura e a umidade relativa do ar, que possuem um impacto significativo na produção de flores e maçãs, bem como ataque de pragas e doenças. Temperaturas extremamente altas ou baixas podem limitar o desenvolvimento das estruturas reprodutivas (ARSHAD et al., 2017). A disponibilidade de nutrientes no solo também pode afetar a produção de estruturas reprodutivas. Um estudo de Melchiori et al. (2019) constatou uma correlação positiva entre a adubação nitrogenada e a produção de maçãs em algodoeiros. A aplicação adequada de nutrientes pode aumentar a absorção de água e nutrientes pelas raízes das plantas, aumentando a produção de estruturas reprodutivas. Tabela 10. Número de estruturas reprodutivas (maças, capulhos e total) por metro, aos 130 DAE da cultura do algodão. Tratamento 130 DAE Maçãs Capulhos Total 1 Testemunha 28,38 a¹ 7,63 a 36,00 a 2 Tric (TS) > 3x Crv 34,25 a 5,00 b 39,25 a 3 Tric + Stg (TS) > 3x Crv + Stg > Stg 31,13 a 4,25 b 35,38 a 4 Stg (TS) > 4x Stg (45 DAE) 33,38 a 6,25 ab 39,63 a 5 Stg (TS) > 4x Stg (60 DAE) 33,63 a 7,50 a 41,13 a CV² (%) 9,74 16,65 7,55 ¹ Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade do erro. 2 coeficiente de variação. Fonte: Resultados da própria pesquisa. Não houve diferença estatística entre os tratamentos quanto a produtividade de algodão em caroço (Tabela 11), no entanto verificou-se incremento produtivo frente a testemunha em todos os tratamentos com uso dos produtos microbiológicos e extrato de algas, com destaque para o tratamento 5 (Stintray (TS) > 4x Stingray (60 DAE)), que em termos numéricos, obteve em relação a testemunha sem aplicação, um incremento de 349,5kg de algodão em caroço ha-1. O tratamento 5 também foi significativamente superior na produtividade de algodão em fibra, produzindo 9,24 @ de fibra por hectare a mais que a testemunha. Este resultado é importante, pois notou-se um incremento produtivo expressivo com uso do Stingray, conforme aplicado no tratamento 5. Em relação ao rendimento de fibra e massa de capulho não foi observada diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 11). Tabela 11. Produtividade (Prod) e incremento produtivo em relação a testemunha (Increm), em @ (15 Kg) de algodão em caroço por hectare; rendimento de fibra (R. fibra) em porcentagem; produtividade, em @ de fibra por hectare; e massa de capulho (Massa cap.) em gramas. Tratamentos Prod Increm R. fibra Prod Massa cap. ------ (@ ha-1) ----- (%) (@ fibra ha -1) (g) 1 Testemunha 213,82 a - 40,04 a 85,67 b 4,08 a 2 Tric (TS) > 3x Crv 227,93 a 14,12 40,83 a 93,06 ab 4,32 a 3 Tric + Stg (TS) > 3x Crv + Stg > Stg 220,94 a 7,13 40,38 a 89,18 ab 4,09 a 4 Stg (TS) > 4x Stg (45 DAE) 224,78 a 10,96 40,17 a 90,21 ab 4,18 a 5 Stg (TS) > 4x Stg (60 DAE) 237,12 a 23,3 40,03 a 94,91 a 4,11 a CV² (%) 4,57 16,65 1,72 4,32 4,72 ¹ Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade do erro. 2 coeficiente de variação. Fonte: Resultados da própria pesquisa. 4.2 Aspectos qualitativos Existem estudos que investigaram o efeito do aumento da produtividade no algodão e sua relação com a qualidade da fibra, como a conduzida por Yang et al. (2020), que mostra que um aumento significativo na produtividade do algodão pode levar a uma redução especialmente em termos de comprimento e resistência das fibras. Embora neste ensaio todos os tratamentos proporciaram uma produtividade maior em relação a testemunha, não houve diferença estatística entre os tratamentos em nenhuma das avaliações realizadas no laboratório para a análise de qualidade do produto final (qualidade da pluma; comprimento; uniformidade; fibra curtas; resistência a ruptura; alongamento e micronaire de algodão) (Tabela 12). Com isso pode-se inferir que a utilização dos produtos biológicos, trazem um acréscimo na quantidade de fibra produzida, porém não trazem nenhum efeito em aspectos qualitativos. Tabela 12. Qualidade da Pluma (HVI); comprimento (Comp), em milímetros; uniformidade (Unif), em porcentagem; fibra curtas (F. curt), em porcentagem; resistência a ruptura (Res) em gf.tex-1; alongamento (Elong), em porcentagem e micronaire (Mic) de algodão. Tratamento 130 DAE Comp Unif F. curt Res Elong Mic 1 Testemunha 28,70 a 83,98 a 5,43 a 29,15 a 6,13 a 4,23 a 2 Tric (TS) > 3x Crv 28,43 a 84,78 a 5,60 a 30,78 a 6,08 a 4,29 a 3 Tric + Stg (TS) > 3x Crv + Stg > Stg 29,48 a 84,75 a 5,90 a 31,23 a 6,18 a 4,22 a 4 Stg (TS) > 4x Stg (45 DAE) 28,85 a 84,18 a 7,45 a 31,98 a 5,98 a 4,19 a 5 Stg (TS) > 4x Stg (60 DAE) 28,90 a 84,90 a 5,93 a 30,43 a 6,23 a 4,32 a CV (%) 2,13 1,52 20,61 5,35 4,37 4,33 a ¹ Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade do erro. 2 coeficiente de variação. Fonte: Resultados da própria pesquisa. É importante enfatizar que há diversos fatores e variáveis que afetam a relação entre a produtividade e a qualidade da fibra de algodão. Pesquisas adicionais ressaltam que uma gestão agronômica adequada, que inclui práticas de cultivo, suprimento adequado de nutrientes e controle de pragas, pode ajudar a mitigar a redução na qualidade da fibra associada ao aumento da produtividade (FANG et al., 2020) 5. CONCLUSÕES Neste estudo, evidencia-se que o uso de produtos microbiológicos e do bioestimulante a base de extrato de algas incluídos no manejo da cultura do algodão, podem aumentar a produtividade de fibras de algodão, proporcionando ganhos significativos nos aspectos quantitativos, além de não influenciar na qualidade do produto final (qualidade da pluma; comprimento; uniformidade; fibra curtas; resistência a ruptura; alongamento e micronaire de algodão). O uso de Stingray no tratamento de sementes e mais quatro aplicações via foliar nas épocas: 60, 75, 90 e 105 DAE (tratamento 5) se destacou entre todos os tratamentos, sendo superior na produtividade de algodão em fibra, com um acréscimo de 9,24 @ (138,6 kg) de fibra por hectare a mais que a testemunha. O segundo tratamento mais interessante foi tratamento 2, que contou com o uso dos produtos Trichodermil (Trichoderma harzianum) + Caravan (Bacillus pumilus), sendo posicionado o Trichodermil em tratamento de semente e três aplicações de Caravan em pulverização foliar nas épocas 45, 60 e 75 DAE, que trouxe um acréscimo de 7,39 @ (110,85 kg) na produtividade de fibra por hectare. Adicionalmente, todos os tratamentos que obteram acréscimo na produtividade de fibra por hectare em comparação a testemunha, não tiveram os aspectos qualitativos das fibras comprometidos, portanto, proporcionaram aumento na produçao sem perda de qualidade. Por fim, recomenda-se mais pesquisas para se entender melhor a sinergia entre o uso de bioestimulante a base de extrato de algas e os produtos microbiológicos, bem como as épocas de aplicações que serão mais adequadas e responsivas, no cultivo do algodão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARSHAD, M. H.; HUSSAIN, M.; SALEEM, M. F. Effect of climatic factors on the phenology of cotton. Journal of Agriculture and Environmental Sciences, 2(1), 1-8, 2017. BASHAN, Y.; de-BASHAN, L. E. How the plant growth-promoting bacterium Azospirillum promotes plant growth a critical assessment. In: Biological nitrogen fixation. Springer, Dordrecht. p. 121-148. 2010. BORGES, A. C. et al. Biological inputs in sustainable agriculture. Sustainable Agriculture Reviews, v. 36, p. 221-244, 2019. BRAVO, A., LIKITVIVATANAVONG, S., GILL, S. S., & SOBERÓN, M; Bacillus thuringiensis: a story of a successful bioinsecticide. Insect biochemistry and molecular biology, 41(7), p. 423-431, 2011. 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