UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA VETERINÁRIA TRATAMENTO COM GLICOSAMINOGLICANOS POLISSULFATADOS NO PROCESSO CICATRICIAL TENDÍNEO EM EQÜINOS. ANÁLISE MORFOLÓGICA Gilberto Gonçalves Facco Médico Veterinário Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias do Câmpus de Jaboticabal – UNESP, para obtenção do Título de Mestre em Medicina Veterinária – Área de Concentração em Patologia Animal. Jaboticabal - São Paulo - Brasil Junho - 2003 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA VETERINÁRIA TRATAMENTO COM GLICOSAMINOGLICANOS POLISSULFATADOS NO PROCESSO CICATRICIAL TENDÍNEO EM EQÜINOS. ANÁLISE MORFOLÓGICA Gilberto Gonçalves Facco Médico Veterinário Orientadora: Profa. Dra. Julieta Rodini Engrácia de Moraes Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias do Câmpus de Jaboticabal – UNESP, para obtenção do Título de Mestre em Medicina Veterinária – Área de Concentração em Patologia Animal. Jaboticabal - São Paulo – Brasil Junho – 2003 DADOS CURRICULARES DO AUTOR GILBERTO GONÇALVES FACCO, nascido em 18 de outubro de 1973, em São Pedro da Cipa, MT, é Médico Veterinário formado pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, em Campo Grande, MS, onde trabalha como docente desde março de 2002. I OFEREÇO AOS MEUS PAIS, VALDEMAR FACCO e MARIA NADIR GONÇALVES FACCO pelos ensinamentos adquiridos. II AGRADECIMENTOS À Professora Dra. Julieta Rodini Engrácia de Moraes pela orientação, pela confiança depositada em mim, pelo apoio incondicional que me ofereceu em todos os momentos solicitados. Ao Professor Dr. José Corrêa de Lacerda Neto, pela amizade e participação em todas as etapas deste trabalho. As Professoras Dra. Laura Satiko O. Nagashi, Dra. Doroty Mesquita Dourado e Dra. Élia T. Caldini, pela participação e doação de seus conhecimentos. Ao Professor Flávio Ruas de Moraes pelas sugestões e auxilio neste trabalho. À Médica Veterinária Susanne Marxen, pelo material cedido para realização deste experimento. À minha fiel companheira Ramona Gimenes pela solidariedade, paciência e confiança. À Dra. Ilzia Doraci Lins Scapulatempo, Dr. Raphael Perez Scapulatempo e Dra. Sandra do Socorro Souza Poletti pelos incentivos. Ao Professor Dr. Olímpio Crisóstomo Ribeiro por servir como modelo de Homem e Profissional. Aos Professores Dr. Gener Tadeu Pereira e Dr. Sílvio Fávelo, pela imediata atenção na análise estatística dos dados. Aos meus familiares que nunca deixaram de acreditar na minha capacidade e em especial ao meu sobrinho Lucas Facco Silva pelo incentivo indireto. À amiga Maria de Jesus Soares Veloso, pela amizade e confidência. Aos meus amigos conquistados nesta maravilhosa cidade Percílio, Eduardo, Márcio, Leonardo, Beto, Rabelo, Frank, Toínho, Zinaldo, Marcelo, Gláucia e Gabriel. À UNIDERP (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), pelo apoio. III Aos funcionários do Departamento de Patologia Moema, Tel e Edgar, as técnicas em Laboratório Francisca (Chica) e Maria Inês. Aos Docentes, colegas do Curso de Pós-Graduação, cujos ensinamentos, troca de experiência e convívio tornaram o dia a dia nesta Universidade mais agradável. Enfim, a todos que estiveram direta ou indiretamente envolvidos na elaboração deste, e a NOSSO PAI TODO PODEROSO, meus sinceros agradecimentos. IV SUMÁRIO Página CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS.............................................. 01 1 Referências...................................................................................... 09 CAPÍTULO 2............................................................................................... 15 Resumo................................................................................................ 15 Abstract................................................................................................. ............ 16 Introdução.......................................................................................................... 17 Material e Método.............................................................................................. 20 1. Animais.................................................................................................. 20 2. Indução da tendinite.............................................................................. 20 3. Tratamentos preconizados e avaliações previamente realizadas .............................................................................................. 20 4. Avaliação histológica das secções tendíneas sob luz polarizada.............................................................................................. 21 5. Morfometria do tecido conectivo denso modelado dos animais tratados com GAGPS e com salina........................................ 21 6. Análise estatística................................................................................. 22 Resultados........................................................................................................ 23 1. Avaliação histológica das secções tendíneas dos TFDS normais sob luz polarizada.................................................................. 23 2. Avaliação histológica das secções tendíneas dos TFDS tratado com salina sob luz polarizada.................................................. 23 3. Avaliação histológica das secções tendíneas dos TFDS tratados com glicosaminoglicanos polissulfatados sob luz polarizada.............................................................................................. 23 4. Avaliação morfométrica dos feixes colagenosos organizados e desorganizados nos grupos tratados com GAGPS e salina .................................................................................... 24 v 5. Avaliação estatística.............................................................................. 24 Discussão............................................................................................. 30 Conclusão......................................................................................................... 34 Referências....................................................................................................... 35 Apêndice............................................................................................................ 40 VI INDICE DE TABELA Tabela Página 1. Índice de feixes de colágeno organizados e desorganizados dos TFDS nos grupos tratados com GAGPS e com salina........................................................29 VII INDICE DE FIGURAS Figura Página 1. Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo normal. Observar fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas organizadas e paralelas. Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04µm.......................................25 2. (A) Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com GAGPS (GI). Observar fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas desorganizadas mostrando orientação em diferentes sentidos. Coloração de Picrossírius. Barra:1,04µm............................................................26 (B) Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com GAGPS (GI). Observar epitendíneo entre fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas desorganizadas (D) e organizadas (E). Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04µm .........................................................26 3. (A) Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com salina (GII). Observar transição entre fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas organizadas e desorganizadas mostrando orientação em diferentes sentidos corados em cor verde-escuro (Σ). Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04µm...........................................................................27 (B) Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com salina (GII). Observar fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas desorganizadas mostrando orientação em diferentes sentidos e grande variabilidade na polarização. Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04µm .............................................................................................................27 4. (A) Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com salina (GII). Observar fascículos colagenosos com banda de fibras colágenas desorganizadas mostrando orientação em diferentes sentidos e VIII grande variabilidade na polarização. Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04µm ............................................................................................................................28 (B) Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com salina (GII). Observar fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas desorganizadas mostrando orientação em diferentes sentidos e grande variabilidade na polarização. Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04µm ............................................................................................................................28 5. Porcentagem de feixes de colágeno organizados e desorganizados, oriundos de tendões de eqüinos com tendinite induzida pela colagenase tratados com GAGPS e salina ................................................................................................ 29 IX CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS As lesões tendíneas nos eqüinos são desencadeadas por diferentes mecanismos e estas se expressam no plano tecidual por fenômenos degenerativos e alterações inflamatórias em diferentes graus de intensidade. As alterações envolvidas na cicatrização tendínea dos eqüinos são estudadas pela inoculação intratendínea de colagenase, que causa destruição das fibras colágenas tendíneas simulando tendinites de ocorrência natural (WILLIAMS, 1984; SPURLOCK et al., 1989; FOLAND et al., 1992; GIFT et al., 1992). A colagenase secretada por bactérias atacam as moléculas de colágeno em múltiplos locais ao longo da cadeia causando a sua solubilização além de atuarem destruindo células e matriz não colagenosa. Os sinais clínicos, a aparência ultra- sonográfica das lesões tissulares e a inflamação resultante são muito similares às provocadas por excesso de exercício (FOLAND et al., 1992). O processo de reparação do tendão após uma lesão é semelhante aos demais tecidos do organismo (SILVER et al., 1983; ANDRADE, 1992; ROBBINS et al., 1994). As forças que excedem o limite de resistência podem produzir deslocamento e ruptura das fibras tendíneas que resultam em ruptura de arteríolas e capilares locais com hemorragia, formação de hematoma no interior do tendão que pode estender-se para o paratendão. O resultado imediato é a deposição de fibrina e a migração de neutrófilos para a região. Além disso, congestão e acúmulo de fluídos ocorrem no local da agressão podendo haver isquemia e necrose de fibrócitos. A extensão da necrose na região está relacionada ao grau do comprometimento vascular (SILVER et al., 1983). A tendinite na fase aguda leva a liberação de proteases e colagenases promovendo extensa degradação enzimática das fibras colágenas e da matriz interfibrilar. Estas enzimas atuam nas moléculas de colágeno em múltiplos locais ao longo da hélice e rapidamente causam sua solubilização, além de atuarem destruindo células e matriz não colagenosa. Imagens fotográficas obtidas por microscopia eletrônica demonstram que os fibroblastos apresentam aumento do retículo endoplasmático, dos ribossomos e de material denso. Essas características permitem a distinção dos fibrócitos e fibroblastos de macrófagos e monócitos que migram constantemente para o local da lesão. Concomitantemente os fibroblastos proliferam-se e depositam-se ao longo do coágulo de fibrina (SILVER et al., 1983; PEACOCK, 1984; KRAUS-HANSEN et al., 1992). Dentre os processos de cicatrização do tendão estão envolvidos vários componentes extrínsecos e intrínsecos. Os componentes extrínsecos são assim designados visto que a principal fonte de fibroblastos é precedente do tecido conectivo frouxo que envolve o tendão, denominado paratendão (SILVER et al., 1983; PEACOCK, 1984; KRAUS-HANSEN et al., 1992). Estudos recentes demonstraram a participação intrínseca das células do próprio tendão no processo de reparação. Células endotendíneas podem se transformar em fibroblastos ativos modeladoras do processo de cicatrização (SPURLOCK, 1989; GOODSHIP e BIRCH, 1996). A medida que o espaço da lesão é preenchido por células reparadoras recém formadas, o exsudato inflamatório é reabsorvido. Após uma semana, as células inflamatórias constituídas por leucócitos e macrófagos são observados no local, com pequenos vasos neoformados, pouca área hemorrágica e depósitos de fibrina (SILVER et al., 1983). Tanto os leucócitos como as fibrinas são digeridos progressivamente pelos fagócitos e por enzimas, especialmente as proteases e catepsinas e pelo sistema fibrinolítico específico originado no paratendão e nos capilares que se formam no local. Nos capilares lesados as células endoteliais aumentam de tamanho e exibem atividade mitótica pronunciada. Pequenos brotos sólidos de células endoteliais em crescimento seguem o trajeto dos fibroblastos migrando ao longo das malhas de fibrina. Os cordões sólidos de células endoteliais canalizam-se permitindo o fluxo de sangue. Os canais linfáticos proliferam-se de modo semelhante, mas não se anastomosam como os vasos sangüíneos. Ao passar de poucos dias, o coágulo é povoado pelo tecido conectivo altamente vascularizado e em crescimento ativo; sendo o processo designado “organização do coágulo”. O tecido conectivo recém formado é intensamente vascularizado e contém elementos do exsudato inflamatório agudo denominado 2 tecido de granulação (PEACOCK, 1984). Este tecido, invade progressivamente o espaço lesado. A neovascularização ou angiogênese é máxima neste período, permitindo assim a migração dos fibroblastos para a região inflamada. A proliferação de fibroblastos e a deposição de colágeno exercem pressão mecânica sobre as delicadas paredes dos capilares recém-formados. Muitas vezes, as fibras de colágeno enlaçam os vasos sangüíneos, o que, dependendo da compressão exercida, leva à diminuição da vascularização, sendo este fenômeno comum na evolução do processo cicatricial (STRÖMBERG, 1971). No meio extracelular, as moléculas de colágeno reúnem-se formando as fibrilas de colágeno. Os resíduos de lisina e hidroxilisina sofrem oxidação pela ação da enzima lisil-oxidase, originando aldeídos nas porções terminais e helicoidais da molécula. São estes aldeídos muito reativos que formam ligações covalentes intra e intermoleculares, permitindo as ligações múltiplas entre as moléculas de colágeno, designadas ligações cruzadas, responsáveis pela estabilidade estrutural das fibrilas. Na segunda semana pós-lesão tendínea há um acúmulo contínuo de colágeno e proliferação de fibroblastos. O infiltrado leucocitário, o edema e o aumento de vascularização tendem a desaparecer, ocorrendo maturação progressiva do tecido de granulação. O alinhamento dos fibroblastos e a subseqüente síntese de fibras colágenas é dependente da orientação das fibras depositadas na região (RENNARD et al., 1982). O acúmulo de colágeno depende de sua síntese e degradação, pois parte do colágeno sintetizado pelos fibroblastos sofre degradação intracelular antes mesmo de ser secretado no meio extracelular. Calcula-se que em determinadas condições, 10 a 60% do colágeno pode ser degradado antes de ser secretado (RENNARD et al., 1982). A degradação do colágeno e de outras proteínas da matriz extracelular é realizada pelas metaloproteinases que são enzimas dependentes de zinco para sua atividade biológica. Esta degradação auxilia no debridamento dos locais lesados do tendão e também na remodelação do tecido conectivo necessário para a reparação da lesão (RENNARD et al., 1982). 3 No tecido cicatricial neoformado, o colágeno inicialmente é imaturo e apresenta-se com arquitetura desorganizada. Contêm predominantemente colágeno tipo III com fibras de pequeno diâmetro. O processo de maturação ocorre com o tempo, quando o diâmetro das fibras e o número de ligações químicas e estáveis aumentam, associado ao aumento da proporção de fibras formadas por colágeno tipo I. O processo de maturação e remodelação da cicatriz tem um período variável de semanas a meses para se completar (GOODSHIP et al., 1983; GOODSHIP et al., 1994). A regeneração tendínea evolui com contínua deposição das fibras colágenas junto ao local lesado em progressiva orientação longitudinal, facilmente visualizadas pelo microscópio de luz polarizada. As camadas de fibras colágenas orientadas longitudinalmente são agregadas em grandes feixes, circundadas por grandes vasos sangüíneos, nos septos endotendíneos. O tecido de reparação permanece em remodelamento por alguns meses após o início da lesão (PARRY & CRAIG, 1984). Apesar da maturação e do remodelamento contínuo do tecido conectivo denso modelado neoformado ocorrerem na evolução do processo de reparação, alguns autores relatam que, embora o tecido cicatricial possa se remodelar e mimetizar a arquitetura de um tendão normal, a cicatriz resultante dificilmente irá reproduzir a conformação prévia ou retornará às atividades mecânicas originais (POOL, 1996). Considerando as observações do processo de reparação dos tendões e na literatura existente, acredita-se que haja a possibilidade de se modelar este processo de reparação tecidual, visando restaurar a microanatomia do tendão e minimizar os efeitos restritivos do tecido cicatricial. A reparação cicatricial pode ser controlada por vários fatores endógenos, como: idade, sexo, especificidade tecidual e hormônios; bem como exógenos, ou seja: estado nutricional, atividade física, infecção e intervenções farmacológicas e cirúrgicas. 4 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE REPARAÇÃO TENDÍNEA O processo cicatricial pode ser monitorizado por métodos não invasivos como a ultra-sonografia ou invasivos, como o exame histopatológico. Dentre os métodos invasivos a avaliação microscópica do tecido cicatricial com a biópsia tendínea é um dos mais utilizados. Este exame é de importância fundamental para qualificar-se a composição colagenosa na reparação tendínea. Numerosos métodos de coloração foram desenvolvidos a fim de permitir a diferenciação dos diversos tipos de fibras colágenas ao microscópio de luz polarizada sendo a maioria destas pertencentes à categoria das colorações tricrômicas. Embora as fibras colágenas apareçam geralmente bem coradas por estes métodos, outras estruturas que contém colágeno (como as fibras reticulares e as membranas basais) não são coradas seletivamente pelos métodos tricrômicos, uma vez que a densidade de cor resultante é insuficiente para dar resolução a essas estruturas delicadas. Desse modo, os vários tipos geneticamente distintos de colágeno não podem ser distinguidos em cortes histológicos por métodos usuais como a coloração de Van Gieson (HORTON, 1984). O método de Mallory também não é especialmente útil para este propósito, embora tenha sido idealizado para a demonstração de colágeno (LUNA, 1992). Os métodos tricrômicos não apresentam resultados confiáveis mesmo nas próprias fibras colágenas, pois estas não se apresentam com cor uniforme num mesmo corte histológico (JUNQUEIRA et al., 1983). Assim, a maioria das técnicas de coloração acima mencionadas não possibilita uma diferenciação precisa entre as fibras colágenas e reticulares. As técnicas de impregnação metálica apesar dos resultados variáveis, permitem o contraste entre estes dois tipos de fibras, embora não permitam distinguir as fibras colágenas de outros componentes (MONTES et al., 1980). Entre os mamíferos, grande partes das moléculas de colágeno estão dispostas ordenadamente em orientação paralela. Assim, a birrefringência normal é uma das características clássicas das estruturas que contém moléculas de 5 colágeno agregadas formando estruturas visíveis à microscopia óptica e eletrônica. A técnica de coloração pelo método de picrossírius faz com que grande quantidade de moléculas do Sirius Red, de caráter ácido e alongadas, disponham- se paralelamente às moléculas de colágeno, o que provoca um aumento considerável da birrefringência das fibras que contém colágeno quando observadas com microscópio de luz polarizada (CALDINI, 1992). Apesar do corante Sirius Red ligar-se inespecificamente aos componentes de caráter básico do tecido, o fenômeno do aumento de birrefringência ocorre exclusivamente com o colágeno. O método da coloração com picrossírius associado à microscopia de polarização é um método histoquímico específico para estudo da orientação de moléculas de colágeno (JUNQUEIRA et al., 1979; JUNQUEIRA et al., 1980; JUNQUEIRA et al., 1982 JUNQUEIRA et al., 1999; MONTES & JUNQUEIRA, 1991). TRATAMENTO DAS TENDINITES NOS EQÜINOS A elaboração e o constante aperfeiçoamento de protocolos científicos possibilitaram avanços efetivos no estudo comparativo de diversos métodos de tratamento das tendinites. O problema encontrado em se desenvolver um modelo de lesão tendínea a partir de ruptura mecânica ou estiramento do tendão intacto é que a força a ser aplicada seria tão grande que se tornaria impossível fazê-lo sem danificar os ossos associados ou esmagar o tendão (SILVER et al., 1983). Tomando-se por base que a degradação enzimática do tendão ocorre normalmente após a lesão mecânica espontânea como resultado da ação de proteases e colagenases do exsudato inflamatório, a reprodutividade da lesão foi então testada pela aplicação de pequenas quantidades de enzimas proteolíticas e colagenolíticas no tendão de Aquiles de coelhos, as quais resultaram em necrose e destruição de fibras em curto período de tempo (SILVER et al., 1983; WILLIAMS et al., 1984). O tratamento das tendinites agudas visa diminuir o processo 6 inflamatório, minimizar a formação de tecido cicatricial e promover a restauração da estrutura e funções tendíneas. O uso do hialuronato de sódio (HA) intralesional ou peritendinoso no tratamento da injúria tendínea aguda nos eqüinos apresentam resultados conflitantes. Estudos iniciais relatam que o HA administrado no tendão restabelece-o parcialmente quando observado em avaliação ultra-sonográfica (SPURLOCK et al., 1989; GAUGHAN et al., 1991; GIFT et al., 1992). Redução significante na extensão de formação de adesões pós-cirúrgica foi observada em tendões intrasinoviais (THOMAS et al., 1986; GAUGHAN et al., 1991). Outros investigadores relataram em estudos “in vitro” efeitos limitados nas propriedades biomecânicas do tecido colagenoso e cura dos tendões (OXLUND & ANDREASSEN, 1980; SALTI et al., 1993). O estudo do efeito do HA em tendinites induzidas pela colagenase em eqüinos não demonstrou qualquer beneficio clínico (FOLAND et al.,1992). O HA intralesional não têm efeito benéfico significante na recorrência da tendinite em eqüinos, quando comparada com outros casos não tratados (DYSON, 1997). O Fumarato de Beta-Aminopropionitrila (FBAPN) é um agente tóxico encontrado em sementes da planta Lathyrus odoratus (ervilha doce). O FBAPN liga-se a enzima lisil oxidase inibindo a diaminação da lisina que constitui o primeiro passo na formação de ligações cruzadas covalentes entre as fibras colágenas inter e intramolecular (STRYER, 1988). Em virtude dessa ação, o FBAPN é recomendado para prevenir a formação excessiva de ligações cruzadas nos estágios iniciais do reparo tendíneo em eqüinos e promover a linearização das fibras do colágeno submetidas ao exercício controlado (GENOVESE, 1992). Resultados iniciais com avaliação ultra-sonográfica mostraram que 80% dos Tendões Flexores Digitais Superficiais (TFDS) de eqüinos tratados com FBAPN intralesional tem pelo menos 75% de recuperação (GENOVESE, 1992). Por outro lado esta recuperação é menos convincente quando o retorno às atividades físicas é tardio, com índice de recuperação entre 45 à 50% (REEF et al., 1996, 1997). O FBAPN deve provavelmente ser considerado apenas para casos de tendinites 7 severas. Requer um estreito e cuidadoso regime de exercícios controlados com regular acompanhamento ultra-sonográfico. A utilização de drogas antiinflamatórias nas tendinites foi ampliada nos últimos tempos com a introdução dos glicosaminoglicanos polissulfatados (GAGPS). Inicialmente, esta droga teve sua utilização restrita em humanos, sendo posteriormente aprovada no mercado norte-americano em 1986 para o tratamento intra-articular de doenças articulares degenerativas em eqüinos (JONES & WHITE, 1996). A partir deste momento, os GAGPS tornaram-se alvo de inúmeros trabalhos científicos, sendo atualmente bem aceitos e utilizados principalmente nas doenças articulares de eqüinos (CARON et al., 1994, 1996). Os GAGPS parecem retardar a manifestação clínica e radiográfica de displasia coxo-femural em cães em crescimento susceptíveis à doença (LUST et al., 1992). A utilização dos GAGPS na prevenção de osteoartrites avançadas é também indicada (TODHUNTER & LUST, 1994). Os GAGPS têm a capacidade de inibir os lisossomos e diminuir o grau de inflamação (HENNINGER, 1994). Também são capazes de aplacar a atividade da colagenase e a ativação de macrófagos, melhorar a orientação das fibrilas de colágeno de tendões em recuperação (SMITH, 1992). Atribui-se aos GAGPS a capacidade de inibir a síntese de prostaglandina E2 (FREAN & LEES, 2000); a atividade da cascata do complemento (RASHMIR-RAVEN et al., 1992); o influxo de leucócitos ao local de inflamação e a produção de radicais de superóxido e interleucina-1, além de possuir efeito dose-dependente no metabolismo de fibroblastos e fibrócitos, resultando em aumento na produção de colágeno, proteínas não colágenas e glicosaminoglicanos sulfatados. Os GAGPS ligam-se ao tecido conectivo por cargas negativas dos grupos sulfatados (TROTTER, 1996). Relatos de profissionais indicam resultados satisfatórios na recuperação clínica de tendinites agudas em eqüinos diagnosticadas na rotina, após a aplicação intramuscular de 500 mg de GAGPS a intervalos de quatro dias num total de sete aplicações (DOW et al., 1996). Resultados aparentemente satisfatórios foram obtidos com a administração intramuscular de GAGPS em tendinite induzida experimentalmente por 8 colagenase (REDDING et al.,1999). A administração local de GAGPS melhorou as características morfológicas e as propriedades bioquímicas do tecido cicatricial de coelhos com lesões tendíneas experimentalmente induzidas (MARR et al., 1993). A aplicação única e intratendínea de GAGPS no tratamento de tendinite aguda em eqüino revelou parâmetros ultra-sonográficos satisfatórios 177 dias após a lesão, sem sinais de recidiva após retorno do animal às atividades atléticas (SMITH, 1992). Por outro lado, DYSON (1997) não constatou diferença na ocorrência de recidivas de tendinite do tendão flexor digital superficial de eqüinos tratados conservativamente, comparados com eqüinos tratados com hialuronato de sódio e GAGPS intratendineamente e GAGPS sistêmico. Do mesmo modo, MARR et al., (1993) não observaram efeitos benéficos com a utilização de GAGPS intramuscular e intralesional no tratamento de tendinites agudas em eqüinos comparadas ao tratamento conservativo. Embora maior proporção de animais tratados com GAGPS tenha retornado ao trabalho após período de repouso menor, o índice de recidivas foi de 50% nos animais tratados e apenas 31% nos animais tratados conservativamente. Estes autores inferem que o índice de retorno às atividades atléticas esteja relacionado com a severidade das lesões e não com o tipo de tratamento preconizado. REFERÊNCIAS ANDRADE, Z. Tecido conjuntivo, reparo, regeneração e cicatrização. In: MONTENEGRO, M. R.; FRANCO, M. Patologia processos gerais. São Paulo: Atheneu, 1992. p. 123-135. CALDINI, E. T. G. Estudo histoquímico e ultra-estrutural do colágeno na fibrose periglandular do endométrio eqüino. 1992. 123f. Tese (Doutorado em Patologia Experimental e Comparada) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992. CARON, J.P.; KANEENE, J. B.; MILLER, R. Reported use and perceived efficacy of polysulfated glycosaminoglycan: a survey of the AAEP. 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ANÁLISE MORFOLÓGICA RESUMO Os glicosaminoglicanos polissulfatados (GAGPS) são amplamente utilizados no tratamento das doenças articulares degenerativas de várias espécies. O escopo deste estudo foi o de analisar morfologicamente o efeito do tratamento com glicosaminoglicanos polissulfatados (GAGPS) na organização do colágeno na área de regeneração tendínea de tendões flexores superficiais em dez cavalos árabes de ambos os sexos após injúria pela colagenase. Segmentos de 20 tendões flexores digitais dos membros torácicos lesionados pela colagenase e tratados com GAGPS (n=10) ou com salina (n=10) foram corados pelo método de picrossírius e analisados em microscópio de luz polarizada 150 dias após a injúria. A análise morfométrica foi realizada contando-se o número de feixes de colágeno organizados e desorganizados em cada um dos animais, em lâminas coradas pelo método de picrossírius empregando-se ocular integradora Carl Zeiss. A área delimitada pela ocular integradora foi determinada por meio de retículo quadriculado (Olympus, Tokyo). Para as contagens foram tomados ao acaso cinco campos, de dois cortes em duas lâminas de cada animal onde foram considerados os feixes presentes nos pontos de intercessão das linhas do retículo. Os resultados foram analisados estatisticamente e revelaram significante aumento das fibrilas de colágeno organizadas nos tendões tratados com GAGPS. Desta forma, conclui-se que GAGPS foi efetivo na regeneração tendínea, sendo assim indicado por seu efeito morfológico no processo cicatricial observado neste estudo. Palavras-Chaves: Cicatrização tendínea, Eqüino, Glicosaminoglicanos Polissulfatados, Morfometria, Tendão. 15 CHAPTER 2: POLYSULFATED GLYCOSAMINOGLYCAN TREATMENT IN TENDON WOUND HEALING IN HORSES. MORPHOLOGICAL ANALYSIS ABSTRACT Polysulfated Glycosaminoglycan (PSGAG) is widely utilized in the treatment of degenerative joint disease in various animals. The aim of this study was to assess morphologically the effect of PSGAG treatment on collagen organization in the tendon regeneration area of the superficial flexor tendons in ten Arabian horses, both sexes, after collagenase injury. Segments of 20 digital flexor tendons of forelimbs lesioned by collagenase and treated with PSGAG (n=10) or saline (n=10) were stained using the Picrossirius red method and examined by polarization microscopy 150 days after injured. Morphometric analysis was performed by counting the number of organized and disorganized collagen bands in each of the animals in slides stained by the Picrossirius method employing a Carl Zeiss integrated ocular system. The area delimitated by on integrated ocular was determined by means of an integrating graticule (Olympus, Tokyo). Five random fields on two slides of two sections were counted for each animal, where bands were considered present at intersection points of the reticule lines. The results were submitted to statistical analysis and revealed a significant increase in organized collagen bands in the tendon treated with GAGPS. It was therefore concluded that GAGPS may be effective in tendon regeneration as indicated by the morphological effect on wound healing observed in this study. Keywords: Collagen, Equine, Morphometry, Polysulfated Glycosaminoglycan, Tendon. 16 2. INTRODUÇÃO O tendão é uma forte conexão fibrosa proveniente de extensões do endomísio, perimísio ou epimísio, que são os envoltórios dos agrupamentos de fibras musculares (SPENCE,1991). Embora resistente, pode ser lesado por pressão, estresse ou fricção excessiva principalmente se comprimido contra tecidos rígidos ou desviado sobre proeminências ósseas. Naturalmente existem formas de proteção do tendão tais como os ossos sesamóides, bolsas ou bainhas sinoviais (SPENCE,1991). Os tendões apresentam baixa exigência metabólica, são pouco irrigados e não sangram ao corte. São compostos por tecido conectivo denso modelado, com baixa celularidade, cuja unidade básica são as fibras formadas por colágeno tipo I (75%), tipo II (5%) e tipo III (20%), direcionadas longitudinalmente ao eixo tendíneo. Apesar de apresentarem particularidades funcionais e estruturais, os diversos tipos de colágeno nos tendões têm estrutura química e organizacional semelhantes. As moléculas de colágeno são formadas pela associação em tripla hélice de três cadeias polipeptídicas alfa formando homo ou heterotrímeros, dependendo do tipo de colágeno presente. A estrutura triplo- helicoidal do colágeno e as ligações covalentes intermoleculares no interior das fibrilas são responsáveis pela resistência à tensão, que é característica do colágeno (INGELMARK, 1948; KASTELIC et al., 1978; HOLMES et al., 1991). O tecido conectivo apresenta diversos tipos de células separadas por abundante material extracelular sintetizado por elas. A riqueza de material extracelular é uma de suas características mais evidentes, caracterizados por uma parte com estrutura microscópica definida representada pelas fibras do conectivo e pela matriz extracelular ou substância fundamental, um gel viscoso de macromoléculas alongadas (glicosaminoglicanas, proteoglicanas e glicoproteínas adesivas) muito hidratadas que formam um arcabouço entrelaçado e ligado às fibras e aos receptores celulares denominados integrinas (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999). Quando relaxada, a unidade estrutural das fibras colágenas apresenta-se de forma ondulada, em termos de comprimento e ângulo de onda. Podem-se diferenciar dentro de um fascículo e também em toda região transversal do 17 tendão. Por meio de análise microscópica com luz polarizada podemos mensurar estas ondulações (INGELMARK,1948; KASTELIC et al.,1978; HOLMES et al.,1991). Durante a resposta tecidual após a injúria tendínea, as glicoproteinas, a fibronectina e o colágeno tipo III são sintetizados em quantidade aumentada. Na primeira semana após a injúria a fibronectina é identificada no interior do tendão por imunofluorescência indireta (WILLIAMS et al.,1984; WATKINS et al.,1985). O corante fixa-se na matriz, nas proximidades dos capilares e de células semelhantes aos fibroblastos. O colágeno tipo III tem localização pericelular e a matriz é observada até três meses após a lesão. Sua coloração mantém-se por até 14 meses (WILLIAMS et al.,1984). Além do colágeno, os tendões possuem ainda proteínas estruturais como a elastina e os componentes glicosaminoglicanos, que estão presentes na matriz extracelular. A análise bioquímica da matriz extracelular demonstra aumento no conteúdo de glicosaminoglicanos sulfatados totais, aumento na proporção de colágeno tipo III e diminuição na ligação do colágeno com a fluoresceína na região central de tendões degenerados quando comparado à periférica do mesmo tendão. Estas mudanças sugerem alterações no metabolismo celular e modificações da matriz na região central do tendão que provavelmente contribuem para perda da função mecânica nesta região do tendão, predispondo-o à ruptura parcial característica no tendão (BIRCH et al., 1998). O processo cicatricial pode ser monitorado pela utilização de métodos diagnósticos de imagem como o ultra-sonográfico ou histopatológico. Dentre os últimos, a avaliação do tecido cicatricial por biópsia é um dos mais utilizados em estudos experimentais. Este exame permite a caracterização morfológica do processo regenerativo (HATAKA et al., 1999). Muitas técnicas de coloração foram desenvolvidas para permitir a diferenciação dos diversos tipos de fibrilas colágenas ao microscópio óptico. A maioria destas pertence à categoria das colorações tricrômicas. Embora as fibras colágenas apareçam geralmente bem coradas por estes métodos, outras estruturas que contém colágeno, como as fibras reticulares e as membranas 18 basais não são coradas seletivamente uma vez que a densidade da cor resultante é insuficiente para dar resolução a essas estruturas delicadas. Desse modo, os vários tipos geneticamente distintos de colágeno não podem ser distinguidos em cortes histológicos corados por métodos como o de Van Gienson (HORTON,1984). Embora tenha sido idealizado para a demonstração de colágeno, o método de Mallory não é adequado para seu estudo (LUNA, 1992). Além disso, há referência de que os métodos tricrômicos não apresentam resultados confiáveis mesmo nas próprias fibras colágenas, pois estas não se apresentam de cor uniforme no mesmo corte histológico (JUNQUEIRA et al., 1983). A coloração pelo método picrossírius faz com que grande quantidade de moléculas do “sirius red”, de caráter ácido e alongadas, disponham-se paralelamente às moléculas de colágeno o que provoca aumento considerável da birrefringência das fibras colagenosas quando observadas em luz polarizada (CALDINI,1992). Apesar do corante “siriús red” ligar-se inespecificamente aos componentes de caráter básico do tecido, o fenômeno do aumento de birrefringência ocorre exclusivamente com o colágeno. Assim, a coloração com picrossírius associada à microscopia de polarização, constitui-se em método histoquímico específico para definir a orientação de moléculas de colágeno (JUNQUEIRA et al., 1980; JUNQUEIRA et al., 1982; MONTES & JUNQUEIRA, 1991). Considerando a importância de se estudar o efeito do tratamento intratendíneo com GAGPS nos processos de regeneração e cicatrização, o objetivo deste trabalho foi o de investigar, com a utilização da microscopia com luz polarizada, a organização do colágeno em tendões flexores digitais superficiais (TFDS) de eqüinos adultos submetidos à tendinite induzida pela colagenase e tratados com glicosaminoglicanos polissulfatados. 19 MATERIAL E MÉTODOS Animais Foram utilizadas amostras de 20 tendões flexores digitais superficiais (TFDS), dos membros torácicos, procedentes de 10 eqüinos da raça Puro Sangue Árabe (PSA), machos ou fêmeas, com idade variando entre dois e seis anos. Nos tendões dos membros torácicos esquerdos, de todos os animais foi induzida tendinite com colagenase. Indução da tendinite O processo inflamatório foi induzido pela injeção intratendínea de 0,2 mL (2,5 mg/mL) de colagenase1, na região central do tendão, usando agulha hipodérmica 23G, em três locais ao longo do eixo tendíneo longitudinal, cada um distante 1,0 cm do outro, na face palmar da região metacarpiana. Tratamentos preconizados e avaliações previamente realizadas Após a indução da tendinite nos TFDS dos membros torácicos esquerdos, os eqüinos foram distribuídos ao acaso em dois grupos constituídos cada um por cinco animais, denominados: GI - tendões flexores digitais superficiais dos membros torácicos esquerdos, tratados com glicosaminoglicanos polissulfatados (GAGPS)2 e GII - tendões flexores digitais superficiais dos membros torácicos esquerdos tratados com solução salina. Os tendões dos membros torácicos direitos constituíram o grupo controle negativo (MARXEN, 2001). Grupo tratado com GAGPS (GI): Aplicação local de 1,0 mL (125 mg) de glicosaminoglicanos polissulfatados2. Respeitando as recomendações de Van den Belt et al. (1992), o volume total foi distribuído em dois locais ao longo do tendão de forma que o volume de fluído injetado no TFDS em eqüinos não excedesse 0,5 mL por aplicação, para evitar a ruptura de fibrilas colagenosas. As aplicações da droga foram repetidas a intervalos de quatro dias num total de cinco aplicações. 1 (colagenase tipo I:C 0130, Sigma) 2 (Adequan®, Luitpold Pharmaceuticols, Shirley, NY, USA 20 Grupo tratado com Salina (GII): foram seguidos os mesmos procedimentos do GI, entretanto estes animais receberam infiltração local de solução fisiológica, em igual volume e freqüência utilizados no grupo I. Os membros lesados permaneceram enfaixados com bandagem compressiva e os eqüinos foram confinados em baias durante os 60 dias subseqüentes. Após este período, permaneceram em piquetes até completar 150 dias. Ao final de 150 dias, os animais foram sacrificados e suas estruturas tendíneas removidas. Foram colhidas amostras de tecido cicatricial dos TFDS do membros torácicos esquerdos e dos membros torácicos direitos que foram imersos em solução de n-hexano (Labsynth) a –14 ºC (gelo seco) e posteriormente descongelados para processamento histopatológico usual. Avaliação histológica das secções tendíneas sob luz polarizada As amostras teciduais dos tendões foram colhidas para análise histopatológica comparativa dos tendões tratados com GAGPS e com salina, assim como as amostras controle, originários dos tendões hígidos dos membros torácicos direitos. Para tanto foram seccionadas no sentido longitudinal e transversal em cortes de 5-7 µm em micrótomo de congelação (criostato). Todos os cortes foram corados pelo método de Picrossírius (PS). Foram efetuadas avaliações histológicas da organização dos feixes colagenosos na área de regeneração (LUNA, 1992). Os cortes selecionados foram documentados em fotomicroscópio Carl Zeiss (West Germany Kpl) do Departamento de Patologia Veterinária/FCAV/Jaboticabal/Unesp. Morfometria das fibrilas de colágeno dos animais tratados com GAGPS e tratados com salina A morfometria foi realizada contando-se o número de feixes de colágeno organizados ou desorganizados em cada animal do grupo tratado com GAGPS ou tratado com salina em lâminas coradas pelo método de picrossírius, empregando- se ocular integradora Carl Zeiss (West Germany Kpl 10x) e objetiva de 4x, totalizando aumento de 40x. A área delimitada pela ocular integradora foi 21 determinada em 0,175 mm2 por meio de retículo quadriculado (Olympus, Tokyo). Para as contagens foram tomados ao acaso cinco campos, de dois cortes em duas lâminas de cada animal, totalizando 1.620 pontos para cada animal. Para as contagens foram considerados os feixes presentes nos pontos de intercessão das linhas do retículo da ocular integradora (Apêndice A). A organização tinha como parâmetro a disposição paralela dos feixes colagenosos que apresentavam colorações amarelo-ouro sob luz polarizada. Por outro lado, a desorganização era caracterizada por disposição assimétrica dos feixes colagenosos com coloração variável de verde à verde-escuro sob luz polarizada. Análise estatística A interdependência entre os grupos e a ocorrência da reorganização dos feixes dos tendões tratados e salina foram analisados pelo teste de Qui-quadrado com nível de probabilidade de 1% utilizando o programa – “Statistical Analysis System” SAS (SCHLOTZHAWER & LITTELL,1997). Os resultados foram expressos em percentagem de fibras organizadas e desorganizadas para cada grupo. 22 RESULTADOS Avaliação histológica das secções tendíneas dos TFDS normais A avaliação histológica dos TFDS dos membros torácicos direitos (grupo controle negativo) corados pelo método de picrossírius, evidenciou disposição paralela de feixes colagenosos corados em amarelo-ouro, ausência de ligações cruzadas, identificada pela coloração amarela difusa, presença de ondulações das fibras e birrefringência sob luz polarizada visualizada pela potencialização das cores (verde e amarelo) absorvidas pelas fibrilas na presença do corante. (Figura 1). Avaliação histológica das secções tendíneas dos TFDS do grupo tendinite tratados com solução salina No grupo tratado com salina (GII) a avaliação histológica das fibrilas colagenosas sob luz polarizada evidenciou feixes de fibras colágenas desorganizadas próximo ao endotendíneo revelando grande quantidade de ligações cruzadas e pouco paralelismo das fibras, que destaca-se pela variabilidade na coloração pelo Picrossírius evidenciado coloração verde-escuro nesta área (Figuras 2 e 3). Avaliação histológica das secções tendíneas dos TFDS do grupo tendinite tratado com GAGPS Os tendões tratados (GI) com glicosaminoglicanos polissulfatados (GAGPS) mostraram feixes de fibras colágenas desorganizadas dispostas em diferentes sentidos e com variabilidade na coloração: de amarelo-esverdeado à verde- escuro. Entretanto, visualizou-se diminuição das ligações cruzadas e presença de aumento na intensidade da birrefringência, que está associada a um maior alinhamento e organização das fibrilas colagenosas durante o processo de reparação (Figura 4). 23 Avaliação morfométrica dos feixes de colagenosos organizados e desorganizados nos grupos tratados com GAGPS e tratados com salina A avaliação morfométrica dos feixes organizados e desorganizados do grupo tratado totalizou 5.725 e 2.375 pontos, respectivamente, para o grupo tratado com GAGPS. Para o grupo tratado com salina, os feixes organizados totalizaram 5.338 e 2.762 pontos, respectivamente (Tabela 1). Avaliação estatística Análise estatística dos feixes organizados e desorganizados no grupo tratado com GAGPS foi de 70,67% e 29,32% respectivamente e, no grupo tratado com salina, 65,90% e 34,09%, respectivamente (Tabela 1 e Figura 5). Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que as tendinites induzidas experimentalmente com colagenase de origem bacteriana e tratadas com glicosaminoglicanos polissulfatados (GAGPS), apresentaram bons resultados no remodelamento dos feixes colagenosos em relação ao grupo salina evidenciado pela diferença significativa no percentagem de feixes organizados neste grupo. Esse fato foi estatisticamente comprovado pelo teste de Qui- quadrado (<0,001), isto é, foi identificado maior número de feixes organizados no grupo tratado com GAGPS comparado ao grupo tratado com salina. 24 Figura 1: A: Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo normal. Observar fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas organizadas e paralelas. Coloração de Picrossírius. Barra:1,04µm. 25 A Figura 2: A: Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com GAGPS (GI). Observar fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas desorganizadas mostrando orientações em diferentes sentidos. Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04 µm. B: Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com GAGPS (GI). Observar eoitendíneo entre fascículos colagenosos com bandas de fibras desorganizadas (D) e organizadas (E). Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04 µm. 26 A B E D Figura 3: A: Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com salina (GII). Observar transição entre fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas organizadas e desorganizadas mostrando orientações em diferentes sentidos, corados em verde-escuro (Τ). Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04 µm. B: Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com salina (GII). Observar fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas desorganizadas mostrando orientação em diferentes sentidos e grande variabilidade na polarização. Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04 µm. 27 Τ A B Figura 4: A: Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com salina (GII). Observar fascículos colagenosos com banda de fibras colágenas desorganizadas mostrando orientações em diferentes sentidos e grande variabilidade na polarização. Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04 µm. B: Aspecto histológico do TFDS de eqüino em corte longitudinal do grupo tratado com salina (GII). Observar fascículos colagenosos com bandas de fibras colágenas desorganizadas mostrando orientações em diferentes sentidos e grande variabilidade na polarização. Coloração de Picrossírius. Barra: 1,04 µm. 28 A B Tabela 1. Índice de feixes de colágeno organizados e desorganizados nos grupos tratados com GAGPS e salina. O nível de significância foi < 0,001 Feixes Organizados Feixes Desorganizados Total n % n % n % P Tratado com GAGPS 5.725 70,67 2.375 29,32 8.100 100 Tratado com salina 5.338 65,90 2.762 34,09 8100 100 Organizados Organizados Desorganizados Desorganizados 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Tratado Controle Figura 1. Percentagem de feixes de colágeno organizados e desorganizados, oriundos de tendões de eqüinos com tendinite induzida pela colagenase e tratados com GAGPS e salina. % D E FE IX ES O R G A N IZ A D O S E D ES O R G A N IZ A D O S 29 DISCUSSÃO As tendinites constituem um dos mais graves e limitantes problemas dos eqüinos submetidos à exercícios. O processo de regeneração independentemente do tratamento preconizado é prolongado e o restabelecimento morfofuncional fica comprometido por fatores extrínsecos e intrínsecos ao tendão. Além disso, é grande os riscos de recidivas, inclusive naqueles tendões adequadamente regenerados. Na busca de padronizar lesões tendíneas para estudos experimentais e comparados, vários métodos foram desenvolvidos na tentativa de reproduzir a tendinite espontânea. Devido às limitações em reproduzir a ruptura do tendão por estiramento mecânico, explorou-se a possibilidade de induzir lesão enzimaticamente pelo emprego de colagenase de origem bacteriana (SILVER et al.,1983). Vários autores relatam a eficiência da colagenase administrada por via intratendínea no Tendão Flexor Digital Superficial (TFDS) induzindo à tendinite com alterações clínicas semelhantes às observadas nas tendinites de ocorrência natural (GAUGHAN et al., 1989; FOLAND et al., 1992; REDDING et al., 1999; ALVES et al., 2001; MARXEN, 2001). Neste experimento, as lesões observadas após inoculação da colagenase de origem bacteriana apresentaram alterações histológicas muito semelhantes as de ocorrência natural. Estes achados corroboram os identificados por SILVER et al.,(1983), WILLIAMS et al., (1984), SPURLOCK et al., (1989), FOLAND et al., (1992), KEG et al., (1992) e ALVES et al., (2001). Os fenômenos inflamatórios na tendinite aguda são resultantes da ação de enzimas que levam à ruptura fibrilar, hemorragia e exsudação (RUBIN et al., 2002). O processamento histológico do tendão de eqüinos apresenta algumas dificuldades, dado a sua configuração morfológica que evidencia extremo empacotamento e rigidez das fibras de colágeno nesta espécie. O método de congelação das amostras tendíneas descrito por MARR et al., 1993, foi utilizado 30 na presente pesquisa e mostrou-se mais eficiente do que a embebição em blocos de parafina facilitando o corte dos segmentos e melhorando a qualidade das amostras para a análise histopatológica. A análise histopatológica demonstrou o tecido tendíneo normal com fibras colágenas onduladas e dispostas em feixes paralelos, separados uns dos outros por fileiras de fibroblastos alongados e finos septos de tecido conectivo organizado entre os fascículos contendo vasos sangüíneos. Os resultados obtidos no exame histopatológico realizado no 150º dia da avaliação mostraram que o grupo de animais tratados com GAGPS apresentaram fibroplasia na área de regeneração semelhante aos resultados descritos na literatura (SILVER et al.,1983; PEACOCK ,1984; SPURLOCK, 1989; GOODSHIP et al.,1994). O tecido cicatricial caracterizou-se por hipercelularidade e vascularização intensa com fibroblastos de núcleos arredondados ou levemente alongados, parcialmente organizados entre as fibras colágenas. O endotendíneo apresentou- se hipercelular com vascularização evidente e abundante, pobremente organizado e mais espesso do que o normal. A disposição longitudinal e paralela das fibras mostrou-se parcial. Essas alterações histopatológicas observadas na cicatriz tendínea 150 dias após a indução das lesões são semelhantes às observações documentadas por outros autores (SILVER et al.,1983; WILLIAMS et al.,1984; MARR et al.,1993; CREVIER et al.,1997) em estudos sobre a fisiopatologia das tendinites clínicas induzidas enzimaticamente e não tratadas. O estudo sob microscopia óptica de luz polarizada, associado à coloração pelo picrossírius permitiu identificar diferenças no grau de remodelamento das fibras colágenas no grupo de tendões de eqüinos tratados com Glicosaminoglicanos Polissulfatados (GAGPS) pela maior percentual de feixes colagenosos organizados em comparação ao grupo tratado com solução salina. O grau de maturação da cicatriz significativamente maior no grupo tratado com Glicosaminoglicanos Polissulfatados (GAGPS), teve como base a identificação de maior percentagem de fibras colágenas paralelas observadas ao microscópio óptico de luz polarizada com forte birrefringência, evidenciada pela 31 coloração amarela e verde das fibrilas colagenosas. As ondulações das fibrilas colágenas foram visualmente potencializadas nas áreas de contração do tecido. Os GAGPS têm a capacidade de inibir os lissosomos e diminuir o grau de inflamação (HENNINGER, 1994). São capazes de aplacar a atividade da colagenase e a ativação de macrófagos, melhorar a orientação das fibrilas de colágeno de tendões em recuperação (SMITH, 1992). JUNQUEIRA et al., (1983), MONTES e JUNQUEIRA (1991), sugerem que o método de coloração com o picrossírius, associado à luz polarizada é um excelente método histoquímico específico para detecção de estruturas compostas por fibras colágenas orientadas. Neste estudo, a birrefringência observada pela coloração de picrossírius sob luz polarizada nos tendões tratados com GAGPS, reflete a presença do paralelismo das fibras encontradas neste grupo e evidenciada pelas colorações amarelo e verde das fibrilas nos tipos I e III do colágeno. Segundo HENNINGER et al., (1994), a presença do aumento na intensidade de birrefringência está associado ao alinhamento e evolução do processo de reparação (JONES et al., 1996; GILLIS et al., 1997). O tendão do eqüino é constituído basicamente de 75 % de fibras colágenas tipo I, 5 % do tipo II e 20 % tipo III. As moléculas de colágeno dos tipos I e II são similares em termos de periodicidade de bandas. O diâmetro destas moléculas difere, sendo o tipo I maior e o tipo III de menor diâmetro (BIRCH et al., 1998). A proporção destes dois tipos de fibras colágenas no tecido de reparação determina as propriedades mecânicas da cicatriz . No tecido cicatricial neoformado, o colágeno inicialmente é imaturo, compreendendo predominantemente fibras colágenas tipo III, de pequeno diâmetro. Com a evolução do processo de reparação, o diâmetro das fibras aumenta assim como o número de ligações químicas estáveis, juntamente com o aumento de proporções de fibras tipo I, levando meses para completar o processo de maturação e remodelamento da cicatriz (GOODSHIP et al., 1994; MURPHY e NIXON, 1997). 32 O tratamento com glicosaminoglicanos polissulfatados (GAGPS) nas lesões tendíneas induzidas neste estudo, possibilitou melhora significativa na qualidade da recuperação tendínea. Resultado semelhante foi obtido após aplicação única intralesional de 1,0 mL de glicosaminoglicanos polissulfatados em uma tendinite clínica após cinco dias de evolução (SMITH, 1992). Estudos com tendinite experimental, induzida pela colagenase em eqüinos, mostraram efeitos benéficos do tratamento intramuscular com glicosaminoglicanos polissulfatados (REDDING et al.,1999). O método de coloração com o picrossírius provou ser adequado para o estudo do tratamento com o glicosaminoglicanos polissulfatados na tendinite induzida pela colagenase em eqüinos. Foi possível a identificação de birrefringência e a presença de ondulações das fibras nas áreas de regeneração, o que indica reorganização do colágeno nestas áreas. Em alguns segmentos histológicos, observou-se que a espessura do corte alterou a cor e direcionamento das fibrilas. Dobras nos cortes histológicos aparecem mais fortemente birrefringentes e apresentam coloração diferente da usual quanto comparado ao tecido tendíneo adjacente (CALDINI, 1992). Pelo exposto, os resultados permitem aferir que a administração dos glicosaminoglicanos polissulfatados possibilitou a melhora qualitativa do processo de reparação tendínea podendo contribuir de maneira decisiva para o retorno do animal a uma performance competitiva, fazendo-se possivelmente necessário um período mais prolongado de repouso, além dos cinco meses, para o restabelecimento morfofuncional das fibrilas colágenas. 33 CONCLUSÕES Considerando-se os resultados obtidos no presente trabalho, concluiu-se que: 1 O método de coloração de picrossírius, sob luz polarizada, mostrou-se eficiente para o estudo da organização das fibras colágenas na fase de remodelamento cicatricial. 2 As lesões tendíneas tratadas com glicosaminoglicanos polissulfatados apresentaram maior percentual de redução de feixes desorganizados na área lesada. 3 Os glicosaminoglicanos polissulfatados preveniram a formação de ligações cruzadas das fibras colágenas mantendo o paralelismo das fibras colágenas e conferindo maior resistência da estrutura tendínea. 34 REFERÊNCIAS ALVES, A. 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Grupo Tratado Animal 2 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 27 37 32 19 42 157 Feixes desorganizados 54 44 49 62 39 248 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 39 38 41 46 41 205 Feixes desorganizados 42 43 40 35 40 200 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 64 81 72 59 50 326 Feixes desorganizados 17 0 9 22 31 79 Lâmina 2 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 52 80 71 76 80 359 Feixes desorganizados 29 1 10 5 1 46 81 81 81 81 81 405 Animal 3 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 9 56 65 36 18 184 Feixes desorganizados 72 25 16 45 63 221 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 72 54 72 63 60 321 Feixes desorganizados 9 27 9 18 21 84 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 59 50 55 72 63 299 Feixes desorganizados 22 31 26 9 18 106 Lâmina 2 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 58 55 67 66 65 311 Feixes desorganizados 23 26 14 15 16 94 81 81 81 81 81 405 40 Animal 4 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 39 72 62 48 70 291 Feixes desorganizados 42 9 19 33 11 114 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 45 62 69 72 60 308 Feixes desorganizados 36 19 12 9 21 97 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 39 65 45 65 65 279 Feixes desorganizados 42 16 36 16 16 126 Lâmina 2 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 39 67 72 70 72 320 Feixes desorganizados 42 14 9 11 9 85 81 81 81 81 81 405 Animal 7 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 56 60 59 53 56 284 Feixes desorganizados 25 21 22 28 25 121 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 60 57 66 65 52 300 Feixes desorganizados 21 24 15 16 29 105 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 62 51 67 71 61 312 Feixes desorganizados 19 30 14 10 20 93 Lâmina 2 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 37 71 64 63 64 299 Feixes desorganizados 44 10 17 18 17 106 81 81 81 81 81 405 Animal 9 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 47 56 70 51 53 277 Feixes desorganizados 34 25 11 30 28 128 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 41 61 64 49 62 277 Feixes desorganizados 40 20 17 32 19 128 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 71 64 69 65 70 339 Feixes desorganizados 10 17 12 16 11 66 Lâmina 2 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 47 70 53 56 51 277 Feixes desorganizados 34 11 28 25 30 128 81 81 81 81 81 405 41 Grupo Controle ANIMAL 1 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 75 70 77 65 70 357 Feixes desorganizados 6 11 4 16 11 48 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 77 65 71 75 70 358 Feixes desorganizados 4 16 10 6 11 47 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 0 6 4 10 9 29 Feixes desorganizados 81 75 77 71 72 376 Lâmina 2 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 6 4 3 3 9 30 Feixes desorganizados 75 77 78 78 72 380 81 81 81 81 81 405 ANIMAL 5 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 58 46 44 56 47 251 Feixes desorganizados 23 35 37 25 34 154 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 60 47 29 60 45 241 Feixes desorganizados 21 34 52 21 36 164 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 52 59 60 53 55 279 Feixes desorganizados 29 22 21 28 26 126 Lâmina 2 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 61 48 24 71 50 254 Feixes desorganizados 20 33 57 10 31 151 ANIMAL 6 81 81 81 81 81 405 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 14 10 10 24 20 78 Feixes desorganizados 67 71 71 57 51 327 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 73 36 62 50 51 272 Feixes desorganizados 8 45 19 31 30 133 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 70 66 67 73 50 326 Feixes desorganizados 11 15 14 8 31 79 81 81 81 81 81 405 42 Lâmina 2 Corte 2 Feixes organizados 62 50 36 73 67 288 Feixes desorganizados 19 31 45 8 14 117 81 81 81 81 81 405 ANIMAL 8 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 66 57 60 55 56 294 Feixes desorganizados 15 224 221 26 25 111 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 57 58 56 51 58 280 Feixes desorganizados 24 23 25 30 23 125 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 70 75 65 76 70 356 Feixes desorganizados 11 6 16 5 11 49 Lâmina 2 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 70 65 75 76 70 356 Feixes desorganizados 11 16 6 5 11 49 81 81 81 81 81 405 ANIMAL 10 Lâmina 1 Corte 1 Total Feixes organizados 48 70 67 72 52 309 Feixes desorganizados 33 11 14 9 29 96 Lâmina 1 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 70 67 52 60 48 297 Feixes desorganizados 11 14 29 21 33 108 Lâmina 2 Corte 1 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 73 64 72 70 70 349 Feixes desorganizados 8 17 9 11 11 56 Lâmina 2 Corte 2 81 81 81 81 81 405 Feixes organizados 60 70 72 64 73 339 Feixes desorganizados 21 11 9 17 8 66 81 81 81 81 81 405 43 Coloração de Picrossírius Soluções 1) Ácido fosfomolibídico 0,2% - 2,0 gramas de ácido fosfomolibídico - 1000 ml de água destilada 2) Ácido Pícrico saturado - 6,0 gramas de ácido pícrico - 200 ml de água destilada 3) Solução corante de Picrossírius - 200 ml ácido pícrico saturado - 0,4 gramas de Sírius Red 4) Ácido Hidroclorídrico 0,01 N - 992 ml de água destilada - 8 ml de ácido hidroclorídrico PROCEDIMENTO - Desparafinar e hidratar em água destilada; - Ácido fosfomolibídico por 2 minutos; - Lavar em água destilada; - Picrossírius por 110 minutos; 44 - Ácido clorídrico por 2 minutos; - Álcool etílico 70% por 45 segundos; - Desidratar em 3 passagens de álcool 100%, clarear e montar em resina sintética. 45 CAPA FOLHA DE ROSTO DADOS CURRICULARES DO AUTOR OFERECIMENTO AGRADECIMENTOS SUMÁRIO INDICE DE TABELA INDICE DE FIGURAS CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS REFERÊNCIAS CAPÍTULO 2- TRATAMENTO COM GLICOSAMINOGLICANOS POLISSULFATADOS NO PROCESSO CICATRICIAL TENDÍNEO EM EQÜINOS. ANÁLISE MORFOLÓGICA VERSÃO EM INGLÊS DO CAP. II 2. INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS DISCUSSÃO CONCLUSÕES REFERÊNCIAS