UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU LUCIANA ROCHA DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DO ACESSO À SAÚDE AOS NÍVEIS DE ATENÇÃO DE MAIOR COMPLEXIDADE NO MUNICÍPIO DE MARÍLIA/SP, SOB A ÓTICA DA INTEGRALIDADE BOTUCATU 2010 LUCIANA ROCHA DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DO ACESSO À SAÚDE AOS NÍVEIS DE ATENÇÃO DE MAIOR COMPLEXIDADE NO MUNICÍPIO DE MARÍLIA/SP, SOB A ÓTICA DA INTEGRALIDADE Orientadora: Profª. Drª. Carmen M. C. Monti Juliani Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem – Mestrado Profissional – Universidade Estadual Paulista- UNESP, para obtenção do título de Mestre. BOTUCATU 2010 AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO OU PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. Assinatura: ________________________________________ Data: ___/___/___ FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus Oliveira, Luciana Rocha de. Avaliação do acesso à saúde aos níveis de atenção de maior complexidade no Município de Marília/SP, sob a ótica da integralidade / Luciana Rocha de Oliveira. – Botucatu, 2010. Dissertação (mestrado) – Enfermagem - Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, 2010 Orientadora: Carmen M. C. Monti Juliani Assunto CAPES: 40406008 1. Atenção primária à saúde - Marília (SP) 2. Serviços de Saúde Palavras-chave: Acesso aos serviços de saúde; Atenção à saúde; Avaliação em saúde; Necessidades e demandas de serviços de saúde; Sistemas de saúde Nome: Luciana Rocha de Oliveira Título: Avaliação do acesso à saúde aos níveis de atenção de maior complexidade no município de Marília/SP, sob a ótica da integralidade Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem – Mestrado Profissional – Universidade Estadual Paulista- UNESP, para obtenção do título de Mestre. Aprovado em: 31/03/2008 Banca Examinadora Prof. Dr.________________________ Instituição: ___________________________ Julgamento:_____________________ Assinatura: ___________________________ Prof. Dr.________________________ Instituição: ___________________________ Julgamento:_____________________ Assinatura: ___________________________ Prof. Dr.________________________ Instituição: ___________________________ Julgamento:_____________________ Assinatura: ___________________________ “Dedico esta pesquisa primeiramente a Deus, por iluminar minha vida, e derramar suas bênçãos sobre mim. Esta vitória não teria sentido sem ELE.” “Aos meus amados pais, Silvia e Sérgio, que são a razão do meu viver, meu alicerce. Os seus ensinamentos são dádivas, que ficarão para sempre em minha mente e coração. Nunca esquecerei que, sem restrições, deixaram muitas vezes as suas vidas para se dedicar à minha. Vocês sempre impulsionaram os meus sonhos, e os transformaram em realidade. O amor que sinto por vocês é infinito.” “Ao meu noivo Aparecido Nardo Júnior (Lobo), que com tanta dedicação, não poupou esforços para o alcance desta conquista. É difícil traduzir em palavras toda a gratidão ao seu companheirismo, carinho e amor. Sou grata a Deus por colocar uma pessoa tão especial para compartilhar a vida. Te amo.” “Aos meus irmãos queridos e adorados, Serginho, Silvinha, Viviane e Carina pelo incentivo incondicional, e ao meu irmão, Vicente, meu anjinho da guarda, que tenho certeza... me aplaude lá do céu...Saudades sempre.” “Aos meus sobrinhos lindos, João Vitor e Amandinha, que só me dão alegria.” Sem vocês meus amores, nada seria possível... AGRADECIMENTOS “À minha orientadora Profª. Drª. Carmen Maria Casquel Monti Juliani por permitir compartilhar da riqueza de sua sabedoria. Eternamente serei grata pela confiança ao trilhar comigo esta importante conquista, permitindo o meu desenvolvimento profissional. Demonstro assim, toda a minha admiração pela profissional e pessoa especial, que com tanta humildade soube guiar-me por meio de seus conhecimentos.” “À minha querida e sempre mestre Profª. Drª. Maria José Sanches Marin, um exemplo de profissional, em quem me espelho para me tornar um ser humano melhor. Obrigada pela oportunidade de contar com suas brilhantes contribuições para transformar o meu sonho em realidade.” “À Profª Drª Cristina Maria Garcia de Lima Parada, todo o meu respeito e gratidão pela imensa colaboração na execução desta pesquisa. É um privilégio poder contar com sua competência profissional.” “À Profª Drª Luzmarina A. Doretto Braccialli pela importante participação nesta pesquisa.” “À Secretaria de Estado da Saúde pelo financiamento do Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem da UNESP.” “Aos funcionários e professores da Seção de Pós-graduação da UNESP – Botucatu, principalmente à Secretária Aline Parada pelo acolhimento, e ao Prof. Dr. José Eduardo que auxiliou no cálculo dos dados estatísticos.” “Ao Secretário da Saúde de Marília, Dr. Júlio César Zorzetto, por permitir a realização deste estudo.” “À Coordenação da Atenção Básica de Marília, Dr. Eduardo Tanajura de Faria e Enfªs Denise E. Garozi e Aurélia P. Primo Silva, por favorecer as minhas saídas para a realização das disciplinas.” “Aos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Marília principalmente aos responsáveis pela Central de vagas Élcio P. Mesquita; pela DACA, Antônio Roberto Ruiz, e pelo NI, Ana, pois sempre se mostraram dispostos a me auxiliar na coleta de dados.” “À Diretora de Planejamento do DRS IX, Roseli Regina F. Marconato pela atenção e contribuição dispensada a este trabalho.” “À Equipe da USF Santa Augusta pela compreensão e apoio nas minhas ausências durante o Curso de Mestrado, meu eterno agradecimento.” “Aos Professores da Faculdade de Medicina de Marília que sempre me incentivaram, principalmente à minha querida e sempre parceira Maria Yvette de Aguiar D. Moravick.” “Aos meus alunos da UPP (FAMEMA), que entenderam as minhas ausências nesta pós-graduação, vocês são incríveis.” “À Coordenação da Residência Multiprofissional pela compreensão às minhas ausências em virtude desta pesquisa, em especial à Renata S. da Rosa, Marília S. Sgambatti e Paulo Marcondes C. Júnior.” “As minhas residentes e “pupilas” Lívia e Maíra; e aprimorandas Cristiane e Lidiane que sempre foram meu braço direito nas minhas ausências na USF.” “À Professora de Português Maria Dolores Machado, à Professora de Inglês e Enfermeira Adriana Avanzi e às Bibliotecárias Aline e Selma, pelo empenho no aprimoramento deste estudo.” “Aos queridos tios Mércio e Celina, e primos Eliane e Mércinho, mesmo de longe, sei que sempre torcem por mim.” “Aos meus queridos cunhados Renatinha, Tathiele e Zé, e à minha sogra Maria Alice Viana e meu sogro Aparecido Nardo pelo estímulo.” “Aos companheiros de viagem e colegas de Mestrado, Luís, que nos conduziu com tanto cuidado até Curso de Mestrado, à Kelly, Thaís e Esthér, pelas longas e agradáveis conversas durante o percurso Marília-Botucatu, à Luciane, Vanessa Baliego, Rosângela, Cidinha e Vanessa Cecília, pelo apoio e escuta das ansiedades. Foi muito bom compartilhar com vocês inesquecíveis momentos nesta importante jornada.” “Ao Padre José, que com sua serenidade e bondade sempre me acolheu por meio de suas orações.” “Aos meus amigos de coração Mara, Ana Cristina, Lectícia, Mariana, Raquel, Adriana Castro, Roberta e Nelson, obrigada pela amizade, vocês foram de extrema importância para o alcance dos meus objetivos.” “Às minhas companheiras Enfermeiras pelo incentivo: Fabiana, Simone, Andréia, Thaís, Anastácia, Suelaine, Daniela, Fernanda, Tânia e Josane.” “Ao S. Coulbert e D. Tina, pessoas que sempre me deram forças para continuar. Nunca esquecerei o carinho de vocês.” “ ... os que confiam e esperam no Senhor sempre renovam suas energias. Caminham, e não perdem as forças, correm e não se cansam, sobem, voando como águias.” Isaías 40:29 Oliveira LR. Avaliação do acesso à saúde aos níveis de atenção de maior complexidade no município de Marília/SP, sob a ótica da integralidade [dissertação]. Botucatu: Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”; 2010. RESUMO Este estudo teve o objetivo de avaliar o acesso dos usuários ao serviço público de saúde de maior complexidade no município de Marília/SP, sob a ótica da integralidade. Trata-se de um estudo epidemiológico inserido no campo da avaliação de serviços de saúde, cujos dados foram obtidos por meio de análise de documentos e relatórios administrativos existentes nos sistemas de informação em saúde do município, no ano de 2007. Foram analisadas 529 fichas de reclamação na ouvidoria advindas da rede básica, além da análise de documentos informatizados da Central de Vagas sobre a demanda e oferta de serviços a níveis de atenção de maior complexidade. Para análise do número de agendados nas especialidades médicas utilizaram-se parâmetros da Portaria nº 1.101 do Ministério da Saúde. Os dados de morbidade ambulatorial local foram obtidos pelo SIAL (Sistema de Informação Ambulatorial Local) com a finalidade de correlacionar as especialidades médicas, com o número de reclamações. Na análise dos resultados constatou-se que o maior número de reclamações na ouvidoria é referente à demanda reprimida para as especialidades médicas e exames especializados, e que o tempo médio para suprir a demanda é elevado. Embora os dados obtidos demonstrem um período longo de espera para o atendimento nas especialidades, os parâmetros da Portaria nº 1.101 são atendidos na sua totalidade e, não raras vezes, mais que o recomendado por esta. Assim sendo, interpretamos que há uma defasagem dos parâmetros de cobertura desta Portaria, que está muito aquém das demandas de encaminhamentos oriundos da rede básica, ou a atenção básica não está cumprindo com o seu papel de resolubilidade dos problemas de saúde da população. Quanto ao SIAL, uma das morbidades mais prevalentes são as doenças do aparelho respiratório (16%), e a especialidade de pneumologia, teve um dos menores números de reclamação na ouvidoria, o que nos leva a crer que os profissionais da atenção básica estejam melhor preparados para atender às morbidades comuns à esta especialidade. Neste contexto, qualquer sistema de saúde terá limitações para suprir completamente todas as necessidades de saúde de uma comunidade, porém é urgente repensar como articular os diversos níveis de atenção, de modo que sejam capazes de diminuir as imensas filas para a resolução dos problemas dos usuários e minimizar os prejuízos à saúde da população assistida. Palavras-chave: Acesso aos serviços de saúde. Atenção à saúde. Avaliação em saúde. Necessidades e demandas de serviços de saúde. Sistemas de saúde. Oliveira LR. Evaluation of access to health care levels of greater complexity in the city of Marília-SP, from the perspective of the whole [essay]. Botucatu: Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”; 2010. ABSTRACT This study aimed evaluates the user’s access to high complexity health service in the city of Marília – SP from the perspective of integrality. It’s an epidemiological study inserted in the field of health evaluation services, whose data were obtained through analysis of documents and administrative reports available in the city health information systems, in the year 2007. Were analyzed 529 complaints records of call service arising from basic network and digitized documents from Vacant Center about supply and demand services to levels of more complex care. For analysis the scheduled number of medical specialties this study used the parameters of the 1.101 ordinance Ministry of Health. The ambulatory morbidity data were obtained from SIAL (local Information System) with the purpose to correlate the medical specialties and the complaints number. The analysis of results evidenced that the majority number of complaints to the call service refers to the restrained demand for medical specialties and specialized exames, and the average time to supply the demand is high. Although the data show a long period of waiting to a specialty appointment, the parameters of the 1.101 ordinance are met in full and, often, more than recommended for this. Therefore, we interpret that there is unbalanced parameters of coverage, which is well below the demands of cases received from the basic network or primary care is not fulfilling its role in solving the problems of population health. About SIAL, one of the most prevalent morbidity are diseases of the respiratory system (16,0%), and the pneumology specialty, had one the minority numbers of complaints to the call service, which leads us to believe that the primary basic care are better prepared to take care of the common diseases of this specialty. In this context, we know that certainly any health system will have limitations to supply completely all community health needs, however is urgent to rethink how to articulate the various levels of attention, in way to be able to reduce the huge queues for the resolution users' problems and minimize the damage to the health population assisted. Keywords: Health Services Accessibility. Health Care. Health Evaluation. Health Services Needs and Demand. Health Systems. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dados da ouvidoria referentes às reclamações por dificuldades de acesso aos níveis de atenção à saúde de maior complexidade. Marília, 2007 42 Tabela 2 – Dados do Núcleo de Informações (NI) referentes às morbidades obtidas no SIAL, de acordo com os atendimentos médicos da Atenção Básica de Saúde (ABS). Marília, 2007 51 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Variáveis relativas à demanda de especialidades médicas de Marília e outros municípios do DRS IX. Marília, 2007 48 Quadro 2 – Variáveis relativas à demanda de exames complementares de Marília. e outros municípios do DRS IX. Marília, 2007 50 Quadro 3 – Análise do número total de agendados de Marília, no atendimento às variáveis conforme Portaria nº 1.101 do Ministério da Saúde (MS), dos parâmetros mínimo (2) e máximo (3) de consultas especializadas/hab/ano, segundo as especialidades médicas. Marília, 2007 53 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACS Agente Comunitário de Saúde APS Atenção Primária de Saúde ABS Atenção Básica de Saúde CAB Coordenação da Atenção Básica CEP Comitê de Ética em Pesquisa COMUS Conselho Municipal de Saúde CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa D Doenças DACA Divisão de Avaliação, Controle e Auditoria DRS Departamento Regional de Saúde EEG Eletroencefalograma EP Educação Permanente ESF Estratégia Saúde da Família FAMEMA Faculdade de Medicina de Marília HC Hospital das Clínicas de Marília HM Hospital Materno Infantil de Marília IOM Instituto de Olhos de Marília MMII Membros Inferiores MMSS Membros Superiores MS Ministério da Saúde NI Núcleo de Informações NCR Número de Consultas Anuais Recomendadas para a especialidade NGA Núcleo de Gestão Assistencial NTA Número total de agendamentos no ano para determinada especialidade NTC Número Total de Consultas NOB Norma Operacional Básica OMS Organização Mundial de Saúde OPAS Organização Pan-Americana de Saúde PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde PC Porcentagem de Cobertura PCM Porcentagem para Consultas Médicas (especializadas ou consultas básicas) PCR Porcentagem de consultas recomendadas para uma especialidade PIB Produto Interno Bruto PNH Política Nacional de Humanização PPI Programação Pactuada Integrada PSF Programa Saúde da Família SBMFC Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade SIA Sistema de Informação Ambulatorial SIAL Sistema de Informação Ambulatorial Local SMS Secretaria Municipal de Saúde SP São Paulo SUS Sistema Único de Saúde UBS Unidade Básica de Saúde UNESP Universidade Estadual Paulista UNIMAR Universidade de Marília UPP Unidade Prática Profissional USF Unidade de Saúde da Família USG Ultrassonografia TA Total da Ação TAB Tabela SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO...............................................................................16 2 INTRODUÇÃO ....................................................................................18 3 OBJETIVOS .........................................................................................27 3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................27 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................27 4 MÉTODO..............................................................................................28 4.1 TIPO DE ESTUDO...................................................................................28 4.2 CAMPO DO ESTUDO.............................................................................28 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .......................................32 4.4 DEFINIÇÃO DA AMOSTRAGEM.........................................................33 4.5 PROCEDIMENTOS DA COLETA DE DADOS ....................................34 4.6 ANÁLISE DOS DADOS..........................................................................35 4.6.1 Método proposto para os cálculos ........................................................ 36 4.7 ASPECTOS ÉTICOS................................................................................41 5 RESULTADOS.....................................................................................42 5.1 OUVIDORIA............................................................................................42 5.2 CENTRAL DE VAGAS ...........................................................................47 5.3 NÚCLEO DE INFORMAÇÕES (NI) ......................................................51 5.4 FÓRMULAS UTILIZADAS PARA OS CÁLCULOS DE CONSULTAS MÉDICAS ESPECIALIZADAS............................................54 6 DISCUSSÃO .........................................................................................59 7 CONCLUSÃO ......................................................................................70 REFERÊNCIAS ......................................................................................72 ANEXOS ..................................................................................................79 ANEXO 1 – PORTARIA Nº 1.101 ................................................................79 ANEXO 2 – FICHA DE OUVIDORIA..........................................................113 ANEXO 3 – INSTRUMENTO - OUVIDORIA.............................................114 ANEXO 4 – INSTRUMENTO - CENTRAL DE VAGAS (ESPECIALIDADES / EXAMES) .................................................................115 ANEXO 5 – EXEMPLO DO TEMPO MÉDIO PARA SUPRIR A DEMANDA ....................................................................................................116 ANEXO 6 – APROVAÇÃO DO COMITÊ EM ÉTICA E PESQUISA ........117 ANEXO 7 – INSTRUMENTO - NÚCLEO DE INFORMAÇÕES (NI) .......118 ANEXO 8 – INSTRUMENTO – ESPECIALIDADES COM RELAÇÃO À PORTARIA Nº 1.101..................................................................................119 16 1 APRESENTAÇÃO Em 1999, quando ingressei no Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA), foi possibilitado a mim vivenciar a realidade dos serviços de atenção básica à saúde do município. Neste contexto, despertou-me a atenção para a dificuldade do acesso dos usuários aos serviços de saúde de maior complexidade, percebendo, o sofrimento vivenciado pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) na obtenção da continuidade do cuidado. Após minha graduação, pela grande identificação com a atenção básica em saúde, fiz parte da primeira turma da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da FAMEMA, momento em que houve a inauguração da USF Santa Augusta, onde me encontro na função de Enfermeira até hoje. Pude, então, perceber que esta realidade pouco havia mudado. Em 2005, iniciei como Professora colaboradora da Unidade Prática Profissional (UPP) com os alunos da 1ª e 2ª séries do Curso de Medicina e Enfermagem, e como Tutora da Residência e Aprimoramento Multiprofissional em Saúde da Família, sendo todos estes cursos vinculados à FAMEMA, o que foi possível pela parceria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Marília/SP com esta faculdade. Nesta ocasião, foi possível perceber que a indagação sobre esta problemática tornou-se uma questão que afligia não só a mim, mas a um conjunto de alunos que, assim como eu, tiveram a aprendizagem pautada na metodologia problematizadora e, entre outros aspectos, questionavam a falta de integração entre os diferentes serviços de atenção à saúde, e as dificuldades de acesso aos níveis de atenção à saúde secundário e terciário, interferindo diretamente na integralidade das ações. Acrescenta-se que, neste período também ocorreu ampliação da oferta de serviços de atenção básica à saúde, o que tornou ainda mais evidente a precariedade na oferta de atendimento nas especialidades. Além disso, observa-se, na literatura nacional, uma lacuna no que se refere a estudos que evidenciam esta problemática, o que dificulta a busca de 17 alternativas que vislumbrem a qualificação da atenção, com vista ao acesso igualitário e, consequentemente, à integralidade do cuidado. No anseio de aplicar os aprendizados adquiridos na graduação e pós– graduação, propus, no desenvolvimento desta pesquisa a reflexão construtivista com os estudantes na prática profissional, na busca de resgatar e contribuir com a discussão de fatores que possam estar comprometendo a integralidade da atenção e a resolubilidade dos problemas de saúde da população, a partir da análise do acesso a níveis de atenção à saúde de maior complexidade, considerando dados resgatados em sistemas de comunicação formais. 18 2 INTRODUÇÃO A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visa a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção. 1 O SUS está centrado em uma política baseada nos princípios da universalidade, equidade, integralidade e acesso às ações de saúde, 2 e tem o objetivo de proporcionar assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e preventivas em todos os níveis de atenção, além de manter a integralidade da assistência, por meio de um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema, a fim de integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para cobertura total das ações de saúde, além de desenvolver a capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência. 3,4 No entanto, o modelo de atenção atualmente existente não privilegia a prevenção de doenças e a promoção de saúde, assim como a organização integrada e multiprofissional dos serviços de saúde. 5 A insuficiente garantia da atenção contínua nos diferentes níveis de assistência afeta uma característica primordial, a integralidade, que é uma das diretrizes do SUS. A integralidade é um princípio que pode ser contemplado pelo modelo assistencial organizado de forma hierarquizada e descentralizada, cuja garantia da integração dos recursos de infra-estrutura é fundamental. Neste caso a atenção integral depende de uma rede articulada, de tal forma que os problemas apresentados pelos indivíduos possam ser abordados em todos os níveis de assistência necessários para a sua resolução, e que o acesso a estes diferentes níveis seja harmonioso e ágil. 3 O conceito de integralidade remete, portanto, obrigatoriamente, ao de integração de serviços por meio de redes assistenciais, reconhecendo a interdependência dos atores e organizações, em face da constatação de que nenhuma delas dispõe da totalidade dos recursos e competências necessárias para a solução dos problemas de saúde de uma população em seus diversos ciclos de vida. Torna-se, portanto, indispensável desenvolver mecanismos de cooperação e coordenação 19 próprios, gestão eficiente e responsável dos recursos coletivos, respondendo às necessidades de saúde individuais nos âmbitos local e regional. 6 A integralidade das ações é uma consequência da acessibilidade aos seus serviços. A questão da integralidade representa ainda, hoje, o maior desafio nas práticas em saúde, não como questão institucional ou política, já que integrar nessas esferas não é exatamente algo novo, mas como desafio cultural, para romper com formas cristalizadas de se entender e realizar ações técnicas, que conformam padrões de intervenção médica ou em saúde já tornados tradição. 7 A questão da articulação entre os diferentes níveis de assistência deve ser vista como a capacidade do próprio sistema em resolver os problemas da população pelas ações interligadas, em crescente complexidade, de acordo com o gerenciamento das necessidades verificadas pelo nível de atenção. 8 A integração dos cuidados consiste em uma coordenação durável das práticas clínicas destinadas a alguém que sofre com problemas de saúde, para assegurar a continuidade e a globalidade dos serviços requeridos de diferentes profissionais e organizações, articuladas no tempo e no espaço, conforme os conhecimentos disponíveis. Nesse sentido, para organizar os serviços rumo à atenção integral é indispensável a efetivação de uma rede integrada de serviços de saúde, em contra-posição a um conjunto fragmentado de serviços. 6 Essa integração não parece ser tarefa fácil para os municípios, uma vez que, de maneira geral, as unidades de saúde dos diversos níveis procuram manter seus respectivos processos de trabalho (cultural e histórico) inalterados e isolados dos demais serviços, não se constituindo como parte de uma rede assistencial local ou regional. Esse fenômeno de desarticulação, que se observa em nível nacional, compromete de forma importante a construção do SUS como um sistema integrado e articulado de serviços. 9 Há necessidade de se discutir a integração entre os diferentes níveis, visto que essa temática está intimamente ligada às questões de acessibilidade, universalidade e integralidade da assistência, considerando que as condições materiais de vida são determinantes do processo saúde-doença e que, portanto, em uma sociedade marcada por desigualdades sociais os riscos de adoecer e morrer não acontecem de modo homogêneo nas diferentes classes sociais, uma política de saúde que advoga em favor do SUS deve prever e empreender esforços para garantir o 20 funcionamento adequado e articulado das unidades prestadoras de serviços de saúde, de modo a responder às necessidades de saúde da população em nível local. 10 O modelo tecno-assistencial, que pensa o sistema de saúde como uma pirâmide, com fluxos ascendentes e descendentes de usuários acessando níveis diferenciados de complexidade tecnológica, em processos articulados de referência e contra-referência, tem se apresentado como uma perspectiva racionalizadora, cujo maior mérito seria o de garantir maior eficiência na utilização dos recursos, universalização do acesso e equidade. 11 Assim, em 1994, surge a Estratégia Saúde da Família (ESF) que foi adotada como principal porta de entrada do sistema de saúde, articulada aos demais níveis de atenção, garantindo a sua adequação às necessidades e prioridades locais, pela atuação de uma equipe multiprofissional, de acordo com a realidade de cada município. A ESF deve desenvolver ações integradas com as demais políticas de saúde e com a rede de serviços, proporcionando a integralidade da atenção, garantindo a referência e contra-referência, evitando o estrangulamento. 12 A Estratégia Saúde da Família (ESF) deve ser incorporada e potencializada como uma das modalidades tecnológicas, que pode fazer parte de uma complexa ação das redes básicas de saúde, pois este serviço sozinho, sem a articulação com os outros níveis de atenção é incapaz de responder às necessidades de saúde dos usuários, que possuem necessidades como a de ser alguém singular com direito à diferença, que deve ter a garantia ao acesso a todas as tecnologias que melhorem e prolonguem a vida, necessidade de ser acolhido e ter vínculo com um profissional ou equipe, ter autonomia e autocuidado na escolha do modo de “andar a vida” e sempre que for necessário poderá e deverá consumir serviços de saúde, ser recebido e bem acolhido em qualquer serviço de saúde que necessitar, tendo sempre uma referência de responsabilização pelo seu atendimento e ser tratado como sujeito do saber e do fazer. 13 Os profissionais que atuam nos diferentes cenários de atenção à saúde necessitam consolidar uma nova concepção, que atenda às necessidades de saúde da população, considerando a percepção que é preciso responsabilizar-se pela assistência que é oferecida, 14 assim, é importante que os profissionais de saúde devam assumir uma postura de compromisso e profissionalismo. 21 É no cotidiano do trabalho e na coletivização da gestão dos serviços, a fim de resolver os problemas que se identifica no dia-a-dia, que são somados e construídos um outro proceder em saúde que se orienta pela construção de um vínculo efetivo entre o usuário e o trabalhador na busca de garantia dos acessos dos usuários às ações de saúde, oferta de múltiplas opções tecnológicas, busca da máxima resolubilidade que as ações de saúde possibilitam, além da impactação dos quadros de morbi-mortalidade a partir da associação mais ampla possível de todas as ações de saúde. 14 O acesso à saúde engloba condições de vida, de nutrição, de habitação, de poder aquisitivo e de educação, além da acessibilidade aos serviços, que extrapola a dimensão geográfica, abrangendo também o aspecto econômico, relativo aos gastos diretos ou indiretos do usuário com o serviço, o aspecto cultural que envolve normas e técnicas adequadas aos hábitos da população e o aspecto funcional pela oferta de serviços adequados às necessidades da população. 15 Então a acessibilidade é a capacidade de obtenção de cuidados de saúde, quando necessário, de modo fácil e conveniente. 16 Do ponto de vista funcional, salienta aspectos levantados pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) 17 quanto à necessidade dos serviços serem oportunos, contínuos, atenderem à demanda real e serem capazes de assegurar o acesso a outros níveis hierárquicos do sistema. 18 Ao abordar o acesso aos níveis de atenção à saúde de maior complexidade, nos referimos aos níveis secundário e terciário, ou seja, o acesso às “tecnologias leve, leve-dura e dura”, 19 dos atendimentos compostos por especialidades médicas, tanto em nível ambulatorial, como hospitalar, levando em consideração toda a problemática inerente ao processo dificultoso de adentrar nestes serviços e receber cuidado contínuo, e a integração dos serviços, a partir do momento em que o usuário é encaminhado da atenção básica para os outros níveis de atenção à saúde. Negar o acesso ao usuário é, antes de tudo, um problema da qualidade das ações de saúde e compromete sua capacidade de ser uma intervenção tecnológica e assistencial a serviço de uma melhoria do modo de andar a vida dos indivíduos e do coletivo. Mas, só garanti-lo não basta, não é suficiente Deve-se repensar sua articulação com o modo de trabalhar cotidianamente as necessidades e problemas de saúde. Os trabalhadores de saúde também podem garantir que a universalidade, 22 equidade e acesso sejam armas na defesa da vida, por meio de um novo modo de agir em saúde. 2 Assim propõe-se a concretização de um “sistema sem muros”, eliminando as barreiras de acesso entre os diversos níveis de atenção, do domicílio ao hospital, especialistas e generalistas, setores público e privado, ligados por estratégias de gestão, financiamento, e informação, com uma integração funcional, que assegurem a coordenação comum, orientada por um sistema de informações ágil e flexível, capaz de tomar decisões sobre o compartilhamento de responsabilidades, atribuições e recursos financeiros. 11 A universalização do atendimento é a garantia do acesso igualitário para todos, mas precisa ser articulada à eqüidade para que esse acesso se efetive concretamente, por meio de dispositivos operacionais que propiciem a efetivação dos serviços para o usuário, e de acordo com complexidade crescente, como prevê a legislação brasileira, 3 implicando na redução da desigualdade do acesso à saúde, com fins à a justiça social. Se a saúde é vista como necessidade humana essencial, beneficiária do estatuto de direito social, então sua garantia, por meio de procedimentos que visem à promoção, à prevenção, à manutenção e à recuperação, deverá ser objeto de políticas públicas universais e igualitárias assumidas como responsabilidade ética por toda a sociedade. Compreender a questão das desigualdades em saúde, a partir dessa perspectiva, implica adotar propostas baseadas no princípio da equidade, isto é, que levem em conta as necessidades dos grupos sociais e dos indivíduos na elaboração de estratégias compensatórias. Tais estratégias devem considerar que as necessidades são diferentes e, portanto, requerem recursos também diferenciados para sua satisfação. 20 A equidade dos sistemas de saúde é um direito do cidadão, que permite a igualdade no acesso à atenção à saúde, mediante as mesmas necessidades. 5 A equidade, se refere a direitos iguais quando a diferença inferioriza, e o direito de ser diferente, quando a igualdade descaracteriza. Em saúde, a mesma necessidade deve pressupor a mesma utilização dos serviços de saúde, dadas determinadas condições de acesso. 21 A desigualdade justa é inerente a equidade, pois o tratamento desigual é justo quando é benéfico ao indivíduo mais carente. 22 A igualdade não é o mesmo 23 que equidade, esta incorpora em seu conceito valor de justiça distributiva. O conceito de equidade em saúde quer dizer, igual acesso para igual necessidade, e contempla a discriminação positiva, de modo a garantir “mais” direitos a quem tiver “mais” necessidades. Diminuir as desigualdades diante da impossibilidade de eliminá-las deve ser o objetivo central de toda política pública. A implantação do SUS tem contribuído para a redução nas desigualdades no acesso a serviços de saúde, enquanto o consumo de outras modalidades de assistência, fortemente vinculados com a renda, continuam, por isto, extremamente desigual. 23 O modo de vida relacionado à esfera do consumo, ao acesso e ao uso de serviços de saúde tendem a refletir os níveis de desigualdades existentes na sociedade. Uma política de saúde com as características do SUS procura, por meio da realização dos princípios da universalidade, integralidade e equidade, compensar, no plano do consumo, as desigualdades produzidas pela organização social. A discriminação positiva objetiva tratar os indivíduos de acordo com suas necessidades especialmente desenhadas para reduzir as desigualdades ou compensá-las. Somente dessa maneira será possível compensar, no plano do consumo das ações e atividades de saúde, as desigualdades sociais geradas pela inserção dos indivíduos na estrutura social. 20 A promoção da eqüidade na atenção à saúde considera as diferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da adequação da oferta às necessidades, como princípio de justiça social e ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade, respeitada as diversidades locais. A partir da identificação das necessidades, é preciso desenvolver um processo de planejamento e regulação da atenção à saúde, com monitoramento e avaliação, promovendo a humanização do atendimento. 24 Ao medir a utilização dos serviços e estudar sua acessibilidade, pode-se, indiretamente, avaliar a equidade de um sistema de saúde. 25 Os indicadores mais adequados para avaliar a existência de desigualdade na atenção à saúde devem estimar a chance de os indivíduos obterem tratamento quando acometidos por alguma doença ou de receberem cuidados específicos de proteção à saúde nos casos tradicionalmente recomendados e permitir quantificar a contribuição das diferenças entre grupos e no interior deles como um índice de desigualdade. 26, 27 24 O sistema de regulação em saúde no SUS é uma das diretrizes contempladas no Pacto pela Saúde, sendo definida como Política Nacional de Regulação, e tem como eixos a serem operacionalizados pelos gestores: implantar e/ou implementar complexos reguladores. 28, 29 A função da regulação é uma estratégia em estreita interface com o planejamento, controle, avaliação, com os diversos níveis de complexidade da assistência integral aos usuários do SUS. A regulação é um dos instrumentos de gestão que viabiliza o ordenamento da relação dos usuários com os prestadores de saúde. 30, 31 É com essa perspectiva política de mudança da realidade de saúde da população, que a atividade de avaliação ganha nova dimensão e importância. A avaliação deve se constituir em um instrumento fundamental para a gerência, ágil e facilitadora das mudanças pretendidas que, incorporada sistematicamente aos serviços, revelará se as atividades desenvolvidas, no seu âmbito são adequadas e compatíveis em relação à realidade sanitária local, e qual o seu impacto sobre o nível de saúde da população. 7 A avaliação de serviços parece transparecer-se como um novo paradigma no âmbito da pesquisa científica, como também para apontar as fragilidades, potencialidades e limitações das políticas regionais e da gestão dos serviços de saúde. 32 Na avaliação em saúde, a qualidade do cuidado pode ser aferida por meio da tríade estrutura (instrumentos, recursos, condições físicas e organizacionais), processo (comunicação e relação entre os serviços, os profissionais e os pacientes), e resultados (mudanças verificadas no estado de saúde dos pacientes que pudessem ser atribuídas a um cuidado prévio e indicadores relacionados ao serviços), 33 assim como mudanças relacionadas com conhecimentos e comportamentos, bem como a satisfação do usuário decorrente do cuidado prestado). 34 Neste contexto, para a consolidação do SUS, o Pacto pela Saúde propõe como responsabilidade dos municípios a organização do acesso a serviços de saúde resolutivos e de qualidade na atenção básica, viabilizando o planejamento, a Programação Pactuada e Integrada (PPI) da atenção à saúde no seu território, explicitando o compromisso e o vínculo do serviço e equipe de saúde com a população do seu território, além de organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção especializada a partir das necessidades da atenção básica, configurando a 25 rede de atenção, por meio dos processos de integração e articulação dos serviços de atenção primária com os demais níveis do sistema. 24 O principal instrumento utilizado neste estudo como parâmetro para planejamento foi a Portaria nº 1.101/GM (12 de junho de 2002) (ANEXO 1). Na elaboração destes parâmetros, foram considerados: a) os parâmetros assistenciais, reconhecidos internacionalmente, inclusive os baseados em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), para cobertura e produtividade assistencial nos países em desenvolvimento; b) as estatísticas de atendimento prestado aos usuários do SUS, e as incidências nacionais, por especialidade, dos últimos três anos; c) o número de internações hospitalares, consultas médicas, odontológicas, de enfermagem e outras, de serviços complementares, inclusive de diagnose e terapia, com base em estudos e pareceres de especialistas, parâmetros assistenciais desenvolvidos e praticados em vários Estados da Federação, estudos do Ministério da Saúde (MS), realizados com a participação de técnicos dos demais níveis de gestão do SUS e de várias instituições de saúde do país. 35 Esta Portaria normatiza como considerações preliminares, os parâmetros de cobertura assistencial do SUS, que se destina a orientar os gestores no aperfeiçoamento da gestão do SUS, oferecendo subsídios para: • analisar a necessidade da oferta de serviços assistenciais à população; • auxiliar na elaboração do Planejamento da PPI; • auxiliar no Acompanhamento, Controle, Avaliação e Auditoria dos serviços de saúde prestados no âmbito do SUS. Nesta lógica, pela melhoria das condições de atendimento, obter-se-ia uma melhoria no perfil e sistema local de saúde, e daria respostas efetivas às pessoas que buscam os serviços públicos de saúde, proporcionando maior resolubilidade possível na vigência de algum agravo à saúde. Assim, a partir da inquietação já apontada na apresentação deste estudo e reconhecida a importância dos estudos avaliativos na gestão em saúde, bem como a lacuna que ainda pode ser identificada na produção de trabalhos nessa área, esta pesquisa teve como ponto de partida as seguintes perguntas: os usuários do SUS no município de Marília estão tendo o devido acesso às especialidades para a garantia da 26 integralidade da atenção? O que nos mostram as reclamações da Ouvidoria da Secretaria de Saúde em relação às especialidades e exames? Quais as especialidades e exames que apresentam maior número reclamações? As reclamações estão relacionadas ao quadro de morbidade do Município? Qual a demanda reprimida para as especialidades e o tempo médio de espera para agendamento? As consultas ofertadas estão em consonância com os parâmetros da Portaria nº 1.101? 27 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Avaliar o acesso dos usuários do serviço público de saúde de Marília/SP, aos níveis de atenção de maior complexidade. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Identificar e analisar os dados quantitativos de reclamações de usuários na ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), de Marília/SP, referente à dificuldade ao acesso a níveis de atenção à saúde de maior complexidade. - Identificar e analisar os dados quantitativos da oferta e demanda para níveis de atenção à saúde de maior complexidade no município de Marília/SP, daquelas especialidades médicas selecionadas por terem maior número de reclamações na Ouvidoria. - Identificar e descrever a morbidade ambulatorial local, procurando correlacionar as especialidades médicas com o maior número de reclamações para aprofundamento da análise. 28 4 MÉTODO 4.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de estudo epidemiológico descritivo, transversal e retrospectivo, inserido no campo da avaliação de serviços de saúde, cujos dados foram obtidos por meio da análise de documentos e relatórios administrativos existente nos sistemas de informação em saúde do município de Marília, no ano de 2007. A epidemiologia é central para as atividades de saúde pública e incorpora-se a aplicação de estudos para controlar problemas de saúde de uma população. 36 Os estudos epidemiológicos observacionais descritivos têm por objetivo determinar a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, lugar e/ou características dos indivíduos. 37 Nos estudos transversais, a exposição e a condição de saúde são determinantes simultaneamente. Em geral, esse tipo de investigação começa com um estudo para determinar a prevalência de uma doença ou condição relacionada à saúde em uma determinada população. Nesse tipo de estudo não é possível saber se a exposição antecede ou é consequência da doença. Esse delineamento é adequado para identificar pessoas e características passíveis de intervenções (grupos vulneráveis) e gerar hipóteses etiológicas, e dentre as aplicações da epidemiologia está a avaliação de ações e programas de saúde, 37o que se enquadra na presente pesquisa. 4.2 CAMPO DO ESTUDO O campo é o recorte espacial que corresponde à abrangência, em termos empíricos, do objeto de estudo. Compreende o contexto em que se desenvolve o objeto, sendo o espaço onde serão obtidos os dados empíricos sobre o mesmo. 38 Assim o campo deste estudo é o município de Marília/SP. 29 Marília é uma cidade de médio porte, com população estimada em 218.113 habitantes no ano de 2007, situada no Centro oeste do Estado de São Paulo, a uma distância de 443 km da capital. O município é considerado pólo nacional na área alimentícia, em virtude do grande número de indústrias produtoras de balas, doces e biscoito, sendo responsável por aproximadamente 12% da produção nacional. 39, 40 O município de Marília habilitou-se na Gestão Plena do Sistema de Saúde, em junho de 1998 e de acordo com a NOB-SUS 01/96, criou o Fundo Municipal de Saúde para receber recursos que são transferidos do Fundo Nacional de Saúde passando o Conselho Municipal de Saúde (COMUS), a exercer o papel de órgão colegiado máximo. Para a União, ficou estabelecido que o financiamento do Sistema de Saúde de Marília, a partir de 2001, deveria efetuar a correção pela adição da variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). 41 O município habilitado em Gestão Plena do Sistema Municipal passa a receber os recursos para a atenção básica e especializada. Deste modo, o município de Marília, passou a ter autonomia e responsabilidades relativas à política de saúde na sua área geopolítica. Com a gestão Plena do Sistema busca-se a atenção integral à saúde da população. 41 De acordo com documentos de gestão da SMS, o modelo de atenção vem sendo gradativamente reorientado para uma transformação progressiva, com vista à implementação da ESF, norteada pelos princípios do SUS: universalidade, equidade, integralidade e acessibilidade, garantidos por ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Atualmente o município conta com 12 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 29 (USF), as quais se constituem, em suas áreas de abrangência, a porta de entrada do sistema de saúde. Cada uma das unidades de saúde é responsável pelo enfrentamento de riscos e agravos à saúde que ocorram em sua área. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) têm como tarefa identificar os problemas de saúde mais relevantes, de grupos ou indivíduos mais suscetíveis ao risco de adoecer ou morrer, podendo assim planejar e realizar ações mais adequadas para seu enfrentamento. Até 1998, a rede de atenção básica do município era composta por 17 UBS distribuídas geograficamente segundo aglomerados populacionais e constituindo-se em “Regiões de Saúde”. As UBS realizavam duas tarefas principais: 30 atendimento ambulatorial básico a todas as faixas etárias, inclusive as ações programáticas e as intercorrências e, concomitantemente, o desenvolvimento de ações de saúde coletiva. O modelo de atenção à saúde era baseado em consultas médicas individuais e de pronto-atendimento, limitadas à capacidade das UBS (porta de entrada do sistema) em resolver problemas de saúde e desenvolver atividades programadas, educação em saúde, vigilância epidemiológica, dentre outras. Nas UBS do município, apesar de terem incorporado o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), houve pouca mudança no processo de trabalho dos profissionais. As reuniões de equipe são esporádicas e nelas nem sempre é possível a participação de todos os profissionais; a carga horária de trabalho do médico e dentistas, na maioria das vezes, é parcial, dificultando maior envolvimento com a equipe e, consequentemente, com as necessidades de saúde das pessoas, famílias e comunidade. As USF do município, de maneira geral, cumprem com os requisitos mínimos necessários à sua implantação, conforme preconiza o Ministério da Saúde (MS), em relação à estrutura física; composição da equipe mínima e desenvolvimento dos programas nacionais básicos; organização do trabalho em equipe centrado nas necessidades dos usuários e discutidas em reuniões semanais e realização também de reuniões mensais com a comunidade. As agendas se organizam em torno da demanda espontânea, e consultas marcadas ao médico, dentista e enfermeiro, com visitas domiciliares aos usuários incapacitados, além de atividades grupais. Essas unidades são instaladas em áreas onde a população apresenta maior carência socio-econômica, atendendo aproximadamente 88.000 pessoas, o que representa por volta 40% da população de Marília. A gestão do município de Marília assume os hospitais, Santa Casa de Misericórdia, Maternidade Gota de Leite Humano, Hospital Universitário de Marília (UNIMAR), Hospital Espírita, Hospital São Francisco de Assis das Irmãs Alcantarinas (extinto em 2009). Sob a gestão do Estado, o município conta com o Núcleo de Gestão Assistencial (NGA), o Hospital das Clínicas de Marília (HC), o Hospital Materno-Infantil de Marília (HM), o Instituto de Olhos de Marília (IOM) e o Ambulatório Mário Covas, sendo todos estes importantes prestadores de serviço nos níveis secundário e terciário. Além disso, o município conta com prestadores de 31 serviços particulares e conveniados, principalmente no caso de exames, utilizados de acordo com critérios legais de contratação. Os encaminhamentos para as especialidades médicas e solicitação de exames são gerados, na sua grande maioria, nas consultas realizadas na Atenção Básica de Saúde (ABS), e nos 62 municípios do DRS IX, salvo em casos realizados internamente por estes hospitais e ambulatórios. Esses encaminhamentos são regulados pelo Setor da Divisão de Avaliação, Controle e Auditoria (DACA) da SMS, o qual tem a responsabilidade de controlar os recursos financeiros empregados e avaliar a qualidade do serviço prestado. A Central de Vagas e a Ouvidoria estão ligadas diretamente a essa Divisão. Em âmbito nacional, o Departamento de Ouvidoria Geral do Sistema Único de Saúde foi criado por meio do Decreto nº 4.726, em 09 de junho de 2003, e compõe a estrutura do MS como parte integrante da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. A Ouvidoria Geral do SUS é um canal de articulação entre o cidadão que exerce seu papel no controle social e a gestão pública de saúde, com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo SUS. Entre suas atribuições estão: receber as solicitações, reclamações, denúncias, elogios e sugestões encaminhadas pelos cidadãos e levá-las ao conhecimento dos órgãos competentes. 42 O seu papel está intimamente relacionado com o acesso à saúde, já que articula as informações recebidas para os serviços, que procuram realizar a resolução dos problemas por meio das necessidades apontadas por este Setor. A SMS de Marília conta desde 2005, com a Ouvidoria, e está diretamente ligada ao Setor da DACA, como um canal de comunicação do usuário com o serviço de saúde que ele financia. A Ouvidoria do município tem três funcionários no processo de atendimento ao município, sendo dois atendentes e um supervisor, que passaram por processo de capacitação para a função. Acolhem a população, na sua grande maioria, por telefone e também pessoalmente preenchem manualmente uma ficha (ANEXO 2), que posteriormente é digitada e após o visto da Coordenação da Atenção Básica (CAB), a mesma é entregue para as equipes das unidades de saúde responderem, sempre em busca da maior resolubilidade possível no caso de reclamações, procurando fornecer uma devolutiva ao usuário reclamante. Esta ficha com a resposta do ocorrido retorna para a mesma coordenação, que realiza avaliação do caso e arquivo no setor de Ouvidoria. 32 A Central de Vagas é o setor onde acontecem os agendamentos eletivos dos usuários por meio de profissionais que trabalham no sistema de “telemarketing”, os quais são responsáveis pelo contato junto ao prestador contratado e as unidades de saúde de atenção básica, assim como os serviços de saúde que possuem demanda para ser agendada. No primeiro momento, este Setor recebe todas as ofertas de serviços desses prestadores contratados, mediante a um teto limite, ligado diretamente ao quanto se investe financeiramente nestes prestadores, e ao que foi pactuado na Programação Pactuada Integrada (PPI). A PPI é uma estratégia do MS, implantada no Estado de São Paulo (SP) no final de 2007, onde ocorre uma complexa rede de negociação entre Estado, municípios e serviços, com o objetivo maior de aumentar o acesso do usuário de maneira igualitária. O gestor tem o compromisso de atender os usuários de municípios menores, que não possuem essa estrutura de atendimento de maior complexidade, pois o recurso financeiro destes municípios está, no caso, sob a responsabilidade do gestor do município de Marília. No segundo momento, a Central de Vagas, por meio de coeficientes de população e atendimentos realizados, e do que foi acordado com os outros municípios por meio da PPI, divide a oferta de serviços entre as unidades de saúde, que promoverão uma avaliação interna de “seus” encaminhamentos, priorizando as necessidades dos usuários, para que possam ser agendadas as consultas e exames, respeitando as cotas para cada especialidade e exame. Para esta pesquisa utilizamos a Portaria nº 1.101 como parâmetro adotado para a PPI na realização de comparações. 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Os dados relativos ao acesso dos níveis de atenção à saúde de maior complexidade, segundo a Ouvidoria (ANEXO 3), foram coletados a partir do arquivo de fichas digitadas por este Setor, e que contém dados como motivo da reclamação, tipo de unidade de origem (UBS ou UBS), meses de ocorrência (bimestral), especialidades médicas por frequência de reclamação, exames por frequência de 33 reclamação, acesso à consulta e/ou exame após a reclamação, tipo de reclamação (relacionada ao serviço, atendimento, e resolubilidade), devolutiva ao usuário e avaliação da CAB. Os dados relacionados a especialidades e exames foram coletados seguindo-se um roteiro previamente estabelecido (ANEXO 4): são referentes a Marília e outros municípios da DRS IX sobre: o número de casos novos, o número da demanda reprimida, agendados por ano, número de pessoas que continuam à espera e o tempo médio para suprir a demanda, cujos dados informatizados foram obtidos por meio da Central de Vagas. Foram realizados cálculos, para obter os dados sobre o número de novos casos, o tempo médio para suprir a demanda, e o número de pessoas que continuam à espera, contei com o auxílio de um profissional da área de Bioestatística e Exatas, O termo demanda tem o sentido de ir à busca de um bem ou serviço de saúde, relacionada tanto com a necessidade como com a oferta. É a necessidade que se transforma em ação. 5 A demanda em potencial é o mesmo que necessidade e demanda reprimida como uma necessidade reconhecida que não chega a ser transformada em procura por atendimento, pois esse é julgado não disponível. 43 Essa necessidade não satisfeita, de não procurar os serviços de saúde, mesmo julgando necessário, pode ser utilizado para verificar e possibilitar intervenções quanto à melhoria do acesso, mas, em geral, no âmbito dos serviços de saúde, apenas a demanda que procurou o serviço e não foi atendida é considerada como demanda reprimida o que, subestima a real magnitude do problema de acesso. Os inquéritos populacionais permitem a identificação de demandas potenciais que não chegam às portas dos serviços e que podem traduzir desigualdades e exclusões, ou seja, pode relacionar com maior pertinência a chamada necessidade, acesso, demanda, oferta e utilização de serviços de saúde. 5 4.4 DEFINIÇÃO DA AMOSTRAGEM A seleção dos dados da Ouvidoria foi um recorte do período de janeiro a dezembro de 2007. Para amostragem, utilizaram-se dados das fichas de reclamações 34 advindas da atenção primária: UBS e USF, referente ao acesso aos níveis de atenção secundário e terciário: ambulatórios de especialidade, e hospitais. Foram selecionadas para este estudo as especialidades com número de reclamação maior que dez, e exames com número de reclamação maior que cinco, além disso, incluímos o número de “outros” para podermos ter idéia de proporção. Para o levantamento da morbidade no ano de 2007, a fonte foi o SIAL, que é um importante instrumento veiculado pelo Ministério da Saúde, que permite a gestão dos serviços e garante a possibilidade de verificar a produção de atendimento à saúde de toda equipe, para recebimento de recursos financeiros. Este sistema contém as morbidades atendidas pelos médicos da atenção básica, que depois de digitado em cada unidade de saúde é enviado a SMS mensalmente, e esta realiza digitação do condensado destes dados enviados pelas UBS e USF. 4.5 PROCEDIMENTOS DA COLETA DE DADOS Para coleta dos dados, a partir de contato telefônico com o Chefe da Central de Vagas foi agendada reunião, com explicação detalhada sobre os dados arquivados pelo sistema de regulação do ano de 2007. Os registros impressos neste sistema são referentes ao número total da demanda por mês para especialidades médicas e exames, de Marília e outros municípios do DRS IX (não havia dados separados da demanda de Marília com relação aos outros municípios); e o número total de agendados por mês destas mesmas variáveis, de Marília e outros municípios do DRS IX (já estes dados, foram encontrados tanto juntos como separados, ou seja, o total de agendados de Marília desmembrados do total de agendados dos outros municípios deste DRS, mas para coerência dos cálculos deste quadro (ANEXO 4 - Quadros 1 e 2) foi utilizado o total de agendados de Marília e outros municípios). É importante esclarecer que os dados da demanda de especialidades e exames do município de Marília e outros municípios do DRS, estavam separados por prestadora SUS por mês, então, para obtenção do total da demanda, foi necessário que se somasse o total de demandas por mês das diversas prestadoras. Posteriormente, foram realizados mais dois encontros na 35 Central de Vagas para esclarecimentos de dúvidas, que foram sanadas pelo Chefe deste Setor. Os dados do SIAL (Sistema de Informação Ambulatorial Local) foram obtidos por meio de contato telefônico pela responsável do Núcleo de Informações da SMS, que forneceu dados informatizados sobre este sistema, que registraram as morbidades atendidas na atenção básica no ano de 2007. A coleta de dados referentes às reclamações da Ouvidoria da SMS foi realizada por uma colaboradora enfermeira treinada pela pesquisadora, totalizando 906 reclamações. Como estes dados não são informatizados, realizou-se a contagem sistemática das fichas de digitadas de atendimento sobre o número total das reclamações de usuários no que se refere às dificuldades encontradas no acesso aos níveis de atenção de maior complexidade. Além disso, quando houvesse alguma reclamação que não se limitasse apenas à demanda reprimida solicitando priorização do encaminhamento/exame, foi realizada descrição resumida do caso, que após foi codificada em “atendimento ruim, e não resolubilidade do problema”. As informações com relação aos outros tipos de reclamação como mau atendimento na Atenção Básica e falta de medicamentos, já possuíam registro pronto na Ouvidoria, porém ao separar estas reclamações, seguindo estas duas variáveis, chegou-se ao número e porcentagem diferentes do que consta em registro deste Setor. Para garantir a fidedignidade dos resultados, a checagem dos dados foi realizada pela autora, considerando-se três meses aleatórios, e comparando-se com o levantamento realizado pela colaboradora, havendo coerência entre ambas. 4.6 ANÁLISE DOS DADOS Para análise dos dados utilizou-se estatística descritiva, que fornece um perfil das características do grupo estudado e da distribuição dos eventos neste grupo. 44 Depois de coletadas todas as informações quantitativas necessárias ao desenvolvimento da análise, o primeiro passo a seguir é: 44 36 a) a reunião de todo o material a ser processado; assim sendo contou-se com os dados da Ouvidoria, especialidades médicas e exames; b) sistematização das informações coletadas (codificação, digitação e correção). Os dados codificados manualmente em planilha foram digitados no Programa Excel ®, permitindo realizar cálculos, que foram confirmados após a digitação dupla. Houve análise de 529 fichas da Ouvidoria sobre este assunto, mas por presença de reclamação dupla em 15 fichas, houve um total de 544 reclamações advindas da atenção primária, por representar praticamente a totalidade das reclamações realizadas na Ouvidoria. Nas fichas de Ouvidoria há itens referentes à conclusão de todo o processo de reclamação, com o parecer da CAB informando se a queixa é procedente, ou não, isto é, se a pessoa reclamante tem coerência ou não na reclamação realizada, e a partir daí ocorre o andamento na resolução do problema com a equipe de saúde da atenção primária e demais instituições ligadas a ela. Pode ocorrer também processo de sindicância, porém em 2007 não foi registrado nenhum caso. É preciso destacar que a Coordenação em 45,4% das reclamações, não preencheu o campo “conclusão” das fichas. É importante relatar que antes da conclusão final da Coordenação tem também a avaliação da equipe de saúde da USF ou UBS, que responde na própria ficha (ANEXO 2), as condutas tomadas referente à reclamação, para após estes gestores avaliarem de forma concreta. A análise das variáveis especialidades médicas e exames: (1) número de novos casos, (2) número de pessoas que continuam à espera, e (3) cálculo do tempo médio para suprir/atender a demanda, foram obtidos da seguinte maneira: 4.6.1 Método proposto para os cálculos Fórmula 1 – Cálculo do número de novos casos surgidos nas especialidades/exames, para Marília e outros municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde (DRS) IX. Marília, 2007 37 Número de novos casos no mês = Número da demanda reprimida de Marília e Outros Municípios do mês - Número de pessoas que continuam à espera de Marília e outros Municípios do mês anterior ao que se calcula. Este cálculo define o número de novos casos surgidos, e, para chegar ao resultado anual de novos casos apresentado na tabela, foi aplicada mês a mês a fórmula acima. Como para o mês de janeiro não há levantamento de pessoas em espera em dezembro do ano anterior, o cálculo é efetuado a partir do mês de fevereiro. Assim, tem-se que o número total de novos casos para Marília e outros municípios no ano, é a soma dos resultados dos cálculos aplicados em todos os meses, exceto o de janeiro, como explicado anteriormente. Fórmula 2 – Cálculo do número de pessoas que continuam à espera da especialidade/exame para Marília e outros municípios pertencentes ao DRS IX. Marília, 2007 Número de pessoas que continuam à espera = Número da demanda reprimida de Marília e outros municípios no mês - Número de agendados em Marília e outros municípios no mês Este cálculo define quantas pessoas continuam à espera no final de um ano, após todos os atendimentos efetuados para diminuição da demanda reprimida. Para chegar ao número final, para todos os 12 meses faz-se o cálculo mês a mês, utilizando-se do resultado obtido no mês de dezembro. Fórmula 3 – Cálculo do tempo médio para suprir/atender a demanda reprimida nas especialidades/exame, de Marília e outros municípios pertencentes ao DRS IX. Marília, 2007. Este tempo a ser calculado refere-se à média de tempo necessário para atender a toda demanda reprimida, para o ano de 2007 para Marília e Outros 38 municípios para uma determinada especialidade/exame, e, para tanto, divide-se em dois cálculos necessários, visto abaixo: 3 a - Cálculo do tempo médio para suprir/atender à demanda reprimida mensal para Marília e outros municípios ao DRS IX. Tempo da demanda do mês = Número da demanda reprimida de Marília e outros Municípios no mês / Número total de agendados de Marília e Outros Municípios no mês Unidade do resultado: meses e/ou dias* 3 b - Cálculo do tempo médio para suprir/atender a demanda no ano para Marília e outros municípios ao DRS IX: Tempo médio da demanda = Soma de todos os tempos de demanda calculados para cada mês do ano, usando a fórmula (3a), dividido por 12 meses. Unidade do resultado: meses e/ou dias* No ANEXO 5 há um exemplo na especialidade de neurologia para melhor compreensão do cálculo. *Vale salientar que o tempo representativo em número de dias foi considerado que o mês, de uma forma geral, tenha um número de 30 dias, e o ano de 365 dias. De acordo com a Portaria nº 1.101, a construção dos parâmetros de cobertura assistencial foi calculada com base na população, enquanto outros se derivaram de um procedimento ou ato profissional. 35 A seguir alguns cálculos utilizados na pesquisa: Fórmula 4 – Cálculo das consultas médicas, de acordo com os parâmetros de cobertura assistencial ambulatorial: DESCRIÇÃO DAS AÇÕES PARÂMETROS GRUPOS/TAB/SIA/SUS Consultas Médicas (Total) 2 a 3 por hab./ano Parte dos Grupos - 2 e 7 39 Fórmula para o cálculo: T. A. = População x Parâmetro de Atendimento Legenda: T.A: Total da Ação (consulta médica) * O total de consultas médicas, divide-se entre outras em: Consultas Médica Básicas – 62,7% do total de consultas programadas. Consultas Médicas Especializadas – 22,3% do total de consultas programadas. Exemplo para cálculo: População Total x 2 consultas/hab./ano = X (X é, portanto, o total de consultas médicas previstas), sendo: 62,7% de X = consultas básicas (Clínica Médica + Ginecologia + Obstetrícias + Pediatria); 22,3% de X = consultas especializadas. Para a análise quantitativa das especialidades médicas, foram comparados os parâmetros assistenciais do SUS, com os dados obtidos do número de consultas médicas para especialidade realizadas anualmente, para verificar se são atendidos os parâmetros previstos pela Portaria nº 1.101, do MS, Brasil (2002); 35 que se dividem em: a) Parâmetros de Cobertura - são aqueles destinados a estimar as necessidades de atendimento a uma determinada população, em um determinado período, previamente estabelecido. b) Parâmetros de Produtividade - são aqueles destinados a estimar a capacidade de produção dos recursos, equipamentos e serviços de assistência à saúde, sejam eles, humanos, materiais ou físicos. Os parâmetros de cobertura assistencial ambulatorial tiveram como base, a Tabela do Sistema de Informações Ambulatoriais – SIA-SUS (Grupos de Procedimentos) Na análise quantitativa referente à Portaria nº 1.101 utilizou-se a população de Marília do ano de 2007, já que os dados desta pesquisa são referentes a este ano. 40 • Parâmetros para o cálculo: Especialidades médicas População de Marília/SP: 218.113 habitantes (hab) Parâmetro de cobertura assistencial: de duas (2) a três (3) consultas hab/ano. Optou-se pelo uso de dois valores para melhor análise, sendo: * 2 consultas/hab./ano, a cobertura mínima; e * 3 consultas/hab./ano, a cobertura máxima. Calcularam-se as consultas médicas especializadas previstas: 22,3% do total de consultas médicas esperadas/previstas. Fórmula 5 – Cálculo de consultas médicas previstas para as especialidades: Total de consultas médicas especializadas esperadas/previstas = Total de consultas médicas x 22,3% Com relação aos exames não foi possível o cálculo, uma vez que os parâmetros da Portaria nº 1.101 limitam-se apenas a alguns exames a partir das consultas em especialidades. Ex: o número de eletroencefalograma é determinado a partir do número de consultas médicas em neurologia. 4.7 ASPECTOS ÉTICOS Os dados foram coletados com autorização do Secretário Municipal de Saúde de Marília, por meio da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Além disso, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da 41 Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA) em 31/03/2008, protocolado sob nº 104/08, (ANEXO 6). 42 5 RESULTADOS Para análise do acesso aos níveis atenção de maior complexidade, utilizaram-se informações referentes aos dados da Ouvidoria, da Central de Vagas, e do Núcleo de Informações. 5.1 OUVIDORIA Tabela 1 – Dados da ouvidoria referentes às reclamações por dificuldades de acesso aos níveis de atenção à saúde de maior complexidade. Marília, 2007 VARIÁVEIS Número % ____________________________________________________________________ a) Motivo da Reclamação Demanda reprimida a consultas médicas em especialidades 433 47,8 Mau atendimento da Atenção Básica 199 22,0 Falta de medicamentos 163 18,0 Demanda reprimida a exames 111 12,2 Total 906 100,0 ____________________________________________________________________ b) Origem da Reclamação UBS 328 62,0 USF 201 38,0 Total 529 100,0 População de Marília: 218.113 Número da População Atendida: UBS = 137.848 (63,2%), USF= 80.265 (36,8%) (CONTINUA) 43 (CONTINUAÇÃO) VARIÁVEIS Número % ____________________________________________________________________ c) Meses de Ocorrência Janeiro/fevereiro 83 15,7 Março/abril 100 18,9 Maio/junho 88 16,6 Julho/agosto 74 14,0 Setembro/outubro 116 21,9 Novembro/dezembro 68 12,9 Total 529 100,0 ____________________________________________________________________ d) Especialidades médicas por frequência de reclamação Ortopedia 110 25,4 Oftalmologia 98 22,6 Cirurgia Geral 39 9,0 Otorrinolaringologista 37 8,5 Urologia 24 5,6 Psiquiatria 19 4,4 Cirurgia Vascular 16 3,7 Gastroenterologia 15 3,5 Cardiologia 13 3,0 Ginecologia 13 3,0 Reumatologia 12 2,8 Neurologia 11 2,5 Dermatologia 10 2,3 Outras* 16 3,7 Total 433 100,0 *Inclui: Cabeça e pescoço (1), Endocrinologia (1), Pneumologia (3), Hematologia (3), Pequena Cirurgia (3), Proctologia (5). *As outras especialidades não serão analisadas quanto à demanda reprimida, pois para este fim foram selecionadas aquelas com dez reclamações ou mais. 44 (CONTINUAÇÃO) VARIÁVEIS Número % ____________________________________________________________________ e) Exames por frequência de reclamação Ultrassonografia 53 47,8 Raio-X 15 13,5 Eletroencefalograma 11 9,9 Endoscopia 7 6,3 Mamografia 5 4,5 Outros ** 20 18,0 Total 111 100,0 **Inclui: Eletrocardiograma (4), Ressonância magnética (3), Tomografia (3), Urografia (2), Audiometria (2), Densitometria óssea (1), Eletroneuromiografia (1), Enema opaco (1), Ecocardiograma (1), Ecodopler (1), Teste ergométrico (1). __________________________________________________________________________________ f) Acesso após reclamação Sim 351 66,4 Não 142 26,8 Não corresponde (agendado antes da queixa chegar à unidade) 36 6,8 Total 529 100,0 g) Tipo de reclamação Atendimento ruim 3 0,6 Dificuldade de acesso à especialidade 427 78,4 Dificuldade de acesso a exames 111 20,4 Não houve resolubilidade do problema 3 0,6 Total 544 100,0 45 (CONTINUAÇÃO) VARIÁVEIS Número % ____________________________________________________________________ h) Devolutiva ao usuário Sim 365 69,0 Não 164 31,0 Total 529 100,0 i) Avaliação da Atenção Básica Procede em andamento 42 7,9 Procede encerrado 126 23,8 Não procede encerrado 121 22,9 Sem informação 240 45,4 Total 529 100,0 A Tabela 1 demonstra que: a) Tabela que representa o motivo da reclamação na Ouvidoria. Do total, 60% das reclamações são referentes à demanda reprimida em especialidades médicas e exames diagnósticos, assim como outras queixas relacionadas a esta problemática; houve análise de 529 fichas da Ouvidoria sobre este assunto, porém pela presença de reclamação dupla em 15 fichas, houve um total de 544 reclamações. O mau atendimento nos atendimentos à saúde da atenção primária representa 22%, já que as outras queixas referentes à atenção secundária e terciária estão incluídas no item demanda reprimida, e 18% são referentes à falta de medicamentos. b) Tabela que representa o tipo de unidade de origem das reclamações. A análise evidencia que a maior parte das reclamações dos usuários da atenção básica com relação ao acesso aos níveis de atenção secundário e terciário, são advindas das UBS (62%) das reclamações, e 38% são geradas pelos usuários pertencentes à área de abrangência da USF. 46 c) Tabela que representa os números de reclamações por meses de ocorrência. Nas reclamações realizadas por bimestre, os meses de setembro e outubro destacaram-se com 21,9% das reclamações. Em contra-partida os meses de novembro e dezembro tiveram a menor porcentagem, com valor de 12,9%. Nos outros bimestres houve variação entre 14% a 18,9%. d) Tabela que representa especialidades médicas por frequência de reclamação. Do número total das reclamações referentes às dificuldades de acesso a todas as especialidades médicas, segundo a Ouvidoria, destacaram-se a Ortopedia e a Oftalmologia, com valores de 110 e 98 reclamações, respectivamente, seguidas da cirurgia geral com 39 reclamações, compreendendo cirurgias de hérnia/colecistectomia, plástica, pediátrica, fígado/hepatite e proctologia, e a otorrinolaringologia com 37 reclamações. Destacaram-se com menores números de reclamações, as especialidades de cabeça e pescoço, e endocrinologia, apenas uma reclamação para cada. e) Tabela que representa exames por frequência de reclamação. Do número total de todas as reclamações referentes à dificuldade de acesso a exames diagnósticos, a Ultrassonografia (USG) é o exame que possui maior número de reclamações (53), seguido pelo o Raio-X ósseo (15) – exceto os odontológicos, e por último, com menor número de reclamações com apenas um em cada exame. Tem-se o ecodopler, o ecocardiograma, o enema opaco, a densitometria óssea, entre outros. f) Tabela que representa o acesso à consulta ou exame após a reclamação do usuário. Após a leitura da ficha de reclamação da Ouvidoria contendo a avaliação das equipes de saúde (geralmente preenchidas pelas enfermeiras, e médicos, no caso das USF), e dos coordenadores da atenção básica, constatou-se que em 66,4%, a reclamação do usuário facilitou seu acesso às especialidades médicas e exames. Para 26,8% dos casos, parece que não facilitou, pois pelas respostas lidas o usuário não teve acesso aos serviços de maior complexidade após a reclamação na Ouvidoria, e parece que seu problema não foi resolvido. Do restante, representando 6,8% do total, o usuário já estava agendado, e no trâmite da chegada da ficha da Ouvidoria originada na SMHS pela Ouvidoria até a unidade de saúde, o usuário já havia sido agendado na especialidade médica ou exame diagnóstico. 47 g) Tabela representando o tipo de reclamação. Do total de casos, 78,4% das reclamações realizadas na Ouvidoria sobre a dificuldade de acesso a especialidades são com relação ao pedido de priorização dos atendimentos nas especialidades médicas e 20,4% também com pedido de priorização de exames diagnósticos. Ressalta-se, neste caso que 98,8% das reclamações decorrem da busca por consulta/exame e só 1,2% decorrem de falta de resolubilidade ou má qualidade do atendimento. Entre as reclamações de mau atendimento, destaca-se um caso em que a usuária sentiu-se destratada pelo médico. Quanto à falta de resolubilidade, a queixa estava relacionada à solicitação de agendamento de nova consulta com outro especialista, além de um caso em que o médico faltou no dia agendado, deixando a usuária sem atendimento. h) Tabela que representa a devolutiva ao usuário. Como foi explicado anteriormente, geralmente quem realiza a devolutiva para o usuário reclamante é a unidade de saúde da atenção primária, e algumas vezes os funcionários da própria ouvidoria, via telefone ou pessoalmente, caso o usuário procure este setor após a reclamação. Na atenção básica, a devolutiva pode ser feita pela visita domiciliária de algum integrante da equipe, geralmente o Agente Comunitário de Saúde (ACS), ou durante consulta médica ou de enfermagem na UBS ou USF. A análise apontou que 69% dos usuários obtiveram devolutiva de sua reclamação, e 31% não obtiveram resposta. i) Tabela que representa a avaliação da Coordenação da Atenção Básica (CAB). Houve apenas um caso em que a queixa não procedia, e que ainda estava em andamento do processo para devolutiva ao usuário, não chegando a 1% dos casos. O que destaca neste item é a ausência de conclusão da CAB, visto que em 45,4% não constavam esta informação. Assim conclui-se que 31,7% das reclamações procediam, e após retornarem à CAB tinham sido resolvidas e arquivadas, ou seja encerradas (23,8%) ou estavam em andamento (7,9%). Ressalta-se que estes dados estão relacionados ao ano de 2007, tendo sido coletados no final de 2008, evidenciando demora na finalização do caso. 5.2 CENTRAL DE VAGAS 48 Quadro 1 – Variáveis relativas à demanda de especialidades médicas de Marília e outros municípios do DRS IX. Marília, 2007 Especialidades Número de novos casos Marília e Outros Municípios no ano de 2007 Demanda Reprimida para Marília e Outros Municípios (dezembro) no ano de 2007 Número de agendados Marilia (População 218.113) e Outros Municípios (População 1.092.280) no ano de 2007 Número de pessoas que continuam à Espera Marília e Outros Municípios (dezembro) no ano de 2007 Tempo Médio para suprir a demanda de Marília e Outros Municípios no ano de 2007 Ortopedia 4071 9080 4386 8903 27meses Oftalmologia 15235 6197 16036 5272 4 meses e 16 dias Cirurgia Geral* 2212 3221 1367 3119 24 meses e 29 dias Otorrinolaringologista 5146 4697 5755 4525 10 meses e 20 dias Urologia 3414 1641 3314 1426 5 meses e 9 dias Psiquiatria 1485 2265 1402 2161 17 meses e 20 dias Cirurgia Vascular 2381 1913 1899 1817 10 meses e 28 dias Gastroenterologia 2156 1555 2018 1517 10 meses e 26 dias Cardiologia 3097 356 3499 196 1 mês e 9 dias Ginecologia 1354 595 1380 494 5 meses e 16 dias Reumatologia 630 1670 559 1640 28 meses e 15 dias Neurologia 5263 2949 4080 2681 4 meses e 27 dias Dermatologia 4300 2230 4870 1939 5 meses e 25 dias *Inclui: Hérnia/Colecistectomia, Cirurgia Plástica, Cirurgia Pediátrica, Fígado, Hepatite, Proctologia. 49 No Quadro 1 observa-se: Do número total de novos casos para Marília e Outros municípios, isto é número de novos encaminhamentos realizados pela Atenção Básica, as especialidades que tiveram maior número foram a Oftalmologia (15235), a Neurologia (5263), e a Otorrinolaringologia (5146); e com menor nº foram a Reumatologia (630), a Ginecologia (1354), e a Psiquiatria (1485). As especialidades com maior número de demanda reprimida para Marília e outros municípios da região de Marília no mês de dezembro, respectivamente são: a Ortopedia (9080), a Oftalmologia (6197), e a Otorrinolaringologia (4697). As reclamações na Ouvidoria seguem a mesma seqüência decrescente, com exceção da especialidade da Cirurgia Geral (3221), que ocupa o 3º lugar com relação às reclamações, e no caso possui menor demanda reprimida que a Otorrinolaringologia. Quanto ao número total de agendados de Marília e Outros municípios no ano de 2007, verifica-se que o maior número de agendados no geral foi a especialidade de Oftalmologia (16036), a Otorrinolaringologia (5755), e a Dermatologia (4870), e com menor número de agendados tivemos as especialidades de Reumatologia (559), a Cirurgia Geral (1367) e a Ginecologia (1380). Destacou-se com maior número de pessoas que continuam à espera para Marília e Outros Municípios a especialidade de Ortopedia (8903), a Oftalmologia (5272), e a Otorrinolaringologista (4525); com menor número de pessoas que continuam à espera estão as especialidades de Cardiologia (196), Ginecologia (494) e a Urologia (1426). Apresentaram-se com maior tempo médio para suprir a demanda reprimida para Marília e Outros municípios em uma média mensal no ano de 2007, a especialidade de Reumatologia (28 meses e 15 dias), a Ortopedia (27 meses), e a Cirurgia Geral (24 meses e 29 dias); com menor tempo para suprir a demanda reprimida de espera houve a especialidade de Cardiologia (um mês e nove dias), a Oftalmologia (quatro meses e 16 dias), e a Neurologia (quatro meses e 27 dias). 50 Quadro 2 – Variáveis relativas à demanda de exames complementares de Marília. e outros municípios do DRS IX. Marília, 2007 Exames Número de novos casos Marília e Outros Municípios no ano de 2007 Demanda reprimida Marília e Outros Municípios (dezembro) no ano de 2007 Número de agendados Marilia (População 218.113) e Outros Municípios (População 1.092.280) em 2007 Número de pessoas que continuam na Espera Marília e Outros Municípios (Dezembro) no ano de 2007 Tempo Médio para suprir a demanda de Marília e Outros Municípios no ano de 2007 Mamografia 8180 1922 7744 1379 2 meses e 19 dias Endoscopia* 558 3471 479 3423 7 anos e 1 mês Eletroencefalograma (EEG) 2127 4319 2147 4155 23 meses e 12 dias Raio-X** 4731 445 18829 0 8 dias Ultrassonografia*** (USG) 6836 8452 6719 8014 15 meses e 21 dias * Inclui: Endoscopia: digestiva, adulto, Infantil; ** Inclui: Raio-X: ósseo, crânio, seios da face, coluna, abdome e tórax; *** Inclui: Endoscopia=Ecografia: Partes moles, obstétrico, pélvico, transretal sem biópsia, transvaginal, testículo, duplex, mama, tireoide, com Doppler membros superiores (MMSS), Duplex Scan carótidas, Duplex Scan Venoso membros inferiores (MMII), Dopler rins, artérias renais, Morfológico, Transfontanela, Parótidas, a especificar e Infantil. No quadro 2, observa-se: Do número total de novos casos para Marília e Outros municípios para o ano de 2007, os exames de maior expressividade foram a Mamografia (8180) e a USG (6836); com menor número foram Endoscopia (558) e EEG (2127). Os exames com maior número de demanda reprimida para Marília e outros municípios da região de Marília, respectivamente são: a USG (8452) e o EEG (4319). Os menores valores de demanda reprimida ficaram com os exames de Raio-X (445) e Mamografia (1922). No que se refere ao número de agendados de Marília e Outros municípios, registra-se que o maior número de agendados no geral foi no exame de Raio-X (18829) e Mamografia (7744), e com menores agendamentos os exames de Endoscopia (479) e EEG (2147). 51 Os exames com maior número de pessoas que continuam à espera para Marília e Outros Municípios foram os exames de USG (8014) e EEG (4155); com menor número de pessoas que continuam à espera estão os exames de Raio-X com nenhuma pendência e o de Mamografia (1379). Os agendados às vezes superam a demanda como é o caso do Raio-X, pois é feito contato da Unidade com a Central de Vagas, e realiza-se o agendamento de pacientes que apareceram até aquele momento. Apresentou-se com maior tempo médio necessário para suprir a demanda de Marília e Outros municípios o exame de Endoscopia (sete anos e um mês) e EEG (23 meses e 12 dias); com menor tempo para suprir a demanda obtiveram-se os exames de Raio-X (oito dias) e Mamografia (dois meses e 19 dias). 5.3 NÚCLEO DE INFORMAÇÕES (NI) Tabela 2 – Dados do NI referentes às morbidades obtidas no SIAL (ANEXO 6), de acordo com os atendimentos médicos da Atenção Básica de Saúde (ABS). Marília, 2007 Morbidades Número % Fatores Outros de Atendimento*** 89.987 23,0 D. Aparelho Respiratório 62.657 16,0 D.Aparelho Circulatório 44.947 12,0 Sintomas e Sinais Mal Definidos 24.953 7,0 Aparelho Geniturinário 24.059 6,0 D. Sistema Osteomuscular 23.767 6,0 D.Aparelho Digestivo 20.593 5,0 D. Infecto Parasitária 20.085 5,0 D.Glandulares Endócrinas/Nutricionais/ Metabólicas 16.819 4,0 Transtornos Mentais 16.040 4,0 D. do Olho e Ouvido 11.786 3,0 (CONTINUA) 52 (CONTINUAÇÃO) Morbidades Número % D. Pele e Tecido Cel. Subcutâneo 10.792 3,0 Lesões e envenenamento (traumas) 10.207 3,0 D.Sistema Nervoso 6.682 2,0 D. Sanguíneas e Órgãos Hematopoiéticos 3.247 1,0 Total 386.621 100,0 ***Inclui: exame médico geral (fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde, para exame e investigação; pessoas com circunstâncias relacionadas à reprodução, com riscos potenciais à saúde relacionados com doenças transmissíveis, e para cuidados e assistência à saúde específica. Ex: atendimento à criança, adolescente, exames de rotina (CID-10, 2007). A Tabela 2 mostra que 23% dos atendimentos correspondem a fatores outros de atendimento, e 7% são referentes a sintomas e sinais mal definidos, 16% são doenças do aparelho respiratório, 12% do aparelho circulatório, 6% correspondem as doenças do aparelho geniturinário e doenças do sistema osteomuscular, 5% são atendimentos de doenças do aparelho digestório e infecto parasitária, 4% são doenças metabólicas, seguida de transtornos mentais, 3% correspondem a doenças do olho e ouvido e doenças de pele, assim como lesões e envenenamentos (traumas), 2% são doenças do sistema nervoso, 1% ficam por conta das doenças sanguíneas e órgãos hematopoiéticos. 53 Quadro 3 – Análise do número total de agendados de Marília, no atendimento às variáveis conforme Portaria 1.101 do Ministério da Saúde (MS), dos parâmetros mínimo (2) e máximo (3) de consultas especializadas/hab/ano, segundo as especialidades médicas. Marília, 2007 Especialidades Po pu la çã o Pa râ m et ro s (M ín . | M áx .) T A PC M (% ) N T C (M ín . | M áx .) PC R (% ) (NCR) Número de consultas ideal (Mín. | Máx.) (NTA) Total de agendamentos no ano (PC) Cobertura (Mín.|Máx.) (%) Ortopedia 2,9 2821|4232 2499 -11,4|-40,9 Oftalmologia 2,8 2724|4086 11240 312,6|175,1 Cirurgia Geral 2,3 2237 | 3356 861 -61,5| -74,3 Otorrinolaringologista 1,5 1459 | 2189 2804 92,2 | 28,1 Urologia 0,9 876 | 1313 1773 102,4|35,0 Psiquiatria 2,2 2140|3210 1050 -50,9 | -67,3 Cirurgia Vascular 0,2 195 | 292 1541 690,3 | 427,7 Gastroenterologia 0,7 681 | 1021 1157 69,9 |13,3 Cardiologia 2 1946 | 2918 1741 -10,5|-40,3 Reumatologia 0,4 389 | 584 359 -7,7 | -38,5 Neurologia 1,2 1167 | 1751 2181 86,9 | 24,6 Dermatologia 22 ,3 97 .2 78 | 1 45 .9 18 1,1 1070 | 1605 3291 207,6|105 Ginecologia* 21 8. 11 3 2 | 3 43 6. 22 6 | 6 54 .3 39 62 ,7 27 3. 51 4 | 41 0. 27 1 0, 93 75 2564|3846 610** -76,2|-84,1 *A especialidade Ginecologia se refere à consulta médica básica. Portanto, utiliza-se de PCM de 62,7% para o cálculo. **Vale ressaltar que boa parte das consultas são realizadas nas UBS e USF, portanto esse número de consultas refere-se apenas ao atendimento dos casos referenciados pela rede básica. Siglas: TA – Total da Ação PCM – Porcentagem para consultas médicas (especializadas ou consultas básicas) NTC – Número Total de Consultas PCR – Porcentagem de consultas recomendadas para uma especialidade NCR – Número de Consultas Anuais Recomendadas para a especialidade NTA - Número total de agendamentos no ano para determinada especialidade PC – Porcentagem de cobertura, quando da comparação entre as consultas anuais recomendadas (NCR), conforme a portaria 1.101, e as efetivamente realizadas durante o ano. 54 5.4 FÓRMULAS UTILIZADAS PARA OS CÁLCULOS DE CONSULTAS MÉDICAS ESPECIALIZADAS População: população da cidade de Marília, no ano de 2007, com valor de 218.113 habitantes. Parâmetro de cobertura assistencial = valor que varia de 2 a 3 consultas/habitantes/ano, conforme a Portaria nº 1.101. T.A = População (habitantes) x Parâmetro de cobertura assistencial (habitantes/ano) PCM = valor fixado em 22,3% para consultas médicas especializadas e 62,7% para consultas básicas, conforme a portaria nº 1.101. NTC = (PCM x T.A) / 100 PCR= valor de porcentagem que varia conforme a especialidade, de números fixos, conforme a Portaria nº 1.101. No caso específico de Ginecologia*, a Portaria cita que a sua porcentagem é de 18,75% dos 5% do NTC calculados. Isto resulta em um valor fixo de 0,1875 x 5%, resultando a 0,9375% de NTC. NCR = (NTC x PCR) / 100 NTA= levantamento contabilizado junto ao órgão municipal competente PC = (Total de agendados no ano para a especialidade x 100%) / (NCR) – 100%: o resultado desta fórmula representa a porcentagem superior ou inferior à meta estabelecida, de acordo com o sinal do valor, positivo ou negativo, respectivamente. No quadro 3, (ANEXO 7), é mostrada a porcentagem de atendimento comparando ao indicado na Portaria nº 1.101 (MS): Ortopedia: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 11,4% inferior à meta recomendada (NCR), pois obteve-se uma quantidade de consulta ideal de 2821 no ano, e efetivamente, foram consultadas 2499 pessoas. Significa dizer que foram atendidas apenas 88,6% da quantidade de consultas recomendadas pelo Ministério. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 40,9% inferior à meta recomendada (NCR), tendo a 55 quantidade recomendada de 4232 consultas, e efetivamente atendidas de 2499 no ano. Isto quer dizer que apenas 50,1% da meta recomendada foram atendidas. Oftalmologia: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se a porcentagem de cobertura foi 312,6% superior à meta recomendada (NCR), pois tivemos uma quantidade de consulta ideal de 2724 no ano, e efetivamente, foram consultadas 11240 pessoas. Significa dizer que foi atendido 100% da meta e mais 3,12 vezes a quantidade de consultas recomendadas pelo ministério. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 175,1% superior à meta recomendada (NCR), te a quantidade recomendada de 4086 consultas, e efetivamente atendidos de 11.240 no ano, ou seja, foi atendida 100% da meta e mais 1,75 vezes do valor recomendado. Cirurgia Geral: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 61,5% inferior à meta recomendada (NCR), pois tem-se uma quantidade de consulta ideal de 2237 no ano, e efetivamente, foram consultadas 861 pessoas, atendido apenas 38,5% da quantidade de consultas recomendadas pelo Ministério. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 74,3% inferior à meta recomendada (NCR), tendo a quantidade recomendada de 3356 consultas, e efetivamente atendidos de 861 no ano. Isto quer dizer que apenas 25,7% da meta recomendada foram atendidas. Otorrinolaringologista: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 92,2% superior à meta recomendada (NCR), pois foi registrada uma quantidade de consulta ideal de 1459 no ano, e efetivamente, foram consultadas 2804 pessoas. Significa dizer que foi atendido 100% da meta mais 92,2% da mesma. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 28,1% superior à meta recomendada (NCR), tendo a quantidade recomendada de 2.189 consultas, e efetivamente atendidas de 2.804 no ano. Isto quer dizer que foram atingidos os 100% da meta, mais 28,1% da mesma. Urologia: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 102,4% superior à meta recomendada (NCR), pois foi registrado a quantidade de consulta ideal de 876 no 56 ano, e efetivamente, foram consultadas 1773 pessoas. Significa dizer que foi atendido 100% da meta mais 1,02 vezes da mesma. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 35% superior à meta recomendada (NCR), tendo a quantidade recomendada de 1.313 consultas, e efetivamente atendidas de 1.773 no ano. Isto quer dizer que foram atingidos os 100% da meta, mais 35% da mesma. Psiquiatria: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 50,9% inferior à meta recomendada (NCR), pois registrou-se a quantidade de consulta ideal de 2.140 no ano, e efetivamente, foram consultadas 1050 pessoas. Significa dizer que foram atendidos apenas 49,1% da quantidade de consultas recomendadas pelo Ministério. Seguindo o mesmo raciocínio, temos para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 67,3% inferior à meta recomendada (NCR), tendo a quantidade recomendada de 3.210 consultas, e efetivamente atendidas de 1.050 no ano. Isto quer dizer que apenas 32,7% da meta recomendada foram atendidas. Cirurgia Vascular: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 690,3% superior à meta recomendada (NCR), pois registrou-se a quantidade de consulta ideal de 195 no ano, e efetivamente, foram consultadas 1541 pessoas. Significa dizer que foram atendidas 100% da meta mais 6,9 vezes da mesma. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 427,7% superior à meta recomendada (NCR), tendo a quantidade recomendada de 292 consultas, e efetivamente atendidas de 1.541 no ano. Isto quer dizer que foram atingidos os 100% da meta, mais 4,27 vezes da mesma. Gastroenterologia: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 69,9% superior à meta recomendada (NCR), pois registrou-se a quantidade de consulta ideal de 681 no ano, e efetivamente, foram consultadas 1.157 pessoas. Sendo atendidas 100% da meta mais 69,9% da mesma. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 13,3% superior à meta recomendada (NCR), tendo a 57 quantidade recomendada de 1.021 consultas, e efetivamente atendidos de 1.157 no ano. Isto quer dizer que foram atingidos os 100% da meta, mais 13,3% da mesma. Cardiologia: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 10,5% inferior à meta recomendada (NCR), pois registrou-se a quantidade de consulta ideal de 1946 no ano, e efetivamente, foram consultadas 1.741 pessoas. Sendo atendidas apenas 89,5% da quantidade de consultas recomendadas pelo Ministério. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 40,3% inferior à meta recomendada (NCR), tendo a quantidade recomendada de 2918 consultas, e efetivamente atendidas de 1.741 no ano. Isto quer dizer que apenas 59,7% da meta recomendada foram atendidas. Reumatologia: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 7,7% inferior à meta recomendada (NCR), pois registrou-se a quantidade de consulta ideal de 389 no ano, e efetivamente, foram consultadas 359 pessoas. Sendo atendidas apenas 92,3% da quantidade de consultas recomendadas pelo Ministério. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 38,5% inferior à meta recomendada (NCR), tendo a quantidade recomendada de 584 consultas, e efetivamente atendidas de 359 no ano. Isto quer dizer que apenas 61,5% da meta recomendada foram atendidas. Neurologia: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 86,9% superior à meta recomendada (NCR), pois registrou-se a quantidade de consulta ideal de 1.167 no ano, e efetivamente, atendidas de 2.181 pessoas. Significa dizer que foram atendidas 100% da meta mais 86,9% da mesma. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 24,6% superior à meta recomendada (NCR), tendo a quantidade recomendada de 1751 consultas, e efetivamente atendidas de 2.181 no ano. Isto quer dizer que foram atingidos os 100% da meta, mais 24,6% da mesma. Dermatologia: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 207,6% superior à meta recomendada (NCR), pois registrou-se a quantidade de consulta ideal de 1070 no 58 ano, e efetivamente, foram consultadas 3.291 pessoas. Significa dizer que foram atendidos 100% da meta mais 2,07 vezes a mesma. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas habitante/ano a porcentagem de 105% superior à meta recomendada (NCR), tendo a quantidade recomendada de 1605 consultas, e efetivamente atendidas de 3.291 no ano. Isto quer dizer que foram atingidos os 100% da meta, mais 1,05 vezes a mesma. Ginecologia: utilizando-se do parâmetro mínimo de duas consultas habitante/ano, tem-se que a porcentagem de cobertura foi 76,2% inferior à meta recomendada (NCR), pois registrou-se a quantidade de consulta ideal de 2564 no ano, e efetivamente, foram consultadas 610 pessoas. Significa dizer que foram atendidos apenas 23,8% da quantidade de consultas recomendadas pelo Ministério. Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se para o parâmetro de três consultas