Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Zootecnia como parte dos
requisitos para obtenção ao título
de Mestre
UNIVERSIDADE ESTAUDAL PAULISTA
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Campus de Botucatu
Polímero de óleo de soja como potencial veículo termoprotetor para a Fitase em dietas para a
Tilápia-do-Nilo
EDGAR JUNIO DAMASCENO RODRIGUES
BOTUCATU – SP
Outubro – 2019
2
VI
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Zootecnia como parte dos
requisitos para obtenção ao título
de Mestre
UNIVERSIDADE ESTAUDAL PAULISTA
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Campus de Botucatu
Polímero de óleo de soja como potencial veículo termoprotetor para a Fitase em dietas para a
Tilápia-do-Nilo
EDGAR JUNIO DAMASCENO RODRIGUES
Zootecnista
ORIENTADOR: Prof. Dr. Luiz Edivaldo Pezzato
COORIENTADOR: Prof. Adj. Dr. Pedro de Magalhães Padilha
BOTUCATU – SP
Outubro – 2019
V
Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu. Dados fornecidos pelo autor(a).
Essa ficha não pode ser modificada.
R696p
Rodrigues, Edgar Junio Damasceno
Polímero de óleo de soja como potencial veículo termoprotetor para
a Fitase em dietas para a Tilápia-do-Nilo / Edgar Junio Damasceno
Rodrigues. -- Botucatu, 2020
69 p. : il., tabs.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu
Orientador: Luiz Edivaldo Pezzato
Coorientador: Pedro de Magalhães Padilha
1. Oreochromis niloticus. 2. Digestibilidade. 3. Antinutricionais. 4.
Minerais. 5. Polímero. I. Título.
V
BIOGRAFIA
Nascido em Formiga-MG em 1991, filho de Lúcia e Edgar, teve criação humilde junto
a seu irmão e avós. Sua mãe, professora, sempre muito exigente quanto à educação de seus
filhos, os estimulava a serem esforçados e nunca cessarem os estudos. Ingressou no curso de
Zootecnia na Universidade Federal de Lavras (UFLA) em julho de 2010. Estimulado por seu
padrinho, Mozar Brito, professor do Departamento de Administração na UFLA, pleiteou uma
vaga no programa de Iniciação Científica (IC) para o setor de aquicultura da UFLA em seu
primeiro semestre de graduação, obteve êxito sendo contemplado com outras bolsas de IC até
o final de sua graduação no mesmo setor. Em 2013, foi aprovado no processo seletivo para o
programa de intercâmbio acadêmico “Ciência Sem Fronteiras”, passando 18 meses em estudos
intensos de Língua Inglesa e Animal Science na The University of Queensland em Brisbane
QLD, Austrália. Retorna em 2015 para retomar os estudos no Brasil, e em 2018 gradua-se
Zootecnista e inicia o curso de mestrado na Universidade Estadual Paulista (UNESP) –
Botucatu, onde atualmente aspira realizar seu Doutorado.
VI
Agradeço a Olorum pela oportunidade, força e saúde concedida.
Aos meus pais Lucia Brito e Edgar Rodrigues pelo amor e apoio.
Ao meu irmão Euler Rodrigues, pelo apoio incondicional e incentivo.
À minha esposa, Gabriela pelo companheirismo e amor.
Às minhas filhas, Helena e Sofia, que torcem pelo seu pai mesmo lá de cima.
Muito obrigado.
Dedico.
VII
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Olorum que em nenhum momento me abandonou e me concedeu
saúde e força para seguir nessa caminhada.
À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” pela oportunidade de realizar este
curso.
Aos meus pais, em especial à minha mãe, pelo amor incondicional, pelos anos de luta e trabalho
árduo necessários para a minha criação, pelo apoio e compreensão.
Ao meu irmão Euler Rodrigues, que esteve ao meu lado nessa jornada, me apoiando, motivando
e que sempre se fez presente para o que fosse preciso. Seremos sempre nós dois contra o mundo.
À minha esposa, Gabriela Maria dos Santos, pelos anos juntos, me apoiando, motivando e
fazendo a caminhada mais leve.
Ao meu padrinho Mozar José de Brito, que me incentivou desde o ensino médio a ingressar em
uma universidade, me deu todo o suporte necessário para a conclusão de minha graduação,
sempre disposto a auxiliar e compartilhar os mais diversos ensinamentos e que me apresentou
ao mundo acadêmico.
Aos meus familiares, que mesmo distantes se fizeram presentes através de ligações, cartas,
mensagens. Em especial a minha avó Maria de Lourdes que nunca duvidou do meu potencial e
sempre me confortou com seu amor.
Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Edivaldo Pezzato que me concedeu o privilégio de ser
orientado pela maior referência em digestibilidade de alimentos para peixes do Brasil. Que me
acolheu em sua equipe e pacientemente compartilhou tanto conhecimento e experiências de
vida, além de fundamentalmente contribuir para a minha formação, acreditar em meu potencial
e ser um exemplo em quem se espelhar.
VIII
À Prof. Dra. Margarida Maria Barros, pelos ensinamentos compartilhados, acolhimento e
exemplo de dedicação e profissionalismo.
Ao Prof. Dr. Pedro de Magalhães Padilha por abrir as portas de seu laboratório e prontificar-se
a auxiliar nas diferentes análises necessárias para a execução deste trabalho e também pelos
ensinamentos.
A todos os professores desta instituição que contribuíram para a minha formação.
À toda equipe do laboratório AQUANUTRI, Igor Simões Tiágua Vicente, Matheus Gardim
Guimarães, Pedro Luiz Pucci Figueiredo de Carvalho, William dos Santos Xavier, Jaqueline de
Oliveira Fonseca e demais estagiários pelo acolhimento, companheirismo, confiança, dedicação
aos trabalhos e desafios que encaramos juntos e pela amizade construída ao longo dos anos.
À minha orientadora de iniciação científica, Priscila Vieira Rosa e equipe de pesquisa, que
durante a minha graduação, lapidaram e moldaram meu perfil acadêmico, acreditaram no meu
potencial, forneceram apoio e compartilharam conhecimentos importantes para minha vida
profissional e pessoal.
Aos meus irmãos de fé, orixás e guias, que me apresentaram e acolheram em uma religião tão
linda, repleta de fé e axé, como a Umbanda.
O apoio, ensinamentos e amizade de todos foi fundamental durante meu mestrado e os levarei
para a vida toda. Todos vocês foram de suma importância para a conclusão desta etapa de minha
carreira, a todos minha gratidão.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (Processo: 2018/19293-
1), pela bolsa concedida.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Processo:
134366/2018-2), pela bolsa concedida.
IX
RESUMO GERAL
A enzima fitase é utilizada em dietas de animais monogástricos objetivando minimizar
o efeito antinutricional do fitato presente nos alimentos de origem vegetal. A elevação da
temperatura durante o processamento das rações próprias à piscicultura diminui
significativamente a ação dessa enzima e, portanto, este estudo objetivou avaliar o polímero do
óleo de soja, obtido pelos princípios da química verde, como veículo termoprotetor para a fitase
durante o processamento de dietas para tilápia-do-Nilo. Foram utilizados 192 juvenis de tilápia-
do-Nilo (peso médio de 140g), dispostos em 12 aquários de alimentação (250 litros). O
experimento foi delineado em esquema fatorial (3x2) que consiste em três métodos de inclusão
da enzima (revestida ao pellet pós processamento -CPP, associada ao polímero -PAE e sem
enzima -NE) x dois tipos de processamento da dieta (extrusão ou peletização). Foi adicionada
a mesma quantidade de polímero (43,1 g/kg/ração) com o mesmo nível de fitase (1500 unidades
de fitase/kg/ração) seguindo as formas de inclusão e processamento descritas no esquema
fatorial. Os peixes foram alimentados quatro vezes ao dia, até a saciedade aparente, e suas
excretas coletadas uma vez ao dia, intercalando a repetição de cada tratamento. Para a
determinação da eficácia do produto teste, os coeficientes de digestibilidade aparente dos
nutrientes das dietas foram determinados. Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância (two-way ANOVA), com 5% de significância, e teste Tukey para comparação das
médias. Houve interação significativa para os valores de coeficientes de digestibilidade
aparente (CDA) para fósforo (P), cálcio (Ca), matéria mineral (MM) e extrato etéreo (EE)
(p<0.05). O método CPP determinou os maiores valores de CDA para P, Ca, MM, seguido pelo
método PEA em dietas extrudadas (p<0.05). Para as dietas peletizadas, PEA promoveu os
maiores valores de CDA para P e Ca, seguido pelo método CPP (p<0.05). Estes resultados
sugerem que o polímero de óleo de soja pode ser utilizado com veículo para a fitase.
Palavras chave: Oreochromis niloticus, digestibilidade, antinutricionais, minerais, polímero.
X
ABSTRACT
Phytase is supplemented in non-ruminant diets in order to reduce the antinutritional
effects of the phytate content of vegetable ingredients. Aquafeed processing can reach elevated
temperatures, which could impair phytase activity. In this sense, this study aimed to evaluate a
heat and acidic pH resistant soybean oil polymer, produced following the principles of “green
chemistry” as a vehicle to protect phytase during fish feed processing. Juvenile Nile tilapia (140
± 4.3 g) were randomly distributed and kept in 12 feeding aquaria (250 L). The experimental
design was factorial (3x2) with three phytase supplementation methods (coating post processing
- CPP, polymer associated to enzyme - PAE, and no enzyme - NE) and two feed processing
methods (extrusion or pelletizing) with one enzyme level: 1500 phytase units kg-1 (FTU kg-1)
and the same amount of polymer 43.1 g /kg-1, accordingly to the methods described previously.
Fish were fed the experimental diets four times a day until apparent satiation and feces samples
were collected once a day. The efficacy of the polymer as a thermoresistant vehicle to phytase
during feed processing was evaluated by assessing the apparent digestibility coefficient (ADC)
of nutrients in the diets. The data obtained were subject to a two-way ANOVA at 5% of
significance and Tukey’s test. There was a positive interaction for ADC values of phosphorus
(P), calcium (Ca), mineral matter (MM) and crude fat (CF) (p<0.05). Coating determined higher
ADC values for P, Ca and MM, followed by PEA in extruded diets (p<0.05). For pelletized
diets, PEA determined higher ADC values for P and Ca, followed by coating (p<0.05). These
results suggest that the polymer may be a potential protective carrier for phytase and other
thermo labile additives.
Keywords: Oreochromis niloticus, digestibility, sustainability, aquafeed, edible polymer
XI
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
Figura 1. Suplementação de fitase em dietas baseadas em ingredientes vegetais para Truta Arco-Íris
sobre a emissão sólida ou dissolvida de Nitrogênio (N) e Fósforo (P) .................................
6
Figura 2. Estrutura química do Ácido fítico .......................................................................................... 8
Figura 3. Fitato complexado a nutrientes, complexo binário (*), complexo ternário (**)........ 13
Figura 4. Mecanismo de ação da fitase em peixes ................................................................... 17
Figure S1. TG/DTG-DTA curves for phytase (a), polymer (b), and polymer-associated
phytase (c) ………………………………………………………………………….
62
XII
XIII
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO I
Tabela 1. Concentração de fósforo total e fítico em ingredientes vegetais ......................... 9
Tabela 2. Disponibilidade de fósforo em ingredientes vegetais para tilápia-do-Nilo .......... 10
Tabela 3. Características de algumas fitases comerciais .......................................... 19
Tabela 4. Os doze princípios da “Química Verde” ................................................... 30
CAPÍTULO II
Table 1. Ingredient composition and proximate analysis of the diets...……………………………… 59
Table 2. Apparent digestibility coefficient (ADC) values of phosphorus and calcium for
Nile tilapia fed phytase-supplemented diets subjected to different processing and
incorporation methods…………………………………………………………… 60
Table 3. Apparent digestibility coefficient (ADC) values of CP, CE, CF, DM, MM for Nile
tilapia fed phytase-supplemented diets subjected to different processing and
incorporation methods…………………………………………………………… 61
XIV
XV
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ADC Apparent digestibility coefficient
Ca Calcium
CP Crude protein
CDA Coeficiente de digestibilidade aparente
CF Crude fat
CPP Coating post processing
DM Dry matter
FAPESP The São Paulo Research Foundation
FMVZ Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
FTU Unidades de fitase
GE Gross energy
MM Mineral matter
NRC National Research Council
NE No enzyme inclusion
P Phosphorus
PAE Polymer associated to enzyme
UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho’’
XVI
XVII
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1......................................................................................................... 1
Considerações iniciais................................................................................... 2
1. Revisão da Literatura.................................................................................... 3
1.1. Expansão aquícola e seus impactos ambientais............................................ 3
1.2. Fitato na alimentação de peixes.................................................................... 7
1.3. Alternativas para inativar o fitato................................................................. 14
1.4. Fitase............................................................................................................ 16
1.5. Fitase na nutrição de peixes.......................................................................... 22
1.6. A digestibilidade dos alimentos................................................................... 25
1.7. Polímeros de óleos vegetais e aplicações...................................................... 27
Referências Bibliográficas............................................................................ 31
CAPÍTULO 2. “A plant-based polymer as a potential thermoresistant
carrier to phytase in Nile tilapia diets”……………………… 47
Abstract .................................................................................................................... 48
1. Introduction ............................................................................................... 48
2. Material and Methods ................................................................................ 50
2.1. Experimental diets and phytase incorporation. ..................................... 50
2.2. Digestibility Assessment ...................................................................... 52
2.3. Chemical Analysis ................................................................................ 52
2.4. Statistical Analysis ............................................................................... 53
2.5. Simultaneous Thermogravimetry-Differential Thermal Analysis (TG-
DTA…………………………………………………………………… 53
2.6. Ethics statement……………………………………………………… 53
3. Results and Discussion ............................................................................... 53
4. Conclusion ................................................................................................. 57
Acknowledgements.................................................................................... 58
Conflict of interest statement..................................................................... 58
References ................................................................................................. 63
CAPÍTULO III 67
Implicações ............................................................................................... 68
XVIII
1
Capítulo I
2
Considerações Iniciais
O Capítulo I discorre sobre alguns dos impactos no ambiente aquático promovidos pelo
desenvolvimento do setor aquícola assim como estratégias que visam minimizar tais efeitos.
Dentre as diferentes consequências, a eutrofização de corpos d’agua tem sido amplamente
discutida. Este fenômeno ocorre naturalmente ao longo dos anos; entretanto, pode ser acelerado
pelo aumento na concentração de nutrientes limitantes para o ecossistema aquático, como
fósforo e nitrogênio, inviabilizando o consumo de água e a produção de organismos aquáticos
nas áreas afetadas. Sistemas de produção de peixes não sustentáveis podem exacerbar este
problema, sendo responsáveis pelo aumento significativo dos nutrientes lançados no ambiente
aquático, na forma de ração não consumida ou excretas. Apesar disso, existem soluções para
reduzir os efeitos negativos promovidos pela expansão da aquicultura. Uma das estratégias que
podem ser adotadas é a suplementação de fitase. Essa enzima aumenta a disponibilidade de
alguns nutrientes contidos em dietas à base de ingredientes vegetais para os animais, além de
reduzir a necessidade de suplementação de fósforo. Embora a fitase possa contribuir com a
sustentabilidade da aquicultura, a sua incorporação em dietas para peixes ainda é um desafio.
Tal enzima tem sua atividade reduzida ao ser exposta às altas temperaturas, necessárias durante
o processamento de dietas para peixes. Dessa forma, o desenvolvimento de veículos para
aumentar a estabilidade térmica desta enzima, como polímeros vegetais, pode ser uma
importante ferramenta para viabilizar o seu uso em dietas comerciais para peixes. Considerando
tais informações redigiu-se o Capítulo II, com o intuito de testar o polímero de óleo de soja
como veículo termoprotetor para a enzima fitase em dietas para juvenis de tilápia-do-Nilo. Este
capítulo é entitulado: A plant-based polymer as a potential thermoresistant carrier to phytase
in Nile Tilapia diets, o qual foi escrito seguindo as normas do periódico Food Chemistry (fator
de impacto 5.399).
3
Revisão da Literatura
1.1. Expansão aquícola e seus impactos ambientais
A aquicultura pode ser definida como a produção de diferentes organismos aquáticos,
peixes, anfíbios, alguns répteis, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas, por exemplo (FAO,
2019). Dentre as atividades de produção de alimento, a aquicultura é o setor que mais cresce
mundialmente, sendo o pescado a proteína de origem animal mais consumida no mundo (FAO,
2018). A produção aquícola pode ser dividida em dois seguimentos principais: sistemas de
cultivo e captura extrativista. Historicamente o total produzido por meio da captura é superior
à produção em sistemas de cultivo; entretanto, a pesca extrativista permanece com seu
crescimento estagnado desde a década de 80, enquanto o cultivo de organismos aquáticos segue
crescendo consideravelmente com projeções para ultrapassar a produção extrativista nos
próximos anos (FAO, 2018).
O Brasil está entre os países de maior potencial hídrico para o desenvolvimento da
aquicultura. Este possui cerca de 10 milhões de hectares de água doce, distribuídos entre rios,
represas e lagos (RORIZ et al., 2017) que possivelmente podem ser utilizados para a expansão
sustentável desta atividade. De fato a aquicultura tem se expandido no Brasil, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2019) a produção piscícola nacional cresceu
cerca de 10% nos últimos dois anos, sendo a tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) a espécie
de água doce mais produzida, principalmente em tanques-rede, correspondendo a 52.6% do
total. Sistemas de produção em tanques-rede tem sido considerado um recurso importante para
impulsionar o desenvolvimento da piscicultura no Brasil e aumentar a sua competitividade. O
uso deste tipo de sistema produtivo tem crescido em diversos países, como Indonésia, China e
Brasil, que possui alta taxa de crescimento para produção de tilápia, sendo considerado
principal concorrente da China para a posição de maior produtor de tilápia-do-Nilo
(FITZSIMMONS, 2006; SAMPAIO et al., 2013). Considerando o alto potencial produtivo
4
desta atividade, a demanda por dietas adequadamente balanceadas, assim como outras medidas
que promovam a expansão sustentável da aquicultura no Brasil é expressiva.
Um dos principais entraves para a expansão aquícola é o custo de produção e este é
representado em sua maior parte por despesas para a produção ou compra de ração para os
animais. Segundo o National Research Council (NRC) (2011) a dieta dos peixes cultivados em
sistemas de produção intensivos representa cerca de 70% dos custos totais de produção, sendo
a fonte proteica, de fósforo e óleo os ingredientes proporcionalmente mais onerosos. Assim, a
ração deve ter ótimo valor biológico para aperfeiçoar o processo produtivo e minimizar a
eutrofização do ambiente aquático, sendo esta causada primariamente por nutrientes não
digeridos, resíduos do metabolismo e a dissolução de ração não consumida na água
(KAWASAKI et al., 2016; GONZÁLEZ et al., 2008). Da mesma maneira que outros setores
de produção de alimentos, a aquicultura é também responsável pela descarga de nutrientes em
corpos d’água. A produção mundial de peixes e crustáceos em 2008 resultou na emissão de 1.7
e 0.46 milhões de toneladas de nitrogênio e fósforo, respectivamente (VERDEGEM, 2013). Já
em 2010 o teor de nitrogênio e fósforo nos efluentes oriundos de sistemas de produção de
peixes de água doce aumentou para 5 e 0.9 milhões de toneladas respectivamente (BOUWMAN
et al., 2013).
A adição controlada destes e outros nutrientes poderia beneficiar de certa maneira o
ecossistema aquático. Entretanto, este tipo de sistema possui capacidade limitada para assimilar
e reciclar nutrientes, que quando excedida gera eutrofização (WHITE; PHILLIPS;
BEVERIDGE, 2013). A água com grande concentração de nitrogênio e fósforo, que são
nutrientes limitantes, promove o aumento da população de bactérias, algas e outros organismos
que diminuem o teor de oxigênio dissolvido, liberam toxinas e podem causar a morte massiva
dos peixes (DIAZ; ROSENBERG, 2008; EDWARDS, 2015; PAERL, 1997). Adicionalmente,
a eutrofização pode inviabilizar o uso de corpos d’água tanto para a atividade aquícola quanto
5
para o consumo humano e mesmo para atividades de recreação (CHISLOCK; DOSTER;
ZITOMER; WILSON, 2013).
Por utilizar águas públicas de quaisquer origens, é eminente a necessidade de se adotar
medidas visando a redução dos impactos ambientais causados pela implementação de sistemas
de produção de peixe. No sentido de se diminuir o grau de eutrofização da água dos tanques
destinados à piscicultura, recomenda-se a adoção de boas práticas de alimentação para reduzir
o volume de fezes e de resíduos de alimentos no meio (SCHULZ; GELBRECHT; RENNERT,
2003). Dentre as boas práticas de alimentação, o uso de ingredientes com alto valor biológico
e formulações com níveis adequados de alguns nutrientes também têm sido recomendadas, a
fim de reduzir os impactos ambientais da aquicultura. De acordo com Bueno et al. (2012), a
redução de 0.4% nos níveis de fósforo em dietas para tilápia-do-Nilo pode diminuir o teor deste
nutriente em até 55% nos efluentes do tanque sem prejudicar o desempenho dos peixes. A
utilização de menores níveis de fósforo na dieta pode, ainda, reduzir os custos com a formulação
da ração sem prejudicar a qualidade final do produto (OSTI et al., 2018). Adicionalmente, pode-
se recomendar o uso de tanques de decantação para os sedimentos, o recolhimento de sobras
após o arraçoamento, e tratamento biológico e/ou químico dos efluentes (DUMAS et al., 1998;
HUSSENOT; LEFEBVRE; BROSSARD, 1998; NAYLOR et al., 2003). Entretanto, a demanda
de alto investimento inicial e sua inviabilidade de uso em sistemas de tanque-rede, limita a
adoção destas práticas.
Uma das formas mais adequadas para amenizar esse problema seria a adoção de
arraçoamento racional assim como rações contendo fitase e outras enzimas como carboidrases
e proteases, que possam aumentar a disponibilidade de minerais e outros nutrientes aos animais
(BUREAU; HUA, 2010). Lemos e Tacon (2017) compilaram em uma revisão diferentes
trabalhos que comprovam os benefícios da adição da enzima fitase na nutrição de peixes,
promovendo melhorias na utilização de nutrientes e energia, e podendo reduzir o teor de
6
nutrientes nos efluentes do sistema produtivo. De fato, essa enzima pode reduzir os níveis de
nutrientes excretados pelos peixes na água. Morales et al. (2016) comprovaram que a
suplementação de 4000 unidades de fitase (FTU) kg-1 para Oncorhynchus mykiss reduziu em
aproximadamente 50% e 13% a emissão de fósforo e nitrogênio respectivamente (Figura 1).
Outros trabalhos demonstraram que a inclusão de 1500 FTU kg-1 em dietas para tilápia-do-Nilo,
além de melhorar a utilização do fósforo fítico e outros nutrientes da dieta, determinou redução
de 43% da emissão de fósforo para o ambiente aquático, minimizando os impactos gerados por
este nutriente no ambiente de produção e entorno (BOCK et al., 2006; BOCK et al., 2007;
GODA, 2007).
Figura 1: Suplementação de fitase em dietas baseadas em ingredientes vegetais para
Trutra Arco-Íris sobre a emissão sólida ou dissolvida de Nitrogênio (N) e Fósforo (P)
Assim, a adição de fitase pode ser considerada uma ferramenta para aumentar a
sustentabilidade ecológica da aquicultura, por ser capaz de aumentar a utilização de alguns
Fonte: Adaptado de Morales et al. (2016)
7
nutrientes e reduzir a emissão de possíveis poluentes na água (CAO et al., 2007). Entretanto,
existem desafios para a sua incorporação em rações próprias para a piscicultura, uma vez que o
processo de extrusão, por elevar a temperatura da ração a valores de até 150°C, pode diminuir
a efetividade da fitase suplementada na dieta (AUTIN, 1997).
1.2. Fitato na alimentação de peixes
A rápida expansão da aquicultura elevou o custo das principais fontes proteicas de algumas
rações, como a farinha de peixe. Dessa forma, ingredientes alternativos, como farelos vegetais,
passaram a ser incluídos nas formulações de dietas para aumentar a economicidade da
produção. A crescente utilização de fontes proteicas de origem vegetal em dietas para peixes
foi impulsionada pelo aumento excessivo no preço da farinha de peixe, acarretando alguns
desafios para a indústria aquícola (GATLIN et al., 2007). Apesar de serem alternativas
economicamente viáveis, farelos de origem vegetal podem conter diferentes substâncias
antinutricionais, que reduzem a disponibilidade, a digestibilidade e o valor nutritivo de uma
dieta (JOBLING, 2016). Para viabilizar o uso destes ingredientes, estratégias têm sido
desenvolvidas objetivando a redução dos impactos causados pela presença de fatores
antinutricionais em dietas que contenham alimentos vegetais.
Dentre tais substâncias pode-se citar o ácido fítico e seus sais, compostos encontrados em
alimentos de origem vegetal, como milho, soja e trigo, comumente utilizados para produzir
rações de peixes. O ácido fítico (C6H18O24P6; figura 2) ou mio-inositol 1,2,3,4,5,6 dihidrogênio
hexafostato e seus sais mistos; conhecidos como fitato (Ip6) e fitina, são as principais formas
de reserva de cátions, grupos fosforilados altamente energéticos e de fósforo encontrados na
maioria das sementes e tecidos vegetais (KUMAR et al., 2012).
8
Figura 2. Estrutura química do Ácido fítico
Apesar de ser empregada de uma maneira geral, a palavra fitato refere-se ao sal de ácido
fítico com um único tipo de mineral, fitato de sódio ou de potássio por exemplo; já o termo
fitina se refere ao sal misto de ácido fítico com magnésio, potássio e cálcio (DERSJANT-LI et
al., 2015; SELLE; RAVINDRAN, 2007). Nas plantas o ácido fítico ocorre primariamente na
forma de sal com cátions mono e bivalentes, como potássio-magnésio no arroz e cálcio-
magnésio-potássio na soja, por exemplo (MORALES et al., 2016; ZHAO et al., 2014). Como
diferentes formas do ácido fítico e seus sais podem ser identificadas em vegetais
simultaneamente, muitos pesquisadores não fazem distinção entre eles (REDDY; SATHE,
2001); assim, o termo fitato será utilizado como referência para estes compostos.
A formação do fitato ocorre gradativamente durante o desenvolvimento de sementes de
cerais e leguminosas, acumulando-se principalmente como IP6 (90 – 95%) e em pequenas
parcelas de outros ésteres como IP5 e IP4 e IP3 (KUMAR et al., 2010; PONTOPPIDAN;
PETTERSSON; SANDBERG, 2007). A síntese deste composto (IP6) acontece por meio da
fosforilação sequencial do mio-inositol, de monofosfato (IP1) para difosfato (IP2), até o seu
último passo, chegando a hexafosfato (IP6) (LOEWUS, 2001).
Fonte: KUMAR et al., 2010
9
A quantidade de fitato encontrado em produtos de origem vegetal pode variar
significativamente, sendo influenciada por diferentes variáveis externas ou características
intrínsecas do vegetal. Fatores genéticos, condições climáticas e suas variações, tipo de solo,
grau de maturação da semente ou vegetal e uso de suplementos, como o P2O5, podem modular
a quantidade e o tipo de fitato presente no vegetal (OATWAY; VASANTHAN; HELM, 2001;
REDDY et al., 1989). Tal variação pode ser observada na tabela 1, em que o teor de fósforo
total (P total) e fósforo fítico (P fítico) foram dispostos com base em matéria seca de diferentes
ingredientes vegetais comumente utilizados na formulação de dietas para animais.
Tabela 1. Concentração de fósforo total e fítico em ingredientes vegetais
Fonte: Adaptado por Pontes (2019)
10
A digestibilidade do fósforo proveniente de ingredientes vegetais para peixes é limitada. De
fato, a biodisponibilidade média do fósforo de origem vegetal para estes animais é de
aproximadamente 30%, dependo da espécie e do ingrediente vegetal incluído na dieta
(BORBA; SÁ; ABREU, 2016). Na tabela 2 pode-se observar a porcentagem, em matéria seca,
de fósforo total (%Pt) e fósforo disponível (%Pdis) em alguns ingredientes proteicos e
energéticos de origem vegetal para juvenis de tilápia-do-Nilo. Estes ingredientes têm sido
utilizados na formulação de dietas de algumas espécies de peixe, como a supracitada.
Tabela 2. Disponibilidade de fósforo em ingredientes vegetais para tilápia-do-Nilo
Fonte: Adaptado de Gonçalves et al. (2007)
Como observado nas tabelas anteriores, em alguns vegetais, como a soja e outras
leguminosas, cerca de 50 a 80% do fósforo total não é disponível para não ruminantes por estar
na forma de fitato (RAVINDRAN, 2000). O fósforo fítico é indisponível ou parcialmente
Ingrediente %Pt %Pdis
Energéticos
Milho 0,10 11,44
Milho extrudado 0,10 13,15
Farelo de trigo 0,74 53,11
Sorgo baixo tanino 0,17 24,09
Farelo de arroz 1,78 17,29
Proteicos
Farelo de soja 0,40 22,31
Farelo de soja extrudado 0,58 26,27
Glúten de milho 0,40 22,17
Farelo de algodão 0,72 52,88
Farelo de girassol 0,59 26,42
11
utilizado pela maioria dos animais monogástricos, como os peixes, devido à ausência ou baixa
produção de fitase endógena, enzima necessária para hidrolisar o fitato e tornar o fósforo
disponível para ser absorvido no sistema gastrintestinal (KUMAR; SINHA; KAJBAF, 2019).
Este fator contribui para o aumento dos níveis de fósforo e outros nutrientes lançados ao
ambiente aquático, principalmente em dietas com alta inclusão de ingredientes de origem
vegetal. Isto ocorre pois microrganismos presentes no ambiente aquático degradam o fitato,
tornando o fósforo fítico disponível, contribuindo para o aumento da poluição, proliferação de
algas em rios, lagos e geralmente resultando em eutrofização (DEBNATH et al., 2005).
O que caracteriza o fitato como um fator antinutricional é a sua capacidade quelante, que
pode ser medida pelo número de cargas iônicas de seus grupos fosfatos, que torna-o capaz de
se complexar e indisponibilizar outros nutrientes (ROMANO; KUMAR, 2018). O fitato pode
possuir o total de 12 cargas negativas, visto que em cada um dos seus 6 grupos fosfatos podem
se localizar 2 cargas (QUIRRENBACH et al., 2009). Portanto, o grau de fosforilação do IP6 é
diretamente proporcional ao número de cargas e a sua eficiência como agente quelante. Aliado
ao grau de fosforilação, o pH do meio também influencia na quantidade de cargas negativas da
molécula de IP6. De fato, o IP6 pode se manter com todas as cargas negativas em diferentes
faixas de pH observadas no trato gastrintestinal animal (MITTAL et al., 2013) ou ainda ser
protonado total ou parcialmente dependendo do pH do meio.
O fitato carregado negativamente tem afinidade por minerais de valência 2 e 3, como o
cálcio, zinco, manganês, ferro e cobre, e ao ligar-se a eles forma complexos fíticos que
dificultam ou até mesmo inviabilizam a sua absorção (CAO et al., 2007), podendo influenciar
negativamente o desempenho de peixes. A maioria dos complexos fitato-minerais, como o
cálcio, ocorrem em regiões de pH intermediário a alcalino nas quais o fitato apresenta o maior
número de cargas negativas, consequentemente, mais sítios disponíveis para se ligar a estes
elementos (SIENER; HEYNCK; HESSE, 2001; WINDISCH, 2002). Adicionalmente, a
12
interação entre fitato e minerais também pode ser influenciada pelo conteúdo destes elementos
na dieta. Por exemplo, dietas com quantidades elevadas de cálcio podem favorecer a formação
do complexo cálcio-fitato, que possui alta afinidade ao zinco e, portanto, pode formar um
coprecipitado com este mineral, reduzindo a sua disponibilidade de maneira indireta (KUMAR
et al., 2010). Apesar de ter uma influência menor que os teores de cálcio, a quantidade de Mg2+
também pode aumentar a precipitação de zinco por um mecanismo semelhante (WISE, 1983).
Além de indisponibilizar minerais, a molécula de fitato pode se ligar a cadeias laterais de
algumas proteínas formando complexos insolúveis, dependendo do pH do meio. A ligação entre
fitato e proteínas é dependente principalmente do pH do meio e pode acontecer de formas
diferentes (JONGE; TESTERINK; JONGBLOED, 1997; KIES et al., 2006). As duas principais
formas de interação entre o IP6 e proteínas dietéticas ocorre com a formação de complexos
binários (proteína-fitato) ou ternários (proteína-mineral-fitato) (KIES et al., 2006), como
observado na figura 3. O complexo binário é formado em regiões de pH ácido, como o estômago
da tilápia-do-Nilo (pH 1-2). Nestes locais o fitato é parcialmente protonado, permanecendo com
a metade de seus grupos fosfatados negativamente carregados, o que favorece a sua ligação a
grupos laterais positivamente carregados, como guanidina, imidazol e amino, dos aminoácidos
arginina, histidina e lisina, respectivamente (KUMAR et al., 2012). Em locais com pH
intermediário (pH 5,0) a alcalino, como o intestino da tilápia-do-Nilo (pH 8,5 –8,8), o fitato e
algumas proteínas com ponto isoelétrico menor que os valores de pH intestinais estão
negativamente carregados; assim, a formação do complexo ternário é favorecido (RICHE et al.,
2001). A formação deste complexo ocorre por meio de uma ponte feita entre o fitato e a proteína
por um cátion divalente, geralmente Ca2+ que está presente em grandes concentrações na
digesta de peixes (MORALES et al., 2016). Os dois complexos, binários ou ternários, tendem
a formar aglomerados moleculares, se tornando resistentes à ação de proteases digestivas de
peixes (RICHE; GARLING, 2004). Adicionalmente, o fitato pode interferir na digestibilidade
13
de proteínas contidas na dieta mesmo sem se complexar a elas. Isso acontece porque o IP6 é
capaz de reduzir a atividade de algumas proteases endógenas, como a pepsina e a tripsina
(LIENER, 1994).
Figura 3. Fitato complexado a nutrientes, complexo binário (*), complexo ternário (**)
Além de reduzir a disponibilidade de minerais e proteínas, o fitato diminui a digestibilidade
de carboidratos e outras fontes de energia, como os lipídeos. A redução da digestibilidade de
carboidratos pode acontecer de maneiras distintas: complexação direta fitato-carboidrato,
indireta por meio de proteínas de acoplamento (fitato-proteína-carboidrato) ou por inativação
de carboidrases como a alfa-amilase e pela complexação com o Ca2+ cofator da referida enzima
(KUMAR et al., 2010; RAVINDRAN, 2000). Ao se complexar com o cálcio, a molécula de
Fonte: Adaptado de Romano; Kumar (2018).
14
fitato torna-se capaz de interagir com lipídeos, reduzindo a sua utilização. Isso ocorre pois o
complexo Ca/Mg-fitato pode interagir com lipídeos dando origem a “lipofitinas”, que podem
formar sabões metálicos no lúmen intestinal (LEESON, 1993). A formação de sabões metálicos
reduz a biodisponibilidade de lipídeos como fontes energéticas para aves e peixes (KUMAR et
al., 2012; LEESON, 1993). Dessa forma, fica evidente a ação do fitato como um fator
antinutricional para não ruminantes, impactando negativamente na disponibilidade de
proteínas, minerais e energia para peixes e outros animais (CAO et al., 2008; LEMOS; TACON,
2017).
1.3. Alternativas para inativar o fitato
Existem diferentes medidas para reduzir os efeitos negativos do fitato na produção animal.
Técnicas de desfitinização, melhoramento genético para produção de cultivares com baixo nível
de fitato e uso de grãos em diferentes estágios de maturação podem amenizar os efeitos
prejudiciais e a quantidade de fitato presente em dietas de peixes (HAJRA et al., 2013; KUMAR
et al., 2010; OLADOSU et al., 2016). A desfitinização pode ser definida como um conjunto de
técnicas de processamento que visam reduzir o conteúdo de fitato de amostras vegetais
(KUMAR, et al., 2012). Dentre tais técnicas, a trituração e a cocção de ingredientes vegetais
foram testadas e apesar de reduzir o conteúdo de fitato, reduziram também, a quantidade de
minerais e fibras (BOHN; MEYER; RASMUSSEN, 2008). A redução do conteúdo de IP6 pode
ser atribuída às condições do cozimento que favorecem a atividade da fitase natural contida em
alguns ingredientes vegetais (GREINER; KONIETZNY, 1999), e não pela exposição a
temperaturas elevadas isoladamente. Outros autores não detectaram redução significativa nos
níveis de fitato em ingredientes de origem vegetal termicamente tratados, o que sustenta a tese
que o fitato é uma molécula termicamente estável (MITTAL et al., 2013; PONTOPPIDAN;
PETTERSSON; SANDBERG, 2007).
15
Além da cocção e tratamento térmico, a malteação de grãos também foi avaliada como
possível alternativa para a redução dos níveis de fitato. A malteação consiste na indução da
germinação de uma semente e na sua interrupção, em determinado ponto, por meio de secagem
ou torra. Entretanto, essa forma de processamento não foi capaz de reduzir os níveis de fitato
em alguns cereais, sendo necessária a moagem e a reincubação dos grãos em condições
favoráveis à atividade da fitase natural, para assim promover a inativação do fitato (LARSSON;
SANDBERG, 1992). Outra alternativa para reduzir a quantidade de IP6 é a germinação de grãos
de cereais e legumes, como a soja, que pode reduzir o seu conteúdo de fitato em até 50%
(MARERO et al., 1991). Porém, assim como a malteação, a germinação visando a redução de
IP6 em grãos também não é uma alternativa eficiente e economicamente viável para a indústria
de produção de alimentos, devido ao longo período de tratamento (MITTAL et al., 2013)
A desfitinização de ingredientes vegetais também pode ser feita com o uso de fitases
exógenas (KUMAR et al., 2011). Essa técnica consiste no tratamento por incubação dos
ingredientes moídos em solução aquosa contendo a enzima fitase à determinada temperatura e
por um período de tempo estipulado. Após a incubação, os ingredientes tratados são secos em
estufa, e em seguida incorporados aos demais ingredientes para a confecção da dieta. Os
protocolos para este tipo de tratamento, níveis de enzima, tempo e temperatura de incubação,
assim como seus efeitos podem variar (CAO et al., 2008; CARTER; SAJJADI, 2011;
NWANNA et al., 2008; ROY et al., 2014; WANG et al., 2009; YANG et al., 2011). Apesar
desta variação, os benefícios deste método geralmente estão relacionados ao aumento do ganho
de peso, eficiência alimentar e digestibilidade de nutrientes como proteína, minerais e lipídeos
(LEMOS; TACON, 2017). O mecanismo de hidrólise do fitato pela enzima fitase será descrito
posteriormente.
Adicionalmente às técnicas de desfitinização e à germinação, o desenvolvimento de
cultivares que produzam grãos e sementes com níveis reduzidos de fitato também pode ser
16
considerado uma alternativa para reduzir os impactos negativos deste fator antinutricional. De
fato, estudos com mutações genéticas de vegetais, como a soja, têm sido realizados para
identificar cultivares que produzam grãos com menores níveis de fitato e resultados promissores
foram obtidos (LANDAU-ELLIS; PANTALONE, 2009; SUNDARAMOORTHY et al., 2016;
YUAN et al., 2007). Linhas de cultivares de trigo e cevada, com baixo teor de fitato, foram
testadas para carpas e benefícios relacionas à digestibilidade de fósforo e deposição de gordura
na carcaça foram observados (MALÝ et al., 2017). Apesar destes aspectos positivos, algumas
mutações genéticas podem afetar negativamente a viabilidade e a quantidade de sementes
produzidas por certas cultivares geneticamente modificadas (YUAN et al., 2007). Mesmo com
os efeitos positivos das diferentes técnicas de desfitinização, melhoramento genético e outras
alternativas, a suplementação de fitase em dietas de peixe tem sido considerada a forma mais
viável para reduzir os efeitos negativos do fitato (CASTILLO; GATLIN, 2015; KUMAR et al.,
2012; NRC, 2011).
1.4. Fitase
A fitase é uma fosfatase que catalisa a hidrólise do ácido fítico e de seus sais mistos,
resultando em inositol e fósforo inorgânico livre (MULLANEY, EDWARD; DALY; ULLAH,
2000). A hidrólise do fitato, promovida pela fitase, ocorre por meio de reações sequenciais de
desfosforilação, a partir do hexafosfato até monofostato de mio-inositol (IP6 => IP5 => IP4 =>
IP3=> IP2=>IP1), gerando ésteres de fosfato de mio-inositol menores e mio-inositol livre
(GREINER; KONIETZNY, 2010). Desta forma o fósforo presente no ácido fítico e seus sais
tornam-se disponíveis para o animal, o que possibilita a redução nos níveis de inclusão deste
mineral às dietas (CAO et al., 2007) ou pode dispensar a suplementação de fósforo na ração
para as tilápias (PHROMKUNTHONG; GABAUDAN, 2006). A hidrólise desta molécula pode
ser parcial e disponibilizar também outros nutrientes que estejam ligados ao fitato, como
17
minerais, aminoácidos, proteínas e outros (DERSJANT-LI et al., 2015). Um diagrama
hipotético para o mecanismo geral de ação da fitase em dietas de peixes pode ser observado na
figura 4.
Figura 4. Mecanismo de ação da fitase em peixes.
Fonte: Adaptado de Kumar; Sinha; Kajbaf (2019)
18
A enzima fitase pode ser encontrada em grãos, diferentes microrganismos (fungos ou
bactérias) e no trato gastrintestinal de alguns animais, produzida pela mucosa intestinal ou
microbiota associada (KUMAR et al., 2010). A primeira fitase comercial foi introduzida no
mercado em 1991, sendo de origem fúngica (Aspergillus niger). Oito anos após este evento, a
primeira fitase bacteriana (Escherichia coli) foi documentada e considerada mais eficiente que
a fitase fúngica (RODRIGUEZ et al., 1999; RODRIGUEZ; HAN; LEI, 1999). Isso está
relacionado à elevada resistência a proteases endógenas e à alta afinidade ao fitato na forma de
IP6 e IP5 de fitases bacterianas, em comparação a fitases de origem fúngica (DERSJANT-LI et
al., 2015; RODRIGUEZ et al., 1999). Estas características impulsionaram estudos com fitases
de origem fúngica e bacteriana, sendo amplamente utilizadas como aditivos na alimentação
animal atualmente (MITTAL et al., 2013).
Além das diferentes fontes, existem distintas formas de classificação para a fitase
relacionadas ao local de início da desfosforilação e às propriedades catalíticas e estruturais da
enzima. Com base no local de início das reações de desfosforilação, o Comitê de Nomenclatura
de Enzimas da União Internacional de Bioquímica classificou as fitases em dois grupos: 3-fitase
(EC 3.1.3.8) e 6-fitase (EC 3.1.3.26) (SELLE; RAVINDRAN, 2007). Segundo estes autores, o
primeiro grupo dá início às reações no carbono 1 ou 3 do anel de mio-inositol, enquanto o
segundo inicia as reações em regiões próximas ao carbono 5. A União Internacional de Química
Pura e Aplicada (IUPAC) e a União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular
(IUBMB) reconhecem uma terceira classificação para esta enzima, 5-fitase (EC 3.1.3.72), que
inicia a desfosforilação do fitato no carbono de posição 5, existindo apenas uma fitase que
pertence a este grupo (KUMAR; SINHA; KAJBAF, 2019). A maior parte das fitases
microbianas são do tipo 3, com exceção para as tipo 6 produzidas pela bactéria E. coli, enquanto
fitases de origem vegetal são do tipo 6, exceto a da soja (tipo 3) (KUMAR; SINHA, 2018).
19
As fitases podem ser classificadas como ácidas ou básicas de acordo com o seu pH ideal.
As chamadas fitases ácidas tem pH ótimo entre 2.5 e 6.0 e as alcalinas 6.0 e 8.0
(VIJAYARAGHAVAN; PRIMIYA; PRAKASH VINCENT, 2013; YIN; ZHENG; KANG,
2007). Em relação às propriedades estruturais e catalíticas das fitases, essas enzimas ainda
podem ser enquadradas em diferentes classes: fitase β-hélice (FBA), fosfatases ácidas de
histidina (HFA), fosfatase ácido “purple” (FAP) e fosfatase proteína tirosina (KUMAR;
SINHA; KAJBAF, 2019; MULLANEY; ULLAH, 2007). Essa classificação é feita de acordo
com especificidade de substrato, conformação estrutural, faixas de pH, mecanismos de ação e
outras propriedades bioquímicas de cada enzima (MULLANEY; ULLAH, 2007).
Dentre as diferentes classes, fitases do grupo ácidas, HFA, de origem bacteriana ou fúngica
(3 ou 6) são as mais estudadas e utilizadas na alimentação animal (KUMAR et al., 2012).
Algumas das principais fitases comerciais podem ser observadas na tabela 3. Fitases ácidas
possuem ampla especificidade de substrato, sendo capazes de disponibilizar entre 5 e 6
moléculas de fósforo fítico (GREINER; CARLSSON; ALMINGER, 2000; HAYAKAWA et
al., 1990). Entretanto, fitases básicas possuem especificidade de substrato restrita, sendo
incapazes de hidrolisar ésteres menores, como IP3, IP2 e IP1; portanto, disponibilizam menos
fósforo fítico que as fitases HFA (GREINER et al., 2002; OH et al., 2004).
Tabela 3. Características de algumas fitases comerciais
Tipo Origem pH ótimo Temperatura ótima (∘C) Nome comercial
3 A. niger 2.5 – 5.5 65 Natuphos®
3 A. niger 6.0 – Allzyme® SSF
3 A. niger 2.5 – Finase® P/L
6 Escherichia coli 4.5 55 Phyzyme® XP
6 Escherichia coli 4.5 – Quantum®
6 Escherichia coli – – Quantum Blue®
6 Escherichia coli 3.4 – 5.0 58 OptiPhos®
6 Peniophora lycii 4.0 – 4.5 50–55 Ronozyme®
6 Citrobacter braakii – – Ronozyme Hiphos®
6 Buttiauxella spp. 3.5 – 4.5 60 Axtra® PHY
Fonte: Adaptado de Dersjant-li et al. (2015)
20
A atividade da fitase pode ser expressa em diferentes unidades, (FU, U, FYT, PU, FTU),
(KUMAR; SINHA, 2018), sendo FTU a forma mais comum. Conceitualmente, 1 unidade de
fitase (FTU) é a quantidade de enzima que disponibiliza 1μmol de fosfato inorgânico, por
minuto de reação, a partir de 0.0051 molL-1 do substrato fitato de sódio, a 37°C e pH 5.5
(ENGELEN et al., 1994). Como toda enzima, a fitase, pode ter a sua atividade afetada por
diferentes fatores, relacionados à enzima ou ao animal. Entre os fatores inerentes à enzima
pode-se citar: faixas ótimas de pH e temperatura, resistência à degradação de enzimas
endógenas e desnaturação por calor (ROMANO; KUMAR, 2018). A maioria das fitases
microbianas tem uma faixa de temperatura ótima que varia entre 40°C e 60°C, valores acima
dos parâmetros fisiológicos normais da maioria dos animais (IGBASAN et al., 2000). A
eficiência dessas enzimas pode ser afetada negativamente em alguns animais, como peixes, que
têm sua temperatura corporal próxima a do seu ambiente, variando de 20° até 30°C ou de 5° a
20°C para peixes tropicais e de agua fria respectivamente, sendo necessária a suplementação
de níveis mais elevados para peixes em comparação a outros animais (MORALES;
MARQUEZ; et al., 2016).
Como mencionado anteriormente, grande parte das fitases utilizadas na alimentação animal
tem pH ótimo entre 3.5 e 8.0, compatível com valores observados ao longo do trato
gastrintestinal de alguns animais. Entretanto, a solubilidade do fitato é dependente do pH do
meio, sendo maior em regiões ácidas, e algumas espécies de peixes agástricas não conseguem
acidificar a dieta para favorecer a atividade de fitases ácidas; portanto, o uso de fitases alcalinas
é recomendado (LIU; SU; LUO, 2012). Mesmo com o uso de fitases alcalinas a sua eficácia
pode ser comprometida devido à baixa solubilidade do fitato em regiões que o pH não seja
suficientemente ácido, como o intestino de peixes agástricos (KUMAR; SINHA; KAJBAF,
2019). A resistência à digestão enzimática também é um fator que influencia consideravelmente
a atividade da fitase. A atividade de enzimas endógenas como a tripsina e pepsina já foi
21
evidenciada em peixes, suínos e aves e estas podem degradar a fitase, reduzindo a sua atividade
(DERSJANT-LI et al., 2015). Estudos mais recentes, in vitro e in vivo, compararam a
resistência de fitases bacterianas e fúngicas, de diferentes espécies, e as enzimas provenientes
de bactérias E. coli foram mais resistentes à degradação de enzimas endógenas de peixes, aves
e suínos (AUGSPURGER et al., 2003; ELKHALIL et al., 2007; MORALES; MOYANO;
MARQUEZ, 2011; ONYANGO; BEDFORD; ADEOLA, 2005). Além da digestão proteica, a
exposição da fitase a temperaturas comuns ao processamento de ração para animais pode afetar
a sua atividade. Temperaturas superiores a 70°C podem reduzir consideravelmente a atividade
da maioria das fitases comercializadas (MRUDULA et al., 2019). Sabe-se que o processamento
de dietas extrudadas pode atingir até 150°C e a peletização pode chegar até 95°C (AUTIN,
1997; MRUDULA et al., 2019; RASMUSSEN, 2010), comprometendo a atividade da fitase
adicionada junto à mistura de ingredientes.
Adicionalmente, o conteúdo da dieta e algumas características fisiológicas dos animais
também podem afetar a atividade da fitase. Dentre os componentes da dieta, os níveis de cálcio
e outros minerais podem alterar a eficácia da fitase. Isso acontece primariamente pela alta
concentração de cálcio nas dietas, em relação aos outros minerais, assim como pela afinidade
do fitato ao cálcio. Em dietas para não ruminantes os níveis de cálcio são mais elevados que
outros minerais, por isso o fitato tende a se complexar com este mineral, formando precipitados
em regiões de pH próximas à alcalinidade (CAO et al., 2007; GRYNSPAN; CHERYAN,
1983). O cálcio pode ainda aumentar o pH da digesta, atuar como um inibidor de fitase por
competição de sítios de ligação e altas relações Ca:P podem influenciar negativamente na
atividade desta enzima, sendo recomendadas relações entre 1:1 e 1:4 a fim de otimizar a
atividade de fitase em peixes (CAO et al., 2007). A quantidade de outros minerais e os
diferentes ingredientes vegetais contidos na ração também podem afetar a atividade da fitase.
Esse tipo de influência é relacionada à interações mineral-fitato assim como pela quantidade e
22
tipo de fitato presente nos ingredientes que compõem a dieta do animal (DERSJANT-LI et al.,
2015; GONÇALVES et al., 2007).
1.5. Fitase na nutrição de peixes
A suplementação de enzimas para peixes, como a fitase, pode aumentar a disponibilidade
de diferentes nutrientes, contribuindo para a sustentabilidade da aquicultura. De fato, estudos
comprovaram que a suplementação desta enzima melhora principalmente a disponibilidade de
minerais, como o fósforo, em dietas para peixes. Cao et al. (2008) verificaram, com a tilápia-
do-Nilo, que a inclusão de 1000 FTU kg-1 aumentou a disponibilidade de fósforo e o coeficiente
de digestibilidade aparente (CDA) da dieta. Estas constatações corroboram com a pesquisa de
Bock et al. (2006), em que níveis de 1500 e 2000 FTU kg-1 de ração melhoraram o
aproveitamento do fósforo das dietas possibilitando a redução da suplementação de fósforo
proveniente de fontes não renováveis sem prejudicar o desempenho dos animais, aumentando,
assim, a sustentabilidade da atividade aquícola.
Outros trabalhos verificaram a correlação dose-resposta positiva para níveis de
suplementação de fitase e biodisponibilidade de nutrientes e energia para tilápia-do-Nilo em
diferentes fases. Com níveis de inclusão de 1000 FTU kg-1 em dietas formuladas
exclusivamente com ingredientes de origem vegetal a enzima foi capaz de promover aumentos
expressivos para ganho de peso (9%), biodisponibilidade de proteína (3%), extrato etéreo
(26%), energia bruta (4%) e fósforo (27%) em relação às dietas sem suplementação de fitase
(GODA, 2007; GONÇALVES et al., 2007). A inclusão de níveis mais elevados de fitase, entre
2000 e 3000 FTU kg-1, para a mesma espécie, determinaram um aumento de 8%, 3%, 41% e
16% no coeficiente de digestibilidade para energia e proteína bruta, fósforo e matéria mineral,
respectivamente (NWANNA; BELLO, 2014; PONTES et al., 2019). Adicionalmente, estudos
demonstram que a disponibilidade de micro minerais também é positivamente afetada pela
23
inclusão de diferentes níveis de fitase em dietas baseadas em alimentos de origem vegetal para
espécies de água doce (GONÇALVES et al., 2005; VERLHAC-TRICHET et al., 2014).
Apesar da identificação da atividade desta enzima em algumas espécies de peixes, a
quantidade de fitase presente no trato gastrintestinal da maioria dos teleósteos não é suficiente
para melhorar significativamente a hidrólise do ácido fítico (ELLESTAD et al., 2003). Logo, o
uso de fitase exógena em dietas para peixes possui papel importante para aumentar a
sustentabilidade da atividade e reduzir seus impactos ambientais, como descargas de fósforo e
nitrogênio que podem induzir à proliferação de organismos que venham a diminuir o oxigênio
dissolvido na água e poluir o ambiente (DEBNATH et al., 2005; KUMAR et al., 2012).
Além dos benefícios relacionados à biodisponibilidade de nutrientes, energia e redução na
emissão de poluentes provenientes da aquicultura, a fitase pode, ainda, reduzir o uso de fontes
não renováveis de fósforo. Uma vez que essa enzima propicia a utilização do fósforo fítico
contido nos farelos vegetais, a necessidade da suplementação de fósforo inorgânico vindo em
sua maioria da rocha fosfatada, pode ser reduzida nas dietas baseadas em ingredientes de origem
vegetal (MULLANEY; DALY; ULLAH, 2000).
Mesmo com os benefícios ambientais e nutricionais promovidos pela inclusão de fitase em
dietas para peixes, a sua incorporação pré-processamento de dietas, principalmente extrudadas,
permanece um desafio. Isso se deve à instabilidade térmica da enzima. A maioria das fitases
comerciais já produzidas tem a sua atividade consideravelmente reduzida ao serem expostas a
temperaturas superiores a 70°C (MRUDULA et al., 2019). Uma vez que o processo de extrusão
pode atingir temperaturas de até 150°C, a inclusão desta enzima pré-processamento torna-se
inviável. Portanto, o uso comercial de fitase em dietas comerciais para peixes é limitado e
significativamente menor quando comparado à adição em dietas para suínos e aves
(MORALES; MARQUEZ; et al., 2016).
24
Devido às particularidades relacionadas à estabilidade térmica da fitase, diferentes
estratégias têm sido desenvolvidas com o intuito de reduzir impactos em sua atividade durante
o processamento de dietas extrudadas para peixes. Uma dessas estratégias é a desfitinização
prévia dos ingredientes de origem vegetal com o uso de fitase. Nwanna et al. (2008) testaram
diferentes métodos de suplementação de fitase em dietas peletizadas para carpa comum e
concluíram que a desfitinização pré-processamento foi o método mais eficiente quando
comparado com os outros métodos. Outros trabalhos foram conduzidos e comprovaram a
eficácia da desfitinização de ingredientes vegetais, promovendo melhoras no conteúdo
nutricional e na utilização de minerais (Zn, Ca, P, Mn, Fe, Cu), proteína e lipídeos para peixes;
porém a variação no tempo de incubação e outras condições químicas do processo faz com que
mais estudos sejam necessários para a utilização segura deste método (LEMOS; TACON,
2017).
A adição de fitase em sua forma líquida, pós processamento da dieta, também foi uma
alternativa considerada e testada em diferentes trabalhos. Este método de inclusão promove
benefícios nutricionais para peixes e foi considerado o meio mais utilizado para evitar perda de
atividade enzimática por exposição à temperaturas elevadas durante o processamento de dietas
(VERLHAC; VIELMA; GABAUDAN, 2007), porém uma série de fatores podem inviabilizar
a sua utilização em escala industrial. Apesar de evitar reduções na atividade da enzima
promovidas pela exposição a altas temperaturas, o tempo despendido, maquinário específico
para cada tamanho de pélete, a desuniformidade na distribuição da enzima e reduzido tempo de
prateleira são fatores que podem reduzir o uso desta estratégia (MRUDULA et al., 2019).
Outra técnica amplamente utilizada para a incorporação de fitase em dietas para animais é
conhecida por revestimento. Essa tecnologia confere proteção térmica à enzima durante o
processo de peletização e é a estratégia mais utilizada para a suplementação de fitase em dietas
animais (GILBERT; COONEY, 2010; MRUDULA et al., 2019). Entretanto, alguns
25
componentes utilizados para promover o aumento da estabilidade térmica da fitase podem
também reduzir a sua ação no trato gastrintestinal animal. Essa redução foi observada nos
trabalhos de Vandenberg et al. (2011) que testaram a suplementação de fitase em microcápsulas
de alginato-quitosano para a truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss), e observaram menor
disponibilização de fósforo quando compararam este método à inclusão de fitase nas dietas em
sua forma livre. Outras formas de estabilização da fitase como revestimento com alofano
sintético e óxido de ferro, nano partículas de ouro, nanofibras de casca de arroz e até mesmo o
encapsulamento em leveduras foram desenvolvidas e aumentaram consideravelmente a
resistência térmica e proteolítica da enzima, porém sua eficácia em organismos animais não foi
comprovada (ISAKOVA et al., 2018; MENEZES-BLACKBURN et al., 2011;
RATHNAYAKE et al., 2018; SHANKAR et al., 2015).
A busca por microrganismos desconhecidos e técnicas de recombinação de proteínas para
a produção de fitases com termorresistência elevada também têm sido tema de pesquisa.
Estudos têm sido realizados com micro-organismos que vivem em diferentes temperaturas,
como termófilos (22 a 75°C) e mesofilos (20 a 46°C), por meio de técnicas de recombinação
genéticas avançadas ou de screening convencionais para identificar novas fontes de fitases
naturalmente termoestáveis (USHASREE et al., 2017). Porém, a produção de enzimas
termorresistentes à partir destes micro-organismos e das técnicas supracitadas ocorrem apenas
para fins acadêmicos e novos trabalhos são necessários para viabilizar sua implementação em
nível industrial (DREJER et al., 2018).
1.6. A digestibilidade dos alimentos
O Coeficiente de Digestibilidade Aparente (CDA) informa o teor de nutrientes que o peixe
digere e absorve, em relação à quantidade contida em determinado alimento ingerido (OGUNJI
et al., 2009). Pesquisas com a tilápia-do-Nilo sobre esta temática são realizadas desde meados
26
dos anos 80, podendo-se destacar Hanley (1987) que determinou o CDA para a proteína e a
energia bruta de diferentes alimentos para essa espécie e Pezzato et al. (2002) quando
determinaram com a tilápia-do-Nilo os CDA da matéria seca e do extrato etéreo de 17
alimentos. Segundo o NRC (2011), a obtenção de uma ração balanceada, que atenda às reais
exigências nutricionais para determinada espécie de peixe, somente é possível a partir do
conhecimento do CDA dos alimentos a serem utilizados em sua formulação.
Diferentes metodologias podem ser utilizadas para se determinar o CDA de alimentos e
nutrientes das dietas dos peixes. Dentre elas pode-se observar o método de coleta por sucção
anal (WINDEL; FOLZTZ; SAROKON, 1978), extrusão por pressão manual abdominal
(HAJEN et. al., 1993), coleta em aquários com recipiente para concentração de fezes por
decantação (CHO; SLINGER, 1979), dissecação intestinal (AUSTRENG, 1978) e contenção
metabólica (SMITH et. al., 1971). Entretanto, o método indireto de coleta em aquários é mais
confiável que outros métodos diretos, como a dissecação intestinal (PEZZATO et al., 2002).
Os métodos diretos consistem na mensuração da quantidade total de alimento ingerido e de
fezes excretadas pelo animal. Já na metodologia indireta, um marcador inerte é utilizado no
sentido de conhecer quanto do nutriente ingerido foi realmente digerido. Este segundo método
é o mais indicado, uma vez que o marcador permite que a determinação de um CDA seja
realizado apenas com uma fração das fezes colhidas no ambiente aquático e não exige a
quantificaçãodo alimento fornecido ao animal (CHOUBERT, 1999; MORALES et. al., 1999).
Cada metodologia possui as suas particularidades e a escolha de um método de coleta de fezes
para estudos de digestibilidade deve ser guiada por conhecimentos nutricionais e fisiológicos.
O conteúdo da dieta, a frequência alimentar, o tempo e intervalo entre cada coleta, o formato
das fezes, entre outros fatores podem influenciar diretamente na determinação de coeficientes
de digestibilidade (ABIMORAD; CARNEIRO, 2004; BELAL, 2005; DIEMER et. al., 2011;
PEZZATO et. al., 2002).
27
Para obtenção dos valores digestíveis de determinado nutriente recomenda-se cuidado
especial objetivando minimizar a lixiviação dos nutrientes da ração e das fezes, tanto durante a
alimentação, quanto no momento da coleta das excretas. Nestes estudos recomenda-se o
emprego do sistema proposto por Cho (1987) e Cho, Cowey e Watanabe (1985) conhecido
como “Sistema Guelph”. No Brasil utiliza-se o sistema apresentado por Cho (1987) com
algumas adaptações. Este sistema é composto por um aquário com base inclinada onde as fezes
se depositam por decantação para posterior coleta. O sistema adaptado por Pezzato et al. (2002)
é composto por aquários de fibra de vidro com fundo cônico aliado a outro sistema, chamado
de “aquários de alimentação” onde os animais ficam alojados em gaiolas. Neste sistema os
peixes são alimentados durante o dia e transferidos à noite para o aquário de coleta evitando
que a ração seja somada às fezes.
1.7. Polímeros de óleos vegetais e aplicações
O desenvolvimento de polímeros de óleos vegetais se deu pela necessidade de se criar
materiais termoplásticos utilizados rotineiramente, mas que fossem originados de fontes
renováveis para substituição dos materiais de origem fóssil (ALARCON et al., 2017). Desta
forma, pesquisas relacionadas às técnicas de polimerização de óleos vegetais, como o óleo de
soja, e sobre as características físicas dos polímeros têm se tornado cada vez mais frequentes.
Os óleos naturais e a sua composição têm sido tema de pesquisas para a criação de polímeros,
tintas, vernizes e resinas de revestimento à base de água, além de polímeros altamente
ramificados, que não agridam o meio ambiente e que reduzam, ou não contenham, o uso de
solventes orgânicos voláteis em sua produção (LLIGADAS et al., 2013; SHARMA; KUNDU,
2006).
Adicionalmente às aplicações industriais, polímeros de origem vegetal têm sido
amplamente utilizados na biomedicina. Selantes e colas cirúrgicas, adesivos farmacológicos e
carreadores de fármacos, dentre outros produtos, são produzidos a partir de polímeros de óleos
28
vegetais (LLIGADAS et al., 2013). Além de agirem como carreadores, polímeros feitos com
base em óleo de rícino (ácido sebácico e ricinoleico) também são utilizados para a
administração lenta de fármacos a base de peptídeos e sulfato de gentamicina, contendo
substâncias anestésicas locais (KRASKO et al., 2007; KRASKO; KUMAR; DOMB, 2006;
SHIKANOV; DOMB; WEINIGER, 2007).
Polímeros obtidos a partir de óleos vegetais podem ser metabolizados por animais, uma vez
que o óleo vegetal é a matéria prima principal. Segundo Shit e Shah (2014), polímeros
classificados como comestíveis podem ser facilmente digeridos por humanos e outras espécies
animais, sem prejuízos à saúde. Pesquisadores do Departamento de Química da Universidade
Estadual Paulista (UNESP), Campus de Bauru-SP, desenvolveram um polímero de óleo de soja
que se enquadra nessa classificação.
Além de comestível, o referido polímero foi produzido seguindo os princípios da “Química
Verde’’(DE ALMEIDA; ALARCON; BANNACH, 2016). A química verde surgiu à partir de
especulações iniciadas em meados de 1960 sobre possíveis soluções para a redução e
tratamento adequado de resíduos químicos industriais, para promover o desenvolvimento
sustentável deste setor (LANCASTER, 2016; LENARDÃO; DABDOUB; BATISTA, 2003).
A partir disso e de conferências internacionais, surgiu o conceito de química verde, que é o
desenvolvimento e a aplicação de tecnologias para reduzir ou eliminar o uso e a produção de
substâncias que agridam o ambiente e ameacem saúde humana (LANCASTER, M., 2002).
Essa prática ganhou reconhecimento após a publicação de seus doze princípios básicos (tabela
4), que devem necessariamente ser seguidos, para a sua implementação em um processo
produtivo ou outras atividades (ANASTAS; WARNER, 1998). Este conceito é relacionado à
tecnologia limpa, reutilização de resíduos e tem sido implementado em indústrias e instituições
de ensino e pesquisa, afim de promover o avanço sustentável de diferentes atividades
(SHELDON, 2016).
29
Além de se tratar de produto metabolizável por animais e sustentável do ponto de vista
ambiental, o polímero em questão possui outras características que podem favorecer o seu uso
na alimentação animal. Por ser um material com maior porosidade que outros polímeros à base
de óleo vegetal (DE ALMEIDA; ALARCON; BANNACH, 2016) e ter baixa condutibilidade
de calor, pode funcionar como carreador de alguns componentes nutricionais, além de ser um
potencial termoprotetor. Devido à sua porosidade, este polímero é capaz de adsorver diferentes
materiais, como o verde de malaquita e corantes, entre outras substâncias testadas
laboratorialmente. Recentemente, o polímero de soja foi submetido ao contato com uma solução
de fitase no laboratório de análise térmica e polímeros (UNESP-Bauru), sendo capaz de
adsorvê-la com um coeficiente de adsorção de 0,66% (34,8 FTU/g de polímero).
Alguns polímeros à base de óleo vegetal, como o polímero utilizado neste estudo,
apresentam baixa condutividade térmica. Isso pode ser observado devido à relação
inversamente proporcional existente entre a resistência térmica do material e a sua capacidade
de condução térmica (LEE et al., 2006). Como o polímero utilizado nesta pesquisa possui boa
resistência térmica, com estabilidade física até 160°C (DE ALMEIDA; ALARCON;
BANNACH, 2016), ele consequentemente apresenta baixa capacidade de condução térmica.
Tais características evidenciam que este produto pode ser um veículo termoprotetor em
potencial para a enzima fitase, que poderia ser submetida a altas temperaturas durante o
processo de extrusão na confecção da ração. Aliado à sua resistência a temperaturas elevadas,
o polímero ainda é consideravelmente resistente ao pH ácido, água e outros solventes. Sabendo-
se que o pH estomacal da tilápia-do-Nilo varia de 1,4 a 1,9 (MORIARTY, 1973), o complexo
“polímero-fitase” pode passar pelo estômago sem sofrer degradação. Assim, o polímero pode
evitar que a fitase sofra redução em sua atividade por ação de enzimas digestivas e do pH
estomacal, atingindo o intestino do animal com maior atividade.
30
Outra característica que favorece o uso do óleo polimerizado como protetor para a fitase é
a faixa de pH em que o mesmo é hidrolisado. O polímero sofre hidrólise em contato com
soluções alcalinas (DE ALMEIDA; ALARCON; BANNACH, 2016) liberando gradativamente
a enzima durante o processo de degradação, como ocorre com outros polímeros de origem
vegetal (ICKOWICZ et al., 2016). Considerando que o pH intestinal das tilápias tende a
alcalinidade, variando de 5,5 a 8,5 (MORIARTY, 1973; PAYNE, 1978), parte-se do
pressuposto que a liberação da enzima ocorrerá gradativamente promovida pela hidrólise lenta
do complexo “polímero-enzima” ao atingir esta região. Portanto, além de termoprotetor, o
material possui características que podem diminuir ou evitar a redução da atividade da enzima
ao entrar em contato com os ácidos estomacais da tilápia, uma vez que a fitase possui pH padrão
ótimo de ação no valor de 5,5 (AOAC, 2000). Adicionalmente, o polímero pode proteger a
enzima contra a hidrólise promovida pela pepsina, protease encontrada no estômago da tilápia.
Por se tratar de molécula proteica, a fitase pode ser hidrolisada por proteases endógenas do trato
digestório dos animais não ruminantes (DERSJANT-LI et al., 2015). Assim, o polímero de óleo
de soja tende a proteger a fitase da hidrólise proteica, podendo melhorar a eficiência enzimática
da fitase na porção inicial do intestino de tilápias-do-Nilo.
Tabela 4. Os doze princípios da Química verde.
1. Prevenção
Evitar a produção do resíduo é melhor do que tratá-lo ou “limpá-lo” após sua geração.
2. Economia de Átomos
Deve-se procurar desenhar metodologias sintéticas que possam maximizar a incorporação de
todos os materiais de partida no produto final.
3. Síntese de Produtos Menos Perigosos
Sempre que praticável, a síntese de um produto químico deve utilizar e gerar substâncias que
possuam pouca ou nenhuma toxicidade à saúde humana e ao ambiente.
4. Desenho de Produtos Seguros
Os produtos químicos devem ser desenhados de tal modo que realizem a função desejada e
ao mesmo tempo não sejam tóxicos.
5. Solventes e Auxiliares mais seguros
O uso de substâncias auxiliares (solventes, agentes de separação, secantes, etc.) precisa,
sempre que possível, tornar-se desnecessário e, quando utilizadas, estas substâncias devem
ser inócuas.
31
6. Busca pela Eficiência de Energia
A utilização de energia pelos processos químicos precisa ser reconhecida pelos seus impactos
ambientais e econômicos e deve ser minimizada. Se possível, os processos químicos devem
ser conduzidos à temperatura e pressão ambientes.
7. Uso de Fontes Renováveis de Matéria-Prima
Sempre que técnica- e economicamente viável, a utilização de matérias-primas renováveis
deve ser escolhida em detrimento de fontes não renováveis.
8. Evitar a Formação de Derivados
A derivatização desnecessária (uso de grupos bloqueadores, proteção/desproteção,
modificação temporária por processos físicos e químicos) deve ser minimizada ou, se
possível, evitada, porque estas etapas requerem reagentes adicionais e podem gerar resíduos.
9. Catálise
Reagentes catalíticos (tão seletivos quanto possível) são melhores que reagentes
estequiométricos.
10. Desenho para a Degradação
Os produtos químicos precisam ser desenhados de tal modo que, ao final de sua função, se
fragmentem em produtos de degradação inócuos e não persistam no ambiente.
11. Análise em Tempo Real para a Prevenção da Poluição
Será necessário o desenvolvimento futuro de metodologias analíticas que viabilizem um
monitoramento e controle dentro do processo, em tempo real, antes da formação de
substâncias nocivas.
12. Química Intrinsecamente Segura para a Prevenção de Acidentes
As substâncias, bem como a maneira pela qual uma substância é utilizada em um processo
químico, devem ser escolhidas a fim de minimizar o potencial para acidentes químicos,
incluindo vazamentos, explosões e incêndios.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABIMORAD, E.G.; CARNEIRO, D.J. Métodos de Coleta de Fezes e Determinação dos
Coeficientes de Digestibilidade da Fração Protéica e da Energia de Alimentos para o Pacu,
Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887). Revista Brasileira de Zootecnia, 2004, v.33, n.5,
p.1101-1109, 2004.
ALARCON, R.T., VINÍCIUS DE ALMEIDA, M.; RINALDO, D.; BANNACH, G. Synthesis
and thermal study of polymers from soybean, sunflower, and grape seed maleinated oil.
European Journal of Lipid Science and Technology, v. 119, n. 10, p. 1–6, 2017.
ANASTAS, P. T; WARNER, J. C. Green Chemistry: Theory and Practice. Oxford: Oxford
University Press, 1998.
AOAC - Official Methods of Analysis. Official Methods of Analysis of Official Analytical
Chemists, 17th ed, 2000.
Tabela 4. (continua)
32
AUGSPURGER, N.R.; WEBEL, D.M.; LEI, X.G.; BAKER, D.H. Efficacy of an E. coli phytase
expressed in yeast for releasing phytate-bound phosphorus in young chicks and pigs. Journal
of Animal Science, v. 81, n. 2, p. 474–483, 2003.
AUTIN, M. Commercial aquafeed manufacture and production. Cahiers Options
Mediterraneennes, v. 22, p. 79–104, 1997.
BELAL, I. E. A review of some fish nutrition methodologies. Bioresource technology, v. 96,
n. 4, p. 395-402, 2005.
BOCK, C.L; PEZZATO, L.E.; CANTELMO, O.Â.; BARROS, M.M. Fitase e digestibilidade
aparente de nutrientes de rações por tilápias-do-nilo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n.
6, p. 2197–2202, 2006.
BOCK, C.L; PEZZATO, L.E.; CANTELMO, O.Â.; BARROS, M.M. Phytase in diets for Nile
tilapia in the growth period. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 5 suppl, p. 1455–1461,
2007.
BOHN, L.; MEYER, A.S.; RASMUSSEN, S.K. Phytate: Impact on environment and human
nutrition. A challenge for molecular breeding. Journal of Zhejiang University: Science B, v. 9,
n. 3, p. 165–191, 2008.
BORBA, M. R.; SÁ, M. V. C.; ABREU, J. S. Vitaminas e minerais. In: CYRINO, J. E. P.;
FRACALOSSI, D. M. Nutriaqua: nutrição e alimentação de espécies de interesse para a
aquicultura brasileira. 1. ed. Florianópolis: Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia
Aquática, 2016. p. 121–166.
BOUWMAN, A.F.; BEUSEN, A.H.W.; OVERBEEK, C.C.; BUREAU; D.P.; PAWLOWSKI,
M.; GLIBERT, P.M. Hindcasts and future projections of global inland and coastal nitrogen and
phosphorus loads due to finfish aquaculture. Reviews in Fisheries Science, v. 21, n. 2, p. 112–
156, 2013.
BUENO, G.W.; FEIDEN, A.; NEU, D.H.; LUI, T.A.; WÄCHTER, N.; BOSCOLO, W.R.
Digestibilidade do fósforo em dietas como estratégia nutricional para redução de efluentes da
tilapicultura. Arq. bras. med. vet. zootec, p. 183–191, 2012.
BUREAU, D.P.; HUA, K. Towards effective nutritional management of waste outputs in
33
aquaculture, with particular reference to salmonid aquaculture operations. Aquaculture
Research, v. 41, n. 5, p. 777–792, 2010.
CAO, L.; YANG, Y.; WANG, W.M.; YAKUPITIYAGE, A.; YUAN, D.R.; DIANA, J.S.
Effects of pretreatment with microbial phytase on phosphorous utilization and growth
performance of Nile tilapia (Oreochromis niloticus). Aquaculture Nutrition, v. 14, n. 2, p. 99–
109, 2008.
CAO, L.; WANG, W.; YANG, C.; YANG, Y.; DIANA, J.; YAKUPITIYAGE, A.; LUO, Z.;
LI, D. Application of microbial phytase in fish feed. Enzyme and Microbial Technology, v. 40,
n. 4, p. 497–507, 2007.
CARTER, C.G.; SAJJADI, M. Low fishmeal diets for Atlantic salmon, Salmo salar L., using
soy protein concentrate treated with graded levels of phytase. Aquaculture International, v. 19,
n. 3, p. 431–444, 2011.
CASTILLO, S.; GATLIN, D.M. Dietary supplementation of exogenous carbohydrase enzymes
in fish nutrition: A review. Aquaculture, v. 435, p. 286–292, 2015.
CHISLOCK, M. F.; DOSTER, E.; ZITOMER, R. A.; WILSON, A. E. Eutrophicati on: Causes,
Consequences, and Controls in Aquatic Ecosystems. Nature Education Knowledge, v. 4, p. 10,
2013.
CHO, C. Y. La energía en la nutrición de los peces. Nutricíon en acuicultura, v. 2, p. 197–243,
1987.
CHO, C.Y.; COWEY, C.B.; WATANABE, T. Finfish nutrition in Asia: methodological
approaches to research and development. IDRC, Ottawa, ON, CA: IDRC, 1985.
CHOUBERT, G. Nutrient digestibility in fish: Methodological aspects. Cybium, v. 1, p. 112–
125, 1999.
CHO, S.Y.; SLINGER, S.J. Apparent digestibility measurements in feedstffs for rainbow trout.
Finfish Nutrition and Fishfeed Technology. Halver, J.E. and Tiews, K. (Eds.). Heenemann,
Berlin, p. 234-247, 1979.
DE ALMEIDA, M.V.; ALARCON, R.T.; BANNACH, G. Synthesis and thermal studies of
new soybean and grape seed oil-based polymers: Clean and efficient pathway using green
34
Chemistry principles. Brazilian Journal of Thermal Analysis, v. 5, n. 1, p. 16–20, 2016.
DEBNATH, D.; SAHU, N.P.; PAL, A.K.; JAIN, K.K.; YENGKOKPAM, S.; MUKHERJEE,
S.C. Mineral status of Pangasius pangasius (Hamilton) fingerlings in relation to supplemental
phytase: absorption, whole-body and bone mineral content. Aquaculture Research, v. 36, n. 4,
p. 326–335, 2005.
DERSJANT‐LI, Y.; AWATI, A.; SCHULZE, H.; PARTRIDGE, G. Phytase in non-ruminant
animal nutrition: A critical review on phytase activities in the gastrointestinal tract and
influencing factors. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 95, n. 5, p. 878–896,
2015.
DIAZ, Robert J.; ROSENBERG, Rutger. Spreading dead zones and consequences for marine
ecosystems. Science, v. 321, n. 5891, p. 926–929, 2008.
DIEMER, O.; BOSCOLO, W.R.; SIGNOR, A.A. SARY, C.; NEU, D. H.; FEIDEN, A. Níveis
de fósforo total na alimentação de juvenis de jundiá criados em tanquesrede. Pesquisa
Agropecuária Tropical, v.41, n.4, p.559-563, 2011.
DREJER, E.; HAKVÅG, S.; IRLA, M.; BRAUTASET, T. Genetic Tools and Techniques for
Recombinant Expression in Thermophilic Bacillaceae. Microorganisms, v. 6, n. 2, p. 42, 2018.
DUMAS, A.; LALIBERTE, G.; LESSARD, P.; DE LA NOÜE, J. Biotreatment of fish farm
effluents using the cyanobacterium Phormidium bohneri. Aquacultural Engineering, v. 17, n.
1, p. 57–68, 1998.
EDWARDS, P. Aquaculture environment interactions: Past, present and likely future trends.
Aquaculture, v. 447, p. 2–14, 2015.
ELKHALIL, E.A.I.; MÄNNER, K.; BORRISS, R.; SIMON, O. In vitro and in vivo
characteristics of bacterial phytases and their efficacy in broiler chickens. British Poultry
Science, v. 48, n. 1, p. 64–70, 2007.
ELLESTAD, L.E.; DAHL, G.; ANGEL, R.; SOARES JR, J.H. The effect of exogenously
administered recombinant bovine somatotropin on intestinal phytase activity and in vivo
phytate hydrolysis in hybrid striped bass Morone chrysops x M. saxatilis. Aquaculture
Nutrition, v. 9, n. 5, p. 327–336, 2003.
35
ENGELEN, A.J.; RANDSDORP, P.H.; SMIT, E.L. Simple and rapid determination of phytase
activity. Journal of AOAC International, v. 77, n. 3, p. 760–764, 1994.
FAO. Fishery commodities classification | Coordinating Working Party on Fishery Statistics
(CWP) | Food and Agriculture Organization of the United Nations. Disponível em:
. Acesso
em: 13 dez. 2019.
FAO. WORLD FISHERIES AND AQUACULTURE. Rome, 2018. Disponível em:
. Acesso em: 5 dez. 2019.
FITZSIMMONS, K. Prospect and potential for global production. Tilapia: Biology, Culture
and Nutrition. New York, USA: Food Products Press, 2006. p. 51–72.
GATLIN III, D.M.; BARROWS, F.T.; BROWN, P.; DABROWSKI, K.; GAYLORD, T.G.;
HARDY, R.W.; HERMAN, E.; HU, G.; KROGDAHL, Å.; NELSON, R.; OVERTURF, K.
Expanding the utilization of sustainable plant products in aquafeeds: A review. Aquaculture
Research, v. 38, n. 6, p. 551–579, 2007.
GILBERT, C.; COONEY, G. Thermostability of feed enzymes and their practical application
in the feed mill. In: BEDFORD, M. R.; PARTRIDGE, G. G. (Org.). ENZYMES IN FARM
ANIMAL NUTRITIO. 2nd. ed. CABI, Oxfordshire, UK, 2010. p. 249–259.
GODA, A.M.A.S. Effect of Dietary Soybean Meal and Phytase Levels on Growth, Feed
Utilization and Phosphorus Discharge for Nile tilapia Oreochromis niloticus (L.). Journal of
Fisheries and Aquatic Science, v. 2, n. 4, p. 248–263, 2007.
GONÇALVES, G.S.; PEZZATO, L.E.; PADILHA, P.D.M.; BARROS, M.M. Apparent
phosphorus availability in vegetable feedstuffs and supplementation of phytase enzyme for Nile
tilapia Oreochromis niloticus. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 5, 2007.
GONÇALVES, G.S.; PEZZATO, L.E.; BARROS, M.M.; KLEEMAN, G.K.; ROCHA, D.F.
Efeitos da suplementação de fitase sobre a disponibilidade aparente de Mg, Ca, Zn, Cu, Mn e
Fe em alimentos vgetais para a tilápia-do-Nilo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 6, p.
2155–2163, 2005.
GREINER, R; KONIETZNY, U. Phytases: biochemistry, enzymology and characteristics
36
relevant to animal feed use. Enzymes in farm animal nutrition, 2010. p. 96–128.
GREINER, R.; FAROUK, A.; ALMINGER, M.L.; CARLSSON, N.G. The pathway of
dephosphorylation of myo -inositol hexakisphosphate by phytate-degrading enzymes of
different Bacillus spp. Canadian Journal of Microbiology, v. 48, n. 11, p. 986–994, 2002.
GREINER, R; CARLSSON, N.G.; ALMINGER, M.L. Stereospecificity of myo-inositol
hexakisphosphate dephosphorylation by a phytate-degrading enzyme of Escherichia coli.
Journal of Biotechnology, v. 84, n. 1, p. 53–62, 17, 2000.
GREINER, R.; KONIETZNY, U. Improving enzymatic reduction of myo-inositol phosphates
with inhibitory effects on mineral absorption in black beans (Phaseolus vulgaris var. preto).
Journal of Food Processing and Preservation, v. 23, n. 3, p. 249–261, 1999.
GRYNSPAN, F.; CHERYAN, M. Calcium phytate: Effect of ph and molar ratio on in vitro
solubility. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v. 60, n. 10, p. 1761–1764, 1983.
HAJEN, W.E.; BEAMES, R.M.; HIGGS, D.A.; DOSANJH, B.S. Digestibility of various
feedstuffs by post-juvenile chinook salmon (Oncorhynchus tshawytscha) in sea water. 1.
Validation of technique. Aquaculture, v. 112, n. 4, p.321-332, 1993.
HAJRA, A.; MAZUMDER, A.; VERMA, A.; GANGULY, D.P.; MOHANTY, B.P.;
SHARMA, A.P. Antinutritional Factors in Plant Origin Fish Feed Ingredients: The Problems
and Probable Remedies. Advances in Fish Research, p. 193–202, 2013.
HANLEY, F. The digestibility of foodstuffs and the effects of feeding selectivity on
digestibility determinations in tilapia, Oreochromis niloticus (L). Aquaculture, v. 66, n. 2, p.
163–179, 1, 1987.
HAYAKAWA, T.; SUZUKI, K.; MIURA, H.; OHNO, T.; IGAUE, I. Myo-inositol
polyphosphate intermediates in the dephosphorylation of phytic acid by acid phosphatase with
phytase activity from rice bran. Agricultural and Biological Chemistry, v. 54, n. 2, p. 249–286,
1990.
HUSSENOT, J.; LEFEBVRE, S.; BROSSARD, N. Open-air treatment of wastewater from
land-based marine fish farms in extensive and intensive systems: Current technology and future
perspectives. ESME - Gauthier-Villars, 1998. p. 297–304.
37
IBGE. Produtos de origem animal, por tipo de produto. Disponível em:
. Acesso em: 5 dez. 2019.
ICKOWICZ, D.E.; ABTEW, E.; KHAN, W.; GOLOVANEVSKI, L.; STEINMAN, N.;
WEINIGER, C.F.; DOMB, A.J. Poly (ester-anhydride) for controlled delivery of hydrophilic
drugs. Journal of Bioactive and Compatible Polymers, v. 31, n. 2, p. 127–139, 2016.
IGBASAN, F.A.; MÄNNER, K.; MIKSCH, G.; BORRISS, R.; FAROUK, A.; SIMON, O.
Comparative studies on the in vitro properties of phytases from various microbial origins.
Archives of Animal Nutrition, v. 53, n. 4, p. 353–373, 2000.
ISAKOVA, E.P.; SERDYUK, E.G.; GESSLER, N.N.; TRUBNIKOVA, E.V.; BIRYUKOVA,
Y.K.; EPOVA, E.Y.; DERYABINA, Y.I.; NIKOLAEV, A.V. A New Recombinant Strain of
Yarrowia lipolytica Producing Encapsulated Phytase from Obesumbacterium proteus. Doklady
Biochemistry and Biophysics, v. 481, n. 1, p. 201–204, 2018.
JOBLING, M. Fish nutrition research: past, present and future. Aquaculture International, v.
24, n. 3, p. 767–786, 2016.
JONGE, L.H. De; TESTERINK, J.; JONGBLOED, A.W. Interactions between protein, phytate
and microbial phytase (Natuphos) : Phase 1: an in vitro approach, 1997.
KAWASAKI, Nobuyuki et al. Release of Nitrogen and Phosphorus from Aquaculture Farms
to Selangor River, Malaysia. International Journal of Environmental Science and Development,
v. 7, n. 2, p. 113–116, 2016.
KIES, A.K.; DE JONGE, L.H.; KEMME, P.A.; JONGBLOED, A.W. Interaction between
Protein, Phytate, and Microbial Phytase. In Vitro Studies. Journal of Agricultural and Food
Chemistry, v. 54, n. 5, p. 1753–1758, 2006.
KRASKO, M.Y.; GOLENSER, J.; NYSKA, A.; NYSKA, M.; BRIN, Y.S.; DOMB, A.J.
Gentamicin extended release from an injectable polymeric implant. Journal of Controlled
Release, v. 117, n. 1, p. 90–96, 2007.
KRASKO, M.Y.; KUMAR, N.; DOMB, A.J. Protein and Peptide Release from in Situ Gelling
Polymer Introduction Over the past decade, developments in the field of biotech- nology have
led to the cloning, characterization, and commercial availability of many clinically useful
38
proteins and pepti. v. 930, p. 2461–2463, 2006.
KUMAR, V.; SINHA, A.K.; MAKKAR, H.P.; DE BOECK, G.; BECKER, K. Phytate and
phytase in fish nutrition. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition, v. 96, n. 3, p.
335–364, 2012.
KUMAR, V.; SINHA, A. K. General Aspects of Phytases. Enzymes in Human and Animal
Nutrition: Principles and Perspectives, 2018. p. 53–67.
KUMAR, V.; SINHA, A.K.; KAJBAF, K. Phytic Acid and Phytase Enzyme. Whole Grains
and their Bioactives. Wiley, 2019. p. 467–483.
KUMAR, V.; SINHA, A.K.; MAKKAR, H.P.; BECKER, K. Dietary roles of phytate and
phytase in human nutrition: A review. Food Chemistry, v. 120, n. 4, p.945-959, 2010.
KUMAR, V.; MAKKAR, H.P.; DEVAPPA, R.K; BECKER, K. Isolation of phytate from
Jatropha curcas kernel meal and effects of isolated phytate on growth, digestive physiology and
metabolic changes in Nile tilapia (Oreochromis niloticus L.). Food and Chemical Toxicology,
v. 49, n. 9, p. 2144–2156, 2011.
LANCASTER, M. Principles and Concepts of Green Chemistry. GREEN CHEMISTRY: An
Introductory Text. Royal Society of Chemistry, 2002. p. 1–20.
LANCASTER, M. Principles and concepts of Green Chemistry. Green Chemistry 3rd Edition:
An Introductory Text. Royal Society of Chemistry, 2016. p. 1–23.
LANDAU-ELLIS, D; PANTALONE, V. R. Marker-assisted backcrossing to incorporate two
low phytate alleles into the Tennessee soybean cultivar 5601T. Induced plant mutations in the
genomics era. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, 2009, p. 316–
318.
LARSSON, M.; SANDBERG, A.S. Phytate Reduction in Oats during Malting. Journal of Food
Science, v. 57, n. 4, p. 994–997, 1992.
LEE, G.W.; PARK, M.; KIM, J.; LEE, J.I.; YOON, H.G. Enhanced thermal conductivity of
polymer composites filled with hybrid filler. Composites Part A: Applied Science and
Manufacturing, v. 37, n. 5, p. 727–734, 2006.
39
LEESON, S. Recent advances in fat utilization by poultry. Recent advances in animal nutrition
in Australia, p. 170–181, 1993.
LEMOS, D.; TACON, A.G.J. Use of phytases in fish and shrimp feeds: a review. Reviews in
Aquaculture, v. 9, n. 3, p. 266–282, 2017.
LENARDÃO, E.J.; DABDOUB, M.J.; BATISTA, C.F. “Green Chemistry” – os 12 princípios
da Química Verde e sua inserção nas atividades de ensino e pesquisa. v. 26, n. 1, p. 123–129,
2003.
LIENER, I.E. Implications Of Antinutritional Components In Soybean Foods. Critical Reviews
in Food Science and Nutrition, v. 34, n. 1, p. 31–67, 1994.
LIU, L.W.; SU, J.; LUO, Y. Effect of partial replacement of dietary monocalcium phosphate
with neutral phytase on growth performance and phosphorus digestibility in gibel carp,
Carassius auratus gibelio (Bloch). Aquaculture Research, v. 43, n. 9, p. 1404–1413, 2012.
LLIGADAS, G.; RONDA, J.C.; GALIA, M.; CADIZ, V. Renewable polymeric materials from
vegetable oils: A perspective. Materials Today, v. 16, n. 9, p. 337–343, 2013.
LOEWUS, F.A. Biosynthesis of phytate in food grains and seeds. Food Phytates, p. 53–61,
2001.
MALÝ, O.; MAREŠ, J.; ZUGÁRKOVÁ, I.; MAREŠ, L. The Effect of Using Low-Phytate
Cereal Varieties on Phosphorus Digestibility and Selected Production Indices. Acta
Universitatis Agriculturae et Silviculturae Mendelianae Brunensis, 65(5), pp.1567-1577, 2017.
MARERO, L.M.; PAYUMO, E.M.; AGUINALDO, A.R.; MATSUMOTO, I.; HOMMA, S.
Antinutritional factors in weaning foods prepared from germinated cereals and legumes.
Lebensmittel - Wissenschaft + Technologie = Food science + technology, 1991.
MENEZES-BLACKBURN, D.; JORQUERA, M.; GIANFREDA, L.; RAO, M.; GREINER,
R.; GARRIDO, E.; DE LA LUZ MORA, M. Activity stabilization of Aspergillus niger and
Escherichia coli phytases immobilized on allophanic synthetic compounds and montmorillonite
nanoclays. Bioresource Technology, v. 102, n. 20, p. 9360–9367, 2011.
MITTAL, A.; GUPTA, V.; SINGH, G.; YADAV, A.; AGGARWAL, N.K. Phytase: A Boom
in Food Industry. Octa Journal of Biosciences Octa Journal of Biosciences Octa. J. Biosci, v.
40
1, n. 2, p. 158–169, 2013.
MORALES, G.A.; DENSTADLI, V.; COLLINS, S.A.; MYDLAND, L.T.; MOYANO, F.J.;
ØVERLAND, M. Phytase and sodium diformate supplementation in a plant-based diet
improves protein and mineral utilization in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Aquaculture
Nutrition, v. 22, n. 6, p. 1301–1311, 2016.
MORALES, G. A.; MARQUEZ, L.; HERNÁNDEZ, A.J.; MOYANO, F.J. Phytase effects on
protein and phosphorus bioavailability in fish diets. Phytate Destruction - Consequences for
Precision Animal Nutrition. Wageningen Academic Publishers, 2016. p. 129–165.
MORALES, G.A.; MOYANO, F.J.; MARQUEZ, L. In vitro assessment of the effects of
phytate and phytase on nitrogen and phosphorus bioaccessibility within fish digestive tract.
Animal Feed Science and Technology, v. 170, n. 3–4, p. 209–221, 2011.
MORALES, A. E.; CARDENETE, G.; SANZ, A.; DE LA HIGUERA, M. Re-evaluation of
crude fibre and acid-insoluble ash as inert markers, alternative to chromic oxide, in digestibility
studies with rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Aquaculture, v. 179, n. 1-4, p. 71-79, 1999.
MORIARTY, D. J.W. The physiology of digestion of blue‐green algae in the cichlid fish,
Tilapia nilotica. Journal of Zoology, v. 171, n. 1, p. 25–39, 6, 1973.
MRUDULA, U.V.; JAISWAL, A.K.; KRISHNA, S.; PANDEY, A. Thermostable phytase in
feed and fuel industries. Bioresource Technology, v. 278, n.1, p. 400–407, 2019.
MULLANEY, E. J.; ULLAH, A.H.J. Phytases: attributes, catalytic mechanisms and
applications. Inositol Phosphates: Linking Agriculture and the Environment, 2007. p. 97–110.
MULLANEY, E.J.; DALY, C.B.; ULLAH, A.H.J. Advances in phytase research. Advances in
Applied Microbiology. Academic Press Inc, 2000.
NAYLOR, S.; BRISSON, J.; LABELLE, M.A.; DRIZO, A.; COMEAU, Y. Treatment of
freshwater fish farm effluent using constructed wetlands: The role of plants and substrate. Water
Science and Technology, v. 48, n. 5, p. 215–222, 2003.
NRC. Nutrient Requirements of Fish and Shrimp. National Academies Press, 2011.
NWANNA, L.C.; KOLAHSA, M.; EISENREICH, R.; SCHWARZ, F.J. Pre-treatment of
41
dietary plant feedstuffs with phytase and its effect on growth and mineral concentration in
common carp (Cyprinus carpio L.). Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition, v. 92,
n. 6, p. 677–682, 2008.
NWANNA, L. C.; BELLO, O. S. Effect of Supplemental Phytase on Phosphorus Digestibility
and Mineral Composition in Nile Tilapia (Oreochromis niloticus). International Journal of
Aquaculture, v. 4, n. 15, p. 89–95, 2014.
OATWAY, L.; VASANTHAN, T.; HELM, J.H. Phytic acid. Food Reviews International, v.
17, n. 4, p. 419–431, 2001.
OGUNJI, J.; PAGEL, T.; SCHULZ, C.; KLOAS, W. Apparent digestibility coefficient of
housefly maggot meal (magmeal) for Nile tilapia (Oreochromis niloticus L.) and carp (Cyprinus
carpio). Asian Fisheries Science, v. 22, n. 4, p. 1095–1105, 2009.
OH, B.C.; CHOI, W.C.; PARK, S.; KIM, Y.O.; OH, T.K. Biochemical properties and substrate
specificities of alkaline and histidine acid phytases. Applied Microbiology and Biotechnology,
2004
OLADOSU, Y.; RAFII, M.Y.; ABDULLAH, N.; HUSSIN, G.; RAMLI, A.; RAHIM, H.A.;
MIAH, G.; USMAN, M. Principle and application of plant mutagenesis in crop improvement:
a review. Biotechnology & Biotechnological Equipment, v. 30, n. 1, p. 1–16, 2016.
ONYANGO, E.M.; BEDFORD, M.R.; ADEOLA, O. Efficacy of an evolved Escherichia coli
phytase in diets of broiler chicks. Poultry Science, v. 84, n. 2, p. 248–255, 2005.
OSTI, J.A.S.; MORAES, M.A.B.; CARMO, C.F.; MERCANTE, C.T.J. Fluxo de nitrogênio e
fósforo na produção de tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) a partir da aplicação de
indicadores ambientais. Brazilian Journal of Biology, v. 78, n. 1, p. 25–31, 2018.
PAERL, H.W. Coastal eutrophication and harmful algal blooms: Importance of atmospheric
deposition and groundwater as “new” nitrogen and other nutrient sources. Limnology and
Oceanography, v. 42, n. 5, p. 1154–1165, 1997.
PAYNE, A. I. Gut ph and digestive strategies in estuarine grey mullet (Mugilidae) and tilapia
(Cichlidae). Journal of Fish Biology, v. 13, n. 5, p. 627–629, 1978.
PEZZATO, L.E.; MIRANDA, E.C.; PINTO, L.G.Q.; FURUYA, W.M.; BARROS, M.M.;
42
ROSA, G.J.M.; LANNA, E.A.T. Avaliação de dois métodos de determinação do coeficiente de
digestibilidade aparente com a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus L.). Acta Scientiarum.
Animal Sciences, v. 24, p. 965, 2002.
PEZZATO, L.E.; MIRANDA, E.C.; BARROS, M.M.; PINTO, L.G.Q.; FURUYA, W.M.;
PEZZATO, A.C. Digestibilidade aparente de ingredientes pela tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 4, p. 1595–1604, 2002.
PHROMKUNTHONG, W.; GABAUDAN, J. Used of microbial phytase to replace inorganic
phosphorus in sex-reversed red tilapia: 1 dose response. Songklanakarin Journal of Science and
Technology, v. 28, n. 4, p. 731–743, 2006.
PONTES, T.C.; FRANÇA, W.G.; DUTRA, F.M.; PORTZ, L.; BALLESTER, E.L.C.
Evaluation of the Phytase Enzyme in granulated and liquid forms for Nile Tilapia (Oreochromis
niloticus). Archivos de Zootecnia, v. 68, n. 261, p. 158–163, 2019.
PONTES, T.C. Nova geração de fitase líquida em dietas para tilápias do nilo. 2019.
PONTOPPIDAN, K.; PETTERSSON, D.; SANDBERG, A-S. Peniophora lycii phytase is
stabile and degrades phytate and solubilises mineralsin vitro during simulation of
gastrointestinal digestion in the pig. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 87, n.
14, p. 2700–2708, 2007.
QUIRRENBACH, H.R.; KANUMFRE, F.; ROSSO, N.D.; CARVALHO FILHO, M.A.
Comportamento do ácido fítico na presença de Fe ( II ) e Fe ( III ) Behaviour of phytic acid in
the presence of iron ( II ) and iron ( III ). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 29, n. Ii, p. 24–
32, 2009.
RASMUSSEN, D. K. Difference in heat stability of phytase and xylanase products in pig feed.
Variation, 2010.
RATHNAYAKE, U.A.; SENAPATHI, T.; SANDARUWAN, C.; GUNAWARDENE, S.;
KARUNARATNE, V.; KOTTEGODA, N. Rice bran nanofiber composites for stabilization of
phytase. Chemistry Central Journal, v. 12, n. 1, p. 28, 2018.
RAVINDRAN, V. Effect of natuphos phytase on the bioavailability of protein and amino acids–
A review. Keeping Current, v. 6, 2000.
43
REDDY, N.R.; PIERSON, M.D.; SATHE, S.K.; SALUNKHE, D.K. Phytates in Cereals and
Legumes. CRC Press, 1989.
REDDY, N. R; SATHE, S. K. Indoduction. Food phytates. CRC Press, 2001. p. 1–4.
RICHE, M.; GARLING, D. L. Effect of phytic acid on growth and nitrogen retention in tilapia
Oreochromis niloticus L. Aquaculture Nutrition, v. 10, n. 6, p. 389–400, 2004.
RICHE, M.; TROTTIER, N.L.; KU, P.K.; GARLING, D.L. Apparent digestibility of crude
protein and apparent availability of individual amino acids in tilapia (Oreochromis niloticus)
fed phytase pretreated soybean meal diets. Fish Physiology and Biochemistry, v. 25, n. 3, p.
181, 2001.
RODRIGUEZ, E; PORRES, J.M.; HAN, Y.; LEI, X.G. Different sensitivity of recombinant
Aspergillus niger phytase (r-PhyA) and Escherichia coli pH 2.5 acid phosphatase (r-AppA) to
trypsin and pepsin in vitro. Archives of Biochemistry and Biophysics, v. 365, n. 2, p. 262–267,
1999.
RODRIGUEZ, E.; HAN, Y,; LEI, X.G. Cloning, sequencing, and expression of an Escherichia
coli acid phosphatase/phytase gene (appA2) isolated from pig colon. Biochemical and
Biophysical Research Communications, v. 257, n. 1, p. 117–123, 1999.
ROMANO, N.; KUMAR, V. Phytase in animal feed. Enzymes in Human and Animal Nutrition:
Principles and Perspectives. Elsevier Inc, 2018. p. 73–88.
RORIZ, G.D.; DELPHINO, M.K.D.V.C.; GARDNER, I.A.; GONÇALVES, V.S.P.
Characterization of tilapia farming in net cages at a tropical reservoir in Brazil. Aquaculture
Reports, v. 6, p. 43–48, 2017.
ROY, T.; BANERJEE, G.; DAN, S.K.; GHOSH, P.; RAY, A.K. Improvement of nutritive value
of sesame oilseed meal in formulated diets for rohu, Labeo rohita (Hamilton), fingerlings after
fermentation with two phytase-producing bacterial strains isolated from fish gut. Aquaculture
International, v. 22, n. 2, p. 633–652, 2014.
SAMPAIO, F.G.; LOSEKANN, M.E.; LUIZ, A.J.B.; NEVES, M.C.; FRASCÁ-SCORVO,
C.M.D.; RODRIGUES, G.S. Monitoramento e gestão ambiental da piscicultura em tanques-
rede em reservatórios. Informe Agropecuário, v. 34, p. 1–11, 2013.
44
SCHULZ, C.; GELBRECHT, J.; RENNERT, B. Treatment of rainbow trout farm effluents in
constructed wetland with emergent plants and subsurface horizontal water flow. Aquaculture,
v. 217, n. 1–4, p. 207–221, 2003.
SELLE, P. H