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ANA CAROLINA DOS SANTOS
PARQUE DA ESTAÇÃO
QUALIFICAÇÃO DA ESPLANADA DA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE
SANTA CRUZ DO RIO PARDO – SP
Monografia apresentada à disciplina Trabalho
Final de Graduação – TFG II, do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de
Ciências e Tecnologia – FCT UNESP.
Orientação: Prof.ª Dr.ª Arlete Maria Francisco
Coorientação: Prof.o Dr.o Márcio José Catelan
PRESIDENTE PRUDENTE
2016
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Dedico à meus pais,
que batalharam para que eu chegasse até aqui,
sempre me apoiando e me dando forças.
Obrigada por tudo!
4
Agradeço,
Á minha orientadora a Profª. Drª. Arlete Maria Francisco por todo o apoio e
orientação que possibilitaram a realização deste projeto.
Á meu coorientador Prof.o Dr.o Márcio José Catelan, que assim como a Profª
Arlete, me orientou e apoiou, mesmo quando a distância.
Aos demais docentes do curso, que me ensinaram sobre a arquitetura e o
urbanismo, e em especial ao Profº. Drº Fernando Sérgio Okimoto, meu orientador
de iniciação científica, pelo apoio, ajuda e orientação, em todos esses anos na
Unesp.
Aos amigos que fiz na faculdade, e aos meus amigos da vida, que direta ou
indiretamente, sempre me ajudaram.
Aos meus pais e meu irmão, por tudo que fizeram e fazem pra tornar
possível meus sonhos. Pelo carinho, apoio, amor, compreensão, por sempre
estarem presentes, mesmo quando longe.
Ao Eduardo, que sempre esteve comigo, me apoiando e me ouvindo.
Ao Prof.º Magali, historiador de Santa Cruz do Rio Pardo, pela ajuda e
paciência em buscar informações que me auxiliaram neste trabalho.
5
"A mente que se abre
a uma nova ideia,
jamais voltará ao seu
tamanho original."
Albert Einstein
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Resumo
Este trabalho consiste na apresentação de um projeto de qualificação da
esplanada na área da antiga estação ferroviária da Estrada de Ferro Sorocabana,
localizado na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo.
Por meio do estudo das problemáticas do local e considerando a ausência de
espaços públicos de qualidade, tanto na cidade, mas em especial na área
analisada, este projeto busca propor um espaço com qualidade para a população.
Sendo assim, a construção do Parque da Estação buscaria transformar o
local em um espaço público, uma área de lazer, verde e de descanso para a
população não só da área, mas da cidade como um todo e, mais além, de ter o
papel de um espaço de união entre os dois lados da cidade.
Palavras-chave: Estrada de Ferro Sorocabana; Santa Cruz do Rio Pardo; Estação
Ferroviária; Espaços Públicos.
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Lista de Figuras
Figura 1 – Imagem aérea do estado de São Paulo com destaque para município de Santa
Cruz do Rio Pardo................................................................................................................. 10
Figura 2 – Imagem aérea de Santa Cruz do Rio Pardo com destaque para a região onde
se localiza o terreno (A) e delimitação da área de estudo (B)..............................................11
Figura 3 – Terreno da antiga estação ferroviária................................................................11
Figura 4 – Parque Costa Azul...............................................................................................18
Figura 5 – Vista aérea do Bosque Central em Londrina – PR............................................19
Figura 6 – Antiga estação ferroviária..................................................................................22
Figura 7 – Evolução da rede ferroviária do estado de São Paulo.......................................25
Figura 8 – Imagem da época do trem...................................................................................26
Figura 9 – Prédio da estação anos após sua desativação....................................................27
Figura 10 – Prédio da antiga estação, hoje..........................................................................28
Figura 11 - Inicio da formação de Santa Cruz do Rio Pardo..............................................29
Figura 12 – Configuração da cidade após o fechamento da ferrovia..................................30
Figura 13 – Linha férrea da Sorocabana, destaque para o ramal de Santa Cruz do Rio
Pardo......................................................................................................................................31
Figura 14 - Mapa de crescimento da cidade de Santa Cruz do Rio Pardo.........................32
Figura 15 – Ponte sobre o Rio Pardo, que conecta os dois lados da cidade........................33
Figura 16 – Vicinal da rodovia Engenheiro João Baptista Cabral Rennó.........................34
Figura 17 – Caracterização do perfil sócio econômico da cidade........................................35
Figura 18 – Zoneamento do Plano Diretor Municipal.........................................................37
Figura 19 – Áreas de especial interesse...............................................................................38
Figura 20 – Figura fundo das vias.......................................................................................39
Figura 21 – Vias de acesso a área de TFG...........................................................................40
Figura 22 – Mapa de uso e ocupação....................................................................................41
Figura 23 – Usos encontrados na área de análise...............................................................41
Figura 24 – Mapeamento de equipamentos oferecidos na região onde se localiza a área de
TFG........................................................................................................................................42
Figura 25 – Área de lazer......................................................................................................43
Figura 26 – Campo de futebol...............................................................................................44
Figura 27 – Banheiros sem manutenção e sem funcionamento.........................................45
Figura 28 – Equipamentos de lazer, cultura e esporte.......................................................46
8
Figura 29 – Mapa de potencialidades..................................................................................47
Figura 30 – Áreas verdes e institucionais............................................................................48
Figura 31 – Análise das áreas verdes da área e do seu entorno.........................................49
Figura 32 – Praça São Sebastião..........................................................................................50
Figura 33 – Enquete para trabalho final de graduação......................................................51
Figura 34 – Gráfico da pergunta 3 da enquete....................................................................52
Figura 35 - Gráfico da pergunta 5 da enquete.....................................................................53
Figura 36 – Planta baixa humanizada do Parque da Juventude.......................................54
Figura 37 – Parque esportivo...............................................................................................55
Figura 38 – Imagens das passarelas na muralha...............................................................56
Figura 39 – Imagens dos edifícios do parque institucional.................................................56
Figura 40 – Planta baixa humanizada do Parque Klyde Warren......................................57
Figura 41 – Vista aérea do Parque Klyde Warren..............................................................57
Figura 42 – Imagens do Parque Klyde Warren...................................................................58
Figura 43 – Parque Klyde Warren.......................................................................................59
Figura 44 – Prédio sede da estação em 2004.......................................................................60
Figura 45 – Marquise............................................................................................................61
Figura 46 – Casa do chefe da estação...................................................................................61
Figura 47 – Diretrizes de projeto..........................................................................................65
Figura 48 – Memória do chão (trilhos da ferrovia) .............................................................66
Figura 49 – Corte esquemático.............................................................................................67
Figura 50 – Estudo de acessos..............................................................................................69
Figura 51- Caminhos...........................................................................................................................70
Figura 52 – Setorização.......................................................................................................................71
Figura 53 – Implantação......................................................................................................................75
Figura 54 – Academia ao ar livre........................................................................................................74
Figura 55 – Praça recreativa...............................................................................................................75
Figura 56 – Praça cultural...................................................................................................................75
Figura 57 – Praça esportiva................................................................................................................76
Figura 58 – Caminho da memória dos trilhos....................................................................................76
Figura 59 – Bosque frutífero...............................................................................................................77
Figura 60 – Ruínas da casa do chefe da estação.................................................................................77
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Sumário
Introdução.................................................................................................................10
1 A Cidade Pequena...............................................................................................13
1.1 Os Processos de Segregação e Fragmentação Socioespacial.............................14
1.2 O Espaço Público e Suas Funções na Cidade.....................................................16
1.3 Vazios Urbanos....................................................................................................19
2 A História de Santa Cruz do Rio Pardo..............................................................22
2.1 A Ferrovia e o Café..............................................................................................23
2.2 Do Outro Lado do Rio Pardo...............................................................................28
3 Análises e Percepções da Área............................................................................36
4 Estudos de Caso...................................................................................................54
5 O Parque Urbano como Espaço Livre.................................................................62
6 Diretrizes Projetuais...........................................................................................64
7 O Projeto..............................................................................................................69
Referências................................................................................................................78
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Introdução
A cidade de Santa Cruz do Rio Pardo está localizada no estado de São
Paulo, mais precisamente na parte sudoeste do estado, encontrando-se assim,
quase na fronteira com o estado do Paraná (figura 1). Sua população é de
aproximadamente 43.921 mil habitantes (IBGE, 2010), sendo então uma cidade
pequena, e que possui como principal atividade econômica as arrozeiras e a
indústria de calçados.
Figura 1 – Imagem aérea do estado de São Paulo com destaque para município de Santa Cruz do
Rio Pardo
Fonte: GOOGLE EARTH, editado pela autora (2015)
A área escolhida para o trabalho final de graduação é o terreno da antiga
estação ferroviária da Estrada de Ferro Sorocabana localizada na cidade de Santa
Cruz do Rio Pardo (figura 2).
O terreno possui uma área aproximada de 21.500 mil metros quadrados,
encontrando-se em uma área segregada da cidade, com acesso dificultado por
estar do outro lado do rio que atravessa o município, o Rio Pardo, sendo então,
longe do centro da cidade, resultando em uma área fragmentada marcada pelo
predomínio de habitações de população de baixa renda e pela clara falta de
espaços públicos de lazer.
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Figura 2 – Imagem aérea de Santa Cruz do Rio Pardo com destaque para a região onde se localiza
o terreno (A) e delimitação da área de estudo (B)
Fonte: GOOGLE EARTH, editado pela autora (2015)
A estação ferroviária foi desativada na década de 60, com a retirada dos
trilhos. Em 2011, ocorreu um restauro no prédio da estação que hoje abriga um
museu. Entretanto, toda a esplanada encontra-se, de certo modo, abandonada. O
terreno é usado muitas vezes como passagem ou pelas crianças do bairro para
suas brincadeiras (figura 3).
Figura 3 – Terreno da antiga estação ferroviária
Fonte: elaborado pela autora (2015)
A escolha e interesse pela área surgiu do questionamento da falta de
espaços públicos nas cidades pequenas, das condições físicas dos poucos espaços
existentes e dos grandes vazios urbanos que poderiam suprir essa carência e
exercer assim, sua função social da propriedade urbana.
A B
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Com esse pensamento, chamou a atenção o vazio que hoje tornou-se o
terreno da antiga estação ferroviária que um dia foi de grande importância para a
cidade e que encontra-se sem uso, e mais ainda, o local onde está inserido na
cidade, claramente uma área segregada e com carência de espaços públicos de
lazer de qualidade.
Por isso, esse trabalho pretende pensar propostas urbanísticas que tragam
vida para o local e que favoreçam os moradores, não só dos bairros do entorno,
como da cidade toda.
Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre os temas que
enquadram-se no contexto abordado, como o entendimento da cidade pequena, a
conceituação da segregação socioespacial, os espaços públicos e os vazios urbanos.
E ainda, foi feita uma análise morfológica a fim de compreender a área na qual o
trabalho se insere e suas particularidades para assim ser capaz de propor um
projeto urbanístico.
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1 A Cidade Pequena
Segundo Roma (2008), o Brasil conta com um total de 5.564 municípios,
com uma média de 183.987.291 habitantes, entre esses municípios, 5.009
possuem população de até 50.000 habitantes, representando assim, 90,02% do
total dos municípios brasileiros e 34,55% da população do país, ou seja, grande
parte da população brasileira mora em cidades pequenas.
Roma (2008), descreve dois tipos de cidade: as locais e as regionais. As
cidades locais podem ser entendidas como cidades que atendem somente as
necessidades básicas e vitais de sua população, possuem funções urbanas mais
simplificadas e tem uma relação de dependência com outras cidades. Essas
cidades para conseguir suprir suas necessidades básicas recorrem à mão de obra
de outras cidades, deixando claro sua dependência e, ainda, para ter acesso a
equipamentos e serviços mais especializados, devem recorrer também às cidades
que possuem funções urbanas mais elevadas.
Já a cidade regional, para Roma (2008), pode ser vista como aquela que
concentra produção, oferta de serviços e bens, e que tem o papel de fazer a ligação
entre a cidade local e a metrópole. A cidade regional pode ser entendida como
uma cidade média.
Pensando nesses dois tipos de cidade identificados por Roma, podemos
enquadrar Santa Cruz do Rio Pardo como sendo uma cidade regional, pois, dentro
de seu território, é capaz de abastecer e suprir as necessidades de seus morados,
contando com oferta de serviços e bens, e ainda ser um referencial para as
cidades menores, já que os moradores destas, deslocam-se até Santa Cruz do Rio
Pardo em busca de serviços, produtos e atendimentos. Mas, claramente, por ser
uma cidade pequena, contando com aproximadamente 44 mil habitantes, não
deixa de depender de cidades maiores.
Roma (2008) comenta sobre os processos de segregação socioespacial que
hoje não são visto somente em cidades médias e metrópoles, mas que estão
acontecendo também nas cidades pequenas, com surgimento de loteamentos
fechados, políticas habitacionais mal formuladas, entre outros motivos. E esse
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processo de segregação socioespacial é nitidamente percebido em Santa Cruz do
Rio Pardo, tanto por fatores políticos, habitacionais, como pela própria morfologia
da cidade, que é cortada pelo Rio Pardo.
1.1 Os Processo de Segregação e Fragmentação Socioespacial
Percebe-se, no interior das cidades, tendências de divisões, surgindo
fronteiras urbanas relacionadas à gentrificação, bem como processos de aumento
da heterogeneidade dentro dos bairros consolidados. Sendo assim, entende-se que
a cidade latino americana cada vez mais está sendo pensada sobre a lógica da
divisão, separação e fragmentação (PRÉVOT-SCHAPIRA e PINEDA, 2008).
A imagem da fragmentação foi utilizada cedo em investigações
sobre a economia metropolitana, a fim de traduzir o movimento de
deslocamento do tecido produtivo das grandes cidades em função
de uma maior conexão com uma economia mundial em mutação.”
(PRÉVOT-SCHAPIRA e PINEDA, 2008, p.77)
O conceito de segregação socioespacial para Roma (2008) se dá a partir das
relações sociais, econômicas e culturais que se refletem no espaço e são
determinadas por ele. Sendo assim, o espaço oferece condições para a vida,
transformando o homem e suas relações sociais, e também o homem por meio das
relações sociais, configurando sempre o espaço.
A segregação socioespacial de parcelas da sociedade é resultado do
aprofundamento das desigualdades sociais expressas no espaço
urbano pela forma como ele se estrutura e como nele se distribuem
os diferentes usos do solo[...] (ROMA, 2008, p. 37)
A segregação socioespacial pode ser vista através de duas dimensões, a
objetiva e a subjetiva. A objetiva pode ser entendida pelo distanciamento dos
diferentes segmentos sociais que estruturam o espaço urbano, como por exemplo,
o distanciamento entre ricos e pobres que é facilmente perceptível ao se observar
a implantação de condomínios fechados, aparecimento de favelas, localização de
conjuntos habitacionais, etc. Já a dimensão subjetiva de segregação socioespacial
se entende através do sentimento das pessoas em relação ao local que moram e
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como são percebidos esses diferentes espaços. Um exemplo é percebido por
pessoas que se sentem afastadas, marginalizadas por morarem em determinados
locais, mas não necessariamente habitam áreas segregadas da cidade (ROMA,
2008).
Já, a auto segregação, segundo Roma (2008), pode ser entendida como
decorrência das políticas públicas municipais, que implementam conjuntos
habitacionais distantes do restante da cidade, onde há ausência ou precariedade
nos meios de consumo coletivos. Essa auto segregação quase sempre nega o
espaço público, cria espaços de uso coletivo, criando uma contradição entre o
público e o privado. Essa parcela da população segregada necessita aproximar-se
do “público”, e para possuírem boas condições de vida se faz necessário
infraestrutura serviços e equipamentos públicos.
Segundo Roma (2008, p. 31): “O processo de segregação socioespacial deve
ser entendido como um processo da sociedade capitalista que aparece a cada
momento da história, as tensões sociais.”
Ao se analisar a relação entre desemprego e segregação socioespacial nota-
se que, principalmente, a população desempregada, que trabalha informalmente,
mora em áreas segregadas, ainda, essa mesma parcela da população, que muitas
vezes é excluída do sistema de crédito financeiro ou imobiliário, é obrigada a
ocupar loteamentos irregulares, onde predominantemente as moradias são de
autoconstrução, ou ocupam áreas não loteadas, o que gera a favelização. Essa
população, por vezes, é vista ainda, pelos mais poderosos, como causadoras dos
problemas da cidade (ROMA, 2008).
De acordo com Prévot-Schapira e Pineda (2008), a tendência de polarização
da sociedade e a dualidade dos espaços são consequências do crescimento
econômico com o desemprego em massa e a precariedade.
Para eles, as empresas nacionais e internacionais definem seus perímetros
de intervenção, que quase sempre, não buscam melhorias para a população mais
carente. Enquanto, ações de organizações não governamentais, presentes nas
populações mais pobres e associações de habitantes, desempenham políticas
sociais de territorialização de luta contra a pobreza (PRÉVOT-SCHAPIRA e
PINEDA, 2008).
16
É necessário destacar também a importância da dimensão política nos
processos de fragmentação urbana, como lembra Prévot-Schapira e Pineda
(2008).
“A propagação do princípio de subsidiariedade e a adoção generalizada de
uma política de descentralização das prerrogativas públicas fortalecem as lógicas
centrifugas dos espaços periféricos” (PRÉVOT-SCHAPIRA e PINEDA, 2008,
p.76).
O poder público, juntamente com os incorporadores imobiliários, são
considerados importantes agentes segregadores, visto que, ao levarem melhorias
para uma determinada área da cidade, essas áreas tendem a ser mais
valorizadas, e consequentemente mais caras, afastando ou mesmo expulsando a
parcela da população que não tem condições de manter esses custos. Porém, é
papel do poder público buscar a implementação de políticas públicas que
diminuam essas desigualdades territoriais, buscando a melhoria das condições de
vida da população, através do planejamento urbano (ROMA, 2008).
As cidades brasileiras tiveram suas estruturas urbanas baseadas
por relações do tipo centro-periferia, no âmbito das quais as áreas
centrais eram caracterizadas como as melhores equipadas e as
periferias pelo uso residencial dos segmentos de menor poder
aquisitivo, marcadas pela precariedade de condições de vida
individual e coletiva. [...] o processo de extensão urbana e de
suburbanização ocorriam pari passu ao aumento da concentração
demográfica e como expansão dessa dinâmica, fazendo com que a
estruturação urbana, apoiada em um esquema de centro-periferia
se iniciasse desde o século XIX. [...] no decorrer do século XX,
verificou-se a acentuação da suburbanização, ainda que essa
dinâmica tenha novas determinantes e características. Esse
processo, entretanto, reforçou a reestruturação urbana do tipo
centro- periferia. (SPOSITO, 2004, p. 114, 118 e 119)
1.2 O Espaço Público e Suas Funções na Cidade
Para Marilena Chauí, segundo Abrahão (2008), o espaço público é o espaço
capaz de constituir e consolidar a cidadania, sendo entendido como um espaço
social de lutas e formas políticas de expressão permanente. Sendo que, a função
urbana da cidade é a de propiciar encontro entre pessoas, através de suas ruas,
suas praças e outros espaços públicos.
17
Segundo Abrahão (2008), os espaços públicos assumem papel de
continuidade da cidade, reúnem e associam tudo que é separado, e são esses
espaços públicos, as praças, os parques, que são tratados neste item.
O espaço público deve ser visto, de acordo com Abrahão (2008), como um
“espaço cidadão”, sendo um espaço cultural, urbanístico e político, com
importância fundamental para a formação da cidade. Cultural, pois, deveria ser
monumental, cumprir com diversas funções, ser uma referência urbanística,
simbolizando uma identidade coletiva; espaço urbanístico, pois deve ser capaz de
organizar um território, criar lugares e ter diversas funções e usos; e político, pois
deve ser um espaço de grandes manifestações sociais e cidadãs.
Serpa (2004), entende que o espaço público deve ser compreendido, acima
de tudo, como um espaço social. Nele estão presentes as representações das
relações de produção, que enquadram as relações de poder nesses espaços, como
também nos edifícios, nas obras de arte, nos monumentos, etc.
Para Castello (2007), são as pessoas e os usos que estas fazem dos
ambientes construídos, dos espaços públicos, que, com o passar do tempo, podem
atribuir um status diferenciado que os lugares urbanos desfrutam nas cidades.
A setorização das políticas públicas aliadas às dinâmicas do mercado
levaram a processos de dissolução, fragmentação e privatização das cidades e por
consequência ao quase que desaparecimento dos espaços públicos cidadãos
(ABRAHÃO, 2008).
Nota-se, no Brasil e no mundo, uma lógica de se investir em espaços
públicos que são “visíveis”, espaços centrais e turísticos, que são concebidos
devido a parceria entre órgãos públicos e empresas privadas. Novos parques
implantados, por exemplo, acabam por se tornar instrumentos de valorização
fundiária, como é o caso do Parque Costa Azul (figura 4) em Salvador, na Bahia.
Construído em área nobre da cidade, o parque implementa uma valorização da
área e leva melhorias físicas aos bairros próximos, que já possuem uma melhor
infraestrutura que outras partes da cidade, e ainda como mencionado
anteriormente, foi implantado em uma área turística da cidade, bem
desenvolvida, não visando assim trazer melhorias para bairros mais carentes,
mas sim tornar-se um cartão postal para a cidade.
18
Figura 4 – Parque Costa Azul
Fonte: CONDER [1995?]
Esses espaços públicos novos, no fim, tornam-se, quase sempre,
inacessíveis a população mais simples, que moram nas periferias, sendo esta a
população com maiores dificuldades de opções de lazer. Sendo assim, esses
espaços públicos, que deveriam ser para toda a população, acabam por segregar
ainda mais a população de baixa renda (SERPA, 2004).
Outro problema encontrado nos espaços públicos, é a falta de manutenção,
de segurança, de visibilidade, que é o caso do Bosque Central da cidade de
Londrina, no Paraná (figura 5). Os moradores da cidade evitam passar ou utilizar
o local durante a noite pela falta de segurança que o lugar possui, a falta de
iluminação que torna o espaço escuro e perigoso e que acaba por atrair pessoas
que fazem uso errado do local.
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Figura 5 – Vista aérea do Bosque Central em Londrina - PR
Fonte: LIASCH (2011)
Os espaços públicos das cidades devem ser bem planejados, pois agem como
espaços de integração de uma cidade, local de encontro de pessoas, de diversas
atividades, são locais com grande potencial para a cidade quando bem pensados, e
devem ser cuidados, valorizados, seguros e acessíveis a todos.
1.3 Vazios Urbanos
Segundo Dittmar (2006, p.01): “As ações antrópicas produzem mudanças
significativas sobre o ambiente urbano, com alterações nas condições sociais,
culturais, econômicas e ecológicas, que se refletem direta ou indiretamente na
paisagem das cidades.”.
“[...]vazios urbanos são os espaços construídos, não construídos,
desocupados ou subutilizados, caracterizados como resíduos do crescimento
urbano” (DITTMAR, 2006, p.14).
Para Nascimento (2014), os vazios urbanos devem ser compreendidos a
partir da estrutura do tecido urbano, do plano urbano, não deixando de lado suas
características históricas que nos remetem à estrutura socioeconômica e ao
20
processo pelo qual se formaram. São referenciais de um processo, de uma
dinâmica de produção ou reprodução de parcelas da cidade, que em algum
momento não são utilizadas.
[...]os vazios urbanos têm se feito crescentemente mais presentes,
sobretudo com a ampliação da produção capitalista do espaço
urbano, quando o negócio com a terra urbana passa a ser a nova
fronteira de acumulação do capital, com rebatimentos no processo
de produção das cidades e na constituição da forma urbana.
(NASCIMENTO, 2014, p. 44)
Esses vazios urbanos podem ser frutos da especulação imobiliária,
desarticulação espacial de traçados urbanos, declínio industrial entre outros
motivos. E a partir dessas ações, acabam perdendo sua identidade como parte da
vida da cidade e de sua paisagem.
Esses espaços podem representar potenciais urbanos, enquanto novos
desafios da cidade contemporânea. É preciso conhecê-los e entendê-los para que
possa ser proposto uma melhoria das suas condições, criando assim, uma
identidade, a partir de uma requalificação e possibilidades de novas ocupações.
Os vazios urbanos podem ser vistos como fragmentos, espaços de
testemunho da memória de uma paisagem que se modificou, sendo assim:
Torna-se primordial a valorização e o desenvolvimento das
características únicas do lugar, com base em procedimentos de
gestão do espaço urbano que considerem suas características
morfológicas e sua qualidade paisagística (enquanto preexistência).
(DITTMAR, 2011, p.04)
O espaço urbano é um reflexo da sociedade, tanto no presente, como no
passado e nas marcas que foram deixadas e, sendo assim, esse espaço ganha seu
significado a partir do uso que se tem.
O tempo registra nas cidades marcas que podem passar a ser permanentes,
de vários tempos, lugares, monumentos e construções, que vão se acumulando. E
assim, o processo de crescimento da cidade é responsável por valorização e
desvalorização de áreas, que podem acabar por modificar a paisagem.
A paisagem urbana é de papel fundamental na qualidade de vida dos
cidadãos, acumulam valores e símbolos que são materializados sobre o espaço.
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A questão da ocupação socialmente responsável dos vazios urbanos
entrou fortemente na agenda política da administração das cidades
brasileiras com a Constituição de 1988 e, mais importante, com o
Estatuto da Cidade, em 2001. (CARDOSO, 20??, p.09)
O Estatuto da Cidade traz o princípio da função social da propriedade
urbana, que reflete a obrigatoriedade da utilização adequada do solo.
A utilização dessa terra deve ser feita visando o benefício social, ou seja,
não se tratando apenas de ocupar o espaço vazio, ou de buscar alternativas para
viabilizar o mercado, mas sim de sustentar sua função social através da oferta de
moradias populares ou de serviços e equipamentos a elas destinados, garantindo
assim o direito à moradia e às cidades sustentáveis.
[...]os vazios urbanos podem ser tão impactantes na forma urbana,
que acabam por se constituírem em elementos estruturantes. O
que revela a contradição da produção do espaço urbano
contemporâneo, uma vez que parcela significativa dos citadinos
tem limitados ou nenhum “direito à cidade”, porções importantes
de terra urbana permanecem sem cumprir sua função social, sendo
usadas, sobretudo, apenas como reserva de valor. (NASCIMENTO,
2014, p. 54)
“Os Vazios Urbanos são hoje áreas preciosas, seja pela óbvia raridade, seja
pela implícita oportunidade.” (NASCIMENTO, 2014, p.51)
Pensando nisso, o vazio urbano que hoje se encontra no local da antiga
estação ferroviária de Santa Cruz do Rio Pardo, deve ser repensado, planejado,
qualificado, buscando assim exercer sua função social através de um espaço
público, que como diz Abrahão (2008), são espaços capazes de dar continuidade a
cidade, de reunir e associar tudo que está separado.
22
2 A História de Santa Cruz do Rio Pardo
Santa Cruz do Rio Pardo conquistou sua categoria de cidade em 19 de
dezembro de 1906 pela Lei Estadual nº 1.038 (JUNQUEIRA, 2006).
As culturas que mais movimentavam a economia de Santa Cruz, nos
primeiros anos do século XX foram a alfafa e o algodão e ainda lembrando que o
milho e a criação de porcos eram atividades fundamentais nos primeiros tempos,
quando a cidade mostrava assim sua cultura agrária (JUNQUEIRA, 2006).
Porém, a cultura cafeeira foi decisiva para o desenvolvimento da cidade, e
ainda para o crescimento da população, o crescimento econômico e a consolidação
do núcleo urbano (SANTA CRUZ DO RIO PARDO (b), 2006).
Com a chegada da estrada de ferro em 1908, o café tornou-se de interesse
primordial para os agricultores santa-cruzenses (JUNQUEIRA, 2006).
Nos primeiros anos do século, Santa Cruz do Rio Pardo passou a ser uma
grande exportadora de café tendo a Estrada de Ferro Sorocabana (figura 6), como
a principal fonte econômica da cidade (SANTA CRUZ DO RIO PARDO, 2015).
Figura 6 – Antiga estação ferroviária
Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo (acervo local)
23
Hoje, passado o tempo da ferrovia com seus altos e baixos a cidade reúne
esforços para fazer parte da dinâmica do mundo moderno através de iniciativas
que a consagrem como 4º polo calçadista do estado de São Paulo e significativo
centro de beneficiamento de arroz (JUNQUEIRA, 2006).
2.1 A Ferroviária e o Café
As estradas de ferro paulistas se constituíam em frentes pioneiras na
expansão colonizadora desencadeada pelo café.
Construída, pois, atendendo aos interesses e as conveniências dos
fazendeiros, a rede ferroviária paulista, no seu aspecto arboricular,
dá-nos, hoje, a impressão de total ausência de plano, o que explica
que superado o fundamento econômico que o motivou, pela natural
etinerância do café, ou por decorrência de fatores externos que
condicionaram o apelo às rodovias, elas tenham se tornado
antieconômicas, praticamente sem função em muitos trechos, que
acabaram sendo supridos[...] (MATOS, 1981, p. 11)
A partir de 1850 começa a surgir a ferrovia no Brasil, pode-se entender
esse acontecimento primeiramente pela situação econômica do país encontrar-se
em momento estável, com o fortalecimento da ordem pública interna e também
pela extinção do tráfico de escravos pela Lei Eusébio de Queiroz, deixando assim,
livre, capitais para outros investimentos (MATOS, 1981).
Em 30 de abril de 1854 foi inaugurado o primeiro trecho ferroviário do país
e a partir disso não parou mais. As estradas de ferro foram importantes para
fixação de povoamentos e desenvolvimento de muitas regiões.
Matos (1981) lembra que foi graças ao ciclo paulista do açúcar que
possibilitou-se a expansão cafeeira e a conquista dos sertões do oeste paulista,
que por sua vez conseguiu capitais e mão de obra para o grande aumento da
cafeicultura. Ainda, a cultura da cana de açúcar e as atividades tropeiristas,
características da vida econômica de São Paulo no século XVIII, tiveram
influência em mudanças no sistema de transporte e comunicação do país.
24
O café foi responsável não somente pela ocupação da parte centro oriental
paulista mas também pela substituição do transporte por tropas de burro pelas
primeiras ferrovias de penetração (MATOS, 1981).
Pode-se dizer que a cultura cafeeira teve uma grande influência no surto
industrial moderno brasileiro. Porém, segundo Matos (1981), com a falta de uma
política direcionada às ferrovias, acabou-se por perder força o sistema viário de
estradas de ferro e, aos poucos, foi-se mudando pelas estradas de rodagem.
O café na sua “marcha” ou no seu “roteiro”, marcaria a fisionomia
paulista. Na sua etinerância, cansaria terras, abandonaria regiões,
mataria cidades. [...] Mas, por outro lado, povoaria regiões novas,
abriria zonas pioneiras, plantaria um rol de cidades vivas, que
durante muito tempo vão viver do café, e as quais, quando ele as
abandonou, sempre na sua etinerância, procurarão outros
embasamentos econômicos e às vezes de tal maneira que,
visitando-as hoje, nem nos lembramos de que ali, um dia existiu
café. (MATOS, 1981, p. 43)
A Estrada de Ferro Sorocabana teve início em 1870 e seu fundador foi Luis
Mateus Maylasky. Em 1872 ela enfrentou um impasse com a Ituana, estrada
rival, pela conquista de novas regiões no estado de São Paulo. A Ituana seguiu de
Capivari rumo a Tietê, enquanto a Sorocabana seguiu em direção ao oeste, indo
até Boituva e depois até Botucatu. Só em 1898 chegou à Lençóis Paulistas e em
1899 lançou seus trilhos até Bom Jardim (JUNQUEIRA, 2012).
Todavia, no início do século XX, a Sorocabana não teve como único produto
de transporte o café, a linha férrea, também era alimentada por algodão e cereais,
e ainda do transporte de passageiros (JUNQUEIRA, 2012).
A riqueza da região forçou a vinda dos trilhos da Sorocabana, que indo em
busca do porto Tibiriçá, no Rio Paraná, hoje Presidente Epitácio, de momento,
não mostrou interesse por Santa Cruz do Rio Pardo. Após reivindicações, pela lei
nº 57, de 15 de agosto de 1906, a Câmara Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo
autorizou o presidente da edilidade Dr. Francisco de Paula Abreu Sodré a fazer
um contrato para a construção de um ramal da linha férrea (figura 7), que ligaria
Bernardino de Campos, por onde a Sorocabana passava, à Santa Cruz do Rio
Pardo, numa extensão de 24 quilômetros (JUNQUEIRA, 2012).
25
Figura 7 – Evolução da rede ferroviária do estado de São Paulo
Fonte: Francisco (2015) editado pela autora (2015)
Segundo Junqueira (2012) a cláusula terceira do Contrato da construção do
ramal, como mostrado no Livro para Contratos da Câmara Municipal de Santa
Cruz do Rio Pardo de 1906, o ramal deveria ser construído:
[...]em ponto mais conveniente em território deste Município, entre
as cabeceiras das águas ou os ribeirões denominados “Douradinho”
e Figueira; e o ponto terminal será bem nas imediações desta Villa,
na encosta do espigão que verte para a margem esquerda do Rio
Pardo e fronteiro a esta Villa, fronteiro a esta mesma Villa.
(JUNQUEIRA, 2012, p. 06)
A Estação da Sorocabana de Santa Cruz do Rio Pardo foi inaugurada em 6
de agosto de 1908 (figura 8). Após a construção do ramal, a Câmara Municipal da
cidade doou-o ao Estado, conforme a escritura de 29 de julho de 1912, lavrada no
cartório de 1º oficio de Santa Cruz do Rio Pardo. Com a construção do ramal e sua
doação a cidade ficou com uma dívida enorme, que não pode pagar, e que, ano
após ano, aumentava (JUNQUEIRA, 2012).
26
Figura 8 – Imagem da época do trem
Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo (acervo local)
A chegada da Sorocabana incrementou o plantio de milhões de pés de café,
tanto na cidade, como em municípios vizinhos, como Espírito Santo do Turvo e
São Pedro do Turvo. A ferrovia trouxe crescimento para a cidade e para a
economia da região, mas também, graças a ela, seis dos distritos de Santa Cruz
do Rio Pardo, devido ao vigor econômico proporcionado pelos trilhos tornaram-se
municípios. Santa Cruz via-se com uma dívida enorme e ainda sofrendo um
considerável decréscimo da população. As vindas dos trilhos acabavam por
beneficiar somente o Estado e a própria Sorocabana (JUNQUEIRA, 2012).
Apesar da dívida e das consequências negativas trazidas pela Sorocabana,
a experiência com a ferrovia para a cidade, no auge do movimento cafeeiro, valeu
ao município toda a resistência econômica para no futuro enfrentar os abates das
diversas crises financeiras sofridas pelo país. Houve aspectos negativos com a
vinda dos trilhos para a cidade, mas sem a passagem da ferrovia, Santa Cruz do
Rio Pardo provavelmente teria sido mais uma cidade que parou no tempo como
muitas outras (JUNQUEIRA, 2012).
27
Em 17 de outubro de 1961 se encerrava as atividades da Estação
Sorocabana em Santa Cruz do Rio Pardo, pelo decreto nº 39.228. A
industrialização do país foi abrindo lugar para as rodovias e automóveis. A
desativação e o desaparecimento do ramal ferroviário da cidade acarretou
prejuízos à população residente, sendo um deles, o fato de que com o
encerramento do ramal, Santa Cruz ficou desconectada de estrada de ferro, assim
como outros municípios da região (JUNQUEIRA, 2012).
A partir desse momento tanto a estação como todo seu espaço ao redor, o
pátio de manobras, e a casa onde residia o chefe da mesma, ficaram abandonados
(figura 9).
Figura 9 – Prédio da estação anos após sua desativação
Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo (acervo local)
Em 1984, a municipalidade aumentou seus domínios com a reversão do
patrimônio de 18 alqueires e prédios da FEPASA, antiga Estrada de Ferro
Sorocabana (JUNQUEIRA, 2012).
No ano de 2011 a estação passou por um restauro, abrigando hoje o
“Complexo Cultural Estação”, Museu Histórico e Pedagógico “Ernesto Bertoldi”
(figura 10), onde se encontra um pouco da história da cidade, do local, do café,
através de painéis com textos, fotos e objetos da época (GIESBRECHT, 2015).
28
Figura 10 – Prédio da antiga estação, hoje
Fonte: Autora (2015)
2.2 Do Outro Lado do Rio Pardo
A partir de uma análise da figura 11, é possível compreender a formação
da cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, e ainda procurar entender o porquê do
local aonde foi instalada a estação ferroviária na cidade.
29
Figura 11 - Inicio da formação de Santa Cruz do Rio Pardo
Fonte: ACERVO DA ESCOLA LEÔNIDAS DO AMARAL VIEIRA [195?] editado pela autora
(2015)
Analisando a figura 11, feita por um professor de geografia da cidade, na
década de 50, notamos que a formação de Santa Cruz do Rio Pardo começa
próxima ao Rio Pardo, provavelmente pela proximidade com o rio e por suas
utilidades. E a partir de então, a cidade cresce para esse lado do rio. Nota-se que
entre os anos 1880 a 1920, a cidade crescia para este lado do rio, e que ainda, em
1908, quando a ferrovia chega à cidade, o outro lado do rio ainda não era ocupado.
30
Analisando agora a figura 12, percebe-se que após o fechamento da estação
ferroviária e a retida dos trilhos, que ocorreu no ano de 1966, é que começa a
formação da cidade do outro lado do Rio Pardo, concluindo-se então que a ferrovia
nada influenciou na formação da região.
Figura 12 – Configuração da cidade após o fechamento da ferrovia
Fonte: SANTA CRUZ DO RIO PARDO (b) (2006) editado pela autora (2015)
Uma explicação possível para a construção da ferrovia deste lado do rio,
pode ser entendida pelo fato de Bernardino de Campos, cidade a qual se
conectaria o ramal que se ligaria a Santa Cruz do Rio Pardo, encontrava-se deste
lado do rio, o que facilitaria a construção e ligação do ramal e ainda evitaria a
necessidade da construção de uma ponte que passasse sobre o Rio Pardo (figura
13).
31
Figura 13 – Linha férrea da Sorocabana, destaque para o ramal de Santa Cruz do Rio Pardo
Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo (acervo local) editado pela autora (2015)
32
Uma outra constatação que pode ser feita através do mapa de crescimento
da cidade é que a formação dos bairros que hoje encontram-se do lado da cidade
onde ficava a ferrovia não tiveram relação com esta. Isso se nota pelas datas em
que estes foram surgindo, que, como é possível ver no mapa da figura 14,
começaram a aparecer após a retirada do ramal da ferrovia da cidade, a partir de
1966.
Figura 14 - Mapa de crescimento da cidade de Santa Cruz do Rio Pardo
Fonte: SANTA CRUZ DO RIO PARDO (b) (2006) editado pela autora (2015)
Segundo Santa Cruz do Rio Pardo (b) (2006), até a década de 50, a área
urbana na margem esquerda do rio, onde foi implantada a ferrovia, era dedicada
à infraestrutura de transportes, Estação Ferroviária e o Aeroporto, existente na
33
época, infraestrutura desmontada com a extinção do Ramal Ferroviário, em 1966.
O processo de ocupação desta área da cidade se deu no final dos anos 70 por
conjuntos habitacionais populares, sem haver uma devida integração com a parte
central, já consolidada da cidade, assim como as áreas adjacentes ao antigo
aeroporto.
Nota-se que ao se implantar essa política habitacional, com os conjuntos
habitacionais deste lado do rio, não se pensou juntamente, em como seria a
integração dessa parcela da população com o restante da cidade, o que levou a
tornar-se uma área segregada. A única ligação se faz pela ponte que passa sobre o
rio Pardo ou pela rodovia que corta a cidade e que permite o acesso a esses
bairros (figura 15 e 16).
Figura 15 – Ponte sobre o Rio Pardo, que conecta os dois lados da cidade
Fonte: Autora (2015)
34
Figura 16 – Vicinal da rodovia João Baptista Cabral Rennó
Fonte: Autora (2015)
Por outro lado, há potencial na área que é o grande vazio destinado pela
ausência da ferrovia, que deve ser explorado ao máximo na busca de novos
espaços de qualidade para a população.
O perfil dos moradores dos bairros do entorno é marcado por famílias com
renda predominante de 0 a 5 salários mínimos, segundo Santa Cruz do Rio Pardo (b),
e ao se comparar com a cidade do lado direito do rio, nota-se que há uma
diferenciação grande, pois a maioria possui renda acima de 5 salários, denotando
uma segregação socioespacial entre os dois lados do rio (figura 17).
35
Figura 17 – Caracterização do perfil sócio econômico da cidade
Fonte: SANTA CRUZ DO RIO PARDO (b) (2006) editado pela autora (2015)
36
3 Análises e Percepções da Área
Compreender a cidade a partir do seu crescimento, como um organismo
que se desenvolveu ao longo do tempo, permite construir dela uma imagem
de conjunto, mais ponderada e menos incompleta que aquela oferecida pela
apreensão direta da paisagem. Essa imagem global, na qual se associam o
estudo de mapas e a pesquisa de campo, é constituída aos poucos. Ela
relaciona as linhas de força do território geográfico com os grandes
traçados que organizam a aglomeração. Ela identifica os pontos fixos
(limites, barreiras) em torno dos quais se efetuam as transformações e
interpreta as diferenças. Assim fazendo, abordar em maior ou menor grau
a questão do tecido urbano, reunindo elementos que permitam sua análise.
(PENERAI, 2006, p.77)
Neste tópico, são apresentadas análises da área escolhida para o trabalho
final, que servirão para o melhor entendimento da problemática e qualidades do
lugar e do seu entorno servindo assim de base para a definição da intervenção
projetual a ser proposta.
Zoneamento:
Como consta no zoneamento da cidade, no Plano Diretor, a área de estudo
está inserida em uma Z3 (zona consolidada com restrição ao adensamento), como
pode ser vista na figura 18.
37
Figura 18 – Zoneamento do Plano Diretor Municipal
Fonte: SANTA CRUZ DO RIO PARDO (a) (2006) editado pela autora (2015)
Sendo assim, a Zona 3 (Z3) tem como características indicadas no Plano
Diretor: boa infraestrutura instalada; sistema viário consolidado, porém devido a
existência do Rio Pardo há dificuldade de deslocamento, prejudicando assim a
conexão com a área central da cidade; oferta de serviços razoável; predomínio de
habitações de população de baixa renda e zona com pouco indicativo de vetor de
expansão urbana, devido a distância à área central e dificuldade de transposição.
E ainda, tem como diretrizes impostas pelo Plano Diretor: a garantia de
uma melhor ligação desta região com a parte central da cidade; aplicação dos
instrumentos de indução da política urbana para manutenção e melhoria das
potencialidades e dos atributos específicos da Zona 3 (Z3) e evitar o adensamento
38
populacional que implique em aumento da demanda pelo deslocamento do rio e
afunilamento com a conexão viária com o restante da cidade.
Ainda, o Plano Diretor do município classifica a área escolhida para o
trabalho final de graduação como sendo uma área de especial interesse histórico
cultural, tornando-se clara sua importância para a cidade e sendo assim, deve-se
buscar incorporar a história e as memórias do lugar as propostas que serão
pensadas para a área (figura 19).
Figura 19 – Áreas de especial interesse
Fonte: SANTA CRUZ DO RIO PARDO (a) (2006) editado pela autora (2015)
A área escolhida para o trabalho final de graduação (TFG) é de posse da
Prefeitura Municipal, sendo institucional, e uma parcela dela foi concedida como
área de lazer para um conjunto habitacional que se encontra no bairro.
39
Vias:
A partir do mapa de vias (figura 20) é possível ver a falta de conexão dessa
região com a área central da cidade, sendo que, as únicas vias de acesso a essa
região são a ponte que passa sobre o Rio Pardo através da Rua Farmacêutico
Alzírio de Souza Santos (em cor amarela), que liga a região à área central da
cidade e pela Rodovia Engenheiro João Baptista Cabral Rennó (em cor roxa),
prejudicando assim, sua conexão com área central, como já abordado no
zoneamento (figura 21).
Figura 20 – Figura fundo das vias
Fonte: Mapa fornecido pela Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo, editado pela autora
(2015)
40
Figura 21 – Vias de acesso a área de TFG
Fonte: Google Earth, editado pela autora (2015)
Uso e Ocupação:
A figura 22 mostra como é feita a ocupação da área em análise da cidade. É
clara a predominância de residências e ainda nota-se que na região a presença de
alguns comércios e serviços, sendo estes de bairro, como açougues, farmácias,
bares, vendas de gás, padarias, mini mercados, etc. É possível ainda, perceber
que não há uma grande variedade de lazer na região.
41
Figura 22 – Mapa de uso e ocupação
Fonte: Mapa fornecido pela Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo, editado pela autora
(2015)
Na figura 23 são mostrados alguns dos usos encontrados no entorno da
área em análise, como casa de ração, farmácia, campo de futebol, o Grupo da
Terceira Idade e uma unidade do UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
Figura 23 – Usos encontrados na área de análise
Fonte: Autora (2015)
Na figura 24, foi feito um levantamento mais preciso para saber quais são
os equipamentos públicos, áreas verdes, áreas de lazer, educação, saúde, etc., que
são encontradas na região.
42
Figura 24 – Mapeamento de equipamentos oferecidos na região onde se localiza a área de TFG
Fonte: Imagem aérea do Google Earth, editado pela autora (2015)
A partir desse estudo dos equipamentos existentes na região mostrada na
figura 24, foi possível perceber a carência de espaços de lazer, praticamente
concentradas nos campos de futebol espalhados nessa área, todos sem estrutura
apropriada. O GTI (Grupo da Terceira Idade), apesar de bem frequentado, atende
a um público específico, os idosos, deixando a desejar a outras parcelas da
população que também tem direito ao lazer. O CPP (Centro do Professorado
Paulista), um clube, com quadra de esportes, piscinas, somente pode ser utilizado
por professores e seus familiares. Ainda, as três praças encontradas nessa região
não são bem cuidadas, e não oferecem qualidade ao local, não possuindo nem
mobiliário adequados, quando possuem.
A área de lazer mostrada na figura 24 pelo número 2, é um espaço
destinado aos moradores dos bairros do entorno, que conta com um campo de
futebol, banheiro, alguns poucos brinquedos para as crianças e encontra-se
também a casa do caseiro (figura 25).
43
Figura 25 – Área de lazer
Fonte: Autora (2015)
Porém, ao visitar a área foi perceptível o descuido com o lugar, e a ausência
de manutenção dos equipamentos existentes. Os únicos brinquedos encontrados
no local foram um escorregador, um balanço e uma casinha, todos com falta de
cuidados e manutenção. O campo de futebol (figura 26) também não encontra-se
em boa qualidade.
44
Figura 26 – Campo de futebol
Fonte: Autora (2015)
Ao conversar com uma moradora da rua onde se localiza esse espaço, ela
expressou a decepção com o local, reclamando da manutenção, da ausência de
equipamentos de lazer, e também do horário de funcionamento, que muitas vezes
acontece muito cedo, antes das 18h, e o fechado o dia inteiro nos feriados e dias
comemorativos, prejudicando assim o uso pelos moradores do entorno. Ainda,
essa mesma moradora comentou que pela falta de manutenção, os banheiros
existentes no local não funcionam, a Prefeitura Municipal nem o próprio caseiro
que mora no espaço preocupam-se com a manutenção do lugar (figura 27).
45
Figura 27 – Banheiros sem manutenção e sem funcionamento
Fonte: Autora (2015)
Sendo assim, o espaço, que deveria ser um local de lazer, para ser
aproveitado pelos moradores, acaba por ser apenas mais um espaço abandonado,
descuidado, sem atrativos.
Lazer, Cultura e Esporte:
A figura 28 mostra um levantamento, feito pela Prefeitura Municipal, dos
equipamentos de lazer, cultura e esporte existentes na cidade como um todo, e
como é possível notar, a grande maioria dos equipamentos, como o cinema,
ginásio de esportes, piscina pública, o jardim da cidade, praças com pistas de
caminhada, clubes, etc., estão localizados do outro lado do rio, assim como
praticamente todas as atividades e eventos da cidade, com exceção, como é
possível ver, para dois equipamentos, sendo um deles, o Museu Histórico e
Pedagógico, localizado onde antes era a estação ferroviária, e o Grupo da Terceira
idade. A partir da análise desse levantamento, nota-se mais uma vez a
segregação da área em estudo, prejudicando seus moradores.
46
Figura 28 – Equipamentos de lazer, cultura e esporte
Fonte: SANTA CRUZ DO RIO PARDO (b) (2006) editado pela autora (2015)
Potencialidades:
A figura 29, é um mapa, também feito pela Prefeitura Municipal de Santa
Cruz do Rio Pardo, onde são destacadas as potencialidades da cidade. Ao analisar
as potencialidades que são consideradas pela Prefeitura Municipal, novamente
nota-se a falta de lazer na cidade, e ainda, deve-se destacar, que os únicos dois
equipamentos, identificados como potencialidades de lazer/cultura, que
encontram-se na região em análise, foram o GTI (Grupo da Terceira Idade) e o
CPP (Centro do Professorado Paulista), que como já comentados anteriormente,
são lazeres “restritos”, pois nem toda população pode fazer uso desses espaços.
47
Figura 29 – Mapa de potencialidades
Fonte: SANTA CRUZ DO RIO PARDO (b) (2006) editado pela autora (2015)
Áreas Verdes:
A figura 30 mostra as áreas verdes e as áreas institucionais que a
prefeitura determina para a cidade de Santa Cruz do Rio Pardo. Ao se analisar
essas áreas a partir de percursos feitos pela cidade, foi possível perceber, que, boa
parte das áreas determinas como “área verde”, que deveriam ser áreas como
praças, parques, espaços de recreação, são, na verdade, terrenos vazios, sem uso,
canteiros, sobras de quadras que a prefeitura detêm e que definem como sendo
áreas verdes. Alguns dos espaços delimitados como áreas verdes, eram sim
praças, praças de bairro, mas pouco cuidadas, sem muitos atrativos.
48
Figura 30 – Áreas verdes e institucionais
Fonte: Mapa fornecido pela Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo, editado pela autora
(2015)
Na figura 31, foi feito um recorte da área em análise para se avaliar mais
precisamente quais são essas então chamadas áreas verdes as quais a Prefeitura
Municipal determinou para essa região da cidade.
49
Figura 31 – Análise das áreas verdes da área e do seu entorno
Fonte: Mapa fornecido pela Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo, editado pela autora
(2015)
Analisando cada um dos pontos determinados pela prefeitura como áreas
verdes, nota-se que muitos deles não são áreas verdes na verdade, e que nesses
espaços são encontrados outros tipos de uso do solo como os campos de futebol,
onde dois deles são da prefeitura mas que ao conversar com pessoas de dentro da
própria prefeitura e moradores do entorno da área, comentou-se que esses
campos são alugados para determinados usuários, não estando então disponíveis
para todos os moradores da área. Outro espaço determinado pela prefeitura como
área verde e que na realidade não é, foi o CPP (Clube do Professorado Paulista),
que além de não ser uma área verde, e sim um clube, um lazer privado, ainda não
pertence a prefeitura.
Os espaços considerados realmente como áreas verdes são as praças e os
vazios, porém essas praças não possuem qualidades e nem atrativos para os
moradores do entorno, muitas vezes são descuidadas, com falta de mobiliário.
A única área verde da cidade, que pode ser realmente considera assim, por
ter a preocupação de ser um espaço de lazer, um espaço para ser usado pela
população, seja para espairecer, praticar algum esporte, passear, é a Praça São
Sebastião (figura 32), que possui uma pista de caminhada, e é bem frequentada.
50
Mas está localizada do lado direito do rio, o que não torna o acesso e o uso fácil
para os moradores que estão do outro lado.
Figura 32 – Praça São Sebastião
Fonte: Autora (2015)
Questionário:
A fim de buscar um melhor entendimento sobre o pensamento da
população de Santa Cruz do Rio Pardo, em relação ao lazer oferecido pela cidade,
e também em relação a área escolhida para o trabalho final de graduação, foi
aplicada a enquete abaixo, produzida através dos formulários do Google Drive
online (figura 33).
51
Figura 33 – Enquete para trabalho final de graduação
Fonte: Autora (2015)
Em relação ao público que participou da enquete, houve uma
predominância da faixa etária entre 19 – 30 anos e 31 – 50 anos, mas no geral,
todas as faixas consideradas participaram.
A pergunta nº 3, foi proposta, pois ao se relacionar com a pergunta nº 4, é
possível compreender o pensamento do entrevistado em relação ao lazer existente
na cidade, e se esse lazer é entendido de forma diferente, por ter mais acesso ou
não, dependendo de que local se mora. O que, ao se analisar o gráfico gerado
abaixo, ficou claro, é que, mesmo os moradores das áreas centrais da cidade, ou
dos bairros que localizam-se antes do Rio Pardo, que como já visto anteriormente,
52
é onde está localizado quase que todos os equipamentos de lazer da cidade, não
consideram suficientes o lazer oferecido. E do total de respostas obtidas, mais de
80% dos participantes da enquete, também não acham ser suficiente o lazer
(figura 34).
Figura 34 – Gráfico da pergunta 3 da enquete
Fonte: Autora (2015)
Quando perguntado sobre o museu que foi instalado no antigo prédio da
estação ferroviária da cidade, boa parte da população já havia visitado o local
(figura 35), mas a movimentação do local, só realmente aconteceu quando foi
inaugurado, em 2011, como relatam moradores próximos a área, que
provavelmente foi quando ocorreu todas essas visitas, por ser algo novo na
cidade. Já sobre a história da antiga estação ferroviária, poucos realmente
sabiam algo, muitos não conheciam a história e a importância que a estação teve
para a cidade.
53
Figura 35 - Gráfico da pergunta 5 da enquete
Fonte: Autora (2015)
Ao se perguntar sobre um possível uso para o terreno da esplanada da
antiga estação, boa parte das respostas mostraram o desejo de um espaço aberto,
arborizado, com atividades para a população, um parque.
Visto isso, a partir das análises feitas acima, e lembrando da dificuldade
encontrada pelos moradores desses bairros para acessar a área central da cidade,
e consequentemente os equipamentos que lá se encontram, pode-se concluir que
há uma carência de áreas de lazer voltadas para os moradores da região
analisada e que, em razão disso, a área escolhida para o trabalho final de
graduação possui grande potencial para suprir essa necessidade, e assim, fará
valer sua função social da propriedade urbana, deixando então de ser um vazio
urbano.
E ainda, pode e deve ser tratada como um elemento que buscará amenizar
essa segregação e fragmentação que é claramente notável entre os dois lados da
cidade. Sendo assim, esse projeto tem como um de seus objetivos, além de levar
um espaço de lazer, verde, de qualidade para essa população, ser um espaço de
integração entre os dois lados do rio.
54
4 Estudos de Caso
Parque da Juventude
Arquitetura: Aflalo & Gasperini Arquitetos
Paisagismo: Rosa Grena Kliass
Localização: São Paulo - SP
Ano de conclusão da obra: 2007
Área: 240.000 m²
O Parque da Juventude chamou a atenção e foi escolhido como referência
de projeto por ter como uma das propostas do parque a preservação da memória
do lugar, no caso, a antiga Casa de Detenção Carandiru, através da opção pela
permanência das ruínas do antigo presídio.
Outro ponto que chama a atenção é o modo como o parque se organiza,
sendo distribuído em três setores: o parque esportivo, o parque central e o parque
institucional (figura 36).
Figura 36 – Planta baixa humanizada do Parque da Juventude
Fonte: SERAPIÃO (2008)
55
O parque esportivo, finalizado em 2003, ocupa 35 mil metros quadrados,
14,6% da área total (figura 37). Ele está situado onde antes ficavam o Hospital
Penitenciário e um bota-fora. A área estrutura-se por uma alameda central, onde
as quadras e as pistas de skate foram instaladas.
Figura 37 – Parque esportivo
Fonte: EVELYN; RESENDE (2010)
O parque central, tem um caráter recreativo/contemplativo. Contém uma
área com trilhas, passarelas, caminhos ajardinados e elementos que remetem a
ideia tradicional de “parque”. Nessa parte do parque foi feita uma passarela
criada sobre os muros do antigo complexo presidiário do Carandiru, remetendo
assim, a uma forma de memória do local (figura 38).
56
Figura 38 – Imagens das passarelas na muralha
Fonte: EVELYN; RESENDE (2010)
O parque institucional foi o último a ser construído, finalizado em 2007, é
composto pelas Etecs (escolas técnicas) e também é onde se localiza a Biblioteca
de São Paulo, de responsabilidade da Secretaria da Cultura (figura 39). A área
institucional foi pensada para atender ao público, ela também contém um grande
espaço livre entre os edifícios e a biblioteca para acontecer shows e outras
atividades culturais.
Figura 39 – Imagens dos edifícios do parque institucional
Fonte: EVELYN; RESENDE (2010)
57
Parque Klyde Warren
Arquitetura: The Office of James Burnett
Localização: Dallas, TX, EUA
Ano: 2012
Área: 52.000 m²
O Parque Klyde Warren foi escolhido como referência de projet pela
proposta que o projeto traz, na qual contempla-se diversas atividades e usos,
como aulas ao ar livre, espaços de alimentação e espetáculos, tornando-se um
ponto de encontro para todos (figura 40 e 41).
Figura 40 – Planta baixa humanizada do Parque Klyde Warren
Fonte: ARCHDAILY (2012)
Figura 41 – Vista aérea do Parque Klyde Warren
Fonte: AERIAL PHOTOGRAPHY (ARCHDAILY) (2012)
http://www.ojb.com/
http://www.archdaily.com.br/br/01-85701/parque-klyde-warren-the-office-of-james-burnett
http://www.archdaily.com.br/br/01-85701/parque-klyde-warren-the-office-of-james-burnett
58
O projeto cria um espaço verde urbano existente sobre o Woodall Rodgers
Freeway entre as ruas Pearl e St. Paul, no centro da cidade de Dallas. Além do
parque em si, há um palco para espetáculos, restaurante, parques infantis e para
animais domésticos, instalações de água, jardins texanos nativos, uma área para
jogos e espaços de caminhada. Ainda, está planejado para ser um centro de
atividades com quatro a cinco eventos por dia, entre elas yoga, dança, xadrez e
cinema ao ar livre (figura 42).
Figura 42 – Imagens do Parque Klyde Warren
Fonte: DILLON DIERS PHOTOGRAPHY (ARCHDAILY) (2012)
Segundo o The Office of James Burnett: "o parque foi concebido como uma
série de salas ao ar livre que estão em constante mudança e que são fascinantes
para os visitantes.". Sendo assim, o parque comtempla diversas atividades, tem
como objetivo ser usado por todos, em seus mais variados gostos (figura 43).
http://www.archdaily.com.br/br/01-85701/parque-klyde-warren-the-office-of-james-burnett
59
Figura 43 – Parque Klyde Warren
Fonte: DILLON DIERS PHOTOGRAPHY (ARCHDAILY) (2012)
Centro Cultural de Araras
Arquitetura: AUM Arquitetos
Paisagismo: Soma Arquitetos
Localização: Araras - SP
Ano: 2003
Área: 3.200 m²
O Centro Cultural de Araras foi escolhido como referência de projeto por
ter como objeto principal de projeto a antiga estação ferroviária da cidade de
Araras (figura 44) e por ter como objetivo das novos usos para esse espaço, mas
buscando resgatar e valorizar as características históricas das antigas
construções da estação ferroviária e inserir novos edifícios de acordo com os usos
propostos.
http://www.archdaily.com.br/br/01-85701/parque-klyde-warren-the-office-of-james-burnett
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Figura 44 – Prédio sede da estação em 2004
Fonte: CONCURSOS DE PROJETO (2009)
A ideia do projeto se manteve em três linhas, sendo elas: restaurar os
elementos construtivos e decorativos, reproduzir itens importantes do estilo das
edificações e inserir os recursos necessários para os novos usos. Tudo que foi feito
ou refeito no projeto, buscou deixar clara sua autenticidade ou a réplica,
mostrando assim a intenção de distinguir o que era novo e o que já existia.
O projeto buscou, através de elementos arquitetônicos e estéticos, remeter
os usos antigos da estação, da memória do lugar, como é o caso da plataforma da
estação que foi estendida com a construção de uma marquise (figura 45) que
ressalta o papel da mesma como elemento de conexão entre as áreas externas e
internas das edificações.
61
Figura 45 - Marquise
Fonte: CONCURSOS DE PROJETO (2009)
Outra intervenção feita foi na casa do chefe da estação (figura 46), o projeto
propôs novos usos para a edificação, hoje servindo de apoio aos funcionários do
centro cultural, mas se manteve as características arquitetônicas como parte da
memória do lugar.
Figura 46 – Casa do chefe da estação
Fonte: CONCURSOS DE PROJETO (2009)
62
5 O Parque Urbano como Espaço Livre
Segundo Cavalheiro e Nucci (1998), as cidades podem ser constituídas por
três tipos de espaços, os espaços com construções (habitação, comércios, etc.),
espaços livres de construções (praças, parques, etc.) e espaços de integração
urbana (ferrovias, etc.), e a distribuição quantitativa desses espaços na cidade
podem ser usados para analisar a qualidade de vida das pessoas na cidade. Áreas
densamente construídas, impermeabilizadas, que possuem pouca vegetação,
tendem a ter temperaturas mais elevadas, baixa umidade, e são consideras como
“áreas estressadas”.
“Toda área verde é considera um espaço livre, mas nem todo espaço livre
pode ser considerado área verde.” (CAVALHEIRO E NUCCI, p. 280, 1998)
Os parques públicos surgiram em 1789, propostos inicialmente em Munich
como espaços de recreação pública, e para esses parques, muitas vezes, fez-se uso
de fortificações em desuso.
Segundo Magnoli (2006), os espaços livres podem ser consideradas como
todo espaço em áreas urbanas, e no entorno, que não sejam cobertos por
edificações. O espaço livre, enquanto projeto, desenho, torna-se importante
somente se forem levados em consideração as necessidades e atividades do
homem urbano.
“A distribuição de espaços livres para serem apropriados pelo homem
(sistema de parques) fica vinculada às maneiras de acessos disponíveis em cada
uma das escalas de urbanização, e à frequência dos usuários.” (MAGNOLI, p.
203, 2006)
Nesse sentido, fica evidente, a necessidade de espaços públicos livres
acessíveis para a população, e no caso de Santa Cruz do Rio Pardo, como foi visto
e analisado, os espaços públicos livres da cidade, nem sempre são de fácil acesso à
todos, restringindo parte da população a utilizá-los.
Segundo Cavalheiro e Nucci (1998), um dos maiores requisitos para um
espaço livre exercer sua função recreativa é sua localização em relação aos seus
usuários, sendo assim pode-se entender que um espaço livre de vizinhança deve
63
estar a até 1 quilômetro de distância dos usuários; um parque de bairro também
deve estar a 1 quilômetro de distância ou a até 10 minutos; um parque setorial
deve estar a 1,2 quilômetros ou a até 30 minutos de carro; e um parque regional
pode se localizar em qualquer ponto da cidade.
Pensando nisso, pode-se entender que a proposta do Parque da Estação
pode ser compreendida dentro de três escalas, a escala da vizinhança, o que trará
as pessoas que moram próximas o sentimento de pertencimento do espaço,
criando assim uma relação de cuidado com o local; a escala do bairro, por
favorecer os moradores dos bairros dessa região da cidade; mas também a escala
da cidade, já que com a criação desse espaço, pretende-se atrair toda a população.
Cavalheiro e Nucci (1998), descrevem que um parque, para ser assim
chamado, em relação a dimensões, deve ter pelo menos 10 hectares, o que não se
encaixaria nas dimensões da área de estudo deste trabalho.
Porém, lembrando que trata-se de uma cidade pequena, devemos
considerar o que fala Kliass (2006) sobre os parques de vizinhança: são áreas
menores, entre 12 e 28 mil metros quadrados, que se localizam próximos à
população à qual deverão servir. Se destinam à recreação diária, de crianças, mas
também áreas que possuam estrutura para adultos.
Mas como dito, deve-se pensar que esse espaço buscará atender e servir
como lazer para a cidade como um todo, na intenção de criar um ambiente que
acolha os dois lados da cidade. Não deixando de ser então, um parque urbano, que
respeita a necessidade e demanda da cidade.
Na cidade pequena, no caso Santa Cruz do Rio Pardo, não são as
dimensões que devem definir um espaço como este, mas sim seus usos, sua
morfologia, os espaços criados e a articulação destes com o verde e a criação de
um espaço público de qualidade, e a capacidade de conectar a cidade toda.
64
6 Diretrizes Projetuais
A partir das análises realizadas e levando-se em consideração as
problemáticas encontradas na área, da falta de espaços públicos de qualidade e
da dificuldade de acesso aos equipamentos que a cidade oferece para essa parcela
da população que mora do lado esquerdo do Rio Pardo, chega-se à conclusão de
que a qualificação da esplanada da antiga estação ferroviária de Santa Cruz do
Rio Pardo mostra-se como um espaço de grande potencial para a implantação de
um espaço público aberto, de lazer, verde, que contemple diferentes usos e ainda,
que seja capaz de atrair tanto a população residente no entorno da área, como
também da cidade como um todo, tornando-se assim um espaço de integração.
Assim, a implantação do Parque da Estação, buscará levar para a área um
espaço público aberto de qualidade, e ainda, em um espaço que um dia foi de
tamanha importância para a cidade e seu desenvolvimento, tornando-se o
conceito principal para a qualificação dessa área.
A seguir são propostas diretrizes que buscam atender às problemáticas da
área bem como as necessidades da população do entorno e da cidade, na busca por
um projeto de qualidade (figura 47).
65
Figura 47 – Diretrizes de projeto
Fonte: Autora (2015)
PLANO DE MASSAS
A ideia é haver uma setorização no parque, criando áreas distintas, sendo
esses setores destinados a recreação/esporte, cultura e contemplação. O setor de
lazer será destinado à atividades físicas, brincadeiras, parquinho, etc. O setor de
cultura ficará próximo ao museu, com palco e espaço para atividades como
apresentações de dança, teatros e aulas ao ar livre. E por fim, o setor de
contemplação, será uma área de vegetação mais densa.
CASA DO CHEFE DA ESTAÇÃO
A casa do chefe da estação, não passou pelo restauro pelo qual a antiga
estação ferroviária passou. Visto isso, e as ações do tempo, hoje ela encontra-se
em estado de risco de desabamento, com sua estrutura condenada, sendo assim, a
prefeitura da cidade, optou por sua demolição. Nesse sentido, pretende-se buscar
remeter a sua memória, através de suas ruínas, não deixando-a passar
despercebida pelos usuários do espaço.
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GRUPO DA TERCEIRA IDADE (ANTIGO ARMAZÉM DA ESTAÇÃO)
Serão propostas diretrizes para que esse espaço, seja integrado ao parque,
e ao espaço cultural que será criado.
MUSEU
O museu que hoje abriga a exposição que conta a história do café, da
ferrovia e da cidade, deve receber novas exposições, buscar uma ligação com os
outros equipamentos culturais próximos, como o GTI (antigo armazém da
estação). Um espaço de apresentações deverá ser projetado próximo ao museu,
buscando assim, centralizar atividades culturais nessa área do parque.
MEMÓRIA DO CHÃO (TRILHOS DA FERROVIA)
Como já foi mencionado no trabalho, os trilhos da antiga estação foram
retirados com o fechamento da mesma. No projeto buscará se retomar esse
caminho dos trilhos, através do desenho do projeto, do paisagismo para que seja
preservada a memória do lugar juntamente com as edificações que ainda existem
(figura 48).
Figura 48 – Memória do chão (trilhos da ferrovia)
Fonte: Autora (2015)
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SKYLINE
Devido ao terreno se localizar em uma parte alta da cidade, consegue-se
uma visão quase que total da cidade a partir dele, sendo assim, buscará se
preservar esse skyline e, para isso, deverão ser impostas diretrizes para as áreas
que se localizam à frente do terreno para que estes não construam com gabarito
maior que dois andares, preservando então a visão do skyline da cidade (figura
49).
Figura 49 – Corte esquemático
Fonte: Autora (2015)
PAISAGISMO
Primeiramente, as árvores existentes no local devem ser mantidas pois
assim como as edificações são um símbolo da memória do lugar e do seu
significado, as árvores também são. Além delas deverão ser plantadas espécies
diversas, levando em consideração o bioma existente.
USOS DO ESPAÇO
A fim de atrair os moradores de toda a cidade para o parque para que
assim desfrutem do local e dos seus atrativos, e ainda, buscando um modo de
amenizar a segregação que hoje existe, propõe-se, uma vez por semana, levar a
feira da cidade para o parque, tornando o local um ponto de encontro dos
moradores da cidade toda.
68
ÁREA DE LAZER EXISTENTE
A área de lazer existente deve ser preservada, buscando sua manutenção e
os cuidados necessários para que seja feito um uso melhor dela, e integrando-se
assim ao Parque da Estação.
69
7O Projeto
A partir das diretrizes traçadas para a criação desse espaço público, onde
hoje encontra-se um vazio urbano, foi pensada uma grande área de lazer, que
proporcione os mais diversos sentimentos e usos não deixando de lado a memória
do local.
Busca-se, ao criar e qualificar esse vazio, além de trazer o lazer para a
população que reside deste lado do Rio Pardo, criar um espaço que atraia os
moradores da cidade toda, buscando amenizar a segregação, já debatida neste
trabalho, mesmo sabendo que a separação física não pode ser quebrada – devido
ao rio –, ao atrair a população para fazer uso deste espaço, pretende-se diminuir
essa diferença físico/social entre os dois lados do rio, convidar as pessoas para
este lado do rio, em vez do contrário.
Sendo assim, primeiramente, foram pensados os fluxos que o parque
receberá, criando assim, os acessos (figura 50).
Figura 50 – Estudo de acessos
Fonte: Autora (2015)
70
A escadaria com as rampas e os platôs foram pensadas para solucionar o
talude que o terreno possui e dando acesso aos moradores dos bairros adentro,
além de se tornar um grande deck de onde é possível apreciar o skyline que se
tem da cidade, assim como o parque todo. A ideia foi criar um jogo de acessos com
a escadaria e as rampas, através do seu desenho e com os canteiros disposto nela,
sendo possível fazer diversos caminhos até chegar na parte plana no parque.
O caminho mais largo, diferente dos outros, por ser a marcação da história
da área, por onde passavam os trilhos da ferrovia, dá acesso tanto pra quem vem
do outro lado do rio, como quem vem do Bairro das Nações, a esquerda da área. E
os caminhos menores conectam-se aos estacionamentos e bicicletários, estes
caminhos foram pensados curvilíneos para se diferenciar do caminho principal, o
caminho da memória dos trilhos da ferrovia, que atravessa todo o parque. Ainda
há a pista de cooper que passa pelo parque todo, sendo mais um dos atrativos do
parque (figura 51).
Figura 51- Caminhos
Fonte: Autora (2016)
As praças e a setorização do parque foram pensadas levando-se em conta os
fluxos das ruas, no caso de áreas infantis e de adultos, e também na relação com
elementos do entorno ou do próprio terreno (figura 52).
71
Figura 52 - Setorização
Fonte: Autora (2016)
Sendo assim, o setor cultura do parque foi projetado para ficar à frente do
museu, onde também foi criado um palco, para que os eventos culturais
promovidos tanto pelo museu, como pelo GTI (grupo da terceira idade), ou mesmo
shows, eventos da cidade, etc, possam acontecer nesse espaço, o coração do
parque. E também esse espaço será usado pela feira da cidade quando esta
estiver acontecendo.
O setor de recreação/esporte está dividido em duas praça uma em cada
ponta da área: uma com atividades infantis, localiza ao lado esquerdo, visto que o
fluxo da rua será menor deste lado, já que praticamente só fará uso desta, quem
for acessar o parque e também pela proximidade com a área de lazer já existente
no bairro e ainda com uma academia ao ar livre a frente, pensando nos pais/avôs
que poderão fazer uso desse espaço, sendo interessante então, que esteja próximo
da área recreativa; e outra praça do lado direito, com pistas de skate, sendo então
um espaço mais jovem/adulto.
Já o setor contemplativo foi dividido em dois pequenos bosques com arvores
frutíferas, que trazem sensações, cheiros e gostos, e cada um próximos as duas
praças de recreação/esporte, criando uma relação entre os usuários dessas praças
com esses espaços contemplativos, além da escadaria como um todo, que
proporciona uma a visão do skyline da cidade.
72
A casa do chefe da estação, como mencionado anteriormente, devido ao
tempo e a falta de manutenção, acabou por comprometer sua estrutura, sendo
assim necessária sua demolição. Pensando em manter sua memória no local, foi
proposto manter as ruinas da construção, em momentos com alturas menores, e
outros momentos maiores, criando assim espaços de sentar também.
Optou-se também por aumentar o espaço do parque modificando o desenho
da via que dá acesso aos estacionamentos do mesmo (Avenida Ariosto Moura
César), englobando assim a área em que estava a casa do chefe da estação, que
era cortada por essa via.
O ponto de apoio de sanitários e bebedouros foram projetados juntos ao
museu já existente na área, sendo que dois desses sanitários foram adaptados
para terem acessibilidade, assim como as rampas que dão acesso a estes. Tomou-
se o cuidado de buscar esse adaptação de acessibilidade aos sanitários sem
modificar a estética original do prédio.
O mobiliário do parque foi projetado para ser de tijolos maciços aparentes,
remetendo o material utilizado na construção das edificações da época da ferrovia
(estação ferroviária, casa do chefe da estação, armazém), e estes terão um
desenho orgânico se relacionamento assim com o desenho dos caminhos e das
praças projetadas.
A iluminação do parque será feita com luzes de LED (Light Emitting
Diode) que proporcionam uma boa iluminação e economizam energia.
As massa arbórea escolhida para o parque é composta por uma variedade
de árvores, que além de atrair as pessoas pela sombra que produzem, também
despertam sentidos de visão e olfato. Buscou-se utilizar as árvores ainda como
marcadores dos espaços criados no parque.
Foram propostas árvores frutíferas (amoreira, jabuticabeira, acerola,
pitangueira e goiabeira) que estão localizadas nos bosques, próximos as praças de
recreação/esporte.
Para marcar o caminho dos trilhos da ferrovia foi escolhido o jacarandá
mimoso (Machaerium villosum) com floração roxa, usado em linha reta, com
espaçamentos iguais, reforçando junto com o caminho no chão mais ainda o
caminho da linha férrea.
73
Os ipês amarelos (Tabebuia chrysotricha) marcam o setor cultural do
parque, no caso, foram dispostos contornando a praça central e próximos ao
museu. Foram escolhidos por serem árvores com a copa não muito densa, tronco
não muitos largos, e por sua coloração e elegância. A ideia é manter essa área
central do parque, o setor cultural, mais limpo e aberto.
A sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) foi escolhida para as praças
laterais do parque, onde ficam as atividades de recreação e esporte, e platos por
propiciar uma boa sombra para esses espaços, com seu porte alto e sua copa
ampla.
A quaresmeira (Tibouchina granulosa) foi utilizada nos estacionamentos,
canteiros das escadarias e todo o calçamento do parque, sua floração roxa se
relaciona com a floração dos jacarandás no interior do parque.
Nos gramados entre as praças procurou-se não utilizar muita massa
arbórea, deixando o espaço mais livre, para que o usuário do parque possa utiliza-
lo como preferir, sendo assim, utilizo-se o pau ferro (Caesalpinia férrea) nesses
espaços entre as praças, criando espaços sombreados, graças a sua altura
imponente e suas copas largas.
Para forração e ornamentação do parque, ainda foram utilizados o
agapanto (Agapanthus africanus), a ixora amarela (Ixora chinensis) e a iresine
(Iresine herbstii). A grama utilizada no parque como um todo foi a esmeralda
(Zoysia japônica) por sua resistência ao pisoteio, já nos canteiros das escadarias
foi utilizada a grama amendoim (Arachis repens) por ser muito utilizada em
proteção de taludes, e não é muito resistente ao pisoteio.
A paginação do piso varia de acordo com as funções de cada espaço. Nas
praças e platôs serão utilizados pisos intertravados na cor avermelhada. Já os
caminhos serão em solo cimento, por sua durabilidade e resistência, em cor
amarelada.
As escadarias serão de concreto com o espelho em tijolos maciços, buscando
reunir o antigo com o contemporâneo. A pista de cooper será de terra batida e
pedriscos, por absorver bem os impactos da atividade realizada ali.
Enfim, a implantação do parque pode ser assim apresentada (figura53):
74
Figura 53 - Implantação
Fonte: Autora (2016)
Abaixo, segue imagens que ilustram o trabalho:
Figura 54 – Academia ao ar livre
Fonte: Autora (2016)
75
Figura 55 – Praça recreativa
Fonte: Autora (2016)
Figura 56 – Praça cultural
Fonte: Autora (2016)
76
Figura 57 – Praça esportiva
Fonte: Autora (2016)
Figura 58 – Caminho da memória dos trilhos
Fonte: Autora (2016)
77
Figura 59 – Bosque frutífero
Fonte: Autora (2016)
Figura 60 – Ruínas da casa do chefe da estação
Fonte: Autora (2016)
78
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0 5 10 20
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FCT UNESP
1/4Arquitetura e Urbanismo IMPLANTAÇÃO
2016
PARQUE DA ESTAÇÃO
Ana Carolina dos Santos
Orientadora: Proª. Drª. Arlete Maria Francisco
A área consiste no terreno da antiga estação ferroviária da Estrada de Ferro Sorocabana, localizada na cidade de Santa Cruz do
Rio Pardo. A estação ferroviária foi desativada na década de 60, com a retirada dos trilhos, tornando o espaço um vazio urbano. Além do
fato de que essa área se localiza do outro lado do rio que corta a cidade, acabando por haver uma segregação, em todos os sentidos. Ao
projetar o parque tenta-se amenizar essas segregações existentes entre os dois lados da cidade, assim como retomar a história do lugar
ao mesmo tempo que busca-se uma nova identidade para este espaço.
1:500
As praças e a setorização do parque foram pensadas levando-se em conta os fluxos das ruas, no caso de áreas infantis e de adultos,
e também na relação com elementos do entorno ou do próprio terreno. Pensando nisso, a setorização se dá assim:
Cultural: à frente do museu, onde também foi criado um palco, para que os eventos culturais da cidade possam acontecer nesse
espaço, o coração do parque;
Recreativo: com atividades infantis, localiza ao lado esquerdo do parque, visto que o fluxo da rua será menor deste lado e também
pela proximidade com a área de lazer já existente no bairro, e ainda com uma academia ao ar livre à frente, pensando nos
pais/avôs/responsáveis que poderão fazer uso desse espaço, sendo interessante então, que esteja próximo da área recreativa;
Esportivo: ao lado direito do parque, com pistas de skate, e mesas, sendo então um espaço mais jovem/adulto;
Contemplativo: dividido em dois pequenos bosques com árvores frutíferas, próximos as duas praças de recreação/esporte, além da
escadaria como um todo, que proporciona a visão para o parque todo e para o skyline da cidade.
Corte CC'PRAÇA RECREATIVA CAMINHO PRAÇA CULTURAL CAMINHOS PRAÇA ESPORTIVACAMINHORUA ADALBERTO MANZO RUA FARMACÊUTICO
ALZÍRIO DE SOUZA
SANTOS
CAMINHO CAMINHO PAVIMENTADORUA ALEXANDRE PLATO CAMINHO
Corte AA'
PALCO CAMINHORUA ALEXANDRE ESCADARIA Corte BB'
PALCOPRAÇA CULTURAL AV. ARIOSTO
MOURA CÉSAR
AV. ARIOSTO
MOURA CÉSAR
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AV. ARIOSTO MOURA CÉSAR
RUA ALEXANDRE 4.0m
0.0m
0.0m
0.0m
0.0m
2.0m
i= 8,33
i= 8,33
i= 8,33
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i= 8,33
i= 8,33
i= 8,33
i= 8,33
0 5 10 20
N
FCT UNESP
2/4Arquitetura e Urbanismo PAGINAÇÃO DE PISO E CORTES
2016
1:500
1:400 1:400
PARQUE DA ESTAÇÃO
Ana Carolina dos Santos
Orientadora: Proª. Drª. Arlete Maria Francisco
A paginação de piso variada de
acordo com as funções de cada
espaço.
Solo cimento: em cor amarelada,
nos caminhos, por sua boa
durabilidade e resistência;
Piso intertravado: em cor
avermelhada, nas praças e
platos;
Pedriscos e terra batida: na pista
de cooper, por absorver bem os
impactos da atividade realizada;
Tijolo à vista e concreto: na
escadaria, buscando unir a ideia
dos materiais utilizados nas
edificações do parque com
materiais contemporâneos;
Grama esmeralda: utilizada por
sua resistência ao pisoteio;
Grama amendoim: utilizada no
canteiros da escadaria por ser
muito usada em proteção de
taludes.
Solo cimento
Grama Santa Esmeralda
Grama amendoim
Pedrisco e terra batida
Piso intertravado
Tijolo à vista e concreto
A escadaria com as rampas e os platôs foram pensadas para solucionar o talude
que o terreno possui e criar um acesso ao parque por esse espaço, além de se tornar um
grande deck de onde é possível apreciar o skyline que se tem da cidade. A ideia foi criar
um jogo de acessos com a escadaria e as rampas, através do seu desenho e com os
canteiros disposto nela, sendo possível fazer diversos caminhos até chegar na parte
plana no parque.
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AV. ARIOSTO MOURA CÉSAR
RUA ALEXANDRE
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PITANGUEIRA
GOIABEIRA
AMOREIRA JABUTICABEIRA
ACEROLA
SIBIPIRUNA JACARANDA MIMOSO
AGAPANTO (Agapanthus africanus)
IXORA AMARELA (Ixora chinensis)
IRESINE - CORAÇÃO MAGOADO (Iresine herbstii)
QUARESMEIRA PAU FERRO
IPÊ (amarelo)
Nome Científico - Morus nigra
Altura - 8m
Floração - ago-set
Diâmetro - 8m
Clima - Temperado (adaptada ao Brasil)
Nome Científico - Myrciaria trunciflora
Altura - 12m
Floração - jul-ago e nov-dez
Diâmetro - 8m
Clima - Subtropical
Nome Científico - Malpighia emarginata
Altura - 3m
Floração - set-nov
Diâmetro - 4m
Clima - Tropical/Subtropical
Nome Científico - Psidium guajava
Altura - 4m
Floração - set-nov
Diâmetro - 6m
Clima - Tropical/Subtropical
Nome Científico - Jacaranda mimosaefolia
Altura - 20m
Floração - out-dez
Diâmetro - 12m
Clima - Tropical/Subtropical
Nome Científico - Caesalpinia ferrea
Altura - 20m
Floração - jan-mar
Diâmetro - 10m
Clima - Tropical
Nome Científico - Eugenia uniflora
Altura - 6m
Floração - ago-nov
Diâmetro - 4m
Clima - Tropical/Subtropical
Nome Científico - Caesalpinia peltophoroides
Altura - 12m
Floração - set-nov
Diâmetro - 10m
Clima - Tropical
Nome Científico - Tibouchina granulosa
Altura - 10m
Floração - jun-ago
Diâmetro - 6m
Clima - Tropical/Subtropical
Nome Científico - Tabebuia chrysotricha
Altura - 6m
Floração - ago-set
Diâmetro - 6m
Clima - Subtropical
FORRAÇÕES/ARBUSTOSÁRVORE EXISTENTE
i= 8,33 i= 8,33
FCT UNESP
3/4Arquitetura e Urbanismo PAISAGISMO
2016
PARQUE DA ESTAÇÃO
Ana Carolina dos Santos
Orientadora: Proª. Drª. Arlete Maria Francisco
1:500
O paisagismo escolhido para o parque é composta por
uma variedade de espécies, que atraem as pessoas pelas
sombras que produzem, pela visão e olfato. Buscou-se utilizar
as árvores ainda como marcadores dos espaços criados no
parque.
1:250 1:250
O ponto de apoio de sanitários e bebedouros foram
projetados juntos ao museu já existente na área, sendo que dois
desses sanitários foram adaptados para terem acessibilidade,
assim como as rampas que dão acesso a estes. Tomou-se o
cuidado de buscar esse adaptação de acessibilidade aos
sanitários sem modificar a estética original do prédio.
Planta original
Planta modificada
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AV. ARIOSTO MOURA CÉSAR
RUA ALEXANDRE
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N
FCT UNESP
4/4Arquitetura e Urbanismo RENDERS
2016
PARQUE DA ESTAÇÃO
Ana Carolina dos Santos
Orientadora: Proª. Drª. Arlete Maria Francisco
1:750
Academia ao ar livre Bosque frutífero Praça cultura
Praça esportiva
Praça recreativa
Vista da praça cultura de fora do parque
Ruínas da casa do chefe da estação
Caminho da memória dos trilhos