UNIVESIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP
CÂMPUS DE JABOTICABAL
INFLUÊNCIA DA ANEMIA FERROPRIVA NO
ELETROFORETROGRAMA DE HEMOGLOBINA DE
LEITÕES
Nathan da Rocha Neves Cruz
Médico Veterinário
2016
UNIVESIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP
CÂMPUS DE JABOTICABAL
INFLUÊNCIA DA ANEMIA FERROPRIVA NO
ELETROFORETROGRAMA DE HEMOGLOBINA DE
LEITÕES
Nathan da Rocha Neves Cruz
Orientador: Prof. Aureo Evangelista Santana
Coorientador: Prof. Luís Guilherme de Oliveira
Dissertação apresentada à Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP,
Câmpus de Jaboticabal, como parte das
exigências para a obtenção do título de Mestre
em Medicina Veterinária (Patologia Animal)
2016
Cruz, Nathan da Rocha Neves
C957i Influência da anemia ferropriva no eletroforetrograma de
hemoglobina de leitões / Nathan da Rocha Neves Cruz. – –
Jaboticabal, 2016
x, 51 p. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2016
Orientadora: Aureo Evangelista Santana
Coorientador: Luís Guilherme de Oliveira
Banca examinadora: Marcos Augusto Alves da Silva, Márcia
Ferreira da Rosa Sobreira
Bibliografia
1. Suínos. 2. Hematologia. 3. Hemoglobinopatias. I. Título. II.
Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 619:616.155:636.4
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
nathancruzbr@gmail.com
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
Nathan da Rocha Neves Cruz, Rio de Janeiro, 10 de julho de 1988. Ensino
Médio e Técnico Agrícola com habilitação em Zootecnia formado pelo Centro
Federal de Educação Tecnológica de Uberaba – CEFET/Uberaba (Atual Instituto
Federal do Triângulo Mineiro) (2003 – 2005) na cidade de Uberaba, Minas Gerais.
Médico Veterinário graduado no Curso de Medicina Veterinária da Universidade de
Uberaba – UNIUBE (Jan/2006 – Jul/2011) em Uberaba, Minas Gerais. Na graduação
teve bolsa de estudos do Programa de Ensino Médio da Universidade de Uberaba –
UNIUBE (Jan/2006 a Jul/2007), posteriormente aluno bolsista do Programa
Universidade Para Todos (PROUNI) do Ministério da Educação do Governo Federal
Brasileiro, bolsa que possibilitou cursar gratuitamente todo Bacharel em Medicina
Veterinária, Universidade de Uberaba – UNIUBE. Patologista Clínico Veterinário
formado pelo Programa de Residência em Medicina Veterinária pela Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias – FCAV, Universidade Estadual Paulista, Câmpus
Jaboticabal com bolsa através do Programa de Aprimoramento Profissional – PAP
(Mar/2012 – Mar/2014). Discente Mestrado do Programa de Pós-graduação em
Medicina Veterinária, área de Patologia Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias – FCAV, Universidade Estadual Paulista, Câmpus Jaboticabal sendo
bolsista de Mestrado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq (2014 – Atual). E selecionado como aluno de Doutorado no
Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, área de Patologia Animal da
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – FCAV, Universidade Estadual
Paulista, Câmpus Jaboticabal para o primeiro semestre de 2016.
“Irmão, você não percebeu que você
É o único representante do seu sonho na face da Terra?
Se isso não fizer você correr, chapa, eu não sei o que vai?
Levanta e anda
Mas eu sei que vai
Que o sonho te traz, coisas que te faz
Prosseguir... Levanta e anda”.
Emicida.
À minhas matrizes e companheiras de experimento Alfa, Beta, Gamma, Delta
e a cada um dos seus “leitãozinhos”, não seria possível este trabalho sem a
paciência e o empenho de vocês. Ao cachaço Otávio por toda sua doçura e bondade
em me ensinar a ser um suinocultor e fazer o serviço de forma simples e rápida.
AGRADECIMENTOS
“Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai
acompanhado, com certeza vai mais longe”. Clarice Lispector.
Sim eu consegui chegar mais longe! Principalmente em uma época de
dificuldades no âmbito da pesquisa, esse trabalho mostrou que podemos realmente
fazer uma investigação científica latente e criativa com auxílio não somente
financeiro (apertado), mas com a confiança das pessoas que você encontra na
trajetória e dizem em atitudes, sim vá em frente, este caminho é o certo.
Prof. Áureo muito obrigado por essa proposta de pesquisa, um grande sinal
de confiança e honra por continuar, o trabalho iniciado com sua dissertação de
mestrado, realmente obrigado por compartilhar as memórias e experiência. Uma
grande inspiração e bons primeiros passos em minha vida acadêmica. Pelo respeito,
lições de cidadania, docência e muitos etc. Estar ao lado do senhor no doutorado é
realmente como o senhor diz: ser e estar feliz!
Prof. Luís Guilherme agradeço pela confiança, paciência e motivação ao
longo do experimento, com sua sala sempre aberta a novos receios, medos, acertos,
erros, orçamentos apertados, um verdadeiro, “brainstorming das problemáticas
solucionáticas em caráter criativo” nessa arte que é suinocultura, sua dedicação por
esta ciência é o “verdadeiro estado da arte”. Espero que esta parceria esteja
fechada por muitos longos anos.
Ao Prof. Joaquim pela confiança para aquisição das marrãs. Muito obrigado
sem o aval do senhor, não haveria esta dissertação.
Ao Prof. Hauschild por me receber e apoiar a ideia desse projeto com
alimentação na primeira fase, a abertura do setor de suinocultura e toda atenção
com as consultas técnicas.
Ao Zé e o Seu Wilson pelos ensinamentos técnicos, vivência suínicola, auxílio
em meu projeto e mostrar com a experiência de vocês que ser suinocultor não é
apenas criar, e sim ter amor, dedicação e afeto a cada manhã.
Seu Hélio e Lucas por toda a paciência dentro da fábrica de ração, realmente
foi encantador processar o alimento que utilizei para minhas companheiras de
trabalho. Pelo carrinho e pelas caronas!
Ao Prof. André Furugen (USP – Pirassununga) pela doação das amostras de
sêmen, auxílio nas dúvidas reprodutivas, muito obrigado! Com toda a certeza, o
senhor fez diferença no meu trabalho, obrigado pelas portas abertas e pelo frigobar!
Ao Gustavo Amorin e Diego pelo auxílio as minhas viagens a Pirassununga
para viabilizar meu efetivo transporte de sêmen suíno. Bem como todo empenho do
setor de transporte da FCAV/UNESP, vocês foram essenciais para minha boa taxa
de prenhes.
Carlos, muito obrigado por suas mãos, sem elas não teria minhas amostras
sanguíneas. E por me mostrar que minhas marrãs e eu somos uma família, e que
meu estresse afetava diretamente a elas, com sua observação conseguir enxergar a
tranquilidade.
Edson 600 pelas palavras de apoio, antes de chegar minhas marrãs, suas
palavras estão guardadas.
A Karen Lourenço e Mariana da ENDOVET pelos convites e apoio durante
meu Mestrado. Bem como todo corpo clínico e administrativo da ENDOVET.
Ao meu grande amigo Eugênio pelo apoio, ajuda no experimento e seus
conselhos trakinas durante toda minha vida na UNESP. Lia obrigado pelos copos de
coca-cola e as conversas sempre tão agradáveis e tranquilas. Chica obrigado pelo
apoio e sempre a curiosidade por saber como andava o Projeto.
Ao setor de manutenção da FCAV/Unesp pela atenção e por todas os
materiais dispostos. Também tenho que agradecer ao serviço de marcenaria. E a
todos os setores administrativos da FCAV/Unesp que importunei durante meu
experimento. Muito obrigado Bel (Secretária do DCCV) pela paciência e auxílios.
Prof.a. Cláudia Bonini (SJRP – UNESP) pela disponibilidade e atenção em
todos os emails, muito obrigado, pelas portas abertas do Laboratório de
Hemglobinopatias. Nathália (SRJP – UNESP) por sua paciência e auxílio nas
minhas eletroforeses. Aline (UFTM) tenho que lhe agradecer por me receber, pelos
auxílios e dúvidas em minhas eletroforeses, foi fundamental seu apoio.
Claúdia, Paulo e Renata pela paciência no laboratório de Pesquisa do DCCV,
também pelos conselhos e ajudas técnicas.
Mateus Yamazaki muito obrigado pelo apoio, paciência e por não me matar,
muito obrigado meu amigo e companheiro de residência. Ana Panoso obrigada por
lembrar que precisava me cuidar, pelo apoio e seu tenro sorriso. A Fernanda
Martinato por auxiliar nas análises hematológicas. Ao corpo laboratorial do
Laboratório de Patologia Clínica Veterinária (FCAV/UNESP) por toda paciência em
relação ao meu experimento e minha pessoa (uma verdadeira casa, sempre!).
A esse Grupo de Pesquisa em Sanidade de Suínos que me enche de orgulho
e cada dia mais cresce dentro de nossa Instituição. Obrigado pela paciência e
perdão por eventuais falhas.
Ao Marcus Feliciano e Mariana pelo diagnóstico ultrassonográfico da
gestação das marrãs. Fernando Japonês, Marina e Karla pelo apoio nos manejos
dos leitões.
Cássia Molinaro, obrigado pela sua ajuda nas primeiras escritas do projeto,
pela minha banca de qualificação do pré-projeto. Obrigado por sua confiança
sempre. Suas lições estão guardadas comigo, e sempre quando tenho oportunidade
de passar para alguém, faço, para tentar chegar ao patamar de sabedoria e
disponibilidade ao outro que você sempre faz questão de ser.
Tchaina, japonesa, por tudo não é! Pela amizade, caronas, abraços, apoio,
sem dúvida uma pessoa de ordinária presença durante meu mestrado. Espero
realmente que caminhemos por muitos longos anos juntos!
Bah e Andressa pelo apoio.
Aline Mirrasga e toda sua família por toda ajuda no experimento, na minha
vida, obrigado por fazer a diferença a cada dia.
Júlia e Lívia pela amizade e apoio.
A todas as pessoas do setor do Hospital Veterinário que deram apoio,
palavras de motivação para realizar esse projeto.
“Em especial às pessoas que fizeram me deram auxílio durante o nascimento
e manejo dos leitões. Tomo a liberdade de chamar de “minha equipe”: Ana Cláudia,
Fausto Marinho, Juliana Paula, Patrícia Versutti e Thaís Baraldi obrigado pelo
esforço, paciência, conselhos e meus resultados que estão escritos aqui, vocês
serão sempre o sucesso nessa minha jornada!”
Quero agradecer a pessoas que me apoiaram e ajudaram a estar aqui ao
longo da minha vida – Aglays Martins (pelo auxílio e imensa amizade), Prof. Hugo
Prata (Pelas oportunidades, amizade, conselhos e auxílio), Prof. Wanderson Biscola
(Pelos ensinamentos, pelo conselho em vir para Unesp de Jabotical), Prof.a. Liliane
Benatti (Pelo apoio irrestrito durante a faculdade e por fazer o sonho da ABCZ
acontecer), ao Prof. Mestre Carlo (Por incentivar e dizer: “senta e leia o livro,
Mestre”) Prof.a. Joely Bittar e Prof. Eustáquio Bittar (Pelas oportunidades,
ensinamentos e por sempre acreditar em mim) e pelo meu grande amigo Prof Yudi
Kanayama (Por todas as oportunidades, pelos empregos, pelas monitorias, pelos
puxões de orelha, por simplesmente acreditar).
“Para estar ao lado das minhas marrãs, tive que abdicar da presença de
pessoas muito queridas, Mãe, Vó, Irmã e Panda, obrigado pela paciência e desculpa
pela minha ausência por tentar alcançar um sonho, uma realização que poucas
pessoas têm oportunidade de viver tão plenamente.”
“Simplesmente esse trabalho simboliza uma boa fase, pré, ao vivo e pós.”
I
SUMÁRIO
Página
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS ________________________ 1
1.1 Introdução _______________________________________________ 1
1.2 Revisão de Literatura ______________________________________ 2
1.3 Referências ______________________________________________ 11
CAPÍTULO 2 - Influência da deficiência de ferro no eletroforetograma de
hemoglobinas de leitões neonatos _______________________________
1
Resumo ____________________________________________________ 1
Abstract ____________________________________________________ 1
Introdução __________________________________________________ 2
Materiais e métodos __________________________________________ 4
Resultados e discussão _______________________________________ 7
Conclusão __________________________________________________ 11
Fontes de aquisição __________________________________________ 11
Comitê de ética e biossegurança ________________________________ 11
Referências _________________________________________________ 15
CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ________________________ 1
ANEXO ____________________________________________________ 1
Normas de Publicação da Revista Ciência Rural ____________________ 2
II
III
RESUMO
A hemoglobina é uma proteína globular composta por fração protéica (cadeias de
globina), fração heme onde ocorre a ligação do íon bivalente de ferro, sendo que, as
globinas combinadas ajudam a tipificar as hemoglobina em Hb Adulta (Hb A), Fetal
(Hb F) e Adulta 2 (Hb A2). Na deficiência de ferro, que pode culminar anemia por
disfunção eritropoiética, prevalente em leitões e seres humanos, a hemoglobina
pode ter alterações estruturais denominadas hemoglobinopatias. O estudo
determinou a influência do ferro nos tipos de hemoglobina de leitões neonatos.
Perante os resultados se verificou que hemoglobina do leitão tem corrida semelhante
à humana, e nos animais que apresentaram anemia ferropriva não houve
aparecimento do traçado Hb A2, que pode estar diminuída em casos de deficiência
de ferro em seres humanos.
Palavras-chave: Suínos, hematologia, hemoglobinopatias
IV
ABSTRACT
Hemoglobin is a globular protein consisting of the protein fraction (globin
chains), heme fraction which is the binding of the bivalent iron ion, and the
combined globin help classify the hemoglobin in Hb Adult (Hb A), Fetal (Hb F)
and Adult 2 (Hb A2). The iron deficiency can predispose anemia by
erythropoietic dysfunction, prevalent in pigs and humans and the hemoglobin
may have structural changes denominated hemoglobinopathies. The study
determined the influence of iron to the types of hemoglobin neonate pigs. On
the results was found that the pig hemoglobin is similar to human in
electrophoresis. The piglets showed deficiency anemia there was appearance
of line Hb A2, which may be diminished in cases of iron deficiency in humans.
Key words: Swine, hematology, hemoglobinopathies
1
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.1 INTRODUÇÃO
Como na criação de suínos, a deficiência de ferro é uma preocupação
constante na saúde dos homens, principalmente na primeira fase de vida, de
acordo com Organização Mundial da Saúde (WHO, 2004) um terço da
população humana é acometida pela privação de ferro, seja por falta ou má-
alimentação, doença infecciosa ou síndromes metabólicas, sendo prevalente
em crianças na primeira fase de vida e perniciosa em gestantes e lactentes.
Quando pousamos nossas vistas para diagnóstico e monitoração da
anemia ferropriva em seres humanos, vemos o quanto à suinocultura pouco
avançou, uma vez que, a prática de suplementação de ferro em leitões recém-
nascidos tornou-se ordem efetiva com a descoberta do ferro-dextran em 1970
por MacDonald e Cols, o que solucionou em tese as perdas econômicas no
início da criação industrial suinícola (SANTANA, 1982).
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2004) define que anemia é a
diminuição da hemoglobina, uma vez que, esta molécula fornece ao ser
humano a vital possibilidade de carrear o oxigênio ambiental para cada célula
do corpo, e uma das principais causas da anemia em humano é a falta do ferro
dentro desta molécula que fica propensa a radicais livres, desnaturação e até
desbalanceamento de suas cadeias globinícas que culmina com diminuição da
perfusão do oxigênio e retirada do dióxido de carbono dos tecidos.
Essa alteração na molécula de hemoglobina gerada pela falta do ferro
pode ser definida como hemoglobinopatia do tipo estrutural, por haver uma
2
alteração da conformação molecular que é identificada através do
eletroforetograma hemoglobínico.
O objetivo desse trabalho foi avaliar o comportamento da molécula de
hemoglobina através da eletroforese por agarose de leitões ferropênicos, visto
que, o ferro tem na hemoglobina como seu principal estoque corpóreo, e a dele
causa oxidação e perda de função dessa molécula.
3
1.2 REVISÃO DE LITERATURA
A hemoglobina (Hb) é uma proteína globular, tetramérica, cuja massa
molecular relativa é de 64,5 kDa, sua função primordial é transportar oxigênio e
dióxido de carbono, com o objetivo de realizar a hematose do organismo
(WANG, 2006). Apresenta em sua composição uma fração protéica (cadeias de
globina) e uma fração prostética representada pela protoporfirina 9, ligada ao
íon bivalente de Ferro (Fe++) (SHIRABI; HINSDALE, 2005), conforme
esquematização da figura 1.
Figura 1. Representação gráfica da estrutura quaternária e terciária da molécula de
hemoglobina. Fonte: BAIN (2006).
Durante os diferentes estádios de desenvolvimento eritroblástico, que
tem lugar na medula óssea, as frações livres do grupo prostético (heme) são
estruturadas no ambiente mitocondrial, enquanto que as cadeias globínicas são
sintetizadas nos domínios polirribossômicos do retículo endoplasmático rugoso
(HARVEY, 2012). A fração heme é formada a partir da junção de glicina e
succinil-CoA (protoporfirina – 9) que, sob a ação da ferroquelatase, faculta a
inserção do átomo de Ferro no interior do referido núcleo tetrapirrólico
4
(STOCKHAM, S. L; SCOTT, 2011). Os quatro grupos heme (núcleo
tetrapirrólico) estão recobertos pelas cadeias globínicas, protegidos contra a
desnaturação (Figura 2).
Figura 2. Representação gráfica da molécula de hemoglobina com o grupo heme
(verde) dentro da fração globina (vermelho). Fonte: BAIN (2006).
As cadeias globinícas são compostas pelas frações globinícas
sintetizadas por loci de genes ativos (α, β, e δ), que em seres humanos
redundam na combinação dos cromossomos 16 e 11 (figura 3), culminando
com a síntese de quatro tipos de cadeias (α – alfa, β – beta, γ – gama e δ –
delta) (NAOUM, 1987; WANG, 2006).
Figura 3. Representação gráfica dos (A) cromossomas 11 e 16 e dos (B) loci gênicos
onde são sintetizadas as cadeias de globina da molécula de hemoglobina. Fonte:
BAIN (2006).
5
A combinação das cadeias dentro do tetrâmero, duas a duas, permite a
tipificação da molécula de hemoglobina em três classes: (1) embrionária,
constituída por duas cadeias α-globinas e duas ε-globinas; (2) hemoglobina
fetal, com duas cadeias α-globinas e duas γ-globinas (HbF); (3) da
hemoglobina adulta, com duas cadeias α-globinas e duas β-globinas (HbA); e
(4) hemoglobina adulta 2, com duas α-globinas e duas δ-globinas (BAIN,
2006). Os tipos hemoglobínicos têm concentrações diferentes durante o
desenvolvimento do embrião até o nascimento, na figura 4 pode-se visualizar a
correlação entre produção dos tipos hemoglobínicos em relação ao
desenvolvimento do organismo em seres humanos, desde a fase embrionária
após nascimento.
Figura 4. Correlação entre o aparecimento dos tipos hemoglobínicos em relação a
desenvolvimento em seres humanos na fase fetal e após o nascimento. Fonte: BAIN
(2006).
Em seres humanos, durante a vida fetal, a HbF predomina e, após o
nascimento, são produzidas quantidades cada vez menores de HbF (na vida
6
adulta chega a 2,5%), que é substituída gradativamente pela HbA (95% em
indivíduo adulto) (WILD; BAIN, 2007).
Figura 4. Representação dos sítios de síntese de globinas das diferentes em seres
humanos na fase fetal e após nascimento. Fonte: BAIN (2006).
De acordo com Bain (2006), em humanos as globinas durante a fase
embrionária (5ª semana) são produzidas por eritroblastos primitivos no saco
vitelino, as cadeias α e ε, correspondentes das globinas embrionárias. No sexta
semana de gestação, estas mesmas células começam sintetizar cadeias α, β e
γ (PONKA, 1997). Na 10-12º semana, a hemoglobina começa a ser sintetizada
no fígado e baço, tendo como principais tipos hemoglobinícos produzidos fetal
e adulta. Após o nascimento, a medula óssea se torna o principal sitio de
síntese de hemoglobina, com os eritroblastos medulares responsável pela
produção de hemoglobina A e tipos menores de hemoglobina (fetal e A2)
(STEINBERG; ADAMS, 1991).
A hemoglobina fetal (HbF) é maior durante a vida intrauterina, tem
afinidade pelo oxigênio mais alta que a Hb A devido a fraca afinidade para 2,3
7
GPD, característica que facilita a transferência de oxigênio entre a mãe e o
feto, contudo, ela é menos eficiente no transporte do CO2 (BUNN; FORGET,
1991). Durante primeiro ano de via, a percentagem de hemoglobina F cai
progressivamente (Figura 3 e 4), o percentual da Hb F no nascimento
geralmente varia de 60 – 95%, e na puberdade 2,5% da hemoglobina total
(NAOUM, 1987).
A hemoglobina adulta 2 (Hb A2), cerca de 2 – 3% da hemoglobina total
em adultos, possui menor percentual no nascimento (0,2 – 0,3%) e vai
aumentando para níveis correspondentes a indivíduos adultos durante os
primeiros 2 anos de vida no homem (SERJEANT et al, 1978). Possui
propriedade funcional muito semelhante à Hb A, com cooperatividade e
interação semelhantes com 2,3-DPG (difosfoglicerato), porém não inibe a
polimerização de hemoglobinas S que são instável (KUNKEL; WALLENIUS,
1955). O 2,3-DPG é uma enzima responsável por reduzir a afinidade do
oxigênio com a hemoglobina quando esta chega à tecidos com baixa tensão de
oxigênio (KAENEKO, 2008).
Sua taxa reduzida de síntese, está associada a síntese mais lenta das
cadeias δ presente nas suas globinas, em relação as cadeias β (Hb A) devido a
particularidade da região promotora de transcrição do δ mRNA. Em humanos, a
Hb A2 pode estar reduzida por pela deficiência de ferro, seja ela absoluta ou
funcional ou por uma alteração na formação de cadeias globinas do tipo δ. As
taxas de Hb A2 é aumentar quando há uma alteração na produção de cadeias
do tipo β, que participam da formação da Hb A (STEINBERG; ADAMS, 1991).
8
Em cães, cavalos, cabras, gatos, ovelhas e porcos a hemoglobina
embrionária e substituída pelos tipos adultos (Hb F e HbA) durante a vida fetal
(BUNN, 1981). Kaneko (2008) afirma que há uma grande variabilidade nos
tipos hemoglobínicos em animais adultos, em ovelhas, HbA e Hb B são
atribuídas para diferenciar a cadeia globínica β (GARNER, LINGREL,1988),
contudo em cabras essa diferença está atribuída a diferença nas cadeias α
(PIERAGOSTINI et al, 2005).
Além disso, há diferenças não genéticas que contribui para
heterogeneidade das hemoglobinas, em gatos pode acontece a n-acetilação
das cadeias beta (TAKETA et al, 1972) formação de metahemoglobina em
gatos com quadros tóxicos e glicolisação da Hb devido ao aumento da glicose
sérica, que ocorre em cães diabéticos (FIGHERA et al, 2002; HIGGINS et al,
1982; ELLIOTT et al, 1999). Em cães com doença renal crônica com aumento
de ureia sérica por longos períodos pode predispor os animais a carbamilação
da Hb (HEIENE et al, 2001).
A eletroforese é a método laboratorial mais utilizado para o estudo das
hemoglobinas e para detecção e caracterização das variantes hemoglobinas,
além da determinação das hemoglobinopatias que são alterações da molécula
de hemoglobina, relacionadas com a sua biossíntese (talassemias) ou estrutura
(variantes), e que podem culminar em vários graus de anemia ou alterações
clínicas (WANG, 2006; BAIN, 2011).
Por meio desse método foram caracterizadas no homem 800 variantes,
das quais 600 são causadoras de desarranjos moleculares que podem levar ao
desenvolvimento de hemoglobinopatias (JABEEN et al. 2006), e com
9
descoberta da anemia falciforme correlacionada a hemoglobinopatia estrutural,
a hemoglobina passou amplamente estudada (NAOUM, 1987).
Em seres humanos, 95% das hemoglobinopatias ocorrem por mudanças
estruturais nas cadeias hemoglobínicas, que incluem substituição de
aminoácidos ou falha de síntese (MIGNEAULT et al. 2004). Tais alterações da
hemoglobina já foram reportadas em animais por Kaneko (2008), sendo a mais
conhecida, a porfiria, relacionada a um defeito estrutural do componente
prostético, que em bovinos leva à fotossensibilização devido à deficiência da
uroporfirinogênio III sintase (KAHN, 2008).
A eletroforese é uma técnica versátil para estudar a hemoglobina, pois a
partir de um lisado apenas das hemácias é possível determinar os tipos de
hemoglobina usando papel de filtro, membrana de acetato de celulose, gel de
amido, agar, agarose, citrato e poliacrilamina (BAIN, 2006), e pode ser utilizado
em animais para determinação inicial dos tipos hemoglobínicos (KANEKO,
2008), assim como em seres humanos. No entanto, não há relatos da
utilização clínica e rotineira da eletroforese de hemoglobina para diagnóstico de
doenças associadas a molécula (WATSON e CANFIELD, 2008).
Neste senso, é bem conhecido o fato de que a deficiência de ferro em
seres humanos, de incidência mundial associada à desnutrição e má-
alimentação (CARVALHO; BACARAT; SGARBIERI, 2006), leva ao estado
anêmico, bem como ao desbalanço dos tipos hemoglobínicos, com diminuição
na percentagem de hemoglobina A2 (HbA2), e consequente aumento na
produção de HbA como um processo de adaptação temporária (RAMALHO,
1986; EL-AGOUZA et al. 2002; BAIN, 2006), mediada, ao nível dos genes,
entre os loci formadores de cadeias β e δ, com predileção para formação de
10
HbA (α2β2) e inibição da biossíntese de HbA2 (KERAMATI; MAYBODI, 2007).
Dessa forma, a Hb A2 poderia ser um hemoglobina marcadora da falta de ferro
(EL-GOUZA et al, 2002).
A deficiência de Fe além de levar à anemia microcítica hipocrômica por
retardar a maturação das células eritróides devido à falta do referido
macroelemento na formação de novas moléculas de hemoglobina (WATSON;
CANFIELD, 2008; GONZÁLEZ; SILVA, 2006). Em suínos neonatos, tem sido
observado que leitões mantidos em piso cimentado, com alimentação única e
exclusivamente no leite materno e sem suplementação de ferro ou acesso à
terra, desenvolvem anemia ferropriva e, consequentemente, elevadas taxas de
mortalidade, especialmente no transcurso entre a segunda e terceira semana
de vida (SANTANA, 1982). Alto desenvolvimento ponderal, baixo estoque de
ferro endógeno e demanda excessiva para novas moléculas de hemoglobina
são fatores para instalação da anemia ferropriva (BERTECHINI, 2006), porém
ainda é desconhecido qual o comportamento dos tipos hemoglobínicos em
leitões que tem deficiência de ferro e anemia ferropriva, assim como é
conhecido em seres humanos (EL-AGOUZA et al, 2002; DENIC et al, 2013).
11
1.3 REFERÊNCIAS
ABCS, Associação Brasileira dos Criadores de Suínos. Manual Brasileiro de
Boas Práticas Agropecuárias na Produção de Suínos. Brasília: ABCS – MAPA,
2011.
BAIN, B. J. Haemoglobinopathy diagnosis. 2. ed. Massachusettes: Blackwell
Publishing, 2006.
BAIN, B. J. Haemoglobinopathy diagnosis: algorithms, lessons and pitfalls.
Blood Reviews, v. 25, p. 205-213, 2011.
BERTECHINI, A.G. Nutrição mineral de leitões. In: XII ABRAVES – Congresso
Brasileiro de Veterinários Especialistas em suínos. 2006. Curitiba/PR. Anais...
Curitiba/PR: Congresso Brasileiro de Veterinários Especialistas em suínos.
BUNN , H. F. Evolution of mammalian hemoglobin function . Blood, v. 58, p.
189 – 197, 1981 .
BUNN, H. F.; FORGET, B. G. Hemoglobin: Molecular, Genetic and Clinical
Aspects. W. B. Philadelphia: Saunders, 1986.
CARVALHO, M. C; BARACAT, E. C. E; SGARBIERI, V. C. Anemia Ferropriva e
Anemia de Doença Crônica: Distúrbios do Metabolismo de Ferro. Segurança
Alimentar e Nutricional, v. 13. n. 2. p. 54-63, Campinas, 2006.
COALHO, M. R. et al. Anemia ferropriva em leitões recém-nascidos: sua
influência sobre a produção de suínos. Londrina: UEL, 2010.
DENIC, S. et al. Hemoglobin A2 Lowered by Iron Deficiency and -
Thalassemia: Should Screening Recommendation for β-Thalassemia Change?,
ISRN Hematology, v. 2013, p. 1-5, 2013. DOI:
http://dx.doi.org/10.1155/2013/8582594.
EL-AGOUZA, I et al. The effect of iron deficiency anaemia on the levels of
haemoglobin subtypes: possible consequences for clinical diagnosis. Clin. Lab.
Haem, v. 24, p. 285-289, 2002.
ELLIOTT , D. A; NELSON , R. W; FELDMAN , E. C; AND NEAL , L. A.
Glycosylated hemoglobin concentrations in the blood of healthy dogs and dogs
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ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
1
Capítulo em formato de artigo escrito conforme as normas da
Revista Ciência Rural – ISSN 1678-4596
CAPÍTULO 2 – Influência da deficiência de ferro no eletroforetrograma de
hemoglobinas de leitões neonatos
RESUMO
A hemoglobina é uma proteína globular composta por fração protéica (cadeias de
globina), fração heme onde ocorre a ligação do íon bivalente de ferro, sendo que, as
globinas combinadas ajudam a tipificar as hemoglobina em Hb Adulta (Hb A), Fetal
(Hb F) e Adulta 2 (Hb A2). Na deficiência de ferro, que pode culminar anemia por
disfunção eritropoiética, prevalente em leitões e seres humanos, a hemoglobina pode ter
alterações estruturais denominadas hemoglobinopatias. O estudo determinou a
influência do ferro nos tipos de hemoglobina de leitões neonatos. Perante os resultados
se verificou que hemoglobina do leitão tem corrida semelhante à humana, e nos animais
que apresentaram anemia ferropriva não houve aparecimento do traçado Hb A2, que
pode estar diminuída em casos de deficiência de ferro em seres humanos.
Palavras-chave: Hemoglobinopatia, anemia ferropriva, HbA2
ABSTRACT
Hemoglobin is a globular protein consisting of the protein fraction (globin chains),
heme fraction which is the binding of the bivalent iron ion, and the combined globin
help classify the hemoglobin in Hb Adult (Hb A), Fetal (Hb F) and Adult 2 (Hb A2).
The iron deficiency can predispose anemia by erythropoietic dysfunction, prevalent in
pigs and humans and the hemoglobin may have structural changes denominated
hemoglobinopathies. The study determined the influence of iron to the types of
hemoglobin neonate pigs. On the results was found that the pig hemoglobin is similar to
human in electrophoresis. The piglets showed deficiency anemia there was appearance
of line Hb A2, which may be diminished in cases of iron deficiency in humans.
Key words: Hemoglobin, IDA, HbA2
2
INTRODUÇÃO
A hemoglobina (Hb) é uma proteína globular composta por fração protéica
(cadeias de globina) e uma fração prostética representada pela protoporfirina-9 onde
ocorre a ligação do íon bivalente de Ferro (Fe
++
) (SHIRABI E HINSDALE, 2005). Em
mamíferos adultos três tipos de hemoglobinas estão presentes: hemoglobina adulta –
HbA (cadeias α2β2) maior fração da hemoglobina total (> 95%) e duas frações menores
hemoglobina adulta 2 – HbA2 (cadeias α2δ2), hemoglobina fetal – HbF (cadeias α2γ2)
que correspondem a concentração de 2,5% e <1%, respectivamente (BAIN, 2006).
Durante a vida fetal, a HbF é predominante (>96%) e, após o nascimento, são
produzidas quantidades cada vez menores de HbF, a qual vai sendo gradativamente
substituída pela HbA (WILD& BAIN, 2007).
As hemoglobinopatias podem estar relacionadas com a sua biossíntese
(talassemias) ou alterações estruturais da hemoglobina (variantes), e que podem
culminar em vários graus de anemia ou alterações clínicas (BAIN, 2011).
MIGNEAULT et al. (2004) reportam que 95% das hemoglobinopatias em seres
humanos ocorrem por mudanças estruturais nas cadeias hemoglobínicas, as quais
incluem substituição de aminoácidos ou falha de síntese das cadeias globínicas. Para as
hemoglobinopatias estruturais que mais acontecem nos animais são a porfiria bovina,
que é defeito estrutural do componente prostético devido à deficiência da
uroporfirinogênio III sintase KANEKO et al. (2008); a acetilação das cadeias beta nos
gatos (TAKETA et al, 1972) formação de metahemoglobina em gatos com quadros
tóxicos (FIGHERA et al, 2002), glicolisação da Hb devido ao aumento da glicose
sérica, que ocorre em cães diabéticos (HIGGINS et al, 1982; ELLIOTT et al, 1999),
carbamilação por aumento de ureia sérica por muito tempo (HEIENE et al, 2001) são
exemplos de alterações não genéticas que contribuem para heterogeneidade da Hb.
3
Quando falta o ferro na hemoglobina, esta pode ficar sujeita a oxidações,
principalmente na fração heme onde o mineral se insere, com isso há uma diminuição
ou interrupção na produção dos tipos hemoglobínicos (EL-AGOUZA et al. 2002), em
seres humanos da região do oriente médio é comum a deficiência de ferro e a alta
ocorrência de talassemias por causa de casamentos consanguíneos, sendo que a
diminuição de ferro pode prejudicar no diagnóstico efetivo de alguns tipos de
talassemias (hemoglobinopatia genética) por causar diminuição do tipo hemoglobínico
Hb A2, no entanto, em algumas talassemias essa tipo pode estar diminuído (DENIC et
al. 2013; GIAMBONA et al. 2009; MOSCA et al. 2008) sendo importante a
diferenciação entre diminuição de A2 por falta de ferro ou talassemia.
A deficiência de ferro em leitões é prevalente em suínos criados em ambiente de
cimento e que recebem ferro exclusivamente por leite materno (SANTANA, 1982)
tendo uma taxa de mortalidade de até 60% da leitegada (MORES et al, 1998).
ÖZDEMIR et al. (2013) afirmam que 8% do ferro ingerido é acumulado apenas
primeiro trimestre de vida, sendo um elemento essencial para rápido crescimento e
diferencial celular eritropoiético, além da formação de novas hemoglobinas. Em
humanos, McLEAN et al. 2009 e Organização Mundial da Saúde – WHO (2004) a
deficiência de ferro e anemia ferropriva é causa mais prevalente crianças na faixa de 0
até 5 anos, com apresentação clínica semelhante em leitões neonatos a qual inclui
palidez, fraqueza, taquicardia, taquipnéia (LOYNACHAN et al. 2012) e diminuição do
desenvolvimento cerebral e cognitivo e diminuição do desenvolvimento
físico (ANTONIDES et al. 2015; RYTYCH et al. 2012;HAY, 2004).
Em recém-nascidos humanos acontece uma diminuição do valor sérico de ferro
pelo alto requerimento de ferro até os 12 meses e com pico de (ÖZDEMIR et al. 2013;
CARVALHO et al. 2006). Diversamente dos leitões, que possuem um pico de demanda
4
da segunda (D14) para terceira (D21) semana de vida, com progressão da diminuição de
ferro sérico e estado anêmico (BHATTRAI et al. 2015; SANTANA, 1982). Dessa
forma, até fase de creche a deficiência de ferro em leitões é a causa de anemia mais
prevalente associada à disfunção eritropoética, tendo como causa uma tríade etiológica:
rápido crescimento ponderal, baixos estoque de ferro e diminuição na ingestão de ferro
(NUNES, 1997).
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi determinar a influência da
deficiência de ferro no traçado eletroforético de hemoglobínicas em leitões
acompanhados desde nascimento até o dia da desmama (21º dia de idade).
MATERIAIS E MÉTODOS
Para o procedimento experimental foram inseminadas quatro fêmeas suínas, de
linhagem comercial, nulíparas com idade 150 a 165 dias e peso de 90 a 100 Kg com
atestado de higidez obtido de exames clínicos e laboratoriais. Foram submetidas a
protocolo de vacinação para tríplice suína (parvovirose, leptospirose e erisipela) com
vacina comercial (FarrowSure
®
B Gold, Zoetis, São Paulo, SP) e desverminação com
Ivermectina na dosagem de 100 mcg/Kg/dia, durante sete dias, por via oral, na ração.
As fêmeas gestantes (n=4) foram distribuídas em baias individuais com piso de
cimento até o terceiro dia após o parto. No dia do nascimento (Dia 0) e após ingestão
do colostro, os leitões foram distribuídos aleatoriamente entre cada matriz e não houve
estimulação da parição. No terceiro dia vida dos leitões (D3), as marrãs e seus
respectivos leitões foram aleatoriamente distribuídos em baias individuais com o
seguinte piso: Piso de cimento (n=2) e Piso de terra batida (n=2).
Além da distribuição em relação ao tipo de piso, os grupos foram selecionados
de forma aleatória para receber a suplementação de ferro, que consistiu na
5
administração de 200 mg de ferro dextrano por via intramuscular (Ferrodex, Fabiane
Saúde Animal, São Paulo, Brasil) para cada leitão. Os leitões integrantes do Grupo sem
suplementação de ferro receberam no volume equivalente, solução salina injetável
estéril 0,85%, via intramuscular, constituindo o grupo placebo.
Após a definição do tipo de piso e suplementação de ferro, os quatros grupos
experimentais ficaram com a seguinte condição e identificação: grupo do piso de
cimento com suplementação de fero dextrano injetável (α - alfa), grupo piso de terra
com suplementação de ferro dextrano injetável (β - beta), grupo piso de terra com
aplicação de solução salina 0,85% (γ - gamma) e grupo piso de cimento com aplicação
de solução salina 0,85% (δ - delta). . Dessa fora, o delineamento experimental foi blocos
inteiramente casualizados em esquema fatorial 2 X 2 considerando-se dois ambientes
(cimento e terra) e a suplementação de ferro (suplementado ou não suplementado), e
tendo os leitões de cada marrã como a repetição tratamento adotado (ambiente X
suplementação) (quadro 1).
Quadro 1. Organização dos grupos experimentais de acordo com seus respectivos
tratamentos.
Identificação
(Marrã)
Ambiente Administração de Ferro
α – Alfa Cimento 2 mL ou 200 mg ferro/leitão / Dose única / I. M / 3°
dia de idade β – Beta Terra
γ – Gamma Terra 2 mL de Solução Fisiológica 0,9% / Dose única / I. M /
3° dia de idade δ – Delta Cimento
Os leitões foram submetidos às coletas sanguíneas e análises laboratoriais em
quatro momentos, considerando nascimento como dia 0 (D0): D3 (Dia 3), D7 (Dia 7),
D14 (Dia 14) e D21 (Dia 21). As coletas sanguíneas foram realizadas por venipunção
jugular, com agulhas hipodérmicas e seringas e separadas dois tubos: com
anticoagulante EDTA-K2 para análises eritrocitárias e eletroforese de hemoglobina e
sem anticoagulante para determinação de ferro sérico.
6
Para realização do eritrograma foi utilizado o contador automático de células
sanguíneas Micros ABC Vet-ICHOR (ABX Horiba, Montpellier, França) pré-ajustado
para espécie suína e considerando-se os valores de referência eritrocitários reportados
por THORN (2012) para comparação dos resultados deste estudo. E a determinação de
níveis de ferro sérico foi utilizado kit comercial (Ferro sérico, Labtest Diagnóstica,
Minas Gerais) que utiliza o método colorimétrico de Goodwin e determinação
espectrofotométrica em aparelho semi-automático (Labquest Bioplus, Labtest
Diagnóstica, MG).
Para o estudo dos tipos hemoglobínicos foi utilizada técnica de
eletroforetograma em gel de agarose descrita por LEPP & BLUESTEIN (1978) e
adaptada por NAOUM (1987). Para separação eletroforética foi utilizada solução de
hemoglobina obtida através de técnica de hemólise proposta por LGHDG (2003). A
partir de uma parte de sangue com anticoagulante submeteu-se a uma centrifugação de
FCR de 800 G por 5 minutos. O plasma foi desprezado e a lavagem dos eritrócitos feita
três vezes com solução salina 0,85%. Após lavagem, o sobrenadante foi desprezado e ao
volume de eritrócitos lavados acrescentou igual volume de água destilada. Em seguida
foi acrescido igual volume de clorofórmio P.A e a solução foi agitada vigorosa e
centrifugada novamente de 900 G por 15 minutos. Ao final, a solução sobrenadante era
composta por hemoglobina livre.
A eletroforese de agarose utilizou como solução tampão de preparação para o
gel e corrida o TRIS-EDTA-BORATO (TEB) em pH 8,6 (10,2g Tris hidroximetil
aminometano, 0,6 g; Ácido etilenodiaminotetracético, 3,2 g; Ácido Bórico e Água
destilada q.s.p 1000 mL). A agarose em concentração 1% foi aquecida por 1 minuto em
micro-ondas para polimerização e foi colocada em cuba horizontal (FisherBiotech, FB-
SB-1316, Fisher Scientific, Pittsburgh, PA). Após solidificação do gel, o pente foi
7
removido para formação dos poços de amostras e o suporte de gel foi posicionado para
o pólo negativo (catódo). O tampão de corrida e as amostras de solução de
hemoglobinas foram adicionadas nos poços do gel. A corrida realizou-se a uma
eletricidade de 100 volts por 70 minutos ou até a boa visualização da separação
eletroforética. Ao fim da corrida corou-se o gel com coloração Azul de Coomassie (2,0
g de Azul de Coomassie, 50 mL de Ácido Acético Glacial e 950 mL Água destilada)
(LEPP & BLUESTEIN, 1978). A leitura das corridas das amostras do experimento foi
comparada com o traçado padrão hemoglobínico humano com doença falciforme, que
possui traçado de hemoglobina AS (hemoglobina A e hemoglobina S) e foi submetido a
mesma corrida descrita acima. Os resultados forma expressões de forma qualitativa com
aparecimento do traçado em relação ao padrão e comparando com o facsimile da corrida
de hemoglobina C, S, F e A descrito por LEPP & BLUESTEIN (1978) e BAIN (2006).
Todas as análises foram conduzidas no software estatístico R (versão 3.2.5,
GNU Public License, 2007). Os resultados foram descritos como média e desvio-padrão
após teste de normalidade que utilizou teste de Shapiro-Wilk, submetidos à estatística F
e análise de variância utilizando o modelo estatístico de Tukey (P<0,05) considerando a
diferença significativa entre os grupos em medidas repetidas no tempo. Para avaliação
da correlação da frequência dos tipos hemoglobínicos (variável categórica) com os
níveis séricos de ferro (variável contínua) utilizou-se o Teste de Correlação de
Spearman.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das variáveis eritrocitárias, ferro sérico e tipos hemoglobinícos
podem ser visualizados na tabela 1 e 2. Durante o período experimental, o número de
8
leitões (parcelas) variou de 7 a 15 animais dependendo do momento condiciona ao
procedimento venipunção das parcelas experimentais.
Em análise dos resultados de das variáveis eritrocitárias, no momento D3 não
houve nenhuma diferença estatisticamente significativa observada entre os grupos
estudados no que diz respeito às variáveis hematológicas (Tabela 1) em relação a
literatura (THORN, 2012). Porém no D3, as parcelas tiveram hemácias microcíticas
normocrômicas, volume corpuscular médio – VCM (61.2 – 64 fL) em relação ao valor
referencial (VCM: 70 – 81 fL), que segundo Harvey (2012) pode estar associado a
persistência de eritrócitos microcíticos formados na fase fetal, e pode permanecer na
circulação até o final da primeira semana de vida.
No momento D7, o grupo delta (δ) apresentou anemia (Hb: 5,6 ± 0,9 g/dL),
classificada como microcítica (VCM: 48,9 ± 1,3 g/dL) normocrômico (CHCM: 30,7 ±
1,2 g/dL), sendo decréscimo da Hb significativa em relação aos outros grupos no
momento D7, e com valor menor que seu valor no D3 (Hb: 7,9 ± 0,7 g/dL). Também no
momento D7, o nível de ferro sérico do δ estavam diminuídos (113 ± 15 µg/dL) em
relação ao valor referencial (121 ± 33 µg/dL). Neste mesmo período os grupos α e β
tiveram aumento de ferro (215 e 197 µg/dL, respectivamente), esses grupos receberam
suplementação de ferro dextrano, e os níveis foram estatisticamente significativos em
relação ao grupo com privação de ferro conforme encontrado por STARZYNSKI et al.
(2013) e por WANG et al. (2014) que compararam os leitões com suplementação de
ferro injetável daqueles não suplementados.
Nos momentos D14 e D21 os grupos alfa (α), beta (β) e gamma (γ) em relação
ao grupo δ tiveram aumento dos parâmetros eritrocitários e permaneceram dentro do
valor referencial, enquanto que o grupo δ se avigora o estado anêmico, corroborando
com os resultados encontrados com BHATTRAI et al. 2015, STARZYNSKI et al.
9
(2013) e SANTANA (1982). Associado aos valores de ferro sérico no mesmo período,
podemos confirmar que em leitões a deficiência de ferro induz rapidamente ao
estabelecimento da anemia (Grupo δ), já que o pico da demanda pelo ferro para síntese
de novas células vermelhas é durante a segunda (D14), diferente de seres humanos que
acontece por volta dos seis meses de idade (ÖZDEMIR et al, 2013).
Em leitões a deficiência de ferro induz rapidamente ao estabelecimento da
anemia, visto que, há baixa transferência de ferro da mãe através da placenta e do leite,
associado à baixa reserva de ferro ao nascimento pode interferir acelerar o aparecimento
da doença (HARVEY, 2012), e aumento da fragilidade eritrocitária pela falta do
mineral, já que sujeita a oxidação da hemoglobina ao meio externo, há uma diminuição
do volume corpuscular (microcitose, diminuição do VCM), há um aumento da atividade
catiônica dos canais na membrana eritrocitária e susceptibilidade a lise eritrocitária
(KEMPE et al, 2006), acelerado processo de hemólise intravascular pela falta do ferro, o
que pode justificar os valores altos de CHCM do grupo δ (34,5 ± 1,5 %) (LANG et al,
2006).
Nos eletroforetrogramas de hemoglobina dos leitões pode-se visualizar que
migrações das bandas foram mais rápidas do que o padrão hemoglobínico humano
(figura 1). Em todos os momentos houve o aparecimento da HbA e da HbF, assim como
relatado em cães por HARVEY et al. (2012), e diferentemente encontrado em quelônios
(ZAGO et al. 2010) onde a Hb migra mais devagar em relação a HbA humana.
O aparecimento da HbA2 que migra próximo a HbA e depois da HbF em seres
humanos relata por BONINI-DOMINGOS (1993) aconteceu na eletroforese nos
momentos em relações aos grupos em: D7 (β), D14 (α e β) e D21 (α). ASSADI et al.
(2007) relatam a ausência dessa migração em hemolisados de esquilos. Nos momentos
D3 (delta, gamma), D7 (alfa), D14 (gamma) e D21 (alfa) houve migrações inespecíficas
10
em relação ao padrão utilizado, migrações que ficaram ligeiramente acima da HbS e
HbF, que foram identificadas como (Hemoglobina inespecífica – Hb?), os lanes da
eletroforese de hemoglobina podem ser visualizado no figura 2. FERRAREZI (2006)
também encontrou corridas inespecíficas para quelônios, no entanto, além de utilizar o
gel de agarose e o de acetato de celulose como triagem hemoglobínica, esses tipos
hemoglobínicos inespecíficos foram analisados com técnicas mais aprofundadas (p. ex.
cromatografia líquida, eletroforese bidimensional e focalização isoelétrica).
Quanto a análise de correlação entre os níveis de ferro e o aparecimento da
migração da HbA2, não houve resultado positivo, apesar de acordo com EL-AGOUZA
et al. (2002) a não migração estaria correlacionada com diminuição de ferro, predispõe
a formação globinas do tipo β que compõe a HbA. BAIN (2006) elucida que a
diminuição de Hb A2 é induzida pela falta de ferro está relacionada a um bloqueio
gênico dos loci (delta) em detrimento dos loci (beta) nos cromossomos 11 e 16, onde as
globinas da Hb são sintetizadas, com esse processo há uma diminuição na produção de
globinas para tipo A2 para o tipo A, dessa forma, o organismo tenta contornar o
processo carencial do ferro, que acarreta na diminuição da produção de hemoglobina
total.
KERAMATI & MAYBODI (2007) através da eletroforese em acetato de
celulose relatam que foi possível constatar elevação de HbA2 para níveis normais em
pacientes diagnosticados com anemia ferropriva, e tratados com suplementação férrica,
e que deste tipo hemoglobínico pode corresponder a severidade da anemia ferropriva,
ou seja, a HbA2 pode ser um marcador carencial. FERRAZ & MURÃO (2007)
argumentam que a migração de HbA2 pode ser sobreposta pela migração da HbA, desta
modo faz-se necessário a complementação da análise da hemoglobina com acetato de
11
celulose, assim como LEPP & BLUESTEIN (1978) afirmam que a eletroforese em gel
de agarose é bom método para separação discreta de hemoglobinas do tipo C, F, S, A.
CONCLUSÃO
A migração das hemoglobinas dos leitões ocorre de forma similar o padrão de
hemoglobina humana, não houve aparecimento do traçado de HbA2 nos leitões que
apresentaram anemia ferropriva, no entanto não houve de correlação positiva entre os
níveis de ferro com a ausência da HbA2 através da técnica de eletroforese em agarose.
FONTES DE AQUISIÇÃO
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pelo
financiamento aa bolsa de mestrado. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) pelo Auxilio Financeiro a Pesquisa – AUPEX através da
Coordenação de Pós-graduação da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias –
FCAV / Unesp – Campus Jaboticabal pela aquisição das marrãs presente estudo.
COMITÊ DE ÉTICA E BIOSSEGURANÇA (obrigatório quando envolver
animais e organismos geneticamente modificados)
O presente trabalho apoia-se nos seguintes certificados: Comissão de Ética e
Experimentação no Uso de Animais (CEUA) da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias (FCAV – UNESP/Jaboticabal) de acordo com o certificado n°. 05824/14
de 2 de abril de 2014, e Avaliação de Pré-Projeto do Programa de Pós-graduação de
Medicina Veterinária da FCAV/Unesp – Jaboticabal, de acordo com processo n°.
044/2014 de 2 de setembro de 2014.
12
Tabela 1 – Médias e desvios-padrão de eritrócitos, hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio (VCM) e concentração
hemoglobina média (CHCM) de leitões neonatos nos dias 3, 7, 14 e 21 após o nascimento, sendo o tratamento α - alfa (piso de cimento
com suplementação de ferro dextrano injetável), β - beta (piso de terra com suplementação de ferro dextrano injetável), γ - gamma (piso de
terra com aplicação de solução salina 0,85%) e δ- delta (piso de cimento com aplicação de solução salina 0,85%).
Dia Condição n Eritrócitos (x10
6
/μL) Hemoglobina (g/dL) Hematócrito (%) VCM (fL) CHCM (%)
Dia 3
α – Alfa 10 3,5 ± 0,3 7,2 ± 0,7 21,6 ± 2,9 61,3 ± 3,8 33,2 ± 1,2
β – Beta 9 3,9 ± 0,5 7,6 ± 1,1 24,9 ± 3,2 64 ± 0,9 30,6 ± 0,9
γ – Gamma 8 4,0 ± 0,4 7,0 ± 0,5 21,2 ± 1,6 61,2 ± 1,3 32,9 ± 0,7
δ – Delta 15 4,0 ± 0,4 7,9 ± 0,7 25,1 ± 2,5 62,2 ± 1,7 31,5 ± 0,6
Dia 7
α – Alfa 9 4,8 ± 0,2 a 10,5 ± 0,4 a 31,62 ± 1,2 a 66 ± 2,4 a 33,1 ± 0,7 a
β – Beta 9 4,5 ±0,4 a 10,9 ± 0,4 a 32,8 ± 1,2 a 72,5 ± 4,2 a 33,4 ± 0,5 a
γ – Gamma 7 4,3 ± 0,5 a 10,4 ± 0,9 a 31,9 ± 2,7 a 73,9 ± 4,6 a 32,6 ± 0,7
δ – Delta 12 3,9 ± 0,5 b 5,6 ± 0,9 b 19,0 ± 2,2 b 48,9 ± 1,3 b 30,7 ± 1,2 b
Dia 14
α – Alfa 9 6,0 ± 0,3 a 11,8 ± 0,7 a 36,0 ± 2,4 a 60 ± 2,4 a 32,7 ± 0,4 a
β – Beta 9 5,7 ± 0,3 a 12,0 ± 0,6 a 37,6 ± 1,9 a 66,3 ± 2,6 b 32,0 ± 0,3 a
γ – Gamma 8 5,0 ± 0,4 a 10,7 ± 0,5 b 33,7 ± 1,8 b 67,7 ± 4,7 b 31,5 ± 1,3 a
δ – Delta 12 3,6 ± 0,5 b 5,3 ± 1,0 c 15,3 ± 2,5 c 42,6 ± 1,3 c 34,5 ± 1,5 b
Dia 21
α – Alfa 10 6,2 ± 0,4 a 12,2 ± 0,7 a 38,8 ± 1,9 a 62,2 ± 2,9 a 31,3 ± 0,5
β – Beta 9 6,6 ± 0,2 a 11,9 ± 0,4 a 38,5 ± 1,0 a 58,3 ± 1,8 a 30,9 ± 0,2
γ – Gamma 9 6,6 ± 0,3 a 12,9 ± 0,6 a 41,6 ± 2,3 b 63 ± 1,8 a 30,9 ± 0,4
δ – Delta 12 4,3 ± 0,8 a 5,40 ± 1 b 17,1 ± 3,2 c 40,2 ± 2,0 b 31,6 ± 1,2
I
Valores obtidos através de analisador automático ABCVet Counter (ABX Horiba). Os resultados foram analisados de acordo com os valores referenciais
eritrocitários de THORN (2012).
II
Médias nas mesmas colunas com letras diferentes indicam diferença significativa através do teste de Tukey (p<0,05) dentro
do momento.
III
Linha sombreada indica grupo submetido à deficiência de ferro (condição: ambiente de cimento e sem suplementação de ferro ao 3° dia).
13
Tabela 2 – Concentração ferro sérico e traçado hemoglobínico em eletroforese de agarose de
leitões neonatos nos dias 3, 7, 14 e 21 após o nascimento, sendo o tratamento sendo o
tratamento α - alfa (piso de cimento com suplementação de ferro dextrano injetável),
β - beta (piso de terra com suplementação de ferro dextrano injetável), γ - gamma
(piso de terra com aplicação de solução salina 0,85%) e δ- delta (piso de cimento com
aplicação de solução salina 0,85%).
Momentos Condição n Ferro (μg/dL) Eletroforese AgaroseII
Dia 3
α – Alfa 10 137 ± 12 a HbF + HbA
β – Beta 9 142 ± 19 b HbF + HbA
γ – Gamma 8 132 ± 13 a HbF + HbA + Hb?
δ – Delta 15 158 ± 5 b HbF + HbA + Hb?
Dia 7
α – Alfa 9 215 ± 25 a HbF + HbA + Hb?
β – Beta 9 197 ± 12 a HbF + HbA + HbA2
γ – Gamma 7 145 ± 17 a HbF + HbA
δ – Delta 12 113 ± 15 b HbF + HbA
Dia 14
α – Alfa 9 198 ± 22 a HbA+ HbF + HbA2
β – Beta 9 175 ± 14 a HbA+ HbF + HbA2
γ – Gamma 8 142 ± 4 a HbA + HbF + Hb? + HbA2
δ – Delta 12 87 ± 16 a HbA + HbF
Dia 21
α – Alfa 10 153 ± 10 a HbA+ HbF + HbS?+ HbA2
β – Beta 9 163 ± 21 a HbA+ HbF
γ – Gamma 9 139 ± 18 a HbA+ HbF
δ – Delta 12 61 ± 16 a HbA+ HbF
I
Valores de ferro sérico obtidos através de analisador automático Labmaxx Plenno (Labtest
Diagnóstica), considerando como valor referencial 121 ± 33μg/dL (KANEKO et al. 2008).
II
Tipos hemoglobínicos obtidos através de eletroforetograma em agarose e expressos
qualitativamente em relação corrida do padrão humano AS (traço falciforme).
III
Médias nas
mesmas colunas com letras maiúsculas diferentes indicam diferença significativa através do
teste de Tukey (p<0,05) dentro do momento.
IV
Linha sombreada indica grupo submetido à
deficiência de ferro (condição: ambiente de cimento e sem suplementação de ferro ao 3° dia).
14
Figura 1. Esquematização da interpretação dos traçados (lanes) da eletroforese de hemoglobina.
Hemoglobina Adulta (HbA), Hemoglobina S (HbS), Hemoglobina F (Hemoglobina Fetal) e
Hemoglobina de traçado inespecífico (Hb?). Padrão AS (Hemolisado de sangue humano, que
tem tração para hemoglobina S (HbS) e hemoglobina A (HbA), humano com anemia
falciforme), Leitão (Amostra de um dos animais do presente estudo). A Hb? é um subtipo
hemoglobínico que corre acima do traçado de HbS, considerar o referencial indicada pela linha
cinza.
15
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1
CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste ensaio, pode-se investigar o comportamento da molécula de
hemoglobina, em leitões ferropênicos, através do uso da eletroforese em agarose. A
migração das hemoglobinas dos leitões ocorre de forma similar quando analisamos
a HbA humana, contudo não teve-se correlação positiva entre o aparecimento da
deficiência de ferro com diminuição dos níveis de HbA2 quando utilizado a
eletroforese em agarose.
O presente estudo inspira os autores a estudar o comportamento da
hemoglobina não apenas pela técnica da agarose, mas utilizando outras
amplamente utilizadas no estudo de hemoglobinopatias humanas (acetato de
celulose, poliacrilamida, focalização isoelétrica e cromatografia líquida).
Outro fato ponto do estudo foi a trombocitose nos leitões quanto
apresentaram deficiência de ferro e na anemia ferropriva, que segundo as literaturas
citadas pode estar relacionada com a ação da eritropoetina que é liberada pela
estimulação do processo da hipóxia devido anemia. O processo dessa estimulação
da eritropoitina no eixo megacariopoiético em suínos, ainda não é bem esclarecido.
O modelo de investigação utilizou-se de uma espécie animal que reproduz
com fidedignidade o quadro fisiopatogênico da anemia ferropriva e, portanto, deverá
contribuir para um melhor entendimento da hemoglobina na dimensão da prática
médico veterinária, especialmente daquela consagrada aos suínos.
ANEXO
Normas de Publicação da Revista Ciência Rural
2
3