UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO PEDRO MASSON LOPES LENDO, FAZENDO E INTERPRETANDO AS PAREDES DA URBE: ABORDAGENS PARA UM GUIA DE ARTE URBANA BAURU - SP 2016 10 PEDRO MASSON LOPES LENDO, FAZENDO E INTERPRETANDO AS PAREDES DA URBE: ABORDAGENS PARA UM GUIA DE ARTE URBANA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como pré- requisito para obtenção da Licenciatura em Educação Artística – Artes Plásticas. Orientadora: Profa. Drª. Joedy Luciana Barros Marins Bamonte. 11 BAURU - SP 2016 PEDRO MASSON LOPES LENDO, FAZENDO E INTERPRETANDO AS PAREDES DA URBE: ABORDAGENS PARA UM GUIA DE ARTE URBANA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como pré-requisito para obtenção da Licenciatura em Educação Artística – Artes Plásticas. BANCA EXAMINADORA Presidente:__________________________________________________________ Profa. Dra. Joedy Luciana Barros Marins Bamonte – Orientadora Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) Universidade Estadual Paulista (UNESP) 1º Examinador:______________________________________________________ Prof. Dr. Sidney Tamai Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) Universidade Estadual Paulista (UNESP) 2º Examinador:______________________________________________________ Profa. Dra. Regilene Sarzi Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) Universidade Estadual Paulista (UNESP) 12 Bauru, 27 de janeiro de 2016. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por oferecer uma nova oportunidade a cada dia para que possamos nos desenvolver e evoluir. Agradeço pela condição de ser humano pensante a qual me permite refletir sobre minhas ações e o sentido das coisas. Agradeço ao meu pai, mãe e irmã por todo amor e carinho que me foi dado durante a minha vida. 13 LOPES, Pedro Masson. LENDO, FAZENDO E INTERPRETANDO AS PAREDES DA URBE: ABORDAGENS PARA UM GUIA DE ARTE URBANA. 2016. 83 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Artes Plásticas) – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru, 2016. RESUMO Este trabalho é dividido em três capítulos, referentes aos três eixos propostos na Abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa, Contextualização, Apreciação e Produção. Busca-se por meio desta pesquisa reunir conhecimentos a cerca do tema Arte Urbana objetivando a compreensão/aproximação do leitor com este tipo de manifestação artística tão presente em nosso cotidiano. A pesquisa teórica possibilita a produção de um livreto que pode ser usado como material didático, contendo história do graffiti, exemplos de artistas contemporâneos e tutorial com técnicas de arte urbana. Palavras-chave: arte urbana; história; graffiti; técnicas. 14 ABSTRACT This work is divided into three chapters, for the three axes proposed in the Triangular Approach Ana Mae Barbosa, Context, Analysis and Production. Search by means of this research to gather knowledge about the subject Urban art aimed at understanding / approach the player with this type of artistic expression so present in our daily lives. The theoretical research enables the production of a booklet that can be used as teaching material, containing the history of graffiti, examples of contemporary artists and tutorial with urban art techniques. Key-words: urban art; history; graffiti; techniques.. 15 LISTA DE IMAGENS FIGURA 01: Figura encontrada no interior da Caverna de Lascaux 11 FIGURA 02: Os gansos de Meidum 13 FIGURA 03: Imagem encontrada em Pompeia 14 FIGURA 04: Mural de Diego Riviera 15 FIGURA 05: Frase pichada no maio de 68, França 16 FIGURA 06: Pichação em São Paulo 17 FIGURA 07: Pichação ‘’Cão Fila km 26’’ 18 FIGURA 08: Carlos Alberto Teixeira 19 FIGURA 09: Artigo sobre ‘’taki 183’’ no The New York Times de 1971 20 FIGURA 10: Taki 183 21 FIGURA 11: Cornbread apontando para sua assinatura na parede 21 FIGURA 12: Trem grafitado em Nova York 22 FIGURA 13: Exemplo de ‘’pieces’’ (Masterpieci, ‘’obra prima’’) 22 FIGURA 14: Alex Vallaury ao lado da bota 24 FIGURA 15: “A rainha do frango assado” Alex Vallaury 24 FIGURA 16: Instalação ‘’Festa na casa da rainha do frango assado’’ 25 FIGURA 17: Hudinilson Jr grafitando ‘’Ah ah Beija-me’’ 26 FIGURA 18: Intervenções feitas pelo grupo 3nós3 27 FIGURA 19: Obra ‘’Exercícios de me ver’’ Hudinilson Jr 28 FIGURA 20: Capa da primeira edição da revista ‘’ Fiz Graffiti Attack’’ 28 FIGURA 21: Tutorial ‘’transfer’’, revista Fiz Graffiti Attack 29 FIGURA 22: Graffiti dos irmãos ‘’OsGemeos’’ 30 16 FIGURA 23: Imagem retirada da revista ‘’Fiz Graffiti Attack’’ mostrando o grafiteiro ‘’Spetto’’ 31 FIGURA 24: Graffiti feito por ‘’Speto’’ 31 FIGURA 25: Graffiti de Binho Ribeiro 32 FIGURA 26: ‘’Caverna das mãos’’, localizada na província de Santa Cruz na Argentina 35 FIGURAS 27,28 e 29: Obras de Banksy 37 FIGURA 30: Grafite do artista britânico no "muro da vergonha" em Belém, cidade palestina onde nasceu Jesus 38 FIGURAS 31 32 e 33: Intervenção de Banksy no Museum of Modern Art 39 FIGURA 34: Intervenção de Banksy no British Museum 39 FIGURA 35: Sticker colado em placa 40 FIGURA 36: Sticker Combo 41 FIGURA 37: Poema adesivo de Tadeu Jungle, 1970 42 FIGURA 38: Poema adesivo de Tadeu Jungle, 1970 43 FIGURA 39: Exposição ‘’clandestina’’ de JR 44 FIGURA 40: Intervenção de Jr no Oriente Médio 45 FIGURA 41: Daniel Soares com a barra de ferramentas impressa 46 FIGURA 42: Daniel Soares colando a barra de ferramentas impressa 46 FIGURA 43: Adbusting feito por Daniel Soares 47 FIGURA 44: Barra de ferramentas vista de perto 47 FIGURA 45: Alexandre Orion e obra ‘’Ossário’’ 48 FIGURA 46: Art. 65 da Lei de Crimes Ambientais 49 FIGURA 47: Graffii esculpido pelo artista Vhils 50 FIGURA 48: Desenho feito no papel adesivo 53 FIGURAS 49 e 50: Papel contato sendo colado sobre o adesivo 53 17 FIGURA 51: Sticker colado na parte de traz de uma placa 54 FIGURA 52: O desenho de uma espinha de peixe 55 FIGURA 53: Desenho colado com fita crepe sobre a chapa de radiografia 56 FIGURA 54: Molde sendo recortado e molde pronto 56 FIGURA 55: Aplicação de tinta no molde 57 FIGURA 56: Stencil na parede 57 FIGURA 57: Palavra ‘’arte’’ escrita com o canetão ‘’squeezer’’ 58 FIGURAS 58, 59 e 60: Passo a passo de como retirar o miolo da tampa 59 FIGURAS 61 e 62: Como cortar a tira da bucha 59 FIGURA 63: Passo a passo de como enrolar a bucha no canudo 60 FIGURA 64: Canetão ‘’esqueezer’’ terminado 60 FIGURA 65: Cola caseira sendo passada na superfície de uma caixa de força 62 FIGURAS 66,67 e 68: Cartaz sendo colado 62 FIGURA 69: Lambe-Lambe colado 63 FIGURA 70: Sacolinha de supermercado usada para afinar o traço do spray 64 FIGURA 71: Tipos de bicos de spray 65 FIGURA 72: Obra ‘’O vendedor de Aves’’ de Gilberto Masson 73 FIGURA 73: Escultura em bronze e argila de Renato Masson 74 FIGURA 74: Primeiro graffiti de Pedro Masson (2009) 75 FIGURA 75: Graffiti de Pedro Masson (2013) 76 FIGURA 76: Graffiti de Pedro Masson (2014) 76 FIGURA 77: Graffiti de Pedro Masson (2015) 77 FIGURA 78: Graffiti de Pedro Masson (2015) 77 FIGURA 79: Graffiti de Pedro Masson 78 FIGURA 80: Escultura fundida em alumínio feita por Pedro Masson 79 FIGURA 81: Escultura feita em argila por Pedro Masson 80 FIGURA 82: Oficina ‘’Graffiti com a terceira idade’’ 81 FIGURA 83: Participantes da oficina ‘’Graffiti com idosos’’ 82 FIGURA 84: Mural realizado na oficina ‘’Graffiti com idosos’’ 82 18 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................10 CAPÍTULO 01 – O GRAFFITI NO MUNDO...............................................................10 1.1 Escritores de paredes: primeiras manifestações.........................................................................11 1.2 Como o Sgraffito torna-se o graffiti que conhcemos hoje...........................................................15 1.3 O desenvolvimento do graffiti no Brasil......................................................................................16 CAPÍTULO 02 – OUTROS TIPOS DE INTERVENÇÕES URBANAS PARIETAIS...22 2.1 Stencil.........................................................................................................................................23 2.2 Stickers........................................................................................................................................25 2.3 Lambe-Lambe.............................................................................................................................29 2.4 Adbusting....................................................................................................................................30 2.5 Graffiti Reverso...........................................................................................................................30 2.6 Graffiti Esculpido.........................................................................................................................31 CAPÍTULO 03 – DESENVOLVIMENTO DE UM TUTORIAL DE TÉCNICAS, MATERIAIS E PROCESSOS PARA ARTE URBANA...............................................32 3.1 Como fazer “Stickers’’ (adesivos personalizados).......................................................................32 3.2 Como fazer Estêncil (moldes vazados)........................................................................................34 3.3 Como fazer um canetão “Esqueezer’’.........................................................................................37 3.4 Como fazer Lambe-Lambe (pôsteres) e cola caseira...................................................................39 3.5 Pintura a mão livre......................................................................................................................41 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................42 Documentário ‘’Brazilian Graffiti’’ Disponivel: Acesso em: 01/01/2016....44 ANEXO........................................................................................................................47 10 INTRODUÇÃO A importância de compreendermos a existência dos elementos encontrados nas intervenções artísticas, que vemos nas ruas, se faz necessária a partir da convivência diária que temos com elas. Toda forma de expressão ou característica, que esteja constantemente presente em nossas vidas, devem ser analisadas e isso não é diferente quando falamos de arte pública. É notável que as imagens vistas nas intervenções urbanas estejam cada vez mais presentes em nosso cotidiano, fazendo das cidades verdadeiras galerias a céu aberto. Na maioria das vezes, as intervenções não estão atreladas a algum tipo de instituição que as legitimem, sendo consideradas como ato subversivo e penalizado pela legislação vigente. Este fato faz com que o potencial das temáticas abordadas pelos artistas possa fugir de qualquer tendência à alienação imposta pelos convencionais veículos midiáticos, pois, nestas circunstâncias, a arte opera dando total liberdade para que sejam expostos ideias e pensamentos críticos, reflexos das sociedades e situações atuais. Pensando em um modo de desvendar os fatos artísticos ocorridos nas cidades e levar para o leitor um pouco do conhecimento que compõem culturalmente as práticas artísticas encontradas na urbe, desenvolveu-se a presente pesquisa. Embasada na Proposta Triangular desenvolvida pela professora Ana Mae Barbosa, a pesquisa foi dividida em três capítulos, os quais se referem aos três pilares que sustentam a Proposta Triangular criada para auxiliar no ensino das artes, Contextualizar (contextualização histórica), Apreciar (leitura da obra) e o Fazer (materialização de ideias). Os dados coletados nesta pesquisa serão usados para a formatação de um material didático: um livreto também dividido em três capítulos. Este material 10 abarcará o mesmo conteúdo exposto na pesquisa, porém com uma linguagem mais informal, objetivando a compreensão de leitores de todos os tipos. É muito importante ressaltarmos que os eixos Contextualização, Apreciação e Produção, quando aplicados em sala de aula devem ser estudados de forma integrada, pois como diz a Ana Mae Barbosa, a Abordagem Triangular não se trata de um processo prescritivo, devendo ser aplicado em ‘’ziguezague’’(BARBOSA, 2010). O primeiro capítulo da monografia refere-se ao eixo da Contextualização, abordando a origem das manifestações urbanas pelo mundo através de imagens e fatos históricos que evidenciam a prática usual do ser humano de manifestar-se perante a sociedade, por meio de escrituras em paredes. Também foram coletados registros sobre a origem da palavra Graffiti e do Graffiti Contemporâneo surgido em Nova York (1970), o qual posteriormente foi disseminado por todas as partes do mundo como forma de expressão artística. O segundo capítulo da pesquisa refere-se à Apreciação (leitura de obra). Para tanto foram pesquisados alguns artistas contemporâneos que se destacaram mundialmente no âmbito das artes através de intervenções urbanas. Esses artistas foram selecionados a partir do conteúdo crítico de suas obras, que incitam o leitor a captar a essência das manifestações artísticas feitas na rua, e a compreensão de que a arte urbana pode ser vista como uma poderosa ‘’arma’’ no âmbito da comunicação social e dos protestos. Também exemplificam outros tipos de manifestações praticadas na urbe, tomando como exemplos Lambe-Lambes, Adesivos, Estênceis e etc. O terceiro capítulo alude ao Fazer (produção artística). Proposto na Abordagem Triangular, este eixo objetiva que o leitor aprenda e desenvolva suas próprias intervenções urbanas, através da pesquisa que reuniu técnicas e procedimentos utilizados de maneira espontânea mediante improvisos e adaptações que se fazem necessárias ao artista de rua para produzir, de maneira caseira, dentro de um orçamento limitado, a partir de imagens descritivas com indicação de matérias e do uso adequado. 11 CAPÍTULO 01 – O GRAFFITI NO MUNDO Quatro mil anos A.C. é o período histórico que marca os primeiros registros escritos pelo homem nas paredes das cavernas. Nota-se que o homem, até no passado mais remoto de sua historia, tem em sua essência a tendência de reproduzir os elementos que circundam sua existência. Nas paredes de algumas cavernas encontram-se figuras que ilustram animais e seres humanos, como também alguns hábitos usuais destes antepassados, como a caça. Pedaços de pedras lascadas e ossos pontiagudos, em determinado momento, também são transformados em objetos cortantes que facilitaram a vida dos homens das cavernas. Figura 01: Figura encontrada no interior da Caverna de Lascaux. 12 Ao analisarmos as práticas usuais da Pré-História, podemos constatar que o ser humano possui, em sua essência, a habilidade de adaptar-se aos espaços, usando a capacidade de transformar o significado das coisas que estão ao seu redor, enfatizando sua essência criadora que perdura por toda a sua existência na Terra. A contínua transformação dos espaços em que vive pode ser observada através da arte em todas as suas dimensões, inclusive quando se fala em manifestações urbanas. Como não comparar as pinturas rupestres com o atual graffiti? Os rabiscos feitos em paredes seguiram junto com o desenvolvimento da humanidade em diversos acontecimentos, manifestações políticas religiosas, protestos, decoração de ambientes e etc. O presente capítulo faz referência ao eixo da Contextualização, proposto na Abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa, tendo como objetivo a reflexão sobre Fonte: http://www.historiadigital.org/visitas-virtuais/visita-virtual-a-caverna-de-lascaux 13 as manifestações parietais feitas pelo homem no decorrer da história, percebendo as relações significativas entre os diferentes contextos e as características apontadas por historiadores, que as qualificam como parte da história do graffiti. Segundo o texto de Regina Estela Machado no livro Abordagem Triangular no Ensino das Artes e Culturas Visuais (BARBOSA, 2010, p 66), o eixo da Contextualização abarca as ações que focalizam por meio da reflexão os diferentes contextos da arte: a história, a cultura, circunstâncias e movimentos artísticos. É importante lembrarmos que a arte ‘’anda’’ junto com os fatos históricos, fruto de seu tempo produzida por artistas/autores, sendo a Contextualização uma área de conhecimento transdisciplinar, ou seja, está em constante dialogo com o mundo e suas diversas áreas de conhecimento como diz Ana Mae Barbosa: A metodologia de análise deve ser de escolha do professor e do fruidor, o importante é que obras de arte sejam analisadas para que se aprenda a ler a imagem e avaliá-la; esta leitura é enriquecida pela informação acerca do contexto histórico, social, antropológico etc. (BARBOSA, 2009, p. 39). Desta forma refletiremos a respeito da importância das pinturas parietais no decorrer da história para a compreensão da origem da arte que conhecemos hoje como graffiti. 1.1 Escritores de paredes: primeiras manifestações A palavra italiana grafito ou sgraffito, significa inscrição, desenhos de épocas antigas, rabisco, ranhura, riscados a carvão em rochas, paredes e etc. No decorrer da história podemos observar que escrever em paredes é uma prática sempre presente na vida do homem, realizada como meio de expressão espontânea, muitas vezes sob cunho político e reflexo da sociedade. 14 Segundo informações encontradas no quarto volume da Coleção Folha, em 1871, o arqueólogo Auguste Mariette descobriu dentro de uma mastaba (forma de túmulo egípcio), um fragmento de decoração feito com pintura a têmpera, retratando em detalhes a figura de seis gansos, esta foi considerada uma indiscutível obra- prima egípcia (EINAUDI, 2009, p. 30). Estima-se que a pintura foi realizada entre 2551 e 2575 a.C. Figura 02: Os gansos de Meidum. Outro registro antigo mencionado por pesquisadores do graffiti remetem às ruínas da cidade de Pompeia. Localizada no sul da Itália, foi destruída durante a erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C. que cobriu completamente o local. Essas ruínas foram descobertas em 1748, passando a ser alvo de inúmeras pesquisas arqueológicas, nas quais foi observada uma grande quantidade de imagens eróticas desenhadas nas paredes. A primeira publicação a abordar este assunto data de 1904, encontrada na revista alemã Anthropophyteia, dedicada ao Folclore e desenvolvimento da moralidade sexual. Fonte: https://www.facebook.com/Quetescuchen/videos/858563930857961/?theater https://www.facebook.com/Quetescuchen/videos/858563930857961/?theater 15 Figura 03: Imagem encontrada em Pompeia. No século XX, pintores mexicanos, utilizavam-se da técnica para a pintura mural. Foi publicado em 1905 pelo Dr. AIL (Bernardo Carnada) um manifesto que defendia a necessidade da arte pública. Liderados por Alfaro Siqueiros, Diego Riviera e José Orozco, os muralistas mexicanos tiveram grande repercussão com trabalhos que incitavam a arte como meio formador de opinião, denunciando as mazelas de uma sociedade desigual. Quinze anos depois, em Barcelona, David Fonte: http://assisprocura.blogspot.com.br/2012/12/arte-erotica-em- pompeia_3487.html 16 Alfaro Siqueiros proclamou aos artistas da América a necessidade da arte para falar às multidões. “Pintaremos os muros das ruas e das paredes dos edifícios, dos sindicatos, de todos os cantos onde se reúne gente que trabalha” (GITAHY, 1999, p. 15). Figura 4: Mural de Diego Riviera. Fonte: http://zonacurva.com.br/wp-content/uploads/2014/08/7-de-agosto-Terra-e-liberdade-emiliano-zapata- foto-2.jpeg http://zonacurva.com.br/wp-content/uploads/2014/08/7-de-agosto-Terra-e-liberdade-emiliano-zapata-foto-2.jpeg http://zonacurva.com.br/wp-content/uploads/2014/08/7-de-agosto-Terra-e-liberdade-emiliano-zapata-foto-2.jpeg 17 Em 1942, durante a segunda guerra mundial, os nazistas usaram inscrições em paredes como forma de propagar o ódio contra os judeus e àqueles que discordavam da nova política vigente. Todavia, as paredes também serviram de suporte para os alemães que eram do grupo da resistência aos ideais nazistas, como por exemplo, o grupo de inconformistas ‘’Rosa Branca’’ que utilizaram o estêncil para estampar frases como ‘’ Abaixo Hitler’’ pelos muros de Munique. (GANZ, 2004, p. 08). Também podemos usar como exemplo histórico das manifestações de caráter político feitas nos muros, as greves estudantis na França em 1960 e 1970, importante fato histórico conhecido como ‘’maio de 68’’. Uma das principais marcas desse período de revolta foram os slogans escritos em muros e cartazes espalhados por Paris, divulgando para toda a população frases impactantes e revolucionárias. (GANZ, 2004, p. 08). Figura 5: Frase pichada no maio de 68, França (Seja realista, exija o impossível). 18 No Brasil, as escrituras nos muros chegam na década de 1960, durante a ditadura, sendo utilizadas, sobretudo, manifestações de cunho político, objetivando demonstrar a insatisfação do povo perante o regime militar e à opressão da época. Segundo a matéria publicada no jornal francês Le Monde Diplomatique, a pichação no Brasil possui características exclusivas que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo, sendo São Paulo considerada sua capital. De acordo com a entrevista dos irmãos João Wainer e Roberto T. Oliveira para o jornal Le Monde, a pichação é uma autentica manifestação surgida na periferia paulistana, “É o protesto de quem recebe tudo o que tem de pior”, diz Wainer (MANO, 2009). Embora as primeiras pichações no Brasil tenham caráter político, com a chegada do movimento punk em 1976 as letras começaram a ganhar o sentido de Fonte: https://gabrielabouzadagsa2013.files.wordpress.com/2013/03/soyons-realiste1.jpg 19 marcação de território. Segundo informações encontradas no documentário “(Pixo)’’, os pichadores copiavam a tipografia utilizada pelos nomes das bandas nas capas dos discos de rock e as transferiam para os muros, dando origem ao estilo de letras que encontramos hoje nas paredes de São Paulo. Figura 06: Pichação em São Paulo. Outro exemplo de como as primeiras pichações foram realizadas em São Paulo é o ‘’Cão Fila km 26’’, marca espalhada em diversas partes da cidade pelo dono de um canil de cachorros da raça Fila como estratégia de marketing. (GITAHY, 1999, p. 45). Fonte: http://www.nossajacarei.com.br/ 20 Figura 07: Pichação ‘’Cão Fila km 26’’ Na aba ‘’lendas da pichação’’ do site (besidecolors) encontra-se um relato de 1977 sobre o jornalista Carlos Alberto Teixeira e a frase ‘’CELACANTO PROVOCA MAREMOTO’’, a qual ficou muito conhecida por ter sido exaustivamente escrita em diversas partes do Rio de Janeiro. Carlos Alberto foi quem começou a escrever essa frase pelas paredes, mas posteriormente formou-se uma equipe chegando a totalizar 25 integrantes, com pessoas que picharam até em Washington e em Paris. A frase despertou a curiosidade dos transeuntes, Carlos Alberto Diz: Fonte: http://besidecolors.com/category/vandalismo/lendasdapixacao/page/11/ 21 A imprensa começou a investigar as pichações, afirmando que o CELACANTO era um encontro de traficantes, imagina. Outros afirmavam que eram mensagens de extraterrestres, pois naquele tempo, e até hoje, é difícil encontrar uma pichação que seja uma frase, e ali havia um período completo, sujeito, verbo e objeto. Geralmente o cara botava o nome, ou um grafismo só, ou uma sigla, e essa frase, justamente por ser uma oração completa, despertava a curiosidade das pessoas (TEIXEIRA, 2011). Figura 08: Carlos Alberto Teixeira ao lado da frase ‘’CELACANTO PROVOCA MAREMOTO’’ Fonte: http://besidecolors.com/lendas-da-pixacao-%E2%80%93-celacanto-provoca-maremoto/ 22 1.2 Como o Sgraffito torna-se o graffiti que conhcemos hoje Ao ser incorporada ao inglês, a palavra Graffiti (plural de Sgraffito ou Graffito), torna-se um termo usado para designar uma vertente da arte que ocorre no meio urbano e com forte sentido de intervenção na cena pública. O desenvolvimento e expansão da expressão artística que conhecemos hoje como graffiti se originam no final da década de 1970 em Nova Iorque e na Filadélfia. Artistas precursores como Taki 183 (NY), Julio 204 (NY), Cat 161 e Cornbread (Filadélfia) deixavam sua marca (pseudônimos, também conhecidos com ‘’tag’’) pelos muros e estações de metrô ao redor de Manhattan (GANZ, 2004, p. 08). Em 1971 ‘’Taki 183’’ foi tema de um artigo publicado pelo jornal The New York Times, desta maneira tornando-se uma espécie de herói sombrio entre os admiradores das ‘’tags’’ (assinaturas) escritas nos muros. ‘’Taki’’ era seu apelido e ‘’183’’ o numero da rua onde morava, ele nunca se considerou um artista, porém é visto por historiadores do graffiti como um dos principais pioneiros. (http://www.nytimes.com/). Figura 09: Artigo sobre ‘’taki 183’’ publicado em 1971 no The New York Times http://www.nytimes.com/ 23 Fonte: http://streetartnyc.org/wp-content/uploads/2015/06/taki_183_nytimes.jpg 24 Figura 10: Taki 183 A configuração da cidade de Nova York foi o que possibilitou o desenvolvimento deste viés artístico, no subúrbio de Harlem, na cidade Manhattan, ao lado da glamourosa e mundialmente conhecida Avenida Broadway. Este conjunto de diferentes classes, culturas e problemas sociais parece ter fermentado a situação que influenciou o início de uma batalha artística contra o que estava sendo imposto pela sociedade naquele momento, possibilitando que alguns artistas grafiteiros abrissem espaço para o mercado da arte e assim conseguissem sair da pobreza dos guetos. Um dos mais importantes pioneiros desta conquista foi Darryl McCray, que ficou conhecido pelo seu pseudônimo Cornbread, ao chamar a atenção da mídia escrevendo sua tag (assinatura) em um elefante em pleno zoológico (GANZ, 2004, p. 08). Figura 11: Cornbread apontando para sua assinatura na parede Fonte: http://besidecolors.com/taki-183/ 25 Como no caso de CornBread, outros artistas do graffiti também buscavam divulgar sua arte. No documentário ‘’Style Wars’’ produzido em 1983, é possível ver cenas reais que mostram o desenvolvimento destas manifestações. Este filme conta que os trens tornaram-se o alvo mais cobiçado pelos grafiteiros, pois ao passarem pelos guetos, os vagões que circulavam em Manhattan, voltavam para a parte nobre da cidade totalmente pintados e carregados de assinaturas, como se fossem galerias móveis. Figura 12: Trem grafitado em Nova York Fonte: http://subsoloart.com/blog/tag/cornbread/ 26 A quantidade de artistas grafiteiros começou a crescer e assim começaram a buscar novas formas de destacar seus trabalhos em meio aos dos outros. As ‘’tags’’ (assinaturas) começaram a ser feitas em tamanho maior, cada vez mais rebuscadas e coloridas, recebendo o nome de pieces (abreviação de Masterpiece, ‘’obra prima’’). Figura 13: Exemplo de ‘’pieces’’ (abreviação de Masterpieci, ‘’obra prima’’) Fonte: http://wam.wikia.com/wiki/Style_Wars?file=Stylewarstrain.jpg 27 Simultaneamente ao desenvolvimento do graffiti nova-iorquino, também crescia o movimento Hip-Hop, surgido no sul do Bronx em Nova Iorque, formado por jovens negros jamaicanos, afro-americanos e latino-americanos. Segundo informações encontradas no site (infoescola), o Hip–Hop também contribuiu para a disseminação do graffiti, aderindo-o como um dos quatro pilares que compõem esta manifestação. Os outros elementos são Break-dance, DJ (Disc-Jockey) e Mc (Master-of-ceremonies). O graffiti continuou a propagar-se de maneira viral e inspirando cada vez mais pessoas a intervirem nos espaços públicos. Não demorou para a mídia e as autoridades interpretarem a atitude dos grafiteiros como manifestação perigosa e de caráter subversivo. Segundo informações encontradas no livro ‘’O mundo do Grafite’’ de Nicholas Ganz, em 1986 tomaram-se medidas governamentais visando proteger o patrimônio público, através da colocação de grades nos arredores dos pátios ferroviários na tentativa de barrar as pinturas nos trens. Esta ação com certeza não impediu que os trens continuassem a ser pintados e, assim, o graffiti começa a representar um ato de vandalismo (GANZ, 2004). À medida que os grafiteiros nova-iorquinos viajavam para outros lugares, o graffiti se espalhou rapidamente por todos os Estados Unidos, e não demorou para que os trens na Europa também fossem alvos dessa manifestação desenfreada. Segundo Celso Gitahy, no livro ‘’O que é graffiti’’, a primeira grande exposição de graffiti foi em 1981 com a mostra New York/New Wave (Nova Yorque/Nova Onda), organizada por Diego Cortez no PS1, um dos principais espaços de vanguarda de Nova Yorque. Entre centenas de artistas que participaram desta exposição, estavam presentes Keith Haring e Jean Michel Basquiat, grandes nomes que marcaram sua passagem nos livros de história da arte (GITAHY, 1999, p. 37). 28 1.3 O desenvolvimento do graffiti no Brasil De acordo com Celso Gitahy, o principal precursor do graffiti no Brasil foi Alex Vallaury. Sua importância na arte nacional foi tão grande que no dia de sua morte (26 de março, 1987) comemora-se o dia nacional do graffiti (GITAHY, 1999, p. 56). Nascido na Etiópia em 1949, Vallaury morou boa parte de sua vida em Buenos Aires, chegando ao Brasil em 1978, onde passou a morar para estudar na FAAP em São Paulo. Seus primeiros graffitis eram bem simples, porém foram aprimorando-se ao longo do tempo. Neste período, o Brasil passava pelo período da ditadura militar (1964 a 1984) e, por este motivo, não havia muitos grafiteiros na época. Influenciado pela cultura pop, utilizou da técnica estêncil para espalhar uma bota de cano longo e salto agulha por diversos pontos de São Paulo (ITAÚ CULTURAL, 2015). Figura 14: Alex Vallaury ao lado da bota A princípio era só a bota, depois começou a fazer uma luvinha preta apontando; em seguida, vieram os óculos estilo anos 1950 e, por fim, um biquíni de Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/pioneiro-do-grafite-no-brasil-alex-vallauri-recebe-homenagens- 8099795 29 bolinhas. Este conjunto de elementos deu origem ao personagem de uma de suas principais obras, ‘’A rainha do frango assado’’. Figura 15: ‘’A rainha do frango assado’’ Alex Vallaury Segundo conta o curador João Spinelli, amigo de Alex Vallaury, ele chegou a participar de três bienais em São Paulo, sendo a mais importante delas a de 1985, na qual o artista transforma uma sala na ‘’casa’’ da ‘’Rainha do frango assado’’, com vários móveis customizados com textura de oncinha e paredes bem coloridas, assim também trabalhando com o conceito de instalação e ready made. Esta obra recebeu o nome de ‘’ Festa na casa da rainha do frango assado’’. Segundo o curador João Spinelli, de maneira sarcástica e bem humorada, a instalação fazia uma crítica ao consumismo do Brasil nos anos 1980. Figura 16: Instalação ‘’Festa na casa da rainha do frango assado’’ Alex Vallaury Fonte: http://www.trash80s.com.br/tag/rainha-do-frango- assado/ 30 Outro apontado como precursor do graffiti no Brasil é Hudinilson Jr, autor do graffiti que deixou as pessoas curiosas em São Paulo (1980) por ter sido espalhado por diversas partes da cidade em plena ditadura uma boca vermelha seguida da frase: “Ah ah, beija-me’’ (GITAHY, 1999, p. 54). Figura 17: Hudinilson Jr grafitando ‘’Ah ah Beija-me’’ Fonte: http://peneira- cultural.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html 31 Hudinilson Jr junto com Mário Ramiro e Rafael França, em 1979 formaram o grupo conhecido como 3nós3, que tinha como proposta a realização de intervenções urbanas que buscavam a apropriação e ocupação dos equipamentos das cidades, despertando novas visões e interpretações dos espaços existentes. Em 1979, em São Paulo, o grupo encapuzou com sacos de lixo algumas estátuas da cidade, visando chamar a atenção das pessoas que passavam por estes lugares e quase não percebiam a presença dos monumentos. Outra intervenção do grupo, também em 1979, foi marcar com um xis feito de fita crepe a porta de algumas das principais galerias de São Paulo, junto com um bilhete que dizia, ‘’oque está dentro fica, o que está fora se expande’’ (ITAÚ CULTURAL, 2015). Figura 18: Intervenções feitas pelo grupo 3nós3 Fonte: http://jornalggn.com.br/ 32 Foram realizadas cerca de dezoito intervenções urbanas pela cidade até o ano 1982, depois disso o grupo se dissolveu. Em suas produções paralelas ao grupo 3nós3, Hudinilson ficou marcado na história como um artista experimentador, permeando por vários recursos e possibilidades artísticas como, colagem, estêncil, xerografia (arte xerox, o qual também é apontado no Brasil como um precursor), desenho, performance e etc. Hudinisol Jr foi um importante representante da arte brasileira contemporânea. Ganhou fama com a série de imagens que simulava um ato sexual com uma fotocopiadora, Exercícios de me ver. Espalhou dezenas de fotos de seu corpo nu em detalhes, algumas delas hoje fazem parte do acervo de obras da Pinacoteca do estado (ITAÚ CULTURAL, 2016). Fonte: http://galeriajaquelinemartins.com.br/artistas/3nos3/ 33 Figura 19: Obra ‘’Exercícios de me ver’’ Hudinilson Jr Em 1996 é lançada em São Paulo a revista ‘’Fiz graffiti attack’’, uma das primeiras do Brasil a abordar o graffiti como forma de arte. Esta foi de grande importância para a disseminação dessa arte no Brasil, pois trouxe para os jovens interessados na modalidade, referências sobre a cultura Hip-Hop, gírias e os acontecimentos a respeito do movimento do graffiti nova-iorquino. Figura 20: Capa da primeira edição da revista ‘’ Fiz Graffiti Attack’’ Fonte: http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca- pt/default.aspx?mn=545&c=acervo&letra=H&cd=2704 34 Por ser uma manifestação recente na época, não havia muitos recursos onde os grafiteiros pudessem encontrar informações e referências imagéticas. A ‘’Fiz Graffiti Attack’’ ajudou aqueles que buscavam estas influências e incitou muitas pessoas a pintarem na rua, como mostra o texto de abertura da segunda edição da revista: Através de correspondências enviadas para nós, ficou claro que estão surgindo novos escritores de graffiti em todo o Brasil e em todo o mundo, é como se fossemos uma grande família, um verdadeiro planeta Hip-Hop. Essa expressão de arte contamina, é um vicio, não importa o local, como e quando é feito. É uma coisa mágica, como se corresse tinta em nossas veias...Cá para nós, o cinza, o concreto e o sem vida desta grande cidade e de todas as outras metrópoles da pena de ver, falta cor, falta alegria, falta vida.. Eles se iludem em busca de um mundo material, sem sonhos, fantasias, natureza. É só olharmos para cima e ver a grandiosidade de cores que se misturam e formam um verdadeiro espetáculo de arte. Somos o reflexo deste espetáculo, temos a magia das cores! (FIZ GRAFFITI ATTACK, 1997, p.01). Fonte: http://digifilia.com/graffiti- quando-tudo-comecou-em-sao- paulo/ 35 Encontra-se também na revista, tutoriais sobre como misturar cores de tintas de uma lata de spray para a outra. Visto que, nesta época, não existiam fábricas de spray que produzissem o material especificamente voltado para a pintura, só havia os antigos sprays à base de tinta automotiva, os quais se restringiam a uma pequena variedade de cores e eram usados para a pintura de metais. A técnica ensinada na revista chama-se ‘’transfer’’ (transferência), consiste em transferir a tinta de uma lata para a outra, misturando duas cores diferentes e assim formando uma terceira tonalidade. Isso ajudou com que os trabalhos dos grafiteiros fossem aprimorados. Figura 21: Tutorial ‘’transfer’’, revista Fiz Graffiti Attack Também encontramos na revista fotos dos trabalhos de alguns grafiteiros que hoje são famosos pela qualidade de seus graffitis, como: Os Gemeos, Speto, Nina, spock, Binho, Rui Amaral e Onesto. Os irmãos conhecidos na arte como ‘’OsGemeos’’ têm seu trabalho reconhecido nacional e internacionalmente, e foram de grande importância para a aceitação do graffiti, enquanto expressão artística no Brasil. Começaram a pintar influenciados pela chegada do Hip-Hop nos anos 80, com o passar dos anos, Fonte: Revista ‘’Fiz Graffiti Attack 36 realizaram inúmeras mostras individuais e coletivas em museus e galerias em países de várias partes do mundo, como Cuba, Chile, Estados Unidos, Itália, Alemanha, Inglaterra e Japão (www.osgemeos.com/pt/biografia). Segundo uma entrevista, os irmãos dizem que nos anos 1980, ‘’No Brasil a coisas sempre chegavam muito atrasadas’’, não havia latas de spray para graffiti e nem os bicos das latas1. Segundo os OsGemeos, esta precariedade de materiais foi o que levou o grafiteiros do Brasil a improvisarem nas técnicas, desta maneira criando uma identidade própria do graffiti brasileiro (TRIP TRANSFORMADORES, 2015). Figura 22: Graffiti dos irmãos ‘’OsGemeos’’ 1 Os bicos feitos para o grafite possuem uma válvula a qual se pode controlar a intensidade do jato de tinta que sai da lata de spray, desta maneira dando a possibilidade de atingir efeitos como o traço fino ou grosso, como também efeitos esfumaçados e degrades. 37 Rodrigo Nivel é conhecido na arte urbana como ‘’Speto’’. Nascido em São Paulo, vem trabalhando com graffiti a 27 anos e é considerado um pioneiro desta arte no Brasil. A imagem a seguir é uma foto tirada da revista ‘’Fiz Graffiti Attack’’ que mostra o evento de lançamento da primeira revista de graffiti no Brasil, nela podemos notar a presença de ‘’Speto’’ grafitando uma parede. Fonte: https://www.agambiarra.com/dupla-de-grafiteiros-os-gemeos- apoiam-manifestos-com-arte/ 38 Figura 23: Imagem retirada da revista ‘’Fiz Graffiti Attack’’ mostrando o grafiteiro ‘’Spetto’’ 39 No decorrer dos anos, Rodrigo Nivel (Speto) desenvolveu seu trabalho influenciado pela literatura de cordel, fazendo suas pinturas parecerem xilogravuras imprimidas em paredes em tamanho gigante. Figura 24: Graffiti feito por ‘’Speto’’ Outro pioneiro da arte urbana no Brasil se chama Binho Ribeiro. Podemos encontrar fotos de seus graffitis por quase todas as páginas da revista ‘’Fiz Graffiti Attack’’. Este artista também teve grande importância para o desenvolvimento e aceitação do graffiti enquanto linguagem artística no Brasil, sendo considerado um dos atuais idealistas representantes da cultura de rua e um dos mentores pela consolidação de sua força motriz. Em 2015 Binho foi curador da exposição ‘’Graffiti Fine Art’’ na Bienal de São Paulo. (www.binhoribeiro.com.br, 2015). Figura 25: Graffiti de Binho Ribeiro Fonte: http://gallerydriver.com/Art/IMG_5983.JPG 40 No capítulo seguinte permearemos por diferentes obras, técnicas e estilos de artistas urbanos, famosos mundialmente pelo conteúdo crítico de suas obras, dando sequência a Apreciação (leitura de obra), eixo mencionado na abordagem triangular de Ana Mae Barbosa. CAPÍTULO 02 – OUTROS TIPOS DE INTERVENÇÕES URBANAS PARIETAIS Fonte: http://darua.blogfolha.uol.com.br/files/2012/11/binhotabom1.jpg 41 Segundo a definição encontrada na Enciclopédia Itaú Cultural, na arte urbana, a palavra ‘’intervenção’’ é empregada para designar diversas modalidades artísticas, não havendo uma interpretação única para o termo. Podemos considerar como intervenções urbanas, ações efêmeras, eventos participativos em espaços abertos, trabalhos que convidam à interação com o público (ITAÚ CULTURAL, 2015). Entre os diferentes tipos de intervenções existentes, pode-se observar uma confluência devido ao meio em que este tipo de arte opera. Atualmente, os grandes centros urbanos estão abarrotados com a quantidade de anúncios e propagandas de consumo colocados por empresas. Trabalhando a educação do olhar através da leitura de imagens, a arte educação ajuda o cidadão contemporâneo a conviver com este cotidiano bombardeio de estímulos visuais, como diz Ana Mae Barbosa: Em nossa vida diária, estamos rodeados por imagens impostas pela mídia, vendendo produtos, ideias, conceitos, comportamentos, slogans políticos etc. Como resultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, nós aprendemos por meio delas inconscientemente. A educação deveria prestar atenção ao discurso visual. Ensinar a gramática visual e sua sintaxe através da arte e tornar as crianças conscientes da produção humana de alta qualidade é uma forma de prepará-las para compreender e avaliar todo tipo de imagem, conscientizando-as de que estão aprendendo com estas imagens (BARBOSA, 1998, p. 17). As manifestações artísticas urbanas estão inseridas nesse meio como se também fossem uma forma de anúncio, porém, operando em sentido contrário. Sem fins lucrativos; são uma forte arma social e política, podendo ser usadas para expressar ideias e críticas que dão livre interpretação ao público. Nesse contexto, o museu não é a instituição detentora da arte, não há a necessidade de curadores e os trabalhos são expostos em lugares públicos, muitas vezes abrangendo temas polêmicos e atuais, ao alcance de todos. Em um trecho do livro, Arte Mordena, Julio Carlo Argan ao tratar de uma passagem da vida de Van Gogh, referindo-se à essência da obra do artista, 42 podemos comparar com a arte de rua, no que se refere à arte transformadora e transparente, oposta a tendências alienantes impostas pela mídia (ARGAN, 1992). Em contato com os movimentos franceses de ponta ele compreendeu que a arte não deve ser um instrumento, mas um agente de transformação da sociedade e, mais aquém da experiência que faz o homem do mundo. A arte deve se inserir no ativismo geral como uma força ativa, todavia de sinal contrario: cintilante descoberta da verdade contra a tendência crescente à alienação e mistificação. A técnica da pintura também deve mudar, opor-se à técnica mecânica das indústrias, como um fazer gerado pelas forças profundas do ser: o fazer ético do homem contra o fazer mecânico da maquina. Não se trata mais de representar o mundo de maneira superficial ou profunda: cada signo de Van Gogh é um gesto com que enfrenta a realidade para captar e se apropriar de seu conteúdo essencial, a vida. Aquela vida que a sociedade burguesa, com seu trabalho alienante, extingue do homem (ARGAN, 2014, p. 124). Referente à Abordagem Triangular, o presente capítulo foca a Apreciação/Leitura da obra, com base no texto de Regina Machado (BARBOSA, 2010, p. 64) no livro Abordagem Triangular no Ensino das Artes e Culturas Visuais. No eixo da LEITURA é possível aprender a: Conceber, diante de uma obra de Arte (ou de formas da natureza), que intenções, que sonhos poderiam ter originado aquela obra. Perceber relações formais que a estruturam, perceber qualidades materiais, técnicas, assim como ressonâncias e repercussões que a obra provoca. Concretizar, a partir do exercício de conceber e perceber, uma maneira particular e única de viver a experiência estética, fruto da compreensão, da intimidade, dos insights e do contato daquela pessoa com a obra, no instante da leitura (BARBOSA, 2010, 64). Desta forma permearemos por alguns trabalhos de artistas urbanos famosos mundialmente que trabalham com técnicas como, Adesivos (Stickers), pôsteres (Lambe-Lambe), Técnicas a mão livre (Graffiti esculpido / Graffiti reverso), Estêncil e etc. Para a organização da segunda parte do livreto resoluto dessa pesquisa, os artistas foram selecionados a critério do conteúdo crítico e provocativo de suas obras. Desta maneira buscamos exemplificar o comportamento e o poder impactante que estes tipos de manifestações urbanas exercem sobre a sociedade. Não 43 obstante também buscamos mostrar a variedade de técnicas e a infinidade de métodos que podem ser usados nas intervenções. 2.1 Stencil Pode-se considerar o estêncil como a mais antiga das técnicas de pintura desenvolvida pela humanidade. Figura 26: ‘’Caverna das mãos’’, localizada na província de Santa Cruz, Argentina Segundo o livro: Gravura, Arte e Técnica de Itajahy Martins, o uso de moldes vazados é muito antigo. Foi empregado na antiguidade pelos gregos e egípcios na decoração de vasos, e pelos chineses e japoneses, como processo de multiplicação de estampas na decoração de tecidos de seda. Quando os artistas necessitaram Fonte: http://stencilpg.blogspot.com.br/2011/10/origem-do-stencil.html 44 reproduzir grandes desenhos para a pintura de murais, como os que Michelangelo executou para a capela Sistina, valeram-se de esboços vazados, eram moldes perfurados, conhecidos como sistema de ‘polvo’ nos quais, através de pó de carvão ou talco, obtém-se um calco dos contornos do desenho na parede. Esses sistemas de molde vazados ficaram conhecidos como porchoir (palavra francesa que significa Stencil). Com grande variedade de moldes para obter-se riqueza de cores, foram usados no ornato de residências e palácios. No Brasil, por volta do começo do século, tal método foi muito utilizado na pintura de interiores, no qual os atuais ‘papeis de parede’ representam uma réplica (MARTINS, 1987, p. 165). Na arte urbana, os moldes vazados são chamados de Estêncil (ou Stencil), a técnica é aderida a esta modalidade através das passagens históricas normalmente envolvendo períodos de guerras e manifestações. A versatilidade desta técnica permite ao aplicador realizá-la de forma rápida através do uso de tinta spray, como também lhe permite replicá-la várias vezes. Episódios como os anteriormente citados, Maio de 68 na França, o Nazismo na Alemanha e a Ditadura no Brasil marcaram a passagem do Estêncil, usado para a divulgação de ideais de grupos participantes destes fatos históricos. Um artista que chamou a atenção do mundo inteiro com suas críticas feitas com uso de moldes é conhecido como Banksy, famoso por suas controvérsias. Ele utiliza uma linguagem pictórica, o estêncil, que durante anos permaneceu isolada do mercado da arte devido a seu caráter marginal e, sobretudo, pouco afeito a galerias e museus. Sobre Banksy sabe-se pouco, praticamente se conhece apenas sua procedência (Bristol, Reino Unido) e suas obras, pintadas ilegalmente nos muros de edifícios públicos e privados. Suas pinturas murais representam uma crítica feroz à ordem estabelecida, aos abusos do mundo moderno, à guerra: agentes de polícia que se beijam, crianças com uma bomba como se fosse um urso de pelúcia, Jesus Cristo segurando sacolas de presentes (crítica ao consumismo decorrente do Natal) (BARSA ON LINE, 2015). 45 Figuras 27,28 e 29: Obras de Banksy 46 Fonte: http://eixodajustica.blogspot.com.br/2011_03_01_ archive.html 47 O espírito crítico o levou a registrar sua opinião em lugares muito simbólicos, como o muro ilegal que Israel construiu na Cisjordânia para isolar os territórios de Gaza. Outras vezes, pintou nas fachadas de vários edifícios públicos e privados de Londres e Bristol, o que fez com que alguns o considerassem um vândalo. Os serviços de limpeza de Londres receberam ordens de eliminar, em várias ocasiões, suas obras, o que contribuiu para aumentar seu sucesso. Seus partidários justificam o fato, dizendo que os políticos não querem que a arte exponha friamente na rua o que eles não gostam de ouvir. As autoridades de Londres, porém, asseguram que a arte não pode estar contra a propriedade privada nem utilizar a seu bel-prazer o espaço público, porque isso se transforma em vandalismo. Em outros lugares, como Bristol, os prefeitos viram a atratividade turística que os trabalhos de Banksy podem trazer para as cidades e, por isso, decidiram dar um indulto a algumas de suas obras. Figura 30: Grafite do artista britânico no "muro da vergonha" em Belém, cidade palestina onde nasceu Jesus Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/26086/cartao+de+natal+de+ban ksy+mostra+muro+de+israel+no+caminho+da+sagrada+familia.shtml 48 O discurso ativista de Banksy também chegou aos museus, com uma série de intervenções não autorizadas, pendurando suas telas entre as de outros artistas já reconhecidos. Na maioria das ocasiões, essas obras parodiavam pinturas clássicas e demoraram vários dias para serem descobertas pelos responsáveis dos museus. A Tate Gallery de Londres, o Museum of Modern Art (MOMA) de Nova Iorque, o Museu do Brooklyn e o British Museum foram suas vítimas favoritas. Figuras 31 32 e 33: Intervenção de Banksy no Museum of Modern Art Figura 34: Intervenção de Banksy no British Museum Fonte:http://www.woostercollective.com/post/a-wooster-exclusive-banksy-hits-new-yorks- most-famous-museums-all-of 49 2.2 Stickers Stickers são uma vertente das intervenções urbanas, pequenos adesivos colados em lugares singelos que, geralmente, só são visíveis para quem transita caminhando a pé pelas ruas das cidades. A palavra em inglês sticker pode ser traduzida para o português como ‘’adesivos’’, este termo é empregado para designar uma modalidade de intervenção urbana que representa todo e qualquer tipo de papel ou vinil autocolante que carrega informações daqueles que se denominam Stickers, nome dado aos que colam sticker, como os grafiteiros são aqueles que grafitam e pixadores aqueles que pixam. Fonte: http://therumpus.net/2010/03/the- contradiction-of-contradiction-a- conversation-with-banksy/ 50 Esta modalidade muito semelhante ao Lambe-Lambe diferencia-se geralmente por ser produzida em tamanho pequeno, variando de 10 cm a 25 cm. Suas características estéticas se apresentam de forma figurativa e simples, com traços pouco elaborados, de fácil entendimento pelo observador. Por serem adesivos autocolantes, os praticantes desta modalidade procuram lugares onde estes não descolem tão rapidamente, latas de lixo, postes, placas de transito e qualquer outra superfície lisa que mantenha a aderência do adesivo. O ambiente em que o trabalho é colado deve ser necessariamente os espaços públicos da urbe, pois fora deste contexto o sticker perde seu sentido de manifestação, de arte e de ruído, sendo assim apenas uma figurinha autocolante. 51 Figura 35: sticker colado em placa Este tipo de arte pode ser reproduzido através de vários meios de impressão, como por exemplo, serigrafia, estêncil, xerografia ou também podem ser feito o desenho à mão livre (conhecido como free hand). Para os adeptos da cultura do sticker, existe um sistema de intercâmbio que permite ao artista espalhar seus trabalhos por várias partes do mundo, as trocas são feitas através de galerias Fonte: http://thehardcrew.blogspot.com.br/2015/08/sticker-art-portugues.html 52 virtuais tais como, facebook, flicker e alguns blogs. Ao estabelecer uma troca via internet, ambos assumem a responsabilidade de espalhar pela cidade o sticker recebido. Outra peculiaridade da cultura que envolve os atuantes do sticker art, são os chamados Combos, a palavra que no inglês significa ‘’combinação’’. O Sticker Combo acontece quando diversos artistas reúnem seus trabalhos em uma única superfície, dando o aspecto de que todos os adesivos colados formam uma única obra. Figura 36: Sticker Combo Fonte:http://distorsionurbana.blogspot.com.br/2011/03/stickers-arte-urbano-en-pegatina.html 53 Segundo consta na dissertação de mestrado de Luciana Jorge Rodriguez, os adesivos começam no Brasil através de Tadeu Jungle. O artista chegou a trabalhar com diversas modalidades artísticas como, vídeo-arte, poesia, fotografia e arte performática (RODRIGUEZ, 2010, p.52). Iniciou seus trabalhos no final da década de 1970, em São Paulo, com grafitis poéticos, arte correio, poesias e pequenos adesivos. Tadeu enxergava os adesivos como uma extensão dos trabalhos de graffiti. Ele aderiu à técnica por conta da multiplicação de ideias, facilidade de transporte e aplicação que possibilitam os colantes. Seu primeiro poema adesivo carrega a frase ‘’ fure fila, faça figa, fuja do faro da fera’’, Tadeu fez este poema no período em que estudava na ECA, Escola de Comunicações e Artes Universidade de São Paulo. A frase estava ligada ao movimento estudantil, ao período de repressão política e a ditadura, cujas ações ainda estavam presentes no país. Figura 37: Poema adesivo de Tadeu Jungle, 1970 54 O poema composto por três imperativos: Fure fila, Faça figa e Fuja do faro da fera, abre caminho para diversas interpretações. Elaborado em um período de repressão política, podemos interpretá-lo começando pela primeira frase ‘’Fure fila’’, dando início a uma sequência subversiva que estimula o leitor a não se submeter as ações que estavam presentes no país. A segunda frase ‘’Faça figa’’ pode ser interpretada como uma maneira de dizer ‘’ tenha fé’’, e por último, ‘’Fuja do faro da fera’’ que remete à perseguição dos militares. Outro trabalho desta mesma série de adesivos aparece com a frase ‘’Você está aqui’’, também confeccionado na versão inglesa ‘’You are here’’. A ideia surgiu em uma viagem de Tadeu à Europa. O artista precisou de orientação dos mapas que existem nos metrôs e indicam a localização em que o observador está com uso da oração ‘’você está aqui’’. Nos metrôs da Europa, Tadeu notou que não havia a indicação do ‘’you are here’’, concluindo que ‘’ se você não sabe onde está, de nada serve aquele mapa de localização.’’ Além do conceito do mapa, o poema também foi baseado no conceito da filosofia budista, que diz a respeito ao estado de consciência de estar presente em Fonte: http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/86941/rodrig ues_lj_me_ia.pdf?sequence=1 55 uma situação, sem deixar que ansiedades futuras ou lembranças do passado intervenham no tempo, ‘’Agora você está aqui!’’. Figura 38: Poema adesivo de Tadeu Jungle, 1970 2.3 Lambe-Lambe Segundo a organização global de preservação ao meio ambiente Greenpeace, esta técnica se trata de um cartaz com conteúdo crítico ou artístico, normalmente colado em espaços públicos. O que difere o lambe-lambe dos cartazes de propaganda é que este não tem conteúdo comercial, apesar de ser bastante usada no âmbito mercadológico. Uma vantagem de se trabalhar colando cartazes é que, de acordo com a Constituição Federal do Brasil, este não é considerado um crime. Cada cidade tem sua própria lei para definir regras e penalidades relacionadas ao uso de comunicações impressas aplicadas no espaço urbano, conhecidas como Lei da Cidade Limpa. Em geral essas leis não abordam os casos de manifestações de ideias sem conteúdo comercial e se aplicam apenas à publicidade. Fonte: http://repositorio.unesp.br/bitstre am/handle/11449/86941/rodrigu es_lj_me_ia.pdf?sequence=1 56 Existem diversas receitas de cola caseira que podem ser usadas para colar cartazes, geralmente à base de água e farinha de trigo ou polvilho. Para a impressão dos cartazes algumas pessoas usam a técnica da serigrafia, podendo assim imprimir grandes quantidades e de maneira econômica. A receita de cola caseira será descrita no próximo capítulo. Um dos artistas que conseguiu chamar a atenção do mundo inteiro através de seus cartazes se autodenomina JR, o artista francês foi ganhador do prêmio TED em 2011 com seus cartazes. Durante o vídeo da premiação do TED, JR conta que primeiramente desenvolveu seu interesse por fotografia, porém não ficou satisfeito em procurar galerias de arte para poder expor suas fotos. Com 17 anos de idade o artista resolveu imprimir suas fotos e fazer pequenas exposições ‘’clandestinas’’ em espaços públicos utilizando cola para fixar as imagens nas paredes, que posteriormente ganhavam uma moldura feita com tinta spray, para que não fossem confundidas com propagandas. Este foi um dos primeiros trabalhos de JR, que começou de maneira simples, porém, no decorrer do tempo, seus trabalhos foram ganhando dimensões maiores, sendo inclusive reconhecidos mundialmente. Figura 39: Exposição ‘’clandestina’’ de JR 57 Uma das obras mais notáveis do artista surgiu em 2007. Com o contínuo agravamento da guerra entre israelenses e palestinos, JR parte para o oriente médio com uma ideia em mente, ele e um amigo foram para as ruas dessas duas cidades com objetivo de fazer retratos fotográficos de pessoas que faziam os mesmos trabalhos, por exemplo, o taxista, advogado e cozinheiro israelense e o taxista, advogado e cozinheiro palestino. As fotos tiradas foram impressas em tamanho gigante e coladas em ambos os lados do muro que separava estas duas cidades. O artista acreditou que desta maneira as pessoas perceberiam o quanto são parecidas chegando ao ponto de olharem para as imagens postas lado a lado e não saberem dizer quem era o palestino e quem era o israelense, desta maneira, buscando uma melhor compreensão e uma aproximação de ambos. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=0PAy1zBtTbw 58 Figura 40: intervenção de Jr no Oriente Médio 2.4 Adbusting Traduzindo do inglês, a expressão ‘’Adbusting’’ significa ‘’arrebentando anúncios’’. Este viés da arte urbana busca despertar nas pessoas a visão contestadora a respeito dos anúncios de publicidade espalhados pelas cidades. Para entendermos melhor esta corrente, usaremos como exemplo o artista português Daniel Soares. Para criticar o padrão de beleza feminino impostos pela sociedade, Daniel teve a ideia de imprimir uma ‘’barra de ferramentas’’ destas que são usadas em programas de edição de imagens como o Photoshop, e colar ao lado dos corpos femininos impecáveis mostrados nos outdoors, como mostram as figura 41, 42, 43, e 44. Fonte: https://brouillonsdeculture.files.wordpress.com/2011/07/img_0054.jpg 59 Figura 41: Daniel Soares com a barra de ferramentas impressa Figura 43: Adbusting feito por Daniel Soares Fonte: http://www.danielsoares.me/work/hm-photoshop-adbusting Fonte: http://www.danielsoares.me/work/hm-photoshop-adbusting 60 Figura 44: Barra de ferramentas vista de perto Fonte: http://www.danielsoares.me/work/hm-photoshop-adbusting Fonte: http://www.danielsoares.me/work/hm-photoshop-adbusting 61 Utilizando adesivos ou cartazes, os artistas que trabalham com a corrente artística ‘’Adbusting’’ buscam fazer alterações diretas em anúncios publicitários, distorcendo seu sentido original e despertando a visão crítica das pessoas sobre temas como o consumismo. (CARLSSON/LOUIE, 2015, p. 32). 2.5 Graffiti Reverso Em 2006, o artista brasileiro Alexandre Orion, realizou uma intervenção, nomeada por ele como técnica do “graffiti reverso’’. Em São Paulo, na passagem subterrânea entre a Avenida Europa e a Avenida Cidade jardim, Alexandre Orion notou que as paredes do túnel estavam pretas por uma cobertura de partículas poluentes lançadas pelos escapamentos dos carros que por ali passam, ele teve a ideia de desenhar nessas paredes utilizando pedaços de pano e produtos de limpeza. Ele passou cerca de dezessete dias desenhando, ou melhor dizendo, limpando o túnel, dando formato de crânios às partes onde retirava a sujeira com o pano, no total foram mais de 3.500 crânios. Figura 45: Alexandre Orion e obra ‘’Ossário’’ 62 Esta obra não só fez um alerta para a população a respeito da poluição do ar que respiramos mas também driblou a lei nº 9.605 do art. 65 (FIGURA) que enquadra graffiti e pichação como crime ambiental, podendo gerar até um ano de prisão e multa. Figura 46: Art. 65 da Lei de Crimes Ambientais Fonte: http://descomplicarte.com.br/2013/09/poluicao-arte/ 63 Neste caso Alexandre não estava fazendo uso de tinta, e sim limpando o local onde foi realizado o trabalho, e isto não está previsto em nenhuma lei. De maneira efêmera, a obra concretizou-se após a Prefeitura (que considerou como ato subversivo) enviar carros de lavagem que limparam completamente os crânios e toda a fuligem que cobria as paredes do túnel. Em uma entrevista publicada no livro Street Art CookBook, Alexandre diz: “Uma boa intervenção é aquela que dialoga com o lugar e é capaz de ressignificá-lo” (CARLSSON/LOUIE, 2015, p. 94). 2.6 Graffiti Esculpido Segundo o site (www.escritoriodearte.com, 2015), dedicado a reunir obras e biografias de grandes artistas, Alexandre Farto (nome artístico Vhils) nascido em Lisboa em 1987 começou a pintar na rua com treze anos, seis anos mais tarde Fonte: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11331651/artigo-65-da-lei-n-9605-de-12- de-fevereiro-de-1998 64 ingressou no curso de Belas Artes na St. Martin’s School, até aí experimentou técnicas como o estêncil, graffiti e outras ferramentas e processos. Vhils desenvolveu uma técnica própria que consiste na retirada de resíduos (cimento, tinta e etc.) da parede a qual a arte é ‘’cravada’’, deixando de lado as latas de spray e partindo para o processo contrário, entalhando pelas cidades o rosto de pessoas comuns. Figura 47: Graffii esculpido pelo artista Vhils O capítulo seguinte se refere ao ‘’Fazer’’ artístico proposto por Ana Mae Barbosa na Abordagem Triangular. Serão descritas técnicas e processos que podem ser feitos de maneira simples e econômica, desta maneira completando a terceira parte do livreto, produto resoluto dessa pesquisa. Fonte: http://lisbonsouthbayblog.pt/vhils-personalidade-do-ano/ 65 CAPÍTULO 03 – DESENVOLVIMENTO DE UM TUTORIAL DE TÉCNICAS, MATERIAIS E PROCESSOS PARA ARTE URBANA Nos capítulos anteriores permeamos por diversos fatos históricos que mostraram o uso das pinturas parietais pelo homem no decorrer dos tempos, assim como o processo de origem do graffiti contemporâneo em Nova Iorque e o seu desenvolvimento até chegarmos à ideia que concebemos hoje como arte urbana. Vimos também diversos exemplos de artistas urbanos que realizam seus trabalhos através do uso de processos e técnicas diferenciados que resultam em obras e estilos únicos. Para concretizarmos esta pesquisa, dedicamos este capítulo ao eixo Fazer (produção artística) proposto na Abordagem Triangular de Ana Mae, objetivando que o leitor obtenha a aprendizagem do fazer artístico em contato com as mais conhecidas técnicas, materiais e processos utilizados na arte urbana. Desta maneira lhe proporcionando caminhos que o possibilitem a capacidade de materializar ideias através de suas próprias criações. Ressaltando que esta deva ser somada à criatividade e às percepções artísticas e culturais da própria pessoa. Segundo Regina Stela Machado, no livro Abordagem Triangular no Ensino das Artes e Culturas Visuais: “O eixo da Produção envolve ações de configuração (toda vez que alguém produz uma forma), ou seja: refere-se à realização de uma escultura, dança, música, filme ou outras formas de produção artística” (BARBOSA, 2010, p.65). A aprendizagem de técnicas para a produção artística é importante para a aproximação e compreensão da arte, visto que é impossível conhecer a fundo uma obra quando não sabemos à técnica de sua linguagem. O conhecimento técnico apresentado neste capítulo não é somente resultado de pesquisas em livros e 66 internet, mas também, fruto de trocas de experiências vivenciadas nas ruas junto com outros artistas. É comum pessoas que trabalham com arte urbana terem frequentemente contato entre si. O fato de compartilharem do mesmo interesse acaba muitas vezes causando encontros que resultam em trocas de experiências e aprendizado mutuo. A forma como o tutorial é apresentado nesta pesquisa é exatamente como será mostrado na terceira parte do livreto, desta maneira os trabalhos finais usados para exemplificar as técnicas apresentadas (Sticker, Stencil, Canetão Esqueezer e Lambe-Lambe) são relativamente simples de ser produzidos, buscando encorajar o leitor a arriscar-se em suas produções. O último assunto tratado neste capítulo se refere à Pintura a Mão Livre, esta modalidade se faz particular no estilo de cada pessoa, por isso optamos por não exemplificar com um trabalho artístico, mas dando sugestões a respeito de materiais e dicas para pintura. 3.1 Como fazer “Stickers’’ (adesivos personalizados) Uma das vantagens de escolher trabalhar com os adesivos é a facilidade em transporta-los. Pode-se levar uma grande quantidade de adesivos na mochila sem que estes pesem ou ocupem espaço. Outra vantagem é que, de acordo com a legislação brasileira, colar adesivos não se enquadra como uma forma de crime. Para produzir adesivos personalizados, são necessários os seguintes materiais: tesoura, papel adesivo tamanho a4, canetões marca-texto de diversas cores, papel contato e mesa de trabalho com a superfície lisa onde possam ser cortados os adesivos com o uso do estilete. Para economizar dinheiro, é recomendado passar em gráficas em busca de retalhos de sobras de papel autocolante; muitas vezes essas sobras podem servir como um ótimo material para este tipo de trabalho mas acabam indo para o lixo. Primeiramente desenhe em seu sketch-book (caderno de rascunhos) a imagem que você deseja transformar em um adesivo, não ultrapasse mais de 15 cm, pois este é um bom tamanho para um sticker. Ao concluir o desenho, faça o mesmo sobre a superfície do papel autocolante com o uso do canetão marca-texto. 67 Como exemplo de sticker, desenhamos a imagem de uma ‘’caveirinha’’ de 15 cm, como na figura a seguir. Figura 48: Desenho feito no papel adesivo Com o desenho transferido para o papel autocolante, pode-se optar por colocar uma camada de papel contato por cima; esta camada serve para proteger o adesivo de eventuais contatos com a água, o que pode estragar sua arte. Figuras 49 e 50: Papel contato sendo colado sobre o adesivo Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor 68 Em seguida, use a tesoura para recortar as bordas que não fazem parte do adesivo, deixando uma margem de meio centímetro em volta do desenho para dar destaque à arte. Depois disso o sticker estará pronto para ser colado. Figura 51: Sticker colado na parte de traz de uma placa Elaborado pelo Você pode entrar em contato com outras pessoas que trabalham com Stickers através de sites que são usados para a divulgação de trabalhos artísticos como o Fonte: Elaborado pelo autor 69 ‘’www.flickr.com’’. Neste tipo de arte é comum que as pessoas troquem adesivos via correio, desta maneira você pode ter seu sticker art colado por diversas partes do mundo. 3.2 Como fazer Estêncil (moldes vazados) O Estêncil é uma técnica bastante antiga e simples, trata-se de recortar uma figura em um papel, retirando a parte positiva, deixando assim um molde vazado, o qual pode ser preenchido com tinta spray ou com a técnica chamada de pochoir, por meio da qual, com o uso de uma esponja umedecida em tinta se faz o preenchimento do molde. Apesar de ser um processo simples, os avanços tecnológicos nos permitem elaborar imagens em programas de computador, como o Photoshop e o Ilustrator. Através destes programas é possível fazer um Estêncil usando várias camadas de cores, criando uma arte bem elaborada. Porém neste tutorial vamos produzir da maneira mais simples com a não utilização dos recursos digitais. Materiais necessários para fazer o Estêncil: uma chapa de radiografia usada (se não tiver, peça para algum parente ou conhecido seu, as pessoas sempre costumam guardar este tipo de exame.), tesoura e estilete, canetão marca-texto, folha sulfite, uma lata de tinta spray, fita crepe. A primeira coisa a se fazer é o desenho que será transformado em molde; para demonstrar usaremos a imagem de uma espinha de peixe. Para uma melhor visão sobre as partes que deverão ser cortadas e retiradas do desenho, utilize o canetão marca-texto para o preenchimento das mesmas, desta maneira podemos evitar confusões na hora do corte. Também é importante criarmos ‘’pontes’’ em algumas partes do desenho, essas pontes servem para suspender alguns detalhes na figura e também para aumentar a resistência do molde, como mostra na figura a seguir. 70 Figura 52: O desenho de uma espinha de peixe Após concluir o desenho, usaremos a chapa de radiografia para recortá-lo do molde; este material é comumente utilizado para a confecção de estêncil caseiro devido a sua resistência, podendo ser utilizado repetidas vezes sem que o molde estrague. Usaremos a fita crepe para fixar o desenho sobre a chapa de radiografia, de modo que quando começar a cortar o desenho no papel sulfite, também estará cortando a chapa, como na figura a seguir. Figura 53: Desenho colado com fita crepe sobre a chapa de radiografia Fonte: Elaborado pelo autor 71 Usando o estilete, recorte cuidadosamente todas as partes que serão retiradas do desenho, essas serão as partes vazadas por onde a tinta passará. Figura 54: Molde sendo recortado e molde pronto Após todas as partes marcadas terem sido cortadas e retiradas do desenho, o molde na chapa de radiografia estará pronto para ser usado. Escolha a superfície desejada e faça a aplicação de tinta. Figura 55: Aplicação de tinta no molde Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor 72 Figura 56: Stencil na parede Fonte: Elaborado pelo autor 73 3.3 Como fazer um canetão “Esqueezer’’ A palavra em inglês ‘’squezeer’’, no português significa ‘’apertar’’, esta palavra dá o nome de uma ferramenta usada para fazer ‘’tags’’ (assinaturas), de modo que ao apertar o tubinho do canetão, a tinta é expelida em excesso, dando o efeito de tinta escorrida. Fonte: Elaborado pelo autor 74 Figura 57: Palavra ‘’arte’’ escrita com o canetão ‘’squeezer’’ Para fazer um canetão ‘’squeezer’’ são necessários os seguintes materiais: uma esponja de lavar louças (amarela e verde), uma carga de caneta vazia, fita isolante, um tubo de corante liquido da marca ‘’Xadrez’’ (a cor do corante será a cor do canetão), estilete, tinta látex Primeiramente, pegamos o tubinho de pigmento xadrez e retiramos o miolo da tampa para que possamos fazer o bico do canetão, como mostram as figuras abaixo: Figuras 58, 59 e 60: Passo a passo de como retirar o miolo da tampa Fonte: Acervo pessoal do autor Fonte: Elaborado pelo autor 75 Deixamos o agora o tubinho de pigmento de lado e vamos para a bucha. É preciso descolar totalmente a parte amarela da parte verde da bucha, isso pode ser feito puxando com cuidado apenas usando as mãos, usaremos apenas a parte verde. Seguidamente cortamos uma tira da parte verde, de aproximadamente dois dedos de espessura, como na imagem a seguir. Figuras 61 e 62: Como cortar a tira da bucha Agora, para terminarmos o bico do canetão, pegue a carga de caneta vazia e corte um canudo no tamanho de aproximadamente 3 dedos. Enrole a tira de bucha no pedaço de carga de modo que fique bem justo e, em seguida, prenda com fita isolante, como mostra a figura a seguir. Figura 63: Passo a passo de como enrolar a bucha no canudo Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor 76 Agora vamos preparar a tinta do canetão, misture ao corante um pouco de tinta látex (duas colheres de sopa, tamanho médio), agora encaixe o bico do canetão no tubinho de tinta e prenda em volta com fita isolante. Figura 64: Canetão ‘’esqueezer’’ terminado. 3.4 Como fazer Lambe-Lambe (pôsteres) e cola caseira Por serem muito usados para o marketing de empresas, os pôsteres são uma forma de comunicação já bem estabelecida entre as sociedades. Como o ‘’sticker’’, colar cartazes não é considerado um ato ilegal. Os conhecidos ‘’Lambe-lambe’’ podem ser produzidos a mão livre ou, se a arte for feita no computador, podem ser Fonte: Masson 77 impressos a laser ou offset. Neste caso vamos ensinar como fazer a mão livre e também ensinaremos uma receita de cola caseira para que possam ser colados pôsteres nos locais desejados. Para a produção do pôster, são necessários os seguintes materiais: tesoura ou estilete, folha de papel jornal (pode ser encontrado em papelarias), tintas a sua escolha: canetão marca-texto, guache, spray, acrílica, látex e etc., pinceis, marcadores de texto para o contorno do desenho. A primeira coisa a ser feita é o desenho no papel, neste caso usaremos papel jornal tamanho A3. Para fazermos a arte podemos usar diversos materiais, desde que estes não se diluam facilmente em contato com a água e com a cola que, posteriormente, será aplicada sobre o cartaz. É muito comum vermos a técnica Lambe-Lambe sendo usada para a divulgação de frases e poemas; para a demonstração optamos por usar uma frase de Stan Lee, a qual é citada nas histórias em quadrinhos do Homem Aranha ‘’Grandes poderes vêm com grandes responsabilidades’’, citada pelo personagem Bem Parker (Tio Bem), tio de Peter Parker (Homem Aranha). Quando a arte estiver pronta, pode-se optar pela retirada das bordas do papel ou não, se este estiver em formato quadrado ou retangular fica mais fácil na hora de colar o pôster. Com a arte do Lambe-Lambe pronta, vamos para a receita de cola caseira. Para fazer a cola caseira, vamos precisar dos seguintes materiais: farinha de batata ou arroz, água, açúcar, uma panela grande, algum instrumento para mexer (colher ou pedaço de pau), um balde ou garrafa pet onde a cola pronta será colocada, fogão. Primeiramente meça em um copo três partes de farinha para três partes de água; coloque a água na panela e em seguida misture a quantidade de farinha. Mecha cuidadosamente a mistura buscando a homogeneidade da cola, pois quanto menos empelotada ficar, melhor ela vai aderir à superfície. Depois que tudo estiver misturado, leve a panela ao fogo baixo e acrescente uma colher de açúcar, à medida que a cola esquentar continue mexendo sem parar, até que esta comece a ganhar um aspecto mais grosso e viscoso, quando chegar neste ponto já pode desligar o 78 fogo. Deixe a mistura esfriar e transfira-a para o balde ou recipiente ao qual será armazenada a cola, e está pronto. Para colar o cartaz, derrame um pouco da cola no chão ou em uma tigela e lambuze bem o rolinho de pintura, depois passe uma camada de cola na superfície onde será colado o cartaz, como mostra na imagem. Figura 65: Cola caseira sendo passada na superfície de uma caixa de força Coloque o cartaz sobre a superfície onde foi passada a camada de cola, faça isso com cuidado para que o cartaz não enrugue. Depois passe com o rolinho uma segunda mão de cola para que saiam as rugas e para dar mais resistência. Figuras 66,67 e 68: Cartaz sendo colado Fonte: Elaborado pelo autor 79 Figura 69: Lambe-Lambe colado Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Pedro Masson 80 3.5 Pintura a mão livre Anteriormente citamos alguns dos principais processos e técnicas utilizados na arte urbana, porém existem também os artistas que optam pelo trabalho a mão livre, feito in loco. Muitos passam bastante tempo esboçando seus trabalhos no caderno para depois fazer em uma parede na rua, outros preferem improvisar na hora. As ferramentas usadas nesse tipo de pintura podem ser compradas ou feitas em casa, são tão variadas que é quase impossível fazer uma lista completa de todas. A arte urbana vem sendo cada vez mais valorizada no mundo. Para as pessoas que estão interessadas em fazer trabalhos artísticos nas ruas é importante saber que atualmente estão sendo desenvolvidos materiais específicos para este tipo de arte, os quais podem ser encontrados em lojas conhecidas como ‘’graffiti’s shop’’ (loja de graffiti). A pintura a mão livre requer prática, principalmente com o uso do spray. Muitas pessoas acham difícil trabalhar com o spray, porém tudo é uma questão de treino. Primeiramente vamos entender como funciona uma lata de spray. Dentro da lata há duas substâncias, a tinta e o propelente, que é o gás em estado líquido capaz de impulsionar a tinta para fora, por isso é importante agitar bem o spray antes de usá-lo, para que essas duas substâncias se misturem. Além das substâncias, temos também o bico (comumente chamado de ‘‘cap’’), válvula que quando acionada libera a tinta e o propelente contidos na lata. Para obter o traço fino no spray existem diversos macetes, um deles é virar a lata com o bico para baixo, segura apertado por uns três minutos, desta maneira será expelido uma quantidade do gás propelente responsável pela pressão, retirando esta pressão a tinta sairá mais suave e o traço mais fino. Outro macete que pode ser usado para obter o traço fino é colocar um pedacinho de sacola de supermercado entre o bico e a lata, desta maneira o bico será parcialmente ‘’entupido’’ e a quantidade de tinta expelida diminuirá como mostra na figura a seguir. Figura 70: Sacolinha de supermercado usada para afinar o traço do spray 81 Como dito anteriormente, estão sendo fabricados materiais específicos para este tipo de arte. Existem ‘’caps’’ (bicos de spray) que podem dar diferentes tipos de efeitos na pintura como, traço fino, traço médio, traço grosso, esfumaçado, traço horizontal e efeito respingado e etc. Podem-se discernir estes bicos através de suas cores e formas, a figura a seguir mostra alguns exemplos dos bicos mais comuns encontrados nas lojas e suas respectivas funções. Figura 71: Tipos de bicos de spray Fonte: Pedro Masson 82 O graffiti é comumente associado ao uso do spray, porém essa é uma associação errada, pois muitos artistas fazem seus graffitis usando rolinhos de pintura, pinceis, broxas e etc. Para esse tipo de pintura é recomendado o uso da tinta Látex, que pode ser facilmente encontrada em lojas de pintura. Uma boa dica é preparar a superfície da parede passando uma mão de tinta látex onde será feita a pintura, desta forma sua arte vai permanecer mais tempo sem desbotar ou descascar. Outra dica é usar tinta látex e corantes da cor desejada para fazer o preenchimento do fundo do desenho, fazendo isso se pode economizar latas de spray, pois estas não são baratas. Sempre arrume seu quite de pintura antes de sair para pintar, com o tempo o artista vai aprendendo e desenvolvendo sua a arte, tomando o gosto por cores e materiais específicos, desta maneira também estará criando uma identidade visual Fonte: http://www.dedicated-store.de/wp2/wp- content/uploads/2010/10/dedicated_lx_flyer_capsv3.jpg 83 que permitirá que o seu trabalho seja discernido e reconhecido pelos admiradores de arte de rua que transitam pela cidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho foi compreender processos indispensáveis para o entendimento das intervenções artísticas urbanas contemporâneas, visto que isso se torna necessário na vida das pessoas a partir da convivência no cotidiano. Através da Abordagem Triangular, criada para auxílio no ensino das artes, pudemos encontrar um caminho para desvendar estes fatos artísticos contemporâneos, de maneira simples, podendo ser usados por pessoas de todas as idades. Os processos apresentados neste trabalho foram desenvolvidos para que possam ser reunidos em um livro contendo dados históricos, obras de artistas contemporâneos e tutorial de técnicas. Sabendo que as manifestações urbanas se ramificam em diversas diretrizes, este trabalho dedicou-se a desvendar as intervenções artísticas parietais da urbe, porém futuramente daremos continuação à pesquisa em busca de desvendar outras vertentes de expressões também encontradas nas ruas, as quais utilizam outros recursos e materiais para serem produzidas. Não obstante também planejamos aplicar a Abordagem Triangular proposta neste trabalho, utilizando o livro produto desta pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARGAN, Giulio. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. __________. História da Arte Como História da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2014. (Coleção a). 84 BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 2009. __________. Abordagem Triangular no Ensino das Artes e Culturas Visuais. São Paulo: Cortez, 2010. BRASIL Lei nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11331651/artigo-65-da-lei-n-9605-de-12-de- fevereiro-de-1998/noticias CARLSSON/LOUIE, Benke/Hop. Street Art CookBook (Técnicas e materiais para arte urbana). (1º edição, Ed.) São Paulo: Gustavo Gili, 2015. DOWNING, John. Mídia Radical. São Paulo: Editora SENAC, 2004. EINAUDI, Silvia. Museu Egípcio, Cairo. São Paulo: Folha de São Paulo, 2009. (Coleção Folha. Grandes Museus do Mundo, 4). GANZ, Nicolas. O mundo do Graffiti. São Paulo: Martins Fontes, 2004. GITAHY, Celso. O que é Graffiti. São Paulo: Brasiliense, 1999. MANO, Maíra Kubík Mano . “Pichação, a marca da desigualdade social”. Le Monde Diplomatique Brasil, 03 dez. 2009. MARTINS, Itajahy. Gravura: Arte e Técnica. São Paulo: Fundação Nestlé da Cultura e Laserprint Editorial, 1987. RODRIGUEZ, Luciana Jorge. Sticker : colando ideias. 2010. Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, 2010. SILVA, Ricardo Jorge dos Reis. Arte Pública como Recurso Educativo: Contributos para a abordagem pedagógica de obras de Arte Pública. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação Artística) Universidade de Lisboa. Lisboa, 2007. TRIP TRANSFORMADORES. 2 de dezembro de 2015. Entrevista com os OsGemeos – parte 01 [arquivo do vídeo]. Retirado de https://www.youtube.com/watch?v=HJm0NGz9Vzg REFERENCIAS EM SÍTIOS ELETRÔNICOS http://lattes.cnpq.br/1813924929238494 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11331651/artigo-65-da-lei-n-9605-de-12-de-fevereiro-de-1998/noticias http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11331651/artigo-65-da-lei-n-9605-de-12-de-fevereiro-de-1998/noticias http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104091/lei-n-9-605-de-12-de-fevereiro-de-1998#art-65 85 Documentário ‘’Brazilian Graffiti’’ Disponivel: Acesso em: 01/01/2016 Le Monde Diplomatique Brasil Disponivel: Acesso em 01/01/2016 Artista Vhils , Disponivel: < https://www.escritoriodearte.com/artista/alexandre-farto- aka-vhils/> Acesso em 01/01/2016 Artista Binho Ribeiro Disponivel : Acesso em 01/01/2016 Itaú Cultural, olhar atuante pela educação Disponivel : Acesso em 01/01/2016 Documentário ‘’Style Wars’’ Disponivel: Acesso em 01/01/2016 Tragédia de Pompeia Disponivel : Acesso em 01/01/2016 Arte erótica em Pompeia Disponivel: Acesso em 01/01/2016 História da cultura Hip-Hop Disponivel : Acesso em 01/01/2016 Artista Alex Vallauri Disponivel : Acesso em 01/01/2016 Sesc Tv, Alex Vallauri Disponivel : Acesso em 01/01/2016 Le Monde Diplomatique Brasil Disponivel : Acesso em 01/01/2016 Artista Mark Jenkis Disponivel: Acesso em 01/01/2016 Green Peace Disponivel: Acesso em 01/01/2016 86 Premio TED, Artista JR, Disponivel: Acesso em 01/01/2016 Artista Alex Hornest, Disponivel: < https://vimeo.com/90411092> Acesso em 01/01/2016 Documentário Pixo, Disponivel : Acesso em 01/01/2016 Leis da Constituição Federal, Disponivel: Acesso em 01/01/2016 Jus Brasil, Disponivel : Acesso em 01/01/2016 Artista Hudinilson Jr e grupo 3nós3, Disponivel: Acesso em 01/01/2016 Grupo 3nós3, Disponivel: < http://www.itaucultural.org.br/selecionado-novo- rumos/3nos3-intervencao-urbana/> Acesso em 01/01/2016 Artista Alex Vallauri, Disponivel: Acesso em 01/01/2016 Entrevista Mark Jenkis, Disponivel : Acesso em 01/01/2016 http://globoplay.globo.com/v/3088563/ http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9831/alex-vallauri 87 ANEXO 88 Anexo 01 - Sobre o autor da pesquisa e a ideia de fazer um livreto sobre a arte urbana Este anexo contém um pouco da trajetória artística do autor dessa pesquisa e também alguns acontecimentos que justificam a escolha do tema. Tudo começou por influência do meu avô Gilberto Masson, nascido em São Carlos em 1938, onde faleceu em 2000. Estudou na Escola de Belas Artes Dom Pedro 2º, no ano de 1955, paralelamente música, canto lírico e violino com o maestro Darwin Gioiosa. Em sua vida permeou por diversos âmbitos das artes como, escultura em argila, cera e metais (bronze, cobre e alumínio), também se aventurou na pintura em tela. Recebeu diversas medalhas de ouro e troféus de aquisição, além de ter participado da comissão organizadora da fase municipal do Mapa Cultural Paulista 2000, no Teatro Municipal de São Carlos. Suas obras encontram-se em diversas coleções particulares e no Museu de Arte do Parlamento em São Paulo. (http://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=264591) Figura 72: Obra ‘’O vendedor de Aves’’ de Gilberto Masson 89 Meu tio Renato Masson também exerceu grande influência em meu envolvimento com o universo da arte. Formado em Educação artística com habilitação em artes plásticas e desenho, com especialização em didática, trabalha em seu ateliê na cidade de São Carlos. Renato possui grande conhecimento teórico e técnico em escultura, desenho e pintura. Trabalha com diversos tipos de materiais, já realizou muitas obras e ganhou prêmios em salões de arte. Figura 73: Escultura em bronze e argila de Renato Masson Fonte: http://www.al.sp.gov.br/noticia/? id=264591 Fonte:s2.glbimg.com/ydfxR3qRVDX5zEwRhnwWQk83rYw=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2015/03/22/ exposicao_mulheres.jpg 90 Ele foi uma das minhas maiores influências artísticas; em 2001 me iniciou com aulas de escultura, desenho e pintura proporcionando meus primeiros contatos com materiais e técnicas artísticas. Em São Carlos (2009), foi quando tive minha primeira experiência com o graffiti. Quase sem repertório e sem contato com outros praticantes desta arte, comprei quatro latas de spray e fui para uma praça abandonada da cidade fazer uma pintura. Desde então comecei a conhecer outros praticantes da arte que trabalhavam com diferentes modalidades como lambe-lambe (pôsteres), estêncil, stickers (adesivos) e etc. Desta forma incorporei outras técnicas e estilos ao meu repertório, possibilitando que mais tarde viesse a desenvolver essa pesquisa. Figura 74: Primeiro graffiti de Pedro Masson (2009) Fonte: Elaborado pelo autor 91 Em 2011 ingressei na UNESP no curso Educação Artística com Habilitação em Artes Plásticas mudando-me para a cidade de Bauru. Paralelamente à faculdade, dei continuidade as minhas produções artísticas focando minhas experimentações na arte urbana, tendo trabalhado principalmente com o graffiti. Em minhas pinturas não me restringi apenas ao uso do spray, sempre incorporando diferentes técnicas a meu trabalho em busca de um estilo próprio, como por exemplo, o uso de rolinho de pintura, pincéis, spray e stêncil. Figura 75: Graffiti de Pedro Masson (2013) Figura 76: Graffiti de Pedro Masson (2014) Fonte: Elaborado pelo autor 92 Figura 77: Graffiti de Pedro Masson (2015) Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor 93 Figura 78: Graffiti de Pedro Masson (2015) Figura 79: Graffiti de Pedro Masson Fonte: Elaborado pelo autor 94 Fonte: Elaborado pelo autor 95 Paralelamente às produções artísticas urbanas, também foram desenvolvidos trabalhos de escultura em argila e em metal fundido, processos que me foram passados por herança familiar de meu avô Gilberto Masson. Figura 80: Escultura fundida em alumínio feita por Pedro Masson Fonte: Elaborado pelo autor 96 Figura 81: Escultura feita em argila por Pedro Masson No ano de 2014, me inscrevi na Secretaria de Educação de Bauru para dar aulas como professor substituto de arte, sendo chamado para lecionar na Escola Estadual Plinio Ferraz de Arruda. Neste ano, a escola não havia recebido o material didático para a matéria de Artes, então levei para dentro da sala de aula discussões acerca do tema Arte Urbana como, ‘’qual a diferença entre o graffiti e a pichação?’’ ou ‘’ graffiti é uma forma de arte?’’. Apesar de ser minha primeira experiência como docente em uma sala de aula, consegui despertar a atenção da classe por conta do tema abordado, pois este já era familiar aos alunos. A prova disso são as incontáveis pichações escritas por todas as partes da escola (carteiras, paredes, banheiros e etc.), os jovens já estão habituados com esse tipo de manifestação fora da instituição escolar, sendo assim, porque não utilizar das temáticas urbanas como forma de aprendizagem da arte? Podemos citar como exemplo a metodologia e teoria pedagógica desenvolvida por Paulo Freire, que, apesar de nunca ter se referido diretamente a especialidade do ensino da arte é bom lembrar que o pedagogo se valia de leitura de imagens com situações do cotidiano dos educandos para alfabetizar adultos em zonas rurais. Fonte: Elaborado pelo autor 97 Através deste caminho, pode-se despertar o interesse do aluno para o ensino, como também pode servir como ponte para outros assuntos a respeito da historia da arte, como por exemplo, a comparação das pinturas rupestres com a maneira que o homem se expressa nas ruas nos dias atuais, ou então a invenção das tintas em tubinhos que possibilitou que os impressionistas pudessem sair de seus ateliês para pintar ao ar livre, comparado ao modo como os grafiteiros utilizam a lata de spray para pintarem nas ruas. Outro acontecimento que levou a esta pesquisa foi em 2014 quando enviei projetos de oficina de graffiti para a Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes em Bauru, um dos projetos chama ‘’Graffiti com a terceira idade’’, o qual foi aprovado e realizado na cidade Cabrália Paulista. Essa oficina foi mais um dos acontecimentos que despertou o interesse sobre a necessidade da confecção de um material didático que pudesse levar um pouco do conhecimento da arte urbana para pessoas de vários âmbitos que buscam informações a respeito do assunto, sendo jovens, adultos ou idosos. Figura 82: Oficina ‘’Graffiti com a terceira idade’’ A primeira parte do projeto consistiu em apresentar para a terceira idade as linguagens artísticas presentes na arte urbana como letras e desenhos, as quais Fonte: Elaborado pelo autor 98 também estão indiretamente presentes no cotidiano da vida dessas pessoas. Mesmo o graffiti sendo uma expressão que comumente é associado ao público jovem, é importante que todas as pessoas habitantes dos grandes centros urbanos estejam informadas sobre as razões e contextos sociais que dão origem a tais manifestações, não apenas por serem reflexo da sociedade atual, mas também para que não vivamos em contato com o desconhecido. Sabendo que para a utilização do spray como ferramenta de pintura é necessário obter a prática advinda da constante utilização da mesma, nesta oficina foi necessário o trabalho com moldes (estêncil), devido a dificuldade da manipulação do spray pelos idosos, que tinham entre cinquenta e setenta anos. A utilização dos moldes delimitando as linhas das figuras tornou possível a utilização o spray pelos participantes da oficina. Figura 83: Participantes da oficina ‘’Graffiti com idosos’’ Figura 84: Mural realizado na oficina ‘’Graffiti com idosos’’ Fonte: Elaborado pelo autor 99 Como no caso mencionado anteriormente sobre minha experiência na escola Plinio Ferraz de Arruda, esta oficina de graffiti com a terceira idade também necessitou de um material didático específico para auxiliar no desenvolvimento do projeto, o qual também poderia ter sido entregue para cada um dos participantes após a conclusão do projeto. Sendo este mais um dos motivos pelo qual foi escolhido o tema desta pesquisa geradora do produto final que é o livreto. Fonte: Elaborado pelo autor INTRODUÇÃO CAPÍTULO 01 – O GRAFFITI NO MUNDO 1.1 Escritores de paredes: primeiras manifestações 1.2 Como o Sgraffito torna-se o graffiti que conhcemos hoje 1.3 O desenvolvimento do graffiti no Brasil CAPÍTULO 02 – OUTROS TIPOS DE INTERVENÇÕES URBANAS PARIETAIS 2.1 Stencil 2.2 Stickers 2.3 Lambe-Lambe 2.4 Adbusting 2.5 Graffiti Reverso 2.6 Graffiti Esculpido CAPÍTULO 03 – DESENVOLVIMENTO DE UM TUTORIAL DE TÉCNICAS, MATERIAIS E PROCESSOS PARA ARTE URBANA 3.1 Como fazer “Stickers’’ (adesivos personalizados) 3.2 Como fazer Estêncil (moldes vazados) 3.3 Como fazer um canetão “Esqueezer’’ 3.4 Como fazer Lambe-Lambe (pôsteres) e cola caseira 3.5 Pintura a mão livre CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Documentário ‘’Brazilian Graffiti’’ Disponivel: Acesso em: 01/01/2016 ANEXO