83Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2013, Vol. XV, nº 1,83-98 Delineamentos culturais: transferência de controle de reforçadores arbitrários a naturais e de imediatos a atrasados Cultural designs: transfer of control from arbitrary to natural and from immediate to delayed reinforcers Vivian Bonani de Souza * Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem da UNESP Kester Carrara Professor Adjunto do Departamento de Psicologia e Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Bolsista de Produtividade do CNPq. ISSN 1982-3541 2013, Vol. XV, nº 1, 83-98 Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva RESUMO Este artigo descreve e analisa algumas articulações entre os conceitos de reforçadores arbitrários, reforçadores natu- rais, reforçadores imediatos – ou de curto prazo – e reforçadores de longo prazo encontrados na literatura, com vistas à sua específica utilização no delineamento de práticas culturais. Para tanto, os textos foram selecionados pela leitura dos títulos, resumos e palavras-chave. Realizada a seleção, os textos foram classificados, pela referência à articula- ção entre reforçadores. Foram selecionados 28 textos, dos quais 18 textos foram classificados como com referência à articulação. Considera-se que, embora as principais publicações da Análise do Comportamento revelem que esses princípios têm sido consistentemente estudados na pesquisa básica, apenas recentemente, em função da ampliação de projetos e intervenções ligadas à análise e planejamento cultural, tem sido revelada a necessidade de explorar verti- calmente algumas de suas principais implicações teóricas e práticas. Palavras-chave: reforçadores; transferência de controle; cultura. ABSTRACT This article describes and analyzes some links between the concepts of arbitrary reinforcers, natural reinforcers, immediate – or short-term reinforcers and long term reinforcers found in the literature, concerning its specific use 1 Os autores agradecem à FAPESP (Proc.2009/16429-0 – período de vigência: jan.2010 a dez.2010) pela bolsa de IC cujos dados de pesquisa subsidiaram esta publicação. * vivianb.souza@yahoo.com.br 84 Delineamentos culturais: transferência de controlede reforçadores arbitrários a naturais e de imediatos a atrasados in the design of cultural practices. Texts were selected reading the titles, abstracts and keywords. After selection, the texts were classified, as referring to the relationship between reinforcers. Twenty eight texts were selected, of which 18 were classified as texts with reference to the links. If was considered that, although the major publications of Behavior Analysis revealed that these principles have been consistently studied in basic research, only recently, due to the expansion of projects and interventions related to cultural analysis and planning, became important to explore vertically some of its main theoretical and practical implications. Keywords: reinforcers; transfer of control; culture. 1. InTRODUçãO: B. F. Skinner, em Ciência e Comportamento Humano (1953), promove a primeira incursão mais detida sobre o conceito comportamental de cultura (capítulos XIX a XXIX) no contexto lógico da contingência tríplice, que contribuirá para compor uma sistematização (Skinner, 2007/1981) do modelo de seleção por consequências, incluindo três níveis de variação e seleção: filogenéti- co, ontogenético e cultural. Compreender os indivíduos como “um todo” e planejar práticas culturais eficientes parte de considerar aspectos integrados desses três ní- veis. Essa missão foi iniciada por Skinner, mas contri- buições posteriores importantes, partindo de sua formu- lação do conceito de cultura, foram viabilizadas por S. S. Glenn, a partir de 1986, com o auxílio da unidade con- ceitual de metacontingência. Conforme Andery e Sério (2005), o conceito de metacontingência deve muito ao aparato conceitual elaborado por Skinner sobre seleção por consequências, sugerindo um tratamento criterioso dos níveis de seleção. Glenn formula e desenvolve (1986, 1988, 1991, 2004) o conceito de metacontingência, que pretende instru- mentalizar a análise das relações funcionais que ocor- rem no contexto das interações sociais complexas, na medida em que estas se referem a práticas culturais que implicam contingências comportamentais entrelaçadas, produtos agregados e um ambiente social receptor. O en- trelaçamento de contingências possibilita consequências que não seriam possíveis somente mediante comporta- mentos individuais: constituem-se, nessa condição, as práticas culturais que asseguram consequências compar- tilháveis pelo grupo, seja no curto, seja no longo prazo, de maneira a afetar todos os indivíduos ou uma parte significativa do grupo. As repetições das contingências entrelaçadas de duas ou mais pessoas constituem uma linhagem cultural submetida à seleção. A coerência entre tais práticas (que podem ser iguais, equivalentes, interdependentes – mas, de todo modo, entre si compatíveis) referencia-se como um produto agregado que garante consequenciação e manutenção da prática por um ambiente (social) receptor. O produto agregado, diferente das consequências individuais, é um evento subsequente às respostas de mais de uma pessoa e é por elas produzido (Sampaio & Andery, 2010), se- leciona as contingências entrelaçadas envolvidas, mas não afeta necessariamente os comportamentos de todos os participantes das contingências entrelaçadas (Andery, Micheletto & Sério, 2005). Nessa perspectiva, o conceito de metacontingência, como o interpretam Todorov e Moreira (2004), reme- te à relação estabelecida entre práticas culturais e suas consequências, destacando-se a relação funcional entre 85Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2013, Vol. XV, nº 1,83-98 Vivian Bonani de Souza – Kester Carrara contingências entrelaçadas, um produto agregado e uma consequência cultural selecionadora, que depende desse produto agregado e pode ou não com ele coincidir. Ainda que a utilização dessa particular unidade con- ceitual como instrumento de análise não seja consen- sual entre os analistas do comportamento quanto à sua relevância teórica e à sua necessidade técnica (Carrara, 2008; Gusso & Kubo, 2007), a literatura tem demons- trado a potencialidade da Análise do Comportamento (AC) para possibilitar a descrição funcional das práticas culturais e promover a manutenção, em longo prazo, de práticas culturais não deletérias. Considerando as práticas culturais e o modo como se apresentavam na sociedade e valendo-se do conceito pa- radigmático da tríplice relação de contingências, Skinner (1989, 2007/1981) colocou em debate a importância do papel do analista do comportamento como profissional que poderia atuar para modificação de repertórios com- portamentais no contexto cultural. Andery, Micheletto e Sério (2005) destacam que a aná- lise dos fenômenos sociais, entre eles as práticas cultu- rais, remete à investigação de alguns aspectos essenciais, como o reconhecimento a e descrição do ambiente social e a identificação dos elementos que delimitam as contin- gências envolvidas. Nesse contexto, a presente pesquisa converge suas finalidades para a análise de um conjun- to complexo de eventos que compõem as contingências envolvidas: as consequências reforçadoras, positivas ou negativas, produzidas pelas práticas culturais. A natu- reza e a maneira pela qual estão arranjadas tais conse- quências constituem parcela crucial para uma descrição acurada de tais práticas. Além de contingências e metacontingências, as macro- contingências constituem conceito importante para com- preensão das práticas culturais examinadas sob o ponto de vista comportamental. As macrocontingências são unidades de análise da relação entre o comportamento de muitas pessoas e o produto agregado daquele com- portamento, não significando que este produto agregado funciona como uma consequência que mantém o com- portamento constituinte da prática (Malott & Glenn, 2006). Ou seja, nelas diversos indivíduos se comportam em relação ao mesmo tipo de consequências, mas sua obtenção não exige entrelaçamento de contingências comportamentais. A relação entre as linhagens operantes de todas as pes- soas envolvidas na prática cultural e o produto agrega- do é uma macrocontingência, e esta pode definir muitos problemas culturais (como poluição e saúde pública) que necessitam de intervenções (Malott & Glenn, 2006). Por exemplo, quando vários motoristas dirigem em ve- locidade acima da permitida em estradas distintas, todos estão sob controle das regras do Código de Trânsito Bra- sileiro, mas o que continua sendo consequenciado é seu comportamento individual: as consequências punitivas do excesso de velocidade não seleciona o entrelaçamen- to de seus comportamentos. As análises de contingências, macrocontingências e me- tacontingências se diferenciam enquanto suas definições e aplicações (Malott & Glenn, 2006) e, entretanto, todas exigem descrever funcionalmente os comportamentos que as compõem e podem explicitar a origem e manu- tenção das práticas culturais. Em decorrência disso, as intervenções podem ser estruturadas com a descrição e análise criteriosas, tanto dos comportamentos reforçados imediatamente como daqueles reforçados pelas conse- quências de longo prazo, sejam comportamentos discre- tos e individuais, sejam comportamentos no contexto de práticas culturais mediante contingências entrelaçadas. Embora não se tenha estabelecido um inequívoco instru- 86 mento de mensuração, quanto ao tempo entre resposta e consequência, que delimite quando se pode designar um reforçador de imediato ou de atrasado, ambos po- sicionam-se, respectivamente, em momentos temporais distintos de um mesmo contínuo temporal. Para Skinner (1989; 1975) os reforçadores podem ser considerados quanto à disposição temporal em relação à resposta apresentada. Os reforçadores mais comuns ocorrem numa dimensão temporal muito próxima ao comportar-se dos indivíduos: são os reforçadores ime- diatos ou em curto prazo. Não envolvendo contiguidade, as contingências de reforço em longo prazo ou atrasadas ocorrem numa dimensão temporal mais distante ao com- portar-se dos indivíduos, de maneira que as consequên- cias somente ocorrerão se a resposta especificada ocor- rer depois que um intervalo de tempo “longo” (a avaliar) tiver transcorrido após essa resposta (Souza, 1995). Na perspectiva temporal, parece conveniente caracterizar apenas quanto tempo depois do comportamento individu- al (e, do mesmo modo, as práticas culturais) ocorre uma consequência, estando bastante bem estabelecido na lite- ratura que comportamentos reforçados imediatamente são mantidos com maior efetividade. Resultados de estudos experimentais sobre atraso de reforço observaram uma correlação negativa entre as taxas de respostas e valores de atraso do reforço e que os efeitos do atraso do reforço sobre o responder operante variam em função do esquema de reforçamento vigente (Catania,1999; Fonseca e Toma- nari, 2007; 2009; Keller e Schoenfeld; 1974). Conforme Skinner (1989), isso acontece na medida em que o comportamento operante foi filogeneticamente selecionado para maior sensibilidade a reforçadores de curto prazo (RCPs) em comparação com reforçadores de longo prazo (RLPs), o que favoreceria maior adap- tação ao ambiente natural. Além disso, quanto maior o tempo decorrido entre a emissão de uma resposta e uma consequência particular, maior a probabilidade de que outros eventos ocorram no intervalo, muitos deles não reforçadores ou pouco reforçadores, o que promove cada vez (conforme o transcurso temporal) menor grau de de- pendência entre resposta e consequência planejadas. Ou seja, os RLPs, por estarem temporalmente mais distan- tes dos comportamentos que os produziram, podem não ser claramente identificados nas práticas culturais; dessa forma, tal herança evolutiva pode estabelecer e manter uma série de práticas prejudiciais aos membros de deter- minada cultura. O consumo inadequado de alimentos pode constituir um exemplo interessante das múltiplas contingências envol- vidas. O indivíduo é reforçado, no curto prazo, pelo alto consumo de alimentos pouco saudáveis, porém, no lon- go prazo, apresenta problemas de saúde, como aumento nos níveis de colesterol, com riscos para o sistema vas- cular. Além disso, há um controle das respostas individu- ais da ingestão de alimentos, além de um controle social de natureza estética. Adicionalmente, a sociedade passa a ter mais gastos para cuidar da saúde desse indivíduo. Como esse comportamento pode se tornar típico de um grupo (prática cultural), sua abordagem, análise e con- trole passam (ou deveriam passar) a constituir objetivos de políticas públicas (possivelmente mediante o contro- le por macrocontingências) que, como se verá, podem ser subsidiadas mediante o uso de conceitos típicos da Análise Comportamental da Cultura para instalação e consolidação de práticas socialmente desejáveis, agora planejadas e dimensionadas para além de uma dimensão individual. Existe, assim, uma clara demanda por altera- ções das contingências que mantêm determinados com- portamentos, os quais trazem consequências punitivas, no longo prazo, para a população como um todo, embora possam gerar reforçadores imediatos para os membros ou parte dos membros de uma comunidade. Delineamentos culturais: transferência de controlede reforçadores arbitrários a naturais e de imediatos a atrasados 87 A relação entre RLPs e RCPs em um planejamento cultural pode ser descrita por meio de regras (Andery, 2001). No sentido técnico, todo comportamento, em última análise, é modelado por contingências, mas é imprescindível, igualmente, levar em conta o papel das regras, que têm uma função também importante na sina- lização “econômica”, rápida e precisa, para o indivíduo, sobre que tipos de contingências estão em vigor em de- terminado ambiente (Baum, 1999). Diferentemente do que acontece nos comportamentos modelados apenas por contingências sem instruções, as contingências referidas pelas regras dependem do com- portamento verbal de outrem para ter função para o indi- víduo que segue essa regra (Skinner, 1975; 2006; Matos, 2001). De acordo com Baum (1999), a regra pode sina- lizar dois tipos de contingências: uma de curto prazo, na qual o reforço arbitrário (RA) por seguir a regra é mediado pela comunidade verbal; e outra de longo pra- zo, a qual determina a primeira regra, referindo-se, por exemplo, a possíveis reforçadores como a saúde e bem estar do indivíduo (RN). Nesse sentido, utilizar regras implica garantir a descri- ção de contingências que permeiam e mantêm práticas culturais, especialmente com a função de assegurar uma “sensibilização” da comunidade aos efeitos benéficos de tais práticas em longo prazo. Porém, os efeitos sobre o comportamento governado por regras podem não ser equivalentes aos efeitos da modelagem por contingên- cias naturais, o que pode ter implicações desfavoráveis sobre a busca de consistência na modificação das práticas culturais. Por exemplo, o uso excessivo de energia elé- trica parece mantido, imediatamente, por consequências positivas relacionadas ao conforto pessoal, mas no longo prazo geram efeitos altamente deletérios à coletividade; controlar a conservação de energia por tal consequência de longo prazo é tecnicamente inviável, de maneira que, em geral, torna-se (provisoriamente) necessário o uso de consequências arbitrárias imediatas que mantenham o comportamento de uso parcimonioso desse recurso na- tural. Os RCPs providenciados em um delineamento, embo- ra por vezes constituam RAs, podem, em contrapartida, ter ação sobre o conjunto de pessoas e comportamentos daquela organização cultural, pois estão relacionados tanto com os comportamentos dos próprios indivíduos como também com as ações de outros indivíduos (Skin- ner, 2006). Por exemplo, em um planejamento para o combate aos criadouros de vetores da dengue, os mora- dores podem ganhar vales a serem trocados por alimento e outros bens de consumo por manterem suas casas sem foco do mosquito: está aí presente um RA (cupom ou vale) e temporário, a ser substituído gradativamente por RLPs, representados por benefícios (RNs) para a saúde das pessoas (Carrara et al., 2010). Nesse caso, há um controle por macrocontingências (na medida em que consequências comuns a todos são gera- das pelo comportamento individual dos moradores), ao mesmo tempo em que há um controle por metacontin- gências (na medida em que se – e somente se – articu- ladamente, um número significativo de moradores man- tiver a prática cultural interdependente de controle do vetor é que a consequência mais ampla e no longo prazo, representada por ganhos em saúde, pode ser produzida). Uma grande dificuldade dos delineamentos culturais, neste caso, é justamente o desenvolvimento de procedi- mentos de transição do controle do comportamento por RAs para os RNs. A transferência de controle do comportamento por refor- çadores arbitrários e de curto prazo para os naturais e de longo prazo pode constituir-se, comumente, meta central no planejamento cultural, principalmente devido à im- Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2013, Vol. XV, nº 1,83-98 Vivian Bonani de Souza – Kester Carrara 88 portância do desenvolvimento de estratégias de transição de controle entre reforçadores arbitrários e naturais, e em curto prazo e em longo prazo para a consolidação de repertórios de práticas culturais. Segundo Andery et al. (2005), as dificuldades de medi- da e de delineamento envolvidas no estudo de fenôme- nos sociais, em especial aqui consideradas as práticas culturais, existem e precisam ser superadas. Adicional- mente, considere-se, a título de justificativa para a pes- quisa, o fato de que os analistas do comportamento não consolidaram ainda, de maneira inequívoca, todos os procedimentos necessários para se realizar análise que envolva o comportamento de muitas pessoas ao mesmo tempo. Assim, consideraram-se os objetivos (a seguir anunciados) desta pesquisa, científica e socialmente re- levantes, em especial para o campo de atuação da Aná- lise Comportamental da Cultura, como uma tentativa em elucidar aspectos e conceitos já conhecidos, porém não desenvolvidos exaustivamente para aplicações no contexto cultural. 2. OBjETIVOS DA pESqUISA: A pesquisa teve como objetivo geral: descrição e análise dos processos de transferência de controle entre refor- çadores arbitrários (RAs), reforçadores naturais (RNs), reforçadores imediatos (RCPs) e reforçadores de longo prazo (RLPs) relatados na literatura (descrita na seção Método), com vistas à sua utilização instrumental no planejamento de práticas culturais, especialmente face à recente utilização das unidades conceituais de macro- contingências e de metacontingências. 3. MéTODO: Buscou-se levantar parte da produção bibliográfica so- bre reforçadores (naturais, arbitrários, de longo prazo, de curto prazo), tanto na obra de Skinner quanto em pu- blicações brasileiras e internacionais que fizessem refe- rência ao tema investigado e obedecendo ao critério de pertinência à área (publicações exclusivas ou prioritárias em Análise do Comportamento). Os principais meios de rastreamento da literatura foram: (1) a internet, por meio dos portais: Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PeP- SIC) e Scientific Electronic Library Online – SciELO; e (2) a consulta à parte do acervo da biblioteca da UNESP, constituída pela coleção “Sobre Comportamento e Cog- nição”, pela publicação “Metacontingências: comporta- mento, cultura e sociedade” e a parte das obras de B.F. Skinner em que o autor trata da questão do comporta- mento das pessoas em grupo. A partir da leitura dos títulos, resumos e palavras-chave buscou-se encontrar textos que incluíssem um ou mais termos e expressões aqui listados: metacontingência(s), macrocontingências, cultura, reforço, reforçador(es) (e suas derivações, tais como atrasado, imediato, de longo ou curto prazo, arbitrários e naturais). O uso de tais ter- mos também foi feito de forma combinada e foram escri- tas variações de sufixos dos termos, quando necessário (ex.: reforçamento). Dos textos encontrados, foram selecionados apenas aqueles que faziam referência ao tema da pesquisa Des- sa forma, somente os textos inicialmente identificados pela presença do que foi considerado pelos autores como fazendo referência à articulação (aqui compreendida no sentido da transferência de controle, anteriormente defi- nida) entre reforçadores foram analisados. Outros textos consultados, porém identificados como sem referência à articulação, não estão incluídos na apresentação dos resultados por não enfatizarem o tema da relação entre reforçadores de curto, longo, arbitrário e natural, embora sejam considerados importantes no contexto da literatu- ra e contribuírem para a discussão. Delineamentos culturais: transferência de controlede reforçadores arbitrários a naturais e de imediatos a atrasados 89 4. RESUlTADOS E DISCUSSãO: A revisão relacionada ao tema de pesquisa e aos objeti- vos propostos resultou em 28 textos, entre artigos, livros completos e capítulos de livros, sendo selecionados 18 textos por fazerem referência à articulação. Os outros 10 textos identificados por não fazerem referência à articu- lação, embora não tenham sido incluídos na análise dos resultados, foram considerados importantes na medida em que colaboraram com a discussão das implicações conceituais e metodológicas no contexto do estudo da cultura. Exemplos dos textos identificados por não faze- rem referência à articulação são: O conceito de metacon- tingências: afinal a velha contingência de reforçamento é insuficiente? das autoras Andery e Sério (2005); Entre a utopia e o cotidiano: uma análise de estratégias viá- veis nos delineamentos culturais de Carrara (2008). Sa- lienta-se que foi possível encontrar literatura adicional ao que foi inicialmente previsto e que o assunto revelou- se significativamente extenso, propiciando, de um lado, importantes dados e, de outro, auspicioso campo de in- vestigações a serem ampliadas. São apresentados, na sequência, resumos das categorias essenciais de comen- tários apresentados pelos autores e textos analisados. Em Teoria Moral de Skinner e Desenvolvimento Hu- mano, Abib (2001) trata do valor de sobrevivência da cultura e das consequências imediatas como aquelas que mantêm as práticas pelo seu valor reforçador. Tam- bém se enfatiza o papel da troca de reforçadores nas relações sociais e a questão da maior efetividade dos RCPs e arbitrários em relação aos RLPs e naturais para a manutenção de uma prática cultural, do que se pode depreender que as diferentes características e funções dos reforçadores, no contexto do planejamento cultu- ral, devem ser necessariamente explicitadas, visando ao objetivo da transferência de controle. Mesmo não tendo como objetivo discutir aspectos conceituais da articulação ou objetivando procedimentos para tal, Abib (2001) aponta claramente a importância desses conceitos no contexto do planejamento cultural, asse- gurando que suas relações ou articulações são relevan- tes para o sucesso de práticas. Em Sobrevivência ou colapso? B. F. Skinner, J. M. Dia- mond e o destino das culturas, Dittrich (2008), ao rela- cionar a importância da existência de RCPs e de RLPs no campo do planejamento cultural, observa claramente o vínculo entre reforçadores por meio da reflexão so- bre o controle do comportamento do indivíduo pelas consequências reforçadoras de curto prazo, e sobre as consequências reforçadoras de longo prazo. Em A tecnologia do comportamento na promoção do bem da cultura: uma análise conceitual de trechos da obra de B. F. Skinner, Melo e de Rose (2006) também discutem a questão da promoção do bem da cultura como funda- mental para o critério de sobrevivência. O texto contri- bui para discussões sobre valor da sobrevivência da cul- tura e sobre estabelecer o critério para o emprego de uma tecnologia comportamental. Porém, na medida em que a sobrevivência da cultura pode não ser uma consequência que revele exercer controle sobre o grupo tanto quanto as consequências imediatas, observa-se que os reforça- dores mais imediatos podem possibilitar a manutenção de práticas culturais, desde que as consequências a longo prazo não sejam prejudiciais para a cultura. Em Da Aplysia à Constituição: Evolução de Conceitos na Análise do Comportamento, Todorov (2004) apresen- tou brevemente o desenvolvimento conceitual na AC, destacando as publicações de Skinner no que se refere à inclusão da cultura como terceiro nível de seleção pelas consequências. Pode-se notar que, nesse texto, especifi- cações sobre articulação entre RAs, RNs, RLPs e RCPs não parecem constituir objetivos prioritários do autor. No entanto, contribui para a reflexão sobre a possibilida- Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2013, Vol. XV, nº 1,83-98 Vivian Bonani de Souza – Kester Carrara 90 de de o grupo sobreviver ou garantir sua sobrevivência, independentemente da função que o comportamento in- dividual tem no contexto do grupo. Em Walden II: uma sociedade do futuro (Skinner, 1978) foram encontrados dois temas que se caracterizaram im- portantes para a pesquisa: a cultura e seu planejamento. Ali, o autor aponta que comportamentos dos membros dessa comunidade eram mantidos tanto por RAs e ime- diatos quanto por RNs e atrasados, sem prejuízo para as práticas culturais da comunidade. Também afirmou que o que pode ter possibilitado o sucesso daquela cultura podem ter sido as regras, que foram necessariamente estabelecidas para que as práticas culturais da comuni- dade fossem mantidas; em decorrência, surgem outros elementos importantes para um planejamento cultural e articulação entre reforçadores: as regras e o compor- tamento verbal. Mais adiante no tempo, se conferiria, com Baum (1999), que ao prescrever uma regra, a des- crição das contingências pode assegurar o “reconhe- cimento”, pelos seus participantes, das consequências de longo prazo que são benéficas para o grupo. Dessa forma, para os primeiros integrantes da comunidade, as regras foram fundamentalmente importantes para a manutenção das contingências culturais, que foram transmitidas posteriormente para os descendentes da comunidade. Em Ciência do Comportamento Humano (1989), de Skinner, também foram encontradas asserções sobre cultura e planejamento consideradas relevantes para a pesquisa. Skinner (1989), na sexta seção, em especial os capítulos XXVII e XXVIII, dedicou-se aos concei- tos comportamentais relativos à cultura. Dessa maneira, apresentou as características da cultura, conceituando-a e discutindo a possibilidade do planejamento cultural considerando tanto as consequências futuras quanto as consequências correntes. Em Metacontingências in Walden Two, Glenn (1986), ao retomar o conceito de operante presente na definição de contingências e metacontingências, destacou o papel do comportamento verbal. Apesar de não estabelecer pro- cedimentos para a implementação da articulação entre reforçadores, o comportamento verbal aparece como elemento importante para possíveis procedimentos vol- tados para a articulação, uma vez que este, em forma de regra, preenche a lacuna temporal entre comportamento e consequências de longo prazo. Em Análise de fenômenos sociais: esboçando uma pro- posta para a identificação de contingências entrelaçadas e metacontingências, Andery, Micheletto e Sério (2005) buscaram caracterizar as práticas culturais e a própria aná- lise comportamental da cultura nos moldes delineados por Glenn. Com isso, o conceito de metacontingências é dife- renciado do conceito de contingências entrelaçadas, por estas não incluírem, necessariamente, o produto agregado selecionador dos comportamentos entrelaçados, ao passo que aquelas produzem consequências para cada indivíduo e também resultam num produto agregado, e, portanto, a análise de fenômenos sociais exigiria o reconhecimento de propriedades especiais. Em face da consideração des- sas propriedades especiais tem-se a necessidade de descri- ção das funções dos reforçadores que mantêm o fenôme- no social. O comportamento verbal, por exemplo, pode ser um reforçador de curto prazo e arbitrário, sendo um elemento fundamental para a manutenção das contingên- cias entrelaçadas. Em Delineamentos culturais e práticas descritas por po- líticas públicas: análise conceitual e projetos de inter- venção, de Carrara, Bolsoni-Silva e Verdu (2006), uma breve descrição de dois estudos (um referente às práticas inclusivas e planejamento educacional e outro referente às práticas que visam desenvolvimento de habilidades sociais entre pais e filhos) apresenta os procedimentos Delineamentos culturais: transferência de controlede reforçadores arbitrários a naturais e de imediatos a atrasados 91 neles adotados, seus participantes, instrumentos de co- leta e respectivos resultados. A referência à articulação entre os reforçadores envolvidos em cada estudo foi ob- servada na descrição dos procedimentos, de maneira a incentivar a consecução de estudos posteriores que vi- sem planejar intervenções em grupo à luz do conceito de metacontingência, uma vez que discute implicações dos efeitos distintivos das diferentes consequências sobre o comportamento, seja por conta de suas dimensões tem- porais ou do design das contingências que caracteriza cada situação examinada. Em Comportamentos de indivíduos e práticas cultu- rais: em busca de um consumo ético, responsável e so- lidário, Cortegoso (2006), ao descrever a experiência da Economia Solidária, identifica claramente o papel das regras, enquanto especificações verbais de contin- gências para o funcionamento do grupo que possibili- tam aos indivíduos identificar as alternativas de ação provavelmente relacionadas ao produto agregado. Nes- se caso, a prescrição de regras implicou a descrição das contingências para mudanças nas práticas culturais requeridas, assegurando a articulação entre os refor- çadores imediatos e arbitrários para a manutenção das práticas, no curto prazo, assegurando o “reconhecimen- to” dos indivíduos aos efeitos benéficos de tais práticas no longo prazo, por consequências naturais vinculadas a produto agregado. Por exemplo, os reforçadores (ci- tados no texto como: as reuniões mensais feitas pelo grupo, divulgação de conhecimentos e informações geradas pelo grupo, aprovação social) são importantes para manutenção da prática de consumo ético, solidá- rio e responsável, bem como para a manutenção dos indivíduos do grupo capazes de modelar e manter con- dutas compatíveis com os objetivos do grupo. Nessa perspectiva, o texto trata da possibilidade e necessidade de articulação dos reforçadores ao descrever seus pro- cedimentos de planejamento de prática culturais. Em A Constituição como metacontingência, Todorov (1987) já observava que a lacuna existente entre o objeti- vo de longo prazo e o comportamento é preenchido pelo comportamento verbal (por meio das regras de conduta a serem seguidas) e, com isso, o processo cultural tecnoló- gico (em contraposição ao cerimonial) deve propor mu- danças que envolvam a determinação de regras específicas sobre as contingências em vigor e planejamento de con- sequências imediatas para que as regras sejam observadas e avaliadas pelos indivíduos, assim como consequências presentes na prática. Nesse sentido, o autor explicita o pa- pel das regras, do comportamento verbal e a importância das consequências descritas nas relações de contingências para a manutenção de comportamentos desejáveis pres- critos – no exemplo examinado no texto, relativos à Cons- tituição brasileira e a outros documentos legais. Em Análise Experimental do Comportamento e Socie- dade: Um Novo Foco de Estudo, de Todorov e Moreira (2004), pode-se afirmar que, de maneira semelhante ao texto de Todorov (1987), os autores discutem o papel das regras no planejamento das metacontigências tecno- lógicas, as quais possibilitam a articulação entre reforça- dores. Em Novas Diretrizes Curriculares, Metacontin- gências e o Plano Keller, Todorov, Martone e Moreira (2006) apresentam o Sistema Personalizado de Ensino, elaborado por Fred Keller, que, segundo os autores do texto diante de suas características intrínsecas – a neces- sidade de avaliação constante da aplicação do método e as subsequentes mudanças advindas dessa avaliação – pode ser descrito com a utilização do conceito de me- tacontingência. De maneira geral, o texto discute a des- crição de metacontingências e seus elementos, incluindo os reforçadores envolvidos na prática. No entanto, não constitui seu objetivo a especificação direta sobre como eles se articulam, ou seja, não há no texto um tópico ou momento para tratar da articulação, apesar de esta surgir nas relações dadas nas metacontigências, mesmo quan- Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2013, Vol. XV, nº 1,83-98 Vivian Bonani de Souza – Kester Carrara 92 do não se identificam, diretamente, garantias de que os reforçadores planejados sejam efetivos. Em O Estatuto da Criança e do Adolescente como meta- contingência - Um estudo de contingências e metacon- tingências no ECA, de Todorov et al (2004), relata-se o trabalho que possibilitou o estudo da metacontingência envolvido nos artigos, parágrafos e incisos dispostos no ECA. A publicação contribui ao apresentar a possibilida- de de uma metodologia para estudo de documentos com auxílio do instrumento conceitual de metacontingências, possibilitando pesquisas que visem à descrição de práticas culturais vigentes. Ao aplicar-se a regra têm-se consequ- ências tanto punitivas quanto reforçadoras em torno do produto agregado, de maneira que se explicita a impor- tância das leis enquanto regras para que os reforçadores de curto e de longo prazo sejam funcionalmente descritos. Em Igualdade e Desigualdade: Manipulando um aná- logo experimental de prática cultural em laboratório, de Vichi (2005), é apresentado um estudo experimental elaborado de forma análoga a estudos realizados por sociólogos que investigam práticas culturais e embasa- do em conceitos envolvidos na prática dos analistas do comportamento, como contingências, níveis de seleção, comportamento verbal e metacontigências. O texto, por meio das discussões oriundas da pesquisa básica, pode oferecer suporte para o desenvolvimento conceitual no contexto das práticas culturais, incluindo as questões metodológicas nas relações entre os reforçadores. Em Análise do Comportamento e Prática Cultural no ACPC - A experiência do Núcleo de estudos em Análise do Comportamento e Prática Cultural, Martinelli, Che- quer e Damásio (2006) apresentam as práticas presentes em um grupo de estudo, Núcleo ACPC. Todas as ativi- dades práticas produzidas no Núcleo ACPC têm como pressuposto os princípios da AC. Com isso, foi construí- do um ambiente com regras propostas para os membros do grupo e foram estabelecidas contingências para forta- lecer uma formação profissional mantida pelas suas con- sequências. O texto pode contribuir para a compreensão de como pode ser organizada a aplicação dos princípios da AC em uma determinada prática cultural que requer ser planejada e instalada por um determinado conjunto de indivíduos. A definição de objetivos individuais e do grupo, juntamente com a definição das condições que deveriam ser mantidas para que os objetivos fossem atin- gidos, foram fundamentais para a estruturação da práti- ca. Com isso, tornou-se possível identificar quais tipos de consequências reforçadoras para aquele contexto pu- deram manter os comportamentos individuais e a prática cultural desejada, permitindo a referência à articulação entre os reforçadores. Em Comportamento Social: A imprensa como agência e ferramenta de controle social, Banaco e Martone (2005) apresentam uma discussão sobre o controle comporta- mental exercido pelas agências de comunicação e os re- flexos desse controle no contexto cultural, explicitando as relações existentes entre os níveis: comportamental e cul- tural. E, uma vez que a AC considera o contexto ambiental como fator determinante do comportamento do indivíduo, esse fator se torna uma variável importante a ser estudada para a compreensão desse fenômeno. As afirmações do texto de Banaco e Martone (2005) permitem a reflexão sobre a possível relação entre as contingências de refor- çamento e metacontingências cerimoniais, e a distinção entre as metacontingências tecnológicas e cerimoniais. A partir dessa distinção, pode-se compreender como ocorre o reforçamento dos comportamentos desejados ou plane- jados pelas agências de controle e obter esclarecimento consistente sobre como tais reforçadores são ou podem ser planejados no contexto das práticas culturais para a manutenção dos comportamentos que as compõem. Nes- se sentido, a articulação entre os conceitos de reforçado- Delineamentos culturais: transferência de controlede reforçadores arbitrários a naturais e de imediatos a atrasados 93 res é feita diretamente embora o texto contribua para uma possibilidade de análise dos elementos que compõem as metacontingências tecnológicas e, logo, dos reforçadores que serão planejados. 5. COnClUSõES: A partir da análise dos textos, pode-se considerar que ocorre uma visível lacuna teórico-prática, indicada por diversos autores, como configurando a necessidade de estudos que envolvam e desenvolvam procedimentos que favoreçam a compreensão dos elementos implica- dos diretamente nas práticas culturais (Andery & Sério, 2005; Andery et al., 2005; Carrara, 2008; Glenn, 1986; Gusso & Kubo, 2007; Martone, Moreira & Todorov, 2005; Todorov, 1987). Entre as demandas que podem ser destacadas, está a de os analistas do comportamento se voltarem para estu- dos experimentais (Andery et al, 2005; Gusso & Kubo, 2007; Sampaio, 2005; Vichi, 2005) para compreenderem as práticas culturais e seus elementos básicos e anteriores da AEC, como os diversos tipos de eventos reforçadores e a transferência de controle entre eles, especialmente quando se trata da utilização de consequências arbitrá- rias (idealmente provisória, já que se busca o controle via consequências naturais) e consequências de curto prazo (cuja substituição por consequências massivas para o grupo e que, geralmente, dependem de práticas reiteradas em longo prazo). O planejamento dos reforçadores pode permitir o estabe- lecimento de objetivos procedimentais adequados para produção de novos repertórios, já que o reforçamento é entendido como um procedimento (Ferster et al., 1977; Catania, 1999) e como tal pode ser programado. Nesse sentido, embora já se tenha ressalvado amplamente na revisão de literatura deste artigo o fato de que há sufi- ciente pesquisa experimental básica em torno das diver- sas características de atraso de reforço, mediação pelo comportamento verbal por meio do conceito de regras e reforços arbitrários – a título de exemplo – não há, ain- da, uma completa e natural incorporação e viabilização prática desses conceitos em termos de procedimentos consagrados no contexto da Análise Comportamental da Cultura. Ao menos, é o que parece mostrar de modo cla- ro a literatura até aqui revisada. Adicionalmente, considera-se importante mencionar que os aspectos ético-morais também se fizeram presentes nos textos relacionados à questão do planejamento cul- tural. (Abib, 2001; Carrara, 2008; Dittrich, 2008; Melo & de Rose, 2006; Skinner, 1978, 1989; Todorov, 2004). As argumentações específicas sobre o bem da cultura e sua promoção sugerem reflexão sobre como promover a instalação de repertórios e demais condições socioam- bientais que assegurem condições para que se fortale- çam práticas substitutivas das práticas culturais prejudi- ciais. (Skinner, 1989; 2006). Para Skinner (1989), reve- la-se como compromisso do analista do comportamento, enquanto planejador cultural, defender o bem da cultura, o que implica em considerar questões éticas e políticas, atentando para que valores fundamentais e abrangentes, como liberdade, saúde e segurança, estejam articulados e sejam compatíveis com os valores de sobrevivência da cultura, importantes para instalação e manutenção das práticas culturais (Dittrich, 2006). O “bem da cultura” é produzido pelas práticas com valor de sobrevivência positivo, ou seja, que fortalecem a cul- tura. Quando as práticas não fortalecem uma cultura, es- sas práticas apresentam valor de sobrevivência negativa (Dittrich, 2004). Uma cultura torna-se mais forte quando possibilita que práticas com valor de sobrevivência po- sitivo se mantenham e que práticas com valor de sobre- vivência negativo se extingam. O valor de sobrevivência Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2013, Vol. XV, nº 1,83-98 Vivian Bonani de Souza – Kester Carrara 94 de uma prática cultural é variável, ou seja, depende das contingências vigentes (Melo & de Rose, 2012). No entanto, a sobrevivência da cultura como uma con- sequência de certas práticas culturais não é uma conse- quência que possa necessariamente exercer papel refor- çador nas contingências de reforçamento, pois ela pode estar, temporalmente, bastante distante do indivíduo, por ocorrerem somente em gerações seguintes daquela de que o indivíduo participa. Portanto, trabalhamos em prol da cultura não porque sua sobrevivência nos é reforçado- ra, mas porque outras consequências mais imediatas nos levam a fazer isso (Melo & de Rose, 2012). Observa-se que considerar tais questões constituiria um caminho para auxiliar os analistas do comportamento no planejamento das práticas culturais, estabelecendo ou identificando as consequências reforçadoras para manu- tenção dos comportamentos que compõem tais práticas. Nesse cenário, reitera-se que o conceito de reforçador é relevante para o planejamento cultural, concordando com Skinner (1989) principalmente quanto à efetividade dos reforçadores imediatos e quanto à distância tempo- ral entre consequências e comportamento, aspectos estes que, via de regra, podem estar associados a uma série de práticas prejudiciais para determinada cultura. Parece plausível afirmar que a articulação e/ou tran- sição entre reforçadores é considerada possível, seja pela mediação dos comportamentos verbais, seja pelo uso de regras ou de ambos os elementos (Abib, 2001; Andery et al 2005; Cortegoso, 2006; Dittrich, 2008; Glenn, 1986; Melo & de Rose, 2006; Skinner, 1978, 1953/1989; Todorov, 1987; Todorov & Moreira, 2004; Todorov et al, 2004, Vichi, 2005). As regras e o com- portamento verbal podem, portanto, ser compreendidos como fundamentais para a manutenção das contingên- cias entrelaçadas. O comportamento, quando devidamente mantido por reforçadores imediatos e sinalizado com consequências de longo prazo, pode tornar as mudanças mais efetivas (Micheleto, 2001). Idealmente, para maior efetividade da relação de contingência, ao agir controlado pelo efei- to da própria ação, o indivíduo deveria ficar sob controle de RNs (Skinner, 2006). Assim, aqueles comportamen- tos então mantidos por RAs no curto prazo, deveriam ser substituídos por RNs. Os RAs perderiam, circuns- tancialmente, sua funcionalidade, ao terem seu controle substituído por consequências (mais poderosas) de lon- go prazo e que afetam muitos membros da cultura a um só tempo. Seriam, então, os procedimentos experimen- tais responsáveis por contribuir para desenvolvimento de procedimentos de transferência de controle. Seria isso possível em situações de grupo – considerando as prá- ticas culturais, vistas como “experimentos naturais” em que os analistas do comportamento testassem o “sustar” o reforço de curto prazo (Ferster et al, 1977) para verifi- car se de fato o reforçador estava mantendo tal prática? Conforme já mencionado, os reforçadores de curto e de longo prazo demandaram maior interesse dos autores analisados do que os reforçadores naturais e arbitrários, embora aparentem constituir dicotomias que precisam ser tratadas de modo inter-relacionado. Essa discussão se torna importante, uma vez que as contingências de reforço natural são mais efetivas (Skinner, 1989), as- sim assegurando que consequências naturais “tomem” o controle sempre que possível, sendo gerados compor- tamentos que provavelmente são mais consistentes com a sobrevivência do indivíduo, da espécie e da cultura. Naturalmente, em relação às consequências artificiais ou arbitrárias, Skinner (1987) esclarece que estas inicial- mente não possuem valor de sobrevivência para o indiví- duo, mas podem, conforme o design das contingências, modificar os comportamentos e iniciar a contribuição para a sobrevivência dos indivíduos. Delineamentos culturais: transferência de controlede reforçadores arbitrários a naturais e de imediatos a atrasados 95 Complementarmente, em alguns textos analisados, o con- ceito de metacontingência é apresentado como elemento imprescindível e inevitável no planejamento. Essa unida- de de análise, embora ainda longe de ser consensual, vem sendo consistentemente discutida no que se refere à sua aplicabilidade teórica e prática para compreensão das prá- ticas culturais e dos elementos que a compõem (Andery et al, 2005; Carrara, 2008; Todorov, Moreira & Moreira, 2005). Em particular, as metacontingências tecnológicas, para alguns autores (Andery & Sério, 2005; Todorov, 1987), são mais efetivas que metacontingências cerimo- niais, pois permitem um planejamento mais favorável à manutenção de práticas não prejudicias. Do exame da literatura resultam – inevitáveis no momento da elaboração de delineamentos culturais - algumas inda- gações à comunidade de pesquisadores da área de Análise Comportamental da Cultura: Os RNs e os RLPs estão des- critos na relação de contingência das práticas culturais? Os RAs poderão ser retirados, mesmo considerando a efe- tividade dos RCPs na manutenção dos comportamentos desejados? A relação entre RNs e RLPs é garantida de que maneira? Em que sentido o uso de regras está previsto e estas serão eficientes no delineamento? Com isso, observam-se algumas demandas, conceituais e práticas, ainda não completamente resolvidas nos pro- cedimentos de delineamento cultural, especialmente com relação ao arranjo de reforçadores, que demandariam pesquisa e análise conceitual, vinculada a: (a) Revisão e sistematização da literatura científica, identificando e descrevendo procedimentos seguros para estabelecer re- lações entre RN e RLP, e entre RA e RCP dentro de um projeto de intervenção; (b) Desenvolvimento de estraté- gias consistentes para definir e determinar quais são os RAs e RNs para determinado grupo; (c) Determinar se há ou não necessidade do planejamento de procedimentos de “passagem” ou transferência do controle do compor- tamento por RAs para os RNs; (d) Buscar respostas para a questão do planejamento dos reforçadores em relação às regras, cujo efeito sobre o comportamento pode não ser equivalente aos efeitos da modelagem por contingên- cias naturais, o que pode ter implicações desfavoráveis sobre a busca de consistência na modificação das práticas culturais; (e) Garantir a vinculação gradativa dos RLPs e dos RNs em relação aos RCPs e RAs pelo uso das regras como forma de se estabelecer essa relação. De maneira geral, identifica-se claramente, na literatura, que apesar do interesse e preocupação histórica dos ana- listas com as relações de transição entre tipos de eventos controladores do comportamento individual e das prá- ticas culturais, resta uma lacuna importante a ser pre- enchida por dados de pesquisa sobre procedimentos e maneiras práticas a serem utilizadas nos delineamentos culturais, já que nessa área a questão da transferência de controle é crucial. Em particular, apesar dos estudos experimentais básicos já mencionados (Catania, 1999; Fonseca e Tomanari, 2007, 2009; Keller e Schoenfeld, 1974), os dados revelam e destacam a importância do desenvolvimento de estratégias de transição de controle, entre reforçadores de curto e de longo prazo e entre re- forçadores arbitrários e naturais para a consolidação de repertórios de práticas culturais. REFERÊnCIAS Abib, J. A. D. (2001). Teoria Moral de Skinner e Desenvolvimento Humano. Psicologia: Reflexão e Crítica, [Online], (14)1, 107-117. Disponível: http://www.scielo.br/pdf /prc/ v14n1/5211.pdf Recuperado em 31 de março de 2010. Andery, M.A.P.A. (2001). Algumas notas sobre a contribuição do Behaviorismo para uma sociedade voltada para o fu- turo. Em R.A. Banaco (org.), Sobre Comportamento e Cognição: aspectos teóricos e de formação Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2013, Vol. XV, nº 1,83-98 Vivian Bonani de Souza – Kester Carrara 96 em Análise do Comportamento e Terapia Cog­ nitivista, (Vol. 1, cap. 45 pp.476-486), Santo André: Ar- bytes. Andery, M. A. P. A. & Sério, T. M. A. P. (2005). O conceito de metacontingências: afinal, a velha contingência de refor- çamento é insuficiente? Em R. A. Banaco (org.), Sobre comportamento e cognição: aspectos teóricos e de formação em Análise do Comportamento e Terapia Cognitivista, (Vol. 1, cap.12, 2. ed, pp.106- 116), Santo André: Arbytes. (Trabalho original publicado em 1997) Andery, M.A.P.A; Micheletto, N. & Sério, T.M.A.P. (2005). A análise de fenômenos sociais: esboçando uma propos- ta para a identificação de contingências entrelaçadas e metacontingências. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, [Online], 2 (2), 149-165. Dis- ponível: http://www.rebac.unb.br/vol1_2/rebac_andery_ etal_ 2005.pdf Recuperado em: 14 de março de 2010. Banaco, R.A & Martone, R. C. (2005). Comportamento Social: A imprensa como agência e ferramenta de controle so- cial. Em: J.C. Todorov, R.C. et al. Metacontingências: comportamento, cultura e sociedade. (cap. 7, 1.ed, pp. 61-80) Santo André: ESETec. Baum, W.M. (1999). Compreender o Behaviorismo: Ciência, Comportamento e Cultura. Porto Alegre: Artes Médicas. Carrara, K. (2008). Entre a utopia e o cotidiano: uma análise de estratégias viáveis nos delineamentos culturais. Revista Psicolog de Análise do Comportamento, [On- line], 1, (1), 42-54. Disponível: http://www.psicolog.com. br/e107_file/downloads/RevistaPsico logN1V1Artigo4.pdf Recuperado em 11 de março de 2010. Carrara, K., Bolsoni–Silva, A.T. & Almeida–Verdu,A.C.M. (2006). Delineamentos culturais e práticas descritas por políticas públicas: análise conceitual e projetos de intervenção. Em Guilhardi, H. J. & Aguirre, N. C. de (orgs.) Sobre Com­ portamento e Cognição: Expondo a variabili­ dade. (Vol.17, cap. 33, pp. 344 – 356) Santo André: ESETec. Carrara, K; Souza, V. B. de, Orti, N.P, Oliveira, D.R, Lourencetti, L. A., Rodrigues, F. (2010). Delineamentos Culturais e Políticas Públicas: uma avaliação de estraté­ gias comportamentais para o controle da den­ gue. Relatório de Pesquisa apresentado a FUNDUNESP. Catania, A.C. (1999). Aprendizagem: Comportamento, linguagem e cognição. Porto Alegre: Artes Médicas. Cortegoso, A.L. (2006). Comportamentos de indivíduos e práti- cas culturais: em busca de um consumo ético, responsável e solidário. Em Guilhardi, H. J. & Aguirre, N. C. de (orgs.) Sobre Comportamento e Cognição: Expondo a variabilidade, (Vol.17, cap. 2, pp. 23-33), Santo An- dré: ESETec. Dittrich, A. (2004). Behaviorismo radical, ética e política: aspec- tos teóricos do compromisso social. Tese de Doutorado. São Carlos: UFSCar. Dittrich, A. (2006). A sobrevivência das culturas é suficiente en- quanto valor na ética behaviorista radical. Em Guilhardi, H. J. & Aguirre, N. C. de (Orgs.) Sobre o Comporta­ mento e Cognição: Expondo a variabilidade, (Vol.17, cap. 2, pp. 11-21), Santo André: ESETec. Dittrich, A. (2008). Sobrevivência ou colapso? B. F. Skinner, J. M. Diamond e o destino das culturas. Psicologia Re­ flexão e Crítica, [Online], (21) 2, 252-260, Disponív- el: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102797220080 00200010&script=sci_arttext Recuperado em 31 de mar- ço de 2010. Ferster, C.B., Culbertson, S. & Boren, M.C.P. (1977). Princípi­ os do Comportamento. São Paulo: Editora Hucitec. (Trabalho original publicado em 1968). Fonseca, C.M. & Tomanari, G.Y. (2007). Contingência e conti- guidade no responder de ratos submetidos a esquema de razão, intervalo e tempo variáveis. Interação em Psic­ Delineamentos culturais: transferência de controlede reforçadores arbitrários a naturais e de imediatos a atrasados 97 ologia, [Online], 11(2), pp. 187-197. Disponível: http:// ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psico logia/article/view- Article/7292 Recuperado em 11 de março de 2010. Fonseca, C.M. & Tomanari, G.Y. (2009). Efeitos paramétricos do atraso do reforço sobre o responder de ratos submetidos a esquemas de razão e intervalos variáveis. Interação em Psicologia, [Online], 13(2), pp. 195-203. Disponív- el: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/ index.php/psicologia/arti- cle/viewArticle/14646 Recuperado em 11 de março 2010. Glenn, S. S. (1986). Metacontingencies in Walden Two. Behav­ ior Analysis and Social Action, 5, 2-8. Glenn, S. S. (1988) Contingencies and Metacontingencies: To- ward a Synthesis of Behavior Analysis and Cultural Materi- alism. The Behavior Analyst, (11) 2, 161-179. Glenn, S. S. (1991) Contingencies and metacontingencies: Re- lations among behavioral, cultural, and biological evolu- tion. Em P. A. Lamal (Org.), Behavioral analysis of societies and cultural practices (pp. 39-73). New York: Hemisphere Publishing Corporation Glenn, S.S., (2004). Individual Behavior, Culture and Change. The Behavior Analyst, (27) 2, 133-151. Gusso, H.L. & Kubo, O.M. (2007). O conceito de cultura: afinal, a “jovem” metacontingência é necessária? Revista Bra­ sileira de Terapia Comportamental e Cogniti­ va, (9) 1, 139-144. Disponível: http://pepsic.bvsalud.org/ scielo.php?pid=S15 1755452007000100011&script=sci_ arttext Recuperado em 24 de fevereiro de 2010. Keller, F.S. & Schoenfeldt, W.N. (1974) Princípios de Psico­ logia. São Paulo: EPU. Tradução organizada por C. M. Bo- ri e R. Azzi (Trabalho original publicado em 1950). Malott, M. & Glenn, S. S. (2006). Targets of intervention in cul- tural and behavioral change. Behavior and Social Is­ sues, 15, 31-56. Martinelli, J.C.M., Chequer, M.A.A., & Damázio, M.A.C. (2006). Análise do comportamento e Prática Cultural ACPC - A ex- periência do Núcleo de estudos em análise do comporta- mento e Prática Cultural. Em: Guilhardi, H.J. & Aguirre, N.C. de (orgs). Sobre Comportamento e Cog­ nição: Expondo a variabilidade. (Vol. 17. cap. 26, pp. 282-287), Santo André: ESETec. Martone, R.C., Moreira, M.B & Todorov, J.C. (2005). Os fins e os meios de uma Ciência do comportamento Em: J.C. Todorov, R.C. Martone & M.B. Moreira (orgs.) Meta­ contingências: comportamento, cultura e so­ ciedade (1.ed, cap 1, pp. 9-12) Santo André: ESETec. Matos, M.A. (2001). Comportamento governado por regras. Re­ vista Brasileira de Terapia Comportamental Cognitiva, [Online] (3) 2, p.51-66. Disponível: http:// pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1517554520010002 00007&script=sci_arttext Recuperado em 5 de março de 2010. Melo, M.C. & de Rose, J.C.C. (2006). A tecnologia do com- portamento na promoção do bem da cultura: uma análise conceitual de trechos da obra de B. F. Skinner. Em H. G. Guilhardi & N. C. de Aguirre (orgs.), Sobre Compor­ tamento e Cognição: Expondo a Variabilidade. (Vol. 17, cap. 4, pp. 41-50) Santo André: ESETec. Melo, C.M. & de Rose, J.C.C. (2012). A Sobrevivência das cul- turas em Skinner: um diálogo com o materialismo cultu- ra de Harris. Psicologia: Teoria e Pesquisa, (28) 1, pp 119-128. Disponível: www.revistaptp.unb.br/index.php/ ptp/article/download/264/223 Recuperado em: 12 de jun- ho de 2012. Micheletto, N. (2001) Variação e seleção: as novas possibili- dades de compreensão de comportamento humano. Em: R.A. Banaco (Org), Sobre Comportamento e Cog­ nição. (cap.10, pp.116-129) Santo André: ESETec, Sampaio. A A.S. (2005). O estudo da cultura pela Análise do Comportamento [Online]. Disponível: http://www.abpmc. org.br/boletim2008/angeloCULTURA.pdf. Recuperado em 21 de março de 2010. Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2013, Vol. XV, nº 1,83-98 Vivian Bonani de Souza – Kester Carrara 98 Sampaio, A. A. S. & Andery, M. A. P. A. (2010). Comportamento social, produção agregada e prática cultural: Uma análise comportamental de fenômenos sociais. Psicologia: Te­ oria e Pesquisa, [Online], 26 (1), 183-192. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n1/a20v26n1.pdf Recu- perado em 12 de junho de 2012. Skinner, B. F. (1975). Contingências do Reforço. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Ed. Abril. (Trabalho original publicado em 1969). Skinner, B.F. (1978). Walden II: uma sociedade do futuro. São Paulo: EPU, 2ed. (Trabalho original publicado em 1948) Skinner, B.F. (1987). Contrived Reinforcement. The Analyst, 5, 3-8. Skinner, B.F. (1989). Ciência e Comportamento Hu­ mano. São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original pub- licado em 1953). Skinner, B.F (2006). Sobre o behaviorismo. São Paulo: Cu- trix. (Trabalho original publicado em 1974). Skinner, B. F. (2007) Seleção por consequências. Revista Bra­ sileira de Terapia Comportamental e Cogniti­ va. [Online]. (9)1, 129-137. (Trabalho original publicado em 1981). Souza, D. G. de (1995). Oque é contingência?. Trabalho apresen- tado na mesa redonda primeiros passos: aprenda o básico. IV Encontro Brasileiro de Terapia Comportamental Cognit- va. ABPMC. Todorov, J.C. (1987). A constituição como metacontingência. Revista: Ciência e Profissão, [Online], (7), 9-13. Disponível: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pcp/v7n1/03.pdf Recuperado em 25 de março 2010. Todorov, J.C. (2004). Da Aplysia à Constituição: Evolução de Conceitos na Análise do Comportamento. Psicologia: Reflexão e Crítica, [Online], (17) 2, 151-156. Dis- ponível: http://www.scielo.br/pdf/prc/v17n2/22467.pdf. Recuperado em 13 de março de 2010. Todorov, J.C., Martone, R.C. & Moreira, M. B. (2006). Novas Di- retrizes Curriculares, Metacontingências e O plano Keller. Em (Org) H.J. Guilhardi & N.C. Aguirre Sobre o Com­ portamento e Cognição: Expondo a variabili­ dade, (Vol. 18, cap. 40, p 456-464) Santo André: ESETec Todorov, J.C. & Moreira, M. (2004). Análise Experimental do Comportamento e Sociedade: Um Novo Foco de Estudo. Psicologia: Reflexão e Crítica, [Online], (17)1, 25- 29. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/prc/v17n1/22302. pdf Recuperado em 14 de março de 2010. Todorov, J.C, Moreira, M.B. & Moreira, M. (2005). Contingências entrelaçadas e contingências não relacionadas. Em (org.) J.C. Todorov, R.C. Martone & M.B. Moreira. Metacon­ tingências: comportamento, cultura e socie­ dade (1ª Ed., cap. 6, pp. 55-60) Santo André: ESETec Todorov, J.C., Moreira, M., Prudêncio, M.R.A., Pereira, G.C.C. (2004) O Estatuto da Criança e do Adolescente como metacontingência – Um estudo de contingências e metac- ontingências no Estatuto da Criança e do Adolescente. Em M.Z.S. Brandão et al., (org.) Sobre Comportamen­ to e Cognição, (Vol. 13, cap. 5, pp 44 – 51), Santo An- dré: ESETec. Vichi, C. (2005). Igualdade ou desigualdade: manipulando um análogo experimental de prática cultural em laboratório. Em J. C. Todorov, R. C. Martone & M. B. Moreira (org.) Metacontingências: comportamento, cultura e sociedade (pp. 86-100). Santo André: ESETec. Received in may 21, 2012 Accepted in july 12, 2012 Delineamentos culturais: transferência de controlede reforçadores arbitrários a naturais e de imediatos a atrasados