Sorocaba 2022 LUSIA APARECIDA DE SOUZA A UTILIZAÇÃO DO EFLUENTE DA CARCINICULTURA EM SISTEMAS DE BIOFLOCOS (BIOFLOC TECHNOLOGY) PARA PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS EM AQUAPONIA Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” na Área de Concentração Diagnóstico, Tratamento e Recuperação Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Manuel Enrique Gamero Guandique Sorocaba 2022 LUSIA APARECIDA DE SOUZA A UTILIZAÇÃO DO EFLUENTE DA CARCINICULTURA EM SISTEMAS DE BIOFLOCOS (BIOFLOC TECHNOLOGY) PARA PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS EM AQUAPONIA Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca do InstitutodeCiência e Tecnologia, Sorocaba. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. S729u Souza, Lusia Aparecida de A utilização do efluente da carcinicultura em sistemas de bioflocos (biofloc technology) para produção de hortaliças em aquaponia / Lusia Aparecida de Souza. -- Sorocaba, 2022 40 p. : tabs., fotos Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Ciência e Tecnologia, Sorocaba Orientador: Manuel Enrique Gamero Guandique 1. Biofloc. 2. Aquicultura. 3. Hortaliças. 4. Aquaponia. 5. Reuso. I. Título. AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Manuel Enrique Guanero Guandique pela oportunidade me dada e pela confiança e paciência, por acreditar em mim e sempre me encorajar a seguir adiante. Aos meus colegas de turma da pós, principalmente ao meu querido amigo que o programa me trouxe, Sandro Aparecido Magro. Gratidão, amigo! Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais - PPGCA, da Universidade Estadual Paulista - UNESP/Sorocaba pela oportunidade de cursar pós-graduação. Aos professores integrantes do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais pelo aprendizado adquirido durante as disciplinas cursadas. Aos meninos do laboratório Pedro Bartholo e Victor Oliveira que me auxiliaram na análise dos dados e coletas. Gratidão! Agradeço aos funcionários da UNESP de Sorocaba por proporcionar condições para a realização deste trabalho. À empresa Bass Piscicultura, pelo apoio e por ceder o espaço fisico para a realização do mesmo, em especial à Msc Fabiana Grechi pelos ensi namentos e trocas diárias. Gratidão! À minha Vida! Obrigada pelo amor diário e pelo cuidado. Te amo! A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho, muito obrigada! O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar, Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença muda a nossa vida, depois convida a rir ou chorar. Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos numa linda passarela De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá. (Toquinho e Vinícius de Moraes) (In memoriam) Maria Aparecida de Almeida Souza, minha mãe, que Deus lhe traga o conforto que a Terra não lhe deu, fique em paz. RESUMO: Com o aumento do consumo de pescado e declínio dos estoques pesqueiros, a aquicultura foi incentivada em especial a carci nicultura, a partir dos anos 2000, chegando atualmente à marca dos 55% da produção mundial de crustáceos. Sob a ótica da sustentabilidade, sendo a água recurso natural essencial à vida, entende-se que seu adequado. Reuso trata-se de ação em benefício da comunidade e do ambiente. Esse estudo teve como objetivo avaliar a eficiência da planta halófita Sandorcocornia ambigua para tratamento do efluente decorrente da produção de camarões Litopenaeus vannamei em sistemas de bioflocos, ao longo de dois ciclos de produção, totalizando 270 dias de observação, para redução dos índices de nitrogênio na água do sistema de cultivo, aumentando sua utilização e evitando a contami nação do solo e lençol freático, refletindo em melhor custo benefício da produção. Durante os experimentos, a água descartada dos clarificadores foi depositada em reservatório, com bancada de sistema Filme Nutriente (NFT – Nutrient Film Technique) hidropônica dispostos longitudinalmente sobre este. As raízes das plantas ficaram submersas no filme d’agua que passava através dos canais de irrigação em contato as raízes das plantas. Durante todo o processo as variáveis ambientais e físico-químicas, assim como da água, foram tomadas diariamente. Verificou-se que houve redução nos níveis de amônia e desenvolvimento satisfatório da planta, representando produção vegetal adequada,o que permite concluir que a reutilização do efluente em aquaponia é eficiente, tanto do ponto de vista de tratamento da água, quanto do produtivo. Palavras Chaves – Reuso, efluente, água salinizada, planta halófita ABSTRACT: With the increase in fish consumption and the decli ne in fish stocks, an aquaculture was encouraged, especially for shrimp farmi ng, from the 2000s onwards, currently reachi ng the mark of 55% of the world production of crustaceans. From the perspective of sustai nability, si nce water is a natural resource essential to life, it is understood that it’s reuse is adequate in for the community to benefit of the land the environment. This study aimed to evaluate the efficiency of the Sacocornia ambigua halophyte plant for the treatment of effluent from the production of Litopenaeus vannamei shrimp in biofloc systems, over two production cycles, totaling 270 days of observation, To reduce the nitrogen level in the water from the cultivation system, increasing it’s use and avoiding contamination of the soil and cultivation benches, resulting in better cost-effectiveness in production. During the experiments, the water discharged from the clarifiers was deposited in a reservoir, with a hydroponic Nutrient Film System (NFT - Nutrient Film Technique) bench arranged longitudinally on it. With the roots of established plants submerged in the film of water that passed through the irrigation pipe. Throughout the process, as variables defined and physical, as well as water, were considered daily, it was found that there was a reduction in ammonia levels and satisfactory plant development, representi ng adequate plant production, which allows us to conclude that the reuse of effluent in aquaponics is efficient, both from the point of view of water treatment and production. Key Words - reuse, effluent, saline water, halophyte plant LISTA DE SIGLAS A.C. – Antes de Cristo BFT- Biofloc Technology B – Boro CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente CaCo3 – Carbonato de Cálcio Ca – Cálcio Cl – Cloro DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio F – Flúor FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. K - Potássio LCM – Laboratório de Camarões Marinhos Mg – Magnésio NAT – Nitrogênio Amoniacal Total NFT- Nutrient Film Technique NO2 – Dióxido de Nitrogênio NO3 – Nitrato OMS – Organização Mundial da Saúde. OPAS- Organização Panamericana de Saúde pH – Potencial Hidrogeniônico PL10 – Pós Larva com 10 dias PVC - Polyvinyl Chloride LISTA DE FIGURAS Figura 1. Desenho esquemático da estrutura montada para o experimento ............ 28 Figura 2. Desenvolvimento das Plantas Halófitas ................................................... 35 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Médias parâmetros 1ª safra ..................................................................... 31 Tabela 2. Médias parâmetros 2ª safra ..................................................................... 32 Sumário 1. INTRODUÇÃO................................................................................14 2. OBJETIVOS....................................................................................19 2.1. Objetivo Geral ...................................................................... 19 2.2. Objetivos Específicos. .................................................. .......19 3. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................20 3.1. Reuso .....................................................................................20 3.2. Aquicultura..............................................................................22 3.3. Carcinicultura.........................................................................23 3.4. Sistema de Biofloco – BFT “ Biofloc Technology” ................. 23 3.5. Aquaponia...............................................................................24 3.6. Reuso em Aquicultura.............................................................25 4. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................25 4.1. Local de Estudo ..................................................................... 25 4.2. Material Biológico...................................................................25 4.2.1. Camarões L. Vannamei..............................................25 4.2.2. Plantas.......................................................................26 4.3. Delineamento Experimental .................................................. 26 4.4. Variáveis Físico-Químicas da água......................................29 4.5. Desempenho Zootécnico dos Camarões.............................29 4.6. Índice de Produção das Plantas .......................................... 29 4.7. Análise Estatística ................................................................ 30 5. RESULTADOS E D ISCUSSÃO ...................................................... 30 5.1. Sistema de Cultivo dos Camarões ...................................... 30 5.2. Reservatório Experimento com Plantas .............................. 32 5.3. Desenvolvimento das Plantas Halófitas. ............................. 34 5.4. Desenvolvimento das Plantas Comerciais. ......................... 35 6. CONCLUSÃO .................................................................................. 36 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 36 14 1. INTRODUÇÃO De todos os recursos naturais importantes à sustentabilidade, a água requer atenção urgente, pois é através dela que toda vida nasce e se mantém, sendo encontradas referências de relações das sociedades humanas com este recurso natural renovável, em diferentes épocas, povos e culturas, como elemento vital e fundamental ao desenvolvimento (TELLES, 2012). Assim, um dos maiores desafios da humanidade, em nosso século, seria garantir o uso sustentável dos recursos hídricos. De acordo com o posicionamento crítico adotado por Satterthwaite (2004), entende-se sustentabilidade como o princípio estruturador de um processo de desenvolvimento centrado nas pessoas e, tornando-se assim um fator mobilizador da sociedade humana para readequação dos padrões de comportamento e os valores dominantes: (...) a resposta às necessidades humanas nas cidades com o mínimo ou nenhuma transferência dos custos da produção, consumo ou lixo para outras pessoas ou ecossistemas, hoje e no futuro (SATTERTHWAITE, 2004). Sob a ótica deste conceito de sustentabilidade entende-se que as sociedades humanas devem utilizar os recursos naturais de forma a não alterar as condições de equilíbrio do planeta como um todo, o qual depende do equilíbrio climático e da manutenção da biodiversidade. O desenvolvimento estaria então limitado à disponibilidade da água, tanto em relação ao fator quantidade quanto à sua qualidade. Nesse sentido, a falta de água, seja em quantidade ou qualidade, é um dos principais problemas atuais (TELLES, 2012). Além da poluição dos corpos d’água, as altas densidadespopulacionais tornaram prioritário o uso das águas superficiais para abastecimento público e geração de energia elétrica, tornando mais escassa a água para as atividades agropecuárias localizadas em áreas periurbanas. O grande desafio está em produzir de modo sustentável, utilizando o mínimo possível de recursos naturais não renováveis e, otimizando o funcionamento de cada sistema de produção. Devem ser direcionados esforços para que simultaneamente seja realizado o tratamento dos efluentes, sejam 15 eles domésticos ou industriais e, o adequado reuso em benefício da própria comunidade e do ambiente (GIANNETTI et al., 2006). A aquicultura é uma atividade zootécnica que engloba técnicas de produção de organismos aquáticos, criados sob diferentes condições, localidades geográficas, formas de cultivo e destino final da espécie explorada. Em função da variação das técnicas de cultivo e manejo, de acordo com grau e a intensidade dessas, é que as interações com o meio ambiente e a exploração dos recursos naturais terão consequências ambientais benéficas, neutras ou negativas, representando diretamente o quanto o manejo ambiental é efetivo e socioecononomicamente sustentável (HUNDLEY, 2013 apud LEWIS ET AL., 1978; CHOPIN E SAWHENEY, 2009). O crescimento exponencial do consumo de pescados e proteínas oriundas dos organismos aquáticos nas últimas três décadas, somada à poluição dos ambientes aquáticos, tem levado à redução dos estoques pesqueiros, tornandoa aquicultura a principal alternativa para suprir a demanda do mercado consumidore, resultando na busca de novas tecnologias e meios de produção sustentáveis e economicamente viáveis (FAO, 2018). Num primeiro momento, o aumento da produção aquícola, além de gerar lucro e renda para toda a cadeia, também traz impactos ambientais negativos pelo descarte de efluentes com alta concentração de compostos orgânicos, principalmente os compostos nitrogenados e o fósforo, resultando na eutrofização dos ambientes naturais onde é feito o deságue dos sistemas de criação. Na carci nicultura comercial, na qual é feita a criação em cati veiro de camarões marinhosda espécie Litopenaeus vannamei, principalmente no litoral do nordeste brasileiro, com a utilização no cultivo de rações comerciais com teor de proteína bruta em torno de 45%, apenas cerca de 20% do nitrogênio presente é recuperado na biomassados animais, sendo o restante excretado e acumulado na água, o que torna necessário um sistema de cultivo que permita a metabolização desse nitrogênio antes da liberação no meio ambiente (PINHEIRO, 2015). Visando a expansão da aquicultura de forma sustentável, u m a busca diária por diferentes tecnologias que permitam o aumento da produção, redução dos custos e mitigação dos efeitos danosos é prioridade. Nesse contexto, destaca-se o cultivo em bioflocos (Biofloc Technology – BFT), pensada para a maximização da 16 produção e a utilização dos recursos de forma eficiente, considerada biossegura quando comparada a outros meios de cultivo, em função da minimização da troca d’água com o ambiente (SCOPEL et al., 2011 apud AVNIMELECH, 1999). Conhecido como um dos principais sistemas de cultivo sem renovação de água, com baixo volume de águas residuais, os bioflocos constituem-se poralgas, bactérias, protozoários e matéria orgânica particulada, como restos de ração, fezes, partes e restos de animais mortos agregados, dando origem ao nome biofloco. Um dos principais objetivos desse sistema, além da não renovação de água, é a remoção de nutrientes adicionados e não utilizados pelos animais, seja via trato ou excreção como, por exemplo, o nitrogênio que é excretado através deamônia pelos organismos aquáticos, tornando-se assim uma forma de retroalimentação do sistema – a produção de flocos é estimulada com a adição de carbono, para também para ser usada como suplemento alimentar adicional para as espécies (DE SCHERYER et al., 2008; HARGREAVES, 2013). Durante o processo de produção em sistemas fechados, como BFT, a rápida eutrofização por nutrientes e o excesso de sólidos suspensos tornam-se um problema para os cultivos. Diante disso, a clarificação passa a ser uma alternativa para o controle de matéria orgânica particulada em suspensão, podendo refletir na melhora dos parâmetros de qualidade d’água do cultivo (GAONA, 2011). Diante desse cenário, algumas alternativas vêm sendo utilizadas para tratar efluentes, em sua maioria, oriundos de baixa salinidade. Temos o exemplo dos wetlands, construídos com macrófitas aquáticas flutuantes (SAND ILARIU; BRINKER; REITER, 2009) e a fertirrigação, que utiliza esses efluentes na irrigação de frutas e vegetais, como por exemplo, o feijão-vigna (SANTOS, 2009). Porém, o mesmo não ocorre com efluentes com taxas elevadas de sali nidade que, além de se caracterizar como um grave problema ambiental, sua elevada concentração de sais no solo causa perdas consideráveis para a agricultura mundial, seja por causar perdas em cultivos já estabelecidos, seja por inviabilizar a exploração de novas áreas agricultáveis (OLIVEIRA et al., 2011 apud FLOWERS, 2004; MUNNS et al., 2006). De acordo com Wang (2003), para manter as taxas de crescimento da atividade em níveis sustentáveis, deve-se buscar meios para diminuir a quantidade de 17 água demandada e efluentes produzidos. Para o cultivo de Litopenaeus vannamei a água é sali nizada artificialmente, técnica que é muito utilizada em cultivos interioranos, afastados do mar. O custo dessa salini zação representa um valor significativo durante o processo de produção, cerca de R$30,00/m³. A racionali zação do uso da água torna-se, portanto, uma ação estratégica e indispensável, principal motivo pelo qual, sistemas de recirculação que integram processos de tratamento de efluentes têm ganhado interesse em nível mundial (LIN et al., 2003). Ao mesmo tempo, os efluentes dos viveiros de camarão, ricos em nutrientes e matéria orgânica, podem contribuir para mudanças no estado trófico dos corpos hídricos receptores (CASTELLO et al., 2008; ALENCAR et al., 2010), precisando ser adequadamente tratados antes da descarga final. Sandu et al. (2002) afirmam que, se fossem introduzidos métodos de reciclagem e reuso nas atividades produtivas, a descarga final poderia ser reduzida em até 90%, o que representaria uma economia considerável de água e custos. Uma das alternativas para os efluentes da carcinicultura, já estudada, é o culti vo de vegetais através do sistema de aquaponia, o que aumenta a remoção de nutrientes, melhorando a qualidade de água antes de seu retorno aos viveiros (CASTELLANI et al., 2009). Ela surge como uma alternativa sustentável e inovadora para o tratamento desses sólidos suspensos, evitando o descarte do efluente e, consequentemente, uma diminuição nos custos de salinização d’agua. A aquaponia é a aquicultura combi nada com a hidroponia1 em um sistema multitrófico único, que recircula levando os nutrientes não utilizados pelos organismos aquáticos, ou encontrados no sistema, para as plantas para que, com a absorção desses antes do retorno ao sistema de cultivo, promova-se o seu crescimento e, propiciando condições estáveis e ideais na água para o cultivo dos organismos aquáticos (TYSON, TREADWELL & SIMONNE, 2011). 1 Hidroponia: produção de organismos vegetais utilizando um conjunto de técnicas de cultivo de plantas sem uso do solo, onde nutrientes minerais essenciais são fornecidos através de uma solução nutritiva balanceada, atendendo às necessidades nutricionais (NETO & BARRETO, 2012). 18 Alguns autores obtiveram êxito em seus trabalhos na produçãode vegetais irrigados com efluentes da carcinicultura e de sistemas de BFT’s, tornando- o ainda mais sustentável (PINHEIRO, 2015 apud DUFAULT E KORKMAZ, 2000; DUFAULT et al., 2001; LEITÃO et al.; 2011; MARISCAL-LAGARDA et al.; 2012; MIRANDA et al.; 2008). Portanto, o objetivo desse estudo foi avaliar a utilização do efluente oriundo dos clarificadoress do sistema de bioflocos da produção de camarão Litopenaeus vannamei, em águas sali nizadas artificialmente, para a produção sustentável de vegetais utilizando o sistema aquapônico, de modo ambientalmente correto e economicamente viável, com a redução dos custos de produção e aumento da rentabilidade. A maioria das produções utilizando sistemas aquapônicos comerciais, que envolve o cultivo de vegetais tidos como comerciais, utiliza espécies como alface, espinafre, tomate, pepino e pimentão que, pela literatura, não são tão tolerantes a altas concentrações de salinidade (PINHEIRO, 2015 apud GRABER; JUNGE, 2009). Para tornar possível a utilização da água salini zada artificialmente, alguns autores realizaram experimentos bem-sucedidos com plantas halófitas de usocomercial que apresentam bastante tolerâcia à sali nidade. As halófitas crescem ao longo de manguezais e marismas (ROZEMA; SCHAT, 2013; SHPIGEL et al., 2013; WEBB et al., 2012). As plantas do gênero Sarcocornia (familia Amaranthaceae) são caracterizadas pela morfologia simples, uma vez que produzem somente brotos suculentos, aparentemente sem folhas, com ciclo de vida perene e com flores alinhadas horizontalmente nos brotos (SAGI, 2013; VENTURA et al., 2011). No Brasil, há ocorrência de espécies popularmente conhecidas como “Aspargo do Mar”, como a Sarcocornia ambigua, comercializados na Europa como um vegetal fresco e desfolhado que se assemelha ao tradicional aspargo, apreciado na alta gastronomia pela capacidade de saborizar pratos pelo seu sabor salgado, e principalmente por seu elevado valor nutricional (VENTURA et al., 2011). O uso de plantas halófitas, dos gêneros Sarcocornia e Salicornia, vem ganhando destaque também no tratamento de efluentes da aquicultura marinha, por serem tolerantes a salinidades tão elevadas quanto à da água do mar, além de apresentarem alta produtividade e capacidade de absorção de nutrientes (BUHMANN et al., 2015; GLENN et al., 2013). 19 Desta forma, visando contribuir com as questões socioambientais o presente trabalho avaliou a utilização do efluente da água sali nizada artificialmente, oriunda dos clarificadores do sistema de produção de camarões com bioflocos, em aquaponia para a produção de Sarcocornia ambigua, de modo a não contaminar o ambiente, considerando que o descarte da água salini zada pode acarretar na diminuição do potencial nutricional dos solos e em alterações de propriedades físico- químicas da água do lençol freático, devido à liberação de precipitados de ferro e susceptibilidade a riscos ecológicos, que ocorrem devido às concentrações de cobre, cádmio e manganês, ou ainda a diminuição do lançamento de efluentes nos cursos d’água, que resultariam na eutrofização destes. 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Utilização do efluente oriundo da produção de camarões marinhos em sistema de bioflocos, em águas salini zadas artificialmente, para a produção sustentável de organismos vegetais em aquaponia de modo ambientalmente correto e economicamente viável. 2.2. Objetivos Específicos  Testar a eficiência da planta halófita Sarcocornia ambigua, nos sistemas NFT (de calhas), como possível redutora de compostos nitrogenados no ambiente aquático;  Verificar o uso de plantas comerciais quanto à tolerância em altas salinidades;  Determinar os componentes do efluente descartado ao longo da produção;  Reutilizar o efluente após a produção dos vegetais, a fim de evitar o desperdício da água salinizada artificialmente. 20 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. Reuso A taxa de contaminação dos recursos hídricos é muito mais elevada na América Latina que em outras regiões do mundo: fazendo um cálculo per capita, a América do Sul contamina quase 11 vezes mais a água doce que a Europa e estima- se que menos de 10% dos municípios da América Latina e Caribe tratam adequadamente as águas residuárias antes de dispô-las aos cursos naturais deágua (OPAS, 2007). No Brasil, o controle dos recursos hídricos e do lançamento de efluentes, resíduos orgânicos ou inorgânicos de quaisquer atividades agrícolas, urbanas ou industriais, descartados no ambiente, tratados ou não, teve início na década de 70, sendo tratada mais especificamente em 1986, quando foi editada a Resolução CONAMA nº 20/1986, que tratava da classificação e enquadramento dos corpos d'água no Brasil. Em 2005, houve alteração desta Resolução com a ediçãoda Resolução CONAMA nº 357/2005, que também foi alterada em 2008 pela Resolução CONAMA n° 397. Recentemente, o Conselho Nacional de Meio Ambientepublicou a Resolução n°. 430, em 13 de maio de 2011, que trata das condições, parâmetros, padrões e diretrizes para a gestão do lançamento de efluentes em corpos d'agua receptores, determinando que efluentes de qualquer fonte poluidora somente podem ser lançados diretamente nos corpos receptores após tratamento adequado e seguindo as devidas orientações legais. A Resolução nº 430/2011 estabelece ainda que os responsáveis por fontes poluidoras devem realizar o automonitoramento periódico dos efluentes lançados, levando em consideração critérios e procedimentos de automonitoramento que poderão ser estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, devem ser definidos pelo próprio responsável considerando as normas técnicas específicas sobre o tema. Uma vez poluída, a água pode ser recuperada e reusada para fins diversos. A qualidade da água utilizada e o objeto específico do reuso estabelecerão os níveis de tratamento recomendados, os critérios de segurança a serem adotados e os custos de capital e de operação e manutenção associados (HESPANHOL, 2008). 21 A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) recomenda para o tratamento de efluentes - cujo principal propósito é a redução da elevada demanda bioquímica de oxigênio (DBO), sem a necessidade de diluir as águas residuárias - a utilização do sistema de lagoas de estabilização em série, em função de sua grande eficiência para remoção de patógenos, principalmente nos casos de esgotos domésticos. É o método mais adequado aos países em desenvolvimento de regiões tropicais e subtropicais, pois há disponibilidade de áreas próximas às cidades e a ação natural do calor e da luz solar aceleram o crescimento de microorganismos, favorecendo a degradação biológica da matéria orgânica. Neste sistema, o qual tem sido o mais utilizado em cidades de pequeno e médio porte por todo o mundo, busca- se remover os sólidos presentes e, o processo de transformação da matéria orgânica libera nutrientes e gera uma grande biomassa de algas, indicando assim uma porta para entrada de sistemas de Reuso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o Reuso de águas residuárias uma forma de promover o saneamento, já que agrega valor ao tratamento de esgotos, através do potencial aproveitamento dos subprodutos do processo – nutrientes, lodo e biomassa de algas - para agricultura e aquicultura com tecnologia simples e sem necessidades de equipamentos e energia convencional (NUVOLARI, 2011; FELIZATTO, 2000; VON SPERLING, 1995; OPAS, 1990; OMS, 1989). O Reuso pode ser entendido como uma forma de reaproveitamento de efluentes, após algum tipo de tratamento, sendo geralmente um prolongamento da funcionalidade da água já utilizada (COSTA, 2012). No Brasil, a aceitação ao Reuso da água ainda é pequena, talvez devido à falta de divulgação ou de incentivo à aplicação de suas tecnologias, apesar dos programas de racionali zação do uso de recursos hídricos já contemplarem o país como ferramenta de otimização do uso (MOURA, 2020). Os benefícios resultantes do Reuso do efluente tratado, ao contrário de disposição ou descarga, incluem preservação de fontes de qualidade elevada, proteção ambiental e benefícios econômicos e sociais (COSTA, 2012) estabelecidos pelo órgão ambiental competente ou, na sua ausência, devem ser definidos pelo próprio responsável, considerando as normas técnicas específicas sobre o tema. 22 3.2. Aquicultura A aquicultura é uma atividade zootécnica, multidisciplinar, que pode ser definida como a produção racional de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas cultivados em cativeiro, com controle das etapas de cultivo, aplicação de princípios científicos e emprego de técnicas adequadas de manejo (ELER, 2007). A média de consumo global de pescado per capita, que em 1961 era de 9 kg/ano por habitante, atingiu a média de 20,5 kg/ano em 2018, sendo que deste consumo cerca de 65% são de pescados provenientes da aquicultura. A produção da aquicultura brasileira atualmente gira em torno de 581 mil toneladas/ano, representando crescimento na produção pesqueira brasileira de 24,2% de 2010 até 2016, havendo ainda a estimati va que esse percentual chegue a 84% até 2030 (FAO, 2020). Esse crescimento da aquicultura apresenta-se contrário à balança do declínio da captura de pescado, resultante do aumento da pesca extrativista e predatória, de modo intensi vo e desordenado, que causou uma forte redução dos estoques de pescado no mundo, ao ponto de ultrapassar a sua capacidade de reprodução, além de tornar os esforços para a captura de peixes cada vez mais onerosos (SEAG, 2008; FAO, 2020). Considerando a disponibilidade de água no Brasil e a informação da FAO (2007) de que um hectare de criação de peixes produz mais alimento do que a criação de qualquer outra espécie de interesse zootécnico, a aquicultura apresenta grande potencial para se desenvolver. Porém, apesar dos benefícios sociais e econômicos, tais como a produção de alimento com menor custo e a geração de empregos, deve - se considerar que todas as atividades produtivas são impactantesao ambiente (TUNDISI, 2008). Para a aquicultura em geral, é fundamental o estabelecimento de políticas através das quais seja otimizado o setor aquícola para o bem-estar econômico e socioambiental, inclui ndo a segurança alimentar, a inclusão social e a conservação ambiental, diretrizes fundamentais nos processos de gestão ambiental (CYRINO, 2010). 23 3.3. Carcinicultura A expansão da carcinicultura tem demonstrado a sua importância dentro da aquicultura. O planejamento no desenvolvimento da carcinicultura no Brasil começou a ocorrer a partir dos anos 2000, quando a produção de camarão passou a ser considerada altamente lucrati va, principalmente na região nordeste (AVNIMELECH, 2009), evoluindo rapidamente e chegando a representar, em 2010, 55% da produção mundial de crustáceos, tendo a espécie Litopenaeus vannamei superado a marca de 2,5 milhões de toneladas (FAO, 2012). A espécie Litopenaeus vannamei (Boone) (Crustacea, Decapoda, Penaeidae), popularmente conhecido como Camarão Branco do Pacífico, é a única espécie cultivada nas três Américas e na Ásia e tem uma boa aceitação, tanto no mercado consumidor, quanto para o cultivo, em consequência de características como precocidade e rápido crescimento, eficiência na conversão alimentar,tolerância às variações ambientais e altas taxas de sobrevi vência em condições costeiras ou interioranas das zonas tropicais e semitropicais, ressaltando-se ainda sua alta capacidade de adaptação às baixas salinidades (OSTRENSKY, 2002; KRUMMENAUER, 2014). Embora o cultivo de camarão marinho tenha uma história relativamente recente em relação aos demais segmentos da aquicultura, hoje a carci nicultura representa a força motriz para o desenvolvimento de tecnologias e serviços para o setor aquícola mundial (ROCHA, 2013). 3.4. Sistema de Bioflocos BFT – “Biofloc Technology” O Sistema de Bioflocos – BFT, consiste na transformação do nitrogênio presente no ambiente aquático de cultivo, oriundo da alimentação não consumida e de excretas, através da adição de fontes de carbono orgânico (facilmente degradáveis, como melaço, dextrose e até alguns de menor solubilidade, como dos farelos vegetais) para formação de agregados microbianos, constituídos de bactérias, microalgas, protozoários, rotíferos, fezes, exoesqueletos, restos de organismos mortos, entre outros, disponíveis como proteína microbiana, altamente nutritiva como alimento suplementar, melhorando a conversão alimentar (WASIELESKY et al., 2006; 24 CRAB et al., 2012). Dessa maneira, a tecnologia BFT permite a intensificação da densidade de estocagem, bem como o aumento da produtividade com melhor relação custo- benefício, uma vez que são menores os esforços para o tratamento da água, sendo o residual desse processo o alimento disponível para os animais, caracterizando a carcinicultura no sistema de bioflocos como um ambiente de cultivo altamente oxigenado, povoado com altas densidades de camarões, fertilizado com fontes ricas em carbono, promovendo o surgimento da biota bacteriana predominantemente heterotrófica, que realizará o processo de nitrificação (SAMOCHA et al, 2007). As bactérias heterotróficas utilizam a amônia como fonte de nitrogênio, sendo esta decomposta aerobicamente, o que justifica a aeração suplementar para suprir o aporte de oxigênio dissolvido no ambiente de cultivo. A absorção do nitrogênio inorgânico, promovida pelo crescimento bacteriano heterotrófico, promove a redução nas concentrações de amônia mais rapidamente do que o processo de nitrificação. As bactérias heterotróficas têm a taxa de crescimento e produção da biomassa bacteriana 10 vezes superior às das bactérias nitrificantes, que em decorrência de seu lento crescimento lento, reflete no acúmulo de altas concentrações de nitrito no ambiente aquático (HARGREAVES, 2006). Além do ganho econômico, há que se avaliar ainda o ganho no âmbito ambiental, uma vez que se trata de sistema de cultivo com mínima ou sem renovação de água, reduzindo a liberação de efluentes e minimizando o impacto ao meio ambiente. De igual modo, eleva a biossegurança do cultivo, através da reduçãodas vias de introdução e disseminação de enfermidades, permitindo ainda realizaçãode sucessivos ciclos de produção de camarões sem a necessidade de renovação da água (MCINTOSH et al., 2000). 3.5. Aquaponia A escassez de água, associada à deterioração dos ambientesaquáticos, assim como à preocupação com sua conservação, torna o Reuso de efluentes, especificamente em piscicultura, um importante objeto de estudos, principalmente os 25 que visem avaliar sua qualidade para a produção de alimentos, como é o caso da Aquicultura. O uso de excretas na piscicultura constitui uma prática centenária, se não milenar, principalmente na Ásia (China, Cingapura e Índia, Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã). A utilização de subprodutos oriundos da agricultura e das criações de diversas espécies terrestres como fonte de matéria orgânica na alimentação de peixes, ou como fertilizante na água, foi a origem da piscicultura na China em 475 a.C. (PROENÇA & BITTENCOURT, 1994). 3.6. Reuso em Aquicultura A viabilidade de reuso do esgoto tratado em aquicultura é relatada por diversos autores, como Bartone et al. (1990) e El-Golary et al. (1995), que afirmaram que além do sucesso na utilização, houve uma melhoria da qualidade do efluente após o Reuso. 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Local de Estudo O experimento foi conduzido na Piscicultura Bass, localizada na cidade de Boituva, SP – Brasil. O local já trabalhava com a produção de organismos aquáticos em sistemas de BFT, inclusive com a espécie Litopenaues vannamei. Sendo realizado em duas fases e épocas distintas, a primeira de setembro a dezembro, chamada de “1ª safra”, e a segunda de dezembro a abril, chamada “2ª safra”, totalizando 270 dias de observação. 4.2. Material Biológico 4.2.1. Camarões L. vannamei Foram adquiridas pós-larvas de Litopenaues vannamei de laboratório comercial (Aquatec LTDA, Caguarema, RN, Brasil), de linhagem livre de patógenos específicos (SpeedLine SPF), no estágio PL10, que representa sua idade cronológica após completar o período de metamorfose. Após transporte aéreo em sacos 26 pressurizados com oxigênio, as larvas chegaram na piscicultura para a 1ª safra em 06/09/2018, apresentando peso e comprimento médio total inicial de 0,007± 0,001g e 10,00 ± 0,05mm, respectivamente. 4.2.2. Plantas As plantas halófitas Sacocornia ambígua, (Michx.) Alonso & Crespo, utilizadas durante o experimento eram oriundas do Laboratório de Camarões Marinhos (LCM) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As plantas matrizes oriundas do Banco do LCM – UFSC foram cortadas em estacas de 10 centímetros de comprimento, sem folhas e com parte inferior em bisel, para produção de mudas através de propagação vegetativa (estaquia) em sistema aquapônico de Filme Nutriente -NFT. O método utilizado foi o mesmo empregado por Pinheiro (2015), em seu experimento realizado no LCM da UFSC. Após o período de enraizamento, 13 mudas foram levadas para as calhas da bancada aquapônica. Já as mudas de cunho comercial, foram hortaliças com cerca de 7 dias, adquiridas em casa de vegetação de nome Chácara Rodrigues, localizada na cidade de Porto Feliz, SP. Foram 04 mudas de alecrim (Rosmarinus officinalis, L.), 04 mudas de alface (Lactuca sativa, L.), da variedade crespa, 0 4 mudas de espinafre (Spinacia oleracea, L.) e 03 de manjericão (Ocimum basilicum, L.). 4.3. Delineamento Experimental A unidade experimental compreende: o sistema de cultivo dos camarões, clarificadores e reservatório de efluente e, bancada com as plantas, apresentados detalhadamente a seguir. O sistema de cultivo de camarões em bioflocos teve início após o recebimento e aclimatação das larvas para povoamento em 05 tanques retangulares, feitos em lona, através do processo de calandragem, composta por tecido de poliéster de alta tenacidade e revestida em ambas as faces com camadas de PVC, com espessura nominal de 0,58mm e gramatura de 680 g/m², com dimensões 2,5m x 5,0m e altura de 1,20m, com volume útil de 12,5 m³ de águacada um (berçário). E outro tanque retangular de 3,5m x 10,0m e altura 1,10 m com volume útil de 35 m³ (tanque engorda) em sistema intensivo com bioflocos microbianos, com aeração 27 forçada por compressor radial, isento de óleo, compotência de 3cv e, vazão de 2400 litros de ar por minuto, compressão de 1400mmCa, e sistema de recirculação com retorno do tipo venture e água salinizada artificialmente a 15 mg L-1, na densidade de 600 animais por m³, com prática do sistema de manejo já adotado na Piscicultura. Os animais receberam alimentação, diariamente, quatro vezes ao dia, às 07:00h, 11:00h, 17:00h e 21:00h. Foi utilizada ração comercial peletizada com teor de proteína bruta de 38% (Presence Density, Rio Grande do Norte, Brasil). A quantidade de ração fornecida foi calculada semanalmente com base no ganho de peso, sobrevivência e conversão alimentar esperados (RAY et al., 2010). Ao longo da produção, foi adicionado melaço de cana líquido, com concentração de 30% de carbono total, para correção de carbono durante a manutenção do biofloco, na relação carbono nitrogênio 9:1 para a manutenção do sistema. O sistema possui um clarificador, estrutura para decantação do excesso de flocos, por onde a água passa quando o nível dos flocos ultrapassam 10ppm/l. O cultivo de camarões iniciou-se um mês antes do início do experimento objeto deste estudo, representando a primeira parte da unidade experimental. A segunda parte da unidade experimental consiste em um reservatório com volume de 4000 litros, composto por tanque em lona de policloreto de vinila (PVC flexível), com 1,20m de largura por 6,0 m de comprimento e 0,6m de altura, para armazenamento do efluente da criação de camarões e, sobre este, uma bancada de sistema Filme Nutriente NFT hidropônica, disposta longitudinalmente sobre o tanque (Figura 1), no qual as raízes das plantas ficaram submersas em filme de água, passando através dos canais de irrigação, bombeada por uma motobomba periférica de 1/2cv (Eletroplas Modelo ECH 50L, Navegantes, SC, Brasil) com rotor em inox e carcaça em ABS, selecionada para tal experimento devido à sua maior “resistência” contra corrosão oriunda da sali nidade, acionada por timer analógico de tomada, com ciclo de 15’ X 30’, ou seja, permanecendo ligada e bombeando por 15 minutos, ficando desligada por 30 minutos. 28 Figura 1: Desenho esquemático da estrutura montada para o experimentos A água do reservatório era bombeada durante o ciclo, numa vazão máxima de 14,4 m³/h considerando a pressão de 1000 mm de coluna d’agua. A motobomba tinha a sucção ligada a 2 drenos de fundo de 75mm de diâmetro, interligados por uma rede hidráulica de 75mm e o recalque também de 75mm, ligado diretamente à calha da aquaponia com as mudas. No recalque, dividido na entrada das calhas NFT, existia um registro controlando a vazão, para regulagem do fluxo. Após irrigar as plantas, a água era recolhida por gravidade em uma calha localizada ao final da bancada, e retornava ao tanque reservatório, também por gravidade, para posterior recirculação. Cada canal de irrigação era formado por 01 (um) tubo de PVC de 50mm de diâmetro e 5,0 m de comprimento, disposto sobre o tanque com auxílio de barras de sustentação em fibra de vidro, com uma decli vidade de 4% para uma das extremidades do tanque, sendo a função desse declive direcionar o fluxo da água. Cada canaleta possui 40 perfurações de 75mm de diâmetro cada, em uma das paredes para colocação das plantas. As mudas foram colocadas com espaçamento de um furo, intercalando uma planta da outra. Em cada uma das fases do experimento, um dia antes da colocação das mudas, a água proveniente dos clarificadores do sistema de cultivo dos camarões foi depositada no reservatório. 29 Nas unidades experimentais aquapônicas foram avaliados 2 (dois) tratamentos: Plantas Comerciais e Plantas Halófitas e, para cada tratamento, foram realizadas 2 (duas) repetições. 4.4. Variáveis Físico-Químicas da Água No sistema de cultivo de camarões, diariamente, com frequência de duas a três vezes ao dia, o oxigênio dissolvido e a temperatura foram mensurados pelo oxímetro YSI modelo Pro20. Na mesma frequência foram realizadas análises depH, com o pHmetro KASVI, assim como a amônia, pelo o teste colorimétrico Seachem Alert Series. Os sólidos suspensos totais eram mensurados 3 vezes ao dia, às 07:00h, às 11:00h e às 17:00h, através de Cone Inhoff J. Prolab. Semanalmente, foram avaliados os índices de nitrato e a alcali nidade, pelo Teste KH Veromar. Também com frequência semanal, através o Refratômetro Lorbem, modelo Escala Tripla, era quantificada a salinidade. No reservatório do experimento as análises foram realizadas uma vez por semana, avaliando oxigênio dissolvido, amônia, pH e temperatura. 4.5. Desempenho Zootécnico dos Camarões Para a avaliação da taxa de crescimento foi realizada biometria semanal, com amostragem de 05 (ci nco) camarões de cada tanque. Os animais eram colocados em becker com água e pesados em balança digital. Após a pesagem, os valores individuais eram somados e divididos por 5, para obtenção da média de peso e multiplicados pelo número total de indi víduos, já considerada a taxa de mortalidade anotada. Assim, obtinha-se a biomassa total, para base de cálculo dearraçoamento e curva de crescimento, tendo em vista que a ração era um dosfatores de entrada de nitrogênio no sistema 4.6. Índice de Produção das Plantas Quanto ao crescimento e sanidade das plantas, foi feita observação através da adoção da técnica de diagnose visual, uma importante ferramenta para avaliar os sintomas de deficiência ou toxidez de um elemento, pela aparência da planta, sobretudo, pela coloração de suas folhas. (FAQUIN, 2002 apud MALAVOLTA et al. 1997). 30 4.7. Análise Estatística Com a intenção de verificar se houve diferença em relação à redução dos compostos nitrogenados, foi realizada uma análise da diferença entre os valores na data da entrada no tanque de aquaponia e da água vinda do sistema de culti vo pelos clarificadores, num total de 06 amostras. A comparação das médias das diferenças foi realizada utilizando o teste t pareado. Para todos os testes foi utilizado α = 0,05 e, as análises estatísticas disponíveis no pacote básico do software R. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Sistema de Cultivo de Camarões Durante a 1ª safra, a temperatura oscilou entre 23,7 e 28 °C, ligeiramente abaixo do preconi zado por Gaona (2015) para o cultivo do L. Vannamei,cuja zona de conforto térmico situa-se entre 26 e 30°C. O potencial hidrogeniônico se manteve constante ao longo do ciclo de produção, não apresentando diferença significativa, nem entre tanques e nem entre fases. A estabilidade do pH pode ser atribuída ao poder tampão desempenhado pela alcalinidade, uma vez que essa variável manteve- se dentro dos índices indicados por Furtado et al (2015), apresentando média de 230 mg L-1 CaCo3 ao longo do ciclo de produção. Além da estabilidade promovida pela capacidade de neutralização dos ácidos, há que se considerar que não houve mortalidade significati va no sistema de cultivo que promovesse uma acidificação maciça do ambiente de cultivo, tendo a taxa de sobrevi vência de todo período ficado em 92,1 + 5,00 %. A água, salinizada artificialmente até 15 mg L-1 para receber as larvas, posteriormente aclimatadas até 10 mg L-1, também não apresentou diferença significativa, tendo médias similiares entre os tanques (10,6 a 11 mg L-1), mantendo- se adequada ao cultivo do L. Vannamei em baixa salinidade, conforme preconi zado por Medeiros Júnior (2019). Essa pequena elevação era observada ao longo da semana, resultante da ação da evaporação, o que rapidamente se normalizava ao reestabelecer os níveis com adição de água doce semanalmente. 31 mg L-1 mg L-1 mg L-1 mg L-1 Os sólidos suspensos totais acompanharam o desenvolvimento da microbiota do sistema de bioflocos, iniciando em 2,7 mg L-1 e atingindo 13 mg L-1 ao final do sistema de cultivo. Quando os índices ultrapassavam 10 mg L-1, era acionada a circulação através do clarificador para decantação do excesso de flocos, até que os sólidos atingissem a marca de 10 mg L-1, conforme proposto por Avnimelech (1999). No cultivo BFT, o uso dos clarificadores reduz a concentração de sólidos, melhorando a qualidade da água e o desempenho zootécnico do camarão (PINHEIRO, 2015; RAY et al., 2010; SCHVEITZER et al., 2013). Estima-se que cerca de 5% do volume total da produção seja descartada pelos clarificadores. Durante todo o período fora retirado cerca de 4.187,50L, ou seja, 67% do esperado para a produção. Uma redução de 33% que, provavelmente, se deve ao fato do controle do floco, utilização da ração e melaço, protocolo já utilizado pela piscicultura. Esse volume, oriundo dos clarificadores, foi direcionado à segunda parteda unidade experimental, o reservatório para irrigação do sistema NFT. A concentração de nitrogênio amoniacal total (NAT) diminui ao longo da produção, 0,6 e 0,055 mg L-1, indicando a eficiência dos agregados microbianos na decomposição dos compostos nitrogenados e, consequentemente, a transformação desses compostos em fonte protéica para os animais. As médias estão detalhadas na tabela 1. Tabela 1: Médias parâmetros 1ª safra. O ciclo produtivo teve duração de 15 semanas e o peso final médio individual obtido foi de 8,2 ± 0,5g. Wasielesky (2006) afirma que o crescimento médio esperado para o L. Vannamei, após atingir 1g (cerca de quatro semanas em sistema trifásico), é de 1g por semana, em densidades de até 100 animais por m³. Considerando-se que a densidade praticada foi de seis vezes a citada na literatura, atribui-se ao adensamento e características territorialistas da espécie, o menor peso 32 mg L-1 mg L-1 mg L-1 mg L-1 final, ainda sendo extremamente satisfatório quando se considera a biomassa total por m³. As variáveis de qualidade d’agua analisadas durante a segunda safra (dezembro a abril de 2020) são apresentadas na Tabela 2. A temperatura mostrou-se ligeiramente mais elevada do que na 1ª safra, mantendo-se entre 25,2 a 30ºC, mais próxima à zona de conforto proposta por Gaona (2015). Mesmo com o aumento da temperatura, o oxigênio dissolvido manteve-se em níveis satisfatórios para o cultivo, em função da aeração forçada, uma vez que Boyd (2004) afirma que valores de temperatura e oxigênio dissolvido são inversamente proporcionais em sistemas aquáticos (5,7 a 6,8 mg L-1). Assim como na 1ª safra, o pH e a salinidade não apresentaram diferença significativa entre os tanques, tampouco osci lações. Evidenciando o desenvolvimento dos flocos, a concentração de nitrogênio amoniacaltotal (NAT) diminuiu ao longo da produção, 0,5 e 0,02 mg L-1. Tabela 2: Médias parâmetros 2ª safra 5.2. Reservatório Experimentos com Plantas Nas análises realizadas na água do reservatório que irrigava o sistema NFT, a temperatura (25 a 27,33°C) esteve bem próxima ao do sistema de cultivo de camarões, apesar de instalados em ambientes fisicamente distintos. Enquanto essa faixa de temperatura mais elevada é adequada para os animais, nem sempre é a mais indicada para os vegetais, situando -se bem próxima à margem de tolerância máxima 33 para o cultivo, que é de 28°C. No geral, a faixa de temperatura ideal para sistemas aquapônicos ocorre entre 17ºC e 28ºC. Vegetais de clima frio (estações secas) requerem uma temperatura entre 8ºC e 20ºC, enquanto os de verão (estações chuvosas) requerem temperaturas entre 17ºC e 30ºC. Muitos vegetais de folhas verdes crescem melhor em condições mais frias (14ºC e 20ºC), especialmente no período noturno. Em temperaturas mais elevadas (acima de 26ºC) as plantas de folhagem verde crescem exponencialmente, o que as deixa com o sabor muito “amargo” e inviáveis para a comercialização (CUBA, 2015 apud CASTELLANE & ARAÚJO, 1995). Em contrapartida, enquanto amônia e nitrito são extremamente tóxicos para os organismos aquáticos e devem ser mantidos abaixo de 1 mg L-1, nos cultivos aquapônicos o ideal é manter a amônia e o nitrito entre 0-1 mg 1 MG/L-1. Em níveis elevados de nitrato (acima de 250 mg L-1) há um impacto negativo nas plantas, levando ao crescimento vegetal em excesso e a um acúmulo prejudicial de nitrato nas folhas, o que é perigoso para a saúde humana. Portanto, é recomendado que se mantenha o nitrato de 5-150 mg L-1 (FAO, 2015). Em ambos os tratamentos, tanto nas plantas comerciais quanto na Salicornia, os índices de amônia se mantiveram abaixo de 0,5 mg L-1. Dos 4.187,50 litros depositados no reservatório destinado ao experimento, 98% da água retornou ao sistema de cultivo após o tratamento (sistema irrigação plantas). O parâmetro adotado para a devolução era a baixa na concentração de amônia, 0,02 mg L-1. A fim de verificar se houve diferença em relação à redução dos compostos nitrogenados entre os tratamentos, foi realizada uma análise da diferença entre os valores iniciais e finais mensurados. Ou seja, na chegada da água no reservatório oriunda dos clarificadores e na saída das calhas após a passagem pelas plantas, em ambos tratamentos (comerciais e halófitas). A comparação das médias das diferenças foi realizada utilizando um teste t, no qual o resultado encontrado foi p = 2,22, ou seja, não houve diferença significativa entre os tratamentos, podendo assim afirmar que, tanto plantas comerciais quanto plantas halófitas são eficientes para a redução dos níveis de amônia em sistema de aquaponia. O sedimento não fora retirado do sistema. Apesar disso, é possível que tenha ocorrido retenção e a degradação dos sólidos no interior do sedimentador, na bomba e na calha da bancada aquapônica, uma vez que houve redução na concentração de floco no experimento (PINHEIRO, 2015; RAKOC Y, 2012; RAY et al., 2010). Essa redução foi observada nos dois tratamentos, plantas comerciais e 34 halófitas. No tratamento Plantas Comerciais, notou-se maior acentuação dessa redução, possivelmente devido à retenção de floco na zona de raízes (JEWELL et al., 1983). Contudo, o acúmulo de matéria orgânica nos canais de irrigação das plantas pode ser benéfico, uma vez que a decomposição dos sólidos pode liberar nutrientes inorgânicos essenciais ao crescimento das plantas, em um processo conhecido como mineralização (RAKOCY, 2012). A diminuição na concentração de biofloco provavelmente foi responsável também pela redução da biomassa de bactérias nitrificantes no sistema (HU et al., 2015). Com o crescimento das bactérias oxidantes de amônia, o NAT acumulado foi gradativamente oxidado a NO2 (HU et al., 2015). A oxidação do nitrito a nitrato é um processo que ocorre mais lentamente, resultando no acúmulo de NO2 e na manutenção das baixas concentrações de NO3 no sistema (PINHEIRO, 2015; EBELING et al., 2006; RAY et al., 2011). Acredita-se também que o movimento da água pela calha possa ter influenciado na diminuição da amônia, com a entrada forçada de oxigênio. O pH permaneceu constante ao longo do cultivo e não apresentou diferença significativa entre os tratamentos (P>0,05). Também não foi detectada diferença estatística para a salinidade, que apresentou médias similares entre os dois tratamentos (13 a 15 mg 1 MG/L-1). A concentração de sólidos suspensos totais foi menor no tratamento Plantas Comerciais (6 mg L--1) do que nas Plantas halófitas (7 mg L--1), provavelmente devido a área de raízes das primeiras em detrimento às ultimas. 5.3. Desenvolvimento das Plantas Halófitas A produção de halófitas pode variar de acordo com a espécie e a salinidade à qual é submetida durante o cultivo (PINHEIRO, 2015; VENTURA e SAGI, 2013; VENTURA et al., 2011). Espécies do gênero Sarcocornia são caracteri zadas por apresentar crescimento lento e baixa produtividade quando irrigadas com água marinha (PINHEIRO, 2015 apud VENTURA et al., 2011). Contudo, após 56 dias de experimento, observou-se a mortalidade de apenas 3 indivíduos dos 13 colocados no início, ou seja, 23%. Ao realizar diagnose visual, podemos observar que as plantas apresentaram uma leve clorose no primeiro nó do caule. Observamos também o acúmulo de sal e matéria orgânica nas raízes (Fig 2-a). Pode-se notar, ao longo do 35 2 - B 2 - A experimento, a flor masculi na em antese (Fig. 2 -b), o que evidencia que as plantas estavam sob condições favoráveis de crescimento e desenvolvimento. A mortalidade pode ser associada ao excesso de matéria orgânica acumulada nas raízes. Figura 2: 2-A Raiz com excesso de matéria orgânica e clorose nos entre nós do caule; 2-B Flor masculi na em antese evidenciando o desenvolvimento satisfatóriodas mudas. 5.4. Desenvolvimento das Plantas Comerciais As plantas comerciais sofreram várias cloroses ao longo do experimento, demonstrando que o excesso de minerais disponíveis na água causava desequi líbrio, o que resultava em patologias e morte. Como a água utilizada na produção de camarão possui um balanço iônico no qual os parâmetros médios possuem 140 mg L-1 CaCO3 mg 1 MG/L-1; Na:10 mg 1 MG/L-1; Cl:17 mg 1 MG/L-1; Ca: 314 mg 1 MG/L-1; Mg:904 mg 1 MG/L- 1; K:302 mg 1 MG/L-1; Estrôncio; mg 1 MG/L-1; Sulfatos: 2.400 mg 1 MG/L-1; Carbonatos: 105 mg 1 MG/L-1; B:4 mg 1 MG/L-1 e F:1, mg 1 MG/L-1 e, o pH indicado para a produção das principais cultivares é de 6 a 6,5, faixa na qual permaneceu a 36 água do sistema de cultivo, permitindo que os nutrientes estejam facilmente disponíveis. Uma das hipóteses que se permite levantar, pelos sintomas apresentados pelas hortaliças, é a de que houve deficiência de boro, sendo necessárias mais repetições e análises químicas e bromatológicas para tomar essa suposição como verdadeira. 6. CONCLUSÃO O uso de Sarcocornia ambigua no culti vo aquapônico com Litopenaeus vannamei evidenciou uma redução do nitrogênio amoniacal na água do sistema de cultivo, mostrando-se eficiente para tal finalidade. As plantas comerciais se mostraram pouco tolerantes ao sistema, apresentando várias patologias ao longo do experimento, por desordem de micronutrientes e temperatura. Após serem utilizadas nas calhas, observou-se que a Sarcocornia ambigua obteve uma redução da taxa de compostos nitrogenados possibilitando a sua reutilização no sistema de produção de Litopenaues vannamei, sem causar qualquer alteração no desempenho zootécnico do camarão, apenas reduzindo as quantidades de carbono a serem adicionadas no sistema para a redução dos níveis de nitrogênio, tornando-se uma alternativa economicamente viável para o Reuso do efluente do sistema de cultivo de camarões em bioflocos. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RESOLUÇÃO CONAMA N° 20, DE 18 DE JUNHO DE 1986. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/Portaria/1986/res_conam a_20_1986_revgd_classificacaoaguas_altrd_res_conama_274_2000_revgd_357_20 05.pdf. Acesso em 06 agosto de 2021. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357/2005. 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