1 A UTILIZAÇÃO DE BLOGS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA. Taitiâny Kárita Bonzanini (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências, Programa de Pós Graduação em Educação para a Ciência, Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências, Unesp – Bauru, taitiany@gmail.com); Fernando Bastos (Universidade Estadual Paulista- Unesp, Bauru. Departamento de Educação/Faculdade de Ciências, Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências,ferbastos@fc.unesp.br) Eixo temático: 10 - Tecnologias de informação e comunicação - TIC no processo de ensinar e aprender e na formação docente. Introdução A formação continuada de professores tem sido uma temática prioritária nas pesquisas em Educação em Ciências (SOARES, et al, 2007), que afirmam que a aprendizagem de conceitos, as políticas educacionais e a formação de alunos requerem profissionais habilitados e capacitados. Com relação ao Ensino de Ciências, os novos conhecimentos produzidos pela Genética, como as pesquisas com alimentos transgênicos ou clonagem, impõem aos docentes a necessidade constante de atualizar-se. Mas, devido à sobrecarga de trabalho e à falta de tempo disponível, estes têm poucas oportunidades de se dedicarem à atualização de conhecimentos, tantos os específicos de sua disciplina quanto os pedagógicos. Nesse cenário, espaços como blogs mostram-se especialmente importantes na promoção de ações de formação continua, pois como ambiente interativo de aprendizagem, permite múltiplas interferências e conexões, possibilitando um maior contato e até mesmo parcerias entre um professor formador e um participante de um curso. Além disso, através de uma participação via Blog, os professores poderão estabelecer vínculos de afetividade e interatividade, têm espaço para opinar, argumentar ou tirar dúvidas. Muitos blogs são criados diariamente, em diversos idiomas e com variados temas, inclusive educacionais. Assim, professores e alunos de todos os níveis de ensino descobrem na criação de blogs uma outra forma de aprender, de ensinar, de informar, de conhecer, de compartilhar, de publicar, de comunicar. Como afirma Lévy (1993, p.7) “novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática”. 6917 2 Sendo assim, podemos definir um blog como muito mais que um ambiente onde são publicadas informações (textos, vídeos, imagens), comentários e indicações de links, para considerá-lo como um ambiente que possibilita debates de ideias independentes da localização das pessoas, estimulando a comunicação, a democratização do pensamento, de informações e conhecimentos com liberdade de expressão. Nesse artigo apresenta-se uma análise sobre o uso de um blog (http://www.ensinogenetica.blogspot.com/), em um curso formação continuada. O referido curso fez parte de uma pesquisa qualitativa mais ampla sobre formação continuada, que investigou as necessidades formativas de professores de Ciências e Biologia, com relação ao trabalho em sala de aula com temas recentes da genética como: clonagem, organismos transgênicos, células-tronco e projeto genoma humano. Considerando-se que a grande maioria das escolas em que esses professores trabalham, tanto da rede estadual quanto municipal ou particular, possui conexão com a Internet, todos os participantes teriam oportunidade de acessar o blog. Além disso, o blog poderia constituir um espaço para reflexão e apresentação pública das atividades desenvolvidas, bem como promover discussões entre os participantes e destes com o professor-formador já que a internet representa uma oportunidade, além do acesso à informação, de produção e divulgação de materiais, como também de interação. Segundo Rosini (2007) vivemos a era da informação com seus meios de divulgação, como revistas, telejornais e internet. Nesse contexto, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) constituem instrumentos valiosos, pois são ferramentas de comunicação, distribuição e reunião de informações e conhecimentos, provocando uma interação num tempo e espaço atual e presencial (CALDERÓN, 2007). Como um ambiente interativo de aprendizagem, o Blog permite múltiplas interferências e conexões, possibilitando um maior contanto e até mesmo parcerias entre professor formador e participante. Pode-se destacar, entre as várias possibilidades da utilização dos blogs na educação: - Blog de fontes externas às escolas, de informação temática relevante, reconhecidos como válido pelos professores; - Blog sob a forma de depósito de informação pesquisada, sintetizada e comentada pelo professor; - Blog como portfólios digitais ou diários de aprendizagem; - Blog como espaço de intercâmbio e colaboração; 6918 3 - Blog como espaço de simulação e/ou debate; - Blog como espaço de integração e comunicação. Esses são alguns exemplos da utilização dos blogs, que continuam sendo explorados, por alunos e professores, e a cada dia surgem novas formas de utilizar seus recursos e potencialidades: configurando um recurso pedagógico ou uma estratégia pedagógica. Esse cenário ressalta a importância da criatividade, comprometimento e formação do professor para utilizar e explorar os recursos disponíveis e suas potencialidades, valorizando o papel ativo dos alunos no processo de aprendizagem. Além disso, de acordo com trabalhos de pesquisa publicados, os professores buscam conhecimentos na internet, e esta integra o computador a escola, e través de uma participação via Blog, os professores poderão estabelecer vínculos de afetividade e interatividade, têm espaço para opinar, argumentar ou tirar dúvidas. Sendo assim, o blog pode ser utilizado com importante ferramenta em processos de formação continuada de professores. Objetivos O presente artigo tem o objetivo de analisar a utilização de um blog em um curso de formação continuada, indicando suas potencialidades como recurso ou estratégia pedagógica, e sua importância como espaço para promoção de ações de capacitação docente. Metodologia Para a realização de um trabalho de formação continuada, foram planejadas 40 horas de atividades presenciais para o curso intitulado: “Os avanços recentes da genética e a formação continuada”. Durante os encontros, surgiu a necessidade de um espaço maior para troca de materiais, discussões, relatos de experiências, solicitação de informações adicionais etc., e por isso foi criado um blog (http://ensinogenetica.blogspot.com), constituindo uma parte não presencial do curso. As atividades programadas para cada encontro envolveram propostas de discussões, leituras, simulações e atividades práticas descritas em trabalhos de pesquisas (DINIZ, et al, 2006; entre outros), relacionadas, por exemplo, a alimentos transgênicos células-tronco, pesquisas com o DNA recombinante. Porém, neste artigo 6919 4 apresenta-se a análise das participações no blog, os encontros presenciais não serão aqui detalhados. Desse curso participaram 12 professores que tinham como tarefa, acessar o endereço do blog, semanalmente, para participar de discussões ou responder questões propostas pelo professor formador. Essas participações constituíram outras 20 horas do curso realizado. No blog, além das discussões desenvolvidas, os professores também poderiam encontrar indicações de vídeos, filmes, entrevistas, documentários, reportagens, músicas, seleção de endereços eletrônicos, notícias e propostas de atividades, enfocando o conteúdo em questão. As indicações sempre traziam comentários, informando as possibilidades pedagógicas para os conteúdos pesquisados. Foram analisados os relatos deixados pelos participantes do curso nas discussões propostas assim como as opiniões que expressavam a respeito do uso do blog, tanto durante o curso de formação como também sobre as possibilidades desse recurso para o trabalho diário em sala de aula. Para a referida análise, utilizou-se siglas (por exemplo: PA, AL, e outras) para indicar os relatos escritos deixados pelos professores na página do blog, conforme descreve-se a seguir. Resultados e discussão O blog (http://ensinogenetica.blogspot.com/) foi organizado no intuito de se atende à demanda dos professores por um maior espaço para discussões e interações entre os participantes. O mesmo acabou por constituir uma importante ferramenta de pesquisa, pois os professores descreviam ações desenvolvidas em sala de aula, mesmo após o término das oficinas. Através desse espaço, foi possível, portanto, avaliar determinadas influências do curso na prática pedagógica, de acordo com os relatos abaixo: PA: “Queria te contar que estou usando o blog e indicando para os alunos, eles podem entrar? Queria que eles pesquisassem alguns temas, então passei o endereço a eles.” VE: “Estou desenvolvendo um projeto com os alunos, usei alguns temas das oficinas e até bolei uma atividade, fiquei até orgulhosa, porque acho que a atividade ficou muito boa.” O blog também foi utilizado pelos participantes como local para consulta de materiais e relatos de atividades desenvolvidas, conforme depoimentos deixados: 6920 5 PR: “Pelo blog encontrei uma coleção de livrinhos: Genética em 90 minutos, é bem fácil de ler, indiquei para os alunos.” AL: “Sabe, quando criei meu blog pensei que os alunos iriam entrar no blog, responder e pronto, mas entram colocam opiniões, foi possível realizar discussões, ta bem legal, entrem lá no meu blog.” É possível identificar a importância de se constituir acervos de materiais para que os professores possam consultar ou até mesmo indicar aos alunos. Além disso, foi evidente que vivenciar uma atividade, como a participação em discussões através do blog, motivou o professor participante a praticar situação similar com os educandos. Outras participações escritas, deixadas no blog, indicaram que este também foi utilizado como um espaço para debates de ideias: PR: “Os temas não são difíceis de trabalhar, afinal muitos deles já se encontram em textos dos livros didáticos e apostilas das escolas. O que pode ser visto como dificuldade talvez seja a forma de abordar os temas, porque é necessário embutir conceitos aprendidos em aula ou explicar os conceitos já embutidos no texto. AL: “Concordo plenamente. É necessário que os alunos tenham uma boa base para compreender de forma significativa os temas abordados. Penso que, caso eles não tenham uma base sólido, o conhecimento acaba se restringindo a uma curiosidade, e não é isso que queremos.” BE: “Gente, penso que o professor que trabalha os pontos positivos e negativos de determinado assunto já esta sendo flexível. Assim o aluno passa a adquirir flexibilidade ao receber uma informação, ou seja, ele passa a ter autonomia para questionar e refletir sobre o que os meios de comunicação apresentam a ele. AL: “Eu tenho uma opinião um pouco diferente. Não creio que o professor deva mostrar diretamente ao aluno os prós e contras. Penso que o próprio aluno deva buscar essa informação pois isso fará parte da sua formação. Penso que o professor deva ser apenas um facilitador, levando os textos, imagens, reportagens ou artigos para que os mesmo possam entrar em contato e dai eles mesmo dizerem os prós e contras. Quando o professor compartilha com os colegas de profissão, ou até mesmo com alunos, os novos conhecimentos, e tem a oportunidade de trocar experiências revela um 6921 6 saber pedagógico sobre o conteúdo, pois, dessa maneira, os educadores elaboram e constroem de forma crítica e criativa a sua prática. Sendo assim, é possível afirmar que o blog mostrou-se como uma adequada ferramenta para a promoção de intercâmbios e trocas de ideias entre os participantes, ultrapassando os limites das oficinas presenciais, através dele os cursistas puderam interagir, cooperar e construir conhecimentos. Além disso, o blog é uma ferramenta de fácil acesso, que o professor pode utilizar de acordo com suas necessidades. Para Libâneo (2000) um docente capacitado a atender às exigências do mundo contemporâneo precisa reconhecer o impacto cada vez maior das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na educação escolar e na vida cotidiana, conscientizando-se de que os veículos de informação e comunicação (televisão, cinema, vídeo, computador, etc.) são fontes, não somente de comunicação e lazer, mas de aprendizagem e de conhecimento e são recursos que a escola pode utilizar no processo ensino-aprendizagem. Sobre o uso do blog os relatos foram os seguintes: TH: “Eu nunca tinha acessado blog, e gostei muito, é rápido, um jeito fácil de se comunicar.” AL: “Foi depois de começar o curso que fiz um blog para discutir com meus alunos, gostaria que vocês entrassem e opinassem, assim vou melhorando.” PR: “O blog continua né? Assim nossa comunicação também continua.” KE: “Queria perguntar isso também. Se temos o blog quando precisamos de materiais ou quando recebemos algum material podemos nos comunicar.” Por meio de um blog, portanto, foi possível estabelecer um espaço maior de diálogo e interatividade, além de um contato que ultrapassa a execução das oficinas, já que os professores ainda escrevem e participam nesse espaço, mesmo após a finalização do curso, e o indicam como endereço confiável de pesquisa para os alunos. De acordo com Tardif (2003), a multiplicação das novas tecnologias da informação (internet, multimídias, etc.) permite inferir que futuramente serão cada vez mais constantes novos modos de colaboração entre professores e pesquisadores, entre as universidades e as escolas. A criação de bancos de dados informatizados, acessíveis a todos os professores, comportando simulações, resolução de problemas, informações 6922 7 sobre as estratégias de ensino, possibilidades de discussão e reflexão através de postagens eletrônicas, poderá garantir uma maior troca de ideias entre professores e pesquisadores. Como os professores participavam semanalmente do blog, essa atividade acabou configurando uma parte não presencial do curso de formação continuada, estimada em 20 horas de atividades. Geralmente uma ideia ou questão era lançada pelo professor formador e os professores participantes poderiam trocar opiniões, responder às questões lançadas, por exemplo: Pesquisador: “Técnicas modernas para o prolongamento da vida. Terapia genética. Identificação de genes. Alimentos transgênicos. O direito de morrer. O sacrifício de embriões humanos. A negação do princípio da precaução. Paradoxos surgidos em conseqüência do desenvolvimento da genética. Até que ponto os avanços científicos e tecnológicos na área da genética são bons para sociedade?” AL: “Penso que qualquer avanço que traga bem estar a população é bom para a sociedade, desde que não haja outros interesses senão os de ajudar as pessoas. A partir do momento que decisões são tomadas para beneficiar determinado grupo da população, o avanço científico acaba sendo utilizada para que tenhamos uma divisão em dominantes e dominados. Temos de lembrar que a sociedade mundial possui diversos segmentos e que qualquer avanço necessariamente trará grandes discussões acerca do que se propõe.” PR: “Acredito que nem todos os avanços são bons, não pela tecnologia em si, mas pelo público que eles irão atender. As pesquisas em sua maioria são financiadas com dinheiro público, portanto, com dinheiro dos impostos que todos pagam, independente de classe social. É surprendente tudo o que está sendo publicado referente a esses avanços, pois dão esperanças para sanar diversos males de saúde, basta saber agora a quem serão destinados. Será que o sistema de saúde pública será um deles?” KE: “É difícil de tomar uma decisão a respeito do que é ou não bom dentro desses avanços, as promessas são maravilhosas, mas e a realidade? Quais porções da sociedade utilizarão os benefícios do que se descobre? Até onde não chegará a arrogância dos seres humanos que podem ser capaz de destruir populãções inteiras apenas com um vírus? Obviamente adoro as descobertas, por fazer parte da minha formação e de tudo que amo, mas será que todos estão preparados para tamanha responsabilidade? Não consigo responder.” 6923 8 Pesquisador: “Realmente ficamos em dúvida sobre os benefícios das novas descobertas da genética, se estas beneficiarão a população de uma maneira geral ou se apenas uma pequena parcela dela. Daí a necessidade de discutirmos com nossos alunos a importância de conhecer tais assuntos para exigir os seus direitos.” AL: “A Pesquisadora tocou em um ponto importante. O papel do professor não é apenas o de discutir os temas em sala de aula mas, também, o de trabalhar os alunos no sentido de que eles possam participar mais ativamente da vida em sociedade, não sendo um espectador passivo dos acontecimentos da sua época. Ele pode e deve fazer parte dessa história.” Dessa forma, o uso do blog possibilitou uma maior parceria entre professor formador e professores participantes, pois ao navegarem juntos, foi possível apontar as possibilidades dos novos caminhos sem a preocupação de ter experimentado passar por eles algum dia. O blog pode auxiliar o professor a provocar o aluno a descobrir novos significados para si mesmo ao incentivar o trabalho com problemáticas que fazem sentido naquele contexto e que possam despertar o prazer, já que é uma ferramenta que possibilita maior comunicação para compartilhar ideias, a realização conjunta de produções e o desenvolvimento de projetos colaborativos. Os relatos deixados na página do blog contribuem para um desenvolvimento da consciência do que é lido para compartilhar opiniões, saberes e sentimentos e não para ser “corrigido”. Rompe com as distâncias espaço-temporais e viabiliza a recursividade, múltiplas interferências, conexões e trajetórias, não se restringindo à disseminação de informações e tarefas inteiramente definidas a priori. De acordo com Perrenoud (2000), as novas tecnologias podem contribuir para atividades pedagógicas e didáticas contemporâneas, pois permitem que sejam criadas situações de aprendizagem ricas, complexas, diversificadas, por meio de uma divisão do trabalho que não faz mais com que todo o investimento repouse sobre o professor, uma vez que tanto a informação quanto a dimensão interativa são assumidas pelos produtores dos instrumentos. Considerações finais A análise das participações dos professores nas discussões propostas indicou que o blog pode configurar um importante instrumento de comunicação, interação e compartilhamento de ideias, informações e conhecimentos de forma colaborativa, e por 6924 9 estas características, torna-se uma importante ferramenta que pode ser explorada potencialmente na área educacional. Sendo assim, o blog pode ser considerado um ambiente virtual de aprendizagem, uma vez que esta não se dá de forma passiva, pois os participantes eram convocados a participar ativamente das discussões. Segundo Soares e Almeida (2005, p. 3): “Um ambiente de aprendizagem pode ser concebido de forma a romper com as práticas usuais e tradicionais de ensino-aprendizagem como transmissão e passividade do aluno e possibilitar a construção de uma cultura informatizada e um saber cooperativo, onde a interação e a comunicação são fontes da construção da aprendizagem.” Observou-se que o blog pode ser utilizado como um recurso pedagógico ou como uma estratégia pedagógica. Enquanto recurso pedagógico, o blog pode ser utilizado como um depósito de informações, onde os alunos assumem um papel receptivo e o professor ativo, disponibilizando links, materiais de aula e conteúdos selecionados que devem ser consultados pelos alunos na sua disciplina, assumindo assim, uma posição diretiva, onde o professor impõe os conteúdos e fontes de pesquisa e o aluno assume o papel de mero receptor de informações. Quando utilizado como estratégia pedagógica, sendo essa uma opção da presente pesquisa, o blog pode ser utilizado não apenas para expor conteúdos e indicações de links, mas abrir um espaço para comentários e exposições de ideias, para que possam refletir sobre os conteúdos estudados, os links acessados e, a partir disso, expor um comentário, uma reflexão, opinião, entendimento, dúvida e sugestões para novos trabalhos. Nessa perspectiva, o blog utilizado possibilitou a troca de opiniões sobre determinados assuntos, valorizar a interação e a linguagem, para o desenvolvimento dos alunos e construções coletivas. Dessa forma, o blog foi mais que um recurso pedagógico, mas sim uma estratégia de ensino-aprendizagem, na qual o papel do professor formador foi de suma importância, pois os participantes não agiam apenas como meros receptores de informações, mas ocorria sempre uma medicação das atividades e discussões propostas, seleção, análise, síntese e publicação de informação. A análise das discussões e relatos dos professores indicou o blog como uma adequada ferramenta para a promoção de intercâmbios e trocas de ideias entre os participantes, ultrapassando os limites das oficinas presenciais, através dele os cursistas puderam interagir, cooperar e construir conhecimentos. Além disso, é uma ferramenta de fácil acesso, que o professor pode utilizar conforme suas necessidades, configurando-se em um significativo espaço para promoção de ações de formação continuada. 6925 10 O blog possibilitou também que o curso não finalizasse com término das oficinas, mas que os participantes e formador pudessem sempre estar em contato, auxiliando, inclusive, na análise da incidência do curso sobre a prática dos professores participantes. De acordo com Marcelo Garcia (1999), uma das críticas geralmente feita aos cursos de formação continuada é a pouca incidência que têm na prática, ou seja, que os participantes, dificilmente, aplicam ou incluem em seu repertório docente as discussões ocorridas ou materiais apresentados nos cursos. Porém, analisando-se os relatos acima, e apesar de nem todos os professores descreverem atividades realizadas em sala de aula envolvendo os avanços recentes da Genética, pode-se afirmar que as oficinas surtiram efeito direto na prática pedagógica de alguns dos participantes. Referências DINIZ, R. E. S.; CAMPOS, L. M. L.; KÜHL, L. W. Os novos conhecimentos no campo da biologia e a sala de aula: proposta de formação continuada de professores. In: PINHO, S. Z.; SAGLIETTI, J. R. C. (Orgs.) Unesp – escola: Núcleos de Ensino. Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de Graduação: Editora da UNESP, p. 264-278, 2006 GOMES, M. J. Blogs: um recurso e uma estratégia pedagógica. Disponível em https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4499/1/Blogs-final.pdf. Acesso em: 25 nov. 2007. LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. SOARES, M. As pesquisas nas áreas específicas influenciando a formação de professores. In: O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. Ed. Papirus, 2007. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2003. 6926