CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - INTEGRAL PEDRO HENRIQUE DIAS DA SILVA COSTA MUITO ALÉM DOS ALÇAPÕES: DESCRIÇÃO DE OITO ESPÉCIES NOVAS DE ARANHAS DO GÊNERO NEODIPLOTHELE MELLO-LEITÃO, 1917 PARA O NORTE E NORDESTE DO BRASIL (ARANEAE, BARYCHELIDAE) PEDRO HENRIQUE DIAS DA SILVA COSTA MUITO ALÉM DOS ALÇAPÕES: DESCRIÇÃO DE OITO ESPÉCIES NOVAS DE ARANHAS DO GÊNERO NEODIPLOTHELE MELLO-LEITÃO, 1917 PARA O NORTE E NORDESTE DO BRASIL (ARANEAE, BARYCHELIDAE) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências – Câmpus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas Orientador: Prof. Dr. José Paulo Leite Guadanucci Coorientador: Me. Hector Manuel Osorio Gonzalez Filho Rio Claro - SP 2024 C837m Costa, Pedro Henrique Dias da Silva Muito além dos alçapões : descrição de oito espécies novas de aranhas do gênero Neodiplothele Mello-Leitão, 1917 para o Norte e Nordeste do Brasil (Araneae, Barychelidae) / Pedro Henrique Dias da Silva Costa. -- Rio Claro, 2024 67 p. : fotos Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado - Ciências Biológicas) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências, Rio Claro Orientador: José Paulo Leite Guadanucci Coorientador: Hector Manuel Osorio Gonzalez Filho 1. Aranha-de-alçapão. 2. neotropical. 3. Sasoninae. 4. fiandeiras. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências, Rio Claro. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. 2 PEDRO HENRIQUE DIAS DA SILVA COSTA MUITO ALÉM DOS ALÇAPÕES: DESCRIÇÃO DE OITO ESPÉCIES NOVAS DE ARANHAS DO GÊNERO NEODIPLOTHELE MELLO-LEITÃO, 1917 PARA O NORTE E NORDESTE DO BRASIL (ARANEAE, BARYCHELIDAE) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências – Câmpus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas. BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. José Paulo Leite Guadanucci (orientador) Me. Hector Manuel Osorio Gonzalez Filho (coorientador) Dr. Rafael Prezzi Indicatti Dr. Arthur Galleti Lima Aprovado em: 05 de junho de 2024 Assinatura do discente Assinatura do orientador Assinatura do coorientador 3 A todos os meus professores 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente àqueles que fizeram, e ainda fazem, de tudo para que eu viva fazendo o que mais amo, meus pais, Ângela Dias da Silva Costa e Luis Eduardo da Silva Costa. Dentre os professores, vocês são os primeiros a quem dedico meu trabalho. Agradeço a minha irmã Ana Julia Dias da Silva Costa por ser minha grande companheira e por ser a primeira palavra que ela falou. À vó Mirinha, Miram Aparecida da Silva Costa, e ao vô Tatu, Luis Antônio Ferreira da Costa in memoriam, por cuidarem de mim e contribuírem com a melhor infância que eu poderia ter. Aos meus parceiros do Laboratório de Aracnologia de Rio Claro, em especial a Hector M. O. Gonzalez-Filho e Arthur Galleti-Lima pela amizade, ensinamentos, cafés e por me introduzirem ao mundo da aracnologia. A José Paulo Leite Guadanucci, pela orientação e por incentivar o fascínio aos invertebrados, em especial às aranhas Mygalomorphae. Aos cafezinhers, Daniel, Rafaela, Júlia, Pedro, Alícia, Letícia, Luiza, Rafael e Maria pelos cafés, sem os quais seria difícil chegar ao final da graduação. A Matheus Rossetti Vicenzi pela velha amizade e por sempre me lembrar que no fundo a gente continua o mesmo. Aos meus amigos do Sucão, Metade, Perereca, Fênix, Isa, Ágata, Andrei e Flash pelo truco, cerveja, derivados alcoólicos e por invadir minha kitnet em 2019, foi um prazer receber vocês por lá. Em especial, agradeço à Andrei Lopes Ferreira pela maior amizade da graduação, por me aguentar por todos esses anos, pelas quantidades industriais de café compartilhadas, pela grande carga horária despendida em joguinhos online e por compartilhar o mesmo neurônio; à Fábio Fernandes Teixeira pela amizade, pelas cervejas e por me ajudar a sobreviver a pandemia mesmo arrumando coisa pra cabeça e a Aline Zambretti Pires pela amizade e por continuar do mesmo jeito de sempre. Aos meus tios e tias, Cláudia, Patrícia, Leopoldo, Ique, Francine, Luciane pelo suporte e cuidado, em especial ao Tio Giba e Tio Fá, por contemplar a beleza da natureza ao meu lado e incentivarem meu amor por ela. Ao meu avô Gentil. A todos os meus primos, em especial a Murilo, Lavínia, Martina, João e Luis Felipe por crescerem comigo, mesmo eu tendo chegado um pouco antes de vocês. Agradeço 5 igualmente ao restante da minha extensa família, cuja lista de nomes excede o número de páginas reservada aos agradecimentos. O privilégio de ter vocês é tão grande quanto o tamanho da família. A Mariana Vaini Marques pelo suporte, por me fazer uma pessoa melhor e pelo simples tempo que passa ao meu lado. Não via o mundo tão belo até que houvesse você. Ao Interbio e seus organizadores pelo Maior Espetáculo da Terra. A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” campus de Rio Claro, assim como todos seus funcionários e colaboradores, por garantir uma formação de excelência, mesmo em tempos conturbados. Por fim, agradeço a coincidência ou motivo misterioso que me permitiu viver em um mundo ainda não destruído completamente pelo ser humano. E em um tempo depois do surgimento dos Beatles. 6 RESUMO Barychelidae apresenta 39 gêneros e 285 espécies, apresenta distribuição Gondwânica e é dividida em duas subfamílias: Barychelinae e Sasoninae. Enquanto Barychelinae ocorre na África, Ásia e Oceania, Sasoninae ocorre na região neotropical, exceto por Sason Simon, 1887. Neodiplothele Mello-Leitão, 1917 é o gênero de Sasoninae com maior número de espécies e apresenta distribuição ampla no Brasil, ocorrendo nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Tocantins, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Santa Catarina, concentradas na região costeira de Mata Atlântica. O gênero, até o presente trabalho, conta com nove espécies e se distingue de outros gêneros da subfamília pela ausência das fiandeiras médias posteriores (FMP), principal caráter diagnóstico. Todavia, coletas recentes e material de coleções zoológicas revelaram espécies morfologicamente semelhantes a Neodiplothele mas com FMP diminutas. Essa descoberta exige atualização da taxonomia do gênero, uma vez que a principal característica diagnóstica não está presente em todas as espécies. Apesar de Neodiplothele já ter passado por uma revisão taxonômica recente, a diversidade do grupo no Brasil é pouco estudada e tem se revelado cada vez maior. Assim, o presente trabalho apresenta a descrição de oito novas espécies para os estados do Amazonas, Pará, Piauí e Bahia, abrangendo biomas de Mata Atlântica, Floresta Amazônica e Cerrado. Das espécies descritas, 4 apresentam de quatro fiandeiras, com distribuição concentrada na região Nordeste e Norte do Brasil. Adicionalmente, foi realizada a descrição da fêmea de N. caucaia Gonzalez-Filho et al., 2015, para o estado do Ceará. As fotografias multifocais foram realizadas com câmera digital acoplada a um estereomicroscópio e montadas utilizando o programa Leica Application Suite versão 4.12. Foi elaborada uma chave de identificação das espécies do gênero Neodiplothele através do programa Xper3 v.1.6.2. Com as espécies descritas no presente trabalho, foi introduzido no gênero uma diversidade morfológica significativa para os bulbos copuladores e espermatecas. Além disso, foi expandido o conhecimento sobre a diversidade e distribuição das espécies de Neodiplothele no Brasil. Ainda não há uma hipótese filogenética que avalie a distância evolutiva entre as espécies de quatro e duas fiandeiras. Ainda assim, as 7 novas espécies de Neodiplothele com FMP podem representar um recurso importante para futuros estudos sobre a evolução das fiandeiras em Mygalomorphae. Palavras-chave: Aranha-de-alçapão; neotropical; Sasoninae; fiandeiras. 8 ABSTRACT Barychelidae has 39 genera and 285 species, presents Gondwanic distribution and is divided into two subfamilies: Barychelinae and Sasoninae. While Barychelinae occurs in Africa, Asia and Oceania, Sasoninae occurs in the Neotropics, except for Sason Simon, 1887. Neodiplothele Mello-Leitão, 1917 is the genus of Sasoninae with the largest number of species and has a wide distribution in Brazil, occurring in the states of Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Tocantins, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, São Paulo and Santa Catarina, concentrated in the coastal region of the Atlantic Forest. To date, the genus has nine species and is distinguished from other genera in the subfamily by the absence of the posterior median spinnerets (PMS), the main diagnostic character. However, recent collections and material from zoological collections have revealed species that are morphologically similar to Neodiplothele but with smaller FMP. This discovery requires updating the taxonomy of the genus, since the main diagnostic feature is not present in all species. Although Neodiplothele has already undergone a recent taxonomic revision, the diversity of the group in Brazil is poorly studied and has been increasing. This work therefore presents the description of eight new species for the states of Amazonas, Pará, Piauí and Bahia, covering the Atlantic Forest, Amazon Rainforest and Cerrado biomes. Of the species described, 4 have four spinners, with distribution concentrated in the Northeast and North of Brazil. In addition, the female of N. caucaia Gonzalez-Filho et al., 2015, was described for the state of Ceará. The multifocal photographs were taken with a digital camera coupled to a stereomicroscope and assembled using the program Leica Application Suite version 4.12. An identification key for the species of the genus Neodiplothele was prepared using the program Xper3 v.1.6.2. With the species described in this work, a significant morphological diversity was introduced into the genus for the copulatory bulbs and spermathecae. In addition, knowledge about the diversity and distribution of Neodiplothele species in Brazil has been expanded. There is still no phylogenetic hypothesis to assess the evolutionary distance between the four- and two-spined species. Nevertheless, the new species of Neodiplothele with FMP may represent an important resource for future studies on the evolution of spinners in Mygalomorphae. 9 Keywords: Trapdoor spider; Neotropical; Sasoninae; spinnerets. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Principais caracteres diagnósticos do gênero Neodiplothele……………………………………………………….…..…….………….. 20 Figura 2 – Neodiplothele sp. nov. 1 - macho…….…………………………………….26 Figura 3 – Neodiplothele sp. nov. 1 - fêmea………………………………………….. 27 Figura 4 – Neodiplothele sp. nov. 2 - macho.………………………………………….31 Figura 5 – Neodiplothele sp. nov. 2 - fêmea…………………………………………...32 Figura 6 – Neodiplothele sp. nov. 3 - macho…………………………………………..35 Figura 7 – Neodiplothele sp. nov. 4 - fêmea…….……………………………………..39 Figura 8 – Neodiplothele sp. nov. 4 - macho…………………………………………..40 Figura 9 – Neodiplothele sp. nov. 5 - macho…….……...……………………………..38 Figura 10 – Neodiplothele sp. nov. 6 - macho…………........................................... 45 Figura 11 – Neodiplothele sp. nov. 7 - macho…..……………………………………..48 Figura 12 – Neodiplothele sp. nov. 8 - macho…..……………………………………..51 Figura 13 – Neodiplothele caucaia - fêmea……………..……………………………..54 Figura 14 – Detalhe das fúsulas das FMP de um exemplar de Neodiplothele………………………………………………………………...……..….. 59 Figura 15 – Detalhe das cristas na base do êmbolo de N. irregularis…...……..…..61 11 LISTA DE ABREVIATURAS Instituições CAD Coleção Aracnológica Diamantina CHNUFPI Coleção de História Natural da Universidade Federal do Piauí FLONA Floresta Nacional IBSP Instituto Butantan, São Paulo, Brasil MNRJ Museu Nacional do Rio de Janeiro MPEG Museu Paraense Emílio Goeldi MZUSP Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UFMG Universidade Federal de Minas Gerais WSC World Spider Catalog Morfologia La Lábio Ma Maxila Olhos OLA Olhos laterais anteriores OLP Olhos laterais posteriores OMA Olhos médios anteriores OMP Olhos médios posteriores Pernas e palpos ci címbio GTS garras tarsais superiores fe fêmur me metatarso pa patela ti tÍbia ta tarso Espinulação ap apical d dorsal 12 p prolateral r retrolateral v ventral Tricobótrios TC Tricobótrios clavados TF Tricobótrios filiformes Fiandeiras FLP Fiandeiras laterais posteriores FMP Fiandeiras médias posteriores 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO………………………………………………………….…… 10 2 METODOLOGIA…..……………….………………………………………...14 2.1 Fotografias……………………………………………….…………………. 14 2.2 Descrição de espécies……………………………………………………. 14 2.3 Coleções…………………………………………………………………….. 15 2.4 Chave de identificação….…………………………………………………15 3 RESULTADOS…………………………………….………………………… 16 3.1 Taxonomia……………………….………………………………………….. 16 3.2 Neodiplothele sp. nov. 1 …………….…………………………………… 18 3.3 Neodiplothele sp. nov. 2 …………….…………………………………… 23 3.4 Neodiplothele sp. nov. 3 …………….…………………………………… 28 3.5 Neodiplothele sp. nov. 4 …………….…………………………………… 32 3.6 Neodiplothele sp. nov. 5 …………….…………………………………… 36 3.7 Neodiplothele sp. nov. 6 …………….…………………………………… 39 3.8 Neodiplothele sp. nov. 7 …………….…………………………………… 42 3.9 Neodiplothele sp. nov. 8 …………….…………………………………… 44 3.10 Neodiplothele caucaia….…………….……………………………………48 3.11 Chave de identificação…………………………………………………... 50 3.12 História Natural ……………………………………………………………. 52 4 DISCUSSÃO………………………………………………………………….54 5 CONCLUSÃO………………………………………………………………. 59 6 REFERÊNCIAS………………………………………………………………60 14 1 INTRODUÇÃO As aranhas da Infraordem Mygalomorphae, conhecidas como caranguejeiras, aranhas-teia-de-funil e aranhas-de-alçapão, abrangem cerca de 6% da diversidade de espécies da ordem Araneae (WSC, 2024). A disposição ortognata das quelíceras e a presença de dois pares de pulmões foliáceos são duas das principais características do grupo compartilhadas com a subordem Mesothelae, consideradas, assim, plesiomórficas (Raven, 1985; Coddington, 2005; Hedin & Bond, 2006). Barychelidae Simon, 1889 é uma família da infraordem Mygalomorphae representada pelas aranhas-de-alçapão com “pés de escova” (brush-footed trapdoor spiders) (Raven, 1994), por conta da presença de tufos subungueais no ápice dos tarsos. As aranhas desta família podem construir suas tocas em uma grande diversidade de microhabitats, mas mais comumente habitam no chão plano ou inclinado de florestas (Raven, 1994). As tocas podem variar de cápsulas de seda temporárias a tocas complexas com alçapões camuflados, em alguns gêneros a toca consiste em um ninho de seda em forma de barril com uma porta maleável em cada extremidade (Raven, 1994). Muitas delas são encontradas em barrancos (com exceção de margens de cursos d’água), na serrapilheira aderida embaixo de troncos, rochas ou construídas em depressões no substrato ou em árvores (Raven, 1994). Comumente os alçapões são encontrados com material aderido em sua superfície, como folhas, galhos e terra, a exemplo de Sason Simon, 1887, destacadas por Raven (1994) pelo alto grau de camuflagem dos alçapões. Atualmente, Barychelidae apresenta 39 gêneros, 285 espécies (WSC, 2024), e está dividida em duas subfamílias: Barychelinae e Sasoninae (Raven, 1985; 1994). As espécies desta família têm distribuição concentrada no Hemisfério Sul, apresentando maior riqueza de espécies na região da Oceania e ilhas do Pacífico, seguida pela região neotropical, África Central, Madagascar, Hawaii, Ilha Socotra, Índia e Sri Lanka (Raven, 1994). Esta família compartilha semelhanças morfológicas com a família Theraphosidae Thorell, 1869, sendo consideradas seu grupo-irmão (Raven, 1985; Goloboff, 1993; Bond et al., 2012; Mori & Bertani, 2020; Opatova et al., 2020). Membros de Barychelidae e Theraphosidae compartilham a presença de tufos subungueais e escópula bem desenvolvida nas pernas (Bond et al., 2012), porém os membros de Barychelidae, em geral, apresentam a escópula menos densa e em 15 alguns gêneros presente apenas no primeiro par de pernas (Raven, 1985). Além disso, Barychelidae se diferencia de Theraphosidae pelo artículo apical das fiandeiras laterais posteriores curto ou em forma de domo, lobo anterior da maxila pouco projetado e pela pouca presença de cúspides nos lábios e nas maxilas (Raven, 1985; Bond et al., 2012). Atualmente, tais caracteres empregados para distinguir Theraphosidae e Barychelidae apresentam variação contínua, o que torna subjetivo o processo de identificação e diferenciação dessas famílias, a exemplo das maxilas (Raven, 1985; Goloboff, 1993; Bond, et al., 2012). Por isso, Raven (1985) aponta que não existem sinapomorfias bem suportadas para Theraphosidae e, consequentemente, para Barychelidae. A subfamília Sasoninae conta com quatro gêneros: Sason Simon, 1887, Cosmopelma Simon, 1889, Neodiplothele Mello-Leitão, 1917 e Paracenobiopelma Feio, 1952 (Raven, 1985; WSC, 2024). Sasoninae se distingue de Barychelinae pelo segmento apical curto e cônico das fiandeiras laterais posteriores, clípeo estreito e cômoro ocular com comprimento menor que a metade da largura (Raven, 1985; 1994). Dentre estes gêneros, Sason é o único táxon de Sasoninae que não ocorre na região neotropical, sendo distribuídas nas Ilhas Seychelles, Andaman e Marianas, Sul da Índia, Sri Lanka, Norte da Austrália e Nova Guiné (Raven, 1985; 1986; WSC, 2024). Cosmopelma foi o primeiro gênero neotropical descrito para a subfamília Sasoninae, endêmico do estado da Bahia. O gênero foi descrito baseado em um exemplar fêmea da Bahia, C. decoratum Simon, 1889. Posteriormente, o gênero foi revisado por Mori & Bertani (2016), que redescreveram a espécie-tipo e descreveram uma nova espécie para a Bahia. Paracenobiopelma é um gênero monotípico baseado em três espécimes coletados em uma casca de árvore em Niterói, Rio de Janeiro (Feio, 1952). Feio (1952) descreveu P. gerecormophilum com uma riqueza de detalhes, contendo medidas, descrição e fotografias do exemplar em sua toca. Porém, como nenhum outro espécime foi encontrado até o momento atual, análises morfológicas mais detalhadas e moleculares para esse gênero inexistem. O gênero Neodiplothele foi estabelecido por Mello-Leitão (1917) baseado em uma fêmea de N. irregularis Mello-Leitão, 1917 de Campina Grande, Paraíba, descrito para a família Barychelidae (Mello-Leitão, 1923). Posteriormente, mais duas espécies foram descritas: N. fluminensis Mello-Leitão, 1924, com base em um 16 macho coletado em Rio de Janeiro; N. picta Vellard, 1924, baseado em uma fêmea de Niterói, Rio de Janeiro (WSC, 2024). Neodiplothele foi transferido por Raven (1985) para a subfamília Pycnothelinae (Nemesiidae Simon, 1889), sob a justificativa das seguintes características morfológicas: (1) bulbos copuladores com uma série de cristas quitinosas longitudinalmente orientadas localizadas distalmente na face mais próxima a tíbia do palpo (dorsal/prolateral), (2) tumescência interqueliceral nos machos, coberta com cerdas engrossadas, (3) clípeo largo, (4) ausência de terceira garra nas pernas e (5) tarsos pseudosegmentados nos machos. Em sua análise sistemática, Raven (1985) aponta que tanto a inclusão de Neodiplothele em Nemesiidae quanto em Barychelidae requerem o mesmo número de reversões (duas), mas a inclusão na primeira seria mais parcimoniosa. Contudo, Raven (1985) explicita que esta posição poderia estar equivocada e que a inclusão em Barychelidae seria uma segunda alternativa possível. Anos depois, Goloboff (1993) argumenta que nenhuma sinapomorfia inequívoca foi usada na análise de Raven (1985) para suportar Barychelidae e que os caracteres de suporte da monofilia de Nemesiidae poderiam ser plesiomorfias. Goloboff (1993), apresenta um caráter compartilhado entre Neodiplothele, Theraphosidae, Paratropididae Simon, 1889 (exceto Paratropidinae) e Barychelidae: a presença de tricobótrios clavados (TC) formando duas fileiras em zig zag nos tarsos, separadas por um grupo de cerdas (caráter 44). Na análise de Goloboff (1993), para Nemesiidae ser tida como monofilética, as árvores respondem melhor para o comprimento do lábio, cristas nos bulbos copuladores e presença de tumescência interqueliceral, e não respondem bem para a presença de TC, padrão de tricobótrios tarsais e tufos sub-ungueais em Neodiplothele, assim, o fit total (parâmetro para escolha da melhor árvore em buscas com pesagem de caracteres) favoreceu a árvore em que Neodiplothele se agrupa com o clado Theraphosoidina (Theraphosidae + Paratropididae). Mais tarde, Goloboff (1995) realocou Neodiplothele novamente em Sasoninae (Barychelidae), baseado nos seguintes caracteres: (1) clípeo largo, (2) escópula reduzida, (3) presença de tumescência interqueliceral e (4) bulbos copuladores com cristas. Apesar dos caracteres (2) e (3) estarem presentes em Nemesiidae, também são compartilhados com Barychelidae, incluindo os gêneros Paracenobiopelma e Cosmopelma (Sasoninae) (Goloboff, 1995). Além disso, são apontados dois 17 caracteres significativos adicionais compartilhados com Sasoninae neotropicais: o bulbo com um ducto extremamente torcido, com a alça externa envolvendo alças internas (e.g. Fig. 2G-J) e tarsos com um par de cerdas longas, eretas e modificadas, também compartilhada com fêmeas de Sason (Goloboff, 1995). Goloboff (1995) realizou o até então considerado primeiro registro de Neodiplothele de quatro fiandeiras, apontando observações sobre espécimes de um gênero aparentemente relacionado a Neodiplothele coletado em Paranaíba, Brasil, mas que se diferenciavam do gênero por possuírem FMP, ainda que rudimentares. Goloboff (1995) manteve os exemplares na nova análise devido a presença de garras tarsais superiores (GTS) bisseriadas (ou bipectinadas), característica que os diferenciava de Sasoninae. Posteriormente, Gonzalez-Filho et al. (2015) realizaram a revisão do gênero Neodiplothele, na qual descreveram o macho de N. irregularis e N. picta, e também, descreveram mais cinco espécies brasileiras: N. aureus Gonzalez-Filho et al., 2015 para os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Minas Gerais; N. itabaiana Gonzalez-Filho et al., 2015 para Sergipe, N. martinsi Gonzalez-Filho et al., 2015 para Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais; N. indicattii Gonzalez-Filho et al., 2015 para Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo; e, N. caucaia Gonzalez-Filho et al., 2015 para Ceará, Goiás e Mato Grosso do Sul. Além disso, no mesmo trabalho os autores separaram o gênero Neodiplothele em dois grupos informais, baseados na morfologia do bulbo copulatório dos machos: o grupo picta (bulbo com aspecto globoso) e grupo irregularis (bulbo com aspecto piriforme). Esta separação foi a base para a elaboração da primeira chave dicotômica para Neodiplothele. Por fim, Mori & Bertani (2020) transferem para Neodiplothele a espécie Neodiplothele flavicoma (Simon, 1891), baseando-se principalmente na ausência das fiandeiras medianas posteriores (FMP). Atualmente o gênero Neodiplothele conta com nove espécies. O exame prévio do material recém coletado e de exemplares de coleções revelaram oito novas espécies já reconhecidas como táxons morfologicamente distintos. O presente trabalho descreve esses táxons, assim como adiciona a descrição da fêmea de N. caucaia, ampliando a distribuição conhecida de Neodiplothele para o Brasil. 18 2 METODOLOGIA 2.1 Fotografias As fotografias foram realizadas com câmera digital Leica MC170HD acoplada a um estereomicroscópio Leica M205C. Posteriormente, as fotografias multifocais foram montadas utilizando o programa Leica Application Suite versão 4.12. Os palpos dos machos estão representados em vista dorsal, ventral, prolateral e retrolateral e as espermatecas das fêmeas estão representadas em vista dorsal. Para a visualização da espermateca, a área que recobre a espermateca foi removida utilizando uma agulha hipodérmica descartável (tamanho: 13,0x0,3 mm). Para remover o tecido que envolve a espermateca, importante para a visualização de sua morfologia, foi utilizado o limpador enzimático Ultrazyme® enzymatic cleaner, na diluição de uma cápsula para 2 ml de água destilada. Antes do banho enzimático, a espermateca, aderida a cutícula externa, foi lavada com água destilada. A espermateca permaneceu imersa sobre a enzima diluída por um período médio de 10h em temperatura ambiente. 2.2 Descrição de espécies Espinulação segue o modelo proposto por Raven (1994), com modificações. Foi apresentado o número total de espinhos para uma determinada face do segmento. O número de espinhos apicais dentre o número total é indicado entre parênteses. A medida do comprimento corporal total foi obtida excluindo-se as quelíceras e fiandeiras. Para medidas de comprimento e largura de estruturas morfológicas foi usado o máximo valor obtido nas mensurações. Para medidas de distâncias entre estruturas, foi utilizado o mínimo valor obtido nas mensurações. As medidas foram obtidas pelo mesmo equipamento utilizado nas fotografias. Todas as medidas estão expressas em milímetros (mm). 2.3 Coleções Além do material coletado pela equipe do LARC - Laboratório de Aracnologia de Rio Claro, Unesp, Rio Claro, depositado na Coleção Aracnológica Diamantina, 19 Unesp, Rio Claro, (CAD), serão utilizados exemplares obtidos por meio de empréstimos das seguintes coleções (curadoria entre parênteses): a) CAD Coleção Aracnológica Diamantina, Rio Claro, São Paulo, Brasil (J.P.L.Guadanucci); b) CHNUFPI Coleção de História Natural da Universidade Federal do Piauí, Floriano, Piauí, Brasil (L.S. Carvalho); c) IBSP Instituto Butantan, São Paulo, Brasil (A.D. Brescovit); d) MPEG Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará, Brasil (A.B. Bonaldo); e) MNRJ Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (A.B. Kury); f) MZUSP Museu de Zoologia, USP, São Paulo, Brasil (R. Pinto da Rocha); g) UFMG Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil (A.J. Santos). 2.4 Chave de identificação A construção da chave de identificação das espécies do gênero Neodiplothele foi feita com ajuda do programa de computador Xper3 v.1.6.2 (Vignes-Lebbe et al., 2015). Ao submeter os caracteres de cada táxon, neste caso as espécies de Neodiplothele, o programa gera uma chave dicotômica com o menor número de passos possíveis. A chave dicotômica gerada pelo programa foi revisada e testada, para posteriormente sofrer adaptações conforme a necessidade. 20 3 RESULTADOS No presente trabalho, foram descritas oito novas espécies para o gênero Neodiplothele, além da descrição da fêmea de N. caucaia. 3.1 Taxonomia Classe Arachnida Cuvier, 1812 Ordem Araneae Clerck, 1757 Subordem Mygalomorphae Pocock, 1892 Família Barychelidae Simon, 1889 Subfamília Sasoninae Simon, 1887 Gênero Neodiplothele Mello-Leitão, 1917 Lista sinonímica Neodiplothele Mello-Leitão, 1917: 77, figs. 19-21 (Espécie tipo por designação original, Neodiplothele irregularis Mello-Leitão, 1917); Raven, 1985: 102: figs. 120-125; Goloboff, 1995: 27; Gonzalez-Filho et al., 2015: 226; WSC, 2024. Espécie tipo Neodiplothele irregularis Mello-Leitão, 1917. Espécie tipo por designação original. Diagnose Espécies do gênero Neodiplothele se assemelham a Cosmopelma e Paracenobiopelma pelo clípeo largo (Fig. 1A), lábio (Fig.1B) e cômoro ocular (Fig. 1A) com largura superior ao comprimento e segmento apical das FLP cônico (Fig.1C-D). Todavia, se distingue de Cosmopelma pela ausência de cúspides da coxa da perna I e de Paracenobiopelma pela ausência de cúspides no lábio. Se diferencia das Sasoninae tropicais por apresentar FMP ausentes (Fig. 1C) ou reduzidas (Fig. 1D) e tricobótrios clavados bem desenvolvidos, dispostos em duas fileiras em forma de V na porção mediana do címbio ou do tarso do pedipalpo. Figura 1 – Principais caracteres diagnósticos do gênero Neodiplothele: A. Grupo ocular e clípeo (Cl - clípeo) (N. sp. nov. 1 - LZUFPI 0251); B. Maxila (Ma) e lábio (La) (N. sp. nov. 1 - LZUFPI 0117); C. FLP, FMP ausentes (N. sp. nov. 1 - LZUFPI 0117); D. Fiandeiras. Setas indicam FMP (N. sp. nov. 7 - IBSP 209863); E. Címbio em vista dorsal. Seta indica tricobótrios clavados (N. sp. nov. 9 - IBSP 225393); F. Tarso do 21 palpo em vista dorsal. Seta indica tricobótrios clavados (N. sp. nov. 2 - MPEG(ARA) 4638). Barras de escala: (A-F) 0,5 mm. Fonte: Autor, 2024 22 3.2 Neodiplothele sp. nov. 1 (Figs. 2-3) Material tipo. Holótipo macho de Brasil, Piauí, José de Freitas, Fazenda Nazareth; 04º45'23''S, 42º34'32''W; 23.XII.2003; E.B. Oliveira-Marques leg. Depositado em LZUFPI 0117. Parátipos: 1 macho e 1 fêmea de Brasil, Piauí, Piracuruca, Parque Nacional de Sete Cidades; 04º05'51.601''S, 41º41'42.202''W; 25.I.2004; L.S. Carvalho et al. leg. Depositado em LZUFPI 0509 e LZUFPI 0251, respectivamente; 1 macho e 1 fêmea da mesma localidade do holótipo, depositado em LZUFPI 41 e LZUFPI 118, respectivamente e 1 macho de Brasil, Piauí, Castelo do Piauí, Fazenda Bonito ECB Rochas Ornamentais do Brasil LTDA; 05º13’46.7’’S, 41º41’29.9’’W; F.M. Oliveira-Neto leg. Depositado em MPEG(ARA) 038737. Diagnose. Machos: Carapaça de coloração alaranjada em álcool (Fig. 2A). Êmbolo curto, achatado, com curvatura leve e quilha baixa na região mediana, voltada retrolateralmente e encerrando antes do ápice do êmbolo (Fig. 2G-J). Fêmeas: Carapaça alaranjada (Fig. 3A). Espermateca com ramo externo em forma de domo, de base larga, granuloso. Ramo interno inserido no externo na porção inferior, próximo a base. Ramo interno com pedicelo espiralado com duas torções, bem esclerotizado na base, com ápice redondo, pouco granuloso (Fig. 3C). Descrição. Macho (LZUFPI 0117). Coloração em etanol: Quelícera castanho escuro. Carapaça alaranjada. Área cefálica com uma faixa longitudinal central mais clara e manchas laterais escuras. Clípeo escuro. Esterno alaranjado, com uma mancha central escura em forma de seta (Fig. 2B). Coxas com mancha escura. Pernas castanho escuro, com dois sulcos sem cerdas mais claros no dorso dos segmentos. Abdomen dorsalmente castanho escuro, com muitas manchas creme dispersas, listra longidutinal central e região próxima ao pedicelo escuras. Abdomen ventralmente claro, sem manchas. Fiandeiras e pulmões da mesma coloração do ventre abdominal. Comprimento total: 8.34. Carapaça: 4.31 de comprimento, 3.8 de largura. Fóvea: 0.4, levemente procurvada. Clípeo: 0.2. Grupo ocular: 0.85 de comprimento, 0.61 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos. Fileira anterior procurvada, fileira posterior levemente retrocurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.19, OLA 0.25, OMP 0.15, OLP 0.2. Interdistância: OLA-OLA 0.52, OLA-OMA 0.07, OMA-OMP 0.07, OMP-OMP 0.41, OMA-OMA 0.14, OLP-OMP 0.02, OLA-OLP 0.02. Lábio: 0.29 de comprimento, 0.78 de largura. Esterno: 2.35 de comprimento, 1.82 de largura. Sigilas labiais arredondadas, sutilmente afastadas. 23 Sigilas I-III visíveis, com tamanho III>II>I. Sigilas I e II arredondadas e adjacentes à margem esternal. Sigila III arredondada e ligeiramente afastada da margem esternal. Maxilas com 7 cúspides arredondadas, uma delas afastada da margem prolateral. Segmento basal da quelícera com fileira de 8 dentes na margem prolateral e grupo de 16 dentes menores. Rastelo fraco, com 14 espinhos arredondados concentrados na promargem. Tumescência interqueliceral presente. Palpo. Comprimento: fe 2.17/ pa 1.19/ ti 1.27/ ci 0.74 total: 5.37. Diâmetro: fe 2.17/ pa 1.19/ ti 1.27/ ci 0.74. Mensurações das pernas. Perna I comprimento: fe 4.2/ pa 2.18/ ti 2.98/ me 3.5/ ta 1.97/ total: 14.83. Diâmetro: fe 0.97/ pa 0.64/ ti 0.63/ me 0.35/ ta 0.31. II comprimento: fe 3.9/ pa 1.97/ ti 2.86/ me 3.27/ ta 1.73/ total: 13.81. Diâmetro: fe 0.95/ pa 0.68/ ti 0.57/ me 0.35/ ta 0.33. III comprimento: fe 3.69/ pa 1.92/ ti 2.68/ me 3.89/ ta 1.68/ total: 13.86. Diâmetro: fe 1.08/ pa 0.83/ ti 0.62/ me 0.49/ ta 0.36. IV comprimento: fe 4.76/ pa 2.26/ ti 3.66/ me 5.04/ ta 2.31/ total: 18.03. Diâmetro: fe 1.18/ pa 0.94/ ti 0.75/ me 0.5/ ta 0.36. Fiandeiras: FLP: segmento basal 0.54; médio 0.21; apical 0.16. FMP ausente. Espinulação. Palpo: fe p1, pa 0, ti p5; Perna I: fe p3/ pa 0/ ti v8(2ap), r2, p5/ me v3(1ap), p1/ ta 0; II: fe p2/ pa p1/ ti v6(2ap), p3/ me v4(1ap), r1, p2/ ta 0; III: fe r2, p2/ pa r1, p2 / ti v6(2ap), r1, d5, p3/ me v4(1ap), r4(1ap), d3, p5(1ap)/ ta 0; IV: fe r2, p2 / pa r1, p1 / ti v6(2ap), r2, d5, p3 / me v5(1ap), r4, d6, p6(1ap)/ ta 0. Escópula: Presente em toda a superfície ventral dos tarsos I-IV. Escópula presente em 1/3 do metatarso I e em 1/4 do metatarso II, ausentes nos metatarsos III-IV. Escópulas metatarsais pouco desenvolvidas. Tíbia I sem modificações. Tricobótrios. Palpo: 11 TC em duas fileiras convergentes em forma de V no címbio. Pernas: Tarsos com duas fileiras convengentes (forma de V) de TF L, espaçadas por cerdas modificadas em forma de gancho. Grupo de 3-5 TC bem desenvolvidos na porção mediana dos tarsos, na base das duas fileiras de TF L. TF em duas fileiras nos metatarsos. Tíbia com duas fileiras de TF e grupo concentrado de TF curtos nas laterais. Aspecto geral do bulbo piriforme, com uma série de cristas baixas próximas a base do êmbolo. Êmbolo curto, achatado, largura uniforme, com curvatura sutil. Quilha muito baixa na porção mediana do êmbolo, encerrando antes do ápice, voltada a face retrolateral (Fig. 2G). Descrição. Fêmea (LZUFPI 0251). Coloração em etanol: Quelícera castanho escuro. Carapaça alaranjada, com área cefálilica com uma faixa longitudinal mais clara e duas manchas laterais escuras. Esterno alaranjado, com uma mancha central escura em forma de seta. Coxas manchadas. Pernas de coloração 24 escurecida, com dois sulcos sem cerdas mais claros no dorso dos segmentos. Abdome dorsalmente castanho escuro, com muitas manchas creme dispersas, listra longidutinal central e região próxima ao pedicelo escuras. Abdome ventralmente claro, sem manchas. Fiandeiras e pulmões da mesma coloração do ventre abdominal. Comprimento total: 8.99. Carapaça: 4.33 de comprimento, 3.68 de largura. Fóvea: 0.45, sutilmente procurvada. Clípeo: 0.39. Grupo ocular: 1.7 de comprimento, 1.21 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos. Primeira fileira procurvada, segunda fileira retrocurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.33, OLA 0.54, OMP 0.3, OLP 0.39. Interdistância: OLA-OLA 1.02, OLA-OMA 0.19, OMA-OMP 0.12, OMP-OMP 0.81, OMA-OMA 0.3, OLP-OMP 0.05, OLA-OLP 0.06. Lábio: 0.72 de comprimento, 1.7 de largura. Esterno: 4.52 de comprimento, 3.82 de largura. Suturas sub-labial arredondada, sutilmente afastadas. Sigilas I-III visíveis, com tamanho III>II>I. Sigilas I e II arredondadas e adjacentes à margem esternal. Sigila III arredondada e ligeiramente afastada da margem esternal. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 5 cúspides arredondadas em fileira na margem prolateral. Segmento basal da quelícera com fileira de 7 dentes na margem prolateral e grupo de 12 dentes menores. Rastelo forte, com 25 dentes concentrados na margem prolateral da quelícera. Tumescência interqueliceral ausente. Palpo. Comprimento: fe 2.17/ pa 1.95/ ti 1.13/ ta 1.4 total: 6.65. Diâmetro: fe 0.61/ pa 0.67/ ti 0.59/ ta 0.57. Mensurações das pernas. I comprimento: fe 2.39/ pa 2.03/ ti 1.85/ me 1.63/ ta 1.04/ total: 8.94. Diâmetro: fe 0.89/ pa 0.79/ ti 0.75/ me 0.53/ ta 0.53. II comprimento: fe 2.05/ pa 1.95/ ti 1.57/ me 1.57/ ta 1.01/ total: 8.15. Diâmetro: fe 0.95/ pa 0.7/ ti 0.65/ me 0.52/ ta 0.4. III comprimento: fe 2.08/ pa 1.74/ ti 1.37/ me 1.89/ ta 0.99/ total: 8.07. Diâmetro: fe 0.93/ pa 0.87/ ti 0.68/ me 0.5/ ta 0.38. IV comprimento: fe 2.71/ pa 2.2/ ti 2.39/ me 2.78/ ta 1.47/ total: 11.55. Diâmetro: fe 0.98/ pa 0.88/ ti 0.74/ me 0.45/ ta 0.32. Fiandeiras: FLP: segmento basal 1.07; médio 0.36; apical 0.39. FMP ausente. Espinulação. Palpo: fe 0, pa 0, ti v5(2ap); Perna I: fe p1/ pa 0/ ti 0/ me v3(1ap)/ ta 0; II: fe p1/ pa 0/ ti 0/ me v4(2ap)/ ta 0; III: fe p1/ pa 0/ ti v1ap, p2/ me v6(2ap), r1, d2, p3(1ap) / ta 0; IV: fe 0/ pa 0/ ti 0/ me v5(2ap), r1, p2/ ta 0. Escópula: Presente integralmente em todos os tarsos e nos metatarsos I e II. Escópula presente em 1/3 do metatarso III. Tíbia I com escópula ocupando metade do segmento, tíbia II com escópula apenas na região apical, ambas concentradas prolateralmente. Tíbia I sem modificações. Tricobótrios. Palpo: grupo de 8 TC concentrado na região mediana do tarso. Pernas: 4 TC concentrados na base das 25 duas fileiras convergentes de TF na região mediana dos tarsos. Tarso IV sem TC. TF em duas fileiras dorsais-laterais nos metatarsos e tíbias. Espermateca com ramo externo em forma de domo, de base larga, granuloso. Ramo interno inserido no externo na porção inferior, próximo a base. Ramo interno com pedicelo espiralado com duas torções, bem esclerotizado na base, com ápice redondo, pouco granuloso (Fig. 3C). 26 Figura 2 – Neodiplothele sp. nov. 1: macho (LZUFPI 0117): A. Habitus, vista dorsal; B. Habitus, vista ventral; C-E. Pedipalpo esquerdo; C. Vista ventral; D. Vista prolateral; E. Vista retrolateral; E. Abdome, vista ventral; G-J. Bulbo copulador esquerdo; G. Vista ventral; H. Vista retrolateral; I. Vista dorsal; J. Vista prolateral; Barras de escala: (A-B) 2,0 mm, (C-F) 1,0 mm, (G-J) 0,5 mm. Fonte: Autor, 2024 27 Figura 3 – Neodiplothele sp. nov. 1: A,B,D. fêmea (LZUFPI 0251): A. Habitus dorsal; B. Habitus ventral; C. Espermateca, fêmea (LZUFPI 0118); D. Abdome, vista ventral; Barras de escala: (A-B, D) 2,0 mm, (C) 0,5 mm. Fonte: Autor, 2024 3.3 Neodiplothele sp. nov. 2 (Figs. 4-5) Material tipo. Holótipo macho de Brasil, Pará, Melgaço, FLONA Caxiuanã, Estação Científica Ferreira Penna; 1°44'14.25"S, 51°27'19.54"W; 03.VI.2003; J.A.P. Barreiros & C.O. Araújo leg. Depositado em MPEG(ARA) 986. Parátipos: 1 macho com os mesmos dados do holótipo, depositado em MPEG(ARA) 987; 1 fêmea de Brasil, Pará, Ourém, Patauateua; 1°30'37.63"S, 47°14'21.88"O; Sem data de coleta; D. Guimarães leg. Depositado em MPEG(ARA) 4638; 1 fêmea de Brasil, Pará, Belém, Parque Ambiental de Belém, Mocambo; 1°24'47.2"S, 48°25'59.2"W; 09.II.1977; P. Waldir leg. Depositado no MPEG(ARA) 5078 e 1 fêmea de Brasil, Pará, Melgaço, Estação Científica Ferreira Penna, FLONA Caxiuanã; 1°48'30.9"S, 50°42'54.6"W; 09-11.IV.2002; J.A.P. Barreiros leg. Depositado em MPEG(ARA) 210. 28 Diagnose. Machos: Bulbo com êmbolo de porção apical achatada. Base do êmbolo triangular, com uma quilha evidente na superfície ventral (Fig. 4G-J). Fêmeas: Espermateca com ramo externo de base larga, em formato de monte, com aspecto granuloso e topo arredondado. Ramo interno inserido na região interna-mediana do ramo externo. Ramo interno com ducto com uma torção e ápice granuloso, arredondado, projetado acima do ramo externo (Fig. 5C). Descrição. Macho (MPEG(ARA) 986). Coloração em etanol: Quelícera e carapaça dorsalmente castanho escuro sem manchas aparentes, com cerdas de coberturas brancas. Esterno e coxas alaranjadas. Pernas de coloração castanho escuro uniforme. Esterno castanho alaranjado. Abdome com superfície ventral e dorsal escura, com uma mancha dorsal clara próxima ao pedicelo. Pulmões foliáceos e região próxima ao pedicelo amarelada. Fiandeiras castanho claro. Comprimento total: 16.77. Carapaça: 7.95 de comprimento, 7.74 de largura. Fóvea: 1.34, Sutilmente procurvada. Clípeo: 0.17. Grupo ocular: 0.87 de comprimento, 1.26 de largura, elevado, bem definido. Olhos em duas fileiras, com fileira anterior procurvada, posterior retrocurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.36, OLA 0.34, OMP 0.22, OLP 0.35. Interdistância: OLA-OLA 0.76, OLA-OMA 0.07, OMA-OMP 0.07, OMP-OMP 0.65, OMA-OMA 0.09, OLP-OMP 0.05, OLA-OLP 0.06. Lábio: 0.598 de comprimento, 1.13 de largura. Esterno: 4.19 de comprimento, 3.35 de largura. Sigilas labiais triangulares, não adjacentes. Sigilas I-III visíveis, com tamanho III>II>I. Sigila I e II achatadas e adjacentes à margem do esterno, III arredondada e ligeiramente afastada da margem esternal. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 5 cúspides arredondadas em cada maxila. Segmento basal da quelícera com fileira de 8 dentes na margem prolateral e grupo de 16 dentes menores. Rastelo fraco, com 10 dentes concentrados prolateralmente. Tumescência interqueliceral presente. Palpo. Comprimento: fe 5.03/ pa 2.77/ ti 4.05/ ci 0.99 total: 12.84. Diâmetro: fe 5.03/ pa 2.77/ ti 4.05/ ci 0.99. Mensurações das pernas. I comprimento: fe 7.34/ pa 4.44/ ti 6.03/ me 6.88/ ta 3.39/ total: 28.08. Diâmetro: fe 1.92/ pa 1.66/ ti 1.32/ me 0.62/ ta 0.52. II comprimento: fe 7.23/ pa 4.01/ ti 5.64/ me 6.78/ ta 3.24/ total: 26.9. Diâmetro: fe 1.97/ pa 1.62/ ti 1.3/ me 0.65/ ta 0.57. III comprimento: fe 6.77/ pa 3.63/ ti 5.21/ me 6.24/ ta 2.97/ total: 24.82. Diâmetro: fe 2.09/ pa 1.88/ ti 1.35/ me 1.03/ ta 0.32. IV comprimento: fe 9.07/ pa 4.16/ ti 6.75/ me 9.67/ ta 3.52/ total: 33.17. Diâmetro: fe 2.09/ pa 1.64/ ti 1.27/ me 1.13/ ta 0.53. Fiandeiras: FLP: segmento basal 1.5; médio 0.93; apical 4.62. FMP presente, com 29 0.310 de comprimento. Espinulação. Palpo: fe p1, pa 0, ti 0; Perna I: fe r3, p1/ pa 0/ ti v6, r1, p2(1ap)/ me v2(1ap), r1, p2/ ta 0; II: fe d5/ pa p2/ ti v7(2ap), r1, p2 / me v2(1ap), r1, d1, p3 / ta 0; III: fe p3, r4/ pa p2, r1/ ti d1, p3, r3, v5(3ap)/ me d6, p5(2ap), v4(1ap), r2(1ap)/ ta 0; IV: fe r3, p3/ pa p3/ ti v7(3ap), r2, d2, p2/ me v4(1ap), d7, p4(1ap)/ ta 0. Escópula: Presente nos tarsos I-IV. Presente integralmente no metatarso I, em 3/4 do metatarso II, apenas na porção apical do metatarso III, ausente no metatarso IV. Tíbia I sem modificações. Tricobótrios. Palpo: Címbio com 10 TC em duas fileiras em forma de V e tíbia com TF espaçados em duas fileiras ao longo de todo o segmento. Legs: Tarso com TF em duas fileiras espaçadas por cerdas e grupo de 3 TC na porção mediana do segmento. TF em duas fileiras no dorso do metatarso e tíbia. Bulbo com aspecto geral piriforme. Êmbolo longo, com uma curvaturas média e distal fortes. Êmbolo com base larga, triangular, com uma quilha baixa voltada a face ventral do bulbo. Porção apical do êmbolo achatada. Ducto com porção distal retilínea. Descrição. Fêmea (MPEG(ARA) 4638). Coloração em etanol: Carapaça e quelícera castanho claro. Carapaça com bordas escurecidas e com uma mancha clara na área cefálica. Pernas de coloração semelhante a carapaça, sem manchas evidentes. Abdomen dorsal e ventralmente escuro, coberto com cerdas escuras. Fileira longitudinal de cinco manchas pequenas e pareadas no dorso do abdome. Fiandeiras médias e laterais castanho claro. Comprimento total: 14.79. Carapaça: 6.56 de comprimento, 7.58 de largura. Fóvea: 0.77, Sutilmente procurvada. Clípeo: 0.25. Grupo ocular: 0.96 de comprimento, 1.31 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos, a anterior procurvada, posterior sutilmente retrocurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.43, OLA 0.32, OMP 0.21, OLP 0.38. Interdistância: OLA-OLA 0.88, OLA-OMA 0.11, OMA-OMP 0.13, OMP-OMP 0.67, OMA-OMA 0.06, OLP-OMP 0.08, OLA-OLP 0.08. Lábio: 0.61 de comprimento, 1.35 de largura. Esterno: 4.13 long, 3.54 de largura. Sigilas labiais triangulares, não adjacentes. Sigilas I-III visíveis, com tamanho III>II>I. Sigila I e II arredondadas e adjacentes a borda do esterno. Sigila III alongada e afastada da borda do esterno. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 3 cúspides arredondadas em fila. Segmento basal da quelícera com fileira de 8 dentes na margem prolateral e grupo de 17 dentes menores. Rastelo forte, com 16 dentes concentrados na promargem da quelícera. Tumescência interqueliceral ausente. Palpo. Comprimento: fe 3.56/ pa 2.41/ ti 2.18/ ta 2.2 total: 10.35. Diâmetro: fe 1.29/ pa 1.17/ ti 0.96/ ta 0.73. 30 Mensurações das pernas. I comprimento: fe 4.72/ pa 3.36/ ti 3.25/ me 3.11/ ta 1.44/ total: 15.88. Diâmetro: fe 1.54/ pa 1.42/ ti 1.27/ me 0.9/ ta 0.95. II comprimento: fe 4.44/ pa 3.06/ ti 2.99/ me 3.01/ ta 1.38/ total: 14.88. Diâmetro: fe 1.65/ pa 1.46/ ti 1.26/ me 0.9/ ta 0.62. III comprimento: fe 4.03/ pa 2.9/ ti 2.54/ me 3.4/ ta 1.54/ total: 14.41. Diâmetro: fe 1.75/ pa 1.59/ ti 1.3/ me 0.9/ ta 0.6. IV comprimento: fe 5.87/ pa 3.41/ ti 3.89/ me 5.84/ ta 1.91/ total: 20.92. Diâmetro: fe 1.89/ pa 1.62/ ti 1.43/ me 0.96/ ta 0.59. Fiandeiras: FLP: segmento basal 1.21; médio 0.45; apical 0.32. FMP presente, com 0.41 de comprimento. Espinulação. Palpo: fe p1, pa 0, ti v2ap, r3(1ap), p6(1ap); Perna I: fe p1/ pa 0/ ti v5(2ap), p2/ me v2(1ap), p1/ ta 0; II: fe d1/ pa p1/ ti v4(2ap), p2/ me v2(1ap), p1/ ta 0; III: fe d1/ pa p2/ ti v3(2ap), r1, p2/ me v8(4ap), r1, d2, p2/ ta 0; IV: fe 0/ pa 0/ ti v2ap, r1/ me v3(1ap), r3(1ap), p4(1ap)/ ta 0. Escópula: Palpo: Presente no tarso e em 1/2 da tíbia, concentrado prolateralmente. Pernas: Escópula presente em todos os tarsos, com densidade decrescente nas pernas I-IV. Tarso IV com escópula pouco desenvolvida, com cerdas modificadas em forma de gancho na superfície ventral, sem função conhecida. Escópula presente nos metatarsos I e II. Tíbia I e II com mais da metade coberta pela escópula. Tíbia I sem modificações. Tricobótrios. Palpo: Grupo concentrado de 15 TC na porção mediana do tarso. Pernas: Tarsos com TC em 2 fileiras em forma de V na porção mediana e TF em fileiras laterais. TC ausentes no tarso IV. Nos metatarsos. Espermateca com ramo externo grande, aspecto granuloso, de base larga e formato de monte, com topo arredondado. Ramo interno se insere na porção mediana do ramo externo. Ramo interno com ápice granuloso, arredondado e projetado acima do tamo externo, pedicelo bem esclerotizado, curto, com uma torção próxima a inserção. 31 Figura 4 – Neodiplothele sp. nov. 2: macho (MPEG(ARA) 986): A. Habitus, vista dorsal; B. Habitus, vista ventral; C-E. Pedipalpo esquerdo; C. Vista ventral; D. Vista prolateral; E. Vista retrolateral; E. Abdome, vista ventral; G-J. Bulbo copulador esquerdo; G. Vista ventral; H. Vista retrolateral; I. Vista dorsal; J. Vista prolateral; Barras de escala: (A-B) 5,0 mm, (C-F) 2,0 mm, (G-J) 1,0 mm. Fonte: Autor, 2024 32 Figura 5 – Neodiplothele sp. nov. 2: fêmea (MPEG(ARA) 4638): A. Habitus dorsal; B. Habitus ventral; C. Espermateca; D. Abdome, vista ventral; Barras de escala: (A-B, D) 2,0 mm, (C) 0,5 mm. Fonte: Autor, 2024 3.4 Neodiplothele sp. nov. 3 (Fig. 6) Material tipo. Holótipo macho de Brasil, Pará, Almeirim, Jari; 01°01'33.12220''S 52°34'02.78573''W; 28.VIII.2003-03.IX.2004; T. Gardner & M. A. Ribeiro Júnior leg. Depositado em MPEG(ARA) 7474. Parátipos: 1 macho com a mesma localidade do holótipo, depositado em MPEG(ARA) 7458. 1 machos e 1 juvenil da mesma localidade do holótipo; 0°42'33.0"S, 52°46'57.0"W; 25.V.2005; depositado em MPEG(ARA) 7454 e 3 machos e 1 juvenil de Brasil, Pará, Almeirim, Jari; 1°11'28.0"S, 52°38'51.0"W; 28.VIII-03.IX.2004; Depositado em MPEG(ARA) 2218. 33 Diagnose. Bulbo com aspecto geral cúbico, com êmbolo curto e curvado, com uma quilha apical bem desenvolvida na superfície retrolateral (Fig. 6G-J). Fêmeas desconhecidas. Descrição. Macho (MPEG(ARA) 7474). Coloração em etanol: Quelícera e carapaça castanho claro. Carapaça com borda escura e duas listras longitudinais sutis na área cefálica. Femures mais escuros que outros segmentos das pernas e palpo. Artículos das pernas sem manchas. Abdomen dorsalmente escuro com cinco pares de manchas claras e manchas menores dispersas. Ventre cor creme claro com poucas manchas escuras. Pulmões foliáceos claros como o ventre do abdomen. Fiandeiras claras, com uma mancha lateral sutil no artículo basal. Comprimento total: 6.5. Carapaça: 2.71 de comprimento, 3.07 de largura. Fóvea: 0.4, sutilmente procurvada. Clípeo: 0.13. Grupo ocular: 0.66 de comprimento, 0.44 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos, fileira anterior procurvada e segunda levemente procurvada, quase reta. Tamanho dos olhos: OMA 0.32, OLA 0.35, OMP 0.2, OLP 0.32. Interdistância: OLA-OLA 0.85, OLA-OMA 0.12, OMA-OMP 0.08, OMP-OMP 0.67, OMA-OMA 0.16, OLP-OMP 0.04, OLA-OLP 0.06. Lábio: 0.27 de comprimento, 0.6 de largura. Esterno: 1.78 de comprimento, 1.49 de largura. Sigilas labiais evidentes e afastadas entre si. Sigilas I-III visíveis, com tamanho III.>I>II. Sigila I achatada, II e III arredondadas e adjacentes a margem do esterno. Sutura pequena próxima a perna IV, afastada da margem do esterno. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 5 cúspides arredondadas. Segmento basal da quelícera com fileira de 7 dentes na margem prolateral e grupo de 10 dentes menores. Rastelo fraco, com 7 dentes concentrados prolateralmente. Tumescência interqueliceral presente. Palpo. Comprimento: fe 1.72/ pa 1.07/ ti 1.33/ ci 0.39 total: 4.51. Diâmetro: fe 1.72/ pa 1.07/ ti 1.33/ ci 0.39. Mensurações das pernas. I comprimento: fe 3.01/ pa 1.52/ ti 2.44/ me 2.76/ ta 1.46/ total: 11.19. Diâmetro: fe 0.84/ pa 0.69/ ti 0.59/ me 0.29/ ta 0.21. II comprimento: fe 2.89/ pa 1.61/ ti 2.3/ me 2.64/ ta 1.33/ total: 10.77. Diâmetro: fe 0.83/ pa 0.7/ ti 0.5/ me 0.27/ ta 0.22. III comprimento: fe 2.8/ pa 1.38/ ti 2.22/ me 2.13/ ta 1.33/ total: 9.86. Diâmetro: fe 0.85/ pa 0.68/ ti 0.58/ me 0.38/ ta 0.25. IV comprimento: fe 3.75/ pa 1.76/ ti 3.27/ me 4.49/ ta 1.78/ total: 15.05. Diâmetro: fe 0.94/ pa 0.74/ ti 0.57/ me 0.41/ ta 0.31. Fiandeiras: FLP: segmento basal 0.73; médio 0.46; apical 0.16. FMP presente, com 0.18 de comprimento. Espinulação. Palpo: fe 0, pa 0, ti 0; Perna I: fe p4/ pa 0/ ti v7(2ap), p3/ me v3(1ap), p2/ ta 0; II: fe d2, p1/ pa v5(2ap), p2/ ti v2(1ap), r2, p3/ me 34 v3(1ap), r2, p3/ ta 0; III: fe d5/ pa d3/ ti v6(2ap), r1, d3, p2 / me v4(1ap), r3(1ap), d5, p4(1ap)/ ta 0; IV: fe d5/ pa p1, r1/ ti v6(2ap), r2, d4, p3(1ap)/ me v6(2ap), r3, d4, p4(1ap)/ ta 0. Escópula: No geral pouco desenvolvida, com cerdas concentradas no 1/4 distal dos tarsos. Presente integralmente nos tarsos I e II, e apenas em 3/4 dos tarsos III e IV. Metatarso I com escópula bem reduzida no ápice do segmento. Tíbia I sem modificações. Tricobótrios. Palpo: 12 TC em duas fileiras convergentes em forma de V na porção mediana do címbio, TF presente em duas fileiras no dorso da tíbia. Pernas: No tarsos, tricobótrios em duas fileiras convergentes, TC em grupo de 2-3 na base das fileiras. TF em duas fileiras dorsais-laterais na tíbia. Duas fileiras dorsais de TF nos metatarsos e na tíbia. Tíbia com grupo concentrado de TF curtos nas laterais. Bulbo com aspecto geral cúbico, com cristas na porção inferior, próximo a base do êmbolo. Êmbolo curto, com curvatura média e diâmetro quase constante, com uma quilha apical proeminente voltada a face retrolateral do bulbo. 35 Figura 6 – Neodiplothele sp. nov. 3: macho (MPEG(ARA) 7474): A. Habitus, vista dorsal; B. Habitus, vista ventral; C-E. Pedipalpo esquerdo; C. Vista ventral; D. Vista prolateral; E. Vista retrolateral; E. Abdome, vista ventral; G-J. Bulbo copulador esquerdo; G. Vista ventral; H. Vista retrolateral; I. Vista dorsal; J. Vista prolateral; Barras de escala: (A-B, F) 2,0 mm, (C-E) 1,0 mm, (G-J) 0,5 mm. Fonte: Autor, 2024 36 3.5 Neodiplothele sp. nov. 4 (Figs. 7-8) Material tipo. Holótipo macho de Brasil, Pará, Almeirim, Jari; 01º11'28.30705''S, 52º38'1.85530''W; 07.III.2005; T. Gardner leg. Depositado em MPEG(ARA) 7457. Parátipos: 1 fêmea de Brasil, Pará, Almeirim, Reserva do Pacanari, Monte Dourado; 0°51'55.1"S, 52°31'43.3"W; 05.XII.2002; Sem coletor. Depositado em MPEG(ARA) 195 e 3 machos da mesma localidade do holótipo, depositado em MPEG(ARA) 7469, MPEG(ARA) 7470,MPEG(ARA) 7471. Diagnose. Machos: Bulbo com êmbolo de curvatura leve, com base levemente engrossada com duas quilhas longas e baixas projetadas ventral e dorsalmente (Fig. 7G-J). Fêmeas: Espermateca com aspecto de ramo único. Porção basal em formato cilíndrico e ápice arredondado em forma de cálice (Fig. 8C). Descrição. Macho (MPEG(ARA) 7457). Coloração em etanol: Quelícera e carapaça castanho escuro, coberta com cerdas de cobertura brancas. Carapaça com uma faixa longitudinal mais clara. Pernas com coloração semelhante a carapaça, com fêmures mais escuros que outros segmentos. Abdomen ventral e dorsalmente escuro com manchas amareladas dispersas e coberto por cerdas escuras. Pulmões amarelados. Fiandeiras médias e laterais claras. Comprimento total: 11.73. Carapaça: 6.21 de comprimento, 5.36 de largura. Fóvea: 0.63, Levemente procurvada. Clípeo: 0.06. Grupo ocular: 0.37 de comprimento, 0.49 de largura, Elevado, bem definido. Com duas fileiras de olhos. Fileira anterior procurvada, levemente procurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.11, OLA 0.13, OMP 0.1, OLP 0.13. Interdistância: OLA-OLA 0.3, OLA-OMA 0.04, OMA-OMP 0.03, OMP-OMP 0.24, OMA-OMA 0.05, OLP-OMP 0.01, OLA-OLP 0.02. Lábio: 0.21 de comprimento, 0.43 de largura. Esterno: 1.57 de comprimento, 1.22 de largura. Sigilas labiais em forma de gota, não adjacentes. Sigilas I-III visíveis. Sigilas de tamanho aproximado e formato levemente achatado, adjacentes à margem do esterno. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 4 cúspides arredondadas em fileira. Segmento basal da quelícera com fileira de 8 dentes na margem prolateral e grupo de 12 dentes menores. Rastelo fraco, com 12 dentes concentrados na margem prolateral da quelícera. Tumescência interqueliceral presente. Palpo. Comprimento: fe 1.83/ pa 1/ ti 1.55/ ci 0.43 total: 4.81. Diâmetro: fe 1.83/ pa 1/ ti 1.55/ ci 0.43. Mensurações das pernas. I comprimento: fe 2.79/ pa 1.53/ ti 2.38/ me 2.51/ ta 1.2/ total: 10.41. Diâmetro: fe 0.68/ pa 0.55/ ti 0.46/ me 0.22/ ta 0.2. II 37 comprimento: fe 2.75/ pa 1.48/ ti 2.17/ me 2.38/ ta 1.16/ total: 9.94. Diâmetro: fe 0.73/ pa 0.62/ ti 0.48/ me 0.32/ ta 0.18. III comprimento: fe 2.61/ pa 1.36/ ti 1.86/ me 2.44/ ta 1.1/ total: 9.37. Diâmetro: fe 0.78/ pa 0.63/ ti 0.5/ me 0.37/ ta 0.3. IV comprimento: fe 3.36/ pa 1.59/ ti 2.66/ me 3.66/ ta 1.4/ total: 12.67. Diâmetro: fe 0.8/ pa 0.66/ ti 0.57/ me 0.37/ ta 0.28. Fiandeiras: FLP: segmento basal 0.92; médio 0.83; apical 0.35. FMP presente, com 0.21 de comprimento. Espinulação. Palpo: fe p1, pa 0, ti 0; Perna I: fe r4, d1, p3/ pa p1/ ti v7(2ap), p2/ me v3(1ap), r1, p2/ ta 0; II: fe r3, p4/ pa p2/ ti v6(2ap), p3/ me v2(1ap), r1, p5/ ta 0; III: fe r4, d1, p4/ pa r1, d3, p2/ ti v6(2ap), r2, d4, p3/ me v5(1ap), r4(1ap), p4(1ap)/ ta 0; IV: fe r3, p3/ pa r1, p2/ ti v7(3ap), r2, d4, p2/ me v5(2ap), r1ap, d6, p5(1ap)/ ta 0. Escópula: Presente integralmente nos tarsos. Presente em 3/4 nos metatarsos I e II, em 1/4 no metatarso III, ausente no metatarso IV. Tíbia I sem modificações. Tricobótrios. Palpo: 16 TC em grupo concentrado em forma de V na porção mediana no címbio. Pernas: TF em duas fileiras convergentes nos tarsos, espaçadas por cerdas modificadas em forma de gancho. Grupo de 3 TC pouco desenvolvidos na porção final da fileira de tricobótrios. TF em duas fileiras nos metatarsos e na tíbia. Tíbia com fileira de TF curtos e concentrados nas laterais da tíbia. Bulbo com aspecto geral piriforme. Êmbolo com base engrossada com duas quilhas baiaxs e longas projetadas ventral e dorsalmente. Êmbolo com comprimento maior que o subtegulum, com curvatura mediana e distal leve. Ducto espaçado, sem conexões entre as alças e parte distal reta. Descrição. Fêmea (MPEG(ARA) 195). Coloração em etanol: Quelícera e carapaça castanho claro. Carapaça com área cefálica de tom mais claro. Pernas com mesma coloração da carapaça, com fêmures mais escuros. Abdomen ventral e dorsalmente escuro, com manchas pequenas dispersas e uma fileira dorsal longitudinal de cinco manchas pareadas. Fiandeiras médias e laterais castanho claro. Comprimento total: 6.97. Carapaça: 3.25 de comprimento, 2.94 de largura. Fóvea: 0.47, sutilmente procurvada. Clípeo: 0.12. Grupo ocular: 0.43 de comprimento, 0.56 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos. Fileira anterior procurvada, fileira posterior levemente retrocurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.11, OLA 0.15, OMP 0.1, OLP 0.16. Interdistância: OLA-OLA 0.34, OLA-OMA 0.04, OMA-OMP 0.05, OMP-OMP 0.3, OMA-OMA 0.06, OLP-OMP 0.01, OLA-OLP 0.01. Lábio: 0.3 de comprimento, 0.5 de largura. Esterno: 1.76 de comprimento, 1.35 de largura. Sigilas labiais em forma de gota, com pontas voltadas 38 ao eixo longitudinal. Sigilas I-III visíveis, com tamanho: III>II>I. Todas as sigilas com aspecto arredondado e adjacentes a margem esternal. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 5 cúspides arredondadas, quatro delas em fileira, uma afastada da promargem. Segmento basal da quelícera com fileira de 13 dentes na margem prolateral e grupo de 6 dentes menores. Rastelo forte, composto por 25 dentes grossos concentrados na margem prolateral da quelícera. Tumescência interqueliceral ausente. Palpo. Comprimento: fe 1.36/ pa 0.76/ ti 1.16/ ta 0.64 total: 3.92. Diâmetro: fe 0.55/ pa 0.47/ ti 0.43/ ta 0.29. Mensurações das pernas. I comprimento: fe 1.65/ pa 1.51/ ti 1.41/ me 0.94/ ta 0.51/ total: 6.02. Diâmetro: fe 0.67/ pa 0.61/ ti 0.52/ me 0.35/ ta 0.23. II comprimento: fe 2.01/ pa 1.25/ ti 1.25/ me 0.97/ ta 0.59/ total: 6.07. Diâmetro: fe 0.76/ pa 0.58/ ti 0.55/ me 0.36/ ta 0.25. III comprimento: fe 1.92/ pa 1.28/ ti 0.93/ me 0.99/ ta 0.54/ total: 5.66. Diâmetro: fe 0.85/ pa 0.78/ ti 0.64/ me 0.58/ ta 0.29. IV comprimento: fe 2.62/ pa 1.59/ ti 1.75/ me 2.43/ ta 0.88/ total: 9.27. Diâmetro: fe 0.84/ pa 0.74/ ti 0.66/ me 0.29/ ta 0.26. Fiandeiras: FLP: segmento basal 1.16; médio 0.49; apical 0.19. FMP presente, com 0.61 de comprimento. Espinulação. Palpo: fe p1, pa 0, ti v5(2ap), p2(1ap); Perna I: fe p1/ pa 0/ ti v4(1ap)/ me V3(1ap)/ ta 0; II: fe p1/ pa p2/ ti v2, d1 / me v3(1ap)/ ta 0; III: fe 0/ pa p2/ ti 0/ me v6(2ap), r2(1ap), d2, p3/ ta 0; IV: fe 0/ pa 0/ ti 0/ me r3(1ap), d5(1ap), p3(1ap)/ ta 0. Escópula: Palpo: Escópula presente em toda a superfície ventral do tarso e tíbia. Pernas: Escópula presente em toda a superfície ventral dos tarsos I-III, tarso IV com escópula pouco densa, com cerdas modificadas em forma de gancho e cerdas sensoriais dispersas pela superfície ventral. Metatarsos I-III com ventre coberto totalmente por escópula (metatarso III menos densa). Tíbias I-II totalmente coberta por escópula. Tíbia III com escópula presente apenas no 1/4 distal, concentrado prolateralmente. Tíbia I sem modificações. Tricobótrios. Palpo: 11 TC em grupo triangular na porção mediana do címbio. TF dispostos em duas fileiras dorsais, alguns dispersos próximo ao ápice da tíbia e címbio. Pernas: Grupo de 3 TC bem desenvolvidos na região mediana dos tarsos. Cerdas modificadas em forma de gancho na região mediana dos tarsos. Tarsos e metatarsos com TF dispersos próximo ao ápice. Tíbia com duas fileiras longitudinais de tricobótrios filiformes, com grupo concentrado de TF curtos nas laterais. Espermateca com aspecto de ramo único. Porção basal em formato cilíndrico e ápice arredondado em forma de cálice. 39 Figura 7 – Neodiplothele sp. nov. 4: macho (MPEG(ARA) 7457): A. Habitus, vista dorsal; B. Habitus, vista ventral; C-E. Pedipalpo esquerdo; C. Vista ventral; D. Vista prolateral; E. Vista retrolateral; E. Abdome, vista ventral; G-J. Bulbo copulador esquerdo; G. Vista ventral; H. Vista retrolateral; I. Vista dorsal; J. Vista prolateral; Barras de escala: (A-E) 2,0 mm, (F-J) 1,0mm. Fonte: Autor, 2024 40 Figura 8 – Neodiplothele sp. nov. 4: fêmea (MPEG(ARA) 195): A. Habitus dorsal; B. Habitus ventral; C. Espermateca; D. Abdome, vista ventral; Barras de escala: (A-B) 2,0 mm, (C) 0,5 mm, (D) 1,0 mm. Fonte: Autor, 2024 3.6 Neodiplothele sp. nov. 5 (N. longibulbi) (Fig. 9) Material tipo. Holótipo macho de Brasil, Bahia, Paulo Afonso, Ilha do Urubu; 9º23'33.48''S, 38º11'51.03''W; 2008; E. Daniele leg. Depositado em IBSP 125014. Diagnose. Bulbo com êmbolo muito longo e filiforme, com ponto de inserção deslocada retrolateralmente (Fig. 9G-J). Tíbia do palpo levemente dilatada na base (Fig. 9C-E). Fêmeas desconhecidas. Descrição. Macho (IBSP 125014). Coloração em etanol: Carapaça castanho claro, com faixas longitudinais. Palpo com mancha retrolateral escura. Fêmur, patela com dois pontos escuros e tíbia alargada na base. Pernas com patela e tíbias com manchas escuras laterais. Abdômen marrom com manchas creme na face dorsal. Fiandeiras com manchas escuras retrolaterais. Comprimento total: 11.22. Carapaça: 41 5.31 de comprimento, 4.65 de largura. Fóvea: 0.55, sutilmente procurvada. Clípeo: 0.21. Grupo ocular: 0.79 de comprimento, 1.14 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos. Fileira anterior procurvada, posterior retrocurvada . Tamanho dos olhos: OMA 0.29, OLA 0.33, OMP 0.26, OLP 0.18. Interdistância: OLA-OLA 0.73, OLA-OMA 0.03, OMA-OMP 0.04, OMP-OMP 0.59, OMA-OMA 0.14, OLP-OMP 0.03, OLA-OLP 0.08. Lábio: 0.35 de comprimento, 1 de largura. Esterno: 1.61 long , 1.35 de largura. Sigilas labiais em forma de gota, com projeções levemente afastadas entre si. Sigilas I-III visíveis, com tamanho III>II>I. Sigilas pequenas, levemente achatadas e adjacentes à margem esternal. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 6 cúspides arredondadas em fileira sinuosa. Segmento basal da quelícera com fileira de 5 dentes na margem prolateral e grupo de 2 dentes menores. Rastelo fraco, com 15 dentes concentrado na margem prolateral. Tumescência interqueliceral presente. Palpo. Comprimento: fe 3.03/ pa 1.72/ ti 2.03/ cy 0.75 total: 7.53. Diâmetro: fe 3.03/ pa 1.72/ ti 2.03/ cy 0.75. Mensurações das pernas. I comprimento: fe 5.05/ pa 2.99/ ti 3.79/ me 4.15/ ta 2.36/ total: 18.34. Diâmetro: fe 1.22/ pa 0.89/ ti 0.88/ me 0.54/ ta 0.37. II comprimento: fe 4.66/ pa 2.7/ ti 3.59/ me 4.13/ ta 2.47/ total: 17.55. Diâmetro: fe 1.34/ pa 0.96/ ti 0.79/ me 0.53/ ta 0.43. III comprimento: fe 4.85/ pa 2.22/ ti 3.52/ me 4.92/ ta 2.55/ total: 18.06. Diâmetro: fe 1.01/ pa 1.12/ ti 0.81/ me 0.65/ ta 0.48. IV comprimento: fe 4.88/ pa 2.25/ ti 3.94/ me 4.92/ ta 2.92/ total: 18.91. Diâmetro: fe 1.23/ pa 0.93/ ti 0.89/ me 0.52/ ta 0.4. Fiandeiras: FLP: segmento basal 0.93; médio 0.43; apical 0.14. FMP ausente. Espinulação. Palpo: fe d4, pa 0, ti p1; Perna I: fe d7/ pa 0/ ti v5(1ap), p2/ me v3(1ap), p2/ ta 0; II: fe d5/ pa p1/ ti v4(2ap), p2, / me v1ap, r3(1ap), p2,/ ta 0; III: fe d3/ pa r2/ ti v5(2ap), r2, d4/ me v5(2ap), r3, d5, p1ap/ ta 0; IV: fe d3/ pa r1/ ti v6(2ap), r2, d2, p2/ me v5(1ap), d6, p1ap/ ta 0. Escópula: Presente em todos os tarsos. Escópula presente em 1/4 dos metatarsos I e II, pouco desenvolvida no metatarso II. GTS com dois dentes curtos em todas as pernas. Tíbia I sem modificações. Tricobótrios. Palpo: Grupo de 12 (cf.) TC em duas fileiras convergentes em forma de V no címbio. Pernas: TC e TF em duas fileiras convergentes na região mediana em todos os tarsos. Metatarsos e Tíbias com TF em duas fileiras dorsais-laterais. Bulbo compacto, com aspecto globular. Êmbolo muito longo, filiforme, curvado, com a base inserida na base do subtegulum. Ductos internos sem espaço entre as alças internas. 42 Figura 9 – Neodiplothele sp. nov. 5: macho (IBSP 125014): A. Habitus, vista dorsal; B. Habitus, vista ventral; C-E. Pedipalpo esquerdo; C. Vista ventral; D. Vista prolateral; E. Vista retrolateral; E. Abdome, vista ventral; G-J. Bulbo copulador esquerdo; G. Vista ventral; H. Vista retrolateral; I. Vista dorsal; J. Vista prolateral; Barras de escala: (A-B) 5,0 mm, (C-F) 2,0 mm, (G-J) 1,0 mm. Fonte: Autor, 2024 43 3.7 Neodiplothele sp. nov. 6 (Fig. 10) Material tipo. Holótipo macho de Brasil, Piauí, Uruçuí, Fazenda União, topo da Chapada; 07º41'41.3'' S, 44º26'30.2'' W; 21-26.X.2007; F. M. Oliveira-Neto leg. Depositado em MPEG(ARA) 11658. Diagnose. Tíbia do palpo muito dilatada na base (Fig. 10C-E). Bulbo com aspecto geral piriforme, com uma série de cristas altas na base do êmbolo, concentradas na face ventral (Fig. 10G). Êmbolo curto, cilíndrico e de diâmetro uniforme e com curvatura média e apical fortes. Fêmeas desconhecidas. Descrição. Macho (MEPG(ARA) 011658). Coloração em etanol: Carapaça castanho claro com faixa longitudinal clara entre a fóvea e o grupo ocular. Fêmur de cor mais escura que os demais segmentos. Fêmur das pernas I e II com fileira de cerdas espessas na superfície dorsal. Patela com uma ou duas faixas longitudinais dorsais claras. Abdômen dorsalmente claro, com manchas escuras, ventralmente castanho claro. Fiandeiras da mesma cor do ventre abdominal. Comprimento total: 9.59. Carapaça: 4.41 de comprimento, 3.75 de largura. Fóvea: 0.36, sutilmente procurvada. Clípeo: 0.08. Grupo ocular: 0.69 de comprimento, 0.84 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos. Fileira anterior procurvada, posterior retrocurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.23, OLA 0.23, OMP 0.13, OLP 0.25. Interdistância: OLA-OLA 0.54, OLA-OMA 0.02, OMA-OMP 0.06, OMP-OMP 0.43, OMA-OMA 0.11, OLP-OMP 0.01, OLA-OLP 0.07. Lábio: 0.25 de comprimento, 0.86 de largura. Esterno: 2.29 de comprimento, 1.96 de largura. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com duas cúspides levemente pontiagudas em cada maxila, afastadas da margem prolateral. Segmento basal da quelícera com fileira de 5 dentes na margem prolateral e grupo de 3 dentes menores. Rastelo fraco, com 11 dentes concentrados prolateralmente. Tumescência interqueliceral presente. Palpo. Comprimento: fe 1.99/ pa / ti 2.09/ cy 0.52 total: 4.6. Diâmetro: fe 1.99/ pa / ti 2.09/ cy 0.52. Mensurações das pernas. I comprimento: fe 3.65/ pa 2.33/ ti 2.78/ me 3.06/ ta 1.83/ total: 13.65. Diâmetro: fe 0.91/ pa 0.77/ ti 0.6/ me 0.35/ ta 0.28. II comprimento: fe 3.19/ pa 2.05/ ti 2.54/ me 2.93/ ta 1.03/ total: 11.74. Diâmetro: fe 1.04/ pa 0.74/ ti 0.65/ me 0.38/ ta 0.36. III comprimento: fe 3.47/ pa 1.81/ ti 2.51/ me 3.27/ ta 1.94/ total: 13. Diâmetro: fe 1.11/ pa 0.81/ ti 0.63/ me 0.44/ ta 0.39. IV comprimento: fe 4.66/ pa 1.31/ ti 2.32/ me 2.74/ ta 1.32/ total: 12.36. Diâmetro: fe 1.19/ pa 0.49/ ti 0.44/ me 0.28/ ta 0.282. Fiandeiras. FLP: segmento basal 0.62; médio 0.34; apical 44 0.16. FMP ausente. Espinulação. Palpo: fe 0, pa 0, ti 0; Perna I: fe d6/ pa 0/ ti v3(2ap), r1, p3, / me v3(1ap), r1/ ta 0; II: fe d6/ pa 0/ ti v4(2ap), r2 / me v2, r3/ ta 0; III: fe d3/ pa p2/ ti v3(2ap), r2, d4, p2/ me v3(1ap), r3, d5, p2(1ap)/ ta 0; IV: fe d3/ pa p2/ ti v4(2ap), r2, d3, p3 / me v4(2ap), d5, p4(1ap)/ ta 0. Escópula Escópula presente em todos os tarsos. Pouco desenvolvida nos tarsos II-IV. Metatarso I com escópula pouco desenvolvida na região apical. GTS com 2 dentes nas pernas I-III. Tíbia I sem modificações. Bulbo com aspecto geral piriforme, com 14 cristas paralelas altas na base do êmbolo, concentrados nas faces ventrais e retrolaterais. Êmbolo curto, cilíndrico e de diâmetro uniforme e com curvatura média e apical fortes. Ductos internos com dois espaços circulares entre as alças internas. 5 TLC em grupo na região mediana no címbio. Pernas: Tarsos com TF em duas fileiras convergentes, espaçados por cerdas curtas modificadas em forma de ganho. 2 TC pouco desenvolvidos na porção mediana dos tarsos. TF em duas fileiras dorsais nos metatarsos e na tíbia. Tíbia com séries laterais de TF curtos e concentrados. Observação. Na prancha descritiva de N. sp. nov. 6, o bulbo da sequência de fotos do pedipalpo (Fig. 10C-E) está com o êmbolo quebrado na ponta. Foi decidido manter a fotografia do bulbo para fins de comparação do tamanho geral desta estrutura e da tíbia do palpo. 45 Figura 10 – Neodiplothele sp. nov. 6: macho (MPEG(ARA) 011658): A. Habitus, vista dorsal; B. Habitus, vista ventral; C-E. Pedipalpo esquerdo; C. Vista ventral; D. Vista prolateral; E. Vista retrolateral; E. Abdome, vista ventral; G-J. Bulbo copulador esquerdo; G. Vista ventral; H. Vista retrolateral; I. Vista dorsal; J. Vista prolateral; Barras de escala: (A-F) 2,0 mm, (G-J) 1,0 mm. Fonte: Autor, 2024 46 3.8 Neodiplothele sp. nov. 7 (Fig. 11) Material tipo. Holótipo macho de Brasil, Amazonas, Benjamin Constant; 04°2'58"S, 70°01'51"W; 2014; P.S. Pompeu et al. leg. Depositado em IBSP 209263. Diagnose. Bulbo copulador com êmbolo longo, cilíndrico, com curvaturas leves e base engrossada de aspecto liso (Fig. 11G-J). Fêmeas desconhecidas. Descrição. Macho (IBSP 209263). Coloração em etanol: Grupo de olhos com faixa horizontal preta. Carapaça castanho claro com bordas escuras, faixa grossa castanho claro entre a fóvea e o grupo ocular. Superfície dorsal do abdome castanho escuro com manchas brancas concentradas na porção posterior e ventral. Fêmures castanhos escuros. Patela com par de sulcos dorsais. Patelas, tíbia, metatarsos e tarsos de cor marrom claro. FLP claras. FMP mais escuras que FLP. Comprimento total: 17.21. Carapaça: 9.6 de comprimento, 8.07 de largura. Fóvea: 0.92, sutilmente procurvada. Clípeo: 0.25. Grupo ocular: 1.13 de comprimento, 1.53 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos. Fileira anterior procurvada, fileira posterior retrocurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.38, OLA 0.41, OMP 0.21, OLP 0.33. Interdistância: OLA-OLA 0.94, OLA-OMA 0.16, OMA-OMP 0.1, OMP-OMP 0.97, OMA-OMA 0.17, OLP-OMP 0.01, OLA-OLP 0.09. Lábio: 0.71 de comprimento, 1.39 de largura. Esterno: 4.45 long , 3.76 de largura. Sigilas labiais sem projeção, afastadas entre si. Sigilas I-III visíveis, de tamanho III>II>I. Sigilas arredondadas e adjacentes à margem esternal. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 9 cúspides arredondadas em grupo com uma fileira de 4 cúspides maiores. Segmento basal da quelícera com fileira de 8 dentes na margem prolateral e grupo de 8 dentes menores. Rastelo fraca, com 8 dentes. Tumescência interqueliceral presente. Palpo. Comprimento: fe 4.86/ pa 2.98/ ti 4.29/ ci 1.35 total: 13.48. Diâmetro: fe 4.86/ pa 2.98/ ti 4.29/ ci 1.35. Mensurações das pernas. I comprimento: fe 7.88/ pa 4.55/ ti 6.45/ me 5.74/ ta 3.11/ total: 27.73. Diâmetro: fe 2.03/ pa 1.72/ ti 1.29/ me 0.74/ ta 0.51. II comprimento: fe 7.72/ pa 4.11/ ti 5.74/ me 5.94/ ta 3.13/ total: 26.64. Diâmetro: fe 2.41/ pa 1.7/ ti 1.28/ me 0.82/ ta 0.49. III comprimento: fe 7.51/ pa 1.85/ ti 5.94/ me 7.73/ ta 3.7/ total: 26.73. Diâmetro: fe 2.27/ pa 1.85/ ti 1.39/ me 0.8/ ta 0.55. IV comprimento: fe 10.11/ pa 4.48/ ti 7.89/ me 11/ ta 4.55/ total: 38.03. Diâmetro: fe 2.54/ pa 1.88/ ti 1.58/ me 1.13/ ta 0.63. Fiandeiras: FLP: segmento basal 1.01; médio 0.31; apical 0.22. FMP presente, com 0.68 de comprimento, com fúsulas. Espinulação. Palpo: fe d1, pa 0, ti 0; Perna I: fe d2 / pa 0/ ti v4, p3/ me 47 v3(1ap), p2/ ta 0; II: fe d4/ pa p1/ ti d6(2ap), p2, / me v2(1ap), r1, d1, p3/ ta 0; III: fe d5/ pa p2/ ti v5(2ap), r2, d4, p2/ me v3(1ap), r2(1ap), d5, p4(1ap)/ ta 0; IV: fe d4/ pa p2/ ti v2, r2, d4, p2/ me v3(1ap), d3(1ap), p5(1ap)/ ta 0. Escópula: Presente integralmente em todos os tarsos. Metatarsos I e II com escópula presente apenas na região apical. Escópulas dos tarsos I e II concentradas na depressão tarsal ventral. Tíbia I sem modificações. Tricobótrios. Palpo: Grupo de 9 TC em duas fileiras convergentes em forma de V no címbio. TF dispersos na porção mediana do címbio, ao redor das fileiras de TC. Pernas: Tarsos com tricobótrios dispostos em duas fileiras convergentes em forma de V. Metatarsos e tíbias com duas fileiras de TF L. Tíbia com grupo concentrado de TF curtos nas laterais. Bulbo com aspecto geral cúbico, sem cristas. Êmbolo longo, cilíndrico, com curvaturas leves e base engrossada. Ducto interno com alças bem espaçadas entre si. 48 Figura 11 – Neodiplothele sp. nov. 7: macho (IBSP 209863): A. Habitus, vista dorsal; B. Habitus, vista ventral; C-E. Pedipalpo esquerdo; C. Vista ventral; D. Vista prolateral; E. Vista retrolateral; E. Abdome, vista ventral; G-J. Bulbo copulador esquerdo; G. Vista ventral; H. Vista retrolateral; I. Vista dorsal; J. Vista prolateral; Barras de escala: (A-B) 5,0 mm, (C-E) 2,0 mm, (F-J) 1,0 mm. Fonte: Autor, 2024 3.9 Neodiplothele sp. nov. 8 (Fig. 12) Material tipo. Holótipo macho de Brasil, Bahia, Seabra, Chapada Diamantina; 12°28'26''S; 41°45'36''W; IV-V.2016; H.J. de Souza leg. Depositado em IBSP 49 225393. Parátipos: 3 machos com os mesmos dados do holótipo, depositados em IBSP 225387, IBSP, 225401, IBSP 225431. Diagnose. Tíbia da perna I com dois megaespinhos ventrais voltados prolateralmente (Fig. 12F). Bulbo copulador com êmbolo curto, de curvatura leve. Êmbolo com base levemente alargada, com cristas altas e uma quilha membranosa proeminente voltada dorsalmente, que se estende por todo o comprimento do êmbolo, exceto pelo ápice (Fig. 12G-J). Fêmeas desconhecidas. Descrição. Macho (IBSP 225393). Coloração em etanol: Quelíceras castanhas escuras. Carapaça castanho escura, área cefálica com faixa central marrom clara e bordas escurecidas. Esterno castanho amarelado coberto por cerdas escuras. Coxas castanho claro. Fêmures mais escuros que a carapaça, patelas com duas pequenas manchas escuras, tíbias com dois aneis sutis escurecidos, um distal e outro proximal. Metatarsos e tarsos castanhos claros. Abdome dorsalmente escuro com manchas creme, ventralmente creme. FLP castanho escuro com segmento basal pálido ventralmente. Comprimento total: 11.49. Carapaça: 5.45 de comprimento, 4.57 de largura. Fóvea: 0.48, sutilmente procurvada. Clípeo: 0.15. Grupo ocular: 0.76 de comprimento, 0.92 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos. Fileira anterior procurvada, fileira posterior levemente retrocurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.22, OLA 0.27, OMP 0.13, OLP 0.22. Interdistância: OLA-OLA 0.51, OLA-OMA 0.1, OMA-OMP 0.06, OMP-OMP 0.5, OMA-OMA 0.13, OLP-OMP 0.04, OLA-OLP 0.07. Lábio: 0.33 de comprimento, 0.86 de largura. Esterno: 2.51 de comprimento, 2.38 de largura. Sigilas I-III visíveis, com tamanho III>II>I. Sigilas arredondadas e adjacentes à margem esternal. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 5 cúspides arredondadas. Segmento basal da quelícera com fileira de 7 dentes na margem prolateral e grupo de 8 dentes menores. Rastelo fraco, com 7 dentes concentrados prolateralmente. Tumescência interqueliceral presente. Palpo. Comprimento: fe 2.33/ pa 1.35/ ti 1.45/ ci 0.57 total: 5.7. Diâmetro: fe 2.33/ pa 1.35/ ti 1.45/ ci 0.57. Mensurações das pernas. I comprimento: fe 4.59/ pa 2.56/ ti 3.5/ me 3.85/ ta 2.92/ total: 17.42. Diâmetro: fe 1.22/ pa 0.99/ ti 0.8/ me 0.46/ ta 0.45. II comprimento: fe 4.61/ pa 2.48/ ti 3.56/ me 4.08/ ta 2.46/ total: 17.19. Diâmetro: fe 1.24/ pa 0.98/ ti 0.8/ me 0.37/ ta 0.34. III comprimento: fe 1.24/ pa 1.14/ ti 0.84/ me 4.81/ ta 3.06/ total: 11.09. Diâmetro: fe 4.54/ pa 2.23/ ti 3.53/ me 0.5/ ta 0.32. IV comprimento: fe 5.58/ pa 2.73/ ti 4.98/ me 6.06/ ta 3.58/ total: 22.93. Diâmetro: fe 1.44/ pa 1.24/ ti 0.92/ me 0.59/ ta 0.39. 50 Fiandeiras: FLP: segmento basal 0.69; médio 0.25; apical 0.14. FMP presente, com 0.18 de comprimento, com fúsulas. Espinulação. Palpo: fe d1, pa p1, ti r1, p4; Perna I: fe d6/ pa 0/ ti v3 + 2 megaespinhos, r2(1ap), p2/ me v4 (2ap), r1, p2/ ta 0; II: fe d6/ pa p2/ ti v5(2ap), r1, p2/ me v5(3ap), r1, p2/ ta 0; III: fe d6/ pa r1, p2/ ti v6(2ap), d7 / me v7(3ap), d8/ ta 0; IV: fe d5/ pa r1, p1 / ti v6(2ap), r1,d6, p1/ me v7(3ap), d6, p3/ ta 0. Escópula: Presente totalmente nos tarsos I e II e em 2/3 nos tarsos III e IV. Em geral, possui escópula fraca, presentes integralmente em todos os tarsos, mas concentrada no 1 ⁄ 4 distal do tarso. Ausente nos metatarsos. Tíbia I com um par de megaespinhos ventrais voltados prolateralmente. Tricobótrios. Palpo: 7 TC em duas fileiras convergentes em forma de V na porção mediana do címbio. TF em duas fileiras na tíbia. Pernas: Uma fileira em zig-zag de TF nos tarsos, grupo de 2 TC pouco desenvolvidos na base da fileira. TF em duas fileiras dorsais-laterais nos metatarsos e tíbia. Tíbia com um grupo de TF curtos nas laterais. Bulbo copulador com êmbolo curto, de curvatura leve. Êmbolo com base levemente alargada, com cristas altas e uma quilha membranosa proeminente voltada dorsalmente, que se estende por todo o comprimento do êmbolo, exceto pelo ápice. 51 Figura 12 – Neodiplothele sp. nov. 8: macho (IBSP 225393): A. Habitus, vista dorsal; B. Habitus, vista ventral; C-E. Pedipalpo esquerdo; C. Vista ventral; D. Vista prolateral; E. Vista retrolateral; E. Abdome, vista ventral; G-J. Bulbo copulador esquerdo; G. Vista ventral; H. Vista retrolateral; I. Vista dorsal; J. Vista prolateral; Barras de escala: (A-B) 5,0 mm, (C-F) 2,0 mm, (G-J) 0,5 mm. Fonte: Autor, 2024 52 3.10 Neodiplothele caucaia - descrição da fêmea (Fig. 13) Material. Fêmea do Brasil, Ceará, Guaramiranga, Distrito Pernambuquinho, Terras do Sr. Marcelo Cocão; 4º12'50.9''S, 38º57'59''W; 22.V.2021; R. Azevedo & K. Falcão leg. Depositado em CHNUFPI 4163. Diagnose. Espermateca com aspecto de ramo único. Ramo cilíndrico, granuloso, com diâmetro uniforme, emergindo da base inclinada para a região central, com uma curva mediana voltada ao lado externo e ápice voltado para o centro (Fig. 13C). Descrição. Fêmea (CHNUFPI 4163). Coloração em etanol: Quelícera e carapaça castanho claro. Carapaça com bordas escuras, faixa sutil longitudinal na carapala e um par de manchas escuras na região cefálica. Abdome dorsalmente castanho, com cinco pares de manchas pareadas, sendo o par mais anterior destacado e manchas claras dispersas, ventralmente claro com poucas manchas escuras. Pernas castanhas, com segmentos com uma ou duas manchas escuras laterais. Patela com par de sulcos sem cerdas evidentes e um par de manchas laterais. Fiandeiras da mesma coloração do ventre do abdome (Fig. 13A-B). Comprimento total: 22.81. Carapaça com 6.7 de comprimento, 5.81 de largura. Fóvea 0.94, sutilmente procurvado. Clípeo 0.17. Grupo ocular 1.06 de comprimento, 1.55 de largura, elevado, bem definido, com duas fileiras de olhos. Fileira anterior procurvada, posterior sutilmente retrocurvada. Tamanho dos olhos: OMA 0.42, OLA 0.45, OMP 0.25, OLP 0.39. Interdistância: OLA-OLA 0.98, OLA-OMA 0.1, OMA-OMP 0.05, OMP-OMP 0.59, OMA-OMA 0.22, OLP-OMP 0.1, OLA-OLP 0.07. Lábio: 0.81 de comprimento, 1.54 de largura. Esterno: 4.41 de comprimento, 3.71 de largura. Sigilas labiais triangulares, com projeções sutilmente afastadas. Sigilas I-III visíveis, com tamanho: III>II>I. Sigilas arredondadas, sigila III sutilmente afastada da margem esternal. Maxilas com lobo anterior pouco projetado, com 4 cúspides arredondadas enfileiradas na promargem. Segmento basal da quelícera com fileira de 8 dentes na margem prolateral e um grupo de 13 dentes menores. Rastelo forte, com 16 dentes próximos a promargem da quelícera. Tumescência interqueliceral ausente. Palpo. Comprimento: fe 3.32/ pa 2.26/ ti 2.45/ ta 1.66 total: 9.69. Diâmetro: fe 1.29/ pa 1.2/ ti 1.08/ ta 0.83. Mensurações das pernas: I comprimento: fe 4.26/ pa 3.27/ ti 2.99/ me 2.25/ ta 1.65/ total: 14.42. Diâmetro: fe 1.62/ pa 1.54/ ti 1.35/ me 0.94/ ta 0.76. II comprimento: fe 4.26/ pa 3.26/ ti 2.36/ me 2.03/ ta 1.59/ total: 13.5. Diâmetro: fe 53 1.61/ pa 1.47/ ti 1.25/ me 0.97/ ta 0.7. III comprimento: fe 4.18/ pa 2.97/ ti 2.54/ me 3.22/ ta 1.81/ total: 14.72. Diâmetro: fe 2.08/ pa 1.64/ ti 1.47/ me 0.86/ ta 0.75. IV comprimento: fe 5.68/ pa 3.58/ ti 4.26/ me 2.53/ ta 2.37/ total: 18.42. Diâmetro: fe 1.98/ pa 1.76/ ti 1.58/ me 0.91/ ta 0.75. Fiandeiras: FLP: segmento basal 1.17; médio 0.48; apical 0.37. FMP ausente. Espinulação. Palpo: fe 0, pa 0, ti v3ap; I: fe 0/ pa 0/ ti 0/ me v5(2ap)/ ta 0; II: fe 0/ pa 0/ ti 0/ me v4(2ap)/ ta 0; III: fe 0/ pa p2/ ti r1, v1ap/ me v8(3ap), r1, d6/ ta 0; IV: fe 0/ pa p2/ ti r1/ me v 6(3ap) ,r2, p3/ ta 0. Escópula: Palpo: escópula presente na totalidade do tarso e presente no 1/3 distal da face prolateral da tíbia. Pernas: escópula presente na totalidade dos tarsos. Metatarsos I e II com escópula presente integralmente, metatarsos III com escópula fraca presente apicalmente, metatarso IV sem escópula. Tíbias I e II com escópula presente em 1/2 do segmento, concentradas prolateralmente. Tricobótrios. Palpo: 8 TC em duas fileiras convergentes em forma de V no tarso. Pernas: tarsos com 5 TC em duas fileiras convergentes em forma de V na região mediana. Metatarsos e Tíbia com duas fileiras paralelas de TF dorsais. Espermateca com aspecto de ramo único. Ramo cilíndrico, granuloso, com diâmetro uniforme, emergindo da base inclinado para a região central, com uma curva mediada voltada ao lado externo e ápice voltado para o centro (Fig.13C) 54 Figura 13 – Neodiplothele caucaia - fêmea (CHNUFPI 4163): A. Habitus, vista dorsal; B. Habitus, vista ventral; C- Espermateca; D. Abdome, vista ventral; Barras de escala: (A,B,D) 5,0 mm, (C) 0,5 mm. Fonte: Autor, 2024 3.11 Chave de identificação Machos: (N. flavicoma não possui macho descrito) 1 Êmbolo com comprimento menor ou igual ao tegulum………………………… 2 1’ Êmbolo com comprimento maior que o tegulum.……………………...…………3 2 Tíbia I sem modificação……………………………………………………………..4 2’ Tíbia I com megaespinho(s).……………………………………………..…………5 3 Bulbo com cristas conspícuas.…………………………………………………..…6 3’ Bulbo com cristas inconspícuas….………………………………………………...7 4 Bulbo com cristas conspícuas.……………………………………………………..8 4’ Bulbo com cristas inconspícuas…..…………….………………………………….9 5 Tíbia I com megaespinho único, retrolateral…………………………………….10 5’ Tíbia I com dois megaespinhos, na face ventral/prolateral.……………………11 55 6 Êmbolo com curvatura leve.………………………………………….……………12 6’ Êmbolo com cristas sutis e curvatura acentuada....………………………N. picta 7 Fiandeiras médias posteriores reduzidas....……………………………………..13 7’ Fiandeiras médias posteriores ausentes.………………...…….……...N. caucaia 8 Bulbo sem quilha.…………………………………………………………………..14 8’ Bulbo com 1 quilha.………………………………………………..…...N. sp. nov. 1 9 Bulbo sem quilhas, com êmbolo filiforme.…………………..……….N. sp. nov. 5 9’ Bulbo com uma quilha.………………………………………….……..N. sp. nov. 3 9’’ bulbo com duas quilhas baixas e longas, na base do êmbolo…………………………………………………………………...……....N. sp. nov. 4 10 Ducto espermático com sinuosidade distal…………………………….N. martinsi 10’ Ducto espermático sem sinuosidade dista…………..………...……. N. itabaiana 11 Megaespinhos curtos, na face prolateral da tíbia I.……………….N. fluminensis 11’ Megaespinhos longos e curvados, na face ventral, voltado prolateralmente….………………………………………………………………N. sp. nov. 8 12 Êmbolo com cerca de 14 cristas baixas na base do êmbolo. Parte distal do êmbolo de diâmetro uniforme……………………………………...………….N. sp. nov. 6 12’ Êmbolo com comprimento maior que o tegulum, cristas evidentes e ausentes na face dorsal.…………………………………………………………………….N. indicattii 13 Quilhas ausentes.………………………………………………...…….N. sp. nov. 7 13’ Uma quilha no final da base do êmbolo, voltada a face ventral…………….......................................................................................N. sp. nov. 2 14 Êmbolo de aspecto membranoso, torcido, com várias cristas baixas evidentes ……………………………………………………………………………………….N. aureus 14’ Êmbolo curto, levemente curvado.…………………………..……….N. irregularis Fêmeas: (N. fluminensis, N. sp. nov. 3, N. sp. nov. 5, N. sp. 6, N. sp. nov. 7, N. sp. nov. 8 não possuem fêmea descrita) 1 Base da espermateca estreita……………………………………………………...2 1’ Base da espermateca larga…………………………………………………………3 2 Ramo externo tubular, com sinuosidade……………………………….N. indicattii 2’ Ramo externo tubular, sem sinuosidade…………………………………..N. picta 3 Espermateca com aspecto de ramo único………………………………………..4 3’ Espermateca com dois ramos distintos……………………………………………5 56 4 Ramo único curto, granuloso, com ápice em forma de cálice……………………………………………………………………………..N. sp. nov. 4 4’ Ramo único longo, cilíndrico, sinuoso, com ápice globoso…………..N. caucaia 5 Ramo externo cilíndrico, tubular……………………………………………………6 5’ Ramo externo alargado, em forma de monte……………………………………..7 6 Coloração dorsal do abdome dourada, com uma listra longitudinal escura……………………………………………………………………………….N. aureus 6’ Coloração dorsal do abdome castanha, com ou sem manchas………………..8 7 Ramo externo em forma de monte alto………………………………N. sp. nov. 2 7’ Ramo externo em forma de monte baixo………………………………………….9 8 Ramo externo de ápice arredondado, pequeno…………………….N. irregularis 8’ Ramo externo de ápice globoso, grande………………………………………...10 9 Ramo externo baixo sem constrição, com ramo interno com duas espirais, ápice globoso, inserido na porção mediana do ramo externo……………..N. flavicoma 9’ Ramo externo com leve constrição, com ramo interno sinuoso, inserido na base do ramo externo………………………………………………………….N. sp. nov. 1 10 Ramo interno com ápice globoso, levemente sinuoso, projetado acima do ramo externo………………………………………………………………………N. martinsi 10’ Ramo interno com ápice fino, projetado acima do ramo externo……………………………………………………………………………N. itabaiana 3.12 História Natural O hábito sedentário e a dificuldade de localização das tocas, decorrente da camuflagem dos alçapões e da cobertura do folhiço, reflete na escassez de exemplares em coleções zoológicas, e consequentemente, mascara a real diversidade do grupo (Raven, 1994). Portanto, a insuficiência de dados sobre a taxonomia e biologia geral dessas espécies está estritamente relacionada com a dificuldade na detecção de sua toca (Raven, 1994). A procura e coleta destas espécies muitas vezes é uma árdua tarefa, uma vez que é necessário um conhecimento prévio de seu microhabitat. As técnicas de coleta mais comuns para Mygalomorphae, como revirar rochas e troncos de árvores caídos no solo, escavar barrancos, investigar o interior de fendas de árvores, podem resultar em um número significativo de espécimes (Raven, 1994). No entanto, o uso 57 de armadilhas de queda no solo (pitfall traps) pode ser eficaz na obtenção de espécimes, principalmente de indivíduos machos, pois quando a fase adulta é atingida, abandonam suas tocas para ir ao encontro das fêmeas para a cópula, adotando hábito errante (Raven, 1994). Por outro lado, sob condições de baixa disponibilidade de tempo, a abordagem mais eficaz para a coleta destes animais consiste em uma observação detalhada do barrancos, buscando ativamente suas tocas, uma vez que é comum encontrar tocas agregadas em um mesmo microhabitat (e.g. mais de 20 tocas em um mesmo barranco) (Gonzalez-Filho pers. comm.). 58 4 DISCUSSÃO O gênero Neodiplothele foi estabelecido por Mello-Leitão (1917) compreendendo a ausência de FMP e ausência de cúspides no lábio e nos maxilas como caracteres diagnósticos. Até recentemente, FMP ausentes foi a principal diagnose para diferenciar este gênero das demais Sasoninae (Gonzalez-Filho et al., 2015). Apesar de já terem sido documentados e reconhecidos como táxon relevante (Goloboff, 1995), espécimes de Neodiplothele de quatro fiandeiras ainda não foram descritos, com exceção de possíveis espécies erroneamente classificadas. A recente descoberta de vários exemplares que abarcam todos os caracteres diagnósticos de Neodiplothele com exceção da ausência de FMP (ausência de cúspides no lábio e na coxa da perna I), desestabiliza a taxonomia do gênero, uma vez que a principal característica diagnóstica (característica que confere nome ao gênero), não está presente. As espécies recém descobertas compartilham com os demais gêneros de Sasoninae: (1) artículo apical da FLP curto ou domado, (2) clípeo largo, (3) tumescência interqueliceral na base da quelícera, nua ou coberta com poucas cerdas modificadas nos machos, e (4) bulbo com cristas quitinosas baixas, orientadas longitudinalmente na base do êmbolo. Dentre as características compartilhadas com Neodiplothele estão: (1) presença de tricobótrios clavados em duas fileiras convergentes em forma de “V” no címbio ou no tarso do pedipalpo em fêmeas, (2) TC bem desenvolvidos e plumosos, (3) ausência de cúspides no lábio e na coxa da perna I (caracteres diagnósticos do gênero), (4) par de cerdas longas e eriçadas ao redor das fileiras de tricobótrios no tarso. O padrão de disposição e os tipos de tricobótrios observados e descritos minuciosamente por Guadanucci (2012), incorporam caracteres de relevância taxonômica na delimitação dos gêneros de Barychelidae. A exemplo, o aspecto plumoso dos TC em Barychelidae, observado por Guadanucci (2012) para Sason e Neodiplothele foi usado por Gonzalez-Filho et al. (2015) e mantido neste trabalho como caráter diagnóstico de Neodiplothele, uma vez que é evidente em Sasoninae. Todas as espécies aqui descritas apresentam TC desenvolvidos e de aspecto plumoso. 59 A disposição dos TC em grupo concentrado na metade do tarso, a ausência de TF e tricobótrios engrossados na tíbia, característico de Sasoninae (Guadanucci, 2012) foi importante fator para a classificação inicial dos espécimes na subfamília. Adicionalmente, em comparação a detalhada descrição do gênero proposta por Gonzalez-Filho et al. (2015), as espécies descritas no presente trabalho compartilham com a grande maioria dos caracteres listados, com exceção ao (1) tamanho total máximo (machos das espécies N. sp. nov. 2, N. sp. nov. 7 e a fêmea de N. caucaia superam a medida de comprimento máximo), (2) tarsos pseudo-segmentados em machos, (3) características específicas do formato geral do bulbo copulador e do êmbolo para os dois grupos informais propostos, (4) espermateca com dois ramos emergindo de uma base, bem como as definições específicas propostas para cada ramo e (5) FMP ausentes. Fúsulos foram observados nas FMP em microscopia eletrônica de varredura (MEV) (Fig. 14) e estereomicroscópio, o que significa que esses órgãos apresentam potencial de produção de seda, mas devido à escassez de estudos sobre comportamento e história natural, não é possível afirmar o grau de uso desses órgãos ou se são usados de fato. Figura 14 – Detalhe dos fúsulos das FMP de um exemplar de Neodiplothele. Setas indicam fúsulas no ápice da fiandeira. Barra de escala: 300 µm. 60 Fonte: H.M.O. Gonzalez-Filho, 2017 Na revisão de Gonzalez-Filho et al. (2015), foram propostos dois grupos informais,baseados no formato geral do tegulum e comprimento e curvatura do êmbolo: o grupo picta, caracterizado por tegulum globoso, com êmbolo de base fina e estreitamento abrupto da base, e o grupo irregularis, com tegulum piriforme com êmbolo de estreitamento gradual. Através de morfometria geométrica, Colpani-Sartori et al.(in prep.) demonstrou que, devido a fusão das estruturas que compõem o bulbo em Mygalomorphae, o tratamento da morfologia geral dos bulbos como caráter discreto (com dois estados: piriforme e globoso) é impreciso. Por isso, as definições propostas para estes grupos informais não foram utilizadas na formulação da chave dicotômica. Ademais, a expansão do leque morfológico dos bulbos em Neodiplothele contribuiu ainda mais para demonstrar que a discretização do formato geral do bulbo é inadequada. Apesar da desestabilização da principal característica diagnóstica do gênero (ausência de FMP), proporcionada pelo advento das espécies de quatro fiandeiras, o grande número de características compartilhadas favorece mais a inclusão dessas espécies no gênero Neodiplothele, em detrimento da criação de um novo gênero. Desde Raven (1985) as cristas quitinosas na base do êmbolo dos bulbos copuladores foram documentadas. Contudo, o termo keel (quilha) era usado como sinônimo de low ridges (cristas baixas). Gonzalez-Filho et al. (2015, p. 227 Figs. 11-16) realizaram por meio de microscopia eletrônica de varredura um registro dos detalhes das cristas quitinosas para Neodiplothele, mas ainda não se sabe ao certo a funcionalidade dessas estruturas. Com o surgimento das espécies novas e da expansão da diversidade morfológica dos bulbos copuladores, principalmente das espécies com êmbolo quilhado (N. sp. nov. 1, N. sp. nov. 2, N. sp. nov. 3 e N. sp. nov. 8) faz-se necessário a diferenciação entre essas duas estruturas. Estabelece-se, então, que as cristas se referem à série de protuberâncias quitinosas, paralelas e longitudinais (em relação ao eixo proximal-distal do bulbo) localizadas na base do êmbolo e concentradas nas faces ventral e retrolateral (ausentes ou reduzidas quando próximas à porção distal do ducto) (Figs. 2 e 10). Já o termo quilha refere-se às projeções quitinosas longas e membranosas (com certa transparência) localizadas no êmbolo (Figs. 2, 4, 6 e 12). As cristas baixas (Fig. 15), presentes em N. irregularis, N. aureus, N. itabaiana, N. martinsi, N. picta, N. indicattii, N. sp. nov. 1, N. sp. nov. 6, N. sp. nov. 8, 61 em todos os casos, ausentes na face onde a porção terminal do ducto interno atinge o êmbolo (geralmente nas faces dorsal ou prolateral). Dentre as espécies supracitadas, apenas N. sp. nov. 8 possui quatro fiandeiras. Já as quilhas estão presentes e bem desenvolvidas em N. sp. nov. 2, N. sp. nov. 3, N. sp. nov. 8 e pouco protuberantes em N. sp. nov. 1 e N. sp. nov. 4. Destas, apenas N. sp. nov. 8 possui quilha desenvolvida e cristas na base do êmbolo. Em especial, N. sp. nov. 8 é um espécie interessante a ser analisada, uma vez que é a única espécie de quatro fiandeiras que apresenta cristas paralelas (Fig. 12G) e modificações na tíbia I (2 megaespinhos) (Fig. 12F). Devido ao fato da quilha proeminente de N. sp. nov. 8 ser uma protuberância membranosa que parte de uma crista baixa na base embolar (Fig. 12G-J), é possível levantar a hipótese da quilha membranosa ser uma estrutura derivada de uma crista. Todavia, como estudos detalhados sobre a cópula, comportamento reprodutivo no geral e história natural desses organismos são escassos, não se sabe ao certo a funcionalidade das quilhas e cristas, contudo, elas possuem importância taxonômica na diferenciação das espécies. Figura 15 – Detalhe das cristas na base do êmbolo do bulbo de Neodiplothele irregularis. Barra de escala: 50 µm. Fonte: H.M.O. Gonzalez-Filho, 2017 62 Já a respeito das estrutura reprodutivas das fêmeas, as espécies recém descritas adicionaram diversidade morfológica para espermatecas sem dois ramos tubulares, até então só descrita por Mori & Bertani (2020). No recente trabalho de Mori & Bertani (2020), a transferência de Trichopelma flavicomus Simon, 1891 para Neodiplothele demonstrou que a morfologia das espermatecas não se restringe a receptáculos seminais formados por dois ramos emergindo de uma base, conforme descrito por Gonzalez-Filho et al. (2015). Além disso, em N. flavicoma, N. sp. nov. 1 e N. sp. nov. 2, o ramo externo foge ao formato tubular ou cilíndrico, com um ápice bem definido e com constrição mediana, característica do grupo informal irregularis, proposto por Gonzalez-Filho et al. (2015). Na espermateca de N. sp. nov. 1 (Fig. 3C), apesar de ter ramo externo com ápice mais definido que N. flavicoma, também apresenta ramo externo de base alargada. Já N. sp. nov. 2 apresenta ramo externo bem pronunciado, sem distinção entre ápice e base, mantendo o ramo interno com pedicelo torcido/espiralado e esclerotizado e ápice arredondado. Já N. sp. nov. 4 (Fig. 8C) e N. caucaia (Fig. 13C), por outro lado, tem como diagnose a espermateca com aspecto de ramo único pois não é possível afirmar se houve perda de um dos ramos (provavelmente do ramo interno) ou se o ramo interno nessas espécies apresentam ducto incipiente e ponto de inserção próximo ao ápice do ramo externo, de modo a ser impossível distingui-los. 63 5 CONCLUSÃO As oito espécies novas de Neodiplothele descritas no presente trabalho introduzem no gênero uma diversidade morfológica significativa para os bulbos copuladores e espermatecas. Além disso, expandem o conhecimento sobre a diversidade e distribuição das espécies de Neodiplothele no Brasil. Não há evidências para indicar se as FMP representam a transição de estados de um caráter ou se são resultado de reversões, devido à falta de uma hipótese filogenética que avalie a distância evolutiva entre as espécies de quatro e duas fiandeiras. Ainda assim, as novas espécies de Neodiplothele com FMP podem representar um recurso importante para futuros estudos sobre a evolução das fiandeiras em Mygalomorphae. 64 REFERÊNCIAS BOND, J. E., HENDRIXSON, B. E., HAMILTON, C. A. & HEDIN, M. A Reconsideration of the Classification of the Spider Infraorder Mygalomorphae (Arachnida: Araneae) Based on Three Nuclear Genes and Morphology. PLoS ONE, v. 7(6), 2012. BÜCHERL, W.A., TIMOTHEO DA COSTA, A., LUCAS, S. M. Revisão de alguns tipos de aranhas caranguejeiras (Orthognatha) estabelecidos por Candido de Mello-Leitão e depositados no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Memórias do Instituto Butantan, v. 35, p. 117-138, 1971. CODDINGTON, J. A. Phylogeny and Classification of Spiders. In: UBICK, D., CUSHING, P. E. & PAQUIN, P., Spiders of North America. Manual. American Arachnology Society, p. 18-24, 2005. FEIO, J. L. de A. A remarkable arboreal mygalomorpha "Paracenobiopelma gerecormophila" g. n., sp. n. (Araneae, Barychelidae). Boletim do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Zoology, v. 113, p. 1-23, 1952. GOLOBOFF, P. A. A reanalysis of mygalomorph spider families (Araneae). American Museum of Natural History, 1993. GOLOBOFF. P. A. A revision of the South American spiders of the family Nemesiidae (Araneae, Mygalomorphae). Part I: species from Peru, Chile, Argentina, and Uruguay. Bulletin American Museum of Natural History, v. 224, p. 1-189, 1995. GONZALEZ-FILHO, H. M. O. LUCAS, S. M. & BRESCOVIT, A. D. A revision of Neodiplothele (Araneae: Mygalomorphae: Barychelidae). Zoologia, v. 32(3), p. 225-240, 2015. GUADANUCCI, J. P. L. Trichobothrial morphology of Theraphosidae and Barychelidae spiders (Araneae, Mygalomorphae). Zootaxa v. 3439, p. 1-42, 2012. HEDIN, M. & BOND, J. E. Molecular phylogenetics of the spider infraorder Mygalomorphae using nuclear rRNA genes (18S and 28S): Conflict and agreement with the current system of classification. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 41, p. 454-471, 2006. MELLO-LEITÃO, C. F. Notas arachnologicas. 5 espécies novas ou pouco conhecidas do Brazil. Broteria, v. 15, p. 74-102, 1917. MELLO-LEITÃO, C. F. Theraphosideas do Brazil. Revista Museu Paulista, v. 13, p. 108-111, 1923. MELLO-LEITÃO, C. F. Quelques arachnides nouveaux du Bresil. Extrait des annales de la société entomologique de France, v. 93 p. 179-187, 1924. MELLO-LEITÃO, C. F. Algumas theraphosoides novas no Brazil. Revista Museu Paulista, v. 14, p. 307-324, 1926. MELLO-LEITÃO, C. F. Algunos arácnidos de Sudamérica. Revista chilena de Historia Natural, v. 43, p. 169-176, 1939. 65 MORI, A. & BERTANI, R. On the genus Cosmopelma Simon, 1889 (Araneae, Barychelidae) Zootaxa, v. 4137 (4), p. 520–534, 2016. MORI, A. & BERTANI, R. Revision and cladistic analysis of Psalistops Simon, 1889, Trichopelma Simon, 1888 and Cyrtogrammomma Pocock, 1895 (Araneae: Theraphosidae) based on a cladistic analysis of relationships of T