UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JULIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS
EXATAS
Trabalho de Graduação
Curso de Graduação em Geografia
AS COMPRAS COLETIVAS COMO ESTRATÉGIA DO COMÉRCIO NA ATUALIDADE:
ANÁLISE DO CONSUMO E DAS REDES GEOGRÁFICAS NA REGIÃO
METROPOLITANA DE CAMPINAS
Caroline Lucon Rocha
Prof(a).Dr(a). Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza
Rio Claro (SP)
2013
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Câmpus de Rio Claro
CAROLINE LUCON ROCHA
AS COMPRAS COLETIVAS COMO ESTRATÉGIA DO
COMÉRCIO NA ATUALIDADE: ANÁLISE DO CONSUMO
E DAS REDES GEOGRÁFICAS NA REGIÃO
METROPOLITANA DE CAMPINAS
Trabalho de Graduação apresentado ao
Instituto de Geociências e Ciências Exatas -
Câmpus de Rio Claro, da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, para
obtenção do grau de Bacharel em Geografia.
Rio Claro - SP
2013
CAROLINE LUCON ROCHA
AS COMPRAS COLETIVAS COMO ESTRATÉGIA DO COMÉRCIO NA
ATUALIDADE: ANÁLISE DO CONSUMO E DAS REDES
GEOGRÁFICAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS
Trabalho de Graduação apresentado ao Instituto de
Geociências e Ciências Exatas - Câmpus de Rio
Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, para obtenção do grau de Bacharel
em Geografia.
Comissão Examinadora
Prof(a).Dr(a) Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza
Prof. Dr. Auro Aparecido Mendes
Prof(a).Dr(a).Judite Azevedo do Carmo
Rio Claro, _____ de __________________________ de ________.
Assinatura do(a) aluno(a) assinatura do(a) orientador(a
“Dedico este trabalho aos meus pais, Fátima e Allan,
sem os quais a minha
formação enquanto profissional não poderia se concretizar.”
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que colaboraram para que esse projeto fosse realizado.
Agradeço à Professora Dr. Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza pela
paciência, disposição, atenção e incentivo nesse trabalho, e também como docente nas
disciplinas do curso de Geografia pela Unesp Rio Claro
Agradeço aos demais professores do Departamento de Geografia da Unesp de
Rio Claro por serem mais do que docentes, mas também mestres e amigos nessa
jornada de graduação.
Agradeço aos meus pais pelo apoio nesses anos de Graduação por serem
meus amigos e estarem ao meu lado para que eu conseguisse concluir essa etapa da
minha formação como Geógrafa.
Agradeço aos colegas de curso com os quais aprendi e além disso, dividimos
horas de estudos, de conversas e de apoio.
Devo agradecer também aqueles que em alguns momentos me desmotivaram
a fazer Geografia, dizendo que não era lá uma medicina ou uma engenharia, porque
conforme fui conhecendo a minha área de estudo, mais fui me apaixonando e me
identifiquei com aquilo que realmente que realmente queria fazer.
Todas as profissões se convertem em desafios e se tornam imprescindíveis
quando se faz o que realmente gosta.
“A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais, reduza-a.
Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo.
Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples,
você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua
simplicidade.”
Mário Quintana
RESUMO
As compras coletivas se traduzem em novas estratégias de comércio
pouco estudadas, mas que vêm modificando consideravelmente as formas de consumo
através da individualização dos consumidores, provocando mudanças de hábito da
sociedade. A análise do tema foi realizada por meio do estudo de caso dos sites de
compras coletivas na cidade de Campinas, interior do estado de São Paulo, e sua
influência na região metropolitana, buscando compreender através de entrevistas com
os consumidores, as contradições e as peculiaridades desse serviço cada vez mais
procurado. Para isso, a metodologia de pesquisa está voltada para o consumidor, pois
o processo de mudança produtiva atrelado às formas de comércio e a difusão de
mercadorias vêm transformando consideravelmente os valores sociais, baseados cada
vez mais no consumo por impulso. Assim, para compreender como funciona o
comércio eletrônico e mais especificamente os sites de compras coletivas deve-se
analisar as formas de comércio, o comportamento dos consumidores, procurando
explicar a organização da cidade e as contradições do espaço geográfico.
Palavras-chave: Compras coletivas, comércio, consumo, dinâmicas no espaço
urbano.
ABSTRACT
The collective purchases translate into new business strategies that so far are poorly
studied, but they have modifyied considerably the forms of consumption through the
consumers individualisation, which causes changes in society's routine. The analysis of the
theme was performed by study cases of collective shopping places in the city of Campinas,
country of the state of São Paulo, and on its influence in the metropolitan area, which intented
to understand, through custumers interviews, the contradictions and peculiarities of this
service that has increased each day more . For this purpose, the research methodology is
focused on the consumer , that's because the process of productive change tied to forms of
trade and distribution of goods have been transforming social values considerably, based
increasingly on impulsive consumming . Thus, to understand how the electronic commerce
and more specifically the collective shopping websites works, it's necessary to examine the
forms of commerce and the consumer's behavior in order to explain the city organization and
the contradictions of the geographic space.
Keywords: Collective purchasing, trade, consumption, dynamic urban space.
LISTA DE TABELAS
Tabela 01- Formas de comercialização das empresas comerciais varejistas, segundo os
grupos e classes de atividades - Brasil – 2010..........................................................................30
Tabela 02- Proporção de indivíduos que já compraram produtos e serviços pela
internet - sobre o total de pessoas que já acessaram a internet – 2009....................................31
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 SITES DE COMPRAS COLETIVAS EM CAMPINAS. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .13
2.1 Pesquisas sobre os consumidores dos sites de compras coletivas. . . . . . .. . 21
3 OS SITES DE COMPRAS COLETIVAS E AS MUDANÇAS DE HÁBITOS DE
CONSUMO DA POPULAÇÃO EM CAMPINAS-SP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . 60
5 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
6 BIBLIOGRAFIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7 ANEXOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
ANEXO 1 Questionário aplicado aos consumidores que realizam ou realizaram
compras nos sites de compras coletivas pela internet na Região Metropolitana de
Campinas-SP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
ANEXO 2 DECRETO Nº 7.962, DE 15 DE MARÇO DE 2013. . . . . . . . . . . . . . 40
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.962-2013?OpenDocument
11
1 INTRODUÇÃO
Os impactos da tecnologia em relação às compras e à sociedade brasileira são muito
significativos, pois os indivíduos procuram se deslocar cada vez menos de um local para outro
para procurar o que necessitam.
Os sites de compras coletivas são um modelo de e-commerce que tem proporcionado
um novo meio de fazer negócios, com algumas vantagens e mudanças de hábito, além de
promover novas articulações sociais no espaço urbano fragmentado, já que o objetivo
principal das compras coletivas é a promoção de descontos nos mais variados
estabelecimentos comerciais das cidades.
Através desses descontos especiais (oferecidos pelos sites de compras coletivas), as
pessoas articulam-se por meio da internet para procurar os produtos que necessitam com
preços cada vez mais baixos quando comparados a compras feitas através da presença física
em uma loja por exemplo.
Assim, o espaço urbano vai se transformando, absorvendo outras formas de comércio
diversificadas com dinâmicas próprias como aquelas existentes nesse tipo de comércio
eletrônico, onde os produtos tornam-se cada vez mais atrativos pelo preço baixo e não só
puramente pela necessidade de compra do produto.
Essa nova dinâmica de compra faz com que as empresas promovam diversas formas
de provocar o interesse e atração pelos produtos, um exemplo são os e-mails, aplicativos de
telefones e outros meios de comunicação, por onde os sites com menor preço e com
promoções conseguem cativar o cliente através da comodidade e facilidade de comprar pela
internet e pagar o produto, deste modo, sem sair do local onde está o cliente consegue ter
acesso aos mais diferenciados produtos e serviços pelos menores preços da internet.
Apesar das facilidades que o comércio eletrônico oferece como vantagens, também
existem outros aspectos relevantes a serem ressaltados sobre esse tipo de comércio, que para
alguns compradores podem representar desvantagens.
Portanto, o espaço urbano, principalmente com essa nova tendência e facilidade
gerada pelo comércio eletrônico e pelos sites de compras coletivas acaba sendo delineado de
outra forma, inclusive com um “menor gasto de tempo” desde o início até a finalização de
uma compra. Neste sentido, é possível correlacionar o cotidiano e as articulações sociais
envolvidas no contexto do comércio tanto no âmbito eletrônico como fora do mesmo,
tornando o consumo mais rápido e atrativo para certa parcela da população. Todas essas
12
transformações na dinâmica do comércio acabam gerando uma complexa relação de consumo,
modificando hábitos de consumo e criando a necessidade de uma reflexão mais aprofundada
sobre o mesmo.
É importante levar em consideração que muitos brasileiros ainda não têm acesso ao
instrumental técnico necessário para estarem inseridos neste tipo de consumo. Assim, os sites
de compras coletivas, têm um perfil de consumidor bastante específico e, reconhecer este tipo
de consumidor é uma das metas dessa pesquisa.
13
2 SITES DE COMPRAS COLETIVAS EM CAMPINAS-SP
Como os sites de compras coletivas têm como princípio básico oferecer produtos e
serviços por um preço abaixo do normal para um número mínimo pré-estabelecidos de
consumidores, as ofertas e descontos podem chegar até 90% de seu preço habitual, assim, por
si só essa estratégia de compra e venda já é um incentivo para o comprador que quer poupar
dinheiro.
Por outro lado, existe um tempo mínimo para que ocorra a compra, que geralmente
varia de 24 horas a 48 horas sendo que um cronômetro decrescente fica disponível na página
de compra do site para que o comprador veja as horas restantes da oferta (tempo para oferta
expirar), através desse “prazo” para efetuar a compra e o número de ofertas já vendidas o
consumidor sente-se estimulado a comprar o produto também, de certa forma esse sistema de
compra e venda vincula certa ansiedade ao ato da compra para que o comprador não perca a
oferta em destaque no site.
Mesmo sendo uma ferramenta de publicidade interessante para micro e pequenos
empresários, que dificilmente reservariam parte do faturamento para investir em marca, existe
outro ponto a destacar, ou seja, muitas empresas não acompanham a demanda de compras e
não atingem as expectativas do cliente em relação ao atendimento e aos produtos comprados,
pois as empresas nem sempre estão organizadas para atender as demandas necessárias geradas
por esses descontos.
Muitos clientes reclamam que sofrem preconceito quando chegam a um
estabelecimento com os cupons de descontos e sites de compras coletivas, já que os
funcionários não compreendem que o desconto de algum modo se reverterá para o lucro da
empresa. O que fica implícito é que o serviço que está sendo prestado por um preço muito
abaixo do habitual para quem detém o cupom de desconto, se for bem feito, ou o produto for
de qualidade o cliente retornará, ou seja, se estabelecerá uma relação de fidelidade entre o
cliente e a empresa.
Os cupons de descontos encontrados nos sites de compra coletiva servem também
como forma de impulso para os consumidores, pois com a oportunidade de desconto em um
site específico o cliente busca um produto mesmo que não esteja precisando, para aproveitar a
oferta, no entanto, muitas vezes esses cupons apresentam restrições de uso, ou seja, podem ser
usados em apenas alguns produtos dos sites, em uma data e horários bem específicos,
14
representando certa dificuldade para realizar a compra do produto ou adquirir o serviço que
procura.
Já os empresários donos dos sites de compras coletivas têm faturado milhões por
ano, segundo, Virtulli (2012, p.1):
Os sites de compra coletiva viraram em pouco tempo referência no setor,
atingindo em 2010 a marca de US$ 500 milhões em faturamento. A maioria
deles sequer existia há um ano, mas, em pouco tempo, aproveitaram uma
demanda reprimida do mercado.
Isso ocorre porque, ao comprar determinado produto com desconto as pessoas
percebem uma oportunidade maior de poupar dinheiro e tempo do que se não comprassem
nesses sites, além disso, é uma oportunidade para atender a demanda cada vez maior de
consumidores que procuram o comércio eletrônico de forma geral de modo cada vez mais
quantitativo e qualitativo. Assim, grandes marcas vinculam-se a descontos e promoções em
sites de compras coletivas, fazendo com que os sites tenham maior credibilidade na venda dos
produtos.
A facilidade na hora da compra é sim um aspecto atrativo e vantajoso, mas a
eficiência nas relações de venda com os clientes e a melhora na comunicação entre o
vendedor e os clientes têm sido apontadas pelos consumidores dos sites de compras coletivas
de forma cada vez mais crescente e efetiva nas pesquisas realizadas sobre o setor.
Essa facilidade de comunicação acontece também por causa da facilidade com que
os clientes conseguem maiores informações do produto quando necessário, e as soluções para
os problemas com a mercadoria ou a entrega dos produtos são solucionados de modo mais
rápido e dinâmico devido a grande demanda.
Outro aspecto importante a se destacar nesse tipo de comércio consiste na
complexidade para a entrega dos produtos, o espaço urbano é modificado não só para a
instalação de redes necessárias para a comunicação online, como também para o transporte
dos mesmos. Entende-se por rede geográfica a seguinte definição: “A rede geográfica é um
caso particular de rede, sendo definida como o conjunto de localizações sobre a superfície
terrestre, articulado por vias e fluxos”. (CORRÊA, 1999, p. 65).
A demora na entrega dos produtos e também a insegurança na aquisição dos mesmos é
outro ponto a se destacar em relação a logística, já que, por mais complexa e estruturada que
uma rede geográfica seja, existem ainda alguns problemas que podem ocorrer.
15
O novo código do consumidor auxilia nessa questão, segundo o Decreto Federal
7.962/13 (Anexo 02) o atendimento eletrônico tem que ser adequado e eficaz, ou seja, o
atendimento deve possibilitar ao consumidor a resolução de demandas referentes a
informação, dúvida, reclamação, suspensão de segurança na aquisição do produto,
principalmente em relação se a loja é confiável, se possui um telefone para contato ou
endereço físico. Tanto empresas, grandes, médias ou pequenas terão que cumprir esse novo
decreto para continuar em funcionamento e exibir produtos ou serviços nos sites de compras
coletivas.
Sobre o comércio eletrônico e mais especificamente os sites de compras coletivas,
estes são obrigados também a informar o número mínimo de consumidores para consumar a
oferta e prazo para utilização da mesma, além dos dados completos do responsável pelo site e
pelo produto ou serviço. Anteriormente, alguns sites de compras coletivas não apresentavam
esses dados para o consumidor de forma mais facilitada, o consumidor tinha que procurar
informações básicas sobre o serviço em outros sites e às vezes tais informações não eram
encontradas o que gerou uma série de reclamações dos consumidores.
Com essa nova lei, está ficando cada vez mais fácil para o consumidor ter
informações sobre o produto desde a realização do pedido ou compra até a entrega e
satisfação com o produto.
As cidades e os principais centros de comércio antes estabelecidos estão em
constante mudança, já que, alguns espaços são valorizados em detrimento da facilidade de
logística de produtos, evidenciando as cidades que dispõem de centros de distribuição e
transporte de mercadorias ligadas ao comércio eletrônico de modo mais rápido e eficaz. Tais
cidades e ou centros de distribuição de mercadorias acabam desempenhando um papel-chave
no novo sistema de comércio eletrônico, para Michtel (2002, p.28), surgem cidades
eletronicamente servidas e globalmente ligadas para o alvorecer de novos milhões.
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) é um exemplo, visto que, as empresas
e sites de compras coletivas sediadas na cidade de Campinas e nas cidades pertencentes à
região metropolitana estão reunidos em uma localidade onde as oportunidades de bens de
consumo e serviços são visados por milhões de consumidores, principalmente porque os
serviços são os mais diversos e os consumidores buscam qualidade no atendimento.
Essa capacidade que as empresas têm de se adequarem às mudanças do mercado e das
demandas dos consumidores podem ser definidas como “resiliência no comércio”, ou seja, o
ser humano e as empresas se moldam, a cada desafio e aos novos hábitos de consumo e
conseguem adquirir competências para sobrevier no mercado atual. Os sites de compras
16
coletivas demonstram essa capacidade, pois as empresas que colocam seus produtos ou
serviços nesse modelo de venda estão se adaptando a uma realidade econômica distinta e cada
vez mais imprevisível, para Rousseau (2011, p.142);
A empresa resiliente não espera a crise acontecer para fazer algo, ela
antecipa-se às mudanças porque está sempre ligada para tudo o que acontece
no mercado.
Por outras palavras, seria desejável que as empresas comerciais fossem
protagonistas e agentes das mudanças no mercado, tornando-se mais
flexíveis, leves e consistentes, conseguindo crescer, mesmo em ambiente de
mudança e adversidade e antecipando mesmo os acontecimentos e, se
possível, ir assim transformando a realidade
O transporte e a localização estratégica da Região Metropolitana de Campinas são
relevantes para compreender o porquê desse tipo de comércio ter se adaptado tão bem neste
espaço, além disso, é necessário compreender o caráter da distribuição que essa nova forma
de comércio exige, sendo que transformações são necessárias para se adequar e dar suporte ao
comércio pela internet no modelo e-commerce, mas também pelo modelo m.commerce que
corresponde a evolução do comércio móvel que mudará de forma significativa os processos
logísticos das empresas.
Para definir o m.commerce e sua funcionalidade como vitrine e propaganda dos sites
de compras coletivas Mayeda (2013, p.1) destacou:
Mobile Commerce, ou m-commerce é toda e qualquer operação que envolva
a transferência de propriedade ou de direitos de utilização de bens e serviços,
que é iniciado e / ou concluído com a utilização de dispositivos móveis. A
Internet, que já era uma enorme vitrine publicitária, viu esse efeito aumentar
de maneira exponencial com o crescimento das redes sociais, que são as
principais aliadas do m-commerce já que usuários, que são clientes em
potencial, utilizam as redes para saberem a opinião de terceiros sobre um
mesmo produto e todos sabemos o que acontece quando um consumidor
adquire algo e fica satisfeito; ele conta aos amigos
Por isso a capacidade de se operar às mudanças é tão importante para que o comércio
eletrônico se desenvolva de forma efetiva e eficaz em uma cidade ou no caso em uma Região
17
Metropolitana como a de Campinas. Esta região está localizada em uma área geograficamente
estratégica, visto que está próxima à Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), maior
centro consumidor do país e da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), além, é
claro da proximidade com a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), o que permite
ótima integração viária, área e portuária. A união dessas três Regiões Metropolitanas forma a
Macrometrópole Paulista (Mapa01). Essa localização estratégica possibilita flexibilidade para
atender o público alvo das compras online, bem como, a entrega dos produtos também tem
maior garantia para o consumidor.
O Desenvolvimento Rodoviário S.A (DERSA), é responsável pela Rodovia Dom
Pedro denominada SP- 65 que faz a ligação de Campinas até o Vale do Paraíba, nos
municípios de São Jose dos Campos e Taubaté onde estão presentes várias empresas
multinacionais, e grandes instituições das pesquisas como Instituto Nacional de Pesquisa
Espacial (INPE), entre outras instituições de pesquisa, segundo o site da DERSA. O mapa 01
a seguir mostra as possibilidades de acesso de Campinas para outras regiões.
18
Mapa 01 –Macrometrópole de São Paulo
Fonte: Fonte: www.emplasa.sp.gov.br
Internamente, a Região Metropolitana de Campinas conta com a qualidade e a
agilidade do sistema viário, já que praticamente todos os seus municípios têm fácil acesso e
ótimas rodovias e ruas até o centro da cidade.
A pesquisa realizada nesse trabalho contou apenas com dados da Região
Metropolitana de Campinas, por causa do crescimento urbano muito rápido e da qualidade
dos serviços e produtos quando comparado à Região Metropolitana de São Paulo.
No eixo Campinas-Mogi existe a Rodovia Governador Doutor Adhemar Pereira de
Barros SP-340, rodovia esta privatizada sob concessão da Renovias, onde passam cabos de
fibra óptica no canteiro central para transmissão de dados, interligando virtualmente as
RMSP, RMC, RMBS, RMRJ e a Região Metropolitana da Grande Belo Horizonte, segundo a
RENOVIAS.
A seguir. o mapa 02 mostra a malha viária da Região Metropolitana de Campinas
(RMC) que foi utilizada nesse trabalho para compreender a dinâmica espacial dos sites de
compras coletivas.
http://www.emplasa.sp.gov.br/
19
.
Mapa 02- Região Metropolitana de Campinas
Fonte: Fonte: http://www.seade.gov.br
20
Outras vantagens implícitas nas compras pelas internet e, mais especificamente, nos
sites de compras coletivas referem-se à facilidade de divulgação dos produtos, pois o cliente
consulta pelos sites de busca todos os dados de um produto podendo inclusive contar com a
opinião dos indivíduos que já adquiriram os produtos, com essa estratégia de “marketing” as
empresas também utilizam desses sites para agregar valor ao produto de forma eficiente
através do fortalecimento da marca.
Existe também maior facilidade de atendimento ao cliente, sendo que as empresas
procuram automatizar para atender de modo mais substancial e eficiente o maior número de
clientes possível, através de e-mail ou bate-papo online por exemplo.
Por isso, se um ambiente eletrônico, ou seja, um site ainda for experimental para o
cliente, ele recorrerá à facilidade de informações e ao banco de dados disponível na internet
sobre a empresa ou site para concluir sua compra com segurança.
Pode-se destacar que a principal vantagem que os sites de compras coletivas
oferecem é um custo reduzido comparado com o comércio eletrônico tradicional, além de
maior integração entre empresa e cliente e redução de custos de estoque e mão de obra. Os
próprios sites de compras coletivas são um sistema de desconto que constituem sua própria
ferramenta de marketing, pois oferecem grandes oportunidades para compras de forma a atrair
consumidores de várias faixas etárias e com várias necessidades peculiares.
21
2.1 Pesquisas sobre os consumidores dos sites de compras coletivas
Com base na importância da Região Metropolitana de Campinas para o comércio em
todos os âmbitos um questionário (Anexo 01), foi aplicado através de redes sociais para
indivíduos dessa região. Entre os objetivos principais destacou-se compreender quais as
características dos consumidores que compram nos sites de compras coletivas, para
compreender qual o público alvo desse tipo de comércio.
A metodologia para aplicar o questionário foi utilizar as redes sociais, ou seja, a
própria internet para compreender como os indivíduos que já acessam a internet compram nos
sites de compras coletivas, o questionário foi enviado por redes sociais, e enviado por e-mail
para 100 homens e 100 mulheres da cidade de Campinas e posteriormente para outras 50
mulheres e 50 homens da mesma região, mas de outras cidades (Mapa 02).
Como os sites de compras coletivas e os aplicativos existentes possibilitam que a
compra seja feita em qualquer ambiente, saber como o espaço influencia nesse hábito de
consumo também é relevante para a pesquisa. A maioria dos entrevistados respondeu que
compra em casa mesmo, podendo até mesmo comprar em qualquer lugar que haja acesso à
internet, pode-se perceber então que a comodidade de comprar no seu próprio domicílio foi
ressaltada pela maioria dos entrevistados.
Já para Teixeira (2011), a importância em se estudar os sites de compras coletivas
consiste principalmente na compra por impulso, comodidade do pagamento em domicílio e a
liberdade de usufruir do produto ou serviço quando bem entender, dentro do tempo estipulado
pela promoção.
Entre as características principais dos entrevistados estão, idade e gênero, pois em
outras pesquisas realizadas os homens são destaque nas compras e a idade varia entre 20 a 30
anos entre a maioria dos compradores.
Com o resultado da pesquisa e posterior análise foi possível perceber que os homens
compram e acessam sites de compras coletivas com mais frequência do que as mulheres. Os
homens declaram que compram mais frequentemente do que as mulheres e usam aplicativos
em celulares para comprar nesses sites. Já as mulheres declararam que fazem compras em
sites de compras coletivas “raramente”, ou quando surge a necessidade de procurar um
produto e o preço dos sites de compras coletivas é o mais baixo encontrado.
Assim, as entrevistas com os usuários dos sites e os administradores foram essenciais
para coletar dados e informações pertinentes ao objeto de pesquisa, o que permitiu
correlacionar as vantagens e desvantagens para ambos os grupos além de observar as
contradições que os envolvem. As entrevistas com os usuários buscaram perceber quais são a
http://imgs.opovo.com.br/
22
vantagens e desvangens dessa forma de comércio, e por que um grupo cada vez maior de
pessoas opta pelo mesmo.
FREQUENTEMENTE
EVENTUALMENTE
RARAMENTE
Gráfico 01- Frequência com que os homens em Campinas fazem compras pelos sites de compras
coletivas
Fonte: Pesquisa Direta – ROCHA, C. L. 2013.
FRQUENTEMENTE
EVENTUALMENTE
RARAMENTE
Gráfico 02- Frequência com que as mulheres em Campinas fazem compras pelos sites de
compras coletivas
Fonte: Pesquisa Direta – ROCHA, C. L. 2013.
Outro fator fundamental em destaque na pesquisa foram as formas e os meios que os
consumidores dos sites de compras coletivas utilizam para adquirir os produtos ou serviço,
pois além da internet (e-commerce), também existe um novo modelo ainda mais fácil, o
m.commerce que corresponde a evolução do comércio pela internet que passou a ser móvel, as
compras são feitas onde o consumidor quiser através de aparelhos celulares, smatphones ou
tablets que apresentam aplicativos para compras.
Compreender as tecnologias disponíveis e como a internet influencia na vida das
pessoas foi fundamental nessa pesquisa, como a maioria das pesquisas foi realizada pela
internet, a análise das respostas foi fundamental na análise do discurso do consumidor sobre
as vantagens e desvantagens do comércio pelo internet.
23
“Quando se tem em mente uma análise aprofundada do tema, o “filtro” do
discurso do consumidor é primordial e, nesse sentido, até o momento este é
um dos maiores problemas apontados pelos pesquisadores do assunto. Sendo
assim, o maior desafio é construir metodologias e instrumentos de pesquisa,
voltados ao consumidor, que retratem a realidade do modo mais próximo
possível.” (ORTIGOZA, 2009, p.26)
Outro dado relevante foi o aparelho ou tecnologia utilizada para as compras, os
computadores ficaram em primeiro lugar, aqui subentende-se também notebooks, pois a
tecnologia e os programas são semelhantes, já os aparelhos celulares conhecidos como
smatphones ficaram em segundo lugar. Nenhum indivíduo mencionou os aparelhos
denominados tablets na pesquisa. Segundo Rousseau (2011, p.144) “(...) a evolução deste
comércio móvel irá ter um profundo impacto nas estruturas e processos logísticos das
empresas e das cidades uma vez que as acessibilidades para as entregas serão essenciais.”
Isso mostra que os computadores ainda são os meios principais para os consumidores
realizarem as compras de modo mais dinâmico e seguro, mas a evolução não só comércio
móvel, mas como das estruturas de logísticas são essenciais.
24
3 OS SITES DE COMPRAS COLETIVAS E AS MUDANÇAS DE HÁBITOS DE
CONSUMO DA POPULAÇÃO EM CAMPINAS-SP
A expansão dessa rede de distribuição por meio do comércio eletrônico vem gerando
cada vez mais facilidade de fluxo de bens e serviços e modificando os hábitos de consumo das
famílias brasileiras, tanto em relação à metrópole como no interior do país onde as pessoas
também conseguem ter acesso a bens e serviços sem se deslocar de casa:
“No caso do e-commerce a relação de consumo é muito mais complexa, pois
é a loja que entra na casa do consumidor, e não um vendedor ou catálogo, e
também as opções de consumo de ampliam significativamente, pois o
consumidor pode inclusive fazer pesquisas de preço entre diferentes lojas, ou
mesmo recorrer a web sites que realizam esse tipo de serviço. Embora tenha
crescido muito no Brasil nos últimos anos, a expansão do e-commerce é
vista com reservas pois requer mudanças muito intensas nos hábitos de
consumo.”(ORTIGOZA e RAMOS, 2003,p.65)
O problema não consiste somente na mudança de hábito e ritmo da sociedade de
consumo, mas sim como as vantagens dessa forma de consumo têm se tornando um impulso
para as pessoas e a nova organização comercial urbana tem se constituído e influenciado nos
hábitos de consumo de certa parcela da população cada vez maior através dessa “facilidade”
na compra feita pela internet.
Para compreender tais mudanças é necessário destacar o comércio eletrônico ou e-
commerce como o pioneiro nas mudanças de hábitos de consumo e na facilidade de compra
pela internet, pois os sites de compras coletivas são uma categoria especifica do comércio
eletrônico que se popularizou no Brasil, logo depois do seu surgimento nos Estados Unidos.
A conexão em rede está atrelada as mudanças no hábito de consumo da população
brasileira, já que a produção de mercadorias ao longo da história tem sido de extrema
relevância na organização do espaço e na mudança dos principais centros de decisão,
circulação e informação, bem como, da necessidade de uma legislação condizente com tais
mudanças no âmbito do comércio eletrônico desde seu surgimento recentemente.
“A essência do negócio eletrônico está na conexão em rede, interativa,
baseada na Internet, entre produtores, consumidores e prestadores de
serviços. Aqui, mais uma vez, a rede é a mensagem. É a capacidade de
interagir, recuperar e distribuir globalmente de maneira personalizada, que
25
está na fonte da redução de custo, da qualidade, eficiência e satisfação do
computador” (CASTELLS, 2003, p.65)
O papel do consumo na sociedade atual é como reorganizador do sistema produtivo e
das redes existentes, por isso é relevante privilegiar a análise do comércio eletrônico, bem
como, compreender como esse tipo de comércio está inserido nas dinâmicas sociais e na
produção e formas de consumo na cidade na cidade de Campinas e nas demais cidades da
região que seguem essa organização econômica e essa reflete nas novas formas de compras e
nos estabelecimentos comerciais existentes no espaço urbano, tais influencias econômicas e
sociais na estrutura espacial podem ser descritas do seguinte modo:
“O consumo de bens, de produtos e serviços, de tempos e de espaço deve-se
configurar como a variável explicativa fundamental da sociedade
contemporânea, como desenho de uma nova cultura que se debate entre o
local e global, e com impactos decisivos no social e no econômico,
administrada apenas por um sistema político rígido do que poderia se
esperar. Essa nova configuração deve levar a uma reclassificação das
atividades econômicas e a uma reflexão sobre o papel predominante da
distribuição e da gestão.” (CARRERAS, p.23, 2005)
No nível social brasileiro atual é possível destacar as mudanças atuais que a
configuração da família brasileira tem passado seja nos grandes centros urbanos, seja no
interior do país, onde a redução das famílias brasileiras é uma realidade, com famílias cada
vez menores e novas formas de fragmentação familiares existentes na sociedade atual, as
unidades de consumo urbano tornam-se cada vez mais individualizadas.
Isso ocorre, porque além das famílias terem cada vez menos filhos por casais, parte
da renda familiar do brasileiro é comprometida com saúde, educação e pagamento de contas
que em outras épocas não comprometiam de modo tão efetivo a renda familiar, com essa
complexidade as famílias são levadas dispor de créditos em bancos para pagar as contas e
consequentemente assumir dívidas.
Outro fator importante corresponde a idade de decisão das pessoas para comprar pela
internet, ou seja, o público alvo dos aplicativos para compra tem sido os consumidores desse
novo tipo de tecnologia, ou seja, na compra pela internet o público alvo tem sido os
consumidores que apresentam facilidade em lidar com os aplicativos de compra por aparelhos
26
móveis ou fixos para comprar um produto ou adquirir um serviço independente do preço em
qualquer hora ou lugar.
“O e-commerce vem revolucionando o hábito de consumir sem sair de casa.
Este é um processo que se iniciou com as vendas de porta em porta,
posteriormente os catálogos postais e, por meio da televisão, os canais de
compras; nestas formas de comércio pode haver ou não a presença física do
de um vendedor, no entanto todas elas se caracterizam pelo caráter unilateral
na relação de consumo, isto m porque o consumidor não tem liberdade de
pesquisa e deve se contentar com as opções que lhe são oferecidas.
(ORTIGOZA, S; RAMOS, C. S, 2003, p.8)
A questão da idade torna-se cada vez mais relativa, dependendo do grupo social, da
cultura, da situação econômica, do acesso a informações e as diferentes possibilidades
disponíveis no meio social em que o indivíduo está inserido, ou seja, existe uma mudança nos
tempos vividos e mudanças nas dinâmicas do território, assim:
“Como uma das conseqüências sociais mais importantes que geram essas
mudanças nos tempos vividos, cabe destacar que se produziram também uma
flexibilização e novas dinâmicas na realização dos papéis tradicionais dos
indivíduos. Nesse sentido aparece na sociedade dos consumidores cada vez
mais um certo esfumaçamento das fronteiras tradicionais entre o feminino e
o masculino, ou entre a juventude e a velhice, entre os ricos e os pobres, o
que permite gerar novas possibilidades de estudo e novos conflitos sociais.”
(CARRERAS, p.25, 2005)
Para Correa (2011) “as compras coletivas” são uma forma de comércio eletrônico
que mais se aproximam dos hábitos culturais do brasileiro, pois se adequaram com maior
facilidade as formas de comércio que brasileiro já estava acostumado e familiarizado, além
disso, uma das principais características do consumidor brasileiro no momento da compra é
sempre negociar o preço do produto (barganha), aproveitando as melhores formas de
pagamento existentes no mercado atualmente, por isso os sites de compras coletivas de
alguma forma agradam o brasileiro em relação ao hábito de negociar os produtos e garantir o
menor preço em uma compra.
27
“O e-commerce tirou do consumidor, principalmente o brasileiro, o direito
de pechinchar e negociar cara a cara com o vendedor para melhorar preço e
condições de pagamento. Talvez as compras coletivas devolvam isso ao
consumidor de certa forma. As lojas virtuais tradicionais que insistirem em
manter o preconceito ou dar em pouca importância para esse modelo vão
abrir margem para o aumento da concorrência e o declínio nas vendas.”
(CORRÊA, p.1, 2011)
As empresas que já aderiram a esta modalidade de comércio (compras coletivas)
apresentam resultados surpreendentes em relação a facilidade e satisfação dos consumidores,
pois os sites de compras coletivas utilizam uma estratégia para resolver os problemas e
eventuais falhas no ato da compra, através do “termo de uso do website” onde as condições
gerais aplicáveis ao uso dos serviços oferecidos pelos sites são especificados.
Além disso, o “marketing” é ferramenta essencial para aumentar o consumo nesse
tipo de comércio, e por isso os sites procuram investir nas promoções e diminuir a
complexidade que existe em relação à entrega do produto, desde o momento que o pedido é
feito até o centro de distribuição do mesmo, para conquistar e atrair mais usuários destes sites
para fidelizá-los depois. Assim, a importância dos centros e lugares de distribuição dos
produtos e serviços é evidenciada atualmente através do comércio eletrônico.
“O comércio passou a criar formas advindas desta nova dinâmica da
sociedade e, ao mesmo tempo, foi produzindo novos meios para a ampliação
do consumo e para o surgimento de outras formas. Estas relações diretas
entre comércio, consumo e cidade, revelam as grandes contradições que o
espaço geográfico contêm, por esta tríade podemos compreender a dinâmica
da sociedade atual e seu movimento de reprodução. (SILVA,p.66, 2002)
Entre as contradições das formas de comércio na atualidade, o comércio eletrônico
no Brasil, tem maior destaque e crescimento principalmente quando produtos de grandes
marcas são associados aos descontos existentes nos sites de compras coletivas através dos
“cupons de descontos” assim, mesmo que não haja a necessidade de comprar um produto os
compradores adquirem esse cupom pensando em uma necessidade eventual que poderá surgir.
Desde a criação do primeiro site de compra coletiva nos Estado Unidos pelo
americano Andrew Mason (fundador do Groupon) em 2008, essa categoria de comércio vem
crescendo cada vez mais na América, pois atende a uma nova dinâmica da sociedade onde o
28
lucro advém de vender mais, mais barato e com mais qualidade e não vender pelo preço mais
caro atrelado a qualidade, ou seja, a credibilidade das grandes marcas em conjunto com
menores preços, vem trazendo mais compradores ao mesmo tempo em que as empresas vêm
lucrando pela “margem de contribuição”, apesar dos descontos muitas vezes chegarem até
90% em certos produtos e serviços
Dentre os motivos para o brasileiro familiarizar-se com as estratégia de venda dos
sites de compras coletivas pode-se destacar a estratégias criadas pelo fundador do Groupon,
site que atualmente está no ranking dos sites de compra coletivas mais visitados.
“A estratégia criada por Mason tira proveito de duas tendências do
comportamento do internauta: 1) a pesquisa por barganhas e 2) a
participação em redes sociais. O Groupon procura parceiros interessados em
divulgar sua marca e que, para tal, se disponham a oferecer um produto ou
serviço a um preço baixo.” (Blog do e-commerce, 2010)
Essa nova dinâmica de comércio, não só valoriza mais as grandes marcas, já que
mais pessoas com menor poder aquisitivo têm acesso, como também exige das empresas e
sites de compras coletivas maior eficácia na venda e entrega dos produtos para os
consumidores.
Como observa-se no gráfico (Gráfico 03) , o crescimento do faturamento em milhões
de dólares do comércio eletrônico no Brasil, cresceu de forma exagerada a partir do
surgimento dos sites de compras coletivas como nova categoria de comércio eletrônico, ou
seja, desde 2008 com a criação e expansão dos sites de compras coletivas nas principais
metrópoles do Brasil, o faturamento do comércio eletrônico em geral no Brasil vem crescendo
e duplicando, nota-se quem em 2008 estava em 8,2 milhões de reais segunda a pesquisa, e no
ano de 2012 já duplicou para 22,5 milhões de reais. Isso mostra que o comércio eletrônico e
principalmente os sites de compras coletivas trouxeram novos hábitos para o brasileiro, sem
deixar de lado o hábito cultural do brasileiro de “barganhar” na hora da compra.
29
GRÁFICO 03.- Faturamento anual do e-commerce no Brasil (milhões de reais)
Fonte: Levantamento realizado pela empresa e-Bit, 2013.
Org. Rocha, C. L. 2013
Esse grande faturamento dos sites de compras coletivas permite refletir sobre a
sociedade de consumo e as mudanças de hábito de consumo provocadas pela utilização cada
vez maior dos sites de compras coletivas, pois as mercadorias acabam mediando as relações
de consumo em sociedade criando novos padrões, o consumo aparece assim, como elemento
integrante da produção:
“A emergência desta sociedade consumo é fruto dos avanços e das mudanças
que a sociedade, principalmente neste século, sofreu no decorrer do tempo.
O processo de mudança produtiva e de difusão de mercadorias
possibilitaram que novos valores sociais fossem surgindo, fundamentalmente
baseados no consumo.” (SILVA, p.66-67, 2002 )
Através da análise dos dados da tabela 01 e da tabela 02, é possível verificar que o
comércio não especializado, os Equipamentos de informática e comunicação, Produtos
farmacêuticos, perfumaria e cosméticos, artigos médicos, móveis, artigos de iluminação,
peças e acessórios e outros artigos de uso doméstico, artigos culturais, recreativos e
esportivos, entre outras categorias de produtos estão entre os mais procurado e os mais
vendidos nos sites de compras.
30
O estudo apresentado demonstra que o comércio eletrônico tem aumentado a
produtividade do varejo brasileiro, nota-se então uma mudança crescente de hábito do
brasileiro que prefere a comodidade e segurança de comprar certos produtos online, por isso
as empresas tem se organizado cada vez mais em relação a sua estrutura tecnológica e
investimentos para organizar a cadeia de suprimentos, estrutura de tecnologia e pessoal
qualificado para atender a demanda, que exige das empresas cada vez mais eficiência, desde o
momento de compra até a garantia da entrega do produto.
Tabela 01. Formas de comercialização das empresas comerciais varejistas,
segundo os grupos e classes de atividades - Brasil - 2010
Grupos e classes de atividades
Internet
Número de
empresas
Receita
bruta de
revenda
(1 000R$)
Comércio não especializado 180 1.999.906
Hipermercados e supermercados 8 61.041
Comércio de produtos alimentícios, bebidas e
fumo
2 (x)
Comércio de tecidos, artigos de armarinho,
vestuário e calçados
43 445.855
Tecidos e artigos de armarinho 9 12.392
Artigos do vestuário e complementos 21 56.603
Calçados, artigos de couro e viagem 13 376.860
Comércio de outros produtos em lojas
especializadas
2049 6.430.375
Produtos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos
e artigos médicos, ortopédicos e de óptica
358 241.740
Eletrodomésticos, equipamentos de áudio e
vídeo, instrumentos musicais e acessórios
27 982.389
Móveis, artigos de iluminação, peças e acessórios e
outros artigos de uso doméstico
281 127.430
Equipamentos de informática e comunicação 903 320.972
Artigos culturais, recreativos e esportivos 270 605.120
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual
de Comércio 2010.
Org. Rocha, C. L. 2013
31
Tabela 02. Proporção de indivíduos que já compraram produtos e serviços pela
internet - sobre o total de pessoas que já acessaram a internet - 2009
Fonte: CGI (2010, p. 299)
32
No estudo acima pode-se verificar que a maioria do compradores é do sexo masculino
apresenta entre 35 e 44 anos de idade, sendo que a maioria reside no sudeste do país, o que
mostra que região sudeste tem destaque nesse tipo de serviço.
33
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
São muitas as questões que este tema abarca e, desse modo, alguns sites de compras
coletivas selecionados em Campinas e os respectivos consumidores foram investigados para
compreender como essa dinâmica influencia das redes de comércio na Região Metropolitana
de Campinas e nos hábitos de consumo da população.
Através da análise das respostas dos consumidores foi possível avaliar o nível de
complexidade socioespacial envolvido nesse tema tão recente e pouco estudado, assim, a
análise das respostas permitiu compreender a importância dos sites de compras coletivas
como nova forma de consumo pela internet e que os aplicativos existentes facilitaram ainda
mais a compra em qualquer lugar que o consumidor esteja.
O comércio eletrônico ou E-commerce cresce cada dia mais causando impactos
significativos no espaço urbano, pois existe uma complexidade relacionada principalmente ao
aumento quantitativo do consumo e às novas formas e estratégias de comércio relacionadas ao
mesmo. Uma dessas estratégias são os sites de compras coletivas, que mesmo sendo muito
recentes vêm crescendo e trazendo investimentos para o Brasil, expandindo as redes de
distribuição de produtos, aumentando vendas e evidenciando uma nova forma de
concentração da economia e da renda em certos grupos.
As empresas, atualmente utilizam os sites de compras coletivas e sua estratégia de
vendas como uma forma de marketing para atrair os brasileiros que culturalmente já têm o
costume de procurar descontos nos mais variados setores, produtos e serviços.
Assim, a cidade e os principais centros urbanos são modificados para instalação de
redes geográficas necessárias para facilitar ainda mais o desenvolvimento dessa forma de
comércio e atrair cada vez mais consumidores. A comodidade e a facilidade desta forma de
consumir é uma característica que se destaca. A concepção de tempo vem se modificando, já
que, essa nova forma de comércio é mais vantajosa para os usuários/consumidores em vários
aspectos tais como rapidez nas compras. Estas relações de consumo acabam alterando
também a relação espaço-tempo nas cidades e, portanto, torna-se necessário compreender
como essa nova organização social urbana tem se constituído.
Portanto, analisar como os sites de compras coletivas e como sua dinâmica específica
tem se modificado nos principais centros de decisões do Brasil, desde 2010 até os dias atuais
é essencial para compreender a grande expansão e difusão desse tipo de comércio na cidade
de Campinas que é um centro importantíssimo em relação à evolução do comércio eletrônico,
e dos sites de compras coletivas, objeto desse estudo, que abastece através de serviços e
34
produtos mais 19 cidades que fazem parte de sua região metropolitana provocando mudanças
e hábitos de consumo em relação às demais modalidades de comércio existentes.
Tais mudanças são marcadas pela diversidade de preços e pela “lei da oferta e da
procura”, sendo que os consumidores da Região Metropolitana de Campinas preferem muitas
vezes consultar os preços na internet, mas visitar os sites de compras coletivas para verificar e
se certificarem de que estão adquirindo um produto de qualidade pelo menor preço possível,
por outro lado as pessoas acabam comprando produtos não só por necessidades, mas
pensando no preço acessível e na facilidade de compra pela internet.
35
5 REFERÊNCIAS
CASTELLS, M. A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,2003.
CORRÊA, R. Redes Geográficas: cinco pontos para discussão. In: VASCONCELOS, P. A;
SILVA, S. B. M. Novos estudos de geografia urbana brasileira. Salvador: UFBA, 1999.
_________. Trajetórias Geográficas. São Paulo: Editora Bertrand Brasil. 2005.
CORRÊA, W. Compras coletivas: o e-commerce precisa entrar nessa onda. 2011
Disponível em:
. Acesso em: 19 de jun. 2013.
HUMMEL, C. Internet, Internautas e as condições de acesso/uso do espaço virtual: o
delineamento de uma geografia do usuário no espaço real de Rio Claro. Rio Claro, 2011.
LIPOVETSKY, G. A Era do Vazio: Ensaios sobre o individualismo contemporâneo.
Tradução de Therezinha Monteiro Deutsch. Barueri: Monale, 2005.
IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual de
Comércio 2010. Disponível em:
. Acesso em: 6 de julho 2013.
LOPES, L. Inovação e consumo: compras coletivas pela internet. 2011. 53 f. Monografia
(Bacharelado em Administração)—Universidade de Brasília, Brasília, 2011.
MAYEDA, L. M-Commerce: a próxima revolução no e-commerce, 2013. Disponível em:
Acesso em: 12 de set 2013.
MITCHELL, William J. E-topia. A vida urbana – mas não como a conhecemos. São Paulo:
Senac, 2002.
http://imasters.com.br/artigo/19559/ecommerce/compras_coletivas_o_ecommerce_precisa_entrar_nessa_onda/
http://imasters.com.br/artigo/19559/ecommerce/compras_coletivas_o_ecommerce_precisa_entrar_nessa_onda/
ftp://ftp.ibge.gov.br/Comercio_e_Servicos/Pesquisa_Anual_de_Comercio/2010/parte1_tab10.pdf
ftp://ftp.ibge.gov.br/Comercio_e_Servicos/Pesquisa_Anual_de_Comercio/2010/parte1_tab10.pdf
http://www.e-commerce.org.br/artigos/mobile-commerce.php
36
NASCIMENTO, R. E-commerce no Brasil: perfil do mercado e do e-consumidor
brasileiro. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2011.
ORTIGOZA, S. As Franquias e as novas estratégias do comércio urbano no Brasil. 1996.
Dissertação (Mestrado em Geografia)- Instituto de Geociências e Ciências Exatas,
Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1996.
ORTIGOZA, S; RAMOS, C. S. A Geografia do comércio eletrônico (E-COMMERCE) no
Brasil: O exemplo do varejo, v.28, n1, Rio Claro, 2003.
ROUSSEAU, José A. Resiliência no comércio ou como as propriedades do elástico e do
silicone deviam servir de exemplo aos comerciantes Centro de Estudos Geográficos, 2011.
SANTOS, M. Espaço e Método. São Paulo, Ed. Nobel, 1992.
SILVA, C.C. Novas formas de comércio e consumo: Estudo sobre as lojas de
conveniência. Geografia, Rio Claro, Vol (1): 65-82, abril, 2002.
TEIXEIRA, A. Nova Febre do comércio eletrônico. 2011. Disponível em:
Acesso: 17 de Agost 2012.
TODESCHINI, M. Ele inventou a compra coletiva. Disponível em:
. Acesso: 17 de Agost 2012.
VECCHIATTI, C. As entidades de classe como incentivo para o Comércio Eletrônico.
Disponível em: . Acesso em: 6 de
Agost 2012.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2011/01/25/noticiasjornaleconomia,2093871/nova-febre-do-comercio-eletronico.shtml
http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2011/01/25/noticiasjornaleconomia,2093871/nova-febre-do-comercio-eletronico.shtml
http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI177066-16363,00%20ELE+INVENTOU+A+COMPRA+COLETIVA.html
http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI177066-16363,00%20ELE+INVENTOU+A+COMPRA+COLETIVA.html
http://www.cg.org.br/publicacoes/artigos/artigo49.htm
37
VIRTULLI, Rodrigo. Sites de compras coletivas dão exemplo de empreendedorismo na
Campuns Party. Rio de Janeiro 04 de abril de 2011. Disponível em:
. Acesso 04 de julho
de 2013.
http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2011/01/20/sites-de-compras-coletivas-dao-licoes-de-empreendedorismo-na-campus-party-2011.jhtm
http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2011/01/20/sites-de-compras-coletivas-dao-licoes-de-empreendedorismo-na-campus-party-2011.jhtm
38
6 BIBLIOGRAFIA
ALBERTIN, A. L. Comércio Eletrônico: Modelo, Aspectos e Contribuições de sua
Aplicação. São Paulo: Atlas, 1999.
Blog do e-commerce. O criador da Compra Coletiva. Rio de Janeiro 20 de janeiro. 2011.
Disponível em: < http://www.blogdoecommerce.com.br/criador-compra-coletiva/ >. Acesso
em: 10 de março de 2013.
CARLOS, A.F. Urbanização e Mundialização: estudos sobre a metrópole. São Paulo:
Contexto, 2005.
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL (CGI). Pesquisa sobre o uso das
tecnologias da informação e da comunicação no Brasil 2009. São Paulo: CGI, 2010.
PARKER, A. J. Um olhar sobre as transformações no comércio: teoria e prática. In
Globalização e Reestruturação Urbana. Barata Salgueiro, T. (coord). CEG. Universidade
de Lisboa. Programa ALFA/Rede REURB. Lisboa, 1998.
PINTAUDI, S. M. O Templo da Mercadoria: Estudo sobre os Shopping-Centers do
Estado de São Paulo. Tese (Doutorado em Geografia). Faculdade de Ciências e Letras,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.
PINTAUDI, Silvana Maria. A cidade e as formas de comércio. In: Novos caminhos da
Geografia, São Paulo, 1999.
PINTAUDI, Silvana Maria. (Org.). Comércio e consumo na cidade. São Paulo: 2001.
PIRES, M. O materialismo histórico-dialético e a Educação. Texto apresentado na mesa-
redonda Paradigmas de Interpretação da Realidade e Projetos Pedagógicos. UNESP/
Botucatu, 1996
39
6 ANEXOS
Anexo 01- Questionário aplicado aos consumidores que realizam ou realizaram compras
nos sites de compras coletivas pela internet na Região Metropolitana de Campinas-SP
ANEXOS
Orientada: Caroline Lucon Rocha
Orientadora: Dr(a)Aparecida Guarnieri Ortigoza
Departamento de Geografia: IGCE- Unesp Rio Claro
Questionário
Idade: 1 5 a 20 20 a 30 30 a 40 40 a 50 50 a 60
Sexo: Feminino Masculino
1- Com que frequência você faz compras em sites de compras coletivas?
Frequentemente Eventualmente Raramente
2- Você faz compras utilizando que meio de comunicação?
Computador/notebook Celular/ Smartphone Tablet
3- A maioria das vezes que você realiza a compra pela internet, em que local você está?
Casa Trabalho Outros
4- Você costuma adquirir produtos ou serviços pelos sites de compras coletivas?
Produtos Serviços
5- Que tipo de produtos você já adquiriu pelos sites de compras coletivas?
Comércio não especializado
Hipermercados e supermercados
Comércio de produtos alimentícios, bebidas
e fumo
Comércio de tecidos, artigos de armarinho,
vestuário e calçados
Tecidos e artigos de armarinho
Artigos do vestuário e complementos
Calçados, artigos de couro e viagem
Comércio de outros produtos em lojas
especializadas
Produtos farmacêuticos, perfumaria e
cosméticos e artigos médicos, ortopédicos e de óptica
Eletrodomésticos, equipamentos de áudio e
vídeo, instrumentos musicais e acessórios
Móveis, artigos de iluminação, peças e acessórios e
outros artigos de uso doméstico
Equipamentos de informática e comunicação
Artigos culturais, recreativos e esportivos
6- Você já sentiu algum preconceito na hora de trocar o cupom de desconto por um serviço ou um produto?
Sim Não
Você já comprou um produto que não estava precisando ou comprou e nunca usou um produto adquirido pelos sites de compras
coletivas?______________________________________________________________
Org. ROCHA, C. 2013
7- _____________________________________________________________________________________________________
______________
40
Anexo 02- DECRETO Nº 7.962, DE 15 DE MARÇO DE 2013
Presidência da República
Casa Civil
Seubchefia para Assuntos Jurídicos
DECRETO Nº 7.962, DE 15 DE MARÇO DE 2013
Vigência
Regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro
de 1990, para dispor sobre a contratação no
comércio eletrônico.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art.
84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 8.078, de 11 de
setembro de 1990,
DECRETA:
Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor
sobre a contratação no comércio eletrônico, abrangendo os seguintes aspectos:
I - informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor;
II - atendimento facilitado ao consumidor; e
III - respeito ao direito de arrependimento.
Art. 2o Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para oferta ou
conclusão de contrato de consumo devem disponibilizar, em local de destaque e de fácil
visualização, as seguintes informações:
I - nome empresarial e número de inscrição do fornecedor, quando houver, no Cadastro
Nacional de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da
Fazenda;
II - endereço físico e eletrônico, e demais informações necessárias para sua localização e
contato;
III - características essenciais do produto ou do serviço, incluídos os riscos à saúde e à
segurança dos consumidores;
IV - discriminação, no preço, de quaisquer despesas adicionais ou acessórias, tais como
as de entrega ou seguros;
V - condições integrais da oferta, incluídas modalidades de pagamento, disponibilidade,
forma e prazo da execução do serviço ou da entrega ou disponibilização do produto; e
VI - informações claras e ostensivas a respeito de quaisquer restrições à fruição da oferta.
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.962-2013?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.962-2013?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7962.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm
41
Art. 3o Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para ofertas de
compras coletivas ou modalidades análogas de contratação deverão conter, além das
informações previstas no art. 2o, as seguintes:
I - quantidade mínima de consumidores para a efetivação do contrato;
II - prazo para utilização da oferta pelo consumidor; e
III - identificação do fornecedor responsável pelo sítio eletrônico e do fornecedor do
produto ou serviço ofertado, nos termos dos incisos I e II do art. 2o.
Art. 4o Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comércio eletrônico, o
fornecedor deverá:
I - apresentar sumário do contrato antes da contratação, com as informações necessárias
ao pleno exercício do direito de escolha do consumidor, enfatizadas as cláusulas que limitem
direitos;
II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificação e correção imediata de
erros ocorridos nas etapas anteriores à finalização da contratação;
III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitação da oferta;
IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservação e
reprodução, imediatamente após a contratação;
V - manter serviço adequado e eficaz de atendimento em meio eletrônico, que possibilite
ao consumidor a resolução de demandas referentes a informação, dúvida, reclamação,
suspensão ou cancelamento do contrato;
VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no
inciso, pelo mesmo meio empregado pelo consumidor; e
VII - utilizar mecanismos de segurança eficazes para pagamento e para tratamento de
dados do consumidor.
Parágrafo único. A manifestação do fornecedor às demandas previstas no inciso V
do caput será encaminhada em até cinco dias ao consumidor.
Art. 5o O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e
eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo consumidor.
§ 1o O consumidor poderá exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta
utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios disponibilizados.
§ 2o O exercício do direito de arrependimento implica a rescisão dos contratos acessórios,
sem qualquer ônus para o consumidor.
§ 3o O exercício do direito de arrependimento será comunicado imediatamente pelo
fornecedor à instituição financeira ou à administradora do cartão de crédito ou similar, para
que:
I - a transação não seja lançada na fatura do consumidor; ou
II - seja efetivado o estorno do valor, caso o lançamento na fatura já tenha sido realizado.
42
§ 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmação imediata do recebimento da
manifestação de arrependimento.
Art. 6o As contratações no comércio eletrônico deverão observar o cumprimento das
condições da oferta, com a entrega dos produtos e serviços contratados, observados prazos,
quantidade, qualidade e adequação.
Art. 7o A inobservância das condutas descritas neste Decreto ensejará aplicação das
sanções previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990.
Art. 8o O Decreto no 5.903, de 20 de setembro de 2006, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 10. ........................................................................
Parágrafo único. O disposto nos arts. 2o, 3o e 9o deste Decreto aplica-se às
contratações no comércio eletrônico.” (NR)
Art. 9o Este Decreto entra em vigor sessenta dias após a data de sua publicação.
Brasília, 15 de março de 2013; 192º da Independência e 125º da República.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5903.htm#art10p