UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CRIOPRESERVAÇÃO E FERTILIDADE DE ESPERMATOZÓIDES RECUPERADOS DA CAUDA DO EPIDÍDIMO DE GARANHÕES GABRIEL AUGUSTO MONTEIRO BOTUCATU – SP Fevereiro/2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CRIOPRESERVAÇÃO E FERTILIDADE DE ESPERMATOZÓIDES RECUPERADOS DA CAUDA DO EPIDÍDIMO DE GARANHÕES GABRIEL AUGUSTO MONTEIRO ORIENTADOR: Prof. Dr. Frederico Ozanam Papa BOTUCATU - SP Fevereiro/2010 Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária para obtenção do título de Mestre. Nome do Autor: Gabriel Augusto Monteiro Título: CRIOPRESERVAÇÃO E FERTILIDADE DE ESPERMATOZÓIDES DE GARANHÕES RECUPERADOS DA CAUDA DO EPIDÍDIMO COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. Frederico Ozanam Papa Presidente e Orientador Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária FMVZ – UNESP – Botucatu Prof. Dr. Marco Antonio Alvarenga Membro Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária FMVZ – UNESP - Botucatu Prof. Dra. Fabiana Ferreira de Souza Membro Departamento de Cirurgia e Anestesia Veterinária Universidade de Franca - Franca Data da Defesa: 22 de fevereiro de 2010 Dedico este trabalho aos meus pais e a minha irmã, pela educação e incentivo que me permitiram a realização de um dos meus principais sonhos. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter colocado pessoas tão especiais no meu caminho. À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP, Campus de Botucatu pela oportunidade concedida. À Universidade Federal de Viçosa, pela minha formação acadêmica fundamental em meus avanços profissionais. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pela bolsa de estudo e auxílio financeiro concedidos para realização do projeto de pesquisa. Ao Professor Titular Frederico Ozanam Papa, pela amizade e ensinamentos preciosos desde a residência, exemplo de dedicação e profissionalismo, por ter confiado em minha capacidade profissional e minhas idéias durante esses anos. À Professora Maria Verônica de Souza, pela amizade e gargalhadas durante nossa convivência e todos os ensinamentos e conselhos. Aos meus pais, Ana Rita e José Carlos, meu alicerce, pelo amor incondicional e apoio depositado em todas minhas escolhas. Aos Funcionários do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária, Cris, Raquel, Cida, Márcio, Tico, Zé Carlos, Edilson, Miguel e Walter, pelos bons momentos de convívio e pela amizade. Aos Professores do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária pelo grande apoio, amizade, ensinamentos e conselhos ao longo dos últimos anos. Ao Dr. José Carlos Martin, pela amizade e ajuda fundamental na realização em todas as etapas do projeto de pesquisa. Ao Haras Itapuã em nome de todos os seus funcionários, pelo grande apoio e auxílio pela disponibilidade de garanhões para a prática experimental. A Priscilla, pela amizade, companheirismo e paciência em todas as fases do projeto de pesquisa. A minha família em Botucatu, fundamentais em todos os momentos: Andreza, Ana Paula, Fernanda, Jair, Simone, Giovana, Priscilla, Aline, Leandro, Natalia, Nina, Camila, Dani, Angélica e Stefani. Aos Pós-Graduandos do Ceran: André, Bió, Zé, Camila, Nina, Vitor, Bruno, Rosiára e Ian, pela ajuda, convivência, troca de conhecimentos, amizade que tornaram os dias tão agradáveis durante esses anos. Aos participantes do check ligament que mesmo de longe nossa amizade continua sendo muito importante. Aos residentes, Aline, Ana Carolina, Ana Cristina, Bilúca, Elisa, Janaína, Jõao Rafael, Rodrigo Carneiro e Renata (Alfafa) pela amizade, ajuda e troca de conhecimento durante esses anos. Aos Colegas Pós-Graduandos pelo convívio e amizade por todos esses anos. A todas as pessoas que de alguma forma ajudaram na elaboração e desenvolvimento deste trabalho. LISTA DE ABREVIATURAS µL: microlitro µm/s: micrômetro por segundo CASA: análise computadorizada de movimento espermático cm: centímetro D: direito DEF: defeitos morfológicos E: esquerdo EDTA: etilenodiamino tetra-acético EJ: ejaculado EP: recuperados do epidídimo g: força de centrifugação GnRH: hormônio liberador de gonadotrofina h: hora HTMO: Hamilton Thorne Research ICSI: injeção intracitoplasmática de espermatozóide IMP: integridade de membrana plasmática MESA: aspiração microcirúrgica de espermatozóides do epidídimo mg: miligrama mL: mililitro mm3: milímetro cúbico MP: motilidade progressiva MT: motilidade total ºC: graus Celsius PESA: aspiração percutânea de espermatozóides do epidídimo PS: plasma seminal RAP: espermatozóides rápidos TA: temperatura ambiente VCL: velocidade curvilínea VSL: velocidade linear progressiva LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana plasmática (IMP) imediatamente após a recuperação espermática nos grupos: controle (0 hora), armazenados à 5°C (5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h) e armazenados à temperatura ambiente (TA-6h, TA-12h, TA-18h, TA-24h e TA-30).............................27 Tabela 2 - Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana plasmática (IMP) após centrifugação e a ressuspensão com diluente Botu-Crio® nos grupos: controle (0 hora), armazenados à 5°C (5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h) e armazenados à temperatura ambiente (TA-6h, TA-12h, TA-18h, TA-24h e TA-30)........28 Tabela 3 - Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana (IMP) após a descongelação, nos grupos: controle (0 hora), armazenados à 5°C (5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h) e armazenados à temperatura ambiente (TA-6h, TA-12h, TA-18h, TA-24h e TA-30)........................................................................................................28 Tabela 4 - Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e espermatozóides com defeitos morfológicos (DEF) logo após a recuperação nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP-24h..........................................................................................34 Tabela 5 – Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana plasmática (IMP) após a centrifugação e a ressuspensão com diluente de congelação (Botu-Crio®) nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP- 24h..............................................................................................................34 Tabela 6 – Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana plasmática (IMP) pós-descongelação nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP-24h.....................................................................................................34 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Etapas que antecedem a recuperação de espermatozóides pela técnica de flutuação consistem: separação da cauda do epidídimo e remoção dos tecidos tecido conjuntivo que recobre a cauda do epidídimo (a); incisões para proporcionar a migração dos espermatozóides do lúmen da cauda do epidídimo (b) e repouso para migração dos espermatozóides para o meio diluente (c)......................................................................................................7 Figura 2 – Etapas que antecedem a recuperação de espermatozóides pela técnica de fluxo retrógrado consistem: separar o complexo testículo-epidídimo (a); remover o tecido conjuntivo que recobre a cauda do epidídimo (b) e desfazer os contornos da cauda do epidídimo (c)...........................................8 Figura 3 – Recuperação de sêmen do epidídimo pela técnica de fluxo retrógrado: após a secção do ducto da cauda do epidídimo em três partes ele é estendido na posição vertical e o diluente injetado no lúmen até a outra extremidade (a, b, c).....................................................................................................................8 Figura 4 – Esquema da metodologia utilizada no experimento I...................................19 Figura 5 – Esquema da metodologia utilizada no experimento II..................................22 Figura 6 – Avaliação da porcentagem de espermatozóides móveis (Motilidade Total), recuperados do epidídimo pré-congelação (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e pós-descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05...................................................................................29 Figura 7 – Avaliação da porcentagem de espermatozóides com motilidade progressiva, recuperados do epidídimo pré-congelação (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e pós-descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05).................................................................................30 Figura 8 – Avaliação da Velocidade Linear Progressiva (VSL), dos espermatozóides recuperados do epidídimo pré-congelação (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e pós-descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05..................................................................................30 Figura 9 – Avaliação da Velocidade Curvilínea (VCL), dos espermatozóides recuperados do epidídimo pré-congelação (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e pós-descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05...................................................................................31 Figura 10 – Avaliação da porcentagem de espermatozóides rápidos (RAP), recuperados do epidídimo (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e após descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05 ..........................................................................................................32 Figura 11 – Avaliação da porcentagem de espermatozóides com integridade de membrana plasmática (IMP), recuperados do epidídimo (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e pós-descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05...............................................32 Figura 12 – Média do número de espermatozóides recuperados com vagina artificial (Ejaculado), dos epidídimos direitos (Epidídimos D), dos epidídimos esquerdos (Epidídimos E) e soma dos epidídimos direito e esquerdo (Epidídimos D + E).......................................................................................33 Figura 13 – Média do percentual da motilidade total (A), motilidade progressiva (B) e espermatozóides rápidos (C) obtidos do epidídimo logo após recuperação, após a centrifugação e após a descongelação nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP- 24h................................................................................................................35 Figura 14 - Taxas de concepção (%) obtidas nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP- 24h................................................................................................................36 SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................1 2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................4 2.1. Anatomofisiologia do epidídimo...........................................................................4 2.2. Plasma seminal......................................................................................................4 2.3. Colheita de espermatozóides da cauda do epidídimo............................................5 2.3.1. Técnicas de colheita de espermatozóides do epidídimo................................6 2.3.1.1. Métodos utilizados em pacientes vivos.......................................................6 2.3.1.2. Métodos utilizados em animais mortos.......................................................6 Método de flutuação............................................................................................6 Método de perfuração.........................................................................................7 Fluxo retrógrado da cauda do epidídimo...........................................................7 2.4. Viabilidade espermática em função do tempo de armazenamento do epidídimo.9 2.5. Fertilidade de espermatozóides da cauda do epidídimo .....................................10 3. OBJETIVOS..............................................................................................................15 3.1. Experimento I......................................................................................................15 3.2. Experimento II.....................................................................................................15 4. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................16 4.1. Experimento I......................................................................................................16 4.1.1. Animais e local da pesquisa.........................................................................16 4.1.2. Metodologia.................................................................................................16 4.1.2.1. Orquiectomia Bilateral..............................................................................16 4.1.2.2. Armazenamento do epidídimo..................................................................17 4.1.2.3. Colheita dos espermatozóides da cauda do epidídimo..............................18 4.1.2.4. Congelação dos espermatozóides do epidídimo.......................................20 4.1.2.5. Análise das amostras.................................................................................20 4.2. Experimento II.....................................................................................................21 4.2.1. Animais e local da pesquisa.........................................................................21 4.2.2. Metodologia.................................................................................................21 4.2.2.1. Colheita de sêmen com vagina artificial...................................................21 4.2.2.2. Congelação das amostras seminais colhidas com vagina artificial...........23 4.2.2.3. Colheita dos espermatozóides da cauda do epidídimo..............................23 4.2.2.4. Análise das amostras.................................................................................24 4.2.2.5. Teste de fertilidade....................................................................................24 5. ANÁLISE ESTASTÍSTICA.....................................................................................26 6. RESULTADOS..........................................................................................................27 6.1. Experimento I......................................................................................................27 6.2. Experimento II.....................................................................................................33 7. DISCUSSÃO..............................................................................................................37 7.1. Experimento I......................................................................................................38 7.2. Experimento II.....................................................................................................40 8. CONCLUSÕES..........................................................................................................44 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................45 10. TRABALHO CIENTÍFICO...................................................................................58 ANEXOS........................................................................................................................63 MONTEIRO, G. A. Criopreservação e fertilidade de espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo de garanhões. Botucatu. 2010 Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista. RESUMO A recuperação de espermatozóides da cauda do epidídimo e sua criopreservação pode ser a última chance para recuperação do material genético quando ocorre morte súbita ou lesão grave em garanhões de alto valor genético. Sendo assim, o objetivo do experimento I foi comparar os parâmetros espermáticos dos espermatozóides da cauda do epidídimo recuperados imediatamente após orquiectomia e em diferentes momentos após armazenamento a 5°C e a temperatura ambiente. Já o experimento II, teve o objetivo de comparar os parâmetros espermáticos e fertilidade dos espermatozóides do ejaculado e do epidídimo recuperados logo depois da orquiectomia e após armazenamento por 24 horas a 5°C. No experimento I, 48 garanhões foram submetidos à orquiectomia bilateral, sendo que em oito a colheita dos espermatozóides do epidídimo foi realizada imediatamente após orquiectomia (grupo controle). Nos outros 40 garanhões, um epidídimo foi armazenado a temperatura ambiente e o contralateral armazenado a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas, de acordo com o grupo. No experimento II, dois ejaculados de oito garanhões foram colhidos com vagina artificial e congelados (grupo EJ-0h). Uma semana após, os garanhões foram submetidos à orquiectomia bilateral, sendo que os espermatozóides de um epidídimo foram congelados imediatamente após orquiectomia (grupo EP-0h) e o epidídimo contralateral foi previamente armazenado por 24 horas a 5°C (EP-24h). O teste de fertilidade demonstrou que o grupo EP-0h (92,3%; n=13) tendem a ser maior que os grupos EJ-0h (61,5%; n=13) e EP-24h (61,5%; n=13). Conclui-se que o armazenamento dos testículos-epidídimos a 5°C proporcionou melhor preservação espermática e que, independente da temperatura, a motilidade progressiva é o parâmetro espermático mais sensível ao tempo de armazenamento. Palavras-chave: Criopreservação espermática; Cauda do Epidídimo; Espermatozóides; Fertilidade; Armazenamento; Equino. MONTEIRO, G. A. Criopreservation and fertility of stallion sperm epididymal cauda. Botucatu. 2010 Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista. ABSTRACT Cauda epididymis sperm recovery and cryopreservation may be the last chance to obtain genetical material when sudden death or serious injury occur in valuable stallions. Thus, the aim of experiment I was to compare sperm parameters of epididymal sperm recovered immediately after orchiectomy and at different moments after storage at 5°C and at room temperature. Experiment II aimed to compare sperm parameters and fertility of ejaculated sperm and epididymal sperm recovered immediately after orchiectomy and after storage for 24h at 5°C. In experiment I, 48 stallions were submitted to bilateral orchiectomy, in eight of those the sperm collection were done immediately after orchiectomy (control group). In the other 40 stallions, one epididymis was stored at room temperature and the other was stored at 5°C for 6, 12, 18, 24 and 30 hours accorded to groups. In experiment II, two ejaculated from eight stallions were obtained with artificial vagina and cryopreserved (group EJ-0h). One week later, the stallions were submitted to bilateral orchiectomy, and the sperm of one epididymal were frozen immediately after orchiectomy (group EP-0h) and the contralateral epididymal was previously storage for 24h at 5°C (EP-24h). Fertility test showed that group EP-0h (92,3%; n=13) tended to be higher than groups EJ-0h (61,5%; n=13) and EP-24h (61,5%; n=13). These results allowed concluding that storage of the testis-epididymis complex at 5°C is more efficient in preserving sperm parameters than room temperature storage and that progressive motility is the parameter that is more affected by storage period, regardless of the temperature. Keywords: Sperm cryopreservation; Cauda epididymis; Sperm; Fertility; Storage; Equine. 1 1. INTRODUÇÃO A morte inesperada, processos obstrutivos ou distúrbios traumáticos podem interromper prematuramente a vida reprodutiva de garanhões de alto valor genético. Nesses casos, novas formas de colheita de sêmen têm sido estudadas com objetivo de preservar a genética valiosa destes animais. A primeira prenhez obtida com a utilização de espermatozóides congelados na espécie equina foi relatada a partir de espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo (BARKER e GANDIER, 1957). Apesar da fertilidade desses espermatozóides ter sido comprovada há mais de cinco décadas, por muitos anos os estudos limitaram-se a pesquisar a preservação de espermatozóides provenientes do ejaculado. Somente nos últimos anos alguns pesquisadores intensificaram o estudo da recuperação e preservação de espermatozóides viáveis à partir da cauda do epidídimo (TIPLADY et al., 2002; JAMES et al., 2002; MORRIS, 2002; HERRERA et al., 2006; PAPA et al., 2008; MONTEIRO et al., 2009a; 2009b). Isto ocorreu devido ao crescente interesse pela preservação de espécies ameaçadas de extinção e preservação de células espermáticas de animais de produção de alto valor genético, impossibilitados de realizar cobertura ou colheita de sêmen com vagina artificial. Tais estudos concentram-se no desenvolvimento e aprimoramento de técnicas de colheita de espermatozóides da cauda do epidídimo (CARY et al., 2004; BRUEMMER, 2006), comparação de meios diluentes (MELO et al., 2008; PAPA et al., 2008; GUASTI et al., 2009), refrigeração espermática (MONTEIRO et al., 2009a), efeito da adição de plasma seminal (MORRIS et al., 2002; TIPLADY et al., 2002; MOORE et al., 2005; PASQUINI, et al., 2008; HEISE et al., 2010), viabilidade espermática de 2 garanhões sub-férteis (MONTEIRO et al., 2009b), fertilidade (MELO et al., 2008; PAPA et al., 2008; HEISE et al., 2010), métodos de inseminação artificial (MORRIS, 2002) e injeção intracitoplasmática de espermatozóide (HERRERA et al., 2006). Além disso, pesquisas têm sido desenvolvidas com o armazenamento do testículo- epidídimo (BRUEMMER et al., 2002; JAMES et al., 2002). Tais estudos têm o objetivo de adequar um protocolo que possibilite a retirada do testículo-epidídimo e seu posterior acondicionamento em sistemas de transporte para seu envio a laboratórios especializados para processamento e criopreservação dos espermatozóides. Após a morte do animal, os espermatozóides permanecem viáveis no epidídimo até que a decomposição tecidual afete sua viabilidade (BRUEMMER et al., 2002; MURADÁS et al., 2006). Se os epidídimos forem armazenados a 5°C, a viabilidade espermática pode ser mantida um maior período de tempo (BRUEMMER et al., 2002; JAMES et al., 2002). Entretanto, não é possível prever a capacidade fecundante destas células, visto que nenhum estudo comparou sua fertilidade com a dos espermatozóides obtidos a partir do ejaculado e os recuperados do epidídimo submetidos a acondicionamento. O sucesso recentemente alcançado com os índices de fertilidade dos espermatozóides recuperados do epidídimo em equinos mostra a importância da realização de estudos que testem protocolos de acondicionamento e criopreservação destas células. Tais estudos tornam-se ainda mais relevantes quando se considera que a colheita de espermatozóides da cauda do epidídimo pode, em alguns casos, ser a última chance de preservação espermática. O presente estudo teve como objetivo comparar a viabilidade dos espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo imediatamente após a orquiectomia, com a viabilidade dos espermatozóides armazenados a 5°C e a temperatura ambiente por 6, 12, 3 18, 24 e 30 horas (Experimento I). Já no experimento II, objetivou-se comparar os parâmetros espermáticos e de fertilidade dos espermatozóides obtidos do ejaculado com os parâmetros dos espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo imediatamente após orquiectomia e após o armazenamento por 24 horas a 5°C. 4 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ANATOMOFISIOLOGIA DO EPIDÍDIMO À medida que passam pelo epidídimo, os espermatozóides sofrem importantes alterações morfofuncionais (BARTH e OKO, 1989). O epidídimo é um órgão alongado, enovelado, localizado na superfície do testículo (SULLIVAN et al., 2005). Ele pode ser dividido anatomicamente em três segmentos: cabeça, onde há absorção de fluidos (MARENGO, 2008); corpo, onde os espermatozóides passam a apresentar capacidade fecundante, e cauda, cuja função básica é o armazenamento e a manutenção de espermatozóides maduros (SHIVAJI, 1988). Os efeitos fisiológicos da aquisição de macromoléculas no epidídimo não foram completamente elucidados, mas sabe-se que esta é uma etapa necessária para o desenvolvimento da motilidade e capacidade fecundante dos espermatozóides (JONES, 1998). Esta hipótese é sustentada por estudos que apresentaram melhores taxas de fertilização utilizando espermatozóides colhidos da cauda do epidídimo, quando comparado a amostras colhidas da cabeça e do corpo epididimário (YOUNG, 1931; ORGEBIM-CRIST, 1969; HOLTZ e SMIDT, 1976). Após a maturação, os espermatozóides são armazenados na cauda do epidídimo e, ao saírem da mesma, entram em contato com as secreções das glândulas anexas que, por sua vez, estimulam a motilidade inicial dos espermatozóides (MAXWELL e JOHNSON, 2000). 2.2 PLASMA SEMINAL O plasma seminal é um fluido produzido pela rede testis, epidídimo e glândulas sexuais acessórias. Este fluido é expelido durante a ejaculação e sua composição 5 apresenta diferentes componentes bioquímicos de acordo com a fração expelida (AMANN e GRAHAM, 1993). Durante o processo de ejaculação, os espermatozóides sofrem várias transformações na membrana devido ao contato com a secreção proveniente das glândulas acessórias (BOUÉ et al., 1996). A composição iônica do plasma seminal varia nas diferentes espécies, sendo íons como o cálcio, magnésio, zinco (BARRIER- BATTUT et al., 2002) e selênio (KENDALL et al., 2000) associados a alterações da função espermática. Muitos estudos tem questionado a necessidade do plasma seminal no processo de fecundação, visto que espermatozóides da cauda do epidídimo que não tiveram contato com estas secreções foram capazes de fertilizar (BLASH et al., 2000; YU e LEIBO, 2002; MARTINS et al., 2009; PAPA et al., 2008). 2.3 COLHEITA DE ESPERMATOZÓIDES DA CAUDA DO EPIDÍDIMO A colheita de espermatozóides viáveis do epidídimo tem sido relatada em inúmeras espécies, como bovinos (MARTINS et al., 2009), cervídeos (MARTINEZ- PASTOR et al., 2005a; MARTINEZ-PASTOR et al., 2006; FERNANDES-SANTOS et al., 2009), caprinos (MARTINEZ-PASTOR et al., 2005b), suínos (KIKUCHI et al., 1998), felinos (GAÑÁN et al., 2009) e equinos (PAPA et al., 2008; HEISE et al., 2010). Estudos recentes demonstram que o número total de espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo de garanhões é superior ao encontrado em ejaculados (GRANEMANN, 2006; MURADÁS et al., 2006; MONTEIRO et al., 2009b). Além disso, estas células apresentam motilidade progressiva igual ou superior aos espermatozóides do ejaculado (TIPLADY et al., 2002). 6 2.3.1 Técnicas de colheita de espermatozóides do epidídimo O objetivo geral da obtenção de espermatozóides viáveis do epidídimo é a sua utilização em técnicas de reprodução assistida, como inseminação artificial (PAPA et al., 2008; HEISE et al., 2010) e injeção intracitoplasmática de espermatozóides (HERRERA et al., 2006). Existem cinco métodos básicos para recuperação de espermatozóides do epidídimo. Usualmente, duas técnicas são aplicadas a pacientes vivos e três são utilizadas para colheita em animais mortos (GUERRERO, 2006). 2.3.1.1 Métodos utilizados em pacientes vivos A aspiração microcirúrgica de espermatozóides do epidídimo (MESA) (TEMPLE-SMITH et al., 1985; SILBER et al., 1994) e a aspiração percutânea de espermatozóides do epidídimo (PESA) (SHRIVASTAV et al., 1994) são, normalmente, aplicadas em humanos e representam um grande avanço biotecnológico no combate à infertilidade masculina. 2.3.1.2 Métodos utilizados em animais mortos Método de Flutuação O método de flutuação consiste em cortar ou fatiar a cauda do epidídimo (Figura 1a e 1b). Várias incisões longitudinais são realizadas para expor os espermatozóides ao meio exterior. Logo após, a cauda do epidídimo é mantida em um meio gelatinoso, possibilitando a migração dos espermatozóides para o meio (Figura 1c) e sua posterior recuperação através de filtração (YU e LEIBO, 2002). Apesar de ser freqüentemente aplicada a espécies de pequeno porte devido ao tamanho de seus epidídimos, esta 7 técnica também pode ser utilizada na recuperação de espermatozóides do epidídimo de espécies de grande porte (HISHINUMA et al., 2003; GUERRERO, 2006). FIGURA 1 – Etapas que antecedem a recuperação de espermatozóides pela técnica de flutuação consistem: separação da cauda do epidídimo e remoção do tecido conjuntivo que recobre a cauda do epidídimo (a); incisões para proporcionar a migração dos espermatozóides do lúmen da cauda do epidídimo (b) e repouso para migração dos espermatozóides para o meio diluente (c) (MONTEIRO et al., 2009c). Método de Perfuração Na técnica de perfuração, a cauda do epidídimo é colocada em uma placa de petri e o ducto epididimário é perfurado com auxílio de uma agulha (BARTELS et al., 2000) Posteriormente, as amostras são filtradas e centrifugadas para diminuir a presença de detritos celulares. Esta técnica proporciona uma elevada taxa de recuperação de espermatozóides, entretanto, a viabilidade espermática pode ser afetada devido à exposição à centrifugação e componentes sanguíneos (GUERRERO, 2006). Fluxo retrógrado da Cauda do Epidídimo A técnica de fluxo retrógrado na cauda do epidídimo consiste na geração de pressão com o uso de uma seringa nos vasos deferentes até que os espermatozóides epididimários sejam carreados pelo diluente e extravasem pelo corte realizado na junção entre a cauda e o corpo do epidídimo (GARDE et al., 1994). A recuperação espermática média com esse método varia de 15 a 20 bilhões de espermatozóides por epidídimo (BRUEMMER, 2006). a b c 8 A técnica de fluxo retrógrado modificada, relatada por Granemann (2006), consiste na separação do complexo testículo-epidídimo (Figura 2a) seguida pela remoção dos tecidos que envolvem o epidídimo a partir da dissecação do tecido conjuntivo que recobre a cauda do epidídimo (Figura 2b). Após desfazer os contornos do ducto epididimário (Figura 2c), este deve ser seccionado em três partes para facilitar a lavagem. FIGURA 2 – Etapas que antecedem a recuperação de espermatozóides pela técnica de fluxo retrógrado consistem: separar o complexo testículo-epidídimo (a); remover o tecido conjuntivo que recobre a cauda do epidídimo (b) e desfazer os contornos da cauda do epidídimo (c) (MONTEIRO et al., 2009c). Para extrair os espermatozóides do epidídimo, o segmento deve ser estendido na posição vertical (Figura 3a, 3b e 3c) e o diluente injetado no lúmen até que os espermatozóides sejam carreados pelo diluente e recuperados na outra extremidade. Com esta técnica, o número de espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo foi superior àquele obtido do ejaculado (GRANEMANN, 2006). FIGURA 3 – recuperação de sêmen do epidídimo pela técnica de fluxo retrógrado: após a secção do ducto da cauda do epidídimo em três partes ele é estendido na posição vertical e o diluente injetado no lúmen até a outra extremidade (a, b, c) (MONTEIRO et al., 2009c). a b c a b c 9 2.4 VIABILIDADE ESPERMÁTICA EM FUNÇÃO DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO DO EPIDÍDIMO A colheita de espermatozóides da cauda do epidídimo em garanhões mostrou-se eficiente para recuperar células espermáticas viáveis (TIPLADY et al., 2002; JAMES et al., 2002; BRUEMMER, 2006; MELO et al., 2008; PAPA et al., 2008; MONTEIRO., 2009a, 2009b). No entanto, a falta de conhecimento técnico específico sobre o armazenamento e transporte do epidídimo, muitas vezes inviabiliza a preservação espermática em decorrência da degeneração tecidual pós-morte (JAMES et al., 2002). Pesquisas têm avaliado a viabilidade espermática em função do tempo de armazenamento do epidídimo possibilitando, assim, a definição das melhores formas de acondicionamento e transporte do material até um centro de reprodução capacitado para a recuperação e criopreservação destas células (JAMES et al., 2002, GRANEMANN, 2006; MURADÁS, 2006). Estudos realizados em caprinos demonstraram que os espermatozóides provenientes de epidídimos armazenados a 5°C por até 72 horas apresentaram parâmetros espermáticos satisfatórios, podendo ser utilizados em biotecnologias da reprodução (MARTINEZ-PASTOR et al., 2005b). Em cervídeos, Martinez-Pastor et al, (2005a) avaliaram os parâmetros espermáticos em função do tempo pós-morte, observando valores satisfatórios até 48 horas. Os autores constataram, ainda, que o parâmetro espermático mais afetado durante o armazenamento foi a motilidade espermática. James et al. (2002) avaliaram a viabilidade espermática após o armazenamento do epidídimo de eqüinos a 5°C por até 96 horas. Neste estudo, não houve diferença no percentual de motilidade progressiva e na integridade de membrana avaliados após a descongelação. Adicionalmente, estudos realizados com felinos, caninos, caprinos, 10 suínos e bovinos demonstraram que a maioria destas espécies possui melhor viabilidade seminal quando os testículos são armazenados entre 4 e 5°C, comparados com os mantidos à temperatura ambiente (JAMES, 2004). À temperatura ambiente, observou-se em garanhões um declínio da qualidade espermática com o aumento do tempo, tendo como limite de viabilidade próximo das 24 horas pós-orquiectomia. Este decréscimo pode ser explicado pelo envelhecimento e esgotamento metabólico dos espermatozóides, assim como, pelo processo de degeneração tecidual pós-morte. Temperaturas mais baixas retardam o processo de degeneração e diminuem o metabolismo dos espermatozóides mantendo-os viáveis por mais tempo (GRANEMANN, 2006). Outros estudos avaliaram a viabilidade espermática após o armazenamento do epidídimo a 5°C por 24 horas. Estes estudos realizados em cervídeos (ZOMBORSKY et al., 1999), caninos (MARKS et al., 1994) e equinos (BRUEMMER et al., 2002; PAPA et al., 2008) demonstraram que os espermatozóides recuperados foram processados e congelados com sucesso. No entanto, poucos estudos compararam a fertilidade destes espermatozóides com a dos espermatozóides do ejaculado. 2.5 FERTILIDADE DE ESPERMATOZÓIDES DA CAUDA DO EPIDÍDIMO A primeira prenhez utilizando espermatozóides congelados na espécie equina foi relatada com espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo (BARKER e GANDIER, 1957). Neste estudo, foram inseminadas oito éguas e a taxa de concepção foi de 12,5% (1/8). Estudos recentes em equinos demonstram que os espermatozóides obtidos no epidídimo podem ser usados em inseminações artificiais (MORRIS et al., 2002; PAPA et al., 2008; MELO et al., 2008) com sêmen fresco ou congelado resultando em prenhez (MORRIS et al., 2002; PAPA et al., 2008; HEISE et al., 2010). No entanto, a taxa de 11 concepção destes espermatozóides foi considerada, por muitos anos, inferior ao dos espermatozóides do ejaculado (TIPLADY et al., 2002). Monteiro et al, (2009a) avaliaram a resistência dos espermatozóides provenientes do ejaculado com a dos espermatozóides do epidídimo submetidos ao processo de refrigeração por 24 e 48 horas. Para isto, as amostras espermáticas após a colheita foram acondicionadas a 5°C em caixas de refrigeração Botutainer®1. Os parâmetros (motilidade total, motilidade progressiva e integridade de membrana) dos espermatozóides do epidídimo, tanto com 24 quanto com 48 horas de refrigeração, foram significativamente superiores (p<0,05) aos parâmetros dos espermatozóides colhidos com vagina artificial, demonstrando que estes espermatozóides são mais resistentes ao processo de refrigeração. Algumas pesquisas têm avaliado a viabilidade dos espermatozóides do epidídimo após a congelação. A utilização destes espermatozóides congelados necessita de cuidados com o momento e os métodos de inseminação artificial (PAPA et al., 2008). Métodos de inseminação na extremidade do corno uterino e por histeroscopia permitem diminuir número de espermatozóides por dose inseminante, além de melhorar a taxa de concepção, devendo ser utilizados em inseminações com espermatozóides congelados (MORRIS, 2004) e com espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo (MORRIS et al., 2002). A utilização destes métodos proporciona um melhor aproveitamento das doses estocadas. Morris et al. (2002) obtiveram taxa de concepção de 45% em éguas inseminadas com 200x106 de espermatozóides do epidídimo, a fresco. Utilizando esta mesma dose inseminante com espermatozóides congelados, foram obtidos 18 e 8% de taxa de concepção quando as éguas foram inseminadas por histeroscopia e método 1 Biotech Ltda, Botucatu , Brasil. 12 convencional, respectivamente. Os pesquisadores concluíram que é possível obter produtos utilizando espermatozóides do epidídimo em doses inseminantes de baixo número de espermatozóides, e que a fertilidade cai acentuadamente após o processo de congelação. Papa et al. (2008) avaliaram a fertilidade de espermatozóides criopreservados recuperados da cauda do epidídimo de garanhões com a utilização do diluente de congelação Botu-Crio®2, obtendo taxa de concepção de 66,6% em éguas inseminadas no ápice do corno, com 400 x 106 espermatozóides viáveis pré e pós-congelação. Esta taxa de concepção nunca foi descrita com espermatozóides congelados do epidídimo, sendo equivalente a taxas de concepção obtidas com o uso de espermatozóides congelados do ejaculado (MARTIN et al., 1979; JASKO et al, 1992; NEVES NETO, 2004). Pasquini et al. (2008), compararam a eficiência de fatores estimuladores de motilidade espermática na congelação de espermatozóides do epidídimo de garanhões. Este estudo concluiu que a utilização dos meios Fert-Talp, Talp + Progesterona e Sperm-Talp, comumente utilizados em protocolos de fertilização in vitro, melhorou a motilidade de espermatozóides do epidídimo após descongelação. Morris et al. (2002) avaliaram o efeito da exposição ao Sperm-Talp sobre a fertilidade de espermatozóides provenientes do epidídimo de garanhões. As taxas de concepção destes espermatozóides foram avaliadas com e sem o contato prévio das células com o meio Sperm-Talp. As inseminações foram realizadas por histeroscopia, utilizando doses descongeladas de 0,5 mL cada, contendo 5x106 espermatozóides móveis. Desta forma, foram obtidas taxas de concepção de 0 e 29% nos grupos sem e com exposição prévia ao Sperm-Talp, respectivamente. 2 Biotech Ltda, Botucatu , Brasil. 13 Heise et al. (2010) compararam a taxa de concepção de espermatozóides recuperados da cauda epidídimo e acrescidos ou não de plasma seminal (PS). A dose inseminante utilizada foi de 200x106 espermatozóides apresentando motilidade progressiva. Com isto, os pesquisadores encontraram taxas de concepção de 55.6% com o uso de espermatozóides do ejaculado a fresco, e de 38.9% com o uso de congelados. Já com o uso de espermatozóides provenientes do epidídimo, as taxas de fertilidade obtidas na presença do plasma seminal foram de 75.0% para sêmen fresco e de 27.8% para sêmen congelado. Na ausência do plasma seminal, estes valores foram de 22.2% e 6.7% com o uso de sêmen fresco e congelado, respectivamente. Este estudo demonstrou a maior capacidade fecundante dos espermatozóides obtidos do epidídimo de garanhões após adição de plasma seminal. Monteiro et al. (2009b) demonstraram que o contato do ejaculado de garanhões sub-férteis com o plasma seminal pode ter efeito deletério sobre a qualidade espermática. Neste estudo, a motilidade total, a motilidade progressiva e a integridade da membrana plasmática dos espermatozóides obtidos da cauda do epidídimo sem contato com plasma seminal, foram superiores aos obtidos nas células provenientes do ejaculado, tanto pré quanto pós congelação. No teste de fertilidade, os espermatozóides do epidídimo após a descongelação apresentaram taxa de concepção de 25% com inseminações na extremidade do corno uterino utilizando 400 x 106 de espermatozóides viáveis por dose inseminante. Os espermatozóides do epidídimo também podem ser utilizados em técnicas como a ICSI, sem apresentar diferença na proporção de clivagem embrionária quando comparados àquela apresentada por espermatozóides criopreservados do ejaculado de garanhões (HERRERA et al., 2006). 14 Em eqüinos, espermatozóides da cauda do epidídimo demonstraram ser resistentes ao processo de criopreservação possibilitando, assim, a obtenção de produtos de garanhões descartados da reprodução ou mesmo após sua morte, a partir de inseminações artificiais convencionais (BARKER e GANDIER, 1957; MORRIS et al., 2002; MELO et al., 2008; PAPA et al., 2008), inseminações histeroscópicas (MORRIS et al., 2002) e injeção intracitoplasmática de espermatozóide (HERRERA et al., 2006). 15 3. OBJETIVOS O presente trabalho teve por objetivo avaliar a viabilidade dos espermatozóides criopreservados recuperados da cauda do epidídimo a partir da técnica de fluxo retrógrado. Desta forma, os objetivos específicos relacionados a este trabalho foram: 3.1. Experimento I Comparar os parâmetros espermáticos dos espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo imediatamente após orquiectomia, com os dos grupos em que os epidídimos foram armazenados a 5°C e a temperatura ambiente por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. 3.2. Experimento II Comparar os parâmetros espermáticos e índices de fertilidade dos espermatozóides do ejaculado, da cauda do epidídimo imediatamente após orquiectomia e da cauda do epidídimo após armazenamento por 24 horas a 5°C. 16 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 EXPERIMENTO I – Avaliação da viabilidade dos espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo e armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por um período até 30 horas. 4.1.1 Animais e Local da Pesquisa Foram utilizados 48 garanhões entre quatro e seis anos de idade, sendo 34 da raça Brasileiro de Hipismo, 2 Puro Sangue Lusitano, 8 Quarto de milha e 4 Mangalarga Machador. Os animais são provenientes de propriedades localizadas no municipio de Arandu-SP e do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da FMVZ – UNESP - Botucatu. 4.1.2 Metodologia A metodologia utilizada no experimento I encontra-se descrita na Figura 4. 4.1.2.1 Orquiectomia Bilateral Durante o período pré-operatório os animais foram submetidos a jejum alimentar de 14 horas. O procedimento cirúrgico foi realizado com os garanhões em estação, utilizando 0,5 mg/Kg/i.v de cloridrato de xilazina 10%3, associado a 0,05 mg/Kg/i.v de cloridrato de acepromazina4 para a sedação dos mesmos. Após 15 minutos da administração dos sedativos, foi realizada a anti-sepsia da região escrotal com polivinilpirrolidona-iodo. 3 Sedazine – Fort Dodge Inc. SP, Brasil. 4 Acepran - Univet S/A - Indústria Veterinária. SP, Brasil. 17 Após anestesia local intratesticular, realizada com 10 mL de cloridrato de lidocaína 2% com vasoconstritor, foram realizadas duas incisões de aproximadamente 8 centímetros paralelas à rafe mediana escrotal. Os testículos foram expostos pela incisão da túnica dartos e da túnica vaginal parietal, tracionados e em seguida efetuou-se a incisão e hemostasia do funículo com o auxílio de um emasculador. Imediatamente após a orquiectomia, o complexo testículo-epidídimo foi armazenado em um saco plástico identificado, contendo 80 mL de Ringer com lactado de sódio. Para evitar o extravasamento de sangue e espermatozóides durante o transporte, o funículo espermático foi ligado com fios de seda. 4.1.2.2 Armazenamento do epidídimo No grupo 1 (Controle) foram utilizados oito garanhões, sendo a colheita dos espermatozóides, realizada imediatamente após a orquiectomia (0 hora). Neste grupo, foi incluído apenas um epidídimo de cada garanhão (totalizando quatro epidídimos direitos e quatro epidídimos esquerdos), seguindo o mesmo número de epidídimos utilizado nos grupos subseqüentes. Os outros 40 garanhões (80 epidídimos) foram divididos em 5 grupos, sendo um epidídimo armazenado a temperatura ambiente e o epidídimo contralateral armazenado a 5°C pelo mesmo período de tempo, totalizando, quatro epidídimos direitos e quatro epidídimos esquerdos por grupo (n=8). Após a orquiectomia e antes da colheita dos espermatozóides, os epidídimos foram armazenados a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas nos grupos 5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h, respectivamente. Os epidídimos contralaterais foram armazenados a temperatura ambiente (18 a 24°C), sendo a colheita dos espermatozóides 18 realizada 6, 12, 18, 24 e 30 horas após a orquiectomia nos grupos TA-6h, TA-12h, TA- 18h, TA-24h e TA-30h, respectivamente (Figura 4). O acondicionamento dos epidídimos a 5°C foi realizado em caixas de refrigeração Botutainer5, com taxa de refrigeração de 0,05ºC por minuto até a estabilização a 5ºC. Os epidídimos armazenados a temperatura ambiente permaneceram em um laboratório climatizado, com temperatura controlada entre 18°C e 24°C. 4.1.2.3 Colheita dos espermatozóides da cauda do epidídimo A colheita dos espermatozóides da cauda do epidídimo foi realizada pela da técnica de fluxo retrógrado relatada por Garde et al. (1994) e Bruemmer et al. (2002) em todos os grupos. O tecido conjuntivo que recobre o epidídimo foi removido e os contornos do ducto epididimário da cauda do epidídimo desfeitos. Em seguida, o ducto epididimário foi lavado injetando-se 30 mL de diluente (Botu-sêmen®6, pré-aquecido a 37°C) no lúmen, fazendo com que os espermatozóides fossem carreados pelo diluente. A avaliação da concentração espermática (mm3) foi determinada por meio de câmara hematocitométrica, sob microscopia com contraste de fase7 em aumento de 100 a 400 vezes. Para isso, utilizou-se uma alíquota da amostra diluída na proporção de 10 µl da amostra para 990 µl de água destilada (1:100). O número total de espermatozóides recuperados de cada epidídimo foi obtido pela multiplicação da concentração espermática (mm3) pelo volume total da amostra. 5 Biotech Ltda, Botucatu , Brasil. 6 Biotech Ltda, Botucatu , Brasil. 7 Micronal S.A., São Paulo 19 FIGURA 4 – Esquema da metodologia utilizada no experimento I. 20 4.1.2.4 Congelação dos espermatozóides do epidídimo Após a recuperação dos espermatozóides do epidídimo e a avaliação da concentração espermática, uma amostra foi centrifugada a 600xg por 10 minutos. Posteriormente, o sobrenadante foi desprezado e o “pellet” foi ressuspendido com o diluente Botu-Crio®8 na concentração de 200 milhões de espermatozóides móveis/mL. Após o envase em palhetas de 0,5 mL, as mesmas foram levadas à geladeira de temperatura controlada (Minitub9) e permaneceram a 5°C por 20 minutos. Posteriormente, foram acondicionadas em caixa isotérmica com capacidade de 45 litros, preenchida com nitrogênio líquido até a marca de 3,5 cm de altura. As palhetas ficaram dispostas horizontalmente a 6,0 cm do nível do nitrogênio líquido por 20 minutos e, após este período, foram imersas no mesmo (PAPA et al., 2002). 4.1.2.5 Análise das amostras As análises laboratoriais, processamento, congelação e estocagem das amostras seminais foram conduzidas no CERAN (Centro de Biotecnologia e Diagnóstico em Reprodução Animal), pertencente ao Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP, Campus de Botucatu/SP. Os espermatozóides colhidos da cauda do epidídimo foram avaliados pelo método computadorizado CASA (HTM-IVOS 1210) imediatamente após recuperação, após ressuspenssão com diluente de congelação e após descongelação a 46°C por 20 segundos. Os parâmetros avaliados: motilidade total (MT; %), motilidade progressiva (PM; %), velocidade linear progressiva (VSL; µm/s), velocidade curvilínea (VCL; 8 Biotech LTDA, Botucatu , Brasil. 9 Minitub do Brasil LTDA. 10 Hamilton Thorne Research, USA. 21 µm/s) e espermatozóides rápidos (RAP; %). Além disso, uma alíquota foi destinada à análise de integridade da membrana plasmática (IMP; %) por microscopia de epi- fluorescência11 (ZÚCCARI, 1998). 4.2 EXPERIMENTO II – Comparação dos parâmetros espermáticos e índices de fertilidade dos espermatozóides do ejaculado, da cauda do epidídimo imediatamente após orquiectomia e da cauda do epidídimo após armazenamento por 24 horas a 5°C. 4.2.1 Animais e Local da Pesquisa Foram utilizados oito garanhões clinicamente sadios e previamente submetidos a exame andrológico (quatro a seis anos de idade), sendo quatro Brasileiros de Hipismo, dois Puro Sangue Lusitano e dois Mangalarga Machador. Para o teste de fertilidade foram utilizadas 13 éguas com idade entre 4 e 15 anos, pertencentes ao Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da FMVZ/UNESP - Botucatu. 4.2.2 Metodologia A metodologia utilizada no experimento II encontra-se descrita na Figura 5. 4.2.2.1 Colheita de sêmen com vagina artificial Foram colhidos dois ejaculados de cada garanhão (EJ-0h) com intervalo de uma semana entre as colheitas. Os ejaculados foram obtidos com auxílio de uma vagina artificial modelo Botucatu12, constituída por um tubo rígido, mucosa de látex, mucosa plástica e copo coletor revestido de camisa sanitária descartável. 11 Leica Microsystems – DMLB- Alemanha. 12 Biotech Ltda, Botucatu , Brasil. 22 FIGURA 5 – Esquema da metodologia utilizada no experimento II. 23 4.2.2.2 Congelação das amostras seminais colhidas com vagina artificial Imediatamente após a colheita, os ejaculados foram diluídos na proporção 1:1 com o diluente Botu-Sêmen®13, e centrifugados a 600xg por 10 minutos. Posteriormente o sobrenadante foi desprezado e o “pellet” ressuspendido com o diluente Botu-Crio®14 na concentração de 200 milhões de espermatozóides viáveis por mL. Após o envase em palhetas de 0,5 mL, as mesmas foram colocadas em geladeira Minitub15 e permaneceram a temperatura de 5°C por 20 minutos. Posteriormente, foram acondicionadas em caixa isotérmica com capacidade de 45 litros, preenchida com nitrogênio líquido até a marca de 3,5 cm de altura. As palhetas foram dispostas horizontalmente a 6,0 cm acima do nível do nitrogênio líquido por 20 minutos e após este período, foram imersas no mesmo (PAPA et al., 2002). 4.2.2.3 Colheita dos espermatozóides da cauda do epidídimo Uma semana após a última colheita do sêmen com vagina artificial, os mesmos garanhões foram submetidos à orquiectomia bilateral conforme descrito no experimento I (item 4.1.2.1). Imediatamente após a orquiectomia, foi realizada a colheita dos espermatozóides da cauda do epidídimo de um testículo de cada garanhão, alternando entre direito e esquerdo, no grupo EP-0h. Os testículos contralaterais permaneceram acondicionados em caixa de refrigeração Botutainer®16 por um período de 24 horas, antes da recuperação dos espermatozóides epididimários no grupo EP-24h (Figura 5). A taxa de refrigeração dos epidídimos armazenados no sistema de transporte passivo (Botutainer) foi de 0,05ºC/minuto até estabilização à 5°C. 13 Biotech Ltda, Botucatu , Brasil. 14 Biotech Ltda, Botucatu , Brasil. 15 Minitub do Brasil LTDA. 16 Biotech Ltda, Botucatu , Brasil. 24 A colheita do sêmen da cauda do epidídimo foi realizada pela técnica de fluxo retrógrado relatada por Garde et al. (1994) e Bruemmer et al. (2002). A congelação espermática seguiu o mesmo protocolo descrito no experimento I (item 4.1.2.3). 4.2.2.4 Análise das amostras Tanto os espermatozóides colhidos pelo uso de vagina artificial quanto os recuperados da cauda do epidídimo foram avaliados pelo método computadorizado – CASA (HTM-IVOS 12) – imediatamente após a sua obtenção e logo após a ressuspensão da amostra com diluente de congelação, e ainda após sua descongelação a 46°C por 20 segundos. Os seguintes parâmetros foram avaliados: motilidade total (MT; %), motilidade progressiva (PM; %), velocidade linear progressiva (VSL; µm/s), velocidade curvilínea (VCL; µm/s) e espermatozóides rápidos (RAP; %). Uma alíquota foi destinada à análise de integridade de membrana plasmática (IMP; %) por microscopia de epi-fluorescência17 (ZÚCCARI, 1998). A morfologia espermática foi avaliada por meio de esfregaços corados pelo método de Karras modificado por PAPA et al (1988). 4.2.2.5 Teste de Fertilidade Para a realização do teste de fertilidade foram utilizadas 13 éguas. Cada uma delas foi submetida à inseminação artificial por três ciclos, totalizando 39 ciclos. Cada égua foi inseminada com espermatozóides provenientes dos grupos: ejaculado (EJ-0h), recuperados do epidídimo imediatamente após orquiectomia (EP-0h) e recuperados do epidídimo após 24 horas de armazenamento a 5°C (EP-24h). 17 Leica Microsystems – DMLB-Alemanha 25 As éguas foram distribuídas aleatoriamente e utilizadas nos três grupos testados (EJ-0h, EP-0h, EP-24h). Estas foram monitoradas por exame ultra-sonográfico transretal e, depois da constatação de um folículo com 35 mm, a ovulação foi induzida com 1 mg de GnRH (deslorelina). Após 34 horas da administração do indutor de ovulação, as mesmas foram monitoradas por ultrassonografia até a detecção da ovulação. Neste momento, as fêmeas foram inseminadas com 800x106 espermatozóides móveis pré congelação, obtidos através de um “pool” formado por uma palheta de cada garanhão, que formaram um total de oito palhetas. As oito palhetas foram descongeladas a 46ºC por 20 segundos, acondicionadas dentro da pipeta flexível18 e, com auxílio de um mandril, os espermatozóides foram depositados na extremidade do corno ipsilateral à ovulação. O diagnóstico de gestação foi realizado entre 12 e 15 dias após a ovulação, com o auxílio do ultra-som (Pie Medical Falcon 100 Vet)19. 18 Minitub do Brasil Ltda, Porto Alegre-RS, Brasil 19 Nutricel, Ltda. 26 5. ANÁLISE ESTATÍSTICA Para a análise estatística do experimento I, os resultados provenientes dos grupos Controle, 5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h, 5°C-30h, TA-6h, TA-12h, TA- 18h, TA-24h e TA-30h, foram comparados por análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de TUKEY. Para análise estatística do experimento II, os parâmetros espermáticos dos espermatozóides provenientes do ejaculado, dos espermatozóides do epidídimo recuperados, imediatamente, após a orquiectomia ou espermatozóides recuperados do epidídimo após 24 horas de armazenamento a 5°C, foram comparados por análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de TUKEY. Para os resultados de fertilidade entre os grupos (EJ-0h), (EP-0h) e (EP-24h) foi empregado o Teste Exato de Fisher. O nível de significância em todas as análises foi considerado significativo quando p<0,05. 27 6. RESULTADOS 6.1 Experimento I No experimento I, o número médio de espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo pela técnica de fluxo retrogrado foi de 16,2±7,79 x 109 de espermatozóides/epidídimo. A partir dos resultados obtidos no experimento I, foram calculadas as médias e desvios padrão dos parâmetros dos espermatozóides da cauda do epidídimo imediatamente após recuperação (tabela 1), após ressuspensão com o diluente de congelação (tabela 2) e pós-descongelação (tabela 3). Tabela 1 – Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana plasmática (IMP) imediatamente após a recuperação espermática nos grupos: controle (0 hora), armazenados à 5°C (5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h) e armazenados à temperatura ambiente (TA-6h, TA-12h, TA-18h, TA-24h e TA-30). Grupos (n=8) MT (%) MP (%) VSL (µm/s) VCL (µm/s) RAP (%) IMP (%) Controle 29.4±20.80a 9,8±7,90ab 68,2±8,83ab 205,0±20,10ab 20,1±17,31ab 72,1±10,28a 5°C-06h 44,±21,98a 17,6±12,11a 70,6±9,46a 175,9±21,16a 32,88±18.12a 69,9±17,33ab 5°C-12h 30,0±30,61ab 10,1±12,41ab 75,4±11,44ab 181,0±34,78a 21,88±28.70ab 68,1±9,28ab 5°C-18h 32,9±20,61ab 11,7±10,48ab 71,5±6,82ab 171.1±18,30a 22,5±18,10ab 62,0±9,30ab 5°C-24h 26,4±18,73ab 8,6 ±10,50ab 59,3±13,81aab 162,6±34,62abc 7,1±8,66b 66,0±10,66ab 5°C-30h 36,5±26,95a 13,0±10,58ab 77,8±13,12a 185,3±29,88a 26,25±19,41a 68,8±14,62ab TA-06h 32,88±26,95ab 12,5±9.69ab 64,4±6,95ab 156,5±28,52abc 22.9±18.54ab 69,4±12,23ab TA-12h 1,1±1,25b 0,25±0,46b 31,6±27,98b 86,8±72,97 abc 0,25±0,46b 65,3±13,48ab TA-18h 0,6±1,06b 0,25±0,46b 18,4±25,6.46b 39,5±54,52 abc 0,1±0,35b 62,0±14,32ab TA-24h 1,7±3,11b 0,25±0,71b 38,8±36,02b 90.8±81,00bc 3,5±5,29b 48,5±20,06b TA-30h 1,0±0,76b 0,5±0,53b 30.0±36,48b 66,3±72,19c 0,2±0,46b 50,9±19,77ab Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente (p<0,05). TA (armazenamento à temperatura ambiente), h (hora), 5°C (armazenamento à 5 graus Celsius). 28 Tabela 2 – Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana plasmática (IMP) após a centrifugação e a ressuspensão com diluente Botu-Crio® nos grupos: controle (0 hora), armazenados à 5°C (5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h) e armazenados à temperatura ambiente (TA-6h, TA-12h, TA-18h, TA-24h e TA-30). Grupos (n=8) MT (%) MP (%) VSL (µm/s) VCL (µm/s) RAP (%) Controle 84,0±5,96a 46,4±6,86a 83,0±5,40a 184,0±15,62ab 73,9±8,40a 5°C-06h 77,4±11,29a 33,1±8,92ab 80,5±8,83a 201,5±27,80a 66,2±16,43a 5°C-12h 76,6±7,72a 31,4±3,70ab 77,4±6,99ab 197,0±22,96a 63,6±8,89a 5°C-18h 71,4±14,00a 27,6±9,24bc 75,4±8,58ab 198,4±22,46a 60,1±17,16a 5°C-24h 68,4±18,73a 27,4±13,72bc 71,4±11,13abcd 181,1±24,96abc 53,4±24,24a 5°C-30h 70,4±21,86a 29,6±13,11b 76,9±9,17ab 194,9±21,43a 60,0±23,84a TA-06h 69,5±16,88a 27,6±9,71bc 74,3±9,25abc 170,4±50,02abc 54,7±20,51a TA-12h 39,9±17,54b 13,0±7,11cd 64,4±4,34bcde 161,9±19,39 abc 23,9±12,64b TA-18h 24,9±22,76bc 6,9±7,43d 60,0±6,46de 160,8±17,77 abc 15,8±18,60b TA-24h 29,8±24,42bc 8,5±8,00d 61,9±7,20cde 150,2±23,31bc 18,6±20,27b TA-30h 4,3±2,66c 0,9±0,83d 56,4±6,70e 141,9±19,95c 1,9±1,25b Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente (p<0,05). TA (armazenamento à temperatura ambiente), h (hora), 5°C (armazenamento à 5 graus Celsius). Tabela 3 – Valores médios e desvio padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana (IMP) após a descongelação, nos grupos: controle (0 hora), armazenados à 5°C (5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h) e armazenados à temperatura ambiente (TA-6h, TA-12h, TA-18h, TA-24h e TA- 30). Grupos (n=8) MT (%) MP (%) VSL (µm/s) VCL (µm/s) RAP (%) IMP (%) Controle 72,4±6,86a 36,2±8,44a 78,7±7,2a 178,7±13,92a 59,2±10,69a 41,4±5,94a 5°C-06h 56,9±13,57ab 24,9±10,11ab 74,6±10,28ab 173,9±24,49ab 42,1±15,72ab 46,6±9,94a 5°C-12h 51,4±11,84abc 24,0±9,65abc 73,5±8,29ab 175,2±11,71ab 38,5±13,40abc 40,8±4,59a 5°C-18h 40,1±20,78abcd 17,6±11,48bcde 65,9±11,59abcd 159,3±26,10ab 28,1±17,75bcde 45,3±12,44a 5°C-24h 52,8±21,86ab 21,0±13,11bc 68,0±12,61abc 162,2±32,70ab 36,5±23,26abc 45,0±12,42a 5°C-30h 45,8±23,80abc 18,7±9,68bcd 69,7±11,96abc 169,4±29,66ab 34,8±21,10bc 40,4±8,86a TA-06h 49,0±13,65abc 19,6±6,65bc 70,6±6,62abc 166,2±26,06 ab 33,6±13,43bcd 43,5±7,95a TA-12h 25,4±15,60cde 10,0±6,97cdef 63,5±8,16bc 155.1±24,69 ab 16,7±12,80cdef 40,1±3,87a TA-18h 12,4±16,59e 3,6±5,58 ef 51,9±9,41d 145,8±19,24 ab 7,4±11,86ef 44,8±10,14a TA-24h 18,7±15,43de 4,8±5,17de 61,8±7,79bc 144,3±22,55 ab 9,5±11,19def 39,6±9,72a TA-30h 2,25±2,19e 0,4±0,51f 54,8±5,44c 139,7±22,47b 0,9±1,13f 29,9±13,17a Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente (P<0,05). TA (Armazenamento à temperatura Ambiente), h (Hora), 5°C (armazenamento à 5 graus Celsius). 29 Não houve diferença na MT tanto pré-congelação quanto pós-descongelação entre o grupo controle (0 hora) e os grupos armazenados a 5°C (5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h). Entretanto, foi observada queda significativa da MT nos grupos armazenados a temperatura ambiente a partir de 12 horas de armazenamento (TA-12h, TA-18h, TA-24h e TA-30h) (Figura 6). FIGURA 6 – Avaliação da porcentagem de espermatozóides móveis (Motilidade Total), recuperados do epidídimo pré-congelação (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e pós-descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05. Não houve diferença na MP tanto pré-congelação quanto pós-descongelação entre o grupo controle (0 hora) e os grupos armazenados a 5°C por até 12 horas (5°C- 06h e 5°C-12h). A partir de 18 horas de armazenamento a 5°C (5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h) e também em todos os grupos armazenados a temperatura ambiente (TA- 06h, TA-12h, TA-18h, TA-24h e TA-30h) houve queda significativa deste parâmetro espermático (Figura 7). A queda mais expressiva ocorreu a partir de 18 horas de armazenamento a temperatura ambiente, que obteve espermatozóides com MP <8,5% na análise pré-congelação (Tabela 2) e <4,8% na análise pós-descongelação (Tabela 3). A B * * * * * * * * 30 FIGURA 7 – Avaliação da porcentagem de espermatozóides com motilidade progressiva (MP), recuperados do epidídimo pré-congelação (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e após descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05. Não houve diferença na VSL tanto pré-congelação quanto pós-descongelação entre o grupo controle (0 hora) e os grupos armazenados a 5°C (5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h). Entretanto, foi observada queda significativa da VSL nos grupos armazenados a temperatura ambiente a partir de 12 horas de armazenamento (TA-12h, TA-18h, TA-24h e TA-30h) (Figura 8). FIGURA 8 – Avaliação da Velocidade Linear Progressiva (VSL), dos espermatozóides recuperados do epidídimo pré-congelação (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e após descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05. A B A B * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 31 Como demonstrado na Figura 9, foi observada queda da VCL pré-congelação quando o epidídimo foi armazenado a temperatura ambiente por mais de 24 horas. Já no período pós-descongelação, a queda do mesmo só foi observada no grupo armazenado a temperatura ambiente por 30 horas quando comparado com o grupo cuja colheita de espermatozóides do epidídimo foi realizada imediatamente após a orquiectomia (controle, 0 hora). FIGURA 9 – Avaliação da Velocidade Curvilínea (VCL), dos espermatozóides recuperados do epidídimo pré-congelação (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e após descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. * diferem significativamente do grupo controle p<0,05. Na análise realizada pré-congelação o número de espermátozóides rápidos apresentou queda significativa apenas nos grupos em que os epidídimos foram armazenados por 12 horas ou mais a temperatura ambiente (5°C-12h, 5°C-18h, 5°C- 24h e 5°C-30h) conforme descrito na tabela 2. Na avaliação pós-descongelação, houve queda da porcentagem de espermatozóides rápidos nos grupos armazenados a 5°C por 18 e 30 horas (TA-18h e TA-30h) e em todos os grupos armazenados a temperatura ambiente quando comparado com o grupo controle (Tabela 3; Figura 10). A B ** * 32 FIGURA 10 – Avaliação da porcentagem de espermatozóides rápidos (RAP), recuperados do epidídimo (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e após descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05. Na análise pré-congelação da integridade de membrana plasmática não houve diferença entre o grupo controle (0 hora) e todos os grupos armazenados a 5°C (5°C- 06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h). Foi observado apenas uma inferioridade deste parâmetro no grupo armazenado por 24 horas a temperatura ambiente (TA-24h) (tabela 2). Na avaliação pós-descongelação não foi observada nenhuma diferença entre os grupos (tabela 3 e Figura 11). FIGURA 11 – Avaliação da porcentagem de espermatozóides com integridade de membrana plasmática (IMP), recuperados do epidídimo (após a ressuspensão com diluente de congelação; A) e após descongelação (B) nos grupos: controle (0 hora), armazenados a temperatura ambiente e a 5°C por 6, 12, 18, 24 e 30 horas antes da recuperação espermática. *diferem significativamente do grupo controle p<0,05. BA A B * * * * * * * * * * * 33 6.2 Experimento II O número médio de espermatozóides colhidos com vagina artificial (EJ-0h) foi de 7,8±4,69 x 109. Nos epidídimos direitos este valor foi de 11,0±8,29 x 109 e de 14,0±8,99 x 109 nos epidídimos esquerdos (Figura 12). O número de espermatozóides colhidos dos ejaculados foi significativamente inferior aos recuperados da cauda dos epidídimos (Epidídimos Direitos + Epidídimos Esquerdos) 25,0±17.13a x 109 (p<0,05). FIGURA 12 – Média do número de espermatozóides recuperados com vagina artificial (Ejaculado), dos epidídimos direitos (Epidídimos D), dos epidídimos esquerdos (Epidídimos E) e soma dos epidídimos direito e esquerdo (Epidídimos D + E). A partir dos dados obtidos nos três grupos, foram calculadas as médias e desvios padrão da motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP), Defeitos morfológicos (DEF) e integridade de membrana plasmática (IMP) dos espermatozóides do ejaculado (EJ-0h), espermatozóides recuperados do epidídimo, imediatamente após castração (EP-0h) e espermatozóides recuperados do epidídimo após armazenamento a 5oC por 24 horas (EP-24h). As análises foram realizadas em três 34 momentos: logo após a recuperação (tabela 4), após centrifugação e ressuspensão com o diluente de congelação (tabela 5) e pós-descongelação (tabela 6). Tabela 4 - Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e espermatozóides com defeitos morfológicos (DEF) logo após a recuperação nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP-24h. Grupos (n=8) MT (%) MP (%) VSL (µm/s) VCL (µm/s) RAP (%) DEF (%) EJ-0h 79,6±8,53a 43,3±8,32a 99,6±23,63a 183,4±23,63ab 70,1±11,03a 15,2±4,38 a EP-0h 29,4±15,58b 9,8±7,90b 68,2±8,83b 205,0±20,11a 20,1±10,56b 11,4±4,56a EP-24h 23,2±21,56b 6,7±7,45b 62,1±11,58b 159,8±24,71b 14,9±16,08b 10,8±3,15a Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente (P<0,05). EJ-0h (Espermatozóides do ejaculado coletados por vagina artificial), EP-0h (Espermatozóides recuperados do epidídimo imediatamente após a orquiectomia), EP-24h (Espermatozóides recuperados do epidídimo 24 horas armazenados à 5oC). Tabela 5 - Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana plasmática (IMP) após a centrifugação e a ressuspensão com diluente de congelação (Botu-Crio®) nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP-24h. Grupos (n=8) MT (%) MP (%) VSL (µm/s) VCL (µm/s) RAP (%) IMP (%) EJ-0h 77,1±8,35a 42,8±8,41a 88,2±6,46a 183,7±20,03a 68,9±12,04a 51,8±18,12b EP-0h 84,0±5,50a 46,4±6,86a 83,0±5,41ab 184,0±15,62a 73,9±8,40a 72,1±10,28a EP-24h 83,1±7,5a 38,3±7,14a 80,9±6,03b 195,9±14,47a 71,7±9,85a 67,9±13,77ab Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente (P<0,05). EJ-0h (Espermatozóides do ejaculado coletados por vagina artificial), EP-0h (Espermatozóides recuperados do epidídimo imediatamente após a orquiectomia), EP-24h (Espermatozóides recuperados do epidídimo 24 horas armazenados à 5oC). Tabela 6 – Valores médios e desvios padrão de motilidade total (MT), motilidade progressiva (MP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), espermatozóides rápidos (RAP) e integridade de membrana plasmática (IMP) após a descongelação nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP-24h. Grupos (n=8) MT (%) MP (%) VSL (µm/s) VCL (µm/s) RAP (%) IMP (%) EJ-0h 63,4±16,31a 33,0±10,68a 76,3±5,59 a 172,4±14,18 a 53,9±17,74a 35,9±6,11b EP-0h 72,4±6,86a 36,2±8,44a 78,7±7,23 a 178,7±13,92 a 59,2±10,69a 41,4±5,94ab EP-24h 62,9±10,64a 32,4±9,34a 76,2±4,84 a 164,8±10,86 a 48,8±12,03a 48,2±7,03a Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente (P<0,05). EJ-0h (Espermatozóides do ejaculado coletados por vagina artificial), EP-0h (Espermatozóides recuperados do epidídimo imediatamente após a orquiectomia), EP-24h (Espermatozóides recuperados do epidídimo 24 horas armazenados à 5oC). 35 FIGURA 13 – Média do percentual da motilidade total (A), motilidade progressiva (B) e espermatozóides rápidos (C): obtidos do epidídimo logo após a recuperação, após a centrifugação e pós-descongelação nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP-24h. De acordo com os dados apresentados na Figura 13 foi observado aumento significativo (p<0,01) dos valores médios de motilidade total (A), motilidade progressiva (B) e espermatozóides rápidos (C) após centrifugação em relação às amostras analisadas logo após a recuperação espermática. As taxas de concepção foram de 61.5% (8/13), 92.3% (12/13) e 61.5% (8/13), nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP-24h, respectivamente (Figura 14). Os resultados de fertilidade expressos na Figura 10 indicaram que os espermatozóides recuperados dos epidídimos imediatamente após a orquiectomia tenderam (0,05>p<0,1) a uma maior taxa de concepção quando comparados aos dos grupos EJ-0h e EP-24h. A C B 36 FIGURA 14 – Taxas de concepção (%) obtidas nos grupos EJ-0h, EP-0h e EP-24h. 37 7. DISCUSSÃO O diluente Botu-Crio® foi utilizado para congelação das amostras espermáticas em todos os grupos nos experimento I e II. Tal escolha baseou-se em estudos realizados com espermatozóides provenientes da cauda do epidídimo que obtiveram melhores resultados com o Botu-Crio® quando comparados aos resultados obtidos com os diluentes EDTA-Lactose e INRA-82 na congelação espermática (MELO et al., 2008; PAPA et al., 2008). Para o armazenamento dos epidídimos nos grupos que utilizaram refrigeração (5°C-06h, 5°C-12h, 5°C-18h, 5°C-24h e 5°C-30h; Experimento I e EP-24; Experimento II), esta foi realizada com o auxílio do equipamento Botutainer®. Esta escolha deveu-se ao fato de ser um sistema seguro e eficiente na manutenção de sêmen equino a temperatura de 5°C (AVANZI et al., 2006; FARRÁS et al., 2008). A temperatura de 5°C foi mais eficiente na preservação espermática quando comparada a temperatura ambiente, resultado este demonstrado no experimento I e em outros estudos (JAMES et al., 2002; MURADÁS et al., 2006). Além disso, a escolha por este sistema de transporte passivo teve como objetivo facilitar a utilização do protocolo a campo, visto que muitos haras já possuem este equipamento comumente utilizado para transporte de sêmen refrigerado. A técnica de fluxo retrógrado relatada por Garde et al., (1994) e Bruemmer et al. (2002) foi rápida e eficiente na recuperação de espermatozóides da cauda do epidídimo na espécie equina. O número total de espermatozóides colhidos foi similar ao relatado por Bruemmer et al. (2002) e significativamente superior ao número total de espermatozóides colhidos com vagina artificial (EJ-0h), conforme descrito na figura 12. 38 7.1 Experimento I Em muitos casos a distância entre os Haras e laboratórios especializados torna-se uma dificuldade na preservação de espermatozóides do epidídimo. Desta forma, torna- se necessária a avaliação da viabilidade espermática em diferentes temperaturas de armazenamento, permitindo, assim, um transporte mais eficiente deste material. Com a avaliação dos espermatozóides dos epidídimos armazenados a temperatura ambiente, pode-se estimar quanto tempo os espermatozóides permanecem viáveis em casos de morte súbita dos animais, situação na qual os testículos permanecem a temperatura ambiente até a colheita de espermatozóides do epidídimo. Alguns trabalhos em equinos relatam o efeito do tempo de armazenamento do epidídimo sobre a viabilidade espermática (JAMES, 2004; GRANEMAN, 2006), mas nenhum comparou epidídimos armazenados a 5°C e a temperatura ambiente, com epidídimos processados imediatamente após orquiectomia justificando o desenvolvimento do experimento I. Além disso, este estudo avaliou a viabilidade espermática após processo de congelação com objetivo de manter células espermáticas viáveis após colheita para uso futuro. Quando foi realizada a análise comparativa dos parâmetros espermáticos das células recuperadas imediatamente após a orquiectomia, nos grupos mantidos a 5°C foi observada similaridade dos parâmetros de MT, VSL, RAP e IMP até o período de 30 horas de armazenamento. Estes resultados estão em conformidade com os reportados por James (2004), que observou valores semelhantes nos epidídimos armazenados na mesma temperatura por até 96 horas. A motilidade progressiva foi o parâmetro espermático mais sensível ao armazenamento do epidídimo, apresentando uma diminuição significativa após 12 horas a 5°C e 6 horas a temperatura ambiente, tanto na análise pré quanto pós-congelação. Em 39 bovinos este parâmetro foi correlacionado positivamente com a fertilidade pós descongelação (KJAESTAD et al., 1993). Entretanto, a capacidade fecundante não possui correlação absoluta com a motilidade espermática (CARVALHO e PAPA, 2003), sendo necessários estudos para avaliar a fertilidade destas células. De acordo com os dados apresentados na tabela 2, não foi observada diferença significativa na MT e RAP entre os espermatozóides do grupo controle (0 hora) e os espermatozóides recuperados após armazenamento do epidídimo por período de até 12 horas a temperatura ambiente. Os dados obtidos apresentam-se semelhantes aos de Granemann (2006), o qual relatou queda significativa da motilidade e vigor apenas com períodos de armazenamento superiores à 12 horas. Entretanto, no estudo de Granemann (2006) a comparação foi realizada com os espermatozóides do ejaculado, e não com os espermatozóides do epidídimo recuperados imediatamente após a orquiectomia. Nas análises de integridade de membrana plasmática, avaliada por microscopia de epi-fluorescência (ZÚCCARI, 1998), não foram observadas diferenças significativas na IMP entre os 11 grupos estudados pós-descongelação, indicando que tal parâmetro não sofreu influência do armazenamento do epidídimo até 30 horas, independente da temperatura. Isto corrobora com resultados similares obtidos em estudo realizado por James (2004). No presente estudo, o armazenamento dos epidídimos a 5°C em sistemas de transporte passivo contribuiu para a diminuição do metabolismo espermático, proporcionando melhor preservação espermática durante o acondicionamento por até 30 horas, observando-se apenas diminuição da motilidade progressiva nos grupos com armazenamento superior a 12 horas. Já os espermatozóides armazenados a temperatura ambiente apresentaram queda significativa e gradativa dos parâmetros MT, MP, VSL e RAP tanto pré como pós congelação a partir de 12 horas de armazenamento. 40 7.2 Experimento II No experimento II, a escolha do tempo de 24 horas de armazenamento do grupo 3 (EP-24h) foi fundamentada no experimento I e em trabalhos que não demonstraram diferenças nos parâmetros espermáticos após 24 horas de refrigeração a 5°C (JAMES et al., 2002; BRUEMMER et al., 2002; MURADÁS et al., 2006). Entretanto, nenhum destes estudos comparou a fertilidade dos espermatozóides após a refrigeração do epidídimo. Outro fator relevante na escolha do período de 24 horas de armazenamento foi que este período seria suficiente para o envio do material a laboratórios especializados na colheita e na congelação dos espermatozóides. Como demonstrado na Tabela 4, a MT, MP, VSL e RAP dos espermatozóides do ejaculado (EJ-0h) foram superiores às encontradas nos espermatozóides recuperados do epidídimo (EP-0h e EP-24h). Esta diferença pode ser explicada pela ausência das secreções das glândulas acessórias, que além da função de transporte, também melhora a motilidade inicial após a ejaculação. Esta hipótese é sustentada pelo trabalho realizado por Tiplady et al, (2002), no qual os espermatozóides colhidos da cauda do epidídimo apresentaram uma melhora dos parâmetros espermáticos 15 minutos após a adição de plasma seminal. Entretanto, a interferência do plasma seminal sobre a preservação espermática não é a mesma entre os garanhões, podendo ter efeito positivo (HEISE et al., 2010) ou negativo (MONTEIRO et al., 2009b). Essa diferença de resultados pode ser entendida pela grande variabilidade na composição bioquímica deste fluido entre os garanhões (AURICH et al., 1996; ZAHN et al., 2006). Apesar da inferioridade inicial dos parâmetros espermáticos das células recém- colhidas do epidídimo, após a adição do diluente de congelação (Botu-Crio®) houve melhora significativa dos mesmos (Figura 13), chegando a equiparar-se aos resultados 41 obtidos com espermatozóides colhidos com vagina artificial. Estes resultados são semelhantes aos relatados por Tiplady et al. (2002); Granemann, (2006), Muradás et al., (2006). A melhora dos parâmetros espermáticos pode ser explicada pela ação de componentes do Botu-Crio®, capazes de estimular a ativação espermática (GRANEMANN, 2006). Esta função de ativação é exercida pelo plasma seminal em condições fisiológicas durante a ejaculação, como relatado por Tiplady et al. (2002). A IMP foi superior no EP-0h antes da congelação e no EP-24h após a descongelação, quando comparada aos espermatozóides do ejaculado (Tabela 4). Essas evidências apóiam a hipótese de que os espermatozóides do epidídimo são menos sensíveis ao choque frio e, conseqüentemente, mais resistentes ao processo de congelação (JOHNSON et al, 1980). A Tabela 4 demonstra que não houve diferença significativa na morfologia espermática entre os grupos estudados no experimento II. Estes achados diferem dos obtidos por estudos realizados em bovinos, que detectaram maior freqüência de defeitos morfológicos em amostras do epidídimo quando comparadas ao sêmen do ejaculado (SILVA et al., 2003, MARTINS et al., 2007). Os resultados obtidos no grupo EP-24h demonstram que a refrigeração dos epidídimos por 24 horas antes da recuperação espermática foi eficiente na manutenção da viabilidade espermática, não sendo observadas diferenças dos parâmetros avaliados quando comparados ao grupo EP-0h. Estes resultados corroboram com achados laboratoriais encontrados em pesquisas anteriores (JAMES et al., 2002; BRUEMMER et al., 2002; BRUEMMER et al., 2006; MURADÁS et al., 2006). Em relação às variáveis VSL e VCL, que expressam a velocidade espermática ao longo de sua trajetória, não houve diferença entre os espermatozóides recuperados do epidídimo imediatamente após a orquiectomia (EP-0h), com os colhidos com vagina 42 artificial (EJ-0h), demonstrando que ambos possuem as mesmas características de movimento. Esses resultados diferiram dos obtidos em estudos com a espécie bovina, que apresentou melhor movimento espermático dos espermatozóides provenientes do ejaculado, quando comparado aos do epidídimo (GOOVAERTS et al., 2006). Os resultados de fertilidade encontrados no experimento II demonstram que os espermatozóides do epidídimo (EP-0h e EP-24h) apresentaram a mesma capacidade fecundante a do ejaculado (EJ-0h) (p>0,05). Estes resultados contrastam com os obtidos por Heise et al, (2010), os quais obtiveram menor taxa de concepção com o uso dos espermatozóides recuperados do epidídimo, sem exposição ao plasma seminal, quando comparados com sêmen ejaculado. As diferenças entre a metodologia de processamento dos epidídimos, o diluente de congelação utilizado e o protocolo de inseminação artificial podem ter contribuído para obtenção de diferentes resultados. As taxas de concepção dos espermatozóides do epidídimo obtidos no presente estudo foram maiores do que as obtidas por estudos anteriores com espermatozóides a fresco (MORRIS et al., 2002; HEISE et al., 2010) ou congelado (BARKER e GANDIER, 1957; MORRIS et al., 2002; HEISE et al., 2010), e semelhantes as observados por Papa et al. (2008). A similaridade entre os resultados do experimento II com os descritos por Papa et al. (2008) pode ser em parte explicada pela utilização dos mesmos diluentes, além do mesmo método de inseminação na extremidade do corno uterino. A aplicação de 10 mL cloridrato de lidocaína intratesticulares não resultou em variação dos parâmetros espermáticos nos grupos EP-0h e EP-24h, quando comparado ao grupo EJ-0h, contrariando a hipótese de Morris et al. (2002), na qual os autores relataram que a baixa fertilidade obtida através de inseminação utilizando 43 espermatozóides epididimários poderia ser devido a anestesia local que precede a orquiectomia. 44 8. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos nos experimentos I e II conclui-se que: • A técnica de fluxo retrógrado foi rápida e eficiente na recuperação de espermatozóides da cauda do epidídimo, apresentando número de espermatozóides superior ao obtido no ejaculado. • O armazenamento dos epidídimos a 5°C em sistemas de transporte passivo (Botutainer®) proporcionou melhor preservação espermática quando comparado aos mantidos a temperatura ambiente. • A motilidade progressiva é o parâmetro espermático mais sensível ao tempo de armazenamento, independentemente da temperatura. • Os espermatozóides recuperados da cauda do epidídimo após 24 horas de refrigeração possuem a mesma capacidade fecundante dos espermatozóides provenientes do ejaculado. • Os espermatozóides do epidídimo recuperados imediatamente após orquiectomia tendem a apresentar maior taxa de concepção. • O acondicionamento do epidídimo por 24 horas a 5°C possibilita a preservação de espermatozóides no epidídimo, permitindo que os mesmos sejam enviados de forma eficiente para um centro de reprodução capacitado para a colheita e criopreservação dos mesmos. 45 9. 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