Universidade Estadual Paulista - UNESP Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira Departamento de Engenharia Mecânica Arthur Chabole Oliveira Prudencio Análise e otimização multidisciplinar de desempenho de um VANT utilizando algoritmo genético multiobjetivo Ilha Solteira, SP 2024 Universidade Estadual Paulista - UNESP Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira Departamento de Engenharia Mecânica Análise e otimização multidisciplinar de desempenho de um VANT utilizando algoritmo genético multiobjetivo Trabalho de Graduação apresentado à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP - como parte dos requisitos para obtenção do t́ıtulo de de Engenheiro Mecânico. Arthur Chabole Oliveira Prudencio Discente Prof. Dr. Alúısio Viais Pantaleão Orientador Ilha Solteira, SP 2022 Prudencio Análise e otimização multidisciplinar de desempenho de um VANT utilizando algoritmo genético multiobjetivoIlha Solteira2024 77 Sim Trabalho de conclusão de cursoEngenharia MecânicaEngenharia mecânicaNão . . . FICHA CATALOGRÁFICA Desenvolvido pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação Prudencio, Arthur Chabole Oliveira. Análise e otimização multidisciplinar de desempenho de um VANT utilizando algoritmo genético multiobjetivo / Arthur Chabole Oliveira Prudencio. -- Ilha Solteira: [s.n.], 2024 77 f. : il. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Mecânica) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, 2024 Orientador: Aluisio Viais Pantaleão Inclui bibliografia 1. Desempenho. 2. MOGA (Algoritmo Genético Multiobjetivo). 3. Python. 4. Dakota. 5. VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado). 6. Otimização multidisciplinar. P971a Câmpus de Ilha Solteira Curso de Graduação em Engenharia Mecânica ANEXO 02 MODELO DE ATA DE DEFESA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA – CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ATA DA DEFESA – TRABALHO DE GRADUAÇÃO TÍTULO: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ALUNO: _______________________________________________ RA: _____________ Orientador: ______________________________________________ Aprovado ( ) – Reprovado ( ) pela Comissão Examinadora Nota obtida: _______ Comissão Examinadora: Prof. ______________________________________________________ Presidente (Orientador) Prof. ______________________________________________________ Prof. ______________________________________________________ ______________________________________________________ Assinatura do Aluno Ilha Solteira (SP) ______ de ________________ de ________. Faculdade de Engenharia – FE/Unesp – Câmpus de Ilha Solteira Cursos: Ciências Biológicas, Eng. Agronômica, Eng. Civil, Eng. Elétrica, Eng. Mecânica, Física, Matemática e Zootecnia. Pág. 7 Avenida Brasil Centro, 56 – CEP 15385-000 – Ilha Solteira – São Paulo – Brasil pabx +55 (18) 3743-1000 – fax +55 (18) 3742-2735 – scom.feis@Unesp.br – www.feis.Unesp.br Análise e otimização multidisciplinar de desempenho de umVANT utilizando algoritmo genético multiobjetivo Arthur Chabole Oliveira Prudencio prof Dr Aluisio Viais Pantaleão Aluisio Viais Pantaleão Ricardo B. Flatschart Estênio Fuzaro De Almeida 12 julho 2024 182054861 X 9,5 Agradecimentos Aos meus pais, Luciana Perpetua Chabole, Rogerio Oliveira Prudencio, minha ma- drinha Cleide Petreli Chabole e minha avó Davida Oliveira Prudencio e ao meu irmão Rafael Chabole Silveira por todas as orações, apoio financeiro e emocional durante todos esses anos de faculdade. Aos meus colegas de classe pelos louvores e sofrimentos compartilhados durante a graduação, em particular a Umberto Boranga, Cleiton Pereira, Nelson Junior, João Paulo Berci e Gabriel Messias, amigos insubstitúıveis que me incentivaram a evoluir muito como profissional e como ser humano. A todos os membros, sem exceção, da Equipe Zebra, aos que vieram antes de mim e aos após minha sáıda. Sem a Equipe, eu não teria este Trabalho de Graduação e muitos menos poderia ter me desenvolvido como profissional e pessoa. Aos meus professores de Graduação, em particular a Fábio Chavarette, Márcio Anto- nio Bazani, Carolina Zenero, Ruis Camargo, pelos seus ensinamentos fundamentais para minha formação como Engenheiro. Em mais particular, ao Aluisio Viais Pantaleão, meu orientador, por todas as nossas conversas, discussões e correções, dentro e fora do escopo do trabalho, levo-o como amigo. Primeiramente, agradecemos aos nossos orientadores e professores, cuja orientação e conhecimento foram fundamentais para o desenvolvimento deste projeto. Suas sugestões e insights enriqueceram nosso trabalho e nos guiaram ao longo de todo o processo. Agradecemos também aos colegas de equipe e colaboradores, cuja dedicação e traba- lho em equipe foram essenciais para o sucesso deste projeto. Suas contribuições e trocas de experiências foram valiosas e enriqueceram nossa jornada. Além disso, expressamos nossa gratidão às instituições de ensino e pesquisa que apoiaram este trabalho, fornecendo recursos, infraestrutura e ambiente proṕıcio para o desenvolvimento de nossas atividades acadêmicas. Resumo O trabalho aborda a análise e otimização multidisciplinar do desempenho de Véıculos Aéreos Não Tripulados (VANTs) por meio da integração de diversas disciplinas e do uso de algoritmos genéticos multiobjetivo. A metodologia adotada consiste em duas partes: o desenvolvimento de uma biblioteca em Python para a previsão de desempenho de VANTs e o acoplamento dessa biblioteca com o software Dakota para a otimização da geometria da asa, levando em consideração parâmetros de desempenho. A primeira parte do trabalho envolve a criação de uma biblioteca orientada a objetos em Python, utilizando as bibliotecas Numpy, scipy e pandas, seguindo boas práticas de programação. Essa biblioteca é capaz de calcular o desempenho de um VANT com propul- são a hélice, contribuindo para uma análise mais detalhada e precisa das funcionalidades e arquitetura geral da aeronave. Já a segunda parte do trabalho foca na otimização da geometria da asa do VANT, considerando múltiplos critérios de desempenho simultaneamente. O uso do algoritmo genético multiobjetivo permite encontrar soluções não dominadas que equilibram diferen- tes objetivos de projeto, como eficiência, segurança e desempenho global. Essa aborda- gem multidisciplinar é fundamental para o desenvolvimento de projetos aeronáuticos mais avançados e eficazes. Palavras-chave: Desempenho, MOGA (Algoritmo Genético Multiobjetivo), VANT (Véı- culo Aéreo Não Tripulado), Otimização multidisciplinar, Python, Dakota. Abstract The work addresses the multidisciplinary analysis and optimization of Unmanned Aerial Vehicle (UAV) performance through the integration of various disciplines and the use of multi-objective genetic algorithms. The adopted methodology consists of two parts: the development of a Python library for UAV performance prediction and the coupling of this library with Dakota software for wing geometry optimization, taking into account performance parameters. The first part of the work involves the creation of an object-oriented library in Python, utilizing the Numpy, Scipy, and Pandas libraries, following good programming practices. This library is capable of calculating the performance of a propeller-driven UAV, contributing to a more detailed and accurate analysis of the aircraft’s functionalities and overall architecture. The second part of the work focuses on the optimization of the UAV wing geometry, considering multiple performance criteria simultaneously. The use of the multi-objective genetic algorithm allows for the discovery of non-dominated solutions that balance dif- ferent design objectives, such as efficiency, safety, and overall performance. This mul- tidisciplinary approach is essential for the development of more advanced and effective aeronautical projects. Keywords: Performance, MOGA (Multi-Objective Genetic Algorithm), UAV (Unmanned Aerial Vehicle), Multidisciplinary Optimization, Python, Dakota. Lista de Figuras 1 VANT Nauru 500c para vigilância aérea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2 Forças aerodinâmicas atuantes na aeronave durante o voo . . . . . . . . . . 13 3 Coeficiente de sustentação do perfil em função do ângulo de ataque . . . . 14 4 Caracteŕısticas principais de uma asa finita . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 5 Variação do arrasto parasita (D0) e induzido (Di) com a velocidade . . . . 17 6 Polar de arrasto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 7 Forças atuantes em voo reto sem aceleração . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 8 Uma comparação entre a velocidade mı́nima de potência e a velocidade mı́nima de arrasto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 9 Potência requerida e dispońıvel em função da velocidade . . . . . . . . . . 21 10 Geometria e distribuição de velocidade de uma hélice . . . . . . . . . . . . 22 11 Forças e ângulos atuantes na hélice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 12 Comparação entre eficiências de vários tipos de hélices . . . . . . . . . . . 23 13 Forças atuantes durante o voo de subida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 14 Potência requerida e dispońıvel em função da velocidade . . . . . . . . . . 24 15 Ângulo e razão de subida em função da velocidade . . . . . . . . . . . . . . 25 16 Forças atuantes durante o voo a descida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 17 Hodógrafo para um voo planado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 18 As três principais etapas da operação de decolagem . . . . . . . . . . . . . 28 19 Forças atuantes na decolagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 20 Relação entre SA e S ′ A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 21 Uma aeronave em voo de curva nivelada: (a) vista frontal e (b) vista superior 31 22 Fases da aterrizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 23 Etapas preliminares, conceitual e detalhamento . . . . . . . . . . . . . . . 36 24 Otimização Clássica via Carpet Plot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 25 Extremo local e global de um domı́nio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 26 Comparação de abordagens convencionais e genéticas . . . . . . . . . . . . 41 27 Estrutura geral dos algoritmos genéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 28 Inviabilidade e ilegalidade em algoritmos genéticos . . . . . . . . . . . . . . 44 29 Diagrama de classe simplificado da ZebraLib . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 30 Interface entre o Dakota e os modelos de simulação do usuário . . . . . . . 47 31 Dados Climáticos de São José dos Campos, Brasil 2023 . . . . . . . . . . . 48 32 Trações dispońıveis e requeridas da Aeronave . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 33 Potências dispońıveis e requeridas da Aeronave . . . . . . . . . . . . . . . . 50 34 Dinâmica força de decolagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 35 Cinemática de decolagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 36 Altitude-densidade x distância para decolagem . . . . . . . . . . . . . . . . 52 37 Razão e ângulo de subida em função da velocidade . . . . . . . . . . . . . 52 38 Livrar obstáculo na pista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 39 Velocidades para o voo de cruzeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 40 Fator de carga (n) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 41 Ângulo de inclinação (ϕ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 42 Raio mı́nimo de curva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 43 Razão de curva (dψ/dt) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 44 Razão e ângulo de descida para altitude-densidade de (1212± 73m) . . . . 56 45 Dinâmica do pouso para altitude-densidade de (1212± 73m) . . . . . . . . 56 46 Cinemática do pouso para altitude-densidade de (1212± 73m) . . . . . . . 57 47 Altitude-densidade x distâncias de pouso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 48 Envelope de Voo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 49 Envergadura em função das gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 50 Corda raiz em função das gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 51 Corda na ponta em função das gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 52 Afilamento em função das gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 53 Corda média aerodinâmica em função das gerações . . . . . . . . . . . . . 65 54 Área alar em função das gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 55 Alongamento em função das gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 56 Carga paga em função das gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 57 Matriz de correlação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 58 Envergadura em função da razão de subida . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 59 Alongamento em função da razão de subida . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 60 Corda média aerodinâmica em função da razão de subida . . . . . . . . . . 70 61 Área alar em função da razão de subida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 62 Razão de subida em função da distância de decolagem . . . . . . . . . . . . 71 63 Razão de subida em função do raio de curva mı́nimo . . . . . . . . . . . . 71 64 Raio de curva mı́nimo em função da distância de decolagem . . . . . . . . 72 65 Exemplo de várias configurações avalidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 66 Comparando melhor e pior inidv́ıduo no obj fn 1 . . . . . . . . . . . . . . 73 67 Comparando 3 melhores indiv́ıduos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 7 Lista de Tabelas 1 Variáveis cŕıticas para otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2 Parâmetros cŕıticos para otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3 Média densidade do ar e Altitude-densidade da região . . . . . . . . . . . . 49 4 Parâmetros do VANT a ser analisados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 5 Outputs da biblioteca de desempenho pontual . . . . . . . . . . . . . . . . 59 6 Variáveis de input da Dakota . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 7 Parâmetros de desempenho cŕıticos para otimização . . . . . . . . . . . . . 60 8 hiperparâmetros utilizados no algoritmo genético . . . . . . . . . . . . . . . 61 9 filtro aplicado para eliminar indiv́ıduos irreais . . . . . . . . . . . . . . . . 62 10 Parâmetros de desempenho cŕıticos otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . 62 11 Parâmetros geométricos cŕıticos otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 12 Parâmetros geométricos cŕıticos otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 13 Desempenho pontual das configurações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Sumário 1 Introdução 11 1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2 Fundamentação téorica 13 2.1 Força de arrasto e sustentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.1.1 Coeficiente de sustentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.1.2 Coeficiente de arrasto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.2 Tração e potência requerida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.3 Tração e potência propulsiva dispońıvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.4 Subida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.5 Planeio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.6 Cruzeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.7 Decolagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.7.1 Rolagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.7.2 Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.7.3 Subida até livrar o obstáculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.8 Curva e manobra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.9 Aterrizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.9.1 Descida até o toque com o solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.9.2 Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.9.3 Rolagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.10 Métodos de otimização de aeronaves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.10.1 Revisão histórica da otimização na engenharia . . . . . . . . . . . . 35 2.10.2 Otimização do projeto preliminar de um VANT . . . . . . . . . . . 35 2.10.3 Métodos de otimização clássicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2.11 Visão geral da otimização de Design Multidisciplinar (MDO . . . . . . . . . 38 2.11.1 Algoritmos genéticos evolutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 3 Metodologia e Desenvolvimento 46 3.1 Proposta geral do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 4 Resultados e discussão 48 4.1 Modelo de atmosfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 4.2 Análise de desempenho do VANT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.2.1 Tração dispońıvel e arrasto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.2.2 Corrida de decolagem e subida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 4.2.3 Voo de cruzeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 4.2.4 Curva e manobra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.2.5 Descida e aterrizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.2.6 Envelope e teto absoluto de Voo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.2.7 Desempenho pontual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.3 Otimização de Design Multidisciplinar (MDO) do VANT . . . . . . . . . . 59 4.3.1 Implementando Dakota com a ZebraLib . . . . . . . . . . . . . . . 59 4.3.2 Filtro e análise da convergência do algoritmo . . . . . . . . . . . . . 61 4.4 Análise de Sensibilidade do modelo adotado . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 4.5 Relação entre as variáveis de design e variáveis de desempenho . . . . . . . 68 4.6 Análise e esboço dos aviões otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 5 Conclusão 76 Referências 77 10 1 Introdução 1.1 Motivação Véıculo aéreo não-tripulado, ou VANT, é um termo genérico que identifica uma ae- ronave que pode voar sem tripulação, normalmente projetada para operar em situações perigosas e repetitivas em regiões consideradas hostis ou de dif́ıcil acesso (FURTADO et al., 2008). Por apresentar baixo custo e flexibilidade, VANTs vem sendo amplamente uti- lizados para diversas aplicações. (MATIAS; GUZATTO; SILVEIRA, 2014) propuseram uma metodologia de extração de informações geográficas com base em fotografias aéreas obtidas por VANTs. (CARDOSO; QUEIROS; SANTOS, 2018) discorrem sobre a possi- bilidade de se utilizar drones como ferramentas de monitoramento ambiental da Floresta Amazônica. (DOHERTY; RUDOL, 2007) apresentam a situação atual de VANTs para situações de Busca e Salvamento, dividindo em duas etapas, identificação de corpos e entrega de medicamentos e suprimentos às vitimas. Figura 1 – VANT Nauru 500c para vigilância aérea Fonte: (XMOBOTS, ) O desempenho das aeronaves está relacionado à sua capacidade e eficiência em exe- cutar suas funções operacionais, como decolagem, subida, cruzeiro, manobra, descida e pouso. Ao projetar uma aeronave, é crucial considerar a missão atribúıda, ou seja, como ele deve desempenhar suas funções. É essencial ter a capacidade de prever e induzir comportamentos espećıficos que facilitem o cumprimento da missão, visando aprimorar a eficiência operacional, ampliar o alcance, aumentar a autonomia, otimizar a carga útil e garantir conformidade com as regulamentações e garantindo assim uma posição com- petitiva no mercado. Nesse sentido, o desenvolvimento de ferramentas computacionais para otimizar tempo e recursos financeiros durante a análise de desempenho d aeronave é imprescind́ıvel, pois permite o feedback rápido entre as áreas de projetos e melhores iterações. 1.2 Objetivos Este trabalho de graduação tem como objetivo desenvolver uma biblioteca em Python capaz de analisar o desempenho de uma aeronave nas 6 fases principais de voo: decolagem, 11 subida, cruzeiro, manobra, descida e pouso, com foco em modelos anaĺıticos propostos por (ANDERSON, 1999), (SADRAEY, 2016) e (RAYMER, 1992) e adequando desses mode- los à realidade de um VANT. A importância dessa abordagem computacional reside na capacidade de proporcionar uma estimativa precisa e eficiente do comportamento da aero- nave, resultando em benef́ıcios significativos em termos de economia de tempo, material, recursos computacionais e custos financeiros. O desenvolvimento dessa ferramenta compu- tacional envolverá a consideração detalhada de diversos parâmetros e variáveis que afetam o desempenho da aeronave em cada fase espećıfica do voo, neste trabalho pretende-se: • Desenvolver uma biblioteca orientada a objeto em Python capaz de analisar o de- sempenho de uma aeronave monoplano convencional nas 6 fases principais de voo. • Avaliar a influência dos parâmetros no desempenho da aeronave, em particular, altitude-densidade e carga útil. • Integrar a biblioteca com o framework Dakota (ADAMS B.M.; WINOKUR, 2021) para realizar otimizações para maximizar a carga útil utilizando algoritmos genéticos multiobjetivo. 12 2 Fundamentação téorica 2.1 Força de arrasto e sustentação Neste estudo, todas as equações semi-emṕıricas relevantes foram consideradas para concepção de uma aeronave monoplano com asa trapezoidal, sem diedro e sem enflecha- mento, e com fuselagem ciĺındrica. Ao validar cada uma dessas equações, assegura-se que a modelagem matemática seja precisa e confiável, proporcionando uma base sólida para o desenvolvimento. A figura 2 ilustra a forças que serão consideras para a análise de desempenho da aeronave: • Sustentação (L) • Arrasto (D) • Peso (W) • Tração (T) Figura 2 – Forças aerodinâmicas atuantes na aeronave durante o voo Fonte: (SADRAEY, 2016) A origem das forças aerodinâmicas é a distribuição de pressão do ar sobre toda a aeronave, somada ao atrito entre o ar e os componentes externos da aeronave. A aeronave deve ser projetada para gerar as forças aerodinâmicas (sustentação e arrasto) de maneira a apoiar o movimento da aeronave da forma mais eficiente posśıvel. A força de sustentação (L) age para cima e é a principal força responsável por elevar a aeronave e mantê-la no ar, portanto, deve ser maximizada. A força de arrasto (D) sempre atua como uma força contrária ao movimento, portanto, deve ser minimizada. A força peso (W) presente devido ao campo gravitacional agindo sobre todo objeto com massa na terra. A força de tração (T) é gerada pela hélice. Visando aumentar a performance geral da aeronave para a missão. Usualmente desempenho deseja maximar a sustentação e a tração enquanto minimiza o arrasto. Todos 13 essas forças são funções da geometria do avião, ângulo de ataque, velocidade do vento, densidade e viscosidade do ar e Número de Reynolds. Assim, encontrar um compromisso entre essas forças não é uma tarefa trivial. Para analise representativa do avião é necessário introduzir dois coeficientes. Co- eficiente de sustentação (CL) e coeficiente de arrasto (CD) dados pelas equações 1 e 2, respectivamente. L = 1 2 ρV 2SCL (1) D = 1 2 ρV 2SCD (2) No qual, ρ é a densidade do ar, V é a velocidade relativa do vento, S é a área da asa. A seguir será detalhado o processo para se obter estimativas sobre esses coeficientes. A seguir será discutido em detalhes da componente. 2.1.1 Coeficiente de sustentação Sabe-se que a sustentação da asa (um objeto tridimensional) está relacionada ao perfil aerodinâmico (um objeto bidimensional). Portanto, é necessário analisar o compor- tamento do perfil aerodinâmico em primeiro lugar. A Figura 3 ilustra a variação tipica do coeficiente de sustentação do perfil (cL) para um número de Reynolds (Re) fixo em função do ângulo de ataque (α). Figura 3 – Coeficiente de sustentação do perfil em função do ângulo de ataque Fonte: (SADRAEY, 2016) Existem três regiões importantes na curva aerodinâmica. A primeira é a região linear, 14 onde o aumento do ângulo de ataque resulta em um aumento do coeficiente de sustentação e percebe-se que gerar arrasto é um condição necessária para se gerar sustentação. A segunda é a região de estol, onde o coeficiente de sustentação atinge o máximo (cLmax) no ângulo de estol (αs). A partir dessa região, o perfil da asa opera em uma região subótima na qual não consegue mais gerar máxima sustentação. A terceira região é a região de descolamento da camada limite, onde o ar começa a se desprender da asa a partir do ângulo de estol (αs), resultando em uma queda rápida da sustentação e colocando a aeronave em uma posição perigosa, (RODRIGUES, 2014). Pode-se estimar o coeficiente de sustentação da asa (CLw) da curva CLp x α do perfil, Figura 3. Para isso precisa acrescentar algumas correções. A seguir a Figura 5 ilustra a forma t́ıpica de uma asa trapezoidal com dimensões finitas. Figura 4 – Caracteŕısticas principais de uma asa finita Fonte: (SADRAEY, 2016) No qual, b é a envergadura distância de ponta a ponta da aeronave, cm é a corda aerodinâmica média da asa, cp é a corda na ponta e cr é a corda na raiz da asa. Agora, pode-se explicitar alguns parâmetros importantes como S área da asa, alongamento AR, Afilamento e λ, respectivamente Equações 3, 4, 5. 15 S = (cp + Cr)b 2 (3) AR = b cm (4) λ = Cp Cr (5) A maioria das aeronaves o principal contribuinte para a sustentação da aeronave é a asa. Nesse sentido, se assume que a sustentação da asa (Lw) é quase igual à sustentação da aeronave (L).Assim, temos a Equação 6. L ∼= Lw ⇒ CL ∼= CLw (6) A Figura 3 ilustra a comportamento do perfil aerodinâmico. Sabendo da similaridade entre o perfil (um objeto bidimensional) e asa (um objeto tridimensional) na região linear pode-se considerar que as taxa de variação entre os coeficientes de sustentação da asa e da aeronave são iguais, respectivamente. Assim, tem-se as Equações 7 e 9. CLw = a0 1 + (a0/πeAR) (7) Sendo e o fator de eficiência de envergadura da asa como (SADRAEY, 2016) propõe a Equação 8. e = 0.0524λ4 − 0.15λ3 + 0.1659λ2 − 0.0706λ+ 0.019 (8) CL = CLw(αw − α0) (9) No qual, CL é o coeficiente de sustentação do avião, a0 é a inclinação da curva de sustentação do perfil, α0 é o ângulo de ataque de zero sustentação da asa e αw é o ângulo de ataque da asa. Lembrando que o valor de CL obtido para a aeronave depende da geometria do perfil aerodinâmico e de Re. Ou seja, para cada velocidade é necessário calcular o valor de Re 16 do perfil, Equação 10. Em seguida, buscar na curva do perfil aerodinâmico adotado o valor de cL correspondente ao ângulo de ataque. Após fazer a correção para a asa finita que erá aproximadamente igual ao coeficiente de sustentação do avião inteiro. Re = cmV ν (10) No qual, ν é a viscosidade cinematica do ar. 2.1.2 Coeficiente de arrasto A força de arrasto é a soma de todas as forças que resistem ao movimento da aeronave. A variação da força de arrasto em função da velocidade no ar é composto por duas componentes. O Arrasto induzido (Di) diminui com a velocidade, e está associado à formação de vórtices atrás de uma superf́ıcie de sustentação devido ao aspecto finito da asa (AR). E o arrasto parasita (D0) que aumenta com a velocidade definido como arrasto total de um avião menos o arrasto induzido. Assim, é o arrasto não diretamente associado com a produção de sustentação. Figura 5 – Variação do arrasto parasita (D0) e induzido (Di) com a velocidade Fonte: (SADRAEY, 2016) Assim, o arrasto total da aeronave pode ser calculado pelos seus coeficientes de arrasto Equação 11. CD = CD0 + CDi (11) 17 Pode-se calcular o coeficiente de arrasto CD pela polar da arrasto Figura 6 que pode ser modelado pela Equação 12. CD = CD0 + 1 πe0AR C2 L (12) No qual, e é a eficiência de Oswald como (SADRAEY, 2016) propõe é dado pela Equação 13. e0 = 1.78(1− 0.045AR0.68)− 0.64 (13) Figura 6 – Polar de arrasto Fonte: (SADRAEY, 2016) Para calcular o arrasto parasita (CD0) é necessário somar todas os arrastos dos dispo- sitivos do avião como: fuselagem, asa, cauda vertical e cauda horizontal. Para fuselagem como (SADRAEY, 2016) propõe a Equação 14 para o cálculo da arrasto parasita para regime de escoamento turbulento. CDOf = 0.455 [log10Re]2.58 1 + [ 60 (L/D)3 + 0.0025 L D ) ] [ Swet S ] (14) No qual, L é o comprimento da fuselagem, D é o seu diâmetro, Swet é área molhada do avião e S é a área da asa. Para asa e para cauda tanto horizontal quanto vertical a equação é a mesma. Exceto por usar Swet e (t/c)max que próprios de cada superf́ıcie. 18 Assim, como (SADRAEY, 2016) propõe a Equação 15 para o cálculo da arrasto parasita para regime de escoamento turbulento. CDOw = 0.455 [log10Re]2.58 [ (1 + 2.7(t/c)max + 100(t/c)4max) ] [Swet S ] [ Cdmin 0.004 ]4 (15) No qual , (t/c)max é a razão espessura pela corda máximo e Cdmin é obtido pela polar de arrasto do perfil da asa e da cauda. 2.2 Tração e potência requerida A Figura 7 ilustra o diagrama de corpo livre do avião em regime permanente em voo reto nivelado. Figura 7 – Forças atuantes em voo reto sem aceleração Fonte: (SADRAEY, 2016) Aplicando segunda de lei de Newton no diagrama da Figura 7 e assumindo voo não acelerado tem-se que as forças precisam estar em equiĺıbrio, Equação 16. T = D W = L (16) De acordo com essas equações, dois pré-requisitos para o voo em linha reta não acelerado são os seguintes: a força de arrasto deve ser igual a tração do motor e a força de sustentação deve ser igual ao peso da aeronave. Para garantir um voo sustentado com velocidade constante o CL requerido é dado pela Equação 17. CL = 2W ρV 2S (17) Assim, tem-se a força de arrasto dado pela Equação 18. 19 TReq = D = 1 2 ρV 2S CD0 + [ 2W ρV 2S ]2 πe0AR  (18) Usualmente, o arrasto (D) nessa condição é chamado de tração requerida (TReq), uma vez que, é a tração mı́nima requerida para a aeronave se manter em velocidade constante. Para se obter a potência requerida (PReq) basta multiplicar TReq pela velocidade de voo. Figura 8 – Uma comparação entre a velocidade mı́nima de potência e a velocidade mı́nima de arrasto Fonte: (SADRAEY, 2016) A Figura 8 as curvas de TReq e PReq em função da velocidade de voo no qual duas velocidades são importantes (VminP ) e (VminD ) para o voo em cruzeiro de acordo com a missão da aeronave. A velocidade de potência mı́nima (VminP ) também chamada de velocidade de má- xima autonomia que é a velocidade de máxima eficiência aerodinâmica ((L/D)max). Tal velocidade que proporciona maior tempo no ar com dada quantidade de combust́ıvel. E a velocidade de mı́nima tração requerida VminD também chamada velocidade de máximo alcance que corresponde a velocidade de mı́nimo arrasto posśıvel. Tal velocidade permite voar a maior distância posśıvel com dada quantidade de combust́ıvel (SADRAEY, 2016). A tração dispońıvel e a sáıda da combinação motor e hélices que como visto para hélices de passo constante diminui com o aumento da velocidade. À medida que o acele- rador é alterado, a potência dispońıvel também será alterada. Se a potência requerida for 20 superior à potência dispońıvel a missão não é posśıvel com a potência atual (ANDERSON, 1999). A Figura 9 mostra que dependendo da configuração do acelerador e da velocidade no ar, as curvas PA e PR podem ter nenhuma, uma ou duas interseções. Se o PA for muito baixo (por exemplo, 20% da potência máxima do motor), não haverá intersecção. Quando PA atinge o valor requerido (por exemplo, 60% da potência máxima do motor), haverá duas interseções (pontos B e C). Figura 9 – Potência requerida e dispońıvel em função da velocidade Fonte: (SADRAEY, 2016) O ponto B é chamado de velocidade mı́nima propulsiva e o ponto C velocidade máxima propulsiva, ambos serão importantes futuramente para calcular o envelope de voo para o teto absoluto da aeronave. Se a potência do motor for com valor igual à potência mı́nima requerida, haverá apenas uma interseção (ponto A). 2.3 Tração e potência propulsiva dispońıvel No caso de VANTs de pequeno e médio porte usualmente se utiliza um sistema propulsivo a hélice de passo fixo devido as baixas velocidades requeridas. O grupo moto propulsor é a combinação do motor e da hélice. O motor da aeronave fornece energia, na forma de torque, ao eixo da hélice e a hélice converte o torque em tração, essa conversão nunca é 100% eficiente. A hélice da aeronave, detalhada pela Figura 10, consiste em duas ou mais pás e um cubo central ao qual as pás são fixadas. Aerodinamicamente, a pá da hélice de uma aeronave é essencialmente uma asa giratória que gera sustentação longitudinal criando impulso para puxar avião pelo ar. 21 Figura 10 – Geometria e distribuição de velocidade de uma hélice Fonte: (SADRAEY, 2016) A capacidade da hélice gerar propulsão, ou seja sustenação e arrasto ilustrado na Figura 11, é dependente dos seguintes fatores: número de pás, diâmetro da hélice, aerofólio da pá (seção transversal), ângulo de ataque da pá, ângulo de inclinação, ângulo de torção e inclinação. Figura 11 – Forças e ângulos atuantes na hélice Fonte: (SADRAEY, 2016) Uma caracteŕıstica indesejável da hélice de passo fixo é a perda de eficiente com a aumento da velocidade. Com o aumento da velocidade do avião por efeitos de compressi- bilidade do ar ocorre a perda brusca de eficiência da hélice. Para balancear esse efeito é necessário diminuir o passo da hélice (ângulo de ataque), Figura 11. 22 Na maioria dos VANTs isto não acontece, devido a complexidade do sistema de mudança de passo. Assim, a hélice permanece com o passo fixo e perde eficiente com o aumento da velocidade de voo como mostra Figura 12. Por essa razão ensaios em túnel de vento para modelar a queda de eficiência da hélice em função da velocidade é fundamental para uma boa predição de desempenho da aeronave. Figura 12 – Comparação entre eficiências de vários tipos de hélices Fonte: (SADRAEY, 2016) 2.4 Subida Pode-ser é razoável admitir que a subida é feita a velocidade constante. Assim, a partir do diagrama de corpo livre Figura 13. Aplicando segunda lei de Newton tem-se a subida com velocidade constante Equação 19 e 20. Figura 13 – Forças atuantes durante o voo de subida Fonte: (SADRAEY, 2016) ∑ Fx = T (V )−D(V, γ)−Wsen(γ) = m dV dt = 0 (19) 23 ∑ Fy = L(V, γ)−Wcos(γ) = m dV dt = 0 (20) E pelo triângulo de velocidades, Figura 13 pode-se obter as Equações 21. VH = ẋ = V cos(γ) VV = ḣ = V sen(γ) (21) No qual, VH e VV é a velocidade horizontal e vertical (chamada razão de subida), respectivamente. Pode-se obter a razão de subida pelo método de diferença de energia entre potência requerida (PR) e dispońıvel (PA), Equação 22. RC = V sen(γ) = TV −DV W = PR − PA W (22) A razão de subida, Figura 14, (RC) aumenta com o excesso de potência, contudo percebe-se que o excesso de potência tem um limite máximo. Isso indica que o razão de subida também tem limite em qualquer aeronave. Como já discutido a potência do motor diminui com a altitude. Assim, o RC também diminui com a altitude quando atinge zero é chamado de uma altitude chamada teto absoluto (ROSKAM, 1985). Figura 14 – Potência requerida e dispońıvel em função da velocidade Fonte: (SADRAEY, 2016) As curvas da Figura 15 mostram que, para uma determinada carga alar, a magnitude do RC é muito senśıvel a desvios da velocidade mı́nima de potência. Em outras pala- vras, uma subida a uma velocidade superior à a velocidade mı́nima de potência penaliza significativamente o desempenho de subida mais rápida. Ademais, o máximo ângulo não 24 proporciona a máxima razão de subida (SADRAEY, 2016). Figura 15 – Ângulo e razão de subida em função da velocidade Fonte: (SADRAEY, 2016) 2.5 Planeio Para a análise do voo de planeio, considera-se que a tração dispońıvel é nula, pois nesta condição a aeronave se encontra operando com o motor em marcha lenta, portanto, apenas são consideradas para efeitos de cálculos as forças de sustentação e arrasto, além do peso da aeronave (RODRIGUES, 2014). A Figura 16 ilustra o diagrama de corpo livre da descida. Figura 16 – Forças atuantes durante o voo a descida Fonte: (SADRAEY, 2016) 25 Para a descida não acelerada tem-se as Equações 23 e 24.∑ Fx = D(V, γ)−Wsen(γ) = 0 (23) ∑ Fy = L(V, γ)−Wcos(γ) = 0 (24) De modo análogo a subida, resolvendo as Equações 24 e 23 pode-se encontrar o a razão e ângulo de planeio Equação 26 e 26. RD = Vv = V sen(γ) (25) γ = tan−1 [ 1 L/D ] (26) Isso demonstra que o ângulo de planeio é estritamente uma função da relação sustentação- arrasto; quanto maior o L/D, mais raso o ângulo de deslizamento. Consequentemente, o ângulo de planeio não depende do peso da aeronave ou da altitude de voo. Existem dois ângulos de planeio importantes. Ângulo de máxima distância em solo quando (L/D)max e ângulo de máximo tempo em voo quando a razão de descida é igual a velocidade de VminP . A Figura 17 ilustra os diferentes ângulos e razão de descido para várias velocidades horizontais. Figura 17 – Hodógrafo para um voo planado Fonte: (SADRAEY, 2016) 26 2.6 Cruzeiro O custo do voo de uma aeronave de transporte pode ser minimizado otimizando o voo de cruzeiro. Os parâmetros como perfil aerodinâmico, área, envergadura, afilamento, enflechamento da asa são determinados primordialmente para otimizar a fase de cruzeiro. Uma aeronave geralmente não voa na velocidade máxima por muito tempo, sendo proje- tada para ser altamente eficiente na velocidade de cruzeiro ( VC ). Essa velocidade é sempre menor que a velocidade máxima e depende de vários pa- râmetros, como peso da aeronave, altitude de voo, duração do voo, distância, custo de combust́ıvel e condições atmosféricas. A altitude de cruzeiro também é determinada por diversos fatores, incluindo os Regulamentos Federais de Aviação. Como regra geral, para aeronaves leves, a velocidade de cruzeiro VC fica entre 70% a 90% da velocidade má- xima (SADRAEY, 2016). E pode ser baseada na carta de performance do motor ou na velocidade de máximo alcance da missão. Para calcular a velocidade de cruzeiro com base na carta de performance do motor a hélice (SADRAEY, 2016) propõe a Equação 27. ηPmaxSL ηP [ ρ rho0 ]0.9 = 1 2 ρV 3 CSCD0 + 2K(mg)2 ρV 2 CS (27) No qual, η é a porcentagem da potência máxima do motor para o cruzeiro dado pela carta do motor, PmaxSL é a potência máxima ao ńıvel do mar e ηP é a eficiência da hélice. Quando o desempenho do motor indica o desempenho ideal (melhor alcance) não são fornecidos. É necessário calcular a velocidade de cruzeiro com base na velocidade de máximo alcance da missão tem-se a Equação 29. VC = √ 2W ρcSCLRmax (28) Sendo CLRmax o coeficiente de sustentação para o máximo alcance e a altitude de cruzeiro Equação. CLRmax = √ CD0 K (29) 27 2.7 Decolagem A decolagem pode ser divida em três etapas: rolagem (SG) distância percorrida com o avião em solo, rotação (SR) distância com o avião subindo o nariz e ganhando altura e subida até livrar o obstáculo (SA) subida da aeronave até até uma altura mı́nima especificada. Assim, a distância de decolagem (STO) total é dada pela soma das partes: STO = SG + SR + SA (30) A Figura 19 ilustra essas distâncias percorrida na pista de decolagem. Figura 18 – As três principais etapas da operação de decolagem Fonte: (SADRAEY, 2016) 2.7.1 Rolagem O rolamento no solo é medido ao longo da pista ou na direção horizontal é uma operação de voo acelerada. Lembrando que mesmo a aceleração não é constante, por causa da varição forças aerodinâmicas durante uma decolagem. Figura 19 – Forças atuantes na decolagem Fonte: (SADRAEY, 2016) Aplicando segundo lei de Newton no eixo horizontal temos: 28 ∑ Fx = T −D − Ff = m dV dt (31) Sendo, D arrasto total da aeronave, Ff força de atrito e T a tração dispońıvel, respectivamente: D(V, α) = 1 2 ρV 2S [ CD0 + φ C2 L(Re(V ), α) πe0AR ] (32) Ff (V, α) = µ [ W − 1 2 ρV 2S C2 L(Re(V ), α) πe0AR ] (33) T = f(V ) (34) No qual, φ é o efeito solo dado por: φ = (16y/b)2 1 + (16y/b)2 (35) Sendo y a altura da asa até o solo. Substituindo as forças tem-se a EDO de deco- lagem, Equação 36. É necessário se atentar que T (V ) é a tração dispońıvel e diminui com a velocidade devido a perda de eficiência da hélice e o coeficiente de sustentação CL(Re(V ), α) é uma função do número de Reynolds Re e do ângulo de ataque (α). T (V )− 1 2 ρV 2S [ CD0 + φ C2 L(Re(V ), α) πe0AR ] −µ [ W − 1 2 ρV 2S C2 L(Re(V ), α) πe0AR ] = m dV dt (36) Assim, é necessário recalcular um novo valor de T e CL para cada instante durante a decolagem. CL é obtido interpolando a curva CL e CD x Alpha para cada número de Re(V ). Portanto se caracteriza por ser uma EDO não linear. Todavia, pode ser resolvida numericamente com Runge–Kutta de 4 ordem para se obter V (t) ou outro método iterativo equivalente. Integrando a Equação 36 tem-se a aceleração A(t) e derivando tem-se a espaço percorrido S(t). 29 2.7.2 Rotação A seção de rotação não é fácil de analisar, uma vez que a aeronave sofre transformação da fase terrestre para a fase aérea durante a aceleração. Para realizar uma análise precisa, precisamos saber mais sobre o centro de gravidade da aeronave, potência de controle do elevador e geometria do trem de pouso. Como esta seção é curta (em comparação com a corrida total de decolagem), e sua velocidade é quase constante, a maneira mais simples de abordar esta seção é assumir uma relação linear entre velocidade da aeronave e distância coberta nesta seção. Em outras palavras, assumimos que a aeronave experimenta uma constante velocidade, portanto a rotação é dado pela Equação 37 (SADRAEY, 2016). SR = TRVR (37) No qual, TR é a duração da rotação e VR é velocidade de rotação. 2.7.3 Subida até livrar o obstáculo Figura 20 ilustra o terceiro segmento da corrida de decolagem: a subida inicial. A velocidade de decolagem no o ińıcio do trecho é representado pelo VLO e no final dele por V2. Esta seção é na verdade um processo acelerado subida e dura de alguns segundos até menos de um minuto. Durante esta fase, a aeronave libera a altura do obstáculo (h0) durante a aceleração, e a velocidade é aumentada de VLO para (V2. A distância horizontal percorrida durante o segmento aerotransportado (SA) (SADRAEY, 2016). Figura 20 – Relação entre SA e S ′ A Fonte: (SADRAEY, 2016) Pode-se encontrar a distância S ′ A resolvendo numericamente a Equação 38. S ′ A = W T (V )−D(V, α) [ V 2 2 − V 2 LO 2g + h0 ] (38) 30 Assim, conhecendo a altura do obstáculo pode-se descobrir SA aplicando teorema de Pitágoras Equação 39. SA = √ [S ′ A] 2 − h20 (39) 2.8 Curva e manobra Para que uma aeronave tenha giro coordenado ilustrado pela Figura 21, ou seja, manter um raio constante, é necessário ter as duas rotações a seguir: (1) rotação em torno o eixo X e (2) rotação em torno do eixo Z. Nesta situação, metade da asa (digamos, lado direito) se move para baixo e a outra metade da asa (digamos, lado esquerdo) sobe e, assim, a aeronave começa a girar em torno de um centro imaginário. Sobre por outro lado, para que a aeronave mantenha a altitude, também é necessária a terceira rotação, ou seja, rotação em torno o eixo Y . Isto compensará a perda de sustentação através de um aumento no ângulo de ataque da aeronave (α) (SADRAEY, 2016). Assim, a aeronave está viajando em um caminho circular com raio constante (R) e velocidade constante (V ). Para que uma curva a ser coordenada, a aeronave deve girar em torno do eixo x (roll) para produzir um ângulo de inclinação ϕ para a componente horizontal Lsen(ϕ) equilibrar a força centripeta Equação 40. Figura 21 – Uma aeronave em voo de curva nivelada: (a) vista frontal e (b) vista superior Fonte: (SADRAEY, 2016) A Equação 40 demonstra que, numa curva, a força de sustentação total (L) deve será sempre maior que o peso da aeronave. 31 Lsen(ϕ) = m V 2 R (40) A relação entre a sustentação e o peso da aeronave (W ) é chamado de fator de carga dado pela Equação 41. n = L W = 1 cos(ϕ) (41) O fator de carga, em uma curva nivelada, é apenas uma função do ângulo de inclina- ção (ϕ). Esse significa que à medida que o ângulo de inclinação da aeronave (ϕ) aumenta, o fator de carga (n) aumentará em conjunto até atingir um valor máximo. Se o fator de carga for maior que o valor de projeto permitido, a estrutura perderá sua integridade e pode desintegrar-se durante o voo devido aos esforços aerodinâmicos. Equação 41, implica que à medida que o ângulo de inclinação (ϕ) aumenta, a sus- tentação deve ser aumentada. Isto é feito aumentando aumentar o ângulo de ataque para aumentar o coeficiente de sustentação. Todavia, o coeficiente só poderá ser aumentado até a CLmax , ou seja, pode-se derivar uma relação entre velocidade de estol (Vs) e velocidade de curva VSt Equação 42. VSt = √ 2nW ρSCLmax = Vs √ n (42) Resolvendo para n, tem-se a Equação 43. nCLmax = 1 2 ρV 2CLmax W/S (43) Além da restrição aerodinâmica estol do avião dado pelo CLmax existem a limitação propulsiva relacionado a máxima potência que o motor consegue disponibilizar a aeronave que para aeronaves com propulsão a hélice é dado pela Equação 44 (ANDERSON, 1999). nprop = { 1 2 ρV 2 K(W/S) [( T (V, ρ) W ) − ( 1 2 V 2 CD0 W/S )]} 1 2 (44) Temos, 3 limitações para fazer curvas com com altos fatores de carga. O primeira é o limite estrutural de projeto da aeronave. O segundo é aerodinâmica e depende do estol da aeronave, ou seja, do perfil aerodinâmico e o terceiro é a capacidade do motor 32 em entregar potência para aeronave. Para calcular o raio de curva R, Figura 21, para um dada velocidade e fator de carga tem-se a equação 45. R = V 2 g √ n2 − 1 (45) Assim, Para obter o menor raio de curva posśıvel deve-se diminuir a velocidade da aeronave velocidade para a mais baixa posśıvel ou seja, a velocidade de estol da aeronave na curva (VSt) e a aumentar o fator de carga posśıvel (nmax). Um fator de carga mais alto requer uma aeronave mais forte estrutura e também um corpo humano mais forte a bordo. Outro parâmetro de curva interessante é o tempo decorrido para completar uma curva. Conhecido como velocidade angular (ω ou Ψ̇) descrito pela equação 46. Ψ̇ = dΨ dt = tan(ϕ)g V (46) Assim, velocidade angular depende apenas da velocidade no ar e do ângulo de in- clinação (ou seja, fator de carga). logo, para aumentar a taxa de rotação, é necessário aumentar o ângulo de inclinação e diminuir a velocidade no ar. 2.9 Aterrizagem 2.9.1 Descida até o toque com o solo Essa operação é divida em 3 etapas aproximação, toque no solo até o fim da rotação e rolagem até parada total, Figura 22. Figura 22 – Fases da aterrizagem Fonte: (SADRAEY, 2016) De modo análogo a decolagem para S ′ A na aterrizagem tem-se a Equação 47. 33 S ′ A = W −D(V, α) [ V 2 TD − V 2 2 2g + h0 ] (47) E por fim calcula-se SA pela Equação 48. SA = √ [S ′ A] 2 − h20 (48) Para calcular a altura hf e distância de flare em relação ao que com o solo Sf sendo γ o ângulo de aproximação (RAYMER, 1992) propõe as Equações 49 e 50. hf = (1.23Vs) 2 0.2g [1− cosγ] (49) Sf = (1.23Vs) 2 0.2g senγ (50) 2.9.2 Rotação Semelhante à decolagem, o pouso também é uma operação acelerada, mas sua acele- ração, diferentemente da decolagem, é negativa (na verdade, desaceleração). Para obter a distância na fase de rotação, SR, análogo a decolagem Equação 51. SR = TRVR (51) 2.9.3 Rolagem Para VANTs de pequeno porte não há a frenagem ou aplicação de reversores. Logo, a rolagem em solo, SG, é dado pela Equação 52 similarmente a decolagem, mas sem a tração disponibilizada pelo motor que pode resolvida númericamente utilizando Runge-Kutta de 4 ordem para se obter as funções V (t), A(t) e S(t) de modo análago a decolagem. ∑ Fx = −1 2 ρV 2S [ CD0 + φ C2 L(Re(V ), α) πe0AR ] −µ [ W − 1 2 ρV 2S C2 L(Re(V ), α) πe0AR ] = m dV dt (52) A velocidade da aeronave durante o pouso diminui gradualmente; enquanto o ângulo de ataque aumenta primeiro, e então diminui. Essa variação torna o movimento não linear, o que dificulta a análise do pouso. A velocidade no ar durante a aproximação diminui aumentando o ângulo de ataque. 34 2.10 Métodos de otimização de aeronaves 2.10.1 Revisão histórica da otimização na engenharia A otimização por análise matemática tornou-se posśıvel em 1600, quando Isaac New- ton e Gottfried Leibniz desenvolveram o cálculo de forma independente. o mesmo periodo Pierre de Fermat definiu uma abordagem geral para calcular mı́nimos e máximos locais de funções resolvendo a derivada e definindo-a como zero – a base da maioria otimização anaĺıtica hoje. Fermat, juntamente com Blaise Pascal, fundou a teoria da probabilidade que é cŕıtica para as técnicas de Monte Carlo e o recentemente desenvolvido algoritmos de otimização evolutiva/genética discutida em mais profundidade mais adiante neste tra- balho. Na década de 1700, Leonhard Euler desenvolveu métodos para encontrar os valores extremos das funções, juntamente com muitas outras contribuições para a matemática e a f́ısica, incluindo a definição de um equação básica da hidrodinâmica ainda usada na aerodinâmica computacional. No ińıcio de 1800, Adrien-Marie Legendre e Carl Friedrich Gauss desenvolveram o método de ajuste de curva de mı́nimos quadrados que é frequente- mente usado em otimização, especialmente o moderno Método de superf́ıcie de resposta. Andrei Markov, no ińıcio de 1900, desenvolveu a teoria dos processos estocásticos e foi pioneiro no estudo do que ficou conhecido como Cadeias de Markov. Vilfredo Pareto, economista do ińıcio dos anos 1900, desenvolveu o prinćıpio da oti- mização multiobjetivo para utilização na alocação de recursos econômicos. Seus conceitos ficou conhecida como ”otimização de Pareto”, definida como uma situação em que não se pode fazer alguém está em melhor situação sem piorar a situação de outro. Uma re- presentação gráfica de A otimalidade de Pareto é amplamente usada para representar a otimalidade de dois objetivos. Um projeto de aeronave. Um exemplo pode ser um estudo de comércio de requisitos no qual você tenta maximizar ambos alcance e peso da carga útil. O Teorema de Kuhn-Tucker (Albert Tucker e Harold Kuhn) de 1950 é considerado lançaram o campo moderno da programação não linear (embora aparentemente fosse definido duas vezes anteriormente, por William Karush em 1939 e por Fritz John em 1948). Kuhn Tucker fornece condições necessárias e suficientes para a existência de uma solução ótima para um objetivo não linear em face de restrições. Fundamentalmente diz que no ideal, a única direção que você pode seguir para melhorar a função objetivo é aquela que violará uma ou mais restrições. 2.10.2 Otimização do projeto preliminar de um VANT À medida que um projeto aeronáutico evolui, aumenta o ńıvel de complexidade e detalhamento dos sistemas envolvidos, tornando mais dif́ıcil realizar alterações. Portanto, é extremamente vantajoso obter um ponto de partida o mais razoável posśıvel para mi- 35 nimizar os recursos envolvidos durante o projeto. Ser capaz de prever posśıveis designs inviáveis e encontrar regiões onde existam bons designs é de grande importância para o sucesso do projeto. Em um projeto clássico de engenharia existem três etapas principais projeto preliminar, conceitual e detalhamento. O projeto preliminar é a etapa inicial do desenvolvimento de uma aeronave. Fase na qual se definem os prinćıpios básicos de funcionamento, uma arquitetura geral e os principais componentes do projeto de modo simplificado. Nessa fase ocorre exploração de uma vasta gama de possibilidades e se tem melhor compreensão dos trade-offs entre as variáveis envolvidas. O projeto conceitual visa refinar a configuração da aeronave e desenvolver um con- ceito de design um pouco mais detalhado com foco nas funcionalidades e na arquitetura geral da aeronave. O detalhamento transforma o conceito de design em um projeto completo e pronto para produção. O ńıvel de detalhamento é alto, com foco em desenhos técnicos, especi- ficações e documentação. A Figura 23 evidencia a evolução da estrutura interna de uma asa conforme as fases de projeto. Figura 23 – Etapas preliminares, conceitual e detalhamento Fonte: (RAYMER, 2002) Assim, técnicas de MDO’s adotadas na fase preliminar surgiram para explorar de maneira ostensiva as possibilidades de modo a identificar os trade-off entre as variáveis envolvidas e descobrir melhoras significativas no desempenho com ”poucos ajustes”no arranjo das variáveis do modelo adotado. Existem 6 variáveis independentes durante o projeto preliminar, Tabela 1, que afe- tam significativamente o desempenho de uma aeronave, além do parâmetros que definem 36 a geometria básica da asa. Estes têm pelo menos 50 anos de história por trás deles como variáveis-chave de otimização e segundo (RAYMER, 2002) deveriam ser os base de qualquer método de otimização destinado ao projeto conceitual de aeronaves. Tabela 1 – Variáveis cŕıticas para otimização T/W W/S AR Af Cr b Os parâmetros de desempenho segundo (RAYMER, 2002) que possuem maior rele- vância para o projeto de um VANT dado a missão requisitada são mostradas na Tabela 2. Tabela 2 – Parâmetros cŕıticos para otimização 1. Velocidade de estol 2. Carga paga desejada 3. Distância de decolagem 4. Razão de subida 5. Raio mı́nimo de curva No quais 1 e 2 são funções objetivos e 3, 4 e 5 são restrições do problema e devem ser ajustado de modo a satisfazer os requisitos para atender a missão da aeronave. 2.10.3 Métodos de otimização clássicos Uma revisão informal de livros didáticos de projeto de aeronaves e relatórios da NACA da década de 1920 até a década de 1940 não encontrou qualquer menção a um método de otimização do projeto de aeronaves além de conselhos gerais que podem ser parafraseados como ”diminua o peso, atenue o arrasto, e aumente a potência.”(RAYMER, 2002). Como citado, dado as dificuldades de se trabalhar com sistemas de equações altamente não lineares e limitações de recursos computacionais antes da metade do século XX não existia uma abordagem sistemática para avalização preliminar das configurações de uma aeronave. Baseava-se em experiência da equipes de desenvolvimento e o bom senso adotado na indústria na época. Durante a metade do século XX evidenciou-se duas metodologias equacional e para- métrica ainda presentes até hoje. Na otimização paramétrica, os parâmetros de projeto selecionados por exemplo relação empuxo-peso (T/W) e asa carregamento (W/S) e são variadas arbitrariamente dos valores de linha de base desenhados em alguns percentuais. Cada combinação de T/W e W/S produz um avião diferente, com diferentes aerodinâ- mica, propulsão e pesos. Esses diferentes aviões são separadamente dimensionado para determinar o peso de decolagem de cada um para realizar a missão de projeto. A otimi- zação clássica de aeronaves geralmente emprega a técnica de “carpet plot” para exibir o resultados dos cálculos paramétricos e para resolver a aeronave ideal que atenda a todos restrições de desempenho, conforme mostrado na figura 24. 37 Figura 24 – Otimização Clássica via Carpet Plot Fonte: (RAYMER, 2002) As abordagens equacionais envolvem esforços para escrever equações governantes significativas e resolvê-las matematicamente ou processualmente. Em (PRANDTL, 1933) incluiu efeitos de peso da asa em uma otimização da distribuição de sustentação em toda a envergadura, produzindo uma carga maior em direção à raiz do que em sua própria aerodinâmica eĺıptica clássica otimização. (GöTHERT, 1939) desenvolveu métodos ana- ĺıticos para otimizar uma asa, utilizando envergadura e área como variáveis. Otimizações anaĺıticas modernas t́ıpicas baseadas em derivadas de equações governantes podem ser encontradas em (TORENBEEK, 2013), entre outros. 2.11 Visão geral da otimização de Design Multidisciplinar (MDO Na engenharia, é comum que o projetista enfrente desafios que transcendem a busca por um único objetivo, envolvendo, em vez disso, uma miŕıade de objetivos e fenômenos f́ısicos complexos. Para abordar essa complexidade, adota-se uma metodologia sistemática que leva em consideração a inter-relação entre diversas disciplinas e variáveis, conhecida como Análise de Design Multidisciplinar (MDA) e, quando combinada com técnicas de otimização, assume a forma de Otimização de Design Multidisciplinar (MDO). Essas abor- dagens frequentemente se valem de métodos baseados em gradiente ou algoritmos evoluti- vos. No contexto do design de aeronaves, por exemplo, a análise multidisciplinar engloba considerações aerodinâmicas, estruturais, de propulsão, controle, entre outras disciplinas. 38 Essas inter-relações entre as multif́ısicas demandam que as restrições interdisciplinares sejam satisfeitas para resolver o problema de otimização. A disciplina do Otimização de Design Multidisciplinar (MDO) amadureceu consideravelmente. As necessidades e bene- f́ıcios do MDO são evidentes, uma vez que mesmo uma pequena melhoria no desempenho de uma aeronave pode ter impactos significativos. Um procedimento MDO abrange a ava- liação de restrições em diversas disciplinas desde os estágios iniciais do projeto, resultando na redução dos custos associados ao redesenho de um sistema de aeronave (PERIAUX FELIPE GONZALEZ, 2015). Uma aplicação comum do Otimização de Design Multidisciplinar (MDO) no campo do design de aeronaves é a otimização aerodinâmica e estrutural de uma asa. Nesse contexto, a asa é descrita em termos de variáveis geométricas espećıficas, e os efeitos sobre a aerodinâmica e a resistência estrutural são analisados à medida que a geometria é variada. Os resultados obtidos são então avaliados em relação a uma métrica predefinida, levando em consideração restrições associadas ao desempenho, segurança, operabilidade ou praticidade. Além disso, o MDO encontra aplicação em diversas outras áreas na indústria aeroespacial, como o projeto geométrico de véıculos lançadores, o design de materiais compósitos, a análise integrada de corpo de asa acoplada, a estimativa avançada de pesos estruturais e sistemas aerotérmicos, bem como otimizações de dimensionamento em geral (RAYMER, 2002). Problemas de design muitas vezes exigem uma otimização simultânea de objetivos inseparáveis e de um número associado de restrições. Uma otimização com multicritérios problema pode ser formulado como: Minimizar: fi(x) i = 1...N (53) Tendo como restrições as funções: gj(x) = 0 j = 1...M hk(x) ≤ 0 k = 1...K (54) No qual, fi(x) são as funções objetivos, N são o número de objetivos e x é um vetor N dimensional sendo os argumentos as variáveis de decisão e g e h são igualdades ou desigualdades, respectivamente que restringem a solução do modelo. Existem diversas técnicas para abordagem para problemas de otimização métodos baseados em cálculo, enumerativos e aleatórios. • Com base em cálculos: os otimizadores buscam por extremos locais resolvendo equa- ções não lineares, o que requer o cálculo do gradiente da função objetivo. No entanto, essa abordagem é limitada, já que a função deve ser cont́ınua e seu gradiente deve ser 39 calculável, além de ter a tendência de ficar presa a algum extremo local, Figura 25. Assim, são insuficientes robustos para domı́nios grandes e com inúmeros mı́nimos locais. • Enumerativos: Em um espaço de busca finito, o otimizador avalia a função objetivo para vários pontos um de cada vez, buscando por força bruta encontrar a melhor solução. No entanto, é pouco eficiente e requer longos tempos de processamento ao lidar com um amplo espaço de busca ou muitas variáveis de decisão. • Aleatórios: Os algoritmos de otimização aleatória são técnicas computacionais que exploram soluções de forma estocástica, ou seja, de maneira aleatória, em vez de se- guir uma abordagem determińıstica. Esses algoritmos são frequentemente utilizados para encontrar soluções aproximadas para problemas de otimização, especialmente quando a busca exaustiva se torna impraticável devido à complexidade do espaço de busca. Figura 25 – Extremo local e global de um domı́nio Fonte: (GEN RUNWEI CHENG, 2008) 2.11.1 Algoritmos genéticos evolutivos Os algoritmos de otimização clássicos geralmente se baseiam em métodos determi- ńısticos que utilizam gradientes ou derivadas de ordem superior da função objetivo para melhorar iterativamente um único ponto no espaço de busca. No entanto, esses métodos estão sujeitos ao problema de ficarem presos em ótimos locais. Em contraste, os Algo- ritmos Genéticos (GA) adotam uma abordagem de busca multidirecional, mantendo uma população de soluções em potencial. A evolução da população ocorre por meio de seleção de soluções relativamente boas para reprodução e eliminação de soluções relativamente ruins em cada geração. O GA utiliza regras de transição probabiĺısticas para guiar a busca em direção a regiões do espaço de busca com maior probabilidade de melhoria, buscando 40 escapar de ótimos locais. A Figura 26 compara a operação de um algoritmo de otimização clássico em relação a um algoritmo genético. Figura 26 – Comparação de abordagens convencionais e genéticas Fonte: (GEN RUNWEI CHENG, 2008) Algoritmos genéticos (AG’s) são um exemplo de busca que utiliza a aleatoriedade como ferramenta para guiar a exploração mais abrangente pelo espaço vetorial dos pa- râmetros analisados. São excelentes para encontrar extremos globais e não ficar preso a extremos locais dado a sua maior adaptabilidade para vasculhar todo o espaço vetorial. Assim, são uma escolha ideal para espaços de busca vastos, com diversos extremos locais e inúmeras variáveis de decisão. À primeira vista, pode parecer inapropriado utilizar es- colha aleatória para procedimentos de busca, mas a natureza está repleta de mecanismos baseados em aleatoriedade que possuem excelentes resultados (GOLDBERG, 1989). Os AG’s se diferenciam de outros procedimentos de optimização em 4 caracteŕısticas: 1. Trabalham com encoding para o conjunto de parâmetros e não com os parâmetros em śı. 2. Buscam por uma população de pontos e não por pontos únicos. 3. Usam a função objetivo como informação de busca e não derivadas, gradientes ou outras informações auxiliares. 4. Usa probabilidade como lei de transição e não regras determińısticas. Algoritmos genéticos têm vantagens claras em comparação aos métodos de otimiza- ção tradicionais. Eles exploram globalmente o espaço amostral, lidam bem com equações 41 não lineares, operam eficientemente em espaços de busca de alta dimensionalidade, en- contram múltiplas soluções e possuem capacidade de paralelismo para reduzir o tempo de processamento. Devido a essas caracteŕısticas, eles se tornam uma ferramenta ideal para problemas de otimização na área aeronáutica. Um simples algoŕıtimo genético possui 3 operadores genéticos básicos: Reprodução, crossover e mutação. A reprodução simula o processo de reprodução biológica. Em termos simples, indi- v́ıduos bem adaptados (com um bom desempenho na função objetivo) têm uma maior probabilidade de serem selecionados para reprodução. A ideia é que as caracteŕısticas desses indiv́ıduos promissores sejam transmitidas para as próximas gerações. Crossover é uma operação que combina informações genéticas de dois pais para gerar descenden- tes. Essa operação é semelhante à recombinação genética que ocorre durante a meiose na reprodução biológica. O crossover é realizado aplicando um ponto de corte nos cromossomos dos pais e trocando as partes além desse ponto para criar novos indiv́ıduos. Isso introduz diversidade genética na população. Mutação simula a ocorrência de mutações genéticas aleatórias. Em um AG, a muta- ção envolve a alteração aleatória de um ou mais genes em um cromossomo. Essa operação é crucial para evitar a estagnação da população em ótimos locais e para introduzir va- riação genética. A taxa de mutação controla a probabilidade de uma mudança genética ocorrer A Figura 27 ilustra os principais componentes de um AG. Cada indiv́ıduo da po- pulação é chamado de cromossomo (ou indiv́ıduo), representando uma solução para o problema em questão. Cromossoma é uma sequência de śımbolos geralmente, mas não necessariamente, uma sequência de bits binários. Os cromossomos evoluem através de iterações sucessivas chamadas gerações. Durante cada geração, os cromossomos são ava- liados, utilizando algumas medidas de aptidão. Para criar o próxima geração, novos cromossomos, chamados descendentes, são formados pela fusão dois cromossomos da ge- ração atual usando um operador de cruzamento ou modificando um cromossomo usando um operador de mutação. Uma nova geração é formada selecionando, de acordo com os valores de aptidão, alguns dos pais e descendentes, e rejeitando outros, de modo a manter constante o tamanho da população. Cromossomos mais aptos têm maior probabilidades de ser selecionado. Depois de várias gerações, os algoritmos convergem para o melhor cro- mossomo, que esperançosamente representa o ótimo ou subótimo solução para o problema (GEN RUNWEI CHENG, 2008). 42 Figura 27 – Estrutura geral dos algoritmos genéticos Fonte: (GEN RUNWEI CHENG, 2008) O AG funciona alternativamente em dois tipos de espaços: o espaço de codificação e o espaço de solução, ou em outras palavras, o espaço genot́ıpico e o espaço fenótipo. O ope- radores genéticos trabalham no espaço genot́ıpico enquanto avaliação e seleção trabalham no espaço fenótipo. A seleção natural é o elo entre os cromossomos e o desempenho das soluções decodificadas. O mapeamento do espaço genot́ıpico para o o espaço fenot́ıpico tem uma influência considerável no desempenho do AG. O problema mais proeminente associado ao mapeamento é que alguns indiv́ıduos correspondem a soluções inviáveis para um determinado problema. Este problema pode tornar-se muito grave para problemas de otimização restrita e problemas de otimização combinatória. Precisamos distinguir entre dois conceitos básicos: inviabilidade e ilegalidade, como mostrado na Figura 28. Eles são frequentemente mal utilizados na literatura. Inviabili- dade refere-se ao fenômeno de que uma solução decodificada de um cromossomo está fora do região viável de um determinado problema, enquanto a ilegalidade se refere ao fenô- meno que uma cromossomo não representa uma solução para um determinado problema. 43 Figura 28 – Inviabilidade e ilegalidade em algoritmos genéticos Fonte: (GEN RUNWEI CHENG, 2008) A inviabilidade dos cromossomos decorre da natureza do problema de otimização ter restrições ao espaço de soluções posśıveis. Seja qual for o método utilizado, convencio- nal ou algoritmos genéticos, é necessário lidar com as restrições. Em muitos problemas de otimização, a região viável pode ser representada por um sistema de igualdades ou desigualdades. A ilegalidade dos cromossomos surge da natureza das técnicas de codificação. Para muitos problemas de otimização combinatória, são utilizadas codificações espećıficas do problema, as quais frequentemente geram descendentes ilegais através de uma simples operação de cruzamento por ponto de corte. Como um cromossomo ilegal não pode ser decodificado em uma solução, as técnicas de penalização não são aplicáveis nessa situação. Geralmente, técnicas de reparo são adotadas para transformar um cromossomo ilegal em um legal. Existem duas maneiras de gerar a população inicial, ou seja, a heuŕıstica inicialização e inicialização aleatória enquanto satisfaz o limite e/ou sistema restrições ao problema. Embora a aptidão média da inicialização heuŕıstica seja relativamente alto para que possa ajudar o AG a encontrar soluções mais rapidamente, na maioria dos casos de grande escala. problemas, por exemplo, problemas de projeto de rede, a abordagem heuŕıstica pode apenas explorar uma pequena parte do espaço de soluções e é dif́ıcil encontrar o ótimo global soluções devido à falta de diversidade na população. A Fitness evaluation determina o valor da solução apresentada em relação às res- trições espećıficas do problema em questão. Geralmente, a função objetivo é o principal critério para avaliar cada indiv́ıduo. Para garantir consistência em diversos domı́nios de problemas, é comum empregar uma função de aptidão para normalizar a função objetivo dentro de uma escala de 0 a 1. A pontuação normalizada resultante da função objetivo 44 é então considerada a aptidão do indiv́ıduo, sendo utilizada nos processos de seleção que guiam a evolução da população em um Algoritmo Genético (AG). À medida que a busca do AG prossegue, a população sofre evolução com aptidão, formando assim uma nova po- pulação. Naquela época, em cada geração, relativamente boas soluções são reproduzidas e soluções relativamente ruins morrem para que a prole composta pelas boas soluções seja reproduzida. 45 3 Metodologia e Desenvolvimento 3.1 Proposta geral do trabalho O trabalho foi dividido em duas partes. A primeira, é o desenvolvimento de uma biblioteca em Python para predição de desempenho de VANTs. Já a segunda parte é o acoplamento entre a biblioteca com o software Dakota para otimização da geometria da asa levando em consideração parâmetros de desempenho. A primeira parte do trabalho foi desenvolvido na linguagem Python utilizando as bibliotecas Numpy, scipy, pandas para desenvolver uma biblioteca orientada a objeto, utilizando boas práticas de (GUPTA, 2022) e (GIORDANI, 2022), capaz de calcular o desempenho de um VANT com propulsão a hélice, ZebraLib. Para promover melhor integração, facilidade de desenvolvimento e manutenibilidade entre as áreas de projeto como: estruturas, aerodinâmica, estabilidade e controle, aeroelasticidade e desempenho foi decidido uma estrutura de três super classes e uma classe herdeira, Figura 29. No qual, Wing é a classe que recebe os parâmetros da asa e seus métodos, Fuselage é classe que contém as carateŕıstica da fuselagem, Tail armazena recebe os parâmetros e métodos da cauda e a classe Performance herda as três outras superclasses gerando responsável por integrar os três componentes e obter predições sobre o desempenho da aeronave. Figura 29 – Diagrama de classe simplificado da ZebraLib Fonte: próprio autor Assim, foi posśıvel obter encapsulamentos eficientes permitindo as áreas de projeto desenvolver somente a ferramenta pertinente a sua função no projeto. Seguindo pro- cedimento inspirados em metologias ágeis para garantir que o projeto seja facilmente expanśıvel a longo prazo, tenha fácil manutenibilidade e rápida identificação e isolamento de posśıveis bugs. Todos os algoritmos utilizados bem como o código fonte da ZebraLib estão no repositório e podem ser acessados pela referência (CHABOLE., ). Na segunda parte a biblioteca desenvolvida foi acoplada ao frameworkDakota, (ADAMS B.M.; WINOKUR, 2021), para executar simulações com propósito de obter um projeto otimizado para determinadas condições objetivos e restrições utilizando algoritmos ge- néticos multiobjetivo. O projeto Dakota oferece o estado da arte da pesquisa de ponta 46 em software robusto para otimização e UQ. Em linhas gerais, as análises paramétricas avançadas do software Dakota permitem a exploração de projetos, calibração de modelos, análise de risco e quantificação de margens e incertezas com modelos computacionais. O esquema de acoplamento entre a ZebraLib e o Dakota é apresentado na Figura 30. O objetivo da análise dos dados não é somente encontrar soluções de ponto único, mas também obter uma visão mais ampla das posśıveis áreas de um projeto ótimo. A Figura 30 mostra a interface entre o Framework Dakota e a simulação do usuário. Figura 30 – Interface entre o Dakota e os modelos de simulação do usuário Fonte: (ADAMS B.M.; WINOKUR, 2021) Por fim, para análise exploratória e visualização dos dados de otimização obtidos pelo Dakota foram utilizados as bibliotecas seaborn, plotly, matplotlib. 47 4 Resultados e discussão 4.1 Modelo de atmosfera Sabe-se que as condições meteorológicas, como temperatura, umidade e ventos, de- sempenham papéis fundamentais no desempenho das aeronaves, e entender esses efeitos é crucial para os engenheiros aeronáuticos. A temperatura ambiente influencia diretamente a densidade do ar, afetando a sustentação das asas e a potência dos motores. Em tem- peraturas elevadas, o ar menos denso pode reduzir a sustentação, dificultando decolagens e afetando a eficiência dos motores. A umidade também tem impacto, com altos ńıveis podendo aumentar a densidade do ar, beneficiando a sustentação. Dessa maneira, as condições de simulação serão adotadas a partir dos dados históricos para a cidade de São José dos Campos a Figura 31 mostra de maneira intuitiva a média histórica ao longo do ano para temperatura, umidade, precipitação e direção do vento. Figura 31 – Dados Climáticos de São José dos Campos, Brasil 2023 Fonte: (Meteoblue, 2023) A partir dos dados de temperatura e umidade calculou-se densidade do ar média da região, bem como desvio padrão esperado e com isso computou-se a altitude-densidade 48 medida mais usual dentro da aeronáutica. Os dados são apresentados na Tabela 3 e serão os valores considerados o modelo de desempenho a seguir. Tabela 3 – Média densidade do ar e Altitude-densidade da região Densidade do ar média [kg/m3] Altitude-densidade média [m] 1.0887± 0.0085 1212± 73 4.2 Análise de desempenho do VANT Já adotado o modelo atmosférico é necessário adotar o modelo do VANT a ser simu- lado. Os parâmetros da aeronave a ser simulada são apresentados na Tabela 4. Com esses dados a ZebraLib é capaz de calcular todos os outros parâmetros necessários para a aná- lise de desempenho. Assim, as Figura 32 á 48 são os resultados obtidos com a biblioteca ZebraLib. Todos os algoritmos utilizados bem como o código fonte da ZebraLib estão no repo- sitório e podem ser acessados pela referência (CHABOLE., ). Tabela 4 – Parâmetros do VANT a ser analisados Parâmetros Valor b 1.86 m S 0.843 m2 Af 0.601 CLn 1.080 CLmax 1.5193 c 0.463 m Tc (-0.001, -0.225, 35.225) µ 0.038 Swet 10 m2 Nmax 2.0 Z 0.22 m mv 2.8 kg Load 5.5 kg 4.2.1 Tração dispońıvel e arrasto A Figura 32, a primeira intersecção representa o ponto de velocidade mı́nima pro- pulsiva, sendo um ponto teórico nesse gráfico, uma vez que em um voo real, o avião é limitado pela velocidade de estol. A segunda intersecção representa a velocidade máxima propulsiva. A partir desse ponto, o avião requer mais tração do que o grupo motopropulsor pode oferecer. O ponto na curva onde a tração requerida é mı́nima corresponderá à velocidade de máximo alcance, associada à maior distância que o avião pode percorrer. É importante 49 destacar que, quanto maior a altitude, mais próximas estarão as curvas de tração requerida e dispońıvel. As linhas tracejadas nas Figuras 32 e 33 representam a tração e a potência para desvios de altitude-densidade de (1212 ±73)metros. Figura 32 – Trações dispońıveis e requeridas da Aeronave 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Velocidade de voo [m/s] 15 20 25 30 35 40 Tr aç ão [N ] Velocidade mínima propulsiva 8.4m/s Velocidade máxima propulsiva 17.1m/s Velocidade de stall 10.6m/s Velocidade de máximo alcance 13.2m/s Tração disponível Tração requerida Fonte: próprio autor A Figura 33, De modo análago a Figura 32 as velocidades continuam as mesmas. Diferenciando somente a linha azul mostra a potência requerida é mı́nima representa a velocidade de máxima autonomia, possibilitando maior tempo de voo antes de acabar o combust́ıvel. Figura 33 – Potências dispońıveis e requeridas da Aeronave 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Velocidade de voo [m/s] 100 200 300 400 500 600 P ot ên cia s [ N] Velocidade mínima propulsiva 8.4m/s Velocidade máxima propulsiva 17.1m/s Velocidade de stall 10.6m/s Velocidade de máxima autonomia 10.0m/s Potência disponível Potência requerida Fonte: próprio autor 50 4.2.2 Corrida de decolagem e subida Na Figura 34, evidencia as forças aerodinâmica em função da distância de decolagem para o intervalo de desvio de altitude-densidade esperado. Próximo de 45m indica o processo de arfagem, aumentando seu ângulo de ataque durante a rotation. Figura 34 – Dinâmica força de decolagem 0 10 20 30 40 50 60 Distância de pista [m] 10 1 100 101 102 Fo rç as a er od in âm ica s [ N] Tração disponível Sustentação Arrasto Força de atrito Relação W-L Fonte: próprio autor A Figura 35, mostra a evolução da velocidade e aceleração em função da distância de pista dispońıvel. A linha pontilha vertical azul indica o espaço de descolamento da aeronave com o solo. Figura 35 – Cinemática de decolagem 0 10 20 30 40 50 Distância de pista [m] 0 2 4 6 8 10 12 Ve lo cid ad e [m /s ] Aceleração Alt-dens 1212m±73m 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 Ac el er aç ão [m /s ^2 ] Velocidade 1212m±73m Fonte: próprio autor 51 A Figura 36, mostra como a altitude-densidade altera tramaticamente a distância de decolagem. Foram feitas simulação de distância de decolagem para várias altitude- densidade até o teto absoluto de voo com a aeronave carregada com quatro condições de carga paga. A Linha pontilhada vermelha indica a altitude-densidade esperada para São José dos Campos. Figura 36 – Altitude-densidade x distância para decolagem 10 20 30 40 50 60 70 Distância de decolagem [m] 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Al tit ud e- De ns id ad e [m ] Carga paga 4.0Kg Carga paga 5.0Kg Carga paga 6.0Kg Carga paga 7.0Kg Alt-Dens SJC 1212m Fonte: próprio autor A Figura 37, apresenta a razão e ângulo de subida para o desvio de atmosfera espe- rado em função da velocidade horizontal de voo. Figura 37 – Razão e ângulo de subida em função da velocidade 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Velocidade horizontal Vh [m/s] 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 Ra zã o de su bi da R /C [m /s ] Ângulo de subida Alt-dens 1212m±73m 0 2 4 6 8 10 Ân gu lo d e su bi da [g ra us ] Razão de subida Alt-dens 1212m±73m Fonte: próprio autor 52 Percebe-se a razão e ângulo de subida máximos não são coincidentes e que a razão de subida máxima ocorre na velocidade na qual ocorre mais sobre de potência vide Figura 33. Além do avião ser capaz de decolar é necessário ter a capacidade de livrar um obstá- culo após o final da pista. Para isso fui simulado um obstáculo de 0.7m a 5m do final da pista, tende a pista 50m de comprimento. A Figura 38, mostra o consumo de distância de pista em função da carga paga e identifica com o ponto vermelho a máxima carga paga, 6.64kg, para conseguir superar o obstáculo a frente com segurança. Figura 38 – Livrar obstáculo na pista 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 Carga paga [kg] 5 10 15 20 25 30 35 Di st ân cia d e pi st a [m ] Distância mínima para o superar obtáculo (Sa) Sobra de distância até o obstáculo (55 Sg) Teto para superar obstáculo 6.64kg Fonte: próprio autor 4.2.3 Voo de cruzeiro Figura 39 – Velocidades para o voo de cruzeiro 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Altitude-densidade [m] 9 10 11 12 13 14 15 Ve lo cid ad e [m /s ] Vmax alcance Vmax autonomia Vestol Alt-dens 1212m Alt-dens (±73)m Fonte: próprio autor 53 A Figura 39, velocidades de máximo alcance, autonomia e velocidade estol em função da altitude-densidade até o teto absoluto de voo 4100m, bem como a zona de atuação prevista para a competição (1212± 73)m. 4.2.4 Curva e manobra A Figura 40, O fator de carga estrutural máximo é dado por 2.0g. Observa-se que em baixas velocidades, o fator de carga é limitado pela aerodinâmica e a partir da velocidade de manobra, 14 metros por segundo, é limitado propulsivamente. Figura 40 – Fator de carga (n) 11 12 13 14 15 16 17 18 Velocidade de voo [m/s] 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 Fa to r d e ca rg a m áx im o [g ] limite propulsivo limite de estol Limite estrutural de 2.0g Fonte: próprio autor Sendo que o fator de carga máximo estrutural (nmax) nunca é atingido em voo. As regiões amarelas destacam a zona de operação segura da aeronave. A Figura 41, de maneira análoga as limitações continuam as mesma para o ângulo de inclinação das asas com limite de 40. Figura 41 – Ângulo de inclinação (ϕ) 11 12 13 14 15 16 17 18 Velocidade [m/s] 0 10 20 30 40 50 60 Ân gu lo d e in cli na çã o [g ra us ] limite propulsivo limite limite de estol Limite estrutural de 2.0g Fonte: próprio autor 54 A Figura 41, mostra o raio de curva calculado pelas limitações propulsivas, aerodi- nâmicas e estruturais. Obtém-se que o limite para o raio de curva mı́nimo é de 22m Figura 42 – Raio mı́nimo de curva 11 12 13 14 15 16 17 18 Velocidade de voo [m/s] 0 10 20 30 40 50 Ra io d e cu rv a [m ] Limite propulsivo Limite de estol Limite estrutural de 2.0g Fonte: próprio autor A Figura 43, mostra o razão de curva com propriedade análogas ao raio de curva e Obtém-se que o limite para o razão de curva de 40/s Figura 43 – Razão de curva (dψ/dt) 11 12 13 14 15 16 17 18 Velocidade de voo [m/s] 0 20 40 60 80 100 Ra zã o de c ur va [g ra us /s ] Limite propulsivo Limite de estol Limite estrutural de 2.0g Fonte: próprio autor 4.2.5 Descida e aterrizagem A Figura 43, apresenta a descida destracionado destacando a razão e o ângulo de descida em função da velocidade horizontal. Como ocorre na Figura 37 a máxima razão descida não coincide com o ângulo máximo de descida. 55 Figura 44 – Razão e ângulo de descida para altitude-densidade de (1212± 73m) 8 10 12 14 16 18 20 Velocidade horizontal Vh [m/s] 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 Ra zã o de d es cid a R/ C [m /s ] Ângulo de descida Alt-dens 1212m±73m 15 14 13 12 11 10 Ân gu lo d e de sc id a [g ra us ] Razão de descida Alt-dens 1212m±73m Fonte: próprio autor A Figura 43, evidencia a dinâmica das forças envolvidas durante a aterrizagem em função do consumo de pista. No qual, próximo de 45m ocorre o toque o solo e o avião começa a desacelerar dramaticamente. Figura 45 – Dinâmica do pouso para altitude-densidade de (1212± 73m) 20 40 60 80 Distância de pista [m] 100 101 102 Fo rç as a er od in âm ica s ( N) Sustentação Arrasto Força de atrito Relação W-L Fonte: próprio autor A Figura 46, mostra cinemática da aterrizagem velocidade e aceleração em função da distância de pista. A linha azul indica o espaço de parada total da aeronave. 56 Figura 46 – Cinemática do pouso para altitude-densidade de (1212± 73m) 10 20 30 40 50 60 70 80 Distância de pista [m] 0 2 4 6 8 10 12 Ve lo cid ad e [m /s ] Desaceleração 2.25 2.00 1.75 1.50 1.25 1.00 0.75 0.50 Ac el er aç ão [m /s ^2 ] Velocidade Fonte: próprio autor A Figura 47, mostra como a altitude-densidade altera tramaticamente a distância de aterrizagem. Figura 47 – Altitude-densidade x distâncias de pouso 40 50 60 70 80 90 100 Distância de pouso [m] 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Al tit ud e- De ns id ad e [m ] Carga paga 4.00Kg Carga paga 5.00Kg Carga paga 6.00Kg Carga paga 7.00Kg Alt-Dens SJC 1212m Fonte: próprio autor Foram feitas simulação de distância de aterrizagem para várias altitude-densidade até o teto absoluto de voo com a aeronave carregada com quatro condições de carga paga. A Linha pontilhada vermelha indica a altitude-densidade esperada para São José dos Campos. 57 4.2.6 Envelope e teto absoluto de Voo A figura 48 é uma representação gráfica das limitações operacionais de velocidade. Como dito, as linhas de velocidade, Vmı́n e Vmáx propulsiva, Vmáx estrutural, Vestol, delimitam a área do envelope de voo, onde o avião é aeronavegável. O ponto máximo do gráfico é o teto absoluto de voo, nesta altitude não existe mais sobra de tração ou potência e, portanto, a aeronave não possui mais condições de ganhar altura. O teto operacional do avião foi delimitado como 4100m. Figura 48 – Envelope de Voo 6 8 10 12 14 16 18 20 Velocidade (m/s) 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Al tit ud e- de ns id ad e (m ) Vmín propulsiva Vmáx propulsiva Alt-dens de SJC 1119m Teto absoluto de voo 4570m Vmáx estrutural Vestol Fonte: próprio autor 4.2.7 Desempenho pontual A Tabela 5 resume o desempenho pontual da aeronave para a condição de carga paga de 6kg e altitude-densidade de 1212m. 58 Tabela 5 – Outputs da biblioteca de desempenho pontual Parâmetro Valor V estol 10.24 V decolagem 12.29 V aproximação 13.31 V estrutural Max 14.49 V prop Max 17.39 V cruzeiro 15.65 V mergulho 21.74 V maxAlcance 12. V maxAutonomia 9.71 Distancia decolagem(c/efeito solo) 38.18 Distancia decolagem(s/efeito solo) 38.18 CL distancia min decolagem 0.17 Razão max subida 0.97 Angulo razao max subida 4.31 Raio subida 74.48 Angulo max subida 5.28 Velocidade angulo max subida 15.54 CL Ang max subida 0.94 Distancia pouso(c/efeito solo) 87.69 Distancia pouso(s/efeito solo) 86.80 Angulo maxAlcance 11.00 Razao maxAlcance 2.4 Angulo min planeio 11.00 Velocidade Angulo min planeio 17.81 Raio descida 80.95 Flare altura 1.48 Flare distancia 15.4 Maxima Performance MTOW 94.93 4.3 Otimização de Design Multidisciplinar (MDO) do VANT 4.3.1 Implementando Dakota com a ZebraLib Para implementar o Dakota como motor de fluxo da biblioteca ZebraLib é necessário dois arquivos. Um do tipo .in para dar instruções ao Dakota de ambiente, método a ser utilizado na otimização, variáveis envolvidas, interface de comunicação e resposta. E outro do tipo .py para executar o script em python para simular a ZebraLib. Assim, configurou-se no Dakota o método MOGA (Multiobjective genetic algorithm) com as variáveis de design e seus respectivos limites superiores e inferiores apresentadas pela Tabela 6. 59 Tabela 6 – Variáveis de input da Dakota Cr Af b L Limite superior 1.0 1.0 2.1 15.0 Limite inferior 0.1 0.1 0.8 5.0 Valor inicial 0.35 0.85 1.0 11.0 Com os dados da Tabela 6 o Dakota alimenta o arquivo em python onde estão as funções objetivos e as restrições da otimização que é capaz de entregar os parâmetros necessários para a ZebraLib calcular o desempenho da aeronave. Antes de tudo precisa-se determinar o que torna o avião ótimo. Para isso iremos de- finir a missão da aeronave com foco em monitoramento e vigilância. Além disso, deve-se alinhar as expectativas do operador da aeronave com a equipe de desempenho. Normal- mente o operador relata a seguinte explanação de requisitos para a operação: A aeronave deve ser projetada com dimensões compactas, de forma que possa ser transportada em um espaço de 2,1mx2m, garantindo facilidade de mobilidade e loǵıstica. Além disso, é essencial que a aeronave tenha capacidade de transportar a carga útil de 11kg para estar esquipada com equipamentos de vigilância. Para garantir a eficácia na captura de imagens detalhadas durante operações sobre cidades, transito e florestas a aero- nave deve possuir uma baixa velocidade de estol. Isso permitirá uma melhor visualização das áreas inspecionadas. O design da aeronave deve permitir decolagens em distâncias curtas 50m, assegurando ainda uma razão de subida segura para superar obstáculos ime- diatos após a decolagem. Por fim, a aeronave deve ser capaz de realizar curvas levemente acentuadas durante o voo, proporcionando a manobrabilidade necessária para ajustar a trajetória conforme requerido durante o percurso. Após a análise das expectativas do operador é posśıvel iniciar a fase de escopo e colo- car valores para maximizar as caracteŕısticas desejadas controlando as restrições impostas pela operação. Assim, todas as requisições para missão são transformadas em objetivos e restrições quantitativas e estão representadas na Tabela 7. Esses parâmetros alimentam o arquivo .py onde é simulado a ZebraLib que entrega os resultados para o algoritmo gené- tico que por sua vez de acordo com as iterações buscar atender os objetivos estabelecidos controlando as restrições propostas. Tabela 7 – Parâmetros de desempenho cŕıticos para otimização Parâmetro Nome da variável Limite superior Limite inferior 1. Carga paga desejada obj fn 1 Maximizar Minimizar 2. Velocidade de estol obj fn 2 Minimizar Maximizar 3. Distância de decolagem nln ineq con 1 50 m 48 m 4. Razão de subida nln ineq con 2 2 m/s 0.2 m/s 5. Raio mı́nimo de curva nln ineq con 3 50 m 20 m No quais 1 e 2 são funções objetivos na qual 1 deve ser minimizada e 2 deve ser 60 maximizado e 3, 4 e 5 são restrições para atender os requisitos de performance desejados da aeronave. Como já mencionado, a escolha adequada dos hiperparâmetros é crucial para o de- sempenho do algoritmo genético e pode variar dependendo do problema espećıfico sendo resolvido. Além de buscar o melhor indiv́ıduo, também é importante garantir uma boa exploração do espaço de design. Após inúmeros testes, chegou-se à melhor performance do algoritmo utilizando as seguintes configurações de hiperparâmetros, conforme mostrado na Tabela 8. Tabela 8 – hiperparâmetros utilizados no algoritmo genético hiperparâmetros Argumentos fitness type domination count replacement type below limit population size 5000 initialization type unique random crossover type shuffle random crossover rate 0,8 mutation type replace uniform mutation rate 0,08 convergence tolerance 1.e-4 Na Tabela 8 verifica-se vários hiperparâmetros com seus respectivos argumentos, cada um controla uma caracteŕıstica do método e pode ser modificado para torna o algo- ritmo especializado em resolver com mais facilidade certos tipos de problemas. A seguir, uma breve explicação de cada hiperparâmetros escolhido e sua função. O hiperparâmetro fitness type com valor domination count calcula a aptidão com base na quantidade de indi- v́ıduos dominados, enquanto replacement type com valor below limit mantém diversidade substituindo apenas indiv́ıduos abaixo de um certo limite de desempenho. population size população inicial de 5000 garante uma exploração abrangente do espaço de design. initi- alization type definido como unique random assegura diversidade inicial, e crossover type configurado como shuffle random promove variabilidade genética ao embaralhar aleato- riamente genes dos pais. crossover rate de 0,8 facilita a recombinação de caracteŕısticas vantajosas, e mutation type definido como replace uniform introduz novas caracteŕısticas uniformemente, com mutation rate de 0,08 garantindo diversidade genética. convergence tolerance de 1.e-4 assegura precisão e estabilidade, considerando o algoritmo convergido quando as mudanças na aptidão média caem abaixo desse limite, equilibrando exploração e exploração do espaço de design de forma eficaz. 4.3.2 Filtro e análise da convergência do algoritmo Durante o processo de evolução, como já mencionado anteriormente, o AG pode encontrar combinações de design que resultam em parâmetros de desempenho irreais para 61 uma aeronave, por isso é importante filtrar os indiv́ıduos encontrados. Assim, a Tabela 9 mostra os valores usados para filtrar os indiv́ıduos com base nas restrições do problema. Tabela 9 – filtro aplicado para eliminar indiv́ıduos irreais nln ineq con 1 nln ineq con 2 nln ineq con 3 Limite superior 3m/s 60m 60m Limite inferior 0,2m/s 40m 10m O algoritmo começou com 5000 individuos com a população inicial. Fez 37579 ava- liações em 83 gerações e chegou a 2 configurações de aviões ótimas, apresentados pelas Tabelas 10 e 11. A Tabela 10 mostra os objetivos e restrições dos indiv́ıduos ótimos e a Tabela 11 contém os valores das variáveis de design, bem como outros parâmetros geométricos da asa. Tabela 10 – Parâmetros de desempenho cŕıticos otimizados obj fn 1 obj fn 2 nln ineq con 1 nln ineq con 2 nln ineq con 3 11.670 14.355 0.617 50.256 49.130 11.380 14.235 0.673 48.587 34.504 Tabela 11 – Parâmetros geométricos cŕıticos otimizados Cr Af b L Cm AR Cp S WS TW 0.581 0.978 2.099 11.670 0.575 3.650 0.569 1.207 96.635 0.299 0.581 0.978 2.092 11.380 0.575 3.638 0.569 1.203 94.550 0.307 Analisando as Tabelas 10 e 11 verifica-se que o AG convergiu para encontrar parâ- metros de desempenho e geométricos extremamente próximos. Isto trás confiança para confiar na robustez do modelo adotado e da exploração completa do espaço de busca que o AG percorreu. Além de uma análise pontual de quais são os melhores parâmetros para o problema em questão. Um aspecto importante da metodologia adotada é a sua robustez ao lidar com projeto conceitual, no qual em muitas vezes é necessário não somente saber quais os parâmetros que geram os melhores indiv́ıduos, mas também como os parâmetros se inter- relacionam e quais são as regiões onde são encontradas os melhores indiv́ıduos e quais regiões devem ser evitadas pois geram os piores indiv́ıduos. Assim, como já apresentado (RAYMER, 2002) e (SADRAEY, 2012) propoem a existencia de algumas variáveis de design cŕıticas na otimização de desempenho de uma aeronave apresentadas na Tabela 11. Assim, as Figuras 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55 e 56 mostram a convergência dos parâmetros geométricos cŕıticos ao longo das iterações com um gradiente de cor sendo a carga paga máxima de cada indiv́ıduo. Os quais apresentam 62 excelente convergência a partir da iteração 37mil após 83 gerações os 2 melhores indiv́ıduos estão marcados com o ”X”em cada figura. Na Figura 49 e 50 percebe-se uma convergência clara do algoritmo ao longo das gerações obtendo melhores indiv́ıduos próximo de 2,1m de envergadura e entre 0,5m e 0,7m de corda na raiz. Figura 49 – Envergadura em função das gerações 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 Iterações 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 En ve rg ad ur a - b 6 7 8 9 10 11 12 Ca rg a Pa ga (k g) Fonte: próprio autor Figura 50 – Corda raiz em função das gerações 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 Iterações 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 Cr 6 7 8 9 10 11 12 Ca rg a Pa ga (k g) Fonte: próprio autor Já para as Figura 51 e 52 percebe-se uma convergência menor do algoritmo obtendo melhores indiv́ıduos entre uma faixa maior de valores. Para corda na ponta entre 0,3m e 0,6m de comprimento e para o afilamento entre 0,4 e 1. 63 Figura 51 – Corda na ponta em função das gerações 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 Iterações 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 Cp 6 7 8 9 10 11 12 Ca rg a Pa ga (k g) Fonte: próprio autor Figura 52 – Afilamento em função das gerações 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 Iterações 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Af 6 7 8 9 10 11 12 Ca rg a Pa ga (k g) Fonte: próprio autor Para as Figura 53 e 54 percebe-se uma convergência localizada em um região espe- cifica para melhores indiv́ıduos. Para corda média entre 0,5m e 0,6m e para o área alar entre 1 e 1,2. 64 Figura 53 – Corda média aerodinâmica em função das gerações 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 Iterações 0.3 0.4 0.5 0.6 Co rd a m éd ia a er od in âm ica - Cm 6 7 8 9 10 11 12 Ca rg a Pa ga (k g) Fonte: próprio autor Figura 54 – Área alar em função das gerações 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 Iterações 0.6 0.8 1.0 1.2 Ár ea d a as a - S 6 7 8 9 10 11 12 Ca rg a Pa ga (k g) Fonte: próprio autor Para as Figura 55 percebe-se uma convergência em uma faixa estreita para o alonga- mento próximo de 4m. Assim, o AG obteve resultados congruentes com o que é esperado pela literatura aeronáutica e obteve sucesso na exploração do espaço vetorial obtendo convergência em todos os parâmetros geométricos. Alguns parâmetros otimizados possuem uma faixa estreita de otimização como b, Cr e AR e outros uma faixa mais abrangente como Cp, Af , Cm e S. Isto não se refere a capacidade do AG ao investigar o espaço de designs, mas sim a sensibilidade do modelo f́ısico adotado a cada parâmetro. Por isso, na próxima seça